TEXTO DE MARCELO CASAGRANDE

NO NEGÓCIO MOTIVAÇÃO

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Premiar os funcionários nem sempre envolve dinheiro. Às vezes, proporcionar um dia de folga no aniversário ou levar a família dos colaboradores para dentro da empresa podem ser boas formas de reconhecimento

A velha máxima já se tornou clichê, mas é uma verdade, prati-camente absoluta, em diversas empresas: “funcionário feliz rende mais”. Mas o desafio para se chegar a essa “tal felici-dade” é grande: motivar a equipe sem estourar o orçamento

que, na maioria das PME’s é apertado. O jeito, então, é apostar na cria-tividade para motivar a equipe. Premiações em dinheiro são sempre muito bem-vindas, mas há quem queira mais: reconhecimento, rega-lias e flexibilidade.

RECOMPENSAR SEM GASTAR

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As campanhas de premiação podem gerar uma exposição positiva do colabo-rador e proporcionar futuras promoções, garante o sócio-diretor do Grupo CDPV, Edson Bregolato. “Uma das maiores con-tribuições das premiações está no refor-ço das prioridades e metas para a equipe. Quando bem elaboradas e comunicadas, podem ser um instrumento de troca de experiências e boas práticas, trabalhadas de forma a se construir um ótimo am-biente de trabalho, coaching e feed back”, opina Bregolato.

O consultor de negociação e lideran-ça e autor do livro “Negociação total” – da editora Gente –, José Augusto Wanderley, acredita que para se falar de motivação é preciso entender do assunto e tratá-lo com paixão, entusiasmo, energia e deter-minação. “A verdadeira motivação é du-radoura, é como fogo de lenha. Euforia é como fogo de palha, é momentânea e passageira. É também conhecida como motivação oba-oba”, afirma o especialista que complementa: “É importante saber de que nível organizacional, estratégico, tático ou operacional é a equipe. Se o cli-

“É importante saber de que nível organizacional, estratégico, tático ou operacional é a equipe. Se o clima organizacional for horroroso as premiações vão ter pouco efeito e até serem vistas com cinismo”JOSÉ AUGUSTO WANDERLEY, ESCRITOR

NO NEGÓCIO MOTIVAÇÃO

ma organizacional for horroroso as pre-miações vão ter pouco efeito e até serem vistas com cinismo”. Assim, é importante saber como é que a liderança se manifesta e como os conflitos internos são tratados.

FELICIDADE QUERENDE OU NÃO?Quem premia o colaborador está em

busca de um retorno ainda maior por parte do funcionário. Sinônimo de pro-dutividade. “A motivação por meio da valorização – reconhecimento, recom-pensa e perspectiva –, gera o retorno em função do valor que ele [o funcionário] gera para a empresa, sua importância e sua responsabilidade, faz com que ele se sinta ‘dono’ e normalmente muito mais feliz”, explica Bregolato.

Já José Augusto Wanderley compar-tilha de opinião diferente. Para ele, a fe-licidade não está ligada diretamente ao rendimento. “Às vezes, uma pessoa po-de ser feliz porque foge dos problemas. O funcionário que rende mais é o que sabe superar adversidades, contrariedades e a lei de Murphy”, justifica Wanderley.

RECONHECIMENTO

REALIZAÇÃO

ASSOCIAÇÃO

SEGURANÇA

FONTE: JOSÉ AUGUSTO WANDERLEY

FUNCIONÁRIO E SUAS 4 NECESSIDADES FUNDAMENTAIS

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DESCANSOPARA COMEMORARNa sede da empresa BlueBox Comu-

nicação, os funcionários já sabem que aniversário é dia de folga. E o presentão vale mesmo quando a data cai no fim de semana. Nesse caso é só escolher um dia útil no calendário para poder descansar. Mas esse é apenas um dos “artifícios” usados pela empresa para que o clima organizacional seja positivo e o rendi-mento satisfatório. “Tem o Morning Call BlueBox. Um café da manhã que é or-ganizado a cada dois meses, com mesa farta e saudável, e todos participam. No evento, os mais diversos temas são abor-dados, como resultados financeiros da agência, novas atribuições de colabora-dores, entre outros. Já surgiram grandes ideias criativas e inovadoras dos cola-boradores durante esses encontros”, re-vela o sócio-diretor da BlueBox, Marcio Martinelli.

O executivo conta que a lista ainda tem outras ferramentas. Entre elas, a avaliação trimestral, usada para moti-var os funcionários que são movidos por feed back. A cada três meses, os sócios rea lizam uma análise do trabalho de cada colaborador. Todos recebem uma nota que é comparada à anterior. Com isso são mostrados caminhos para ajus-tes de atitude, habilidades gerenciais e capacitação técnica. “Durante essa con-versa, o colaborador pode dar o seu feed back concordando ou não com a aná-lise realizada e debatendo sobre o que não concordam inteiramente”, explica Martinelli.

Os investimentos são mínimos, mas por outro lado, os resultados são bastan-te satisfatórios. A empresa percebeu que os colaboradores sentem-se motivados, engajados e prestigiados. Os efeitos são percebidos mais fortemente nos primei-ros dias após a realização dos eventos. Por isso, a frequência e a ideia de um ca-lendário estruturado de programas são aspectos considerados.

“Tem o Morning Call BlueBox. Um café da manhã que é organizado a cada dois meses, com mesa farta e saudável, e todos participam. No evento, os mais diversos temas são abordados, como resultados financeiros da agência, novas atribuições de colaboradores, entre outros. Já surgiram grandes ideias criativas e inovadoras dos colaboradores durante esses encontros”MARCIO MARTINELLI, SÓCIO-DIRETOR DA BLUEBOX

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CHURRASCO COMEMORATIVOO nome do programa já diz tudo:

“churrasco da meta”. Ao atingir os índi-ces propostos pela empresa, os funcio-nários são presenteados por um grande churrasco. Essa foi a forma encontrada pela Imagem Scan, prestadora de servi-ços de impressão digital, para retribuir o empenho dos 15 funcionários que fize-ram parte da equipe.

O diretor da empresa, Rafael Brum, conta que para estimular a produtivida-de no aniversário, o funcionário tem um dia extra de folga. Para 2014, mais um so-lução barata e criativa vai ser implanta-da. Os colaboradores serão levados para a maior feira do setor de Comunicação Visual do Brasil. Uma solicitação que partiu dos funcionários e foi atendi-da pela diretoria. “Os resultados de um plano motivacional são sempre muito subjetivos, porém o que eu noto com as

NO NEGÓCIO MOTIVAÇÃO

“Os resultados de um plano motivacional são sempre muito subjetivos, porém o que eu noto com as ações de integração de equipe, é que os funcionários ficam mais descontraídos e buscam ajudar uns aos outros, o que de uma maneira geral faz com que a empresa consiga solucionar os problemas do dia a dia com mais facilidade e com isso continue crescendo”RAFAEL BRUM, DA IMAGEM SCAN

ações de integração de equipe, é que os funcionários ficam mais descontraídos e buscam ajudar uns aos outros, o que de uma maneira geral faz com que a empre-sa consiga solucionar os problemas do dia a dia com mais facilidade, e com isso continue crescendo”, analisa Brum.

CAPACITAÇÃOA ideia é investir a longo prazo. É as-

sim que pensam os gestores da Solarium Revestimentos. A empresa oferece a to-dos os funcionários uma matriz de ca-pacitação. Para alguns cursos de MBA chega-se a pagar o valor integral, para outros, uma parte da mensalidade é pa-ga pela empresa. Dessa forma, a maioria dos funcionários do administrativo já fez o curso em suas áreas de interesse. E pa-ra os funcionários de produção são ofe-recidos cursos dentro da área de atuação, bem como aulas de computação. Mas

QUATROPENSAMENTOSCOMUNS EM EMPRESAS QUE SÃO APONTADOS COMO ERROS FATAIS

• O trabalho é, por sua natureza, desagradável à maioria das pessoas

• A maioria das pessoas tem pouca ambição ou aspiração de responsabilidade e prefere ser dirigida

• A maioria das pessoas tem pouco potencial de criatividade no que diz respeito aos problemas organizacionais

• A maioria das pessoas precisa ser rigorosamente controlada e, muitas vezes, pressionada a fim de alcançar os objetivos organizacionais

FONTE: JOSÉ AUGUSTO WANDERLEY,BASEADO NA TEORIA X DE MCGREGOR

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“Claro que todos os cursos agregam

qualidade ao trabalho, mas

realmente o principal é a união

da equipe”ANA CRISTINA DE SOUZA

GOMES, DA SOLARIUM REVESTIMENTOS

outras medidas também foram adotadas e essas não aumentam muito os gastos. “Os funcionários possuem para a hora do descanso durante a hora do almoço uma biblioteca – com sala de leitura – e computadores com internet para fun-cionários da fábrica. Colocamos à dis-posição dos trabalhadores da produção, mesa para jogar ping-pong e futebol de botão”, conta a presidente da Solarium Revestimentos, Ana Cristina de Souza Gomes.

Cada um dos programas foi implan-tado de forma gradativa, dessa forma a empresa evita erros nas escolhas. Ana Cristina afirma que o principal resultado é formar um time que jogue junto, que os funcionários tenham um sentimen-to de pertencerem à empresa. “Claro que todos os cursos agregam qualidade ao trabalho, mas realmente o principal é a união da equipe”, complementa. Em busca de união, a empresa também pro-move festas que integram as famílias co-mo, por exemplo, o dia dos filhos, quan-do as crianças, entre outras atividades, acompanham os pais ao trabalharem.

ESTÍMULO À SAÚDEE AO BEM-ESTAR No escritório de advocacia Mendes

Barreto e Souza Leite, os colaboradores já sabem: os adeptos da vida em acade-mias de ginástica tem reembolso garan-tido da mensalidade. Para garantir o be-nefício, o único compromisso é o de ter uma boa frequência nas aulas. “A ativi-dade física reflete diretamente na quali-dade do pensamento, portanto, na pro-dutividade. A adesão a este programa é muito boa”, conta o sócio do escritório, Rodrigo de Souza Leite.

Outra ideia simples e sem custo adi-cional para a empresa é o “Dia do Ócio”. Esse programa foi criado essencialmente para que todos possam ter um dia para si, de higiene mental. Um dia para que a pessoa não faça nada relacionado ao trabalho. O colaborador escolhe um dia de folga por trimestre. “A ideia é que o ‘Dia do Ócio’ represente um rompimen-to com a rotina, e não teria esse efeito se fosse sentido como um feriado prolon-gado ou final de semana estendido”, jus-tifica o advogado.

A terceira medida é o programa “Fazer Direito”. Esse voltado, exclusivamente, para reconhecer o desempenho dos es-tagiários e premiar o que tem o melhor resultado acadêmico. “O estagiário é uma peça importante dentro do escri-tório, mas o seu desempenho acadêmi-co é mais essencial ainda”, avalia Souza Leite que completa: “Notamos que nos-sa equipe ganhou qualidade de vida, se sente valorizada no ambiente de traba-lho, e também mais livre”, conclui.

PAPO DEESPECIALISTAQuais os principais erros cometidos por empresas que acham que “remunerar bem” é a única forma de agradar profissionais?

“Remunerar o justo, ou remunerar bem, são fatores de motivação temporária. Se o único incentivo que o profissional possui for financeiro, sem realização pessoal, sem um bom ambiente de trabalho, sem segurança ou perspectiva, provavelmente este profissional não deve durar nesta organização. Irá buscar os atributos citados em outro lugar.”

Edson Bregolato, do Grupo CDPV