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PLANO DE MANEJO RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ALTO DA BOA VISTA - I e II Serra do Relógio Descoberto / MG Janeiro de 2013

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Reserva Particular de Proteção Ambiental

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PLANO DE MANEJO

RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL

ALTO DA BOA VISTA - I e II

Serra do Relógio – Descoberto / MG

Janeiro de 2013

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Coordenação - Edição – Responsabilidade Técnica do Plano de Manejo: Helvécio Rodrigues Pereira Filho – Técnico Agropecuário, proprietário e gestor da RPPN Alto da Boa Vista Marcos Aurélio Sartori – Engenheiro Florestal da BIOPRESERVAÇÃO Consultoria e Empreendimentos Ltda. Equipe Técnica: Caracterização da Vegetação: Dra. Fátima Regina Gonçalves Salimena – Bióloga / Professora do Departamento de Botânica da UFJF Msc. Filipe Soares de Souza – Biólogo Estagiários: José Hugo Campos Ribeiro, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora e Cíntia Oliveira Rezende Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora Diagnósticos da Fauna: Grupo Herpetofauna:

Msc. Samuel Campos Gomides – Biólogo Colaborador: Wellington Ouverney Jr.; Graduando do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora Grupo Avifauna:

Dr. Marco Antônio Manhães – Biólogo Suporte Técnico: Fernanda Karina de Jesus – Bióloga Grupo Mastofauna:

Dr. Pedro Henrique Nobre – Biólogo Msc. Omar Junqueira Bastos Neto – Biólogo Msc. Omar Junqueira Bastos Neto – Biólogo Colaboradores: Alexmar dos Santos Rodrigues e Abraão Calderano Rezende, Graduandos do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais. Pesquisas, Mapeamento, Geoprocessamento, Zoneamento e Programas de Manejo: Artemio de Souza Silva – Geógrafo Helvécio Rodrigues Pereira Filho – Técnico Agropecuário Marcos Aurélio Sartori – Engenheiro Florestal Adair Maria Sartori - Pedagoga Msc. Samuel Campos Gomides – Biólogo Msc. Filipe Soares de Souza – Biólogo Dr. Marco Antônio Manhães – Biólogo Colaboradores: Fotos: Helvécio Rodrigues Pereira Filho Msc. Fabiana Dallacorte – Bióloga Marcos Aurélio Sartori Carla Kurle – Bióloga Clodoaldo Lopes de Assis Lucas Souza Lima Rodrigues – Arquiteto Gilberto Malafaia Bruno Louzada – Tecnólogo em Meio Ambiente Equipe Técnica da Fauna/Flora

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Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista

BIOPRESERVAÇÃO

Consultoria e Empreendimentos Ltda.

Apoio:

Este Plano de Manejo foi elaborado com apoio do Programa de Incentivo às Reservas

Particulares do Patrimônio Natural da Mata Atlântica, coordenado pelas organizações

não governamentais Conservação Internacional (CI), Fundação SOS Mata Atlântica

(SOSMA) e The Nature Conservancy (TNC).

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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AGRADECIMENTOS

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APRESENTAÇÃO Contextualização sobre o que contém o documento e sua importância em aspectos diversos como: conservação ambiental, desenvolvimento econômico local, conhecimento da biodiversidade, opções para recreação e similares.

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LISTA DE FIGURAS, FOTOS, QUADROS, TABELAS E OUTRAS ILUSTRAÇÕES

1 Croqui de localização da RPPN no município

2 Croqui de acesso à RPPN Alto da Boa Vista

3 Localização de Descoberto no Estado de Minas Gerais

4 Foto aérea da área em 1993 – Fase anterior à RPPN

5 Fotos de áreas de RPPN / 2009 – Evolução dos remanescentes

6 Foto do marco de referência - CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA

7 Foto aérea da face norte do pico da Serra do Relógio

8 Foto da placa nas imediações da tríplice divisa dos municípios de Descoberto,

Guarani e Astolfo Dutra

9 Mapa dos municípios limítrofes de Descoberto

10 Inserção do município de Descoberto na micro região de Juiz de Fora

11 Imagem de satélite da Reserva Biológica Represa do Grama.

12 Quadro População Censitária Segundo as Faixas Etárias e Sexo: 2.007

13 Quadro Escolaridade

14 Quadro Tipos de ocupação da população

15 Quadro Rendimento Familiar Per Capita

16 Quadro Abastecimento de Água

17 Quadro Destino do Lixo

18 Esgotamento Sanitário

19 Domicílios urbanos, em logradouro, com iluminação pública e pavimentação

20 Croqui de interligação rodoviária

21 Gráfico Conhecimento da importância da área

22 Gráfico Ocorrência de fogo nas propriedade confrontantes com a RPPN

23 Foto área incendiada divisa RPPN

24 Foto Pedra Relógio após ocorrência do fogo

25 Foto Área incendiada no município de Guarani

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26 Foto incêndio florestal fora de controle

27 Foto pesquisas sócio economia com o proprietário Danilo Bitencourt

28 Foto das entrevistas com os proprietários do entorno

29 Foto do peixe cambeva

30 Foto do caranguejo

31 Foto do cágado

32 Foto da 1ª Reunião Participativa

33 Foto da 1ª Reunião Participativa

34 Foto da Área de Exploração 1

35 Foto da Quadra poliesportiva na AE 2

36 Foto de trecho crítico da estrada

37 Foto da ETE da Sede e CV

38 Foto da ETE do Abrigo de Montanha

39 Foto Serra do Mar: Caledônia e Três Picos

40 Foto da localização da UC na região

41 Foto da influência orográfica

42 Quadro de Dados de Pluviometria na Região – Mensal / Anual

43 Quadro da precipitação de janeiro de 2003 a setembro de 2007 (município de Leopoldina) 44 Mapa com Zoneamento Agroclimático do Estado de Minas Gerais

45 Mapa com inserção das cinco áreas reconhecidas pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais em 2008, denominadas RPPN Alto da Boa Vista II 46 Mapa de localização da Serra do Relógio na região da Zona da Mata Mineira

47 Figura do Modelo Digital do Terreno da região de Descoberto

48 Foto da várzea e área de RPPN

49 Foto do relevo com forte ondulação

50 Mapa hidrográfico com as nascentes e o percurso dos cursos d’água da RPPN e propriedade confrontante 51 Foto da lagoa na área de RPPN

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52 Foto da Várzea e localização das nascentes acima

53 Foto Nascente a 1230 metros

54 Foto do Percurso da Nascente

55 Figura da bacia hidrográfica na região da Serra do Relógio no município de Descoberto 56 Foto da Cachoeira do Escorrega

57 Foto da Cascata da Toca

58 Foto da Gruta do Paredão da Serra

59 Foto da cavidade natural

60 Foto da Toca da Cascata 61 Foto das vegetações dos contrafortes

62 Foto do vale do Rio Pomba

63 Tabela 1: Lista das Famílias e Espécies ocorrentes na RPPN ABV

64 Tabela 2: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes na Floresta Estacional Semidecidual da RPPN Alto da Boa Vista 65 Tabela 3: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes no Campo de Altitude na RPPN Alto da Boa Vista 66 Tabela 4: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes na Mata Nebular da RPPN ABV 67 Tabela 5: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes nos Brejos da Reserva 68 Tabela 6: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes na Área Antropizada da Reserva 69 Tabela 7: Índice de Similaridade de Sørensen das fitofisionomias da Reserva Particular do Patrimônio Natural ABV 70 Figura do Dendrograma do Índice de Similaridade de Sørensen das fitofisionomias da Reserva 71 Figuras da Caracterização da Vegetação: Floresta Estacional Semidecidual acima de 1200 metros e outros ambientes fitofisionômicos que ocorrem 72 Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)

73 Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)

74 Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)

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75 Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)

76 Figura da Hidrografia regional com localização da região de Descoberto onde se insere a RPPN Alto da Boa Vista 77 Figura da Localização das áreas prioritárias para a conservação da herpetofauna de Minas Gerais. A seta indica a localização da região que inclui o município de Descoberto 78 Tabela - Lista das espécies de anfíbios registradas para a área da RPPN Alto da Boa Vista e seu entorno 79 Tabela - Lista das espécies de répteis registradas para a área da RPPN Alto da Boa Vista e seu entorno 80 Figura de ambientes onde anuros se reproduzem

81 Figura de Fotos da Herpetofauna

82 Figura de Fotos da Herpetofauna (Continuação)

83 Foto do Cágado Hydromedusa maximiliani

84 Figura - Curvas de acumulação do número de espécies observado e do número de espécies estimado (Bootstrap, Chao2. Jackknife) em amostragens com lista de MacKinnon. 85 Tabela - Lista das espécies de aves registradas na RPPN ABV 86 Tabela – Características ecológicas das 123 espécies da avifauna identificadas na área da RPPN Alto da Boa Vista 87 Figura - Fotos de algumas espécies de aves residentes na RPPN Alto da Boa Vista 88 Figura – Localização da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista com os pontos de amostragens das armadilhas fotográficas utilizadas nas pesquisas de mastofauna 89 Figura – Armadilha fotográfica Tigrinus® instalada em campo 90 Figura – Rede de neblina montada no interior de mata 91 Tabela - Espécies de mamíferos registrados na RPPN Alto da Boa Vista 92 Figura do Canis lupus familiaris fotografados pela armadilha fotográfica 93 Figura do Cuniculus paca fotografada pela armadilha fotográfica 94 Figura do Tamandua tetradactyla fotografado pela armadilha fotográfica 95 Figura do Dasypus novemcinctus fotografado pela armadilha fotográfica

96 Figura do Cabassous tatouay fotografado pela armadilha fotográfica Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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97 Figura do Marmosps sp, (cuíca) fotografado pela armadilha fotográfica. 98 Foto do campo de altitude

99 Foto da Cachoeira do Escorrega

100 Foto da Lagoa

101 Foto da Gruta do Paredão da Serra

102 Foto do Abrigo de Montanha

103 Foto do Centro de Apoio aos Visitantes

104 Folder do Programa de Ecoturismo da RPPN Alto da Boa Vista 105 Figuras de Publicações de Divulgação da RPPN Alto da Boa Vista 106 Foto do incêndio florestal evidenciando área atingida no interior da área proposta para o Parque Natural Municipal da Serra do Relógio, município de Guarani 107 Figura da planta do Auditório/Biblioteca do Centro de Apoio aos Visitantes

108 Figura da planta dos Banheiros Masculino / Feminino do Centro de Apoio aos Visitantes 109 Figura da planta do Abrigo de Montanha – 1º pavimento

110 Figura da planta do Abrigo de Montanha – 2º pavimento

111 Foto da placa na chegada da RPPN Alto da Boa Vista

112 Foto da placa situada à margem da várzea

113 Figuras dos banners da caracterização física e biótica da RPPN

114 Figura de Fotos do Centro de Apoio aos Visitantes

115 Figura de fotos de colaboradores, de atividades e de participações em eventos

116 Figura de fotos com imagens de fragmentos florestais que compõem Unidades de Conservação e suas interligações com remanescentes na região da Serra do Relógio 117 Mapa evidenciando a localização das UC’s já estabelecidas e propostas no entorno da Serra do Relógio 118 Foto aérea da propriedade em 1993 119 Foto aérea atualizada mostra evolução espontânea da vegetação nativa 120 Tabela - Distribuição das áreas no zoneamento 121 Gráfico das zonas de manejo na RPPN Alto da Boa Vista I e II Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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122 Mapa do Zoneamento da RPPN Alto da Boa Vista – I e II 123 Tabela de previsão de gastos para a realização das atividades propostas nos programas de manejo 124 Tabela de previsão de gastos para a realização das atividades propostas nos projetos específicos Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

ALMG: Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais

APP: Área de Preservação Permanente

CI: Conservação Internacional

CNRPPN: Confederação Nacional de Reservas Particulares do Patrimônio Natural

CODEMA: Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente

COPASA: Companhia de Saneamento do Estado de Minas Gerais

DER: Departamento de Estradas de Rodagem

DF: Distrito Federal

EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ETE: Estação de Tratamento de Esgoto

FEAM: Fundação Estadual do Meio Ambiente

GBV: Grupo Brasil Verde

IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICB: Instituto de Ciências Biológicas

ICMBio: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IGAM: Instituto Mineiro de Gestão das Águas

INMET: Instituto Nacional de Meteorologia

IUCN: International Union for Conservation of Nature

MG: Minas Gerais

MMA: Ministério do Meio Ambiente

ONG: Organização não Governamental

OSCIP: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

RBMA: Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

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RJ: Rio de Janeiro

RPPN: Reserva Particular do Patrimônio Natural

SEMAD: Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de MG

SISEMA: Sistema Estadual de Meio Ambiente

SESI: Serviço Social da Indústria

SNUC: Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

SOSMA: SOS Mata Atlântica

TNC: The Nature Conservancy

UC: Unidade de Conservação

UFJF: Universidade Federal de Juiz de Fora

UFV: Universidade Federal de Viçosa

WWF: World Wide Fund for Nature

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................123

2. INFORMAÇÕES GERAIS .................................................................................123

2.1 Localização e acesso..........................................................................................123

2.2 Histórico de criação e aspectos legais da RPPN ...............................................123

2.3 Ficha Resumo da RPPN Alto da Boa Vista – I e II .............................................123

3. DIAGNÓSTICO...................................................................................................123

3.1 Caracterização da área do entorno e do município de Descoberto....................123

3.1.1 Histórico..............................................................................................................123

3.1.2 Dinâmica Demográfica.......................................................................................123

3.1.3 Educação............................................................................................................123

3.1.4 Aspectos Econômicos........................................................................................123

3.1.5 Infraestrutura Básica..........................................................................................123

3.1.6 Uso da Terra e Impactos das Atividades no Entorno da RPPN........................123

3.1.7 Ameaças, Fragilidades e Tendências Conflitantes no Entorno.........................123

3.1.8 Oficinas Participativas........................................................................................123

3.2 Caracterização da Propriedade..........................................................................123

3.3 Caracterização da RPPN Alto da Boa Vista – I e II............................................123

3.3.1 Clima..................................................................................................................123

3.3.2 Temperatura.......................................................................................................123

3.3.3 Pluviosidade.......................................................................................................123

3.3.4 Relevo................................................................................................................123

3.3.5 Hidrografia..........................................................................................................123

3.3.6 Espeleologia.......................................................................................................123

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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4. VEGETAÇÃO.....................................................................................................123

5. FAUNA...............................................................................................................123

5.1 HERPETOFAUNA..............................................................................................123

5.2 AVIFAUNA..........................................................................................................123

5.3 MASTOFAUNA...................................................................................................123

6. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS......................................................................123

6.1 Visitação..............................................................................................................123

6.1.1 Perfil dos Visitantes............................................................................................123

6.1.2 Público Alvo........................................................................................................123

6.1.3 Agendamento e Períodos de Visitação..............................................................123

6.1.4 Apresentação, Divulgação e Comercialização do Programa de Ecoturismo....123

6.1.5 Medidas de Manejo do Impacto da Visitação.....................................................123

6.2 Proteção e Fiscalização.....................................................................................123

6.3 Pesquisa e Monitoramento.................................................................................123

6.4 Sistema de Gestão.............................................................................................123

6.5 Pessoal...............................................................................................................123

6.6 Infra-Estrutura.....................................................................................................123

6.6.1 Cercas................................................................................................................123

6.6.2 Sinalização e Identidade Visual..........................................................................123

6.6.3 Trilhas.................................................................................................................123

6.7 Equipamentos e Serviços...................................................................................123

6.8 Recursos Financeiros.........................................................................................123

6.9 Formas de Cooperação......................................................................................123

7. POSSIBILIDADES DE CONECTIVIDADE........................................................123

8. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA................................................................123

9. PLANEJAMENTO .............................................................................................123

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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9.1 Objetivos Específicos de Manejo.......................................................................123

9.2 Zoneamento.......................................................................................................123

9.2.1 Zona Silvestre.....................................................................................................123

9.2.1.1 Zona Silvestre I ...............................................................................................123

9.2.1.2 Zona Silvestre II ..............................................................................................123

9.2.1.3 Zona Silvestre III .............................................................................................123

9.2.2 Zona de Proteção ..............................................................................................123

9.2.3 Zona de Recuperação........................................................................................123

9.2.3.1 Zona de Recuperação I .................................................................................123

9.2.3.2 Zona de Recuperação II ................................................................................123

9.2.4 Zona de Visitação...............................................................................................123

9.2.4.1 Zona de Visitação I ........................................................................................123

9.2.4.2 Zona de Visitação II .......................................................................................123

9.2.4.3 Zona de Visitação III ......................................................................................123

9.2.4.4 Zona de Visitação IV .....................................................................................123

9.2.4.5 Zona de Visitação V ......................................................................................123

9.3 Áreas Estratégicas da Propriedade e Aspectos Legais.....................................123

9.4 Normas Gerais da Unidade de Conservação.....................................................123

9.5 Normas para a realização de Estágios...............................................................123

10. PROGRAMAS DE MANEJO ............................................................................123

10.1 Programa de Administração ..............................................................................123

10.1.1 Subprograma de Infraestrutura e Equipamentos ............................................123

10.1.2 Subprograma de Cooperação Institucional......................................................123

10.2 Programa de Proteção e Fiscalização .............................................................123

10.3 Programa de Pesquisa e Monitoramento...........................................................123

10.4 Programa de Visitação ......................................................................................123

10.5 Programa de Sustentabilidade Econômica .......................................................123

10.6 Programa de Comunicação ...............................................................................123

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11. PROJETOS ESPECÍFICOS ..............................................................................123

11.1 Projeto de Adequação de Infraestrutura da Sede da Unidade de Conservação123

11.2 Projetos para Apoio às Atividades e Atendimento ao Público, Estruturação de Acessibilidade e Equipagens em Espaços Atrativos da Reserva.................123 11.3 Projeto de Adequação e Complementação Física em Espaço Anexo ao Centro de Visitantes .....................................................................................123 11.4 Projeto de Equipamentos e Acabamentos da Casa de Hospedagem “Abrigo de Montanha” .........................................................................................123 11.5 Projeto de Apoio à Administração, Fiscalização e Monitoramento da UC........123 11.6 Projeto Guia de Espécies ..................................................................................123 12. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS................................................123 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................123 14. ANEXOS ...........................................................................................................123

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1. INTRODUÇÃO

Cachoeira da Laje dos Jequitibás – Zona Silvestre III

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1. INTRODUÇÃO:

Este documento está em consonância com as diretrizes do Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural (IBAMA – Outubro 2004), estabelecendo o Plano de Manejo da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II, localizada na Serra do Relógio, porção norte do município de Descoberto–MG, região da Zona da Mata Mineira. É um documento técnico que, usando como base os objetivos gerais de uma unidade de conservação, caracteriza a RPPN e sua área de entorno, realiza um diagnóstico das questões a ela pertinentes, estabelece o seu zoneamento e as normas que deverão regular e nortear o uso que se faz da área bem como o manejo dos seus recursos naturais em conformidade com a legislação ambiental em vigor, a vocação da área e os interesses do proprietário, além de prever a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade de Conservação, seguindo as diretrizes da Lei Federal nº 9.985 de 18 de julho de 2000, Artigo 2º, Inciso XVII.

Segundo a Lei 9.985 de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), a RPPN é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.

A CNRPPN (2009), destaca que as RPPNs são importantes ferramentas na formação de corredores ecológicos, na proteção de espécies endêmicas; contribuem para uma rápida ampliação das áreas protegidas no país, são aliadas para a proteção do entorno de UC’s criada pelos governos das três esferas administrativas; apresentam índices altamente positivos na relação custo/benefício; são facilmente criadas; possibilitam a participação da iniciativa privada no esforço nacional de conservação e contribuem para a proteção da biodiversidade dos biomas brasileiros.

A Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do Brasil, hoje com grande redução em sua área original, e considerada o terceiro hotspots mais ameaçado do mundo, juntamente com o cerrado brasileiro. É um dos ecossistemas com maior biodiversidade e número de espécies endêmicas, que sofrem principalmente com a fragmentação de seus hábitats.

Os poucos remanescentes florestais que ainda existem estão restritos a áreas asseguradas pela legislação ambiental e protegidas por Unidades de Conservação. Segundo Rambaldi e Oliveira (2003) apud Tabarelli et AL. (2005) muito do que restou para se preservar na Mata Atlântica está em terras privadas e o estabelecimento de uma rede ampla e bem desenhada de reservas privadas é agora reconhecida como indispensável na proteção da biodiversidade da região.

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Segundo o site http://reservasparticulares.org.br o número de RPPNs criadas já ultrapassou a 1075, representando a conservação de aproximadamente 700.000 ha. Muitas delas protegem espécies que são de importância global para a conservação (TABARELLI et al. 2005).

As RPPNs hoje representam uma eficiente rede de conservação da Mata Atlântica e também um importante meio de mudança socioambiental das áreas de entorno. Servem de referência e exemplo para outros proprietários de terra que tenham um potencial para a conservação de espécies e/ou ecossistemas restritos.

Porém as ações a serem implementadas em uma UC necessitam de um planejamento ordenado que possa garantir a proteção dos recursos naturais existentes e possibilitar a obtenção de benefícios indiretos de ordem ecológica, econômica, científica e social.

A homologação da RPPN Alto da Boa Vista ocorreu com a publicação da portaria do IBAMA nº 057/95 de 17/08/1995. Entretanto, outras áreas da propriedade com cobertura florestal nativa que se encontravam em estágio de regeneração natural foram posteriormente destinadas pelo proprietário para a conservação da natureza e reconhecidas como RPPN pelos órgãos ambientais, atos que ampliaram as extensões das áreas de RPPN com a anexação de outros trechos da propriedade em duas ocasiões distintas:

- em 13 de setembro de 1999 com a publicação da portaria nº 72 do IBAMA;

- em 16 de abril de 2008 com a portaria nº 073 do Instituto Estadual de Florestas – IEF / MG, denominada como RPPN Alto da Boa Vista II, através do Decreto nº 39.401 de 21 de janeiro de 1998.

Atualmente, 90% do território do imóvel rural estão destinados como Reserva Particular do Patrimônio Natural. Assim, essa Unidade de Conservação cumpre sua função social e se junta aos esforços de tantos outros cidadãos como os proprietários de RPPN e de outras reservas privadas do Brasil, das organizações não governamentais, de empresas da sociedade civil e do Governo Federal, além do governo de Minas Gerais, de outros governos dos estados da federação e de muitos municípios brasileiros, em prol da proteção e conservação das florestas, das águas e das paisagens da Mata Atlântica, este bioma tão imprescindível para o desenvolvimento e para uma sadia qualidade de vida de mais de 110 milhões de habitantes deste país.

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2. INFORMAÇÕES GERAIS

Vista a 1406 m da RPPN Alto da Boa Vista – I e II com área de brejo (Zona Silvestre II)

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2. INFORMAÇÕES GERAIS

2.1 Localização e acesso

A RPPN Alto da Boa Vista localiza-se na Zona da Mata Mineira, Região Sudeste, no extremo leste e encosta sul da Serra do Relógio, nos limites do município de Descoberto-MG em divisas com os municípios de Guarani e Astolfo Dutra. Situa-se nas Coordenadas (geográfica e UTM): Localização da sede da RPPN: S – 21º 22.768’ W – 042º 56.096’ , UTM 7634.491 - 23 K 0714147

Figura 01: Croqui de localização da RPPN no município de Descoberto

O acesso à RPPN Alto da Boa Vista parte de Descoberto por estrada intermunicipal em direção ao Município de Itamarati de Minas. No km – 5, local denominado Ronca, entrar a esquerda em estrada vicinal em direção a Grama, atravessar o Ribeirão do Grama e seguir em direção do Córrego do Angico.

Em períodos chuvosos, nos trechos onde as estradas são mais íngremes (após a travessia do Ribeirão do Grama), ocorrem nas estradas uma grande perda de solo ocasionado pelo escoamento irregular das águas das chuvas, acarretando situações precárias de tráfego em vários pontos.

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Nos últimos 500 metros da chegada da RPPN, a situação é ainda mais crítica. A estrada municipal é bastante íngreme e de difícil acesso à região de inserção da RPPN. Os afloramentos rochosos no leito da estrada dificultam ainda mais a acessibilidade de veículos que não possuem tração 4x4.

Figura 02: Croqui de acesso à RPPN Alto da Boa Vista

A distância de Descoberto para a capital Belo Horizonte é de 290 km e de 80 km de Juiz de Fora, maior centro urbano regional. Outros municípios também de destaque como Ubá e Cataguases, estão a 80 km. A distância para São João Nepomuceno é de 10 km e para o Rio de Janeiro é de 250 km. As estradas encontram-se atualmente em bom estado de conservação.

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RPPN Alto da Boa Vista

Estradas de acesso

Localização RPPN

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Figura 03 – Localização de Descoberto no Estado de Minas Gerais (Fonte: IGA - Instituto de Geociências Aplicadas)

O município de Descoberto é servido por empresas de transporte coletivo que disponibiliza diariamente diversos horários com destinos para Juiz de Fora (duas horas de viagem), São João Nepomuceno (vinte minutos), Itamarati de Minas (uma hora) e Ubá (duas horas). No município de São João Nepomuceno, há linhas e horários diários para Rio de Janeiro (quatro horas e meia) e Belo Horizonte (cinco horas e meia).

Quanto aos serviços aeroportuários, Juiz de Fora possui vôos regulares para Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. O Aeroporto Regional da Zona da Mata, em Goianá, denominado Aeroporto Internacional Presidente Itamar Franco, que está localizado entre os municípios de Rio Novo e Goianá, a 50 km, atualmente disponibiliza vôos diários apenas para São Paulo, mas com perspectivas de expansão de vôos para outros grandes centros. Em São João Nepomuceno, há um aeródromo com pista de saibro em boas condições de operação com mais de 700 metros de extensão, o que permite o pouso e decolagem de aviões menores com segurança. Já os municípios de maior porte como Ubá e Leopoldina, próximos à cidade de Descoberto, possuem pistas asfaltadas.

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Belo Horizonte

DESCOBERTOLocalização no Estado

DESCOBERTO

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Na região da Serra do Relógio, especificamente na comunidade da Grama onde a RPPN Alto da Boa Vista se localiza, há o transporte regular de estudantes de vários níveis da comunidade para a sede do município, como também para os alunos do ensino fundamental que freqüentam a Escola Rural Dr. Virgílio de Melo Franco, situada na comunidade rural e que se tornou a única escola rural do município em funcionamento no ano de 2013.

2.2 Histórico de criação e aspectos legais da RPPN:

Os registros cartoriais existentes das áreas que compõem o imóvel rural, datam 13 de agosto de 1975, quando Pedro Ferreira da Rocha e sua mulher Alzira Cristina da Rocha venderam ao Sr. Ademar José de Almeida uma área de terras de 16,25,47 ha denominada “Córrego do Angico”.

Em 18 de abril de 1985, Sr. Ademar Alves de Almeida adquiriu do Sr. Sebastião Bellarmino de Almeida um segunda área de 122,00,66 ha denominada Alto da Boa Vista, sendo essa anexa à primeira.

A história da aquisição da propriedade que hoje possui a área das escrituras unificadas (138,26,13 ha), iniciou-se por ocasião da amizade entre os primos Helvécio Rodrigues Pereira Filho e Wágner Mentzingem Rodrigues quando tomaram a decisão de em 09 de dezembro de 1.988 adquirirem juntos uma propriedade rural na Serra do Relógio. Nesta oportunidade vieram a se encontrar com o Sr Ademar José de Almeida, sua esposa Dona Terezinha Menezes de Almeida e filhos em sua residência na propriedade, a qual estava disposta para a venda e assim poucos dias depois a transação estava realizada sendo as escrituras lavradas em 09 de março de 1989 e registradas em 15 de março de 1989.

Atualmente, a área total da propriedade está em nome de Helvécio Rodrigues Pereira Filho, após adquirir em 20 de junho de 1.996 a parte de seu primo Wágner, um ano após o reconhecimento da primeira e maior das três áreas reconhecidas como RPPN (em 17 de agosto de 1.995).

A história da criação da RPPN Alto da Boa Vista data de setembro de 1.993, numa viagem a Belo Horizonte para tentativas de contatos em órgãos públicos como IBAMA e IEF – MG.

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Com o intuito de despertar a atenção para a Serra do Relógio, mostrando fotos aéreas e mapas que portava, Helvécio acabou sendo atendido pelo Diretor de Biodiversidade do IEF-MG, Célio Murilo de Carvalho Valle, que foi quem lhe apresentou a forma de se criar uma Reserva própria, uma RPPN, em parte de sua fazenda. Orientou para que procurasse o IBAMA, então a única instituição possível pois na ocasião a única possibilidade legal para criação de RPPN se restringia apenas à legislação federal. A idéia imediatamente foi levada ao então sócio Wágner, que prontamente a aprovou. A primeira providência foi elaborar um croqui das áreas propostas, documento assim exigido pela legislação na época (Decreto Federal n º 98.914/90) para serem reconhecidas como RPPN. A partir daí, a Serra do Relógio e consequentemente o município de Descoberto passou então a contar, na ocasião, com mais uma reserva florestal considerável, a RPPN Alto da Boa Vista, com 125,27 ha e perímetro de 5.951,61 metros (soma de três certificações, sendo duas pelo IBAMA: em 1.995 - 96,00 ha e em 2.000 - 22,00 ha, além de uma terceira RPPN denominada RPPN Alto da Boa Vista - II, reconhecida pelo IEF-MG em 2.008, com área de 7,27 ha), além da Reserva Biológica Represa do Grama com área total de escritura de 267,94.24 ha e perímetro de 8.021,59 m, uma área preservada desde a sua aquisição, a 102 anos.

O que aconteceu ao se criar inicialmente em 1.995 uma Reserva Particular do Patrimônio Natural na proporção de 70% (96,00 ha) da área total de escritura da propriedade que é de 138,26 ha, foi a necessidade de uma mudança de estratégia das atividades até então realizadas na propriedade, com o intuito de conseguir uma auto-sustentabilidade, única forma de mantê-la e também por motivos de aptidão de grande parte da área que é a conservação dos remanescentes florestais. Tudo isso inspirava ao empreendimento da atividade do Turismo Ecológico. Com uma beleza cênica que lhe é peculiar e localização estratégica na Serra do Relógio, tem uma visão frontal para a Serra do Mar (distante 100 km em linha reta), nascentes e riachos em vários cursos d’água de águas límpidas, rica fauna e grande diversidade de vegetação nativa, onde seus limites se localizam até as proximidades do ponto culminante da região da zona da Mata Mineira a 1434 metros de altitude.

Alguns testemunhos que dizem respeito à área e a toda a região da Serra do Relógio, referem-se que na década de cinqüenta, a exploração do carvão foi a causadora da maior destruição de suas florestas, a ferro e fogo. Após esta fase, as culturas de subsistência e do café foram implantadas e exploradas até meados da década de 90.

No período entre a aquisição da área em 1.988 até 1.995, fase anterior à criação da RPPN, deu-se continuidade à atividade agrícola com recursos próprios e em parcerias com moradores vizinhos, além da manutenção também da atividade pecuária. Atualmente, cinco blocos adjacentes às áreas de RPPN foram mapeados e georeferenciados e estas áreas estão destinadas como “áreas de exploração” , para manejo e culturas.

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Todo o restante da área é RPPN. Atualmente, parte de dois dos cinco blocos que compõem essas áreas estão ocupados com eucalipto, uma delas em parceria com José Geraldo Lopes e Clésio Batista Lopes, filhos do Sr. Bráz Batista Lopes, primeiro parceiro de produção agrícola da propriedade, com os quais foram formalizados desde essa época, contratos de parceria de produção agrícola.

Figura 04: Foto aérea da área em 1993 Figura 05: Foto da RPPN em 2009

É de se destacar que a atividade da pecuária que também vinha sendo intensamente explorada a algumas décadas, era insustentável economicamente pois a maioria das áreas de pastagens eram muito íngremes, com solo e clima não muito apropriados para esse tipo de atividade da forma como era conduzida e pelas condições que haviam. Outros fatos acentuavam ainda mais a perda na produtividade da atividade pecuária, como acidentes com animais peçonhentos e a ingestão de plantas venenosas.

Essas dificuldades e ainda as despesas com investimentos em manutenções de instalações, cercamentos, custeio com mão de obra para tratamento e limpeza de pastos, corroboraram para a constatação de prejuízos financeiros com a atividade da pecuária e foi então que houve a decisão de mudança de atividade e de atitudes na propriedade, adotando a sua evidente vocação natural que é a Conservação, Pesquisa e o Ecoturismo, hoje a sua principal alternativa de renda.

O nome “Alto da Boa Vista” já constava em uma das duas escrituras que foram unificadas e que compõe atualmente os 138,26 ha da área, e portanto foi mantido por ocasião da aquisição da propriedade.

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Consta Na FOLHA SF 23-X-D-II-3 da Carta de Astolfo Dutra do IBGE – 1977, que a Serra do Relógio inicia-se na da Pedra do Relógio que dá nome à serra, na altitude de 1097 metros, em seu extremo oeste. Em seu outro extremo, a leste, localiza-se o ponto culminante a 1434 metros, delimitando no local em águas vertentes, as divisas naturais de três municípios: Descoberto, Guarani e Astolfo Dutra. A RPPN Alto da Boa Vista está situada no extremo leste e encosta sul da Serra do Relógio. Na região há outra serra de altitude bem elevada, com o nome de Serra da Boa Vista, alcançando 1.215 metros de altitude.

2.3 Ficha Resumo da RPPN Alto da Boa Vista – I e II:

_____________________________________________________________________________ Nome da UC Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa

Vista - I e II

Proprietário e Gestor Helvécio Rodrigues Pereira Filho

Contato [email protected]

Endereço Zona Rural da Grama / km 13 - Serra do Relógio

Telefone (32) 9973 – 5002

Áreas de RPPN 125,27 ha

Área total da Propriedade 138,26 ha

Coordenadas Geográficas S – 21º 22.768’ / W – 042º 56.096’

UTM 7634.491 / 23 K 0714147

Município/acesso à RPPN Descoberto

Município/Estado Descoberto, Minas Gerais

Data e número dos atos legais de criação da RPPN: Ano: 1995 - Portaria nº 57 – N de 17/08/1995 IBAMA Ano: 2000 - Portaria nº 72 de 13/09/1999 IBAMA Ano: 2008 - Portaria nº 73 de 16/04/2008 IEF / MG Marco e referências Importantes nos limites e confrontações Confronta com o município de Astolfo Dutra em divisas

naturais (águas vertentes) com duas propriedades no trecho mais alto da RPPN. As divisas seguem também dessa forma (em águas vertentes) neste setor (direção norte/nordeste/leste) ao longo das divisas com mais quatro propriedades.

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Os limites da UC se estendem até as proximidades do pico culminante da Serra do Relógio, a 1434 m de altitude, na tríplice divisa dos municípios de Descoberto, Guarani e Astolfo Dutra; a Serra do Relógio é divisora de águas das bacias hidrográficas dos Rios Novo e Pomba, afluentes do Rio Paraíba do Sul; nos limites da RPPN, sentido norte/nordeste, encontra-se as divisas do Município de Astolfo Dutra na localidade denominada Água Limpa, tendo neste trecho três propriedades divisando com a UC: Danilo Bitencourt de Souza, Braz de Souza e Aielci Souza Almeida / José de Souza Almeida. Na continuação, já no município de Descoberto, confronta com as propriedades de Solange Valéria Ovian, Manoel Pasqual Pons, Sucessores de Maria das Dores do Nascimento, José Neves Moreira, Selma do Nascimento Rocha, Alfredo Carlos Linhares Soares e Sucessores de Francisca Maria da Rocha que por sua vez divisam com Danilo Bitencourt de Souza, fechando o perímetro da RPPN Alto da Boa Vista – I e II.

Figura 06: Marco-Referência Figura 07: Foto pico da serra Figura 08: Placa no local

Bioma Domínio Mata Atlântica com ocorrência de cinco

fitofisionomias: Floresta Estacional Semidecidual Montana, Campo de Altitude, Mata Nebular, Brejo e Área Antropizada

Distância de Descoberto 13 km

Roteiro Seguir pela estrada intermunicipal que liga Descoberto a Itamarati de Minas/CBA até o km 5. Nesse ponto, seguir à esquerda em direção à comunidade da Grama, por mais 2 km, atravessar o ribeirão do Grama e percorrer mais 5 km.

Atividades ocorrentes Ecoturismo, visitação, recreação, educação ambiental e pesquisa científica

Atividades propostas Fiscalização, projetos e programas específicos em consonância com as atividades ocorrentes: ecoturismo aliado à educação ambiental; visitações guiadas por trilhas aos pontos atrativos; acampamentos; meios de hospedagem e práticas desportivas em local específico (quadra poliesportiva).

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3. DIAGNÓSTICO

Samambaiuçu

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3. DIAGNÓSTICO

3.1 Caracterização da área do entorno e do município de Descoberto

Figura 9 – Municípios limítrofes de Descoberto-MG Fonte: Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais O município de Descoberto está localizado na porção sul sudeste (SSE) do Estado de Minas Gerais, conforme apresentado nas Figuras 6, 7 e 8 à Meso região da Zona da Mata de Minas Gerais e à Micro região de Juiz de Fora, situando-se à aproximadamente 199 km de Belo Horizonte e 52 km de Juiz de Fora. Por via rodoviária, o município está a cerca de 338 km de Belo Horizonte e a 76 km da sede do Município de Juiz de Fora. Com as coordenadas geográficas – 42º 58 ’ 04,80 ’ ’ Longitude – 21º 27 ’ 36,00 ’ ’ Latitude, faz limite ao Norte com os municípios de Guarani e Astolfo Dutra, a Leste com os municípios de Itamarati de Minas e Leopoldina, ao Sul com São João Nepomuceno e a oeste com Rio Novo. Sua área é de 213,20 km ², sendo que a sede do município se localiza na altitude de 340 metros (IBGE 1971.) e o seu ponto culminante se eleva a 1434 metros, nas divisas com os municípios de Guarani e Astolfo Dutra. O município é drenado por inúmeros cursos de águas, destacando-se o rio Novo, o ribeirão da Grama e o seu principal afluente, o córrego Pouso Alegre. O ribeirão da Grama é um tributário da margem esquerda do rio Novo, que pertence à sub-bacia do rio Pomba e é formador da bacia do rio Paraíba do Sul.

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LeopoldinaSão João

Nepomuceno

DESCOBERTO

Itamarati de MInas

Astolfo Dutra

Guarani

Rio Novo

DESCOBERTOMunicípios Limítrofes

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Figura 10: Inserção de Descoberto na Micro-Região de Juiz de Fora

Descoberto pertence à Comarca de São João Nepomuceno. O município é formado somente pelo distrito-sede que foi criado pela Lei 1.039 de 12/12/1953 e instalado em 01/01/1954, sendo sua área proveniente do município de São João Nepomuceno. O acontecimento gerou uma situação inusitada pelo seguinte: Com a intenção de resguardar um manancial d’água para abastecer a cidade, a Prefeitura Municipal de São João Nepomuceno passou a adquirir em 1911, algumas áreas rurais estratégicas na região da Serra do Relógio, onde hoje pertence ao município de Descoberto, devido ao fato de haver dentro dos limites da composição dessa área, inúmeras e volumosas nascentes que vertem para uma única saída em toda essa bacia hidrográfica, para que se construísse no local, uma estação de captação de água, o que foi feito e funciona até os dias de hoje, administrada pela Concessionária Estatal COPASA. Os registros cartoriais mostram que em 1911 foi adquirida a primeira e a maior das três áreas (80 alqueires pelo valor de quinze mil réis, pagos pela Prefeitura de São João Nepomuceno). Posteriormente, em 1913, realizou-se a segunda aquisição (de meio alqueire por 200 mil réis) e em 1942 a terceira e última aquisição (de 18,58 ha por sete mil cruzeiros).

Merece destaque o teor da Resolução nº 121, de 22 de agosto de 1953, da Câmara Municipal de São João Nepomuceno que “Concede autorização para emancipação do distrito de Descoberto”, a qual consta em seus Artigos:

3º - “A água que abastece atualmente a vila de Descoberto e que é retirada a título precário do cano adutor que abastece esta cidade, será cortada logo que convier aos interesses deste município de São João Nepomuceno e isto se fará de maneira humana, equitativa e justa, sendo que as nascentes e a água do córrego da “Grama” estão situadas em terrenos de propriedade do município de São João Nepomuceno, conforme escrituras devidamente formalizadas”.

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4º - “Logo que o distrito de Descoberto se emancipar, e enquanto não for cumprido o disposto no artigo anterior, será colocado hidrômetro no local de onde é retirada a referida água, mediante pagamento da taxa prevista no Código Tributário”.

O fato é que nessas áreas que somam 267,94.24 ha, de propriedade do município de São João Nepomuceno, adquiridas anteriormente à emancipação e instituição do município de Descoberto, foi criada por Decreto Municipal a Reserva Biológica da Represa do Grama, instaurada pela Lei nº 518 de 14 de dezembro de 1971 (portanto, posterior à criação do município de Descoberto) assinada pelo então Prefeito de São João Nepomuceno na época, Sr. Hercílio Ferreira. Entretanto, ainda hoje a Reserva não se encontra em conformidade com a Lei nº 9.985 de 18/07/2000 (Lei do SNUC, regulamentada pelo Decreto 4.340 de 22/08/2002), pois não consta no cadastro do Sistema Estadual de Meio Ambiente – SISEMA, do Governo do Estado de Minas Gerais pelo fato de não estar habilitada ao provimento dos repasses provenientes da Lei nº 12.040 de 28 de dezembro de 1.995 (LEI do ICMS ECOLÓGICO do Estado de Minas Gerais / LEI ROBIN HOOD), revogada pela Lei nº 13.803 de 27 de dezembro de 2.000, a qual não prevê esta situação incomum: a possibilidade de um município possuir uma Unidade de Conservação nos limites do território de outro município.

Figura 11: Imagem de Satélite da Reserva Biológica Represa do Grama e fragmentos. Fonte: Edição própria com imagem da Empresa CBA – Companhia Brasileira de Alumínio

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3.1.1 Histórico:

(Revista nº 01 - Fundação Cultural Francisco de Paula Leopoldino Araújo – “Fundação Chico Boticário”, 2001; Diários de Langsdorff; História de Descoberto, matéria assinada por Minervina de Mendonça Araújo Lima na “Folha Especial”, publicação da Folha da Cidade em Homenagem a Descoberto, edição de 2000; Diagnóstico da Contaminação Ambiental em Descoberto-MG, FEAM-julho/2005.)

Os sertões do Leste, a atual região da Zona da Mata de Minas Gerais, continuava inexplorada até o final do século XIX. Essa era uma região praticamente desconhecida e habitada apenas por índios e poucos mestiços.

No ano de 1784, o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que já havia estado na região em missão em 1781, e muitas outras vezes quando era comandante da ronda do mato, recebe do Governador da Capitania de Minas Gerais uma nova missão a ser cumprida: acompanhar a diligência do Sargento-Mór Pedro Afonso Galvão de São Martinho aos “Sertões Proibidos”, e elaborar um levantamento e um relatório sobre a geografia e principalmente as riquezas minerais da região. O Governador exigiu por ofício a presença de Tiradentes nesta missão devido à “sua inteligência mineralógica”.

O município de Descoberto surgiu de uma dessas jazidas isoladas de ouro encontradas nessa região onde foram desenvolvidas atividades de garimpo de ouro no período de 1824 até meados do século XX, com base no descrito por Silva (1997) e Ferreira (1885). Mineradores vindos de Mariana descobriram ouro e já exploravam há vários anos, até que a notícia espalhou-se por toda a região. Sobre essa jazida, há registros com algumas preciosas informações de Langsdorff, que visitou a Descoberta Nova também em julho de 1824.

A povoação, esta iniciada um mês antes, em 16 de junho de 1824, havia sido concedida ao Capitão Joaquim José, segundo relata cônego Trindade de acordo com o Dicionário Geográfico de Minas Gerais (Waldemar de Almeida Barbosa), a primeira licença para se usar uma primitiva capela existente no local. A mesma fonte cita que, conforme dados contidos no Dicionário Corográfico, em 1841 foi criado o distrito com a denominação de Descoberto do Rio Novo. Pela Lei nº 1.265 de 19 de dezembro de 1.865 foi o distrito do Descoberto da Santíssima Trindade, transferido da freguesia de Rio Novo no município de Mar de Espanha para a freguesia de São João Nepomuceno.

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Em 1.874 Descoberto passou a freguesia e somente na divisão administrativa de 1.911 figura no município de São João Nepomuceno com a denominação de Descoberto.

“As Impressões de Langsdorff sobre a “Descoberta Nova”

O Brasil como um todo e principalmente essa região até então “proibida” no século XVIII e XIX, eram ambientes propícios às grandes expedições científicas. No início do século XIX o Brasil experimentava um período de “aberturas” econômicas e culturais que se tornou ainda mais favorável a esse intercâmbio.

Uma dessas grandes expedições que passaram pela nossa região, foi a do naturalista e diplomata germânico Georg Heinrich Von Langsdorff. Formado em medicina, mais conhecido por seu nome em russo, Grigory Ivanovitch, barão de Langsdorff (1.774 – 1.852), foi nomeado cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro (1.813). Apaixonado pelo Brasil, ficou famoso pela sua heróica expedição pelo interior do Brasil, embora reconhecesse em seus diários que era impossível fazer uma viagem confortável por esse país naquela época.

Essa expedição iniciou-se em 1.821 e contava com dezenas de homens contratados para explorar todo o país, no entanto Langsdorff já havia estado no Brasil pela primeira vez em 1.803-1.804 em Santa Catarina. Para a expedição realizada ao interior do Brasil no ano de 1.821, foram contratados botânicos, zoólogos, astrônomos e, especialmente, artistas como Rugendas, Taunay e Florence.

Estes artistas produziram mais de 360 desenhos e aquarelas retratando o Brasil do início do século XIX, quando Langsdorff percorreu Minas Gerais na primeira parte de sua expedição (PRADA, 2000). Uma em especial, de autoria de Rugendas, datada de 12 de julho de 1.824, retrata o garimpo na “Descoberta Nova”, atual município de Descoberto. Toda a documentação científica original dessa expedição encontra-se na Rússia.

O fato dessa descoberta causou um grande impulso e movimentação na povoação da região. Conforme consta também nos diários de Langsdorff, a expedição cruzou a Mantiqueira e após passar pela Freguesia de São Manoel do Pomba, tomou rumo pela margem direita do Rio Pomba, passou pelo distrito de Furtado de Campos (Rio Novo) até chegar à fazenda do Pouso Alegre (Descoberto). Em seus relatos faz diversas descrições do acontecimento:

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“Velhos e jovens, grandes e pequenos revolvem a terra. Toda a lavação do ouro, pelo menos as que assisti até hoje acontece sem nenhum método, do Deus dará. E aqui principalmente chegou a loucura“ e mais.... “após dois meses da descoberta já se reuniram aqui mais de 3000 almas” e em outras descrições do cientista...: “ “foi realmente estranho ver aqui pessoas que há poucas semanas não possuíam sequer um tostão e que agora lidam com talheres de prata como se fossem moedas de cobre. Nem mesmo ouro tem valor. Pode-se dizer que como foi ganho, será desperdiçado. É como uma loteria, ninguém sabe avaliar o valor do ganho”.

Em artigo sobre a História de Descoberto, publicado na Folha Especial (2.000), um jornal promocional do município, a Srª Minervina de Mendonça Araujo Lima registra que uma empresa inglesa, de nome H. Miliet, explorou ouro na região. No artigo, a Srª Minervina descreve: “Analisando pelo aspecto histórico, tem-se a impressão que toda história de Descoberto começou a partir da Região da Grama, com o ciclo do ouro. Esgotada essa fase, saturada com a exploração da Companhia Inglesa H. Miliet em 1.892, o homem foi procurar na lavoura o sustento para sua família” (Lima, 2.000).

Atualmente, os povoados do município ou vilas rurais são esparsos e com populações pequenas, onde nos últimos anos houve um decréscimo significativo de habitantes destas comunidades devido ao êxodo rural. Ressalta-se também que, apesar de não terem deixado a atividade rural, muitos dos proprietários das áreas rurais, como também trabalhadores do campo, optaram por fixar residência na zona urbana e em municípios próximos.

“Detecção do afloramento do mercúrio em região próxima ao ribeirão do Grama”

Em 20/12/2.002, foi observado afloramento de mercúrio metálico na localidade denominada Serra da Grama, zona rural do município de Descoberto, Minas Gerais. Segundo relatos de moradores, o metal surgiu no local após as correções realizadas por retro-escavadeira na estrada de acesso à propriedade do Sr. Antônio Carlos da Silva, conhecido por “Lote”. O local do afloramento fica a aproximadamente 20 m do córrego Rico, tributário da margem esquerda do ribeirão do Grama.

Assim, a Secretaria de Estado de Saúde, por meio da Diretoria de Ações Descentralizadas de Saúde de Juiz de Fora (DADS-JF) e da Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde (DVAS), e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, por meio da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), iniciaram, após serem informadas do afloramento do mercúrio em Descoberto, várias ações visando proteger

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a sociedade e o meio ambiente. Ressalta-se a participação da Prefeitura Municipal de Descoberto e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA nos trabalhos de avaliação preliminar e na execução de medidas emergenciais de mitigação da contaminação da área.

3.1.2 Dinâmica Demográfica:

De acordo com o Censo Demográfico de 2.000 do IBGE (ALMG, 2.005), o município de Descoberto possuía uma população de 4.524 habitantes. Ainda com base no Censo elaborado pelo IBGE, a população é predominantemente urbana, representando em 2.000, 3.250 habitantes (72% do total), enquanto a população rural era de 1.274 habitantes. Já na contagem da população em 2.007 (IBGE - Contagem da População, 2.007), o município de Descoberto (código 3121308) apresentou a população de 4.876 habitantes, sendo que 3.820 residiam em áreas urbanas e 1.056 na zona rural. Sua taxa de crescimento populacional foi de 1,11% ao ano entre 2.000 e 2.007, menor que a estadual (1,12%) e menor que a nacional (1,21%). O município apresentava em 2.000, um predomínio de homens e uma estrutura populacional formada principalmente por adultos (25 a 64 anos).

Com relação à densidade demográfica, os dados apresentados na contagem da população em 2.000, revelavam uma densidade de 21,2 habitantes/km², constituindo-se em uma área de média a baixa densidade demográfica no Estado de Minas Gerais (ALMG, 2.005). Em 2.007 (IBGE - Contagem da População, 2.007) os números apontam 22,87 habitantes/km².

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Figura 12 - Quadro População Censitária Segundo as Faixas Etárias e Sexo: 2.007

Faixas Etárias (Anos) Homens Mulheres Total Menores de 1 ano 31 28 59 De 1 a 4 124 111 235 De 5 a 9 187 190 377 De 10 a 14 200 204 404 De 15 a 19 210 201 411 De 20 a 24 203 214 417 De 25 a 29 201 169 370 De 30 a 34 149 159 308 De 35 a 39 181 174 355 De 40 a 44 194 156 350 De 45 a 49 177 146 323 De 50 a 54 142 140 282 De 55 a 59 124 112 236 De 60 a 64 107 88 195 De 65 a 69 81 69 150 De 70 a 74 75 75 150 De 75 a 79 51 59 110 De 80 ou mais 55 67 122 Idade Ignorada 3 1 4 TOTAL GERAL 2363 2513 4876

Fonte: IBGE, Censo 2.007

3.1.3 Educação:

Quanto aos indicadores da educação, o município tinha, em 2.000, 90,33% de pessoas freqüentando curso de nível fundamental (considerando a parcela da população entre 7 e 14 anos de idade), o que o coloca em situação inferior à estadual e inferior à nacional. A escolaridade da população de 25 anos ou mais de idade foi a seguinte: 14,36% “sem instrução ou menos de 1 ano de estudo”; 59,50% com “1 a 4 anos de estudo”; 13,78% com “5 a 8 anos de estudo”; 10,22% com “9 a 11 anos de estudo”; 1,47% com “12 anos ou mais de estudo”; e 0,66% “não determinado”.

Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Educação do Município de Descoberto, a rede municipal de estabelecimentos de ensino compreende: Educação Infantil (Creche São Francisco de Assis) com crianças até 3 anos de idade; Pré-Escolar “Dona Santinha Lamas”, com crianças de 3 a 5 anos; o ensino fundamental, Anos Iniciais (1º ao 5º ano); e EJA – Educação de Jovens e Adultos, perfazendo um total de 184 alunos.

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O maior estabelecimento de educação, a Escola Municipal “Prefeito Paulo Lima”, oferece o ensino fundamental do 1º ao 5º ano (365 alunos na zona urbana); na zona rural da Grama, a Escola “Dr. Virgílio de Melo Franco” conta com mais 20 alunos, além de mais duas turmas vinculadas nas zonas rurais da Cachoeira e do Ribeirão dos Mineiros (turno noturno) da Educação de Jovens e Adultos – EJA, Anos Iniciais.

Na escola estadual “Francisco Manoel”, ocorre o ensino fundamental do 6º ao 9º ano e o ensino médio, além da Educação de Jovens e Adultos – EJA, nível médio. Neste estabelecimento o número é de 500 alunos.

O transporte escolar é feito da zona rural para a cidade por meio de kombis escolares e micro ônibus. Além disso, a Prefeitura transporta os estudantes para os cursinhos e faculdades das cidades vizinhas.

Figura 13 : Quadro Escolaridade / Fontes: IBGE – Censo Demográfico, 2.000

3.1.4 Aspectos Econômicos:

Principais tipos de ocupação da população:

Em 2.005, os serviços (exclusive administração pública) constituíam o setor mais expressivo da economia municipal, seguido da administração pública. Apesar da

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relevância econômica dos serviços em Descoberto, esse setor possui uma diversidade na oferta de atividades muito baixa. Com base nos dados de 2005 do CEMPRE – Cadastro Central de Empresas, o município apresentava 13,45% dos grupos de serviços, distribuídos em 66 unidades locais. Considerando a divisão de setores da economia da CNAE – Cadastro Nacional de Atividades Econômicas, “Alojamento e alimentação” caracteriza(m)-se como a(s) atividade(s) mais significativa(s), detendo o maior número de unidades locais, 45,45%, seguida(s) por “Outras atividades de serviços” (que abrangem, entre outros, organizações associativas, e manutenção de equipamentos domésticos, de informática e pessoais), com 28,79%.

No setor agropecuário, a pecuária de leite e de corte destacam-se com os principais produtos.

Figura 14: Quadro tipos de ocupação da população / Fonte: IBGE – Produto Interno Bruto dos Municípios, 2.005

No que se refere ao rendimento familiar per capita, Descoberto possuía, em 2.000, a maior parte de suas famílias concentradas na classe “mais que meio até 1 salário mínimo” (34,16%), seguida da classe “mais que 1 até 3 salários mínimos” (29,6%) e da “até meio salário mínimo” (23,71%). Cabe ressaltar que a proporção de famílias sem rendimento ou com rendimento de até 1 salário mínimo situava-se acima daquela registrada no Estado e acima da do País.

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Figura 15: Quadro Rendimento Familiar Per Capita / Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2.000

Indicadores Financeiros:

Segundo dados do IBGE para o ano de 2.005, o Produto Interno Bruto (PIB) do município correspondia a (1000 R$) 23.880.

Outros indicativos da Arrecadação Municipal relativos ao ano de 2009, fornecidos pela Prefeitura de Descoberto são:

- FPM: 4.408.105,23

- ICMS: 1.428.025,81

3.1.5 Infra Estrutura Básica:

Saúde

O Município trabalha com o sistema de Gestão Dupla – Municipal/Estadual e pelo método de atendimento “Gestão Plena em Atenção Primária”, sendo que os casos mais graves são encaminhados para os municípios próximos que possuem hospitais mais estruturados. Dispõe de:

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- Uma Unidade Básica de Saúde (UBS Eurípedes Lopes) com atendimento 24 horas;

- Três Postos de Saúde na zona rural com atendimento quinzenais;

- Um consultório Odontológico;

- Uma farmácia básica;

- Quatro ambulâncias para primeiros socorros e resgate;

- Duas Vans para transporte de passageiros que fazem tratamentos especializados de saúde em hospitais regionais;

- Três Fiat – Uno.

Possui também os serviços de Epidemiologia, Assistência Social, Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Nutrição, além de agentes comunitários de saúde.

Saneamento Básico

O sistema municipal de abastecimento de água consta do sistema de tratamento convencional: clarificação e desinfecção. Consiste em captação de água bruta, tratamento e distribuição de água tratada atendendo 95% da população. Entretanto, foi iniciado processo de cooperação federativa com o Governo Estadual para organização, regulação, fiscalização e prestação de serviços públicos municipais de abastecimento de água e esgotamentos sanitários através da COPASA.

Figura 16: Quadro Abastecimento de Água / Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000

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Em relação à coleta de resíduos sólidos, encontra-se em operação uma Unidade de Triagem e Compostagem de Resíduos Sólidos Urbanos, que consiste no recebimento, separação, prensagem e armazenamento desses resíduos para a venda. A coleta seletiva foi implantada na cidade e após a reciclagem do lixo nas esteiras da Unidade, os materiais orgânicos são dispostos no pátio para a compostagem. Os rejeitos são encaminhados para valas adequadas para este fim.

Figura 17: Quadro Destino do Lixo / Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000

Quanto ao esgotamento sanitário, o destino é o despejo na rede hidrográfica que passa pela cidade (ribeirão do Grama) na forma in natura.

Figura 18: Esgotamento Sanitário / Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000

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Iluminação Elétrica e Pavimentação do Logradouro:

A prestação dos serviços de fornecimento de energia elétrica é realizada pela concessionária da região, a empresa ENERGISA S/A.

Figura 19: Quadro Domicílios urbanos, em logradouro, com iluminação pública e pavimentação / Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000

Comunicação:

As Empresas de Telefonia e internet que operam no município são: OI, VIVO e CLARO, além de uma empresa particular provedora de internet que opera pelo sistema de rádio : ELO.NET – Internet Banda Larga.

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A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos- EBCT mantêm uma Agência na cidade.

Há também, uma emissora de radio difusão.

Estrutura Viária:

A cidade possui dois acessos por rodovias estaduais pavimentadas. No sentido NW-SE, pela MG 285 partindo de Guarani; e no sentido SW-NE, pela MG 858, partindo de São João Nepomuceno. Em outro acesso por estrada não pavimentada, ao Leste, situa-se a cidade de Cataguases, uma das maiores cidades da região.

Há também diversas vias secundárias sem pavimentação para atender o escoamento da produção e a comunicação da sede do município com as vilas e comunidades rurais.

Com relação ao transporte de passageiros e de carga, o município de Descoberto é servido por linhas regulares de ônibus, fazendo interligações com as principais cidades da região como Juiz de Fora (76 km), Ubá (70 km), Cataguases (70 km por estrada pavimentada e 45 km por estrada não pavimentada), Rio de Janeiro (260 km) e com a capital, Belo Horizonte (290 km). A cidade de São João Nepomuceno (com 26.000 habitantes) fica a 10 km da sede do município. Bem próximas também estão as cidades de Guarani (24 km), Piraúba (34 km) e Astolfo Dutra (50 km por estrada pavimentada e 30 km por estrada não pavimentada).

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Figura 20: Croqui de interligação rodoviária

Serviços Públicos:

Na sede do município, não há destacamentos de Bombeiros (estes somente em Ubá e Juiz de Fora) e da Polícia Ambiental (atendido pelo destacamento de Mar de Espanha), porém outros serviços estão disponíveis:

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- Segurança Pública: através do destacamento da Polícia Militar;

- Defesa Civil;

- Vigilância Sanitária;

- Unidade Fazendária;

- Banco do Brasil;

Eventos e Atrativos Culturais e Naturais:

O principal evento do município é a Exposição Agropecuária que acontece em julho. Não obstante à pouca oferta de meios de hospedagem na cidade de Descoberto (possui apenas a “Pousada Aconchego”), entretanto, o município de São João Nepomuceno, por estar bem próximo, atende a essa demanda quando ocorre.

Em relação aos atrativos culturais destaca-se o “Espaço Cultural Francisco Severino”, criado pelo mesmo e que se destina às manifestações culturais da comunidade como Artes Plásticas, Artesanatos, Fotografias mostrando a história do município, etc.

Quanto aos atrativos naturais, destaca-se a exuberância da Serra do Relógio, em particular, a Pedra do Relógio com a sua imponente elevação rochosa e onde se pratica o voo livre, além do pico da Serra do Relógio a 1434 metros de altitude, o ponto mais alto ao leste da Zona da Mata Mineira, onde se situam as divisas dos municípios de Descoberto, Guarani e Astolfo Dutra (delimitadas por águas vertentes em divisas naturais com propriedades particulares) e as cachoeiras em áreas privadas como a do Ronca, do Ouriço e da Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Alto da Boa Vista. O Morro do Quilombo com sua gruta onde outrora os escravos se refugiavam, torna-se também um passeio interessante e mais acessível devido à proximidade com a sede do município.

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3.1.6 Uso da Terra e Impactos das Atividades no Entorno da RPPN:

Para a caracterização dos fatores antrópicos e o diagnóstico das atividades exploradas nas propriedades do entorno da RPPN Alto da Boa Vista, foram realizadas visitas a seis propriedades confrontantes situados no município de Descoberto, bem como às outras três propriedades limítrofes à RPPN situadas no município de Astolfo Dutra (região da “Água Limpa”), com o objetivo da realização de entrevistas e aplicação de questionários para avaliar principalmente a percepção sócio ambiental e o envolvimento da comunidade na atividade do ecoturismo desenvolvida na RPPN, dentre outros dados, além de fazer registros fotográficos dessas áreas. A seguir é apresentado o modelo do questionário aplicado:

ENTREVISTAS NAS PROPRIEDADES DO ENTORNO DA RESERVA PARTICULAR DO

PATRIMONIO NATURAL – RPPN ALTO DA BOA VISTA

Data:

1- IDENTIFICAÇÃO:

Nome do Proprietário:

Nome da Propriedade

Área: Município:

Reside na propriedade? Há quanto tempo:

Quantas pessoas residem na sua propriedade?

Grau de escolaridade:

2- PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE

Quais as atividades da propriedade rural?

Pecuária (nº de cabeças e área das pastagens):

Agricultura (culturas e área cultivada) :

Dentro dos limites de sua propriedade existem pontos atrativos como cachoeiras, grutas,

pontos de altitude elevada, etc.?

Que tipo de atividade poderia ser explorada na sua propriedade como alternativa de renda?

Possui áreas com remanescentes florestais?

- Área de Preservação Permanente :

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- Reserva Legal :

A água que você utiliza em sua propriedade é captada dentro dos limites da mesma?

Existe outras asce tes e cursos d’água a propriedade? Quantas?

Existe algum despejo de poluentes nessas águas?

Possui fossa séptica?

Faz uso de produtos químicos nas lavouras?

Você realiza a reciclagem de resíduos sólidos e orgânicos ?

Qual o destino desses materiais?

Sua propriedade já foi afetada por incêndios florestais?

Quais as espécies de árvores de seu conhecimento que existem em sua propriedade?

Quais as espécies da fauna que você já observou na sua propriedade?

Pássaros:

Mamíferos:

Répteis:

3- PERCEPÇÃO SÓCIO AMBIENTAL

Quais os principais problemas sociais e ambientais vivenciados na sua propriedade e região?

Quais as belezas naturais da sua propriedade que você acha que devem ser conservadas?

Você já participou de algum curso ou palestra informativa sobre meio ambiente?

Desde a época que você reside na propriedade, já notou alguma alteração em relação a

natureza?

Você acredita que a criação de áreas protegidas seja uma forma interessante de se preservar

os recursos naturais? Por quê?

Você acha que a criação dessas áreas protegidas pode melhorar a renda e a qualidade de vida

das pessoas da região? Como?

Você te co heci e to da U idade de Co servação - RPPN Alto da Boa Vista ?

O que você pensa sobre o desenvolvimento do ecoturismo na RPPN Alto da Boa Vista?

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RESULTADOS DAS ENTREVISTAS:

Todos os nove proprietários relataram conhecer a Unidade de Conservação RPPN Alto da Boa Vista e que também acreditavam que a criação de áreas protegidas é uma forma interessante de se preservar os recursos naturais.

Quando perguntados se sabiam que a área é um importante remanescente da Mata Atlântica, 84% dos entrevistados responderam que sim.

Figura 21: Gráfico - Conhecimento da importância da área.

Em resposta às perguntas sobre a visitação da RPPN, se sabiam que ocorriam programas de ecoturismo na Reserva e o que achavam da atividade, todos os proprietários foram unânimes na mesma resposta: que tinham conhecimento das visitações e que achavam um idéia inovadora e válida, pois percebem a movimentação de pessoas interessadas, tanto das cidades quanto do campo.

Como evidenciado no gráfico abaixo, as pesquisas indicaram que 60% das propriedades já foram afetadas por incêndios florestais. Cabe ressaltar que a prática do fogo, utilizada para limpeza em áreas de roçado com finalidade de estabelecimento de culturas e pastagens, é reconhecidamente a maior causadora da propagação do fogo na região, que foge ao controle devido à preparação inadequada de aceiros ou mesmo por atitudes negligentes e imprudentes. Há também relatos de incêndios propositais que foram ocasionados por desconhecidos. Não obstante ao perigo sempre eminente de incêndios anualmente, principalmente nos meses de estiagem, a prática da queima vem se reduzindo acentuadamente.

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Importante Remanescente de Mata Atlântica

84%

16%

Sim

Não

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Figura 22: Gráfico - Ocorrência de fogo nas propriedades confrontantes com a RPPN

23:Foto área incendiada divisa RPPN 24:Foto Pedra Relógio após ocorrência do fogo

25:Área incendiada-Município de Guarani 26:Foto incêndio florestal fora de controle

Em relação à pergunta “Quais os principais problemas sociais e ambientais vivenciados na região?”, houve uma diversificação de respostas. Em relação às respostas sobre os problemas sociais, elas refletem as dificuldades em que passam cada família/propriedade em particular, principalmente em relação à locomoção e transporte: dois proprietários responderam que as condições precárias das estradas em épocas de chuvas é um fator extremamente prejudicial, enquanto que outros dois

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Ocorrência de Fogo

60%

40%

Sim

Não

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entrevistados apontaram que a falta de oferta de transportes coletivos desestimula a diversificação das atividades no campo. Em seguida, outras dificuldades foram citadas como a carência de mão de obra e a desorganização dos proprietários na reivindicação de benefícios junto à Prefeitura (uma referência cada). Quanto à pergunta sobre “problemas ambientais”, dos nove proprietários, quatro mencionaram que a fragilidade da propriedade perante a possibilidade da ocorrência de incêndios florestais era o que mais preocupava, três apontaram a diminuição dos volumes de água das nascentes e outros dois disseram desconhecer problemas de natureza ambiental.

Quanto à questão do saneamento, constatou-se que das nove propriedades pesquisadas, apenas uma possui fossa séptica. Em outras cinco, utiliza-se a “fossa negra” e em três propriedades, os efluentes sanitários são lançados em locais inadequadas como cursos d’água. Em relação à destinação de resíduos sólidos, cinco proprietários informaram que realizam a queima desses resíduos, três reciclam parte desses materiais, queimando os rejeitos (plásticos) e apenas dois disseram separar totalmente os resíduos, além de providenciarem também a forma de transportar esses resíduos sólidos para a destinação correta: a usina de reciclagem e compostagem do município. Ressalta-se que, uma vez ao mês, a Prefeitura de Descoberto disponibiliza um caminhão para realizar a coleta de materiais sólidos na zona rural.

27: Foto pesquisas sócio economia 28: Entrevistas Aielci e Jº Souza A.

No que concerne ao uso da terra, ocorre que quatro propriedades possuem áreas abertas formadas com pastagens e plantios de eucalípto que fazem confrontações às áreas da RPPN Alto da Boa Vista. Tornou-se assim, extremamente necessário a construção e manutenção de cercas para evitar a entrada de bovinos e eqüinos no interior da Reserva.

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3.1.7 Ameaças, Fragilidades e Tendências Conflitantes no Entorno:

Apesar de não haver atualmente maiores pressões poluidoras sobre a RPPN, devido ao fato de estar localizada em uma bacia totalmente protegida onde todas as nascentes estão cobertas por vegetação nativa, há uma residência situada a montante (no interior da propriedade de Sucessores de Francisca Maria da Rocha), às margens de um dos riachos que atravessa a Reserva, que pode poluir a água através de lançamento de esgoto doméstico, fato relatado em Laudo Técnico da Vistoria de criação da RPPN em 27 de abril de 1995, de autoria do Engenheiro Florestal Paulo Sérgio Campos Avelar, do Núcleo de Unidades de Conservação NUC/IBAMA, da então Superintendência Estadual SUPES / MG (em anexo).

Outro fato que pode gerar discordâncias está relacionado à questão de servidões de água, a qual a RPPN é cedente e beneficiária ao mesmo tempo. Por ser uma questão extremamente delicada que pode causar controvérsias no futuro e afetar diretamente o abastecimento d’água de residências, a biota e o interior das áreas de RPPN e APP, deve-se a qualquer tempo, buscar o rigor da lei sempre que se fizer necessário.

Não obstante a essas observações, é de se destacar que essa propriedade citada, está em fase de desmembramento em quatro áreas, devido aos direitos de herança dos sucessores de Francisca Maria da Rocha, o que poderá acarretar uma maior demanda de uso da água para o estabelecimento de atividades e para evitar o surgimento de eventuais conflitos correlacionados, deverão ser realizados cadastros, registros, e o devido monitoramento do uso disciplinado da água, aplicado na forma da lei, para que os direitos de todos sejam resguardados e ninguém seja prejudicado, nem tampouco o curso natural desses riachos, que tem seus volumes reduzidos drasticamente ano após ano nas épocas de estiagem, o que é fato, e onde neles vivem espécies nativas da fauna aquática que são extremamente dependentes da perenidade e da qualidade dessas águas como o peixe cambeva, o caranguejo e o quelônio cágado, dentre muitos outros animais.

29: Foto do peixe cambeva 30: Foto do Caranguejo 31: Foto do Cágado

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Ressalta-se que eventualmente ocorrem invasões na área para a caça e extração de espécimes da flora como bromeliáceas, orquidáceas e palmáceas, especialmente a palmeira juçara (Euterpe edulis), a palmeira do Indaiá (Attalea dúbia (Mart.) Bur.) e a bromélia imperial (Alcantarea imperialis) conforme ocorrências relatadas no Laudo de Vistoria do IBAMA elaborado em 09 de novembro de 2005, assinado pelo Engenheiro Florestal Agostinho Gomes da Fonseca do Escritório Regional de Juiz de Fora (em anexo).

Outra atividade impactante que ocorre na região, a exploração de jazidas de bauxita (minério de alumínio) que culmina com a supressão da cobertura florestal nativa de áreas remanescentes, pode ocasionar uma possível pressão de migração da fauna para a área da RPPN e provocar a competição pelos recursos naturais com as espécies ali instaladas, conforme consta no Laudo Técnico de Vistoria do IEF-MG em 25 de março de 2008, relativo à 2ª ampliação da área da RPPN realizado pelo Biólogo Eduardo de Araújo Rodrigues (em anexo).

Devido ao fato de algumas propriedades limítrofes à unidade de conservação possuírem pastagens bem próximas às confrontações da RPPN, é eminente a possibilidade da entrada de bovinos, equinos e outros animais domésticos por essas áreas, mesmo com o permanente monitoramento e alerta de seu gestor.

Destaca-se também que a Reserva tornou-se ponto atrativo em evidência na Serra do Relógio devido à pioneira atividade do Turismo Ecológico que vem se dinamizando e se adequando com investimentos em uma estrutura física satisfatória para acolher os visitantes. Entretanto, há ocorrências de pessoas que adentram na área da RPPN sem conhecimento e consentimento da administração, utilizando os acessos de propriedades vizinhas, fato que se deve à crescente demanda e interesse das pessoas em alcançar o pico da Serra do Relógio pelas trilhas da RPPN Alto da Boa Vista onde o trajeto é mais favorável.

3.1.8 Oficinas Participativas:

Diante da consideração e do comprometimento do gestor da RPPN Alto da Boa Vista para com a comunidade rural da região da Serra do Relógio e seu entorno, a UC se apresenta para a sociedade no tocante às campanhas de sensibilização e estímulo à conservação da natureza, ao uso racional dos recursos naturais como forma alternativa de renda na propriedade rural através do ecoturismo e do turismo rural, da divulgação de pesquisas e principalmente pela integração de atividades de interpretação e educação ambiental.

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Para a elaboração do Plano de Manejo da RPPN Alto da Boa Vista, realizou-se no dia 27 de fevereiro de 2010 no Auditório do Centro de Apoio aos Visitantes, a 1ª Oficina Participativa com a presença dos proprietários do entorno da RPPN e de outros que possuem áreas com vegetação florestal conservada na região que convidados, se interessaram em participar, além de vereadores, secretários municipais, representantes de empresas e outros cidadãos dos municípios de Descoberto, São João Nepomuceno e Guarani. Ressalta-se a importância dos contatos realizados nesses dois últimos municípios citados, pois São João Nepomuceno é proprietário da Reserva Biológica da Represa do Grama, situada na Serra do Relógio (conforme relatado em destaque no início deste item “Caracterização da Área do Entorno”) e o município de Guarani, que receberá outra representativa área com 207 ha, também situada na Serra do Relógio, que está fase final de homologação como UC de Proteção Integral e que terá o nome de “Parque Natural Municipal da Serra do Relógio”. Esta área foi recebida como compensação ambiental em face da construção de três Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCH’s Ponte, Palestina e Triunfo e está muito próxima à RPPN Alto da Boa Vista, nas divisas dos municípios de Descoberto e Guarani. Também foram contatados para participar da Oficina, os Promotores de Justiça de Guarani e São João Nepomuceno; outras empresas privadas que exploram os recursos naturais na região; órgãos públicos como o IEF e EMATER; a Organização não Governamental CEAVARP (Centro de Educação Ambiental do Povo do Vale do Rio Pomba); e a Agência Regional dos Circuitos Turísticos Caminhos Verdes de Minas.

A apresentação do Plano de Manejo da RPPN Alto da Boa Vista, será através de uma segunda oficina participativa a ser também realizada no Centro de Apoio aos Visitantes da RPPN, como também em palestra e eventos na região. Para a sua divulgação, será publicado um CD e resumo executivo contendo as principais informações deste documento, para que seja do conhecimento da comunidade em geral, as normas que regulam esta UC.

32: Foto da 1ª Reunião Participativa 33: Foto da 1ª Reunião Participativa

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RESULTADOS DA REUNIÃO:

Com a participação de 28 pessoas, a reunião foi iniciada com a apresentação da RPPN Alto da Boa Vista e dos trabalhos de elaboração do Plano de Manejo, que estão sendo apoiados pelo Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural da Mata Atlântica, coordenado pelas organizações não governamentais Conservação Internacional (CI), Fundação SOS Mata Atlântica (SOSMA) e The Nature Conservancy (TNC). Em seguida, representantes do município de Guarani, destacaram o início dos estudos técnicos na área onde será criada uma Unidade de Conservação de 207,00 ha que se localiza nas proximidades da RPPN Alto da Boa Vista, o que contribuirá com a manutenção e a formação de uma importante conexão de remanescentes florestais. Além desta notícia, destacaram também a criação do CEAVARP (Centro de Educação Ambiental do Povo do Vale do Rio Pomba), obra inaugurada para atender aos diversos municípios da região em relação ao tratamento e divulgação das questões ambientais.

Foram abordados também os benefícios econômicos que a RPPN Alto da Boa Vista produz com o enquadramento do município de Descoberto no repasse do ICMS Ecológico desde 1996, ano que foi instaurada a LEI ROBIN HOOD no Estado de Minas Gerais, além da integração com a comunidade científica através da possibilidade da realização de mais pesquisas além das que foram realizadas. Destacou-se também, os benefícios ambientais como regulação do clima, estabilização do solo, conservação de nascentes, produção de água, proteção da fauna e flora, e os benefícios sociais com alternativas de educação ambiental como apoio ao currículo escolar aliado ao turismo ecológico o que possibilita criar condições de agregação de renda na propriedade com a diversificação da atividade rural.

O objetivo da reunião, além de participar a todos a respeito da elaboração do Plano de Manejo da RPPN Alto da Boa Vista, foi de informar os diversos segmentos da sociedade e da comunidade do entorno da RPPN sobre as atividades que estão sendo desenvolvidas e suas potencialidades, buscando assim o envolvimento e a sensibilização desses atores sociais na construção de propostas e planejamentos conjuntos de ações específicas para a conservação da diversidade biológica na região da Serra do Relógio, que possui em seu entorno a possibilidade da implantação de corredores florestais para interligar os fragmentos esparsos ainda existentes, através da criação de mais Unidades de Conservação como as Reservas Particulares do Patrimônio Natural.

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3.2 Caracterização da propriedade

A RPPN Alto da Boa Vista ocupa 90% da área total da propriedade rural “Fazenda Alto da Boa Vista”. Nos cinco blocos destinados às áreas de exploração, dois deles (áreas 2 e 5 do mapa georreferenciado em anexo) se caracterizam por se situarem em áreas onde existem as edificações da propriedade, como o Abrigo de Montanha, a casa sede e o Centro de Apoio aos Visitantes. Nos outros três blocos das áreas de exploração, dois são utilizados para plantio de eucaliptos e outras culturas sazonais (áreas 1 e 3) e o bloco restante (área 4) está destinado para manejo sustentável para atender a demanda da propriedade para moirões de cercas, outras estruturas de madeira e lenha para fogão.

Nestas áreas (áreas de exploração 1, 2, 3, 4 e 5), como em outras durante o período anterior à instituição da RPPN, foram exploradas as atividades de pecuária e agricultura de subsistência por décadas. Para tanto, há relatos de moradores que no início da década de cinqüenta, as áreas começaram a ser abertas usando-se apenas dos instrumentos e métodos utilizados na época que eram o machado e o fogo. Muitos fornos foram construídos para a produção de carvão que eram destinados às indústrias metalúrgicas e nas áreas abertas cultivava-se várias culturas como o milho, feijão, café, batata barôa, banana, etc, além da implantação de pastagens nativas que posteriormente foram substituídas pelo capim brachiária pelos proprietários que foram se alternando ao longo das últimas décadas.

A técnica utilizada para a pecuária caracterizava-se como de sistema extensivo de criação com o rebanho bovino transitando em toda a área da propriedade, o que frequentemente causava prejuízos e perdas de cabeças de gado devido aos acidentes com animais peçonhentos e ingestão de ervas. Com topografia desfavorável e clima não adequado para a atividade da pecuária, a propriedade foi passando por outros proprietários até quando o atual proprietário adquiriu o imóvel rural em 1.989 e após também adotar a exploração da pecuária extensiva por poucos anos, decidiu mudar a destinação do uso do solo na maioria dessas áreas com a instituição de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN. Com o êxodo rural que vem ocorrendo na região, também ficou comprometida a produção de algumas culturas como o café, pois a forma de exploração e condução das culturas eram então firmadas em sistema de parcerias com moradores vizinhos, os quais também perceberam as dificuldades principalmente de mão de obra, quando as partes acordaram em consenso, pelo plantio de eucalipto nessas áreas de cultivo de lavouras em parceria (caso específico da área de exploração 1).

Verificou-se também que a atividade de apicultura que foi introduzida na propriedade pelo atual gestor, não estava se compatibilizando com a atividade do turismo

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ecológico, pois colocava em risco a segurança dos visitantes como também as atividades rurais comumente executadas na propriedade, além de apresentar outras dificuldades como localização e acesso, o que interferia no adequado manuseio das colmeias. Por isso, optou-se pela redução gradativa da atividade da apicultura racional até seu encerramento. Atualmente restam poucas colmeias onde anteriormente era o apiário, colmeias estas que deverão ser transferidas para local mais apropriado ou mesmo aguardar a migração natural dos enxames.

No mapeamento de toda a área da propriedade realizado em 2007, foi realizado o georreferenciamento das áreas de RPPN certificadas no ano de 1.995 (96,00 ha) e no ano de 2.000 (22,00 ha) pelo IBAMA, como também de outros cinco blocos denominados: Área - A (0,63 ha), Área - B (0,87 ha), Área - C (0,97 ha), Área - D (1,19 ha) e Área - E (3,61 ha), os quais estavam sendo anexados nesse período como RPPN (ano de 2.007 – totalizando 7,27 ha) em um terceiro processo, protocolado e reconhecido pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais – IEF/MG, no ano de 2.008, compondo assim todas as três certificações de Reserva Particular do Patrimônio Natural da propriedade Fazenda Alto da Boa Vista, totalizando na ocasião 125,27 ha (90% da área total da propriedade).

Além da RPPN, outros cinco blocos, denominados “Áreas de Exploração”, também foram determinados no mapeamento, compreendendo as áreas: AE - 1 (3,88 ha), AE - 2 (1,73 ha), AE - 3 (3,92 ha), AE - 4 (1,63 ha) e AE - 5 (1,83 ha) que georreferenciados somaram 12,99 ha. Portanto, a propriedade Fazenda Alto da Boa Vista, de 138,26 ha, passou a ter a definição dos limites das áreas de RPPN e das “Áreas de Exploração”, as quais estão descritas a seguir:

- Área de Exploração 1 = AE 1 - 3,88 ha (ajustada para área de 3,83 ha): Esta área encontra-se ocupada a sete anos com eucalipto.

34: Foto da Área de Exploração 1 – reflorestamento com eucalipto

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- Área de Exploração 2 = AE 2 - 1,73 ha (ajustada para área de 1,23 ha): Área da sede da propriedade, dotadas com áreas edificadas como a residência do proprietário e sua família, quadra poliesportiva com piso de terra (disponibilizada para estudantes da escola rural e moradores da comunidade), conjunto de banheiros masculino/feminino com chuveiros e o Centro de Apoio aos Visitantes, que consta de um salão / auditório e outra sala - biblioteca/escritório para dar suporte administrativo à propriedade/RPPN e às atividades de visitação, educação ambiental e pesquisas na RPPN Alto da Boa Vista. Anexada a esta área, localiza-se o estacionamento, garagens, a mini Estação de Tratamento de Esgotos - ETE, área de camping, além de áreas destinadas para plantio de horticulturas, culturas de frutíferas e plantas medicinais. É neste local que também se encontra o transformador de energia elétrica de 15 KVA interligados por um ramal de 100 metros à rede de transmissão de alta tensão.

35: Foto da Quadra poliesportiva na AE 2

- Área de Exploração 3 = AE 3 – 3,92 ha (ajustada para área de 3,75 ha): Este bloco também está destinado ao plantio de eucaliptos desde meados da década de 90. Já foi realizado um corte no período entre 2005 e 2006 e a brotação foi bastante satisfatória pois o adotou-se o espaçamento entre plantas de 4x4 metros. Há um pequeno trecho de pastagens de braquiária na parte inferior da estrada municipal que atravessa esta área, como também outros dois acessos internos, dos quais, um atravessa a área de eucalipto (utilizado para o transporte da madeira), que por sua vez se interliga à estrada do Mirante. No outro, foi cedido uma curta passagem para facilitar o acesso a outras três propriedades. É por esta área (AE – 3) que chega a linha de energia elétrica de alta tensão que serve à propriedade.

- Área de Exploração 4 = AE 4 – 1,63 ha (ajustada para área de 1,29 ha): Encontra-se em estágio de regeneração natural com espécies vegetacionais pioneiras oriundas das sementes dos remanescentes que se formaram em seu entorno, que em sua maioria são jacarés, quaresmeiras, pororocas, farinhas - seca, ingás, etc. Área destinada para manejo sustentável voltado exclusivamente para o atendimento da demanda da propriedade principalmente para substituição de peças de melhor

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qualidade para coberturas de madeira, moirões de cercas e outras estruturas em geral, além do aproveitamento de lenha para fogão. Está situada às margens da estrada que liga ao Abrigo de Montanha e Mirante, imediatamente após a porteira de divisa com os Sucessores de Francisca Maria da Rocha, onde neste local, prossegue na direção da Área de Exploração 3, encontrando com a estrada municipal.

- Área de Exploração 5 = AE 5 – 1,83 ha (ajustada para área de 1,11 ha): Localizada a 1 km da sede da propriedade, entrecortada pela estrada que conduz ao Mirante, se localiza numa altitude que varia entre 1000 a 1035 metros. Em seus limites está a edificação denominada “Abrigo de Montanha” que vem a ser uma casa disponibilizada para hospedagem de visitantes e pesquisadores. Apesar de estar em fase de acabamento, vem recebendo com frequência diversos grupos de visitantes e pesquisadores. Construída em alvenaria e servida por energia elétrica, possui 2 pavimentos, mesanino, duas suítes e mais um banheiro para os hóspedes ocupantes dos outros quatro quartos, despensa e varandas nos dois pavimentos. Está dotada de uma Mini Estação de Tratamento de Esgotos – ETE, além de uma área plana disponibilizada para horticultura, além de garagem e casa rústica (de taipa) em estruturas anexas.

Estradas Municipais de Acesso à Propriedade e Estradas Internas:

Partindo do município de Descoberto, são 12 km em estrada de terra com bom estado de conservação. Percorre-se a estrada para Itamarati de Minas por 5 km, entrando à esquerda e percorrendo mais 3 km, passando nas imediações da Reserva Biológica da Represa do Grama que vai em direção à comunidade da Grama, seguindo à esquerda na próxima bifurcação da estrada que atravessa o ribeirão da Grama por mais 5 km, tomando a próxima entrada à direita na direção do ribeirão do Angico, onde se localiza a UC. Em períodos chuvosos, as condições de trafegabilidade ficam comprometidas, pois na manutenção das estradas, não são utilizadas técnicas de conservação como o adequado escoamento das águas e o revestimento com saibro em pontos mais críticos.

Nas proximidades da propriedade e da RPPN, a situação fica ainda mais crítica, pois nesses trechos há constante perda de solo e cada vez mais afloramentos de rocha despontando no leito das estradas, além de saídas d’água insuficientes e ineficientes. Assim, cada vez que se faz uma interferência inadequada com as máquinas, ocorre uma intensa perda de solo causada pela força da enxurrada, principalmente em trechos muito íngremes como é o caso do último km de chegada à RPPN, o que ocasiona o aparecimento de profundas valetas que podem favorecer o carreamento de sedimentos sólidos e consequentemente ocasionar o assoreamento dos quatro cursos d’água que a estrada municipal ultrapassa em seu trajeto no interior da UC.

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Em alguns pontos, há necessidade de um alargamento da estrada e realização de aberturas eficientes de saídas de água da enxurrada, situação que só tem eficácia se realizado com trator de esteira.

As estradas internas da propriedade e da RPPN, em especial a de acesso ao Mirante e ao Abrigo de Montanha, como também o trecho que atravessa a Área de Exploração 3, que tem uma extensão aproximada de 2.000 metros, estão no momento em estado precário. Embora apresente trechos críticos que necessitam de correções e permanente manutenção, o gestor da Reserva na medida do possível, realiza permanentes intervenções manuais e com recursos próprios para evitar a perda de solo, realizando a manutenção das lombadas que quebram a velocidade da água no trecho e também a abertura das saídas das águas em trechos pontuais. Para a solução deste problema, torna-se necessário o calçamento de alguns desses trechos devido à forte inclinação da estrada. Nessas estradas internas, os serviços de limpeza também vêm sendo realizados com recursos próprios do proprietário. Ressalta-se que o tráfego é controlado nesses acessos internos, sendo permitido somente para veículos com tração 4x4, por assim exigirem as condições.

36: Foto de trecho crítico da estrada

Sistemas de Saneamento:

Resíduos Sólidos e Orgânicos:

Todos os resíduos sólidos gerados são separados e reciclados previamente em latões próprios dispostos na sede, no Centro de Apoio aos Visitantes e no Abrigo de Montanha. Posteriormente são transportados e encaminhados para a Usina de Triagem e Compostagem no município de Descoberto ou destinados a outros locais apropriados.

Quanto aos resíduos orgânicos, estes são destinados à compostagem e são utilizados em frutíferas e hortaliças.

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Efluentes Sanitários:

São tratados através de duas Mini Estações de Tratamento de Esgotos – ETE’ s, que se localizam nas duas áreas distintas onde há edificações: no Centro de Apoio aos Visitantes (ao lado da sede da propriedade), na Área de Exploração – AE 2; e no Abrigo de Montanha, na Área de Exploração – AE 5.

37: Foto da ETE da Sede e CV 38: Foto ETE Abrigo de Montanha

Linhas de Energia Elétrica:

Há uma linha de energia elétrica da empresa concessionária ENERGISA, distribuída com carga de alta tensão que serve à propriedade, a qual passa também sobre trechos de áreas de RPPN em seu trajeto. Esta linha entra na propriedade pela Área de Exploração 3 (conforme evidenciado em Mapa anexo), atravessa sobre um pequeno trecho da área de RPPN certificada em 1995 pelo IBAMA, exatamente por cima da Cachoeira do Escorrega; depois passa pela outra área de RPPN (Área C, certificada em 2008 pelo IEF/MG); segue pela propriedade de Sucessores de Francisca Maria da Rocha, de onde parte um ramal conduzindo a energia para o Transformador 1 de 15 KVA que atende o Centro de Apoio aos Visitantes e a casa sede da propriedade, localizados na Área de Exploração 2. Neste ponto, outro ramal segue e adentra novamente por sobre a mesma área de RPPN certificada pelo IBAMA em 1995 até seu ponto final, onde encontra-se o Transformador 2 de 5 KVA, que abastece o Abrigo de Montanha, às margens da estrada que conduz ao Mirante. Do transformador em diante, a linha de energia é de baixa tensão por 200 metros até o Abrigo de Montanha.

Ressalta-se que a construção da linha de baixa tensão que atende ao Abrigo de Montanha foi executada de acordo com as normas técnicas utilizando-se de postes de cimento e cabos encapados Multiplex de 25 mm. Já o transformador de 5 KVA, deverá ser substituído por outro de maior capacidade com pelo menos 15 KVA, para poder atender suficientemente a necessidade e capacidade da ocupação da casa, em torno de 20 a 25 pessoas.

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Sinalização:

Existem duas placas de sinalização de referência da Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN Alto da Boa Vista, de 2,5 x 1,5 metros, das quais, uma está assentada às margens da estrada nas proximidades do Centro de Apoio aos Visitantes e a outra na borda da várzea, estando frontal para o pico da serra. Está disposta dessa forma para que seja avistada e sirva de referência para informação e conhecimento da UC. Outras duas placas da mesma dimensão, mas com dizeres diferenciados, estão guardadas e deverão ser assentadas em locais a serem ainda definidos.

Não há placas interpretativas na RPPN e nem em locais de visitação e de referência aos pontos atrativos. No Centro de Apoio aos Visitantes, há painéis, mapas, fotos e banners de referencias da Mata Atlântica, da RPPN Alto da Boa Vista e da Serra do Relógio.

Mirante:

Situado a 1043 metros de altitude, nas coordenadas UTM 7634.934 23 K 0714425. É o ponto mais alto da propriedade e da RPPN com acesso por estradas, porém é trafegável somente por veículo com tração 4x4, motocicletas ou a cavalo ou a pé. A distância do Centro de Apoio aos Visitantes é de 1500 metros e do Abrigo de Montanha é de 300 metros.

Atualmente não há nenhuma estrutura ou edificação no mirante para o descanso ou proteção do sol ou da chuva, como também não há placas, painéis informativos ou qualquer apoio para acampamentos.

No local, observa-se toda a área da RPPN, da propriedade e do ponto culminante da Serra do Relógio (ao norte), além do vale da bacia do Ribeirão do Grama (ao sul). Proporciona também o avistamento em dias de atmosfera limpa (tanto de binóculo como a olho nu), da Serra do Mar no Estado do Rio de Janeiro (que está distante apenas 100 km em linha reta), onde se situa a região serrana fluminense que compreende as Serras do Desengano, da Caledônia (em Nova Friburgo), dos Três Picos seguindo pela Serra dos Orgãos (entre Teresópolis e Petrópolis) e termina na Serra da Maria Comprida em Araras.

39: Foto Serra do Mar: Caledônia e Três Picos

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3.3 Caracterização da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

3.3.1 Clima

A RPPN possui dentro de seus limites, características climáticas distintas por apresentar brusca variação altimétrica contidas em suas superfícies que se elevam próximas ao pico da Serra do Relógio a 1.434 metros. Essa abrupta aclividade torna o clima diferenciado, determinando no inverno temperaturas cada vez mais amenas na medida da elevação da superfície.

Os processos climáticos também decorrem da interação de fatores como localização na região da zona intertropical, de domínio morfoclimático dos mares de morros florestados (Aziz Ab’Saber), proximidade com o oceano, alta incidência de raios solares e também de evaporação, influência do sistema de circulação atmosférica predominantemente de origem tropical bem como a maior ou menor freqüência das correntes de circulação perturbada.

3.3.2 Temperatura

A região está sob a influência das massas de ar Polar Atlântica, atuante principalmente no inverno; Equatorial Continental e Tropical Atlântica, atuantes no verão, o que confere um clima do tipo Tropical Semiúmido.

Segundo a classificação de Köppen é do tipo Cwb. A temperatura média anual é da ordem de 21 oC, enquanto que a média das mínimas é de 15,30 oC e a média das máximas é de 27,90 oC.

3.3.3 Pluviosidade

A precipitação da região é do tipo orográfica, já que o relevo provoca a ascendência das massas úmidas litorâneas, como também ocorrem chuvas frontais, provocadas pelo avanço de massas frias provenientes do Sul do Brasil.

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40: Foto da localização da UC na região 41: Foto da influência orográfica

Apresenta duas estações distintas, com regime estacional típico das regiões de clima tropical; a chuvosa, com precipitações freqüentes e copiosas, com o máximo pluviométrico no solstício de verão; e a estação seca, em que há um sensível declínio das chuvas, com o mínimo no solstício de inverno.

O período chuvoso localiza-se entre os meses de outubro a março, concentrando-se nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro que correspondem ao quadrimestre mais chuvoso, podendo apresentar uma concentração de 45 a 55% do total da precipitação anual.

O período da estiagem tem o início em abril, estendendo-se até setembro, ocorrendo o pico da seca nos meses de junho, julho e agosto. A variabilidade das precipitações é mais regular no período da estiagem que no período chuvoso.

Dados coletados junto a Companhia Brasileira de Alumínio, Empresa de Mineração que explora jazidas de bauxita em regiões bem próximas da RPPN Alto da Boa Vista, demonstram ao longo de vinte anos as precipitações que ocorreram:

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42: Quadro de D

ados de Pluviom

etria na Região – M

ensal / Anual

P

eríodo: 1989 / 2009

Fonte: C

BA

– Com

panhia Brasileira de A

lumínio

Plano de M

anejo Reserva P

articular do Patrim

ônio Natural A

lto da Boa V

ista – I e II

Total JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

1989 1.372 210 131 166 66 9 72 35 7 63 92 148 373

1990 1.090 64 149 148 106 49 0 17 21 83 94 153 206

1991 1.713 499 227 244 75 43 7 50 5 46 120 147 250

1992 1.872 440 128 45 169 86 11 35 30 174 221 286 247

1993 1.316 202 199 153 90 15 17 13 27 76 131 162 231

1994 1.674 549 49 337 122 47 35 6 7 14 183 87 238

1995 1.465 123 172 139 148 42 0 25 6 32 239 178 361

1996 1.866 197 183 239 38 35 19 2 30 208 279 354 282

1997 1.669 430 150 257 89 11 39 8 4 109 110 244 218

1998 1.469 236 192 106 34 100 12 0 92 66 205 184 242

1999 1.376 156 66 247 81 4 42 11 8 42 81 331 307

2000 1.660 345 242 172 40 6 0 13 27 166 85 220 344

2001 1.583 151 187 227 25 55 0 0 15 106 151 222 444

2002 1.797 316 324 97 17 33 0 0 18 58 120 255 559

2003 1.672 578 44 120 58 34 0 19 59 84 114 249 313

2004 2.145 429 366 315 90 37 34 47 3 0 73 218 533

2005 1.966 345 178 312 42 109 67 33 19 72 49 323 417

2006 1.318 80 69 0 15 14 0 0 34 46 438 260 362

2007 1.455 639 49 72 0 64 0 0 0 18 196 192 225

2008 2.088 406 164 173 272 7 21 0 7 135 81 241 581

2009 2.167 357 69 455 109 0 82 3 15 97 189 331 460Média 1.628 322 159 192 80 38 22 15 21 81 155 223 337

PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA

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Outros dados meteorológicos obtidos na estação mais próxima da região mantidos pelo Departamento Nacional de Meteorologia:

43: Quadro da precipitação de jan / 2003 a set / 2007 (município de Leopoldina) Fonte: http://www.agritempo.gov.br/agroclima/sumario.

44: Mapa com Zoneamento Agroclimático do Estado de Minas Gerais Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura – SEA / 1980

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3.3.4 Relevo

45: Mapa com inserção das cinco áreas reconhecidas pelo Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais em 2008, denominadas como RPPN Alto da Boa Vista II Fonte: IBGE – Carta do Brasil / Folha SF-23-X-D-II-3

A área da RPPN Alto da Boa Vista - I e II está contida na carta topográfica IBGE / Carta do Brasil, escala 1:50.000, Folha SF-23-X-D-II-3 (Astolfo Dutra). Situa-se no extremo leste e encosta sul da cadeia de montanhas da Serra do Relógio, na divisa do município de Descoberto com Astolfo Dutra onde se localizam nas partes cumeadas da serra, as divisas das bacias dos Rios Novo e Pomba, afluentes do Paraíba do Sul.

Abrange uma das áreas em que salientam as terras mais altas da porção sudeste de Minas Gerais. Essas terras elevadas representadas pelo sistema orográfico da Mantiqueira, estão próximas aos limites dos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, e culmina no seu ponto mais alto (1406 m) nas confrontações com o cume da Serra do Relógio a 1434 m de altitude (4705 pés), maior altimetria em um raio de 70 km na região sul das Serranias da Zona da Mata Mineira.

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46: Mapa da Localização da Serra do Relógio na Região da Zona da Mata Mineira

A extensão da Serra do Relógio caracteriza-se por imponentes montanhas voltadas ao sul para o Vale do Rio Paraíba do Sul e ao norte para a Serra da Mantiqueira, circundada por uma ampla região de Depressões Escalonadas dos Vales dos Rios Pomba e Novo. Localizadas no Complexo de Juiz de Fora, com grande concentração de rochas metamórficas, o relevo reflete o domínio dos mares de morros, uma sucessão de cristas gnáissicas escarpadas e entrecortadas por vales profundos, exibindo quase sempre lombadas e patamares a meias encostas com cristas arre-dondadas dominadas por paredões rochosos.

Neste contexto, a RPPN Alto da Boa Vista está inserida no Domínio Tropical Atlântico de Mares de Morros. Morfoestruturalmente faz parte do “Domínio das Escarpas e Maciços” modelados em rochas do Complexo Cristalino, fazendo parte da Serra da Mantiqueira (IGA, 1980 e 1981) com orientação NE-SW.

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47: Figura do Modelo Digital do Terreno da região de Descoberto. A seta indica a localização da RPPN Alto da Boa Vista. Observa-se o forte lineamento estrutural NE-SW

Possui formas de relevos variados determinantes na rede de drenagem e no distinto modelado da área; contempla encostas íngremes e fundos de vale com leito rochoso formando vários cursos d’água com belas cascatas de águas límpidas; abruptas elevações inclusive escarpadas em suas encostas rochosas chegando a mais de 45º; a UC possui uma representativa área de várzeas na cota de 1.000 m que constitui uma importante área de recarga hídrica com mananciais; trechos de relevo suave ondulado e ondulado com percursos de forte ondulação.

48: Foto da várzea e áreas de RPPN 49: Foto do relevo com forte ondulação

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RPPN Alto da Boa Vista

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A Reserva dispõe de uma diferença altitudinal de 590 m (a cota mais baixa está a 816 m e a mais alta a 1406 m) determinados pela conformação geológica da Serra do Relógio e seu entorno. Essas características influenciam na ocorrência da formação de diferentes tipos de solos como os encontrados na base dos afloramentos rochosos, encostas, fundos de vale, nas baixadas às margens das várzeas e nos topos dos morros com esparsos trechos apresentando em sua superfície o minério da bauxita, bastante predominante na região.

3.3.5 Hidrografia

50: Mapa hidrográfico com as nascentes e o percurso dos cursos d’água (no deltalhe, linhas em azul), com inserção dos polígonos da RPPN e de propriedade confrontante (Sucessores de Francisca Maria da Rocha). No detalhe em verde, a área de várzea. A região onde está localizada a RPPN situa-se na bacia do Rio Novo, ressaltando que a UC se limita ao norte com a bacia do Rio Pomba. A região do médio curso do Rio Paraíba do Sul encontra-se limitada pela Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar. A bacia do Rio Novo, possui uma área de drenagem de 2.030 km e suas nascentes se localizam próximas aos limites do município de Santos Dumont.

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Já a rede de drenagem da RPPN é composta de sete principais cursos d’água, sendo cinco perenes e dois intermitentes (sazonalidades que eventualmente ocorrem entre os períodos de junho a novembro), estando quatro dessas nascentes perenes dentro dos limites da UC e as outras nascentes em propriedade adjacente (Sucessores de Francisca Maria da Rocha). Também compõem a parte hidrográfica da RPPN uma importante zona úmida, uma área de várzeas situada na cota altimétrica de 1.000 m, a qual recebe os volumes de água de duas nascentes perenes e outras duas sazonais. Há também um pequeno lago abastecido pelas águas captadas de um riacho próximo, por via de um canal de 20 metros de extensão. Esses ambientes, em especial o da várzea, desempenham importante função de recarga hídrica e de apoio na alimentação e sobrevivência de diversas espécies animais, principalmente da fauna aquática, como também de anuros e répteis, além de várias espécies de aves, pois os riachos meandram uma planície de inundação formando depósitos aluviais que ocasionam o surgimento e a manutenção de algumas nascentes no entorno dessa área.

51: Foto da lagoa na área de RPPN 52: Várzea e localização nascentes acima Das quatro nascentes perenes da RPPN, duas estão na cota altimétrica de 1230 e 1243 metros respectivamente, sendo essa última próxima à divisa da propriedade de Sucessores de Francisca Maria da Rocha. São as mais altas nascentes da Serra do Relógio, fazendo parte, pela margem direita da malha dos contribuintes que formam o Ribeirão do Grama, afluente da bacia do Rio Novo.

53:Foto Nascente a 1230 metros 54: Foto do Percurso da Nascente

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É uma região homogênea em termos de relevo, sendo dominada pelo relevo forte-ondulado a montanhoso, observa-se também, em termos de capacidade de infiltração, que é baixa em toda extensão da Reserva, com exceção da área de várzeas. A associação dessas características com a pluviosidade faz com que toda a região apresente uma Tipologia Hidrológica Homogênea, no caso, com rendimento médio ou elevado em regime torrencial, ou seja, que as contribuições específicas são médias ou altas e ocorre intensa variação intra-anual nas vazões dos cursos d’água, sendo portanto, típica a ocorrência de cheias e estiagens pronunciadas. Comparativamente ao restante do Estado, pode ser considerada como uma região de abundância relativa em termos de águas superficiais.

55: Figura da bacia hidrográfica da região da Serra do Relógio no município de Descoberto

Ressalta-se que importantes cursos d’água que tem suas nascentes no interior da propriedade de Sucessores de Francisca Maria da Rocha, localizada a noroeste/sudoeste da UC, formam uma importante malha de contribuição aos demais riachos com nascentes no interior da RPPN Alto da Boa Vista.

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Esses riachos se unificam nas proximidades da cota mais baixa da RPPN (a 816 m) e formam o “Ribeirão do Angico”. Próximo a este local havia uma captação d’água em um canal para o funcionamento de um moinho d’água, hoje desativado, caracterizando um meandro abandonado.

Passa pelo interior da RPPN, uma extensa rede de drenagem com nascentes oriundas nas encostas das montanhas, que são normalmente encaixadas em vales parcialmente fechados, principalmente nas altitudes mais elevadas onde se formam corredeiras e cachoeiras ao longo de seu percurso. Existem quatro cachoeiras de maior representatividade que fazem parte do roteiro de locais atrativos do Programa de Ecoturismo da Reserva: a Cachoeira do Emboque, situada na saída das águas da várzea, a 985 m; a Cachoeira do Escorrega, que recebe a drenagem de maior área e volume, sendo que sua queda está situada na cota de 863 m, bem próxima do Centro de Apoio aos Visitantes; a Cascata da Toca que fica no mesmo curso d’água, em trecho logo abaixo a 848 m, e a Cachoeira da Laje dos Jequitibás, que está na altitude de 889 m, em outro curso d’água que fica no setor sudoeste da UC.

56: Foto da Cachoeira do Escorrega 57: Foto da Cascata da Toca

Eventualmente em alguns períodos do ano entre os meses de junho a outubro, período de escassez de chuvas, dois dos sete cursos d’água que cortam a RPPN diminuem drasticamente os seus volumes ao ponto de interromper e/ou ocorrer “furos” nesta época São eles: curso d’água situado nos fundos do Centro de Apoio aos Visitantes e outro curso d’água situado próximo ao Abrigo de Montanha.

Salienta-se que há duas captações d’água nos riachos da RPPN Alto da Boa Vista. A captação mais alta está na cota de 1017 m e abastece o Abrigo de Montanha e a outra captação, na cota de 855 m, está no setor extremo sul e abastece a residência da Sra. Selma do Nascimento Rocha, titular desta propriedade confrontante com a UC. Esta servidão é consensual entre as partes pelo fato de a própria RPPN ser beneficiária de captação d’água por gravidade, na cota de 923 m, oriunda de outra propriedade a montante da mesma família da Sra. Selma, a qual integra os Sucessores de Francisca Mª da Rocha. Atualmente é o manancial que serve ao

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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sistema de armazenamento de água que abastece a sede da RPPN e o Centro de Apoio aos Visitantes.

Pelo fato de estar cada vez mais percebível e constatável, de fato, a acentuada redução dos volumes dos cursos d’águas, especialmente nos períodos anuais de escassez de chuvas, torna-se imprescindível a avaliação e estudo de vazões dos riachos, para que seja estabelecido, através de um projeto técnico, um sistema de captação d’água em local alternativo como forma de segurança para suprimento, com estruturas adequadas para armazenamento, além de estabelecimentos de manutenções desse sistema e disciplinamento de direito de uso em consonância com as leis em vigor. Dessa forma, torna-se possível o uso adequado dos recursos naturais, especificamente desse bem limitado, necessário, precioso e insubstituível, mas que seja determinado formalmente a todos que dele forem beneficiados diretamente, a responsabilidade por seu emprego adequado e na medida do possível, que todos os envolvidos se tornem colaboradores na conservação dos ambientes naturais necessários ao equilíbrio e perenidade dos recursos hídricos.

3.3.6 Espeleologia

A cavidade natural denominada “Gruta do Paredão da Serra”, a mais representativa da RPPN, foi encontrada recentemente no período do mapeamento detalhado durante os trabalhos de elaboração do Plano de Manejo. Está localizada na base do paredão da serra, a 1304 metros, no extremo norte da Reserva (encosta sul do pico da Serra do Relógio), na cota de 1304 m, com coordenadas 23K 0714002 e UTM 7635647.

58: Foto da Gruta do Paredão da Serra 59: Foto da cavidade natural

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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Outra cavidade também foi encontrada a jusante da “Cachoeira do Escorrega”, a “Toca da Cascata”, situada na margem direita do curso d’água. Trata-se de uma cavidade profunda com extensão aproximada de 7 metros, localizada sob uma imensa rocha. No local há duas cascatas, localizadas na cota de 848 m, denominada como “Cascata da Toca”.

Diversos outros trechos também apresentam pequenas tocas e cavidades principalmente nas encostas e paredões rochosos e ao longo dos cursos d’água.

É perfeito o estado de conservação dessas cavidades após quase duas décadas sem a ocorrência de incêndios florestais nas imediações.

60: Foto da Toca da Cascata

Nos trechos onde a RPPN se limita com propriedades da região da Água Limpa (município de Astolfo Dutra), localização dos contrafortes mais elevadas da Serra do Relógio, avistam-se as escarpas das montanhas e a profundidade dos despenhadeiros com vegetações endêmicas nas rochas e as florestas de propriedades do entorno da UC, além da extensão do vale do rio Pomba.

61: Foto das vegetações dos contrafortes 62: Foto do vale do Rio Pomba

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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4. VEGETAÇÃO

Vegetação Ciliar de um Curso D’água no Interior da Mata Atlântica

Page 78: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

4. Vegetação

I. INTRODUÇÃO

A Mata Atlântica é a segunda maior floresta tropical do continente americano.

Originalmente cobria cerca de 1.300.000 km2 do território brasileiro, estendendo-se pela

costa atlântica do país (Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2008). Em sua extensão

ocorre uma ampla variação de tipos de clima, altitude, na composição dos solos e

formas de relevo. Essa heterogeneidade permite a formação de diferentes tipos

vegetacionais (Oliveira-Filho & Fontes,2000). Além das florestas ombrófilas e

semideciduais, a Mata Atlântica abrange ainda florestas decíduas, florestas com

araucárias, mangues, restingas, brejos e formações campestres de altitude (Tabarelli et

al, 2005).

A grande variação ambiental é um dos fatores responsáveis pela grande

diversidade biológica existente na Mata Atlântica. Estima-se que nela ocorram cerca de

2300 espécies de vertebrados e mais de 20 mil espécies de plantas vasculares (Pinto et

al, 2006). Segundo JOLY ET AL. (1991) esse bioma apresenta um nível de endemismo

elevado, com cerca de 55% para espécies arbóreas e 40% para famílias de espécies não

arbóreas.

Essa diversidade ainda não é totalmente conhecida. Os estudos sobre

distribuição geográfica das plantas, padrões de endemismos e ocorrência de espécies

ameaçadas são insuficientes e muitas regiões não possuem sequer o inventário de sua

flora. Essa situação reflete o panorama geral do conhecimento da flora brasileira

(Giulietti et al, 2005).

A necessidade de preencher essa lacuna de conhecimento mostra-se urgente

devido ao estado de conservação da Mata Atlântica. Atualmente ela está reduzida a

menos de 8% de sua extensão original. A perda de habitat não é homogênea em toda a

sua extensão. Alguns estados brasileiros ainda conservam mais de 15% de sua cobertura

original, como Santa Catarina (22,89%) e Rio de Janeiro (18,6%) enquanto outros

possuem menos de 6%, como Mato Grosso do Sul (5,45%) e Goiás (3,99%). Em Minas

Gerais essa estimativa é de 9,62% (Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2008). A

grande diversidade biológica em conjunto com o alto grau de ameaça fez com que a

Mata Atlântica fosse incluída entre os 33 hotspots para a conservasção da

biodiversidade mundial (Myers et al 2000).

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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Embora exista um grande número de áreas de conservação na Mata Atlântica

brasileira apenas 2% do bioma está protegido (Tabarelli et al, 2005). Os recursos

públicos destinados para a sua conservação são insuficientes. Dessa forma a iniciativa

privada vem se mostrando de grande importância nessa questão, uma das principais

formas de atuação da iniciativa privada nesse campo é através da criação de Reservas

Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), que são áreas privadas, gravadas com

perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. Existem cerca de

660 RPPNs reconhecidas no Brasil. Destas cerca de 440 estão no domínio da Mata

Atlântica, somando quase 100 mil hectares de área protegida (Mesquita, 2004).

As RPPNs são criadas por iniciativa do dono da área e permanecem sob sua

posse. Entretanto, dentro de uma RPPN só são permitidas atividades de pesquisa

científica e visitação com fins turísticos, recreativos e educacionais (SNUC, 2000).

Essas atividades devem ser realizadas de acordo com o previsto no plano de manejo da

RPPN. Dessa forma fica garantido que o objetivo principal de uma RPPN seja a

conservação de sua diversidade biológica. A criação e implementação de um plano de

manejo para a RPPN é de fundamental importância. Somente através do plano de

manejo será possível ao proprietário desenvolver as atividades permitidas pela lei.

II- MATERIAL E MÉTODOS

O inventário florístico na Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa

Vista (RPPNABV) foi realizado entre os anos de 2009 e 2010, através de excursões ao

local de estudo para coleta de material botânico e levantamento de dados adicionais,

como fotografias e informações ecológicas sobre as espécies, análise das

fitofisionomias, etc. Os vários ambientes foram explorados na área de estudos através

do método do Caminhamento (Filgueiras et al. 1994), tal metodologia mostra-se

adequada para inventários rápidos uma vez que consegue-se percorrer grande parte da

área amostrada.

As amostras em estado fértil foram coletadas e preparadas segundo técnicas

usuais e posteriormente depositadas no acervo do Herbário Leopoldo Krieger, da

Universidade Federal de Juiz de Fora (CESJ).

A identificação das espécies foi realizada com auxílio de literatura especializada

e por comparação com material já determinado por especialistas, existente no herbário

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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CESJ. O sistema de classificação usado para a listagem dos táxons foi o de Smith et al.

(2006a) para Pteridófitas e Chase & Reveal (2009)(APGIII) para angiospermas.

Para classificação das síndromes de dispersão de diásporos foram utilizados os

critérios propostos por Pijl (1982), onde se define como anemocórica, os diásporos

dispersos pelo vento, zoocórica, quando estes são dispersos por animais e autocórica

quando não há adaptações específicas como as anteriores ou quando existem

mecanismos de disperssão como barocoria (disperssão pela gravidade) ou explosivas e

não referida quando esta informação não pode ser obtida seja por observação ou

literatura.

O Bioma e as fitofisionomias da RPPN ABV foram definidos com base no

sistema de classificação proposto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) (Veloso et al. 1991). Para apresentação destas fitofisionomias serão tratados os

seguintes aspectos: descrição, espécies ocorrentes e espécies com prioridade de

conservação.

Para uma análise das relações das fitofisionomias da área foi utilizado o

coeficiente de similaridade de Sørensen (Magurran 2005) e o algorítimo

UPGMA,analisados no software livre PAST (Hammer et al, 2001).

III - RESULTADOS

Na RPPN ABV foram registradas no total 258 espécies, distribuídas em 87

famílias e 184 gêneros (Tab. 1). As pteridófitas compreenderam 16 famílias, reunindo

72 espécies, destacando-se Polypodiaceae com o maior número de espécies (14

espécies), seguida de Pteridaceae (11 espécies), Dryopteridaceae (oito espécies) e

Aspleniaceae e Blechnaceae (cinco espécies cada). Assim 60% das pteridófitas estão

agrupadas em apenas cinco famílias. O gênero com maior riqueza específica é Pteris

com sete espécies, seguido de Asplenium e Blechnum (cinco espécies cada), Anemia,

Campyloneurum, Cyathea, Hymenophyllum e Thelypteris (três espécies cada).

As angiospermas foram representadas por 186 espécies, distribuídas em 71

famílias. As famílias mais ricas são Rubiaceae (apresentando 13 espécies), seguida por

Fabaceae (12), Bromeliaceae (11), Orchidaceae (nove), Piperaceae e Solanaceae (oito

espécies cada). Desse modo, apenas seis famílias concentraram um total de 33% das

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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angiospermas registradas. Os gêneros mais representativos foram Psychotria (com sete

espécies), seguido por Piper e Solanum (seis espécies cada), Senna, Cecropia, Vriesea e

Miconia (três espécies cada).

O hábito herbáceo foi o mais representativo, com 136 espécies (53% das

espécies registradas), distribuídas da seguinte forma: 89 ervas terrestres, 39 ervas

epífitas, seis ervas rupícolas e duas erva paludosa.

As epífitas, que corresponderam a aproximadamente 30% das espécies

herbáceas (39 espécies), estão distribuídas em apenas nove famílias: Polypodiaceae (14

espécies), Bromeliaceae (sete), Hymenophyllaceae (quatro), Orchidaceae e

Aspleniaceae (três espécies cada), Araceae, Piperaceae, Cactaceae e Gesneriaceae (duas

espécies cada).

Em relação à síndrome de dispersão observamos que a maioria das espécies (109

espécies ou 42%) dispersa-se através de autocoria, porém esse número pode ser

discutido já que as pteridófitas contribuem com 72 espécies e dependendo da definição

esse grupo de plantas pode ter síndrome de dispersão Anemocórica. Já 35% das espécies

(89) apresentam zoocoria como síndrome de dispersão, mostrando uma íntima relação

entre a flora e a fauna local.

63: Tabela 1: Lista das Famílias e Espécies ocorrentes na Reserva Particular do

Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas Gerais, com informações

sobre Nome-popular, Síndrome de Dispersão e Hábito. (Legenda: NR = Não Relatada,

Auto = Autocoria, Anemo = Anemocoria, Zoo = Zoocoria).

Família Espécie Nome-popular

Dispersão Hábito

Angiospermas

Acanthaceae Aphelandra squarrosa

Nees NR

Erva Terrestre

Acanthaceae Mendoncia coccinea

Vell. NR Liana

Acanthaceae Ruellia sp.

NR Erva

Terrestre

Acanthaceae Thunbergia alata Bojer

ex Sims Cu-de-crioulo NR Liana

Agavaceae Furcraea foetida (L.)

Haw. Piteira Auto

Erva Terrestre

Alstroemeriaceae Alstroemeria

fuscovinosa Ravenna NR

Erva Terrestre

Page 82: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Amaryllidaceae Hippeastrum

glaucescens Mart. Lírio Auto

Erva Rupícola

Annonaceae Guatteria sellowiana

Schltdl. Embira Zoo Árvore

Annonaceae Guatteria sp. Embira Zoo Árvore

Annonaceae Rollinia dolabripetala

(Raddi) R.E. Fr. Embira Zoo Árvore

Annonaceae Xylopia brasiliensis

Spreng. Casca-de-

barata Zoo Árvore

Apocynaceae Asclepias curassavica

L. Oficial-de-

sala Auto

Erva Terrestre

Apocynaceae Aspidosperma

olivaceum Müll. Arg. Peroba Anemo Árvore

Apocynaceae Mandevilla

atroviolacea (Stadelm.) Woodson

NR Liana

Araceae Anthurium scandens

(Aubl.) Engl. Antúrio Zoo Erva Epífita

Araceae Anthurium sp. Antúrio Zoo Erva Epífita

Araceae Asterostigma sp.

Zoo Erva

Terrestre

Araceae Philodendron sp. Antúrio Zoo Erva

Terrestre

Araliaceae Hydrocotyle

quinqueloba Ruiz & Pav.

Auto

Erva Terrestre

Araliaceae Schefflera sp. Cheflera Zoo Árvore

Arecaceae Attalea dubia (Mart.)

Burret Indaiá Zoo Arborescente

Arecaceae Euterpe edulis Mart. Palmito-jussara

Zoo Arborescente

Arecaceae Geonoma schottiana

Mart. Zoo Arborescente

Arecaceae Syagrus romanzoffiana

(Cham.) Glassman Coco-babão Zoo Arborescente

Asteraceae Baccharis glaziovii

Baker Carqueja Anemo

Erva Terrestre

Asteraceae Baccharis sp.

Anemo Erva

Terrestre

Asteraceae Cyrtocymura

scorpioides (Lam.) H.Rob.

Capichingui Anemo Arbusto

Page 83: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Asteraceae Eremanthus

erythropappus (DC.) MacLeish

Candeia Anemo Árvore

Asteraceae Mikania sp. Guaco Anemo Liana

Asteraceae Vernonanthura

phosphorica (Vell.) H.Rob.

Assa-peixe Anemo Árvore

Begoniaceae Begonia digitata Raddi Begonia Anemo Erva

Terrestre

Begoniaceae Begonia sp. Begonia Anemo Erva

Terrestre

Bignoniaceae Cybistax antisyphilitica

(Mart.) Mart. Ipê-Verde Anemo Árvore

Bromeliaceae Aechmea nudicaulis

(L.) Griseb. Bromélia NR Erva Epífita

Bromeliaceae Aechmea ramosa Mart.

ex Schult. f. Bromélia NR

Erva Terrestre

Bromeliaceae Alcantarea imperialis

(Carrière) Harms Bromélia NR

Erva Terrestre

Bromeliaceae Billbergia sp. Bromélia NR Erva Epífita

Bromeliaceae Pitcairnia curvidens

L.B. Sm. & Read Bromélia NR

Erva Terrestre

Bromeliaceae Pitcairnia flammea

Lindl. Bromélia NR

Erva Terrestre

Bromeliaceae Tillandsia gardneri

Lindl. Bromélia Anemo Erva Epífita

Bromeliaceae Tillandsia geminiflora

Brongn. Bromélia Anemo Erva Epífita

Bromeliaceae Vriesea bituminosa

Wawra Bromélia Anemo Erva Epífita

Bromeliaceae Vriesea heterostachys

(Baker) L.B.Sm. Bromélia NR Erva Epífita

Bromeliaceae Vriesea sp. Bromélia NR Erva Epífita

Burmaniaceae Gymnosiphon sp.

NR Erva

Terrestre

Burseraceae Protium heptaphyllum

(Aubl.) Marchand Almecega Zoo Árvore

Cactaceae Hatiora sp.

Zoo Erva Epífita

Cactaceae Rhipsalis sp. Cacto-

macarrão Zoo Erva Epífita

Campanulaceae Centropogon cornutus

(L.)Druce NR

Erva Terrestre

Page 84: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Campanulaceae Lobelia sp.

Auto Erva

Terrestre

Cannabaceae Celtis pubescens

(Kunth) Spreng. Grão-de-galo Anemo Árvore

Cannabaceae Trema micrantha

(L.)Blume Grão-de-galo Zoo Árvore

Chloranthaceae Hedyosmum

brasiliense Miq. Chá-de-bugre Zoo Árvore

Chrisobalanaceae Hirtela sp.

Auto Árvore

Chrisobalanaceae Licania sp. Oiti Auto Árvore

Clethraceae Clethra scabra Pers. Peroba Anemo Árvore Clusiaceae Clusia sp1

Zoo Árvore

Clusiaceae Clusia sp2

Zoo Árvore

Clusiaceae Vismia magnoliifolia

Cham. & Schltdl. Pau-de-Lacre Zoo Árvore

Commelinaceae Commelina erecta L. Trapoeraba NR Erva

Terrestre

Commelinaceae Dichorisandra

thyrsiflora J.C. Mikan Trapoeraba NR

Erva Terrestre

Convolvulaceae Ipomoea sp. Campainha Auto Liana

Costaceae Costus spiralis (Jacq.)

Roscoe Cana-de-macaco

NR Erva

Terrestre

Cunoniaceae Weinmannia

paulliniifolia Pohl Gramimunha Auto Árvore

Dilleniaceae Davilla rugosa Poir. Cipó-caboclo NR Liana

Dioscoreaceae Dioscorea sp.

NR Liana

Elaeocarpaceae Sloanea monosperma

Vell. Ouriçeiro Auto Árvore

Ericaceae Gaultheria eriophylla

(Pers.) Sleumer ex Burtt

Zoo Arbusto

Ericaceae Gaylussacia sp.

Zoo Arbusto

Euphorbiaceae Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg.

Pau-jangada Zoo Árvore

Euphorbiaceae Croton urucurana

Baill. Sangra-d'água

Zoo Árvore

Euphorbiaceae Ricinus communis L. Mamona Auto Arbusto

Euphorbiaceae Sapium glandulosum

(L.) Morong Leiteiro Zoo Árvore

Page 85: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Fabaceae Anadenanthera

colubrina (Vell.) Brenan

Angico Auto Árvore

Fabaceae Bauhinia affinis Vogel Pata-de-vaca Auto Árvore

Fabaceae Bauhinia sp. Pata-de-vaca Auto Arbusto

Fabaceae Inga sessilis (Vell.)

Mart. Ingá Zoo Árvore

Fabaceae Inga sp. Ingá Zoo Árvore

Fabaceae Machaerium

aculeatum Raddi Jacarandá-

bico-de-pato Auto Árvore

Fabaceae Machaerium

scleroxylon Tul. Caviuna Auto Árvore

Fabaceae Piptadenia

gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr.

Pau-jacaré Auto Árvore

Fabaceae Schizolobium parahyba

(Vell.) S.F. Blake Guapuruvú Auto Árvore

Fabaceae Senna macranthera

(DC. ex Collad.) H.S.Irwin & Barneby

Fedegoso Auto Árvore

Fabaceae Senna multijuga

(Rich.) H.S.Irwin & Barneby

Fedegoso Auto Árvore

Fabaceae Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin & Barneby

Fedegoso Auto Árvore

Gentianaceae Macrocarpaea

obtusifolia (Griseb.) Gilg

NR Arbusto

Gentianaceae Voyria aphylla

(Jacq.)Pers. NR

Erva Terrestre

Gesneriaceae Besleria meridionalis

C.V. Morton NR

Erva Terrestre

Gesneriaceae Nematanthus

lanceolatus (Poir.) Chautems

Peixinho NR Erva Epífita

Gesneriaceae Nematanthus

strigillosus (Mart.) H.E. Moore

Peixinho NR Erva Epífita

Gesneriaceae Sinningia magnifica (Otto & A. Dietr.)

Wiehler Peixinho NR

Erva Rupícola

Heliconiaceae Heliconia sp. Falsa-ave-do-

paraíso Auto

Erva Terrestre

Page 86: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Hypoxidaceae Hypoxis decumbens L. Falsa-tiririca Anemo Erva

Terrestre

Iridaceae Cipura sp. Íris Auto Erva

Terrestre

Iridaceae Neomarica candida

(Hassl.) Sprague Íris Auto

Erva Terrestre

Lamiaceae Vitex polygama Cham. Maria-preta Zoo Árvore

Lauraceae Nectandra sp1 Canela Zoo Árvore Lauraceae Nectandra sp2 Canela Zoo Árvore

Lecytidaceae Cariniana estrellensis

(Raddi) Kuntze Jatobá-branco Auto Árvore

Malvaceae Luehea grandiflora

Mart. & Zucc. Açoita-cavalo Anemo Árvore

Malvaceae Pavonia communis A.

St.-Hil. Vassoura Zoo

Erva Terrestre

Malvaceae Triumfetta sp. Vassoura Zoo Erva

Terrestre

Marcgraviaceae Marcgravia polyantha

Delpino NR Liana

Melastomataceae Miconia discolor DC.

Zoo Árvore

Melastomataceae Miconia ferruginea

(Desr.) DC. Zoo Árvore

Melastomataceae Miconia sp.

Zoo Arbusto

Melastomataceae Tibouchina cardinalis

Cogn. Quaresmeira Zoo Arbusto

Melastomataceae Tibouchina sp. Quaresmeira Zoo Árvore

Meliaceae Cabralea canjerana

(Vell.) Mart. Canjerana Zoo Árvore

Meliaceae Zanthoxylum

rhoifolium Lam. Mamica-de-

porca Auto Árvore

Menispermaceae Abuta sp.

NR Liana

Monimiaceae Mollinedia sp1

Zoo Árvore Monimiaceae Mollinedia sp2

Zoo Árvore

Moraceae Dorstenia

capricorniana Carauta, C. Valente & Sucre

Carapiá Zoo Erva

Terrestre

Moraceae Sorocea bonplandii

(Baill.) W.C. Burger, Lanj. & Wess. Boer

Espinheira-santa

Zoo Árvore

Page 87: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Musaceae Musa paradisiaca L. Bananeira Zoo Arborescente

Myrsinaceae Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez

Pororoca Zoo Árvore

Myrsinaceae Rapanea umbellata

(Mart.) Mez Pororocão Zoo Árvore

Myrtaceae Eucalyptus sp. Eucalipto Auto Árvore

Myrtaceae Myrcia splendens

(Sw.) DC. Guamirim Zoo Árvore

Myrtaceae Myrciaria cauliflora

(Mart.) O. Berg Jabuticaba Zoo Árvore

Myrtaceae Psidium guajava L. Goiaba Zoo Árvore

Ochnaceae Ouratea parvifolia

Engl. Zoo Árvore

Onagraceae Fuchsia regia (Vell.)

Munz

Brinco-de-princesa

NR Liana

Orchidaceae Cyclopogon sp. Orquídea Auto Erva

Terrestre

Orchidaceae Epidendrum secundum

Jacq. Orquídea Auto

Erva Rupícola

Orchidaceae Liparis sp. Orquídea Auto Erva

Terrestre

Orchidaceae Octomeria sp. Orquídea Auto Erva Epífita

Orchidaceae Oeceoclades maculata

(Lindl.) Lindl. Orquídea Auto

Erva Terrestre

Orchidaceae Phymatidium

hysteranthum Barb. Rodr.

Orquídea Auto Erva Epífita

Orchidaceae Warrea warreana

(Lodd. ex Lindl.) C. Schweinf.

Orquídea Auto Erva

Terrestre

Orchidaceae Zygopetalum mackaii

Hook. Orquídea Auto

Erva Rupícola

Orchidaceae Zygopetalum maxillare

Lodd. Orquídea Auto Erva Epífita

Passifloraceae Passiflora amethystina

J.C.Mikan Maracujá Zoo Liana

Passifloraceae Passiflora speciosa

Gardner Maracujá Zoo Liana

Phylantaceae Phylantus sp. Quebra-pedra NR Erva

Terrestre

Picraminiaceae Picramnia ramiflora

Planch. Cedrinho Auto Árvore

Page 88: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Piperaceae Peperomia

corcovadensis Gardner Erva-de-vidro Zoo Erva Epífita

Piperaceae Peperomia

mandioccana Miq. Erva-de-vidro Zoo Erva Epífita

Piperaceae Piper anisum

(Spreng.)Angely Zoo Árvore

Piperaceae Piper cernuum Vell.

Zoo Árvore

Piperaceae Piper

gaudichaudianum

Kunth

Zoo Árvore

Piperaceae Piper malacophyllum

(C. Presl) C. DC. Zoo Árvore

Piperaceae Piper

pubisubmarginalum

Yunck.

Zoo Árvore

Piperaceae Piper umbellatum L.

Zoo Árvore

Poaceae Andropogon bicornis

L. Capim-rabo-

de-burro Anemo

Erva Terrestre

Poaceae Eragrostis pilosa (L.)

P.Beauv. Capim-meloso

Anemo Erva

Terrestre

Poaceae Merostachis sp. Bambu Zoo Erva

Terrestre

Rosaceae Eriobotrya japonica

(Thunb.) Lindl. Ameixa Zoo Árvore

Rosaceae Rubus rosifolius Sm. Morango-silvestre

Zoo Erva

Terrestre

Rubiaceae Bathysa cuspidata (St.

Hil.) Hook. f. Fumão Zoo Árvore

Rubiaceae Borreria verticillata

(L.) G. Mey. Erva-de-rato Zoo

Erva Terrestre

Rubiaceae Coccocypselum

lanceolatum (Ruiz & Pav.) Pers.

Erva-de-rato Zoo Erva

Terrestre

Rubiaceae Galium hypocarpium (L.) Endl. ex Griseb.

Erva-de-rato Zoo Erva

Terrestre

Rubiaceae Ladenbergia hexandra

(Pohl) Klotzsch Zoo Árvore

Rubiaceae Palicourea marcgravii

A. St.-Hil. Erva-de-rato Zoo Arbusto

Rubiaceae Psychotria

carthagenensis Jacq. Erva-de-rato Zoo Arbusto

Rubiaceae Psychotria

malaneoides Müll. Arg.

Erva-de-rato Zoo Arbusto

Page 89: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Rubiaceae Psychotria nuda

(Cham. & Schltdl.) Wawra

Erva-de-rato Zoo Arbusto

Rubiaceae Psychotria

rhytidocarpa Müll. Arg.

Erva-de-rato Zoo Arbusto

Rubiaceae Psychotria sp1 Erva-de-rato Zoo Arbusto

Rubiaceae Psychotria sp2 Erva-de-rato Zoo Arbusto

Rubiaceae Psychotria vellosiana

Benth. Zoo Árvore

Rutaceae Citrus limonia Osbeck Limão-cravo Zoo Árvore

Salicaceae Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga NR Árvore

Siparunaceae Siparuna guianensis

Aubl. Limão-bravo Zoo Árvore

Solanaceae Athenaea sp.

Zoo Erva

Terrestre

Solanaceae Brunfelsia sp.

Zoo Arbusto

Solanaceae Solanum cernuum Vell. Braço-de-preguiça

Zoo Arbusto

Solanaceae Solanum hexandrum

Vell. Zoo Arbusto

Solanaceae Solanum lycocarpum

A.St.-Hil. Lobeira Zoo Árvore

Solanaceae Solanum scuticum

M.Nee Juá Zoo

Erva Terrestre

Solanaceae Solanum sp.

Zoo Árvore

Solanaceae Solanum swartzianum

Roem. & Schult. Jurubeba Zoo Árvore

Thymelaeaceae Daphne sp.

NR Árvore

Typhaceae Typha domingensis

Pers. Taboa Anemo

Erva Paludosa

Urticaceae Cecropia glaziovii

Snethl. Embaúba Zoo Árvore

Urticaceae Cecropia hololeuca

Miq. Embaúba-

branca Zoo Árvore

Urticaceae Cecropia pachystachya

Trécul Embaúba Zoo Árvore

Verbenaceae Lantana camara L. Cambará Anemo Arbusto Verbenaceae Lippia sp1 Gervão Anemo Arbusto Verbenaceae Lippia sp2 Gervão Anemo Arbusto

Page 90: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Verbenaceae Stachytarpheta

cayennensis (Rich.) Vahl

Gervão Anemo Erva

Terrestre

Viollaceae Anchietea salutaris A.

St.-Hil. Anemo Liana

Vochisiaceae Vochysia tucanorum

Mart. Pau-tucano Anemo Árvore

Zingiberaceae Hedychium

coronarium J.Koenig Lírio-do-

brejo NR

Erva Paludosa

Pteridófitas

Anemiaceae Anemia phyllitidis (L.)

Sw. Samambaia-de-Semente

Auto Erva

Terrestre

Anemiaceae Anemia raddiana Link Samambaia-de-Semente

Auto Erva

Terrestre

Anemiaceae Anemia villosa Humb.

& Bonpl. ex Willd. Samambaia-de-Semente

Auto Erva

Terrestre

Aspleniaceae Asplenium claussenii

Hieron. Samambaia Auto

Erva Terrestre

Aspleniaceae Asplenium

praemorsum Sw. Samambaia Auto

Erva Rupícola

Aspleniaceae Asplenium

scandicinum Kaulf. Samambaia Auto Erva Epífita

Aspleniaceae Asplenium sp1 Samambaia Auto Erva Epífita

Aspleniaceae Asplenium sp2 Samambaia Auto Erva Epífita

Blechnaceae Blechnum binervatum subsp. acutum (Desv.) R.M. Tryon & Stolze

Samambaia Auto Erva

Terrestre

Blechnaceae Blechnum brasiliense

Desv. Samambaia Auto

Erva Terrestre

Blechnaceae Blechnum cordatum

(Desv.) Hieron. Samambaia Auto

Erva Terrestre

Blechnaceae Blechnum occidentale

L. Samambaia Auto

Erva Terrestre

Blechnaceae Blechnum

polypodioides Raddi Samambaia Auto

Erva Terrestre

Cyatheaceae Cyathea delgadii

Sternb. Samambaiuçu Auto Arborescente

Cyatheaceae Cyathea phalerata

Mart. Samambaiuçu Auto Arborescente

Page 91: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Cyatheaceae Cyathea sp. Samambaiuçu Auto Arborescente

Cyatheaceae Sphaeropteris gardneri

(Hook.) R.M. Tryon Samambaiuçu Auto Arborescente

Dennstaedtiaceae Pteridium

arachnoideum (Kaulf.) Maxon

Samambaião Auto Erva

Terrestre

Dryopteridaceae Arachniodes

denticulata (Sw.) Ching

Samambaia Auto Erva

Terrestre

Dryopteridaceae Ctenitis aspidioides

(C.Presl) Copel. Samambaia Auto

Erva Terrestre

Dryopteridaceae Didymochlaena

truncatula (Sw.) J. Sm. Samambaia Auto

Erva Terrestre

Dryopteridaceae Elaphoglossum sp.

Auto Erva

Rupícola

Dryopteridaceae Lastreopsis amplissima

(C. Presl) Tindale Samambaia Auto

Erva Terrestre

Dryopteridaceae

Megalastrum

inaequale (Kaulf. ex Link) A.R. Sm. & R.C.

Moran

Samambaia Auto Erva

Terrestre

Dryopteridaceae Mickelia guianensis (Aubl.) R.C. Moran,

Sundue & Labiak

Auto Liana

Dryopteridaceae Polystichum

montevidense (Spreng.) Rosenst.

Auto

Erva Terrestre

Hymenophyllaceae Hymenophyllum

asplenioides (Sw.) Sw. Auto Erva Epífita

Hymenophyllaceae Hymenophyllum

polyanthos Sw. Auto Erva Epífita

Hymenophyllaceae Hymenophyllum sp.

Auto Erva Epífita

Hymenophyllaceae Polyphlebium

angustatum (Carmich.) Ebihara & Dubuisson

Auto Erva Epífita

Lycopodiaceae Huperzia reflexa (Lam.) Trevis.

Auto Erva

Terrestre

Lycopodiaceae Lycopodiella cernua

(L.) Pic.Serm. Auto

Erva Terrestre

Lycopodiaceae Lycopodium clavatum

L. Auto

Erva Terrestre

Lycopodiaceae Lycopodium thyoides Humb. & Bonpl. ex

Willd.

Auto Erva

Terrestre

Page 92: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Lygodiaceae Lygodium volubile Sw.

Auto Liana

Marattiaceae Danaea nodosa (L.)

Sm. Auto

Erva Terrestre

Marattiaceae Eupodium kaulfussii (J.

Sm.) Hook. Auto

Erva Terrestre

Osmundaceae Osmunda regalis L. Samambaia-

real Auto

Erva Terrestre

Polypodiaceae Campyloneurum

acrocarpon Fée Auto Erva Epífita

Polypodiaceae Campyloneurum

nitidum (Kaulf.) C.Presl

Auto Erva Epífita

Polypodiaceae Campyloneurum

phyllitidis (L.) C.Presl Auto Erva Epífita

Polypodiaceae Cochlidium punctatum

(Raddi) L.E. Bishop Auto Erva Epífita

Polypodiaceae

Lellingeria apiculata (Kunze ex Klotzsch)

A.R. Sm. & R.C. Moran

Auto Erva Epífita

Polypodiaceae

Melpomene pilosissima (M. Martens &

Galeotti) A.R. Sm. & R.C. Moran

Auto Erva Epífita

Polypodiaceae Microgramma

squamulosa (Kaulf.) de la Sota

Auto Erva Epífita

Polypodiaceae Niphidium crassifolium

(L.) Lellinger Auto Erva Epífita

Polypodiaceae Pecluma

pectinatiformis (Lindm.) M.G. Price

Samambaia Auto Erva Epífita

Polypodiaceae Phlebodium

pseudoaureum (Cav.) Lellinger

Samambaia Auto Erva Epífita

Polypodiaceae Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.Fourn.

Auto Erva Epífita

Polypodiaceae Pleopeltis macrocarpa (Bory ex Willd.) Kaulf.

Auto Erva Epífita

Polypodiaceae Serpocaulon triseriale

(Sw.) A. R. Sm. Samambaia Auto Erva Epífita

Polypodiaceae Terpsichore

achilleifolia (Kaulf.) A.R. Sm.

Auto Erva Epífita

Pteridaceae Doryopteris collina

(Raddi) J. Sm. Auto

Erva Terrestre

Page 93: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Pteridaceae Doryopteris majestosa

Yesilyurt Auto

Erva Terrestre

Pteridaceae Eriosorus insignis

(Kuhn) A.F.Tryon Auto

Erva Terrestre

Pteridaceae Hemionitis tomentosa

(Lam.) Raddi Auto

Erva Terrestre

Pteridaceae Pteris brasiliensis

Raddi Samambaia Auto

Erva Terrestre

Pteridaceae Pteris decurrens

C.Presl Samambaia Auto

Erva Terrestre

Pteridaceae Pteris sp1 Samambaia Auto Erva

Terrestre

Pteridaceae Pteris sp2 Samambaia Auto Erva

Terrestre

Pteridaceae Pteris sp3 Samambaia Auto Erva

Terrestre

Pteridaceae Pteris sp4 Samambaia Auto Erva

Terrestre

Pteridaceae Pteris splendens Kaulf. Samambaia Auto Erva

Terrestre

Selaginellaceae Selaginella sp1

Auto Erva

Terrestre

Selaginellaceae Selaginella sp2

Auto Erva

Terrestre

Thelypteridaceae Macrothelypteris

torresiana (Gaudich.) Ching

Samambaia Auto Erva

Terrestre

Thelypteridaceae Thelypteris dentata

(Forssk.) E.P.St.John Samambaia Auto

Erva Terrestre

Thelypteridaceae Thelypteris longifolia

(Desv.) R.M.Tryon Samambaia Auto

Erva Terrestre

Thelypteridaceae Thelypteris sp. Samambaia Auto Erva

Terrestre

Woodsiaceae Deparia petersenii

(Kunze) M. Kato Samambaia Auto

Erva Terrestre

Woodsiaceae Diplazium leptocarpon

Fée Samambaia Auto

Erva Terrestre

Woodsiaceae Diplazium sp. Samambaia Auto Erva

Terrestre

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 94: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

A RPPN Alto da Boa Vista encontra-se inserida no domínio Mata Atlântica e

possui cinco fitofisionomias: Floresta Estacional Semidecidual Montana, Campo de

Altitude, Mata Nebular, Brejo e Áreas Antropizadas.

- Floresta Estacional Semidecidual (Figura 2 D-E)

Tipo de vegetação florestal com dossel superior a 4m, menor abundância de

epífitas e densidade variável de lianas e bambus, sempre associada a dupla

estacionalidade climática, uma época chuvosa e outra com estiagens acentuadas (IBGE

1991, Scolforo & Carvalho 2008).

Na área apresenta-se em diversos estágios serais. Nas áreas mais baixas ocorre

em estágio inicial a intermediário de sucessão com dossel médio de 6 a 8m com aspecto

de paliteiro e nas áreas acima de 1200m de altitude apresenta-se em estágio avançando

de sucessão ou ainda podendo-se considerar como uma floresta madura uma vez que

apresenta dossel de 10 a 12m com algumas epífitas associadas.

64: Tabela 2: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes na Floresta Estacional

Semidecidual da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista,

Descoberto, Minas Gerais. * espécies com prioridade para conservação.

Família Espécie Nome-popular

Angiospermas Acanthaceae Mendoncia coccinea Vell.

Alstroemeriaceae Alstroemeria fuscovinosa

Ravenna*

Annonaceae Guatteria sellowiana Schltdl.* Embira Annonaceae Guatteria sp. Embira

Annonaceae Rollinia dolabripetala (Raddi)

R.E. Fr. Embira

Annonaceae Xylopia brasiliensis Spreng.* Casca-de-

barata

Apocynaceae Aspidosperma olivaceum Müll.

Arg.* Peroba

Araceae Anthurium sp. Antúrio

Araliaceae Hydrocotyle quinqueloba Ruiz &

Pav.

Araliaceae Schefflera sp. Cheflera

Arecaceae Attalea dubia (Mart.) Burret* Indaiá

Page 95: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Arecaceae Geonoma schottiana Mart.*

Asteraceae Baccharis glaziovii Baker Carqueja

Asteraceae Baccharis sp.

Asteraceae Cyrtocymura scorpioides (Lam.)

H.Rob. Capichingui

Asteraceae Eremanthus erythropappus (DC.)

MacLeish* Candeia

Bromeliaceae Aechmea nudicaulis (L.) Griseb. Bromélia

Bromeliaceae Aechmea ramosa Mart. ex Schult.

f.* Bromélia

Bromeliaceae Billbergia sp. Bromélia Bromeliaceae Tillandsia gardneri Lindl. Bromélia Bromeliaceae Tillandsia geminiflora Brongn. Bromélia Bromeliaceae Vriesea sp. Bromélia

Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.)

Marchand Almecega

Cannabaceae Celtis pubescens (Kunth) Spreng. Grão-de-galo Cannabaceae Trema micrantha (L.)Blume Grão-de-galo

Chloranthaceae Hedyosmum brasiliense Miq. Chá-de-bugre Clethraceae Clethra scabra Pers. Peroba

Clusiaceae Vismia magnoliifolia Cham. &

Schltdl. Pau-de-Lacre

Convolvulaceae Ipomoea sp. Campainha Dilleniaceae Davilla rugosa Poir. Cipó-caboclo

Dioscoreaceae Dioscorea sp.

Elaeocarpaceae Sloanea monosperma Vell.* Ouriçeiro

Euphorbiaceae Alchornea triplinervia (Spreng.)

Müll. Arg. Pau-jangada

Euphorbiaceae Croton urucurana Baill. Sangra-d'água

Fabaceae Inga sp. Ingá

Fabaceae Machaerium aculeatum Raddi* Jacarandá-

bico-de-pato

Fabaceae Machaerium scleroxylon Tul. Caviuna

Fabaceae Piptadenia gonoacantha (Mart.)

J.F. Macbr. Pau-jacaré

Fabaceae Schizolobium parahyba (Vell.)

S.F. Blake Guapuruvú

Fabaceae Senna multijuga (Rich.) H.S.Irwin & Barneby

Fedegoso

Page 96: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Fabaceae Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin

& Barneby Fedegoso

Lauraceae Nectandra sp1 Canela Lauraceae Nectandra sp2 Canela

Marcgraviaceae Marcgravia polyantha Delpino

Melastomataceae Miconia discolor DC.

Melastomataceae Miconia ferruginea (Desr.) DC.

Melastomataceae Miconia sp.

Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Canjerana

Meliaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. Mamica-de-

porca

Monimiaceae Mollinedia sp2

Moraceae Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.

Burger, Lanj. & Wess. Boer Espinheira-

santa

Myrsinaceae Rapanea ferruginea (Ruiz &

Pav.) Mez Pororoca

Myrsinaceae Rapanea umbellata (Mart.) Mez Pororocão Myrtaceae Myrcia splendens (Sw.) DC. Guamirim Ochnaceae Ouratea parvifolia Engl.

Onagraceae Fuchsia regia (Vell.) Munz Brinco-de-princesa

Orchidaceae Oeceoclades maculata (Lindl.)

Lindl. Orquídea

Orchidaceae Phymatidium hysteranthum Barb.

Rodr.* Orquídea

Picraminiaceae Picramnia ramiflora Planch. Cedrinho

Piperaceae Peperomia corcovadensis

Gardner Erva-de-vidro

Piperaceae Peperomia mandioccana Miq. Erva-de-vidro Piperaceae Piper anisum (Spreng.)Angely

Piperaceae Piper cernuum Vell.

Piperaceae Piper gaudichaudianum Kunth

Piperaceae Piper malacophyllum (C. Presl)

C. DC.

Piperaceae Piper pubisubmarginalum Yunck.

Piperaceae Piper umbellatum L.

Rubiaceae Palicourea marcgravii A. St.-Hil. Erva-de-rato Rubiaceae Psychotria sp1 Erva-de-rato Rubiaceae Psychotria sp2 Erva-de-rato Rubiaceae Psychotria vellosiana Benth.

Salicaceae Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga

Solanaceae Solanum cernuum Vell. Braço-de-preguiça

Page 97: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Solanaceae Solanum sp.

Solanaceae Solanum swartzianum Roem. &

Schult.* Jurubeba

Urticaceae Cecropia glaziovii Snethl. Embaúba

Urticaceae Cecropia hololeuca Miq. Embaúba-

branca

Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul Embaúba Verbenaceae Lantana camara L. Cambará Viollaceae Anchietea salutaris A. St.-Hil.

Vochisiaceae Vochysia tucanorum Mart.* Pau-tucano

Pteridófitas

Anemiaceae Anemia phyllitidis (L.) Sw. Samambaia-de-Semente

Aspleniaceae Asplenium claussenii Hieron. Samambaia

Aspleniaceae Asplenium scandicinum Kaulf.* Samambaia

Blechnaceae Blechnum cordatum (Desv.)

Hieron. Samambaia

Cyatheaceae Cyathea delgadii Sternb. Samambaiuçu

Cyatheaceae Cyathea phalerata Mart. Samambaiuçu

Dryopteridaceae Ctenitis aspidioides (C.Presl)

Copel. Samambaia

Dryopteridaceae Didymochlaena truncatula (Sw.)

J. Sm. Samambaia

Dryopteridaceae Lastreopsis amplissima (C. Presl)

Tindale Samambaia

Dryopteridaceae Megalastrum inaequale (Kaulf.

ex Link) A.R. Sm. & R.C. Moran*

Samambaia

Dryopteridaceae Mickelia guianensis (Aubl.) R.C.

Moran, Sundue & Labiak

Dryopteridaceae Polystichum montevidense

(Spreng.) Rosenst.*

Hymenophyllaceae Hymenophyllum polyanthos Sw.

Hymenophyllaceae Polyphlebium angustatum

(Carmich.) Ebihara & Dubuisson*

Lycopodiaceae Lycopodium clavatum L.

Polypodiaceae Campyloneurum acrocarpon Fée

Polypodiaceae Campyloneurum nitidum (Kaulf.)

C.Presl

Page 98: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Polypodiaceae Campyloneurum phyllitidis (L.)

C.Presl

Polypodiaceae Lellingeria apiculata (Kunze ex

Klotzsch) A.R. Sm. & R.C. Moran*

Polypodiaceae Melpomene pilosissima (M.

Martens & Galeotti) A.R. Sm. & R.C. Moran*

Polypodiaceae Microgramma squamulosa

(Kaulf.) de la Sota

Polypodiaceae Niphidium crassifolium (L.)

Lellinger

Polypodiaceae Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.

Fourn.

Polypodiaceae Serpocaulon triseriale (Sw.) A.

R. Sm. Samambaia

Pteridaceae Doryopteris majestosa Yesilyurt

Pteridaceae Hemionitis tomentosa (Lam.)

Raddi

Pteridaceae Pteris splendens Kaulf. Samambaia

- Campo de Altitude (Figura 2 F-G)

Vegetação típica dos pontos mais elevados de montanhas soerguidas no

Terciário (Serras do Mar e da Mantiqueira), estando geralmente situados acima de 1.500

m de altitude e associados a rochas ígneas ou metamórficas, como granito e gnaisse.

((Segadas-Vianna 1965, Petri & Fúlfaro 1988, Martinelli & Orleans e Bragança 1996,

Giulietti et al. 1997, Safford 1999a, Caiafa & Silva 2005, Alves et al. 2007,

Vasconcelos 2011). Porém existem áreas como Parque Estadual da Serra do Mar, no

Núcleo Curucutu, que ocorrem em cotas mais baixas, entre 750 m e 850 m de altitude

(Garcia & Pirani 2003, 2005, Vasconcelos, 2011).

Na RPPN Alto da Boa Vista esta fitofisionomia é encontrada apenas no cume da

serra acima dos 1400m de altitude, apresenta pequena extensão, porém é uma das

fitofisionomias mais conservadas da área. Ressalta-se contudo que a maior parte dessa

fitofisionomia na Serra do Relógio encontra-se fora da área da RPPN Alto da Boa Vista.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 99: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

65: Tabela 3: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes no Campo de Altitude

da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas

Gerais. * espécies com prioridade para conservação.

Família Espécie Nome-

popular

Angiospermas

Amaryllidaceae Hippeastrum glaucescens Mart.* Lírio

Apocynaceae Mandevilla atroviolacea

(Stadelm.) Woodson

Asteraceae Baccharis glaziovii Baker Carqueja

Asteraceae Baccharis sp.

Bromeliaceae Alcantarea imperialis (Carrière)

Harms* Bromélia

Bromeliaceae Billbergia sp. Bromélia

Bromeliaceae Pitcairnia curvidens L.B. Sm. &

Read* Bromélia

Bromeliaceae Pitcairnia flammea Lindl. Bromélia

Bromeliaceae Tillandsia gardneri Lindl. Bromélia Bromeliaceae Vriesea bituminosa Wawra Bromélia

Bromeliaceae Vriesea heterostachys (Baker)

L.B.Sm.* Bromélia

Bromeliaceae Vriesea sp. Bromélia

Commelinaceae Dichorisandra thyrsiflora J.C.

Mikan Trapoeraba

Cunoniaceae Weinmannia paulliniifolia Pohl* Gramimunha

Ericaceae Gaultheria eriophylla (Pers.)

Sleumer ex Burtt*

Ericaceae Gaylussacia sp.*

Fabaceae Senna macranthera (DC. ex

Collad.) H.S.Irwin & Barneby Fedegoso

Gesneriaceae Nematanthus lanceolatus (Poir.)

Chautems* Peixinho

Gesneriaceae Nematanthus strigillosus (Mart.)

H.E. Moore* Peixinho

Gesneriaceae Sinningia magnifica (Otto & A.

Dietr.) Wiehler Peixinho

Hypoxidaceae Hypoxis decumbens L. Falsa-tiririca

Melastomataceae Tibouchina sp. Quaresmeira

Page 100: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Onagraceae Fuchsia regia (Vell.) Munz Brinco-de-princesa

Orchidaceae Epidendrum secundum Jacq. Orquídea

Orchidaceae Oeceoclades maculata (Lindl.)

Lindl. Orquídea

Orchidaceae Zygopetalum mackaii Hook.* Orquídea

Poaceae Andropogon bicornis L. Capim-rabo-

de-burro

Rubiaceae Borreria verticillata (L.) G. Mey. Erva-de-rato

Solanaceae Athenaea sp.

Solanaceae Solanum scuticum M.Nee Juá

Verbenaceae Lantana camara L. Cambará Verbenaceae Lippia sp1 Gervão Verbenaceae Lippia sp2 Gervão

Verbenaceae Stachytarpheta cayennensis

(Rich.) Vahl Gervão

Pteridófitas

Anemiaceae Anemia raddiana Link Samambaia-de-Semente

Anemiaceae Anemia villosa Humb. & Bonpl.

ex Willd. Samambaia-de-Semente

Aspleniaceae Asplenium sp1 Samambaia Aspleniaceae Asplenium sp2 Samambaia

Blechnaceae Blechnum occidentale L. Samambaia

Blechnaceae Blechnum polypodioides Raddi Samambaia

Dryopteridaceae Arachniodes denticulata (Sw.)

Ching* Samambaia

Dryopteridaceae Elaphoglossum sp.

Lycopodiaceae Huperzia reflexa (Lam.) Trevis.

Lycopodiaceae Lycopodiella cernua (L.)

Pic.Serm.

Lycopodiaceae Lycopodium clavatum L.

Lycopodiaceae Lycopodium thyoides Humb. &

Bonpl. ex Willd.*

Page 101: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Polypodiaceae Microgramma squamulosa

(Kaulf.) de la Sota

Polypodiaceae Niphidium crassifolium (L.)

Lellinger

Polypodiaceae Phlebodium pseudoaureum (Cav.)

Lellinger Samambaia

Polypodiaceae Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.

Fourn.

Pteridaceae Doryopteris collina (Raddi) J.

Sm.*

Pteridaceae Eriosorus insignis (Kuhn)

A.F.Tryon*

Pteridaceae Pteris brasiliensis Raddi Samambaia

- Mata Nebular (Floresta Ombrófila Densa Altomontana)

Vegetação tipicamente úmida, localizada nas partes altas das montanhas

geralmente envolta por densas nuvens, apresentando acumulações turfosas nas

depressões, composta por espécies de pequeno porte, e árvores com troncos retorcidos e

galhos finos cobertos por musgos e epífitas (IBGE 1991)

Na RPPN Alto da Boa Vista ocorre apenas em uma pequena mancha no cume da

Serra do Relógio e apresenta-se bem conservada.

66: Tabela 4: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes na Mata Nebular da

Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas Gerais.

* espécies com prioridade para conservação.

Família Espécie Nome-

popular

Angiospermas

Alstroemeriaceae Alstroemeria fuscovinosa

Ravenna*

Annonaceae Guatteria sellowiana Schltdl.* Embira Annonaceae Guatteria sp. Embira

Annonaceae Rollinia dolabripetala (Raddi)

R.E. Fr. Embira

Araceae Anthurium scandens (Aubl.)

Engl. Antúrio

Araceae Anthurium sp. Antúrio

Asteraceae Baccharis glaziovii Baker Carqueja

Page 102: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Asteraceae Cyrtocymura scorpioides (Lam.)

H.Rob. Capichingui

Asteraceae Eremanthus erythropappus (DC.)

MacLeish* Candeia

Begoniaceae Begonia sp. Begonia

Bromeliaceae Aechmea nudicaulis (L.) Griseb. Bromélia Bromeliaceae Billbergia sp. Bromélia Bromeliaceae Tillandsia gardneri Lindl. Bromélia Bromeliaceae Tillandsia geminiflora Brongn. Bromélia Bromeliaceae Vriesea bituminosa Wawra* Bromélia

Bromeliaceae Vriesea heterostachys (Baker)

L.B.Sm.* Bromélia

Bromeliaceae Vriesea sp. Bromélia Cactaceae Hatiora sp*.

Clusiaceae Vismia magnoliifolia Cham. &

Schltdl. Pau-de-Lacre

Cunoniaceae Weinmannia paulliniifolia Pohl Gramimunha Elaeocarpaceae Sloanea monosperma Vell. Ouriçeiro

Fabaceae Inga sp. Ingá

Gentianaceae Macrocarpaea obtusifolia

(Griseb.) Gilg*

Gesneriaceae Nematanthus lanceolatus (Poir.)

Chautems* Peixinho

Gesneriaceae Nematanthus strigillosus (Mart.)

H.E. Moore* Peixinho

Iridaceae Cipura sp. Íris

Lauraceae Nectandra sp1 Canela Marcgraviaceae Marcgravia polyantha Delpino

Melastomataceae Miconia discolor DC.

Myrsinaceae Rapanea ferruginea (Ruiz &

Pav.) Mez Pororoca

Myrsinaceae Rapanea umbellata (Mart.) Mez Pororocão Myrtaceae Myrcia splendens (Sw.) DC. Guamirim Ochnaceae Ouratea parvifolia Engl.

Onagraceae Fuchsia regia (Vell.) Munz Brinco-de-princesa

Orchidaceae Octomeria sp. Orquídea

Orchidaceae Phymatidium hysteranthum Barb.

Rodr.* Orquídea

Phylantaceae Phylantus sp. Quebra-

pedra

Page 103: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Piperaceae Peperomia corcovadensis

Gardner Erva-de-

vidro

Piperaceae Peperomia mandioccana Miq. Erva-de-

vidro Rubiaceae Psychotria vellosiana Benth.

Salicaceae Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga

Vochisiaceae Vochysia tucanorum Mart.* Pau-tucano Pteridófitas

Anemiaceae Anemia phyllitidis (L.) Sw. Samambaia-de-Semente

Aspleniaceae Asplenium claussenii Hieron. Samambaia

Aspleniaceae Asplenium scandicinum Kaulf.* Samambaia

Dryopteridaceae Ctenitis aspidioides (C.Presl)

Copel. Samambaia

Dryopteridaceae Lastreopsis amplissima (C. Presl)

Tindale* Samambaia

Dryopteridaceae Mickelia guianensis (Aubl.) R.C.

Moran, Sundue & Labiak

Dryopteridaceae Polystichum montevidense

(Spreng.) Rosenst.*

Hymenophyllaceae Hymenophyllum polyanthos Sw.

Lycopodiaceae Lycopodium clavatum L.

Lycopodiaceae Lycopodium thyoides Humb. &

Bonpl. ex Willd.*

Polypodiaceae Campyloneurum acrocarpon Fée

Polypodiaceae Campyloneurum phyllitidis (L.)

C.Presl

Polypodiaceae Cochlidium punctatum (Raddi)

L.E. Bishop*

Polypodiaceae Lellingeria apiculata (Kunze ex

Klotzsch) A.R. Sm. & R.C. Moran*

Polypodiaceae Melpomene pilosissima (M.

Martens & Galeotti) A.R. Sm. & R.C. Moran*

Polypodiaceae Microgramma squamulosa

(Kaulf.) de la Sota

Polypodiaceae Niphidium crassifolium (L.)

Lellinger

Polypodiaceae Pecluma pectinatiformis (Lindm.)

M.G. Price* Samambaia

Polypodiaceae Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.

Fourn.

Page 104: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Polypodiaceae Serpocaulon triseriale (Sw.) A.

R. Sm. Samambaia

Polypodiaceae Terpsichore achilleifolia (Kaulf.)

A.R. Sm.

Pteridaceae Pteris splendens Kaulf. Samambaia

- Brejo (Figura 2 H-I)

Trata-se de comunidades vegetais alagáveis predominantemente herbáceas

associadas aos cursos d'água, inundados periodicamente durante o período de chuvas e

que permanecem úmidos durante a estação seca. Ocupam terrenos de topografia plana

de solos aluviais, dispostos ao longo de cursos d'água, pode ocorrer o acúmulo

permanente de água onde desenvolve-se uma comunidade de plantas e animais

adaptados a esse ambiente (IBGE 1991, Scolforo & Carvalho 2008).

Na área da RPPN Alto da Boa Vista encontra-se brejo pequenos geralmente

associados a pequenos cursos d’água e geralmente sem monodominância de uma

espécie, estes ocorrem desde 1000 a 1200m de altitude e encontram-se bem

conservados. Existe também um grande Brejo localiza-do próximo ao abrigo de

montanha, este apresenta uma monodominância de Typha dominguensis, porém nas

bordas outras espécies aparecem associadas, este local encontra-se antropizado, porém

sem grandes descaracterizações de sua conformação dita como original.

67: Tabela 5: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes nos Brejos da Reserva

Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas Gerais.

* espécies com prioridade para conservação.

Família Espécie Nome-popular

Angiospermas

Acanthaceae Aphelandra squarrosa Nees*

Acanthaceae Thunbergia alata Bojer ex Sims Cu-de-crioulo

Alstroemeriaceae Alstroemeria fuscovinosa

Ravenna*

Araliaceae Hydrocotyle quinqueloba Ruiz &

Pav.

Asteraceae Baccharis glaziovii Baker Carqueja

Page 105: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Asteraceae Baccharis sp.

Asteraceae Mikania sp. Guaco

Bignoniaceae Cybistax antisyphilitica (Mart.)

Mart.* Ipê-Verde

Burmaniaceae Gymnosiphon sp.*

Campanulaceae Centropogon cornutus (L.)Druce

Campanulaceae Lobelia sp.

Chloranthaceae Hedyosmum brasiliense Miq. Chá-de-bugre Clusiaceae Clusia sp1

Clusiaceae Clusia sp2

Clusiaceae Vismia magnoliifolia Cham. &

Schltdl. Pau-de-Lacre

Commelinaceae Commelina erecta L. Trapoeraba

Commelinaceae Dichorisandra thyrsiflora J.C.

Mikan Trapoeraba

Costaceae Costus spiralis (Jacq.) Roscoe Cana-de-macaco

Euphorbiaceae Croton urucurana Baill.* Sangra-d'água

Fabaceae Inga sessilis (Vell.) Mart.* Ingá

Gentianaceae Voyria aphylla (Jacq.)Pers.*

Gesneriaceae Besleria meridionalis C.V.

Morton*

Heliconiaceae Heliconia sp.* Falsa-ave-do-

paraíso

Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Canjerana

Myrsinaceae Rapanea ferruginea (Ruiz &

Pav.) Mez Pororoca

Myrsinaceae Rapanea umbellata (Mart.) Mez Pororocão

Orchidaceae Oeceoclades maculata (Lindl.)

Lindl. Orquídea

Rubiaceae Borreria verticillata (L.) G. Mey. Erva-de-rato

Rubiaceae Coccocypselum lanceolatum

(Ruiz & Pav.) Pers. Erva-de-rato

Siparunaceae Siparuna guianensis Aubl. Limão-bravo Solanaceae Solanum hexandrum Vell.

Page 106: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Solanaceae Solanum swartzianum Roem. &

Schult. Jurubeba

Typhaceae Typha domingensis Pers. Taboa

Verbenaceae Lantana camara L. Cambará

Verbenaceae Stachytarpheta cayennensis

(Rich.) Vahl Gervão

Zingiberaceae Hedychium coronarium J.Koenig Lírio-do-

brejo

Pteridófitas

Blechnaceae Blechnum binervatum subsp.

acutum (Desv.) R.M. Tryon & Stolze*

Samambaia

Blechnaceae Blechnum brasiliense Desv. Samambaia

Blechnaceae Blechnum cordatum (Desv.)

Hieron. Samambaia

Cyatheaceae Cyathea delgadii Sternb. Samambaiuçu

Cyatheaceae Cyathea phalerata Mart. Samambaiuçu

Dryopteridaceae Didymochlaena truncatula (Sw.)

J. Sm. Samambaia

Marattiaceae Danaea nodosa (L.) Sm.

Osmundaceae Osmunda regalis L. Samambaia-

real

Polypodiaceae Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.

Fourn.

Polypodiaceae Pleopeltis macrocarpa (Bory ex

Willd.) Kaulf.

- Área antropizada (Figura 2 K-L)

São áreas com grande intervenção humana que foram abandonadas, tendo sua

vegetação original totalmente descaracterizada não podendo ser definida.

Na área da RPPN Alto da Boa Vista estas se encontram nas áreas mais baixas

onde houve uso para fins agropecuários no passado, hoje estas áreas encontram-se em

regeneração natural.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 107: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

68: Tabela 6: Famílias e Espécies com Nome-popular ocorrentes na Área Antropizada

da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas

Gerais. * espécies com prioridade para conservação.

Família Espécie Nome-

popular

Angiospermas Acanthaceae Thunbergia alata Bojer ex Sims Cu-de-crioulo

Agavaceae Furcraea foetida (L.) Haw. Piteira

Apocynaceae Asclepias curassavica L. Oficial-de-

sala

Araliaceae Hydrocotyle quinqueloba Ruiz &

Pav.

Arecaceae Attalea dubia (Mart.) Burret* Indaiá

Asteraceae Baccharis glaziovii Baker Carqueja

Asteraceae Baccharis sp.

Asteraceae Mikania sp. Guaco

Asteraceae Vernonanthura phosphorica

(Vell.) H.Rob. Assa-peixe

Bromeliaceae Aechmea ramosa Mart. ex Schult.

f. Bromélia

Clethraceae Clethra scabra Pers.* Peroba

Clusiaceae Vismia magnoliifolia Cham. &

Schltdl.* Pau-de-Lacre

Convolvulaceae Ipomoea sp. Campainha

Costaceae Costus spiralis (Jacq.) Roscoe Cana-de-macaco

Dilleniaceae Davilla rugosa Poir. Cipó-caboclo Dioscoreaceae Dioscorea sp.

Euphorbiaceae Ricinus communis L. Mamona

Fabaceae Piptadenia gonoacantha (Mart.)

J.F. Macbr. Pau-jacaré

Fabaceae Schizolobium parahyba (Vell.)

S.F. Blake* Guapuruvú

Fabaceae Senna macranthera (DC. ex

Collad.) H.S.Irwin & Barneby Fedegoso

Fabaceae Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin

& Barneby Fedegoso

Hypoxidaceae Hypoxis decumbens L. Falsa-tiririca

Page 108: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Iridaceae Cipura sp. Íris

Iridaceae Neomarica candida (Hassl.)

Sprague Íris

Malvaceae Pavonia communis A. St.-Hil. Vassoura

Malvaceae Triumfetta sp. Vassoura

Melastomataceae Tibouchina cardinalis Cogn.* Quaresmeira Menispermaceae Abuta sp.

Musaceae Musa paradisiaca L. Bananeira

Myrsinaceae Rapanea ferruginea (Ruiz &

Pav.) Mez Pororoca

Myrsinaceae Rapanea umbellata (Mart.) Mez Pororocão Myrtaceae Eucalyptus sp. Eucalipto

Myrtaceae Myrciaria cauliflora (Mart.) O.

Berg Jabuticaba

Myrtaceae Psidium guajava L. Goiaba

Onagraceae Fuchsia regia (Vell.) Munz Brinco-de-princesa

Orchidaceae Oeceoclades maculata (Lindl.)

Lindl. Orquídea

Passifloraceae Passiflora speciosa Gardner* Maracujá Piperaceae Piper cernuum Vell.

Poaceae Andropogon bicornis L. Capim-rabo-

de-burro

Poaceae Eragrostis pilosa (L.) P.Beauv. Capim-meloso

Rosaceae Eriobotrya japonica (Thunb.)

Lindl. Ameixa

Rosaceae Rubus rosifolius Sm. Morango-silvestre

Rubiaceae Borreria verticillata (L.) G. Mey. Erva-de-rato

Rubiaceae Coccocypselum lanceolatum

(Ruiz & Pav.) Pers. Erva-de-rato

Rubiaceae Galium hypocarpium (L.) Endl.

ex Griseb. Erva-de-rato

Rubiaceae Ladenbergia hexandra (Pohl)

Klotzsch*

Rutaceae Citrus limonia Osbeck Limão-cravo Salicaceae Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga

Siparunaceae Siparuna guianensis Aubl. Limão-bravo

Page 109: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Solanaceae Athenaea sp.

Solanaceae Solanum cernuum Vell. Braço-de-preguiça

Solanaceae Solanum lycocarpum A.St.-Hil. Lobeira

Solanaceae Solanum scuticum M.Nee Juá

Solanaceae Solanum swartzianum Roem. &

Schult. Jurubeba

Urticaceae Cecropia glaziovii Snethl.* Embaúba

Urticaceae Cecropia hololeuca Miq.* Embaúba-

branca

Verbenaceae Lantana camara L. Cambará

Verbenaceae Stachytarpheta cayennensis

(Rich.) Vahl Gervão

Pteridófitas

Blechnaceae Blechnum occidentale L. Samambaia

Blechnaceae Blechnum polypodioides Raddi Samambaia

Cyatheaceae Cyathea sp. Samambaiuçu

Dennstaedtiaceae Pteridium arachnoideum (Kaulf.)

Maxon Samambaião

Lycopodiaceae Huperzia reflexa (Lam.) Trevis.*

Lycopodiaceae Lycopodiella cernua (L.)

Pic.Serm.

Polypodiaceae Microgramma squamulosa

(Kaulf.) de la Sota

Polypodiaceae Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.

Fourn.

Pteridaceae Pteris brasiliensis Raddi Samambaia

Thelypteridaceae Macrothelypteris torresiana

(Gaudich.) Ching Samambaia

Thelypteridaceae Thelypteris dentata (Forssk.)

E.P.St.John Samambaia

Thelypteridaceae Thelypteris longifolia (Desv.)

R.M.Tryon Samambaia

Thelypteridaceae Thelypteris sp. Samambaia

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 110: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Quando analisamos o dendrograma do índice de similaridade de Sørensen

(Figura 1) das fitofisionomias da RPPN Alto da Boa Vista observamos a formação de

dois grandes grupos um formado exclusivamente pelas matas onde observamos uma

forte relação entre a Mata a 1000m e a Mata a 1200m, com índice de 0,697 (Tabela 2), o

grupo formado por estas duas é fortemente relacionado com a Mata Nebular, porém

quando observamos a Tabela 2 percebemos que a Formação Florestal a 1200 é mais

relacionada a Mata Nebular que Aquela situada a 1000, fato esse explicado pela

proximidade das duas primeiras e pelo fato da terceira ter um maior grau de

antropização. O outro grande grupo é formado pelas demais fitofisionomias, porém

observamos valores baixos de similaridade entre elas (Figura 1 e Tabela 2) fato esse

explicado pelas características exclusivas de cada uma das áreas.

69: Tabela 7: Índice de Similaridade de Sørensen das fitofisionomias da Reserva

Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas Gerais

(Coeficiente de Correlação 0,88). Legenda: M1000 = Floresta Estacional Semidecidual

abaixo de 1000m de altitude, M1200 = Floresta Estacional Semidecidual acima de

1200m , MN = Mata Nebular, CA = Campo de Altitude, AA = Área Antropizada, BR =

Brejo.

BR CA AA M1000 M1200 MN

BR 1,000

CA 0,162 1,000

AA 0,291 0,306 1,000

M1000 0,330 0,173 0,345 1,000

M1200 0,213 0,173 0,266 0,697 1,000

MN 0,109 0,256 0,133 0,397 0,633 1,000

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 111: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

IV-PROPOSTAS DE MANEJO

Para manejo da área e melhor conservação das plantas e fitofisionomias da área

aconselha-se:

1) Evitar abertura de novas trilhas, manutenção periódica e demarcação clara nas

trilhas exstentes, para que essas estejam sempre bem demarcadas, evitando que

visitantes saiam destas abrindo novos caminhos nas áreas.

2) Nas áreas em que as trilhas ultrapassam córregos ou pequenos cursos d’água, se

não existir possibilidade de desvio destes, criação de pontes ou passarelas,

preferencialmente com madeira tratada e que esta possibilite a passagem da luz

para que pequenas plantas não morram nessas localidades, uma vez que algumas

espécies aparecem apenas nesses ambientes. Ressalta-se que o ideal é que esses

ambientes sejam o mínimo possível alterados.

3) Criação de aceiros nas áreas de tensão ecológica, por exemplo pastos e

plantações que não fazem parte da área a ser conservada com as áreas à

conservar.

4) Como as áreas antropizadas da área já encontram-se em processo natural de

sucessão não é necessário ações específicas para estas áreas, porém se necessário

pode ser feito manejo de cipós e espécies invasoras agressivas como Pteridium

arachneoideum e Urochloa decumbens, ressalta-se que estas espécies já

encontram-se na área e fazem parte de processos naturais.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 112: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

V-ANEXOS DE FIGURAS

70: Figura do Dendrograma do Índice de Similaridade de Sørensen das fitofisionomias

da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, Descoberto, Minas

Gerais (Coeficiente de Correlação 0,88). Legenda: M1000 = Floresta Estacional

Semidecidual abaixo de 1000m de altitude, M1200 = Floresta Estacional Semidecidual

acima de 1200m , MN = Mata Nebular, CA = Campo de Altitude, AA = Área

Antropizada, BR = Brejo.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

100

100

90

28

55

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9 1

Similarity

M1000

M1200

MN

CA

AA

BR

Page 113: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

71: Figuras da Caracterização da Vegetação: Floresta Estacional Semidecidual acima de 1200m e abaixo de 1000m, brejo e áreas antropizadas

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 114: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

72: Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 115: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

73: Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 116: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

74: Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 117: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

75: Figuras da Caracterização da Vegetação (continuação)

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 118: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

5. FAUNA

Grupo de Morcegos

Page 119: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

5.1 HERPETOFAUNA

1. APRESENTAÇÃO

A região pertence ao "Domínio Tropical Atlântico de Mares de Morros" e,

morfoestruturalmente faz parte de dois grandes domínios: o "Domínio dos

Planaltos Cristalinos Rebaixados", correspondente à região mais baixa, situada

entre a serra da Mantiqueira e o Vale do Rio Paraíba do Sul; e o "Domínio das

Escarpas e Maciços" modelados em rochas do Complexo Cristalino, fazendo

parte da Serra da Mantiqueira (CBA, 2008).

Interligada com a Reserva Biológica da Represa do Grama por um

corredor natural e com características semelhantes de potencialidade hídricas,

encontra-se a Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto de Boa Vista,

constituída por iniciativa de seu proprietário e reconhecida pelo IBAMA

(ICMBio) e o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais – IEF / MG, a

qual tem como principal finalidade, proteger e restaurar a fauna e a flora.

76: Figura – Hidrografia regional com localização da região de Descoberto, onde está inserida a RPPN Alto da Boa Vista (Fonte: CBA, 2008). Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 120: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

2. INTRODUÇÃO

A área objeto desse estudo se encontra no domínio biogeográfico da

Mata Atlântica, e é definido com base nos domínios morfoclimáticos de

Ab’Saber (1977), que compreende a cobertura florestal que se estende sobre a

cadeia montanhosa litorânea ao longo do Oceano Atlântico, nas regiões

nordeste, sudeste e sul do Brasil, incluindo também o leste do Paraguai e

Missiones, na Argentina. A Mata Atlântica é um dos maiores repositórios de

biodiversidade do planeta e é considerado um dos biomas mais importantes e

ameaçados do mundo. Neste “hotspot” é que o ritmo das mudanças está entre

os mais rápidos e, provavelmente, é o ecossistema mais devastado e mais

seriamente ameaçado do planeta. Embora a área de abrangência da Mata

Atlântica seja estimada em algo entre 1 a 1,5 milhão de km2, restam apenas

aproximadamente 7% de sua floresta original (98.000 km2) e,

conseqüentemente, a necessidade de ação para conservação é mais urgente,

pois os últimos fragmentos de floresta ainda encontram-se sob intensa pressão

antrópica e risco iminente de extinção (MORELLATO & HADDAD, 2000; ANTONINI &

DRUMMOND, 2006). Em Minas Gerais, mais especificamente na Zona da Mata,

restavam apenas entre 5 e 6% de floresta nativa em 1983, sendo a maioria dos

fragmentos compostos por vegetação secundária (FONSECA, 1985).

É na Mata Atlântica que se encontra o maior número de anfíbios dentre

todos os biomas brasileiros, onde são conhecidas mais de 380 espécies, com

cerca de 20 gêneros endêmicos (DUELLMAN, 1999) e muitas espécies ainda são

descritas a cada ano neste bioma. A região Neotropical destaca-se por abrigar

a maior riqueza de anfíbios em todo o mundo, onde são conhecidas mais de

1.700 espécies, distribuídas em 140 gêneros de 16 famílias, sendo que na

Mata Atlântica há relatos de uma alta incidência de endemismos de espécies

(FEIO & FERREIRA, 2005).

Na Zona da Mata mineira ainda são bastante escassos trabalhos que

caracterizem a fauna de anfíbios, podendo citar apenas trabalhos pontuais

realizados na região de Viçosa e no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro,

em Araponga (ASSAD & FEIO, 1994; SANTOS & FEIO, 2002, FEIO & FERREIRA,

2005).

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 121: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Em Minas se encontram 180 espécies de répteis entre serpentes,

lagartos e jacarés, com destaque para as 120 de serpentes - quase metade

das catalogadas no país; 200 espécies de anfíbios - 1/3 das que ocorrem no

país - sendo vários os gêneros endêmicos de anuros (sapos, rãs e pererecas)

da Floresta Atlântica e das serras do Cipó e da Canastra. Em decorrência de

seu alto grau de devastação, muitas das espécies tipicamente florestais da

Zona da Mata estão hoje restritas às poucas unidades de conservação ou

fragmentos remanescentes (MACHADO et al., 1998). Das 20 espécies de répteis

ameaçadas no Brasil, 13 ocorrem na Floresta Atlântica, com cinco lagartos

endêmicos desse bioma (MARTINS & MOLINA, 2008).

Desta forma, o conhecimento da herpetofauna é essencial para o

estabelecimento de planos de manejo e conservação das espécies existentes,

bem como para uma melhor compreensão da biogeografia e ecologia do grupo

na Mata Atlântica. A necessidade de estudos sistemáticos na área é urgente,

uma vez que espécies e até populações inteiras podem estar desaparecendo

sem terem sido descritas pela Ciência.

A região que engloba município de Descoberto é descrita como sendo

de “Importância Biológica Especial” para conservação da Herpetofauna no

estado de Minas Gerais pela Fundação Biodiversitas (2010). É uma área que

engloba vários municípios, tendo a Mata Atlântica como cobertura vegetal, um

dos 25 “hotspots” do mundo, caracterizada por um alto número de espécies

endêmicas e alta pressão antrópica tendo, portanto, um elevado índice de

destruição e modificação de hábitat (MYERS, 2000).

Essa região foi classificada como especial (Figura 77), pelo fato de

possuir espécies com distribuição restritas aos seus limites, riqueza de

espécies endêmicas, raras ou ameaçadas no Estado, alto grau de ameaça

antrópica tendo, entretanto, a possibilidade de conexão com outros fragmentos.

Há indícios também de presença de espécies ameaçadas e espécies novas na

região (BIODIVERSITAS, 2010). O desmatamento e as atividades agropastoris

são a principal ameaça a região, assim como as atividades mineradoras. Por

isso, a importância de inventários e estudos de avaliação da situação das

espécies ameaçadas e de distribuição restrita, além da recuperação de áreas

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 122: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

degradadas. A importância da RPPN Alto da Boa Vista na conservação da

herpetofauna local é reconhecida pela Fundação Biodiversitas (BIODIVERSITAS,

2010).

77: Figura da Localização das áreas prioritárias para a conservação da herpetofauna de Minas

Gerais. A seta indica a localização da região que inclui o município de Descoberto. Fonte:

Drummont et al. (2005).

Com a rápida deterioração do meio ambiente (perda de área florestal, o

aumento da população humana e exploração comercial e de subsistência dos

recursos naturais), é necessário avaliar os instrumentos que permitam uma

implementação rápida e confiável de conservação destas áreas. Diante da

escassez de recursos financeiros para a realização de um estudo minucioso e

a urgência em se tentar conservar o que resta e o que não se conhece, as

Avaliações Ecológicas Rápidas (AERs) tem sido utilizadas como ferramentas

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 123: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

importantes para se avaliar a diversidade biológica, os recursos naturais e os

valores culturais das áreas potenciais para a conservação ambiental. Essas

avaliações permitem rapidez, nível de detalhamento tranqüilizador e um sólido

embasamento científico. O produto de uma AER poderá ser utilizado por todos

os interessados para tomar decisões ou fazer recomendações altamente

confiáveis (SAYRE et al., 2003).

O conhecimento das espécies de répteis e anfíbios de uma unidade de

conservação de uso sustentável se faz imprescindível para delimitar as ações

de zoneamento, exploração florestal e uso público. Somente através do

conhecimento acerca da ecologia, diversidade e abundância relativa das

espécies é que poderão ser definidas estratégias de manejo capazes de

compatibilizar a conservação das espécies e dos ecossistemas nos quais se

inserem com o uso sustentável da unidade.

3. OBJETIVO GERAL

Mediante o exposto, este trabalho teve como objetivo elaborar um

diagnóstico biótico, para subsidiar a confecção de um Plano de Manejo da

RPPN Alto da Boa Vista, mais especificamente fazer o diagnóstico da

herpetofauna, determinando o status da comunidade e subsidiar informações

acerca da influência que as atividades realizadas na área possam gerar na

biota local.

4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I. Fazer o levantamento da herpetofauna da área para avaliá-la

qualitativamente e verificar o potencial da área em abrigar

espécies;

II. Identificar a presença e o caráter de vulnerabilidade de espécies

ameaçadas na área;

III. Identificar as principais causas de perturbação e degradação da

área;

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 124: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

IV. Comparar com a herpetofauna existente na região e verificar o

grau de antropização existente na área;

V. Verificar o potencial da área como hábitat das espécies e qual

provável impacto que as atividades existentes na área possam

gerar nas espécies.

5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1. Área de estudo

A RPPN Alto da Boa Vista (21º 28’ 29” S, 43º 07’ 30” W; altitude

variando de 816 a 1406 m) está encravada no extremo leste e encosta sul da

Serra do Relógio, no município de Descoberto-MG. A área de estudo

compreende a totalidade da propriedade, incluindo tanto as áreas da RPPN

Alto da Boa Vista, quanto as áreas usadas para exploração e outros fins, como

as benfeitorias que existem no interior do imóvel rural. A área da RPPN ocupou

inicialmente 75% da área total da propriedade e posteriormente foi ampliada

para 85% e hoje chega a 90% da área total da propriedade. A vegetação da

região é caracterizada como Floresta Sazonal Semidecídua submontana e o

clima é Cwb de Köeppen (Clima Tropical de Altitude) com duas estações

definidas, uma mais quente e úmida (outubro a abril) e outra que é mais amena

e seca (maio a setembro). A média de precipitação anual é de cerca de 1550

mm, com uma média de temperatura oscilando em torno de 22,3 ºC (IBGE,

1993).

5.2. Métodos de amostragem

O diagnóstico ambiental para se fazer o inventário de espécies na área

da RPPN Alto da Boa Vista foi desenvolvido com base na metodologia da

Avaliação Ecológica Rápida (AER), conforme detalhado no Manual para

Avaliação Ecológica Rápida da The Nature Conservancy (SAYRE et al., 2003),

visando avaliar, de forma rápida e ampla, a biodiversidade presente e o estado

dos hábitats para sua sobrevivência. A AER resulta em informações

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 125: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

atualizadas acerca de hábitats em perigo e localização de espécies raras ou

ameaçadas, espécies com ameaças reais ou potenciais.

O trabalho de campo foi realizado entre os dias 31 de outubro e 02 de

novembro de 2009, 8 e 13 de janeiro de 2010, e entre 8 e 11 de abril de 2010,

sempre no período das 09:00 às 24:00 horas. A área estudada foi sempre

percorrida por pelo menos duas pessoas. O registro dos animais foi feito

através da metodologia usual para o grupo (HEYER et al. 1994; VANZOLINI,

1967), consistindo de procura visual e auditiva nas áreas que pertencem a

área de conservação e áreas adjacentes. Quando encontrados, os espécimes

eram identificados no táxon possível, fotografados, e deixados no mesmo lugar

onde se encontravam antes. Como meio de complementar os registros, dados

secundários foram também incluídos, como por exemplo, fotos tiradas por

terceiros. Desta forma, totalizou-se 195 horas/homem de trabalho de campo.

6. RESULTADOS

Reunindo os dados da AER e dados secundários foi elaborada uma lista

com 17 espécies de anfíbios e 14 espécies de répteis (Tabelas 78 e 79). Estas

listas provavelmente estão subestimadas pelo fato do curto tempo de trabalho

de campo despendido. Com certeza com um maior tempo de estudos, mais

espécies serão encontradas na área. E devido ao fato de algumas espécies de

anuros concentrarem sua reprodução em eventos explosivos e pontuais,

muitas espécies provavelmente não foram avistadas. Além disso, os

representantes da herpetofauna, principalmente serpentes, anfisbênias e

quelônios são difíceis de amostrar em curto prazo devido aos seus hábitos de

vida crípticos. Assim, os registros para estes grupos são apenas ocasionais.

Para se obter a riqueza de espécies para esses grupos é necessário um estudo

de longo prazo que contemple o maior número de metodologias e ambientes

disponíveis.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 126: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

78: Tabela - Lista das espécies de anfíbios registradas para a área da RPPN Alto da Boa Vista e seu entorno. As fontes de informação são primárias (P) ou secundárias (S).

Categoria

IUCN (2010) Maiores ameaças Fonte de informação

Amphibia

Anura

Brachycephalidae Günther, 1858

Ischnocnema juipoca (Sazima & Cardoso, 1978)

Preocupação mínima

Destruição de hábitat por agropecuária e ocupação humana P

Ischnocnema parva (Girard, 1853) Preocupação mínima

Destruição de hábitat por agropecuária e ocupação humana P

Bufonidae Gray, 1825

Rhinella pombali (Baldissera-Jr, Caramaschi & Haddad, 2004)

Preocupação mínima

Desmatamento, fragmentação de hábitats, destruição de hábitats P

Cycloramphidae Bonaparte, 1850

Proceratophrys boiei (Wied-Neuwied, 1825) Preocupação

mínima

Perda de hábitat, agricultura, pastagens, expansão humana, turismo e comércio internacional de animais

P

Thoropa miliaris (Spix, 1824) Preocupação mínima

Perda de hábitat, desmatamento, construções de barragens, expansão urbana e turismo

P

Craugastoridae Hedges, Duellman, and Heinicke, 2008

Haddadus binotatus (Spix, 1824) Preocupação mínima

Perda de hábitat para a agricultura, silvicultura, fogo e expansão urbana

P

Hylidae Rafinesque, 1815

Bokermannohyla circumdata (Cope, 1871) Preocupação mínima

Destruição de hábitat por agropecuária e ocupação humana P

Dendropsophus elegans (Wied-Neuwied, 1824)

Preocupação mínima

Destruição de hábitat P

Dendropsophus minutus (Peters, 1872) Preocupação

mínima Destruição de hábitat P

Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) Preocupação mínima Destruição de hábitat P

Hypsiboas polytaenius (Cope, 1870"1869") Preocupação mínima

Perda de hábitat P

Scinax cf. eurydice (Bokermann, 1968) Perda de hábitat P

Scinax gr. catharinae (Boulenger, 1888) Perda de hábitat P

Hylodidae Günther, 1858

Hylodes gr. lateristrigatus (Baumann, 1912) Preocupação mínima

Destruição de hábitat por agropecuária e ocupação humana. Poluição aquática

P

Leiuperidae Bonaparte, 1850

Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 Preocupação mínima Destruição de hábitat P

Physalaemus aff. olfersii (Lichtenstein & Martens, 1856)

Preocupação mínima

Destruição de hábitat por agropecuária e ocupação humana

P

Leptodactylidae Werner, 1896

Leptodactylus ocellatus (Linnaeus, 1758) Preocupação mínima

Destruição de hábitats, caça para consumo P

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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79 Tabela - Lista das espécies de répteis registradas para a área da RPPN Alto da Boa Vista e seu entorno. As fontes de dados são primárias (P) ou secundárias (S).

Categoria IUCN (2010) Maiores ameaças Fonte de

informação Reptilia

Squamata

Amphisbaenia

Amphisbaenidae

Amphisbaena microcephala (Wagler, 1824) Não listada Destruição de hábitat P

Lacertília

Gekkonidae

Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) Não listada S

Leiosauridae

Enyalius bilineatus Duméril & Bibron, 1837 Não listada Destruição de hábitat P

Enyalius brasiliensis (Lesson, 1828) Não listada Destruição de hábitat P

Teiidae

Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839) Não listada Destruição de hábitat. Caça para

consumo S

Tropiduridae

Tropidurus torquatus (Wied, 1820) Não listada Destruição de hábitat P

Ophidia

Colubridae

Spilotes pullatus (Linnaeus, 1758) Não listada Destruição de hábitat P

Dipsadidae

Erythrolamprus aesculapii (Linnaeus, 1766) Não listada Destruição de hábitat P

Oxyrhopus petola (Linnaeus, 1758) Não listada Destruição de hábitat S

Sibynomorphus neuwiedi (Ihering, 1911) Não listada Destruição de hábitat P

Thamnodynastes cf. nattereri (Mikan, 1828) Não listada Destruição de hábitat P

Viperidae

Bothropoides jararaca (Wied, 1824) Não listada Destruição de hábitat P

Bothrops jararacussu Lacerda, 1884 Não listada Destruição de hábitat S

Testudines

Chelidae

Hydromedusa maximiliani (Mikan, 1820) Vulnerável Destruição de habitat. Poluição aquática.

P

Segundo Haddad & Abe (1999), para os anfíbios anuros de ambientes

de Mata Atlântica, todas as montanhas com 800m de altitude ou mais devem

ser investigadas. Os ambientes montanhosos e acidentados propiciam

barreiras à dispersão de diversos grupos filogenéticos de anuros, ocasionando

especiação em topos de montanhas. Por isso, esta área se torna uma reserva

de biodiversidade da herpetofauna que demanda mais estudos, principalmente

para esclarecer melhor a taxonomia das espécies que existem na área. E pelo

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 128: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

fato de não existir estudos que abordem a anurofauna na região, a

probabilidade de existir novas espécies na região é alta.

Durante esta AER foram registradas espécies de anfíbios de hábitat

especialistas e outras mais generalistas. Os anfíbios do gênero Hylodes são

especializados em ocupar riachos, e por isso a importância desses ambientes

na reprodução e sobrevivência das espécies deste gênero.

Algumas espécies de mata, que ocorrem em clareiras naturais, se

adaptaram às novas condições dos ambientes abertos. Este é o caso, por

exemplo, de Hypsiboas faber e Ischnocnema juipoca. Essas espécies, apesar

de serem consideradas florestais, são tipicamente encontradas em clareiras e,

portanto pouco freqüentes no interior da mata (HADDAD, 1998). Já Physalaemus

cuvieri é uma espécie originária de áreas abertas, que não costuma ocupar

ambientes florestais (HADDAD, 1998), assim como Tropidurus torquatus, que

abriga áreas abertas e benfeitorias da área.

Uma boa parte das serpentes é constituída por predadores, muitas

vezes de topo de cadeia trófica. Outros répteis como as anfisbênas, a maioria

dos lagartos e algumas serpentes são consumidores secundários, alimentando-

se principalmente de anfíbios e peixes (como Thamnodynastes cf. nattereri,

registradas na área) e vários outros lagartos consomem frutos, atuando como

dispersores de sementes (Tupinambis merianae e Tropidurus torquatus). Por

ocorrerem muitas vezes em densidades relativamente altas, esses animais

possuem papel de grande importância no funcionamento dos ecossistemas

brasileiros (MACHADO et al., 2008).

Várias espécies de répteis possuem também importância

socioeconômica, especialmente algumas serpentes venenosas, cujos venenos

dão origem a medicamentos utilizados amplamente no Brasil e em quase todo

o mundo. Por exemplo, as serpentes do gênero Bothrops e Bothropoides,

registradas para a área. As serpentes O. petola e a E. aesculapii encontradas

na área, tem como componentes de sua dieta outras espécies de serpentes e

atuam como controladoras populacionais de outras espécies, principalmente as

peçonhentas (B. jararaca e B. jararacussu), que são mais abundantes na área.

Por isso a importância em se investir na educação ambiental, para informar aos

moradores e visitantes da região e seu entorno sobre a importância da

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Page 129: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

dinâmica ecológica desse grupo tão complexo que compreende os anfíbios e

os répteis.

Abaixo é apresentada uma descrição sucinta sobre a distribuição e

hábitos das espécies de anfíbios e répteis registradas para a área de estudo:

ANFÍBIOS:

Ischnocnema juipoca (rãnzinha-de-folhiço): é uma espécie

de pequeno porte (cerca de 3 cm). Pode ser encontrado em

atividade durante dias nublados e à noite. Apesar de ser

considerada uma espécie florestal, ocupa ambientes de borda de

mata e capoeira. A reprodução é terrestre, os ovos são depositados

no chão entre moitas e arbustos e o desenvolvimento é direto.

Possui ampla distribuição, incluindo os estados de São Paulo, Minas

Gerais e Goiás (SAZIMA & CARDOSO, 1978; BASTOS & POMBAL, 2001)

Ischnocnema parva (rãnzinha-de-folhiço): é uma espécie

de tamanho pequeno (cerca de 2 cm), com reprodução associada à

serapilheira, onde deposita seus ovos. O desenvolvimento é direto,

característica comum ao gênero. Apresenta ampla distribuição na

Mata Atlântica do sudeste do Brasil, ocorrendo nos estados do

Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Rhinella pombali (sapo-cururu): espécie encontrada na

floresta atlântica e áreas de transição com o cerrado. Vive em áreas

de 700-1500 metros de altitude, sobre folhas dentro de matas ou

áreas abertas. Encontrado com facilidade em áreas antropizadas.

Proceratophrys boiei (sapo-chifrudo): Espécie amplamente

distribuída, ocorrendo desde o estado de Pernambuco até Santa

Catarina, com algumas populações isoladas no estado do Ceará.

Facilmente encontrada na serapilheira e em poças no interior da

mata durante a estação reprodutiva. Sua reprodução é associada a

remansos de riachos ou poças de água renovável localizadas no

interior ou na borda de florestas (HEYER et al., 1990; IZECKSOHN &

CARVALHO-E-SILVA, 2001). Os ovos são depositados na água e os

girinos desenvolvem-se no fundo (IZECKSOHN & CARVALHO-E-SILVA,

Page 130: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

2001). É encontrada em florestas primárias e secundarias às vezes

em áreas de borda. Pode ser sensível ao desmatamento por ser

encontrada quase sempre dentro das áreas de floresta.

Thoropa miliaris (rã-das-pedras): Ocorre em locais

rochosos em áreas de mata e depende de riachos ou quedas d’água

para sobreviver. Geralmente encontrada em rochas com filetes de

água formados pelas chuvas ou pelo extravasamento de água de

riacho. É neste micro-ambiente que realiza suas desovas e onde

vive seus girinos. Ocorre em regiões serranas, desde o estado do

Paraná até o estado da Bahia. A conservação desta espécie

consiste justamente em preservar estes corpos d’água.

Haddadus binotatus (rã-de-folhiço): É uma espécie comum,

que se distribui amplamente pela Mata Atlântica desde o sul do

estado da Bahia até o Rio Grande do Sul. Apresenta hábito diurno,

crepuscular e noturno e habita a serapilheira, podendo ser

encontrado a pouca altura do solo no interior ou na borda da mata.

As fêmeas depositam seus ovos em locais abrigados sobre a

camada de folhiço e o desenvolvimento é direto (HEYER et al., 1990).

Comum em áreas de mata pode ser encontrada em atividade

também durante o dia, é tolerante a modificações do ambiente.

Ocorre em áreas de florestas primarias e secundárias na borda das

matas. Frequentemente encontrada no folhiço.

Bokermannohyla circumdata (perereca-com-anéis-nas-

coxas): Espécie típica de áreas de mata. Vive na vegetação da

margem de cursos d’água. Onde seus ovos são colocados e onde

seus girinos se desenvolvem. Ocorre na região de Mata Atlântica do

sudeste do Brasil.

Dendropsophus elegans (Pererequinha-de-moldura)

Perereca de pequeno porte com coloração marcante branca com

uma larga faixa no meio do dorso marrom ou dourado, formando um

desenho de moldura característico desta espécie. O padrão de

moldura é mais evidente durante o dia, pois a coloração noturna se

mantém marrom amarelado uniforme. Comum em brejos e lagos de

áreas abertas ou de grandes clareiras no interior da mata, os

Page 131: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

machos vocalizam próximos da lâmina de água, ou empoleirados em

vegetação baixa. Deposita seus ovos em folhas próximas a água ou

ovos aquáticos ancorados na vegetação submersa (Bastos &

Haddad 1996, Izecksohn & Carvalho-e-Silva 2001). Espécie que

apresenta grande adaptação a alterações ambientais. Distribui-se

pela Mata Atlântica da Bahia ao Paraná; em Minas Gerais está

associada às matas de transição entre Mata Atlântica, Cerrado e

Caatinga (Frost 2010).

Dendropsophus minutus (pererequinha): espécie

amplamente distribuída por toda a América do Sul, exceto à oeste

dos Andes. São encontrados principalmente em margens de

florestas e clareiras. Ocorre também em áreas de cerrado como São

Paulo, Goiás, Tocantins e Minas Gerais. Reproduz-se em remansos

de riachos, poças, brejos permanentes ou temporários (ETEROVICK &

SAZIMA, 2004). Machos vocalizam na vegetação ao redor de poças,

apresentando um extenso repertório vocal e cantando em grandes

coros. A estratégia de macho-satélite é comum na espécie.

Hypsiboas faber (rã-ferreiro): distribui-se na faixa leste do

Brasil (nordeste ao sul), no Paraguai e Argentina. É uma espécie

comum na Mata Atlântica de Minas Gerais, e não se encontra

inserida em nenhuma categoria de ameaça de extinção. Seus ovos e

os primeiros estágios larvais aquáticos se desenvolvem em

cavidades construídas ou naturais, que são posteriormente

alagadas. Os machos da espécie são territoriais e podem vocalizar

na vegetação que circunda poças e lagoas, no chão, dentro da água

em locais rasos e freqüentemente dentro de pequenas “piscinas”

construídas em margens barrentas, podendo lutar pela posse

dessas piscinas. O desenvolvimento completa-se em corpos de

água lênticos ou lóticos. É uma espécie que se adapta a regiões

alteradas com facilidade podendo estar, devido a ações antrópicas,

ampliando sua distribuição geográfica.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 132: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Hypsiboas polytaenius (perereca-de-pijamas): Espécie

amplamente distribuída e que tolera uma variedade de hábitats. Vive

em regiões serranas do estado de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Vive em vegetações ao redor de poços de água, seja temporários ou

permanentes, geralmente em áreas mais abertas.

Scinax cf. eurydice (perereca-de-banheiro): Ocorre do norte

da Bahia até São Paulo. É uma perereca de porte mediano (3,5 a 5

cm) que possui coloração dorsal bege, com manchas irregulares

castanhas. Vivem em áreas de matas, áreas abertas e até mesmo

dentro de áreas antrópicas, como residências e benfeitorias.

Encontrada perto de áreas aquáticas, onde realiza suas posturas em

poças temporárias ou permanentes.

Scinax gr. catharinae (perereca): Vivem em florestas

primárias e secundárias próximas a corpos d’água onde realiza sua

desova. Foi encontrada vocalizando na beira do lago na área da

RPPN.

Hylodes gr. lateristrigatus (rãnzinha-de-corredeira): Os

girinos desta espécie se desenvolvem em pequenos riachos, de leito

rochoso e com água bem cristalina, na Serra do Mar e adjacências.

A espécie é ativa durante o dia e habita a vegetação e as pedras das

margens e no interior dos riachos. Os machos são territoriais, sendo

encontrados sempre no mesmo sítio de vocalização. Sua

vocalização é adaptada ao ambiente de queda a’água que coloniza,

podendo ser ouvida a grandes distâncias. A reprodução está

associada a riachos de interior de matas maduras ou secundárias.

As espécies do grupo Hylodes lateristrigatus possuem tamanho de

pequeno a médio e são caracterizadas por apresentar uma linha

dorsolateral branca e atividade diurna (Heyer 1982).

Physalaemus cuvieri (rã-cachorro, rã foi-não-foi): espécie

típica de cerrado, mas que pode ser encontrada em vários outros

biomas como Mata Atlântica e Caatinga. Os machos vocalizam em

pequenas poças em áreas abertas, no período das chuvas e os ovos

são depositados em ninhos de espuma ancorados à vegetação. É

Page 133: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

uma espécie de distribuição geográfica bastante ampla, e que tolera

bem ambientes alterados.

Physalaemus aff. olfersii (rãnzinha-rangedora): é uma

espécie de tamanho médio (cerca de 3,5 cm). Pode ser encontrada

na serapilheira ou na vegetação baixa no interior ou borda de

florestas maduras ou secundárias (HEYER et al., 1990). A reprodução

está associada a poças temporárias ou permanentes do interior ou

borda de mata, e a desova é depositada em ninhos flutuantes de

espuma (HADDAD et al. 2008). Apresenta distribuição ampla na Mata

Atlântica no sul e sudeste do Brasil, desde o norte do estado de

Santa Catarina até o sul do Espírito Santo e sudeste de Minas

Gerais.

Leptodactylus ocellatus (rã-manteiga): espécie amplamente

distribuída na região neotropical. São freqüentemente encontrados

descansando na margem de lagoas ou pequenos lagos e saltam

para a água se incomodados. Reproduz-se em poças temporárias

cercadas por vegetação arbustiva e de fundo lodoso e/ou arenoso,

ou mesmo em remansos de riachos. A desova consiste em ninho de

espuma flutuante entre a vegetação (ETEROVICK & SAZIMA, 2004). Rã

de grande porte, especialmente os machos, que pode apresentar os

braços muito espessos e podem medir entre 90-120 mm enquanto

as fêmeas medem entre 80-110 mm. Trata-se de uma espécie que

resiste a alterações ambientais produzidas pelo homem e cujos

girinos parecem suportar um grau de poluição de água não aceitável

por outras espécies de anuros. Isso faz com que essa espécie ainda

seja muito encontrada em vários lugares habitados, apesar de ser

muito caçada para servir de alimento humano.

RÉPTEIS:

Amphisbaena microcephala (cobra-de-duas-cabeças):

espécie fossorial e de difícil encontro, só emergindo ás vezes

quando o solo se encontra muito encharcado. Amplamente

distribuída pelo Brasil, e também ocorrendo na Bolívia, Paraguai,

Page 134: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Argentina e Uruguai (PEREZ & RIBEIRO, 2008). O focinho em forma

de pá é importante especialização para a escavação. Alimentam-se

de invertebrados terrestres e pequenos vertebrados. Popularmente

existe o mito e a crença que esse animal seja uma serpente e é

fonte de perigo para a população. Na verdade, essa espécie não

representa nenhuma ameaça à população e não oferece nenhum

perigo.

Hemidactylus mabouia (lagartixa): espécie oriunda da

África e introduzida no Brasil. É noturna, alimenta-se de insetos e

encontra-se amplamente distribuída no Brasil. Generalista quanto ao

hábitat, é encontrada desde bromélias até construções humanas,

freqüentemente habita as regiões antrópicas e periantrópicas. Tem

hábito noturno, caçando insetos à espreita, freqüentemente junto à

luz. A postura consiste de dois ovos, que se desenvolvem em frestas

ou em abrigos constituídos de entulho ou madeira empilhada.

Enyalius bilineatus (camaleãozinho): lagarto arborícola que

desce ao solo eventualmente para realizar seu forrageio. Essa

espécie é distribuída pela Mata Atlântica do sudeste do Brasil e

também no Cerrado. Esta espécie ocorre principalmente em áreas

de matas menos densas como plantações de café e florestas

secundárias ou bordas de mata (JACKSON, 1978; TEIXEIRA et al.

2005).

Enyalius brasiliensis (camaleãozinho): Espécie de médio

porte, que ocorre na faixa leste de Mata Atlântica do sudeste do

Brasil, nos estado do Rio de Janeiro, parte do Espírito Santo e

extremo leste de Minas Gerais. Alimenta-se de pequenos artrópodes

e é encontrado em porções de matas mais densas. É uma espécie

arborícola que desce eventualmente ao solo para realizar o forrageio

(JACKSON, 1978, TEIXEIRA et al., 2005).

Tupinambis merianae (teiú, teju): pode atingir 1,4 m de

comprimento. Esta espécie é encontrada ao sul do Rio Amazonas no

Brasil, em todo o território nacional e também na Argentina, Paraguai

e Uruguai, sendo freqüentemente encontrada em área alterada ou

próxima a residências. Possui hábitos terrícolas e diurnos. Sua dieta

Page 135: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

pode incluir invertebrados, vertebrados (anuros, lagartos e até

peixes), ovos e várias espécies de frutos, podendo atuar como

dispersor de sementes em fragmentos florestais. Geralmente

observado em clareiras ou na borda da mata, termorregulando nas

horas quentes.

Tropidurus torquatus (calango, lagartixa-de-pedra): espécie

típica de borda de mata ou áreas abertas, afloramentos rochosos e

áreas antropizadas. Ocorre praticamente em todo o território

brasileiro do sul ao nordeste. É bem adaptada a ambientes alterados

pela ação antrópica.

Spilotes pullatus (caninana): Serpente não-peçonhenta de

grande porte, que pode atingir 3 metros de comprimento total.

Possui colorido de fundo negro com barras amarelas e o ventre

manchado de amarelo. É bastante comum em toda a América do Sul

e Central. Apresenta hábito semi-arborícola, caçando ativamente

durante o dia, no chão ou sobre a vegetação. Alimenta-se de anuros,

lagartos, e, principalmente, de filhotes e ovos de aves, e de

mamíferos (roedores e morcegos). Quando perturbada, eleva a parte

anterior do corpo, achatando-a lateralmente, inflando o pescoço e

pode morder facilmente. Apresenta ampla distribuição, ocorrendo no

México, Belize, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua,

Costa Rica, Panamá, Trinidad, Tobago, Ilha Margarita, Colômbia,

Venezuela, Equador, Peru, Argentina, Bolívia, Guiana, Suriname,

Guiana Francesa e Brasil (UETZ et al., 2010).

Erythrolamprus aesculapii (cobra-coral; coral-falsa):

serpente de médio porte com cabeça de cor preta, dorso vermelho

com anéis negros com bordas e centro brancos. Ocorre da

Amazônia até o Brasil central, na Bolívia e na ilha de Tobago. É

terrícola, diurna e se alimenta de serpentes, embora os jovens

também incluam lagartos em sua dieta (MARQUES & PUORTO, 1991).

Muitas vezes é confundida com a coral-verdadeira, o que a torna

alvo de caçadores e pela população em geral. Mas é muito dócil e

não oferece nenhum perigo de acidente, pois não possui peçonha

ativa ao ser humano.

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Oxyrhopus petola (Cobra coral; falsa-coral): espécie de

médio porte, com coloração variável, geralmente que incluem o

vermelho, preto e branco, por isso sendo às vezes confundida com a

coral-verdadeira. Mas é uma espécie não-peçonhenta e que é muito

dócil não oferecendo maiores riscos. Distribui-se desde a região da

América Central até na Província de Missiones, na Argentina. Tem

atividade predominantemente noturna, mas pode ser encontrada

ativa durante o dia. Sua dieta é composta principalmente de

roedores, lagartos e outras serpentes (UETZ et al., 2010).

Sibynomorphus neuwiedi (jararaca-dormideira): espécie

pequena que geralmente não ultrapassa 60 cm de comprimento

total. Alimenta-se de rãs, lagartos e camundongos. Geralmente

confundida com a jararaca verdadeira, mas essa é uma espécie não-

peçonhenta e muito dócil. Sua distribuição é no Sul e Sudeste do

Brasil.

Thamnodynastes cf. nattereri (falsa-jararaquinha): É uma

espécie de pequeno a médio porte (CRC = 424 a 460 mm),

opistóglifa, noturna, vivípara, tanto terrestre quanto arborícola.

Ocorre no Sudeste e Sul do Brasil, sendo mais abundante nas áreas

de Floresta Ombrófila Densa e menos comum nas áreas de Floresta

Semidecidual e de Cerrado (Franco & Ferreira 2002).

Bothropoides jararaca (jararaca): espécie de ampla

distribuição e encontra-se associada ao domínio Florestal Atlântico,

estendendo-se por áreas florestais e ambientes antrópicos,

ocupando áreas desde o nível do mar até os 1200m de altitude e

possui atividade mais intensa durante a estação chuvosa. Pode

atingir até 1,6 metros, e se alimenta de rãs, lagartos e principalmente

roedores. As espécies dos gêneros Bothriopsis, Bothrocophias,

Bothropoides, Bothrops e Rhinocerophis são as mais agressivas dos

tanatofídeos brasileiros, sendo responsáveis por aproximadamente

90% dos acidentes ofídicos que ocorrem no Brasil e, por isso,

possuem grande importância médica.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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Bothrops jararacussu (jararacuçu): espécie grande que

pode ultrapassar 1,6 metros de comprimento total, e grande volume

corporal. Alimenta-se de rãs, lagartos e mamíferos. É encontrada

desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, Argentina e Paraguai.

Hydromedusa maximiliani (cágado-pescoço-de-cobra):

cágado endêmico da faixa leste do Brasil e sudeste do Brasil (parte

do sul da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São

Paulo), com distribuição sempre associada a regiões montanhosas

da Floresta Atlântica (Serra do Mar e Serra da Mantiqueira). Habita

tipicamente riachos dentro de matas primárias acima de 600 m de

altitude. Sua dieta é composta principalmente de invertebrados

aquáticos e também anuros (NOVELLI et al., 2008). É uma espécie

listada como Vulnerável pela IUCN e, portanto, merece atenção para

sua conservação.

Considerando que algumas áreas e ambientes não foram explorados e o

curto tempo de trabalho de campo, acredita-se que, provavelmente, a área

apresente um número muito maior de anfíbios e répteis, além de espécies

raras, endêmicas e ameaçadas, além de claro novas espécies, tendo em vista

a riqueza de ambientes observado para essa região.

7. DISCUSSÃO

Na Mata Atlântica são conhecidas cerca de 340 espécies de anfíbios.

Em Minas Gerais, 70% das espécies de anfíbios são encontradas nesse bioma.

Essa considerável riqueza é atribuída, dentre outros, ao elevado índice

pluviométrico, à alta diversidade estrutural de hábitats arbóreos e à

disponibilidade de ambientes úmidos desse hábitat. Estes últimos estão ligados

ao folhiço de matas localizadas nas margens de grandes rios e/ou em florestas

de altitude. As florestas de altitude destacam-se por notáveis endemismos

propiciados pelo isolamento geográfico de conjuntos serranos (DRUMMOND et

al., 2005). Das mais de 700 espécies de répteis conhecidas para o Brasil (SBH,

2008), 197 estão representadas na Mata Atlântica (MMA/SBF, 2000). Os

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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estudos com populações ou comunidades de répteis e anfíbios em áreas de

Mata Atlântica, em Minas Gerais, são insuficientes para a enorme riqueza de

nossa fauna (DRUMMOND et al., 2005).

Quando comparado a outros estudos realizados em áreas florestais no

estado de Minas Gerais, a RPPN Alto da Boa Vista apresentou uma menor

riqueza de espécies de répteis (14 espécies) que outras áreas. No estudo de

Bertoluci et al. (2009) na Estação Ambiental de Peti (reserva florestal de 606 ha

em uma área de transição entre mata atlântica e cerrado), foi elaborada uma

lista com 29 espécies de Squamata registradas para a área. No trabalho de

São Pedro & Pires (2009) realizado na região rural e urbana de Ouro Branco

durante 40 meses, uma área transicional de Mata Atlântica e Cerrado, foram

encontradas 28 espécies de serpentes. A RPPN Alto da Boa Vista também

apresenta baixa riqueza quando comparada a outras áreas de Mata Atlântica

como as grandes reservas do Estado de São Paulo, que apresentam 55

espécies de Squamata (CONDEZ et al., 2009). Entretanto se levarmos em conta

o pouco tempo de estudo e a falta de outros métodos de captura mais efetivos

(como pitfalls e funnel traps), esse número pode ser acrescido e superar outras

áreas onde foram realizados trabalhos mais extensos. No levantamento de

Feio & Caramaschi (2002) realizado no nordeste de Minas Gerais e

abrangendo fragmentos que variaram de 517 a 10.000 ha, apenas 11 espécies

de Squamata foram encontradas e para a cidade de Juiz de Fora (distante

cerca de 80 km de Descoberto, município que está inserida a RPPN) também

foram encontradas somente 14 espécies, mas em um período de um ano de

coleta e com vários métodos de captura (GOMIDES, 2010). Na região de Viçosa

(COSTA et al. 2009, 2010), foi registrada uma riqueza de 53 espécies de répteis,

mas muitas espécies são características de áreas abertas, pois a região possui

fitofisionomias de áreas de transição entre Mata Atlântica e Cerrado.

A riqueza de anfíbios também não é alta, mas como foi dito, um maior

esforço amostral com certeza revelará um maior número de espécies. Feio &

Ferreira (2005) estudaram em dois pequenos fragmentos de mata (cerca de 10

ha e 12 ha cada), na cidade de Rio Novo, localidade mais próxima da RPPN

onde se tem estudos publicados sobre a anurofauna, foi encontrada 20

espécies de anfíbios anuros, distribuídos pelas famílias Bufonidae (01), Hylidae

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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(11), Leptodactylidae (06) e Microhylidae (02). A RPPN Alto da Boa Vista

apresentou riqueza próxima (16 spp.) dividida nas famílias Brachycephalidae

(2), Bufonidae (1), Cycloramphidae (2), Craugastoridae (1), Hylidae (6),

Hylodidae (1), Leiuperidae (2) e Leptodactylidae (1). As duas áreas apresentam

composição de espécies bem diferentes, compartilhando apenas seis espécies.

Isto demonstra que muito provavelmente as regiões possam ser acrescidas de

mais espécies nos seus inventários, já que pela similaridade dos ambientes

provavelmente elas possam ter mais espécies em comum. Para a Serra do

Brigadeiro em Minas Gerais, a riqueza de 44 espécies de anuros mostra-se

muito superior a encontrada para a área (FEIO et al., 2008).

Comparando-se a riqueza de anfíbios observada neste trabalho com

outras localidades na Mata Atlântica, também se percebe, pelo grande número

de espécies generalistas, que os fragmentos aqui estudados estão bastante

alterados. Foram reconhecidas apenas 17 espécies, sendo que para regiões

mais preservadas e de maiores dimensões no sudeste do Brasil este número é

consideravelmente maior, como por exemplo, no Parque Estadual do Rio Doce,

Minas Gerais (38 espécies), APA Goiapaba-Açu,Espírito Santo (41 espécies),

município do Rio de Janeiro (69 espécies) e Parque Estadual Intervales, São

Paulo (48 espécies) (FEIO et al., 1998; RAMOS & GASPARINI, 2004; IZECKSOHN &

CARVALHO-E-SILVA, 2001; BERTOLUCI, 2001).

Analisando a composição de espécies diagnosticada para a RPPN Alto

da Boa Vista, observa-se espécies com ampla distribuição no Brasil, como H.

faber, D. minutus, L. ocellatus e P. cuvieri, todas elas também típicas de áreas

abertas, evidenciando o avançado grau de degradação na estrutura dos

ambientes florestais. Processos estes resultantes da intensa pressão antrópica

que a região sofria.

8. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

A maioria das espécies apresenta relação, em maior ou menor grau,

com áreas florestadas, seja como refúgio ou local de forrageamento. Desta

forma, ressalta-se a importância da manutenção de uma área em bom estado

de conservação para a herpetofauna da região.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 140: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

A principal ameaça para a biodiversidade são as ações de

desmatamento constantes no estado, com conseqüente fragmentação de

hábitats. Entre as ações emergenciais que visam à conservação da diversidade

biológica nas áreas indicadas em Minas Gerais, citadas no Atlas da

Biodiversidade em Minas Gerais por Drummond et al. (2005), foram, de um

modo geral, a criação de unidades de conservação, a necessidade de

investigação científica, o manejo, a recuperação e ou reabilitação e a promoção

de conectividade entre remanescentes de vegetação.

Deste ponto de vista, torna-se extremamente importante os estudos que

abordem os grupos prejudicados pelos processos de fragmentação e suas

conseqüências. Um bom exemplo é a herpetofauna, que têm uma importância

proeminente em quase todas as comunidades terrestres, sendo atualmente

conhecidas cerca de 6.638 espécies de anfíbios (FROST, 2010) e mais de 9.084

espécies de répteis (UETZ et al., 2010). Mais de 80% da diversidade dos dois

grupos ocorrem em regiões tropicais (POUGH et al., 1998), cujas paisagens

naturais estão sendo rapidamente destruídas pela ocupação humana. Devido à

fidelidade territorial de muitas espécies, requerimentos fisiológicos e

especificidade de hábitat, anfíbios e répteis são considerados modelos ideais

para estudos sobre os efeitos da fragmentação e ocupam uma diversidade de

hábitats e nichos (FABRICIUS et al., 2003).

As populações mundiais de répteis têm sido vítimas, nos últimos anos,

de um declínio global, tão sério quanto as de anfíbios (DIXO & VERDADE, 2006).

Tal declínio pode ser explicado por vários fatores, entre eles, a perda e a

degradação de hábitats adequados as principais razões (BROOKS et al., 2002).

A diminuição no tamanho das populações indica que a necessidade da

realização de estudos sobre a fauna de répteis em remanescentes florestais

em áreas sob intensa pressão antrópica é prioritária. Estes fragmentos sofrem

com os efeitos de borda que e com o dossel mais escasso, que causam

aumento de temperatura no solo, diminuição da umidade, flutuações na

temperatura e mais ventos (BELL & DONNELY, 2006), o que compromete a

manutenção de espécies menos tolerantes a mudanças das condições de seu

microhábitat, como os répteis de interior de mata. A manipulação da terra pelo

homem é outra variável que pressiona fortemente a diversidade de espécies. A

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 141: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

abertura de clareiras ou a invasão de terrenos sem manejo pode alterar

significativamente os hábitats, favorecendo a ocupação destas clareiras por

espécies heliotérmicas, em detrimento daquelas que são sensíveis a incidência

da luz solar direta (VITT et al., 1998; MEIK et al., 2002).

A alta prevalência de espécies comuns a outros biomas e que se

adaptam bem a ambientes impactados, mostra que a região ainda se recupera

de impactos antrópicos intensos. Espécies como as serpentes Sibynomorphus

neuwiedi e Erythrolampus aesculapii parecem ser encontradas mais

freqüentemente em ambientes perturbados (SAWAYA et al., 2008). Algumas

espécies, como os lagartos T. merianae e T. torquatus, são bem adaptadas aos

ambientes com perturbações antrópicas e a lagartixa–de–parede

(Hemidactylus mabouia) geralmente encontra-se associada a hábitats

antropizados, sendo muito comum em cidades ou casas de propriedades

rurais.

No caso da Zona da Mata, grande parte dos fragmentos florestais

localiza-se em topos de morro e encostas, sendo raríssimos aqueles em áreas

de grotas e vales (VALVERDE, 1958; RIBON, 1998), as quais são representadas

hoje principalmente por mosaicos de pastagens, campos agrícolas e ambientes

limnícolas, o que intensifica a pressão sobre as espécies dependentes de

ambientes em baixadas. Muitas espécies que podem ter populações estáveis

em áreas de Mata Atlântica, provavelmente se encontram em declínio em

fragmentos da Zona da Mata ou mesmo já extintas (RIBON et al., 2003).

Há uma preocupação ainda na preservação das áreas de nascente em

Descoberto pelo fato de ter sido detectado em alguns pontos, níveis de

mercúrio considerado altos, e potencialmente perigosos para a biota local. A

presença de mercúrio no corpo humano ocasiona grandes danos à saúde.

Devido à sua acumulação progressiva e irreversível, ele se deposita nos

tecidos, causando lesões graves, principalmente, nos rins, fígado, aparelho

digestivo e sistema nervoso central (ALEXANDRE, 2006).

Os sistemas hídricos da região são importantes não somente do ponto

de vista econômico, mas principalmente, pelo ponto de vista ecológico, para as

espécies que dependem diretamente dela para completar seus ciclos de vida.

As espécies dos gêneros Dendropsophus e Scinax desovam na água (e.g.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 142: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

WELLS, 2007), e a boa qualidade desses ambientes é diretamente responsável

pela manutenção da diversidade de espécies na região. Bem como as espécies

de serpentes que são encontradas principalmente em ambientes úmidos, como

matas de galerias, brejos e nascentes. O manejo inadequado das lagoas

existentes na área pode impactar a anurofauna, como visto na lagoa existente

na área, onde a diminuição no nível da água causou a morte de inúmeros

girinos que estavam em ninhos que se localizavam nas bordas da lagoa (Figura

3).

80: Figura – A) Ninho de anuros que estava ressecado após o nível da água da lagoa abaixar; B) Lagoa presente na RPPN onde o ninho estava localizado.

Somente três das 17 espécies de anfíbios encontradas na RPPN não

dependem de ambientes aquáticos para reprodução: Ischnocnema juipoca,

Ischnocnema parva, Haddadus binotatus. Elas são habitantes exclusivas da

serapilheira de áreas florestadas e possuem desenvolvimento direto, fazem a

postura embaixo de folhas no interior da mata, a larva desenvolve-se dentro do

ovo saindo dele já uma pequena rã. Em algumas partes da reserva é

observada a presença de bovinos. Estes animais alimentam-se de mudas de

árvores na beira da mata impedindo a regeneração da floresta nestes locais. A

alteração das condições na beira da floresta pode ocasionar mudanças na

distribuição das espécies que reproduzem exclusivamente na mata, como as

citadas acima, nesta faixa.

8.1. Espécies ameaçadas e/ou endêmicas

Nenhuma das espécies de anfíbios encontradas na região consta na

Lista Vermelha da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MACHADO et al.,

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A B

Page 143: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

2008). No entanto, o estudo de taxonomia para muitos grupos da herpetofauna

ainda é insuficiente. À medida que novos estudos vão sendo realizados, grupos

complexos vão sendo desmembrados em espécies distintas, com distribuição

muito mais restrita do que se encontra na literatura atualmente. Algumas

espécies de anfíbios têm distribuição ampla e, inclusive, muitas delas se

adaptam bem a ambientes antropizados (e.g.: Physalaemus cuvieri e

Dendropsophus minutus).

Mas a área pode ser fonte de muitas espécies endêmicas e que ainda

não foram descritas pela Ciência. No trabalho de Feio et al. (2008), ele cita a

importância da Serra do Brigadeiro para a anurofauna da região e com

indicações de novas espécies que aguardam o trabalho de taxonomistas. Com

a proximidade e similaridade ambiental entre as duas áreas espera-se que o

mesmo ocorra com a região da Serra do Relógio.

Nenhum lagarto ou serpente encontrada na área está inserido na Lista

Vermelha da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MACHADO et al., 2008).

Mas, o quelônio Hydromedusa maximiliani é considerado como “Vulnerável”

pela IUCN (2010), pelas Listas Vermelhas do estado de São Paulo e Espírito

Santo (MARTINS & MOLINA, 2008). Para o estado de Minas Gerais ela aparece

como “Criticamente em perigo” (MARTINS & MOLINA, 2008). Enyalius brasiliensis

é um lagarto restrito a Mata Atlântica, e é encontrado somente na faixa leste de

Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

8.2. Espécies de interesse médico-veterinário

Das espécies da herpetofauna, as jararacas (Bothropoides jararaca e

Bothrops jararacussu) têm interesse médico-veterinário por causarem

acidentes ofídicos, tanto em humanos quanto em criações animais; o mesmo

pode ser dito do sapo da espécie Rhinella pombali, por possuir substâncias

tóxicas nas glândulas da pele e principalmente nas glândulas paratóideas.

Animais de pequeno porte como cães e gatos, podem ser intoxicados ou

mesmo morrerem quando mordem estas espécies.

8.3. Espécies exóticas

A única espécie exótica na área foi Hemidactylus mabouia, que é uma

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 144: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

lagartixa associada a ambientes antropizados, sendo considerada uma espécie

peridomiciliar. De origem africana, foi trazida nos navios que transportavam

escravos para o continente americano, ocorre na América do Sul, África,

Madagascar, Caribe e México. Mas aparentemente a lagartixa parece não

oferecer riscos maiores as espécies nativas.

As espécies associadas à ocupação humana como o cão e o gato, são

uma grande ameaça a herpetofauna nativa, uma vez que atacam e matam

muitas espécies. A presença deles em ambiente natural também pode trazer

muitas doenças e parasitos não naturais, assim como o gado que

frequentemente é encontrado na região.

8.4. Espécies cinegéticas

Das espécies registradas para a área, a rã Leptodactylus ocellatus e a

espécie de teiú (Tupinambis merianae) potencialmente podem ser alvo de caça

pelas populações locais, devido à apreciação de sua carne.

8.5. Espécies de interesse econômico

Pouco se conhece sobre o potencial econômico das espécies brasileiras.

Espécies que geralmente possuem potencial econômico entre os répteis são os

crocodilianos devido ao uso de sua pele para a fabricação de vestuários e

acessórios. Mas, nesse estudo não foram encontrados nenhum crocodiliano na

área e não há relatos de que possam existir.

Outro exemplo é a existência de um remédio cujo princípio ativo,

conhecido como Captopril, foi sintetizado com base em propriedades do

veneno da jararaca (Bothropoides jararaca). Infelizmente, este medicamento foi

patenteado pela industrial Bristol-Myers e atualmente rende cerca de 5 milhões

de dólares/ano para a empresa. Este fármaco é utilizado para controlar

hipertensão.

Assim, pela escassez de conhecimento em relação às espécies

brasileiras, seja da fauna ou da flora, fica impossível discriminar quais espécies

têm interesse econômico. Portanto, muito mais estudos ainda faltam para

avaliar o potencial de cada espécie.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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8.6. Espécies bioindicadoras

Em relação ao potencial bioindicador, algumas espécies podem ser

consideradas indicadoras de ambientes naturais, indicando a qualidade dos

ambientes aquáticos (os anuros: Thoropa miliaris e Hylodes gr. lateristrigatus, e

o cágado Hydromedusa maximiliani) e da qualidade de algumas áreas de mata

(o lagarto Enyalius brasiliensis). Outras espécies indicam ambientes

degradados (como o anuro: Physalaemus cuvieri, e os lagartos: Hemidactylus

mabouia, Tupinambis merianae e Tropidurus torquatus). No entanto, dados

sobre o potencial bioindicador para a maioria das espécies não está disponível

o que torna essa quantificação muito difícil.

Podemos dizer que a áreas demonstra estar se recuperando das

pressões antrópicas sofridas há alguns anos atrás, e pode se tornar um grande

refúgio da herpetofauna da região futuramente.

9. CONCLUSÕES

O levantamento da herpetofauna revelou uma composição constituída

de algumas espécies relacionadas com áreas descaracterizadas e

antropizadas. Isto é uma decorrência da extensa fragmentação e conseqüente

alteração das paisagens originalmente existente e de sua biodiversidade

associada. No geral, a fauna encontrada neste estudo foi composta por

espécies generalistas com alta capacidade de adaptação a diferentes tipos de

cobertura vegetal. A captura de espécies raras e crípticas demanda mais

tempo de trabalho e a utilização de metodologias variadas usadas em conjunto.

Sem esses métodos fica difícil o registro dessas espécies. Por isso a lista aqui

apresentada carece de posteriores revisões em campo, com um maior

investimento de tempo e metodologia.

Durante essa campanha foram registradas 17 espécies de anfíbios e 14

de répteis. Quase nenhuma espécie registrada nesse estudo (anfíbio ou réptil)

encontra-se nas listas oficiais de espécies de anfíbios e répteis ameaçadas de

extinção do IBAMA e IUCN. A única exceção é a presença do cágado H.

maximiliani, o que reforça a necessidade de preservação dos ambientes

naturais da região.

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Page 146: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Pelo falta de estudos herpetológicos na área e também na região

recomenda-se veementemente que mais estudos sejam realizados na região.

10. RECOMENDAÇÕES PARA A ÁREA

Como meio de se preservar a herpetofauna local recomenda-se que:

Ocorra a preservação das áreas de mata existentes

na RPPN Alto da Boa Vista;

Seja feita a preservação dos ambientes aquáticos

existentes na área da reserva;

Ocorra a exclusão dos animais exóticos à fauna

regional, como cão, gato e gado em geral, pois estes podem ser

fatores com potencial danoso a herpetofauna local, atuando como

predadores ou danificando os ambientes como o caso do gado

dentro das matas locais;

Evite que as trilhas usadas no ecoturismo

atravessem os riachos, pois a fragilidade desses ambientes, bem

como a possibilidade de alterar a turbidez das águas possa

ameaçar os organismos dependentes desses ecossistemas.

Quando não possível, que a intervenção seja minimizada ao

máximo. No caso da cachoeira voltada para o lazer, que o

número de usuários seja limitado para que a interferência no

ambiente seja feita de forma sustentável;

E por fim, que seja realizada sempre que possível,

cursos e/ou eventos de caráter educacional para os visitantes e

comunidade do entorno, voltados para o grupo da herpetofauna

com a finalidade de esclarecer muitos mitos e inverdades sobre

esse grupo, e sobressaltar a importância desses organismos na

dinâmica ecológica local.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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81: Figura de Fotos da Herpetofauna – A) Haddadus binotatus; B) Thoropa miliaris; C) Scinax cf. eurydice; D) Hypsiboas polytaenius; E) Dendropsophus minutus; F) Physalaemus aff. olfersii; G) Ischnocnema parva; H) Rhinella pombali; I) Bokermannohyla circumdata; J) Hypsiboas faber; L) Proceratophrys boiei; M) Scinax gr. catharinae.

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82: Figura de Fotos da Herpetofauna (Continuação) – N) Ischnocnema juipoca; O) Hylodes gr. lateristrigatus; P) Enyalius bilineatus; Q) Enyalius brasiliensis; R) Tropidurus torquatus; S) Thamnodynastes cf. nattereri; T) Oxyrhopus petola; U) Erythrolamprus aesculapii; V) Bothropoides jararaca; X) Amphisbaena microcephala.

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83: Foto do Cágado Hydromedusa maximiliani, uma espécie sensível aos processos de fragmentação florestal e ameaçada de extinção. Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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5.2 AVIFAUNA

1 - Introdução

De acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) (2011)

existem hoje no Brasil 1832 espécies de aves, em grande parte devido à variedade de

biomas que ocorrem em todo território brasileiro. A Mata Atlântica possui pelo menos

682 espécies de aves, das quais 188 estão em alguma categoria de ameaça (em perigo,

ameaçadas ou vulneráveis) (Stotz et al., 1996) e 207 são endêmicas (Brooks et al.,

1999). Apesar das constantes mudanças nesses números devido à descoberta de novas

espécies, novas ocorrências, alterações taxonômicas e estudos populacionais que

avaliam o status de conservação de espécies, eles ainda servem como referência para

mostrar a importância da Mata Atlântica como centro de biodiversidade e como foco de

ações para conservação. Dados mais recentes indicam que 98 (88%) das espécies

brasileiras de aves globalmente ameaçadas de extinção e 79 (85%) quase ameaçadas

ocorrem nos estados do Domínio da Mata Atlântica (Bencke et al., 2006).

Em Minas Gerais são registradas 780 espécies ao todo (Marini, 2000), muitas

das quais associadas ao bioma. A Mata Atlântica é considerada um dos principais

pontos críticos de biodiversidade no mundo, definindo-se tais pontos como “hábitats

onde há muitas espécies encontradas somente lá e que correm perigo iminente de

extinção em conseqüência da atividade humana” (Wilson, 1992). Entretanto, é

notoriamente conhecido o estado de degradação da Mata Atlântica, persistindo menos

de 10% da cobertura original (Morellato & Haddad, 2000; Tonhasca, 2005) distribuídos

em muitos fragmentos pequenos, freqüentemente menores do que 100 ha (Turner &

Corllet, 1996). Isto se deve ao impacto das atividades humanas sobre as áreas naturais,

afetando gravemente a sobrevivência de muitas espécies, reduzindo seus habitats e

provocando declínio das populações de aves (Foster, 1996). Muitas espécies

encontradas no Brasil, restritas a limites geográficos pequenos e com densidades muito

baixas, ainda não se tornaram extintas provavelmente porque ainda não se passou tempo

suficiente para que isto ocorresse (Pimm, 2000).

No sudeste de Minas Gerais poucos são os estudos de onde se podem obter

informações sobre o perfil da avifauna regional, podendo citar como exemplos os

trabalhos de Ribon et al. 2004, nos municípios de Coronel Pacheco, Juiz de Fora e

Goianá, D’Angelo Neto et al. (1998), com enfoque em quatro fragmentos pequenos em

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 151: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Lavras, Manhães & Loures-Ribeiro (2005) em área urbana do município de Juiz de

Fora, e Ribon et al. (2003) em Viçosa e adjacências, mas com área de abrangência

maior, com um substancial levantamento de aves ameaçadas ou extintas em fragmentos

de florestas secundárias.

Diante do restrito cenário de informações exposto acima sobre a estrutura,

composição, status de conservação da avifauna em localidades do sudeste do estado de

Minas Gerais, qualquer investigação sobre aspectos da avifauna nos ambientes naturais

regionais deve ser incentivada. É fundamental que se conheça a riqueza biológica local,

o que permite um maior entendimento das dinâmicas ambientais tornando possível

identificar as estratégias para a conservação da biodiversidade, aliada a um uso racional

e sustentável.

O objetivo deste trabalho é inventariar a avifauna da Reserva Particular do

Patrimônio Natural Alto da Boa Vista situada na região da Zona da Mata Mineira.

2 – Materiais e Métodos

Área de estudo

A Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, está inserida no

município de Descoberto, sudeste do estado de Minas Gerais, entre as coordenadas

21°22’33” S-42°56’06” W e 21°22’47” S-42°55’48” W. Trata-se uma área constituída

por mosaico vegetacional de floresta ombrófila altimontana, campos de altitude e

pastagens abandonadas. O clima da região caracteriza-se por invernos secos e verões

chuvosos.

Metodologia

O inventário da avifauna foi realizado durante os períodos de 31 a 01 de

outubro 2009, 9 a 12 de janeiro de 2010 e 9 a 11 de abril de 2010. Durante este período,

a área foi percorrida aleatoriamente, registrando-se todas as aves identificadas por meio

de contatos visuais (binóculos 10x42) ou auditivos. Algumas vocalizações foram

gravadas no campo para posterior identificação. A partir do método de listas de

Mackinnon foi obtido um Índice de Freqüência nas Listas (IFL = [n° de registros da

espécie/n° total de registros] x 100) (Ribon 2010); o IFL oferece uma visão da

frequência relativa de encontros de uma espécie na área, em relação aos avistamentos de

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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todas as espécies. Para avaliar o resultado do esforço amostral, foi construída uma curva

de acumulação de espécies aplicando-se o método de Mao Tau, comparando-se esta

curva foi com curvas de estimativa de riqueza esperada (Chao2, Jakknife1 e Bootstrap)

com auxílio do software Estimates, versão 8.2 (Colwell 2009). A lista final conta com o

acréscimo de espécies registradas fora do período de amostragem e comunicações

pessoais.

O enquadramento ecológico das aves baseou-se na classificação de Willis

(1979), Ribon et al. (2003) e Develey & Endrigo (2004) para categorias tróficas, Silva

(1995) para o grau de dependência de ambientes florestais, Stotz et al. (1996) para

sensibilidade a perturbações ambientais e Brooks et al. (1999) para endemismo. Em

alguns casos, as classificações basearam-se em observações e conhecimento prévio da

espécie. A ordem sistemática e nomenclatura utilizada na listagem das aves seguem a

lista de 8 de agosto de 2011 da American Ornithologist’s Union (AOU) (Remsen et al.,

2011) e os nomes populares estão de acordo com a lista do Comitê Brasileiro de

Registros Ornitológicos (CBRO, 2011).

3 - Resultados e Discussão

Foram registradas 123 espécies incluindo os registros ocasionais e as

comunicações pessoais, distribuídas em 30 famílias (Tabela 85 e Figura 87) e 14 ordens.

Os Passeriformes constituíram a ordem dominante, representando 50% das famílias (n =

15) e 67,5% das espécies (n = 83). As famílias mais representativas foram Tyrannidae,

com 27 espécies (22% do total) e Thraupidae, com 13 (10,6%). No que tange à

composição da avifauna em geral, ocorrem espécies típicas de formações florestais,

espécies adaptadas a ambientes abertos (clareiras, capoeiras mais novas, campos de

altitude, campos antrópicos, etc) e formas que se adaptam às duas condições. As 117

espécies identificadas somente nas 81 listas de MacKinnon representam no máximo

95,1% do número de espécies estimado pelo método de Bootstrap e, no mínimo, 85,6%

da riqueza estimada pelo método Jackknife1, indicando que poucas amostragens a mais

são necessárias para atingir o perfil completo da avifauna local (Figura 84).

A espécie Sporophila frontalis (pixoxó) foi a única espécie incluída na Lista

Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2003), mas é

importante destacar que a União Internacional para conservação da Natureza (IUCN)

classifica o pixoxó como Vulnerável e Drymophila ochropyga (choquinha-de-dorso-

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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vermelho) como Quase Ameaçada (IUCN, 2011). As populações de S. frontalis têm

declinado devido à captura para engaiolamento, fragmentação da Mata Atlântica, que

faz aumentar as distâncias entre sítios de nidificação e moitas de bambu em floração

utilizadas como recurso alimentar, já que se trata de uma espécie nômade que se desloca

constantemente em busca desse recurso. Em relação à choquinha-do-dorso-vermelho, as

principais ameaças são urbanização, expansão de áreas de agricultura e pastagens,

construção de estradas, mineração, etc. Spizaetus tyrannus (gavião-pega-macaco) é

considerada ameaçada no estado de Minas Gerais (Fundação Biodiversitas, 2010).

Recentemente, comunicação pessoal do proprietário da RPPN indica a ocorrência de

Procnias nudicollis (araponga), tendo sido também ouvida sua vocalização por

visitantes na RPPN. A araponga é considerada Vulnerável pela IUCN e Em Perigo no

estado de Minas Gerais pela Fundação Biodiversitas (2010). Foram registradas 34

(27,9%) espécies endêmicas de Mata Atlântica. Além disso, durante o período de

atividades de campo foi ouvida a vocalização de uma espécie de coruja (ordem

Strigiformes), mas que não foi prontamente identificada. Poucas espécies cinegéticas,

isto é, alvos de caça, ocorrem na área, citando-se Crypturellus obsoletus

(inhambuguaçu), Crypturellus tataupa (inhambu-chintã) e Penelope obscura

(jacupemba) (Tabela 85).

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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85: Tabela – Lista das espécies de aves registradas na RPPN Alto da Boa Vista, Descoberto, MG. * Espécies registradas fora do período de amostragem ou por comunicação pessoal do proprietário da área e outros membros do grupo do diagnóstico de fauna. N° CONT = número de contatos com a espécie; IFL= índice de freqüência nas listas ([n° de registros da espécie/n° total de registros] x 100); Categorias tróficas (Cat. Tróf.): O = onívoro, C = carnívoro, F = frugívoro, I = insetívoro, N = nectarívoro, Nec = Necrófago (consumo de carcaças); sensibilidade a perturbações ambientais (SENS): a = alta, m = média, b = baixa; grau de dependência de ambientes florestais (DAF): d = dependente, sd = semi-dependente, i = indepedente; END.: espécie endêmica; St: status de conservação global das espécies de acordo com IUCN (V = vunerável, QA = quase ameaçada), MMA/IBAMA (IB; ameaçada) (2003) ou no estado de Minas Gerais de acordo com Fundação Biodiversitas (A = ameaçada).

0

20

40

60

80

100

120

140

1 7 13 19 25 31 37 43 49 55 61 67 73 79

listas de Mackinnon

n° d

e es

péci

es

n° de espécies observado média/jackknife1média/bootstrap intervalo de confiança de 95% média/Chao2

84: Figura - Curvas de acumulação do número de espécies observado e do número de espécies estimado

(Bootstrap, Chao2. Jackknife) em amostragens com lista de MacKinnon.

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FAMÍLIA/ESPÉCIE N° CONT

(IFL) NOME POPULAR CAT

TRÓF SENS DAF END St

Tinamidae Crypturellus obsoletus 19(2,3) inhambuguaçu F b d Crypturellus tataupa 7(0,6) inhambu-chintã F b d Cracidae Penelope obscura 5(0,6) jacuaçu O m d Cathartidae Cathartes aura 1(0,1) urubu-de-cabeça-vermelha Nec b i

Coragyps atratus* urubu-de-cabeça-preta Nec b i Accipitridae Leptodon cayanensis 1(0,1) gavião-de-cabeça-cinza C m d Rupornis magnirostris 8(1,0) gavião-carijó C b i Spizaetus tyrannus 2(0,2) gavião-pega-macaco C m d A Falconidae Caracara plancus 1(0,1) caracará C b i Herpetotheres cachinnans* acauã C b sd

Micrastur ruficollis* 3(0,4) falcão-caburé C m d Milvago chimachima 3(0,4) carrapateiro C b i Rallidae Aramides saracura 1(0,1) saracura-do-mato I m sd X Pardirallus nigricans 6(0,7) saracura-sanã I m sd Cariamidae Cariama cristata 1(0,1) seriema C m i Columbidae Columbina talpacoti 6(0,7) rolinha-roxa O b i Patagioenas picazuro 2(0,2) pombão F m sd Patagioenas cayennensis 2(0,2) pomba-galega F m d Patagioenas plumbea 2(0,2) pomba-amargosa F a d Leptotila verreauxi 3(0,4) juiriti-pupu O b d Geotrygon montana 10(1,2) pariri F m d Leptotila rufaxilla 3(0,4) juriti-gemedeira O m d Psittacidae Aratinga leucophthalma 3(0,4) periquitão-maracanã F b sd Pionus maximiliani 3(0,4) maitaca-verde F m sd Cuculidae Piaya cayana 7(0,9) alma-de-gato O b sd Tapera naevia 2(0,2) saci I b i Trochilidae Phaetornis pretrei 1(0,1) rabo-branco-acanelado N b sd

Phaetornis eurynome 16(2,0) rabo-branco-de-garganta-rajada N m sd X

Florisuga fusca* beija-flor-preto N m d X Stephanoxis lalandi 1(0,1) beija-flor-de-topete N m sd X Chlorostilbon lucidus 2(0,3) besourinho-de-bico-vermelho N b sd Thalurania glaucopis 6(0,7) beija-flor-de-fronte-violeta N m d X Leucochloris albicollis 1(0,1) beija-flor-de-papo-branco N b d X Trogonidae Trogon surrucura 3(0,4) surucuá-variado O m d X Ramphastidae Pteroglossus aracari* Araçari-de-bico-branco O m d Picidae Picumnus cirratus 5(0,6) pica-pau-anão-barrado I b sd

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Veniliornis passerinus 1(0,1) picapauzinho-anão I b sd Veniliornis maculifrons 2(0,2) picapauzinho-de-testa-pintada I m d X Veniliornis spilogaster 2(0,2) picapauzinho-verde-carijó I m sd X Campephilus robustus 2(0,2) pica-pau-rei I m sd X Thamnophilidae Thamnophilus caerulescens 19(2,3) choca-da-mata I b d Dysithamnus mentalis 4(0,5) choquinha-lisa I m d Pyriglena leucoptera 24(3,0) papa-taoca-do-sul I m d X Myrmeciza loricata 3(0,4) formigueiro-assobiador I m d X Drymophila ochropyga 6(0,7) choquinha-de-dorso-vermelho I m d X QA Conopophagidae Conopophaga lineata 13(1,6) chupa-dente I m d X Furnariidae Synallaxis ruficapilla 12(1,5) pichororé I m d X Synallaxis spixi 4(0,5) joão-teneném I b d Phacellodomus rufifrons 9(1,1) João-de-pau I m sd Automolus leucophthalmus 3(0,4) barranqueiro-de-olho-branco I m d X Anabazenops fuscus 4(0,5) trepador-coleira I a d X Lochmias nematura 8(1,0) joão-porca I m d Xenops rutilans 4(0,5) bico-virado-carijó I m d Sittasomus griseicapillus 12(1,5) arapaçu-verde I m d Xiphorhynchus fuscus 7(0,9) arapaçu-rajado I a d X Lepidocolaptes squamatus 1(0,1) arapaçu-escamado I a d X Campylorhamphus falcularius 6(0,7) arapaçu-de-bico-torto I a d X Tyrannidae Mionectes rufiventris 7(0,9) abre-asa-de-cabeça-cinza O m d X Leptopogon amaurocephalus 5(0,6) cabeçudo I m d Myiornis auricularis 1(0,1) miudinho I b d X Poecilotriccus plumbeiceps 9(1,1) tororó I b d Todirostrum poliocephalum 7(0,9) teque-teque I b d X Phyllomyias fasciatus 6(0,7) piolhinho I m sd Elaenia flavogaster 2(0,2) guaracava-de-barriga-amarela O b sd Elaenia obscura 5(0,6) tucão O m d Camptostoma obsoletum 3(0,4) risadinha I b i Tolmomyias sulphurescens 20(2,5) bico-chato-de-orelha-preta I m d Platyrinchus mystaceus 9(1,1) patinho I m d Myiophobus fasciatus 3(0,4) filipe I b sd Hirundinea ferruginea 4(0,5) gibão-de-couro I b sd Lathrotriccus euleri 9(1,1) enferrujado I m d Knipolegus cyanirostris 1(0,1) maria-preta-de-bico-azulado I b d

Knipolegus nigerrimus 1(0,1) maria-preta-de-garganta-vermelha I m sd X Muscipipra vetula 2(0,2) tesoura-cinzenta I m d X Fluvicola nengeta 1(0,1) lavadeira-mascarada I b i Colonia colonus 1(0,1) viuvinha I b d Myiozetetes similis 7(0,9) bentevizinho-de-penacho-vermelho O b sd Pitangus sulphuratus 4(0,5) bem-te-vi O b i Megarhynchus pitangua 3(0,4) neinei O b sd Empidonomus varius 2(0,2) peitica I b sd Myiarchus tuberculifer 3(0,4) maria-cavaleira-pequena O b d Myiarchus swainsoni 2(0,2) irré I b i Myiarchus ferox 13(1,6) maria-cavaleira O b sd Attila rufus 6(0,7) capitão-de-saíra O m d X

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Pipridae Manacus manacus 6(0,7) rendeira F b d Chiroxiphia caudata 28(3,5) tangará F b d X Tityridae

Pachyramphus viridis* caneleiro-verde O m sd Vireonidae Cychlaris gujanensis 29(3,6) pitiguari O b sd Vireo olivaceus 3(0,4) juruviara I b d Hirundinidae Pygochelidon cyanoleuca 1(0,1) andorinha-pequena-de-casa I b i Troglodytidae Troglodytes musculus 11((1,4) corruíra-de-casa I b i Turdidae Turdus flavipes 5(0,6) sabiá-una O m d Turdus rufiventris 21(2,6) sabiá-laranjeira O b i Turdus leucomelas 10(1,2) sabiá-barranco O b i Turdus amaurochalinus 1(0,1) sabiá-poca O b sd Turdus albicollis 4(0,5) sabiá-coleira O m d Thraupidae Saltator similis 5(0,6) trinca-ferro-verdadeiro O b sd

Cissopis leverianus* tietinga O b d Schistochlamys ruficapillus 4(0,5) bico-de--veludo O b i Trichothraupis melanops 25(3,1) tiê-de-topete O m d Tachyphonus coronatus 21(2,6) tiê-preto O b d X Thraupis sayaca 11(1,4) sanhaçu-cinzento O b sd Thraupis ornata 5(0,6) sanhaçu-de-encontro-amarelo O m sd X Tangara cyanoventris 17(2,1) saíra-douradinha O m d X Tangara cayana 12(1,5) saíra-amarela O m i Tersina viridis 2(0,2) saí-andorinha O m d Dacnis cayana 20(2,5) saí-azul O b sd Hemithraupis ruficapilla 5(0,6) saíra-ferrugem O b d X Conirostrum speciosum 1(0,1) figuinha-de-rabo-castanho I b d Emberizidae Zonotrichia capensis 9(1,1) Tico-tico G b i Haplospiza unicolor 25(3,1) cigarra-bambu G m sd X Sicalis flaveola 5(0,6) canário-da-terra-verdadeiro G b i Volatinia jacarina 17(2,1) tiziu G b i Sporophila frontalis 20(2,5) pixoxó G m d X IB,V Sporophila ardesiaca 4(0,5) papa-capim-de-costas-cinzas G b i Sporophila caerulescens 7(0,9) coleirinho G b i

Tiaris fuliginosus 2(0,2) Cigarra-do-coqueiro G b d Arremon semitorquatus 7(0,9) tico-tico-do-mato O m d X Coryphospingus pileatus 1(0,1) Tico-tico-rei-cinza G b sd Cardinalidae Habia rubica 3(0,4) tiê-do-mato-grosso O a d Parulidae Basileuterus culicivorus 41(5,1) pula-pula I m d Fringillidae Euphonia chlorotica 3(0,4) fim-fim O b sd Chlorophonia cyanea 1(0,1) gaturamo-bandeira O m d Total 810

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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Em relação à freqüência de ocorrência das espécies no ambiente podemos

perceber que entre as 11 espécies mais comuns, caracterizadas aqui como aquelas com

20 ou mais registros nas listas (IFL≥ 2,5), encontram-se sete dependentes de ambientes

florestais, especificamente Pyriglena leucoptera (papa-taoca-do-sul), Tolmomyias

sulphurescens (bico-chato-de-orelha-preta) Chiroxiphia caudata (tangará),

Trichothraupis melanops (tié-de-topete), Tachyphonus coronatus (tiê-preto), S. frontalis

(pixoxó) e Basileuterus culicivorus (pula-pula). A espécie com maior número de

registros (n = 41) foi B. culicivorus, um passeriforme insetívoro que habita o interior de

matas deslocando-se constantemente entre a folhagem (Sick, 1997). Esta ave é

dependente de ambientes florestais e possui sensibilidade média a perturbações

ambientais. Juntam-se a estas espécies outras três semi-dependentes e uma independente

de ambientes florestais. A ocorrência de aves associadas a florestas pode ser devido à

presença de populações relictuais oriundas de fragmentos maiores ou mesmo a uma

estrutura de metapopulações onde haja deslocamentos eventuais de indivíduos entre

trechos de mata existentes na RPPN.

É importante notar que algumas espécies com requisitos ecológicos mais

específicos não estão entre as mais comuns; por exemplo, o número de espécies e

registros de arapaçus é pequeno (4 espécies). Estes membros da família Furnariidae

forrageiam em troncos de árvores e necessitam de cavidades naturais encontradas em

árvores velhas para nidificar e dormir (Sick, 1997). Concomitantemente, pica-paus

(família Picidae) também foram pouco observados e ocupam nicho similar ao dos

arapaçus. Entretanto, a pequena diferença de espécies em favor dos pica-paus talvez seja

reflexo do grau de dependência de ambientes florestais, que é maior para os arapaçus

(Tabela 85). Se considerarmos que pelo menos Xiphorynchus fuscus (arapaçu-rajado)

possui pouca habilidade para mover-se entre fragmentos, necessitando de árvores

isoladas como stepping stones (trampolins ecológicos) para transpô-los (Boscolo et al.

2007) e que houve baixa freqüência de arapaçus, então é possível supor que as aves

observadas podem constituir populações com alto grau de isolamento. Assim as matas

estudadas e as adjacentes devem receber atenção por meio de iniciativas de

monitoramento.

De modo geral, a caracterização ecológica da avifauna local indica uma

dominância de aves dependentes e semidependentes de ambientes florestais. É

relativamente baixo o número observado de espécies totalmente independentes de

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 159: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

cobertura florestal. Como se trata de uma área rural com alguns remanescentes de

floresta e campos naturais é de se esperar um número relativamente baixo de espécies

adaptadas a ambientes altamente antropizados (Tabela 86).

Não obstante, o fato de haver muitas aves associadas a ambientes de floresta não

significa que muitas dessas espécies possuam baixa resiliência sob efeito de impactos

ambientais, já que podem sobreviver mesmo em fragmentos muito pequenos e

antropizados. Assim, menos da metade das espécies possui sensibilidade média ou alta

aos efeitos de perturbações ambientais (Tabela 86), o que sugere tendência apenas

regular da área em sustentar populações de aves com baixa ou nenhuma capacidade de

se adaptar a ambientes perturbados. Em geral tais aves estão presentes nos fragmentos

existentes na área. Dentre elas, apenas seis (Patagioenas plumbea [pomba-amargosa],

Anabazenops fuscus [trepador-coleira], Xiphorynchus fuscus [arapaçu-rajado],

Lepidocolaptes squamatus [arapaçu-escamado], Campylorhamphus falcularius

[arapaçu-de-bico-torto] e Habia rubica [tiê-do-mato-grosso]), são aves com alto grau de

sensibilidade, enquanto outras 55 possuem apenas sensibilidade intermediária. Espécies

que apresentam alta sensibilidade a distúrbios ambientais são boas indicadoras do

estado de preservação da área (Anjos et al., 2009). Neste caso, apenas 6 (4,9%) espécies

pertencem a esta categoria, possivelmente refletindo o grau de alteração ambiental, e

ainda será necessário algum tempo para que processos de regeneração ambiental

permitam recolonização de espécies de aves mais exigentes. Por outro lado cerca de

metade das espécies (50,4%) são pouco sensíveis e são capazes de resistir às alterações

de influências antrópicas, perda, isolamento e degradação de hábitats (Tabela 86).

Dessa maneira, as áreas de mata nativa restantes são, sem dúvida, os ambientes

mais importantes em relação à avifauna. Essas matas, além de abrigarem espécies

menos exigentes (que podem viver fora da mata), são fundamentais para a manutenção

de algumas espécies exclusivamente florestais, como é o caso daquelas com alta

sensibilidade às alterações de seus hábitats. Esse ambiente também sustenta espécies

que habitam o sub-bosque como, por exemplo, Automolus leucophthalmus

(barranqueiro-de-olho-branco) que apresenta área de vida em torno de seis hectares

(Develey, 1997), não se deslocando para as extensas áreas de mata e nem necessitando

de grandes áreas – e espécies que habitam ou se deslocam pelo dossel e fazem grandes

deslocamentos em busca de frutos, como acontece com Pionus maximiliani (maitaca-

verde) e Penelope obscura (jacuaçu).

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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86: Tabela – Características ecológicas das 123 espécies da

avifauna identificadas na área da RPPN Alto da Boa Vista,

Descoberto, MG.

Grau de dependência de ambientes florestais n° de espécies %

dependente 65 52,8

semidependente 35 28,5

independente 23 18,7

Sensibilidade à perturbação ambiental

baixa 62 50,4

média 55 44,7

alta 6 4,9

Estrutura trófica

insetívoro 48 39,0

onívoro 39 31,7

frugívoro 10 8,1

granívoro 9 7,3

carnívoro 8 6,5

nectarívoro 7 5,7

necrófago 2 1,6

As espécies registradas na área foram enquadradas em sete guildas tróficas

(categorias alimentares). A composição dessas guildas é consistente com resultados

encontrados por Motta Jr. (1990) que estudou uma área com três hábitats (mata de

galeria, cerrado e eucaliptal) no estado de São Paulo, e Machado & Lamas (1996) que

inventariaram uma área com mata nativa e eucaliptais em Minas Gerais. Semelhante aos

resultados encontrados por estes autores há um amplo predomínio de espécies

insetívoras e onívoras pouco especializadas (Tabela 86). Segundo Motta Jr. (1990) esta

composição pode ser um indicativo de perturbação ambiental.

Apesar do grande número de insetívoros pouco especializados, algumas espécies

desta guilda com grau médio de sensibilidade a alterações intrínsecas da qualidade do

hábitat, podem ser mais sensíveis ao isolamento dos fragmentos. Segundo Aleixo &

Vielliard (1995), espécies como Automolus leucophthalmus (branqueiro-de-olho-

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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branco), Dysithamnus mentalis (choquinha-lisa) e Platyrinchus mystaceus (patinho)

estão extintas na mata de Santa Genebra, um fragmento de mata urbano do município de

Campinas, São Paulo, devido à falta de conectividade com outros fragmentos,

impedindo a recolonização. A presença destas três espécies na RPPN Alto da Boa Vista

sugere que elas não estão sujeitas ao mesmo processo de isolamento observado em

Santa Genebra. No entanto os registros foram muito poucos e o monitoramento

periódico da área também se faz necessário para diagnosticar se as populações,

provavelmente residuais, de espécies com este grau de sensibilidade podem manter um

fluxo de repovoamento com outras áreas, ou estão se extinguindo localmente.

Em São Carlos (SP) e na Serra do Japi (SP), Motta Jr. (1990) e Silva (1992),

respectivamente, destacam a baixa representatividade ou mesmo a ausência de algumas

famílias de aves, principalmente Tinamidae (onívoros e frugívoros), Psittacidae,

Trogonidae, Rhamphastidae, Cotingidae (frugívoros), Dendrocolaptidae (hoje entre os

Furnariidae), Galbulidae e Bucconidae e algumas espécies das famílias Formicariidae

(insetívoros) e Thraupidae (onívoros e frugívoros). Algumas destas famílias tiveram

representantes na área do estudo (p. ex. Tinamidae, Psittacidae e Thraupidae). Os

grandes frugívoros pertencentes a algumas dessas famílias como inhambus (Tinamidae),

além de jacus (Cracidae) são espécies muito afetadas pela redução das áreas de

florestas, levando ao declínio das populações de espécies vegetais que possuem grandes

sementes, preferencialmente dispersas por estas aves (Howe, 1984). Sugere-se aqui que

medidas de manejo incluam atenção especial para o monitoramento das populações de

plantas nativas que produzam grandes frutos com sementes grandes. Embora grandes

frugívoros possam também consumir frutos pequenos, a presença de árvores com

grandes frutos pode favorecer a colonização por aves de maior porte pela redução da

competição, já que aves pequenas têm mais dificuldade de consumir os frutos maiores

(Moermond & Denslow, 1985).

Os fragmentos situados dentro do complexo e as pequenas áreas de campos de

altitude, ainda que perturbados, apresentam potencial para abrigar populações de alguns

grupos da avifauna local e regional, embora não se saiba se essas populações são

autosustentáveis sem uma área core (ou nuclear) de onde podem imigrar alguns

indivíduos. Mas a iniciativa de implementação de áreas de proteção é uma importante

medida no sentido de manter e recuperar os hábitats necessários à sobrevivência a longo

prazo das espécies residentes ou migratórias.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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87: Figura - Fotos de algumas espécies de aves residentes na RPPN Alto da Boa Vista

Schistochlamys ruficapillus – bico-de-veludo Sicalis flaveola – canário-da-terra-verdadeiro

Empidonomus varius – peitica

Basileuterus culicivorus – pula-pula

Schistochlamys ruficapillus – tié-de-topete

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5.3 MASTOFAUNA

INTRODUÇÃO

Minas Gerais possui aproximadamente 40% dos mamíferos não aquáticos

brasileiros, destes 16% estão ameaçados de extinção (DRUMMOND et al. 2005). Apesar

desta grande diversidade de mamíferos, existem ainda muitas lacunas no conhecimento

científico sobre a fauna de mamíferos no estado (COSTA et al. 2005).

Dentre essas lacunas podemos citar as informações escassas sobre ocorrência e

distribuição das espécies de mamíferos, contudo haverá um aumento destas informações

com o incremento no número de inventários (REIS et al. 2006). A partir destas

informações é possível propor estratégias para a conservação da mastofauna,

principalmente das espécies ameaçadas de extinção (ANDRIOLO 2006).

A ocupação e a utilização do ambiente natural imposto na área da Mata Atlântica

desde o início da colonização levaram a fragmentação deste bioma em pequenos

fragmentos pequenos e isolados. Sendo o padrão encontrado atualmente na Zona da

Mata Mineira (LOPES et al. 2002). A fragmentação e a perda da qualidade de habitat são

as principais causas da perda de diversidade, pois estas influenciam diretamente na

disponibilidade de recursos para os animais que ali vivem (CHIARELLO 1999;

CHIARELLO 2000; MORELLATO & HADDAD 2000; GRELLE et al. 2005; COSTA et al.

2005).

Na tentativa de minimizar o efeito da redução dos remanescentes florestais e

conter a perda de diversidade, a criação de Reservas Naturais tem sido incentivada,

principalmente as de caráter particular. Desta forma o objetivo deste trabalho foi

fornecer subsídios para a elaboração do Plano de Manejo da Reserva Particular do

Patrimônio Natural Alto da Boa Vista, situada no Município de Descoberto em Minas

Gerais, através do levantamento da mastofauna.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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METODOLOGIA

Área de estudo

A Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista (RPPN-ABV)

localiza-se entre as coordenadas 21º 22’ 50” N e 42º 55’ 94” S, na Serra do Relógio, no

Município de Descoberto, Minas Gerais. A Serra do Relógio faz parte do Complexo da

Mantiqueira.

A RPPN Alto da Boa Vista possui uma área de 125,27 ha somando as três

certificações, sendo duas pelo IBAMA e uma pelo IEF –MG, dos anos de 1995, 2000 e

2008 respectivamente. O relevo da RPPN é muito acidentado, com variações entre 800

a 1400 metros de altitude, tendo desde áreas de brejos, devido à grande concentração de

nascentes na face da Serra do Relógio que leva para área da reserva, até um campo de

altitude nas partes mais elevadas da área (figura 1).

88: Figura – Localização da Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista

com pontos de amostragens das armadilhas fotográficas.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 165: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

A vegetação da reserva pode ser classificada como floresta Estacional Semidecidual

segundo a classificação de VELLOSO et al (1991). A área apresenta, e sua maior parte,

uma vegetação em regeneração, devido ao histórico do uso do solo. Áreas de pastagens

e de agricultura que estão se regenerando.

Inventário da mastofauna

Para a realização do inventário de mamíferos na RPPN Alto da Boa Vista,

utilizou-se uma combinação de técnicas para maximizar o número de espécies

inventariadas em um curto espaço de tempo, essa combinação de técnicas é considerada

ideal para trabalhos de diagnósticos (SILVEIRA et al. 2003). Nesta combinação utilizou-

se o levantamento de nas trilhas, armadilhas fotográficas e redes de neblina, além de

relatos de moradores dados espontaneamente.

O levantamento nas trilhas através de registros diretos (visualização) e indiretos

(vocalização, pegadas, fezes e carcaças) é considerado por SILVEIRA et al. (2003) como

um método eficiente para diagnósticos. Pois, além de ser de baixo custo, o pesquisador

pode percorrer, se a área for pequena, a maior parte da área em pouco tempo. Essa

metodologia consiste em percorrer trilhas pré-existentes, trilhas recém abertas, cursos

d’água e estradas a procura de mamíferos ou dos seus vestígios. Contudo essa

metodologia privilegia espécies menos tímidas (OLIVEIRA, 2004), bem como é

necessário que o substrato seja propício para a impregnação de pegadas. Na RPPN Alto

da Boa Vista foram percorridas as trilhas pré-existentes, bem como estradas, cursos

d’água, procurando anotar qualquer vestígio que pudesse identificar um mamífero. Os

registros foram fotografados quando possível, ou desenhados, para posterior

identificação.

Uma técnica que vem sendo muito utilizada atualmente para o levantamento de

mamíferos, principalmente de médio e grande porte, é o uso das armadilhas fotográficas

automáticas (SRBERK-ARAUJO E CHIARELLO, 2005). Essa técnica permite inventariar

mamíferos de comportamento críptico e de hábitos noturnos (SRBERK-ARAUJO E

CHIARELLO, 2007). Apesar dos custos é a técnica que obtém os melhores resultados em

pouco tempo (BASTOS NETO, 2009). Para essa metodologia utilizou-se quatro

armadilhas fotográficas analógicas da Marca Tigrinus® modelo 6.0C versão 1.0 (Figura

2), contudo uma das armadilhas parou de funcionar ainda na primeira campanha de

campo, sendo o trabalho finalizado com três armadilhas. Foram instaladas em locais em

Page 166: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

que se verificou a presença de mamíferos anteriormente (Figura 1). Utilizaram-se filmes

fotográficos de 12 e 24 poses ASA 400 da marca Fuji filmes. As armadilhas ficaram

cerca de 15 dias em campo, depois foram retiradas para manutenção e revelação do

filme.

89: Figura – Armadilha fotográfica Tigrinus® instalada em campo.

Para contemplar também o grupo dos mamíferos voadores, utilizou-se a

metodologia de rede de neblina, redes de nylon de nove metros de comprimento por três

de altura (Figura 3). Estas redes foram armadas em clareias, trilhas e estradas, locais

mais prováveis de se capturar mos morcegos, pois possibilitam uma área para o vôo

além de locais com recursos alimentares disponíveis (ESBÉRARD, 1999). Foram

montadas ao entardecer e deixadas abertas por um período mínimo de seis horas, sendo

monitoradas a cada 15 minutos. Foram coletados dois exemplares de cada espécie

capturada e depositados na Coleção de Quirópteros da Universidade Federal de Juiz de

Fora, para servir como testemunho para área.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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90: Figura – Rede de neblina montada no interior de mata.

Foram realizadas três campanhas de campos, entre os dias 31 de outubro e 02 de

novembro de 2009; 8 a 13 de janeiro de 2010, e 8 a 11 de abril de 2010. Para cada

campanha de campo, o esforço amostral para o levantamento nas trilhas foi de 8 horas

por dia, totalizando 96 horas de esforço amostral. Para a redes de neblina o esforço

amostral foi de 14580 m2.h.

A identificação e nomenclatura das espécies seguiram REIS et al. (2006), REIS et

al. (2007), VIZOTTO E TADDEI (1973), as pegadas foram identificadas segundo o guia de

pegadas (BECKER E DALPONTE 1999).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram registradas 12 espécies de mamíferos silvestres distribuídas em cinco

ordens, além de duas espécies exóticas, Canis lupus familiaris (Linnaeus, 1758) e Equus

caballus (1758) (tabela 1).

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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91: Tabela - Espécies de mamíferos registrados na RPPN Alto da Boa Vista, Descoberto-Minas Gerais/Brasil

Ordem Espécie Nome popular Tipos de registros

Estado de Conservação

DIDELPHIOMORPHIA

Didelphidae Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826) Gambá Carcaça, fotografia

Não ameaçada

Marmosps sp cuíca Fotografia

XENARTHRA

Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758)

tamanduá-mirim

Fotografia Não ameaçada

Dasypodidae Cabassous tatouay (Desmarest, 1804) tatu-do rabo-mole grande

Carcaça, fotografia

Vulnerável

Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 tatu galinha Fotografia

Não ameaçada

CHIROPTERA

Phyllostomidae Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) morcego Captura Não ameaçada

Artibeus fimbriatus Gray, 1838 morcego Captura

Não ameaçada

Sturnira lilium (É. Geoffroy, 1810) morcego Captura

Não ameaçada

CARNIVORA

Procyonidae Nasua nasua (Linnaeus, 1766) coati Fotografia Não ameaçada

Procyon cancrivorus (G. [Baron] Cuvier, 1798)

mão-pelada Fotografia Não ameaçada

RODENTIA

Sciuridae Guerlinguetus ingrami (Thomas, 1901) caxinguelê Vestígios Não ameaçada

Caviidae Cuniculus paca (Linnaeus, 1758) paca Fotografia, rastros

Não ameaçada

Erethizontidae Sphigurus villosus (F. Cuvier, 1822) ouriço-caxeiro Carcaça, fotografia

Não ameaçada

* Espécies exóticas. Os dados para classificação do estado de conservação foram obtidos através das listas de espécies ameaçadas do MMA (2003) e Biodiversitas (2007)

Destas cinco espécies foram registradas através da metodologia de levantamento

nas trilhas, Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1820), Cabassous tatouay (Desmarest

1804), Guerlinguetus ingrami (Thomas, 1901), Cuniculus paca (Linnaeus, 1758) e

Sphigurus villosus (F. Cuvier, 1822), sendo que elas foram registradas através de

carcaças e vestígio alimentar, este ultimo foi o registro de um coquinho de indaiá com

marcas de dentes de G. ingrami. Segundo relatos dos moradores da reserva e entorno,

havia o registro da espécie de barbado, ou bugio, Alouatta clamitans (Humbolt, 1812),

porém no presente estudo esta espécie não foi registrada, fato que pode ser atribuído ao

tipo de uso do solo da propriedade antes da formação da reserva.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 169: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

A metodologia que se mostrou mais eficiente neste inventário foi a das

armadilhas fotográficas, registrando nove das dez espécies de mamíferos não-voadores

inventariadas. Dentre estas, as que obtiveram o maior numero de registros fotográficos

foram D. aurita com 15 registros; C. paca com 7 registros; S. villosus, C. tatouay,

Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 e Nasua nasua (Linnaeus, 1766) com 2 registros

cada. Cinco das nove espécies fotografadas, foram tiradas pela armadilha fotográfica

montada na base de uma palmeira Indaiá (Attalea dubia (Mart) Bur.) que estava no

período de frutificação, mostrado ser uma importante recurso alimentar.

Através da metodologia de rede de neblina foram capturadas três espécies de

quirópteros da família Phyllostomidae, Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758),

Artibeus fimbriatus Gray, 1838 e Sturnira lilium (É. Geoffroy, 1810).

Segue uma breve descrição sobre a distribuição e hábitos das espécies de mamíferos

registrados na RPPN Alto da Boa Vista:

Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826) (gambá comum): é uma espécie de

médio porte, com tamanho corporal variando de 35 cm a 45 cm de comprimento

e podendo pesar até 1,8Kg. Está espécie apresenta uma listra negra sobre a

fronte e uma em cada olho, a coloração da pelagem varia do marrom até o negro,

com a presença de pelos guarda brancos. São animais ornívoros, alimentando-se

desde frutos e sementes até pequenos vertebrados. Apresentam hábitos noturnos

e escansorial, vivendo próximo a cursos d’água. Esta espécie apresenta uma

tolerância a antropização, podendo até se beneficiar dela.

Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) (tamanduá-mirim): espécie de médio

porte com tamanho corporal entre 47 cm e 77 cm, e peso até sete quilos.

Apresenta uma coloração creme até o marrom, podendo ter duas faixas pretas da

região escapular até o dorso do animal. Alimenta-se, basicamente, de formigas,

cupins, mel e abelhas, que podem ser ingeridos tanto em ninhos no solo, quanto

no topo das árvores. Possui habito predominantemente noturno. As principais

ameaças para está espécie são caça e atropelamentos.

Cabassou tatouay (Desmarest, 1804) (tatu-do-rabo-mole-grande): espécie de

médio porte com tamanho corporal médio de 45,7 cm, e peso de 6,2 Kg. Nos

animais desta espécie o rabo não se apresenta cobertos pelos escudos dérmicos,

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sendo assim uma característica para sua identificação. A alimentação é

constituída por formigas e cupins. Apresenta habito noturno, podendo ser vistos

ocasionalmente durante o dia. Está espécie é considerada como vulnerável pela

lista de espécies ameaçadas da MMA (2003) e Biodiversitas (2007).

Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 (tatu-galinha): espécie de médio porte

com tamanho corporal variando entre 39 cm a 57 cm de comprimento do corpo,

e peso podendo chegar até sete quilos. A coloração e pardo escuro, apresentando

nove cintas na região mediana do corpo. A alimentação é constituída de

invertebrados, mas pode consumir material vegetal e até pequenos vertebrados.

Espécie comum em áreas florestadas, podendo habitar também regiões de

campos.

Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) (morcego): é considerada espécie de

médio porte entre as espécies de morcegos, com antebraço podendo chegar a 44

mm, e peso de 18,5 g. Apresenta uma ampla distribuição geográfica, habitando

desde áreas bem preservadas até fragmentos florestais urbanos. Sua dieta é

basicamente frutífera, tendo preferência por plantas da família Piperaceae.

Artibeus fimbriatus Gray, 1838 (morego): possui mediada do antebraço variando

entre 59 a 71 mm, e peso médio de 54 g. Alimenta-se primariamente de frutos,

podendo alimentar-se ainda de insetos e partes florais. Está espécie é

freqüentemente encontrada nas áreas florestadas, sendo raramente encontrado

em áreas urbanas.

Sturnira lilium (É. Geoffroy, 1810) (morcego): espécie de médio porte com

antebraço medindo 44 mm e peso de 21g. É considerada uma espécie abundante

e de habito predominantemente frugívora, tendo preferência por frutos de

solanáceas. Além disso, essa espécie é considerada como indicadora de áreas

alteradas, quando encontradas em alta abundância, pois são favorecidas pela

presença das espécies de plantas pioneiras (Medellin, 2000).

Nasua nasua (Linnaeus, 1766) (quati): espécie de médio porte medindo entre 40

a 65 cm, e pesando até dez quilos. A pelagem varia do vermelho ao marrom, e a

cauda apresenta anéis pertos. São animais de ambientes florestais, que possuem

uma dieta, que vai desde frutos até pequenos vertebrados, podendo consumir

Page 171: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

cadáveres. Os animais desta espécie tem o habito de viverem em grupos, que

pode chegar até a 30 indivíduos.

Procyon cancrivorus (G. [Baron] Cuvier, 1798) (mão-pelada): espécie de médio

porte medindo entre 40 e 100 cm e pesando cerca de dez quilos. Coloração

marrom escuro ao acinzentado, apresenta uma mascara negra ao redor dos olhos.

Vive em áreas florestais próximos a cursos d’água, banhados e lagoas, onde

captura peixes, moluscos e outros invertebrados.

Cuniculus paca (Linnaeus, 1758) (paca): mamífero de médio porte, podendo

chegar a 73cm de comprimento, e 9,5 Kg de peso. Alimenta-se de frutos, brotos

e tubérculos, que encontra no interior dos fragmentos florestais. São animais de

hábitos solitários, podendo formar casais. As principais ameaças a esta espécie

são a atividade de caça e a redução dos ambientes florestais.

Sphigurus villosus (F. Cuvier, 1822) (ouriço-caixeiro): espécie de médio porte

com tamanho corporal medindo entre 31 e 41cm, podendo chegar a 1,2 Kg de

peso. Os animais desta espécie apresentam uma coloração marrom acinzentado,

com pelos - guarda aculeiformes de base amarelo e região terminal preta. Vivem

em ambientes florestais, tem hábitos escansorial.

A baixa diversidade da área pode estar ligada aos seguintes fatores: 1 – ao reduzido

tamanho da área da reserva, pois segundo CHIARELLO (2000) o tamanho da área é

diretamente proporcional à diversidade de mamíferos encontrados, ou seja, quanto

maior a área maior será a diversidade. 2 – o reduzido esforço amostral, que embora

aparentemente alto (96 horas), isso não reflete em um número satisfatório em trilhas

percorridas. Em dois trabalhos feitos também na Zona da Mata Mineira, um na região

de Viçosa, no qual PRADO et al. (2008) registraram 20 espécies de mamíferos no

período de um ano de inventário. E o outro realizado por BASTOS NETO et al (2009)

registram 27 espécies de mamíferos não voadores, em um fragmento peri-urbano de

Juiz de Fora, MG, também em um ano de amostragem.

Dentre as espécies registradas na RPPN Alto da Boa Vista podemos ressaltar a

importância para Cabassous tatouay (Tatu-do-rabo-mole), Dasypus novemcinctus

(Tatu-galinha) e Cuniculus paca (paca) por serem espécies que sofrem grande pressão

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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de caça, sendo esse um dos principais fatores da extinção destas espécies (CHIARELLO

2000). Sendo que foi registrado pelo menos dois indivíduos de C. paca e C. tatouay

durante o trabalho campo. A partir da presença destas espécies pode-se sugerir a

presença de mesopredadores e predadores de topo.

Das 15 espécies encontradas no local uma está na lista de espécies ameaçadas de

extinção, sendo considerado vulnerável (MACHADO et al. 2008). Um problema

enfrentado pela RPPN Alto da Boa Vista, bem como outras Unidades de Conservação é

a invasão de espécies exóticas como o cachorro-doméstico. Segundo GALETTI E SAZIMA

(2006) tanto cães domésticos quanto gatos são considerados predadores e competidores

da mastofauna nativa, podendo levar algumas espécies a extinção.

Apesar da pequena diversidade encontrada na reserva, e da ausência de espécies de

predadores de topo, foram registrados animais herbívoros e alguns carnívoros, podendo

assim dizer que alguns processos ecológicos estão garantidos (PARDINI et al., 2006).

Sendo necessárias ações de criação de reservas naturais para a conservação da

biodiversidade que ainda restam na zona da Mata Mineira.

RECOMENDAÇÕES PARA A ÁREA

Como maneira de se conservar as espécies de mamíferos presentes na RPPN Alto da

Boa Vista recomenda-se:

Realização de estudos de médio e longo prazo visando o conhecimento da

mastofauna local, visto que a região é descoberta de inventários e apresenta

potencial para estudo e conservação da fauna de mamíferos.

Preservar os fragmentos florestais presentes dentro da reserva;

Estabelecer ligações com os fragmentos do entorno da reserva, estabelecendo-se

assim pontes e corredores florestais;

Exclusão dos animais exóticos, tais como, cachorro doméstico, gatos, gado e

cavalos da área da reserva, pois estes atuam como predadores e competidores

com a mastofauna nativa.

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Evitar que as trilhas utilizadas para o ecoturismo seja utilizada por muitas

pessoas ao mesmo tempo, pois o ruído gerado afugentaria os mamíferos

presentes na reserva.

Realizar periodicamente curso e palestras de caráter educacional para os

visitantes e para a comunidade do entorno da reserva, voltados para o grupo de

mastofauna.

Fotografia dos mamíferos encontrados na RPPN Alto da Boa Vista, localizada na Serra

do Relógio em Descoberto, Minas Gerais.

92 - Canis lupus familiaris fotografados pela armadilha fotográfica

93 - Cuniculus paca fotografada pela armadilha fotográfica

94 - Tamandua tetradactyla fotografado pela armadilha fotográfica

95 - Dasypus novemcinctus fotografado pela armadilha fotográfica

96 - Cabassous tatouay, fotografado pela armadilha fotográfica

97 - Marmosps sp, (cuíca) fotografado pela armadilha fotográfica.

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6. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Pesquisas Científicas, Turismo Ecológico e Educação Ambiental

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6.0 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA UC

6.1 Visitação

A RPPN Alto da Boa Vista está certificada desde o ano de 1995, ano que foi feito a primeira das três averbações. Desde esse período que já se desenvolve a atividade do ecoturismo como atividade alternativa de renda na propriedade. Tal fato se deve pelas características geográficas da área que alcança em seus limites, a altitude de 1406 m, chegando até as proximidades de um dos pontos mais altos da zona da mata mineira, a 1434 metros, destacando-se como ponto culminante na região em um raio de 70 km. Há de se considerar que o passeio até o local se torna um dos atrativos mais dinâmicos da Reserva, como também outros locais aprazíveis como as cachoeiras e quedas d’água.

Os aspectos geológicos são vislumbrantes quando se alcança o pico da Serra do Relógio, onde se limita em águas vertentes, as sub-bacias dos Rios Novo e Pomba, além de se constituir no local, a tríplice divisa entre os municípios de Descoberto, Guarani e Astolfo Dutra. Observa-se com privilégio a topografia de toda a região da zona da mata de Minas Gerais, além do mosaico das vegetações e florestas em ambientes que ocorrem somente nessas altitudes, além da magnífica visão, em dias com horizonte límpido, das serras do Mar, do Ibitipoca e do Brigadeiro, distantes a 100, 95 e 70 km respectivamente, como também de mais de uma dezena de municípios do entorno da serra como Descoberto, São João Nepomuceno, Rio Novo, Goianá, Guarani, Piraúba, Tocantins, Astolfo Dutra, Rodeiro, Cataguases, Leopoldina e outros.

A atividade do ecoturismo se tornou forte aliada na busca da viabilização da sustentabilidade da UC e se estabeleceu como a principal estratégia no monitoramento da área, pois através da constate movimentação das visitações guiadas, tornou-se possível descobrir e combater atitudes depredatórias. . Questões como sensibilização, interpretação e educação ambiental são assuntos constantemente abordados e discutidos pelos grupos nos trajetos, oportunidade que faz com que as pessoas passem pela experiência de vivenciar as peculiaridades da geografia de uma região serrana, além da oportunidade de observações da fauna e flora em contato direto com a natureza em uma área protegida.

Desenvolve-se na RPPN, além das atividades de cunho turístico, atividades esportivas, culturais e de divulgação do conhecimento sobre biodiversidade e conservação dos recursos naturais para as pessoas das comunidades do entorno da Serra do Relógio e proprietários da região, no propósito de integrá-las às ações desenvolvidas na RPPN, o que para tanto, está disponibilizado as instalações físicas

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do Centro de Apoio aos Visitantes como o Auditório, para atividades pedagógicas e de socialização e intercâmbio com as comunidades, estudantes, pesquisadores e visitantes, além da quadra poliesportiva para lazer e práticas de esportes. Essas estruturas tem a finalidade de funcionar como núcleo de desenvolvimento do bem estar social, com espaço para a realização de reuniões e atividades educacionais, além de divulgação do ensino e conhecimento das questões ambientais e do produto do Ecoturismo na RPPN Alto da Boa Vista.

Para os passeios ao pico da serra, são utilizados os caminhos internos da RPPN e são conduzidos por guia experiente. A trilha de traçado em terreno íngreme é de alto grau de dificuldade e sem sinalização, sendo estabelecido neste caso por questões de segurança, o procedimento de agendamento prévio do dia e horário pretendidos para a visitação, condicionados às condições e previsões climáticas, além de acompanhamento de guia.

Outros percursos na parte inferior da Reserva e de baixo grau de dificuldade são realizados por pessoas e/ou grupos que não se dispõe a caminhadas longas ou possuem restrições físicas. O trajeto é feito por estrada íngreme que leva ao mirante, passando pela lagoa, borda da várzea e o Abrigo de Montanha, onde se percorre 1,4 km. Também a Cachoeira do Escorrega que fica a 300 m do Centro de Apoio aos Visitantes é uma boa opção para esse tipo de perfil de visitantes.

Existem outros acessos para se chegar ao pico e são utilizados eventualmente por pessoas e/ou grupos que partem das propriedades limítrofes localizadas nos dois municípios que fazem divisa com a RPPN (Guarani e Astolfo Dutra). Alguns desses grupos tem a finalidade de pernoitar no local o que também acontece com outros grupos específicos que partem da própria RPPN Alto da Boa Vista.

6.1.1 Perfil dos visitantes

Desde a certificação da RPPN Alto da Boa Vista em 1995, que administrativamente percebeu-se a necessidade de uma estruturação física adequada para atividades educacionais, hospedagem, apoio operacional e oferta de alternativas de lazer aos visitantes turistas e visitantes estudantes, atendendo assim a uma crescente procura. Nesta ocasião iniciou-se então todos os esforços para a concretização desse objetivo e que hoje está consolidado com o Centro de Apoio aos Visitantes, o Abrigo de Montanha (em fase de acabamento) e a quadra poliesportiva (atualmente com piso de terra).

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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A maior parte dos visitantes da RPPN tem procedência de vários municípios da região, porém também é comum receber visitantes de outras regiões e eventualmente até do exterior. O principal motivo da maioria é a intenção de alcançar o pico da montanha, a 1434 m, que se destaca na região e é vista em vários municípios da Zona da Mata Mineira. Outros pretendem além de realizar o passeio, acampar, andar de bicicleta, praticar esportes ou apenas conhecer a natureza e apreciar a paisagem. A hospedagem por um ou mais dias no Abrigo de Montanha e o passeio pelas áreas atrativas mais baixas da Reserva como as trilhas e cachoeiras, vêm também se estabelecendo como principais intenções dos visitantes turistas.

Não obstante às instalações adequadas como o Centro de Apoio aos Visitantes que dispõe de Auditório para a realização de atividades educacionais, apto a receber visitantes estudantes e escolas, apenas eventualmente essa visitação com objetivos educacionais/pedagógicos tem acontecido, apesar de estar disponibilizada para esta finalidade.

Somente em período mais recente, a dois anos, foi que adotou-se a prática de um livro de registros de visitantes para avaliar a opinião, freqüência, procedência, interesse e a motivação de quem vem visitar a RPPN, dados estes que serão utilizados para controle, pesquisa e proposição de metodologias para subsidiar medidas mitigadoras do impacto da visitação como limitação de visitantes, estruturação das trilhas, equipamentos, infra-estrutura, etc.

6.1.2 Público Alvo

A administração da RPPN definiu duas categorias de visitantes em seu Programa de Ecoturismo e Visitação, de acordo com as características particulares de cada segmento, objetivando assim conduzir e disciplinar a condução das atividades:

a) Visitantes Estudantes cursando o Ensino Público Fundamental: Após contato e programação estabelecida previamente e com o compromisso de atividades educativas/pedagógicas (deverão estar sob o acompanhamento e responsabilidade de professores ou responsáveis).

b) Visitantes Turistas: Voltados para o lazer familiar integrado e para outros grupos interessados em conhecer as belezas da região com oferta de áreas para acampamentos e hospedagem no Abrigo de Montanha, além de visitações guiadas em trilhas nas matas e aos pontos atrativos como o mirante, o pico e as cachoeiras.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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6.1.3 Agendamento e Períodos de Visitação

A contratação dos serviços de ecoturismo direcionados para a RPPN Alto da Boa Vista se dá através de contatos e agendamentos prévios com o gestor da área. Não há estabelecimento de dias e horários específicos. Em relação a melhor época observa-se que a todo tempo há um crescente aumento do fluxo de pessoas interessadas em participar do programa. Pode-se dizer que no verão, com um clima mais quente e um maior volume de água nas cachoeiras, as condições para banho são mais satisfatórias, entretanto no inverno com o clima mais ameno e com menor volume de chuvas, as condições para camping e caminhadas ficam mais seguras.

6.1.4 Apresentação, Divulgação e Comercialização do Programa de Ecoturismo

a) Atrativos Naturais:

Caminhada ao pico da Serra do Relógio onde se avista toda a região; clima ameno de montanha com hospedagem no Abrigo de Montanha; área de camping; nascentes, cachoeiras, cascatas e lagoa de água pura e corrente; caminhadas pelas trilhas da borda da várzea, pelo interior de matas nativas, mirante, cavidades naturais e tocas sob as rochas como a gruta do paredão da serra; encostas rochosas com bromeliáceas e orquidáceas; ambientes com vegetação nativa diferenciados como as áreas úmidas nas florestas e em campos situados em elevadas altitudes, além de rica fauna com destaque para a avifauna.

98: Foto do campo de altitude 99: Foto da Cachoeira do Escorrega

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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100: Foto da Lagoa 101: Foto da Gruta do Paredão da Serra

b) Estruturas - Físicas / Logística / Operacional:

Hospedagem em ambiente privativo (Abrigo de Montanha), traslado interno na Reserva em veículo 4x4; assistência pessoal; quadra de esportes e Centro de Apoio aos Visitantes.

102: Foto do Abrigo de Montanha 103: Foto do Centro de Apoio aos Visitantes

Não obstante a UC contar atualmente com modesta disponibilidade de recursos humanos e instalações eficientes para recepção e hospedagem de visitantes, há necessidade de adequações e acabamentos em suas edificações, como também de melhorias nas estradas municipais que conduzem à RPPN, além de manutenções, reparos e estruturações com equipamentos facilitadores nas trilhas e acessos internos aos pontos atrativos da Reserva. Ainda assim a condução e o desenvolvimento da atividade do turismo ecológico, está sendo conduzida satisfatoriamente, adaptando-se às condições existentes e com uma demanda cada vez maior de pessoas de diversas cidades da região e de diferentes níveis sociais, que se interessam, entram em contato e acabam por vir a conhecer a RPPN e a região da Serra do Relógio. Constata-se que mesmo com as atuais condições, a atividade está logística e estruturalmente estabelecida. Foram erguidas duas estruturas físicas: uma ampla casa para hospedar visitantes turistas e eventualmente pesquisadores, a qual é chamada de “Abrigo de Montanha” (localizada na cota altimétrica de mil metros) e também um Centro de Apoio aos Visitantes (este na cota de 890 metros, ao lado da sede) para recepcionar os visitantes e estudantes, estando esta edificação disponibilizada para reuniões com a comunidade, a qual é dotada de um salão / auditório, escritório / biblioteca, vestiários

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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e quadra poliesportiva. Essas estruturas conduzem os efluentes domésticos gerados para as duas Mini Estações de Tratamento de Esgotos (ETE), construídas para evitar a poluição dos cursos d’água.

104: Folder do Programa de Ecoturismo da RPPN Alto da Boa Vista Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 181: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

c) Divulgação:

A divulgação vem sendo realizada em eventos de referência ao Turismo e Meio Ambiente no Estado de Minas Gerais (Salão do Turismo / Secretaria Estadual de Turismo, Circuitos Turísticos Caminhos Verdes de Minas), como também em cursos, seminários e congressos nacionais, estaduais e regionais relacionados à questão ambiental e às RPPN’s (IBAMA / ICMBio / Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais – IEF MG / Associação de RPPN’s e Reservas Privadas de Minas Gerais – ARPEMG / Semana da Biologia da Universidade Federal de Juiz de Fora / Grupo Brasil Verde – GBV), além de outros estados da federação como São Paulo (Exposição Viva a Mata da Fundação SOS Mata Atlântica). Também ocorreram citações na imprensa escrita e participações em publicações literárias (Livro Minha Terra Protegida, Aliança para a Conservação da Mata Atlântica, 2007 SP; Anais do Iº Encontro para a Conservação da Natureza, Centro Mineiro Para a Conservação da Natureza / Departamento de Engenharia Florestal / Universidade Federal de Viçosa CMCN/DEF/UFV 2007, Viçosa-MG); apresentações sobre a UC e suas atividades em estabelecimentos de ensino, em comitê regional de bacia hidrográfica (Paraibuna-Rio Preto), além de campanhas informais permanentes e principalmente através de contatos pessoais, atendendo por correio eletrônico e por telefone sempre que solicitado por instituições, pessoas e grupos em diversos municípios da região. A RPPN possui também um site na internet www.serradorelogio.com; realiza a distribuição dirigida de folders; foi divulgada em revistas conceituadas sobre meio ambiente e conservação da natureza, em artigos de jornais da região, em vídeos informativos da Reserva, além de reportagens na imprensa televisiva sobre as atividades do turismo ecológico na Unidade de Conservação e a Serra do Relógio.

105: Figuras de Publicações de Divulgação da RPPN Alto da Boa Vista Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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6.1.5 Medidas de Manejo do Impacto da Visitação

Destaca-se que foi através da pioneira atividade do ecoturismo na RPPN e da constante movimentação das visitações guiadas é que foi possível identificar, monitorar e combater nos limites da área, atitudes depredatórias que ocorriam e que eventualmente ainda ocorrem como corte e extrativismo de espécies da flora, além de caça e captura de animais silvestres. Além disso, a atividade do turismo ecológico, tornou-se grande aliada no processo educativo, uma vez que os visitantes turistas e visitantes estudantes ficam motivados a formar ou ampliar uma consciência ambiental.

A caminhada ao pico da serra pelos caminhos que partem da RPPN Alto da Boa Vista, deverá ser realizada sempre acompanhada por guia local, sendo restrita aos visitantes maiores de idade. Os visitantes de menor idade deverão estar condicionalmente acompanhados dos pais ou responsáveis, ressaltando que a excursão fica também condicionada às condições climáticas favoráveis. Após o agendamento da realização do passeio, os excursionistas recebem pessoalmente instruções e informações preliminares (conforme consta no folder) de normas e princípios de conduta consciente em ambientes naturais como planejamento, segurança e os cuidados que se deve ter com o ecossistema local, como também orientações de se percorrer somente os locais onde existem as trilhas já estabelecidas. Recebem informações também quanto ao tempo de percurso, a levar seu próprio lanche e garrafa de água, além das vestimentas adequadas e a trazer o próprio lixo ao retornarem do passeio para serem destinados ao local apropriado. Os resíduos sólidos são separados, armazenados e encaminhados para a reciclagem.

Durante o trajeto, realizam-se explanações sobre a RPPN e outras UC’s existentes na região como a Reserva Biológica Represa do Grama e a própria Serra do Relógio, no que concerne às características do relevo, hidrografia, espécies da fauna e da flora, visando assim sensibilizar os visitantes para a questão ambiental. Nesse sentido, objetiva-se promover o Turismo Ecológico aliando a Educação Ambiental através da prática de atitudes e da interação com os ambientes naturais, além de fomentar o turismo responsável dentro dos critérios e padrões inerentes a esta atividade.

Para garantir a manutenção da atividade com segurança e sustentabilidade, foram estabelecidas normas e regras específicas de manejo que são aplicadas visando uma conduta adequada das pessoas principalmente nas trilhas que ainda não dispõe de sinalização e equipamentos facilitadores, apesar de se fazerem necessários em alguns pontos como por exemplo na Cachoeira do Escorrega, que tem necessidade de instalação de corrimão e escadas.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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Normas e regras de conduta aos visitantes. Não se permite:

- extrair plantas nativas; - molestar ou capturar animais silvestres; - a entrada de menores desacompanhados do responsável legal; - a introdução de animais domésticos, balões ou fogos de artifício; - o uso de facões, fogueiras e equipamentos de som em altura incômoda ou

que produzam ruídos agressivos ao ambiente; - o descuido com o lixo, detritos ou vestígios pelas cachoeiras, trilhas e

dependências - desmazelo às áreas de serviços e dependências físicas comuns dos

visitantes turistas e visitantes estudantes; - falta de respeito e consideração às pessoas que residem na comunidade e

que eventualmente possam estar prestando algum serviço à RPPN; - gravar ou grifar em pedras, troncos de árvores e marcos, bem como nas

benfeitorias; - o desrespeito aos horários habituais de descanso e silêncio comuns no

cotidiano da maioria das pessoas.

Além disso, realizou-se um levantamento preliminar para regular e dimensionar o número de visitantes turistas e visitantes estudantes com o objetivo de minimizar o impacto que pode ocorrer nas trilhas com a intensidade das visitações. Também aferiu-se a disponibilidade espacial das estruturas físicas disponíveis como o Auditório do Centro de Apoio aos Visitantes e o número de quartos e leitos do Abrigo de Montanha, incluindo também a capacidade de suporte da área de camping, para que não ocorra situações eventuais de número excessivo de usuários nas instalações e para que se evite maiores impactos nas trilhas e no ambiente em geral.

- Para a instalação de barracas na área de camping (próxima ao Centro de

Visitantes), o número é limitado a sete barracas ou vinte pessoas. - A capacidade de leitos do Abrigo de Montanha é de vinte pessoas. - O número de excursionistas para o passeio ao pico da serra é de grupos de

20 a 30 pessoas, orientados por guia local. - Para o pernoite no pico é estabelecido que os grupos devem ser reduzidos,

de até 10 pessoas. - A capacidade do Centro de Apoio aos Visitantes para atividades

educacionais é de grupos de no máximo 30 pessoas, acompanhadas pelos professores ou responsáveis.

O sistema de trilhas existentes oferece alternativas de diferentes rotas a pontos atrativos distintos, de acordo com a condição física e disposição dos usuários, o que permite uma alternância e uma oferta de outros pontos de visitação. Atualmente as trilhas existentes não possuem placas interpretativas e sinalizadoras (excetuando-se duas grandes placas indicativas da RPPN, que respectivamente se localizam na

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estrada próxima ao Centro de Apoio aos Visitantes da RPPN e no início da trilha da borda da várzea).

Há também a possibilidade de se percorrer de carro outros percursos (de estradas internas) como a estrada que leva ao Abrigo de Montanha e ao Mirante, porém, nestes trechos somente é permitido o trânsito de veículos que possuem tração 4x4.

As estradas e trilhas da propriedade e da RPPN Alto da Boa Vista usadas para passeios, são classificadas de acordo com as suas características físicas, grau de dificuldade e tempo de percurso:

Dificuldade Classificação Tempo de Percurso

- Grau Baixo Caminhadas Suaves 30 a 90 minutos

- Grau Médio Percurso com pequenos obstáculos 45 a 90 minutos

- Grau Alto Terrenos acidentados e íngremes 04 a 06 horas

Fonte: com base em Arnt (s/ data).

As trilhas definidas como de Grau , são indicadas para caminhadas suaves e nos locais próximos ao Centro de Visitantes; as trilhas de Grau , são aquelas com pequenos obstáculos e mais distantes como o Mirante e as trilhas de Grau , além da dificuldade apresentada pelo traçado percorrido em terrenos acidentados e íngremes, demandam um tempo bem superior para se completar o percurso (ex: ida e volta ao pico da Serra).

A manutenção das trilhas é realizada apenas quando se tornam necessárias, ou seja, quando a passagem está sendo impedida pela queda de galhos de árvores por exemplo. O critério que se adota para intervenções é o de mínimo impacto, o que significa retirar ou podar apenas o necessário para a passagem das pessoas em linha, pois naturalmente há pontos de alargamento ao longo das trilhas.

No curso da trilha do cume da serra, adota-se somente a poda de espécies que eventualmente ocorrem ou tombam para dentro das trilhas como gramíneas (capim navalha e capetinga) e espécies de bambus como criciúma e taquara. A limpeza propriamente dita não é realizada, pois como o terreno é muito íngreme, as próprias árvores de baixa estatura que existem neste ambiente (já acima da cota de 1.100 m), auxiliam no equilíbrio do corpo durante a subida. Além disso, quando se utiliza uma das duas vias existentes para se alcançar o topo da serra, a via 1, o percurso passa pelas divisas com a propriedade de Sucessores de Francisca Maria da Rocha,

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propriedade que está diretamente interligada à RPPN Alto da Boa Vista em se tratando da localização das estradas e nascentes, as quais, dependem uma da outra em relação a essas características, pois há servidões de passagem de caminhos, de estradas, de linhas para abastecimento de energia elétrica e de captação d’água entre ambas. Portanto, terminantemente não é permitido aos visitantes, o porte e a utilização de facões no interior da RPPN. Quando se alcança o pico, há ainda a linha de divisa em águas vertentes com os municípios de Descoberto, Guarani e Astolfo Dutra, inserindo-se no local, outras propriedades limítrofes destes municípios. Nesse sentido, a responsabilidade pelo zelo do local é de todos que para lá se deslocarem.

6.2 Proteção e Fiscalização

Ações de proteção e fiscalização são realizadas individualmente pelo gestor da RPPN, obtendo sempre o auxílio, quando necessário, de autarquias e órgãos diretamente envolvidos como Prefeitura Municipal de Descoberto, Defesa Civil, Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros, Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais, IBAMA, ICMBio e Ministério Público. Atividades delituosas como caça e extrativismo que esporadicamente ocorriam na UC (e que eventualmente ainda podem ocorrer), tiveram imediata interferência de membros dos orgãos fiscalizadores, ao serem comunicados e solicitados. Tais acontecimentos resultaram em um maior respeito e consideração por parte da população e também pelos moradores do entorno da RPPN e da região da serra, não obstante a lamentáveis acontecimentos como o incêndio florestal que dizimou a face norte da Serra do Relógio, município de Guarani em 02 de outubro de 2011, quando 2/3 das áreas destinadas para o futuro Parque Natural da Serra do Relógio foram atingidas pelo fogo após mais de 10 anos em franca regeneração e sem esse tipo de ocorrência.

106: Foto do incêndio florestal evidenciando área atingida no interior da área proposta para o Parque Natural Municipal da Serra do Relógio, município de Guarani

Atividades incompatíveis eventualmente estão sujeitas a acontecer como o corte da palmeira de indaiá e a coleta de espécies da flora. Já houve ocorrências também de atitudes desrespeitosas aos disciplinamentos estabelecidos para a condução do

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programa de ecoturismo, como o uso de fogueira e posse de facão. Até a algum tempo atrás, esporadicamente ocorria a invasão de gado em uma passagem a uma altitude de 1.100 m, fato que foi comunicado aos confrontantes (Aielci e José de Souza Almeida) e solicitado aos mesmos que fizessem o devido cercamento de suas pastagens para impedir a continuidade do fato.

6.3 Pesquisa e Monitoramento

As pesquisas realizadas até o presente no Meio Biótico foram apenas às relacionadas à vigente Elaboração do Plano de Manejo da RPPN que são da flora (botânica) e da fauna (mastofauna, avifauna e herpetofauna). Também foram feitas mais pesquisas de fauna na UC por ocasião dos levantamentos para a elaboração do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal da Serra do Relógio, pois seus limites chegam às proximidades da RPPN. Além dessas, uma solicitação foi encaminhada e autorizada para a pesquisa na UC visando estudos de tese de Doutorado:

- Guilherme do Carmo Silveira: Estudos de Tese de Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF / Campos - RJ: Pesquisa do Impacto da Fragmentação Florestal sobre a riqueza, abundância, diversidade e sazonalidade da Euglossina Latreille (Hymenoptera: Apidae) na micro região da Serra do Relógio, englobando áreas no interior da RPPN Alto da Boa Vista.

Formação: Licenciatura em Ciências Biológicas pela Faculdades Integradas de Cataguases – FIC , Cataguases / MG; Mestrado em Ecologia e Conservação dos Recursos Naturais , Universidade Federal de Uberlândia – UFU , Uberlândia / MG.

Especialidade: Ecologia e Conservação das abelhas da sub tribo Euglossina Latreille

E-mail: [email protected]

Outras pesquisas já realizadas sobre a RPPN que integraram Monografias e Livros de Anais de Congresso:

- Monografia apresentada pela aluna Maria Madalena Pereira Damasceno da Faculdade de Ciências Gerenciais Padre Arnaldo Janssen em julho de 2009 intitulada “Análise das dificuldades enfrentadas pelos Proprietários das Reservas Particulares do Patrimônio Natural para administrá-las”, visando a obtenção do título de Bacharel em Administração;

- Monografia apresentada pela aluna Rejane Cristina Diniz, aluna do curso de Geografia e Análise Ambiental do Centro Universitário de Belo Horizonte, intitulado “ O processo de criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN “, 2010.

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- Livro “Minha Terra Protegida” que narra histórias de Proprietários de RPPN’s na Mata Atlântica (Aliança para a Conservação da Mata Atlântica, 2007 - São Paulo);

- Anais do Iº Encontro para a Conservação da Natureza, Centro Mineiro para a Conservação da Natureza - CMCN / Departamento de Engenharia Florestal - DEF / Universidade Federal de Viçosa - UFV, 2007, Viçosa - MG).

A diversificação de ambientes e ecossistemas no interior da área da Reserva, caracterizada pela sua variação altitudinal, demonstra o grande potencial para estudos da fauna e da flora entre outros, como estudos hidrológicos e estudos de monitoramento de impacto da visitação, além de pesquisas que visem auxiliar trabalhos de reflorestamento e de avaliação da evolução natural de remanescentes florestais, o que vem ocorrendo na RPPN Alto da Boa Vista a duas décadas.

Em relação a fauna, existem espécies distintas e bioindicadoras de qualidade da água, como cágados, caranguejos e o peixe cambeva, além dos moluscos que habitam as proximidades das áreas de várzeas ou ecótonos. Da vegetação, destacam-se as orquidáceas e bromeliáceas que ocorrem nos campos de altitude e encostas rochosas.

Para atividades de pesquisa, a administração da RPPN requer: análise e aprovação do tema a ser abordado, protocolo de pesquisa, hipóteses do trabalho e posteriormente o envio para a apreciação e licenciamento dos órgãos ambientais competentes (ICMBio e IEF-MG).

A Reserva dispõe de alojamento que eventualmente poderão ser utilizados para os pesquisadores, além de instalações como o Centro de Apoio aos Visitantes e disponibilidade de serviços de guia de campo. As pesquisas que buscam a conservação da RPPN e os estudos para identificação de sua biodiversidade são incentivadas.

6.4 Sistema de Gestão

A RPPN Alto da Boa Vista faz parte do “Programa de Ecoturismo na Serra do Relógio” que tem como Gestor o Estabelecimento Agropecuário Fazenda Alto da Boa Vista.

Implantado em toda extensão da área da propriedade, este projeto visa desenvolver o Turismo Ecológico aliado à Educação Ambiental, a visitação controlada das áreas

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preservadas e o turismo rural ambientalmente corretos, financeiramente sustentáveis, culturalmente interessantes, socialmente justos e humanamente saudáveis.

A política adotada pelo projeto consta de:

- Preservar o ecossistema utilizando o manejo sustentavel dos recursos naturais no gerenciamento das atividades de lazer, esporte, cultura e estudos científicos disponibilizados aos pesquisadores, estudantes, visitantes e ecoturistas, com a garantia primordial da conservação da biodiversidade.

Os compromissos assumidos pelos seus gestores são:

a) Ordenamento lógico das ações, visando um ecoturismo sustentável, com

visitação limitada e tecnicamente orientada; b) Incentivar a pesquisa em áreas preservadas; c) Incentivar o respeito e o carinho pela natureza; d) Desenvolver técnicas para valorizar o uso adequado dos recursos naturais; e) Difundir a educação ambiental; f) Disponibilizar a quadra poliesportiva para a comunidade e estimular a prática

de esportes coletivos; g) Integrar diferentes setores da comunidade local e regional nos projetos

desenvolvidos; h) Trazer recursos financeiros para a melhoria dos padrões socioeconômicos

regionais; i) Participar das atividades organizadas pela comunidade; j) Integrar o ecoturismo seguro e ambientalmente correto com atenções à saúde; k) Tranquilidade em ambiente particular, com privacidade e assistência pessoal;

6.5 Pessoal

A RPPN Alto da Boa Vista é administrada por seus proprietários Helvécio Rodrigues Pereira Filho, técnico agropecuário e Adélia Rinco Barbosa, zootécnica e professora. De uma forma modesta, mas com determinação e afinco, são conduzidas todas as atividades relacionadas ao Programa de Ecoturismo e as tarefas cotidianas da propriedade e da RPPN Alto da Boa Vista como manutenção, divulgação, agenciamento, guiagem, captação de recursos, execução de projetos, etc.

Não há até o momento outras pessoas contratadas nem cedidas por meio de parcerias com instituições do poder público, organizações não governamentais, instituições de pesquisa e ensino, empresas e nem outros casos.

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6.6 Infra-estrutura

A muitos anos que todos os esforços da administração estão direcionados para a consolidação das infra-estruturas mínimas necessárias para serem disponibilizadas ao desenvolvimento da atividade do Turismo Ecológico na RPPN. Na concepção do planejamento para a implantação das estruturas do programa de visitação, considerou-se que elas seriam erguidas próximas às áreas onde já existiam construções, ou seja, em dois dos cinco blocos das áreas de exploração.

107: Figura/Planta do Auditório/Biblioteca do CV

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108: Figura da Planta dos Banheiros Masculino / Feminino do “Centro de Apoio aos Visitantes”

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109: Figura da Planta do Abrigo de Montanha – 1º pavimento

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110: Figura da Planta do Abrigo de Montanha – 2º pavimento

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6.6.1 Cercas

Os limites da RPPN são delimitados por um perímetro de 6.077,92 metros correspondentes à área total do estabelecimento rural “Fazenda Alto da Boa Vista”, incluindo as áreas de exploração (5 blocos) e as áreas de RPPN, que ocupam 90% da área da propriedade. Nos trechos em divisas de propriedades com pastagens, há 2 km de cercas de arame farpado, sendo que no restante deste perímetro as confrontações são divisas naturais e em águas vertentes.

6.6.2 Sinalização e Identidade Visual

Há duas placas de referência da Reserva. A primeira se localiza à margem da estrada próxima à chegada da sede e Centro de Apoio aos Visitantes e a segunda situa-se no interior da RPPN, nas bordas da várzea próxima ao Abrigo de Montanha. Esta última está voltada para o cume da Serra do Relógio. Ambas possuem 2,50 x 1,50.

111: Foto da placa na chegada 112: Foto da placa situada à margem da da RPPN Alto da Boa Vista várzea

Para a promoção do caráter educativo relacionado à área e às atividades propostas na Reserva, estão expostos no Auditório do Centro de Apoio aos Visitantes, banners informativos sobre a caracterização geológica, bioma e ecossistemas da RPPN, além de mapas e fotos aéreas da Região da Serra do Relógio que enfocam suas altitudes e localização geográfica. Não há por enquanto placas informativas / educativas nas trilhas e pontos atrativos.

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113: Figuras dos banners da caracterização física e biótica da RPPN

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6.6.3 Trilhas

A RPPN possui uma diferença altimétrica de 590 metros, entre as cotas 816 e 1406 metros, entrecortados por sete cursos d’água. Suas trilhas, parte integrante do Programa de Ecoturismo, estão delineadas em função dos atrativos naturais, principalmente das cachoeiras e pontos de altitudes elevadas. Diante da riqueza da biodiversidade existente no interior da RPPN e da vulnerabilidade da área e adjacências, a trilha do pico é considerada por experiência da administração como estratégica para o controle, monitoramento e proteção da integridade física do setor norte/nordeste da Reserva, pois constitui a trilha de melhor acesso pela face sul (lado do município de Descoberto) para se alcançar o pico da Serra do Relógio, local onde eventualmente pode ocorrer invasões e extrativismos da flora.

Conforme demonstrado no mapa detalhado da RPPN Alto da Boa Vista – I e II, confeccionado para embasamento da elaboração do Plano de Manejo da UC, abaixo se descreve as características das trilhas existentes:

a) Trilha 1 do Pico da Serra do Relógio / via Travessia da Nascente: A partir do Abrigo de Montanha seguindo pela estrada do Mirante após uma curva meandrante. Inicia-se nas coordenadas UTM 7635123 - 23K 0714483, a 1030 metros de altitude pela margem direita da estrada. Percorrida em terreno íngreme com Grau – Alto de dificuldade e com uma extensão de 1.350 metros, o percurso de ida e volta é realizado em uma média de 4 a 6 horas. A condução é realizada por guia experiente e com agendamento prévio. Os grupos são limitados e voltados para pessoas adultas. Não dispõe de equipamentos facilitadores e o nível de acessibilidade expõe a riscos de quedas. Objetivo: Uso recreativo; caminhadas pela mata para observação de espécies da fauna e da flora, visão do ponto mais alto da região onde se avista a 70 km a serra do Brigadeiro, a 95 km a serra de Ibitipoca e a 100 km a Serra do Mar. Opções no trajeto para o pico: há alternativa por outras duas vias, a via da Gruta do Paredão da Serra e a via do Paredão das Bromélias. O uso da trilha é condicionado às condições climáticas favoráveis.

b) Trilha 2 do Pico da Serra / via Gruta do Paredão:

Inicia-se no mesmo ponto percorrendo a trilha até o “baixadão da serra”. Neste local, próximo ao curso d’água, de coordenadas UTM 7635474 23K 0714020 a 1224 metros de altitude, deixa-se a trilha 1 do pico da serra e toma-se a trilha da direita, subindo paralelamente o curso d’água por 30 metros. Percorrida em terreno bastante íngreme com Grau – Alto de dificuldade, a Gruta está 170 metros distante. Como opção para se chegar ao pico, passando-se pela gruta, este trajeto consta de mais 300 metros adiante da Gruta para se chegar ao

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pico. O tempo de percurso é proporcionalmente o mesmo em todos os três trajetos. A passagem por essa via é restrita à presença de guia, contato prévio, número limitado de pessoas e recomendada somente para adultos sem restrições físicas. Não dispõe de equipamentos facilitadores e o nível de acessibilidade expõe a riscos de quedas. Objetivo: Uso recreativo; caminhadas pela mata para observação de espécies da flora, fauna e de cavidades naturais das formações rochosas, visão longínqua do horizonte no ponto mais alto da região da Zona da Mata Sul Mineira. O uso da trilha está condicionado às condições climáticas favoráveis.

c) Trilha 3 do Pico da Serra / via Paredão das Bromélias:

Situada na extremidade nordeste da RPPN, local que necessita ser monitorado devido à riqueza de espécies botânicas como bromeliáceas e orquidáceas que ocorrem nessa área distinta e vulnerável da Reserva. É uma terceira via alternativa para o alcance do cume da serra, onde se vislumbra uma impressionante elevação rochosa, lateral aos limites da RPPN, repleta de espécies da flora, principalmente as bromeliáceas da espécie “alcantarea imperialis” (bromélia imperial). O trajeto para o pico por essa via, é realizado partindo do interior da UC e segue pelos seus limites em divisas com três propriedades localizadas no município de Astolfo Dutra. O caminho segue pelo “baixadão” da serra, seguindo à direita (local onde se localiza a bifurcação dos trajetos das vias 1, 2 e 3 para o pico). Neste ponto onde se têm as coordenadas UTM 7635469 / 23K 0714077, a 1229 metros de altitude, transpõe-se logo à frente a nascente mais alta da microbacia da várzea da RPPN, nas coordenadas UTM 7635510 / 23K 0714119, a 1230 metros de altitude. Segue-se adiante à esquerda em águas vertentes, por trilha bastante íngreme pelas divisas com a região da “Água Limpa”, no Município de Astolfo Dutra. Neste percurso, a partir do baixadão, consta de mais 600 metros até chegar ao pico da serra, trajeto que também é limitado para o número de pessoas, restrito a adultos sem limitações físicas, com a presença de guia, agendamento prévio e condições climáticas favoráveis. Nível de acessibilidade: não dispõe de equipamentos facilitadores e expõe a riscos de quedas. Objetivo: Uso recreativo; caminhadas pela mata para observação de espécies da flora e fauna, beleza cênica e alcance do cume da serra.

d) Trilha da Borda da Várzea:

Localizada no entorno da área do grande brejo / várzea, próxima ao Abrigo de Montanha. Inicia-se nas proximidades do Abrigo de Montanha pela margem direita da estrada. Percurso de 500 metros com pequenos obstáculos de Grau – Médio, com tempo aproximado de 45 a 60 minutos. Acessibilidade: sem restrições. Condução: guia local. Objetivo: uso educacional e recreativo com caminhadas pelas proximidades dos mananciais e cursos d’água contribuintes dessa área de recarga hídrica, além da observação da fauna e flora.

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e) Trilha da Carroça: Essa trilha consta de parte de um percurso opcional à estrada de acesso ao Abrigo de Montanha e Mirante. Ela é paralela à estrada e com menor aclividade, iniciando-se à direita no último trecho mais íngreme de subida para se chegar à região da várzea. Consta de um caminho antigo, margeando uma extensa grota localizada abaixo e segue até encontrar a trilha da borda da várzea. Sua extensão é de 160 metros com Grau – Baixo de dificuldade. Acessibilidade: sem restrições. Objetivo: Para quem está caminhando, significa um atalho pois evita-se a última e maior subida da estrada de acesso ao Abrigo de Montanha.

f) Trilha do Lago:

A partir da porteira branca na estrada de acesso ao Mirante, seguir a direita por outra estrada existente que atravessa a Área de Exploração 3, de 3,92 ha, que é utilizada para o plantio de eucaliptos. Ao chegar ao riacho, seguir à direita para se chegar ao lago. Percurso: 100 metros de estrada e mais 20 metros de trilha às margens do canal que conduz a água para o lago. Partindo do Centro de Apoio aos Visitantes, chega-se em média com 20 minutos de caminhada sem obstáculos, com Grau – Baixo de dificuldade. Acessibilidade: sem restrições.

g) Trilha da Cachoeira da Laje dos Jequitibás:

Existem dois acessos a esta Cachoeira. No acesso 1, a trilha parte do Centro de Apoio aos Visitantes, transpondo dois cursos d’água até chegar à Área de Exploração 1, de 3,88 ha que também é utilizada para plantio de eucaliptos. A cachoeira da Laje dos Jequitibás se localiza no próximo curso d’água após atravessar em nível, a extensão dessa área. Percurso: 300 metros com pequenos obstáculos, percorridos em até 30 minutos com Grau – Médio de dificuldade. Nível de acessibilidade: risco de quedas na cachoeira. Objetivo: uso recreativo e educacional, observação da fauna e flora. No acesso 2, o caminho para a cachoeira situa-se nas proximidades da chegada da Reserva, margem esquerda da estrada sentido Descoberto – RPPN, após a passagem pelo primeiro curso d’água, nas coordenadas UTM 7634250 / 23 K 0714039, na altitude de 844 metros. Percurso: neste ponto, seguir em direção ao interior da Área de Exploração 1, de plantio de eucaliptos, percorrendo 80 metros de estrada e mais 120 metros de trilhas em terreno íngreme. Partindo do Centro de Apoio aos Visitantes pela estrada municipal, este trajeto é realizado em 30 minutos com Grau – Médio de dificuldade. Nível de acessibilidade: risco de quedas na cachoeira.

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h) Trilha da Cachoeira do Escorrega: A mais bonita e de maior volume d’água da RPPN. Está a 200 metros do Centro de Apoio aos Visitantes e a 15 minutos de caminhada. O acesso é por uma trilha que fica à direita após a primeira ponte da estrada municipal que corta a RPPN, partindo do Centro de Apoio aos Visitantes, e que segue em direção à comunidade da Grama. Grau de dificuldade – Baixo. Nível de acessibilidade: não possui equipamentos facilitadores suficientes (escadas), apenas uma corda que expõe a riscos de escorregões na trilha e descida de acesso, como também requer cuidados para evitar quedas na cachoeira. Objetivo: uso recreativo e educacional com visão frontal da cachoeira, além de oportunidades de observação da fauna e flora.

i) Trilha da Cascata da Toca: Trata-se do mesmo curso d’água da Cachoeira do Escorrega e se localiza 110 metros a jusante da mesma, porém seu acesso se faz por outro caminho. A trilha se localiza na margem esquerda da estrada, sentido RPPN / Descoberto, a 120 metros do Centro de Apoio aos Visitantes, percorrendo-se a partir de seu início, uma descida íngreme de 60 metros em um tempo de 20 minutos aproximadamente do CV. Nível de dificuldade: Grau – Médio. Acessibilidade: não possui equipamentos facilitadores, há risco de quedas e escorregões na trilha. Objetivo: uso recreativo e visão da cavidade natural (toca).

6.7 Equipamentos e Serviços

a) Rádio Comunicação:

- Possui três Estações Fixas: Centro de Apoio aos Visitantes, Casa Sede e

Abrigo de Montanha. - Sistemas de Transmissão: duas antenas direcionais de 3 elementos, uma

antena unidirecional, uma antena “L” e uma antena móvel. - Equipamentos de Rádio Fixos: Três rádios Cobra 148 GTL. - Equipamentos de Rádio Móveis: Um veicular da marca Cobra 22 Plus e dois

portáteis tipo HT MIDLAND de 22 canais.

b) Mobiliário de Auditório / Escritório: - 14 cadeiras de sala de aula - 01 computador - 03 Armários - 05 Mesas

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c) Equipamentos de áudiovisual e outros: - Uma televisão com sinal através antena de parabólica - Um DVD - Uma geladeira - Um freezer

d) Veículos:

- 1 Utilitário Camionete Toyota Bandeirante, ano 1982, carroceria de madeira - 1 Jeep Gurgel, ano 1982, capota de lona - 1 Motocicleta , ano 2007, Honda TITAN 150 cc

e) Equipamentos de comunicação:

- Um telefone celular - Uma antena de celular externa Aquarius - Internet (modem)

Para o Programa de Ecoturismo explorado na RPPN, existem os serviços de guiagem aos pontos atrativos da Reserva, área para acampamento e hospedagem no Abrigo de Montanha, onde as formas de uso funcionam atualmente com os hóspedes reservando e ocupando os quartos e suítes, porém utilizando em comum de outras áreas da casa como varandas e cozinha. Atualmente não há instalações adequadas na sede para operacionalizar os serviços de alimentação aos visitantes, porém o Abrigo de Montanha está estruturado, servido por energia elétrica, dispondo de televisão com recepção de sinal através de antena parabólica, fogão a gás e a lenha, forno e todos os utensílios domésticos utilizados na cozinha, além de geladeira e freezer para o armazenamento e conservação de produtos alimentícios para suprimento dos ocupantes da casa.

Para o Programa de Educação Ambiental voltado para as Escolas, a administração da Reserva estimula as atividades e disponibiliza as instalações físicas do auditório do Centro de Apoio aos Visitantes, bem como apóia a realização de estudos e pesquisas científicas, desde que autorizada pelos órgãos ambientais e a efetiva celebração de acordos e convênios com profissionais capacitados das áreas afins e com as Instituições de Ensino Superior.

6.8 Recursos Financeiros

A RPPN Alto da Boa Vista e todas as suas estruturas físicas do programa de ecoturismo são mantidas com recursos próprios através das atividades profissionais

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de seu gestor, da produção do estabelecimento rural Fazenda Alto da Boa Vista e também através da renda das atividades do turismo ecológico.

6.9 Formas de Cooperação

As parcerias de apoio financeiro conquistadas até o presente momento foram consolidadas através do Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural da Mata Atlântica, coordenado pelas organizações não governamentais Conservação Internacional (CI), Fundação SOS Mata Atlântica (SOSMA) e The Nature Conservancy (TNC), advindos com a seleção de três propostas encaminhadas e aprovadas em Editais lançados pelo Programa, sendo celebrado “Contratos de Colaboração para a Conservação” com a Fundação SOS Mata Atlântica, sendo eles:

- IV Edital / 2004 – Projeto de Gestão: “Alternativa e Estratégia na RPPN Alto da Boa Vista” (os recursos contemplaram a construção de um Centro de Apoio aos Visitantes); - V Edital / 2006 – Projeto de Criação de RPPN: “Ampliação da Área da RPPN Alto da Boa Vista” - VII Edital / 2009 – Projeto de Gestão: “Elaboração do Plano de Manejo da RPPN Alto da Boa Vista”

Através dessas parcerias, houve uma dinamização da atividade com os investimentos realizados, em especial os recursos do IV Edital que contemplou a construção do “Centro de Apoio aos Visitantes”, possibilitando a edificação de uma estrutura física essencial destinada para as atividades educacionais e apoio aos visitantes da Reserva, além de servir também como setor administrativo.

114: Figura de Fotos do Centro de Apoio aos Visitantes

Além do apoio financeiro do Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural da Mata Atlântica para os projetos elencados, o empreendimento “Programa de Ecoturismo da RPPN Alto da Boa Vista”, contou com auxílios substanciais de pessoas e instituições para divulgação e comunicação, aprendizado e apoio técnico e logístico para o desenvolvimento de suas atividades:

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- Fundação SOS Mata Atlântica: viagens para São Paulo para participação no Viva a Mata (evento realizado anualmente no Parque do Ibirapuera), nas Edições de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011, que teve como finalidade a participação e exposição da RPPN Alto da Boa Vista no stand das RPPN’s; - Fundação Ormeu Junqueira Botelho: produção de um vídeo do Programa de Ecoturismo na RPPN Alto da Boa Vista; - Fundação de Desenvolvimento Regional – FUNDER : produção de Kits (revistas, cd’s e fitas de vídeo) de divulgação da Serra do Relógio e da RPPN Alto da Boa Vista; - Emmerson Nogueira: colaboração para produção de materiais gráficos (folders) do Programa de Ecoturismo da Reserva; - Prefeitura Municipal de Descoberto: apoio técnico; colaborações no transporte de materiais doados para a RPPN; fornecimento da retro-escavadeira para interferências nas estradas internas e produção de materiais de divulgação (banners e folders); - Universidade Federal de Juiz de Fora: doação de alambrados para a quadra de esportes da RPPN, substituídos na reforma das instalações desportivas do Centro Olímpico da Faculdade de Educação Física e Desportos da UFJF; - Companhia Brasileira de Alumínio – CBA: fornecimento de imagem de satélite para ser utilizado na elaboração de mapas no Plano de Manejo da RPPN Alto da Boa Vista; - Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais – IEF / MG: apoio efetivo da Gerência de Criação e Implantação de Áreas Protegidas – GCIAP, com encaminhamentos da RPPN Alto da Boa Vista para reportagens de destaque na imprensa televisiva e escrita com abrangência a nível nacional;

O empreendimento contou também com a participação e colaboração direta de trabalhadores rurais vizinhos da RPPN, vários profissionais de apoio técnico, apoio de outros proprietários de RPPN, mão de obra especializada nas construções, demais parceiros, em especial os ecoturistas, além do apoio informal de diversos grupos de diferentes classes e de outros segmentos da sociedade na região, no que concerne ao envolvimento, participação, geração de oportunidades de trabalho e desenvolvimento da atividade do turismo ecológico como apoio à conservação e sustentabilidade da Unidade de Conservação RPPN Alto da Boa Vista e da Serra do Relógio:

- Centro de Educação Ambiental do Povo do Vale do Rio Pomba; - Empresa Biopreservação, Consultoria e Empreendimentos Ltda.; - Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Prêto e Paraibuna; - Agenda JF; - Secretaria de Meio Ambiente de Juiz de Fora; - Grupo Brasil Verde; - Grupos de Cavaleiros de Rio Novo, Goianá, Coronel Pacheco, Piau, Guarani, Itamarati, Maripá de Minas, etc; Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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- Grupos de Escoteiros de Bicas e Juiz de Fora; - Grupos de montanhistas de vários municípios da região: Rio Novo, Guarani, Cataguases, Leopoldina, Ubá, Rio Pomba, Descoberto, São João Nepomuceno, Barbacena, Juiz de Fora, etc; - Instituições de Ensino de São João Nepomuceno, Descoberto, Guarani, Ubá, Juiz de Fora, Barbacena, Cataguases, etc; - Prefeituras dos Municípios de São João Nepomuceno, Descoberto e Guarani; - Ministério Público de São João Nepomuceno; - Grupamento de Bombeiros de Ubá; - Força Tarefa PREVINCÊNDIO do IEF – MG; - Polícia Ambiental Militar de Minas Gerais; - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMBio; - Empresa de Energia Elétrica ENERGISA; - Empresa ARTOP Topografia; - Empresa ENGETOP; - Empresa Biokratos; - Empresa BROOKFIELD.

115: Figura de fotos de colaboradores, de atividades e de participações em eventos

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7. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE

Espécie Arbórea Integrante da Reserva Biológica da Represa do Grama, situada na Serra do Relógio

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7. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE

A RPPN Alto da Boa Vista, localiza-se no extremo leste e encosta sul da cadeia de montanhas que formam a Serra do Relógio, um dos contrafortes da Serra da Mantiqueira, estando inserida nas áreas em que salientam as faixas de terras mais altas da porção sudeste de Minas Gerais.

Conforme evidenciado nas imagens 116: Figura de fotos das Unidades de Conservação na região e 117: Mapa evidenciando a localização das UC’s já estabelecidas e propostas na Serra do Relógio, a RPPN Alto da Boa Vista faz conexões com vários fragmentos de remanescentes florestais bastante representativos nesta região, alguns deles já estabelecidos como Unidades de Conservação como as RPPN’s: Usina Maurício, Fazenda Boa Esperança, Fazenda São Lourenço, Jurerê e Sítio Sanyassim, além da Reserva Biológica Municipal da Represa do Grama. Outra área bem próxima também está destinada como Unidade de Conservação, o Parque Natural Municipal da Serra do Relógio com área de 207 ha, onde estudos e legislações específicas municipais estão em fase avançada de procedimentos legais para a sua instituição. Há também significativas e conservadas áreas de preservação permanente limítrofes à RPPN Alto da Boa Vista e nas extensões das partes cumeadas da Serra do Relógio, além de outras ramificações adjacentes, situadas nas divisas dos municípios de Descoberto, Guarani e Astolfo Dutra, local caracterizado como divisor de águas das bacias dos rios Novo e Pomba, afluentes do Rio Paraíba do Sul. Nesta região, são inúmeras as áreas de recargas hídricas em altitudes elevadas, cabeceiras de nascentes e matas ciliares ao longo dos cursos d’água que devem ser preservadas, além de várias áreas já averbadas como Reserva Legal em diversas propriedades da região. Também houve por Decreto Lei dos Municípios de Descoberto e Guarani, a instituição na região da Serra do Relógio de duas APAS – “Área de Proteção Ambiental”, que foram nomeadas respectivamente de APA “Serra do Descoberto”, nos limites do município de Descoberto e APA “Serra do Relógio”, esta com área de 1895,28 ha situada no município de Guarani, formando um grande bloco de mais de 3.000 ha. A APA Serra do Descoberto, abrange amplo espaço da face sul da Serra do Relógio, incluindo as áreas onde estão situadas a RPPN Alto da Boa Vista, a RPPN Jurerê e a Reserva Biológica da Represa do Grama.

116: Figura de fotos com imagens de fragmentos florestais que compõem Unidades de Conservação e suas interligações com remanescentes na região da Serra do Relógio

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117: Mapa evidenciando a localização das UC’s já estabelecidas e propostas no entorno da Serra do Relógio

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Não obstante às pressões aos recursos naturais que ocorrem na região como incêndios florestais, desmatamento dos topos dos morros para a exploração do minério da bauxita, o estabelecimento de pastagens e monoculturas como o eucalípto em áreas de preservação permanente, além do extrativismo de espécimes da flora nativa e a caça e captura de animais silvestres, deve-se considerar como estratégia de conservação das nascentes e de proteção da biodiversidade, a realização de estudos científicos para inventariar a fauna e a flora, o monitoramento dos recursos hídricos e a restauração de áreas de lenta recuperação conforme se evidencia as áreas situadas nas cotas mais elevadas onde ocorre a sucessão natural de vegetações nativas. Muitas destas áreas são extremamente importantes e funcionam como áreas de recarga de mananciais, sendo por vezes inaptas e inviáveis economicamente para atividades de silvicultura e agro-pecuárias.

Neste sentido, com o estabelecimento de Reservas Legais, por exemplo, várias áreas de propriedades se tornariam aliadas ao se delimitar conexões entre fragmentos florestais do entorno, auxiliando dessa forma a reestruturação de um mosaico de corredores florestais como forma de minimizar as influências antrópicas, o que permitiria o fluxo gênico entre as espécies da fauna e flora, garantindo assim a estabilidade das populações animais e vegetais nativas.

Entretanto, o manejo integrado entre os processos ecológicos, evolutivos e o desenvolvimento de uma economia regional baseada no uso sustentável dos recursos naturais como a adoção de técnicas de conservação na exploração do solo, a agricultura orgânica, o turismo rural e o ecoturismo, ampliaria a possibilidade de manutenção da fertilidade da terra, além da geração alternativa de renda na propriedade, oferecendo condições adicionais de fixação do homem no campo. Para tanto, é necessário o apoio e a participação dos organismos públicos no sentido de se promover diagnósticos e estudos socioambientais para que haja um embasamento que seja voltado para um planejamento de ações com a participação de outros atores da sociedade, envidando esforços para evitar ainda mais a supressão e a fragmentação dos remanescentes florestais ainda existentes, dos quais, muitos que se encontram em avançado estágio de regeneração.

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8. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA

Bromélia Imperial (alcantarea imperialis)

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8. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA

Ocupando 90% da área total da propriedade, a RPPN Alto da Boa Vista é reconhecida pelo seu pioneirismo na região, notoriamente no estabelecimento da atividade do turismo ecológico aliado à educação ambiental e pelas campanhas de criação de áreas protegidas. Nesta interface, a Reserva se destaca pelo seu potencial de integração e interação de pessoas e pensamentos em um ambiente natural, proporcionando uma reflexão de suas atitudes cotidianas.

Cumpre a sua função social como uma Unidade de Conservação de propriedade particular, reconhecida, certificada e registrada perpetuamente como Reserva Particular do Patrimônio Natural no ano de 1.995, correspondendo perfeitamente ao que rege as legislações ambientais vigentes no país, dado à iniciativa de livre e espontânea vontade de seu proprietário. Exerce por esses fatos, forte influência nas comunidades rurais e urbanas, além da peculiaridade de beneficiar diretamente a Prefeitura de Descoberto, e a sua municipalidade, ao enquadrá-la na Lei do ICMS Ecológico do Estado de Minas Gerais – Lei nº 12.040 de 28 de dezembro de 1.995 (Lei Robin Hood), desde a sua vigência, proporcionando a obtenção de recursos e compensações financeiras consideráveis durante esse período.

Ressalta-se; a importância de suas altas nascentes, algumas acima da cota de 1.200 metros, contribuintes do Ribeirão do Grama, afluente do Rio Novo, bacia do Rio Paraíba do Sul; a sua paisagem natural inserida em um relevo montanhoso com florestas conservadas nas encostas e topos dos morros entrecortados por vales profundos e cursos d’água que formam cascatas e cachoeiras; sua rica biodiversidade, com ocorrência de endemismos de espécies da flora da mata atlântica; como hábitat de inúmeros animais e pássaros silvestres e destacadamente pela sua situação geográfica, fazendo limites com o ponto mais alto da região em um raio de 70 km, local que proporciona uma visão deslumbrante.

A variação de 590 metros de altitude da Reserva, proporciona uma alternância de ecossistemas e fisionomias vegetais, com predominância da floresta estacional semi-decidual montana e sub-montana, ocorrendo também campos de altitude, mata nebular, áreas de várzeas, cavidades naturais e paredões rochosos. Com esses diferentes ambientes naturais, oferece um amplo campo para atividades de educação ambiental, pesquisas científicas, lazer e entretenimento, além de registros e observações da paisagem, da fauna e da flora. Há também a oportunidade do desenvolvimento de roteiros de caminhadas a outras áreas limítrofes com atrativos naturais em potencial, como é o caso do Parque Natural Municipal de Guarani, uma área proposta como Unidade de Conservação prestes a ser homologada.

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Alguns proprietários do entorno que possuem áreas com características que podem ser inseridas neste contexto, também já manifestaram o interesse e a real intenção de criar uma unidade de conservação particular.

118: Foto aérea da propriedade em 1993 119: Foto aérea atualizada mostra evolução espontânea da vegetação nativa

Inserida no Atlas da Biodiversidade em Minas Gerais (Fundação Biodiversitas 2005), a Serra do Relógio, onde se situa a RPPN Alto da Boa Vista, é citada como Área Prioritária para a Conservação da Biodiversidade em Minas Gerais, de Importância Biológica “Extrema”, fazendo parte do Complexo da Serra do Brigadeiro (Área 80). É referenciada também como Área Prioritária para a Conservação das Aves, com Importância Biológica “Alta”; e como Área Prioritária para a Conservação da Flora, com Importância Biológica “Muito Alta”. As justificativas são os maciços serranos isolados e conjuntos serranos de elevadas altitudes, englobando espécies endêmicas e ameaçadas de extinção.

Algumas espécies da flora arbórea se destacam como a Araucária (Araucaria Angustifolia), o Jequitibá, a Canjerana (Cabralea canjerana), a Samambaiuçú, além da Palmeira Juçara (Euterpes edulis), da Palmeira do Indaiá (Attalea dubia) e da Bromélia Imperial (Alcantarea imperialis), além de várias espécies de orquídeas e samambaias.

Em relação aos mamíferos, registrou-se a presença da paca (Cuniculus paca), tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), tatu-do-rabo-mole-grande (Cabassous tatouay), etc.

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Da avifauna, constatou-se a presença do gavião pega-macaco (Spizaetus tyrannus), considerado ameaçado no Estado de Minas Gerais (Biodiversitas, 2010), da choquinha-de-dorso-vermelho (Drymophila ochropyga) classificada como Quase Ameaçada (IUCN, 2009), do pixoxó (Sporophila frontalis) classificado como vulnerável (IUCN, 2009), além de uma extensa lista de pássaros.

Quanto à herpetofauna, destaca-se o quelônio Hydromedusa maximiliani, também conhecido como cágado. Foram identificadas algumas espécies de anfíbios e de serpentes como a jararaca, a caninana e a cobra coral.

Das espécies da fauna que habitam os cursos d’água, ressalta-se a ocorrência do peixe cambeva, do caranguejo da água doce e do cágado.

Na história recente da Reserva, deve-se destacar que foi uma área muito explorada para a produção de carvão e pela atividade agropecuária. Após três averbações como RPPN (1995 e 2000 pelo IBAMA e 2007 pelo IEF-MG), ajuda a recuperar e proteger um importante e representativo fragmento de Mata Atlântica na Serra do Relógio, região da Zona da Mata de Minas Gerais, possuindo áreas em estágios diferenciados de sucessão natural da vegetação nativa, todavia dependentes de zelo, vigilância e monitoramento, como também do apoio e consideração da sociedade para o desenvolvimento de suas atividades que hoje estão voltadas para a educação ambiental, pesquisa científica e turismo ecológico, na busca pela sua auto- sustentabilidade.

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9. PLANEJAMENTO

Cachoeira do Emboque – RPPN Alto da Boa Vista

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9. PLANEJAMENTO

9.1 Objetivos específicos de manejo Os temas que adiante se descreve, estão definidos de acordo com o instrumento legal de criação da RPPN, em consonância com os objetivos do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº 9.985 de 18/07/2.000) e determinados em razão das características da área e de suas potencialidades, considerando-se principalmente suas necessidades identificadas no diagnóstico e nas experiências do proprietário na gestão da Unidade de Conservação “RPPN Alto da Boa Vista”, que para tanto cita-se como objetivos específicos: - Preservar um remanescente florestal na Serra do Relógio, região da Zona da Mata Mineira, inserida no domínio do Bioma Mata Atlântica, com ocorrência de quatro fitofisionomias: Floresta Estacional Semidecidual Montana, Floresta Ombrófila Densa Alto Montana (Mata Nebular), Campo de Altitude e Brejo; - Manter a originalidade de paisagens e monumentos naturais de notável exuberância e beleza cênica como as cavidades naturais, encostas rochosas, cachoeiras, cascatas e especialmente a porção de vegetação mais elevada da RPPN Alto da Boa Vista que se situa nas imediações do cume da Serra do Relógio a 1434 m, onde a RPPN se limita naturalmente em águas vertentes; - Divulgar a importância da Serra do Relógio e de seus tributários que contribuem na formação das bacias hidrográficas dos rios Novo e Pomba, além do seu potencial para o abastecimento público com fornecimento de água de qualidade, destacando e valorizando seus serviços ambientais e ecossistêmicos advindos das florestas em benefício da sociedade e de sua qualidade de vida; - Participar dos esforços em compor um mosaico de áreas protegidas que irão formar corredores ecológicos interligando significativos fragmentos remanescentes de florestas nativas na região da Serra do Relógio, visando garantir o fluxo gênico entre as espécies da fauna e flora, a conservação dos recursos hídricos e do solo, além do equilíbrio do clima; - Integrar e harmonizar ações para a geração de resultados em conservação da natureza na Serra do Relógio, servindo como veículo de divulgação de atividades alternativas da propriedade rural, tendo em vista as potencialidades atrativas e turísticas da região para negócios econômicos ambientalmente sustentáveis; - Conservar e proteger seus mananciais, visando abrigar e proteger as espécies da ictiofauna existentes como o cambeva (Trichomycterus paolence) e o caranguejo (Trichodactylus fluviatilis), fiscalizando e monitorando a integridade e originalidade das matas ciliares dos cursos d’água e nascentes da UC, buscando garantir e manter o volume e a qualidade das águas que correm em seus leitos; Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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- Conservar, abrigar e proteger espécies da fauna vulneráveis, raras e ameaçadas de extinção, no âmbito regional e nacional tais como: gavião-pega-macaco (Spyzaetus tyrannus), choquinha-de-dorso-vermelho (Drymophila ochropyga), pixoxó (Sporophila frontalis), araponga (Procnias nudicollis), trinca-ferro (Saltator similis), cágado (Hidromedusa maximiliani), entre outros; - Proteger as espécies da flora endêmicas da Mata Atlântica, vulneráveis, raras e ameaçadas de extinção registradas na área da RPPN, em especial a bromélia imperial (Alcantarea imperialis) e a palmeira juçara (Euterpe edulis), entre muitas outras; - Buscar meios e incentivos para a realização de atividades de pesquisas científicas, estudos, monitoramento ambiental, fiscalização e vigilância; - Estruturar mecanismos e instrumentos que favoreçam condições de promoção e incentivo da cultura, da educação e da interpretação ambiental, integrando diferentes setores da sociedade e das comunidades do entorno da Reserva; - Desenvolver e disciplinar o turismo ecológico responsável aliado à educação ambiental, como também a recreação e a prática de atividades físicas em contato com a natureza; - Cumprir sua função social como UC, com a valorização social e econômica dos serviços ambientais proporcionados pela RPPN Alto da Boa Vista como produtora de águas, de biodiversidade e principalmente pelos seus atrativos naturais dispostos à visitação ordenada, favorecendo a sustentabilidade financeira necessária para a gestão, estruturação e desenvolvimento das atividades da Unidade de Conservação. 9.2 Zoneamento De acordo com a Lei Federal nº 9.985/2000 (Lei do SNUC) que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, em seu Art. 2º, Inciso XVI, zoneamento é a “definição de setores ou zonas em uma Unidade de Conservação com objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da UC possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz.” Por conseguinte, o Decreto Federal nº 4.340/2002, que regulamenta a Lei do SNUC, determina que o plano de manejo de toda unidade de conservação defina seu zoneamento conforme as suas características específicas e que uma Reserva Particular do Patrimônio Natural-RPPN, inserida na Lei do SNUC na categoria de uso sustentável, será constituída em área privada, gravada com perpetuidade com o objetivo de conservar a diversidade biológica, especificando ainda como objetivos básicos para essa categoria de unidade de conservação: “compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcelas de seus recursos naturais”, onde serão permitidas apenas a pesquisa científica e a visitação com Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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objetivos turísticos, recreativos e educacionais”. Dessa forma, o zoneamento torna-se uma ferramenta que contribui para uma maior efetividade na gestão das áreas protegidas. Na instituição do ordenamento territorial da RPPN Alto da Boa Vista, considerou-se a evolução da cobertura florestal nativa remanescente onde hoje se insere as três áreas de RPPN reconhecidas (1.995 e 2.000 – IBAMA / ICMBio e IEF – 2.008), além do estabelecimento de estratégias que visem a pesquisa científica, proteção, monitoramento e uso sustentável que no caso da RPPN Alto da Boa Vista, está constituída pela atividade do turismo ecológico por ter se tornado a mais eficaz alternativa de conservação e sustentabilidade, tendo em vista a sua aptidão e as perspectivas favoráveis para o desenvolvimento ordenado de sua exploração em consonância com os objetivos de criação e usos permitidos na RPPN, tendo como premissa a ser cada vez mais aperfeiçoada, uma conduta disciplinar adequada em harmonia com a natureza. Para a determinação das poligonais das zonas, foram utilizadas imagens de fotografias aéreas (obtidas recentemente e a quinze anos atrás) e de satélite, além de observações em campo (com locação dos pontos de coordenadas) e os registros fotográficos obtidos durante todo o percurso do mapeamento detalhado que foi realizado na RPPN, os quais foram coletados em locais de ampla visão (como em seus limites que superam a cota altimétrica de 1.400 metros), o que permitiu a distinção dos estágios sucessionais da vegetação em fase inicial, intermediária e tardia. Com esses dados, obteve-se a identificação das fisionomias florestais que ocorrem e a abrangência dos espaços territoriais que ocupam. Além dessas informações, considerou-se a regeneração natural da vegetação nativa em determinadas áreas onde a evolução dos remanescentes florestais está evidenciada em fotos aéreas da área antes do reconhecimento como RPPN. Assim, em atendimento aos usos permitidos na área da categoria de RPPN como atividades de pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais, foram definidas quatro zonas em função dos critérios de valores como representatividade, fragilidade ambiental, riqueza e diversidade de espécies: Zona Silvestre Zona de Proteção Zona de Recuperação Zona de Visitação O mapa do zoneamento e a descrição de suas respectivas zonas encontram-se relacionados adiante, contendo suas características, objetivos e as normas gerais da RPPN Alto da Boa Vista I e II que serão aplicadas em sua gestão. Não estão incluídas no mapa de zoneamento, as “Áreas de Exploração” que totalizam cinco blocos (AE - 1, AE - 2, AE - 3, AE - 4 e AE - 5), sendo que destes, dois possuem instalações edificadas (AE 2 - Quadra/Sede/Centro de Visitantes e AE 5 - Abrigo de Montanha) e os outros dois estão destinados atualmente ao plantio de eucalipto Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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(AE 1 e AE 3). Na outra área restante (AE – 4), a vegetação nativa vem se regenerando naturalmente, encontrando-se em estágio sucessional inicial de recuperação.

CLASSE Área (ha) Área (%)

Zona Silvestre I (ZS I) 4,6882 6.05

Zona Silvestre II (ZS II) 2,0388 2.63

Zona Silvestre III (ZS III) 7,6979 9.93

Zona de Proteção (ZP) 18,7201 24.14

Zona de Recuperação I (ZR I) 30,4638 39.29

Zona de Recuperação II (ZR II) 6,4165 8.27

Zona de Visitação I (ZV I) 5,1295 6.61

Zona de Visitação II (ZV II) 0,0533 0.07

Zona de Visitação III (ZV III) 0,0876 0.11

Zona de Visitação IV (ZV IV) 2,1989 2.84

Zona de Visitação V (ZV V) 0,0493 0.06

Total do Zoneamento 77,5439 100.00

120: Tabela - Distribuição das áreas no zoneamento

121: Gráfico das zonas de manejo na RPPN Alto da Boa Vista I e II Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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122: Mapa do Zoneamento da RPPN Alto da Boa Vista – I e II Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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9.2.1 Zona Silvestre

As três áreas destinadas como “Zona Silvestre” na RPPN Alto da Boa Vista I e II = “ZS I, ZS II e ZS III” somam 14,26 ha (18,61%), que correspondem às áreas consideravelmente mais nobres devido ao fato de estarem localizadas em elevadas altitudes, cabeceiras de nascentes e em áreas significativas de recarga de mananciais. São áreas onde se observa um maior grau de integridade e destinam-se essencialmente à conservação da biodiversidade e manutenção de suas características excepcionais como áreas úmidas (brejo), margens de cursos d’água, encostas com manchas de vegetações bem conservadas e topos de elevações, as quais merecem proteção máxima. A Zona Silvestre funciona como reserva de recursos genéticos silvestres, onde podem ocorrer pesquisas, estudos, monitoramento, proteção e fiscalização. Ela pode conter infraestrutura destinada somente à proteção e fiscalização (FERREIRA et all., 2004). 9.2.1.1 Zona Silvestre I - ZS I A Zona Silvestre I localiza-se no trecho norte da RPPN, nas proximidades do pico da Serra do Relógio, limitando-se com o município de Astolfo Dutra. Neste local, com ocorrência da fitofisionomia Floresta Ombrófila Densa Alto Montana (Mata Nebular), abrange uma das parcelas bem conservadas de seu território, sendo também uma das áreas mais frágeis devido à ocorrência de acentuada declividade e da presença de nascentes, abrigando em suas encostas rochosas espécies raras e ameaçadas, destacando a bromélia imperial (Alcantarea imperialis). Portanto, é a zona de uso mais restritivo, onde o percurso somente é permitido acompanhado de guia da RPPN e na faixa específica da largura da trilha que se estende pelas suas extremidades (salientando que essa trilha está caracterizada no Mapa de Zoneamento como “Zona de Visitação”). Ressalta-se que essa trilha possibilita o acesso ao ponto mais alto da RPPN, a 1406 m de altitude, que tem seu trajeto seguindo pelas divisas naturais (águas vertentes) entre a RPPN Alto da Boa Vista I e II com a propriedade vizinha, pertencente ao município de Astolfo Dutra. A Zona Silvestre I abrange uma superfície de 4,68 ha, o que corresponde a 6,05% da área total da Unidade de Conservação. Esta zona específica é bastante suscetível ao extrativismo de espécies da flora como orquidáceas, bromeliáceas e palmáceas, bem como a entrada de animais domésticos como cães e gado bovino, em razão da proximidade com esta propriedade vizinha referenciada, na qual se explora a bovinocultura de corte em sistema extensivo de criação onde áreas de pastagens ocorrem até os trechos mais elevados desta propriedade do entorno. 9.2.1.2 Zona Silvestre II - ZS II Já a Zona Silvestre II é notável pela sua área plana e de brejo, um ambiente único e distinto que está situado praticamente na parte central da porção superior das áreas da RPPN Alto da Boa Vista I e II na altitude de 1000 metros, exercendo importante função de “área de recarga hídrica”, onde nascentes do entorno deságuam nesta várzea, contribuindo com a formação e a perenidade de um único curso d’água mais volumoso que segue por um vale. Ocupa uma área de 2,03 ha, correspondentes a 2,63% da área total de RPPN. Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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9.2.1.3 Zona Silvestre III - ZS III

Na Zona Silvestre III, situada no extremo oeste da RPPN, caracteriza-se com remanescentes de um Sistema Primário (natural) de acordo com o Sistema Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II Fitogeográfico estabelecido pelo IBGE (1992), com a fitofisionomia de Floresta Estacional Semidecidual Montana, sendo uma das áreas mais conservadas da Unidade de Conservação, com ocorrência de árvores de grande porte como jequitibás, jatobás, canjeranas, etc., além de um curso d’água abastecido por nascentes existentes em seu interior, além de contar com a contribuição de outra importante nascente situada a montante, já na propriedade vizinha. Nas proximidades, está localizada a “Cachoeira da Laje dos Jequitibás”, com acesso por uma curta trilha que conduz os visitantes ao local. A cachoeira e seu acesso estão caracterizadas e evidenciadas no Mapa de Zoneamento como “Zona de Visitação”. A Zona Silvestre III compõe uma área de 7,69 ha, 9,93% da área da RPPN Alto da Boa Vista I e II. 9.2.2 Zona de Proteção Compreende áreas naturais que tenham recebido grau mínimo de intervenção humana. Pode ocorrer o desenvolvimento de pesquisas, estudos, monitoramento, proteção e formas de visitação de baixo impacto (também chamada visitação de forma primitiva). As formas primitivas de visitação nesta zona compreendem exemplos como turismo científico, de observação de vida silvestre, trilhas e acampamentos rústicos, as quais não necessitam de infraestrutura e equipamentos facilitadores (FERREIRA et all.,2004). Será permitida nesta zona a colocação de infraestrutura desde que estritamente voltada para o controle e a fiscalização, como: postos e guaritas de fiscalização, aceiros, trilhas de fiscalização e postos de observação. A Zona de Proteção da RPPN Alto da Boa Vista I e II, abrangendo 18,72 ha - 24,14%, está situada na parte superior da UC e compreende uma faixa contínua que em toda a sua extensão envolve a Zona de Recuperação I pela direção oeste - nordeste até o setor sudeste da RPPN, onde divisa com a Área de Exploração 3 ocupada com eucalipto, seguindo pelas suas extremidades em águas vertentes, pela direção leste - nordeste, divisando neste trecho com sete propriedades de seu entorno, com altitudes variando entre 1000 e 1200 metros. Ao longo destas áreas, onde ocorrem afloramentos rochosos esparsos, a vegetação é caracterizada com fitofisionomia de Floresta Estacional Semidecidual Montana, encontrando-se em estágio de regeneração médio e avançado. Esta zona foi assim dimensionada para justamente servir como um arco de proteção, pois suas áreas se localizam em áreas de APP – terço superior/topo de morro, englobando as cabeceiras de nascentes que formam a micro bacia da RPPN, as quais auxiliam na manutenção e no equilíbrio hídrico do lençol freático de mananciais de propriedades vizinhas e na área de várzeas da RPPN (Zona Silvestre II), situadas em um plano inferior no entorno da Zona de Proteção. Esta é uma zona também bastante suscetível ao extrativismo principalmente de palmáceas como a palmeira do indaiá (Attalea dúbia). Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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9.2.3 Zona de Recuperação São duas as áreas indicadas como Zona de Recuperação - ZR I e ZR II. Estão localizadas em áreas que passaram por um significativo grau de alteração, onde sua regeneração vem evoluindo de forma espontânea, mas podendo ser induzida a partir da indicação de pesquisas e estudos orientadores. Permite-se a visitação, desde que as atividades não comprometam a sua recuperação. Ela é temporária, pois, uma vez recuperada, deve ser reclassificada como permanente (FERREIRA et all., 2004). 9.2.3.1 Zona de Recuperação I - ZR I A Zona de Recuperação I, assim determinada através da interpretação de análises de imagens aéreas e percursos em terra, se prolonga das proximidades do Centro de Visitantes e a casa Sede da RPPN Alto da Boa Vista I e II, a 890 metros (ambas situadas na parte baixa da RPPN, denominada Área de Exploração 2) até a laje das bromélias a 1150 metros de altitude, na trilha do caminho do pico da Serra do Relógio. Na parte inferior da Zona de Recuperação I, passa a linha de transmissão de energia elétrica que atende a RPPN, onde há uma estrada municipal que corta a Unidade de Conservação atravessando um curso d’água, ocorrendo também nesta mesma zona em sua parte superior, uma estrada interna da RPPN que conduz ao Abrigo de Montanha e ao Mirante (Zona de Visitação II), situado a 1043 m. A Zona de Recuperação I contorna a Zona de Visitação I e a Área de Exploração 5 que são anexas, as quais envolvem a várzea (área brejosa) que vem a ser a Zona Silvestre II. Esta zona consta de uma área antropizada coberta com remanescentes de vegetação nativa em estágio sucessional inicial e médio (capoeira), encontrando-se em franca recuperação natural a 17 anos, a qual vem evoluindo gradualmente sem nenhuma interferência. Em alguns locais no interior desta zona, ainda se encontram os vestígios dos fornos (escavações circulares em pequenos barrancos) referentes à época da derrubada da floresta para a produção de carvão. Até o ano de 1995, época da primeira averbação como RPPN (houve outras duas averbações: em 2000 e 2008), essas áreas eram exploradas manualmente, tanto com culturas sazonais como feijão e milho, como também com atividades de pecuária, principalmente a bovinocultura de corte, explorada em sistema extensivo de criação. Ressalta-se que em alguns trechos da superfície da Zona de Recuperação I, era anteriormente ocupado com capim brachiária decumbens (Urochloa decumbens), hoje praticamente extirpado e bastante raleado devido ao surgimento e ao desenvolvimento de espécies arbóreas pioneiras como quaresmeiras, jacarés, pororocas, embaúbas e palmeiras de indaiás, que juntas com muitas outras espécies dominam a paisagem atualmente, favorecendo a formação de sub-bosques. Porém, permanece resistente ainda em alguns locais esparsos, forte ocorrência da samambaia (Pteridium arachneoideum), entretanto com representativa redução das áreas onde mantinha domínio, fato que ocorre devido ao crescimento e sombreamento das árvores. Alguns cursos d’água, perenes e intermitentes, passam por trechos da Zona de Recuperação I, definida por uma área de 30,46 ha, equivalentes a 39,29% da RPPN Alto da Boa Vista I e II. Nela também estão localizadas algumas trilhas que levam aos locais atrativos da UC como a trilha do pico da serra, a trilha da borda da várzea, a trilha da carroça e a trilha do lago, além das estradas que dão acesso ao mirante, ao abrigo de montanha e à Área de Exploração 3, cultivada com eucalipto. Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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9.2.3.2 Zona de Recuperação II - ZR II A Zona de Recuperação II inicia-se na entrada da Unidade de Conservação, nas divisas com propriedade particular situada a jusante por onde a estrada municipal segue, entrecortando a RPPN pela sua parte baixa, se estendendo pelos limites com a Área de Exploração 2 (parte integrante do imóvel rural onde se insere a RPPN Alto da Boa Vista I e II) e com a Zona de Visitação IV, além de confrontar-se com outra propriedade do entorno a montante, evidenciada no mapa de zoneamento com seus cinco cursos d’água que passam pela RPPN. A área determinada nesta zona corresponde a 6,41 ha, 8,27% da RPPN Alto da Boa Vista I e II, na qual, situam-se quatro cursos d’água que deságuam em um único riacho principal localizado nas proximidades do ponto de menor altitude da UC, a 816 metros. A vegetação nativa ocorrente neste espaço apresenta-se em fase de regeneração natural, assim como na Zona de Recuperação I, com ocorrência de capoeira em estágio inicial e médio. Uma trilha passa pelo interior do polígono da Zona de Recuperação II, possibilitando a ligação direta do Centro de Visitantes com a pequena Zona de Visitação V, onde fica a Cachoeira da Laje dos Jequitibás, um dos pontos atrativos da Reserva. 9.2.4 Zona de Visitação As cinco áreas dimensionadas no mapa do zoneamento da RPPN Alto da Boa Vista I e II que compreendem as Zonas de Visitação, além da trilha de acesso ao ponto mais alto da UC situado em seu extremo norte, representam espaços que possuem atrativos em potencial para serem utilizados na atividade do ecoturismo. São constituídos por áreas naturais onde se permite alguma forma de alteração humana como instalações de infraestruturas como mirantes para contemplação, torres de observação, trilhas guiadas e auto-guiadas, equipamentos facilitadores (exemplo: escadas em pontos de maior dificuldade em trechos pontuais das trilhas e dos acessos às cachoeiras), pontes suspensas, plataformas em copas de árvores, sinalizações em trilhas e painéis interpretativos, etc., para os quais deve-se buscar a adoção de técnicas alternativas de construção e tecnologias de baixo impacto ambiental (FERREIRA et all,, 2004). Estas zonas estão essencialmente destinadas à conservação e às atividades de visitação devido aos seus atributos, sendo que outras atividades também são permitidas como educação e interpretação ambiental, turismo científico, observação de vida silvestre, recreação e lazer. As visitações serão realizadas de acordo com a capacidade de carga das trilhas, evitando impactos e prejuízos à fauna e flora do local. Pretende se desenvolver atividades de visitação de baixo impacto aliando o turismo ecológico, essencial à sustentabilidade da Unidade de Conservação, com a sensibilização e educação ambiental a ser vivenciada pelo contato com a natureza. Resultados esperados: - Conhecimento dos atributos naturais, culturais e históricos obtidos por parte dos visitantes; Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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- Informações, serviços e atividades disponíveis sobre as Zonas de Visitação, implantados e divulgados junto aos visitantes; - Monitoramento dos impactos da visitação pública para serem avaliados e ajustados; - Projetos específicos para educação ambiental elaborados e implantados; - Estruturação e adequação dos acessos às áreas de visitação com o objetivo de favorecer aos distintos públicos, atividades com maior segurança e em harmonia com o meio ambiente; - Continuidade à visitação aos locais atrativos da UC de forma harmônica e responsável, atividade que além de propiciar o monitoramento das áreas com os constantes deslocamentos, fornece subsídios para a sustentabilidade da RPPN com os recursos advindos da cobrança de ingressos para excursões, lazer, camping, serviços de hospedagens e guia, entre outros; Indicadores: - Número de visitantes registrados na área; - Número de medidas implantadas para minimização de impactos da visitação; - Número de placas de sinalização instaladas; Atividades: - Elaborar projeto específico para implantação ordenada das atividades nas Zonas de Visitação; - Realizar o monitoramento dos acessos, trilhas e atrativos; - Implantar ações do Programa de Educação e Sensibilização Ambiental; Normas de segurança: Observar as Diretrizes para Visitação em Unidades de Conservação (MMA, 2006), e suas orientações baseadas na conduta consciente em ambientes naturais: - Planejamento é fundamental; - Você é responsável por sua segurança; - Cuide das trilhas; - Traga seu lixo de volta; - Deixe cada coisa em seu lugar; - Não faça fogueiras; - Respeite os animais e as plantas; - Seja cortês com outros visitantes e com a população local. Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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9.2.4.1 Zona de Visitação I - ZV I

A Zona de Visitação I compreende uma área de 5,12 ha, 6,61 % da UC. Localiza-se no entorno da Zona Silvestre II (brejo) em altitudes entre 950 e 1050 metros e está envolvida pela Zona de Recuperação I, além de limitar-se com a Zona de Proteção e a Área de Exploração 5, local do Abrigo de Montanha. Ocorre em seu interior a trilha da borda da várzea, com baixo grau de dificuldade para caminhadas, que tem parte de seu trajeto contornando o brejo, passando por pequenas superfícies em rocha que ficam às suas margens, com uma distância aproximada de 1000 metros. Composta por formações vegetais com significativo grau de alterações, apresenta estágio ecológico de capoeira com exemplares de formações pioneiras, onde quatro cursos d’água passam pelo seu interior, formando a queda d’água de maior altura da Reserva, denominada Cachoeira do Emboque.

9.2.4.2 Zona de Visitação II - ZV II

A Zona de Visitação II está determinada em um dos locais mais atrativos da RPPN, devido a sua localização ser em um ponto central, onde é possibilitado a observação, fiscalização e monitoramento de toda a área da UC e da propriedade como um todo. Está situada a 1043 metros de altitude em uma área antropizada, dispondo de acesso por estrada trafegável por veículos e está delimitada com um polígono de 533 metros quadrados, 0,07% da RPPN Alto da Boa Vista I e II, sendo totalmente envolvida pela Zona de Recuperação I. No local, percebe-se em sua superfície e imediações, a ocorrência de afloramentos do minério de bauxita.

Esta zona foi idealizada estrategicamente para ser um ponto para um mirante e uma torre de observação, pois possibilita visão longínqua do horizonte, onde ao sul se avista em dias límpidos a Serra do Mar, distante 100 km, oferecendo também a visão frontal, a noroeste, do trecho mais alto da RPPN e da Serra do Relógio, que alcança 1.434 metros de altitude.

9.2.4.3 Zona de Visitação III - ZV III A Zona de Visitação III é a pequena região da lagoa e adjacências, incluindo seu caminho de acesso que parte de estrada interna da RPPN e segue paralelo ao canal que conduz a água captada de um riacho, o qual volta a receber a água extravasada da lagoa. Envolvida pela Zona de Recuperação I, está situada em uma área de 876 metros quadrados, ocupando 0,11% da área total da Unidade de Conservação. O acesso à lagoa se dá por uma estrada interna da RPPN que passa pela parte baixa da Zona de Recuperação I, ligando a Área de Exploração 3 (cultivada com eucalipto) com a região do mirante e o Abrigo de Montanha, num percurso de 1000 metros aproximadamente. Outro acesso utilizado se faz passando por outra estrada, esta mais utilizada cotidianamente, que segue do Centro de Visitantes da RPPN e passa pelo interior de propriedade confrontante, passagem esta que se caracteriza como servidão. Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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Por se tratar de um local bastante aprazível, utilizado para nadar e incluído no roteiro de caminhadas, requer constante monitoramento, manutenção e melhorias essenciais como sinalização com instalação de placas educativas instruindo o visitante sobre a importância da preservação daquele local, além da construção de um pequeno quiosque e a impermeabilização e/ou tubulação dos 20 metros do canal que conduz a água, para assim evitar o carreamento de sedimentos de seu leito para a lagoa. 9.2.4.4 Zona de Visitação IV - ZV IV

Na Zona de Visitação IV estão situadas duas quedas d’água, a Cachoeira do Escorrega e a Cascata da Toca. Localiza-se na porção inferior da RPPN, nas proximidades do Centro de Visitantes e da Casa Sede, às margens da estrada municipal que atravessa a Unidade de Conservação, tendo ao seu entorno as Zonas de Recuperação I e II, além das Áreas de Exploração II e III, partes integrantes da propriedade. A ZV IV caracteriza-se com remanescentes de vegetação nativa, apresentando formações florestais em estágio médio de recuperação, estando entrecortada por um curso d’água que passa no fundo de um vale com áreas de APP em toda sua extensão, onde espécies como o cágado, o caranguejo e o peixe cambeva habitam o local, sobrevivendo e se multiplicando graças à excelente qualidade das águas. Os acessos às duas quedas d’água – Cachoeira do Escorrega e Cascata da Toca, localizadas na ZV IV, se dá por trilhas estreitas, ambas com extensão aproximada de 50 metros, onde há necessidade de melhoramentos básicos de proteção como corrimões e escadas para uma maior segurança dos visitantes, pois é um dos atrativos naturais mais representativos da UC, além de estar muito próximo do Centro de Visitantes. Possui uma área de 2,19 ha, 2,84% da área total da RPPN, na qual conforme mencionado inicialmente, passa uma estrada municipal em parte de sua periferia, a qual pode causar assoreamento ao curso d’água, caso os serviços de interferência para manutenção e melhoria desses trechos das estradas não forem programados de forma correta por um responsável técnico com as devidas atribuições profissionais. O calçamento de um pequeno trecho na passagem pelo curso d’água, em ambas as margens onde ocorre um declive acentuado, minimizaria consideravelmente o carreamento de sedimentos sólidos provenientes do revolvimento da terra por máquinas, estabilizando o solo nesse local da estrada de servidão municipal. Outras placas sinalizadoras também deverão ser instaladas além de uma já existente localizada às margens da estrada, Estas placas terão informações interpretativas e educativas, além do limite de velocidade e indicações de acesso a outros locais como a lagoa e a área de camping e de estacionamento, ressaltando que esses dois últimos estão localizados fora das áreas da RPPN Alto da Boa Vista I e II. Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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9.2.4.5 Zona de Visitação V - ZV V A Zona de Visitação V compreende uma área de 493 metros quadrados e ocupa 0,06% das áreas de RPPN e foi determinada por um polígono que envolve a Cachoeira da Laje dos Jequitibás, além de seu acesso. Bem próximo existem duas árvores dessa espécie arbórea, de grande porte, praticamente unidas e que emprestam o nome ao local, estando a poucos metros acima da queda d’água em sua margem direita. A ZV V está totalmente envolvida pela Zona Silvestre III que como informado, refere-se a um dos remanescentes florestais mais bem conservados da UC. O acesso à Cachoeira da Laje dos Jequitibás se faz a partir da Área de Exploração I, atualmente cultivada com eucaliptos, passando pela estrada municipal ou por uma trilha que se inicia no Centro de Visitantes e atravessa a ZR II. 9.3 Áreas Estratégicas da Propriedade e Aspectos Legais A Propriedade aqui também foi destacada quanto ao seu zoneamento, pelo fato de todas as estruturas físicas atualmente existentes no imóvel rural estarem direcionadas e planejadas para a exploração do turismo ecológico, o qual se encontra em franca atividade desde os anos 90 por ocasião do 1º reconhecimento como RPPN pelo IBAMA. Estas recentes edificações foram idealizadas e erguidas fora das áreas de RPPN para que o impacto sobre a biota da Unidade de Conservação fosse minimizado ao máximo. Outras áreas da propriedade ficaram exclusas, as ÁREAS DE EXPLORAÇÃO - AE, assim denominadas e inseridas neste estudo como Áreas Estratégicas da Propriedade, as quais totalizam cinco blocos com as seguintes dimensões: - AE – 1 = 3,83 ha - AE – 2 = 1,23 ha - AE – 3 = 3,75 ha - AE – 4 = 1,29 ha - AE – 5 = 1,11 ha TOTAL = 11,21 ha

Duas dessas áreas possuem instalações edificadas, AE - 2 = Quadra de Esportes/Casa Sede/Centro de Visitantes e AE - 5 = Abrigo de Montanha. Outras duas estão destinadas ao plantio de eucalipto: AE - 1 e AE - 3. Na Área de Exploração 4 = AE – 4, a vegetação nativa domina toda a sua superfície e sem nenhuma interferência de manejo a mais de 10 anos, o que tem proporcionado uma regeneração espontânea que se encontra em estágio sucessional inicial e médio de desenvolvimento. Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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Cabe ressaltar que foi somente no ano de 2.008 que levou-se a efeito o georreferenciamento de todas as áreas da propriedade, inseridas ou não como RPPN, além de seu perímetro, levantamento este executado também no polígono das cinco áreas que estavam então determinadas para serem anexadas como RPPN na ocasião da realização deste mapeamento, quando havia a finalidade específica de proceder a 3ª averbação de RPPN, sendo o processo protocolado na época no IEF – MG. Posteriormente, com o deferimento favorável deste órgão no ano de 2.008, essas cinco áreas não contínuas da propriedade foram acrescentadas e registradas como RPPN, ampliada assim pela segunda vez quando contou na oportunidade com apoio financeiro específico para os levantamentos topográficos obtido com a seleção da proposta de “Ampliação da RPPN Alto da Boa Vista” no Edital 05 - 2.006, lançado pelo “Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural da Mata Atlântica” uma parceria das ONG’s ambientalistas Conservação Internacional, SOS Mata Atlântica e The Nature Conservancy. Os croquis originais que representavam os dados espaciais de toda a superfície da propriedade com as dimensões proporcionais de suas áreas internas, os quais integraram e serviram de base nos processos de criação e reconhecimento da RPPN Alto da Boa Vista protocolados no IBAMA nos anos respectivos de 1.995 e 2.000, obviamente também foram incluídos no processo de ampliação da RPPN Alto da Boa Vista junto ao IEF – MG em 2.008, para transparecer junto às análises deste órgão ambiental que não havia sobreposição de áreas. As cinco áreas acrescentadas tiveram a denominação de RPPN ALTO DA BOA VISTA II, dada pelo IEF – MG como referência e distinção às outras duas áreas que inicialmente foram reconhecidas como RPPN pelo IBAMA. As superfícies e siglas de referências dessas áreas estão contidas na legenda do mapa da UC elaborado em 2.008, constando os seguintes valores que permanecem inalterados: ÁREA - A = 0,63 ha ÁREA - B = 0,87 ha ÁREA - C = 0,97 ha ÁREA - D = 1,19 ha ÁREA - E = 3,61 ha TOTAL = 7,27 ha Outra questão ocorrente trata de que nas ocasiões das três averbações, 1.995 - 2.000 e 2.008, não houve exigências do IBAMA e do IEF – MG para que se realizasse a averbação da Reserva Legal da propriedade, o que doravante será efetivado para promover a sua adequação e regularização perante a legislação ambiental. Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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Entretanto, constatou-se recentemente em dezembro 2011, por ocasião da realização do mapeamento para o Plano de Manejo, outros fatos que permitiram elucidar divergências e equívocos que surgiram durante o mapeamento realizado anteriormente, em 2.008, relacionados à área total da propriedade. Após correções de trajeto e medições de campo, apuradas nos levantamentos que foram criteriosamente realizados com todos os seus detalhamentos necessários visando subsidiar a elaboração do presente Plano de Manejo, levantamentos estes que contaram inclusive com a presença “in loco” de dois proprietários confrontantes que participaram como auxiliares de campo nos trabalhos, ficou definitivamente esclarecido as distorções que ocorrem entre a superfície da “área total da propriedade contida em seus registros e escrituras – 138,26.13 ha” e a “superfície real da área total da propriedade apurada em campo – 90,54.20 ha”, o que passa-se a evidenciar. Esta ocorrência se deve particularmente da impossibilidade que houve na ocasião do mapeamento georreferenciado em 2.008, de transposição em campo de trechos inóspitos situados em divisas naturais com forte aclividade situadas em superfícies de rocha, onde não havia e não se conhecia acessos na época, trechos estes cujas extensões delimitam a propriedade / RPPN ao norte com três propriedades confrontantes localizadas no município de Astolfo Dutra e a oeste com uma única propriedade, esta do lado de Descoberto. Portanto, foi nos trabalhos detalhados de mapeamento realizados para elaboração do Plano de Manejo da UC e seu zoneamento, que se tornou possível a compreensão do alinhamento correto desses trechos de confrontações onde houve esses equívocos, que após certificados, geraram em planta atualizada as devidas correções da linha divisória da propriedade que apresenta as distinções de áreas, específicas deste último levantamento realizado em relação à primeira planta elaborada em 2.008. Nessa época ainda não se conhecia as divisas com exatidão nesses dois trechos específicos como também não se percorria costumeiramente como se faz na atualidade, pois esses dois setores extremos apresentam alto grau de dificuldade para se percorrer em face das abruptas elevações em paredões e encostas rochosas, onde destacadamente evidencia-se que seu acesso se restringe às trilhas existentes em pequenos trechos de suas bordas situados no extremo norte da RPPN, conforme previsto no mapa do zoneamento e referenciado na descrição da Zona de Visitação. Diante do exposto, necessário se torna retificar a área da propriedade e ajustar também a área da RPPN Alto da Boa Vista, no que se refere aos valores das áreas inicialmente averbadas pelo IBAMA, passando de 118,00.00 ha (soma das áreas: 1ª RPPN em 1.995 = 96,00 ha + 2ª RPPN em 2.000 = 22,00 ha) para 72,06.20 ha, que é a “área real apurada de duas RPPN’s reconhecidas pelo IBAMA a ser adequada”, procedendo-se as alterações cartográficas dessas áreas de acordo com os seus valores reais/atualizados, informações estas contidas no recente Mapa Georreferenciado que ora se apresenta neste “Plano de Manejo da RPPN Alto da Boa Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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Vista - I e II”, para assim subsidiar as instruções necessárias de procedimentos junto ao Cartório de Registro de Imóveis da Comarca, tendo como finalidade promover a retificação da área total da propriedade com as devidas anuências dos proprietários lindeiros, além da averbação de Reserva Legal prevista em Lei, que para tanto, seguem em anexos: Planta Georreferenciada da Propriedade (para Retificação e Averbação da Reserva Legal), Memorial Descritivo e Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, além das mesmas documentações – Mapa, Memoriais Descritivos e ART, referentes às cinco áreas oficializadas como RPPN em 2.008 pelo IEF – MG, denominadas “RPPN Alto da Boa Vista II” , mapas estes que evidenciam as outras cinco glebas da propriedade que compõem as “Áreas de Exploração – AE”. 9.4 Normas Gerais da UC:

- A visitação pública, atividades de pesquisas, educação e interpretação ambiental serão organizados através de agendamento prévio com o gestor da unidade que repassará as orientações prévias necessárias; - Todo e qualquer acesso e utilização das áreas e estruturas da UC será obrigatoriamente agendado com o gestor da unidade; - É proibido o ingresso e a permanência na UC de pessoas portando qualquer tipo de arma de fogo, materiais ou instrumentos destinados ao corte, caça, pesca ou a quaisquer outras atividades prejudiciais à fauna e à flora; - A entrada e permanência de menores deverá ser acompanhado por responsável; - É terminantemente proibido o uso de buzinas, brinquedos eletrônicos e aparelhos sonoros em volume que causem perturbação ao ambiente da Unidade de Conservação e seus visitantes; - É permitida a prática de banho nas cachoeiras, cascatas e na lagoa, no entanto, não é permitido o uso de sabonetes ou outros produtos similares como shampoos; - Deve-se prever a instalação de rampas, a eliminação de degraus, a existência de portas largas, placas e folhetos em braile, informações sonoras, sanitários adaptados, lixeiras próximas ao estacionamento, entre outros; - Cada visitante é responsável por recolher e trazer seu lixo de volta das trilhas, colocando-o nas latas disponíveis na área de uso público ou levando-o embora consigo; - Os resíduos sólidos produzidos na UC deverão ser recolhidos e destinados a um ponto de coleta na propriedade ou a outro local devidamente autorizado pela prefeitura;

- Proibi-se alimentar os animais silvestres, devendo-se ter cuidado especial no acondicionamento e na destinação do lixo de cozinha produzido nas instalações da UC; Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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- O desenvolvimento de atividades educacionais, de visitação e de pesquisa científica só poderão se realizar de forma compatível com a conservação do ambiente e com reduzido impacto ambiental, de forma que não provoquem alterações no ecossistema;

- A visitação deve seguir as normas, horários e formas de uso de cada atrativo; - Para aqueles atrativos cujo acompanhamento de guia é obrigatório, somente será permitido o acesso com guias recomendados pelo gestor da RPPN; - A visitação ao pico da serra deverá ser acompanhada de guia, com agendamento prévio para que os visitantes tenham as informações e cuidados necessários específicos para esse trajeto; - É terminantemente proibida a abertura de trilhas, picadas e clareiras. Serão permitidas as ações necessárias para combate a incêndios e para garantir a proteção e integridade da UC; - Os acampamentos serão permitidos somente nas áreas a eles destinadas; - A fiscalização, monitoramento e vigilância será realizada permanentemente; - A visitação poderá ser restringida conforme os limites de freqüência de visitantes estabelecidos ou que venham a ser estabelecidos posteriormente; - As atividades desenvolvidas deverão subsidiar a recuperação das áreas alteradas de maneira natural ou induzida; - As pesquisas sobre os processos de regeneração natural deverão ser incentivadas; - Não é permitida a introdução de espécies exóticas (invasoras) no interior da UC, e como medidas de prevenção, será realizado um controle sistemático com a retirada dessas espécies;

- Atividades de reintrodução de fauna nativa somente poderão ocorrer após a realização de pesquisas, pareceres técnicos favoráveis e a anuência do gestor da UC;

- Proibida a manutenção de animais silvestres nativos em cativeiro no interior da UC;

- Não é permitida, na RPPN Alto da Boa Vista I e II, a coleta de fauna e flora que caracterize a formação de coleções; – São proibidas as coletas e apanha de espécimes da fauna e da flora, em todas as zonas, ressalvadas aquelas com finalidades científicas, desde que devidamente autorizadas pelos órgãos ambientais, se necessário, e com a concordância expressa do gestor da RPPN; - As pesquisas científicas (coletas botânicas, zoológicas, pedológicas) somente ocorrerão com o devido cumprimento à legislação vigente e autorizadas pelos órgãos ambientais, se necessário, além de estarem sujeitas às condições e restrições estabelecidos pelo gestor da UC, tendo–se por prioritárias aquelas previstas no plano de manejo ou voltadas ao manejo da Unidade; Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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- Os estudos e pesquisas científicas poderão ser realizados desde que comprovada cientificamente suas excepcionalidades e que não interfira na estrutura dinâmica das espécies, populações e comunidades biológicas, bem com a estrutura geomorfológica, devendo-se evitar autorizações de coleta para pesquisas com objetivos similares a outras realizadas anteriormente; – Os produtos das pesquisas científicas, relatórios e publicações, deverão ter uma versão em português, devendo ser remetida uma cópia para o acervo da Reserva; – Todos os exemplares de fauna e flora coletados na Unidade, mediante autorização dos órgãos ambientais e do gestor da UC, devem ser depositados em instituições de pesquisa regionais, credenciadas, conforme legislação vigente que regulamenta a pesquisa científica em Unidades de Conservação; - Pesquisadores com trabalhos voltados para as linhas de pesquisas prioritárias determinadas pelo gestor da RPPN, terão preferência em relação ao apoio que a UC eventualmente possa oferecer; - Nas estradas internas da RPPN Alto da Boa Vista, tanto nos trechos de responsabilidade do proprietário, bem como naqueles do município de Descoberto, as intervenções para melhoria e manutenção serão realizadas com critério técnico adequado para evitar a contínua perda de solo e o assoreamento dos cursos d’água, adotando-se práticas alternativas de estabilização permanente do solo como: construção de bocas de lobo como estratégia para limitar o acúmulo e a única direção da água especialmente em locais de forte declividade , revestimento do leito da estrada com saibro compactado e obras de calçamento ou similar em locais pontuais reconhecidamente críticos; - Nas estradas internas da RPPN, obviamente com exceção do trecho da estrada de servidão municipal, fica proibido o acesso e o trânsito de veículos e máquinas (carros, motos e tratores) sem a autorização do gestor da UC; - O tráfego de automóveis ou camionetes nas estrada internas da RPPN que conduz ao mirante, só será permitido aos visitantes turistas que irão se hospedar no Abrigo de Montanha, deslocamento este que fica condicionado aos veículos com tração nas quatro rodas – 4x4; - Não será permitido o corte raso das árvores na extensão da Linha de Transmissão que passa especificamente sobre o fundo de vale onde se situa a Cachoeira do Escorrega. Somente admite-se o controle de altura das árvores emergentes, que possam representar risco efetivo à rede de energia. No caso de haver necessidade técnica comprovada de efetuar-se o corte de árvores, deverá ser solicitado o licenciamento ambiental junto ao IEF-MG e ao ICMBio. Estudo de viabilidade e impacto poderá ser realizado para readequar o traçado atual; - As construções e reformas deverão estar em harmonia com o meio ambiente, utilizando-se materiais e tecnologias de baixo impacto; - A sinalização admitida é aquela indispensável à proteção dos recursos naturais da Reserva e em relação à segurança das pessoas; Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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- Todos os visitantes, escolares, pesquisadores e demais pessoas que visitarem a RPPN deverão tomar conhecimento de seu Regimento Interno, bem como receber instruções específicas quanto aos procedimentos de proteção e segurança; - Deverão ser observados os indicadores de impacto da visitação, fenômenos erosivos e outros danos causados pela natureza e proceder os ajustes necessários. 9.5 Normas para a realização de estágio: De acordo com a LEI Nº 11.788, DE 25 DE SETEMBRO DE 2008, o estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior, profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. Para a realização de estágio na UC deverão ser seguidas normas e regulamentos: estabelecer convênio entre a UC e a Instituição de Ensino; assinar termo de compromisso entre a UC e o estagiário, além de estabelececimento de um acordo de cooperação entre o estagiário e a UC. O estagiário deverá: estar devidamente matriculado em uma instituição de ensino; ter um plano de estágio; estabelecer horário da realização das atividades; demonstrar comprometimento e responsabilidade; observar o objetivo da UC de conservar a diversidade biológica; entregar ao final das atividades, cópia do relatório, sendo uma impressa e encadernada e uma digital. Quando o estágio for curricular, será supervisionado por professores do respectivo curso com formação na área, pelo período mínimo determinado pela grade curricular. A orientação das atividades realizadas na RPPN Alto da Boa Vista I e II ficará sob a responsabilidade do gestor da unidade. Poderá também ser realizado remunerado, ficando de acordo com a determinação do gestor da UC e disponibilidade de recursos financeiros.

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10. PROGRAMAS DE MANEJO

Imagem modelada do satélite QuickBird com vista da localização da Unidade de Conservação

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10. Programas de Manejo

Os programas de manejo foram instituídos de acordo com as orientações contidas no Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN (FERREIRA et all., 2.004) e tem a finalidade de agrupar as atividades afins ao desenvolvimento adequado da RPPN Alto da Boa Vista visando o cumprimento de seus objetivos estabelecidos e o alcance de resultados esperados. Os programas de manejo definem normas e instruções que visam a efetivação dos projetos almejados, incluem atividades e procedimentos necessários para ordenar as ações de gestão e manejo da UC, além de distinguir sua intrínseca relação com a propriedade e a região onde se insere, no que for cabível. Os prazos para o cumprimento das metas estão especificados no cronograma de atividades. Foram elaborados seis programas de manejo, descritos adiante:

10.1 Programa de Administração

Objetivos: Assegurar os meios para que os demais programas sejam desenvolvidos aliando a proteção da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais, permitindo assim o alcance de resultados eficientes para a sustentabilidade da RPPN. Inclui as ações de adequação e incremento de infraestruturas já existentes, além daquelas relacionados aos setores de equipamentos e das áreas administrativa e recursos humanos, temas que estão dispostos para manter a visitação ordenada direcionada à educação ambiental, o que se pretende desenvolver na RPPN. Deve haver, portanto, previsão orçamentária anual para execução de todas as ações e programas a serem realizados na UC. A sua atual condição, considerando-se o suporte já existente (estruturas físicas, equipamentos e recursos humanos) a projetos que serão estabelecidos, permite que se vislumbre a implementação deste plano de manejo em médio prazo. Ainda que as atuais condições não permitam uma maior operacionalidade do processo, já que a RPPN Alto da Boa Vista se mantém com recursos próprios, investidos, sobretudo, com os resultados dos trabalhos de Helvécio e Adélia, seus proprietários, a propriedade dispõe de uma estrutura considerável, que proporciona uma sustentação se não satisfatória, pelo menos primordial. É, contudo, importante a sua organização voltada para o crescimento do empreendimento, com a implementação deste Plano de Manejo, para os próximos cinco anos. Considera-se que, de acordo com o pretendido e projetado, a execução dos projetos recomendados não só cria instrumentos de conservação, monitoramento e exploração sustentável de importante fragmento florestal, como também contribui diretamente com novas e viáveis perspectivas de desenvolvimento sócio econômico na região. Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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Resultados Esperados: - Todas as ações na UC exercidas em conformidade com as diretrizes do Plano de Manejo e as leis ambientais vigentes; - Funcionamento da unidade da conservação priorizando a qualidade, organização, controles e registros, treinamento de pessoal e manutenção da área; - Estruturação adequada de instalações físicas com funcionalidade e acessibilidade; - Disponibilidade de equipamentos para apoio operacional, administrativo e de segurança patrimonial; - Geração de oportunidades para contar com força de trabalho em condições viáveis, através de contratação de auxiliar ou acordos de parcerias para serviços gerais e atividades da RPPN; - Sustentabilidade da RPPN viabilizada. Indicadores: - Equipamentos e infraestrutura em funcionamento; - Disponibilidade de recursos humanos necessários à gestão da UC, capacitados e treinados; Atividades e Normas: Dotar a UC de pessoal de apoio de acordo com a demanda: um gestor e um funcionário para serviços gerais: A administração da RPPN Alto da Boa Vista é atualmente desempenhada pelo proprietário, Helvécio Rodrigues Pereira Filho e família. Espera-se que com este programa também haja um envolvimento maior com a comunidade do entorno imediato, podendo ser estabelecidas parcerias para o desenvolvimento mais dinâmico das atividades dentro da RPPN e a propriedade, buscando valorizar a mão de obra local e a inclusão social. Os serviços que cabem a um funcionário se referem aos trabalhos cotidianos da UC como condução de visitantes, manutenção e fiscalização, os quais tem como principal motivo evitar invasões que possam vir a causar impactos ao meio ambiente no interior da RPPN. Promover a capacitação periódica dos funcionários da RPPN e dos condutores de visitantes. - Participar de curso de treinamento de guarda parques para o gestor e o eventual funcionário da UC para atendimento e orientação adequada aos visitantes, bem como de segurança do trabalho, animais peçonhentos, resgate e suporte básico de vida. - Participação de cursos, seminários e capacitações para as pessoas envolvidas com a propriedade e a RPPN. Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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Elaborar Termos de Referência com informações claras e objetivas dos trabalhos que devem ser realizados, com as funções e responsabilidades do responsável em relação às atividades desenvolvidas; Estabelecer normas que devem nortear a confecção do Regimento Interno da UC; Promover a adequação da infraestrutura e a manutenção de equipamentos disponibilizados para as atividades que dão sustentabilidade à RPPN, previstos no Subprograma de Infraestrutura e Equipamentos: Deverão ser integradas no processo administrativo, as estruturas de residência do proprietário e sua família para também estarem aptas a receber e hospedar visitantes, além das outras estruturas já existentes de hospedagem, lazer e recepção que são: Centro de Visitantes, Quadra Poliesportiva e a Casa de Hospedagem “Abrigo de Montanha”.

As construções existentes deverão passar por ações estruturantes essenciais como reparos, adaptações e acabamentos de forma a proporcionar os ajustes para aumentar a oferta de leitos e quartos para hospedagem, o complemento de infraestruturas para apoio a atividades de educação ambiental, acampamentos, recreação e prática de esportes, além de ampliação de edificações para que haja espaços em condições de agregar serviços de fornecimento de alimentação aos visitantes.

Os equipamentos deverão receber manutenção adequada com vista a prolongar sua vida útil.

Desenvolver um cronograma de manutenção de infraestrutura e equipamentos, visando o bom funcionamento dos mesmos e a prevenção de danos.

Objetivando prolongar a vida útil dos equipamentos adquiridos e a redução de custos de reparos, deverá ser estabelecido cronograma de manutenção nos equipamentos utilizados pelos funcionários da RPPN. Contratar e manter o serviço de Segurança Patrimonial (vigilância diária). Monitorar as espécies exóticas / invasoras nas áreas de RPPN e promover o manejo necessário. Estabelecer sistema adequado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos com coleta seletiva e destinação de resíduos produzidos no interior da RPPN.

Todos os resíduos sólidos deverão ser retirados da RPPN e deverão receber tratamento seletivo. Disponibilizar coletores de resíduos em dois locais distantes da UC, Centro de Visitantes e Abrigo de Montanha, identificados como: Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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- Materiais recicláveis (seco); - Materiais orgânicos (lixo úmido); - Materiais Inservíveis. As lixeiras deverão ser apropriadas, para evitar que seu conteúdo seja alcançado por animais silvestres, servir de abrigo e evitar o acúmulo de água. Os resíduos recicláveis serão coletados periodicamente e encaminhados à Usina de Triagem e Compostagem de Lixo do município de Descoberto, assim como o rejeito gerado. Manter um fluxo constante de informações entre as pessoas envolvidas com o funcionamento e implementação dos Programas de Manejo da RPPN.

Todas as pessoas que direta ou indiretamente estejam envolvidas com o funcionamento e implementação do Plano de Manejo da RPPN deverão ser atualizadas frequentemente sobre as atividades desenvolvidas na UC e demais assuntos, visando o maior envolvimento na sua implementação.

Montar acervo com pesquisas e estudos realizados na RPPN e temas relacionados à conservação da natureza. Cadastrar e arquivar pelo menos uma cópia de cada documento, deixando-os acessíveis para consulta local dos interessados. Articular, formalizar e manter parcerias e/ou convênios para execução de atividades e programas previstos. Promover condições de apoio a especialistas de diferentes áreas ligadas à conservação e legislação ambiental para a realização de palestras.

Desenvolver atividades de educação ambiental no entorno imediato e nas escolas. Promover encontros com as comunidades da região do entorno da Serra do Relógio. - Estabelecer um canal de comunicação da RPPN com a comunidade externa para contribuir na proteção do patrimônio natural da UC; Realizar parcerias com universidades, instituições de pesquisa, ONGs, OSCIPs, dentre outros, para elaborar e implementar os projetos específicos. Implantar um sistema de comunicação por rádio dentro da RPPN e propriedade. Incentivar programa de voluntariado, de acordo com a programação estabelecida previamente: Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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- Todos os voluntários deverão passar por um treinamento no qual serão proferidas palestras sobre a RPPN e sobre o Plano de Manejo. - Todas as atividades desenvolvidas deverão ser acompanhadas pelo proprietário ou por um funcionário designado por este. - As participações voluntárias se fundamentarão na Lei Federal do Voluntariado. Manter as placas de identificação da RPPN conservadas. - Promover periodicamente a manutenção, mudança ou renovação das placas de sinalização, sempre que necessário; - Implantar Projeto de Sinalização, visando informar sobre a existência da unidade de conservação; - Implantar sinalização em todos os pontos onde há circulação e trânsito de pessoas na Reserva com placas orientativas e de interpretação ambiental em trilhas; - As especificações para sinalização deverão ser fornecidas pela Administração da RPPN. Manter linhas de divisa sinalizadas e limpas para facilitar os percursos necessários para fiscalização e monitoramento. - Deverão ser implantadas placas de identificação da RPPN na entrada da propriedade e nos limites estratégicos da RPPN, com o seu nome, número da portaria de reconhecimento e tamanho da área, com indicações das normas de conduta e circulação no seu interior; - As placas para sinalização deverão interferir o mínimo possível na paisagem; - Cercas deverão ser mantidas em boas condições, preferencialmente utilizando arame liso. Manter e repor quando necessário, equipamentos de proteção e combate a incêndios. - Participar de mobilização, formação e manutenção de Brigada Voluntária de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais; As pesquisas científicas a serem realizadas na RPPN deverão obter as autorizações de pesquisa científica junto ao SISBIO e IEF-MG, quando pertinente. Implantar projeto Logomarca da RPPN e sua divulgação promovendo assim a comunicação visual da UC. Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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- Criar uma logomarca para a RPPN que identifique de forma clara a mesma; - Reproduzir e divulgar a logomarca. Implantar Projeto Material Promocional, cujo enfoque é a divulgação das atividades relacionadas à RPPN: - Público Alvo: Visitantes, estudantes e comunidades da região da Serra do Relógio; - Confeccionar painéis orientativos, vídeos explicativos e informações da UC como zoneamento, as normas e restrições de cada zona e os programas de manejo previstos para a RPPN, para disponibilização nas escolas. Prioridades: - Concluir as obras necessárias para o acabamento do Abrigo de Montanha como instalação de pisos, revestimento de paredes internas e externas, construção de área anexa para serviços de lavanderia e substituição de parte do telhado para solucionar os problemas de infiltração; - Adequar e estruturar as dependências da casa sede da RPPN: fazer a cobertura da laje (telhado), ampliação e reforma da cozinha, banheiro e copa; - Urbanização e calçamento da frente da casa sede e Centro de Visitantes para estacionamento; - Estruturação do sistema de captação, armazenamento e distribuição d’água; - Construção de conjunto de lava-pratos e churrasqueiras; - Construção de três colunas de sustentação do telhado em área externa do Centro de Visitantes; - Construção de laje para varanda e banheiro (piso inferior) nesta área externa do Centro de Visitantes para aproveitamento de espaço coberto anexo; - Construção de muro de pedra para estabilização do solo na área destinada para camping; - Construção de escada para acessibilidade à cachoeira; - Construção do Mirante; - Construção de Torre de Observação; - Concretagem da quadra de esportes; Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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- Substituição do Transformador do Abrigo de Montanha; - Substituição do Transformador da Casa Sede/Centro de Visitantes; - Calçamentos em trechos pontuais na estrada de acesso ao Abrigo de Montanha; - Construção de cercas delimitadoras da RPPN com as propriedades rurais confrontantes e com as estradas municipais internas; - Reforma e manutenção dos veículos de apoio disponíveis para a UC: Toyota Bandeirante 4x4 – diesel / ano 82 e Gurgel X12 / ano 82; - Viabilizar a estrutura necessária de recursos humanos para serviços gerais e fiscalização da RPPN; - Estabelecer parcerias com ONG’s, OSCIP’s, prefeituras, empresas, órgãos ambientais, instituições de pesquisas dentre outras organizações, objetivando fortalecer as ações previstas na implementação da RPPN; - Desenvolver um plano regular (cronograma) de manutenção de infraestrutura e equipamentos, visando o bom funcionamento dos mesmos e a prevenção de danos; - Contratar e manter o serviço de Segurança Patrimonial (vigilância diária). 10.1.1 Subprograma de Infraestrutura e Equipamentos: Objetivos:

Dispor de infraestrutura e equipamentos para que o Plano de Manejo seja executado e a UC possa cumprir com os objetivos de criação, através da instalação e manutenção de equipamentos, além de construções, acabamentos e adaptações das edificações atualmente existentes, necessárias para dar suporte e atendimento às atividades previstas nos programas de manejo da RPPN;

Resultados Esperados:

- Infraestrutura e equipamentos que garantam o desenvolvimento das atividades da RPPN implantada.

Indicadores:

- Equipamentos necessários ao funcionamento da RPPN adquiridos;

- Infraestrutura necessária para administração e desenvolvimento das atividades desenvolvidas na RPPN implantada.

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Atividades e Normas:

Implantação de infraestrutura para funcionamento de todas as atividades da RPPN: - As obras e instalações a serem construídas, acabadas e/ou adaptadas, deverão possuir características arquitetônicas seguindo as tradições da arquitetura regional e da cultura local; - Toda a infraestrutura da RPPN deverá estar sinalizada conforme projeto específico; - Realizar manutenção periódica da infraestrutura e equipamentos existentes, providenciando a limpeza e os reparos necessários; - Deverá ser compatibilizado sempre que possível, o uso de sistemas alternativos de aquecimento de água como serpentina no fogão a lenha e painéis solares, priorizando acaso seja possível, o uso da energia solar e eólica; - O sistema de abastecimento de água será projetado e implantado para estruturar com segurança e qualidade de estoque, o volume de reserva necessário para atendimento da demanda; - Os dois sistemas atualmente existentes de tratamento de efluentes – ETES, deverão ser constantemente monitorados e avaliados conforme parâmetros exigidos pela legislação brasileira, e se necessário, ampliados ou readequados de acordo com a demanda e uso, para assim reduzir os impactos ambientais, contribuindo para a gestão ambientalmente responsável do empreendimento e garantir às populações situadas à jusante, água de boa qualidade tanto para consumo humano como para uso em outras utilidades cotidianas; - Para uma drenagem adequada de águas pluviais nas construções e estradas, torna-se necessário designar os pontos para a instalação e dimensionamento das infra estruturas destinadas a escoar o excesso de água proveniente das chuvas. O conjunto de equipamentos e obras que formam esse sistema são calhas dos telhados, canaletas, bocas de lobo, dissipadores de energia, escadas hidráulicas, tubulações nos cursos d’água e nas passagens de estradas (pontes), dentre outros; - Disponibilizar aos visitantes e envolvidos na gestão da UC, alternativas facilitadoras de coleta e destinação adequada de resíduos sólidos, contribuindo assim para a limpeza e conservação da RPPN.

a- Casa sede:

- Intervenções necessárias para hospedagem de visitantes: Reforma, ampliação e reestruturação das áreas de serviços como cozinha, banheiro e copa; reforma, ampliação e readaptação do telhado destas áreas; construção do telhado da laje; Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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assentamento de pisos no interior da edificação; reestruturação da rede hidráulica; reforma do sistema de aquecimento d’água (serpentina do fogão a lenha); revestimento de paredes internas e externas, construção de área anexa para serviços de lavanderia.

b- Abrigo de Montanha: - Acabamentos: Instalação de pisos no interior da edificação, revestimento de paredes internas e externas, construção de área anexa para serviços de lavanderia, reforma de parte do telhado e calçamento do passeio externo da edificação.

c- Centro de Visitantes: - Adequações: Construção de uma varanda externa em área anexa disponível sob o prolongamento do telhado do CV (construção de uma laje de aproximadamente 20 metros quadrados, além de três colunas de concreto do lado externo para sustentação do telhado), construção de um banheiro adaptado para acessibilidade de deficientes físicos. - Construção de passeio externo contornando a edificação. d- Setores de Visitação e Recreação: Quadra Poliesportiva - Obras necessárias para conclusão: Construção do piso, instalação de cabos para fixação de alambrados, pintura de faixas. Cachoeiras: - Construção de escadas (de madeira tratada e certificada), nas duas cachoeiras próximas ao Centro de Visitantes. Mirante e torre de observação: - Construção do mirante e torre de observação utilizando materiais de baixo impacto visual. e- Área de Camping: Estruturas de apoio: Estruturas físicas de alvenaria (com cobertura) para mesas, bancos, churrasqueiras e lavatórios de utensílios; construção do muro de pedra para delimitar o espaço plano da área de camping; f- Portão de Entrada e Estacionamento: - Construção de colunas de concreto para fixação do portão de entrada e para Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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ampliação e reforma das estruturas com cobertura já existentes (em substituição aos atuais esteios de madeira de eucalipto); urbanização desta área (calçamento ou revestimento com saibro). g- Estradas internas e municipais: - Calçamentos em trechos pontuais na estrada de acesso ao Abrigo de Montanha; h- Cercamento e sinalização do perímetro da RPPN e propriedade: - Construção de cercas delimitadora da propriedade e da RPPN com as propriedades em seu entorno, aonde for necessário, com sinalização das divisas e instalação de placas de orientação. Equipamentos / Material Permanente: Casa Sede: - Readequação do Sistema de Fornecimento de Energia: substituição do Transformador que serve a Casa Sede / Centro de Visitantes / Área de Camping. Abrigo de Montanha: Necessidades para concluir os equipamentos nos seis cômodos: Frigobar = 2; TV = 2; Receptor de Parabólica = 2; Camas – CASAL = 2 / SOLTEIRO = 2; Colchões – CASAL = 2 / SOLTEIRO = 2; Calhas e canos para drenagem das águas que escoam dos telhados; Sistema solar de aquecimento d’água; Readequação do Sistema de Fornecimento de Energia de Alta Tensão (substituição do Transformador de 5 KVA por outro de 15 KVA), Instalação de serpentina no fogão a lenha. Centro de Visitantes: - Aquisição de computador; - Aquisição de equipamento para apresentação áudio-visual (Data-show). Quadra Poliesportiva: - Eletrificação e sistema de iluminação. Área de Camping: - Aquisição de lixeiras adequadas para coleta e destinação seletiva de resíduos sólidos: Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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Equipamentos para apoio Administrativo, de Segurança e outros preliminares para Pesquisa e Proteção: - Reforma do veículo disponível (Toyota 4x4); retificação do motor do Jeep Gurgel; instrumento de captura de serpentes (pição) para soltura em locais mais distantes – pinção; abafadores de fogo; perneiras; aquisição de câmeras fotográficas com sensor de movimento (para registro da fauna); GPS; binóculos; aquisição de computador e data show; instalação de sistema eletrônico de vigilância, segurança e monitoramento patrimonial. 10.1.2 Subprograma de Cooperação Institucional: Objetivos: Proposição de ações com objetivo de manter um relacionamento interinstitucional, buscando promover ações para a unidade de conservação. Visa também interagir com os programas de desenvolvimento regional ou similares, que afetam diretamente a unidade de conservação e a sua área de influência. Resultados Esperados: Promover a cooperação e parcerias com instituições científicas e/ou governamentais, proporcionando o desenvolvimento da RPPN e da área de influência com base técnica e científica satisfatória. Indicadores: - Número de acordos e parcerias firmados; - Número de projetos e programas apoiados por cooperação institucional em desenvolvimento; - Número de instituições envolvidas com o funcionamento das atividades da RPPN. Atividades e normas: - Estabelecer diretrizes para a elaboração e proposição de acordos de parceria entre a RPPN e órgãos governamentais e não governamentais e instituições privadas nacionais e internacionais para o desenvolvimento de atividades como parcerias, pesquisas, análises de qualidade de água, fiscalização, recuperação de áreas degradadas, dentre outras; - Contatar / Conveniar com universidades, fundações e instituições de pesquisas visando parcerias para desenvolvimento das atividades de pesquisa, monitoramento ambiental, recreação, interpretação e educação ambiental; - Estabelecer parcerias com ONG’s, prefeituras, polícia florestal, dentre outras Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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organizações, objetivando desenvolver ações previstas neste planejamento; - Confeccionar Termo de Cooperação a ser apresentado nas Prefeituras de Descoberto, Guarani e São João Nepomuceno, visando apoio para implantar Centros de Informações sobre a RPPN e a região nas sedes municipais; - Contatar o IEF para estabelecimento de parceria. Prioridades: Estabelecer parcerias com ONG’s, prefeituras, polícia florestal, dentre outras organizações objetivando desenvolver as ações previstas neste planejamento. 10.2 Programa de Proteção e Fiscalização

Objetivos:

Desenvolvimento de ações buscando o controle, fiscalização e monitoramento da Unidade de Conservação, de modo a prevenir e minimizar impactos ambientais à RPPN, especialmente em seus recursos hídricos, monumentos naturais e espécies ameaçadas, fazendo cumprir a Lei nº 6.938 de 31/08/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente) e a Lei nº 9.985 (Lei do SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação, de 18/07/2000, com ênfase nos artigos que tratam da zona de amortecimento e corredores ecológicos).

O Turismo Ecológico na RPPN Alto da Boa Vista I e II, se tornou a estratégia mais viável para auxílio no monitoramento das extensões da UC, especialmente em seu setor norte, onde estão as áreas cumeadas mais elevadas da Serra do Relógio, acima de 1400 metros, onde ambientes distintos se destacam como os campos de altitude e a mata nebular (Floresta Ombrófila Densa Alto Montana), nas imediações da Zona Silvestre I da RPPN Alto da Boa Vista.

A região da Zona Silvestre I vem a ser a “menina dos olhos” da Unidade de Conservação e significa a “mãe das águas”, “a terra sagrada”, onde ações de proteção e vigilância são necessárias e vem sendo rotineiramente praticadas a muitos anos com significativos resultados favoráveis em relação à proteção e monitoramento do local, de crescente demanda para visitação devido à sua atratividade.

As atividades de ecoturismo hoje são de grande auxílio na manutenção do equilíbrio ambiental e se tornou também uma das atividades diversificadas que são desenvolvidas na RPPN Alto da Boa Vista I e II para garantir a sua sustentabilidade.

A ZS I se revela pela extrema importância por abrigar significativa extensão de áreas de recarga hídrica, ocorrendo em seu interior duas nascentes d’água com características exuberantes de rara beleza dos ambientes que envolvem essa área de mananciais, apresentado também áreas de declividade menos acentuada.

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Os trajetos de trilhas na região da Zona Silvestre I, segue pelo apenas pelo seu trecho perimetral, não adentrando em seu interior. O trajeto da trilha para alcançar o pico da serra se faz pelo sentido horário, continuando após alcançar o ponto mais alto desta ZV I pelo sentido nordeste retornando pelo seu perímetro para as áreas baixas da RPPN. Em virtude da extensão da RPPN Alto da Boa Vista se elevar até as imediações do ponto mais alto da Serra do Relógio e contar com acessos mais favorecidos, ocorre que por ali também passam eventualmente, outros grupos e pessoas que partem de propriedades confrontantes da RPPN, que utilizam essa trilha perimetral que percorre as confrontações com essas propriedades do entorno, especificamente por este setor da unidade de conservação.

Resultados Esperados:

- População das comunidades rurais da Serra do Relógio, propriedades do entorno da RPPN e municípios da região sensibilizados acerca da necessidade de proteção dos recursos naturais, especialmente os mananciais e cursos d’água;

- Propriedades/Posses do entorno e adjacências da Unidade de Conservação funcionando de acordo com a legislação vigente;

- Melhoria do uso e da qualidade dos recursos hídricos da região;

- Espécies exóticas e invasoras erradicadas ou controladas de acordo com orientações técnico-científicas;

- Atividades ilícitas coibidas.

- Um sistema de segurança e prevenção implementados para minimizar a incidência de incêndios florestais e ações de extrativismos para garantir a segurança e integridade das propriedades e visitantes;

- Manutenção periódica da infra-estrutura local implementada;

Indicadores: - Manutenção da integridade dos remanescentes florestais que ocorrem no entorno

imediato da RPPN em acordo com a legislação ambiental vigente;

- Diminuição do número de denúncias de agressões ao meio ambiente;

- Número de ocorrências e denúncias registradas e resolvidas.

Atividades e Normas:

- Fiscalizar todas as atividades incompatíveis com a conservação da RPPN e da propriedade, estruturando e implantando um sistema de monitoramento da Unidade de Conservação;

- Implementar ações de controle e fiscalização tendo como prioridade a linha perimetral da RPPN, visando identificar eventuais invasões de pessoas que tem como

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objetivo o acesso às trilhas existentes no interior da UC;

- Prezar pela segurança dos visitantes, pesquisadores, proprietários e colaboradores;

- Verificar a possibilidade de realizar um trabalho integrado com os proprietários do entorno, visando conciliar a preservação da RPPN Alto da Boa Vista e a viabilização compartilhada do ecoturismo e turismo rural com a exploração da terra e a produção agropecuária nessas propriedades adjacentes;

- Fazer da conscientização uma peça fundamental para o auxílio na proteção das áreas da UC, dos seus visitantes e dos moradores e suas propriedades localizadas no entorno imediato;

- Mobilizar, capacitar e participar da formação e manutenção de uma Brigada Voluntária de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais na região da Serra do Relógio;

Prioridades:

- Fomentar a participação comunitária na proteção da UC através dos projetos de educação ambiental e de desenvolvimento sustentável;

- Demarcar e sinalizar os limites da RPPN com cercas de arame liso, e farpado se necessário, nos trechos das estradas municipais e com as propriedades confrontantes onde se explora a pecuária e outras atividades de criação animal, agricultura e reflorestamento que se estendem até as divisas com a Unidade de Conservação;

- Proteger a RPPN do extrativismo de espécies botânicas que se destacam como orquidáceas, bromeliáceas e palmáceas, esta última utilizada rotineiramente para o consumo de palmito;

10.3 Programa de Pesquisa e Monitoramento

Objetivos:

Conhecer de maneira mais aprofundada os recursos naturais e a biodiversidade da

unidade de conservação através do monitoramento de seus mananciais e cursos

d’água, além da realização e acompanhamento de pesquisas científicas, tendo como

finalidade obter subsídios para o detalhamento de metodologias de conservação e

recuperação da flora e da fauna e também sobre o potencial para educação ambiental

aliado ao turismo ecológico, favorecendo implementar ações que auxiliem no manejo

adequado da RPPN.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 246: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Resultados Esperados:

- Apoio e estímulo na execução de projetos que contemplem as linhas de pesquisa prioritárias à gestão da UC; - Estabelecimento de normas e procedimentos que orientarão o desenvolvimento de pesquisas e apresentação de resultados; - Apoio para incentivo às atividades acadêmicas de pesquisa que auxiliem a conservação da biodiversidade da RPPN e de seu entorno, financiadas por organizações de ensino e pesquisa ou por outras entidades patrocinadoras interessadas; - Apoio às pesquisas acadêmicas de pós-graduação que sejam do interesse da RPPN e que sejam financiados por organismos que estimulem a investigação científica; - Fortalecimento e ampliação das pesquisas acadêmicas para valorização do patrimônio natural da UC, desenvolvidas por instituições universitárias; - Estudos da regeneração florestal em áreas de recuperação;

- Descrição da biota da Reserva e suas interações com o meio ambiente; - Aumento do conhecimento científico da RPPN com conhecimento ampliado sobre fauna e flora; - Resultados de pesquisas consolidados e registrados; - Realização de estudos de viabilidade de desenvolvimento sustentável no entorno imediato da RPPN; - Monitoramento de todas as atividades desenvolvidas na RPPN e na propriedade; - Capacidade de suporte das áreas de visitação avaliada; - Difundir o conhecimento da RPPN; - Obter uma carteira de publicações.

Indicadores:

- Recursos financeiros captados para apoio às pesquisas e estudos;

- Aumento da procura de pesquisadores para desenvolvimento de projetos na RPPN

Alto da Boa Vista e nas outras UC’s já existentes e em fase de reconhecimento na

região da Serra do Relógio;

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 247: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

- Aumento das instituições envolvidas a nível de parceria para realização de estudos

e pesquisas;

- Aumento significativo do número de estudos e pesquisas concluídas e em

andamento;

- Aumento de exposições e apresentações de pesquisas realizadas na RPPN em

congressos científicos;

Atividades e Normas:

- Estabelecer normas de uso das estruturas de apoio à pesquisa / termos de

responsabilidade;

- Organizar informações para divulgação da UC como campo de investigação do

Bioma Mata Atlântica;

- Produzir folhetos informativos caracterizando a RPPN, o qual servirá como Carta

de Apresentação para instituições apoiadoras e público interessado;

- Realizar pesquisas científicas para aumentar o nível de conhecimento da fauna e

flora da região;

- As pesquisas devem levar em conta critérios éticos para sua realização visando

sempre o respeito incondicional à biodiversidade e à conservação da natureza;

- Apresentar as informações e os resultados das pesquisas às populações do

entorno, integrando em especial, os proprietários confrontantes da Reserva;

- Realizar parcerias com moradores da região, visando sua inserção como parceiras

nas atividades de campo;

- Identificar o estado de conservação das diversas formações vegetais encontras na

RPPN (Classes de vegetação);

- Realizar o monitoramento da regeneração natural das Zonas de Recuperação da

RPPN;

- Realizar estudos de aprofundamento no conhecimento da herpetofauna e avifauna,

dar continuidade ao inventário realizado e ter maior conhecimento sobre as estruturas

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 248: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

das comunidades existentes nas diversas tipologias ambientais das diferentes áreas

da RPPN;

- Realizar pesquisas dos anfíbios no trecho do extremo norte da RPPN. Inventariar

as espécies que vivem nas áreas de encosta montanhosa da porção de maior

elevação dentro da Unidade de Conservação;

- Formar grupos técnicos específicos de áreas de conhecimento;

Prioridades:

- Monitoramento de todo e qualquer uso admitido, como: fiscalização, visitação,

administração, manutenção e pesquisa;

- Realizar estudos técnicos sobre conservação do solo e estradas;

- Realizar estudos específicos sobre o público visitante;

- Realizar mapeamento das espécies invasoras da flora existentes na RPPN visando

as suas eliminações para não competirem com a flora nativa e a definição de métodos

para sua erradicação;

- Realizar pesquisas específicas para cada espécie indicada como ameaçada de

extinção ou endêmica do bioma;

- Realizar novas pesquisas da fauna, com registros georreferenciados e montagem

de guias de campo para identificação, com hábitos, habitats, informações sobre a

reprodução e distribuição dentro da RPPN e sua distribuição geográfica;

- Ampliar o inventário da flora da Reserva, ressaltando o status das espécies;

- Realizar estudos e pesquisas sobre os ambientes aquáticos e a ocorrência de

espécies da ictiofauna, analisando o status de conservação e a influência da dinâmica

desse ecossistema durante períodos distintos do ano;

- Monitorar a qualidade das águas nos locais onde ocorre maior pressão antrópica

(nos cursos d’água que atravessam as áreas de cotas mais inferiores da RPPN, cujas

nascentes se localizam em propriedade localizada a montante destes trechos), com a

realização de análises sistemáticas e sazonais;

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 249: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

- Monitorar e regulamentar de acordo com as legislações específicas atuais, as

captações d’água na RPPN que existem para abastecimento humano e uso de

residências;

- Buscar apoio em instituições que certificam florestas nativas para sequestro de

carbono e pagamento por serviços ambientais;

10.4 Programa de Visitação Objetivos:

Tem como objetivos promover o ecoturismo, a educação e a interpretação ambiental

em ambientes naturais protegidos, estabelecendo e regulando as atividades que o

público poderá realizar na unidade de conservação em relação à recreação e ao lazer,

como também em sua estada ou acampamentos, com ênfase na segurança dos

visitantes e capacidade de suporte da RPPN.

Resultados Esperados:

- As atividades de visitação e uso público não devem interferir no objetivo principal da

UC que é a conservação da biodiversidade biológica, genética e de ecossistemas;

- Aspectos ambientais e culturais harmonicamente desenvolvidos nas atividades

turísticas;

- Atividades educacionais realizadas regularmente no Centro de Visitantes;

- Controle da visitação consolidado;

- Visitantes satisfeitos com roteiros especializados de cunho ambiental e cultural;

- Proprietários e comunidades rurais localizadas na Serra do Relógio mais envolvidos e satisfeitos com as possibilidades de recreação que a RPPN oferece;

- Conclusão do piso da quadra de esportes;

- Readequação espacial da casa sede com ampliação da oferta de leitos e quartos para hospedagem, agregando estruturas apropriadas para áreas de serviço destinadas para fornecimento de alimentação aos visitantes, ecoturistas e pesquisadores;

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 250: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Indicadores:

- Maior procura para visitação;

- Número crescente de visitantes;

- Número crescente de moradores locais visitando o local;

- Número de visitantes retornando;

- Número de opiniões positivas sobre as atividades desenvolvidas;

- Número de visitas ao Centro de Visitantes.

Atividades e Normas

Deverão ser observadas as seguintes normas gerais para as atividades de

visitação:

- As visitas à RPPN devem ser previamente agendadas com o gestor da UC;

- A entrada e permanência de menores deverá ser acompanhada por responsável;

- Só será permitido o ingresso às trilhas aqueles que estiverem adequadamente

trajados;

- A realização dos roteiros de visitação deverá considerar a capacidade de suporte

estabelecida para cada área, levando-se em consideração a segurança e o conforto

do visitante, conservação da natureza, aspectos sanitários e conservação da

infraestrutura;

- Deverão ser estabelecidas nos projetos específicos, estratégias de resgate para as

diversas atividades e os condutores ou responsáveis deverão estar capacitados a

adotá-las em caso de necessidade;

- Qualquer atividade poderá ser interrompida no momento em que forem percebidos

danos representativos a determinados aspectos do meio ambiente, seguido de estudo,

ações de manejo e intervenções, quando necessário;

- A realização das atividades de uso público será dinamizada na medida em que

forem instalados os equipamentos e serviços necessários como o sistema de controle

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 251: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

de visitação e de comunicação, com os seus requisitos básicos para funcionamento,

além do tratamento e manutenção das trilhas e estradas, sinalização e demais

equipamentos necessários implantados;

- Não será permitido o uso de aparelhos sonoros que produzam ruídos agressivos ao

ambiente;

- É proibida a retirada de qualquer espécime da flora local;

- É proibida a utilização de fogo dentro da RPPN;

- É indicado que o setor de visitação seja sinalizado e interpretado ambiental e

culturalmente com linguagem visual uniforme e, sempre, precedendo de projeto

específico que indique as melhores formas e priorize a simplicidade e harmonia ao

meio ambiente com extremo cuidado com a poluição visual.

- Consolidar um programa de educação ambiental para atender aos alunos de

escolas, especialmente do ensino fundamental;

- Estabelecer sistema de cadastro de visitantes na RPPN e ampliar pesquisa (em

termos qualitativos e quantitativos) para identificar o perfil, a opinião e a satisfação dos

visitantes;

- Aderir e divulgar aos visitantes os princípios do Programa de Conduta Consciente

em Ambientes Naturais, do Ministério do Meio Ambiente - MMA;

- No retorno das caminhadas, o visitante deverá trazer todo o lixo produzido e

depositá-lo em local adequado;-

Realizar o monitoramento das atividades de visitação nas trilhas e nos locais

atrativos, adequando o número de visitantes, utilizando para tal metodologia

específica.

- Estabelecer o monitoramento de indicadores vinculados à presença de impactos

biofísicos, sociais e ambientais na RPPN;

- Estabelecer monitoramento para as áreas destinadas para banho no interior da UC;

- Até que as ações do sistema de Capacidade de Carga Recreativa, a ser elaborado,

aprimorem a definição da capacidade de suporte, a visitação em grupos fica limitada a

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 252: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

30 pessoas.

Elaborar projeto específico para instalação das trilhas de acesso a locais

atrativos como o mirante e cachoeiras com sinalização e interpretação.

- O projeto deve abordar a necessidade de instalação de equipamentos de apoio

como escadas, bancos para descanso ao longo da trilha, entre outros;

- Para sinalização, deverá ser utilizado material harmônico com o ambiente e servir

aos visitantes que percorrerão a trilha de forma auto guiada; - O projeto de

sinalização deve contemplar placas que informe quanto às normas e as ações

voltadas à proteção da RPPN a serem seguidas, os roteiros de visitação, distâncias,

graus de risco e dificuldades, bem como orientações técnicas para escolha do roteiro.

- Não será permitido implantar lixeiras no local. O visitante deverá ser orientado para

retornar com o próprio lixo e depositá-lo em recipientes indicados ou em local

apropriado no município.

Adotar critérios técnicos para estabelecimento/viabilidade de novas trilhas, para

evitar ou minimizar danos ambientais, assim como garantir a segurança dos

visitantes:

- A definição do traçado deverá levar em conta o menor impacto e a maior

possibilidade de riqueza cênica e outros elementos ambientais e geológicos, como

estrutura da vegetação, terrenos mais estáveis, espécies notáveis, utilização dos

mirantes naturais, etc;

- Atender as normas das zonas de proteção e visitação, conforme o caso;

- O trajeto deverá observar as condições de solo, no sentido de evitar erosão e

compactação, bem como o pisoteio de raízes;

- A trilha será mantida no estado o mais natural possível, não devendo ser removido

nenhum obstáculo natural existente no seu percurso e não receberá qualquer

tratamento que vise dar maior comodidade ao visitante.

Manter a promoção da acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades

especiais às zonas de visitação da RPPN.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 253: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

- Observar e atender à legislação específica e às normas específicas para a

promoção da acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades especiais;

- Consultar as organizações de pessoas portadoras de necessidades especiais

durante a elaboração de padrões e normas de acessibilidade.

Realizar atividades de observação de aves.

Centro de Visitantes

No Centro de Visitantes serão transmitidas informações aos visitantes sobre a RPPN e

a localização dos locais atrativos. A partir do CV poderá ser iniciada a caminhada para

o mirante e para o Abrigo de Montanha, além das cachoeiras e o pico da Serra do

Relógio.

Implantação de Estruturas do Mirante e Torre de Observação

A visita ao Mirante é realizada pela estrada que dá acesso ao Abrigo de Montanha.

Proporcionando boa visualização da RPPN, pode-se avistar toda a área da unidade de

conservação e de seu entorno, além de ser possível a atividade especial de

observação de aves.

Deverá ser elaborado projeto específico para instalação do mirante e da torre de

observação.

O projeto deverá analisar o tipo de infraestrutura e equipamentos adequados ao

ambiente e às atividades, espaço para permanência dos visitantes, bancos rústicos,

bem como espaço para veículos, que deverá se localizar propriamente antes do

mirante.

O projeto também deverá indicar equipamentos para interpretação e educação

ambiental, se necessário.

Abrigo de Montanha

Edificação em alvenaria com 350 m2 de área, destinada para hospedagem de

visitantes e pesquisadores. Possui 6 quartos e 3 banheiros, cozinha montada

(geladeiras, fogão e forno) em com ambiente para hospedar em torno de 15 a 20

pessoas. Está servida por energia elétrica e conta com coleta de esgoto para uma

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 254: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

pequena – ETE (estação de tratamento de esgoto). Distante 1 km do Centro de

Visitantes e casa sede por estrada interna atualmente em estado precário. Necessita

de acabamentos internos e reforma do telhado.

Área de camping

Localizada nas proximidades do Centro de Visitantes e Casa Sede, dispõe de conjunto

de banheiros masculino e feminino com esgoto coletado para pequena estação de

tratamento de esgoto – ETE. Necessita de estruturas de proteção (instalação de telas

e construção de 20 m2 de muros, a serem feitos utilizando-se pedra).

Quadra Poliesportiva

Localizada nas imediações da área de camping, Centro de Visitantes e Casa Sede.

Envolta por muros, postes para iluminação e piso de terra, já dispõe de vestiários e de

tabelas de basquetebol, das traves do gol para futebol de salão, além dos postes da

rede de voleibol. Também já estão assentadas, as estruturas (tubulações e cabos

necessários para fixação dos alambrados), que estão no local aguardando a sua

colocação. A quadra necessita da conclusão do piso e da iluminação.

Cachoeira do Escorrega

Distante 200 metros do Centro e Visitantes/Quadra Poliesportiva e Casa Sede.

Necessita de estruturas de melhorias de acessibilidade: escadaria ou passarela em

declive para se chegar na queda d’água.

Prioridades:

- Conclusão das obras necessárias de acabamento no Abrigo de Montanha;

- Adequações estruturais na casa sede redimensionando os espaços de copa e

cozinha, além de construção do telhado da laje;

- Construção das estruturas físicas (varanda e banheiro com rampas, adaptados para

portadores de necessidades especiais) aproveitando o espaço vago já com cobertura

localizado na entrada ao Centro de Visitantes;

- Construção de estruturas em alvenaria para apoio aos que utilizam a área de

camping (projeto constando uma área de cobertura com mesas fixas, bancadas e

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 255: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

tanques para lavar pratos e utensílios, incluindo churrasqueira de alvenaria);

- Construção do piso da quadra poliesportiva;

- Construção de estruturas facilitadoras (escadas) para acesso à Cachoeira do

Escorrega;

- Substituição do Transformador de Energia do Abrigo de Montanha ( de 5 KVA para

15 KVA);

- Criação e atualização de página na internet;

- Contratação e manutenção do serviço de Segurança Patrimonial (vigilância diária);

- Reforma do veículo utilitário (Toyota Bandeirante 4x4 – diesel / ano 82).

10.5 Programa de Sustentabilidade Econômica

Tem como objetivo buscar fontes de recursos para implantação dos programas de

manejo e projetos específicos na Unidade de Conservação.

Pioneira e com ações direcionadas para o desenvolvimento sustentável da região da

Serra do Relógio, a RPPN Alto da Boa Vista deve organizar sua estrutura e criar

parcerias que viabilizem a sua sustentabilidade econômica, inserindo neste contexto

as propriedades rurais de seu entorno. Portanto, é de suma importância as

articulações e parcerias com as organizações não governamentais, que em geral, pelo

seu escopo de comprometimento público sem fins lucrativos, viabilizam inclusive, a

realização de projetos a fundo perdido.

Os perfis adotados historicamente pelos proprietários da Unidade de Conservação,

mesmo antes da criação da Reserva em 1.995, primam pela continuidade de seus

esforços e resultados profissionais, pois vivem na propriedade e por ela trabalham.

Continuam com dedicação e entusiasmo a 24 anos, quando adquiriram a propriedade

e a partir daí ergueram edificações como o Centro de Visitantes (construção apoiada

financeiramente pelo Programa de Incentivo às RPPN’s da Mata Atlântica) e estruturas

de hospedagem como o Abrigo de Montanha, investindo no dia a dia em técnicas e

cursos para aprimorarem suas atividades. Este processo deve ser fortalecido, criando

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 256: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

uma divulgação da RPPN Alto da Boa Vista que irá atrair mais hóspedes, aumentando

o número de pessoas interessadas. As articulações e ações conjuntas com as

comunidades e proprietários do entorno em conjunto com modelos a serem

desenvolvidos objetivando o desenvolvimento sustentável, podem gerar circuitos

locais interagindo com agências de turismo na região, o que garantiria à RPPN um

maior fluxo de visitantes e ocupação de seus meios de hospedagem. A implantação

de circuito sustentável na Serra do Relógio permite inúmeras opções de roteiros, tanto

em propriedades particulares, como em Unidades de Conservação, como é o caso do

Parque Natural Municipal da Serra do Relógio, que está em fase de legitimação e

reconhecimento.

Resultados Esperados

- Avaliação de serviços ambientais;

- Cobrança de ingressos e serviços prestados voltados à visitação e condução,

alimentação, hospedagem, acampamentos, entre outros, decorrentes da dinamização

da atividade do Turismo Ecológico na RPPN;

- Número crescente de moradores locais trabalhando com as atividades relacionadas

ao ecoturismo;

- Pessoas da região melhor capacitadas para desenvolverem atividades relacionadas

com produção agropecuária em bases sustentáveis, agregando o turismo rural e o

ecoturismo como diversificação das atividades em suas propriedades viabilizando

mais alternativas de renda no campo;

- Produção agropecuária do entorno sendo conduzida por bases sustentáveis;

- Parcerias interinstitucionais atuando em programas alternativos de desenvolvimento

e regularização das propriedades rurais;

- Comunidade organizada.

Indicadores

- Recursos financeiros angariados com a atividade do Turismo Ecológico;

- Estudos elaborados que abordem minimamente a quantia de recursos gerados pela

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 257: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

RPPN, bem como análise do custo de sua manutenção;

- RPPN e propriedades avaliadas e reconhecidas, servindo como referência a outras

propriedades e ao município de Descoberto, pelos diversos serviços ambientais que

proporciona à população, em especial como produtoras de águas;

- Extensão em hectares, de áreas de produção agropecuária em bases sustentáveis;

- Maior área plantada com produtos agroecológicos;

- Maior produção/utilização de produtos regionais, tais como: artesanato, culinária

regional, essências medicinais, dentre outros;

- Maior número de profissionais capacitados;

- RPPN Alto da Boa Vista e outras propriedades regularizadas enquadradas e

selecionadas em Edital do Bolsa Verde – Programa do Governo do Estado de Minas

Gerais;

- Mensuração e divulgação dos valores financeiros gerados pela RPPN Alto da Boa

Vista (homologada em1.995) ao município de Descoberto em 17 anos de aplicação da

Lei do ICMS Ecológico (iniciado em 1.996);

- RPPN sendo efetivamente considerada e beneficiada pela Lei Robin Hood (Lei do

ICMS Ecológico do Estado de Minas Gerais) com apoio em suas demandas e projetos

pelos gestores municipais;

- RPPN receptora de aplicação de compensações ambientais ou de termos de ajuste

de conduta – TAC, firmados com o Ministério Público do Estado de Minas Gerais.

Atividades e Normas

- Manter atualizada uma lista de financiadores que apoiam projetos e ações em

Unidades de Conservação;

- Elaborar projetos que buscam captar recursos via editais ou demanda espontânea e

também junto à iniciativa privada, que poderão contribuir para a manutenção da RPPN

e para a implementação do Plano de Manejo;

- Dar enfoque ao mercado voluntário de sequestro de carbono, desmatamento

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 258: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

evitado, pagamentos por serviços ambientais (Bolsa Verde) e ICMS Ecológico;

- O proprietário deve avaliar a origem da fonte de recursos recebida e obedecer à

legislação pertinente para transações financeiras;

- Cumprir pontualmente compromissos, acordos e contratos com apoiadores e

financiadores de projetos aprovados e executados na Unidade de Conservação;

- Realizar estudo de viabilidade econômica da RPPN, elaborando Plano de Negócio

para comercialização de produtos vinculados à marca da RPPN , a fim de agregar

valor a este, tais como: valorização de imagens cênicas da RPPN Alto da Boa Vista,

produtos agropecuários, artesanatos, publicações e mídias sobre a fauna e flora da

Reserva, calças, camisetas, bonés, chapéus, capas de chuvas, entre outras.

- Promover roteiros específicos para observação de aves, em observância às normas

específicas para cada uma das Zonas da RPPN;

- Elaborar e implementar plano de divulgação da RPPN junto a potenciais doadores

do setor privado;

- Ampliar parcerias com instituições de pesquisa, órgãos e empresas financiadoras

de atividades culturais e mantenedoras da pesquisa científica;

- Planejar e oferecer ao público em geral, cursos voltados a temas ambientais, com

vista à geração de renda para manutenção da RPPN;

Estimular os pequenos produtores do entorno a adotarem práticas de

agricultura orgânica e/ou alternativas, utilizando-se do Centro de Visitantes da

Unidade de Conservação para a realização de reuniões com a comunidade:

- Apoiar ações que possam proporcionar a capacitação de técnicos locais (EMATER,

Cooperativas, Associações, Sindicatos, etc.) para repassar técnicas de agricultura

orgânica aos produtores interessados;

- Realizar parcerias com entidades que possuam experiências com agroecologia

para intercâmbio de experiências;

- Estimular a agregação de valor através de agroindústrias, beneficiamento,

artesanato, etc;

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 259: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

- Estimular a produção do artesanato regional;

- Apoiar ações que possam proporcionar meios que permitam a capacitação e/ou

reciclagem de pessoas das comunidades locais que já trabalham ou que queiram

trabalhar com produtos como o bambu ou outros trabalhos artesanais que podem ser

comercializados;

- Realizar estudos de viabilidade para exploração dos recursos, visando identificar o

estoque de recurso e verificar o limite de exploração sustentável;

- Realizar acordos com entidades afins para viabilizar essas atividades;

- Incentivar e fortalecer o associativismo, integrando e apoiando associação de

pequenos produtores de comunidades do entorno da Serra do Relógio que

eventualmente venha a ser criada;

- Esta atividade deve visar a criação de melhores condições de negociações com

outras instituições, intercâmbios, elaboração e apresentação de projetos, além de

melhor organizar a produção agropecuária e a produção alternativa como:

agroindústria, artesanato, dentre outros;

Estimular que as comunidades locais se organizem visando o seu envolvimento

nas atividades econômicas ligadas ao turismo, de modo a se integrarem no

desenvolvimento da UC;

Estimular a implementação de programas de conservação do solo no entorno

(terraceamento, microbacias, etc.), através do envolvimento de órgãos

governamentais como a Emater, a Agência Nacional de Água – ANA, o Instituto

Mineiro de Gestão das Águas - IGAM, o Instituto Estadual de Florestas - IEF/MG,

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, Comitê de

Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP e seus

Comitês de Bacias Afluentes, dentre outros;

Estimular o uso racional das águas, tanto no uso doméstico, como comercial, na

agropecuária e na agroindústria, em consonância com orientações do Programa

de Educação Ambiental;

Estimular a comunidade local a preservarem suas tradições culturais.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 260: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Prioridades:

- Obter recursos financeiros oriundos das atividades implementadas e consolidadas de

Turismo Ecológico na RPPN Alto da Boa Vista, ofertando produtos alternativos de

entretenimento em contato com a natureza como excursões, acampamentos e meios

adequados de hospedagens, com ênfase na qualidade e na medida adequada para

sua sustentabilidade;

- Elaborar projetos que buscam captar recursos via editais ou demanda espontânea e

também junto à iniciativa privada, que poderão contribuir para a manutenção da RPPN

e para a implementação do Plano de Manejo;

- Elaborar e implementar plano de negócios e de divulgação da RPPN junto a

potenciais doadores do setor privado;

- Ampliar parcerias com instituições de pesquisa, órgãos e empresas financiadoras

de atividades culturais e mantenedoras da pesquisa científica;

- Planejar e oferecer ao público em geral, cursos voltados a temas ambientais, com

vista à geração de renda para manutenção da RPPN;

- RPPN sendo beneficiada pela Lei Robin Hood (Lei do ICMS Ecológico do Estado de

Minas Gerais) com apoio efetivo em suas demandas e projetos pelos gestores

municipais;

- RPPN Alto da Boa Vista e outras propriedades regularizadas, enquadradas e

selecionadas em Edital do Bolsa Verde – Programa do Governo do Estado de Minas

Gerais;

- Promover ações que visem uma produção agropecuária em bases sustentáveis no

entorno da RPPN;

- Estimular os pequenos produtores da região a adotarem práticas de agricultura

orgânica, além de técnicas de conservação e recuperação do solo;

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 261: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

10.6 Programa de Comunicação

Objetivos:

Estabelecer o contato com o meio externo da RPPN, apresentando seus atrativos

naturais existentes, estruturas e formas de visitação, buscando uma maior interação

com os diferentes públicos, proprietários rurais e comunidades vizinhas com a área

protegida, divulgando as atividades desenvolvidas e apoiando os trabalhos e ações de

educação ambiental realizados por seus proprietários, promovendo assim a

importância e atuação da UC no esforço regional para expansão das áreas naturais

protegidas.

Resultados Esperados:

- População regional informada sobre a RPPN e as atividades nela desenvolvidas;

- Acordos estabelecidos entre instituições governamentais e da sociedade civil com a

RPPN para execução de atividades de cooperação comunitária e desenvolvimento

integrado e ordenado da região;

- Procura crescente de visitação à RPPN;

- Captação de recursos sustentando as atividades de divulgação e promoção da

unidade de conservação;

- Parcerias efetuando atividades sócioeducacionais;

- Professores, funcionários públicos e demais interessados em educação ambiental

capacitados;

- Alunos participando das atividades de educação ambiental;

- Programa de educação ambiental implementado e em funcionamento;

- Populações dos municípios circunvizinhos informadas sobre importância da RPPN,

dos recursos naturais da região, de seu uso racional e da valorização da cultura local e

sobre as implicações de problemas ambientais.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 262: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

Indicadores:

- Aumento do número de instituições apoiando a RPPN;

- Número da procura de informações sobre a RPPN e região;

- Aumento do número de visitantes;

- Número de pessoas capacitadas em educação ambiental;

- Número de visitas à RPPN pelas escolas regionais;

- Diminuição das agressões à biodiversidade na RPPN e nos remanescentes

florestais adjacentes na Serra do Relógio e área de influência.

Atividades e Normas:

- Planejar e implementar uma estratégia regional de divulgação da RPPN;

- Produzir material informativo, educativo e interpretativo (vídeos, cartilhas educativas

abordando temas como lixo, normas de conduta e de segurança como roupas e

calçados adequados, folhetos, cartazes, guias de fauna e flora, dentre outros);

- Utilizar espaços de mídias locais, seja por meio de artigos, coluna em jornal local,

divulgação de notícias sobre projetos e atividades;

- Participar de eventos ambientais na região (stands, vídeos, palestras, exposições

fotográficas);

- Elaborar o resumo executivo do Plano de Manejo da RPPN;

- Divulgar junto à comunidade acadêmica e aos órgãos governamentais as pesquisas

realizadas na RPPN Alto da Boa Vista;

- Divulgar a RPPN em datas comemorativas municipais e regionais, ligadas ao meio

ambiente e cultura, bem como na data da criação da mesma;

- Estabelecer contato com ONGs, universidades, centros culturais nacionais,

fundações socioculturais e demais organizações da sociedade civil visando divulgar o

Plano de Manejo;

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 263: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

- Aproveitar as festas regionais para divulgar a RPPN envolvendo os participantes

com a causa ambiental e cultural;

- Buscar e reforçar parcerias com instituições locais e nacionais para ajudar na

promoção da educação ambiental e de projetos e atividades sócioeducacionais;

- Estimular a constituição de Grupos de Educação Ambiental Municipais, em cada

município circunvizinho para promover ações educacionais (educação e interpretação

ambiental e cultural), visando maior conscientização sobre a RPPN e aspectos

ambientais locais, tendo como integrantes professores, alunos, funcionários das

prefeituras e secretarias e demais interessados da comunidade;

- Desenvolver projetos específicos de ecologia e cultura nas escolas;

- Incentivar escolas e professores para o resgate das tradições e manifestações

culturais e da história regional;

- Identificar demais programas de educação ambiental na região e Estado buscando

integrar experiências ao desenvolvimento dos projetos educacionais;

- Realizar campanhas educativas sobre a água e seu uso racional;

- Organizar, em datas comemorativas ligadas à RPPN, ao meio ambiente e a cultura,

eventos que abordem seus valores e necessidade de preservação para toda a

comunidade (passeios ecológicos, exposições, palestras, apresentações teatrais,

gincanas, sorteios, etc.).

Prioridades:

- Divulgar a legislação pertinente à categoria em que a UC se insere;

- Planejar e implementar uma estratégia regional de divulgação da RPPN;

- Potencializar divulgação via internet, seja por meio do blog da RPPN ou por outros

canais;

- Estabelecer contato com ONGs, universidades, centros culturais nacionais,

fundações socioculturais e demais organizações da sociedade civil visando divulgar o

Plano de Manejo;

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 264: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

- Implantar a sinalização com placas educativas no interior da RPPN, na estrada e

nos locais atrativos disponibilizados aos visitantes, conforme projeto específico a ser

elaborado;

- Estabelecer mecanismos de comunicação com grupos organizados, visando durante

a visitação à RPPN o bom relacionamento com as atividades de Turismo Ecológico, no

intuito de conseguir alianças e sensibilização das pessoas em prol da mudança de

comportamento e adoção de atitudes conservacionistas, apoiando a gestão da UC na

busca de alternativas de desenvolvimento sustentável e geração de renda;

- Estabelecer mecanismos de participação comunitária visando facilitar a implantação

dos programas temáticos de educação ambiental, ecoturismo, controle, pesquisa e

monitoramento, incluindo propostas de alternativas de desenvolvimento comunitário.

- Estimular a constituição de Grupos de Educação Ambiental Municipal (GEAM), nos

municípios circunvizinhos à região, para promover ações educacionais (educação e

interpretação ambiental e cultural);

- Elaborar um Programa de Educação Ambiental e Valorização Cultural envolvendo as

secretarias de educação municipais e as coordenações regionais de ensino;

- Buscar e reforçar parcerias com instituições locais, regionais e nacionais para ajudar

na promoção da educação ambiental e de projetos e atividades sócioeducacionais;

- Articular o envolvimento da mídia na educação ambiental;

- Organizar, em datas comemorativas ligadas à RPPN, ao meio ambiente e a cultura,

eventos que abordem seus valores e necessidade de preservação para toda a

comunidade (passeios ecológicos, exposições, palestras, apresentações teatrais,

gincanas, sorteios, etc.).

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 265: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

11. PROJETOS ESPECÍFICOS

Centopéia

Page 266: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

11. PROJETOS ESPECÍFICOS 11.1 Projeto de Adequação de Infraestrutura da Sede da Unidade de Conservação Dispor de infraestrutura e equipamentos para que o Plano de Manejo seja executado e a UC possa cumprir com os objetivos de criação, através da instalação e manutenção de equipamentos, além de alterações nas construções atualmente existentes, necessárias para dar suporte e atendimento às atividades previstas nos programas de manejo da RPPN.

A edificação existente deverá passar por ações estruturantes essenciais como reparos, adaptações e acabamentos de forma a proporcionar os ajustes para redimensionar toda a estrutura física, proporcionando melhores condições para as atividades que dão sustentabilidade à RPPN, com espaços com acessibilidade para pessoas com limitações físicas dotados de instalações sanitárias adaptadas com equipamentos facilitadores e com dependências mais amplas, equipadas com cozinha, copa, lavanderia e área para mesas de refeitório, oferecendo condições ideais para o desenvolvimento de serviços de fornecimento de alimentação. Serão integradas nesse projeto, as estruturas da casa sede para aumentar a oferta de leitos e quartos para hospedagem a serem disponibilizados, com construção e reforma de telhados, urbanização do local (fixação de portão de entrada e estacionamentos, calçamento, ensaibramento, etc), reestruturação da rede de armazenamento e abastecimento d’água e reforma do sistema de aquecimento d’água do fogão a lenha (serpentina), além de construção de sistema alternativo de aquecimento d’água (solar). Como previsto no programa de Infraestrutura e Equipamentos do Programa de Administração, há necessidade de substituição do transformador de alta tensão de energia elétrica que irá manter quatro unidades: casa sede, Centro de Visitantes, quadra poliesportiva e estruturas físicas projetadas de apoio à área de camping, além de instalação de sistema de vigilância eletrônica. 11.2 Projetos para Apoio às Atividades e Atendimento ao Público, com Estruturação de Acessibilidade e Equipagens em Espaços Atrativos da Reserva - Elaboração de programas de visitação voltados para públicos distintos com atividades e roteiros diversificados, aliando recreação, atividades físicas e atividades de cunho educativo e de interpretação ambiental;

- Estabelecer sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – GRS, com coleta seletiva e destinação de resíduos produzidos no interior da RPPN com aquisição de lixeiras adequadas para coleta de resíduos em dois locais distintos: Centro de Visitantes e Abrigo de Montanha, identificados como materiais recicláveis (seco), materiais orgânicos (lixo úmido) e materiais inservíveis;

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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- Conclusão da Quadra Poliesportiva (construção do piso de concreto, instalação de telas e sistema de iluminação elétrica) para oferecer alternativas de lazer;

- Construção do Mirante e Torre de Observação para observação de aves e fiscalização. Será executado mediante projeto com estrutura, materiais e mão de obra especializada, condizente com as dimensões e objetivos propostos;

- Construção de escadas para acessibilidade às cachoeiras próximas à sede e Centro de Visitantes. Irá beneficiar as pessoas com limitações físicas para acessar locais aprazíveis localizados na área central da Reserva, próximos à Sede e Centro de Visitantes, os quais carecem de estruturas de apoio para locomoção com segurança das pessoas;

- Construção de uma pinguela em trilha para realização do percurso da trilha da borda da várzea;

- Construção de 20 m2 de muro de pedra na área destinada para camping para estabilização do solo no local;

- Aquisição de computador e data show para utilizar em apresentações aos visitantes e estudantes;

- Aquisição de dois rádios para comunicação interna.

11.3 Projeto de Adequação e Complementação Física em Espaço Anexo ao Centro de Visitantes - Construção de uma varanda externa em área com cobertura já existente (sob o prolongamento do telhado do CV) com a instalação de três colunas de concreto para sustentação do telhado (em substituição aos esteios de madeira); construção de um banheiro adaptado com acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais; construção de passeio externo no contorno do CV, incluindo rampas e degraus necessários. - Contrução de infraestrutura complementar para apoio às atividades de camping, recreação e prática de esportes. Edificação em alvenaria para instalação de mesas e bancos fixos, dotadas com conjunto de bancadas com tanques para lavar pratos e utensílios, além de churrasqueira.

11.4 Projeto de Equipamentos e Acabamentos da Casa de Hospedagem “Abrigo de Montanha”

- Concluir as obras necessárias para o acabamento do Abrigo de Montanha como instalação de pisos, revestimento de paredes internas e externas, conclusão de área anexa para serviços de lavanderia, reforma do telhado (substituição de telhas) e calçamento externo.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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- Equipamentos: Frigobar = 2; TV = 2; Receptor de Parabólica = 2; Camas – CASAL = 2 / SOLTEIRO = 2; Colchões – CASAL = 2 / SOLTEIRO = 2; Calhas e canos para drenagem das águas que escoam dos telhados; Sistema solar de aquecimento d’água; Instalação de serpentina no fogão a lenha; Readequação do Sistema de Fornecimento de Energia de Alta Tensão (substituição do Transformador atual de 5 KVA por outro de 15 KVA) para atendimento da demanda da casa que possui 350 m2 de área, dispondo de 7 quartos, 3 banheiros e 17 leitos.

11.5 Projeto de Apoio à Administração, Fiscalização e Monitoramento da UC

- Manutenção de estradas internas: construção de uma ponte; construção de bocas de lobo e calçamento com pedras em trechos pontuais críticos (mão de obra de construção, aquisição e transporte de materiais); construção de lombadas de dissipação das águas de chuva. Essas estruturas favorecerão as ações necessárias;

- Implantação de Projeto de Sinalização com placas orientativas e de interpretação ambiental visando informar sobre a existência da unidade de conservação e ainda nos pontos onde há circulação e trânsito de pessoas, nas linhas de divisa e pontos estratégicos constando nome da Reserva, número da portaria de reconhecimento e tamanho da área, incluindo indicações das normas de conduta e circulação no seu interior;

- Construção de cercas delimitadora da propriedade e da RPPN com as propriedades em seu entorno, aonde for necessário, com manutenção e limpeza periódica para facilitar os percursos necessários para fiscalização e monitoramento.

- Contratação de auxiliar de serviços gerais para apoio às atividades da RPPN.

Equipamentos para apoio Administrativo, de Segurança e outros preliminares para Pesquisa e Proteção:

- Reforma do veículo disponível (Toyota Bandeirantes 4x4)- diesel ano 82; - Instrumento de captura de serpentes (pinção) para soltura em locais mais distantes em caso eventual de perigo eminente; - Abafadores de fogo; - Perneiras; - Câmeras digitais (armadilhas fotográficas) com sensor de movimento (para registro da fauna); - GPS; - Binóculos. Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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11.6 Projeto Guia de Espécies A partir de pesquisas científicas e inventários já realizados e que também venham a ser desenvolvidos na RPPN Alto da Boa Vista, serão organizados e publicados guias de fauna e flora: mamíferos de médio e grande porte, aves, anfíbios, morcegos, peixes e vegetação, valorizando e divulgando a biodiversidade que ocorre na Unidade de Conservação. Esses guias serão utilizados em atividades de educação e interpretação ambiental na Reserva e em escolas públicas e privadas de Descoberto e região, incentivando os estudantes a conhecer os animais silvestres e a vegetação nativa que ocorrem em seus ecossistemas.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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12. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

Orquídeas da Mata Atlântica

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12. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES E CUSTOS

Este cronograma contém as etapas de execução e estimativa de custos das atividades definidas nos programas de manejo (123: Tabela) e das atividades propostas nos projetos específicos (124: Tabela).

123: Tabela de previsão de gastos para a realização das atividades propostas nos programas de manejo.

PROGRAMAS DE MANEJO Execução Etapas/anos

Previsão Custos(R$)

1 2 3 4 5

Programa de Administração Adequação de infraestruturas e de equipamentos Programa de Proteção e Fiscalização Contratação de auxiliar de serviços gerais Construção de cercas nos limites / sinalização Manutenção das trilhas, pontes e estradas internas Serviços de segurança eletrônica patrimonial Manutenção de veículo utilitário Programa de Pesquisa e Monitoramento Aquisição de armadilhas fotográficas, perneiras, pinção para captura de serpentes e outros equipam. Programa de Visitação Elaboração de programas de visitação Obras para instalação de espaços para apoio, além de acessos adaptados com equipamentos facilitadores Programa de Sustentabilidade Financeira Complementação de estruturas físicas e aq. equipa- mentos p/ implementação de meios de hospedagem Programa de Comunicação Produção de um vídeo institucional Produção e distribuição do folder da RPPN Atividades de divulgação da RPPN Elaboração do resumo executivo do Plano de Manejo Elaboração do CD do Plano de Manejo Publicação do Plano de Manejo Criação de página na internet

x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x

80.000,00 65.000,00 10.000,00 30.000,00 20.000,00 35.000,00 4.000,00 5.000,00 40.000,00 55.000,00 5.000,00 5.000,00 5.000,00 1.500,00 1.500,00 2.000,00 2.000,00

TOTAL

366.000,00

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 272: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

124: Tabela de previsão de gastos para a realização das atividades propostas nos projetos específicos

PROJETOS ESPECÍFICOS Execução Etapas/anos

Previsão Custos(R$)

1 2 3 4 5

Projeto de Estruturação da Sede Substituição do Transformador Adequação física das infraestruturas e instalações Urbanização Projetos de Apoio ao Programa de Visitação Equipamentos (computador e data show) Cachoeiras: construção de escadas para acesso Construção de mirante e torre de observação Aquisição de Lixeiras Construção de pinguela Construção de piso da quadra de esportes Adequação e Complementação de Espaços Físicos Estruturas e Edificações para apoio aos visitantes: - Banheiros p/ portadores de necessidades especiais Construção de varanda em espaço anexo ao CV - Área de apoio contendo bancada com tanque para lava pratos, bebedouro, mesa, bancos e churrasqueira - Área de camping: construção de muro de pedra Obras de Acabamentos no Abrigo de Montanha - Instalação de pisos, revestimento de paredes, área para lavanderia, reforma de telhado, calçamento ext. Equipamentos: Substituição do Transformador TV com receptor- 2; Frigobar- 2; Cama de casal com colchão- 2; Cama de solteiro com colchão- 2 Instalação de serpentina no fogão a lenha Instalação de sistema solar de aquecimento d’água Projeto Guia de Espécies Projeto de Manutenção e Recuperação das Estradas Municipais que passam pela Reserva

x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x

8.000,00 63.000,00 4.000,00 5.000,00 7.000,00 10.000,00 2.000,00 1.000,00 20.000,00 7.000,00 3.000,00 10.000,00 2.000,00 13.000,00 8.000,00 8.000,00 1.000,00 3.000,00 10.000,00 Prefeitura

TOTAL

185.000,00

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

Page 273: Rppn Alto Da Boa Vista IeII Pm1de2

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Pássaros, moluscos e serpentes que habitam a Serra do Relógio

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13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2010, Editora: Carla Kurle.

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Maio de 2009, Responsável Técnico: Marcos Aurélio Sartori – BIOPRESERVAÇÃO

Consultoria e Empreendimentos Ltda.

Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural – Chácara Edith – Brusque,

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Marcos Aurélio Sartori – BIOPRESERVAÇÃO, Consultoria e Empreendimentos Ltda.

Área de Proteção Ambiental – APA SERRA DO RELÓGIO, Guarani / 2002, Marcos

Aurélio Sartori – BIOPRESERVAÇÃO, Consultoria e Empreendimentos Ltda.

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Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural Alto da Boa Vista – I e II

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LEGENDA / SIMBOLOGIA:

ZS I

ZS II

ZS III

ZP

ZP

ZP

ZR I ZR I

ZR I

ZR II

ZV I

ZV II

ZV III

ZV IV

ZV V

0 200m 400m200m

Artemio de Souza Silva

ZONEAMENTO

Universal Transversa de Mercator

Fuso 23K