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Setembro de 2010 Misericórdia investe nas ecnologias de Informação Novos investimentos da Santa Casa a pensar no futuro e em melhorias no presente. Ano I - N 31 - Publicação Quadrimestral Distribuição Gratuita Director: Dr. Humberto Carneiro Coordenação: Mesa Administrativa Impressão: Graficamares, Lda. Tiragem: 7500 Design Editorial: .tamanhoreal.com Propriedade: Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, Rua da Misericórdia, 141 - Apart. 143 4830 Póvoa de Lanhoso Pessoa Colectiva de Utilidade Pública n. 501409084 Tel.: ( 351) 253 639 030 Fa : ( 351) 253 639 036 Depósito Legal 296364/09 Jornal da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso Medalha de Honra - Grau Ouro CMPVL - 19/03/1985 Alfabetização de sucesso Formandos do curso gratuito promovido pela Misericórdia conseguem certificação de competências. Pág. 06 e 07 Pág. 08 e 09 Pág. 11 Misericórdia com desafios constantes ULDM por cento Ao fim do primeiro mês de actividade, a Unidade de Longa Duração D. Elvira Câmara Lopes regista ocupação a 100 por cento. Provedor da Santa Casa fala dos diversos desafios que se colocam à Instituição. ULDM, SAP e Jornadas da Saúde são alguns dos projectos. Pág. 02-04

Santa Causa Ed. nº 31 (Set. 2010)

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Jornal Santa Causa

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Setembro de 2010

Misericórdia investe nas Tecnologias de InformaçãoNovos investimentos da Santa Casa a pensar no futuro e em melhorias no presente.

Ano XI - Nº31 - Publicação QuadrimestralDistribuição Gratuita

Director: Dr. Humberto CarneiroCoordenação: Mesa AdministrativaImpressão: Graficamares, Lda.Tiragem: 7500Design Editorial: www.tamanhoreal.comPropriedade: Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, Rua da Misericórdia, 141 - Apart. 1434830 Póvoa de LanhosoPessoa Colectiva de Utilidade Pública n.º 501409084Tel.: (+351) 253 639 030Fax: (+351) 253 639 036Depósito Legal: 296364/09

Jornal da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso

Medalha de Honra - Grau OuroCMPVL - 19/03/1985

Alfabetização de sucessoFormandos do curso gratuito promovido pela Misericórdia conseguem certificação de competências. Pág. 06 e 07

Pág. 08 e 09

Pág. 11

conseguem certificação de competências. Pág. 06 e 07

Misericórdia com desafios constantes

ULDM 100 por cento Ao fim do primeiro mês de actividade, a Unidade de Longa Duração D. Elvira Câmara Lopes regista ocupação a 100 por cento.

Provedor da Santa Casa fala dos diversos desafios que se colocam à Instituição. ULDM, SAP e Jornadas da Saúde são alguns dos projectos. Pág. 02-04

2 Setembro de 2010 Santa Causa

A Unidade de Longa Duração e Manutenção (ULDM) D. Elvira Câmara Lopes é a segunda Unidade da Santa Casa na Rede. O que signifi-ca para a Instituição?Representa mais uma aposta na área da Saúde, área principal de intervenção. A Misericórdia surgiu da existência do Hospital António Lopes (HAL), pelo que, também por aí, estamos a responder à nossa missão. A ULDM vem resolver uma lacuna iden-tificada no Plano de Desenvolvimento Social do Concelho, quanto à necessidade de respostas desta natureza, e só assim é que se compreende a aprova-ção da candidatura e a possibilidade de termos esta resposta bio-psico-social. Embora a nossa ULDM tenha uma abrangência que ultrapassa as fronteiras do Concelho, os utentes da Póvoa de Lanhoso refe-renciados para outras Unidades de Longa Duração e Manutenção podem sempre pedir a sua transferên-cia para a nossa Unidade. A ULDM significa ainda um passo em frente, porque alargámos o nosso âmbito de respostas e o nosso património ao mesmo tempo que evocamos a espo-sa e inspiradora do nosso fundador, recordada por muitos como a mãe dos pobres. A Misericórdia foi feliz quando, assinalando o centenário da sua morte, em 11 de Fevereiro de 2010, atribuiu o nome D. Elvi-ra Câmara Lopes a esta Unidade, que é também um desafio. As 57 camas que temos na Rede (28 na Uni-dade de Convalescença e 29 na Unidade de Longa Duração) significam que já temos dimensão e massa crítica que justificam uma abordagem muito rigorosa e séria na área da Saúde.

Esta Instituição depara-se permanentemente com novos desafios…É verdade. Os desafios na área da Saúde são dinâmi-cos, porque as políticas nacionais e estratégicas para a área da Saúde têm de ser reflectidas na actuação dos agentes no terreno, como as Misericórdias. A própria Misericórdia monitoriza permanentemen-te as melhores práticas, acções e políticas a seguir para salvaguardar o que de bom tem e potenciar me-lhorias. Temos a Unidade de Convalescença, que faz parte da Rede desde o seu início, e agora alargámos o nosso âmbito para as Unidades de Longa Dura-ção. Mas temos outros objectivos e preocupações no próprio HAL, que há cerca de um ano não nos eram colocados. Somos confrontados com a denúncia dos protoco-los do SAP, a nível de fim-de-semana, feriados e to-lerâncias de ponto, o que já foi denunciado no dia 30 de Junho, tendo a Misericórdia ficado sem essa prestação de cuidados de Saúde à população, nos moldes da contratualização com o Serviço Nacional de Saúde; e a nível nocturno, já que, em Novembro, a Misericórdia ficará sem o SAP das 20h00 às 8h00. Somos confrontados com esta realidade, apesar de tudo termos feito para que o SAP se mantivesse nos moldes em que estava: tínhamos protocolos com a

ARS Norte quanto ao SAP de fim-de-semana, feria-dos e tolerâncias de ponto e quanto ao SAP noctur-no, para prestarmos esses cuidados específicos de Saúde à população da Póvoa de Lanhoso e de áreas limítrofes. Deixando de existir esses acordos, verifi-ca-se aqui um vazio significativo numa resposta de Saúde de primeira necessidade à população.

Que exige da Santa Casa soluções...A nossa responsabilidade social e a nossa missão levaram-nos a equacionar respostas para minorar os impactos negativos para a população decorrentes da inexistência de um Atendimento Permanente con-vencionado e tendencialmente gratuito.

Respondemos, mantendo o serviço de fim-de-sema-na, feriados e tolerâncias de ponto, no período do dia em que o Centro de Saúde, que passou a prestar esse Serviço, aos sábados, entre as 9h00 e as 13h00, não tem cobertura, ou seja, entre as 13h00 e as 20h00. Respondemos através da prestação dos mesmos cuidados, mas com a consulta não convencionada e com mais custos para o utente, pois tem de pagar os serviços. Apesar de os Serviços serem custeados pela Misericórdia, consideramos que praticamos preços moderados. No valor cobrado ao utente (25 euros), não reflec-timos sequer os custos que temos. Temos encargos que não são cobertos pelo pagamento dos 25 euros, mas mantemos esta postura, como mantivemos até agora o prejuízo do SAP de fim-de-semana e como continuamos a assumir os prejuízos do SAP noctur-no. A Misericórdia sempre defendeu o SAP porque, pelas estatísticas, sabemos que quem acorre ao SAP é sobretudo a população idosa ou crianças, pesso-as com baixos rendimentos e que necessitam desse Serviço. Estas pessoas são hoje confrontadas com uma realidade distinta e serão confrontadas, a partir de 10 de Novembro, com uma realidade muito mais penalizadora, já que qualquer situação de emergên-cia médica nocturna será reencaminhada para o Hospital de São Marcos em Braga. A Misericórdia mantém, a preços de custo, todos os serviços que já tinha.

Humberto Carneiro, em entrevista ao Santa Causa, fala dos desafios actuais e futuros da SCMPL

Santa Casa da Misericórdia desafios presentes e futuros

Abertura Entrevista com provedor

O Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso descreve os desafios actuais e futuros da Instituição, passando em revista os principais assuntos que marcam a sua existência, como o arranque da Unidade de Longa Duração e Manutenção D. Elvira Câmara Lopes, a denúncia dos protocolos de SAP, as exigências de uma contratualização futura com o Estado, de entre outros. Humberto Carneiro aborda também nesta entrevista a realização das Jornadas de Saúde, nos dias 3 e 4 de Setembro, e as comemorações do aniversário da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, a 5 de Setembro.

Embora a nossa ULDM tenha uma abrangência que ultrapas-sa as fronteiras do Concelho, os utentes da Póvoa de Lanhoso re-ferenciados para outras Unidades de Longa Duração e Manutenção podem sempre pedir a sua trans-ferência para a nossa Unidade.

3Setembro de 2010 Santa Causa

Como será a partir de Novembro, com o fecho do SAP nocturno convencionado? Aguardamos resposta do Centro de Saúde nesta matéria. Vamos ter que equacionar, porque temos de ver qual é o impacto das medidas a partir de 10 de Novembro. A Mise-ricórdia estará sempre atenta às necessidades da população e responderá de forma eficiente, mas objectiva. Teremos de ver se, a partir de determinada hora, se justifica ter um Ser-viço com custos, no mínimo os mesmos da consulta diurna ao fim-de-semana, e vamos, em momento próprio, analisar todos estes aspectos. Decorrem negociações com a Câmara Municipal, que estuda a criação de um Cartão Municipal de Saúde, com vista a uma discriminação positiva das pessoas que comprovadamente têm dificuldades económicas e em aceder aos cuidados de saúde e a um acesso com menores custos aos Serviços de Atendimento da Misericórdia. Para essas pessoas, estamos a estudar um protocolo com a Câ-mara no sentido de as consultas terem custos mais reduzidos e de serem gratuitos quaisquer consumíveis de que venham a precisar. Esse valor não seria debitado ao utente, mas sim à Câmara, como fazemos com a ARS Norte. Vejo com sa-tisfação a disponibilidade da Câmara para responder às ne-cessidades de saúde da população, já que a denúncia destes acordos de SAP pelo Ministério da Saúde deixam aqui um vazio de resposta. Sublinho a preocupação da Câmara em se associar à Misericórdia para encontrar uma resposta que sirva de uma forma objectiva as populações mais carencia-das e potencie o acesso à saúde para aqueles que mais ne-cessitam. E a Misericórdia está receptiva, reduzindo o valor da consulta para essas pessoas, que seriam portadoras de um cartão que as identificasse como pessoas com acesso diferenciado ao nosso Serviço de Atendimento. Houve esta preocupação da Misericórdia e da Câmara. Julgo que, em breve, será implementada esta solução.

Há outros desafios presentes para o HAL?As Misericórdias têm em mãos uma proposta de contratu-alização de serviços entre o Estado, o Ministério da Saúde e as Valências de Saúde das Misericórdias, nas áreas das cirurgias e das consultas de especialidade cirúrgica. Esta proposta está a ser negociada entre o Ministério da Saúde e a União das Misericórdias Portuguesas. E, se os protoco-los forem assinados como prevemos que sejam, depois cada Misericórdia, por si, assinará o contrato com a respectiva AR Saúde e será parte integrante do SNS. Esta contratualização vai implicar alterações no funciona-mento e na estrutura do HAL, que hoje está ocupado, em grande parte, com a Unidade de Convalescença. A contratualização exige que digamos quais são as cirurgias que estamos interessados em contratualizar e quais são as especialidades médicas que também queremos contratuali-zar. Para tal, temos de determinar a nossa capacidade insta-lada e a nossa capacidade de resposta para cirurgias e qual é a tipologia das cirurgias que temos capacidade para fazer. Isto implica um grande desafio para nós, exigindo que anali-semos com rigor qual é a nossa capacidade de resposta e que projectemos aquilo que queremos para o futuro. O processo negocial será longo. Estamos a avaliar a nossa capacidade para cirurgias e quanto a consultas de especialidade. O pri-meiro piso está totalmente ocupado pela Unidade de Con-valescença e pelas consultas de especialidade, a cave pela continuação de áreas da Convalescença e o primeiro piso, além de ter as camas de internamento em cirurgia, tem o Bloco Operatório e o Salão Nobre. Já temos um estudo, apre-sentado em Assembleia Geral, que aponta para a criação de uma plataforma por cima do SAP para transferir para aí o

Bloco Operatório, com uma área de recobro maior, um bloco de cirurgia de ambulatório, com mais camas, o que levaria também a uma reformulação dos espaços onde estão actual-mente estas Valências. Está em estudo.

Estamos a falar de uma alteração profunda…Profunda, mas necessária. Esta alteração tem de ser muito bem pensada, porque os recursos da instituição são limita-dos. Acabámos de concluir um investimento de 2,4 milhões de euros (Unidade de Longa Duração e Manutenção) para os quais só solicitámos um empréstimo de 750 mil euros, a jun-tar aos 750 mil euros que ainda não recebemos do Programa Modular. Os restantes 850 mil euros são de capitais próprios da Instituição. Mas, como fizemos arranjos exteriores e como remodelámos os espaços exteriores da creche e jardim de N.ª Sr.ª da Misericórdia, gastámos mais do que os 850 mil euros de capitais próprios, mas, mesmo assim, mantivemos a nossa

aplicação financeira reforçada para 585 mil euros, não fomos buscar às aplicações financeiras o montante para fazer face a estes investimentos. Neste momento, a questão da Saúde é prioritária, porque somos confrontados com a situação da contratualização e acreditamos que é esse o caminho a se-guir. Mas isso tem exigências. Estamos obrigados a deter-minados objectivos, sob pena de penalizações, mas também temos de criar as condições para a prática desses actos de saúde. Temos que adequar o HAL às exigências para uma contratualização futura. Há uma reformulação grande que começou com a denúncia dos contratos de SAP. A Misericórdia ou investe no HAL e o adequa a estas exigências e continua a praticar cirurgias e consultas externas de especialidade convencionadas ou dei-xa que o HAL tenha apenas a Unidade de Convalescença e as consultas de especialidade privadas. Isso é ter uma visão redutora da nossa capacidade de resposta e da projecção de futuro do HAL. Isto seria, a curto prazo, reduzir o HAL à Con-valescença. E não queremos isso. Eu desejo que o HAL seja um Hospital pujante, com capaci-dade de resposta e de referência. Já é uma unidade de refe-rência na Convalescença, nas cirurgias de ortopedia, estamo-nos a impor pela qualidade dos serviços, fomos escolhidos para fazer parte do Programa Europeu de Controle das In-fecções Hospitalares. Criámos dinâmicas com as jornadas médico-cirúrgicas do HAL, criámos parcerias com organiza-ções de Ensino Superior, criámos toda esta massa crítica e não queremos agora fazer com que ela desapareça de uma forma gratuita. Só há um caminho: adequar o HAL às no-vas exigências de uma futura contratualização, o que implica investimentos. Neste momento, não estão equacionados os montantes, mas são elevados.

Mas a Instituição tem hoje esses recursos? Tem, mas não os quer disponibilizar. A Instituição tem é a capacidade de gerar «cash flows» da sua actividade anual, de libertar dinheiro para os seus investimentos. Hoje o en-dividamento da Misericórdia é residual. Tem 750 mil euros para pagar em 10 anos da ULD. A Instituição tem objectivos, tem capacidade de gerar «cash flows» e vamos investi-los no HAL, partindo do princípio de que o HAL, com a contratua-lização, vai gerar também liquidez, receitas, para auto-pagar os investimentos a efectuar. Hoje o HAL está equilibrado, mas muito dependente, por exemplo, do facto de a Convales-cença ter uma taxa de ocupação grande ou pequena. Temos um Bloco Operatório que contribui também com os seus resultados positivos para podermos ter tido um SAP a dar prejuízo durante estes anos. O encerramento do Bloco por falta de contratualização é um grande revés na sustentabili-dade do HAL. É esse o caminho a seguir. É evidente que só vamos fazer alguma remodelação se tivermos a contratuali-zação garantida. Temos o pré-projecto para as remodelações e estamos a estudá-lo com mais pormenor.

Santa Casa da Misericórdia desafios presentes e futuros

Eu desejo que o HAL seja um Hospital pu-jante, com capacidade de resposta e de re-ferência. Já é uma unidade de referência na Convalescença, nas Cirurgias de ortopedia, estamo-nos a impor pela qualidade dos serviços, fomos escolhidos para fazer parte do Programa Europeu de Controle das Infecções Hospitalares.

4 Setembro de 2010 Santa Causa

Que outros desafios existem para a Misericórdia?O Lar de S. José, que está a necessitar urgentemente de obras de remodelação. Já nos comprometemos a fazê-las, mesmo antes de sermos confrontados com a questão da contratualização.Temos que intervir no Lar; a nível das aces-sibilidades e segurança já começámos, porque queremos dar melhores condições e uma vida com mais qualidade aos nossos idosos. Temos a obrigação moral de, dentro da Ins-tituição, nivelarmos a qualidade de vida dos nossos utentes, comparada com a que beneficiam os utentes da Unidade de Convalescença e da Unidade de Longa Duração. Temos nestas duas Unidades de referência nacional 57 ca-mas, no Lar temos 50. Já temos um pré-projecto para a ins-talação de um monta-camas desde a cave até ao 1.º andar por questões de acessibilidade. Também vamos investir em equipamentos, como as camas, idênticas às da ULD, e va-mos substituir grande parte das camas. Pretendemos remo-delar as acessibilidades, criar outras condições de segurança, aumentar a capacidade para camas e remodelar os quartos existentes. Esta é uma intervenção sem recuo possível, a concretizar por fases de acordo com as disponibilidades. Os dois grandes desafios são responder às exigências da contratualização a que não podemos virar costas e o investi-mento no Lar de S. José.

E a Clínica Social da Misericórdia?O enquadramento macroeconómico e social de hoje é bem diferente do de há cinco anos e o projecto tem que ser re-avaliado com muito rigor e critério. Já reunimos com os nossos parceiros para avaliar o ponto de situação. Admito que poderá ser um projecto suspenso para ser repensado, redefinido. Sempre dissemos que tinha de ser financiado por recursos externos, que a Misericórdia não iria envolver-se financeiramente a não ser na percentagem que lhe competia no capital social. Se os outros parceiros entenderem hoje que não reúnem as condições para participarem, o projecto pode ser inviabilizado. Só avançaremos quando se reunirem todas as condições que não ponham em causa a sustentabilidade da Misericórdia. Não somos uma realidade fora do contexto nacional e internacional.

Qual o papel da Misericórdia no contexto sócio-eco-nómico actual?As Misericórdias são chamadas a cumprir a sua missão so-cial nos períodos de maior crise, porque é quando as pesso-as mais precisam de nós. Nas Valências Sociais, notamos as dificuldades das famílias para cumprir as suas obrigações e o apelo que fazem à ajuda da Misericórdia. Hoje temos de fazer muito mais com muito menos. Temos de fazer muito mais pela comunidade, porque ela exige e reclama um apoio maior da Misericórdia, sem sermos ressarcidos. Isto só é possível para uma Instituição que tem um equilíbrio e um rigor muito grandes. Sempre falei em rigor, não numa lógica economicista. O que sempre me preocupou foi que a Misericórdia estivesse pre-parada para os desafios em que ela estivesse a ser chamada para a sua missão. E não demorou: fomos chamados a estes desafios, que passam, sobretudo, pelas dificuldades das fa-mílias. Temos a obrigação de dar respostas a quem mais ne-cessita, não apenas aos enfermos. Mas só podemos cumprir a nossa missão se estivermos preparados, se nós próprios também não necessitarmos de ajuda para responder à res-ponsabilidade dupla que temos: perante a comunidade ex-terna e perante a comunidade interna, que são os nossos 195 funcionários. Também eles necessitam de sinais do interior da Instituição de que não há precaridade do seu emprego,

que a Instituição está no bom caminho. Para ter sustentabili-dade, uma Misericórdia tem de ter massa crítica e diversida-de valencial de modo a que se uma Valência tiver problemas de sustentabilidade, haja outras em crescimento. Têm de ser criadas estas dinâmicas internas e foram criadas nesta Ins-tituição. Passámos rapidamente de 2004 para 2010 para o dobro do orçamento, com a criação de Valências novas e com o potenciar de outras: a Cozinha Central, a Lavandaria, o Centro de Formação, a ULDM. Nesta organização, complexa pela sua diversidade valen-cial, todas as decisões têm de ser muito bem ponderadas. Estamos em condições de projectar a Misericórdia como um “cluster” de Saúde e não é por acaso que as VI Jornadas (3 e 4 de Setembro) serão ligadas ao tema da Saúde Integrada e a um novo paradigma em que temos os Cuidados de Saúde Integrados, que exigem respostas integradas na área social e na área da Saúde, numa abordagem bio-psico-social. Temos equipas multidisciplinares, parcerias com instituições do ensino superior, para investigação; fazemos parte do Pro-jecto Europeu do Controle das Infecções Hospitalares... Es-tamos permanentemente a ser solicitados para estas aborda-gens e, nas Jornadas, vamos ter pessoas de grande gabarito, como a Dra. Inês Guerreiro, Coordenadora da Unidade de Missão da Rede, ou o Prof. Dr. Miguel Oliveira da Silva, Pre-sidente da Comissão Nacional de Ética e Ciências da Vida.

Qual o objectivo das Jornadas?Tal como as anteriores, visam dar-nos a conhecer à comu-nidade científica, aos profissionais de saúde nas diferentes áreas de intervenção nas quais também estamos integrados e também recolher deles contributos que possamos depois aplicar no dia a dia na nossa Instituição. Temos tido aqui palestrantes de altíssimo nível, pessoas que implementaram os Cuidados Continuados em Portugal, es-pecialistas na área de doenças neurodegenerativas e con-tinuamos, este ano, com pessoas ligadas à área. As nossas Jornadas já atingiram uma dimensão internacional, uma di-mensão científica reconhecida. Temos tido bom “feed back” e já fazemos parte do Mapa da Saúde em Portugal - há meia dúzia de anos não estávamos nesse mapa. Hoje, somos en-carados como referência. Quando se passa do desconheci-mento para um grau de notoriedade que tem a ver com o sermos exemplo para nós é uma grande satisfação, mas tam-bém uma grande responsabilidade. Temos que manter sempre este nível de exigência, que é transmitido no dia a dia aos nossos colaboradores e funcio-nários. São estas dinâmicas que fazem com que a Instituição possa, de forma sustentada, despreocupada e com tranquili-dade, encarar o futuro, mas sempre vigilante e atenta à reali-dade em que nos inserimos.

A Instituição também tem sido referência no capítulo financeiro...Julgo que sim. Fomos a primeira Misericórdia a ser contem-plada pelo Estado Português com um PME Invest V, que per-mite às organizações, em princípio empresariais, acederem ao crédito bonificado num momento em que tal é extrema-mente difícil e caro. É gratificante sermos a primeira Mise-ricórdia a beneficiar desta possibilidade. Foi o Millenium BCP que, analisando-nos como se fossemos uma entidade empresarial e face aos nossos resultados, apresentou uma candidatura e fomos contemplados com 950 mil euros. Este dinheiro é depois reembolsado em 72 meses. Esta é uma si-tuação extremamente vantajosa para a Misericórdia. A Mesa Administrativa e a Assembleia Geral, em sessão extraordi-nária, aprovaram este assunto por unanimidade. Reafirmo,

contudo, o seguinte: o meu mandato termina em Dezembro de 2012 e, em 1 de Janeiro de 2013, a responsabilidade do reembolso deste financiamento cabe à futura Mesa Admi-nistrativa. Porém, os montantes que têm que ser liquidados a partir de 1 de Janeiro de 2013 pela futura Mesa vão ficar cativos e aplicados para que, quem vier, tenha o capital, cer-ca de 550 mil euros mais juros, à disposição para devolver trimestralmente os montantes respectivos. Com o dinheiro vamos devolver, em tempo útil, os montantes que têm de ser devolvidos; o restante entra no reforço do fundo de maneio da Instituição para utilizar da forma mais conveniente, seja na remodelação e ampliação do HAL seja para os encargos das obras do Lar. Ao contrário do que se possa pensar, este empréstimo não foi feito para fazer face a endividamento re-sultante da ULDM, porque já pagámos mais do que aquilo que temos a receber. Quando recebermos os 750 mil euros do Programa Modular e os 140.100 euros da Câmara Muni-cipal, esse dinheiro vai entrar na tesouraria da Misericórdia e vai servir para ir amortizando o empréstimo da ULDM e para repor na tesouraria aquilo que nós adiantarmos para a ULDM. A Misericórdia já disponibilizou para a ULDM mais de 1, 3 milhões de euros da sua tesouraria.

Quanto às Jornadas e ao aniversário da Santa Casa, em Setembro... Vai ser um fim-de-semana preenchido, com as Jornadas (dias 3 e 4) e o aniversário da Instituição (5 de Setembro). O programa começa no dia 3 com um jantar na Quinta Villa Beatriz para recepção aos convidados e palestrantes. No dia 4, decorrem as Jornadas de Saúde da Misericórdia e não Médico-Cirúrgicas do HAL, porque hoje temos também a ULDM. O tema será “i-Health: o novo Paradigma”. No en-cerramento e na transição para o aniversário, teremos um concerto de jazz. No dia 5, teremos os aniversários do Hos-pital e dos Bombeiros, com um programa conjunto. Da nossa parte, realço a bênção e inauguração da ULDM, a inauguração dos arranjos exteriores e dos jardins da creche e jardim de N.ª Sr.ª da Misericórdia e a entrega de certifica-dos aos formandos do curso de alfabetização - um momento singelo, mas muito significativo e gratificante. Parte destes formandos obteve a certificação das suas competências ao nível do 6.º ano pelo Centro Novas Oportunidades, o que é excelente. Temos cada vez mais pedidos de inscrição nos cursos de alfabetização do Centro de Formação de forma gratuita e em regime de voluntariado. As pessoas têm for-mação em várias áreas e já temos idosos que manipulam os computadores com destreza, que já escrevem emails e conversam por MSN com familares no estrangeiro. De tarde, o programa continua, mas com momentos mais ligados aos Bombeiros.

A questão da Saúde é prioritária, porque somos confrontados com a contratualiza-ção e acreditamos que é esse o caminho a seguir. Mas isso tem exigências. Estamos obrigados a determinados objectivos, sob pena de penalizações, mas também temos de criar as condições, em termos de instalações, para a prática desses actos de saúde. Temos que adequar o HAL às exigências para uma contratualização futura.

5Setembro de 2010 Santa Causa

Em Destaque Jornadas da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso

“I-Health: o novo paradigma” é o tema das Jornadas de Saúde que a Santa Casa da Misericórdia promove no dia 4 de Se-tembro, na Póvoa de Lanhoso. Mais uma vez, o objectivo é dar a conhe-cer a Instituição e reunir especialistas nacionais e internacionais ligados ao sec-tor da Saúde e Gestão pública e privada, contribuindo para a reflexão conjunta em volta do tema deste ano.Esta é a sexta edição da iniciativa, que abandona a designação “Jornadas mé-dico-cirúrgicas do HAL”, passando a de-signar-se “Jornadas de Saúde”, reflexo do alargamento do tipo de respostas propor-cionado agora pela Santa Casa através, também, da Unidade de Longa Duração D. Elvira Câmara Lopes.

O programa inclui a realização das con-ferências inaugural e final, de diversas in-tervenções, uma mesa redonda e debates. Destaque para a presença, mais uma vez, nestas Jornadas da Doutora Inês Guerrei-ro, Coordenadora da Unidade de Missão da Rede Nacional de Cuidados Continua-dos Integrados. Destaques para a Conferência Inaugural “Cuidados de Saúde Integrados”, pela Doutora Inês Guerreiro; para a Mesa Re-donda “Gestão Integrada em Saúde”, por Doutor Hugo Meireles, Doutor António Alberto Barbosa, Doutor Custódio Lima e Doutor Joaquim Magalhães Cunha; e para a Conferência Final “Ética e Digni-dade na Referenciação”, pelo Professor Doutor Miguel Oliveira da Silva.

As Jornadas marcam o calendário de acti-vidades da Instituição. Desde o seu início, têm vindo a registar um crescendo em termos de dimensão, de qualidade dos intervenientes e dos seus contributos e do número de partici-pantes, que levam a que exista uma lista de pré-inscrições. Especialistas, estudiosos e profissionais afluem a estas Jornadas, que têm sido grandes sucessos, contribuindo para a afirmação da capacidade e da credibili-dade da Misericórdia, que se apresenta como uma referência no mapa nacional da Saúde. Um reconhecimento que pro-vém em grande parte da preocupação da Santa Casa em trazer à discussão temas pertinentes e actuais.

As Jornadas já debateram os mais diver-sos assuntos como “As especialidades hospitalares e os cuidados de saúde pri-mários (segundas jornadas, em 2006) ou o “Envelhecimento e Dignidade” (quintas jornadas, em 2009) ou ainda a “Reunião do Capítulo de Cirurgia Vascular da So-ciedade Portuguesa de Cirurgia” (tercei-ras jornadas, em 2007).A edição deste ano terá a particularidade acontecer em vésperas de mais um ani-versário da Santa Casa da Misericórdia, a 5 de Setembro. Na transição entre as Jornadas e o ani-versário, haverá um concerto de Jazz pelo Quinteto de Joana Machado no Theatro Club. As jornadas decorrem no Hotel Ru-ral Maria da Fonte.

Jornadas da Misericórdia debatem Saúde e GestãoO tema deste ano é “i-Health: o novo paradigma”. Iniciativa decorre no dia 4 de Setembro, no Hotel Rural Maria da Fonte.

08h45Abertura do Secretariado

09h15Sessão de Abertura

10h00Conferência Inaugural “Cuidados de Saúde Integrados” Preside: Dr. Manuel de Lemos (Presidente do Secretariado Nacional da UMP)Orador: Dr.ª Inês Guerreiro (Coordenadora Nacional da UMCCI)

11h00Intervalo

11h15Mesa Redonda: “Gestão Integrada em Saúde”Preside: Dr. Fernando Araújo (Presidente do Conselho Directivo da ARS Norte)Modera: Dr. Mário Almeida (Director Clínico da SCMPL)Oradores:Dr. Hugo Meireles (Hospital Escala Braga)Dr. António Alberto Barbosa (Presidente do Conselho de Administração do Hospital Nª Sr.ª da Oliveira – Guimarães)Dr. Custódio Lima (Presidente Executivo do ACES – Gerês – Cabreira)Dr. Joaquim Magalhães Cunha(Director - Executivo da Health Cluster Portugal)

13h00Almoço de convívio (oferta)

14h30Conferência Final “Ética e Dignidade na Referenciação”Preside: Dr.ª Adília Rebelo (Médica e Mesária do Pelouro da Saúde da SCMPL)Orador: Professor Doutor Miguel Oliveira da Silva(Presidente do Conselho Nacional de Ética e Ciências da Vida)

Encerramento/ConclusõesDr.ª Adília Rebelo (Médica e Mesária do Pelouro da Saúde da SCMPL)Dr. Humberto Carneiro (Provedor da SCMPL)

22h15Concerto de Jazz Quinteto de Joana MachadoTheatro Club

programa

6 Setembro de 2010 Santa Causa

Valências

Formandos de Alfabetização certificam competênciasCom pouco mais de um ano de trabalho, os for-mandos do curso de Alfabetização a funcionar do Centro de Formação da Misericórdia, de forma gratuita para eles, vão receber, no âmbito do pro-grama de aniversário da Instituição, a 5 de Setem-

bro, os diplomas que atestam a certificação das suas competências, em vários níveis, pelo Centro Novas Oportunidades. O momento enche de satisfação não só os alunos, como a professora e a própria Instituição.

A Professora Rosa Carneiro é a formadora que tem acompanhado o grupo. De lembrar que foi ela que propôs o Curso de Alfabeti-zação à Misericórdia, aulas que lecciona em regime de voluntariado. Afirma que se sente “lindamente” com os bons resulta-dos alcançados pelos seus alunos. “Fico muito feliz, por-que ganho na compensação de ver pessoas muito felizes, realizadas. Estas pessoas, não precisando do certificado ou do diplo-ma para trabalhar, mereciam este sucesso, pois a alfabe-tização era um objectivo de vida que tinham e que é mui-to importante para a realização pessoal delas”, refere. Para além de aprender ou melhorar a leitura e a escri-ta, neste Curso que as preparou para a certificação de competências, os participantes tiveram formação a ou-

tros níveis, passando desde a informática às artes deco-rativas. “Não foi só ler e escrever. Trabalhámos também outro tipo de conhecimentos e competências e isto per-mitiu uma valorização pessoal de cada um, cada um ao seu nível”. Os interessados podem inscrever-se para este Curso, que vai continuar no próximo ano lectivo. Os dias e os horá-rios são ajustados às disponibilidades dos participantes, que devem ter idade superior a 15 anos. A frequência deste curso é gratuita. A Professora que os acompanha, e que adoram, finaliza: “Sempre tive muito prazer em orientar estes grupos de alfabetização, em regime de voluntariado. Arranjei um grupo muito bom. Todos são fantásticos e eu, se eles qui-serem, também quero continuar com eles, pois podem aprender ainda muito mais”.

Professora Rosa Carneiro

“Fico feliz por ver pessoas realizadas”Sempre tive muito prazer em orientar estes grupos de alfabetização, em re-gime de voluntariado. (...) Todos são fantásticos e eu, se eles quiserem, tam-bém quero continuar com eles, pois po-dem aprender ainda muito mais.

Alunos do Curso de Alfabetização

7Setembro de 2010 Santa Causa

TESTEMUNHOS

“Apesar de nunca ter andado na Escola, ensinaram-

me a escrever o nome e conhecia as letras e os núme-

ros. Queria saber escrever para escrever às minhas fi-

lhas que estão em França. Nunca tive oportunidade

de aprender. Só agora. certificado de competências ao

nível do quarto ano. “Estou muito feliz (com o certifi-

cado de competências ao nível do quarto ano). Era uma

coisa que me faltava na vida. Era uma tristeza.

Aqui não é só para aprender a ler e a escrever, fizemos

muitas coisas. E gostei muito dos computadores. Ain-

da tenho de procurar as letras, mas gostei muito.

E enquanto houver, vou continuar aqui”.

CLARA SAMPAIO, 72 anos

“Sou uma das pioneiras do curso. Já tinha feito a terceira

classe e sabia um bocadinho, mas dava erros e ainda dou,

mas agora já faço melhor. Fui para o Curso para aper-

feiçoar a escrita e a leitura, pelo convívio e também pelos

computadores porque tenho uma filha no estrangeiro e

gostava de falar com ela pelo computador, pela Internet,

pelos emails, e já sei um bocadinho. Já enviei emails e ela

respondeu-me. Para mim é muito. Chegar a esta idade e

receber o diploma de 6º ano, acho que é uma coisa boa, bo-

nita. Sou capaz de o encaixilhar e de o pôr na

minha sala”.

FÁTIMA SOARES, 62 anos

“Inscrevi-me no Curso de Alfabetização juntamente

com a esposa, D. Emília. Eu já sabia ler e escrever algu-

ma coisa. Andei na escola dos 7 aos 9 anos, mas não

cheguei a fazer nenhum exame e depois fui trabalhar,

fui servir. O Curso ajudou-me a aperfeiçoar aqueles co-

nhecimentos. Ler ainda lia, mas escrever era já mais

difícil. A possibilidade de contactar com os computa-

dores era o que me interessava mais e gostei muito.

Nunca tinha experimentado. O diploma é importante

(certificação de competências ao nível do sexto ano),

é sempre bom”.

ANSELMO ARAÚJO, 75 anos

“Vim porque gostava de aprender e estava sempre a ver

uma oportunidade onde eu me pudesse encaixar. Antes

de vir, sentia-me muito triste, pequeninha, porque as ou-

tras pessoas sabiam ler e eu não. Agora já me sinto outra.

Isto foi importante para a minha auto-estima e confian-

ça, porque eu tenho o sonho de tirar a carta de condução e

fugi sempre por não saber ler nem escrever.

Agora tenho fé de que vou conseguir. Estou muito con-

tente (com o certificado do sexto ano). Agora já posso con-

correr a uma formação na área da geriatria. Tenho pena

que muitas pessoas que não sabem ler e escrever

se acanhem por vergonha”.

CÉU COSTA, 46 anos

“Estive no Curso de Alfabetização, apesar de saber ler e es-

crever. Andei na escola até à terceira classe, mas inscre-

vi-me para ajudar a passar o tempo, pelo convívio e para

aprender alguma coisa mais esquecida. Já foi bom e im-

portante para mim relembrar. Agora leio mais, apesar das

dificuldades de visão. Não sei se vou continuar nesta for-

mação, onde também lidei com computadores. Se não for

viver para Guimarães, continuo. O diploma (relativo à cer-

tificação de competências ao nível do sexto ano) é sempre

importante e motivo de orgulho”.

JOAQUIM MACHADO, 77 anos

“Não tive oportunidade de andar na escola. Fui traba-

lhar muito cedo, éramos muitos irmãos. Os meus pais

diziam que as raparigas não precisavam de saber ler

nem escrever para não andarem a escrever cartas aos na-

moros. Mais tarde, já em França, aprendi a ler e a escre-

ver e até tirei a carta de condução. Fico muita satisfeita

(com o certificado de competências ao nível do quarto

ano). Vou continuar a frequentar o Curso de Alfabeti-

zação da Misericórdia. A professora é muito gentil, sim-

pática, e o convívio também é muito bom”.

EMÍLIA RODRIGUES, 75 anos

Para continuar a ajudar os mais desfavorecidos em áreas que vão desde o plano social até à saúde, a Santa Casa da Misericórdia da Póvoa deLanhoso precisa da ajuda de todos.Colabore e anuncie os seus produtos e serviços no ‘Santa Causa’

Consulte-nos 253 639 030

8 Setembro de 2010 Santa Causa

Valências Saúde

Unidade de Longa Duração e Manutenção quer estar entre as melhores

“Hoje é o primeiro dia do seu re-gresso a casa” é o lema da Unidade de Longa Duração e Manutenção (ULDM) D. Elvira Câmara Lopes, que começou a funcionar a 22 de Junho e que será inaugurada a 5 de Setembro, aniversário da Santa Casa. Segundo o Director Técnico, Enfermeiro Nelson Ferreira, o ob-jectivo é a excelência e estar entre as melhores Unidades.Esta é a segunda Valência da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso a integrar a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integra-dos, depois da Unidade de Conva-lescença. Com capacidade de 29 camas (lotada ao fim de 25 dias de funcionamento), a ULDM D. Elvira Câmara Lopes acolhe, de momento, pessoas com idades entre os 35 e os 97. São mais de 30 os profissionais que ali trabalham (de entre médi-cos, enfermeiros, auxiliares e tera-

peutas). Localizada no chamado quarteirão da Misericórdia, na Vila da Póvoa de Lanhoso, esta Unidade foi construída num tempo recorde de apenas oito meses, situando-se na vizinhança de valências de infân-cia e valências séniores da Institui-ção e resultando do aproveitamento de um edifício antigo a que se acres-centou uma ala nova. A ULDM D. Elvira Câmara Lopes assegura, diariamente, actividades de manutenção e de estimulação; cuidados de enfermagem diários; cuidados médicos; prescrição e administração de fármacos; apoio psicossocial; controlo fisiátrico pe-riódico; cuidados de fisioterapia e de terapia ocupacional; animação sociocultural; higiene, conforto e alimentação; apoio no desempe-nho nas actividades da vida diária; e apoio nas actividades instrumentais da vida diária.

Unidade de Longa Duração e Manutenção D. Elvira Câmara Lopes, começou a funcionar a 22 de Junho e será inaugurada a 5 de Setembro. Segundo o Director Técnico, Enfermeiro Nelson Ferreira, o objectivo é a excelência e estar entre as melhores Unidades.

9Setembro de 2010 Santa Causa

RESPONDER A NECESSIDADES

Contribuir, numa perspectiva in-tegrada, para o processo activo e contínuo de recuperação e ma-nutenção global dos Residentes, prestando mais e melhores cuida-dos de saúde, em tempo útil, com humanismo e numa perspectiva de solidariedade social e de harmonia é o objectivo fundamental desta Unidade, que vem responder a uma lacuna, segundo refere Nelson Fer-reira. “Toda a população da Póvoa de Lanhoso tem direito a usufruir desta Unidade, que resulta de uma paixão e de uma vontade muito grande da Misericórdia de respon-der a uma necessidade do Con-celho, já que não havia nenhuma ULDM que desse resposta directa a este concelho. Neste momento, metade dos Residentes é da Póvoa de Lanhoso”.Com um ambiente acolhedor, ne-nhum pormenor dos espaços e das valências foi deixado ao acaso, des-de a cor das paredes à iluminação natural, passando pela escolha dos equipamentos e do mobiliário, por exemplo, na sala de reabilitação. Sente-se ali energia positiva e von-tade de aprender e de fazer cada dia melhor. Ninguém corporiza melhor essa sensação do que o Director Técnico da Unidade, desafiado a pô-la em funcionamento. Percebe-se o seu entusiamo, a sua motiva-ção e o seu empenho, sentimentos extensíveis àqueles que o acompa-nham e àqueles que nele confiam para levar esta Unidade até à exce-lência. “Baseamo-nos em unidades que visitámos na Europa e América do Norte. A nossa Unidade de Con-valescença também é para nós um farol da arte de bem-fazer. Acre-ditamos que conseguimos juntar nesta Unidade o que de melhor ob-servamos de boas práticas”, refere Nelson Ferreira. Essa excelência também pode ser medida através de um indicador simples. “A res-posta a dar a quem nos procura tem que ser de excelência, a qual pode estar em conseguir um sorriso de um cuidador ou de um Residen-te”. No caso de muitos Residentes da ULDM, trata-se de reaprender a viver numa nova realidade. “As expectativas dos cuidadores e, mui-tas vezes, dos doentes, não são do regresso a casa, apesar de termos uma placa à entrada que diz a quem entra que é o primeiro dia do seu regresso. Temos uma consulta ini-cial com os cuidadores e com vá-rios profissionais, onde abordamos as expectativas dos cuidadores e os motivamos a trabalhar no senti-do da alta, mesmo que o Residente tenha muitas limitações. Há uma equipa de profissionais altamente especializada e preparada para aju-dar a preparar a casa e o regresso, sendo que a alta tem de ser traba-lhada mesmo antes de o Residente entrar. Esse é um dos factores que nos diferencia”. Os cuidadores tam-bém são preocupação da Unidade, com os quais tenta trabalhar em proximidade. “Apercebemo-nos de que as famílias e os cuidadores vêm debilitados, cansados psicologica-mente. Muitas vezes, estamos mais a cuidar de quem cuida do que do próprio Residente. As famílias apre-

sentam-se esgotadas. Acham que não há grandes soluções no país e a Rede vem ajudar, porque é quase um terceiro nível de cuidados, entre os cuidados de saúde primários e

os cuidados de saúde hospitalares. Se fizéssemos desaparecer a Rede, o peso ia recair sobre os cuidadores e sobre o Estado, que não se pode afastar da obrigatoriedade da parte social, num trabalho que está a ser feito pelas Misericórdias e por estas Unidades”, considera o responsável. No âmbito desta proximidade com os cuidadores, a Unidade vai re-alizar com eles acções de sensibi-lização em temas em que sintam mais dificuldades ou curiosidade. No passado recente, aquando da realização do Mundial de Futebol, os cuidadores também foram con-vidados a assistir aos jogos com os Residentes e colaboradores da Unidade. “Há uma grande preocu-pação em trazer os cuidadores até aos Residentes e de fazer com que estes sintam que há vida para além

da doença, que esta não é limitação de família nem de amigos. A parte social não pode morrer. A doença não é similar à morte; é similar à limitação e estamos cá para ajudar

nas limitações”, explica o responsá-vel pela Unidade. OBJECTIVOS AMBICIOSOS

Para Nelson Ferreira, estão reunidas todas as condições físicas e huma-nas para a Unidade se poder des-tacar. “Somos uma Unidade muito ambiciosa, com gente muito capaz, com muita vontade, com muito que aprender, mas sem medo, porque acreditamos que é errando que se consegue progredir – vamos tentar errar o menos possível. Temos um Provedor e uma Mesa Administra-tiva empreendedores, que nunca nos dizem que não, desde que justi-fiquemos com ganhos em saúde, e que nos deram todas as condições enquanto Unidade para podermos ir longe”, considera, assegurando: “Enquanto profissionais e corpo técnico, acreditamos que somos

capazes de acompanhar todo esse envolvimento e apoio. Vamos fazer tudo para implementar essas polí-ticas que desenvolvem um enve-lhecimento saudável, que pensam, repensam, inovam, retificam, sem medo, e vamos tentar gerir as ex-pectativas dos familiares e dos cui-dadores neste processo de reabili-tação, de gestão de dependências”.Com poucos meses de existência, esta Unidade já conseguiu feitos inéditos, com benefícios claros para os Residentes e para os cuidadores, desenvolvendo práticas inovado-ras, a vários níveis, algumas resul-tantes da atenção dedicada aos Re-sidentes e a quem deles cuidará nos domicílios. Fruto dessa observação, a Unidade conseguiu preparar toda a logísitica necessária para levar os Residen-tes e cuidadores à praia e ali per-manecerem por algumas horas, o que aconteceu no dia 17 de Julho e que, segundo Nelson Ferreira, pelos resultados obtidos, será para repetir uma vez por ano. Participa-ram cerca de 30 pessoas, de entre Residentes, familiares, voluntários da Instituição e alguns elementos da Mesa Administrativa, Provedor incluído. O destino foi a praia com acessibilbilidade de Cepães. “Os familiares não acreditavam que se fosse fazer uma deslocação à praia, porque não concebiam que se conseguisse lever estes Residen-tes, com tanta dependência, e criar uma logística de apoio suficiente. Mas conseguimos, levámo-los e os familiares também foram. As pes-soas vinham com a lágrima no olho, vinham com um sorriso nos lábios, vimos gente abraçar-se. Trouxemos vida às famílias, aos Residentes e conseguimos, com isto, aproximar os Residentes e as próprias famí-lias. Este foi um desafio ganho e uma oportunidade de mostrar que o facto de as pessoas serem depen-dentes não faz delas afastadas da vida”. Nelson Ferreira nota que há participação e co-responsabilidade dos cuidadores em todo este pro-cesso, o que anima a equipa. “Mas esta é também uma equipa que tem objectivos estratégicos, desenvolve investimento de formação contí-nua, trabalha em equipa, centra-se, acima de tudo, no Residente e não na doença”. Para além da realização daquela ac-tividade com este tipo de pessoas, esta Unidade prima pela atenção à inovação e ao empreendedoris-mo, nas suas diversas dimensões: é uma Unidade atenta ao Residente e ao cuidador, permitindo que faça escolhas simples desde a ementa do dia seguinte ao quarto em que quer ficar; é uma Unidade que tra-balha sem papel, estando também envolvida na implementação do processo clínico informatizado, em colaboração com a ARS Norte; é uma Unidade que se preocupa com a segurança do residente, estando preparada para fazer a prevenção de quedas; é uma Unidade que tem um protocolo com a New Textiles, empresa ligada à Universidade do Minho com representação da Skin to Skin em que são desenvolvidas roupas bio-funcionais que serão aplicadas num estudo de investi-

gação científica relacionado com a prevenção de infecções secundá-rias a realizar com os Residentes da Unidade; é uma Unidade que está envolvida na campanha nacional da higiene das mãos com os profis-sionais; é uma Unidade que procu-ra, ao nível da economia de custos, sensibilizar o Residente para um consumo mais racional de medica-mentos; é uma Unidade com uma política da qualidade, partindo para a certificação em Outubro; é uma Unidade que pretende aproximar-se da comunidade e que irá de en-contro às Juntas de Freguesia da Póvoa de Lanhoso para dar-se a conhecer como Unidade que é do povo para o povo, independente-mente do estrato social. Não há limites para as ambições desta Unidade, refere o seu Director Técnico. “Investiu-se nas valências certas, vamos apostar na reabilita-ção e reinserção social, nas necessi-dades emocionais e psico-afectivas, potenciar ainda mais todo o apoio social que existe e que é necessário a este concelho. Vamos tentar re-cuperar nos Residentes o gosto de serem pessoas autónomas ou levar-lhes essa ideia, tentando que se sin-tam pessoas capazes e elevar-lhes a auto-estima. Esta Unidade tem todas as potencialidades, porque baseia-se no treino, no seguimen-to de guidelines internacionais de boas práticas”. Reconhecendo às parcerias a de-vida importância, nomeadamente,

para a melhoria objectiva das con-dições de vida dos Residentes e dando o exemplo da EPAVE que vai preparar uma prótese para um dos Residentes, Nelson Ferreira subli-nha o “cluster” de saúde embrioná-rio que representa a Santa Casa da Misericórdia com as suas diferentes valências e que poderá dar frutos positivos ao nível da ULDM. “A Misericórdia é um pólo de saúde e queremos chegar longe. Quere-mo-nos associar a empresas nacio-nais de investigação, porque acredi-tamos que temos de partilhar todo o conhecimento que parte já desde a Unidade de Convalescença, des-de o nosso Bloco Operatório, desde o nosso Hospital e desde o trabalho com o Centro de Saúde”. Estar ao nível dos melhores é a meta. “A Unidade de Missão para os Cuida-dos Continuados, responsável pela Rede, olha esta Instituição com bastante carinho. Estamos na Rede desde o seu início com a Unidade de Convalescença, que é um farol. Temos de aproveitar esse degrau para subir e acompanhar este an-damento. Queremo-nos colocar no patamar da excelência. A médio prazo, queremos ser tam-bém uma referência. Queremos es-tar entre os melhores”.

ULDM: O que é?

A ULDM é uma Unidade de internamento, com carácter temporário ou permanente, que presta cuidados continuados de saúde a pessoas que, independentemente da idade, se encontrem em situação de doença ou processo crónico, que precisem de cuidados permanentes que só existem neste tipo de unidades, por exemplo, ao nível de cuidados de enfermagem ou outros. Os utentes, designados por “Residentes”, podem ter diferentes tipos de dependências e podem permanecer nestas Unidades por um período ilimitado de tempo, num mínimo de 90 dias. Em situações de Descanso do Cuidador, o Residente pode permanecer até um máximo de 90 dias, por ano, dias seguidos ou não. A referenciação para as Unidades de Longa Duração como a D. Elvira Câmara Lopes segue os mesmos procedimentos que a referenciação para qualquer uma das Unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, devendo ser realizada através dos Centros de Saúde (onde há as equipas de referenciação) e dos Hospitais (onde existem as equipas de gestão de altas).

A nossa Unidade de Con-valescença também é para nós um farol da arte de bem-fazer. Acreditamos que conseguimos juntar nesta Unidade o que de melhor observamos de boas práticas

10 Setembro de 2010 Santa Causa

Longe vai o tempo em que as IPSS eram instituições completamente dependentes de beneméritos e do Estado. Com o clima económico e a sociedade actual dificilmente se

sobrevive se não se for eficiente e se não se diversificar as fontes de rendimento. Habitualmente, os serviços prestados pelas instituições em causa são de cariz social e em parceria com o Estado. Logo, se se verificam ano após ano consequentes reduções orça-mentais para esta área, mais limitadas são as margens para erros. Numa sociedade actual cada vez mais global e ao mesmo tempo individualista, o número de pessoas com capacidade (e vontade) financeira para fazer doações às instituições tem diminuído drasticamen-te, sendo impossível, hoje em dia, sobreviver à espera que alguém venha “dar a mão”. Assim sendo, cabe às ins-tituições encontrarem mo-delos de gestão eficientes e autónomos que permitam diversificar as suas áreas de actuação para que as entradas de capital não estejam dependentes de apenas algumas entidades. Ao mesmo tempo que, tal como qualquer empresa, sejam capazes de encontrar uma forma de gestão eficiente e saber o lugar que ocupam na sociedade e na economia.Num clima cada vez mais competitivo é ne-cessário saber prestar um bom serviço a uma população cada vez mais exigente. É preciso estar atento, saber aproveitar as oportunida-des e, para que isso aconteça, é determinante

possuir boas equipas e adoptar modelos de gestão virados para a criação de valor, para os bons resultados. Só assim se consegue fazer frente às amea-ças e alterações de ambiente económico e, ao mesmo tempo, ter capacidade para crescer e investir. Na nossa Santa Casa, são provas evidentes os investimentos que estão a ser feitos ao longo dos últimos anos, como a remodelação do Edifício da Farmácia | Centro de Formação, a renovação dos Serviços Administrativos, a compra do mini-autocarro e a mais recente Unidade de Longa Duração e Manutenção. Todas estas novidades apenas foram possí-

veis devido à boa gestão que tem vindo a ser implementada e aos bons resultados obtidos nos últimos anos, permitindo demonstrar confiança suficiente à banca e ao Estado para que nos fossem concedidos emprés-timos e candidaturas a progra-mas de desenvolvimento a nível nacional como é o caso do PME Invest V.

De outro modo não seria possível crescer, em-pregar e desenvolver novos projectos.É importante potenciar as capacidades das Instituições, muitas vezes envolvidas numa inércia tal que leva a que sejam redobrados os esforços para as despertar. No entanto, cada vez mais, torna-se fundamental que estas to-mem consciência da actual realidade sob pena de serem mais uma a constar na lista de in-solvências e deixarem sem emprego os seus (muitos) trabalhadores. Mãos à obra.

Gestão de IPSS e sua sustentabilidade

André CastroEstagiário no Departamento Financeiro SCMPL

V ivia-se numa época de enormes carências de meios. As estrutu-ras sociais na área assistencial e de sanidade poder-se-iam consi-derar inexistentes. Com o passar

dos anos, a SCM aumenta os seus préstimos e, em 1966, abre o denominado “Asilo de São José”, para, nas décadas de 80 e 90, dar apoio também à infância com a abertura das creches, jardins-de-infância e ATL. Destas transforma-ções resultaram inegáveis benefícios para as populações da região. Mas, para que tudo funcione nas proximidades da perfeição, todas estas áreas que trabalham com os enfermos, os idosos, as crianças, e que actualmente denominamos por “valências”, é necessária uma organização de serviços inter-nos para lhes dar o apoio e sustentabilidade necessários à sua continuidade e bom serviço.Estes serviços internos de apoio são tão bási-cos que poderá haver quem não se aperceba de que existem. Serviço de refeições, porque todos necessita-mos de alimento diário; Serviço de lavanda-ria e costura, porque é fundamental a higiene para evitar as doenças; Serviço de transportes, porque é necessário o transporte dos utentes, inclusive dos que não têm mobilidade; Serviço de limpeza e manutenção de espaços verdes e áreas livres, porque o bem-estar consiste numa prática de grande beneficio mental e intelectu-al do ser humano. É um facto de que tudo hoje é diferente, mas apenas na forma, porque, se pensarmos bem, todos estes serviços de apoio existem desde a origem por necessidade e exigência da missão que origina a solidariedade. Actualmente, até para fazermos solidariedade, devemos apoiar-nos na gestão.

Esta, obriga a uma reorganização e reestrutu-ração desses mesmos serviços de apoio.A SCM está organizada por Valências, sendo que, na sua origem, alguns serviços eram cria-dos especificamente para dar apoio às mes-mas. Isto implicava que para a mesma Institui-ção existissem tantos refeitórios, lavandarias, quantas as Valências. Nos dias que correm e na certeza de se po-der ser menos “despesista”, porque efectiva-mente já não existem beneméritos ao alcance de”António Lopes”, reorganizam-se esses ser-viços em cada especificidade e responde-se à necessidade de cada Valência, apenas de um local. De referir a título de exemplo que a SCM serve 25 mil refeições por mês ou trata 9 mil kg de roupa por mês para satisfação das necessida-des na Instituição.No sentido inverso, podemos tentar perceber se seria possível, nos dias de hoje, qualquer instituição de solidariedade não possuir estes serviços de apoio agregados à sua missão. Será que contratar estes serviços ao exterior seria racional? Possivelmente, alguns diriam que “sim”, outros diriam que “não”.É um facto que todos estes serviços de apoio têm larga margem de melhoria na sua qualida-de. Na SCM estão sujeitos a normas que de-finem os processos e procedimentos a seguir para obter uma melhoria no serviço.No actual quadro de gestão de recursos, este é o caminho a seguir para qualquer Institui-ção, que tenha a coragem de assumir o desafio da solidariedade em tantas vertentes sociais como a SCM.

Os serviços de apoio na Misericórdia

Rui RibeiroO Coordenador dos Serviços de Apoio da SCMPL

Misericórdia Instituição

A Santa Casa da Misericórdia (SCM) da Póvoa de Lanhoso nasce no ano de 1917, com o grande objectivo da prestação de cuidados de saúde na região. No entanto, já o actual “Hospital António Lopes” servia os pobres carencia-dos do concelho com a denominação de “Casa de Caridade”.

Que a vida seja vivida...

Os contornos do envelhecimento têm sofrido transformações ao longo dos tempos. As melho-rias sócio-económica, técnica e científica, o acesso mais fácil aos factores de risco, a promoção da saú-de, o aumento do nível cultural levaram ao aumen-to da esperança de vida. Positiva, esta realidade trouxe alguns problemas, pois, sob o ponto de vista social, subiram os en-cargos económicos com reformas e assistência médica; a família, como lugar tradicional de acolhi-mento, tornou-se menos disponível; as instituições de internamento são insuficientes; e os hospitais são serviços onde os idosos ocupam a maioria das camas. Mas temos que acreditar que hoje é possível enve-lhecer com mais qualidade. Como escreveu Isidoro de Oliveira perto dos seus 80 anos: “Que a vida seja vivida | Bem vivida até ao fim | E se eu não viver assim | Eu não estarei a viver | Terei até o dever | De deitar luto por mim”.O “bem vivida até ao fim” significa qualidade? Para uns, poderá passar por ter dinheiro para que nada lhes falte; para outros, poderá passar por familiares e amigos e riqueza nos afectos; para a generalida-de, passará por tudo isto e ainda, com certeza, por viver com saúde. Mas todos os seres vivos nascem, envelhecem em simultâneo e morrem. O envelhecimento caracteriza-se por dificuldades de manutenção dos limites da normalidade, tra-duzindo-se por alterações na pressão arterial, na

defesa contra infecções, na adaptação ao esforço. A perda de água na pele, que seca e enruga; o ca-belo branco; o tórax e abdómen aumentados; a massa muscular reduzida; a diminuição de cálcio; e a perda da função renal são, de entre outros, indi-cadores de envelhecimento. O que poderá aumen-tar a nossa qualidade de vida no envelhecimento? O desafio é perceber o que leva a que algumas pes-soas de 80 anos tenham elevados níveis de funcio-namento e algumas de 50 anos mostrem já sinais de declínio. (Marmot,et al.2004)

Ter uma vida longa gera, para a generalidade das pessoas, sentimentos opostos: o nosso objectivo é atingir maior longevidade, mas sentindo repulsa pelo inevitável envelhecer. Uma coisa é certa: para o envelhecimento também contribuem os factores externos, ambientais, comportamentais e os estilos de vida. Cada um de nós, criança, jovem ou sénior, tem o dever e a responsabilidade de encontrar o caminho que passa por identificar e eliminar as agressões externas, tóxicas, traumáticas, as incor-recções alimentares, o stress, as drogas, a solidão, o sedentarismo, o isolamento, a privação de auto-estima e a rejeição social.

Bibliografia: CLARA, J. Gorjão: “Saber viver ao entardecer”, 2008, Pfizer LaboratóriosGrupo de Trabalho Envelhecimento Activo: REAPN – Rede Europeia Anti-Pobreza

agressões externas, tóxicas, traumáticas, as incorrecções alimentares, o stress, as drogas, a solidão, o sedentarismo, o isolamento, a privação de auto-estima e a rejeição social.

Num clima cada vez mais competitivo é ne-cessário saber prestar um bom serviço a uma população cada vez mais exigente.

Perspectiva actual do panorama da gestão das IPSS e da SCMPL, da sua necessidade de se adaptar e de saber enfrentar o futuro.

Salomé Alves Directora Técnica Serviço Apoio Domiciliário

“Os princípios das Nações Unidas baseiam-se na necessidade de construir uma sociedade inclusiva, que enfatiza a participação, a auto-realização, a independência, o cuidado e a dignidade para todos. Para transformá-los em acções, temos apelado às políticas que per-mitam aos idosos viverem num ambiente que melhore as suas capacidades, promova a sua independência e lhes proporcione apoio e cuidados adequados à medida que envelhecem”.(Ban Ki Moon, Secretário-Geral das Nações Unidas, mensagem do Dia Internacional das Pessoas Idosas, 1|10|2009)

11Setembro de 2010 Santa Causa

Misericórdia investe nas Tecnologias de Informação

CENTRAL TELEFÓNICADevido à idade avançada da central telefónica exis-tente e à necessidade de expansão com o surgimen-to de novas valências, tornava-se urgente pensar um equipamento que, numa primeira fase, intera-gisse com a central antiga e, numa fase seguinte, a viesse substituir. Este equipamento tem como uma das suas funções ser uma central de comunicações VOIP (Voz sobre IP), que é a voz sobre uma rede informática, interceptando todas as chamadas, quer de linha terrestre quer GSM, e encaminhando-as para a central antiga e para os novos equipamentos VOIP. Outra das suas funções é ela própria ser uma central telefónica que pode ligar com telefones IP ou com softphones, telefones por software de códi-go aberto e, por isso, a custo zero podem ser insta-lados em cada computador da instituição. A IP Brick está também a funcionar como firewall. Todas as comunicações do quarteirão onde está a maioria das valências da SCMPL passam assim pelo filtro deste equipamento, tornando os ataques exte-riores mais difíceis.Outra das funções é o serviço de proxy. É mais um filtro, mas de dentro para fora; basicamente funcio-na como gestor de conteúdos, bloqueando o acesso a sites ou serviços de Internet que possam ser no-civos ou catalisadores de perda de produtividade.Finalmente, o serviço de pré-atendimento de cha-madas, que entrou em funcionamento recentemen-te devido ao fecho parcial do serviço de urgência e também ao número crescente de chamadas que têm como destino as diversas valências. Só para se ter uma ideia do fluxo de chamadas, no dia 23 de Junho, foram cerca de 600 as chamadas efectuadas e recebidas. Isto apenas se torna possível agora com o pré-atendimento em funcionamento, porque com o encaminhamento directo das chamadas sem intervenção humana o processo é mais rápido.

No entanto, todas as funções deste serviço são re-dundantes, ou seja, se a chamada não for atendida no primeiro número passa para outro que, no limite, é o telefonista, que tem a função de tentar solucio-nar o pedido de quem telefona.Ao mesmo tempo que se pensou neste equipamen-to, foram renegociados os contratos com os opera-dores de telecomunicações e, assim, conseguimos em pouco mais de um ano liquidar o investimento.

REDE INFORMÁTICAOs investimentos nas novas tecnologias por par-te da SCMPL têm como prioridades a interacção e compatibilização com o software e hardware já existentes e que se tornem sempre numa mais-valia. Tendo como ponto de partida essa rentabilização e os projectos em curso, tornou-se necessário ligar em rede todas as valências. Com a construção da ULDM D. Elvira Câmara Lo-pes, foi possível integrar no edifício uma zona técni-ca com temperatura e atmosfera controladas e des-locar para aí a base das comunicações. Foram feitas ligações de fibra óptica a 1000Mbps aos edifícios do HAL, Serviços Administrativos Centrais, Infantário de N.ª Sr.ª da Misericórdia e CATL de São Nicolau, Lar de São José e ULDM D. Elvira Câmara Lopes. Ligações por VPN ao Centro de Formação, Farmá-cia e Infantário de São Gonçalo.Com este investimento, conseguimos integrar todas as valências, partilhar informação assim como sof-tware e hardware. Foi adquirido um novo servidor com potência de processamento e armazenamento suficientes para o presente e futuro. Este servidor é completamente redundante, o que significa que, na falha de um dos seus componentes, está sempre ou-tro pronto a substituí-lo. A tecnologia adoptada foi a da virtualização, que permite a troca de informação entre servidores a 10.000Mbps.

CÓPIA E IMPRESSÃODepois da reestruturação da rede informática, já tínhamos meios para implementar outro projecto. O renting da cópia e impressão. Este serviço passa pela utilização por parte da SCMPL de fotocopiado-res e impressoras, sendo que a instituição paga uma renda mensal e o papel, ficando a cargo do fornece-dor os consumíveis, manutenção e peças de todos os equipamentos. Com este serviço garantimos o perfeito funcionamento dos equipamentos e o con-trole de custos. Os equipamentos escolhidos são de alta performance para serem integrados com outro projecto, a gestão documental.

GESTÃO DOCUMENTALEm fase de implementação, é um sistema de re-cepção de documentação, correspondência e work flow. Este projecto foi pensado por diversas razões, entre elas: o crescente número de correspondência; o aumento e crescimento das valências; a necessi-dade de agilizar os processos; baixar os custos com papel/impressão; contribuir para a melhoria do meio ambiente; rápida pesquisa no arquivo.Esta aplicação, que servirá todas as valências, que para isso foram dotadas de scanners e computa-dores/terminais, terá como impacto a redução da utilização de papel entre os 20 a 30% sendo que de-pois de estar em pleno funcionamento poderá até ultrapassar os 40%. Isto traduz logo numa redução nos custos com papel e impressão porque a maioria das comunicações, pareceres, requisições internas e algumas externas passarão a ser feitas on-line na plataforma. O arquivo de papel, que é enorme e começa a ser até um problema, por exemplo, no HAL, será digita-lizado e estará assim disponível para consulta e pes-quisa on-line, o que tornará possível acelerar todos os processos que impliquem recorrer ao arquivo.

Claro que, dada a dimensão da tarefa de digitaliza-ção, demorará alguns meses ou até anos até que o processo esteja concluído. Esta plataforma é também a ideal para uma institui-ção como a SCMPL, em que o Sr. Provedor e todos os Mesários, têm as mais diversas profissões e em locais físicos distintos, o que leva a que, por vezes, um ou outro processo possa demorar mais algum tempo a concluir. Com esta plataforma todos eles podem trabalhar on-line em qualquer momento e em qualquer lugar, validando, dando pareceres, re-cebendo correspondência e saber a evolução de to-dos os processos em que estejam envolvidos. Finalmente a correspondência recebida, será di-gitalizada, catalogada e direccionada, iniciando automaticamente um processo de “work flow”, re-cebendo os utilizadores de forma directa alertas na plataforma ou indirecta nos seus e-mail’s, evitando assim todo o circuito do papel. A correspondência enviada pode ser digital ou em papel, mas ficará sempre um registo da mesma na plataforma para ser consultada rapidamente ou até mesmo à saída dar início ou fazer parte também de um processo de “work flow”, onde todos os documentos envolvidos no mesmo estarão relacionados. Toda a plataforma é escalonada com diferentes níveis de acesso e segurança e apenas as pessoas envolvidas em cada um dos processos podem ter acesso aos mesmos de formas diferentes: uns po-dem alterar, outros apenas consultar. Outra das ca-racterísticas é a ligação com o ERP e os diferentes programas de gestão de utentes da SCMPL, com a descarga directa de documentos ou alertas na plataforma.

O crescimento da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso (SCMPL) tem sido notável, tanto ao nível do surgimento de novas valências como ao nível do crescimento das existentes e, consequentemente, do aumento dos funcionários e colaboradores.

Victor Costa Responsável pelo SIE - Informática da SCMPL

O estudo desenvolvido em 1986 e 2003 pela IEA. (International Association for the Evalu-ation of Educational Achievement), observou crianças de vários países dos quatro aos sete anos, com o objectivo de analisar os efeitos dos contextos pré-escolar no ensino básico, nomeadamente em áreas relevantes para o desempenho e sucesso no ensino formal. As crianças que tiveram Educadores com um maior nível educativo apresentam melhor de-sempenho na linguagem aos sete anos. Será que podemos concluir que uma formação inicial e contínua elevada nos Educadores e Auxiliares de Educação contribui positivamen-te para o desenvolvimento da criança? A qualidade na Educação de Infância exige pa-drões mínimos de qualidade do Ambiente, dos Espaços Educativos e dos Recursos Humanos. Estes últimos são os dinamizadores de todo o processo e, por isso, torna-se importante que

cada contexto pré-escolar e escolar dispo-nha de critérios e mecanismos que permitam avaliar o nível de preparação profissional dos Técnicos de Educação, pois o desempenho cognitivo das crianças depende da qualidade dos Técnicos que as rodeiam. As Valências de Infância, nomeadamente a Di-recção, têm vindo a realizar pequenos gran-des passos para que a qualidade nos espaços, nos materiais e nos recursos humanos sejam uma prioridade nas suas medidas, contribuin-do para o desenvolvimento dos seus jovens utentes.

Ângela RodriguesCoordenadora da Creche e Jardim-de-Infância S. Gonçalo

Bibliografia:Bacey, G., Montie J., Xiang,Z., Schweinhart,L.J (2007). The IEA Pre-primary Study: Findings and Policy Implications.UNESCO (2010). Educación para todos: El Informe de Seguimiento 2010: Llegar a los marginados. Oxford: UNESCO

Este é um dos motivos dos investimentos mais recentes e futuros da SCMPL nas Tecnologias de Informação (TI). Outros motivos prendem-se com a redução de custos, sem perda de eficiência, o aumento de produtividade, o aumento da celeridade dos processos e o colocar a Instituição na vanguarda das novas tecnologias e até mesmo um pouco à frente, pensando nestes investimentos em termos futuros. Um dos investimentos que já se iniciou há algum tempo, mas que apenas há cerca de dois meses se tornou mais “visível” aos utentes, foi a aposta na aquisição de uma apliance IP Brick. Este equipamento tem como base um Servidor com sistema operativo Linux. Torna-se um investimento mais barato por ter um sistema operativo de código aberto, mas eficiente por ser um sistema operativo robusto. Esta apliance tornou-se uma necessidade devido às funcionalidades que agrega. Seguidamente enu-merarei as que a SCMPL está a utilizar.

Cada vez mais percebemos que o acesso das crianças a uma Educação de Infância de qualidade contribui para enfrentarem, mais bem preparados, os desafios do ensino obrigatório, pois “uma atenção de qualidade dispensada às crianças nos primeiros anos da sua vida pode impulsionar o seu sucesso na vida escolar”. (UNESCO, 2010:46)

Qualidade na Educação Pré-Escolar igual ao sucesso no ensino formal?