Revista Ano 18 Numero 6

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    NDICE:

    2 O TRPLICE MISTRIODO CAMPO DE FORA

    9 A GNOSIS VIVENTEDO SCULO VINTE

    14 FORMAO DA

    CONSCINCIA HUMANA

    17 AS METAMORFOSESDE KUNDRY

    25 FELICIDADE ESOFRIMENTO

    27 O VERDADEIROAUXLIO

    31 O QUINTO TER,

    O TER ELTRICO

    37 A SENDADO SILNCIO

    1996ANO18NMERO 6

    A revista Pentagrama prope-se a atrair a

    ateno dos leitores para a nova era que

    comeou para o desenvolvimento da

    humanidade.

    O Pentagrama sempre foi, em todos os tempos,o smbolo do homem renascido, do novo

    homem. Tambm o smbolo do universo

    e de seu eterno devir, por meio do qual

    acontece a manifestao do plano divino.

    Entretanto, um smbolo somente tem valor

    quando se torna realidade. O homem que

    realiza o Pentagrama em seu microcosmo,

    em seu prprio pequeno mundo,

    permanece no caminho de transfigurao.

    A revista Pentagrama convida o leitor para

    operar esta revoluo espiritual em si mesmo.

    Stischting Rozekruis Pers. Reproduo proibida sem autorizao prvia.

    PENTAGRAMA

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    OTRPLICEMISTRIODO CAMPODE FORA

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    O stuplo campo de fora da Escola

    Espiritual da Rosacruz urea est

    ligado aos sete raios fundamentais

    da Natureza superior; assim pode-

    mos design-lo como um campo de

    luz stuplo.

    s antigos escritos da CorrenteUniversal das Fraternidades descrevemeste campo de fora como um campode radiao universal que recobre tudoe tudo penetra, como um cu-terra divi-no. A Doutrina da sabedoria hermticaafirma: Deus uma esfera infinita, cujocentro est em toda a parte e cuja cir-cunferncia no est em parte alguma. um campo de vida que possui umncleo central divino, cristocntrico, noqual e pelo qual se manifestam os seteraios da vida nica e imperecvel. Aspalavras Do Egito chamei meu filhosoum apelo lanado ao ser humano, con-vidando-o a entrar neste campo de luzseguindo o caminho clssico da inicia-o. Todos os que buscam so chama-dos do Egito a fim de voltar para a nicaLuz, saindo do mais profundo abismodas trevas exteriores da natureza dial-

    tica.O fara Akhenaton, um dos maioresreis-sacerdotes do antigo Egito, colocouo princpio solar no centro de sua vida;assim ele se expressava no hino ao sol:

    Quo formoso tu surges,, sol vivente,nas alturas luminosas do cu,

    Tu que ests no incio de todas as coisas,irradias dos montes luminososdo Orientee preenches as regies terrestrescom tua beleza.

    Teus raios enlaam todas as regies,estendem-se at as fronteirasde toda a tua criao,Tu ests infinitamente longe,e no entantoirradias sobre a terra.Ns te contemplamos, e no entantoningum pode ver onde te encontras.

    Quando descesaos montes luminosos, ao Ocidente,o mundo jaz nas trevas, como morto.

    Quando surges,os homens levantam os braospara adorar-te.Teus raios alimentam todas as plantas,Surges e diante de ti elas viveme crescem.

    O mundo repousa entre tuas moscomo tu o criaste.Os homens vivem em tua claridade;quando tu repousas, eles morrem.

    A vida est no tempoe o tempo est em ti.Em ti vivemos, em ti somos e estamos.

    Os antigos hierofantes compararam

    esta esfera gnea, cantada por Akhenaton,a uma fora solar e a representaram pormeio de um crculo com um ponto nocentro, que simbolizava o princpio cen-tral. Trata-se de um campo evolutivo emmanifestao, no fechado sobre simesmo e procriador. Do ponto centralemana uma linha e desta linha saemtodas as figuras matemticas: o crculo,o tringulo, o quadrado etc. Do centro

    nasce o primeiro algarismo, o nmero 1,e depois os algarismos seguintes, inclu-sive o nmero 9. Esta srie termina emzero e pelo nmero 1 de uma novasrie.

    Akhenaton Aglria de Aton e sua esposaNefertiti apresen-tam suas oferen-das a Ra, o deusque d a vida,simbolizadopor raios queterminam emmos estendidase protetoras.(Relevo dopalcio deAkhenaton emTel-el-Amarna,1400 a.C.)

    3

    O

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    O QUADRADO INSCRITO NO CRCULO

    O crculo um espao fechado nointerior do qual acontece um processode desenvolvimento. Sabe-se que den-tro de todos os espaos sempre vosurgindo algumas transformaes:ciso, diviso, multiplicao. Os antigossbios colocaram um quadrado no inte-rior do crculo para representar a vida: um espao que vivificado, um campoevolutivo que est totalmente inseridono campo original de fora gnea e quepode ser definido como vida. Ora, estavida somente ser completa quando

    existir a possibilidade de manifestao,de renovao e de realizao. Os anti-gos simbolizaram este processo com otringulo ou a pirmide.

    Esta descrio clssica de um campode fora deixa ver claramente o smbolodo crculo, do tringulo e do quadrado,que o smbolo da Escola Espiritual daRosacruz urea. Com este smbolo, elad a entender que coloca seus alunosdiante destes trs aspectos, que for-mam uma perfeita unidade no interior deseu campo de fora. Crculo, tringulo equadrado representam a totalidade docampo de fora com seu princpio cen-tral, de onde se desenvolve o plano demanifestao. O quadrado de constru-o realizado e o tringulo de fogo donovo campo de vida eleva-se a partirdele.

    Este smbolo do campo de fora indi-

    ca que a fora divina desce na naturezadialtica mpia como um campo csmi-co stuplo. assim que a natureza dia-ltica corrompida captada pela luz: ozodaco duodcuplo aniquilado e umnovo firmamento magntico, um novocu e uma nova terra vo-se esboan-do. Os antigos rosa-cruzes diziam queeste campo de fora manifestava-se desetecentos em setecentos anos, a fim

    de conduzir os buscadores at o campoda luz.Deus j enviou mensageiros de sua

    vontade, as estrelas que surgiram emSerpentarius e Cygnus, os grandes sig-

    nos do seu poderoso Conselho, a fim denos ensinar que, se tudo o que o gniohumano descobriu fosse reunido, ele ofaria servir a sua escrita oculta. O Livroda Natureza , por conseguinte, desve-lado a todos os olhos, mas bem rarosso aqueles que o podem ler, e, maisraros ainda, aqueles que o podem com-preender.

    Da mesma maneira que a cabeahumana possuiu dois rgos para ouvire dois para ver, dois para cheirar e umpara falar, e que seria vo exigir que osolhos falassem e que os ouvidos vis-sem, assim tambm houve pocas emque se viu, outras em que se ouviu e

    outras ainda em que sentiram odor, e,em muito pouco tempo vir a poca,que se aproxima a grandes passos, emque a lngua receber a honra de expri-mir tudo o que antes j foi visto, ouvidoe percebido pelo olfato. Depois que omundo houver despertado do seu sonode embriaguez, bebido na taa envene-nada, o homem ir ao encontro do solnascente, ao raiar do dia, com o cora-o aberto, a cabea descoberta e osps nus, jubiloso e transbordante dealegria.1

    Esta profecia faz aluso obra gns-tica universal da Escola Espiritual daRosacruz urea em sua atual manifes-tao, e que apresenta humanidade anecessidade de um renascimento trpli-ce e fundamental. Para atingir este esta-do preciso decidir firmemente libertar-se do espao e do tempo, do nascimen-

    to, da vida e da morte. Trata--se de um processo que se baseia nascinco atividades da Gnosis, mais do quenunca perceptveis em nossa poca.

    EXISTEM CONDIES DE VIDA IDEAIS?

    Em primeiro lugar, preciso adquirir a

    compreenso libertadora. Sobre estabase nasce o anseio pela salvao, aaspirao ao restabelecimento da vidaoriginal. Este anseio seguido pelo aban-dono dos valores que determinavam a

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    vida at este momento: a auto-entrega.Depois deste adeus ao antigo eu, surge onovo comportamento, que permite aocandidato transformar-se interiormente epreparar-se para o novo nascimento.

    Com relao ao processo, as condi-es de vida de muitos alunos no soas ideais: por esta razo que podemosindagar-nos quem est preparando oquadrado de construo; quem j seencontra no processo de renovaointerior; quem j efetuou a renovaoqudrupla de seus veculos material,etrico, astral e mental; quem j domi-nou completamente seus desejos, seuspensamentos e seus atos, subordinan-

    do-os prtica da nova vida; quem par-ticipa conscientemente do TrigonumIgneum, o fogo sobre o qual fala aFama Fraternitatis; quem j nasceu deDeus, morreu em Jesus e ressuscitouno Esprito Santo. Cada um tem odever e o poder de determinar onde seencontra.

    No fim do sculo XVI, Tobias Hesspercebeu que um novo fogo csmicosurgia no cu. Neste fogo, ele viu umpressgio do grande fogo csmico quecomea hoje sua atividade na Era deAquarius. O fogo do Trigonum Igneum,como o chamavam os antigos rosa-cru-zes, o fogo dos planetas dos Mistrios:Urano, Netuno e Pluto. Neste momen-to, ele envolve o cosmos, o mundo e ahumanidade para a necessria renova-o interior. Quando os rosa-cruzes fala-vam de sete dias de criao ou sete

    perodos em que surgia o TrigonumIgneum, eles tinham como objetivo nadamais do que a manifestao da Frater-nidade universal da Luz, que desce nastrevas para a libertar as almas huma-nas aprisionadas. com esta finalidadeque foi edificado o Corpo-Vivo da EscolaEspiritual da Rosacruz urea atual. Estecorpo , de fato, imortal, pois est liga-do corrente csmica do fogo espiritual

    liberto da natureza da morte, o fogoespiritual que penetra nas regies doespao e do tempo, como uma arca quepode levar dentro de si as almas doshomens e conduzi-las libertao.

    O HOMEM E A NATUREZA MORTAL

    Comparado a este campo poderoso edesmascarador de luz e de fora liberta-doras, o homem no passa de umminutum mundum, um pequeno mun-do, um microcosmos em interao coma natureza mortal. Este pequeno mundo fechado: para a alma uma prisoonde reinam a vida e a morte, pois ano se encontra o tringulo de fogo dapossibilidade de libertao. Por estarazo, este pequeno mundo tornou-seinativo, submetido vida e morte.Ofogo divino encontra-se recolhido ao

    ncleo central e est sempre esperandoo dia do novo nascimento, processodescrito em todos os textos sagrados.

    Esta senda leva formao da cons-cincia, ao desaparecimento dos limitesda antiga personalidade e entrada nonovo campo de vida. O smbolo do tem-plo de Haarlem traduz este processo.No decorrer da consagrao deste tem-plo, em 20 de dezembro de 1957, Janvan Rijckenborgh disse o seguinte:

    Este signo simboliza os sete vezes seteraios do Esprito Santo Stuplo queopera atravs de todos os tempos, emtodas as esferas de nosso cosmo. Afora da Doutrina Universal, que confe-re ao Lectorium Rosicrucianum suaautoridade e seus poderes, ativa estecampo de radiao stuplo em seustemplos, o que significa que os sete

    raios do campo de radiao do Amordivino esto manifestados e que agemna alma de todos os que a ele seabrem. A estrela de cinco pontas, quese encontra no meio do emblema, podeser considerada a estrela de Belm,smbolo sagrado do nascimento deJesus no buscador que, tocado peloprincpio do renascimento, prepara-separa percorrer o caminho estreito da

    regenerao. neste caminho que eleaprende a aprofundar-se no mistrioque Jesus Cristo apresenta nesta era atodos os que so sensveis a ele e queesto prontos para percorrer, efetiva-

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    mente, a senda de retorno Casa doPai, com todas as conseqncias quelhe so inerentes. por isso que asabedoria e sua manifestao por meiode atos concretos so as caractersti-cas do Lectorium Rosicrucianum.

    A MENSAGEIRA DO NOVO CU-TERRA

    Vamos considerar agora que esta-mos em um universo fechado, engloba-dos por um firmamento microcsmico,prisioneiros de nossos sentidos, das for-as e dos ncleos em que todo o nosso

    passado est gravado. Nossa personali-dade terrestre habitante deste sistemae se manifesta como uma projeo dofirmamento microcsmico e macrocs-mico. neste velho cu que a fora daGnosis deve agora surgir como a estre-la pentagonal do nascimento, mensa-geira do novo cu-terra, da nova terra,do novo homem ressuscitado, em quemEsprito, alma e corpo encontram--se

    em perfeita harmonia. Quando osirmos da Rosa-Cruz diziam estar nestecaminho rumo ao Templo de Iniciaode Christian Rosenkreuz, eles queriamdizer que estavam diante da transforma-o fundamental de todo o seu sistema.O ser humano que trilha consciente-mente este caminho em nossa poca, aponto de poder abstrair-se a si mesmototal e absolutamente, a fim de que suaalma imortal recupere a liberdade,

    encontra-se, como os irmos da Rosa--Cruz, diante do templo sepulcral deChristian Rosenkreuz.

    Na Fama Fraternitatis est escrito: Pelamanh, abrimos a porta e encontramosuma cripta com sete lados e sete can-tos. Cada lado media cinco ps, e aaltura, oito ps. Apesar de essa criptanunca haver sido iluminada pelo sol,

    era iluminada, porm, por outro sol quese achava em cima, no centro da crip-ta, e tinha aprendido isso do sol. Nocentro, em vez de uma pedra sepulcral,havia um altar circular coberto com

    uma placa de bronze onde se lia:

    A.C.R.C fiz deste compndio do Universo,em vida, um sepulcro.

    Em volta do primeiro crculo estava es-crito:

    JESU MIHI OMNIA (Jesus tudo paramim).

    No centro encontravam-se quatro figu-ras, envoltas por crculos, cujas inscri-es eram:

    1. NO H ESPAO VAZIO.

    2. O JULGO DA LEI.3. A LIBERDADE DO EVANGELHO.4. A GLRIA DE DEUS INATACVEL.2

    A FINALIDADE DA VIDA TERRESTRE:O ADEUS MATRIA

    Quem descobre esta santa mensa-

    gem deve enfrentar a fora mercurianado Trigonum Igneum. o fogo primordialda Corrente da Fraternidade Universal,onde surge o clssico caminho de ini-ciao: a demolio do antigo templo, aedificao e a reconstruo do novotemplo em trs dias. Este mistrio faz-nos compreender que o adeus mat-ria, a sada do circuito fatal da vida e damorte a finalidade da vida terrestre.Viver cada dia torna-se um morrer cada

    dia da antiga natureza, para a realiza-o da nova vida. A Fama Fraternitatisfala da semente semeada no coraode Jesus, pois o caminho rumo novavida somente pode ser realizado com apura imitao de Cristo. Tudo o que velho deve morrer em Cristo. Todas asforas e normas da vida terrestre devemser aniquiladas nele, a fim de que sobreuma base totalmente nova, a nova vida

    possa ser realizao.No h espao vazio! Quer dizer,todo o nascimento microcsmico, cs-mico ou macrocsmico determinadoanteriormente e deve ser realizado na

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    fora do fogo fundamental, o TrigonumIgneum. No momento em que esta fora,que o elemento que falta, encontra oantigo crculo e o antigo quadrado, a novacompreenso desperta. A nova lgica ojugo da lei, aceito em auto-entrega eauto-oferenda, perfeita e voluntria. alei da imitao absoluta de Cristo, nafora do Esprito que tudo preenche etudo vivifica.Aquele que, conscientemen-

    te, continua sob este jugo da lei, integra-do na Corrente da Fraternidade Universalda Luz e descobre a liberdade doEvangelho, a liberdade da plenitude daPalavra divina que passa a se manifestar.O Verbo se cumpre como confirmao deuma nova criao, de um novo nascimen-to. O Evangelho vivente ento umafora libertadora, no ligada aos critriose dogmas humanos, que oferece a eterna

    liberdade divina aos coraes doshomens e os liberta da espiral descen-dente.

    LIBERAO DA ESPIRAL DESCENDENTE

    Assim alicerado, o peregrino chegadiante da glria de Deus, que inatac-vel. Ele permanece na Corrente daFraternidade e emite o Verbo divino afim de libertar as almas de seus irmosda priso da matria. A entrada nacmara sepulcral de Christian Rosen-

    kreuz, em uma poca em que a huma-nidade ultrapassa a fronteira do terceiromilnio, de uma importncia excepcio-nal, pois, no templo funerrio encontra--se o prottipo do Novo Homem, ovivente imitador de Cristo. Este NovoHomem preparou-se para receber, demaneira correta, a fora do EspritoSanto, e est pronto para coloc-la emprtica.

    Aquarius, o aguadeiro, levanta o cn-taro de gua viva para derram-la sobretoda a humanidade acorrentada, etodos os que receberem esta fora comum corao receptivo e com as mos

    Smbolo daJovem Gnosis,na entrada deRenova.

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    abertas podero experimentar suasbnos.Trata-se da fora que confirmaa transformao, a renovao e a trans-figurao de todo o sistema humano todanificado. Do Egito chamei meu filho!

    Quem se encontra neste processo de

    renovao forma com todos os que comele caminham um novo cosmos, umnovo elo da corrente da FraternidadeUniversal. Ele est integrado na corren-te das Fraternidades da Luz, a fim dedesvelar o selo dos mistrios do crculo,do tringulo e do quadrado, conforme alei de Deus.

    A Direo Espiritual InternacionalJ. R. Ritman

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    1 Confessio da Fraternidade da Rosacruz,Jan van Rijckenborgh, Lectorium Rosicru-cianum, VIII, p. 9, 1 edio, 1987.2 Fama Fraternitatis, p. XXXIII,Jan van Rijckenborgh, Rozekruis Pers,Haarlem, Holanda.

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    Nestes ltimos dez anos, as idias e

    as aes da humanidade passaram

    por transformaes bastante acen-

    tuadas. Depois de uma onda de pro-

    testos contra os princpios estabele-

    cidos, muitos conceitos mudaram,

    aumentando o abismo entre os idea-

    listas e os homens de boa vontade,

    de um lado, e, de outro, os materia-

    listas endurecidos, que no tm ou-

    tro ideal seno o de conseguir cada

    vez mais dinheiro, bens e poder.

    homem atual vive em um sculo deexploraes extraordinrias. O mundoexterior, assim como seu mundo interior,o cativam. As pessoas de idade apenassabem muito bem que, em sua juventu-de, a autoridade vinha do alto. O que opai, a me, o professor, o telogo, opoltico ou o ministro diziam era lei. Eraassim mesmo!

    Mas as coisas mudaram. No somen-te a juventude atual nem se importacom as autoridades, como manifestamsuas prprias opinies. Ela quer ser seuprprio guia e descobrir tudo por si

    mesma. Ela se baseia em suas prpriaspercepes e suas prprias experin-cias, que, alis, so muito bem alimen-tadas pela mdia. A pessoa que antiga-mente via duendes e gnomos era consi-derada como louca: ningum falava comela, como se estivesse morta, e asobras esotricas eram geralmente tran-cadas a sete chaves nas bibliotecas. Ahumanidade comea a entrar em um

    novo mundo. Os exploradores que parti-ram antes voltam com histrias fantsti-cas. Os turistas do alm so legies. permitido falar sobre o que se viu, con-versar sobre isto... e um nmero cada

    vez maior de pessoas percebe, espon-taneamente ou depois de uma certamanipulao, o que h por detrs dalinha que divide a matria grosseira damatria sutil.

    As religies oficiais e a cincia apa-rentemente seguem os fatos, apesar deuma certa hesitao e no sem umacerta preveno, para recobrarem um

    pouco do brilho de sua antiga autorida-de. Entretanto, elas j viraram a casacaj h muito tempo e reconheceram asdimenses invisveis para compreendero que agita o homem moderno e parano perd-lo de vista no decorrer desuas exploraes mais remotas. Eviden-temente tambm h negcios a seremfeitos neste novo mundo. Quem hbile sabe manipular as foras naturais queacabam de ser descobertas ganhamuito dinheiro: simplesmente inevit-vel! Com esta evoluo, o termo seita*tornou-se pejorativo. Geralmente, comrazo, pois as experincias no mundoetrico e astral podem acabar muitomal!

    PRELDIO OU ADVERTNCIA?

    E os rosa-cruzes, eles negam a exis-tncia deste novo mundo? Eles socontra s grandes perspectivas que estenovo mundo oferece? Ser que elesquerem limitar as atividades do homemmoderno e dinmico do sculo XX?Ser que eles querem amedront--lo com regras e dogmas?

    Nada disso! Qualquer pessoa que

    vive conscientemente tem suas prpriasopinies sobre tudo o que acontece nomundo e livre para express-las edivulg-las. Entretanto, achamos que ainformao que o ser humano recebe

    A GNOSIS VIVENTE DO SCULO VINTE

    O

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    atualmente carece de alguma coisamuito importante: acreditamos que nosso dever esclarecer todas as pes-soas receptivas, explicando a elas, pormeio da Doutrina Universal, o que estpor detrs das transformaes do mun-do e do cosmo. Fazemos isto porque es-peramos que os leitores desta revistaPentagrama podero, assim, melhor de-terminar sua posio e fazer uma esco-lha motivada clara e conscientemente.

    H quarenta anos a Rozekruis Pers,em Haarlem, na Holanda, editou umlivrinho que descrevia o desenvolvimen-to atual como uma conseqncia inevi-tvel da direo que foi tomada pela

    humanidade at esta poca. Assimcomo os rosa-cruzes do sculo XVIIadvertiram seus contemporneos quan-to aos acontecimentos presentes e futu-ros, por meio dos escritos de JohannValentin Andre, assim tambm, nosculo XX, a Rosacruz urea vem fazero mesmo.

    A humanidade faz uma viagem atra-vs do Universo, que pode ser conside-

    rado neste sentido como uma escola deaprendizagem do processo do verdadei-ro devir humano: como o campo de tra-balho onde a humanidade se preparapara entrar novamente no processo dacriao original portanto, se preparapara o restabelecimento da realidade deantigamente, que existia antes que elasofresse a queda na matria.

    A VIDA BUSCA, E A BUSCAFORMA A CONSCINCIA

    Por esta razo os rosa-cruzes dizemque, no corao humano encontra-seoculto um germe imortal que contm to-do o processo de restabelecimento dohomem original. Assim, o ato de deci-frar, da interpretao e da execuo na

    prtica deste plano formam a conscin-cia. Portanto, a conscincia a soma detoda uma srie de experincias feitasdurante a viagem de explorao atravsdo Universo. Mas o trgico que o ho-

    mem seja o produto do mundo que elemesmo criou! Todas as suas percep-es e todos os seus julgamentos sofixados a priori e no lhe do nenhumaliberdade de movimento. Como suaconscincia foi formada na natureza epela natureza, ele logo chega conclu-so de que falta alguma coisa em suavida, e que ele no consegue ir muitolonge.Assim, todos vo percorrendo umcrculo vicioso do qual j no podemsair. Para sair deste crculo preciso umoutro impulso, que os rosa-cruzes cha-mam de Gnosis.

    O conhecimento dos antigos gnsti-cos foi divulgado at em nossa poca e

    muitos especulam bastante sobre o quevem a ser o conceito de Gnosis.Entretanto, podemos certificar expres-samente que a Gnosis no tem nada aver com certos livros interessantes,novas idias ou manuscritos apaixonan-tes de tempos passados. Para os rosa--cruzes, a Gnosis a fora que preci-so ser descoberta, que nos toca e nosliberta, como forma que emana da fonte

    original. Quem a vivencia um pouco,quem dela testemunha por escrito ouatravs da fala considerado um gns-tico. Uma pessoa como esta pode con-ceber idias e imagens extraordinriase profundamente cativantes, mas nempor isso estas idias e imagens consti-tuem a Gnosis. So um testemunho da

    Durante oprimeiro milnioda era crist,o pavo muitasvezes simbolizavao Cristo. Emoutras tradies,ele representavatambm conceitoscomo imortalida-de, renascimento,ou a intangibilida-de da alma(Manuscritoespanhol, 945d.C.).

    *A palavra seita vem do latim secare, quesignifica cortar. Esta palavra geralmente eraempregada neste sentido para designar umgrupo que se separou, com ou sem razo,da religio reconhecida oficialmente. Estatendncia para a separao existe emtodas as religies ou grupos ideolgicos domundo inteiro. Geralmente trata-se de diver-gncias de interpretao da doutrina oficial.Em determinado momento, o grupo que seforma em torno de suas prprias concep-es separa-se da antiga casa ou da insti-tuio oficial. Este fenmeno sempre existiuna histria da humanidade e sempre foiaceito pelos regimes tolerantes. Mas, empocas de tenses polticas, tanto no pas-sado como hoje, sempre se encontra ummodo de fazer deles os bodes expiatrios ecombat-los.

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    Gnosis, que um fenmeno compar-vel eletricidade: ela invisvel, masns a percebemos claramente por meiode seus efeitos.

    O toque da Gnosis trplice: elechama, esclarece e salva. Esta trpliceatividade sempre acompanhou a huma-nidade. No de modo algum um fen-meno novo, o achado de uma das teolo-gias ou da poltica: de fato, ele a nicarealidade diante da qual a humanidadese encontra.

    O chamado da Gnosis sempre ecooupara impulsionar os humanos a voltarpara seu campo de vida original. Estechamado sempre foi explicado geral-

    mente de forma velada. Conduzir a hu-manidade a um plano superior e libert--la do reino da morte onde ela est mer-gulhada uma tarefa que jamais cessou.O chamado ecoa em cada um:ele forteou fraco, percebido de maneira hesitanteou como um poderoso impulso para rom-per com todos os laos. A voz dos porta--vozes divinos pressiona e sempre se fazouvir, apesar de nem sempre ser muito

    bem compreendida; e sempre h umamo salvadora estendida, apesar de queraros so os que a seguram.

    Em nossa poca tudo mudou: as coi-sas tomaram um novo rumo, uma novacorrente vai crescendo e possvel se-gui-la. A humanidade est sendo convo-cada para descobrir em si mesma estanova corrente; ela explicada e os re-sultados so mostrados.

    A TENDNCIA A INTERROMPERA QUEDA E ESCAPAR DELA

    Em todas as partes do mundo aspessoas esto analisando as reaes.Existe uma forte tendncia de ultrapas-sar o que h de bestial no ser humano.As pessoas esto buscando, interpre-

    tando, traando diretrizes para adquiriruma nova conscincia. Um grande n-mero de salvadores se anunciam. Mui-tos, infelizmente ainda no conseguempermanecer em solo firme.

    12

    Giordano Bruno (1548-1600), filsofo elivre-pensador italiano. Em suas consi-deraes metafsicas, atacou todas asautoridades que se basearam em dog-mas. Estabeleceu que todas as manei-ras de ver a vida dependem do lugar

    em que a pessoa se encontra nomundo, que a verdade absoluta indescritvel e que a verdade e a sabe-doria no tm limites. Segundo ele, omundo composto de elementos indis-sociveis que obedecem a leis doUniverso. Para ele, Deus est em todasas coisas e todas as coisas esto emDeus. Conseqentemente, seus con-ceitos influenciaram inmeros filsofos particularmente Leibniz e Spinoza.

    Por ter idias herticas, teve de deixara Ordem dos Dominicanos, em 1576.Voltando a Veneza, foi julgado porheresia e queimado vivo em 1600.

    Traduo do memorial:A Giordano Bruno, queimado vivo porintolerncia religiosa. A comunidadedemocrtica de Dovadola no esqueceque na harmonia da vida em comum

    que a liberdade de pensamento encon-tra seu fundamento.

    1 de agosto de 1909.

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    Vivemos em tempos agitados. E, emmeio a toda esta agitao, quando to-dos os princpios se desfazem e quandosurgem novos valores, preciso que ohomem moderno continue em p e vi-vencie suas provas. Mas como ele podefazer isto se ele no sabe de que se tra-ta nem para onde vai o mundo?

    Em 1995 aconteceu na Alemanha umsimpsio onde um dos temas era: o de-senvolvimento simultneo da conscin-cia e da imunidade, tendo como base oautoconhecimento e o conhecimento deum possvel adversrio. Para poder de-fender-se, um sistema deve contar como autoconhecimento a fim de poder re-

    conhecer as influncias que possamatac-lo. Se um sistema no se conhe-ce, incapaz de situar o inimigo e sedestri. lgico e justo; mas, ao mesmotempo, a causa do enfraquecimento eda degenerao da raa humana. Afi-nal, quando um ser humano j no co-nhece a finalidade de sua vida, ele tam-bm no sabe quem so seus inimigos.Portanto, ele no sabe nem como se de-

    fender nem como escapar.

    ENXERGAR OU NO ENXERGARA SITUAO DE FRENTE

    nesta situao que se encontramos homens, no limiar do sculo XXI.Mas eles no enxergam ou no queremenxergar. No entanto, eles so as vti-

    mas desta situao! Neste estgio, aGnosis entra em contato com eles, es-clarece esta situao e lhes mostra asada.Este toque e suas conseqnciastransformam a conscincia do ser hu-mano. Suas idias mudam, sua vidamuda. O mundo passa a ter uma novaface.

    De um lado, uma face bem conheci-da, apresentada pela mdia: sangue,

    violncia, dio, crime. De outro, a faceda humanidade: bondade, socorro e au-xlio em caso de sofrimentos e emer-gncias. Mas ainda h uma terceira fa-ce: a criao que sofre pelo fato de seus

    filhos no a compreenderem. Afinal, oueles esto em luta uns contra ou outrosou ento se do tapinhas nas costasuns dos outros, mas jamais procuramdentro de si mesmos a causa de seusmales.

    Esta causa est dentro do prpriohomem, no campo de vida que estsubmetido morte. Mas, sobretudo, nofato de se comprazer com a situao, dese acomodar, de tentar adaptar-se a elae de estar sempre reconstruindo as coi-sas para esconder um pouco a infelici-dade atrs da porta ... onde ele tentafechar todos os medos e sofrimentos.

    Em meio a todas estas tentativas, a

    Gnosis o arrebata. Ela toca seu cora-o, seu ponto mais sensvel, onde estinscrito o plano completo do futuro divi-no. Este toque lhe faz mal porque lhemostra que ele est sempre no caminhoerrado. Ora, ele no quer nem saberdisto! Enquanto isto, o caminho certolhe indicado, a senda que consiste emaniquilar a fonte de todos os males, asenda pela qual se chega nova Vida,

    onde a doena fundamental e sua exis-tncia e a morte j no vigoram.

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    A corrente de vida humana conhece

    dois processos de desenvolvimento: o

    do microcosmo e, no interior deste

    ltimo, o do homem biolgico, que de-

    ve servir de instrumento para ele, pa-

    ra permitir seu retorno vida original.

    So dois processos que caminham

    paralalelamente, mas que acontecem

    cada um por si, em lados diferentes.O microcosmo vem do reino divino,

    enquanto o homem biolgico intei-

    ramente constitudo de materiais da

    natureza terrestre mortal.

    microcosmo compreendia, original-mente, Esprito, alma e corpo. Esta uni-

    dade se perdeu quando ele foi separadodo campo de vida divino. O ncleo daalma continuou no microcosmo, masimpotente e sem fora, depois de suaruptura com o Esprito. Da mesma formao corpo original ficou impossibilitado demanifestar-se no campo de vida terres-tre. Por esta razo, foi preciso que sedesenvolvesse uma entidade no micro-cosmo mutilado, para que este pudesseexprimir-se. por isso que foi necess-

    rio um segundo processo de crescimen-to, guiado e estimulado por inmerasforas espirituais.

    O processo de devir dos seres huma-nos aconteceu h muitos milhes deanos, paralelamente ao processo de de-senvolvimento da terra, pois foi tambmpreciso criar para estes seres um cam-po de vida, onde pudessem habitar evivenciar experincias como instrumen-

    tos do microcosmo. Todo este processodeve desenrolar-se em um espao detempo inconcebvel para a conscinciahumana. A paleontologia apenas evi-dencia uma parte deste processo, pois

    os homens desta jovem humanidadedurante muito tempo no possuramcorpo material e a terra ainda no pos-sua uma forma slida. Deste perodo,nada foi encontrado.

    OS ESTGIOS DE EVOLUODA HUMANIDADE

    Nos estgios de evoluo que deno-minamos perodo de Saturno, Solar,Lunar e Terrestre, foram sendo forma-dos no somente o corpo dialtico, mastambm os corpos sutis que constituematualmente a personalidade qudrupla.Este processo foi acontecendo paralela-mente ao desenvolvimento da conscin-cia. Em cada perodo foi depositado ogerme da fase seguinte: assim foram-sesucedendo diversos estados de cons-cincia, comparveis por exemplo aoestado de conscincia atual dos mine-rais, das plantas e dos animais.Para co-mear, surgiu uma conscincia latente(fase mineral) que, pouco a pouco, foi-se transformando em uma conscinciaadormecida ou conscincia de sonho,como a das plantas. Em seguida, de-

    senvolveu-se uma conscincia obscura,que pode ser comparada conscinciaanimal, e finalmente surgiu a conscin-cia humana atual.

    O homem no se desenvolveu, por-tanto, como se pensa muitas vezes, apartir de uma forma mineral para depoispassar por uma forma vegetal e a umaforma animal, at chegar ao homem dehoje. Ele somente atravessou estados de

    conscincia especficos dos trs reinos.O que hoje chamamos de conscinciahumana apenas pode expressar um prin-cpio animado preenchido por quatro cor-pos intimamente entrelaados uns aos

    FORMAO DA CONSCINCIA HUMANA

    O

    14

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    outros. Nem os minerais, nem as plantas,nem os animais dispem de um sistemato aperfeioado. por isso que estasformas de vida so ativadas e conduzi-das por impulsos exteriores. Neste con-texto, falamos de foras diretrizes danatureza, ou de espritos-grupo. A cons-cincia individual desenvolveu-se nodecorrer do tempo, em ligao diretacom o desenvolvimento dos corpos sutis

    e do processo de concentrao destescorpos ao redor de um nico ncleo. somente no final desta fase construtivaque o homem comeou a tornar-se cons-ciente de sua prpria existncia, a fim depoder aprender a discernir e a cumprirseu papel no interior do microcosmo.

    A SEGUNDA QUEDA

    Os textos esotricos nos ensinamque o homem no se tornou um servi-dor, um instrumento do microcosmo,

    mas sim que ele imps-se comosenhor dentro do sistema humano.Como aconteceu este processo?Depois da ligao entre o microcosmoe a entidade que o habitava, pareciaque faltava algo muito importante aesta entidade: o princpio diretor queat este momento havia determinadosua conduta. Antigamente, a humani-dade era dirigida por foras espirituais,que velavam para que ela atravessassetodas as etapas de desenvolvimentonecessrias para que nascesse umapersonalidade autnoma capaz deconsagrar-se inteiramente ao restabe-lecimento da unidade entre o Esprito

    divino, a alma e o corpo terrestre. Logoque esta personalidade estivesseconstituda, os guias deste processodeveriam retirar-se, a fim de acelerar aindependncia do homem, assim comoos pais do a liberdade a seus filhospara que eles possam tornar-se com-pletamente adultos.

    Entretanto, o guia interiordo homem,o princpio divino situado no centro do

    microcosmo, ainda no havia desperta-do. neste estgio transitrio queforam-se desenvolvendo as religies.Os sacerdotes, que ainda eram envia-dos divinos, ensinavam aos homens arespeito de sua origem e sua misso, eassim foram surgindo, pouco a pouco,alguns grupos preparados espiritual-mente para cumprir esta misso. Mas osdirigentes terrestres intervieram aomesmo tempo, querendo conduzir os

    homens, muitas vezes convencidos deque eles tambm eram enviados divi-nos! Era um grande perigo, pois ohomem deste perodo j possua umcorpo de desejos. Desta forma, ele eracapaz, com a ajuda de seu enormepoder mental, de manipular seus dese-jos egocntricos como bem entendesse.

    Assim, esta humanidade jovem aca-bou perdendo a proteo dos verdadei-

    ros guias espirituais. J no contandocom seus bons exemplos, ela foi sofren-do completamente a influncia dos diri-gentes terrestres e dos sacerdotes queestavam submetidos a eles. Como a

    15

    Na mais alta antigidade, o povo sa-bia somente que os prncipes existiam.

    O povo amou e louvou os prncipesque se seguiram a eles.Os que ossucederam, o povo temeu..

    E os que o seguiram, o povodesprezou.

    Quem perde a confiana no outroj no conta com sua confiana.

    Os antigos eram lentos e graves emsuas palavras.Quando eles tinham

    feito tudo prosperar e haviam termi-nado suas tarefas,

    o povo dizia: Aqui estamos, porns mesmos.

    (Citao do Tao Te King, A GnosisChinesa, captulo 17, Jan Van Rijckenborgh,Rozekruis Pers, Haarlem, Holanda, 1992)

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    maioria da humanidade ainda estava nainfncia, e portanto era ingnua, e comoela tinha necessidade de ser dirigida, asforas que trabalhavam para entravar outornar lento o processo original consegui-ram desvi-la facilmente do caminho divi-no. Todas as situaes e experinciasque decorreram deste fato esto registra-das no microcosmo: todos ns, querendoou no, estamos submetidos diariamente

    a estas influncias, o que determina aformao do carter e da conscincia.

    O crescimento da conscincia inferiorainda latente para uma conscinciaalma-esprito no seria possvel se ohomem no chegasse a compreenderseu estado graas a estas vivncias queesto gravadas dentro dele e que devemfazer com que ele descubra consciente-mente seu aprisionamento.Ele precisou,

    e precisa sempre, compreender comopode libertar-se das potncias e forasque atrapalham seu desenvolvimento,tanto no plano microcsmico como noplano macrocsmico. No se trata de

    acumular conhecimento e experinciasexotricas, mas sim de tirar a nica con-cluso correta de todas essas experin-cias. Como Deus no deixa perecer aobra de suas mos, sempre houve, emtodas as pocas, assim como existemem nossos dias, foras divinas atuantespara sustentar a todos os que desejamchegar a ele pelo caminho da luz.

    O processo de devir dos seres huma-nos aconteceu h muitos milhes deanos, paralelamente ao processo de de-senvolvimento da terra, pois foi tambmpreciso criar para estes seres umcampo de vida, onde pudessem habitare vivenciar experincias como instru-

    mentos do microcosmo. Todo este pro-cesso deve desenrolar-se em um espa-o de tempo inconcebvel para a cons-cincia humana. A paleontologia ape-nas evidencia uma parte deste proces-so, pois os homens desta jovem huma-nidade durante muito tempo no possu-ram corpo material e a terra ainda nopossua uma forma slida. Deste pero-do, nada foi encontrado.

    CONTANDO COM O AUXLIO DE UMAAUTNTICAESCOLAESPIRITUAL

    Uma escola espiritual decidida aauxiliar a humanidade que vagueia semrumo, forma, para tanto, um campo defora magntico, que dinamiza o princ-pio divino dentro daquele que busca,

    acompanhando-o neste processo. Elafaz com que ele compreenda sua ruptu-ra com a vida original e tambm o dese-jo de restabelecer o microcosmo danifi-cado. esta fora que a alma espirituale o conhecimento original vo liberandopouco a pouco, satisfazendo e nutrindoeste anseio to puro, que tambm chamado de desejo de salvao. O fimdeste processo de desenvolvimento a

    unio do Esprito e da alma que se tornaimortal. Ento, se forma uma conscin-cia totalmente nova, que conduz ao res-tabelecimento do microcosmo e da enti-dade que habita dentro dele.

    Narciso contemplaseu reflexo nagua (Michel deMarolles, Paris,1655).

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    Em Parsifal, a pera de Richard

    Wagner, Kundry tem um significado

    muito especial. Seus atos e seus

    gestos esto estreitamente relacio-

    nados com todos os personagens da

    pea. Ela conhece a origem e o pas-

    sado de todos os que esto relacio-

    nados busca de Parsifal. Mas

    quem este ser enigmtico que

    surge ora como uma mulher velha e

    feia, ora como uma sedutora de uma

    beleza resplandecente no reino de

    Klingsor?

    agner representou em Kundry umaspecto do microcosmo humano conhe-cido pelo nome de ser aural. Este seraural, ou eu superior, envolve a perso-nalidade e expressa-se por meio dela: ele quem provoca todos os impulsos,reaes e atividades da personalidade.As experincias de todas as personali-dades que foram-se sucedendo no mi-crocosmo ficam gravadas neste eu su-perior, que assim como um escribaonisciente, ou como a lipika do destino. um ser autnomo que ultrapassa a

    personalidade, que o eu inferior, porseu conhecimento e sua inteligncia.

    Kundry representa a soma das forasdialticas concentradas no microcosmo: a fora chamada fora com cabea deleo, no Evangelho da Pistis Sophia.

    Segundo este evangelho, trata-se deuma fora que dispe de uma luz grandee bela, que conduz muitas vezes a PistisSophia a uma pista falsa. Assim, Kundry

    apresenta-se neste jardim encantado deKlingsor sob o aspecto de uma mulhercheia de seduo, que se esfora porprovocar o desejo de suas vtimas paradesvi-las do caminho correto.Mas, nes-

    te reino do Graal, a fora com cabea deleo no pode conservar sua belezapassageira. Ela desmascarada e devemostrar sua verdadeira face: a face deum ser miservel e digno de piedade.Exteriormente, ela est pronta a oferecerajuda, mas incapaz de realizar qual-quer coisa boa. Ele tenta incessante-mente satisfazer os desejos dos Ca-

    valeiros do Graal. Ela percorre o mundoincansavelmente, a fim de encontrar umremdio para o ferimento de Amfortas.Ela emprega suas foras naturais exclu-sivamente para aliviar os males que omundo dialtico provoca em seus habi-tantes. Assim, o ser aural se esforaconstantemente em saciar os desejos eas ambies no plano horizontal, o quetem como resultado enganar o buscadore aniquilar suas reminiscncias.

    Kundry vai revestindo sucessivamen-te trs aspectos e vai sofrendo transfor-maes radicais. No primeiro ato, ela fazpenitncia e ainda busca o reino doGraal para servi-lo. Ela leva seu auxlioaos Cavaleiros do Graal em caso deurgncia, assim dito, mas, se algumpergunta a respeito disso, ela grita: Euno ajudo nunca!. H milnios, vagan-do pelo mundo da mentira, ela sabe que

    no final, sua ajuda intil. Seus esforosj a esgotaram. A Kundry que faz peni-tncia no reino do Graal quer apenasdormir, dormir e dormir. Mas ela empurrada para frente e continua: nopode fazer outra coisa seno procuraraquele que haver de salv-la de seuaprisionamento.

    Kundry traz de sua ltima viagemerrante pelo mundo um blsamo da

    Arbia, que alivia a dor de Amfortas,sem que este remdio, no entanto, apre-sente qualquer efeito positivo. O que es-te episdio sugere? Na Fama Fraterni-tatis, o manifesto dos rosa-cruzes do s-

    AS METAMORFOSES DEKUNDRY

    W

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    culo XVII, est escrito: ...porm, l tevede permanecer devido a dificuldadescorporais e granjeando a simpatiados turcos por conta de seus conheci-mentos de medicina ouviu casual-mente falar sobre os sbios de Damcar,na Arbia, dos milagres que faziam eque toda a Natureza lhes estava desve-lada. Christian Rosenkreuz escreve, naArbia, o Livro da Humanidade, ondeele registra toda a cosmologia da natu-reza tal como ela lhe foi revelada.

    Quando Kundry traz da Arbia o bl-samo para curar Amfortas, ela tambmtraz o conhecimento dos segredos mile-nares do passado. O ser aural possui

    este conhecimento, mas, no sculo XX,ele j no tem nenhuma fora libertado-ra. Isto surge no momento em queKundry revela a Parsifal que seu pai,Gamuret, morreu em um combate naArbia. Desta forma, ela quer significarque o passado est morto e que, pren-der-se s coisas do passado no ofere-ce nenhuma perspectiva. preciso abriruma nova senda inicitica levando em

    conta as possibilidades que valem paraa poca atual. Entretanto, Kundry nadapode fazer com estas novas possibilida-des, que s podem ser utilizadas poruma alma pura e renovada, ou seja umParsifal.

    No primeiro ato, Gurnemanz assinalaoutros aspectos de Kundry:

    Sim, muitas vezes, quando elaficou longe por muito tempo, nos

    sobreveio a infelicidade.

    No segundo ato, a causa de sua ausn-cia evidente. Klingsor mandou cham-la e a mantm prisioneira para exercer aseduo no jardim encantado.

    Vem, vem c, chega perto de mim!Teu mestre te chama, inominveldeusa demonaca das origens!

    Rosa do inferno! FosteHerodade, e o que mais ainda?

    Segundo os evangelhos, Herodade foiesposa de seu tio Herodes Antipas, em

    O EVANGELHO DA PISTIS SOPHIA*

    A Pistis Sophia diz para si mesma:Quero descer a esta regio,sem o ser que me ligou, e tomareiesta luz para dela formar um eo

    de luz para mim mesma; assimestarei em tal estado que podereitransportar-me at a Luz das Luzesque se encontra na mais alta dasalturas.Enquanto assim refletia, elasaiu de sua regio, que era oDcimo-Terceiro Eo, e desceurumo aos doze ees. Todos osarcontes dos ees, furiosos contraela, a perseguiram, pois ela trazia

    consigo a idia de uma grande glria.Enquanto isso, ela tambm deixouos doze ees, chegou s regiesdo caos e aproximou-se dafora-luz com cabea de leo paraabsorv-la, mas todas as emanaesmateriais de Authades a envolveramdentro de um crculo. A grandefora-luz com cabea de leoengoliu toda a fora-luz de Sophia e

    tirou dela toda a posse de sua luz,que ela devorou.

    (Captulo 31)

    Parsifal, Galaade Bors desco-brem o Graal(Manuscritodo sculo XV,BibliotecaNacional, Paris).

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    segunda npcias. Quando Joo Batistaa acusou por esta razo, ela mandoudecapit-lo. Assim, Kundry desmasca-rada: a fora da natureza corrompidaque, por sua violncia, constrange JooBatista, aquele que clama no deserto,a calar-se. Sob sua influncia, o serhumano arrastado atravs do oceanoda vida dialtica, abandonado, desar-mado, iluso astral da natureza damorte.

    No segundo ato, no jardim encantadode Klingsor, acontece o inevitvelencontro entre Kundry e Parsifal. Estacena dramtica faz lembrar a tentaode Jesus no deserto, quando Sat lhe

    promete poder, fama e riqueza. Jesusno cede e Sat se retira.

    Na pera de Wagner, Parsifal andaentre as moas-flores que esto sob opoder de Klingsor. Seu corao puro opreserva de seus artifcios e sedues.Mas, depois de ter resistido a esta ten-tao, ele encontra Kundry, a personifi-cao de seu ser aural, seu guardiodo umbral. Ele consegue resistir a sua

    fervilhante beleza, mas Kundry abretodo o arsenal de seu charme para ten-

    tar fazer dele sua vtima. Com sua mal-cia habitual, ela dirige seu ataque parao ponto fraco da personalidade deParsifal: ela se lamenta pela morte dame dele, Herzeleide, e o culpa por t--la abandonado um dia. O plano parecedar certo. Ela desperta em Parsifal umsentimento de culpa que poderia torn--lo receptivo a novas investidas. a tti-ca clssica do ser aural, que se esforapara enlaar a personalidade. Vencidopela tristeza, Parsifal acaba caindo aosps de Kundry, que age como se fossea mensageira de Herzeleide, simulandoquerer consolar Parsifal e ensinar-lhe oque o amor. Seu beijo deve dissipar

    seus sentimentos de culpabilidade.

    Como ltimo adeus de tua me,eu te ofereo agora o amor e umprimeiro beijo

    Parsifal est como enfeitiado e deixa--se enganar. O beijo de Kundry, entre-tanto, no abre em seu corao puro ascomportas astrais do desejo, mas sim

    os olhos de seu corao. Como um raio,ele tem a viso do trgico destino de

    A viso de Parsi-fal. Ele contem-

    pla o Leo coma Ekklesia,smbolo danova vida queconfere o Amordivino. Atrs de-le encontra-seo drago doApocalipse, ima-gem da humani-dade decada(Frana, manus-

    crito do sculoXIV).

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    Amfortas, o rei do Graal, e percebe acausa de todo o sofrimento do mundo.Mas ele tambm v a graa que ofereceo caminho de libertao. Amfortas! Oferimento! Pena cruel! clama ele, comos olhos j abertos. Ele se livra dos bra-os de Kundry antes que ela possaarrast-lo para mais longe. Pela compai-xo ele recebeu o conhecimentoe que-brou a magia de Klingsor! Quanto aKundry, seu encontro com uma almapura fez com que ela fizesse um bem,ainda que involuntariamente. Ela sedebate, esbraveja, suplica que ele tenhapiedade dela, mas todos os seus esfor-os so vos.

    UMA LUTA MORTAL

    O ser aural do candidato que, nasenda de libertao, ameaa livrar-sedos poderes do jardim encantado danatureza dialtica, comporta-se exata-mente como Kundry. No momento emque o buscador vai libertar-se da prisoda natureza dialtica, seu ser auralrene todas as suas foras para opor-sea personalidade inspirada pela novaalma. Os antigos laos de repente fa-zem valer seus direitos. A dvida em re-lao senda libertadora volta a povoarsua cabea. Ser que a senda no umcaminho to assustador quanto egocn-trico? Motivos aparentemente nobresservem de pretexto para deixar-se levar

    pelas foras sedutoras da natureza. Seo aluno reage aos ataques do eu supe-rior, entra em uma luta mortal. O eu su-perior sabe que deve morrer se noconseguir opor-se personalidade ani-mada pela Gnosis, e o candidato devecombater at o fim. Nesta situao, Par-sifal invoca o Salvador:

    Salvador, Senhor da Graa,

    como posso eu, pecador, expiar meupecado?

    Como seu corao se fecha aosdesejos mpios que Kundry tenta des-

    pertar, ele capaz de resistir a seusataques. Simultaneamente, ele abre seuser ao sofrimento do Salvador e aodesejo dos Cavaleiros do Graal de umdia serem salvos. E, depois de ter tenta-do fazer com que Kundry compreendes-se que a misso que ele realiza tambmsignifica a libertao dela, Parsifalclama:

    Desaparece, infeliz tentadora!

    Mas ela no vai embora sem antes lhedizer:

    Sabes onde podes encontrar-me!

    Com um ltimo e desesperado esforo,Kundry chama Klingsor, o senhor dastrevas, para vir em seu socorro. Ele veme atira a lana, que antigamente haviaroubado de Amfortas, na cabea deParsifal: mas a arma sagrada planaacima dele como a pomba do EspritoSanto sobre a cabea de Jesus. Ento,Parsifal pega a lana e assim pe fim s

    tentativas de seduo de Kundry. Ela sedesvanece, enquanto o castelo e o jar-dim encantado de Klingsor vo desapa-recendo. exatamente assim que acon-tece na vida do aluno quando as estre-las do cu de sua lipika caem e vo sur-gindo um novo cu e uma nova terra.

    A NOVA LIPIKA

    No terceiro ato, Gurnemanz despertaKundry de seu sono mortal. Esta cenase passa no reino do Graal. Uma atmos-fera maravilhosa de paz e de reconcilia-o impregna a natureza. Kundry ope-rou sua ltima metamorfose: a sedutoraincansvel tornou-se uma humilde ser-vidora que unge os ps de seu senhor,Parsifal, assim como Maria Madalena

    ungiu os ps de Jesus, o Senhor. Par-sifal abenoa Kundry. Finalmente, de-pois de uma viagem longa e fatigante,Parsifal volta para o reino do Graal, on-de vai cumprir sua misso de novo rei

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    do Graal. No final da histria de Parsifal,parece que a senda da libertao daalma no passa pela unificao da per-sonalidade com o ser aural, nem peloapaziguamento dos conflitos crmicosno eu superior. exclusivamente pelaabnegao e conseqentemente pelarejeio s foras aurais que o novopoder da alma vai-se desenvolvendo,permitindo que ela retome a posse dalana: o Esprito.As janelas da alma quedavam para o jardim encantado deKlingsor agora j esto fechadas,enquanto se vo abrindo outras paradeixar entrar o novo sol em ascenso,cujos raios consomem e dissolvem os

    restos da herana crmica do microcos-mo. Kundry recebe o batismo: ela estinstruda para sempre quanto a suavocao humana. Ela, a quem somenteParsifal, o tolo, o puro, tinha o poder detrazer a salvao.

    O CAMINHO DEPARSIFAL

    O nome Parsifal designa no somen-te o personagem principal da narrao,mas tambm representa o prottipo dohomem que realiza o caminho do de-senvolvimento e da libertao espiritual.Neste sentido, sua imagem pode sercomparada de Christian Rosenkreuz,o smbolo do homem que deve seguirseu caminho em novas condies at-mosfricas.

    A palavra Parsifal tem dois sentidosdiferentes: par ce vale, que significa pelocentro e tambm fal parsi, que significapuro tolo. Estas duas interpretaes soadequadas. Parsifal o prottipo do ho-mem que deve vagar em meio naturezadialtica, acumulando muitas experin-cias.E, na qualidade de tolo e puro, eletem o poder de voltar para o reino doGraal enquanto est a caminho. Final-

    mente ele torna-se o rei iniciado, o prote-tor e realizador dos Mistrios. o homemque est pronto para deixar o mundo doespao-tempo. Por sua reminiscncia, elepode ajudar a libertar o Esprito da priso

    da matria: primeiro dentro de si mesmo,mas logo em seguida tambm na nature-za que o rodeia. Tocado pela fora gns-tica, ele comea sua busca e seu cami-nho o leva, atravs da busca e da purifi-cao, a servir a Gnosis de forma verda-deira e consciente.

    Wagner mostra estas trs etapas docaminho de Parsifal nos trs atos de seudrama musical. Na narrativa primitiva,os Cavaleiros do Graal se encontramem uma situao infeliz depois daqueda de Amfortas. Ser que no existenenhum cavaleiro capaz de assumir arealeza no lugar de Amfortas? Por queesta escolha recai sobre Parsifal?

    A resposta se encontra no primeiroaspecto de seu nome. Os cavaleiros querodeiam Amfortas so os homens--almas que ainda no tm nenhumaexperincia pessoal, que, por causadisso, no sabem ainda empregar seulivre-arbtrio. Sua pureza essencial-mente inconsciente: eles so inaptospara exercer a realeza. Amfortas possuaas qualidades requeridas, mas deixou

    que sua vontade seguisse um ato mpio.Somente Parsifal pode agora preen-cher as condies para assumir a reali-za do Graal. Ele possui um grande te-souro de experincias no mundo dialti-co, e manteve sua pureza original e seucorao sempre aberto.

    AQUELE QUE NO TEM NOME

    Entretanto, este tesouro de experin-cias no est simplesmente disposi-o e pronto. Ao contrrio: no primeiroato, ele apresentado como uma pes-soa estpida e ignorante. Alm do mais,ele comete o erro escandaloso de matarum cisne com uma flecha. Ora, o cisne o smbolo do Esprito e um pssarosagrado no reino do Graal! Por isso,

    Gurnemanz pergunta a ele por que fezisso e fica desconcertado com sua faltade jeito. Parsifal no consegue respon-der a nenhuma pergunta. Ele nem se-quer consegue dizer seu nome! Eu no

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    me lembro de nenhum! Esta uma alu-so s inmeras personalidades que seforam sucedendo em seu microcosmo.Elas j esto todas mortas e esqueci-das. somente quando Kundry conta arespeito de sua juventude que ele selembra de alguma coisa de seu passadomicrocsmico. Ele v como tornou-seculpado de crueldade e joga longe seuarco e suas flechas. Jamais ele voltar acaar um cisne.

    Da descrio de sua juventude, sabe--se que ele viveu vagando aqui e ali, emcompleta inocncia e simplicidade. Eleno sabe o que o bem ou o mal, epergunta a Kundry se ameaado porforas malignas. Ele teve uma vagaidia de tornar-se como estes homensfaiscantes, sobre seus belos cavalosque um dia havia visto de passagem.Mas, at este momento, ele no teve

    esta chance e por isso que no ficouem nenhum lugar por muito tempo.Quem se encontra nesta fase do pro-cesso no pode, de fato, continuar pormuito tempo em nenhum lugar da natu-

    reza dialtica. Suas aes geralmenteno tm um motivo e aparentementeele segue em frente, sem rumo na vida.E, quando tenta conformar-se com asnormas deste mundo, que lhe estra-nho, no consegue. Seus relaciona-mentos com os outros so superficiaisou cheios de frustrao e de oposio.

    Este distanciamento do mundo exte-rior assinala o homem que busca a Ver-dade. Mas esta condio dolorosa ne-

    cessria para que seu desejo de voltar aseu estado original v-se tornando cadavez mais evidente.

    No comeo, o buscador no compre-ende nada sobre seu estado. Ele nosabe responder pergunta sobre suaorigem, e ignora para onde seu cami-nho o conduz. O tomo-centelha-do--esprito despertou em seu corao, verdade, e tornou-se uma pequena

    chama sob o toque da fora divina. Aorigem, o caminho e a finalidade estopresentes neste tomo, sem entretantoestarem disposio da antiga cons-cincia.

    O que oGraal? Nenhumapalavra podeexplic-lo. Masquem o encontra,capta sua mensa-gem (IlustraoPentagrama).

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    O GUIA INVISVEL

    Parsifal deixou-se guiar inconsciente-mente por seu tomo-centelha-do-esp-rito, que finalmente o conduziu ao reinodo Graal.O que se espera dele necessitauma conscincia que tenha autoconheci-mento, mas ele ainda no a possui.Gurnemanz o conduz ao interior do cas-telo do Graal, onde ele toma parte, cheiode espanto, na cena solene no decorrerda qual Amfortas desvela o Graal.Apesarde j ter fixado sua misso de salvador,Parsifal ainda no pode realiz-la.A igno-rncia e a falta de qualidade alma no o

    permitem. pergunta de Gurnemanz so-bre se ele sabe o que v, ele menea suacabea e no pode responder. Ele nadacompreende do sofrimento de Amfortas,nem sobre a oferenda do Graal ou a ceri-mnia que se passa diante de seus olhos. por isso que ele deve deixar o reino doGraal e voltar vida comum.

    A mesma coisa acontece a muitosbuscadores da verdade. E isto provavel-mente no decorrer de inmeras encar-naes. verdade que eles percebem ochamado da centelha-do-esprito, maseles no so capazes de responder aela conscientemente. Para tanto, pre-ciso ter um corao puro e uma perso-nalidade que j tenha atingido o limitede suas possibilidades. Afinal, quembusca deve aprender a causa do sofri-mento e o que ele deve ou no deve fa-zer para libertar sua alma prisioneira.

    A fim de adquirir esta conscincia, ocaminho o conduz ao jardim encantadode Klingsor. Nem bem Parsifal deixa oCastelo do Graal e j chega a este jar-dim onde as moas-flores giram em tor-no dele forando-o a ficar. E Parsifal fazgracejos circulando entre elas. Mas, co-mo elas no param de movimentar-se,ele quer fugir e diz com humor:

    Deixem-me, vs no me fareiscair em vossa armadilha!

    Assim, ele faz aluso aos desejos co-muns que todo ser humano encontra em

    seu caminho de autoconhecimento. To-dos os dias ele se v frente a frente comsuas esperanas e desejos, e sente quelhe est sendo despojado de sua fora-luz. ento que ele aprende lenta masfirmemente a afastar estas influncias,evitando dar-lhes ateno.

    A VISO CLARA

    Ento acontece o encontro decisivoentre Parsifal e Kundry. Tambm a pri-meira vez que o nome de Parsifal pro-nunciado. Isto significa que ele se torna

    consciente de si mesmo. Mas, como po-de ser que este tolo, este puro, pos-sa ver seu eu superior e como ele po-de sentir o sofrimento de Amfortascomo se fosse seu prprio sofrimento?

    A prpria essncia de todas as expe-rincias vividas pelos moradores ante-riores de seu microcosmo est presenteno ser aural. Portanto, compreensvelque aquele que segue o caminho possaatingir, num certo momento, o ponto emque o habitante precedente parou: neste lugar que a senda de libertaofoi interrompida, e o sofrimento que re-sultou disto ficou gravado no ser aural.Os personagens do Parsifal, de Wagner,no devem, portanto, ser consideradoscomo personalidades diferentes, mascomo aspectos do prprio Parsifal. Damesma forma, Amfortas pode ser vistocomo a personalidade que precedeu a

    atual personalidade de Parsifal, mastambm como o primeiro homem a servtima de Kundry. Neste caso, ele repre-senta o tomo-centelha-do-esprito, quesofre e espera dentro do corao. Noconfronto entre Parsifal e Kundry, a ex-perincia de Amfortas estava, portanto,potencialmente presente. Amfortas tam-bm foi, por sua vez, seduzido por Kun-dry, pois, como ainda era ignorante, ele

    reagiu espontaneamente s foras danatureza. E o sofrimento de Amfortas despertado em Parsifal pelo beijo deKundry. A compaixo lhe faz reconhecero perigo, e ele tem a fora de resistir s

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    sedues da natureza personificadaspor Kundry. E, quando Klingsor atira-lhea lana na cabea, ele tem o poder desegur-la sem perigo e j pode deixar ojardim encantado para pr-se a caminhoem busca do Castelo do Graal.

    O REI DOGRAAL

    No terceiro ato, Parsifal atinge o reinodo Graal. Ele descreve o longo caminhocheio de tentaes e perigos que eleprecisou seguir depois de ter tomadoposse da lana:

    Inmeras circunstncias e disputas peri-gosas e dolorosas me constrangeram adesviar do caminho, quando eu pensavaque o conhecia bastante!

    Agora, ele chegou a uma nova fase.Com a chave da nova compreenso edo discernimento, e fortificado pelaGnosis, ele atravessou todos estes a-contecimentos. Ele mostrou que podiaservir e penetra, enfim conscientemen-te, no Castelo do Graal, o novo campode vida. Seu passado crmico, sob o as-pecto de seu ser aural, j no o detmno caminho, mas participa em seus es-foros, tendo em vista libertar a humani-dade. Servir a primeira palavra pro-nunciada por Kundry e, para finalizar,ela unge os ps de Parsifal como suaserva.

    Parsifal chega, finalmente ao Castelodo Graal, cura o rei Amfortas e ocupaseu lugar. O homem decado est salvo.O Novo Homem, o Homem divino, tomao seu lugar.

    * Jan van Rijckenborgh, Os MistriosGnsticos da Pistis Sophia, RozecruizPers, Haarlem, Holanda.

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    A felicidade uma necessidade

    bsica. No entanto, todos, com cer-

    teza, j perceberam que os momen-

    tos de felicidade so efmeros.

    Como gostaramos que fosse dife-

    rente! Se olharmos para o mundo,

    veremos que a felicidade no

    duradoura em nenhum lugar e que

    em toda a parte o sofrimento se pro-

    longa; e como os irmos se matam

    uns aos outros, combatendo com

    atrocidade!

    a primeira metade do sculo XX, toprofundamente esclarecido, cerca de70 milhes de homens foram mortos,em guerras horrveis. O abuso do podere a violncia que dele decorre derrama-ram sobre a humanidade uma ondaininterrupta de sofrimentos assustado-res. Conflitos interiores e exteriores nopararam de fazer crescer o medo e odesespero.

    Para tentar explicar a situao, mui-tos afirmam com convico que o sofri-mento necessrio e at mesmo queele tem um certo valor na vida. Parti-

    cipar do sofrimento dos outros tercompaixo e quem sofre considera queisto um sinal de Deus que est olhan-do por ele. De fato, Deus castiga aque-les que ama! (Epstola aos Hebreus,12:6). Se nos aprofundarmos nestegrande mistrio e estudarmos as emo-es do corao humano, descobrire-mos que existem duas espcies de feli-cidade e de sofrimento. H o sofrimen-

    to causado pela crueldade, pelas crisese pela injustia deste mundo, e pelaincapacidade de enfrent-las de manei-ra correta. Por outro lado, existe a felici-dade causada pelos sentimentos de

    segurana e de simpatia, a felicidadeque nasce das relaes entre os sereshumanos e que acaba tornando-se afinalidade da vida. Este tipo de felicida-de e de sofrimento pertence aos pro-cessos da vida terrestre e somente dizrespeito dimenso natural do homemmortal, a seus desejos e necessidades.

    ALEGRIA E SOFRIMENTO DIVINO

    Tambm h um sofrimento e uma ale-gria que provm de uma outra fonte,que provm da ignorncia ou da cons-cincia da presena de um princpio deeternidade dentro de nossos coraes.Quem capta e sente um pouco estasforas de eternidade, sente uma alegriaintensa e ao mesmo tempo um grandesofrimento.

    Estas vivncias podem acontecer comregularidade e tomar conta de todo o ser,para sempre. E isto acontece cada vezque o comportamento se aproxima deDeus ou se afasta dele. Esta experinciapode ser traduzida pelo profundo sofri-

    mento de sentir-se separado da vida divi-na original.Mas tambm h a alegria quevolta cada vez que se pode ouvir o apeloda eternidade em meio solido, cruel-dade e futilidade do mundo.

    A felicidade e o sofrimento terrestresso a prpria expresso da vida naturalsobre a terra. A felicidade e o sofrimen-to que resultam de nos colocarmos emharmonia com o princpio interior do Es-

    prito divino fazem entrever uma novapossibilidade de vida: uma vida que ha-ver de desabrochar a partir do princ-pio imortal do Esprito dentro de nossocorao.

    FELICIDADE E SOFRIMENTO

    N

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    REVALORIZAO

    Considerados deste ngulo, felicida-de e sofrimento passam a ter um novovalor, que ser como uma oportunidadea ser alcanada, uma tarefa a ser cum-prida, e principalmente como uma pro-messa. Se continuarmos prisioneiros do

    sofrimento ao qual a humanidade estsubmetida desde a sua origem, acaba-remo-nos esgotando e abandonando aluta, arrastados para sempre no crculovicioso onde no possvel haver vitriano combate: a luta pela felicidade e aluta contra o sofrimento no chegam anenhum resultado positivo. Todos osque vem claramente adquirem umacompreenso totalmente nova e vem

    as coisas sob uma nova luz. Quem jul-gava seu sofrimento exclusivamente emfuno dos critrios terrestres, agoraest certo de que o ser humano sempretem tendncia a renegar o princpio divi-

    no dentro dele e que por isto torna-sepresa fcil do sofrimento.

    A VERDADEIRA FELICIDADE

    Finalmente, ele reconhece que existedentro si um princpio divino e o coloca frente de tudo para que ele possaviver e crescer. Ento, ele descobre quemuitos sofrimentos vo-se enfraquecen-do e at mesmo podem ser evitados,graas a sua atitude totalmente diferen-te em relao vida. Ele j no experi-menta o sofrimento como um flagelo,

    mas como um auxlio e uma graa nocaminho de sua vida. So como de-graus pelos quais ele deve subir at omundo divino, o mundo da verdadeirafelicidade.

    Por que ele tem de subir estes degra-us? Para adquirir cada vez mais com-preenso, constatando que todos os so-frimentos so causados pelo egocen-trismo, e que o eu deve retirar-se poucoa pouco e morrer a fim de que o Homemoriginal ressuscite.

    Assim, cada vitria sobre o eu, fazen-do-nos sofrer e cair de nosso pedestal,nos eleva tambm cada vez mais rumo eternidade. Quando compreendemose sentimos o sofrimento, ele aceito, e sem hesitao que subimos os de-graus um a um para, enfim, nos perder-mos na beatitude divina.

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    A luta entre oleo e o grifo , naverdade, uma lutadesesperada, poiso grifo o famosodrago alado,o fogo serpentinoque ainda no foipurificado eque ameaaconstantemente a

    vida da alma, e oleo o smboloda fora do amordivino, que sempresai vitoriosa docombate (Johfra,1968).

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    Quem quer auxiliar, recebe auxlio.

    Duas foras fazem o ser humano

    agir: o desejo e a vontade. Da resul-

    ta que cada um vivencia, em sua

    vida, a alternncia contnua da ale-

    gria e da tristeza que estas duas for-

    as provocam.

    lguns consideram esta alternnciacomo sendo natural e percorrem seu ca-minho do nascimento at a morte, confor-mando-se: a vida assim! Desejar, que-rer e depois felicidade e tristeza; e nova-mente desejar, querer, felicidade e triste-za; e assim por diante. Mas tambm hpessoas que, em um dado momento, jno aceitam esta situao, geralmentelogo em seguida a um profundo sofrimen-to interior, ou de uma pessoa prxima.Quem desta forma foi tomado no maisprofundo de sua alma no consegue des-ligar-se to facilmente de seu sofrimento.Ento a questo do sentido da existnciase coloca a ele irrevogavelmente; depoisse abre o estgio da busca que represen-ta uma nova etapa da vida cheia de inda-gaes ardentes, de dificuldades, deerros, mas tambm de acontecimentos e

    de encontros extraordinrios. Diferentescaminhos se apresentam ento ao bus-cador, de acordo com seu estado e as cir-cunstncias. So caminhos que condu-zem sempre ao mesmo fim: a soluo doproblema da vida.

    Vamos seguir, por exemplo, o anda-mento de um buscador que se preocupacom as questes sociais. O que ele vaipassar? O que se passaria conosco na

    mesma situao?Este buscador sofre principalmentecom o sofrimento de seus semelhantes.Como ele no pode e no quer seguir ocurso montono da vida cotidiana e co-

    mo ele impulsionado pela compaixo,ele no pra de auxiliar e sustentar seuprximo. Ele fala sobre isto, ele age, elesacrifica muito talvez para atingir suafinalidade. Ora, esta busca muito justafaz com que lhe caia nas mos um livri-nho: A Voz do Silncio. No consegui-mos sempre aquilo de que temos ne-cessidade? Ento ele l:

    Que a tua alma de ouvidosa todo o grito de dor,como a flor de ltus abre seu seiopara beber o sol matutino.

    Que o sol feroz no seque umanica lgrima de dor antesque a tenhas limpado os olhosde quem sofre.

    Que cada lgrima humanaescaldante caia no teu corao e afique; que nunca a tires enquantodurar a dor que a produziu

    Sustentado por estas palavras, ele vaisocorrer seus semelhantes com umafora renovada. Entretanto, cedo outarde, chega o momento em que elepercebe que impossvel ajudar verda-

    deiramente os outros. Que dolorosaconstatao! Por mais que faa omelhor de si, que aja com muito amor,e que trabalhe duramente, ele noajuda verdadeiramente: no mximo trazum pouco de consolo, um alvio tempo-rrio, um instante de esquecimento datriste realidade. Mas o verdadeiro aux-lio, este, no existe!

    UMA SITUAO QUE TODOS CONHECEM

    Entretanto, isto que ele quer ofere-

    O VERDADEIRO AUXLIO

    A

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    cer de todo o seu corao: um auxlioverdadeiro! Ento, ele se pergunta de-sesperadamente o que deve fazer. Con-tinuar? Isto no serve para nada. E, de-cepcionado, com o corao semprecheio do desejo justo de pr fim ao sofri-mento dos outros, este buscador entrana fase seguinte de sua busca.

    Enquanto vai refletindo profundamen-te no problema do sofrimento, ele peganovamente A Voz do Silncio. Ele rel amesma passagem, mas, como se sentemais rico com uma nova vivncia, ele a lcom outros olhos e vai compreendendopouco a pouco o que se espera dele. Eleacredita que chegou ao fundo do proble-

    ma, acha que o captou e o compreende.

    Ento ele l:

    Estas lgrimas, tu de corao tocompassivo, so os rios que irrigamos campos da caridade imortal. neste terreno que cresce a flornoturna de Buda, mais difcilde achar, mais rara de ver do que

    a flor da rvore Vogay. a semente da libertao dorenascer. Ela isola o Arhat tantoda luta como da luxria,leva-o atravs dos campos do serpara a paz e a felicidadeque s se conhecem na terra dosilncio e do no-ser. 2

    Perseverando em seu desejo de com-preender como auxiliar verdadeiramen-

    te a seu prximo, a idia de que algu-ma coisa vai acontecer interiormentevai amadurecendo dentro dele. Umasemente deve germinar dentro de seucorao: a semente de um renascimen-to, que a libertao! Mas para queeste crescimento acontea, ele devedesaparecer, apagar-se. Enquanto isso,uma nova questo se coloca: comopoderemos renascer? O que devemos

    fazer para que isto acontea?

    E ele l:

    Mata o desejo; mas se o matares,

    cuida bem em que ele no renasada morte.3

    E muitas outras exortaes vo-se se-guindo. Ento, ele se pe corajosamen-te a trabalhar e tenta colocar em prticatodos estes conselhos. Ele se exercita.Ele tenta matar todos os seus desejos.Se ele quiser verdadeiramente auxi-liar, a semente dever germinar e a flordever desabrochar! Enquanto isso, de-pois de muitas decepes, ele vai per-cebendo que impossvel matar seusprprios desejos.

    Mais uma vez desiludido, mas enrique-

    cido com um novo conhecimento, ele seencontra em seu ponto de partida: elecontinua incapaz de auxiliar verdadeira-mente os outros! Apesar disso, ele ain-da no perdeu este desejo. Neste mo-mento ele se pergunta se no h algu-ma coisa errada nesta recomendao:mata o desejo!. No entanto, est bemescrita e bem isto o que ele quer!

    Ele no desiste. E a fora de seu de-

    sejo justo lhe faz encontrar outras pes-soas e ler outros livros. Ele compreendede repente que todos os seres huma-nos, h sculos, lutam para resolver osmesmos problemas, individual e coleti-vamente.Mas, como esta semente podegerminar? Como a flor vai nascer para avida? O que fazer? Como matar seu de-sejo? O que o desejo? Ele vai perce-bendo que h sculos as mesmas dire-trizes so dadas para resolver estas

    questes: so idias universais com ex-presses que s diferem de acordo comas pocas e os pases. Ele descobre oBaghavad Gita, o Tao Te King, de Lao-Tse, a Bblia, a Fama Fraternitatis.

    Nesta ltima obra, ele l:

    O desejo uma fora que no destemundo e esta fora somente pode rea-

    lizar-se em um reino que no destemundo. uma fora que preenche nossosangue, nos acossa dia e noite, atque cheguemos de maneira absoluta,mas to absoluta, ao ponto morto em

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    vs mesmos. somente ento quepoderemos ir buscar o segredo da sal-vao. 4

    Aquele que se encontra nesta busca,encontra a resposta para suas indaga-es. Ele reconhece que a fora do de-sejo est oculta, fortemente enraizadadentro de cada ser humano. Ele reco-nhece que esta fora que o arrastou eque o desejo vai em todas as direes,tanto para baixo como para cima. A Vozdo Silncio lhe fala da flor maravilhosa.Ele aprende como colocar em prtica asrecomendaes seculares da DoutrinaUniversal. Os Mistrios crsticos vo sedesvelando diante dele, assim como di-

    ante de todos os homens que j estoprontos. Ele sabe que, para ele, j che-gou a hora.

    Dando uma olhada para trs, no ca-minho percorrido, ele v o desenvolvi-mento de sua busca, suas tentativas, ea finalidade de todos os seus esforos.No era preciso chegar ao limite de su-as possibilidades para s depois passar fase seguinte? E, chegando a este li-

    mite, ele que buscou e experimentou detudo, percebe que est sendo auxiliadopara auxiliar de verdade os outros. Elev claramente sua tarefa diante de si.

    Se estiver pronto e for capaz de mor-rer para seus desejos primrios aniqui-lando-se em Cristo, ento um milagremgico acontece.5

    E ele sabe que est pronto. E ele sa-be que est em condies para tanto.Cheio de confiana, ele se abandona ao

    mistrio crstico para ser transformado epoder, enfim, levar aos outros o verda-deiro auxlio.

    29

    1, 2 e 3. A Voz do Silncio, Helena

    Petrovna Blavatsky, Editora Ground, 1990.4 e 5. Jan van Rijckenborgh, FamaFraternitatis, o chamado da Fraternidadeda Rosa-Cruz, Rozekruis Pers, Haarlem,Holanda, 1983.

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    A verdadeira manifestao aconte-

    ce no quinto campo, chamado de

    Reino dos Cus. Neste campo, so

    assimiladas as foras dos quatro

    campos precedentes (os campos de

    preparao, do devir) e, no equilbrio

    perfeito assim atingido, a forma divi-

    na se manifesta. Nasce o homem

    celeste.

    Jan van Rijckenborgh, Os sete campos domicrocosmo*

    ara compreender como se manifestao quinto ter, chamado de ter de fogoou ter eltrico talvez fosse bom escla-recer o tema comeando por examinar oestado e a ao atuais dos quatro pri-meiros teres em nosso mundo mortal.A partir do artigo de Jan van Rijcken-borgh intitulado Os sete campos do mi-crocosmo, possvel, por induo, en-contrar analogias entre a atividade ter-restre visvel destes teres e sua ativi-dade na natureza original. Assim, pode-ramos sondar a idia que est por de-trs da natureza e as caractersticas danatureza original; e, ao mesmo tempo,descobrir o que preciso fazer ou dei-

    xar de fazer para atingir esta naturezapura. Pode-se chegar a ela deduzindodas propriedades fundamentais, conhe-cidas e habituais do mundo mortal aspropriedades do mundo original.

    O mundo em que vivemos constitu-do por diversos campos de tenso, emantido pelas tenses que a se mani-festam. Estas tenses nascem entredois plos opostos, entre os quais se

    do os processos de evoluo da natu-reza dualista, dialtica. Os exemplos se-guintes daro, sem dvida, mais relevosa estas primeiras consideraes.

    Os tomos so os materiais de cons-

    truo da matria. Eles so compostospor um ncleo em torno do qual giramos eltrons ligados ao ncleo por umatenso eltrica. Os msculos dos ho-mens e dos animais somente funcionampor diferena de tenso e por meio docomando desta tenso. Nossas aesgeralmente so os resultados de gran-des tenses sob uma sobrecarga de tra-

    balho. Aprecia-se a arte principalmentepor causa da tenso que emana da obrae que fala ao espectador ou ao auditor.A msica audvel graas a diferenasde tenso (tenso do couro do tambor,tenso dos lbios do trompetista, ten-so das cordas do piano) e a traduodestas tenses pelo ouvido.

    A vida social apresenta muitos cam-pos de tenso conflitantes, que nascemdo desejo de realizao pessoal. Sotenses que se manifestam por cresci-mento e expanso. Os desacordos fa-zem nascer interesses divergentes econflitos. O crescimento parece ser umcritrio importante para o bem-estar doindivduo, da sade do grupo, de umaempresa, de um sistema econmico ouda sociedade como um todo. O que fazcrescer a conscincia so as experin-cias que resultam de tenses diversas.

    O ritmo um movimento que se repetede acordo com uma estrutura fixa daqual ele prisioneiro.

    O estudo aprofundado das formas oucampos de tenso faz com que apare-am trs elementos importantes: um campo de tenso comporta um

    centro; uma tenso se concentra em torno de

    um ncleo;

    um campo de tenso possui uma for-a intrnseca.Um campo de tenso comporta limites,no interior dos quais sua fora pareceestar prisioneira e separada da fora

    O QUINTO TER, O TER ELTRICO

    O quinto ter,o ter eltricoderrama-sesobre a humani-dade mergulha-da nas trevas.(FotoPentagrama).

    P

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    dos outros campos. A fora associadaao ncleo est, desta forma, aprisiona-da no interior de seus prprios limites. Aestrutura bem conhecida dos tomosnos d uma clara ilustrao. No h ne-cessidade de demonstrar que no interiordestes limites esto presentes forasconsideravelmente poderosas comono tomo.

    Todas as formas perceptveis pelossentidos esto limitadas, apresentandoum lado exterior que marca seu limitecom as outras formas. assim que seapresenta a realidade cotidianapara amaioria dos humanos: quase unicamen-te pelo lado exterior das coisas; quanto

    ao que se encontra em seu interior, elessomente podem especular. Quem con-segue penetrar o lado exterior, logo des-cobre que o pretenso lado interior tam-bm comporta lados exteriores!

    A vida terrestre no passa de ten-so e se mantm por tenso. Quatro -teres tomam parte neste processo: oter qumico, o ter vital, o ter de luz eo ter refletor. Podemos demonstrar que

    estes teres esto em um estado de su-jeira e de corrupo.

    Cada um destes quatro teres d pro-priedades e poderes importantes aosreinos naturais em que ele se manifes-ta. Por exemplo, o crescimento material;a criatividade, o impulso criador, a re-produo; as percepes sensoriais e aformao dos pensamentos conscien-tes. O ter qumico assegura, entre ou-

    tros, o processo de crescimento biolgi-co e o metabolismo, onde os processosde assimilao e de eliminao desem-penham um papel importante. E o terqumico que mantm as diversas for-mas especficas.

    Por outro lado:Em vez de agir sobre a substncia

    primordial de acordo com o plano divino

    de manifestao, a atividade do terqumico corrompido provoca a cristali-zao da natureza terrestre. Presso etenso se exercem para comear sobreuma partcula, fazem nascer os mine-

    rais e cristalizam as formas, tendo comocaracterstica a dureza. Particularmenteno homem, vemos claramente que ocorpo fsico tenro e suave vai-se endu-recendo em uma forma frgil, como sefosse um pergaminho enrugado, escle-rosado.

    Neste primeiro campo de vida, o Esp-rito Santo concentra a substncia pri-mordial. Neste campo, no h absoluta-mente nenhuma forma[...] Neste primei-ro campo de vida, trata-se de reunir e deconcentrar a substncia primordial. Oncleo de conscincia deste campo devida tem a tarefa de dar a esta massa

    uma caracterstica que lhe seja prpria,uma vibrao prpria[...] Pelo ter qu-mico, d-se um processo de assimila-o de matria e de fora e a introduoem um campo vibratrio, graas ao quala idia subjacente, a forma final, j co-mea a despontar fracamente, comouma imagem.*

    O TER VITAL

    O segundo ter, ou ter vital, conce-de, entre outros, o poder de criao oude reproduo. O homem emprega umaparte desta energia, por exemplo, paraexprimir-se pela fala ou pela escrita, pe-la msica, arquitetura, artes plsticas,enquanto que uma outra parte serve pa-ra a conservao da espcie.

    Por outro lado:Ora, a atividade do ter vital aconte-

    ce no interior dos reinos da matria, co-mo uma atividade quase sempre limita-da manuteno e reproduo, emvez de se manifestar de acordo com oplano divino com suas mirades de as-pectos. O princpio especfico reduzi-do a uma forma a mais pequena poss-

    vel, a semente ou vulo, que, uma vezreunidos, fazem surgir uma nova crista-lizao. Podemos observar este fen-meno na individualizao de quase to-das as manifestaes vitais.

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    No segundo campo de vida,vemos como se desenvolve umpoder de expanso e de diferenciaoautnoma, sobre a base daconcentrao de substncia primordialobtida no primeiro campo de vida.O ncleo de conscincia do segundocampo de vida confere ao materialconcentrado e que est agorapresente, a vibrao que ele deseja,e esta vibrao pode novamentediversificar-se. A unidade caractersticado primeiro campo de vidatorna-se uma multiplicidade ilimitadano segundo[...] Assim vai-sedesenvolvendo, no quadro do plano

    divino, a possibilidade de manifestaode cada forma autnoma[...] Nosegundo campo, a Idia recebe suacor. A se opera uma ligao entreos materiais de construo e as forasvitais; as foras vitais que a sederramam fazem surgir um raio de luzque se revela como cor na multiplicida-de das diferenciaes.*

    O TER DE LUZ

    O terceiro ter ou ter de luz confereparticularmente o poder de perceposensorial. O plo negativo do ter de luzlibera foras que permitem o desenvolvi-mento dos sentidos. O plo positivo doter de luz regula a corrente dos fluidose a circulao sangnea. Entre as es-

    pcies animais superiores, assim comono homem, ele estimula a energia trmi-ca. O terceiro ter torna possvel a expe-rimentao.

    Por outro lado:Em vez de colocar um desejo neutro

    e equilibrado a servio total do Plano di-vino, o homem, ao contrrio, acossa-do por seus sentidos direcionados para

    a natureza terrestre. Nutrido pelo terde luz, ele est sempre e cada vez maisdeterminado pela luta incessante parasua autoconservao e pelos esforosde atingir seus objetivos pessoais. O -

    ter de luz mostra as sutilezas de suaspercepes sensoriais, por projeo,das cores de suas experincias passa-das e de suas esperanas pessoais. Aluta necessria para que ele sobrevi-va. Ela aquece o sangue e o corao.

    A idia que est na base Plano decriao microcsmica formava, noprimeiro campo de vida, a unidade dodevir. No segundo campo, a Idiadesenvolve a riqueza de aspectoscontida nesta unidade. No terceirocampo de vida, vemos esta riquezade vida em evoluo revelar-se,anunciar-se como um calor, um brilho,

    um fogo, uma luz sempre crescente...O desejo silencioso, o calor vital quese desenvolve no terceiro campo devida um desejo sem avidez, umdesejo que emana de cada tomo emdireo ao objetivo de servir, para aperder-se inteiramente com alegria. um fogo que arde tranqilamentediante da face de Deus, uma luzsanta.*

    O TER REFLETOR

    O quarto ter ou ter refletor confereo poder de projetar um pensamento e, apartir dele, chegar ao conhecimentoconsciente.

    Por outro lado:

    Mas, em vez de chegar ao conheci-mento de cada forma de manifestaode acordo com a vocao interior origi-nal que est em sua base, o homem selimita, ao contrrio, observao e a-nlise das formas exteriores. A consci-ncia humana separa e reflete, destaforma, sua prpria diviso. Os argumen-tos da razo so o resultado de especu-laes intelectuais e se fundamentam

    todos em percepes e experincias in-dividuais.

    Esta conscincia criadora que,no terceiro campo, por um despertar

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    sagrado, se revela como um fogo, umaluz, em sua riqueza da concentraoda matria primordial, liga-se, noquarto campo, Sabedoria divina.Guiada pelo ncleo de conscinciadeste campo, ela est totalmente unida sabedoria do Plano divino. O campode trabalho em toda a sua extenso percorrido pela Sabedoria divina: elaest presente em cada partcula daesfera; o ncleo de conscincia captaa inteno, a misso interior de cadaelemento, de cada nuana vibratria...O prprio Deus a se reflete totalmente,contemplando-se a si mesmo em suacriao: o homem em formao.*

    O QUINTO TER

    No mundo material, o quinto ter ma-nifesta-se particularmente sob o aspec-to da eletricidade. Esta energia, que de-termina a vida cotidiana principalmentenos pases industriais modernos, , porassim dizer, a forma material de umafora astral. Examinando de mais pertosua atividade, parece tambm que po-demos induzir suas propriedades e po-deres originais. Do ponto de vista cient-fico, a eletricidade uma forma de ma-tria e a matria uma forma de eletrici-dade. A matria composta por tomose os tomos so compostos por el-trons ligados a um ncleo por uma ten-so eltrica. Se conhecssemos a fun-

    do a prpria essncia da eletricidade,compreenderamos a matria. Este es-tudo mostra claramente que a matriado campo de vida terrestre e a eletrici-dade que a se manifesta esto estreita-mente ligadas uma outra. Mas o que oplano divino original previa apresenta--se aqui como uma matria fechada emsi mesma, e a eletricidade a tensocausada pela fora criadora do quinto -

    ter enclausurado na matria.Conseqentemente, as aplicaesprticas de eletricidade utilizadas na vi-da comum fazem ver a imagem inverti-da da manifestao original.

    impensvel que a sociedade dospases industrializados possa passarsem a eletricidade. Ora, o uso desta for-ma de energia parece colocar cada vezmais distncia entre o homem e a mat-ria.

    O homem cria instrumentos que ser-vem para prolongar, completar ou su-bstituir seus sentidos.

    Em todos os tipos de trabalho, o mo-tor eltrico substitui suas capacida-des pessoais e sua fora.

    Com a luz artificial e o relgio, ele re-gula seu ritmo de acordo com suasnecessidades e sua vida j no de-

    terminada pelo ritmo da natureza. Com o computador, ele cria sua pr-

    pria realidade, qualificada de realida-de virtual.

    O quinto ter o ter da realizao. por isso que se diz tambm que este -ter tira do homem o que ele no reali-zou, mas, por outro lado, consolida oque ele j realizou a servio do plano di-

    vino. No mundo da experincia e daspercepes, o homem se afasta da rea-lidade, da forma, de sua prpria mani-festao.Como ele no consegue mani-festar-se sobre a base do quinto ter o-nipresente, ele imita este poder por me-io da eletricidade e cria uma rede mun-dial de informaes que permite a todosos que utilizam computadores adquirir ecolocar em prtica os conhecimentos a-tuais.

    O uso da eletricidade faz surgir duaspropriedades:

    Primeiro, a eletricidade capaz detransferir um movimento. O movimen-to transformado, por exemplo, gra-as a um alternador, em uma tensoeltrica que permite fazer girar ummotor eltrico, acender uma lmpada,

    aquecer uma resistncia eltrica etc..Do ponto de vista cientfico, a eletrici-dade o resultado da resistncia damatria ao movimento.

    Em segundo lugar, a eletricidade

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    capaz de transportar a informao. Osom, a imagem, so transformadosem impulsos eltricos transmitidos apartir de um emissor at um receptor.

    Estas duas aplicaes esto baseadasno poder que a eletricidade possui de o-rientar magneticamente os tomos. Estepoder de influncia sobre os constituin-tes da matria uma das marcas maiscaractersticas da eletricidade na natu-reza mortal.

    Como a eletricidade pode modificar eorientar as formas da natureza, o mes-mo acontece com a fora astral pura, eesta tem uma potncia infinitamente

    maior (Helena Blavatsky fala de uma di-ferena comparvel que existe entre30 m/s e 180.000 km/s!) e capaz dedirigir e manifestar o ncleo divino nohomem de acordo com o plano divino. por isso que importante que todos osque desejam seguir a senda de retornotomem as disposies necessrias,sem perder de vista o objetivo, e que sedirecionem a partir da fora original que

    a base de tudo o que aparente.Esta constatao tem uma conse-qncia capital. A personalidade com-posta por diversas condensaes da su-bstncia primordial e mantida por ten-ses. Alm disso, ela limitada e fecha-da. Assim, ela essencialmente inca-paz de produzir em si mesma as trans-formaes necessrias, o correto direci-onamento magntico, pois a nova estru-tura contrria antiga. Se ela fosse to-

    cada diretamente em seu antigo esta-do de vida pela fora astral divina, elase consumiria em um claro.

    A manifestao conforme o plano divi-no diz respeito a uma conscincia queno foi constituda pelos campos de ten-so terrestres, mas que foi formada e di-rigida pelo Esprito divino em um ser hu-mano direcionado de acordo com o planodivino. O ncleo desta manifestao no

    est ligado s foras inferiores, mas irra-dia as foras superiores recebidas.

    A matriz est pronta; a manifestaopode acontecer. Entretanto, no ser

    neste quarto campo, em que oequilbrio ainda no foi estabelecidoem razo da ao dominante do terrefletor. A verdadeira manifestaoacontece no quinto campo. Estecampo chamado de Reino. Noquinto campo as foras dos quatrooutros campos (campo de preparao,de devir) so assimiladas e, noequilbrio perfeito que ento foiatingido, a forma divina se manifesta.O homem celeste nasce. O Mahatmairradia fisicamente na luz divina. ocoroamento da obra do Esprito Santoem sua primeira fase.*

    O CAMINHO DE VOLTA

    Para que a person