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Modelo SaaS avança, mas oferta ainda é pequena Automação predial inova e fica mais ‘inteligente’ Pulverizado, mercado de apps enfrenta desafios Ano 9 | nº 88 | março de 2013 www.tiinside.com.br A ERA DA NUVEM SOCIAL Avanço da computação em nuvem, mobilidade, tecnologias sociais e big data exige que empresas rompam com os modelos tradicionais de interação e negócios para se relacionar com o novo consumidor do mundo digital

Revista Ti Inside - 88 - Março de 2013

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Modelo SaaS avança, mas oferta ainda é pequenaAutomação predial inova e fica mais ‘inteligente’Pulverizado, mercado de apps enfrenta desafios

Ano 9 | nº 88 | março de 2013 www.tiinside.com.br

A erA dA nuvem sociAl

Avanço da computação em nuvem, mobilidade, tecnologias sociais e big data exige que empresas rompam com

os modelos tradicionais de interação e negócios para se relacionar com o novo consumidor do mundo digital

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>editorial Ano 9 | nº 88 |março de 2013 | www.tiinside.com.br

Social business traz novos desafios aos negócios

>sumário

Todo poder ao consumidor. Esta frase nunca esteve tão perto de se tornar realidade. O avanço da convergência entre computação em nuvem, mobilidade,

tecnologias sociais e big data tem subvertido não apenas os modelos antigos de interação e de negócios, como tem dado margem ao surgimento de um consumidor em posição inédita de poder, dada a sua grande familiaridade com tecnologias digitais, gerando enormes desafios e, ao mesmo tempo, abrindo oportunidades nunca antes vividas pelas áreas de marketing, negócios e tecnologia das empresas.

Para saber o impacto que a combinação desses conceitos — chamada de social business — tem causado nas empresas, TI INSIDE escalou a jornalista Ana Lucia Moura Fé, que foi a campo ouvir especialistas para saber como eles avaliam as mudanças de paradigma trazidas por esse novo cenário. O resultado pode ser conferido na reportagem de capa desta edição, a qual mostra que, entre outros benefícios, a nuvem social abre um leque enorme de oportunidades para empresas inovadoras, que tenham como foco o engajamento dos clientes, a colaboração dos funcionários e o redesenho da arquitetura

de aplicações corporativas. Para os especialistas, somente serão bem-sucedidas aquelas empresas que estiverem preparadas para atuar nesse novo palco que se descortina.

Esta edição, aliás, está repleta de exemplos das mudanças que as chamadas tecnologias desruptivas vêm provocando no mundo dos negócios. Em outra reportagem, Fabiana Rolfini mostra que as empresas brasileiras finalmente estão despertando para importância de se ter uma boa gestão dos ativos de TI, de modo a evitar a obsolescência, garantir o controle operacional e gerenciar custos de forma mais eficiente.

Outro tema desta edição trata das vantagens do modelo SaaS (oferta de software como serviço), que, mesmo ainda engatinhando no Brasil, tem conquistado um grande número de empresas, que podem ter acesso a inúmeras ferramentas, o que antes exigia muitos profissionais e investimento em infraestrutura. TI INSIDE também revela que a febre dos aplicativos móveis deu margem ao aparecimento de um sem-número de desenvolvedoras de apps, que agora começam a perceber que esse rico filão também é desafiador e difícil.

Claudiney SantosDiretor/editor

[email protected]

NEWS4 Consumidor poderosoPlano Nacional de Consumo e Cidadania cria de normas para compras feitas pela internet

5 Aceleradora de startupsPrefeitura de Campinas e o Núcleo Softex assinaram protocolo para criar aceleradora de startup na região.

8 Olho no BrasilCEO da Cisco, John Chambers, reafirma que o Brasil está nos planos de investimentos da companhia

MERCADO18 Corrida pelo SaaSDemanda por SaaS cresce e conquista um número cada vez maior de empresas

22 Fábricas de appsO barateamento de tecnologias móveis impulsiona desenvolvedoras de aplicativos

GESTÃO24 TI sob controleEmpresas se rendem ao gerenciamento de ativos de TI como forma de evitar a obsolescência e gerenciar os custos

CASE26 Quarentona modernaPara marcar seus 40m anos de atividades, a Dataprev decidiu investir cerca de R$ 230 milhões para executar um amplo projeto de modernização

INFRAESTRUTURA28 Prédios ‘Robocop’Um número crescente de empreendimentos imobiliários no Brasil está recorrendo à tecnologia para criar uma estrutura ágil, eficiente e sustentável

Instituto Verificador de Circulação

Presidente Rubens Glasberg Diretores Editoriais André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski

Diretor-EditorClaudiney Santos

EditorErivelto Tadeu

SubeditoraGabriela Stripoli

RepórteresBruna Chieco, Fabiana Rolfini e

Max Milliano Mello (Brasília)

ColaboradoresInaldo Cristoni e Ana Moura Fé,

Leandro Sanfelice (Vídeorepórter)

Arte

Edmur Cason (Direção de Arte); Débora Harue Torigoe (Assistente); Rubens Jardim (Produção Gráfica);

Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica); Alexandre Barros e Bárbara Cason (Colaboradores)

Departamento ComercialManoel Fernandez (Diretor)

Carla Gois (Gerente de Negócios); e Ivaneti Longo (Assistente)

Gerente de Circulação Patrícia Brandão

Gerente de Inscrições Gislaine Gaspar

Marketing Harumi Ishihara (Diretora)Gisella Gimenez (Gerente)Gerente Administrativa

Vilma Pereira

TI Inside é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 603,

CEP 01243-001. Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP.

SucursalSCN - Quadra 02 - Bloco D, sala 424 - Torre B -

Centro Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 - Fone/Fax: (61) 3327-3755 - Brasília, DF.

Jornalista ResponsávelRubens Glasberg (MT 8.965)

ImpressãoIpsis Gráfica e Editora S.A.

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização

da Glasberg A.C.R. S/A

CENTRAL DE ASSINATURAS 0800 014 5022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

Internet www.tiinside.com.brE-mail [email protected]

REDAÇÃO (11) 3138-4600E-mail [email protected]

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INTERNET10 CapaA convergência entre computação em nuvem, mobilidade, tecnologias sociais e informação começa a delinear um novo cenário de negócios e faz surgir um consumidor com mais poder

CAPA: EDITORIA DE ARTE CONVERGE/DISCOVOD/EVERyTHING POSSIBLE/SHuTTERSTOCk.COM

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>news

Todo poder ao consumidor

O Dia Mundial dos Direitos do Consumidor, comemorado no dia 15 de março, foi a data escolhida pela presidente Dilma Rousseff, num gesto simbólico, para o

lançamento do Plano Nacional de Consumo e Cidadania, o Plandec, pacote de normas que pretende dar mais transparência às compras feitas pela internet.

As lojas online (webstores) foram um dos três segmentos do comércio destacados como prioritários para o primeiro pacote da nova política — os outros dois foram as instituições financeiras, como bancos e administradoras de cartões de crédito, e os serviços regulados, como telefonia e eletricidade —, por estar entre aqueles com o maior número de reclamações nos Procons ou que têm menos leis que os disciplinem.

Três medidas fazem parte do decreto que será publicado nos próximos dias. A primeira é a exigência de maior detalhamento em relação aos produtos e serviços ofertados em lojas virtuais. A intenção do governo é melhorar a capacidade de escolha do consumidor quando precisa comprar algo que não está

fisicamente diante de si. Além disso, elas serão obrigadas a criar um canal direto de comunicação com o consumidor, respondendo dúvidas e reclamações. “Vivemos uma realidade hoje em que muitos clientes enfrentam problemas com suas compras e não dispõem de um canal eficaz para entrar em contato com a loja”, pontuou a secretária Nacional do Consumidor, Juliana Pereira.

O terceiro ponto será a regulamentação da devolução dos produtos. A partir de agora, o consumidor que não

ficar satisfeito com o produto adquirido por meio virtual terá sete dias para devolvê-lo, e as

empresas precisarão obrigatoriamente criar métodos simplificados para que ocorra essa devolução.

Para o advogado especialista em direito digital Renato Opice Blum, o que a nova legislação traz é um reforço às normas já existentes de

maneira implícita no Código de Defesa do Consumidor (CDC). “Não havia no Brasil normas

específicas para o comércio eletrônico, que precisava adaptar, interpretar as

leis já existentes”, afirma. (MAX MILLIANO MELO, DE BRASÍLIA)

Mercado bilionário PPP federal

O comércio eletrônico B2C — entre varejistas e consumidores — movimentou R$ 22,5 bilhões no Brasil em 2012, o que representa uma expansão de 20% em relação ao ano anterior,

quando registrou R$ 18,7 bilhões, segundo dados da empresa de monitoramento de comércio eletrônico e-bit. A cifra confirma previsão divulgada por ela no fim do ano passado. Ao longo do ano, o número de pedidos totalizou 66,7 milhões, volume 24,2% maior que o registrado um ano antes, e a quantidade de novos consumidores virtuais atingiu 10,3 milhões. Desde que o e-commerce passou a ser medido no país o número de pessoas que fizeram ao

menos uma compra online no Brasil totaliza 42,2 milhões.Para este ano, a

previsão é que o e-commerce B2C cresça 25% e fature R$ 28 bilhões, com tíquete médio por consumidor de R$ 350. A expansão se dará em razão da aceleração das vendas de dispositivo móveis, como tablets e smartphones, além da esperada retomada

do crescimento econômico, segundo a empresa.

O data center conjunto entre Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, inaugurado este mês, é a primeira parceria público-privada na área

federal e servirá de modelo para novas PPPs. O complexo será administrado por uma empresa terceirizada, criada com esse objetivo específico, a GBT S.A., cujo contrato tem duração de 15 anos. Ele fica localizado na região da Granja do Torto, em Brasília, e será o carro-chefe do Parque Tecnológico da Capital Digital, projeto do governo do Distrito Federal que pretende atrair R$ 2,5 bilhões na área de tecnologia da informação para a capital do país.

O empreendimento deve resultar numa economia de mais 20% em infraestrutura para as duas instituições e pode ser apenas o primeiro de outros projetos desenvolvidos em conjunto. Durante a cerimônia de inauguração, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, afirmou que está em estudos o compartilhamento total, “desde serviços de transportes até a aquisição de suprimentos e equipamentos”.

A intenção é, dentro dos limites legais, efetuar o máximo de operações conjuntas possíveis, a fim de diminuir custos para ambas que, segundo o presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine, podem se beneficiar da parceria. Atualmente, BB e Caixa já compartilham terminais de autoatendimento, por exemplo.

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Aquisição estratégica

Fábrica de startups

A americana Belkin, que produz acessórios para iPod, iPhone e iPad, anunciou a conclusão da compra da

Linksys, fabricante de roteadores voltados para o consumidor final que pertencia a Cisco. A transação havia sido divulgada em janeiro deste ano e não teve o valor revelado. Na verdade, o negócio é considerado praticamente uma terceirização, já que a Cisco permanece com os direitos de uso da tecnologia.

A Belkin, que com a aquisição passará a dominar 30% do varejo voltado para consumidores e pequenas empresas apenas nos Estados unidos, se comprometeu a manter a marca Linksys, assim como a assistência técnica de tudo o que é fabricado por ela.

A Prefeitura de Campinas e a regional da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro

(Núcleo Softex Campinas) assinaram protocolo de intenções para a criação de uma aceleradora de startup na região. Até o fim do ano, dez empresas de tecnologia serão selecionadas para desenvolver seus negócios com suporte financeiro e infraestrutural.

A administração municipal disponibilizará o aporte financeiro, por enquanto sem valor específico, enquanto a Softex Campinas será responsável pela operação da aceleradora, oferecendo às empresas selecionadas pela Prefeitura e a Softex o apoio de profissionais especializados no desenvolvimento de projetos tecnológicos.

A loja online de itens para bebês e crianças Bebê Store recebeu aporte de R$ 20 milhões dos fundos de investimento W7 Brazil Capital e Atomico. Esta é a segunda rodada de investimento da empresa, que será utilizado

para expandir a gama de produtos e aumentar a equipe de gerenciamento e a capacidade logística.

A Bebê Store já havia obtido uS$ 7,9 milhões do Atomico, fundo comandado por um dos nomes de destaque no mercado mundial de internet, Niklas Zennström, um dos fundadores do Skype. Esse investimento, de série A, foi dividido em duas etapas — uS$ 2,9 bilhões recebidos em dezembro de 2011 e uS$ 5 bilhões, em maio do ano seguinte. Desde o primeiro aporte do Atomico, a Bebê Store quadruplicou a receita. Para este ano, a meta é atingir R$ 60 milhões de faturamento.

O novo investimento sinaliza a manutenção da parceria entre o Atomico e o W7 Brazil Capital para novos investimentos na América Latina.

Chá de bebê completo

Confiança do investidor

As ações do LinkedIn voltaram a bater recorde na bolsa eletrônica Nasdaq em março. No dia 13, os papéis do site de contatos profissionais chegaram a ser cotados a uS$ 181,45, impulsionados por rumores sobre a compra do aplicativo

de leitura de notícias Pulse. No decorrer do pregão as ações oscilaram e fecharam o dia valendo uS$ 179,27, alta de 1,86% em relação ao preço na abertura da bolsa. No after-hours trading, negociação após o fechamento da Nasdaq, as ações fecharam a uS$ 179,49, ligeira alta de 0,12%.

Além dos boatos sobre a aquisição, o resultado financeiro do quarto trimestre, bem como o consolidado do ano de 2012, foi além das expectativas dos analistas. A receita total chegou a uS$ 972 milhões, elevação de 86% em relação ao desempenho de 2011, enquanto o lucro líquido, de uS$ 21,6 milhões, foi 81% superior a igual intervalo do ano anterior.

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Fim da linha de produção

A Siemens Entreprise Communications anunciou o encerramento das operações da fábrica de Curitiba, no Paraná, onde eram produzidos terminais IP e outros

equipamentos de rede. Sem fornecer detalhes, a empresa disse em comunicado que está procedendo uma “reorganização das atividades”, o que significa o corte de funcionários.

A empresa informa, ainda, que o encerramento da produção será feito de maneira gradual, bem como o desligamento dos profissionais que atuam na linha de montagem da fábrica. A previsão é que as operações sejam encerradas até o fim deste ano. A planta industrial está localizada na Cidade Industrial de Curitiba, onde funciona um dos quatro centros globais de pesquisa e desenvolvimento de produtos da empresa, o centro de logística para a América Latina e uma filial de vendas regionais.

Desde 2008 existem rumores sobre o fim das atividades da fábrica paranaense, quando a companhia revelou intenção de reduzir o investimento na área de produção e montagem de hardware. À época, a Siemens dizia estar convencida de que encontraria “um futuro” para a fábrica, que empregava 470 pessoas.

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Taiwanês Made in Brazil

A Acer anunciou que irá investir uS$ 40 milhões na subsidiária brasileira para suportar o crescimento dos negócios no país. A quantia será aplicada na gestão de

ativos, capital de giro, estratégias de marca, marketing e no lançamento de novas linhas de produtos, inclusive os primeiros modelos de tablets que serão vendidos no mercado local, previstos para meados do ano.

Segundo Emmanuel Fromont, presidente da Acer para Américas, o valor é o maior já investido em uma subsidiária da empresa. A companhia trará oito novas linhas de produtos que serão produzidos no país em regime de terceirização por três fabricantes chinesas instaladas no estado de São Paulo. “Nossa atuação no Brasil é única. Enquanto nos outros países importamos de fábricas chinesas, o mercado brasileiro tem produção local porque as parcerias público-privadas [PPPs] reduzem consideravelmente o valor final dos notebooks e, assim, podemos chegar ao varejo com preços competitivos”, explica o executivo. Os tablets, contudo, serão importados da China.

No ano passado, a Acer registrou receita de R$ 1 bilhão e cresceu 20%. Em 2013, a meta é aumentar a receita anual em 25%. “O mercado brasileiro já possui uma das maiores taxas de crescimento da Acer. Se conseguirmos chegar ao nosso objetivo, certamente o Brasil será o país com maior expansão entre os que atuamos”, diz o diretor geral da Acer no Brasil, Drew Goldman.

Foco no Brasil

Conectar máquinas a máquinas, máquinas a pessoas e pessoas a pessoas é o conceito de “internet das coisas”, mercado o qual a Cisco projeta que movimentará uS$

14,4 trilhões nos próximos dez anos, dos quais uS$ 800 bilhões serão negociados apenas na América Latina. Os números foram apresentados durante evento da empresa realizado no início de março em San Jose, na Califórnia.

Para o presidente de desenvolvimento e vendas da Cisco, Rob Lloyd, as verticais que mais se beneficiarão desse conceito são manufatura, setor público, utilities, saúde, finanças, seguros, transporte e distribuição. “Hoje, 99,4% das coisas não estão conectadas e a próxima etapa da internet será conectá-las”, explica. Para atingir essa meta, ele diz que é preciso atender às novas exigências, como alcançar atributos de segurança, agilidade, automação, dinâmica e ser programável. Nesse sentido, a Cisco tem investido em aquisições para expandir seu portfólio e poder atender essas demandas, sendo que desde o ano fiscal de 2012 comprou 13 empresas de software.

As oportunidades abertas pela internet das coisas também se estendem para países emergentes, conforme destacou o presidente e CEO da Cisco, John Chambers, dizendo a evolução rápida da classe média na América Latina e os avanços obtidos nas áreas de saúde, educação e na expansão da banda larga. A região responde por cerca de 10% das vendas da Cisco, número que deve dobrar nos próximos três ou quatro anos.

O Brasil está nos planos de investimentos da companhia no médio e longo prazo e faz parte das cinco principais nações emergentes com foco agressivo nas relações institucionais e nas parcerias, junto com Índia, China, Rússia e México. “Vamos dobrar nosso compromisso no país e usar o poder da Copa do Mundo e das Olimpíadas para ajudar em questões sociais”, destacou Chambers.

(BRuNA CHIECO, DE SAN JOSE, CALIFóRNIA)

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A combinação de computação em nuvem, mobilidade, tecnologias sociais e informação dá poder inédito ao consumidor e gera desafios e oportunidades para empresas

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Negócios na nuvem social

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O mundo transita em uma nova era da computação regida, sobretudo, pela mobilidade, redes sociais, computação

em nuvem e pela análise de grandes volumes de dados, mais conhecida como big data. Em estágios diferentes de evolução, cada uma dessas “forças independentes” já se mostrou disruptiva

e inovadora. Agora, o que se delineia é um cenário ainda mais transformador, dizem estudiosos que avaliam os impactos da evolução tecnológica. Segundo eles, a convergência desses conceitos — que fez emergir termos como nexo das forças, 3ª plataforma e social cloud (veja boxe na pág. 14) — rompe não apenas com os modelos antigos de interação e de negócios, como dá margem ao surgimento de um

consumidor em posição inédita de poder, dada a sua grande familiaridade com tecnologias digitais.

Esse novo consumidor se multiplica em ritmo frenético e já dificulta a vida de marcas e estrategistas de marketing. Permanentemente conectado via PC, smartphone ou tablet, ele interage em fóruns, videochats, blogs e redes sociais, faz pesquisas e check-ins, usa o celular para escanear códigos de

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barra em embalagens no supermercado e fazer pagamentos, baixa aplicativos sofisticados de sua preferência, colabora, reclama, recomenda, gera conteúdo e compartilha na rede experiências (boas ou ruins) com pessoas, empresas e produtos. Não é de estranhar, portanto, que passe a esperar das empresas — como cliente, funcionário ou cidadão — que disponibilizem os mesmos recursos tecnológicos que aceleraram a sua existência e melhoraram muitos aspectos da sua vida cotidiana.

Ressalte-se que o ambiente convergente que dá força a esse consumidor conectado é o mesmo que instrumentaliza o outro lado. É a combinação de tecnologias, plataformas e modelos de computação emergentes que permite às empresas analisar em profundidade o comportamento dos seus públicos de interesse e conceber para eles campanhas mais precisas e produtos e serviços personalizados. A convergência também pavimenta caminhos para novos modelos de distribuição de produtos e serviços e possibilita estratégia multicanal e integrada de atendimento.

“A combinação de computação em nuvem, mobilidade, big data e social implica na necessidade de nova e ágil estrutura de tecnologia da informação voltada, acima de tudo, para a experiência do usuário final”, diz Nick Evans, vice-presidente e gerente geral da unisys para as áreas de inovação e estratégia de soluções. “O principal desafio para os CIOs é saber como promover essa transformação com a implantação dessas tecnologias disruptivas em escala por toda sua arquitetura de TI”, diz ele.

Terreno fértil para inovaçãoSegundo Evans, mudanças de

paradigma já são observáveis, em todas as direções. uma delas, provocada pela consolidação dos dispositivos móveis como principal canal usado por clientes e funcionários para acesso a informações, mudou a forma como os aplicativos são pensados, desenvolvidos e fornecidos aos usuários. “A computação em nuvem, outro exemplo, está claramente impactando as estratégias dos data centers, reduzindo custos e aumentando a agilidade por meio de prestação de serviços sob demanda, flexível e escalável, baseada no modelo pay-per-use [pague pelo que usar]”, diz.

Nesse cenário, as oportunidades de inovação são enormes, diz ele, especialmente no que concerne ao engajamento do cliente, ao conhecimento e colaboração dos funcionários e à ativação social de

aplicações corporativas. “Trata-se de três áreas-chave para aproveitamento das mídias sociais e plataformas de social business em prol da inovação”, diz Evans.

No caso do engajamento, ele informa que as estratégias bem-sucedidas envolvem, além do marketing digital, interações e serviço com suporte a clientes e abertura para colaboração visando novos produtos e serviços. “Isso é inovação aberta proporcionada pelo social business”, explica Evans, referindo-se ao modelo de empresa que combina tecnologias emergentes com mudanças organizacionais, culturais e de processos para incentivar a colaboração e a criatividade, e melhorar o desempenho do negócio. O social business, aliás, seria o destino incontornável de toda e qualquer empresa, como profetizam muitos especialistas.

De acordo com o especialista da unisys, a implantação de plataformas de social business em toda a empresa, localmente ou por meio de serviços de e-mail em nuvem e ferramentas de colaboração, estimula a inovação porque cria cultura de multiplicação do conhecimento. “São plataformas equivalentes ao Facebook e outras mídias sociais orientadas ao consumidor”, diz.

Quanto à modernização das aplicações corporativas mediante incorporação de características sociais, eleita por Evans como uma das três áreas-chave para inovação, ele confia que será uma das atividades mais promissoras nos próximos anos, pelo potencial de agregar valor ao negócio em termos de produtividade e eficiência. “Imagine o potencial de adicionar recursos sociais a uma aplicação de missão crítica, fazendo

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“A combinação de computação em nuvem, mobilidade, big data e social implica na necessidade de nova e ágil estrutura de TI”NICk EvANS, DA UNISyS

Nexo das forçasSegundo o Gartner, o comportamento humano levou à

convergência de quatro forças independentes (social, nuvem, mobilidade e informação), resultando em ambiente imerso em tecnologia. Essas forças interagem, se reforçam mutuamente e estão associados por meio de dependências complexas. Novas oportunidades de negócios surgem a partir da relação das forças, especialmente cenários que estendem o alcance e o relacionamento com clientes, funcionários ou qualquer outro participante de uma cadeia envolvendo homens e máquinas.

3ª PlataformaDe acordo com a IDC, neste ano, a exemplo do que

ocorreu em 2012, os principais eventos na área de TIC irão se

agrupar em torno do que o instituto de pesquisa chama de 3ª plataforma para crescimento e inovação de TI, alicerçada nos dispositivos móveis, serviços de nuvem, tecnologias sociais e big data (veja ilustração na pág. 14).

social cloudTrata-se de outro termo usado para a nova proposta de

convergência das forças social, mobilidade, cloud computing e informação, que permite estabelecer e analisar o comportamento do usuário resultando num novo parâmetro para geração de novas ideias, produtos, serviços e negócios. A integração multiplataforma amplia o alcance das suas propostas, globaliza conteúdos, permite um novo modo de se relacionar com o cliente e possibilita a economia compartilhada.

conceitos gerAdos pelA convergênciA

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com que trabalhadores especializados colaborem e resolvam problemas rapidamente e dentro do contexto de sua rotina”, ilustra.

Escolha do consumidorNa percepção de Jorge Toledo,

diretor de produtos de CRM da Oracle, as empresas ainda estão buscando entender a importância da adoção dessas novas tecnologias e das eventuais mudanças que elas requerem nas áreas de TI e de marketing. Mas a gestão de relacionamento com o cliente já é prioridade tecnológica na maioria, o que, segundo ele, mostra que as empresas entendem a importância de definirem estratégias de conhecimento do consumidor.

Entre as empresas que usam tecnologia Oracle, a Netshoes é um exemplo de negócio que tira proveito da convergência de tecnologias, da integração de plataformas e da proliferação de pontos de contato com os clientes. No seu serviço de atendimento, por exemplo, a loja virtual de artigos esportivos permite que o consumidor decida se quer usar rede social, e-mail, telefone ou chat-robô integrado ao banco de dados. O cliente pode, mediante um clique, migrar do chat-robô para o atendente humano, a qualquer momento, sem interrupção no processo (veja ilustração na pág. 13).

O diretor da Oracle acrescenta que, na área de marketing, a Netshoes envia e-mails personalizados que mapeiam as últimas compras realizadas pelo consumidor e sugerem novos produtos. Se o cliente se conectar ao site, a tecnologia baseia-se no seu histórico tanto para sugerir quanto para dispor os produtos na página. Mesmo navegações anônimas permitem algum nível de personalização na página da

e investimento, sob pena de resultar em perda de mercado e de credibilidade e, consequentemente, em desgaste do valor de marca”, alerta Toledo.

A proliferação de pontos de contato do cliente (PC, celular, tablet, redes sociais etc.) também é mencionada por Marcello Póvoa, sócio e diretor executivo da MPP Interativa, como característica marcante dos tempos atuais, ao lado da aceleração na velocidade da informação. Ele observa que quanto mais jovem o público, mais essas tendências se intensificam. “Por terem crescido dentro do ambiente digital, os jovens possuem uma mecânica cognitiva característica: decisão em tempo real, foco por períodos mais curtos de tempo e velocidade nas decisões”, diz.

Para Guilherme Toussaint, gerente de estratégia e desenvolvimento de negócios na área de marketing digital da Adobe, as empresas brasileiras já sentem no dia a dia o impacto da convergência de conceitos como mídias sociais, mobilidade, cloud computing e informação. “Elas agora precisam ser mais ágeis e correm o risco de ter sua imagem afetada, positivamente ou negativamente, em circunstâncias novas”, diz ele, lembrando de caso real em que um cliente da Brastemp postou na internet vídeo com o título “Isso não é uma Brastemp” para reclamar de defeito em produto e do atendimento do SAC da fabricante.

O vídeo conseguiu milhares de acessos em pouco tempo e foi para os trending topics (assuntos mais comentados) do Twitter, em um efeito “bola de neve” que levou o diretor de serviços e qualidade da fabricante a entrar em contato com o cliente para, ele mesmo, solucionar o problema. “Hoje, um site como o ReclameAqui tem mais força do que uma nota em um jornal de grande circulação, e todas as marcas deveriam monitorar este e outros canais de relacionamento digital”, diz Toussaint.

um aspecto positivo, segundo o executivo da Adobe, é a queda dos preços relacionados com o ambiente digital. Ele lembra que há cerca de seis anos o lançamento de negócios de internet era dificultado pelos altos custos de infraestrutura, hospedagem dedicada e servidores, entre outros itens. “Veja hoje o caso da Amazon, que oferece software como serviço e permite hospedagem de site ou loja

Netshoes, porque o sistema “observa” o comportamento do usuário enquanto navega — quais seções visita, se clica em artigos femininos etc.

A Coca-Cola é outro cliente da Oracle que aproveita as oportunidades da convergência. Com presença ativa em sites como Facebook e Twitter, a multinacional estendeu a essas plataformas o seu canal de atendimento, além de ser uma das marcas pioneiras na adoção do f-commerce (comércio via Facebook), nos Estados unidos. De acordo com a Oracle, o ingresso da Coca-Cola nas redes sociais aumentou entre 15% a 20% as interações com seus consumidores. A tecnologia usada pela fabricante de bebidas registra no seu sistema de CRM todas as questões, sugestões e críticas postadas pelos consumidores nas páginas oficiais da marca nas redes sociais.

“Fazer bom uso das redes sociais é um grande desafio que exige planejamento, criatividade, envolvimento

Os gastos mundiais com TI ultrapassarão US$ 2,1 trilhões neste ano, uma alta de 5,7% em relação a 2012. O impulso virá do crescimento de dois dígitos dos segmentos de mobilidade, nuvem, big data e tecnologias sociais, além do

crescimento dos mercados emergentes.As vendas de smartphones e tablets crescerão 20% neste ano, para US$ 431

bilhões, o que representará 20% das vendas totais de TI, possibilitando um crescimento de 57% do mercado de TI. Sem esses dispositivos inteligentes, o crescimento da indústria de TI seria de apenas 2,9%.

O mercado de tecnologias e serviços de big data crescerá a uma taxa anual composta (CAGR, na sigla em inglês) de 31,7%, cerca de sete vezes a taxa do mercado geral de TIC, com a receita atingindo US$ 23,8 bilhões em 2016.

fonte: IDC

o sociAl cloud em nÚmeros

“Por terem crescido dentro do

ambiente digital, os jovens possuem

uma mecânica cognitiva

característica: decisão em tempo

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decisões”MARCELLO PóvOA,

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online com custo mínimo, e também o modelo de aplicativos de negócios grátis em nuvem do Google, como alternativa ao pagamento de licença de software”, diz.

No Brasil, o executivo observa que as empresas se tornam proativas quando percebem que é uma tendência sem volta. “Estive em uma reunião em uma instituição financeira, um setor em geral conservador, e vi que eles possuem 16 pessoas no chamado SAC 2.0, monitorando e interagindo com canais digitais. Mas até chegarmos a um modelo disruptivo, há um longo caminho”, diz.

O gerente aproveita para mencionar que muitas empresas ainda mantêm grande volume de dados em silos,

adaptado para o que chamamos de Omnichannel, ou seja, esteja na loja com o celular ou em sua casa na web, o consumidor recebe estímulos baseados em seu perfil de comportamento e navegação. Quando ele compra um produto, o RFID avisa automaticamente à loja que aquele item deve ser reposto. Tudo isso está integrado ao ERP e ao CRM da varejista”, diz.

Ainda sobre desafio do big data, Fernando Taralli, presidente da agência digital VML, diz que uma mudança importante trazida pelo conceito é que, enquanto no modelo de data base marketing (DBM) o foco se restringe ao “o que os clientes são”, agora, com os grandes dados na web, o novo marketing enxerga “onde os clientes estão”. “Trata-se de uma mudança fundamental relacionada com relevância e dinamismo na oferta. Podemos falar somente com clientes que estão em um shopping e de carro, por exemplo, focando a relevância e assertividade, e

isolados e restritos a um ou outro departamento, deixando de se beneficiar do conceito de grandes dados. “Big data significa possibilidade de integrar dados de vários canais, online e offline,

e usar este tipo de informação para obter visão holística da organização e de seus clientes”, diz Toussaint.

Ele cita como referência a marca Macy’s, que combina o conceito de big data com as tecnologias RFID (identificação por radiofrequência), QR code e CRM para melhorar a gestão do estoque e personalizar a oferta. Ele

conta que todo cliente da loja de departamento nova-iorquina, se possuir dispositivo móvel capacitado, pode escanear o QR code de uma peça de moda para ler, no aparelho, a história da coleção. “O conteúdo já está

A jornAdA multiplAtAformA do novo consumidor

Navega em um fórum

de comunidade

SOCIAL

WEB

LOJA

CONTACT CENTER

MOBILIDADE

Navega em uma página

do Facebook

Envia e-mail para serviço

de atendimento

Via smartphone, navega menu de uma URA

(ou acessa chat-robô)

Decide migrar no meio da conversa, do chat-robô para

atendimento humano

Navega no website de

uma empresa

Comenta no Twitter (ou no

Facebook)

Fonte: Adaptado de ilustração da Forrester Research

Ao entrar na loja, o cliente recebe automaticamente SMS com informação e promoções

relacionadas com o produto que busca.

Vai à loja física. Ao entrar na loja, um vendedor é informado

automaticamente, em seu dispositivo móvel. O aviso é acompanhado

de histórico do cliente.

As empresAs brAsileirAs já sentem no diA A diA o impActo

dA convergênciA de conceitos como

mídiAs sociAis, mobilidAde, cloud

computing e informAção

O roteiro abaixo traça, de forma simplificada, a trajetória de um consumidor que deseja adquirir um dado produto. Em busca de informações e recomendações, ele navega em fórum de comunidade e no Facebook, entra na página da empresa e tuita para pedir a opinião de seus seguidores sobre qual modelo comprar. Entra em contato via smartphone

com a empresa (por meio de uma URA ou um chat-robô) e decide migrar no meio da conversa para tirar dúvidas com um atendente. Dirige-se enfim, a uma loja física. Na loja, sensores possibilitam que sua presença seja “percebida” e comunicada no dispositivo móvel de um vendedor, que recebe o aviso acompanhado de histórico sobre compras do cliente e seus “likes” no Facebook.

A empresa acompanha esse “périplo” do consumidor através de canais sociais e tradicionais porque está capacitada sob o ponto de vista da tecnologia, dos processos de negócios, da estrutura organizacional e da gestão de conteúdo e conhecimento, entre outras capacidades.

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1 4 T I I n s I d e | m A r ç o d e 2 0 1 3

>internetevitando a dispersão”, diz.

De acordo com Taralli, muitos estudos apontam big data como a “salvação” dos varejistas ao comprovarem que a adoção do conceito resulta em aumentar a taxa de conversão dos sites — que, segundo ele, não passa de 1% no Brasil, contra 5% nos Estados unidos. No Brasil, ele diz que todos os seus clientes de e-commerce e de branding são usuários das novas tecnologias. “um bom exemplo é a LG, que usa informações obtidas de seus consumidores e, no caso de smartphones, concentra seu investimento no digital e no uso de big data, o que contribuiu para a marca avançar no ranking em seu segmento”, diz.

Na sua experiência com empresas brasileiras, José Jarbas, CEO e fundador da eCRM 123, conclui que o país, apesar de ser conectado, ainda carece do que ele chama de cultura de consumo de tecnologia corporativa. “Para abraçar esse conceito, é necessária a aquisição de novas ferramentas, substituição das obsoletas, treinamento e muita proatividade”, diz o executivo.

Jarbas diz que, diferente de países mais desenvolvidos, onde os modelos de software como serviço (SaaS) e nuvem deslancham, no Brasil ainda impera a venda direta e o medo de inovar. Por outro lado, ele considera que as empresas no país se revelam proativas quando se trata de mídia social, sobretudo no uso dessas plataformas para promoção da marca e produto por meio da geração de “likes”, fãs e compartilhamentos.

Na opinião do especialista, as empresas locais deveriam apostar mais em ações one-to-one e criação de “embaixadores das marcas”, que são os consumidores capazes de gerar vendas espontâneas e novos produtos por meio do seu testemunho. “Vejo empresas pequenas liderando este processo por não terem tanta burocracia em se relacionar com seus consumidores”, testemunha.

O impulso da mobilidade No site de comparação de preços

Buscapé, o diretor Marcelo Negrini diz que a convergência do social, local e mobilidade (conhecida como SoLoMo) já traz benefícios inegáveis para lojas físicas. Ele cita como exemplo clássico os aplicativos de smartphone que

A 3ª plAtAformA de ti pArA crescimento e inovAção

Trilhões de coisas

MILHÕES DE APLICATIVOS (APPS, SERVIÇOS, INFORMAÇÃO, CONTEÚDO, EXPERIÊNCIAS)

INOVAÇÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÕES (TIC)

INOVAÇÃO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÕES (TIC)

1985 - 2005

2005 - 2010+

DEZENAS DE MILHARES DE APPS

MILHARES DE APPS

Bilhões deusuários

(CIOS, EMPRESAS,PMES,

CONSUMIDORES,MERCADOS

EMERGENTES ETC.)

Centenasde milhões

de usuários

Milhõesde usuários

3ª PLATAFORMA

2ª PLATAFORMA

MOBILIDADE EM BANDA LARGA

SOLUÇÕES INTELIGENTES DAS INDÚSTRIAS

DISPOSITIVOS MÓVEIS E APPS

MAINFRAMETERMINAL

1ª PLATAFORMA

LAN/INTERNET - CLIENTE/SERVIDOR

PC

SOCIAL BUSINESS BIG DATA/ANALYTICS SERVIÇOS EM NUVEM

localizam ofertas nas proximidades onde o consumidor está.

“Esses softwares tendem a se tornar cada vez mais ricos e sofisticados, ao ponto de o consumidor poder encontrar itens prosaicos, como salgadinhos de boteco, e fazer a compra no dispositivo móvel e retirar o produto no balcão”, diz. Ele acrescenta que o aplicativo do Buscapé para celular caminha nessa direção, apontando lojas físicas de varejistas online e permitindo o compartilhamento social de avaliações de produtos. “Por suas características, juntando informações de milhares de varejistas, esse é o tipo de aplicação

que só é viável com o uso de cloud computing”, diz.

Na avaliação de Negrini, um dos principais atrativos do aplicativo móvel do Buscapé, do ponto de vista dos lojistas, é o aspecto social da aplicação. “A facilidade de encontrar múltiplas ofertas de produtos, somada a recomendações e avaliações dos usuários, tanto para produtos quanto para a loja, facilitam o processo”, diz.

O executivo enxerga a mobilidade como a “cola” que extrai o potencial das outras forças (social, big data e informação), embora em sua opinião, cada um desses conceitos, individualmente, seja suficiente para mudar paradigmas de negócios. “É a mobilidade que permite o melhor uso do imediatismo das redes socias e, ao mesmo tempo, é a porta de entrada para a informação na nuvem. Por exemplo, pode-se usar a nuvem como um recurso de infraestrutura, sem necessariamente inovar, e quase todo mundo usa mídias sociais de maneira muito privada. Junte os três ingredientes e a inovação aparece naturalmente.”

A fórmula ideal com esses ingredientes é, segundo o executivo, a seguinte: use nuvem para capturar muita informação; use a mobilidade para dar contexto de hora e lugar; e use o social para os usuários adicionarem valor à informação.

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Page 15: Revista Ti Inside - 88 - Março de 2013

Job: 16871-009 -- Empresa: africa -- Arquivo: AFC-16871-009-UOL CLOUD-RV TI INSIDE-230X305_pag001.pdfRegistro: 108436 -- Data: 16:35:13 15/02/2013

Page 16: Revista Ti Inside - 88 - Março de 2013

O ponto de convergência dos negócios digitais.SOCIAL CLOUD: SOCIAL + MOBILIDADE + CLOUD COMPUTING + INFORMAÇÃO

O evento que há 7 anos é o ponto de encontro dos profissionais que levam o social business a sério.

VEJA QUEM JÁ CONFIRMOU PRESENÇA:

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Nick Evans, Vice-presidente e Gerente Geral da Unisys. Com mais de 20 anos

de experiência na indústria de tecnologia, possui mestrado pela

Universidade de Southampton, da Inglaterra. É também autor

de livros e artigos sobre negócios de tecnologias emergentes e

estratégias de TI.

Stefan Lindegaard, conselheiro estrategista de grandes corporações

internacionais, autor com 4 livros publicados sobre o

tema, especialista em inovação aberta, social business e

empreendedorismo corporativo.

KEYNOTE SPEAKERS PALESTRANTES

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VEJA ALGUNS TEMAS:• Redes Sociais: depois do hype, como se manter

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de marketing/social• Da Convergência Digital ao Cross-Channel

Marketing: aproximando-se de seus clientes através dos canais digitais

• A melhores práticas de e-commerce• Social Suíte: saiba como criar campanhas no

Facebook de forma simples• VoC: capturando a voz do cliente• Design e usabilidade• Como promover o engajamento do consumidor• As melhores práticas de e-commerce• Como criar uma Social TV

WORKSHOPS

Participe de workshops

durante os dois dias de evento.

Mais informações no site www.webexpoforum.com.br

Déborah Dias, Banco Santander

Marcelo Negrini, Buscapé

Felipe Barroso, Zazcar

Martha Terenzzo, ESPM, FIA e Sebrae

Fernando Taralli, VML

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Gil Giardelli, Gaia Creative

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Marcelo Nakagawa, Insper

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E AINDA:Braulio Medina, uberVUGuilherme Toussaint, AdobeJefferson Dousseau, socialize.com.brJorge Toledo, Oracle CRM para América LatinaLeonardo Sales, MovileMarcel Malczewski, BematechMarcello Póvoa, MPP InterativaMarcio Nigro, CaronetasNei Grando, consultorThiago Lavor, Alavancar.meYuri Fiaschi, Spring Wireless Lilian Yamamoto, ADW/idGibson Nagata, Gemalto

3 e 4, abril 2013CENTRO DE CONVENÇÕES FREI CANECA, SÃO PAULO, SPPATROCÍNIO PATROCÍNIO SILVER PATROCÍNIO BRONZE PATROCÍNIO VIP APOIO TECHNO PARTNER PARCEIROS DE MÍDIA PROMOÇÃO REALIZAÇÃO

J O R N A L P R O P A G A N D A & M A R K E T I N G - E D I T O R A R E F E R Ê N C I A

m o b i l i d a d e + i n t e r a t i v i d a d e

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O ponto de convergência dos negócios digitais.SOCIAL CLOUD: SOCIAL + MOBILIDADE + CLOUD COMPUTING + INFORMAÇÃO

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1 8 T I I n s I d e | m A r ç o d e 2 0 1 3

mesmo ainda engatinhando no Brasil, a oferta de software como serviço tem crescido nos dois últimos anos e conquistado um número cada vez maior de empresas, que veem essa modalidade de compra de sistemas como uma forma de reduzir custos e dar mais agilidade e flexibilidade aos usuários

Apesar do uso de software como serviço (SaaS, na sigla em inglês) no Brasil ter crescido expressivamente nos

dois últimos anos, o número de empresas no país que adotam essa modalidade de compra de sistemas e aplicativos, em termos absolutos, ainda é pequeno, principalmente quando comparado com o restante do mundo. Talvez isso explique a oferta escassa de SaaS por parte dos fabricantes de software, embora o mercado potencial seja muito grande, considerando-se que no software como serviço o preço da aquisição da licença é diluído, o que

custos com a aquisição de software, já que o uso de SaaS permite que o cliente pague somente pelo que realmente usa, por meio de uma tarifa mensal, como a internet em banda larga, celular ou TV por assinatura.

Embora a tendência seja que a oferta de software se volte cada vez mais para o modelo de serviço, no Brasil, a adoção do SaaS está pelo menos três anos atrasada. De acordo com o analista do Gartner, Charles Eschinger, um dos fatores limitantes para o seu avanço é a escassez de redes de alta velocidade. Outro aspecto, apontado por um relatório da Software & Information Industry Association

BRUNA ChIECO

saas: Corrida contra o tempo perdido

>mercado

abre boas perspectivas especialmente no segmento de pequenas e médias empresas.

Para se ter uma ideia dessa potencialidade, um estudo do Gartner prevê que, neste ano, o mercado brasileiro de SaaS crescerá mais que o mercado mundial — 34,8% contra 22% de expansão, respectivamente —, o que mostra que essa modalidade de comercialização de software apresenta uma demanda crescente no país. Além disso, o levantamento revela que mais de 81% das empresas nacionais esperam manter ou aumentar os investimentos nesse modelo. um dos impulsionadores dessa demanda é a necessidade das empresas de reduzir

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m A r ç o d e 2 0 1 3 | T I I n s I d e 1 9

(SIIA), é que o SaaS implica no “desenvolvimento de novos modelos de negócios e tecnologias”. O documento chama atenção para o fato de que, com o SaaS, também não são mais necessários os contratos de manutenção, pois essas atividades ficam a cargo do provedor e não mais da empresa que adquiriu o software. O usuário passa apenas a usar o programa, sem ter que se preocupar com as atividades de instalação, manutenção e atualizações.

Estas questões, segundo analistas de mercado, é que têm servido como pano de fundo para que alguns fabricantes de software mostrem certa resistência em abraçar esse modelo, bastante diferente do tradicional, em que a empresa adquire uma licença de uso e instala o software em seu servidor ou desktop. Ela adquire a licença, mesmo que não use o software intensivamente. No modelo SaaS, quando o programa não está sendo usado, não está sendo pago. Mas, mesmo diante dessa reação, eles acreditam que mais cedo ou mais tarde todos os fornecedores de programas terão de se render ao SaaS.

Para esses analistas, contudo, os dois modelos, o atual e o de software como serviço, vão coexistir. O que veremos nos próximos anos, segundo eles, será a operação conjunta dos modelos atuais e o de cloud computing/SaaS, ou seja, nuvens híbridas, com parte das aplicações e infraestrutura operando em nuvens privadas e parte em nuvens públicas, e mesmo alguns servidores e aplicações sendo ainda operados da forma tradicional.

partir do segundo, terceiro ano, há uma alteração na receita. Tudo isso começa a se pagar no quarto ou quinto ano”, destaca. “Sabemos que vamos colocar dinheiro nesse negócio e que lá na frente teremos o resultado”, completa.

De qualquer modo, trata-se de um desafio. Os fornecedores de software estão acostumados com o modelo de licença tradicional, em que o pagamento é feito no ato da compra, além de receberem pela manutenção. Já no modelo SaaS, o fabricante precisa criar raízes com o cliente, pois o retorno financeiro ocorre ao longo dos anos, não mais no ato da compra.

A Oracle, uma das primeiras a adotar o modelo SaaS no Brasil, também admite que o maior impacto na transição é a forma de venda. “Com o SaaS, viramos um prestador de serviços. Alguém tem que ativar o serviço, muda a tarifação, tem toda

uma lógica. A equipe de vendas tem que mudar a forma de vender”, explica o diretor de produtos de CRM para a América Latina, Jorge Toledo. “Isso impacta em contratações,

treinamento, na forma diferente de vender e impacta na receita”, observa.

Desafios do modeloMas não é só. Outro desafio a ser

superado pelos fornecedores de software diz respeito à tecnologia. Além de uma oferta maior de software, manutenção e qualidade do serviço, o provedor tem de garantir a segurança dos dados. “Temos que desenvolver um software cada vez melhor, para prestar um serviço de

Não é por outro motivo que boa parte dos fornecedores de software já está se mexendo. A Senior, desenvolvedora brasileira de software

de gestão, por exemplo, decidiu intensificar as suas ofertas de SaaS. Embora preveja um retorno tardio, já que a forma de pagamento muda, o gerente de produto da empresa, Alencar Barwanger, vê o modelo como viável, uma vez que gera ganho conforme o cliente for ampliando o uso, renovando suas licenças e contratando mais serviços para uma quantidade maior de usuários. “Quando fizemos o plano de negócios, já sabíamos disso. A

“Para as empresas, a vantagem do modelo saas é ter acesso a uma tecnologia que antes precisariam de profissionais e infraestrutura”EDUARDO CAMPOS, DA MICROSOFT

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AplicAções sAAs mAtAdorAs

Embora qualquer software possa ser ofertado no modelo SaaS, algumas aplicações têm se destacado como as mais comuns. Os dados são baseados em uma

pesquisa realizada pelo Gartner, entre junho e julho de 2012, com empresas que já estavam utilizando o SaaS ou planejando adotar o modelo nos próximos 12 meses.

Segundo o levantamento, mais de 40% das empresas no Brasil usam ou pretendem usar o modelo SaaS para gerenciamento de conteúdo corporativo, conferência via web e gerenciamento de relacionamento com os clientes (CRM). Além disso, mais de 30% delas têm as mesmas pretensões

em relação às ferramentas de gestão da cadeia de suprimentos (SCM) e gestão empresarial (ERP).

Os dados também mostram que os entrevistados preferem utilizar as soluções de SCM como uma extensão ou a substituição do modelo de compra de licenças de software on premise por pacotes de assinaturas de programas baseados na nuvem. Já para ERP, mais de 50% adotam um protótipo temporário para um novo procedimento ou uma nova funcionalidade da aplicação. Mas, a oferta de software como serviço que tem a preferência disparada dos entrevistados é o de CRM, citado por mais de 40% deles.

AnAlistAs AcreditAm que mAis cedo ou mAis tArde todos os fornecedores de progrAmAs terão de se render Ao sAAs

Estudo mostra os softwares mais bem aceitos pelas empresas como oferta SaaS

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2 0 T I I n s I d e | m A r ç o d e 2 0 1 3

>mercadoqua lidade. Antes, o cliente ficava com muitas das responsabilidades, que passam a ser nossas. Temos que desenvolver e prestar um serviço cada vez melhor. Exige uma reorientação tecnológica estrutural na empresa”, ressalta Barwanger, da Senior.

Avaliar corretamente o potencial do software no mercado antes de adotar o modelo SaaS é outro aspecto importante. A Microsoft, por exemplo, escolheu o seu famoso pacote de aplicativos de escritório Office para ingressar na oferta de SaaS. Assim, ela introduziu o Office 365, a versão online do software, com foco em diferentes nichos do mercado, desde pequenas e médias empresas (PMEs) até o consumidor final. “Identificamos se isso já tinha condições de ser implementado. O modelo não se encaixa muito no que o usuário costuma comprar, mas se adapta à oportunidade de mercado muito bem”, diz o gerente geral de Office da Microsoft, Eduardo Campos. “Para as empresas, a vantagem é ter acesso a uma tecnologia que antes precisariam de profissionais e infraestrutura. Isso deixa inclusive as pequenas e médias empresas no mesmo patamar de uma grande corporação e reduz barreiras para que empresas fiquem em funcionamento.”

um problema muito comum enfrentado por fornecedores de software na nuvem é a não ativação do programa. Há clientes que compram software no modelo SaaS mas não o ativa, e continuam usando o programa antigo por não saber fazer a migração ou a própria ativação. Isso acaba reduzindo os ganhos do provedor, que depende da utilização do serviço e da renovação do mesmo para manter a receita recorrente. Apesar de não identificar essa dificuldade por parte de seus clientes, a Microsoft conta com parceiros especializados para ajudar os clientes nesse sentido.

O gerente de engenharia de sistemas da McAfee do Brasil, José Antunes, comenta que o modelo SaaS já foi pensado de forma que haja um sistema de ativação feito por empresas especializadas. “Além disso, é preciso fazer também

transferência de conhecimento dentro das empresas. Quando ofertamos SaaS através do parceiro especializado, traz um conforto muito grande para o cliente”, destaca ele, ressaltando que toda migração para qualquer serviço deve ser bem planejada. “O cliente que possui o modelo tradicional, por exemplo, de um antivírus dentro da empresa, em seu servidor interno, e quiser adotar a

solução na nuvem, a migração deve ser preparada levando em consideração todos os fatores. É preciso um planejamento correto para a migração.”

Necessidade de investimentoApesar dos diferentes desafios

enfrentados por cada fornecedor de SaaS, é unânime entre eles que a oferta de software como serviço exige investimentos. O Gartner, por sinal, alerta que um dos principais problemas vivenciados por provedores de software é justamente a falta de infraestrutura. “Hoje vemos que a maioria dos fabricantes de software planeja a oferta de SaaS, mas uma grande porcentagem não

possui infraestrutura. Muitos dos investimentos que fazem são em reestruturação tecnológica para torná-la apropriada para habilitação na nuvem”, diz Eschinger.

O gerente de engenharia de sistemas da Symantec, Vladimir Amarante, corrobora essa afirmação. Segundo ele, para ampliar a qualidade do serviço a empresa teve de fazer aquisições e complementar o portfólio. Já a Senior, conta Barwanger, firmou recentemente um contrato com a IBM, com duração de dez anos, para montar uma nuvem privada visando prover o gerenciamento, segurança, disponibilidade e escalabilidade necessárias para a oferta de SaaS aos clientes. Segundo ele, o software de gestão empresarial (ERP) da empresa estará disponível na nuvem a partir deste mês, e as soluções gestão de pessoas e gestão de acesso e segurança serão ofertadas em cloud ainda neste primeiro semestre.

Campos, da Microsoft, diz que a empresa possui uma estrutura própria. “A partir do momento em que o cliente assina o serviço, somos responsáveis por toda a operação, o que requer investimento em data center, pois é isso que nos dá vantagem e maior velocidade na entrega dos serviços.”

De acordo com analistas de mercado, para a consolidação do SaaS no Brasil, é preciso mais investimento dos fabricantes de software em infraestrutura e equipe. O modelo traz mais responsabilidade aos fornecedores e os custos devem ser bem dimensionados. Por isso, uma análise econômica e financeira deve ser efetuada com cuidado antes de se adotar o modelo SaaS em seu portfólio de aplicações, sob o risco de resultar em prejuízo.

Pelo lado das empresas usuárias de SaaS, alguns cuidados devem ser tomados, porque embora a troca do modelo tradicional de licença pelo software como serviço pareça ser extremamente atraente, é importante analisar o custo total de propriedade pelo período em o software estará sendo usado pela organização. Além disso, a computação em nuvem não deve ser vista apenas pela ótica de redução de custos, mas também pelos benefícios, como mais agilidade e flexibilidade aos usuários.

“Antes, o cliente ficava

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24 e 25 de Junho, 2013 AMCHAM, São Paulo-SP

Seu time está pronto para marcar um gol de melhor atendimento? Dar uma “bola fora” com o cliente é o

pior que pode acontecer para a sua marca.

A realização de grandes eventos esportivos no Brasil

está se aproximando Venha debater com os líderes do setor, as ideias e soluções para um mercado que hoje é alvo de muitas criticas e passa por grandes transformações e desafios.

Cenário do mercado de contact center exige novas definições

Atualize suas táticas de atendimento.

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experiência em plataformas móveis, conhecimento do mercado e, principalmente, descobrir um nicho inexplorado são alguns dos requisitos apontados por especialistas para quem quer entrar (e ser bem-sucedido) no negócio de desenvolvimento de aplicativos móveis

O mercado mundial de aplicativos móveis deve movimentar uS$ 25 bilhões somente neste ano, segundo projeção do Gartner. E, para o Brasil,

as perspectivas também são bastante promissoras. uma pesquisa da Accenture realizada em 13 países revela que os brasileiros são os mais propensos a adquirir um smartphone num futuro próximo — nada menos que 78% dos entrevistados no país disseram ter a intenção de comprar esse tipo de aparelho, contra 40% em outras regiões.

Este número tende a crescer cada vez mais em função do barateamento das novas tecnologias, tanto de smartphones e tablets quanto do acesso a internet em banda larga 3G, além da entrada da classe C no mercado consumidor. No ano passado, por exemplo, os consumidores compraram três vezes mais por meio de dispositivos móveis, de acordo com dados da plataforma global de transações digitais Adyen. Entre os produtos adquiridos via smartphones estão eletrodomésticos, livros, CDs de música e, principalmente, aplicativos. Os aplicativos para dispositivos móveis, por sinal, se tornaram uma verdadeira febre no mercado.

“É uma tendência mundial, temos cada vez mais smartphones no mundo. Antes, existiam apenas aparelhos top de linha, mas agora já vemos opções a preços mais módicos para outras camadas da população, o que no Brasil ajudou a acelerar o mercado de desenvolvimento de aplicativos móveis”, observa Eiran Simis, gerente de empreendedorismo do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R).

empreendedor, revelam que das 1.475 startups brasileiras em atividade, aproximadamente 10% são voltadas ao negócio de mobilidade (veja boxe ao lado). É a terceira maior categoria de empresas nascentes de tecnologia, atrás apenas de redes sociais e de comércio eletrônico — esta última categoria normalmente fornece serviços voltados ao varejo móvel.

O desafio para os empreendedores começa na dificuldade de concorrer com os mais de 700 mil aplicativos disponíveis nas lojas virtuais dos fabricantes de dispositivos móveis. Isso sem falar na necessidade de um plano de marketing e de divulgação. “Para desenvolver o app são necessários, em média, um investimento de R$ 40 mil e alguns meses de trabalho, o que não é muita coisa. Colocar o produto à disposição de milhões de pessoas também pode ser feito praticamente do dia para a noite. A etapa mais árdua é a do marketing, a mais cara e a que demanda mais tempo e relacionamento”, explica Simis.

Daí o fato de os empreendedores bem-sucedidos nesse segmento normalmente já terem experiência nessa área, com contatos estabelecidos e conhecimento do negócio. É o caso da iFood, startup de entrega de refeições por encomendas feitas por meio de celular. O CEO da companhia, Felipe Fioravante, conta que a ideia nasceu a partir de uma empresa já estruturada, que fornecia aos restaurantes a opção de pedidos feitos através da internet. “Já conhecíamos os problemas dos restaurantes e a dinâmica do processo de delivery. São detalhes, como a necessidade de um equipamento que imprime as notas em duas vias ou o barulho da máquina para alertar a cozinha sobre a chegada de um pedido, que o

GABRIELA STRIPOLI

o desafio de criar apps de sucesso

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Esse fenômeno fez aflorar um sem-número de desenvolvedores de apps, que viram nesse segmento um negócio promissor. Mas, passada a euforia inicial, alguns começam a se dar conta da realidade do mercado. “Não é um mercado para aventureiros. Quem realmente ganha dinheiro com aplicativos móveis possui estratégia, já empreendeu negócios na área ou nesse segmento da indústria, acumula experiências e, inclusive, fracassos”, alerta Simis.

Dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), que têm como base o autocadastro feito pelo próprio

“entendemos que o mercado de

aplicativos é bem diferente da

internet. Agora vamos trabalhar

para divulgar nosso app nas

lojas de aplicativos”

FELIPE FIORAvANTE, DA IFOOD

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simples desenvolvedor de apps pode não conhecer pela falta de vivência”, explica.

Ele conta que foram necessários seis meses para lançar o aplicativo e integrar o primeiro sistema da iFood, lançado em 2011, aos sistemas dos restaurantes clientes. Hoje, mais de 30% dos pedidos — que podem ser feitos pelo site, além do aplicativo — são feitos por celular. Até o fim do ano, esse percentual deve passar dos 50%. A companhia recebeu recentemente um aporte de R$ 5,5 milhões do fundo Movile, que será utilizado para difundir o serviço nas app stores. “Entendemos que o mercado de aplicativos é bem diferente da internet. Agora vamos trabalhar para divulgar a iFood nas lojas de aplicativos”, explica Fioravante. O modelo de negócio da empresa está baseado num percentual médio de 10% sobre o valor do pedido feito por meio do aplicativo.

A bola da vez

Para o especialista do C.E.S.A.R., o mercado de aplicativos desenvolvidos para o usuário final, como é o caso da iFood, já está saturado. A partir de agora, as soluções devem se concentrar no mercado corporativo. “O mercado de smartphones cresceu tão rapidamente que as aplicações nas mãos dos usuários finais se disseminaram de maneira descontrolada. Há milhares de apps para um mesmo serviço ou venda. A recomendação aos desenvolvedores é que olhem para os problemas empresariais, que são muitos, porque o mercado corporativo é a bola da vez”, aposta Simis. Aplicações que ajudem a baratear os processos internos ou a aumentar as vendas, são exemplos de necessidades de cadeias varejistas que poderiam ser atendidas com softwares móveis.

uma empresa que descobriu um nicho até então inexplorado no mercado corporativo para sua escalada no mercado é a Guiato, grupo europeu que chegou ao Brasil no ano passado. A companhia utiliza recursos de geolocalização para indexar panfletos de supermercados e lojas, comumente encartados em jornais ou distribuídos de porta em porta. O modelo de obtenção de receita da empresa, que atende 1 milhão de consumidores na Espanha, França, Rússia e na Alemanha, se baseia na visualização dos materiais. Mesmo com toda esta estrutura, o CEO da Guiato Brasil, Samuel Artmann, admite dificuldade para introduzir esse conceito de marketing entre varejistas brasileiros. “A percepção de nossos clientes é que a

Outra que surgiu a partir da criação de um app para o varejo foi a Fluid Objects, criada no fim de 2011. O CEO da startup, Cláudio Félix, já atuava na área de desenvolvimento de software quando, após uma temporada na Alemanha, voltou ao Brasil para fundar a empresa, que desenvolveu uma plataforma para a criação de apps personalizados. um dos projetos piloto desenvolvidos por ela é um catálogo digital para tablets voltado a concessionárias de veículos. “Cada segmento do varejo tem uma necessidade específica. No caso da concessionária, o catálogo digital substitui o de papel, que fazia o funcionário perder muito tempo para encontrar informações sobre o produto e, muitas vezes, prejudicava a venda. A necessidade de uma farmácia é diferente de uma montadora, por exemplo, por isso a segmentação dentro do varejo é inevitável”, diz.

O executivo da Fluid defende que a “segunda onda” de desenvolvedoras de aplicativos lancem mão da tecnologia aplicada ao negócio. “Não estamos mais falando de utilizar recursos simples. Trata-se de agregar valor real ao negócio, como a integração da mobilidade com software de CRM para oferecer informações personalizadas ao cliente, ou até a combinação de soluções de pagamentos móveis”, argumenta Félix.

O especialista do C.E.S.A.R. resume o que no entender dele deve ser caminho para quem deseja lucrar com o desenvolvimento de aplicativos. “Não estamos falando em levar aos consumidores novos modelos de compra. O segredo está em realmente gerar receita, ter faturamento, pois não é o usuário final que paga por aplicativos, mas as empresas”, finaliza Simis.

Guiato atende uma necessidade que já existia, de comparar preços e checar ofertas no celular ou no tablet. Ninguém duvida da efetividade da mobilidade para combinar geolocalização, busca e compras, mas o varejo brasileiro ainda é muito conservador e isso dificulta nossa atuação”, queixa ele.

Artmann ressalta que os varejistas brasileiros têm pouca experiência nessas novas tecnologias, por isso os esforços da Guiato se concentram em convencer o empresário sobre a necessidade de aproveitar o boom da mobilidade para alavancar vendas. “Os mercados internacionais, como Estados unidos e Alemanha, historicamente estão alguns anos à frente do Brasil. Em visitas a feiras internacionais, podemos antecipar as necessidades e, de certa forma, ‘prever o futuro’ das demandas no Brasil. Por isso, é importante já ter atuado na área”, alerta Artmann.

“ninguém duvida da efetividade da mobilidade para combinar geolocalização, busca e compras, mas o varejo brasileiro ainda é muito conservador e isso dificulta nossa atuação”SAMUEL ARTMANN, DA GUIATO BRASIL

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cenário difícil de ser desenhAdo

Mapear as atividades de startups de tecnologia no Brasil é uma tarefa difícil devido à origem do

negócio, que muitas vezes surge sem que haja uma sede física. A medição oficial da ABStartups leva em consideração o StartupBase, cadastro permanente de empresas nascentes preenchido pelos próprios empreendedores. De acordo com o cadastro, o estado de São Paulo concentra a maioria das startups, com 283 empresas, seguido do Rio de Janeiro, com 104, e Minas Gerais, com 67. As empresas são dos mais variados ramos de tecnologia, como desenvolvedoras de jogos, redes sociais, pagamento

eletrônico, entre outras. Como são os próprios

desenvolvedores que classificam a startup em tópico único, a área de mobilidade também pode estar diluída em outras atividades — uma startup classificada como “pagamento eletrônico” pode ter como principal negócio a venda por dispositivos móveis, mesmo não pertencendo à categoria de mobilidade, por exemplo. Ainda segundo a associação, o valor médio de investimento inicial em um negócio digital é R$ 500 mil. Já o aporte de capital de fundos de investimento varia entre R$ 20 mil a R$ 1 milhão.

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Investir parte dos gastos com TI no gerenciamento de ativos físicos (equipamentos) e intangíveis (softwares) já faz parte, há tempos, da realidade de grande parte das médias e grandes empresas brasileiras. Mas

algumas delas somente agora têm despertado para a importância de se ter o controle sobre esses bens. Isso porque conhecendo o parque de ativos é possível evitar a obsolescência, garantir o controle operacional e gerenciar os custos de forma mais eficiente.

Ao contrário do que muitos imaginam, a gestão de ativos de TI vai além de um simples inventário de hardware e software. Ela envolve o controle constante das mudanças pelas quais um ativo passa em todo seu ciclo de vida, desde a compra, instalação, mudanças de usuários, manutenção, atualizações até a desativação e descarte. Além disso, a gestão de ativos deve ser vista também sob uma perspectiva da estratégia de negócios em toda a empresa.

“O real benefício está diretamente ligado ao resultado do negócio. Com uma gestão de ativos eficaz, a empresa pode vir a ter uma redução considerável no custo operacional dos projetos”, ressalta Leonardo Ricciardi, gerente de operações da Vertigo Tecnologia. Segundo ele, ao gerenciar seus ativos físicos por meio de um serviço em nuvem da Amazon, a desenvolvedora de soluções de TI conseguiu, em um ano e meio, reduzir os custos com ativos físicos em 13% e prevê, até o fim deste ano, diminuí-los em 20%.

Na opinião de Daniel Bio, gerente de soluções da SAP Brasil, cujas vendas de software de gestão de ativos têm crescido anualmente entre 20% e 30% principalmente para empresas de manufatura, bens de consumo,

segurança de dados. “Por mais que você tenha um processo de governança de TI estabelecido, os dados devem ser armazenados e precisam que os ativos tenham atualizações de segurança apropriadas para evitar violações”, explica Ricardo Scheffer, diretor de suporte de TI da Sonda IT, para quem a gestão de ativos, mais do que uma necessidade, é uma obrigação das corporações. Além de controlar o ciclo de vida de equipamentos como desktops, notebooks, servidores, impressoras, entre outros, a gestão de ativos gerencia, também, as licenças de software. Assim como no caso do hardware, com o software o planejamento também deve existir. Mas, diferente do ativo físico, onde é possível ter controle presencial e palpável, o software, que é um bem intangível, é mais difícil de administrar. Nesse sentido, o gerenciamento de ativos de software, também conhecido como Software Asset Management (SAM, na sigla em inglês), protege os investimentos e auxilia a empresa a saber quais softwares possui, onde eles estão em execução e se estão sendo utilizados de forma eficiente. O processo consiste em quatro passos:

inventário de software, comparação do inventário com as licenças atuais, revisão de políticas e procedimentos e, por fim, o desenvolvimento de um planejamento de SAM.

Segundo Frank Meylan, sócio-líder da área de consultoria de gestão da kPMG no Brasil, ter o

controle de todas as licenças de software é um desafio, visto que as empresas compram mais licenças do que realmente precisam. “Não há orçamento que dê

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automobilística e usinas siderúrgicas, é preciso ter a máxima disponibilidade dos ativos, pois eles são meios de produção e geram valor à empresa. “Se você utiliza os ativos ao máximo e consegue mostrar ao gestor um controle mais eficiente dos mesmos, vai aumentar ainda mais sua capacidade de produção, sem precisar investir em novos equipamentos ou ainda em uma nova planta industrial”, afirma.

O sócio-diretor da consultoria Delicato, Fulvio Delicato, vai além e afirma que, atualmente, não se pode olhar o ativo somente como um gerador de custo. “Quando você olha o ativo com os olhos no faturamento, você para de pensar no custo e passa a pensar na geração de caixa”.

Negligenciar a gestão do parque de ativos eleva também os riscos em relação à

Com enfoque no controle de operacional e de custos de forma mais eficiente, empresas estão descobrindo os benefícios do gerenciamento dos ativos de TI — e o melhor, que isto está diretamente ligado ao êxito nos negócios

“se você utiliza os ativos ao

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mostrar ao gestor um

controle mais eficiente dos mesmos, vai

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FABIANA ROLFINI

A gestão de Ativos deve ser

vistA tAmbém sob A perspectivA dA estrAtégiA de negócios

Gestão de ativos em prol do negócio

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conta. Se você não tiver um controle muito rígido, a empresa desperdiçará o escasso recurso de TI que possui para investir na gestão de ativos, adquirindo um risco financeiro”, alerta.

Nuvem e RFIDDentre os modelos de soluções para

a gestão de ativos disponíveis no mercado estão o chamado software de prateleira, o software como serviço (SaaS) e o serviço em nuvem. Este último, na opinião de especialistas, desponta como a principal tendência para gestão de ativos. Para Meylan, aplicativos para gestão de ativos que operam em nuvem ganharam força neste ano, em empresas de todos os portes. “Para as pequenas e médias principalmente, a nuvem é um grande apelo pelo fato de ser muito custoso adquirir software de gestão integrada (ERP)”, enfatiza.

Opinião semelhante tem Scheffer, da Sonda IT, que vê as soluções de gestão de ativos em nuvem com um caminho sem volta. “A nuvem traz uma série de benefícios que os outros tipos de soluções não oferecem, permitindo, por exemplo, o melhor compartilhamento de recursos”, diz. O executivo ainda ressalta que, atualmente, poucas empresas compram software de prateleira, por não garantir um processo de gestão eficiente.

Algumas empresas começam a se render também ao uso da tecnologia RFID (sigla em inglês para identificação por radiofrequência), como opção para a gestão de ativos em data centers. É o caso da Ativas, empresa de TI pertencente aos

grupos Asamar e Cemig, que optou pelo RFID visando garantir maior eficiência operacional e segurança aos processos, além da visibilidade em tempo real de todo o parque de equipamentos de seu data center, localizado em Belo Horizonte, de maneira a prevenir perdas e consequentemente a necessidade de compra de um novo produto. “Adquirimos um software customizado da Coss Consulting que nos permite acompanhar toda a movimentação de equipamentos no data center e saber sua localização exata em tempo real”, afirma Heudes Freitas, gerente de infraestrutura da Ativas.

De modo simplificado, o uso da tecnologia RFID em data centers consiste na identificação dos equipamentos com etiquetas, denominadas tags, que contêm

informações sobre os mesmos. Essas tags emitem sinais de radiofrequência que permitem identificar sua localização e ter acesso às informações que elas armazenam. No caso da Ativas, foram instaladas antenas em todas as áreas de produção, como as de estoque e embalagens, e através de uma ferramenta de gestão, quando um equipamento chega na empresa, antes de ir para o data center, ele passa por um processo no qual as informações são exportadas para o software de RFID.

Segundo Freitas, a companhia faz a gestão de mais de mil ativos atualmente e recebe, em média, cem equipamentos por mês de operadoras, clientes e da própria empresa. “Os data centers que estão surgindo hoje já percebem a necessidade de investir na gestão de ativos, de maneira a obter maior confiabilidade aos negócios”, comenta.

Atenta às vantagens do RFID, a Sonda IT pretende em até cinco meses incorporar a tecnologia às suas soluções de gestão de ativos — as quais cobrem desde o inventário inicial até a gestão de equipa-mentos, cobrindo todo seu ciclo de vida.

Atualmente, uma das principais dificuldades enfrentadas pelas empresas para manter o parque de ativos inventariado está na necessidade de ter um grande número de pessoas para coletar as informações. “Com o RFID, o ambiente é atualizado em um espaço de tempo muito curto, mantendo os equipamentos controlados sem a necessidade de ter que enviar uma pessoa a campo”, ressalta Scheffer.

Apesar de ser uma prática relativamente nova no setor elétrico, o gerenciamento de ativos é visto pela maioria das empresas de energia como um recurso para melhorar a

eficiência e a redução de perdas. Um estudo recente realizado pela Associação Internacional do Cobre (ICA, na sigla em inglês) revela que raramente as empresas têm uma estratégia clara e um plano para substituição, renovação ou reforço de ativos — o cobre é o metal mais utilizado em equipamentos de energia, portanto é um elemento sempre presente em todas as etapas da gestão de ativos no setor elétrico.

A pesquisa foi realizada em seis países da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru) com agências reguladoras, empresas de tecnologia da informação e empresas de geração, transmissão e distribuição de energia, que representam 56% do consumo e 70% da capacidade instalada na região.

Os resultados apontaram grandes diferenças e estágios de processos de gerenciamento de ativos entre os países e entre as empresas participantes. Das companhias consultadas,

nenhuma apresentou sistema de gestão de ativos implantado em sua totalidade e somente 16% delas estudam, atualmente, como atender os requisitos da PAS-55 — única norma existente atualmente que apresenta as diretrizes para uma gestão eficiente. Além disso, apenas 59% das empresas participantes já adotaram ou estão em fase de implantação de alguns dos principais conceitos e gerenciamento de ativos, e somente 45% delas realizam análises de riscos, ciclo de vida e econômica dos ativos críticos.

De todo modo, o relatório aponta que em países como Brasil, Peru, Chile e Argentina o conhecimento dos conceitos e das práticas de gestão de ativos são mais difundidos no setor elétrico, enquanto no México as empresas não as adotam. Os países que de alguma forma possuem normas de regulamentação e leis que incentivam indiretamente a gestão de ativos, como Brasil e Peru, são aqueles que possuem empresas em estágio mais avançado de gestão de ativos.

De acordo com a ICA, o Brasil é o maior produtor de eletricidade (36%), seguido por México (21%) e Argentina (9%).

choque de gestão no setor elétrico

“Por mais que se tenha um processo de governança de TI estabelecido, os dados devem ser armazenados e precisam que os ativos tenham atualizações de segurança apropriadas para evitar violações”RICARDO SChEFFER, DA SONDA IT

Com a gestão de ativos, ganhos de eficiência energética podem ser alcançados, melhorando a geração de eletricidade e reduzindo perdas na transmissão e distribuição

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“nós vivemos um processo muito

forte de modernização e

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Para marcar suas quatro décadas de atividades, que serão completadas em 2014, a dataprev decidiu investir cerca de r$ 230 milhões para executar um amplo projeto de modernização em suas diversas áreas

rumo aos 40, mais moderna e eficaz

MAX MILLIANO MELO, DE BRASÍLIA

O ano de 2014 marcará os 40 anos da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), órgão responsável pela

informatização da Previdência Social e uma das maiores folhas de pagamento do mundo, a dos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), além da administração do maior banco de dados da América Latina. Para chegar mais moderna e competitiva à data comemorativa, a empresa planeja realizar investimentos recorde em todos os setores neste ano.

A agenda será intensa. Está prevista a aplicação de cerca de R$ 230 milhões nas mais diversas áreas, desde a modernização de produtos já oferecidos até a criação de novas plataformas de trabalho. “Nós vivemos um processo muito forte de modernização e padronização. Estamos investindo nesse ano nas mais diversas áreas, desde no reforço da infraestrutura de processamento de dados dos nossos centros até na capacitação de nossos servidores”, explica Rodrigo Assumpção, presidente da Dataprev.

A empresa vive um bom momento, vindo também de um recorde de investimentos em 2012, quando executou mais de 94% de seu orçamento previsto, o maior percentual desde 1994. “Os dados do ano passado ainda não estão fechados, mas posso adiantar que nossos investimentos chegaram a algo entre R$ 126 milhões e R$ 130 milhões”, completa Assumpção, que prevê um crescimento de quase 80% nesse montante. “Muito do que foi investido em 2012 será colhido neste ano, por isso temos muitas expectativas para 2013”, afirma.

Na área física pelo menos três grandes projetos estão em andamento. O mais adiantado é a instalação de uma nova unidade de desenvolvimento, responsável pela estruturação de novos produtos. Ela será inaugurada no fim do mês em Natal, no Rio Grande do Norte, e será a quinta da empresa (Fortaleza, João Pessoa, Rio de Janeiro e Florianópolis já mantêm unidades do gênero), tendo sido instalada na região potiguar devido ao potencial de TI da área.

Ainda no primeiro semestre, dois dos três centros de processamentos e dados serão reestruturados. O Centro de Processamento São Paulo (CPSP) ganhará uma nova e mais ampla sala-cofre, enquanto o Centro de Processamento Rio de Janeiro (CPRJ) deverá receber melhorias na infraestrutura de monitoramento. O projeto paulista já está em curso e deve ficar pronto no segundo semestre. As obras no Rio devem começar em maio e se estender por 20 meses.

Depois das obras, a capacidade de infraestrutura básica da empresa deve triplicar. “Ainda não podemos fazer previsões, mas a expectativa é que a nossa capacidade energética, de processamento e storage cresça pelo menos na mesma proporção”, afirma Assumpção.

A reestruturação da Dataprev não fica restrita à área física. Do ponto de vista organizacional, a empresa também vem promovendo reformas para se alinhar com seus interesses e atingir seu principal objetivo: tornar-se a empresa referência em processamento de dados sociais. A principal dentre essas mudanças foi a estruturação de um novo departamento, o de Arquitetura Técnica.

O novo setor unificou e incorporou os antigos departamentos de infraestrutura e

No ano passado, os desembolsos para aquisição e manutenção de hardware somaram R$ 66,8 milhões — um total 4,47% maior do que o previsto para esse item no planejamento anual da empresa —, enquanto para software e aquisição de licenças o montante chegou a R$ 34,5 milhões, 84,27% do valor planejado. Os demais investimentos foram feitos em bens móveis e imóveis, veículos, máquinas e equipamentos.

Com isso, a atividade-fim da empresa — desenvolvimento de tecnologia da informação para aplicações de políticas públicas e sociais que envolvam grandes bases dados — concentrou a maior parte dos recursos, num total de R$ 101,4 milhões, ou 82,5% do orçamento realizado em 2012. Esse movimento repete o comportamento das contratações em curso e continua neste ano, alinhado aos projetos previstos no Plano Estratégico 2010-2015 da empresa.

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“nos últimos anos tivemos inúmeros avanços tecnológicos na Previdência social, dos quais podemos destacar o agendamento eletrônico e os sistemas de cadastro de segurados e de benefícios”LINDOLFO SALES, DO INSS

de planejamento, com o objetivo de padronizar e melhorar as ferramentas de teste. “A visão centralizada da arquitetura técnica, integrando aspectos do desenvolvimento e da infraestrutura, e sendo representada também nas unidades de desenvolvimento de software, é uma mudança de paradigma”, acredita Gustavo Madeira Saramago, responsável pelo novo setor.

Novos produtosTodas as mudanças desenhadas

pela Dataprev têm um único objetivo: dar mais dinamismo e segurança à empresa e possibilitar a oferta de novas soluções em processamento de dados. Nesse quesito, ela já sabe exatamente para onde pretende direcionar o foco. “Estamos desenvolvendo uma série de projetos que devem garantir uma expansão importante na nossa oferta de serviços”, explica Assumpção.

Neste ano, a Dataprev começa a desenvolver seus primeiros produtos transversais, ou seja, desenvolvidos a partir de demandas comuns de vários órgãos e que poderão ser aplicadas a diversas instituições. “Já detectamos oportunidades em sistemas de gestão de planejamento e diretórios de correio eletrônico, por exemplo”, cita o presidente. A ideia é que essas ferramentas sejam mais genéricas, menos focadas em um cliente específico, como a empresa tradicionalmente foca.

Outro serviço que deve ganhar mais espaço é a oferta de estrutura de host. “Com a nossa capacidade de hospedagem ampliada pretendemos fazer mais parcerias com órgãos da administração pública que não possuem a infraestrutura adequada para a sua base de dados”, afirma Assumpção. Nesse modelo os dados são mantidos em servidores da Dataprev, mas com operações remotas em cada cliente. “O governo passa por um processo intenso de virtualização de seus serviços, por isso a demanda por segurança e hospedagem tende a crescer rapidamente.”

Seguindo uma tendência mundial, a computação em nuvem deve chegar em breve à administração pública. Este ano será de capacitação para que o governo brasileiro chegue no ano da Copa do Mundo de Futebol nas nuvens.

Nesse sentido, o principal parceiro da empresa continua sendo o INSS. O órgão com forte interface com os cidadãos sente no seu dia a dia os reflexos da modernização promovida pela

será migrada. “Para os pagamentos, estamos desenvolvendo um novo sistema, o SIB 2, já nativo em Java. Acreditamos que uma melhor opção em relação à migração devido à complexidade dos processos”, conta o líder da empresa.

Mais clientesA relação com a Previdência Social é

a mais intensa, mas não é a única da Dataprev, que vem ampliando o seu portfólio de clientes. Em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), a empresa está desenvolvendo um novo sistema de gestão de pessoas para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Mpog). Batizado de Sistema de Gestão de Pessoas do Governo Federal (Sigepe), custará R$ 97 milhões.

O substituto do atual Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape) incorpora os macroprocessos já presentes no Siape — provisão da força de trabalho, legislação de pessoal, saúde, cadastro e folha de pagamento —, além de incluir outros seis: gestão de processos e sistemas, evolução funcional, compensação de RH, seguridade social, capacitação e desenvolvimento, monitoração e avaliação de desempenho.

O sistema todo, que deve demorar ainda mais quatro anos para ser concluído, já está funcionando parcialmente. “um dos módulos da nova solução já foi entregue ano passado e a nossa previsão é que outros cinco sejam concluídos neste ano”, completa o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção.

A abordagem transversal deve ampliar a parceria da empresa com outros órgãos do governo federal. Além do Ministério da Previdência, o INSS e o Mpog, outras instituições como o Ministério do Trabalho e os bancos que operam crédito consignado em folha também estão entre os clientes da Dataprev neste ano.

A empresa também está desembarcando do outro lado do Atlântico. A experiência da parceria entre Dataprev e INSS, que em 1974 informatizou de vez o pagamento de benefícios sociais no Brasil, está servindo de base para a modernização da Previdência Social de Moçambique, país de língua portuguesa na costa oriental da África, que ainda adota um sistema arcaico de pagamento manual para seus cidadãos.

Dataprev. “Nos últimos anos tivemos inúmeros avanços tecnológicos na Previdência Social, dos quais podemos destacar o agendamento eletrônico, sistemas de gerenciamento do atendimento, sistemas de cadastro de segurados e de benefícios”, enumera o presidente do INSS, Lindolfo Sales.

Essas ações, atreladas a investimentos em pessoal e mudanças na legislação previdenciária, propiciaram o término das filas, maior agilidade no atendimento e concessão dos benefícios previdenciários, além de facilitar a obtenção das informações previdenciárias.

Segundo Sales, graças aos avanços dos serviços de TI é que hoje o tempo médio de espera do cidadão nas unidades da Previdência Social está em torno de 30 minutos para o atendimento após o agendamento.

Entre os avanços está a migração de um terço dos sistemas da empresa da linguagem Cobol para Java, que deve ocorrer até o fim do ano. Cerca de um terço já foi migrado em 2012 e a última parte, relacionada aos pagamentos não

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>infraestrutura

A integração de diversos sistemas em uma plataforma inteligente capaz de dar respostas ágeis e eficientes a eventos de qualquer natureza surge

como a grande tendência no Brasil em monitoração e segurança física e patrimonial. A oferta desse tipo solução é a aposta das empresas do setor para aumentar a carteira de clientes, expandir os negócios e consolidar a operação em um mercado considerado ainda incipiente, porém com grande potencial de crescimento nos próximos anos. A estratégia delineada pelos players mira diversos tipos de aplicações, abrangendo desde complexos empresariais até condomínios residenciais, centros de logística e grandes canteiros de obras, para citar alguns exemplos.

Os fornecedores definem plataforma inteligente como um conjunto de dispositivos — software e hardware — integrados que podem ser acionados simultaneamente para o monitoramento em tempo real de ambientes. Em geral, são sistemas de alarme, de áudio e de imagem, controle de acesso, detecção de incêndio, controle de iluminação, de elevadores e escadas rolantes etc. A inteligência está na capacidade da plataforma processar as informações coletadas e acionar os mecanismos automáticos de reação definidos no planejamento. Isso ocorre tanto em situações corriqueiras do dia a dia quanto durante eventos considerados críticos.

No mercado há 13 anos, a Digifort é uma das empresas que fornecem soluções de monitoramento para aplicação em automação predial, cujo destaque é o sistema Digifort Analytic, dotado de módulos de análises de vídeo que, quando são utilizados em conjunto, permitem um monitoramento mais eficiente e inteligente do ambiente, assegura Carlos Eduardo Bonilha, diretor da empresa. “Por ser um

software de plataforma totalmente aberta, permite a integração de qualquer software existente no mercado”, afirma.

Segundo ele, o sistema permite gerar alarmes de acordo com eventos que estejam ocorrendo no momento da operação. As suas funcionalidades incluem a geração de relatórios e gráficos estatísticos de todos os eventos registrados no sistema. No mercado, o software é comercializado com diversos módulos, tais como módulos de contagem de pessoas, filtro que permite criar “cancelas virtuais”, contagem de objetos, objetos deixados, objetos retirados, detecção de face, entre outros.

Os projetos de automação predial representam atualmente 10% dos negócios da Digifort. Com matriz em São Caetano do Sul, cidade da região do ABC paulista, e escritórios na Argentina e na Austrália, a empresa exporta para mais de 80 países. As vendas tanto no mercado doméstico quanto no exterior são feitas por meio de integradores. “Estamos procurando novos parceiros de hardware para integração com nosso produto. Temos enfatizado as vantagens de se ter um sistema de automação predial

totalmente interligado com os sistemas de monitoramento de CFTV (circuito fechado de televisão) e analíticos inteligentes de vídeo”, afirma Bonilha.

A combinação de diferentes funções de gestão é uma característica também da plataforma Building Security Systems (BIS), comercializada desde 2007 e cuja versão 3.0, que chegou ao mercado há pouco mais de dois meses, suporta todos os sistemas que fazem parte do portfólio de produtos desenvolvido pela Divisão Security Systems da Bosch, o que abrange sistemas de vídeo, de alarme e intrusão, detecção de incêndio, sistema de comunicação e sonorização, sistema de evacuação por áudio e outros sistemas de automação predial (para controle de iluminação, consumo de energia, gás, elevadores, escadas rolantes etc).

Integração de sistemasDe acordo com Marcos Menezes,

gerente de vendas e marketing da Divisão Security Systems da Bosch para o Brasil, o BIS é uma plataforma aberta e flexível, que tem uma interface robusta e se comunica com os demais subsistemas por meio de um protocolo de comunicação padrão. Nesse modelo de aplicação integrada, no caso de detecção de incêndio, por exemplo, o BIS aciona o sistema de áudio para informar as pessoas sobre os procedimentos de evacuação, ordenando rotas de fugas. Ao mesmo tempo, o sistema de controle de acesso libera as cancelas automaticamente e bloqueia os elevadores. “Esse é o objetivo da plataforma, ou seja, a integração entre múltiplos dispositivos, mas todo o sistema precisa estar configurado para que a plataforma possa reagir a um dado alarme de forma automática”, enfatiza Menezes.

Segundo Menezes, o BIS pode ser integrado a todos os subsistemas do portfólio da Bosch em uma versão completa, mas os clientes têm a opção de contratar a solução customizada, ou seja,

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o uso da tecnologia para criar uma estrutura ágil, eficiente e sustentável, tendo em vista fatores como conforto, segurança, comunicação e economia de recursos, cresce nos empreendimentos imobiliários no Brasil

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somente com os sistemas que atendem as suas necessidades específicas. Na condição de fabricante, a Bosch normalmente não atua na venda direta de suas soluções aos clientes, embora em algumas situações a empresa colabora no processo de pré-venda. Na maioria das vezes, o trabalho comercial é feito por uma rede de aproximadamente 30 integradores.

O executivo considera o cenário no Brasil bastante promissor para a oferta em larga escala dessa plataforma. O seu grande apelo é que, no contexto de integração, não existe limites para desenvolver rotinas e formas de monitoramento inteligente e dinâmico do ambiente. “No mercado brasileiro, a integração de sistemas não é algo recente, mas apresenta grande potencial”, ressalta Menezes. Prova disso, segundo ele, é que o nível de crescimento dos negócios da Bosch com a comercialização da plataforma BIS oscila entre 15% e 20% ao ano.

Na Wellcare Sistemas Inteligentes, que está completando 16 anos de atividades, o software de controle de acesso W-Access é o carro-chefe dos negócios, com participação de 60% a 70% da receita. A empresa soma uma carteira de aproximadamente mil clientes de todos os portes e diferentes ramos de atividade econômica. Como exemplos de usuários, Victor Neves, diretor da empresa, cita desde escritórios de advocacia até condomínios residenciais e grandes centros de logística, como a DHL. Na obra da usina hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho (RO), o software foi usado para controlar o refeitório, conta. “Eles tiveram uma economia fantástica e a gestão melhorou muito.”

O modelo de negócio adotado pela Wellcare também se baseia na venda indireta, feita a partir de 60 parceiros comerciais ativos. Além do mercado doméstico, a empresa busca oportunidades de negócios também no exterior. No momento negocia projetos na África e faz planos para abrir uma filial nos Estados unidos em dois anos. Outro objetivo é oferecer aos clientes a modalidade de contratação do software como um serviço (modelo SaaS, na sigla em inglês).

A certeza de que pode conquistar mais espaço no mercado interno — no qual enxerga boas oportunidades de negócios nos segmentos residencial e comercial — e fincar um pé no exterior advém das características da solução que lançou em 2008 e desde então não parou

de implementar novas funcionalidades. “O principal diferencial do W-Access é o fato de ser uma ferramenta 100% web e bastante flexível”, comenta Neves. Tais características, segundo ele, permitem a customização de cadastros e a criação de campos de acordo com o tipo de usuários, seja ele um funcionário, prestador de serviços ou um visitante.

O diretor da Wellcare destaca, ainda, a integração da tecnologia de biometria para identificação de usuários — recurso que já é contratado por 20% da base de clientes da empresa. “Se uma porta é arrombada ou permanece muito tempo aberta, o sistema busca automaticamente as imagens registradas no sistema de vídeo para fazer o rastreamento do evento”, acrescenta. Outro exemplo de aplicação integrada diz respeito aos elevadores. De acordo com Neves, muitos deles têm sistemas de chamada antecipada, ou seja, quando o usuário se passa pela catraca, o software já identifica o andar em que ele vai e informa qual carro deve tomar.

A empresa fornece o software integrado com um controlador de fabricação própria, uma espécie de um minicomputador, que contém um banco de dados para o processamento em tempo real das informações coletadas, mesmo quando o servidor principal instalado na central de controle fica fora do ar. Os leitores fornecidos pela empresa utilizam tecnologia de radiofrequência (RFID) para leitura dos dados do cartão de identificação do usuário, mas Neves informa que os

equipamentos já suportam a tecnologia NFC (Near Field Communication) para leitura de cartão sem contato (contact less) ou de celulares.

Controle de acesso por NFCPor sinal, o uso em larga escala de

cartões ou celulares com chip NFC para controle de acesso é uma das apostas da HID Global, especializada em soluções de identificação segura. A empresa considera este ano um divisor de águas para a indústria de identidade segura por causa dos avanços da tecnologia, que devem proporcionar aos usuários uma experiência sem precedentes. Na avaliação de Gustavo Grassmann, diretor de vendas da companhia, é uma tendência que ganhará força no mercado brasileiro com o avanço das plataformas de meios de pagamento via celular. Mas isso depende da massificação dos smartphones, que ainda têm preços proibitivos para boa parte da população. De qualquer forma, uma das aplicações que o executivo vislumbra com essa tecnologia é a transferência da chave de segurança para o celular. “uma empresa tem uma equipe de manutenção em campo e pode mandar uma chave virtual temporal para um técnico abrir com segurança a porta de um determinado local para realizar o trabalho”, exemplifica.

De olho no potencial desse mercado, a HID Global mantém negociações com duas operadoras de telefonia móvel brasileiras, que o executivo não pode

revelar por força de contrato de confidencialidade. Os equipamentos de leitura fabricados pela empresa suportam as tecnologias RFID e entre 3% e 5% dessa base estão habilitados também para o padrão NFC. “Temos uma estratégia agressiva

de, a partir de julho, incluir em toda a nossa linha leitores NFC com preço de um equipamento convencional”, afirma.

Com escritório em São Paulo desde 2004, a HID Global colocou em prática um plano para aumentar o relacionamento com o seu canal de vendas. O objetivo é conquistar novos clientes e desenvolver novos negócios com a clientela atual. Para tanto, a companhia reforçou o time de gerentes regionais para a América Latina, que inclui o Brasil. As ações no mercado nacional se concentram basicamente nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste.

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