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Rio de Janeiro, segunda-feira, 6 de abril de 2020 www.jornalcorreiodamanha.com.br Presidente: Cláudio Magnavita Ano CXVIII Nº 23.472 Crime de guerra Negócios suspeitos que utilizam calamidade pública são enquadrados como crimes hediondos. Força-tarefa evitaria a audácia dos corruptos em tempo de crise Fundado em 15 de junho de 1901 Fundador: Edmundo Bittencourt EDIÇÃO EXPRESSA Uma das categorias profissionais que mais trabalha na crise, os jornalistas começam a ser infectados pelo coronavírus. A rotina da cobertura da pandemia. com ida a postos de saúde e hospitais e a realização entrevistas com pessoas potencialmente atingidas pelo Covid-19, aumenta o risco de contrair a doença. No sucursal carioca do SBT, a enfermidade atingiu profissionais e metade da redação está de quarentena. A direção da emissora determinou a higienização completa do prédio, que é antigo tem poucas janelas. Edição Finalizada: 19h CCBB libera edital de patrocínio cultural Caixões de papelão são vistos como alternativa Jornalistas infectados Isolamento social em SP até 22 de abril Vacina contra a gripe volta nesta terça PÁGINA 7 PÁGINA 4 PÁGINA 6 PÁGINA 10 PÁGINA 8 COLUNA MAGNAVITA - PÁGINA 3 Duvulgação/SBT Divulgação CORONAVÍRUS NO BRASIL CONFIRMADOS 12 553 MORTOS MIL

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Rio de Janeiro, segunda-feira, 6 de abril de 2020 www.jornalcorreiodamanha.com.br Presidente: Cláudio Magnavita Ano CXVIII Nº 23.472

Crime de guerraNegócios suspeitos que utilizam calamidade pública são enquadrados como

crimes hediondos. Força-tarefa evitaria a audácia dos corruptos em tempo de crise

Fundado em15 de junho de 1901

Fundador:Edmundo Bittencourt

E D I Ç Ã O E X P R E S S A

Uma das categorias profissionais que mais trabalha na crise, os jornalistas começam a ser infectados pelo coronavírus. A rotina da cobertura da pandemia. com ida a postos de saúde e hospitais e a realização entrevistas com pessoas potencialmente atingidas pelo Covid-19, aumenta o risco de contrair a doença. No sucursal carioca do SBT, a enfermidade atingiu profissionais e metade da redação está de quarentena. A direção da emissora determinou a higienização completa do prédio, que é antigo tem poucas janelas.

Edição Finalizada:

19h

CCBB libera edital de patrocínio cultural

Caixões de papelão são vistos como alternativa

Jornalistas infectados

Isolamento social em SP até 22 de abril

Vacina contra a gripe volta nesta terça

PÁGINA 7

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PÁGINA 10

PÁGINA 8

COLUNA MAGNAVITA - PÁGINA 3

Duvulgação/SBT

Divulgação

CORONAVÍRUS NO BRASIL

CONFIRMADOS

12 553 MORTOS

MIL

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2 Segunda-feira, 6 de abril de 2020OPINIÃO

Mandetta, a serviço da oposição EDITORIAL

De todos os méritos do dr. Luiz Henrique Mandetta, o maior foi o de surfar no anta-gonismo da mídia contra o pre-sidente Bolsonaro. Quanto mais ficava delicada a situação do mi-nistro com o presidente, mais os telejornais exaltavam o chefe da pasta da saúde .

O endeusamento midiático do Mandetta é muito maior do que a realidade. O Ministério vi-rou um satélite da Organização Mundial de Saúde . Passamos a dizer amém e fechar os ouvidos ao contra ponto.

Todo o sucesso real do Man-detta deve-se a uma ação intermi-nisterial. Os valores astronômicos liberados pelo ministro Paulo Guedes, a infraestrutura funcio-nando com o ministro Tarcísio e a carta branca que lhe foi dada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro.

Neste caso, um outro passivo cai no colo do ministro: a articu-lação do seu partido, o Demo-

crata, com Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre esgrimando com o Presidente . O pior é o alinha-mento com os governadores de oposição . Na sexta, na coletiva do Planalto , ele foi questionado sobre a quarentena e repondeu: siga os seus governadores.

Não existe super ministro. O único com mandato é o pre-sidente. Mandetta, como ex-de-putado federal, deveria saber que a lealdade é um dever de quem ocupa um cargo de comissão. Ele não deveria fazer, mesmo que involuntariamente, o jogo da mídia e nem dos governadores de oposição. Foi mordido pela mosca azul da popularidade e na sua capacidade de oratória foi deixando pouco a pouco de citar o presidente . Foi o ministro que foi saindo pouco a pouco do go-verno e não não o presidente que quis colocá-lo na rua. Foi um caso típico de desafiar cada vez mais o Olimpo.

NANI

É uma necessidade premen-te, não a convicção, que faz Bol-sonaro desafiar as evidências, o saber científico, a indignação do bom senso e o coronavírus. Se está convencido, mesmo, do que acusa no isolamento contra o vírus, não é irrelevante. Mas é outra questão, não o que o move.

É para salvar sua pele que Bolsonaro, contraditoriamente, a expõe à contaminação. “Há gente poderosa em Brasília que espera um tropeço meu”, disse na última quinta. Engana-se, não com a gente poderosa, mas com o motivo da espera. E tropeço é uma imagem modesta para o que menos falta em cada dia, vá lá, presidencial.

Entre os que esperam, renún-cia é a palavra da moda. Mais sussurrada do que sonora, pode ser vista como a transferência, para o próprio Bolsonaro, da iniciativa desejada contra ele. O cúmulo do comodismo. Ainda assim, indício de esgotamento.

O alarme soou para os Bol-sonaros com sinais acumulados na semana entre 15 e 21 de mar-ço, ao se acentuarem os choques com governadores e as acusações de “histeria” à prevenção e ao noticiário. Até então, tratava-se de seguir Trump na contestação às recomendações contra o vírus já fulminante na Europa. A per-cepção da fuga de apoios políti-cos abalou os Bolsonaros e suas redondezas.

Carlos, o 02, abandonou os melindres que o distanciaram do pai e voltou para Brasília. Dos três filhos maiores, é o mais ouvido para condutas políticas de Bolsonaro. Vieram novos pronunciamentos na linha de acirrar os ataques, em vez da es-perável busca de reduzir as rea-ções. À distância em quarentena de idoso contaminado, o irado general Augusto Heleno deu-se alta para recompor às pressas o

chamado Gabinete do Ódio. Da outra parte, um sinal eloquente: o general-vice Hamilton Mou-rão também saiu do seu retiro, com renovada receptividade a microfones e câmeras.

A crescente repercussão negativa da campanha de Bol-sonaro foi acompanhada, tam-bém, das adesões, inclusive com carreatas, de donos de empresas ansiosos por voltar ao fatura-mento. Estímulo bastante para mais avanços, como a imersão de Bolsonaro no contato físico com aglomerações em áreas públicas. E aí, no trigésimo ano de vida na política, sua estreia com as expressões “meu povo”, “salário contra a pobreza”, “direitos do povo”.

A mais recente fala de Bolso-naro em rede nacional criou uma situação extravagante. Militares obtiveram que essa fala, em 31 de março, não incluísse as diver-gências sobre o coronavírus. Seja lá pelo que for, e o que for não é bom, a imprensa deu à fala o sentido de louvável (até em edi-torial) recuo de Bolsonaro no confronto com a Organização Mundial da Saúde, quase todos os governadores, muitos prefei-tos, a ciência e o seu aplaudido ministro Luiz Henrique Man-detta, da Saúde.

Na manhã daquele dia, Bol-sonaro atacara o isolamento pre-ventivo e os governadores, com uso de imagens falsas de desabas-tecimento. Pouco depois, reuni-ra-se com médicos sem incluir o médico Mandetta. Logo, de manhã era Bolsonaro como é. À noite, Bolsonaro era os redatores da sua fala. No dia seguinte, Bol-sonaro de volta e a imprensa no recuo, encabulado.

Bolsonaro não voltou só ao que é. Voltou à defesa de sua pele, ao recurso de eficácia já compro-vada, sugerido pela inteligência ferina de Carlos 02. A defesa inflexível e demagógica da reati-vação do trabalho e de sua remu-neração é estimuladora de massas mobilizáveis nas ruas e por todas as formas. Greves de caminho-neiros, violências de trabalha-dores necessitados de dinheiro, rebeldias de Polícias Militares, manifestações de multidão: a ameaça de desordem como res-posta à ameaça do mandato. Não por acaso, as ajudas aos carentes da crise sanitária são muito fala-das por Bolsonaro e Paulo Gue-des, mas não saem dos cofres.

Renúncia de governante cos-tuma ser um gesto, digamos, es-pontâneo à força. Entre o esgo-tamento do desgaste e os receios da ação, a força espera, indecisa.

Janio de Freitas

Questão de desordem

Direção Executiva: Cláudio Magnavita (Editor Chefe) Fernando Vale Nogueira (Editor Executivo) [email protected]ção Edição Expressa: José Aparecido Miguel Redação: Affonso Nunes, Gabriel Moses, Guilherme Cosenza, Ive Ribeiro, Marcelo Perillier, Marcio Corrêa e Pedro Sobreiro. Estagiários: João Victor Ferreira e Willian Cobian. Serviço noticioso: Folhapress e Agência BrasilOperações: Bruno Portella. Projeto Gráfico e Arte: Leo Delfino (Designer)

[email protected] (21) 2042 2955 | (11) 3042 2009 | (61) 4042-7872 Whatsapp: (21) 97948-0452

Av. João Cabral de Mello Neto 850 Bloco 2 Conj. 520 - Rio de Janeiro - RJ CEP: 22775-057

www.jornalcorre iodamanha.com.br

Fundado em 15 de junho de 1901

Edmundo Bittencourt (1901-1929)Paulo Bittencourt (1929-1963)Niomar Moniz Sodré Bittencourt (1963-1969)

Os artigos publicados são de exclusiva responsabilidade dos autores e não necessariamente refletem a opinião da direção do jornal.

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Segunda-feira, 6 de abril de 2020 3POLÍTICA

[email protected]

O CORREIO DA MANHÃ NA HISTÓRIA * POR BARROS MIRANDA

HÁ 75 ANOS: BRASIL CONFIRMA IDA A CONFERÊNCIA DE SÃO FRANCISCO

HÁ 100 ANOS: GREVISTAS DA LEOPOLDINA RAILWAY SERÃO READMITIDOS

As principais notícias do CORREIO em 6 de abril de 1945 foram: Ministério da Educação regulariza salários dos professo-

res; Brasil confirma presença na Conferên-cia de São Francisco; exércitos dos EUA avançam sobre Hanover; tropas francesas

invadem Stuttgart; URSS denuncia pacto de neutralidade com o Japão; e EUA con-quista ilha de Masbate, no Japão.

As principais notícias do CORREIO em 6 de abril de 1920 foram: funcionários grevistas da Leopoldina Railway serão

readmitidos, independente do resultado do inquérito administrativo; situação en-tre França e Alemanha no Vale do Ruhr

piora; chefes de partidos políticos apóiam o governo na Dinamarca; e África do Sul trabalha por sua independência.

Por Cláudio Magnavita*

O Conselho Nacional de Justi-ça - CNJ classificou assim o crime hediondo em um dos seus informes: “No dicionário, a palavra “hedion-do” está descrita como algo sórdido, depravado, que provoca grande in-dignação moral, causando horror e repulsa. A expressão é utilizada com frequência para os crimes que ferem a dignidade humana, causando grande comoção e reprovação da sociedade.”

O que pensar de dirigentes pú-blicos que se aproveitam de uma pan-demia global, para realizar negócios duvidosos com o dinheiro público?

As expressões "sórdidos" e "de-pravado" são pequenas para expres-sar o repúdio de quem se aproveitam das contratações emergenciais para fazer negócio. Não vivemos apenas em estado de calamidade pública, mas em uma verdadeira guerra. O Estado é de guerra. Os Estados Uni-dos estão utilizando legislações es-pecíficas para períodos de conflitos para salvaguardar o seu povo.

Alguém duvida que o planeta

vive em um Estado de Guerra?Este cenário tem proporcionado

no varejo pequenos golpes na inter-net. Tentam se aproveitar do deses-pero dos desvalidos. Isso é um crime para ser tipificado como hediondo.

No Brasil e principalmente no Rio, pipocaram notícias sobre ab-surdos que estavam sendo cometi-dos por agentes do Estado. O gover-nador Wilson Witzel abortou uma contratação de um aplicativo por R$ 10 milhões. Dois milhões de dólares para um aplicativo que po-deria ser feito gratuitamente ou por 1% deste valor. Abortou, mas a des-centralização foi feita e se não fosse a denúncia cair na redes, teria sido concretizada. Isso é crime de guerra.

Na área da saúde, corre a notícia que a sub-secretária da pasta pediu demissão por não concordar com a contratação milionária de uma OS (Organização Social) para assumir o lugar dos bombeiros na gestão do SAMU, como informa o blog inves-tigativo do jornalista Ruben Berta, que aponta um passado negro do contratante processado por embolsar

ardilosamente a indenização de R$ 200 mil de uma velhinha.

É esse sujeito, Gabriel Neves , in-forma Berta, que liberou 25 milhões de adiantamento para essa OS (que tem à frente um dirigente expulso do serviço público), usando a justificava da pandemia do coronavírus.

Ainda na saúde aparece a de-núncia da contratação a jato de duas OSs para gerir hospitais es-taduais com a licitação milionária ocorrida em menos de 24 horas . Sabem quem é o contratante? O mesmo super sub-secretario execu-tivo da Saúde do Witzel.

Nas últimas 48 horas, todo o dis-curso de moralidade do governador ruiu. Ele ficou parecido com os go-vernos anteriores.

A Lei Nº 8.072, de 25 de julho de 1990 diz: “Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:

VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). (Inciso acres-cido pela Lei nº 8.930, de 6/9/1994)

Ou ainda quando fala:VII-B - falsificação, corrupção,

adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou me-dicinais (artigo t. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela Lei nº 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso acrescido pela Lei nº 9.695, de 20/8/1998)

Este dois casos até já permitiriam um enquadramento, principalmente no inciso VII-B que fala em corrup-ção de produtos ligados à saúde.

As penas de crimes hediondos são cumpridas inicialmente em regi-me fechado, e a progressão de regime para pessoas condenadas nesse tipo de crime só pode ocorrer após o cum-primento de dois quintos da pena, em caso de réus primários, e de três quintos, em caso de reincidentes.

É muito pouco. Se estamos em guerra deveriam valer as leis de guer-ra. O legislativo federal, que tem aprovado por votação emergencial várias medidas, deveria estabelecer penas duríssimas para quem tenha a ousadia de aproveitar uma pandemia para praticar corrupção .

A constituição brasileira prevê no Capítulo 5 em um dos incisos que diz:

XLVII - não haverá penas:a) de morte, salvo em caso de guer-ra declarada, nos termos do art. 84, XIX;b) de caráter perpétuo;c) de trabalhos forçados;d) de banimento;e) cruéis;Na letra a, abre a exceção para a pena capital em caso de guerra declarada.

Imaginem se alguns dos corruptos te-riam coragem de praticar algum mal-feito se a guerra contra a Covid-19 estivesse declarada?

Uma solução - que daria tran-quilidade aos gestores sérios e ini-biria os mais afoitos - será a criação de uma força-tarefa, para agir como comitê de crise e analisar as con-tratações emergenciais de forma imediata, com representantes do Ministério Público, Controladoria Geral do Estado ou da União, Po-licia Federal, Policia Civil, Tribunal de Contas do Estado ou União e ainda Receitas Federal ou Estadual.

Imaginem uma força-tarefa dessa analisando um aplicativo de R$ 10 milhões ou a contratações de Organi-zações Sociais a jato ou ainda uma an-tecipação milionária de contrato para quem mal assinou. Só essa força-tare-fa evitaria que muitos enfrentassem, depois, o pelotão de fuzilamento e que a família tivesse de pagar a bala usada, como a China faz.

Exageros à parte, é preciso acabar com a impunidade. Ser duro. O mi-nistro da Justiça, Sérgio Moro, pode-ria abraçar estas duas causas, a criação de uma força-tarefa multidisciplinar e aumentar a punição para os cor-ruptos que utilizem o momento de crise mundial para fazer mal feitos. Já a classificação de crime de guerra de-pende de o presidente da República, Jair Bolsonaro, colocar em prática o que sempre defendeu e acabar com este cenário sórdido de corrupção em plena crise pandêmica.

*Cláudio Magnavita é diretor de Redação do Correio da Manhã

Corrupção na pandemia é crime de guerraNegócios suspeitos que utilizam calamidade pública são enquadrados como crimes

hediondos. Força-tarefa evitaria a audácia dos corruptos em tempo de crise

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4 Segunda-feira, 6 de abril de 2020

CORREIO NACIONAL

Câmara aprova projeto do Orçamento de Guerra ao coronavírus

Isolamento social

Médicos adoecem

Senador sobrevive

Vítima juvenil

A Câmara dos Deputa-dos aprovou o texto-base da Proposta de Emenda do Orçamento de Guerra. A medida cria um regime extraordinário fiscal, finan-ceiro e de contratações para o enfrentamento do coronavírus no país.

Na prática, a PEC cria um instrumento para impedir que os gastos

O brasileiro quer man-ter o isolamento social nos moldes atuais para fazer frente ao coronavírus. É o que mostra 76% dos 1.511 entrevistados pelo Datafolha, em pesquisa re-alizada por telefone, entre 1 e 3 de abril.

O Cremerj anunciou nesta segunda (6) a morte de dois médicos por Co-vid-19. Um deles, doutor Ricardo Antonio Piacen-so, trabalhava no Hospital Municipal Raul Gazolla, re-ferência para o tratamento da doença no Rio.

Representante do Se-nado na viagem aos EUA no mês de março, o sena-dor Nelsinho Trad (PSD--MS), 58, se considera um sobrevivente. O isolamento social tem sido defendido pelo parlamentar para con-ter o avanço da doença.

Um adolescente de 15 anos, de São Lourenço da Mata (PE), que morreu em 27 de março, é o pa-ciente mais jovem a ir a óbito no país em razão do Covid-19. A Secretaria de Saúde não disse se ele ti-nha problemas de saúde.

emergenciais gerados em virtude do estado de cala-midade pública sejam mis-turados ao Orçamento da União. Ela flexibiliza travas fiscais e orçamentárias para dar mais agilidade à execução de despesas com pessoal, obras, servi-ços e compras do Execu-tivo e vai vigorar até 31 de dezembro deste ano.

Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Sessão foi presidida por Rodrigo Maia no plenário e teve votos online

O presidente Jair Bolsonaro avalia demitir o ministro da Saú-de, Luiz Henrique Mandetta, e considera substituí-lo por um nome técnico que seja defensor da utilização da hidroxicloroqui-na no tratamento de pacientes com coronavírus.

Nesta segunda (6), o presi-dente almoçou com ministros palacianos e o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), de-fensor do uso da substância e também cotado para a vaga. Se-gundo assessores presidenciais, o parlamentar tem ajudado a en-contrar um nome para o posto.

Nos últimos dias, Bolsonaro tem se estranhando com Man-detta e chegou a afirmar que falta humildade ao seu auxiliar e que ele extrapolou.

O presidente tem divergido, entre outras coisas, das medidas de isolamento social defendi-das por Mandetta para comba-ter a pandemia do coronavírus.

Saúde política delicadaMandetta estica a corda na disputa com Bolsonaro

Agência Brasil

Relação entre ministro Mandetta e presidente Bolsonaro pode estar no fim

NACIONAL

Bolsonaro adotou um discurso contrário ao fechamento de co-mércio nos estados, enquanto Mandetta defende que as pesso-as fiquem em casa.

Na tarde de domingo (5), ao falar com apoiadores evangéli-cos em frente ao Palácio da Al-vorada, o presidente, sem citar nomes, disse que integrantes do seu governo estavam “se achando

muito”. “[De] algumas pessoas do

meu governo, algo subiu à ca-beça deles. Estão se achando demais. Eram pessoas normais, mas, de repente, viraram estrelas, falam pelos cotovelos, tem pro-vocações. À hora D não chegou ainda não. Vai chegar a hora de-les, porque a minha caneta fun-ciona”, afirmou Bolsonaro.

O governador de São Pau-lo, João Doria (PSDB), anun-ciou nesta segunda (6), que vai renovar a quarentena no esta-do, decretada em 24 de março como medida de combate ao coronavírus, por mais 15 dias. Para embasar as decisões, Do-ria trouxe médicos para dar depoimentos sobre o assunto.

O novo período de qua-rentena vai até 22 de abril. A medida implica o fechamento obrigatório de todo o comér-cio e serviços não essenciais. Restaurantes continuarão ven-dendo no sistema delivery.

Na saúde, ficam abertos hospitais, clínicas, farmácias e clínicas odontológicas. Na área de alimentação, supermerca-

dos, padarias e açougues. Per-manecem abertos ainda trans-portadoras, postos de gasolina, oficinas de automóveis e moto-cicletas, serviços de transporte público, táxis, aplicativos de transporte, call center, lojas de pet shop, bancas de jornais, bancos e lotéricas.

Ele afirmou, também, que as guarda-civis e Polícia Mili-tar serão usados para dissipar aglomerações, se necessário. Um decreto será publicado de-talhando o assunto nos próxi-mos dias.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), tam-bém endureceu o tom e afir-mou que a ordem é lacrar co-mércios abertos.

O Tribunal Superior Eleito-ral deve decidir em junho se adia ou não as eleições municipais deste ano. A afirmação, feita em entrevista ao UOL, foi do minis-tro do STF, Luís Roberto Barro-so, que em maio assume a presi-dência do tribunal. O adiamento do pleito, marcado para outu-bro, vem sendo cogitado devido à pandemia do coronavírus.

Para o ministro, o ideal seria adiar “por um prazo máximo de dois meses” as eleições deste ano. Unir as eleições municipais e na-cionais violaria, para ele, a “von-tade do eleitor” que elegeu os governantes para um mandato de quatro anos. Ele ainda avalia que o excesso de candidatos cria-ria “um inferno gerencial”.

São Paulo prorroga quarentena até final de abril

Definição sobre eleição até junho

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6 Segunda-feira, 6 de abril de 2020

CORREIO CARIOCA

Uber anuncia viagens gratuitas para apoiar doação de sangue

Testes na Firjan

Lava-jato

Decreto em breve

Mais máscaras

A Uber anunciou uma nova medida no enfrenta-mento ao coronavírus. A empresa vai custear a via-gem de doadores que que-riam se deslocar para ban-cos de sangue. A medida faz parte do compromisso anunciado pelo CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, de fornecer em todo o mundo 10 milhões de via-

Mais de dois mil traba-lhadores do setor industrial poderão ser testados para detecção do Covid-19. A Firjan, Federação das In-dústrias do RJ, começa a fornecer testes para de-tecção do vírus com resul-tados em 24h.

O juiz federal da 9ª Vara, José E. N. Mata, re-quisitou à prefeitura do Rio que apresente proje-tos de combate ao novo coronavírus para, a partir daí, liberar recursos se-questrados pela Justiça na operação Lava-Jato.

O prefeito Crivella, de-cidiu junto com o Gabine-te de Crise do município, preparar um decreto com determinação de horários diferenciados de turnos de trabalho para os setores da indústria, comércio e serviços.

Alunos e professores Faetec, entidade da Secre-taria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, de-ram início nesta segunda (6), à confecção e doação de máscaras de proteção para conter o avanço do novo coronavírus.

gens e entregas de alimen-tos gratuitas para profissio-nais de saúde que atuam na linha de frente, idosos e pessoas em necessidade durante a pandemia.

O apoio aos bancos de sangue começa no Rio de Janeiro já nesta segunda (6) e será ampliado para novas cidades nas próxi-mas semanas.

Reprodução

Iniciativa faz parte do compromisso da empresa em ajudar na pandemia

RIO

A vacinação contra a gripe nas unidades da prefeitura do Rio será retomada amanhã (7), após a imunização ter sido sus-pensa na quinta (2) por falta de doses. Na noite de ontem (5), o prefeito Marcelo Crivella anun-ciou a chegada de 265 mil doses.

A coordenadora de Vigilân-cia em Saúde da Secretaria Mu-nicipal de Saúde (SMS), Patrícia Guttmann, também informou que as doses serão distribuídas ao longo do dia para o trabalho ser retomado a partir de amanhã.

- Estamos recebendo as vaci-nas, as unidades estão sendo re-abastecidas e terça já normaliza. Vamos voltar a ter o drive thru no Detran e vamos retomar nas unidades, mantendo a vacinação dos maiores de 80 anos em do-micílio, priorizando os asilos.

A campanha inclui, neste primeiro momento, as pessoas com mais de 60 anos e os profis-sionais de saúde. De acordo com

Vacinas voltam ao RioPrefeito Crivella anunciou a chegada de 265 mil doses

Marcello Casal Jr. Agência Brasil

Estimativa é que cerca de 75% do público alvo tenha sido atingido

a SMS, em duas semanas foram aplicadas 807 mil doses, atingin-do 75% do público alvo.

A vacinação é oferecida nas 233 unidades de Atenção Primá-ria, que inclui os centros munici-pais de saúde e as clínicas da fa-mília. Outra opção são os cinco postos do Detran-RJ que ficam abertos de 10h às 15h. Estão

disponíveis para a vacinação em drive thru os postos do

Detran de Campo Grande, da Ilha do Governador, da Barra da Tijuca, catete e da Tijuca. Não ha-verá mais vacinação no Riocentro.

Os 35 mil idosos acima de 80 anos cadastrados nas clínicas da família estão sendo vacinados em domicílio.

Costureiras de duas esco-las de samba do Rio - Unidos de Padre Miguel e Vila Isa-bel – já confeccionam trajes cirúrgicos descartáveis para profissionais do município. A iniciativa é coordenada pela prefeitura do Rio.

Só no Hospital Ronaldo Gazolla chegam a ser utiliza-dos, por dia, 2 mil desses trajes – que são parte dos equipa-mentos de proteção individual.

A RioSaúde, empresa públi-ca municipal, fornece a matéria--prima, além de máscaras e álco-ol em gel, para que elas façam a proteção e higienização das mãos antes de manusear o tecido.

A diretora executiva assis-tencial da RioSaúde, Eneida

Reis, resolveu procurar as es-colas, com a ajuda do coorde-nador médico da UPA João XXIII, Fabiano Simplício, in-tegrante da Unidos de Padre Miguel.

A RioSaúde deve receber a primeira remessa para dis-tribuição em suas unidades já nesta segunda (6), após a en-trega neste fim de semana de cerca de 2 mil m de tecido para as costureiras da Unidos de Pa-dre Miguel, de acordo com o presidente da escola de samba, Lenílson Leal.

O material será encami-nhado para unidades de saúde administradas pelo município que estejam na linha de frente no combate ao coronavírus.

O estado do Rio de Janeiro recebeu um repasse de R$ 100 mi do Ministério Público do Rio de Janeiro. O valor será investido no combate ao coronavírus. O ato foi oficializado no último dia 30 de março e divulgado neste domingo.

Foram deduzidos R$ 15 mi do duodécimo orçamentário do mês de março e cerca de R$ 85 milhões do Fundo Especial do MP, que será transferido tão logo se con-clua o processamento do crédito extraordinário iniciado pela Secre-taria de Estado de Fazenda.

Outros R$ 70 mi serão igual-mente doados pelo MP, o Tribu-nal de Contas do Estado e a As-sembleia Legislativa do estado. O dinheiro é referente à estima-tiva de uma licitação conjunta.

Nota 10 no combate contra o novo coronavírus

MPRJ doa R$ 100mi contra o Covid-19

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Segunda-feira, 6 de abril de 2020 7

CORREIO NO MUNDO

INTERNACIONAL

Maior parte dos votos na eleição pode ser feita via correio, diz Biden

Tudo sob controle

Reação japonesa

Dívida postergada

Apelo da ONU

Favorito para ser o can-didato democrata à Presi-dência na eleição marca-da para novembro, Joe Biden, de 77 anos, afirma que a maior parte dos vo-tos no pleito será feita via correio devido à atual pan-demia de coronavírus.

Em entrevista para o canal de TV ABC News neste domingo (5), o ex-

O governo norueguês afirmou hoje que o coro-navírus está controlado no país. Segundo o Ministério da Saúde, em média cada pessoa infectada transmi-te a doença para 0,7. A meta era que essa taxa de transmissão fosse até 1.

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, pro-meteu hoje (6) um pacote de estímulo econômico inédito, equivalente a 20% do Produto Interno Bruto, e disse que seu governo to-mará “todas as medidas” para combater o vírus.

O governo argentino decidiu hoje, por decreto, postergar o pagamento de até US$ 10 bilhões da dí-vida emitida segundo a le-gislação local que venciam neste ano para 2021. Tudo isso pode ser definido como um default técnico.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas lançou um apelo global para que se protejam mulheres e crianças “em casa”, desprotegidas pelo confinamento provocado pela pandemia que exacer-ba a violência doméstica.

-vice presidente de Bara-ck Obama afirmou que, apesar das dificuldades, o pleito não deve ser adiado e ainda lembrou que o país já realizou eleições duran-te a Guerra Civil e outros surtos.

Nos Estados Unidos a votação por correio é per-mitida, mas cabe a cada estado autorizá-la ou não.

Reprodução

Democrata relembra que o país não interrompeu suas eleições em momentos difíceis

No quinto pronunciamen-to especial em seus 68 anos de reinado, a rainha Elizabeth 2ª, 93, comparou neste domingo o isolamento provocado pelo coronavírus com a separação de famílias na Segunda Guerra Mundial e disse aos britânicos que devem confiar na vitória.

Elizabeth afirmou que a si-tuação a fez lembrar de 1940, quando Londres era atacada pelos alemães e crianças foram mandadas para outros países da Commonwealth como me-dida de segurança.

Na época, antes de assumir o trono, Elizabeth, então com 14 anos, disse em mensagem no rádio que compreendia o sofrimento de estar longe de

pessoas amadas, mas que as crianças poderiam aproveitar para conhecer coisas novas.

No discurso, ela disse aos britânicos que as medidas de iso-lamento são difíceis, mas que é possível aproveitá-lo para refletir.

“Ainda há muito o que su-portar, mas melhores dias vol-tarão: estaremos de novo com nossos amigos, com nossas fa-mílias. Vamos nos reunir outra vez”, afirmou.

O governo espera que o co-municado ajude a convencer os britânicos a respeitar a quaren-tena, iniciada no dia 23.

Embora o país tenha en-frentado desafios no passado, este é diferente, disse Elizabeth na TV.

Boris Johnson, o primeiro-mi-nistro britânico, que foi levado ao hospital neste domingo para a re-alização de exames, teve uma piora em seu quadro e foi transferido para a unidade de tratamento intensivo (UTI). Com 55 anos, Boris con-traiu o coronavírus em março.

Em comunicado, um porta-voz do governo disse que as condições de saúde do primeiro-ministro pioraram na tarde de hoje. Sendo assim, os médicos decidiram em en-caminhá-lo para a UTI. O ministro das Relações Exteriores do país, Dominic Raab, assumirá as funções de Boris no que for necessário.

Boris foi o primeiro chefe de governo de um dos principais pa-íses do mundo a contrair o novo coronavírus.

“Triunfaremos, e essa vitória pertencerá a cada um de nós.”

Premiê é internado no Reino Unido

Guayaquil, cidade mais cas-tigada pelo novo coronavírus no Equador, tenta responder com caixões de papelão à alta deman-da provocada pela pandemia, in-formou neste domingo (5) a As-sociação de Papeleiros, que doou mil unidades do item a dois ce-mitérios do município.

A província de Guayas, que está militarizada e cuja capital é Guayaquil, registra a maior inci-dência da Covid-19 no país, com 2.524 infectados, entre eles 126 mortos.

Os caixões estão em falta na cidade, assinalou Santiago Oli-vares, dono de uma funerária. “Vendi 40 que tinha na filial do centro e outros 40 da sede de Durán. Pedi mais dez para o fim de semana e já acabaram.”

Os caixões no porto de Guayaquil, motor econômico do Equador, são vendidos por um preço a partir de US$ 400 (R$ 2.100), mas, na cidade, os forne-

Papelão vira alternativaEm colapso, funerárias no Equador entregam caixões de papelão

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Associação de Papeleiros já doou mil unidades de papelão a dois cemitérios

cedores não conseguem atender à demanda.

“Devido ao toque de reco-lher, não há fornecimento sufi-ciente de material”, explicou ele, lembrando que um caixão de pa-pelão não atende às normas sani-tárias do governo para o enterro de vítimas da Covid-19.

Os caixões de papelão “serão de grande ajuda para propor-

cionar uma sepultura digna aos mortos durante esta emergência sanitária”, publicou no Twitter a prefeitura de Guayaquil, onde famílias imploram para que as autoridades removam os corpos de residências e ruas.

O presidente Lenín Moreno ordenou que as Forças Armadas realizassem uma coleta dos cadá-veres o mais rápido possível.

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8 Segunda-feira, 6 de abril de 2020

Um drama para os jornalistasProfissionais do SBT-Rio contraem Covid19 e parte da redação está de quarentena

Crédito

Por Sidney Rezende* (Especial para

para o Correio da Manhã)

A sede do SBT do Rio de Janeiro fica no bairro de São Cristovão, próximo ao Pavilhão, tradicional polo gastronômico, cultural e ponto de encontro nordestino na cidade. Apesar da modernização imobiliária ocor-rida nos últimos anos na região, o prédio da emissora é antigo. O local em que funciona a re-dação e trabalham os jornalistas, não tem janelas, o que torna o ambiente exposto a maior risco para a eventual propagação do coronavírus. Para amenizar este problema estrutural, a admi-nistração da empresa contratou profissionais para higienizar o prédio na última quinta-feira (2), diante de um quadro sanitá-rio preocupante.

Esta é uma das explicações, entre outras, para o grande nú-mero de profissionais que desen-volveram os sintomas da doença mais terrível da atualidade. Nesta semana, a apresentadora Isabele Benito, 39 anos, que também é comunicadora da Rádio Tupi, publicou um vídeo em suas re-des sociais, em que informa estar com coronavírus.

Ela decidiu se submeter ao teste depois de o marido, Mar-cielo Rios, 45 anos, ter sido diagnosticado com a doença. Ele apresentou sintomas como problemas respiratórios, tendo ficado cinco dias no CTI, de-pois transferido para o quarto. Na mesma quinta-feira, o re-pórter Caio Álex, que estava em casa de quarentena desde o dia 25 de março, contou na sua rede social que o seu teste também deu positivo.

Além deles, situações mais dramáticas vivem dois outros funcionários, um produtor e um auxiliar de câmera, este da área técnica, que estão no CTI, em

hospitais diferentes, mas ambos dependendo de respiradores ar-tificiais. As famílias estão preo-cupadas, porque, além da situa-ção angustiante, as esposas estão grávidas, o que aumenta a tensão justamente neste momento de pandemia.

Procurada, a gerência de Co-municação do Sistema Brasileiro de Televisão informou que, entre os que pediram afastamento por morar com diabéticos e idosos, pessoas que são do grupo de ris-co e estagiários, o número é de 17 funcionários; e outros 14 por suspeita de estarem com o coro-navírus.

não disponho desta importân-cia, infelizmente. Estou com medo.

Outra reclamação geral é que o SBT demorou muito a agir ao não implementar ações preven-tivas imediatas. Uma das mais básicas, disponibilizar álcool em gel para uso geral.

- Nós falamos muitas vezes para a direção que precisávamos do produto e eles ignoraram.

Um executivo ouvido pela reportagem esclarece que eles foram sensíveis ao pleito, mas que tiveram dificuldades de en-contrar o álcool (“ele ficou escas-so no mercado”, alegou) – mas quando isso foi superado, “todos tiveram acesso”.

Funcionários contam que repórteres que voltavam de “externas”, após entrevistarem estrangeiros com suspeita de co-ronavírus, retornavam à redação sem serem alertados dos riscos pela empresa e continuavam seu ofício. Percebendo a falta de orientação, os profissionais passaram a se precaver por conta própria.

Entre afastados preventiva-mente e submetidos à quarente-na e os que estão com suspeita da doença, metade da redação está fora de combate. Os jornalistas, que pedem para não terem seus nomes divulgados, rebatem e di-zem que o número é de pelo me-nos 28 colegas que se encontram distantes da redação e muitos com a doença em avanço, e que, por falta de testes, ainda não se pode confirmar a situação de cada um.

O portal SRzd teve acesso à lista dos suspeitos de estarem com o coronavírus, assim como fotos dos pacientes, mas não pu-blicará em respeito aos profissio-nais que, esperamos, se recupe-rem rápido.

O grande desafio do Jorna-lismo do SBT Rio é como dar

Enquanto Isabele Benito se sente bem assistida pelo SBT, os outros funcionários de menor projeção pública não escondem o desapontamento.

- Os colegas foram obrigados a pagar R$ 300 pelo exame para saber se estavam com coronaví-rus, e tiramos do próprio bolso. O SBT não se dignou a pagar – queixou-se um dos empregados. Quatro exames ainda dependem da conclusão do laboratório.

Uma produtora teme estar com a doença, mas nos disse que não tem dinheiro para pa-gar o teste:

- É arriscado? É, sim! Mas

andamento ao trabalho com a equipe reduzida, já que estão em quarentena quatro repór-teres, quatro editores de texto, dois chefes de reportagem, dois produtores.

- Estamos enfrentando uma situação caótica na redação - dis-se um deles que testou negativo e trabalha diariamente na em-presa.

COMPLIANCEO complexo do SBT con-

ta com dois prédios em locais distintos. A situação mais grave está no Jornalismo, mas na outra unidade também foram afasta-das duas médicas que apresenta-ram sintomas da doença e foram substituídas por um técnico de enfermagem disponível no am-bulatório nos horários de 7h30 às 16h30.

Empregados, prestadores de serviço, estagiários e empregado-res viverão o desafio de esperar a pandemia passar. Mas, depois, o SBT terá uma grande dor de cabeça pela frente. Os que estão se sentindo desassistidos pro-metem denunciar a situação de “abandono”. Uma das prováveis ações é listar as reclamações e dirigi-las ao setor de compliance da empresa, uma espécie de ou-vidoria que prega cuidar de boas práticas.

Os funcionários dizem que vão procurar o canal de diálogo em São Paulo e exigir “orienta-ções normativas, alinhamento de conduta, prevenção, corre-ção de falhas na gestão de pro-cessos e melhorar o sistema de informação interno”. Os relatos deverão ser feitos tão logo re-tornem ao trabalho, após a pas-sagem do momento mais crítico da pandemia.

*Texto publicado originalmente no portal

www.srzd.com.br

O repórter Caio Alex (acima) usou as redes para anunciar sua contaminação. A apresentadora Isabele Benito (no detalhe, como seu marido) também está fora de combate. O prédio do SBT-Rio, em São Cristóvão (ao lado) passou por processo de higienização completo

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Segunda-feira, 6 de abril de 2020 9ECONOMIA

CORREIO ECONÔMICO

Dois dos maiores bancos privados do país revisaram nesta segunda-feira (6) suas projeções de queda da econo-mia brasileira para este ano. O Santander indicou um recuo de até 6% no Produto Interno Bruto. Já o Itaú tra-balha com um teto de 6,4%.

As duas instituições concordam que o tamanho da retração vai depender essencialmente da duração das medidas de isolamento social, que refletem direta-mente na recuperação da ati-vidade econômica. O recuo de 6,4%, apontado pelo Itaú, considera o pior cenário-ba-se, no qual a quarentena dura

até 26 de maio e a recupera-ção do terceiro trimestre se limita a 25% de crescimen-to. Mesmo no melhor cená-rio-base do banco, no qual a quarentena dura até 14 de abril e o terceiro trimestre tem uma recuperação de 100%, a projeção do banco é uma queda de 0,5% no PIB de 2020.

O Santander trabalha com cinco cenários. Há duas projeções mais pessimistas: retrações de 6% (25% de chances) e 3,6% (30% de probabilidade). As duas mais otimistas são de queda de 0,4% (5% de chances) e 1,5% (20% de probabilidade).

O governo argentino decidiu, por decreto, postergar o pagamen-to de até US$ 10 bilhões da dívida emitida segundo a legislação local que venciam neste ano para 2021. Por ter sido decidido de modo unilateral, pode ser definido como um default técnico. - Essa decisão estava contemplada no processo de reestruturação decidido pelo governo – sustenta o ministro da economia, Martín Guzmán.

Desde que assumiu, em de-zembro, o governo de Alberto Fernández deu ao ministro a missão de renegociar e pedir adiamentos para os vencimentos das dívidas que a Argentina pos-sui tanto no país quanto no exte-rior. As dívidas interna e externa somam 97% do PIB do país.

Santander e Itaú revisam projeções de queda do PIB

Argentina posterga suas dívidas

Os cinco maiores bancos do país – Banco do Brasil, Brades-co, Caixa, Itaú e Santander – processaram mais de 2 milhões de pedidos de renegociação de dívidas. O valor das negociações chega a R$ 200 bilhões, confor-me levantamento parcial divul-gado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Nas operações, as institui-ções deram carência de dois a três meses no vencimento de parcelas em várias linhas, como crédito pessoal, crédito imobi-liário, crédito com garantia de imóveis, crédito para aquisição de veículos e capital de giro.

Empresas e pessoas físicas têm reclamado da falta de acesso a essa medida de pausa nos con-tratos, cobrança de juros referen-te ao período de prorrogação e dificuldades de contato com os bancos.

Em nota, a Febraban diz que “os bancos estão totalmente sen-

Recorde de renegociaçõesPedidos feitos aos bancos já passam de 2 milhões

Marcelo casal/Agência Brasil

O valor parcial das dívidas em renegociação com os bancos passou dos R$ 200 bilhões

sibilizados com a necessidade de os recursos chegarem rapida-mente na ponta e continuarão agindo com foco para que o cré-dito seja dado nas mãos das pes-soas físicas e das empresas”.

“Entendemos a ansiedade de diversos setores, mas é preci-so compreender que esse é um processo gradual e complexo,

que demanda diversas provi-dências e, em muitos casos, en-volvem mudanças regulatórias, a exemplo da linha de liquidez do Banco Central para a compra de Letra Financeira Garantida e a liberação de compulsórios [de-pósitos que os bancos são obri-gados a deixar no Banco Cen-tral]”, acrescenta.

Crédito emergencial para empresas já está disponível

Marcha lenta Marcha lenta 2

A linha de crédito emer-gencial anunciada pelo governo para financiar a folha de pagamento de pequenas e médias em-presas - com faturamento anual de R$ 360 mil a R$ 10 milhões - começa a valer nesta segunda-feira (6). A MP 944, que criou o programa já está em vigor, e o crédito liberado será de R$ 40 bilhões - 85% do montante de recursos públicos - para ajudar em-presas a pagarem os salá-rios de seus empregados em meio à pandemia do novo coronavírus.

A paralisação das mon-tadoras de automóveis e de suas fornecedoras para con-ter a propagação do novo coronavírus deverá derrubar a produção de veículos leves em todo o mundo neste ano, segundo dados da empresa de pesquisa LMC Automotive. Após a produção de carros leves ter fechado em 88,8 mi-lhões de unidades em 2019, o total previsto pela LMC para 2020 é de 76,9 milhões de ve-ículos, representando de uma queda de 13,4%.

Os números do Brasil seguem a tendência mun-dial. A produção de veí-culos leves e pesados no último mês caiu 21,1% em relação a março de 2019. Os dados foram divulga-dos pela Anfavea, entidade que reúne as montadoras que atuam no país. Entre fevereiro e março, a queda é de 7%; no acumulado do ano, a retração chega a 16%. Fábricas distribuí-das por 10 estados estão paradas há duas semanas.

As empresas poderão financiar até duas folhas de pagamento, com limite de crédito de dois salários mí-nimos (R$ 2.090) por empre-gado. Como contrapartida, não poderão demitir traba-lhadores sem justa causa por 60 dias, contados a par-tir da contratação do crédito.

O prazo para paga-mento será de até 36 me-ses, com seis meses de carência e sem spread. Os juros praticados serão de 3,75% ao ano, equiva-lente ao custo do dinheiro no Certificado de Depósito Interbancário.

Reprodução

Empresas de pequeno e médio porte poderão ter acesso à nova linha

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10 Segunda-feira, 6 de abril de 2020

CORREIO CULTURAL

Enquanto a crise do coronaví-rus devasta a indústria cultural ao redor do mundo, o Conselho In-ternacional de Museus (Icom, na si-gla em inglês) lançou um apelo aos líderes políticos. “Sendo claramen-te conscientes de que a prioridade é garantir a vida e a segurança eco-nômica das populações afetadas, expressamos nossa preocupação a respeito do futuro dos museus e do patrimônio cultural de valor ines-

timável que abrigam”, pede a nota publicada no site da instituição.

Segundo o texto, na Itália, a previsão é de que o setor cultural perca 3 bilhões de euros (cerca de R$ 17 bi) no segundo semestre, 980 milhões de euros (R$ 5,6 bi) na Espanha só em abril e que um terço dos museus dos Estados Uni-dos não devem reabrir, conforme estima a Aliança Americana de Museus.

“O Icom, representando a comunidade internacional dos museus, faz um chamamento aos representantes e líderes políticos para que designem com urgência fundos de ajuda para resgatar os museus e os seus profissionais”, continua a nota. “Isto é vital para sua sobrevivência e a continua-ção de sua missão na melhora e avanço da sociedade para as ge-rações futuras.”

Conselho Internacional de Museus apela a líderes políticos

Por Affonso Nunes

O Banco do Brasil liberou para consulta nesta segunda-fei-ra (6) seu novo edital de patro-cínio cultural. O documento define as normas de seleção dos projetos que vão compor a pro-gramação dos CCBBs do Rio, de Belo Horizonte, Brasília e São Paulo. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas desta segunda até 5 de junho no site www.bb.com.br/patrocinios. O resultado será anunciado em setembro.

As propostas podem ser apresentadas nas seguintes áreas e segmentos: artes cênicas, ci-nema, exposição, ideias, música e programa educativo. Podem inscrever projetos os produto-res (pessoa física ou jurídica) de qualquer lugar do Brasil e não só das cidades onde estão localiza-dos os CCBBs.

- O edital é uma forma re-conhecida de transparência no processo de seleção de projetos pelos CCBBs. Manter essa estru-tura, em meio a tantas incerte-zas, reforça nosso compromisso com a cultura, com os empregos diretos e indiretos que geramos e com o público que sempre nos prestigiou – destaca Alexandre

BB abre edital para culturaPropostas selecionadas integrarão a programação dos CCBBs

Divulgação

O CCBB é hoje o mais importante centro cultural do Rio

Alves, diretor de marketing e co-municação do Banco do Brasil.

O Itaú Cultural anunciou a criação de três editais emergen-ciais para financiar artistas que estão impedidos de se apresen-tarem presencialmente em ra-zão da pandemia de Covid-19. As inscrições do primeiro edital Arte como Respiro, voltado às artes cênicas, serão abertas às 9h desta segunda-feira e vão até o fim da sexta (10). Poderão se ins-crever artistas de teatro, dança e circo.

Serão selecionados até 120 projetos – até 90 trabalhos produzidos na quarentena e 30 espetáculos cênicos grava-dos antes deste período. Os escolhidos serão informados por email até dia 25 e abril e receberão até R$ 10 mil como remuneração pelo licencia-mento dos direitos autorais. As datas das outras duas edi-ções do Arte como Respiro, direcionadas às artes visuais e à música, ainda não foram anunciadas.

Elton John pede que pacientes de Aids não sejam esquecidos

O assunto é jazz

Online não!

Só a capa

Próxima estação

Em conversa com a cantora Miley Cyrus, du-rante o programa “Bright Minded, via Instagram, El-ton John disse nunca ter visto nada parecido com a devastação causada pela atual pandemia de corona-vírus, mas que está atento a todos aqueles que so-frem de outras doenças infecciosas pelo mundo.

O cantor de 73 anos compartilhou suas preocu-pações com as vítimas da Aids, em especial aquelas que podem estar lutando

Filho dos escritores Ja-nete Clair e Dias Gomes, o baterista Alfredo Dias Go-mes lança seu 12º álbum solo, “Jazz Standards”. Já nas plataformas e em for-mato físico, o CD é dedi-cado aos grandes temas do jazz americano.

Os organizadores do Festival de Veneza não tra-balham com a possibilida-de de o evento não acon-tecer, como planejado, em setembro, por causa da atual pandemia de coro-navírus. Tampouco consi-deram uma edição online.

A pandemia levou a cantora Lady Gaga a adiar o lançamento de seu novo álbum, “Chromatica”. Para atiçar a curiosidade dos fãs, a estrela pop usou seu perfil no Instagram para divulgar imagens da capa do CD.

Um áudio postado pelo Metrô do Rio nas redes so-ciais viralizou e, apartir dele, famílias em isolamento pas-saram a postar vídeos gra-vados em casa simulando uma viagem. “Próxima es-tação, sala”, avisa a locuto-ra oficial do Metrô Rio.

para receber tratamento, já que os profissionais da área médica estão se de-dicando ao combate do novo coronavírus.

O artista anunciou que sua fundação passará os próximos três meses ga-rantindo que as pessoas com Aids ainda possam receber os medicamentos e o tratamento de que pre-cisam. Sua fundação doará US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,3 milhões) para a comuni-dade da Aids, para garantir que isso seja possível.

Divulgação

Elton John confirmou que fará nos próximos dias doação para entidades de combate à Aids

CULTURA

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Segunda-feira, 6 de abril de 2020 11COMPORTAMENTO

Viralizou nas redes sociais uma compilação de frases e versos de alguns dos principais escritores e poetas brasileiros comentando poetas o que es-tariam achando da pandemia do coronavírus. Criada por um anônimo, a brincadeira é opor-tuna e traz à luz conselhos de sabedoria. Vejam as respostas:Carlos Drummond de An-drade- E agora, José?Olavo Bilac- O medo é o pai da crençaMonteiro Lobato- Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vêManoel Bandeira - Vou-me embora para PasárgadaRubem Alves - Ostra feliz não faz pérolasRuy Castro - O mal-humora-do é alguém sem imaginaçãoMachado de Assis - Divin-dade não destrói sonhos, Capitu, somos nós que não fazemos acontecerLuís Fernando Veríssimo - O mundo é como um espe-lho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferençaJosé de Alencar - O amor, porém, é contagiosoVinicius de Moraes- De tudo ao meu amor serei atentoGuimarães Rosa - Viver é um rasgar-se e remendar-seEuclides da Cunha - Viver é adaptar-seClarice Lispector - Nāo se preocupe em entender. Viver ultrapassa qualquer entendi-mentoJorge Amado - Se viver não é fácil, conviver é um desafio permanente.Cecília Meireles - O vento é o mesmo, mas a resposta é diferente em cada folhaCora Coralina - Fiz a esca-lada da montanha da vida re-movendo pedras e plantando

Sandra Abreu está com sau-dade de fazer as unhas e de dan-çar. Semanalmente, ela vai à ma-nicure como preparação para a maratona de bailes que cobre sua agenda de terça a domingo. Mas, há quase um mês em isolamento, ela não pode mais nem escolher a cor do esmalte, nem ir aos clu-bes da capital paulista onde se encontra com os mesmos amigos já há 15 anos. Assim como ela, centenas de frequentadores ido-sos dos chamados bailes da sau-dade se viram, de uma hora para outra, sem a principal atividade social de sua rotina. Com todos os serviços não essenciais sus-pensos no estado, as festas orga-nizadas por locais como Clube Piratininga e Clube Vila Maria foram canceladas, sem previsão de retorno.

- As melhores partes são a dança, ver os amigos e tomar uma cervejinha - enumera Sandra, de

63 anos, que acabou proibida pelo filho, Gustavo Abreu, de ir à edição do dia 15 de março do baile do Clube Atlético Ypiranga.

- Ele me buscou para almo-çar e perguntou se eu sabia o que estava acontecendo. Falou ‘hoje você não vai’. Quando um amigo dele chegou e escutei os dois conversando, comecei a ver melhor a gravidade da situação, porque acho que eu não tinha entendido ainda - lembra.

Sandra conta que, alguns dias antes, já havia sinais de que algo diferente estava em curso, mas que não imaginava o que es-tava por vir. Segundo ela, o baile do último dia 12 no Piratinin-ga parecia menos lotado que o normal. De casa, por ordens do filho, ela acompanhou no dia 15 as transmissões ao vivo do baile no Facebook, mandando men-sagens para as amigas. Alguns dias depois, recebeu atualizações

do grupo de amigos de que duas pessoas que estavam no baile es-tão na UTI.

- É uma sensação horrível. Es-tou com medo de ir na rua, fico quieta em casa. Moro sozinha e já às seis da manhã eu ligo a TV porque quero ficar a par de tudo – diz, acrescentando que, pelas suas contas, sete conhecidos dos bailes morreram desde o início da epidemia.

Por causa de outros compro-missos agendados com antece-dência, como o aniversário da chefe, Isolda Felipe não conse-guiu ir aos bailes em março. Fã do Clube Atlético Ypiranga, ela costumava frequentar as festas ao menos duas vezes por semana.

- São horas que não sinto passar, é realmente maravilhoso. Conheci meu marido no baile, e estamos casados há dez anos – conta.

Isolda ficou sabendo das

mortes dos colegas por posta-gens no Facebook. Além das re-des sociais, ela usa o WhatsApp para se comunicar com as ami-gas, mas diz que tem tentado se manter ocupada em casa.

Na página oficial do Ypiran-ga no Facebook, frequentadores postam vídeos e fotos de edições passadas dos bailes, sempre res-pondidas com comentários de saudades de outros dançarinos.

- O baile faz uma higieniza-ção mental gostosa, e você ainda conhece pessoas novas - resume Odair Milani, que ia às festas três vezes por semana. - A perda abala muito, pode ser de qual-quer ser humano. A gente fica muito triste com essas notícias, principalmente nós da terceira idade. Espero que o baile não recomece logo, só depois que ti-ver um remédio ou uma vacina. Adoro baile, amo dançar, mas vou me resguardar..

A pandemia vista por grandes nomes de nossa

literatura

Sinal vermelho para os clubes de dançaPúblico de terceira idade lamenta suspensão de sua principal opção de lazer

Rubens Cavallari/Folhapress

Homens e mulheres de terceira idade são os maiores frequentadores do bailes

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12 Segunda-feira, 6 de abril de 2020

Um mês após a confirmação do primeiro caso do novo coro-navírus no interior do país, 397 municípios fora as capitais e ci-dades das regiões metropolita-nas já registram contaminação pela Covid-19. A informação é de O Globo, que fez um levan-tamento com o auxílio das ba-ses de dados Brasil, IO e Lagom Data. Além de capitais, o ritmo de contaminação também se acelerou em cidades de médio e pequeno porte. (...) (Brasil247)

O governador de São Paulo, João Doria, decidiu prorrogar a quarentena em SP até o dia 22. Alguns especialistas che-garam a defender mais um mês de isolamento; internações em leitos de UTI deram um salto de 1.500% no estado, reporta Mônica Bergamo. Os médi-cos e cientistas envolvidos nas discussões sobre a prorrogação da quarentena no estado e na capital de São Paulo recomen-daram a ele a prorrogação da quarentena por um período de mais 15 dias. Alguns espe-cialistas chegaram a sugerir até 30 dias. Os números da saúde já são dramáticos: cem cida-des de SP registram casos de Covid-19. As mortes subiram 180% em uma semana. (...) (Folha de S. Paulo)

“Isolamennto vertical é uma invenção política sem funda-mento científico”, diz médica e pesquisadora da UFRJ. A mé-dica sanitarista Ligia Bahia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, atesta: “Isolamento vertical é uma invenção políti-ca, sem fundamento científico. É política porque tenta identi-ficar o ‘inimigo’ e o ‘aliado” (...). Qual a grande lição que hoje, já podemos, tirar disso tudo?

“Vamos continuar a defender o SUS, a ciência, a medicina e tenhamos consciência da fragi-lidade humana”, responde Ligia Bahia. (O Estado de S. Paulo)

São Paulo projeta 220 mil casos de coronavírus e pede mais de R$ 500 milhões ao Banco Mundial, reporta Ma-teus Vargas (Estadão Conteú-do). O eixo principal do pro-jeto é a instalação e custeio de pelo menos 500 novos leitos de UTI. A ideia é usar o recurso também para compra de testes de diagnóstico, além de desen-volvimento de tecnologia de telemedicina e de aplicativos para dispositivos móveis. (...) (O Estado de S. Paulo)

Para 76%, as pessoas de-vem ficar em casa, diz Data-folha. Brasileiro quer manter isolamento nos moldes atuais contra coronavírus, ao contrá-rio do que tem defendido o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), reporta Fábio Zanini. Foram ouvidas 1.511 pessoas excepcionalmente por telefo-ne, em razão da pandemia. (...) (Folha de S. Paulo)

Em ‘novo normal’, China tem cidades que pagam até recompensa para quem de-nunciar infectados. Passado o pior momento da epidemia na China, o país começa a reati-var sua economia, retoma aos poucos o convívio social e se prepara para a vida pós-coro-navírus, ainda muito longe da realidade anterior. Depois que cerca de 500 cinemas reabri-ram no país no fim de março, com salas vazias, o governo ordenou que fechassem no-vamente, num sinal de que a volta ao normal é um percurso

errático. (...) (O Globo)

Nicolelis: Estamos numa guerra. Respeitado cientista brasileiro, Miguel Nicolelis diz que o isolamento social é a prioridade absoluta nesse mo-mento, escreve Carlos Madei-ro. Ele afirma que, no inverno, o país terá mais problemas, de-vido à confluência de doenças como influenza, dengue e chi-kungunya com a covid-19. (...) (UOL)

Embaixada da China rebate Weintraub sobre coronavírus: “Forte indignação”. Em mais um momento de tensão na re-lação entre Brasil e China, a conta oficial da embaixada chi-nesa no Twitter rebateu o mi-nistro da Educação, Abraham Weintraub, que ironizou a China nas redes sociais, escreve Eduardo Lucizano. A embai-xada chinesa afirma que “tais declarações são completamen-te absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo cau-sado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Bra-sil”. (...) (UOL)

China anuncia que vai com-prar soja dos EUA por ‘seguran-ça’. Noticiário chinês vê Brasil sob risco de enfrentar três epi-demias ao mesmo tempo, acres-centando dengue e gripe, es-creve Nelson de Sá. O Xin Jing Bao reporta: “Muitas pessoas se preocupam que a soja importa-da do Brasil venha a ser afetada”.(...) (Folha de S. Paulo)

Weintraub diz que gover-no Bolsonaro se prepara para cassar concessão da Globo: “ela não sobrevive até 2023” .

O ministro da Educação usou sua participação numa live pro-movida pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, para afir-mar que o governo Jair Bolso-naro está preparando a cassa-ção da concessão da TV Globo. (...) (Brasil247)

No Twitter, o general Au-gusto Heleno chamou Flávio Dino de “comunista alienado”. “Flávio Dino, Gov (?) do Ma-ranhão, creditou ao Presiden-te Bolsonaro os 300 óbitos do Covid 21 (sic). Sempre acre-ditei, pelo passado histórico, que comunistas são seres alie-nados, sonsos, insensíveis e in-sensatos. Atitudes como essa confirmam esse perfil.” Na sex-ta-feira passada, o governador do Maranhão disse que Jair Bolsonaro era “insensível” em relação à pandemia. (...) (O Antagonista)

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, voltou a reagir aos ataques de assessores de Jair Bolsonaro nas redes sociais. Para Maia, os ata-ques nas redes sociais contra o Congresso e o Supremo Tribu-nal Federal (STF) são coman-dados por funcionários que se comportam como marginais. A crítica de Maia aconteceu em entrevista ao “Canal Livre”, da Band, informa O Globo. (...) (Brasil247)

Evangélicos fazem dia de jejum e oram pelo presidente no Alvorada. Ao longo do dia, grupos improvisaram atos de oração pelo presidente da Re-pública com músicas religiosas, reporta Daniel Weterman. “Se eles (líderes políticos) errarem e perecerem, nós também ire-mos perecer. Se eles tomarem

a decisão certa, nós seremos abençoados”, disse a pasto-ra Ramiria Soares do Amaral Susstrunk. (...) (O Estado de S.Paulo)

Patrão vai poder reduzir jornada e salário, suspender contratos, deixar de pagar adi-cionais e adiantar férias e feria-dos, reporta Cristiane Gercina. A crise provocada pelo corona-vírus no país pode ampliar o número de pessoas com queda brusca na renda nas próximas semanas. (...) (Agora São Paulo)

Mais de mil empresas se comprometem a não demitir na crise do coronavírus. Mani-festo lançado na internet por Daniel Castanho, presidente do conselho da Ânima Educa-ção, diz que empresas precisam ter responsabilidade social, segundo a coluna Painel S. A., editada por Joana Cunha. São Paulo teve cerca de 270 ade-sões, o Rio teve 55 e Brasília, 48, assim como Curitiba. (...) (Folha de S. Paulo)

Tigre de zoológico em Nova York tem resultado po-sitivo para coronavírus - Um tigre-malaio do Bronx Zoo, em Nova York (EUA), teve resul-tado positivo para coronavírus, segundo informações divulga-das pela rede norte-americana CNN. (...) (UOL)

Para 76%, as pessoas devem ficar em casa, informa pesquisa

(*) José Aparecido Miguel, jornalista, diretor da Mais

Comunicação-SP (http://www.maiscom.com), trabalhou

em todos os grandes jornais brasileiro - e em todas as mídias. Foi editor-executivo do Jornal do

Brasil, no Rio, de 2007 a 2009. (http://www.outraspaginas.com.

br) E-mail - [email protected]

OUTRAS PÁGINAS NO BRASIL E NO MUNDOJOSÉ APARECIDO MIGUEL (*)

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