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Revista da Escola Secundária Castêlo da Maia
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Mai
aJu
nho
2011
“ESCM - a nossa escola:passado, presente e futuro”
02
Caríssimos leitores,
O nosso obrigada a todos os que colaboraram na concretização desta edição da “Somos Revista”, desejamos sinceramente que
o resultado final revele o empenho e o cuidado que todos imprimimos nesta segunda edição de 2011 e que continuemos sempre a
merecer o vosso apoio e colaboração.
Endereçamos um agradecimento especial à gráfica “Acesso” sem a qual não poderiamos apresentar este produto final, com a
qualidade que todos merecemos.
A equipa “SomosRevista”
editorial
03
aconteceu
04
palavras à solta
36
fora de portas...
38
vale a pena
42
pontos de vista
56
SomosRevista investigou 62
sabias que...
44
galeria
54
SomosRevista 03
editorial
Desta vez a SomosRevista é temática, incidindo sobre a escola
que fomos, que somos e o que vamos ser! A ideia surgiu do facto
de vermos dia a dia o, ainda actual, edifício da nossa escola
esbater-se, tendo já visto “desaparecer” o antigo bloco D e o
bloco E, que já começa a moldar-se a uma nova imagem. É
claro que o nosso sentimento se reveste de um misto de saudade
e esperança! A primeira, porque tentamos, a todo o custo,
recordar todos os bons momentos que estes espaços físicos
trazem à nossa memória e principalmente toda a dinâmica
que o auditório trouxe à nossa escola, com enfoque nos nossos
alunos; de esperança, na medida em que o futuro nunca se
constrói ignorando o passado, e isso permite-nos projectar no
futuro uma escola em que o ambiente saudável entre colegas,
funcionários, alunos e pais ainda continua a ser a nossa “imagem
de marca”.
Escrevo este editorial no dia em que acabei de escutar, um a
um, cada digníssimo professor desta escola, com quem troquei
alegrias, angústias e perplexidades. Com todos, sem qualquer
excepção, aprendi sempre qualquer coisa, e acima de tudo a
sentir o pulsar de cada um, esforçando-me por ver a escola com
o olhar de cada um. Confesso que hesitei bastante antes de
dar este passo, que penso ser inédito na organização escolar,
por “temer” a reacção dos professores; mas, chegada ao fim,
não tenho qualquer dúvida de que foi talvez, a melhor iniciativa
que tive, nos já largos anos de experiência na direcção desta
escola. Foi um exercício deveras gratificante e enriquecedor, se
bem que extenuante. Percebi, acima de tudo que, cada um à
sua maneira, tem as suas razões, as suas motivações, e um sentir
construído com base em percepções que, confesso, algumas
nunca me tinham passado pela cabeça; fiquei com a certeza de
que, quando algo correr menos bem, a via do diálogo directo,
sem interlocutores e sem a distorção de terceiros, é a melhor
forma para o entendimento, para o esclarecimento, para o
debate aberto, de ideias diferentes e convicções emergentes.
Nós somos uma escola com pessoas extraordinárias; nós
vamos ter um edifício fantástico! Foram precisos 20 anos para
conseguirmos ter o nosso pavilhão gimnodesportivo, quase
uma miragem para quem está nesta escola desde que ela foi
inaugurada, e sempre a assistir a promessas goradas da sua
construção. Agradecemos ao Parque Escolar a sensibilidade
que teve ao ter percebido que sem o pavilhão nós ficaríamos
sempre amputados e vazios daquilo que mais ansiávamos, daí o
nosso agradecimento público nesta revista temática, dedicada
ao novo edifício. Para além de todos os espaços, que me
abstenho de comentar pois a sua descrição faz parte integrante
desta revista, deixo aqui uma nota de grande destaque e um
sentido agradecimento à Câmara Municipal da Maia por ter
cedido à escola o enorme terreno onde vai nascer o nosso
invejável jardim!
E porquê tudo isto agora? Simplesmente para vos dizer que o
novo e espantoso edifício com que o arquitecto Carvalho Araújo
nos brindou, só assumirá o seu pleno se nós, que cá trabalhamos,
estudamos e confiamos para ter cá os nossos filhos, soubermos
ocupar as novas instalações sem perder, um pouco que seja, do
nosso “edifício humano”. O desafio que nos espera não é fácil
pois trata-se de sermos nós a impregnar cada futuro espaço,
cada esquina do novo edifício com a nossa dedicação, a
nossa alma, o nosso carisma! Se não o fizermos, então todo este
esforço e toda esta dispendiosa “nova roupagem” terá sido em
vão!
Nós temos orgulho no que Fomos;
Não permitimos que ninguém interfira no que Somos;
Nós recusamo-nos a deixar, quem quer que seja, a interferir no
que Queremos continuar a Ser!
Um bem haja a todos que cá trabalham e estudam e a quem
tornou possível este novo e fantástico edifício escolar.
Directora Paula Romão
Impregnar o novo edifício escolar com o nosso carisma é o nosso grande desafio!
aconteceu
04
Aventura, povos exóticos, costumes estranhos, naufrágios,
piratas… isto e muito mais foi o que os alunos que no passado dia
30 de Março se deslocaram ao auditório da Junta de Freguesia
de Santa Maria puderam “viver”. A convite da professora Rita
Gonçalves, o Comandante do navio-escola Sagres, Capitão-
de-Fragata Pedro Proença Mendes, deslocou-se até ao Castêlo
para partilhar com os alunos da nossa escola alguns dos
episódios vividos na viagem de circum-navegação que este
navio realizou de 19 de Janeiro a 24 de Dezembro de 2010.
Depois de apresentar o “seu” navio, o comandante descreveu
os motivos que levaram à realização de tão longa viagem, não
muito habitual num navio que se destina, essencialmente, à
formação dos novos oficiais da marinha portuguesa. O Sagres é
uma barca com casco de aço que, para além da navegação
à vela, pode também navegar com a ajuda de propulsão
mecânica. Para além de navio-escola, o Sagres é regularmente
utilizado como “embaixador” do nosso país e da marinha
portuguesa.
Começou, depois, a aventura! Viajámos a bordo do Sagres até
Salvador, no Brasil, e daí até Mar de Plata (Argentina), onde o
Sagres integrou o Encontro “Velas Sudamerica 2010”. Soubemos
que o Concordia, o navio canadiano que nos acompanhava
desde o Brasil, tinha naufragado devido a uma terrível
tempestade a que o nosso tinha escapado graças à perícia e
experiência dos nossos oficiais.
Daqui, continuámos a viajar para sul, contornámos o Cabo
Horn e, depois de várias paragens, aportámos a São Diego
(EUA), para participar nas comemorações do Dia de Portugal
e receber os cadetes portugueses que farão a sua formação
habitual de três meses no mar.
Rumámos a oeste e, depois de uma paragem na paradisíaca
Honolulu, chegámos a Tóquio (Japão) para representar Portugal
nas Cerimónias Comemorativas dos 150 anos do Tratado de
Paz, Amizade e
Comércio entre
o nosso país e
o Japão. Nesta
paragem, gostámos especialmente de ouvir as histórias da
princesa imperial Takamado e de saber que os portugueses,
e especialmente os seus narizes, são muito apreciados pelos
japoneses, que nos consideram um povo muito bonito!
Após mais algumas paragens chegámos a Shangai (China),
onde acompanhamos a guarnição à Expo 2010 e, em seguida,
aportámos a Macau (China), onde desembarcaram os cadetes
que, entretanto, tinham terminado o seu treino de mar.
E iniciámos a nossa viagem de regresso. Parámos na Indonésia,
Tailândia, Malásia, Índia – mais especificamente em Goa -, Egipto
e Argélia. Atravessámos o Índico e, em especial a área do Golfo
de Aden, sem termos contacto com os piratas. Os últimos dias
foram terríveis! Ventos fortes e mar alteroso dificultaram a nossa
viagem e fizeram atrasar um dia a chegada do navio a Lisboa.
Mas cá estamos, entre a massa humana e barcos de recreio
que nos vieram receber, na manhã de 24 de Dezembro…
E muito mais haveria para contar mas o tempo previsto estava
a chegar ao fim. Houve ainda tempo para oferecer algumas
lembranças ao comandante, entre as quais se salienta um
desenho do Sagres feito pela aluna Ana Pais, e para receber as
que o comandante gentilmente nos ofertou.
Ficam a vontade e a promessa de visitar este navio e conhecer,
in loco, alguns dos espaços que pisámos e ocupámos ao longo
destes cerca de 90 minutos de “viagem”.
Por fim, um agradecimento à Junta de Freguesia de Santa Maria,
na pessoa do seu presidente, Sr. Hamilton Prata, pela cedência
do Auditório para esta actividade.
O Navio-Escola Sagres no Castêlo da Maia
Professora Emília Cabral
SomosRevista 05
Ainda os dias estavam frios e cinzentos quando o pavilhão A da nossa
escola foi literalmente invadido por árvores e mais árvores de todas as
cores e feitios! Eram o magnífico resultado dos trabalhos produzidos pelos
alunos nas aulas de Educação Visual, com merecido destaque para os
cartazes alusivos ao Dia Mundial da Árvore (elaborados por alunos do 8º
ano) que, como todos nós sabemos, no hemisfério Norte, se comemora
a 21 de Março em simultâneo com o Dia Mundial da Floresta e com a
chegada da Primavera.
Resta dizer que, numa era marcada por relevantes alterações climáticas
e por inúmeras catástrofes naturais, esta exposição teve como objectivo
alertar para a necessidade de proteger e preservar a natureza e, em
particular, a “árvore” que é o pulmão de todos nós.
Parabéns a todos os alunos pelo trabalho realizado!
Professoras de Educação Visual
Árvores e mais árvores
FEIRA, (evento que tem lugar em local público, onde, em
dias e épocas fixas se expõem e vendem mercadorias. Pode
ser ainda uma exposição ou um parque de diversões.!!!) DAS
OPORTUNIDADES (no Marketing existe quando a empresa
pode lucrar ao atender às necessidades dos consumidores
de um determinado segmento. A simples concorrência não
constitui uma vantagem competitiva, ou seja, a empresa de
melhor desempenho será aquela que gerar o maior valor para
o cliente e que sustentar esse valor ao longo tempo.!!!) Como
vamos tendo alguma diversão na escola, acabamos por tentar
expor e vender a nossa mercadoria, o bem mais valioso que
contamos ter, espelhado na oferta educativa, o conhecimento,
e as melhores metodologias, para o partilhar com sucesso. Só
com a participação de todos foi possível manter, e perdoem-
me o parêntese pois adequado a uma feira o substantivo que
apetece utilizar é barraca, talvez dito em Inglês “stand” já
disfarçasse ou mesmo em Castelhano, “tienda” suavizasse e
espelhasse melhor o espaço privilegiado que nos foi atribuído,
bem equipado, e que, como dizia, permaneceu aberto
ininterruptamente, das 14 às 23 horas dos dias 12, 13, 14 de
Maio, no Parque Central da Maia. Só com o valoroso potencial
humano característico na população escolar, foi possível
superar o desafio, de coincidir nos dias 12 e 13 com outras
actividades escolares. No cumprimento dos objectivos foi sendo
disponibilizada informação aos visitantes, em vários suportes,
papel, multimédia com projecção, e transmissão oral, onde
os professores e/ou formadores conseguiram efectivamente
interagir com o público e passar a mensagem, revelando, cada
um à sua medida, um excelente desempenho no cumprimento
da função. A evidência é as pré-inscrições recolhidas, de
intencionalidades, nomeadamente para a frequência do curso
profissional de técnico de restauração variante de cozinha-
pastelaria. Contamos ainda com a presença de turmas dos
cursos profissionais, a quem deixamos o nosso agradecimento,
expondo um pouco do seu trabalho, nomeadamente utilização
de software em rede, coloração de flores utilizando corantes
alimentares, e processamento de manteiga. Contamos ainda
com a presença de professores do departamento de línguas
que, juntamente com alguns alunos, trouxeram a animação
ao palco da Feira. Mais tarde, no stand, divulgaram a língua
francesa e adoçaram a boca dos visitantes com uns crepes
deliciosos.
Resta agradecer a todos aqueles que com a sua presença e
dinamismo contribuíram para o sucesso deste evento.
Professores Eleutério Silva e Manuela Vale
Feira das Oportunidades
aconteceu
06
TestemunhosAli poderá haver concursos mas não há
competição!
Rapidamente passamos de um estado
de PÂNICO, quando vemos aquele
monte de peças e pecinhas...para um
estado de realização total, aos poucos e
poucos, vai nascendo das nossas próprias
mãos um Robot! Montado, soldado, e
programado por nós!!!! Nunca pensei!!!!
Naqueles 3 dias, nada mais existe, apenas
Robótica! Um ambiente fantástico!
Adoramos e contamos repetir para o
próximo ano!
RoboParty®
Participação dos alunos do 7 B, C e G da
ESCM no RoboParty®
Aitor Amorim, Ana Patrícia Dias, André
Moutinho, Inês Fernandes, Inês Soares,
Joana Santos, José Pedro Moreira, Maria
Inês, Marta Gil, Miguel Garcia, Pedro
Machado e Respectivos Encarregados
de Educação.O que é o RoboParty®?
RoboParty® (http://www.roboparty.org/) é um evento pedagógico e lúdico que reúne
equipas de quatro elementos (dos oito aos oitenta anos), que decorre no Complexo
Desportivo da Universidade do Minho (Guimarães) durante 3 dias/2 noites com o
objectivo de ensinar a construir robôs móveis autónomos, de uma forma simples e
divertida, com a supervisão de tutores qualificados (estudantes universitários do
Mestrado Integrado em Electrónica e Computadores).
Inicialmente é leccionado um pequeno curso com os primeiros passos em electrónica,
programação de robôs e construção mecânica. Depois, um kit robótico desenvolvido
pela empresa SAR (Soluções de Automação e Robótica) e pela Universidade do Minho
é fornecido a cada equipa para ser montado pelos participantes. O kit é entregue
em peças (Figura 1) e os participantes têm que montar a parte mecânica (colocar
rodas, motores, entre outros), montar a placa electrónica (soldar todos componentes,
resistências, condensadores, diodos) e finalmente programar o robô (linguagem
equivalente ao BASIC). No final, obtém-se o robô da Figura 2.
Figura 1 Componentes do kit robótico Figura 2 Robô Bot'n Roll One C
Em paralelo, realizam-se não só palestras científicas na área da robótica bem como actividades desportivas e lúdicas, como por
exemplo: concurso de remates futsal, torneio de xadrez, torneio de golfe, pólo aquático, orientação, torneio de ténis de mesa, tiro
com arco. Durante as duas noites do evento realizam-se sessões de cinema e/ou concertos musicais.
No último dia do evento realizam-se competições opcionais de robôs nomeadamente Prova de Perseguição (perseguição
de robôs num circuito pré-definido), Prova de Obstáculos (o robô entra num labirinto e terá que sair evitando os obstáculos no
caminho) e Prova de Dança. Esta última envolve a decoração do robô, a selecção de uma música e a programação do robô para
desempenhar uma determinada coreografia.
O evento é aberto ao público em geral para todos poderem ver, a partir da bancada, o ambiente Roboparty e as provas finais.
Este ano estiveram presentes três equipas da nossa Escola: equipa AZIS constituída por Aitor Amorim, Inês Fernandes José Pedro
Moreira e Maria Inês (Figura 3); a equipa ROBOMANIA constituída por André Moutinho, Miguel Garcia, Pedro Machado e Maria
Dores, encarregado de educação (Figura 4); e a equipa AS FREAKS constituída por Ana Patrícia Dias, Inês Soares, Joana Santos e
Marta Gil (Figura 5).
Filomena Soares - Representante dos Encarregados Educação do 7G
Figura 3 Equipa AZIS (da esquerda para a direita Inês Fernandes , Aitor Amorim, Maria Inês e José Pedro Moreira)
Figura 4 Equipa ROBOMANIA (da esquerda para a direita André Moutinho, Miguel Garcia, Pedro Machado e Maria Dores)
Figura 5 Equipa AS FREAKS (da esquerda para a direita Joana Santos, Marta Gil, Ana Patrícia Dias, Inês Soares)
SomosRevista 07
Na disciplina de Área de Projecto, especificamente em “Comunicação, Eventos
e Empreendorismo”, três grupos aceitaram o desafio de viajar numa aventura pelo
empreendedorismo e participar num concurso («A Empresa») a nível regional, nacional
e internacional, promovido pela associação Junior Achievement Portugal, criando as
suas «mini» empresas. Dos três grupos em participação, as empresas Inbox Glasses-a.e
e Lusocortiça-a.e foram seleccionadas, de entre cerca de 80 empresas criadas no
Norte de Portugal, para participar na Feira Ilimitada, que decorreu no Norteshopping
no passado dia 18 de Março de 2011. Nesta feira, as (mini)-empresas divulgaram e
venderam o seu produto: uma caixa de óculos – Ecobox – (Inbox Glasses) e um estojo
em cortiça reversível (Lusocortiça).
Após uma avaliação exaustiva por parte de três jurados, Dra. Guilhermina Rego,
Vereadora do Pelouro do Conhecimento e Coesão Social da Câmara Municipal
do Porto, Dra. Sónia Melo, Técnica da Direcção de Serviços de Apoio Pedagógico
e Organização escolar da DREN e Dr. João Fonseca, Director do Norteshopping, foi
atribuído o prémio de Melhor Técnica de Vendas à mini-empresa Inbox Glasses.
Os nossos alunos estão de parabéns! Boa sorte para a final nacional!
Professora Sónia Sousa
Como muitos de vós já devem saber,
o nosso grupo, (Não) Estou Bem! está a
trabalhar o tema Distúrbios Psicológicos
– Depressão e Auto-mutilação. Como
tal, organizamos uma Semana de Apoio
e Sensibilização à auto-mutilação,
na semana de 28 de Fevereiro a 3 de
Março. Esta semana contou com várias
actividades: estimulação dos sentidos
e identificação da propensão para a
depressão, baseada no ambiente do dia-
a-dia; a distribuição de pulseiras laranja,
cor da psicologia e do laço da luta contra
a auto-mutilação; um debate acerca
da problemática “auto-mutilação nas
Escolas”; uma Sessão de Esclarecimento
de Dúvidas relativa à Depressão, em que
a Dra. Lídia Águeda tentou responder a
todas as dúvidas que foram colocadas
na caixa de dúvidas que colocamos até
ao final de Fevereiro no pavilhão E; e por
fim, a escrita num cartaz de tudo aquilo
que qualquer elemento da comunidade
escolar quisesse escrever.
Esta semana teve bastante adesão,
pelo que ficámos muito agradecidos
à comunidade escolar por nos auxiliar
neste projecto que tem como objectivo
a criação de alunos mais informados
relativamente a estas perturbações.
(Não) Estou Bem!
Grupo (Não) Estou Bem! - Miguel Oliveira, Francisca Viegas, Joana Martins 12C
aconteceu
08
No dia 3 de Fevereiro de 2011, as turmas do 8.º ano da nossa
escola realizaram uma visita de estudo à Casa do Infante e
ao Museu da Imprensa, no âmbito das disciplinas de História e
Língua Portuguesa.
Fomos divididos em dois grupos. Um deslocou-se ao Museu da
Imprensa e outro à Casa do Infante. Almoçámos todos juntos,
tendo por cenário a ribeira do Porto e um sol radioso de fim de
Inverno a anunciar uma Primavera escaldante.
Mas vamos à visita…
Na Casa do Infante, situada na zona da Ribeira do Porto,
percorremos as várias divisões do que terá sido o local do
nascimento desse infante, de nome Henrique, que se consagrou
como o grande impulsionador do projecto dos Descobrimentos
Portugueses. A Casa terá sido utilizada, também, como
Alfândega e Casa da Moeda. O Infante D. Henrique, filho do rei
D. João I, nasceu em 1394 e morreu em 1460. Ficou conhecido
como o Infante de Sagres ou o Navegador, pois instalou, em
Sagres, uma espécie de escola da cosmografia e navegação.
No Museu da Imprensa, situado perto da Ponte do Freixo, tivemos
a oportunidade de ver a exposição permanente «Memórias
Vivas da Imprensa». Realizámos uma pequena viagem no tempo
através dos equipamentos e peças gráficas que lá se encontram.
A exposição conta com verdadeiras relíquias e memórias
vivas da indústria gráfica. Composta por 160 peças, mostra a
evolução da imprensa desde Gutenberg até à actualidade.
No final, testámos a capacidade de algumas impressoras e
trouxemos os nossos textos manualmente impressos. Visitámos,
ainda, a exposição PortoCartoon 2010, com o título «Aviões e
Máquinas Voadoras». Havia cartoons para todos os gostos! Foi
uma animação e soltaram-se grandes gargalhadas!
No final, regressámos à escola com muitos mais conhecimentos
e com a certeza de um dia muito bem passado!
Professora Sandra Mota
Casa do Infante e Museu da Imprensa
09
“Nos dias 28 e 29 de Abril e 4 de Maio, todos os alunos do 8ºano de escolaridade
foram em visita de estudo ao Complexo de Educação Ambiental da Quinta da Gruta, no âmbito das disciplinas de Ciências Naturais e
Ciências Físico-químicas. Os alunos tiveram a oportunidade de assistir a um vídeo
demonstrativo do funcionamento da ETA de Lever e foram sensibilizados para a
importância de preservar os recursos hídricos. Esta actividade incluiu ainda uma
saída de campo ao Almorode, ribeira do concelho da Maia com uma extensão
de cerca de 3 km, que nasce no Parque de São Pedro de Avioso e tem a sua
foz na freguesia de Santa Maria de Avioso, desaguando depois na ribeira do
Arquinho, o principal afluente do Rio Leça, na qual observaram e capturaram
alguns seres vivos típicos de zonas ripícolas.”
Pofessores Carla Madureira, Nuno Gomes, Nelson Honório e Licínia Pranto
Complexo de Educação Ambiental da Quinta da Gruta
aconteceu
10
Sexta-feira, 27 de Maio de 2011 - Hoje um designer veio à nossa Escola.
Os alunos do 9ºB ouviram Álvaro Montanha relatar a importância da
aplicação do design no dia-a-dia das pessoas.
O designer encantou os alunos com os seus desenhos e aguarelas em
papel e evidenciou que o uso do computador não surge sem antes existir
o risco no papel. Os alunos viram o seu trabalho, desde o simples esboço
feito num caderno de bolso ao produto final. Questionaram e expuseram
os seus medos e ansiedades, e receberam palavras de coragem “de
quem já por lá passou”. Antes de a campainha tocar, passou a ser um
suposto “Cliente” de 27 jovens designers, e conversou com os alunos sobre
o projecto de design que tinham realizado nas aulas – uma capa de CD de
música. Fez comentários e observações de quem sabe o que a sociedade
pretende de um designer, e levou-os a reflectir acerca de aspectos muito
importantes para um criativo que está condicionado aos desejos de um
cliente.
Quase não houve tempo para entregar uma lembrança a todos, uma
capa e um bloco para usarem como diário de bordo para que, no futuro,
alguns possam criar e a tornar os sonhos de hoje uma realidade.
Um forte agradecimento ao Designer Álvaro Montanha, pela sua
disponibilidade e amabilidade para com os nossos alunos.
Professora Célia Almeida
A mensagem que o designer Álvaro Montanha nos passou, ao fim de uns
memoráveis 90 minutos, foi a de vivermos o nosso sonho, seja ele qual for,
e nunca, nunca deixarmos de sonhar, pois é a sonhar que o homem voa.
Andreia Pimenta 9B
Hoje um designer veio à nossa Escola...
SomosRevista 11
O grupo de Geografia dinamizou algumas actividades
que integraram o Dia Cultural da nossa escola, ocorrido
a 13 de Maio. Desta forma, empreenderam contactos
que culminaram com a presença do Director do Curso
de Engenharia Geográfica da Faculdade de Ciências
da Universidade do Porto, Sr. Prof. Doutor José Alberto
Gonçalves. Apesar de não lhe ter sido possível trazer
a estação fotogramétrica, fez uma demonstração
das potencialidades da utilização do GPS no PDA. Os
alunos tiveram a oportunidade de se deslocar para
o espaço exterior da escola, colocando em prática
essas potencialidades. Foram ainda apresentadas as
principais áreas de estudo da engenharia geográfica
e respectivas aplicações. O grupo de Geografia
organizou igualmente uma actividade com curvímetros,
tendo os alunos executado várias tarefas nos mapas
disponíveis. Estes tiveram ainda a possibilidade de
utilizar puzzles e jogos geográficos variados, tendo
demonstrado entusiasmo pela aprendizagem das
temáticas relacionadas com esta disciplina.
Professoras de Geografia
GPS e não só!
aconteceu
12
Quando a professora Fernanda Varela
nos convidou para fazer parte deste
projecto, nós aceitamos com entusiasmo.
O tema “Que Futuro para a Educação?”
era apelativo e fez com que nos
empenhássemos ainda mais!
Formamos uma lista constituída por 10
elementos com excelentes capacidades
oratórias e criamos três medidas com o
objectivo de melhorar o sistema educativo
português. Na sessão escolar, onde
recebemos a deputada à Assembleia
da República, Dra. Carla Barros, que
nos prestou esclarecimentos muito
úteis sobre questões de organização
e funcionamento dos órgãos de
soberania e dos aparelhos partidários,
mostrámos que tínhamos ideias sólidas,
bem argumentadas e isso reflectiu-se na
posterior eleição de três deputadas para
a sessão regional, Mónica Magalhães
12ºB, Ana Sofia Conceição e Marlene
Barbosa do 12ºE. Foi também eleita a
deputada Ana Luísa Azevedo do 12ºE
para presidir a mesa na Sessão Distrital.
A partir daí, começámos a preparar-nos
para a sessão distrital, aperfeiçoando
as nossas medidas e argumentos de
forma a representar melhor a nossa
escola. Entretanto, no Instituto Português
da Juventude, deu-se a eleição da
Presidente de Mesa para a Sessão Distrital
e ficamos muito orgulhosas quando
soubemos que tinha sido eleita a nossa
colega Ana Luísa Azevedo do 12º E.
Finalmente, chegou o dia 22 de Março,
dia da Sessão Distrital, que se passou
na Faculdade de Psicologia e Ciências
da Educação da Universidade do
Porto. Apresentámos as nossas medidas
e defendemo-las de forma vigorosa,
conhecemos alunos de muitas escolas
do Distrito do Porto, tivemos contacto
com um deputado à Assembleia da
República, o Governador Civil do Porto,
um representante da Direcção Regional
de Educação do Norte e da Câmara
Municipal do Porto e ainda o Presidente
do Instituto Português da Juventude, mas
acima de tudo, representámos a nossa
escola.
No final do dia, o balanço foi
extremamente positivo, pois como
deputados, conseguimos fazer passar
uma das nossas medidas para ser
proposta na sessão nacional e a nossa
colega Ana Luísa presidiu a mesa com
um desempenho excelente, sendo ainda
de salientar que só não foi à Sessão
Nacional por impedimento de ordem
pessoal.
Em suma, foi uma experiência
enriquecedora que nos fez sentir
orgulhosas da nossa participação e
esforço. Agradecemos, também, o
empenho da Coordenadora do Projecto
Dra. Fernanda Varela que foi o pilar
essencial para a nossa motivação e
entusiasmo.
Ana Sofia Conceição 12E; Ana Luísa
Azevedo 12E; Marlene Barbosa 12E;
Mónica Magalhães 12B
“Parlamento dos Jovens” - Sessão Distrital
Rilhadas, Fafe
No dia 30 de Abril, 49 alunos do 7º ano desafiaram a
chuva e partiram para um dia de Aventura no Complexo
Turístico de Rilhadas (Fafe), acompanhados pelo
Professor de Moral, Joaquim Anjos e pela Professora Rita
Gonçalves. Foi um momento de experiências fortes,
de diversão, de cooperação e superação de medos e
obstáculos, de contacto com a Natureza de partilha de
Valores, de Amizade… em liberdade.
Professor Joaquim Anjos, EMRC
EDUCAÇÃO MORAL E RELIGIOSA CATÓLICA EM MOVIMENTO
Ana Luísa Azevedo - Presidente da Mesa
à Sessão Distrital
SomosRevista 13
“O dia foi recheado de inúmeras actividades:
começámos por nos apresentarmos através
de jogos, de seguida fizemos uma caça ao
tesouro, seguindo pistas muito divertidas e
depois saltámos nos insufláveis. Após uma longa
caminhada, seguiu-se o trajecto bem radical das
pontes de corda. A seguir ao almoço, jogámos
futebol e voleibol. Foi super divertido!”
Mariana Pereira e Sara Andrade 7E
aconteceu
14
Encontro Diocesano de EMRC, Porto
No dia 20 de Maio, 210 alunos da nossa escola juntaram-se a cerca de 15 mil alunos de outras escolas da Diocese do
Porto, no nono Encontro Diocesano de EMRC que decorreu no Parque da Cidade no Porto. O objectivo? Experienciar
e partilhar valores e o gosto comum pela disciplina. Um dia com muitas diversões, atracções artísticas, desporto,
música, dança e onde não faltou a presença e palavra do Sr. Bispo do Porto D. Manuel Clemente.
Parabéns a todos pela forma como vivenciaram este dia e dignificaram a disciplina e a nossa escola. Um obrigado
especial a todos os Professores (Anabela Teixeira, Carla Lopes, Cidália Sousa, José Nuno, Margarida Portela, Nelson
Honório, Alice Sousa, Maria João Almeida, Raquel Lopes, Judite Osório, Rosa Ferreira, Fátima Oliveira, Marta
Cavadas, Cátia Costa) e ao Sr. Pinto, que contribuíram com a sua presença, disponibilidade e diligência para
que este dia se tornasse inesquecível.
Professor Joaquim Anjos, EMRC
“No Parque da cidade, no Porto, pudemos desfrutar de várias actividades lúdicas, tais como insufláveis, tiro
ao alvo, futebol, a ainda a actuação no palco de participantes no “Portugal tem Talento” e da banda
de rap “MIND da Gap”. Um dia em cheio que proporcionou aos alunos da ESCM momentos de
descontracção, de muito divertimento e de vivência saudável da Amizade e dos Valores que
aprendemos no dia-a-dia. ADOREI!”
Alexandre Simões, 7F
“Foi um encontro muito interessante
porque pudemos conviver com
outros alunos, fazer novas amizades
e desfrutar de um dia maravilhoso. E
ainda sobrou um grande escaldão
para os mais distraídos!”
Rita, Diana, Ana 9C
SomosRevista 15
No passado dia 27 de Maio, os alunos do Curso Tecnológico de Desporto do 10ºJ realizaram, no âmbito da disciplina de Organização
e Desenvolvimento Desportivo, um seminário intitulado “Jovens – mente e corpo saudáveis”. Esta iniciativa, em parceria com a
disciplina de Inglês do 10ºH (Prof. Lurdes Lousada), teve lugar na cantina
e foi dirigida para os alunos do 10ºH e 10ºI. Contou com a participação
da Unidade de Saúde de Família – Viver Mais, do Centro de Saúde
do Castêlo da Maia, nas pessoas da Enfermeira Manuela Rodrigues
e das Doutoras Lúcia Torres e Joana Machado; com os Professores
Estagiários de Educação Física Ricardo Soares e Rui Ribeiro e com a
Professora de Filosofia, Diamantina Correia. As intervenções foram ao
encontro de quatro grandes temáticas: Educação Sexual, Educação
Alimentar, Importância da Actividade Física e os Afectos. Para além dos
palestrantes, este seminário teve a colaboração de entidades exteriores
à nossa escola que auxiliaram na organização do mesmo. Assim,
cooperaram connosco Tintas Titan, Banco Português de Investimento,
Sabonetes Castelbel e Florista do Rio.
O balanço foi muito positivo e, segundo a avaliação feita junto dos
alunos do 10º H e 10ºI, será uma actividade a repetir no próximo ano
lectivo.
A professora de Organização e Desenvolvimento Desportivo do 10J
Silvina Pais
“Jovens - mente e corpo saudáveis”
aconteceu
16
Olha para o relógio. Vês, os ponteiros pedem-te que ouças uma
história. Esta será pois contada pelos velhotes Xavier e Amanda.
Como a lei amanda, a senhora é quem começa:
- Há muito, muito, muito tempo...
- Não foi assim há tanto.
- Olha, foi sim, dinossauro! Bem, numa terra distante...
- Não foi assim tão distante.
- Bem… Pronto, foi ali na aldeia do lado, onde as três escolas se
tocam. As crianças estavam de partida para uma viagem longa
e enfatigante.
- Não foi assim tão fatigante.
- Cala-te.
O velho cruzou os braços e calou-se.
O casal encontrava-se no alpendre de madeira, sentado em
cadeiras de baloiço. Duas crianças repousavam no chão
poeirento, ouvindo de olhos bem abertos a história que decorria.
O homem, de nome Xavier, quase calvo, com uma enorme
barriga da cerveja e carne de vitelo armazenada ao longo dos
anos, de pantufas calçadas, discutia permanentemente com a
sua mulher, Amanda. Esta, magra e flácida, sobressaía-se com
o seu sempre composto cabelo liso, longo e de um branco
brilhante e sentava-se direita que nem um fuso, atentando os
pássaros, enquanto continuava a história.
-Como estava a dizer - lançando um olhar de aviso ao marido,
para se manter calado – os miúdos da última das três escolas
reuniram-se naqueles veículos a que se dava o nome de
carreiras.
- Nunca mais me esquece, o porto no dia anterior tinha ganho!
Foi um tremendo barulho na carreira que ainda hoje me entoa
nos ouvidos...
- Não era assim tanto barulho – respondeu a Amanda, em tom
irónico.
- Eu só sei, - disse Xavier orgulhosamente - que estava um barulho
tremendo nas carreiras. Isso lembro-me eu! O que cantámos!....
Os vivas que gritámos enquanto a paisagem se desvanecia
Coimbra
SomosRevista 17
diante dos nossos olhos...
- Disso também eu me lembro! Fiquei sem voz no dia seguinte
devido às tentativas falhadas de vos fazer calar. Eu e o resto do
grupo.
Xavier riu-se sonoramente.
- Mas onde é que eu ia? Ah, sim, o trajecto… Os cânticos
continuaram até avistarmos a civilização que procurávamos:
Coimbra.
-Coimbra fica onde? – sussurrou uma das miúdas.
-Não sabes?! No Alentejo – respondeu o irmão, convicto.
O velho tirou o cachimbo do bolso e acendeu-o, enquanto
Amanda e os ouvintes aguardavam silenciosamente, pois toda
a gente sabia que era rude interrompê-lo quando acendia o
seu cachimbo. Deu duas baforadas e prosseguiu, franzindo
levemente os olhos num esforço de concentração:
- Coimbra era uma cidade e tanto. Velha como esta carcaça
que tenho sentada a meu lado, mas mesmo assim, dotada de
uma beleza única - os ouvintes riram-se enquanto Amanda
praguejava contra o marido, mas ainda assim distinguiu-se um
leve tom rosado nas suas bochechas marcadas pelo tempo. -
Acalma-te mulher! Céus!
-Ora essa! Agora continuo eu que tu não sabes contar histórias.
Ora, nós, catraios, visitámos a Universidade. Começámos, se
não me engano, pela capela de S. Jorge.
-S. Miguel mulher! E depois não posso ser eu a contar as coisas…
- Bem, capela de S. Miguel, exactamente – continuou, dirigindo
o olhar risonho aos netos – S. Xavier é que não poderia ser de
maneira alguma… Bem, essa tal capela, de estilo manuelino,
comprovado na nave central, foi onde o Padre António Vieira,
um senhor que até falava para os peixes, proferiu o sermão a
Santa Catarina, invocada como protectora dos Filósofos. Ah,
lembro-me muito bem é do órgão! Lindíssimo, um órgão barroco,
com figuras chinesas.
-O objectivo desta história não é pôr as crianças a dormir…
Agora continuo eu! De seguida, ou antes, ou depois disso,
sabem que a idade não perdoa, passámos por várias salas –
hesitou – A memória é uma coisa tramada… Ora, uma delas
foi a sala das armas, onde estão as alabardas da Guarda Real
Académica. Outras foram a sala amarela, repleta de retratos
dos reitores de caras carrancudas nas paredes forradas da
seda de cor amarela, pois claro, para lembrar a faculdade de
medicina; e a sala azul, que evoca a faculdade de ciências e
tecnologia. Olhem, pode ser que um dia vão para lá estudar.
-Faltou-te a sala dos capelos, onde os meninos se tornam
doutores!
-Sim, mas ainda não chegámos à melhor parte! - exclamou
Xavier, em êxtase - Logo depois da sala das armas, rumámos
direitinhos a uma enorme biblioteca com aproximadamente 283
anos! Tinha o nome de...
- Biblioteca Joanina, Xavier.
- Isso! Ora, a biblioteca tinha cerca de 200.000 exemplares, vejam
só! Cobertas de pó, claro, já que a maior parte data do século
XVI ou XVII ou até XVIII, mas um verdadeiro tesouro patriota. O
edifício era uma verdadeira caixa - forte, intocável pelo tempo
e protegia os livros contra as malandrices da temperatura e dos
bichos.
- Como? – perguntou uma das crianças.
- Hum… - hesitou o velho, olhando para a mulher.
- O ambiente era protegido e mantido estável com paredes
grossas e a porta feita de madeira teca, julgo eu, ajudado
também com a humidade natural daquele edifício. Ora, para os
bichos papirófagos, os que comem folhas de livros, arranjaram
duas soluções extremamente inteligentes. Construíram as
estantes com madeira de carvalho que, para além de ser muito
densa expele um odor acre para os invasores. Caso algum se
atreva a penetrar nessas defesas, existem os morcegos.
- Morcegos!? – exclamaram os pequenos.
- Sim, morcegos. Comem os bichos que restam e mantêm o local
desinfestado. Claro que depois é preciso alguém que limpe os
seus excrementos e que tape as madeiras preciosas com panos
de couro para que os cocós não as estraguem…
- Caramba, mulher. Nunca pensei que soubesses tanto.
- Ao contrário de alguns, eu estava com atenção na visita.
Xavier, atrapalhado, engasgou-se com o fumo do cachimbo.
Quando parou de tossir, o velho prosseguiu.
- Não me lembro onde fomos a seguir. Talvez almoçar? Sei
que foi numa cantina e que o prato tinha cenouras. Benditas
cenouras… - fez uma pausa silenciosa - Bem, o que me lembra
a seguir é de voltarmos àquele sol esturricante dos vidros das
carreiras, enquanto seguíamos caminhos para… hã… um
nome qualquer começado em Coimbra… Era Conímfo… Não,
Fucímbra… Coimbra! Não, essa era a cidade. Hã… Co..ním…
gra… Co… Co… Raios…Co…
O velho esforçava-se por relembrar o nome, com as veias
das têmporas bem salientes e os gaguejos cada vez mais
imperceptíveis. O nome não se revelava.
- Seria Conímbriga? – perguntou docemente Amanda.
- Conímbriga! Pois é! Amada Conímbriga!
Espetou um beijo nas bochechas da mulher, sendo esta que
agora corava violentamente com o fumo do cachimbo a
rodopiar em seu redor. Xavier nem reparou, continuando a
história com um entusiasmo crescente.
- Fomos a Conímbriga, umas ruínas da cidade que é agora
Coimbra, naturalmente. Foi feita na altura dos Romanos, muito
antes de este país ser um país! Era uma cidade relativamente
grande até ser construído um muro em torno de uma certa
parte da cidade, tornando-a mais pequena.
- Porquê? – inquiriram as pequenas vozes.
- Para os bárbaros não a conquistarem. – continuou Amanda
aconteceu
18
- Claro que agora está tudo destruído, mas, acompanhados
de guias, visitámos as casas senhoriais com jardins interiores e
um corredor à sua volta que dava acesso a todas as divisões.
Algumas tinham retretes para os criados e símbolos de pedra no
chão, a representar os elementos, mitos e coisas assim.
- Fala-lhes do símbolo nazi.
- Ah, sim! Como irão estudar, pequenos, o Hitler, que matou
muitos Judeus na Guerra, tinha um símbolo, a cruz suástica,
que está no chão de uma sala, ou um quarto de uma dessas
casas ricas. Os guias disseram que era para contrariar o resto
do padrão do chão, pois, como eles achavam que apenas os
deuses podiam ser perfeitos, construíam tudo com um pequeno
defeito, invertendo uma dessas cruzes.
- Uau... – exclamaram as crianças. Mais tarde descobrimos que
apenas tinham assimilado o tema dos morcegos e o do símbolo
nazi, talvez devido a natureza de violência.
Os idosos continuavam, perdidos em memórias conjuntas da
infância, finalmente falando sem discutirem.
- Vimos também umas espécies de saunas, as termas, onde
as pessoas tomavam banho. Pelo que me lembro, apenas a
pessoas mais ricas tinham um cemitério e um local de bênção
nas propriedades. Grande parte das famílias tinha apenas o
espaço de um quarto de uma casa senhorial para viverem.
- Pois era, e depois de vermos tudo, ainda visitámos o pequeno
museu. Lembras-te do que disse o guia, Xavier? Que a maior
parte dos artefactos escavados eram recolocados no sítio onde
eram encontrados…
- …por falta de espaço, sim. Na altura também as escavações
estavam paradas. Dinheiro, julgo eu. Sempre o dinheiro.
- Sempre o dinheiro. – repetiu Amanda. – Mesmo assim vimos
aquelas coisinhas todas. Espadas, cerâmica, pedaços de caras
e colunas, um pé de pedra, objectos de bijutaria muito gastos,
até vimos uma maquete à escala do templo que vimos lá fora.
Coisa fantástica, digo-vos já.
- Lembras-te da cara? – perguntou Xavier
- Que cara?
– A cara desenhada num pedaço de parede vermelha… Pelo que
podemos ver, foi uma criança que a eternizou. Quem diria que
um simples desenho num dia longínquo e provavelmente umas
bordoadas no traseiro da criança perdurariam durante tanto
tempo…
- Realmente fascinante… Mas isso não quer dizer que
tenham permissão para andar a escrevinhar por tudo o
que é parede, ouviram? – exclamou a velha ao ver a troca
sugestiva de olhares entre as crianças. – Ouviram?
- Sim. – repetiram obedientemente. Está claro que, mais tarde,
fizeram exactamente o oposto.
- O que nos falta?
- Não sei… - Xavier trincava o cachimbo distraidamente
enquanto olhava para o carro da filha que subia a rua de terra.
– Acho que acabámos. Depois penso que regressámos à escola.
- Sim… Também acho que sim. Foi uma boa experiência.
O carro apitou.
- Apaga-me isso, Xavier, que raio de vício!
- Sim. – repetiram obedientemente. Está claro que, mais tarde,
fizeram exactamente o oposto.
- O que nos falta?
- Não sei… - Xavier trincava o cachimbo distraidamente
enquanto olhava para o carro da filha que subia a rua de terra.
– Acho que acabámos. Depois penso que regressámos à escola.
- Sim… Também acho que sim. Foi uma boa experiência.
O carro apitou.
- Apaga-me isso, Xavier, que raio de vício!
Anita Teixeira, Andreia Pimenta 9B
SomosRevista 19
Caros alunos,
Caros pais e famílias,
Caros funcionários,
Caros colegas,
Venho deixar-vos um testemunho que,
valendo o que vale, pretende fixar,
para memória futura, as vivências de
todos nós na partilha dos mais diversos
percursos que Área de Projecto de 12º
Ano (AP12) abriu a todos os nossos jovens
alunos finalistas do Ensino Secundário,
principalmente, desde a reestruturação
que esta área curricular sofreu na nossa
escola no ano lectivo de 2007/2008.
Independentemente dos projectos
levados a cabo, todos eles tão diferentes
entre si, importa salientar o valor
acrescentado do caminho que se foi
caminhando em AP12, na nossa escola
em particular, caminho esse tantas vezes
determinante na escolha de percursos
futuros, formativos e profissionais, dos
nossos alunos.
Um caminho muitas vezes marcado pelas
dificuldades, pelo desânimo, e também
pela vitória, pelo sucesso.
Um caminho em direcção à autonomia
responsável e sustentada, apoiado pelos
professores orientadores, pelas famílias,
por entidades externas à escola, porque
acreditaram que estes jovens são o
futuro e merecem confiança, porque são
capazes de fazer a diferença!
Eu acredito que, por vezes, a mudança
constrói sinergias positivas, obrigando-
nos a rever e a ajustar as nossas formas
de estar na vida. Sinto que a mudança
provocada pela eliminação de AP12 dos
currículos não terá esse efeito positivo
desejável.
Por um lado, poderemos libertar-
nos e aos alunos de uma «carga de
trabalhos», pelo outro, AP12 deixará
um vazio lacunar que, ao não haver
alternativa, impedirá os vindouros de
desenvolverem competências como
não haviam experimentado, desde o
modo de estabelecer contactos com
o exterior, ao desafio de encontrar
soluções alternativas para um problema
impeditivo da realização de um passo do
projecto ou do projecto na totalidade,
ficar à espera de resposta e ela não vir no
tempo útil…
De repente, a pergunta: Professor(a),
como vamos fazer?
Logo, a resposta da praxe: Tenham
sempre… um plano B!
Em jeito de conclusão, numa réstia
de esperança, percebamos todos em
conjunto que valeu a pena ter feito o
caminho.
Cumpre-me, ainda, relembrar e
congratular, aqui, o conjunto de docentes
que possibilitou a concretização desta
realidade iniciada em 2005/06 e que
agora se extingue:
Ana Maria Meireles, Ana Maria Silva, Ana
Paula Rosas, Eduardo Silva, Gorete Porto,
José Carlos Maciel, Mónica Meireles,
Pedro Gens, Purificação Vasconcelos,
Rosa Amaral, Rute Ribeiro, Sara Cruz, Sílvia
Amorim, Sónia Sousa, Susana Esteves,
Vanessa Oliveira.
A todos quantos possibilitaram a alegria
e felicidade aos nossos alunos pela
consecução do seu sonho e a nós,
professores, momentos marcantes da
nossa vida profissional, deixo o meu
sentido agradecimento.
Rosa Amaral, Coordenadora de AP12
testemunho
aconteceu
20
Três grupos do Clube de Teatro da nossa escola encenaram no dia 26 de Maio no
Auditório do Fórum Jovem da Maia, três peças de teatro, de seus nomes “A Avarenta”,
“Vila Carqueja TV” e “Lost in Identity”, no âmbito da edição de 2011 do Festival de
Teatro Escolar.
Os três grupos, constituídos por alunos de anos e turmas diferentes, participaram
num dia de actividades no fórum, ensaiando e preparando as peças de teatro que
apresentariam de noite a pais, amigos e outros alunos. As peças foram divertidas,
criativas e originais, com influências de drama, comédia e até diálogo em outras
línguas.
O público atento desfrutou do espectáculo e os cerca de cinquenta alunos envolvidos
ficaram satisfeitos com o dia em cheio que tiveram na Maia.
A interacção com o público e a boa organização foram também visíveis em todas as
peças visto que os pequenos actores tinham bem presentes as suas falas e movimentos.
Para além disso, antes do começo do espectáculo, os alunos foram elogiados pelo
responsável do Fórum Jovem como sendo “pequenas promessas do teatro nacional”,
tendo-se ainda comentado o quão divertido eles tornaram aquele dia no fórum. Os
jovens actores retribuíram os elogios com um fim de tarde cheio de gargalhadas e
diversão.
Helena Lago | Encarregada de Educação
Alunos da ESCM encenam no Fórum Jovem
SomosRevista 21
aconteceu
22
No dia 13 de Maio, a comunidade da nossa escola teve oportunidade
de apreciar, no passadiço coberto os trabalhos dos alunos de 12ºano
realizados na disciplina de Área Projecto. No mesmo recinto, os alunos
de diferentes turmas, junto com os seus professores de língua estrangeira,
revelavam um pouco das tradições e costumes gastronómicos das
diferentes culturas proporcionando um lanche diferente a todos.
Simultaneamente, algumas personagens da obra “Os Maias” de
Eça de Queiroz passeavam por entre os visitantes e, pelo meio-dia,
representaram alguns excertos daquela obra num cenário improvisado
e de acordo com a época. Tratava-se de um grupo de alunos do 11ºH,
alunos da professora Sandra Mota, que após o
estudo da obra, aceitaram o desafio de levar
à cena, mesmo em situações muito difíceis,
algumas cenas. Entretanto, organizado
também pelo departamento de Línguas,
decorria no Pavilhão C mais uma sessão do
concurso de karaoké, tendo saído vencedora
a aluna Beatriz da turma 8B
Professora Elisabete Oliveira
à mesa com...
SomosRevista 23
Tabita na Tertúlia Castelense
Estar nesta escola durante quase um ano
lectivo permitiu-me conhecer a vossa
cultura escolar e vivenciar um sistema de
organização escolar diferente. Para mim,
a escola reflecte a cultura da sociedade
e nós, como professores, estamos a
formar uma nova geração. Isto quer dizer
que nós, e todo o sistema educacional,
moldamos o futuro e fazemos do
ensino uma profissão muito influente e
importante.
No dia 28 de Abril foi a minha vez
de apresentar a cultura escolar
Dinamarquesa durante uma reunião,
na qual pude dar aos meus colegas
portugueses um olhar sobre o nosso sistema
educacional. Os temas mais “quentes”
na Dinamarca neste momento são a
reflexão, a avaliação e a consciência
do papel de cada um como educador.
Assim, este foi um modo natural de
iniciar a conversa. Independentemente
do sistema ou cultura em que estamos
inseridos, estes temas são úteis e
importantes para os professores que
querem progredir e trazer clareza para
sua sala de aula e profissão. Ser reflexivo
significa observar o que fazemos na sala
de aula, perguntar porque o fazemos
e se funciona – é um processo de auto-
observação e auto-avaliação. Através
da recolha de informação sobre o que
acontece na nossa sala, da sua análise
e avaliação, podemos identificar e
explorar as nossas próprias práticas
e crenças subjacentes, o que pode
levar a mudanças e melhorias na nossa
pratica lectiva. Eu diria que o nível de
autonomia e responsabilidade que
temos no nosso trabalho é determinado
pelo nosso nível de controlo sobre as
nossas acções. Reflectir sobre a nossa
prática faz-nos exercitar o controlo e
abrir para a possibilidade de transformar
a nossa vida diária de sala de aula –
especialmente se envolvermos os alunos
e usarmos o feedback imediato que
eles nos dão. Combinar o feedback dos
alunos com as nossas próprias reflexões
pode dar-nos uma maior noção do que
funcionou ou não.
Tem sido muito interessante para mim
aprender e compreender a vossa
cultura através desta escola. Algo
que me surpreende é o facto dos
laços familiares serem tão fortes, em
comparação com a Dinamarca, mas
estes não serem “incorporados” na
escola. Na Dinamarca, a cooperação
parental é altamente valorizada e
considerada fundamental para satisfazer
as necessidades e o bem-estar de cada
aluno e lhe poder dar a melhor educação
possível, uma vez que tanto pais como
professores têm interesse na progressão
académica e no desenvolvimento
social dos alunos. Isto não quer dizer
que a cooperação seja sempre fácil,
mas tal como em qualquer parceria,
ambas as partes têm de esforçar por ser
compreensivas e cooperantes para que
a relação funcione.
Desde que cheguei, aprendi muito e
tornei-me mais consciente do meu papel
como professora e desafiei os meus
pontos de vista, desenvolvi as minhas
abordagens e inspirei-me; enriqueci tanto
cultural com profissionalmente. Espero
que a minha presença cá tenha surtido
o mesmo efeito desse lado e que esta
reunião tenha aberto caminho para
novos pensamentos e reflexões.
Obrigado por este ano, pela cooperação
e por muitas e memoráveis experiências.
Tabita Fyhn Jacobsen
Assistente Comenius
aconteceu
24
Vª Caminhada/BTT
No passado dia 12 de Maio realizou-se a Vª Caminhada/BTT
da nossa escola. A organização desta actividade esteve
a cargo do Grupo Disciplinar de Educação Física com a
colaboração dos alunos das turmas J e E dos 10º e 12º anos,
respectivamente, do Curso Tecnológico de Desporto. Ao
organizarmos este evento temos sempre como grande
intuito proporcionarmos, aos seus participantes, um dia
pleno de actividade física de braço dado ao convívio.
Cerca das 9h:45m, saímos da escola divididos em dois
grupos distintos: o da Caminhada e o do BTT. Embora os
percursos fossem diferentes, o ponto de encontro era o
mesmo, isto é, o Parque de Avioso. Chegados ao local
por volta das 11h:30m, tínhamos à nossa espera, um
variadíssimo e gostosíssimo conjunto de frutos assim como
um divino sumo de laranja e bolo de chocolate oferecidos
pelo Departamento de Línguas. Que excelente ideia…
Também nos esperava uma sessão de alongamentos que
sabe sempre bem depois do exercício físico, organizada por
um grupo da Área de Projecto “Actividade Física, Saúde e
Lazer”- Grupo: “Rumo à Saúde”, com a colaboração do
Agra Club. Este grupo ainda distribuiu maçãs a todos os
participantes. Os alunos também puderam usufruir de um
torneio de Voleibol de Praia cuja organização esteva a
cargo da Associação de Estudantes.
Para além destas ofertas, há que registar o grande
momento de convívio, de partilha dos “comes e bebes”
que se estabeleceu entre todos. Esta ocasião é crucial
para que possamos repor as energias e simultaneamente
recuperar para o regresso. Às 15h partimos do parque e
chegámos à escola cerca das 15h30m e 17h, os grupos do
BTT e da Caminhada, respectivamente.
Este evento só foi possível realizar-se com a colaboração de
outras entidades que muito contribuíram para o sucesso do
mesmo. Assim, ficam registados os nossos agradecimentos
à Câmara Municipal da Maia, Câmara Municipal da
Trofa, Guarda Nacional Republicana - Maia, Bombeiros
Voluntários de Moreira da Maia, Unicer, Moto L e Quinta
do Paiço.
O Departamento de Expressões ficou muito satisfeito com a
adesão a esta iniciativa. Os números ultrapassaram os das
edições anteriores, registando-se este ano a presença de
572 alunos, 17 funcionários, 82 professores, 4 encarregados
de educação num total de 675 participantes.
A todos um bem-haja por terem contribuído para um dia
diferente e nunca se esqueçam … “mexam-se pela vossa saúde”!
A Coordenadora do Departamento de Expressões
Professora Silvina Pais
25
aconteceu
26
Depois de tanto pedalar e de tanto caminhar, os participantes
desta habitual e sempre brilhante iniciativa do grupo disciplinar de
Educação Física tiveram ao longo do percurso a possibilidade de
participar num Peddypaper, ideia das professoras de Línguas, para
melhor conhecerem a região onde está integrada a nossa escola.
Outra surpresa não menos espectacular os aguardava à chegada
ao Parque de S.Pedro de Avioso. Pois, montadas à sombrinha,
encontravam-se algumas mesas de piquenique decoradas com
taças bem recheadas de fruta suculenta e tão apetecível ao fim
daqueles quilómetros de calor e de esforço físico.
Ora, quem foi amiguinho, quem foi?! Os professores de Línguas da
nossa escola, pois claro!
Logo, de manhãzinha, bem cedo, foram ao supermercado
comprar melancias, melões, abacaxi, morangos, maçãs, laranjas…
descascaram e prepararam sumos fresquinhos e encheram taças
para todos os gostos. No meio das mesas, viam-se pedacinhos de
bolo de chocolate também confeccionado com muito carinho
pelos docentes do departamento de Línguas.
Chegados ao parque, os atletas, agradecidos, lançaram-se à fruta
e foi num ápice que tudo se bebeu e comeu. No final, os professores
de Línguas e de Educação Física cantaram e bailaram encerrando
desta forma tão divertida aquele que foi mais um dia inesquecível
deste ano lectivo.
Professora Elisabete Oliveira
Aqui há fruta
SomosRevista 27
Este ano, no dia 13 de Maio, comemorou-se pela primeira vez
na escola o Dia Cultural. O Departamento de Matemática e
Ciências Experimentais, envolveu-se neste evento dinamizando
várias actividades. O Grupo de Biologia e Geologia organizou
a Dádiva de Sangue que, como habitualmente, contou com
a generosidade de professores, funcionários e Encarregados de
Educação. Na Feira de Minerais, diversas amostras de minerais,
rochas, conchas e fósseis prenderam a atenção dos visitantes
principalmente pela aplicação que têm na confecção de
bijutaria e objectos decorativos. Os visitantes puderam ainda
apreciar Modelos da Escala de Tempo Geológico, Vulcões dos
mais simples aos mais elaborados e criativos, a simulação de um
autêntico “Jurássico Parque” com Dinossauros construídos em
barro, plasticina e papel, pelos alunos do sétimo ano, no âmbito
da disciplina de Ciências Naturais e visualizar um artigo da BBC
sobre a história da Terra. Integrada na comemoração do Ano
Internacional das Florestas, decorreu a exposição “A Floresta não
é só paisagem” que visou alertar os alunos para a importância
da biodiversidade, fundamental num mundo cada vez mais
humanizado, e também olhar para a floresta como recurso
económico, energético e social, a preservar. Alunos das turmas
A, C e D do 11º ano de Biologia e Geologia estiveram envolvidos
na recepção dos alunos visitantes e no percurso comentado dos
diferentes painéis. Foi ainda possível a visualização de um filme
de animação alusivo à temática que terminou com a distribuição
de uma brochura com um passatempo e a oferta de um cartão
Vodafone. No fim da manhã decorreu a palestra de "Biologia e
Geologia", com a participação de alunos do 10º ano do Curso
Científico – Humanístico de Ciências e Tecnologias e respectivos
professores da disciplina. Os oradores convidados, Dr. Isaías
Machado e Prof. Dr. António Guerner, abordaram de forma
muito esclarecedora, algumas temáticas essenciais ao percurso
académico dos alunos: 1ª parte - "Biodiversidade e Ecologia
Aplicada" e 2ª parte - "Energias renováveis e não renováveis".
O balanço foi claramente positivo, com alunos, professores e
palestrantes visivelmente interessados e participativos.
O grupo de professores de CFQ do 7.º ano dinamizou, junto dos
alunos deste ano de escolaridade, a realização de um concurso
de maquetes sobre o Universo. Surgiram 18 trabalhos a concurso
(4 maquetes da turma A, 2 maquetes da turma B, 2 maquetes
da turma C, 4 maquetes da turma D, 2 maquetes da turma E
e 6 maquetes da turma G), pelo que pode concluir-se que a
aconteceu
28
Departamento de Matemática e Ciências Experimentais,
SomosRevista 29
participação foi francamente positiva. Os alunos optaram,
principalmente, por efectuar representações do Sistema Solar,
dos eclipses do Sol e da Lua e da superfície lunar. A maioria
dos trabalhos apresentados evidenciou bastante criatividade
e empenho pelo que esta actividade poderá e deverá ser
repetida em anos futuros. No laboratório de Química os alunos
do curso profissional, Técnico de Processamento e Controlo da
Qualidade Alimentar, processaram a manteiga tendo a mesma
sido muito apreciada pelos visitantes. O grupo de Matemática
promoveu uma exposição interactiva de jogos matemáticos
realizados pelos alunos do 7º ano de escolaridade na área
curricular não disciplinar de Área de Projecto e o grupo de
Informática dinamizou vários jogos e programas, divulgou os
sítios da Escola e do SomosRevista bem como uma exposição
de software e hardware.
Apesar de em simultâneo decorrer a Feira das Oportunidades,
este ano a cargo deste Departamento, é de louvar o empenho
e dedicação de todos os professores que de forma responsável
contribuíram para o sucesso destes dois eventos.
Professora Manuela Vale
30
SomosRevista 31
O Projecto do Clube de Desporto
Escolar, instrumento de grande relevo e utilidade
no combate ao insucesso escolar e de melhoria da qualidade
do ensino e da aprendizagem, através do cumprimento das
actividades planificadas, promoveu estilos de vida saudáveis,
favorecendo o envolvimento no projecto turma mais desportiva,
promovendo o gosto pela prática regular das actividades físicas,
contribuindo para a formação equilibrada dos alunos da escola
Secundária do Castêlo da Maia.
Nas actividades do Desporto Escolar, foi sempre observado
o respeito pelas normas do espírito desportivo, fomentando o
estabelecimento, entre todos os participantes, de um clima
de boas relações interpessoais e de uma competição leal e
fraterna, promovendo-se o combate à inactividade física e a
luta contra a obesidade.
No âmbito da dinamização interna, foram realizadas actividades,
algumas delas repartidas por vários dias, envolvendo um número
razoável de alunos da escola. Os professores responsáveis pela
dinamização da actividade interna foram os professores João
Ferreira, Manuel Firmino e Bárbara Ribeiro.
No âmbito da dinamização externa, foram realizadas várias
competições, por cada um dos grupos/equipa, registando-se
prestações muito positivas por parte dos alunos da escola, ao
nível do Ténis de mesa, Ténis e Voleibol Feminino. A preparação
dessas competições foi efectuada com recurso a treinos
semanais,
m i n i s t r a d o s
pelos professores, João
Ferreira, Manuel Firmino e Lurdes
Lagoa. Também, ainda neste âmbito, se
verificou a participação em actividades inter-escolas,
nomeadamente no Corta-Mato escolar e Distrital.
Felicitamos uma vez mais os alunos do Clube do Desporto Escolar
pelos excelentes resultados obtidos nas diferentes provas, pela
criação de um clima saudável com relações de cumplicidade
entre todos, e essencialmente por fazerem deste Clube uma
verdadeira família desportiva. Parabéns a todos. Boas Férias e ...
regressamos em Setembro.
Coordenador do clube desporto escolar
Professor João Ferreira
Desporto Escolar
Assim se divertiam os nossos pais…No passado dia 13 de Maio realizou-se a ”I corrida de carrinhos
de rolamentos da Escola Secundária do Castêlo da Maia”.
Este evento decorreu na rua Serafim da Cruz entre as 9:30 e
as 10:30. A organização esteve a cargo dos ”Hot wheels”, um
grupo de alunos da Área de projecto “Actividade Física Saúde
e Lazer”. Esta iniciativa tinha como objectivo mostrar aos jovens
da nossa escola uma das actividades mais populares do tempo
da juventude dos seus pais. Pelo facto de estar planeada para
a via pública, contou com a colaboração da GNR da Maia.
Cerca de cinquenta alunos inscreveram-se na actividade, com
predominância dos alunos do 3ºciclo. Todos os participantes
vibraram com a prova e alguns revelaram-se exímios pilotos de
carrinhos de rolamentos.
Professor Eduardo Silva
aconteceu
32
Chegou o dia 13 de Maio e a sala E25 preparou-se para receber alunos, professores
e funcionários que, com muita vontade e criatividade, participaram num workshop
dedicado às artes.
Entre tintas, pincéis, colas e papéis; linhas, tecidos, fitas e cordões; jornais, revistas e
outros materiais, viveram-se momentos de muita animação e de boa disposição que
resultaram em pequenas “obras de arte” que puderam ser levadas para casa em
modo de recordação.
Ficou a vontade de repetir esta experiência tão enriquecedora e também um
agradecimento das professoras de Artes Visuais a todos os participantes e em
particular às Professoras Rosa Correia e Silvina Pais cujo contributo foi essencial para
o sucesso desta actividade.
As Professoras de Educação Visual
«Fui eu que fiz!»
SomosRevista 33
Na minha opinião foi uma actividade
muito inovadora onde pudemos dar asas
à imaginação. Espero que para o ano se
volte a repetir.
Maria Inês 7G
O workshop foi muito divertido por termos
a oportunidade de libertar o nosso lado
mais artístico.
João Pinto 8D
aconteceu
34
Gostei muito desta actividade, pois foi muito
divertida e criativa. Na sala onde estávamos,
tínhamos muitos materiais que davam para fazer
imensas coisas diferentes.
Sara Ferreira 7ºG
35
Achei que o workshop foi muito interessante.
Gostei da maneira como tudo estava organizado, dos diferentes trabalhos que podíamos
realizar e dos materiais que estavam dispostos para trabalharmos e para ao mesmo tempo nos
divertirmos.
Foi uma experiência fantástica!
Sofia Pedro 7G
O workshop de artes foi bastante interessante, aprendemos coisas novas com as
professoras de Educação Visual e também com a professora de História (Professora
Rosa Ferreira).
Na minha opinião, podemos fazer bastantes actividades com os conhecimentos e
conceitos que aprendemos neste Workshop.
Gostei muito desta actividade.
Mariana Oliveira 7G
O workshop de artes foi muito divertido, conseguimos no pequeno espaço de
tempo que lá estivemos, apreciar a arte e aprender a trabalhá-la. Tivemos
também oportunidade de fazer acessórios de moda ao nosso gosto e para o
nosso próprio uso.
Mariana Lopes 8D
"Cumprindo o inicialmente delineado, os alunos
da turma 7ºB, no âmbito do projecto "Favores em
Cadeia", procederam à entrega de bens alimentares
e ainda alguns brinquedos à APPACDM da Maia,
contribuindo, assim, para mais sorrisos de alguns
jóvens. O modo abnegado como estes alunos
se dispuseram a ajudar é realmente digno de
realce e merece o nosso reconhecimento, pois a
solidariedade começa onde não se espera nada em
troca (Antoine De Saint Exupery)".
Professora Raquel Lopes
"Favores em Cadeia"
palavras à soltaSe eu fosse...
Se eu fosse uns Lápis de cor Tornava o mundo muito melhor. Todas
as coisas tristes tornar-se-iam alegres e
coloridas. Se pudesse ser um lápis de cor
ajudaria o ambiente transformando os
resíduos em plantas.
Desenhava, desenhava, desenhava
com o amarelo, magenta, azul e laranja
uma casa de acolhimento para crianças
abandonadas. O mundo seria tudo
aquilo que as pessoas desejam! Não
haveria guerra, mortes, pesadelos, dor
e sofrimento, apenas humanos felizes! O
mundo iria ser branco da paz, verde da
esperança e acabaria com o cinzento e
preto das noites escuras.
Se eu fosse um lápis de cor pintaria um
sorriso nos teus lábios e colocaria brilho
nos teus olhos.
Daniela Correia 9A
36
Se eu fosse um Mapa MundoOlá!! Já pensaste se um dia acordasses
e tivesses como função ser um Mapa
Mundo?? É uma questão engraçada que
nos pode deixar a pensar...
Se eu fosse um Mapa Mundo, faria
algumas alterações...
Os continentes seriam mais próximos,
facilitando o turismo, o comércio e até
mesmo a imigração. Mostraria o Mundo
de uma forma mais precisa e brilhante.
Para quê mostrar as imperfeições do
Mundo? Entraria em contacto com a
lei da Natureza, para esta as poder
modificar.
Todos os Mapas Mundo seriam em forma
de globo! Acabar com a representação
plana do Mundo seria uma das
modificações com prioridade.
Quem tocasse, nem que fosse com
a ponta de uma unha em mim, seria
obrigado a percorrer o Mundo de uma
ponta à outra, mas claro de forma
agradável, suave e divertida.
Os espaços verdes, seriam ainda mais
verdes e a poluição seria inexistente,
deixando desta forma a paisagem
consideravelmente magnífica.
E se um dia me apetecesse mudar tudo de
lugar?? Colocava a cidade do Porto na
savana, Lisboa na Antárctida e chineses
no deserto. Seria bastante divertido.
Tornar-me-ia também comestível, tendo
eu um ship dentro de mim. Fazendo com
que quem me comesse ficasse com
todas as informações que um Mapa
Mundo pode fornecer. Com isto, queria
acabar com a ignorância das pessoas
em relação à localização seja do que for.
Adorava ser um Mapa Mundo!
Teresa 8E
Se eu fosse um LivroA minha capa seria colorida e mostrava a
alegria de uma vida…
O meu índice dir-me-ia para onde ir
procurar a felicidade…
Nas minhas páginas estariam escritos
todos os segredos para ser feliz…
A minha colecção seria sobre o resto da
vida de alguém que nunca esquecerei…
O resumo na minha contracapa diria que
um livro nos pode transportar para outro
mundo em apenas mil e uma palavras.
Sara Estrela; Ana Patrícia 7B
Se eu fosse uma Equação revolucionava os conceitos matemáticos,
porque todas as incógnitas negativas
seriam igual a zero e todas as incógnitas
positivas seriam igual a ∞.
Bernardo Nogueira 7F
Se eu fosse uma Tabela de basquetebolJá alguma vez imaginaram como é ser
uma tabela de basquetebol?
Eu nunca imaginei tal mas, se pensarmos
bem, não deve ser uma função lá muito
divertida, pois qualquer um que se lembre
pode lá chegar com uma bola (de
futebol, de voleibol ou a óbvia bola de
basquete e digamos que qualquer uma
delas pode causar estragos…) e fazer de
nós alvo para conseguir encestar.
A nossa única função seria estarmos
quietos à espera de nos lançarem
coisas à “cabeça” para se divertirem e,
convenhamos, acho que isso não seria lá
muito divertido.
Leonardo Ferreira, 8D
SomosRevista 37
Se eu fosse um Telescópio Olhava para as estrelas que brilham no
escuro, e as estrelas cadentes, como são
belas!
Olhava para o céu que é extenso, azul e
macio, e a lua, como é perfeita.
Olhava para a noite escura e negra
como uma cidade sem luz, sem cor e sem
alegria.
Olhava o sol da meia-noite, como é
espantoso , um fenómeno raro !
Observaria a perfeição das coisas que
me rodeiam, que me formam e me
completam.
Ser um telescópio é ser, simplesmente, um
‘’ser’’ que observa tudo o que pode ser
observado mesmo aquilo que está fora
do alcance dos nossos olhos.
Já imaginaram algo tão fantástico?
Sofia Fernandes; Veronika Somova 8B
Se eu fosse um Livro…
Se eu fosse? Eu sou.
Se eu fosse um livro?
Eu sou um livro.
Sou um livro sem capa a quem dão os
títulos que entendem, aberto, seguro
nas mãos trémulas de quem salta para o
abismo. Faço asas de folhas e folhas de
vento. Sou um livro cujas palavras ninguém
pode decorar, um livro de improvisos no
qual é difícil lerem as entrelinhas, porque
as próprias linhas se desvanecem até
extremos, até não haver extremos. Sou um
texto mais novo com o passar dos anos
e, apesar disso, mais resistente. Poderia
ser um dicionário de neologismos cujos
significados valorizo. Poderia ser um livro
de matemática, resolvendo problemas
não com números, mas com expressões
algébricas. Poderia ser um livro de
biologia. Por vezes folheio páginas como
penteio cabelos, para tentar detectar a
pessoa humana. As palavras, porém, têm
sempre mais de humano que o próprio ser
humano, pois este torna-se quase divino
ao criá-las. Não sei ao certo que tipo
de livro sou mas gostava de ser um em
branco, para poder recomeçar quando
quisesse. Gostava de ser um livro sem
paginação, apenas com o marcador
no presente. Dobrar as folhas, riscá-las?
Não me importo, as palavras são eternas.
É apenas uma ruga num rosto, um olhar
desviado, uma marca do tempo, apenas,
feita por alguém criativo.
Já conheci muitos livros, algumas grandes
obras literárias. Há sempre uma parte que
fica na prateleira, outra que aparece
em citações nas minhas páginas, mas
a verdade é que aprendemos sempre
lendo todos, cada um em particular.
Anita Marante Teixeira 9B
fora de portas...
38
Nesta edição da SomosRevista, dedicada ao passado, presente e
futuro da nossa escola, pedimos a antigos professores, funcionários
e alunos da ESCM que, de forma breve, respondessem a duas
questões reveladoras das suas experiências aqui vividas e as
partilhassem connosco:
1- Referir uma recordação marcante da sua passagem pela escola.
2- Deixar uma mensagem para a comunidade educativa.
Nome : Emília Maria Costa e Silva
ESCM: 1998 - 2005
Coordenadora dos serviços administrativos e financeiros.
1- A escola é um espaço muito vivo, muito dinâmico que traz
recordações a alunos, funcionários e professores. Não esqueço
a vida e toda a aprendizagem que tive com um grupo tão
significativo de pessoas.
Toda essa vivência povoa ainda hoje o meu espírito, bem como,
segundo penso, o de todos quantos têm o privilégio de passar
pela nossa Escola.
Toda a vivência foi marcante. Recordo o esforço de toda a
comunidade escolar em torná-la muito humana, a melhor de
todas.
Enfim, recordar é viver.
2- Vale a pena investir nos valores educativos, preservar a nossa
história, sem esquecer o mundo que está em mudança. Será
nele que os jovens irão viver.
Nome: Armando de Freitas Mendes
ESCM: 1993 - 2001
Professor de: Biologia e Geologia -11º Grupo B
1- No dia 14 de Julho de 1999, no âmbito do programa Ciência
Viva realizei, para o grupo de docentes da área de Biologia e
Geologia da nossa Escola, um percurso a pé, numa extensão
de 4 Km com o objectivo de observar os vestígios de glaciares
na Serra da Peneda. Os colegas dos outros grupos ao terem
conhecimento deste evento perguntaram porque é que não
se realizava outra caminhada e a partir daí, todos os anos se
realizaram vários percursos, Gerês, Serra do Alvão, Grutas de
Mira d' Aire, Serra d' Aire ..., destinados ao corpo docente e
aos nossos funcionários. Procurava-se sempre um percurso de
média dificuldade para que todos pudéssemos desfrutar do
contacto com a Natureza. Era um dia em que se esqueciam os
problemas da Escola, havia entreajuda, estabelecia-se mais
amizade. Bons momentos de convívio e sã camaradagem.
No fim era agradável ouvir «Valeu a pena!»
Um verdadeiro espírito de Escola.
2- Escola é, para além de um espaço físico, um local onde
se concretiza o direito à Educação. Compete à Escola a
formação integral dos seus alunos, para que, no futuro, possam
construir os seus projectos: um sonho tornado realidade. É
irrealista considerar a Escola isolada da Comunidade em que
está inserida.
Todos os intervenientes na Escola, em conjunto, deverão
trabalhar no sentido de fazer com que a Escola seja um
espaço de verdadeira troca de saberes, com uma vida e
dinâmica próprias, partilha essa, estimulante para quem nela
trabalhe e estude. Tudo isto será possível, numa sociedade
em mudança, com trabalho, empenhamento, abertura, co-
responsabilização.
Mãos à Obra! Vamos em frente!
SomosRevista 39
Nome Maria Manuela Liberato
ESCM: 1992 -1998
Função Auxiliar de Acção Educativa
1- Cheguei à Escola Secundária do Castelo da Maia em
1992/09/14. Foi uma experiência única, apesar do trabalho
árduo, foi demasiado gratificante.
Era como a minha segunda casa, que teria de mobilar
e decorar, para que ficasse acolhedora para receber
Professores e Alunos que começavam a chegar ...
Nesse período da minha vida senti-me completamente
realizada, gostei do trabalho que desenvolvi junto de toda
a Comunidade escolar, construindo grandes amizades com
Professores, Colegas e Alunos.
Em 1994/09/15 fui confrontada com um novo desafio ao
ser nomeada Encarregada do Pessoal Auxiliar, tarefa difícil,
mas muito enriquecedora, tendo efectuado um bom
processo de aprendizagem no relacionamento com todos
eles, cultivando o rigor e a qualidade no serviço que prestei,
utilizando eficazmente os recursos existentes.
Houve muitas situações que me marcaram, pelo que se
torna difícil enumerá-las, contudo escolhi duas que me
tocaram profundamente:
Um aniversário em que o Conselho Directivo, Colegas e
Professores me presentearam cada um com uma bonita
rosa vermelha. Não tenho palavras que consigam descrever
as emoções desse dia.
E, como não poderia deixar de ser, um outro momento que
nunca esquecerei: o almoço de despedida, quando da
minha saída para a Segurança Social.
Que no Vosso jardim floresçam milhares de "ROSAS
VERMELHAS", todos os anos.
2- A princípio pode parecer o "Cabo das Tormentas",
desenganem-se.
De facto quando saírem desta Escola, o vosso rosto estará tal
como o de uma criança ao receber um "belo presente", pois
é isso mesmo que acontecerá, irão receber conhecimento,
experiência, saberes... que vos enriquecerão de tal forma
que não há prémio monetário que o suplante!!!!
Beijinhos.
Nome: Ilídio Manuel Moutinho
ESCM: 1993 - 2008
Professor : Matemática
1- Foi imbuído numa forma límpida de pensamento, de sonhos e
sentimentos que, em Setembro de 1993, me apresentei na Escola
para desempenhar as atribuições de educador.
Certamente, que muito se passou de relevante… as relações com
os diversos actores da comunidade foram de uma riqueza enorme,
sobretudo, as relacionadas com as sucessivas vagas de alunos que
me passaram pelas mãos.
Mas, igualmente, é justo enaltecer a realização de trabalhos
pedagógicos com os pares, as inovações tecnológicas introduzidas
e os eventos efectuados anualmente e nos quais se inseriam alunos,
docentes, funcionários e Encarregados de Educação.
Como piores momentos, recordo o falecimento da colega Manuela
Vilarinho e de um aluno que, subitamente, pereceu no recinto
escolar.
Não posso deixar de referir, como aspecto negativo, a forma como
a Tutela conduziu, ultimamente, a sua política educativa.
Finalmente, senti-me muito honrado e reconhecido pela confiança
e amizade manifestadas por todos, mas, em particular, pelos
membros do meu Departamento, Conselho Pedagógico e Direcção
da Escola.
2- O papel de cada um na construção de uma escola de sucesso é
fulcral. A responsabilidade de honrar e enobrecer o “mandato” que
receberam da Sociedade é um valor inestimável.
A história da Escola, sendo curta, mas rica, é também passível de
sobressaltos, daí que não resista a recordar um poeta com esta
chamada:
“ Caminhante, não há caminho,
Se faz caminho ao andar.”
Enfim, o meu sonho acabou, mas todos têm que continuar a
Sonhar…
fora de portas...
40
Nome: Reinaldo Moreira da Costa Padrão
Professor de Economia
ESCM: 1999 - 2010
1- Lembro-me de uma aula onde tive a presença da D. Maria,
Auxiliar de Acção Educativa (actualmente chamada Assistente
Operacional), que foi convidada a participar nela, e onde o seu
testemunho, como Auxiliar na escola se revelou excepcional.
Os alunos dessa turma de Sociologia assumiram também que
se tratava de um convidado especial, tendo manifestado muito
agrado com o testemunho que foi dado.
2- A escola deve ser um espaço privilegiado do exercício da
cidadania e das relações pessoais..
Nome: Tiago Bandeira
Curso: Ciências e Tecnologias
ESCM: 2004-2010
1- As minhas melhores recordações da escola são os tempos
livres passados nos vários espaços, a simpatia dos professores
e funcionários, as actividades organizadas por nós, alunos, e
pela escola, cuja participação permitia bem-estar e diversão, o
melhoramento contínuo dos materiais tecnológicos disponíveis,
e sem dúvida, o mais importante, as amizades que ficaram, não
só com colegas, mas também com professores.
Tanto amigos como alguns professores ajudaram-me no
meu percurso escolar, mas, mais importante, ajudaram-me a
crescer como pessoa. E foi com vários conselhos e vários gestos
partilhados por essas pessoas que muitas vezes me senti feliz
e capaz de continuar a lutar pelos meus sonhos, pelo que só
tenho a agradecer por isso.
Relembro um episódio recente, no meu último ano na escola,
em que, no âmbito da disciplina de Área de Projecto, o meu
grupo organizou o “Dia da Massagem”. Foi um dia marcante
porque tudo correu melhor do que o esperado, em que se
evidenciou o trabalho árduo do grupo do qual fazia parte, a
alegria de quem participou no evento (alunos e professores),
a satisfação pelo projecto por parte da escola de massagem
convidada, e por fim, a minha realização pessoal e dos meus
colegas de grupo, por tudo ter decorrido com sucesso.
2- O sucesso só se consegue com bastante trabalho, mas nada
é impossível.
Ana Meireles - 1ª comissão instaladora
desta escola.
Quando em Junho de 1992 fui convidada
para fazer parte da comissão instaladora
da Escola Secundária nº2 da Maia, não
tinha uma ideia muito real do que seria
“instalar” uma escola nova! O edifício,
novo, existia, mas não era possível utilizá-
lo de imediato! Porquê? Simplesmente
porque não havia água, luz, telefone, e
foram essas as nossas primeiras tarefas:
requisitar os contadores da água e luz e
pedir a instalação da linha telefónica, tal
como nas nossas casas.
Assim, durante algumas semanas, a
comissão instaladora “instalou-se” numa
sala da Escola EB2,3 do Castêlo da
Maia, gentilmente cedida pelo Conselho
Directivo, e foi lá que recebemos e
conhecemos os 15 professores que
leccionaram durante esse ano lectivo, os
poucos funcionários, e todos ajudaram
a arrumar a nova escola. Sim, arrumar!
Foi necessário abrir dezenas de caixotes
com imenso material para laboratórios/
oficinas, inventariá-lo, seleccioná-lo e
arrumá-lo nos armários. Até alguns dos 70
alunos, se viram, de repente, atarefados
com a montagem dos microscópios,
que vinham embalados em peças
separadas, para poderem fazer algumas
observações durante a aula de Biologia.
Hoje, e passados quase 20 anos, vejo
como a minha escola cresceu em todas
as suas vertentes, e penso: Valeu a pena!
SomosRevista 41
Nome: Ana Sofia da Silva Campos (ex-aluna)
Ano de entrada na ESCM: 2000
Ano de saída da ESCM: 2006
Todos os dias temos que enfrentar dificuldades. Creio que aprendemos e nos tornamos
mais fortes, descobrindo como ultrapassá-las.
Na minha passagem pelo ensino secundário, surgiu-me um problema grave de saúde que
me impossibilitou de frequentar as aulas. Foi necessário aqui um grande esforço, tanto
do corpo docente como da direcção da escola, para providenciar a minha frequência
às aulas (videoconferência), mantendo o contacto com os professores, os colegas e as
matérias.
O ensino secundário, por si só, exige uma capacidade de adaptação. São várias as
mudanças: nova turma, novos colegas, disciplinas novas... Só fui capaz porque pude
contar com a ajuda dos professores e dos funcionários da ESCM.
Assumo, assim, toda a importância que a escola teve na minha vida. Todo o apoio e
disponibilidade, todas as mensagens de força e esperança que me foram chegando nos
momentos mais difíceis, o que me permitiu estabelecer uma relação única com todos os
meus professores. Sempre me motivaram para que eu terminasse o meu percurso com
sucesso, mantendo a vontade de estudar.
Na minha carreira docente, à semelhança de muitos colegas
de profissão, já leccionei em muitas escolas. Tantas que não me
chegam os dedos das mãos para as contar (caso precisasse
de contar pelos dedos). No entanto não tenho a menor dúvida
que a Escola Secundária do Castêlo da Maia é das que guardo
melhores recordações e onde me deu mais prazer trabalhar.
Porquê? Porque possui um excelente ambiente de trabalho, um
corpo docente e não docente de elevado profissionalismo, uma
camaradagem entre colegas que sempre me agradou e que
recordo frequentemente com muito carinho e também porque
se pauta pela inovação tanto pedagógica como tecnológica.
É uma escola dinâmica e empreendedora. A procura de
novas estratégias para solucionar os inúmeros problemas que
têm vindo a surgir na Educação nos últimos tempos, o não
“baixar os braços” face às dificuldades, o saber reconhecer
que não funcionando de determinado modo requer mudança
e que para mudar é necessário um planeamento consistente
com perspectivas de sucesso, proporcionando aos alunos
oportunidades que não teriam noutras escolas. É esta a minha
perspectiva e espero
sinceramente não estar
equivocada, pois apostei
nesta escola para a
formação dos meus filhos.
Agora, numa altura de
grandes mudanças ao
nível das estruturas físicas,
tudo vai ficar ainda
melhor. Vão-se as paredes,
mas o fundamental, o
cerne, continuará lá,
então envolvido por um
espaço completamente
renovado que espero, à semelhança de outras escolas que
também sofreram esta intervenção, proporcionará novos
espaços e novos materiais que tornam o processo de ensino/
aprendizagem ainda mais atractivo.
Isabel Gonçalves
Ex-Docente da ESCM e actual Representante dos Enc. Educação do 7G
vale a pena
42
Relembrar o Sarau e Playback da nossa escola
organizado pelo grupo “Dois Mundos Unidos” 12ºE no âmbito da Área de
Projecto e com a colaboração do grupo de
teatro, contou com a brilhante actuação
de cerca de 100 alunos da nossa escola
Parabéns a todos!
No sarau, foi tudo bastante
divertido, havia alunos com muito
talento e vocação para o que
estavam a fazer, verificou-se bem
a aptidão para cantar,
tocar instrumentos e dançar de
cada um dos participantes.
O que eu gostei mais foi da
actuação do meu colega Fábio
Pinto e das canções de outros
alunos.
Luís Alão 8D
SomosRevista 43
Sabias que...
44
Depois de termos ganho a possibilidade de fazer o projecto da nova Escola Secundária Castêlo da Maia
começaram a surgir-nos inevitavelmente várias ideias que gostávamos de implementar, ainda que numa
forma abstracta. Fragmentos de outros projectos, ou simplesmente algumas ideias de como deveria ser
uma escola secundária.
Partir para um projecto como uma página em branco é uma impossibilidade a que o nosso cérebro
não se permite, nem os nossos condicionamentos sócio-culturais. Assim, logo que foi possível resolvemos
visitar o local da escola, para que rapidamente pudéssemos começar a preparar o “caldo do projecto”,
que para nós deve ter vários ingredientes. A compreensão do lugar na sua total complexidade, na
sua morfologia, topografia, paisagem, inserção urbana, são os aspectos com que tradicionalmente
começamos a trabalhar. A partir daí começámos a “apurar a receita” à medida que fomos tendo outro
tipo de informações e necessidades.
Deparámo-nos com um complexo escolar,
composto por diferentes escolas, rematado de um
dos lados pela ESCM, num terreno que suplantava
bastante em área disponível as áreas construídas.
Apesar de parte do terreno estar por ocupar,
na altura ainda não sabíamos por que razão,
surpreendeu-nos o aspecto cuidado da escola,
limpo, organizado. Transmitia-nos uma imagem de
eficiência e rigor.
À partida tínhamos conhecimento de alguns
pontos que deveriam ser abordados no projecto,
nomeadamente pelo facto de ter de se implementar
um turno único nas escolas, estas teriam que quase
duplicar a sua área, para poder ter todos os alunos
ao mesmo tempo. Começamos logo a procurar
formas de ocupar o terreno disponível e de ter uma
estratégia de organização global.
Sabíamos que o novo edifício seria muito grande e não queríamos que fosse muito compacto ou se
impusesse demasiado na frente do terreno. Entre algumas ideias que fomos testando, foi ganhando maior
força uma estratégia de implantação que copiava a implantação existente, deslocando-a a 45º no
sentido Sudoeste, criando um edifício que se ampliava alternado entre pátios e construções.
ESCM
ATELIÊ CARVALHO ARAÚJO
45
Depois começaram as reuniões, com a Direcção da Escola, com o
Parque Escolar, Entidades Públicas e com os restantes projectistas de
especialidades que compunham a equipa, assim como começávamos
a receber os levantamentos necessários para desenvolver melhor os
projectos. A escola já tinha tido reuniões com a Parque Escolar para
decidir o programa final para o projecto, assim o programa que nos foi
entregue já era relativamente consensual, poupando-se tempo nessa fase
também crucial do projecto. As discussões com as diferentes entidades e
projectistas englobavam o projecto nos seus aspectos mais técnicos e de
cumprimento das áreas máximas de construção e do custo total da obra.
Porém eram sobretudo as questões de apropriação de um património
imaterial que mais nos interessavam. Estávamos perante uma escola tipo semelhante a outras escolas tipo que proliferaram pelo
país, mudando a configuração conforme a topografia e a configuração do terreno, fortemente desconectado da sua relação
com o contexto.
Tínhamos particular interesse na ideia de evolução de uma escola tipo para uma escola identitária, baseado no contexto de
inserção urbana, na percepção da escola enquanto elementos simbólico nas suas características mais relevantes e de um
entendimento geral de um corpo dirigentes que tinha ideias claras sobre o modo de funcionamento da escola e da imagem
que devia transmitir. Este processo de concepção gera edifícios com um código próprio, como ADN, algo de individual e único;
Identidade ou personalidade.
No primeiro contacto que fizemos com a escola pedimos para descreverem o que era a sua escola, ou o que deveria ser. Pedimos
que elegessem algumas palavras-chave. Moderna, tecnológica e vanguardista, foram as palavras mais repetidas. De certa forma
todos gostavam de afirmar a sua individualidade, apesar de algumas pessoas conseguirem ser mais precisas, percebe-se sempre
nas pequenas preocupações como queriam que a escola funcionasse. Começamos nesta altura a visualizar uma escola como um
pequeno pólo tecnológico, a ideia de campus, como um somatório de vários edifícios.
SomosRevista
Sabias que...
46
Nesta altura as opções tinham que começar cada vez a ser mais específicas. Tornava-se importante decidir o que fazer com as
construções existentes. Para nós, mais importante do que saber se havia demolição integral, parcial ou se a construções eram
aproveitadas integralmente, interessava-nos o conceito de apropriação. Para explicar o que para nós significa este conceito lembro
uma entrevista de Philip Ursprung a Herzog & de Meuron. Este questionava qual era o significado do conceito de apropriação no
trabalho do atelier. Para ele era um conceito fundamentalmente diferente da "tabula rasa", e diferente da abordagem modernista,
mas não no sentido anti ou pós-moderno. É uma apropriação no sentido de adoptar estilos, formas de conduta e modos de
funcionamento fazendo uso do mundo existente.
Acerca da decisão do que é mantido da pré-existência ou do que é eliminado, a abordagem de Herzog & de Meuron é mais
próxima de Viollet-le-duc, misturado com um processo de artes marciais como o Aikido, usando a energia do oponente para
ganhar vantagem. Preservar o máximo possível de um edifício só faz sentido se ele tiver qualidades excepcionais ou se a demolição
por razões técnicas, financeiras ou políticas não for possível. Se houver uma resistência de qualquer tipo, não vale a pena oferecer
qualquer oposição heróica. Faz mais sentido integrar os elementos dados nas nossas próprias ideias.
Faço esta referência porque me lembrou as questões de opção de base que tivemos que tomar quando iniciámos os primeiros
projectos. Tendo por base escolas secundárias existentes que por força de uma mudança legislativa e de um programa de
renovação liderado pela Parque Escolar E.P.E. teriam de duplicar a sua capacidade. As questões de apropriação vistas desta
forma enquadravam-se na nossa visão e eram extremamente importante porque o programa da Parque Escolar é de reabilitação.
Os modelos de base das escolas de esquema 3x3 pavilhonar não eram particularmente relevantes ou interessantes. A sua
recuperação integral criava mais entropia do que
uma mais-valia no projecto. A utilização parcial dos
edifícios, fundamentalmente elementos estruturais e
algumas fachadas, propiciavam sobretudo alternativas
de implantação mais interessantes e diversas, com
geometria, ritmo e regras de composição de conjunto,
usando a topografia e o contexto como elementos
diferenciadores.
Depois de testadas as principais opções de projecto
tínhamos que começar a realizar uma organização mais
definitiva do programa. Um dos aspectos solicitados
tinha a ver com uma ideia de uma escola aberta à
comunidade, quer no seu funcionamento, quer na
disponibilização de espaços. Os espaços privilegiados
para se atingir esta relação eram a sala polivalente/
auditório, os espaços para clubes, as zonas de pausa
de alunos e as áreas desportivas. A área institucional,
composta pelos espaços de direcção, secretaria e
atendimento aos pais, era para nós também muito
importante. Queríamos que estes espaços fossem
facilmente acessíveis, que se localizassem no piso
térreo e fossem o primeiro contacto com a escola,
funcionando como um filtro para os espaços lectivos
de carácter mais privado.
SomosRevista 47
A solução de volumes e pátios encontrada nos primeiros
estudos era ideal para explorar com relativa facilidade
a separação destas áreas de abertura à comunidade
das restantes. Apesar de parecer que o projecto da
escola é composto por vários pequenos edifícios, a
verdade é que a escola é composta apenas por um
único edifício, como uma malha em xadrez que se
espalha sobre o terreno. Funciona como um animal em
pé sobre as patas. Ou seja, o edifício é parcialmente
elevado em relação ao terreno e apenas os programas
de abertura à comunidade se localizam no piso térreo.
São metaforicamente as patas, a ligação à terra, à
comunidade.
Sabias que...
48
Todo o restante edifício com as áreas lectivas funciona a partir do primeiro piso, até
um máximo de 3, num esquema de acessibilidade em espinha. Desta forma é criada
também uma permeabilidade visual e física no piso térreo, sendo possível atravessar o
edifício por baixo, libertando o máximo de terreno possível, criando simultaneamente
espaços exteriores cobertos para os alunos. Os novos espaços verdes criados fluem
através do edifício, criando um espaço exterior contínuo, amplo e luminoso.
SomosRevista 49
Apesar das escolas da Parque Escolar partilharem um modelo funcional parcialmente
idêntico, o resultado final é muito diferente no seu ambiente e composição formal. A
escola passou a ser um modelo híbrido entre uma escola compacta e um modelo
pavilhonar, uma vez que mantêm parcialmente o princípio de autonomia dos blocos,
que se interligam através de corredores que ocupam espaços intersticiais. Era importante
para nós a ideia de devolver o carácter institucional às escolas no seu carácter formal.
Esta ideia, que se foi mantendo nos liceus clássicos, tinha-se perdido um pouco com este
tipo de escola modelo.
Em todos os modelos existe o princípio de um percurso principal que a Parque Escolar
intitula de " rua do conhecimento" e que para nós é um elemento de continuidade em
toda a escola, criando o " percurso arquitectural" em "circuito fechado". É um elemento
que mantém sempre as mesmas características em todo o projecto, de cor, materiais
e organização, implantando-se como uma entidade própria. Esta solução permite que
se trabalhe os interiores de forma autónoma, uma vez que se pretende que exista uma
sensação de transição entre elementos diferentes, de certa forma percebendo-se as
relações preexistentes.
A nova escola é específica para este lugar e para esta comunidade. Não corresponde a um modelo ou cópia da escola anterior. É uma “experiência” que se pretende que seja a base da experimentação académica, do desenvolvimento e do conhecimento.
Sabias que...
50
A Parque Escolar, E.P.E. foi criada pelo
Decreto-Lei nº 41/2007, de 14 de Fevereiro.
Tem por objecto o planeamento,
gestão, desenvolvimento e execução
do programa de modernização da
rede pública de escolas com ensino
secundário aprovado pela Resolução do
Conselho de Ministros nº 1/2007, de 3 de
Janeiro.
Nessa resolução são apresentadas
as linhas orientadoras do Programa
de Modernização do Parque Escolar
Destinado ao Ensino Secundário.
Pretende-se, com este programa, “dar
uma resposta eficaz a um ensino que
se pretende exigente” e “constituir-se
como uma referência internacional: uma
escola a tempo inteiro, inclusiva e aberta
à comunidade”.
É sabido que o espaço escolar
pode influenciar as atitudes e os
comportamentos daqueles que o
utilizam (alunos, docentes e funcionários,
encarregados de educação), afectar
a aprendizagem e influenciar o diálogo
e a comunicação entre os membros
da comunidade escolar. Ao criar
oportunidades de aprendizagem
alargadas a todos, suportadas em
ambientes adequados, com qualidade
arquitectónica, confortáveis e
estimulantes, está-se a favorecer o
desempenho educativo. Ao oferecer
a docentes e funcionários condições
de trabalho adequadas e espaços de
descanso e socialização confortáveis,
pretende-se contribuir para o seu
bem-estar e consequente satisfação e
rendimento profissional.
O Programa de Modernização visa repor
a eficácia física e funcional do património
escolar edificado e tem os seguintes
objectivos:
1. Recuperar e modernizar os edifícios
escolares num processo conjugado de
reposição da eficácia física/ambiental/
funcional
Para isso, o grande esforço de
intervenção que se vem vindo a fazer,
pretende corrigir problemas construtivos
existentes, melhorar as condições de
habitabilidade, de segurança e de
acessibilidade, permitir a abertura
da escola à comunidade e adequar
as condições espaço-funcionais às
exigências decorrentes da organização
e dos curricula do ensino secundário,
designadamente: a) maior flexibilidade
na organização curricular, b) diversidade
de práticas pedagógicas; c) acesso
continuado a fontes de informação
variadas (centros de recursos); d) reforço
do ensino experimental de ciência e
tecnologia (laboratórios e oficinas; e) uso
intensivo de Tecnologias de Informação
e Comunicação (TIC); f) inclusão de
alunos com necessidades de educação
especial; g) presença continuada de
docentes e alunos na escola ao longo do
dia.
Neste âmbito reforça-se a necessidade
de requalificar globalmente o espaço
escolar através de uma intervenção ao
nível de espaços de ensino (salas de
aula, espaços laboratoriais, espaços
oficinais, espaços de trabalho para
alunos e para docentes); centro de
recursos / biblioteca; espaços sociais e
de convívio; espaços administrativos, de
recepção e de atendimento; espaços de
educação física; espaços exteriores, com
valorização da componente ambiental,
através de um projecto de arquitectura
paisagista adequado.
2. Abrir a Escola à Comunidade enquanto
elemento estratégico de construção
de uma cultura de aprendizagem e
de divulgação de conhecimento,
recentrando a escola nos meios urbanos
em que se insere, criando condições
para que nos horários extra escolares os
edifícios possam ser utilizados no âmbito
de actividades associadas à formação,
aos eventos culturais e sociais, ao
desporto e ao lazer.
3. Criar um sistema eficaz de manutenção
e gestão dos edifícios após a operação
de requalificação, mantendo uma
eficiente e eficaz gestão da manutenção
dos espaços escolares, em estreita
colaboração com a escola. Para isso,
considera-se de extrema importância
fomentar a correcta utilização das
instalações e equipamentos através
de medidas a fomentar com as escolas
de responsabilização e formação, de
educação para a cidadania e de
valorização do espaço público. No
sentido de garantir a utilização plena
das instalações, o sistema a implementar
pretende dar respostas eficientes às
solicitações pontuais de reparação e
cumprir uma correcta programação
de intervenções de conservação e
manutenção.
O diálogo que pretendemos fazer com
as comunidades escolares teve na Escola
Secundária do Castêlo da Maia uma feliz
realização: foi possível, no prazo previsto,
“Parque Escolar”Construir as Escolas do Futuro
SomosRevista 51
envolver todos os intervenientes – as
equipas da Parque Escolar e do gabinete
do arquitecto Carvalho Araújo puderem
manter com a direcção da Escola, com
os professores e demais comunidade,
uma fecunda troca de ideias até se
chegar a um projecto de que todos nos
orgulhamos.
Passados quatro anos estão já concluídas
98 escolas e em obra encontram-se outras
70. Para as fases seguintes preparam-
se agora concursos para mais de uma
centena de estabelecimentos de ensino.
As “novas escolas” que vão sendo
“habitadas” e apropriadas pelas suas
comunidades com benefícios educativos
reconhecidos, a disciplina e organização
que exige a realização da obra em
simultaneidade com o decorrer das
actividades lectivas, a colaboração
com tantas empresas, a nossa própria
experiência de trabalho, devolvem-nos
um profundo sentido de responsabilidade,
mas também de alegria e confiança.
Porque nos anima uma forte convicção
de serviço público, de rigor e eficácia, de
espírito de equipa com as comunidades
educativas e territoriais, queremos
construir as escolas do futuro, contribuindo
para uma melhor educação.
Eng.º Luís Martins, Delegação do Norte,
Director Geral Delegado.
Junho de 1994. Três jovens inexperientes foram eleitas para
formar o primeiro Conselho Directivo (Presidente, Vice-presidente
e Secretário), da então denominada Escola Secundária da
Maia, nº 2. A formação desta equipa foi feita de forma singular
e insólita. É uma história muito pessoal … e transmissível:
No dia da tomada de posse, a futura presidente transformou-
se rapidamente em futura ex- presidente, ou seja, não tomou
posse. Nesse momento, tive a impressão que a casa, ou melhor,
a escola, desabava em cima de mim. E agora? Quando dei por
ela, estava a futura vice-presidente (Rosa Fernandes) a passar,
rapidamente, de ex-futura-vice-presidente a presidente; e a
futura secretária (Paula Romão) a passar de ex-futura-secretária
a vice-presidente. Confuso? Sem dúvida.
Mas, estava a faltar um elemento. Quem iria ser a secretária
deste Conselho Directivo? Era preciso encontrar urgentemente
alguém ainda mais inexperiente que as duas anteriores, pois
faltavam apenas três horas para a tomada de posse do novo
órgão. Missão impossível? Nem pensar!
Afinal, sempre existem anjos e do sexo feminino! (Inês Marques)
“Serenamente”, as três jovens assinaram o livro de actas
oficializando, assim, o órgão do qual fariam parte durante os
dois anos seguintes.
Fez-se silêncio. E agora? Vamos ao trabalho! Na verdade se
diga que já estavam exaustas, pois fora uma manhã bastante
agitada. A partir daquele momento com certeza que tudo se
iria compor, tudo aquilo fora um pouco como um casamento
abençoado pela chuva.
Dias mais tarde, a jovem inexperiente, recém-empossada
presidente, comunicou
às outras colegas que
… estava grávida. Dali a
poucos meses a equipa
ficaria reduzida a dois
(ou seria a quatro?)
elementos. Nada que
assustasse estas mulheres (… do norte)!!
Nunca seria possível falar desta época única das nossas vidas
sem mencionar a colaboração ilimitada de vários colegas,
de entre os quais, justiça seja feita, à nossa querida Manuela
Vilarinho, que infelizmente já não se encontra entre nós, e ao
inexcedível colega Ilídio Moutinho. Nunca esqueceremos o
companheirismo destes colegas, que arduamente trabalharam
ao nosso lado. Passámos praticamente a viver na escola. Foram
horas sem conta fora de casa.
Estas três jovens inexperientes, foram ao longo dos anos
transformando-se em três profissionais que continuam a trabalhar
em prol de uma escola pública inclusiva, onde se educa, se
instrui e se socializa.
Junho de 2011. Já não são inexperientes e muito menos jovens,
mas continuam a acreditar que “Só aqueles que tem coragem
de caminhar podem viver todos os dias na certeza de lá
chegar.”( Messias Ricarte)
Professora Rosa Fernandes
primeiro Conselho Directivo
Sabias que...
52
Depois de ler o texto da minha ex-
presidente do Conselho Directivo, e
minha digníssima actual sub-directora,
entendi acrescentar mais uns pormenores
inéditos.
Estávamos no ano de 1994, quando um
belo dia de Maio, uma colega (Rosa
Fernandes) da escola se abeirou de
mim com um ar um pouco conspirador,
dizendo-me que queria falar comigo a
sós. Pensei logo o que teria eu feito de tão
mal que exigia uma conversa tão formal.
Mas enfim, educadamente lá acedi ao
tal encontro, resignada ao que dali
viesse.
1º acto: Apenas vos digo que
recordo até hoje cada palavra
proferida, cada segundo passado,
pois, à medida que a colega ia
desfiando o seu discurso, a minha
perplexidade era tão grande
que sinceramente, penso não ter
conseguido sequer articular uma
ideia, limitando-me a proferir algo
como: eu? porquê eu? olha que eu
não percebo nada disto, mesmo
nada (…) e o que eu gosto mesmo
é de dar aulas! Perante alguma
insistência lá acabei por me livrar da dita
colega, dizendo que ia pensar! Meti-me
no carro e andei sem rumo sempre com
aquelas palavras na cabeça: “Paula,
eu tenho-te observado e gostava que
fizesses parte da minha lista para a
próxima eleição do Conselho Directivo”;
eu? pensava, logo eu, caloira na escola,
quase inexperiente no ensino, e fascinada
pelos meus alunos? Porquê eu?
2º acto: Durante uns dias nem em casa
consegui falar sobre este insólito convite,
pois nunca tal me tinha passado pela
cabeça, ainda mais porque não tinha
nada a apontar à Comissão Instaladora,
que tinha sido indigitada para “abrir” a
escola. O tempo ia passando e as outras
duas colegas da suposta lista começavam
a esgotar a sua paciência pois eu “não
atava nem desatava” Na noite anterior
ao da entrega da lista, confesso-vos que
nem dormi, pois, por mais respeito que
tivesse pelas minhas colegas, nada me
impelia nem motivava para o exercício
de um cargo na direcção de nada, muito
menos de uma escola.
3º acto: Eram sete da manhã, do dia D,
já “je” se encontrava bem estacionada
em frente ao portão da escola, a
encher-me de coragem para dizer às
colegas um “não” convicto e definitivo,
preparada que estava para sustentar os
meus argumentos, no caso de insistência,
saudável, naturalmente, por parte das
outras duas “corajosas” colegas.
4º acto: Mas o “peso na consciência” era
muito por ter demorado tanto tempo a
decidir-me, pelo resolvi dar uma ajudinha
para resolver o problema da minha
substituição de modo a não inviabilizar
a dita lista de se candidatar. Assim,
tal como eu tinha sido “observada”,
também eu tinha tido oportunidade
de observar alguém que considerava
muito boa profissional. Nem hesitei, tinha
poucas horas para tentar persuadir
uma colega, ainda mais nova do que
eu, a aceitar algo que eu própria tinha
recusado; ou seja, ainda hoje não sei
como consegui convencer uma colega
inteligente (Inês) a aceitar esse desafio,
utilizando os mesmos argumentos em
sentido contrário, ou seja, usei-os para
lhe dizer porque não podia aceitar, e usei
os mesmos para a convencer do motivo
pelos quais achava que ela devia aceitar.
5º acto: A eleição ocorreu, tendo-
me eu comprometido a trabalhar
na retaguarda, nas férias e afins
para que tudo corresse bem, caso
viessem a vencer as eleições, o
que veio a acontecer. E assim
foi, um belo dia, estava eu a
ajudar a fazer as turmas, já as
aulas tinham acabado, quando
entra de rompante a obreira de
toda esta encruzilhada (Rosa
Fernandes) dizendo-me que desta
vez não lhe podia dizer que não,
pois o elemento da lista que iria
ser indigitado presidente, tinha
desistido no preciso momento da tomada
de posse. Voltei à estaca zero! O que
fazer?
6º acto: Agora o meu compromisso era
maior! Como dizer que não, outra vez, a
quem tanto tinha confiado em mim? Pior
ainda; como dizer não, a quem eu tinha
convencido ser um desafio interessante?
Como dizer não a duas colegas que
eu muito prezava, que considerava
muito profissionais e acima de tudo
por quem nutria o maior respeito? E foi
assim que me iniciei nestas funções. Ora
reparem quanto inconsciente fui: um
Insólito? Talvez! Ousadia? Muita! Inconsciência? Total!
53SomosRevista
ano estagiária; ano seguinte professora
do 3º ciclo; ano seguinte, professora do
secundário; ano seguinte, vice-presidente
do Conselho Directivo!
7º Acto: Mas o que vocês ainda não
sabem é que a minha digníssima equipa
me tirou o tapete algumas vezes, senão
vejamos: Julho 94, na tomada de posse:
Paula tu é que ficas a vice-presidente
(diz Inês); Novembro – Paula, estou
grávida (diz Rosa); Janeiro – Paula, a
partir de hoje tu é que diriges o Conselho
Pedagógico, lamento mas estou muito
grávida! Fevereiro – Paula, agora tens de
me substituir no Conselho Administrativo e
… (insiste Rosa). Fim do mandato – Paula,
acho que devemos trocar de funções e
deves ser tu a Presidente (diz, Rosa).
8º Acto: O resto da história é aqui contada
pela grande visionária de tudo isto (Rosa
Fernandes)! Mas quero-vos dizer que as
minhas ainda actuais companheiras de
direcção são fantásticas e que foram
sempre elas as mais corajosas; sim, porque
passado todo este tempo eu acho que
não aceitei logo por falta de coragem e
não por excesso de zelo ou consciência!
Tudo isto só foi possível, por estarmos no
ano de 1994, numa escola com 70 alunos,
que tinha sido inaugurada no ano anterior.
Hoje seria impensável esta sucessão
de factos pois o grau de exigência,
conhecimentos e de experiência revelam-
se variáveis indispensáveis na direcção
de uma escola. Muitos de nós fizemos
parte do crescimento desta escola e o
elevado civismo e bom clima que sempre
teve é atestado também pelo facto
de ainda cá estarem todos os colegas
que já fizeram parte da direcção, com
excepção dos que já se reformaram e do
colega que foi nomeado para instalar a
escola. Dessa comissão, destaco a nossa
querida colega Ana Maria Meireles e o
reformado mais bem disposto de todos,
Armando Mendes.
A nossa escola tem na sua génese, um
bocado de todos quantos passaram na
direcção, e na sua alma um pouco de
todos os que por cá passaram e ainda
permanecem. É o nosso orgulho! É a
nossa missão!
Ano lectivo Presidente/Director Vice-presidente/Sub-director Secretário/Adjunto do director
1992-94 Alcino Pinto Ana Maria Meireles Armando Mendes
1994-96 Rosa Fernandes Paula Romão Inês Marques
1996-98 Paula Romão Margarida Miranda Irene Tiago
1998- 2002 Albino Ramos Conceição Moutinho
Nuno Gomes
Armando Mendes
2002-2004 Paula Romão Dídia Oliveira
Rosa Fernandes
2004 - 2009 Paula Romão Lúcia Teixeira
Rosa Fernandes
2009 - 2011 Paula Romão Rosa Fernandes Graça Mota
Inês Marques
Directora Paula Romão
Galeria
54
Todos sabem que o Sr. Fernando,
assistente operacional desta escola,
tem como tarefa cuidar da segurança
de todos nós no espaço escolar. Todos
sabem que o faz brindando-nos com a
sua simpatia e disponibilidade, muitas
vezes ainda antes de atravessarmos o
portão. O que muitos não sabem é que
ainda arranja tempo para preservar a
memória colectiva da nossa escola,
através das imagens que vai recolhendo
e que ilustram a evolução do trabalho
de recuperação e transformação dos
edifícios.
Aqui fica um cheirinho da sua reportagem
fotográfica…
55
pontos de vista
56
1992-2011. Dezoito anos e alguns meses.
Uma mudança de século. Quantos
milhares de alunos? Muitos, muitos
mesmo. Quase uma geração passou
desde que a Escola Secundária do
Castêlo da Maia (ESCM) foi inaugurada,
em 31 de outubro de 1992. O que têm
em comum os 1048 alunos que hoje
frequentam a nossa escola com os 75
que a frequentaram naquele primeiro
ano? E o que os distingue?
Seria muito fácil cairmos no lugar-comum,
dizendo que os alunos de ontem eram
muito mais fáceis do que os de hoje, mais
educados, menos indisciplinados, mais
atentos e trabalhadores. No entanto,
devemos refletir sobre um aspecto
essencial: Quem eram, há 18 anos, e
quem são hoje os nossos alunos?
Em primeiro lugar, não esqueçamos
que, inicialmente, a ESCM tinha poucos
alunos e todos do ensino secundário. Em
1992, a frequência do ensino secundário
era, em termos percentuais e a nível
nacional, bem mais baixa do que é hoje,
o que significa que muitos dos jovens
ficavam fora das escolas secundárias.
Consequentemente, a escola secundária
pública era para todos na sua Missão,
mas não continha, de facto, todos.
Hoje, praticamente todos os jovens que
terminam o ensino básico continuam a
estudar nos vários percursos formativos
que a escola pública oferece. Além
disso, a nossa escola tem praticamente
tantos alunos do ensino básico como
do ensino secundário. Sendo assim, a
nossa população escolar é muito mais
heterogénea e diversificada em termos
de idade, meio familiar e contexto
sociocultural e económico. Esta é, por
si só, uma grande diferença entre a
ESCM de ontem e a de hoje; este é, em
si mesmo, um enorme desafio que se
coloca à escola.
Por outro lado, para além dos números,
outra questão deve ser equacionada:
Quem são, hoje, “as pessoas que
moram nos nossos alunos”, usando
uma expressão cunhada pelo Professor
Joaquim Azevedo?
Um relatório sobre as crianças inglesas
recentemente divulgado veio mostrar
que o culto do individualismo, ganância
e egoísmo teve e tem um impacto tal
na vida das crianças que as famílias e
os alunos necessitam de treino básico
em amor e responsabilidade moral.
Aconselha-se os pais a confiarem menos
nos infantários e creches e mais em
membros da família para os ajudarem
a educar os seus filhos. Critica-se o
consumo, promovido pela publicidade
dirigida às crianças, e o modo como
a utilização das redes sociais encoraja
os seus utilizadores a gabarem-se do
número de amigos que têm, sem nunca
pensarem na importância da qualidade
dessas amizades.
Desconheço se existe algum estudo deste
género para Portugal, mas penso que os
resultados não seriam muito diversos. O
consumo e a atracção pelas redes sociais
entre as crianças e jovens estão na ordem
do dia, também por cá. Por exemplo, um
estudo apresentado no Porto já este ano
concluiu que as crianças entre os 8-10
anos dão mais importância à roupa e ao
calçado do que aos brinquedos. Também
dados revelados no mês passado pela
Comissão Europeia, no âmbito do
projecto EUKidsOnline, revelam que 78%
dos jovens portugueses, com idades entre
os 13 e os 16 anos, estão presentes nas
redes sociais.
Ainda segundo dados deste ano, as
crianças com idade compreendida entre
os três e os 15 anos passam mais de cinco
horas por dia na companhia dos meios
de comunicação. Segundo este estudo,
uma em cada quatro crianças de oito
anos tem seis meios de comunicação
no quarto – 45 por cento tem televisão,
40% computador e 30% aparelhagem
ou rádio. Finalmente, 97% das crianças
com 12 anos e 64% com oito anos
tem um telemóvel, e 62% das crianças
portuguesas tem livre acesso à Internet.
Os especialistas em psicologia acreditam
que estes dados estarão muito próximos
da realidade actual. E, embora se refiram
à sociabilidade das crianças e jovens fora
da escola, penso que são essenciais para
lermos a realidade dentro da escola. De
facto, como pode a Escola esperar que
os alunos de 2011 sejam como os de 1992
ou mesmo de 1999?
Hoje não basta à Escola como instituição
apresentar bem “a matéria” para que ela
atraia e os alunos se interessem por ela. A
velocidade da nossa vida em sociedade
leva à impaciência e superficialidade; a
abundância eleva o consumidor ao poder
e o desperdício é visto como natural; a
A Escola e os alunos1992-2011: O que mudou?
SomosRevista 57
diversidade (também da informação)
obriga a uma enorme capacidade de
“filtrar” o mundo à nossa volta e torna as
escolhas mais difíceis; o prazer e a baixa
tolerância ao “não prazer” substituem o
agir “por dever”, a ideia de que muito do
que se quer só se consegue através do
sacrifício; a interactividade, mobilidade
e desmaterialização próprias do mundo
virtual fazem emergir novos valores
como a flexibilidade, capacidade de
adaptação, “ir e estar” sem sair do
mesmo sítio.
Por tudo isto, não vou aqui defender
que os alunos de hoje são piores do
que os de ontem. Mais difíceis? Talvez.
Mais desafiantes? Sem dúvida. É óbvio
que mudaram, que não têm os mesmos
comportamentos e atitudes. A questão é:
nós também mudámos, o mundo que é o
deles e nosso também mudou. A Geração
F, ou Geração Facebook, cresceu e
cresce online, num mundo digital onde
tudo é imediato, volátil e fugaz.
Perante tais mudanças, a Escola precisa
de saber ouvir, fugir à rotina, abandonar
progressivamente o método expositivo em
favor de aprendizagens mais interactivas,
centradas na experimentação e
promotoras da criatividade e inovação,
optar por métodos que favoreçam
a aprendizagem mais personalizada
e menos massificada, treinar para a
ausência de prazer imediato e diferir a
gratificação. Em suma, precisa de atrair e
não deve cair na tentação de se limitar a
fascinar os seus alunos.
Até porque fascinar é diferente de atrair,
como dizia Pedro D’Orey da Cunha há uns
anos. Os meios tecnológicos e digitais ao
dispor dos jovens de hoje podem fascinar
sem atrair. Os professores nunca poderão
ser substituídos pelos meios tecnológicos
e digitais porque estes não esperam nada
dos alunos, não têm esperança neles nem
expectativa do seu desenvolvimento.
Modernas investigações mostram bem
a importância fundamental desta
expectativa que se transmite de mil
maneiras: é o olhar de conivência, é o
sorriso de entendimento. E, ao contrário,
a ausência de esperança também se
transmite. O desafio que se nos coloca,
enquanto professores, é evitá-lo!
Luísa Pinho
Profª de Inglês e Coordenadora de Ensino Secundário
Estas últimas férias de Verão foram as únicas em que ansiávamos para que as aulas começassem, pois iria ser uma
nova experiência numa escola diferente em vários aspectos.
O tempo passou e... finalmente chegou o GRANDE dia – o primeiro dia de aulas.
No primeiro dia de aulas a nossa turma foi guiada até uma sala onde vimos pela primeira vez a nossa nova
Directora de Turma: a professora Alice Sousa.
À primeira vista pareceu-nos uma professora simpática, mas um pouco séria. O que se revelou falso, pois a
pessoa séria do primeiro dia, logo, logo passou a ser a professora amiga e carinhosa.
Infelizmente, quase no fim do primeiro período, a professora teve de se ausentar. Passadas umas
semanas chegou uma professora que a substituiria durante o resto do 1º Período e todo o 2º
Período: a professora Ana Caseiro. Logo no primeiro dia, a professora surpreendeu-nos com duas
músicas compostas por si. Demonstrou ser uma pessoa descontraída, talentosa e também
muito exigente.
Nesta escola todos os nossos professores são muito amigos e compreensivos; os
funcionários estão sempre dispostos a ajudar. Relativamente à turma, mesmo sendo
diferente, achamos que é muito divertida e acolhedora.
Achamos que esta é a melhor escola que já frequentámos, pois é organizada,
GRAAAAANDE e todos os funcionários e professores são muito simpáticos.
Gostámos muito das primeiras impressões que tivemos da escola e esperamos
continuar a sentir o mesmo durante os próximos anos… MAS NÃO
PRETENDEMOS FICAR AQUI PARA SEMPRE!!!
Mariana e Sara 7F
pontos de vista
58
ESCOLA VELHA, ESCOLA NOVA
MUDAR, MAS PARA MELHOR
“Continuamente vemos novidades / diferentes em tudo da
esperança” são dois conhecidos versos do nosso poeta Camões.
Não quero partilhar do seu pessimismo, quando falo da minha escola.
Aquela escola que conheci desde sempre, desde mesmo antes
dela ter sido construída. Faço parte da sua existência, conheço-a e
posso falar dela como só alguns dos docentes ou funcionários que cá
trabalham hoje.
Faço parte de, agora, um pequeno grupo que fundou a nossa escola
e que a viveu ao longo de duas décadas com entusiasmo, dedicação
e amor. Mas também faço parte de um grupo que ainda hoje
mantém esta antiga chama que nos envolve com os nossos alunos e
colegas a quem dedicamos o esforço renovado dia a dia de que a
vida moderna não se compadece. Foi para eles que construímos uma
escola que queremos que seja, antes de mais, um espaço de humanidade e de tolerância. Também
um espaço de saber, que só pode ser fundado nas raízes da amizade. Porque foi na escola que todos,
novos e velhos, aprendemos o sentido da palavra amizade.
Certo é que “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, lá diz o nosso Camões, e que as mudanças
nem sempre se fazem para melhor também sabemos. Mas este “mudar-se cada dia” faz parte do
nosso tempo. E é nele que vivemos e trabalhamos, é com as mudanças constantes que temos de saber
conviver. Saibamos, pois, mudar, mas sempre para melhor.
A nossa escola vai mudar. Vai deixar de parecer a mesma, parece até que estão a destruir a escola
velha. Vai ser renovada, reconstruída. Reconstruída, sim, fundada na escola velha. Novos e talvez
surpreendentes espaços e condições óptimas de trabalho nos esperam. Um novo rosto, um novo
aspecto. Não nos iludamos com as aparências, pois elas podem enganar-nos. Teremos que saber juntar
a juventude do espaço novo ao velho saber que vem de trás e saber fazer a mudança.
Quando falo da minha escola, gostaria de mudar os versos do Camões para dizer “Continuamente
vemos novidades / em tudo iguais à esperança”. É o meu desejo e estou convicta de que é também o
de todos os que fundaram e que querem continuar a nossa escola.
Professora Teresa Barbosa
A minha escola...Posso ter chegado cá apenas há um ano, mas para mim isso bastou para ver como esta escola
é limpa, os professores fantásticos, e como os espaços estão organizados.
A escola pode ter entrado em obras mas, mesmo assim, não perdeu o seu esplendor e a sua
capacidade de organização, com a qual eu me deparei desde o primeiro dia.
Mariana Pereira 7F
SomosRevista 59
Somos “Profissionais”
Somos quatro alunos do Curso Profissional de Técnico de
Energias Renováveis, aplicadas a Sistemas Solares Térmicos,
neste momento no segundo ano da nossa formação, o que
corresponde ao 11.º ano.
Decidimos frequentar este curso porque percebemos que o
futuro estava aqui. No final da nossa formação, teríamos dois
caminhos à nossa frente: ou o mundo do trabalho ou o do
prosseguimento de estudos.
Nos dias de hoje, em que o mercado de trabalho está já tão
preenchido e nos dá tão poucas oportunidades, estes Cursos
surgem como alternativa a quem pretende acabar o seu
percurso académico no final do 12.º ano, mas também a quem
pretende uma formação superior.
O facto destes cursos serem leccionados por módulos
capitalizáveis, dá-nos a vantagem de irmos progressivamente
adquirindo as competências. Caso isso não aconteça com
sucesso, temos sempre a oportunidade de recuperar essa
matéria, que estando mais dividida é menos extensa e, logo, de
mais fácil aquisição.
Outra das vantagens deste tipo de cursos é a formação em
contexto de trabalho, no segundo ano, pois permite-nos um
contacto prévio com o mercado de trabalho e com as nossas
futuras funções e responsabilidades. É, ainda, a melhor forma
de testarmos os conhecimentos que já possuímos e de repensar
alguns que não temos e outros que necessitamos de aprofundar.
Num país que tem apostado nas energias renováveis (a nosso
ver ainda há muito para fazer, muitas áreas onde investir e outras
para repensar), este Curso de Técnico de Energias Renováveis,
pareceu-nos aliciante, atractivo e com grandes saídas
profissionais. Esperamos dar o nosso melhor e maior contributo
para uma área essencial à economia e ao progresso do país: a
auto-suficiência energética.
Edite Sousa; Hugo Costa; Mara Santos; Sílvia Lopes 11 I
AS OBRAS NA NOSSA ESCOLA …
Desde o início do mês de Março, a nossa escola tem entrado num processo
de remodelação dos seus edifícios e envolvente.
Em primeiro lugar, está a ser feita a remodelação dos pavilhões E e D. Esta
situação faz com que os que tinham aulas nesses pavilhões, tenham agora
que se deslocar para contentores situados no campo de jogos! Por vezes, este
facto torna-se bastante aborrecido pois, especialmente no Verão, parece
que estamos dentro de um “forno”!
Na minha opinião, o projecto está interessante, sendo o edifício muito
moderno!
Porém, penso que este projecto destruiu um auditório construído recentemente
(há pouco mais de 1 ano!) e que, pelo que sei, teve elevados custos,
apresentando-se novo e muito moderno!
Concluindo, a “nova escola” vai ser interessante e diferente, mas a “velha
escola”, no meu entender, não estava assim tão mal para que se justificassem
estas obras, principalmente nos momentos difíceis em que nos encontramos
em termos económicos.
Hugo Gomes 10ºF
PROTESTO - E o 10º F, pá?”
“Todos os alunos do 10º F … (16 esbeltos
rapazes e uma deslumbrante rapariga!)…
pretendem deste modo apresentar o seu
descontentamento pelo facto da sua
participação no Concurso de Quadras
de S. Martinho, apesar de ter sido alvo de
destaque (obteve um dos prémios!), a turma
não ter sido identificada fotograficamente,
como é tradição na revista da nossa escola!
Bom, … nós reconhecemos a nossa beleza,
mas … SEREMOS assim tão excessivamente
BELOS?!” alunos do 10F
A Equipa da SomosRevista aproveita a
oportunidade para relembrar que se reserva
o direito de seleccionar textos, fotografias,
ilustrações, entre outros, de acordo com
critérios editoriais. Desta forma, agradecemos
o contributo desta turma com a sua quadra
publicada no número anterior, no entanto
não nos sentimos obrigados a ilustrá-la, tal
como não o fazemos à totalidade os textos
que nos são fornecidos.
A Equipa SomosRevista
pontos de vista
60
A minha, nossa Escola
A história repete-se: mais um ano a terminar, gente que vou
deixar para trás, pessoas que não vou mais cumprimentar, paredes
que não mais me vão acolher, cadeiras nas quais não me vou mais sentar,
computadores nos quais não mais vou teclar, infoponto que já não vai necessitar da minha
password, nomes que não mais vou chamar… costuma ser sempre assim, ano após ano, com o
aproximar do fim das aulas dois sentimentos me assolam o espírito: a felicidade do dever cumprido e a nostalgia
do que deixo para traz.
Uns loiros, outros morenos, uns altos, outros mais baixos, uns mais gordinhos, outros mais magros, uns felizes, outros nem tanto, uns
entusiasmados, outros desmotivados, uns sabichões, outros com maiores dificuldades, cada um com os seus defeitos e qualidades.
São tão diferentes, todos trabalham de modo diferente, todos querem coisas diferentes e todos têm sonhos diferentes. Claro que
estou a falar dos meus alunos, daqueles que têm feito parte da minha vida ao longo dos anos e que me deram a felicidade de
com eles poder privar, aprender e ensinar.
A Escola, enquanto instituição ou estabelecimento de educação, deve ser um lugar de excelência, parte integrante da
nossa formação e construção da nossa felicidade, não apenas um edifício. A escola deve ir para além do espaço físico. A
Escola para mim é uma comunidade, uma comunidade constituída por pessoas, pessoas singulares que embora substituíveis,
continuam a fazer parte da história dos lugares por onde passam. A Escola está em permanente reformulação, reformulação
essa patente não apenas nas novas paredes que se irão edificar mas também nas novas pessoas que por ela irão passar e
que da sua história para sempre irão fazer parte.
Habituei-me a esta Escola, como todos os anos me habituo às outras por onde vou passando, apesar de saber que não
vou nelas permanecer por mais que alguns meses. Fixei nomes, estabeleci amizades/cumplicidades, entreguei-me a
diferentes rotinas, adaptei-me às novidades. É claro que a saudade faz parte do meu quotidiano, saudade dos que
outrora também deixei para trás. Melhor me compreenderão os colegas que, como eu, todos os anos se deparam
com uma nova Escola.
Quem julga que fazer da Escola um lugar perfeito é uma tarefa fácil, desengane-se, pois como disse, a Escola é
constituída por indivíduos e a perfeição, por muito que possa ser um objectivo a alcançar, não é uma característica
inata ao indivíduo.
A Escola faz-se quotidianamente com muito amor, respeito, paciência, democracia, compromisso, carinho,
firmeza, compreensão e esforço de todos nós que existimos e que tornamos possível que esta exista também.
Na sociedade actual, a volatilidade ideológica que actualmente vivenciamos e que se traduz numa grave
crise valorativa condiciona em certa parte o seu principal propósito que é garantir o desenvolvimento pleno
e harmonioso da personalidade do indivíduo e criar condições favoráveis à promoção do sucesso escolar e
educativo. Contudo, orgulho-me de ter passado por mais uma Escola e comprovar o esforço encetado por
todos quanto dela fazem parte na concretização deste grande objectivo.
Urge saber aproveitar as oportunidades e, sobretudo acreditar: crer na realização pessoal no nosso potencial
e na relação digna com os outros, no sonho e na ambição.
Sejam felizes e descubram um norte para a vossa ambição. Professora Mª João Almeida
SomosRevista 61
O nosso regresso à escola
O nosso regresso à escola, foi o chegar a uma meta já há algum
tempo por nós traçada que só agora vemos concretizada.
Este nosso voltar tem como objectivo essencialmente elevar os
nossos níveis de habilitações escolares com a esperança que
este seja uma mais-valia quer a nível profissional, quer a nível
pessoal.
Chegados à escola vemo-nos confrontados com um tipo de
ensino e método completamente distinto daquilo que nós
estávamos habituados, não há testes de avaliação, mas núcleos
geradores e domínios de referência, não há aulas expositivas,
mas sessões em que somos levados a reflectir acerca de todo
o tipo de assuntos e matérias, não há manuais mas sim um
Referencial de Competências – Chave onde estão inscritas as
tais competência que nós temos que validar, não há professor
mas sim formador. Este tipo de ensino baseia-se essencialmente
na nossa experiência pessoal e profissional, no fundo do nosso
conhecimento do mundo.
No que respeita às relações interpessoais que estabelecemos
entre o grupo até estas são completamente diferentes, isto
porque: a faixa etária em que nos encontramos é outra, há uma
troca de experiências devido à diversidade de idades, o facto
de as aulas serem à noite torna o ambiente mais motivador,
funcionando para nós como um escape à rotina diária, apesar
da exigência do processo.
Deste modo as nossas expectativas estão a ser superadas aos
vermo-nos confrontados com este tipo de ensino. Apesar da
exigência do processo, uma vez que temos sessões de segunda
à sexta das 19:00 às 23:00, o grupo/turma mostra um grande
espírito de entre ajuda, de companheirismo, de solidariedade
e de partilha. São estes os valores que estruturam a nossa
caminhada, que estão a revelar-se a chave para o nosso
sucesso, neste nosso regresso à escola.
CURSO EFA – EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DE ADULTOS NS
(2010/2011)
somosRevista investigou
62
A criação, melhoramento e preservação das áreas verdes
foram desde cedo uma prioridade na nossa escola. Ao longo
dos anos, professores, funcionários e alunos dedicaram-se
a construir e a enriquecer um património vegetal relevante,
coleccionando não só espécies com interesse ornamental,
mas sobretudo aquelas com importância ecológica, típicas dos
nossos ecossistemas, da região atlântica e mediterrânica.
Importa referir que a escola, integrada num pólo escolar,
construído de raiz numa zona de lavradio, ainda com muita
actividade agrícola, era marcadamente rural no ano da sua
inauguração. Anunciava-se já um acelerado processo de
transformação (construção de grandes vias, de habitações e
urbanizações, de fábricas e armazéns) conforme o modelo
de desenvolvimento comummente aceite, o que significa
pouco sustentado. Na altura, o Projecto pensado e designado:
“Humanizar a Escola” tinha a grande finalidade de alertar para a
necessidade de conservação desse ambiente com fortes marcas
de ruralidade e colocar a natureza no centro das atenções,
transmitindo as regras e a informação necessárias para, em
uníssono, se construir uma consciência ecológica. À frente deste
projecto esteve uma equipa de professores orientados pela Drª
Manuela Vilarinho. Foi um projecto agregador de saberes e de
áreas disciplinares diferentes que se construíram à volta do então
designado “Clube Verde”, apoiado pelo Departamento de
Ambiente e Qualidade de Vida da Câmara Municipal da Maia.
As actividades desenvolvidas eram variadas desde reciclagem
de papel, elaboração de objectos com esse papel (postais de
natal, capas e artefactos), orientados pelo grupo disciplinar de
Educação Visual, participação em feiras de plantas e mostras,
onde se foi ensinando essas artes e transmitindo a mensagem,
que se disseminou rapidamente. O projecto Educativo tinha um
forte vínculo ambientalista que se traduzia no desenvolvimento
Um jardim não é só paisagem
SomosRevista 63
de imensas actividades transversais às várias disciplinas,
favorecendo os projectos de área-escola que integravam o
currículo do ensino básico na altura.
Criada a sensibilidade, nos anos seguintes a escola partiu
para uma 2ª fase de implementação do projecto com o
enriquecimento dos jardins, principalmente nas zonas limítrofes
do perímetro da escola virado para a estrada e, ainda, as
encostas dos pavilhões E e C. A opção por plantas autóctones
orientou desde sempre as nossas escolhas e a candidatura a
vários projectos (do Instituto de Promoção Ambiental - IPAMB,
do Ciência Viva, etc.) propiciou a colaboração com diferentes
instituições como, por exemplo, a Fundação de Serralves, o
Parque Biológico de Gaia, o Instituto Geológico e Mineiro e a
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD. O professor
do departamento de botânica desta universidade, Prof. José
Ribeiro proferiu uma palestra para a comunidade escolar
sobre a importância da preservação da flora autóctone e da
biodiversidade, ajudou a classificar algumas espécies e deu
orientações sobre a colocação de algumas, como os cuidados
a ter no seu desenvolvimento, principalmente das espécies mais
exigentes. Tínhamos à época uma colecção de mais de 150
espécies autóctones vindas de todas as regiões do país, algumas
espécies endémicas integradas na Rede Natura 2000, altamente
protegidas, que víamos crescer, misturar-se e adaptar-se às
novas condições. Foi um laboratório de experiências! As aves de
jardim atraídas pelos espaços abertos dos prados, pelos frutos
selvagens (framboesas, mirtilos e morangos-bravos) e pelos
insectos dos jardins de plantas aromáticas, alegravam-nos com
a sua presença.
Tivemos também o privilégio de contar com a presença do
Padre Fontes, conhecido pela organização do Congresso
de Medicina Popular de Vilar de Perdizes, que nos contou os
segredos das pomadas milagrosas e mezinhas que tudo curam,
utilizando determinadas ervas. O projecto
da escola inserido no programa “Ciência
Viva” tinha como finalidades o estudo dos
diferentes tipos de solos da escola, as plantas
mais adaptáveis a esses solos, e aquisição de
plantas aromáticas/medicinais. Estas últimas
provenientes da empresa de agricultura
biológica ERVITAL – PLANTAS AROMÁTICAS E
MEDICINAIS LDA do Mezio – Castro Daire - Viseu,
onde fomos em visitas de estudo com os nossos
alunos de Técnicas Laboratoriais de Biologia II.
De todas estas formas, criaram-se condições
de partilha, enriquecendo-nos em experiências
e conhecimentos, tornando assim possível
concretizar muitos dos nossos sonhos. Muitas
horas foram dedicadas à plantação das espécies adquiridas,
muitos fins-de-semana dedicados a esta missão tão nobre e, ao
mesmo tempo, aprazível. Vê-las desenvolver de ano para ano
foi, para todos nós, gratificante.
Muito mais se podia dizer, mas por mais que se diga mais fica
por dizer!
Agora, a escola defronta-se com um novo desafio. No processo
de construção da nova escola, este espólio e a forma como
será perpetuado constitui um assunto delicado. É evidente que
todos nós, de uma forma ou de outra, ficamos sensibilizados
quando vemos desaparecer espaços que já faziam parte do
nosso dia-a-dia, que nos habituamos a gostar e que ajudamos a
humanizar. Mas devemos encarar a mudança com optimismo e
também acreditar que será para usufruir de uma escola melhor.
Muitas árvores já foram salvas, com a mestria da equipa
técnica encarregada de o fazer, outras infelizmente não
terão a mesma sorte, por serem demasiado grandes, pouco
relevantes ou estarem no sítio errado. Outras pequenas plantas
foram transplantadas por nós mesmos e serão posteriormente
integradas nos novos jardins, sempre com a anuência do
arquitecto paisagista João Bicho. Algumas dessas espécies
poderão vir a embelezar/ornamentar jardins, varandas e
floreiras de elementos da nossa comunidade educativa, que
se inscreveram para uma possível aquisição. Faz-se de tudo
para aproveitarmos ao máximo as nossas plantas e a nossa
biodiversidade.
Importa lembrar que um projecto de arquitectura paisagista é
um trabalho de autoria, que deve ser respeitado, caso contrário
corremos o risco de o desvirtuar. No entanto, tivemos sempre
uma atitude receptiva por parte do arquitecto responsável, que
soube no momento próprio e com conhecimento de causa
esclarecer as nossas dúvidas e, também, aceitar algumas das
somosRevista investigou
64
nossas sugestões.
Fazem parte da nossa herança os Azevinhos (Ilex aquifolium),
os amieiros (Alnus glutinosa), as árvores do género Acer (Acer
negundo, Acer pseudoplatanus, Acer palmatum), as bétulas
(Betula celtiberica), os cedros (Cedrus atlantica), os ciprestes
(Cupressus sempervirens), o marmeleiro (Cidonia oblonga),
os Cotoneaster sp., os pilriteiros (Crataegus monogyna), o
diospireiro (Diospyros kaki), os freixos (Fraxinus angustifolia), os
liquidâmbares (Liquidambar sp.), os oleandros (Nerium oleander),
as aroeiras (Pistacia lentiscus), os pinheiros-manso (Pinus pinea),
os carvalhos (Quercus robur), os sobreiros (Quercus suber), a
oliveira (Olea europaea) as tramazeiras (Sorbus aucuparia),
as tílias ( Tilia sp.), os folhados (Viburnum tinus), só para referir
algumas de entre muitas outras plantas.
Todo este património herdado será enriquecido com a
execução do projecto paisagístico, uma vez que este
contempla um grande incremento de biodiversidade, com
a introdução de novas espécies arbóreas, arbustivas e
herbáceas, nomeadamente medicinais e aromáticas. Serão
também criados novos espaços como, por exemplo, as hortas
pedagógicas na zona do descampado.
No final, esperamos ter uma escola que não perca a sua
identidade, que saiba preservar a sua memória e que perspective
o seu futuro, coligindo vontades, promovendo valores e
prosperando com a dedicação de toda a comunidade escolar.
Professores Nuno Gomes, Célia Fernandes e Carminda Teixeira
SomosRevista 65
somosRevista investigou
66
ENSINO BÁSICO
EXAMES NACIONAIS 9º ANO – LÍNGUA PORTUGUESA
MELHOR MÉDIA de entre as 9 escolas do concelho em 2008 e
2010; a 189ª melhor média num total de 1301 escolas públicas e
privadas a nível nacional.
EM 2010: segunda escola que MAIS ALUNOS LEVOU A EXAME
(140) no concelho da Maia.
EXAMES NACIONAIS 9ºANO – MATEMÁTICA
3ª MELHOR MÉDIA do concelho em 2007 e 2010 (com diferenças
de 2 décimas para as escolas com a melhor média) ; a 262ª
melhor média num total de 1301 escolas públicas e privadas a
nível nacional.
EM 2010: segunda escola que MAIS ALUNOS LEVOU A EXAME
(140) no concelho da Maia.
PORT + MAT: Posicionada NO GRUPO DAS ESCOLAS PÚBLICAS
COM MELHORES RESULTADOS nos exames nacionais no ano de
2010 (83,64% das escolas obtiveram resultados inferiores aos
nossos);
PORT + MAT: 63º Escola a nível nacional QUE MAIS ALUNOS
LEVOU A EXAME em 2010 (ou 52º, se incluídas apenas as escolas
públicas) num total de 1301 escolas.
ENSINO SECUNDÁRIO
Dados do teste OTES (GEPE – MIN-EDU) 2010
dos alunos inquiridos à saída do ensino secundário, responderam
“concordo” ou “concordo totalmente” , em relação às
afirmações abaixo, nas seguintes percentagens:
93% - “A maior parte dos meus professores tem qualidade”:
85% “Os professores fazem um esforço para tornar as aulas mais
interessantes (visitas de estudo, debates, filmes, etc.)”;
87% “Existe uma boa relação entre a maioria dos professores e
alunos”;
93% “Gosto do convívio com a maioria dos meus colegas”;
80% “O ambiente da turma contribui para a minha
aprendizagem”;
96% “Existe uma boa relação entre a maioria dos funcionários
e alunos”;
95% “Sinto-me seguro nesta escola (não existem problemas de
segurança, violência, existência de armas, tráfico de droga,
etc.)”.
Dados do último relatório teste AVES (OPINIÃO SOBRE A ESCOLA,
Setembro 2010)
QUE ESCOLA SOMOS?
os nossos resultados
SomosRevista 67
Tens à tua espera professores empenhados e funcionários
dedicados!
O grupo das Escolas estudadas, o Valor Acrescentado (AVES)
da ESCM é o quinto maior no Ensino Secundário.
Há grande tradição nos cursos profissionalizantes das áreas do
Desporto e da Gestão de Redes Informáticas.
Em pelo menos um dos últimos três anos, os resultados nos
exames nacionais estiveram entre as 35% melhores escolas a
nível nacional nas oito disciplinas com mais inscritos.
Em 2010-11, os alunos de 10º ano obtiveram muitos bons
resultados nos testes intermédios.
TAXAS DE REPETÊNCIA
ENSINO BÁSICO – no ano 2009/2010, a taxa de repetência foi de
6,1%, inferior à do concelho (11,1) e à nacional (13,6%)
ENSINO SECUNDÁRIO – no ano 2009/2010 a taxa de repetência
foi de 17,7% , a do concelho de 16,3% e a nacional de 17,9%.
TAXAS DE DESISTÊNCIA E DE ABANDONO
Taxa de desistência e abandono em valores muito inferiores
quando comparados com os valores nacionais.
Os nossos projectos
Projecto “Mais Sucesso Escolar” (2007-2010)
Objectivo: recuperar os alunos com mais dificuldades no Ensino
Básico;
Resultados: taxa de transição dos alunos abrangidos pelo
Projecto no 9º ano em 2010 – 97%. (na globalidade das turmas
de 9º ano essa percentagem foi de 99,3% )
Recursos e iniciativas: apoios extra-aula com horário marcado
e dois professores em sala de aula a Português, Matemática e
Inglês, tutoria, turmas reduzidas.
Projecto “Na Escola, Pela Escola” (2010-2013)
Objectivo: Taxa de progressão esperada para 2012-2013 – 97%
(8º ano); 96% (9º ano).
Resultados: ainda não disponíveis; de referir as excelentes
classificações dos alunos em algumas turmas do 10º ano nos
testes intermédios.
No ano lectivo 2010/2011 as médias da turma 10ºB nos testes
intermédios foram: Físico-Química 17,6 valores; Filosofia - 17,7
valores; Biologia e Geologia - 14,0 valores; Matemática – 15,3.
Recursos e iniciativas: Formação de turmas, em Port e Mat, de
acordo com os resultados escolares dos alunos no 9º ano; apoios
diferenciados por níveis de proficiência.
Projecto “Programa de Acção Tutorial”(Ensino Básico)
Objectivo: atenuar eventuais situações de conflito e resolver
dificuldades de aprendizagem dos alunos.
Resultados: incrementou-se a relação da família com a escola;
centrou-se o trabalho na educação para os valores, cuidando
da formação integral.
Promover o sucesso pessoal e educativo dos alunos.
Recursos e iniciativas: acção de tutoria (professores-tutores e
alunos-tutores) em que intervêm os elementos diferentes da
Comunidade Educativa (alunos, docentes e encarregados de
educação).
o nosso website
http://www.secundario.maiadigital.pt/NR/exeres/9428E296-
4260-4954-B9F1-BC7EADADC496,frameless.htm
Os nossos clubes
Cidadania, Línguas, Saúde, Ambiente e Segurança,
“Mais Sucesso”, Cultura e Comunicação.
a nossa missão Prestar à comunidade um serviço de qualidade, assente num
ambiente de humanismo, responsabilidade e autonomia, tendo
por base elevados padrões de exigência e um dinamismo
constante.
a nossa visãoValorizar as potencialidades de cada um, estimulando o trabalho
em equipa, num ambiente de partilha e de colaboração.
os nossos valores
Compromisso, solidariedade, responsabilidade; Rigor,
determinação, reflexão, resiliência; Criatividade, iniciativa,
curiosidade; Equidade, cidadania, tolerância.
“Na Escola, pela Escola” A Direcção
Nós somos uma escola onde:
Aitor Amorim 7ºG; Alexandre Simões 7ºF; Ana 9ºC; Ana
Luísa Azevedo 12ºE; Ana Patrícia Dias 7ºG; Ana Sofia Conceição 12ºE; André Moutinho 7ºC;
Andreia Pimenta 9ºB; Anita Teixeira 9ºB; Assistente Comenius Tabita Fyhn Jacobsen; Assistente
Operacional Fernando Correia; Atelier Carvalho Araújo; Bernardo Nogueira 7ºF; Daniela Correia
9ºA; Diana 9ºC;
Direcção da ESCM; Edite Sousa 11ºI; Encarregada de Educação e Ex-Docente da ESCM Isabel
Gonçalves; Ex-Docente da ESCM Ilídio Manuel Moutinho; Encarregada de Educação Filomena
Soares; Encarregada de Educação Helena Lago; Ex- aluno da ESCM Tiago Bandeira; Ex- Auxiliar
de Acção Educativa da ESCM Maria Manuela Liberato; Ex- Docente Ana Meireles - 1ª comissão
instaladora da ESCM; Ex-aluna da ESCM Ana Sofia da Silva Campos; Ex-Docente da ESCM
Reinaldo Moreira da Costa Padrão; Francisca Viegas 12ºC; Helena Alves 10ºH; Helena Andrade
10ºH; Hugo Costa 11ºI; Hugo Gomes 10ºF; Inês Fernandes 7ºG; Inês Soares 7ºG; Joana Martins 12º
C; Joana Ramos 7ºF; Joana Santos 7ºG; João Pinto 8ºD; José Pedro Moreira 7ºG; Leonardo Ferreira
8ºD; Luís Alão 8ºD; Mara Santos 11ºI; Maria Inês 7ºG; Mariana Lopes 8ºD; Mariana Oliveira 7ºG;
Mariana Pereira 7º E; Mariana Pereira 7ºF; Mariana Pinheirinho 8ºC;
Mariana Pinho 7ºF; Marlene Barbosa 12ºE; Marta Gil 7ºB; Miguel Garcia 7ºG; Miguel Oliveira 12ºC;
Mónica Magalhães 12ºB; Parque Escolar; Pedro Machado 7ºG; Professor Eduardo Silva; Professor
Eleutério Silva; Professor João Ferreira; Professor Joaquim Anjos; Professor Nelson Honório; Professor
Nuno Gomes; Professora Carla Madureira; Professora Carminda Teixeira; Professora Célia Almeida;
Professora Célia Fernandes; Professora Elisabete Oliveira; Professora Emília Cabral; Professora
Licínia Pranto; Professora Luísa Pinho; Professora Manuela Vale; Professora Maria João Almeida;
Professora Paula Romão – Directora da ESCM; Professora Raquel Lopes; Professora Rita Gonçalves;
Professora Rosa Amaral; Professora Rosa Fernandes; Professora Sandra Mota; Professora Silvina Pais;
Professora Sónia Sousa; Professora Teresa Barbosa; Professoras de Educação Visual; Professores de
Geografia; Rita 9ºC; Sara Andrade 7ºE; Sara Ferreira 7ºG; Sara Isabel 7ºF; Sílvia Lopes 11ºI; Sofia
Fernandes 8ºB; Sofia Pedro 7ºG; Teresa 8ºE; Vasco Duarte 7ºG; Verónika Somova 8ºB.
SomosRevista - ficha técnicaRevista 04/ Junho 2011|Escola Secundária Castêlo da Maia |Coordenadora: Délia Carvalho |Grafismo e Paginação: Júlia Santos |
Publicidade: Maria Clara do Vale | Redacção / Revisão: Alice Sousa; Rita Gonçalves; Xavier Calicis.
Colaboraram nesta edição:
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