45

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

  • Upload
    dinhnga

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica
Page 2: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO – FECILCAM

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

AS RELAÇÕES ENTRE O PROFESSOR E A INTERNET COMO INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA SUA PRÁTICA DOCENTE

FÁTIMA APARECIDA GRANDI BOTTEGA

CAMPO MOURÃO2011

Page 3: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

FÁTIMA APARECIDA GRANDI BOTTEGA

AS RELAÇÕES ENTRE O PROFESSOR E A INTERNET COMO INSTRUMENTO DE PESQUISA PARA SUA PRÄTICA DOCENTE

Produção Didático Pedagógico apresentada à Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM) e à Secretaria de Estado de Educação do Paraná (SEED) como exigência do programa de formação continuada intitulado Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) sob a orientação da: Profª Me Aline Pereira Lima.

CAMPO MOURÃO

2011

Page 4: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

SUMÁRIO

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO................................................................................. 4

2. APRESENTAÇÃO.................................................................................................. 5

3. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 7

4. O QUE É CONHECIMENTO CIENTIFICO? …...................................................... 94.1 Conhecimento cientifico: construção e reconstrução.......................................... 12

5. A PESQUISA COMO PROCESSO DE DESCONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO.....................................................................................................155.1 A importância da descoberta e da criação na pesquisa ..................................... 17

5.2 A importância do diálogo na pesquisa …............................................................ 19

6. A PESQUISA COMO PRINCÍPIO CIENTÍFICO E EDUCATIVO ........................ 22

7. O QUESTIONAMENTO DESCONSTRUTIVO E A PRÁTICA PEDAGÓGICA … 28

8. O QUESTIONAMENTO RECONSTRUTIVO E A PRÁTICA PEDAGÓGICA ..… 31

9. O USO DA INTERNET COMO INSTRUMENTO DE PESQUISA NA FORMAÇÃO DOCENTE.................................................................................................................. 33

10. ATIVIDADES …....................................................................................................35

CONSIDERAÇÕES .................................................................................................. 39

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 40

APÊNDICE ................................................................................................................ 42

Page 5: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

1. IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Fátima Aparecida Grandi Bottega

Área do PDE: Pedagogia

Núcleo Regional de Ensino: Campo Mourão-PR

Professor Orientador da IES: Aline Pereira Lima – FECILCAM

IES Vinculada: Universidade Estadual de Maringá – UEM/FECILCAM

Escola de Implementação: Colégio Estadual Professor Darcy José Costa –

Ensino Fundamental e Médio– Campo Mourão-PR

Público Objeto da Intervenção: Professores e Professores Pedagogo

Page 6: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

2. APRESENTAÇÃO

O presente material constitui-se como parte do trabalho de pesquisa e

ação a ser realizada no Programa desenvolvido para a formação continuada de

professores da rede pública do Ensino Fundamental e Médio do Estado do

Paraná. Refere-se à Produção Didático-Pedagógica, aqui apresentada na

forma de Unidade Temática.

Com a pesquisa e ação pensada pretendemos contribuir com a

formação acadêmica do profissional da educação e provocar mudanças quanto

à concepção que tem do ensino e aprendizagem, para dar suporte a análise e

organização do trabalho pedagógico escolar.

A proposta de trabalho que aqui se expressa tem como objetivo

possibilitar o estudo e ações reflexivas sobre a prática pedagógica no interior

da escola de modo a estabelecer uma relação significativa entre práticas de

pesquisa e a internet na prática docente, buscando significar o conhecimento

científico no processo educacional como fio condutor à aprendizagem.

Acreditamos que a internet, enquanto objeto e instrumento de pesquisa,

possibilitará além de sua utilização a intensificação de seu uso.

Esse material, elaborado no segundo período do PDE (Programa de

Desenvolvimento Educacional) em parceria com a Universidade Estadual do

Paraná campus Campo Mourão, na Área de Pedagogia, sob a orientação da

professora Aline Pereira Lima, se constitui como uma das estratégias de ação

do Projeto de Intervenção Pedagógica a ser implementado na escola de

atuação. Organizado por meio de temas que vão possibilitar a formação de

professore/professores pedagogos, o material busca permitir a reflexão e

construção de ações coletivas que contribuam para a implementação do

Projeto Político Pedagógico da Escola, bem como, efetivar a inclusão digital,

colaborando com a melhoria na qualidade de educação ofertada aos alunos da

educação básica.

Para o desenvolvimento do material didático-pedagógico, utilizamos

como referência teórica Pedro Demo, intelectual reconhecido na área de

Metodologia do Conhecimento Científico e que defende a Pesquisa como

Princípio Científico e Educativo, sob o apelo constante da hermenêutica e da

dialética.

- 4 -

Page 7: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

A Metodologia de trabalho proposta na ação a ser desenvolvida através

desse material é o estudo da teoria vinculada à prática desenvolvendo

concomitantemente qualidade formal e qualidade política. Leva-se ainda em

consideração na elaboração metodológica o espaço para interações entre

professor-aluno-conhecimento. Por isso, as discussões do grupo e interações

serão realizadas através de um blog, criado pelo próprio grupo de trabalho a

fim de pelo questionamento fazer surgir novos conhecimentos ocorrendo a

aprendizagem.

Nas páginas que seguem encontram-se textos elaborados que nos

fundamentarão teoricamente e guiarão as discussões junto aos professores

que participarão da ação de formação. Também apresentamos as atividades a

serem desenvolvidas, nossas considerações, referências e por fim o conjunto

de questões que compõe o questionário aplicado aos professores.

.

Fátima Aparecida Grandi Bottega

PDE – 2010/2011

- 5 -

Page 8: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

3. INTRODUÇÃO

O atual contexto sócio-cultural que estamos inseridos coloca a

pesquisa em Educação em um patamar cercado e pressionado por imperativos

de ordem científica, profissional, política, administrativa e econômica. Portanto,

consideramos a pesquisa como elemento fundamental no processo de

profissionalização docente.

Geralmente a pesquisa é colocada como atividade exclusiva da

academia e, nos moldes que se dá, quase impossível de ser adotada por

professores da escola básica. Desta forma, a universidade é caracterizada

como detentora na produção de conhecimentos, e a escola como simples polo

prático, ocorrendo assim, cada vez mais, a hierarquização de conhecimentos e

o distanciamento entre pesquisa na formação e na prática docente. Buscando

contrariar essa lógica e entendendo a pesquisa como elemento crucial na

educação básica e na formação continuada do profissional da educação é que

propomos um projeto de pesquisa e ação, pois vemos a necessidade de se

formar profissionais reflexivos e críticos-investigadores da realidade.

Consideramos ainda como fator relevante da realização desse trabalho

o fato do aspecto formação dos professores nem sempre se fazer presente nas

preocupações dos pesquisadores, que, voltados a seus focos específicos de

estudo, deixam de refletir sobre as relações de suas concepções e resultados

analíticos com as questões formativas dos professores, não se considerando

que o conhecimento que se produz nos estudos institui formas de pensar e

representar, guiando o agir (GATTI, 2007).

Portanto, empreenderemos nossa ação na formação de professores a

fim de estabelecer uma relação significativa entre práticas de pesquisa e a

internet no trabalho docente.

A internet é aqui mencionada, pois configura-se hoje como um recurso

muito utilizado nas pesquisas sejam elas acadêmicas, pessoais ou

profissionais. Na educação escolar, não é diferente, o professor em seu fazer

cotidiano conta com a internet como ferramenta de busca seja para o preparo

de suas aulas, busca de informações, ou como forma de estudo. Por, isso,

articulamos o uso da internet à pesquisa do professor a fim de pensar um fazer

pedagógico integrado as tecnologias. Acreditamos que dessa maneira estamos

estabelecendo outras relações com o mundo e com o conhecimento.

- 6 -

Page 9: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

Levando a questão colocada – o uso da internet como instrumento de

pesquisa pelo professor – para o âmbito de formação que se pretende,

podemos considerar que formar professores pesquisadores até mesmo de

suas próprias práticas é uma ação que aponta caminhos para atividades de

pesquisa, considerada hoje recursos indispensáveis ao trabalho do professor.

- 7 -

Page 10: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

4. O QUE É CONHECIMENTO CIENTÍFICO?

Definir conhecimento científico exige conhecer em primeiro lugar a

postura metodológica de quem define. Adotamos a abordagem da dialética que

trata o conhecimento sob a perspectiva não linear, permitindo expandir ideias e

possibilitando explicar melhor a complexidade dos fenômenos a serem

estudados.

Considerando a realidade intrinsecamente contraditória, a dialética

supõe que todo fenômeno, por ser dinâmico sobretudo de modo complexo e

não linear não se deixa aprisionar totalmente em definições. Sob a perspectiva

dialética o sujeito interfere no fenômeno complexo para torná-lo menos

complexo, debruçando sobre suas dúvidas, questionando no coletivo,

estabelecendo consciência lógica, permitindo penetrar em algo novo para

compreender o complexo e ter condições de realizar novas generalizações. A

dialética concebe o caos da realidade como algo estruturado, possuidor de

uma certa ordem, sendo este fundamental para consistir sua dinâmica. Ela

precisa do caos, do conflito para na e pela reflexão se constituir e produzir

ideias novas, colocar-se em movimento e adquirir poder de transformação.

Para Demo (2000) antes de definir conhecimento científico vale a pena

destacar o que não é conhecimento científico. Assim, aponta primeiramente

que conhecimento científico não é senso comum, pois este, em condições

normais, não é colocado em questão e, por isso, faz parte da aceitação

comum. O senso comum refere-se àquele com o qual organizamos nossa vida

diária, que em termos genéricos seria a bagagem cultural e evolucionária que

trazemos conosco.

Da mesma forma, conhecimento científico não é sabedoria ou bom-

senso, pois estes não possuem espírito crítico e, se assenta na experiência

vivida na convivência social e comunitária, de maneira sábia. Bom-senso traz a

serenidade no olhar e possui grande intuição para encontrar soluções mais

apropriadas, nem sempre brilhante, mas que cabe e resolve. Sua tendência é a

de manter o conservadorismo, pelas próprias experiências vividas e/ou pela

natureza conformista.

Conhecimento científico também não é ideologia, porque esta não trata

da realidade em si, está implícita nos discursos que produz para justificar

posição políticas. Faz parte do conhecimento científico, porque todo o ser

- 8 -

Page 11: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

humano, gesta-se em história concreta, politicamente marcada, sendo

impossível perceber a realidade de modo neutro. Como é componente

intrínseco de todo discurso humano, ideologia sempre está presente, mormente

de modo implícito, escondido, e aí reside o perigo.

Conhecimento científico não é paradigma específico, pelo contrário, se

caracteriza pela disputa dinâmica e interminável que tenta explicar a realidade.

Dessa forma, depois de afirmar o que não é conhecimento científico

Demo (2000) o coloca, do ponto de vista dialético, como produto que se faz

pelo questionamento, alimentado pela dúvida metódica.

Os resultados obtidos pela via do questionamento, permanecem

questionáveis, por simples coerência de origem. Questionar, entretanto, é

articular discurso com consciência lógica e capaz de convencer, formalizando

nesta dinâmica a interconexão da formalização lógica e da prática. Dito de

outra forma, conhecimento científico precisa satisfazer os critérios de

demarcação formais e políticos.

Sobre os critérios formais de demarcação científica temos:

a- Coerência – critério mais propriamente lógico e formal,

significando a ausência de contradição no texto, conseguem desenvolvê-lo

amarrando bem as ideias chegando às conclusões sem dificuldades, tal

procedimento da coerência parece relativamente vazio, mas é de muita

importância pelo exercício que realiza de lógica formal, com habilidade de uso

sistemático de conceitos e de teorias;

b- Sistematização – caminha junto com a coerência, significa o

esforço de dar conta do tema em sua amplitude sem que se esgote, porque

nenhum tema é esgotável;

c- Consistência – o texto tem que ser sólido na ideia que veicula,

com capacidade de resistir a contra-argumentação, ou seja, permita opiniões

contrárias, pois fazer ciência é saber argumentar, não só como técnica de

domínio lógico, mas sobretudo como arte reconstrutiva. Saber argumentar é

saber pesquisar, juntando tudo que está sendo estudado para elaboração

própria, explicando não apenas o como das coisas, mas suas razões, seus

porquês.

Para afirmar algo precisa ter base, primeiro, no conhecimento existente

e considerado válido e só depois, na formulação própria do autor;

- 9 -

Page 12: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

d- Originalidade – refere-se a expectativa de encontrar inovação no

discurso científico, algo novo, no sentido de reconstrutivo, com formulação

própria que será possível pelo esforço de se empenhar em leituras teóricas

conhecendo autores e suas obras, no que discurso apenas reprodutivo, não é

aceito, já que a lógica do conhecimento questionador é desconstruir o que

existe para reconstruí-lo em outro nível.

e- Objetivação – refere-se ao esforço sempre incompleto de tratar a

realidade assim como ela é, não se trata de objetividade, porque impossível,

mas do compromisso metodológico de dar conta da realidade da maneira mais

próxima possível, o que tem instigado o conhecimento a “ser experimental”,

dentro da lógica do experimento. Vale a regra: tudo que fazemos em ciência

deve poder ser refeito por quem dela duvide, daí assegura que não é somente

o que tem base empírica é que tem validade, mas as teorias necessitam ser

referenciadas a realidades que permitem relativo controle do que se diz;

f- Discutibilidade – questionamento com coerência, dentro do

princípio metodológico de que a coerência da crítica está na autocrítica.

Conhecimento científico busca fundamentar-se de todos os modos possíveis,

mas tem consciência crítica de que alcança este objetivo apenas parcialmente

pela tessitura própria do discurso científico. E isso que parece uma falha, no

fundo, sua grande virtude, retira daí sua formidável capacidade de aprender,

inovar-se; as fundamentações precisam ser bem feitas que permitam ser

desmontadas e superadas.

Tais critérios podem ser sistematizados de outras formas, mas sempre

têm em comum o propósito de formalização. Dentro de nossa tradição

científica, cabe em ciência apenas o que admite suficiente formalização, quer

dizer, pode ser analisado em suas partes recorrentes. Entretanto temos

também, ao definir conhecimento científico, que considerar os critérios de

demarcação política, já que o conhecimento científico é um fenômeno político

naturalmente pela sua produção que se dá no processo histórico-cultural por

sujeitos concretos que fazem sua história, e não guiados externamente por

ela. Além disso, sabemos que a relação essencial da ciência não é com a

verdade, mas com as relações de poder, que tendem sempre a acomodar sem

serem percebidas.

- 10 -

Page 13: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

A convergência dos critérios formais com os critérios políticos busca

relações para além dos rigores metodológicos científicos. Por isso, alem da

qualidade formal é exigido do conhecimento científico:

a) Intersubjetividade- referência ao consenso dominante entre os

cientistas, pesquisadores e professores, que acabam avaliando e decidindo o

que é válido ou não;

b) Autoridade por mérito: reconhecimento de quem conquistou posição

respeitada em determinado meio científico;

c) Relevância social: refere-se a temas de interesse comum, a

problemas sociais preocupantes;

ci) Ética: procura responder a pergunta- a quem serve a ciência?

Dedica-se sobretudo a direcionar a potencialidade da ciência para o bem

comum da sociedade.

O conhecimento científico, sob esse prisma, exige o fazer analítico

para desenvolver o raciocínio reversível, ao tomar o todo e aprofundar em

análises. Dessa forma, a capacidade de aprender é desafiada constantemente

diante de fenômenos que surgem no dia a dia e que necessitam ser

explorados.

4.1 O Conhecimento Científico: construção e reconstrução

O conhecimento científico produzido socialmente é conhecimento

sempre passível de reconstrução. Gestá-lo, desde a mais remota antiguidade,

constituiu um processo de descobertas, esforços, e questionamentos.

Assentados no argumento da dúvida e pela dinâmica de investigação surgem

conceitos e definições, resultando em novas ideias que se materializam no

conhecimento a serviço da sociedade de uma época e permanece como

produção científica a serviço das novas gerações.

Dessa forma, o conhecimento científico à disposição permite e exige

para sua perpetuação, renovação e a criação de novas maneiras e arranjos de

articulação para que seja transformado. Ver o conhecimento científico como

constituído e acabado, é dissecá-lo, levando a humanidade a atrasos, pois

exigiria das gerações futuras estar sempre recomeçando, tendo que dispor de

esforços e percursos repetitivos. A característica de continuidade que o

- 11 -

Page 14: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

movimento do conhecimento científico estabelece em sua interação é que

estabelece a multiplicação e perpetuação do saber.

Ao questionar o por quê, para quê, como, e onde determinado

fenômeno se dá, percorre-se caminhos históricos e de relações, pelos quais o

fizeram surgir e através de sua socialização e uso prático se estabeleceu e,

uma vez estabelecido, passa a fazer parte da prática social e põe em

movimento à compreensão de toda uma sociedade. Demo (2000) afirma que

nas "certezas" o conhecimento aquieta-se, porque já não questiona adiante,

enquanto na dúvida vive de questionar.

O conhecimento novo surge ao questionar os desafios propostos e não

pelo que já foi comprovado. Na tentativa de conhecer e questionar a realidade,

produzimos conhecimento pela reconstrução, colocando-o novamente à

disposição para seu uso constituindo um movimento dialético.

A preocupação a qual vive a sociedade atual é justamente a falta de

vitalidade nas ações com o conhecimento, concebendo-o como pronto e

acabado, servindo a modernidade apenas como reprodução. Desprovido de

argumentos

questionadores, da dúvida, o conhecimento não encontra meios para se

desenvolver, fica aprisionado e concebido como privilégios de seus criadores,

ou seja, de uma minoria.

De acordo com Tomanik (1994, p. 74-75)Muito embora a ciência oficial tenha sempre laços muito fortes com os mecanismos de poder e possa até ser um instrumento de controle, isto não significa que ela não possa ser utilizada a favor das classes menos favorecidas, ou que seus conhecimentos interessem apenas aos grupos dominantes. Quebrar o monopólio do saber e tornar a ciência acessível as populações menos favorecidas e o primeiro passo para sua reconstrução e para uma nova utilização da mesma.

Pela dialética questionadora o diálogo com o Conhecimento liberta

para o conhecimento crítico, dinâmico, permitindo surgir novo conhecimento.

Quanto mais o conhecimento é colocado a dialogar entre as pessoas, no

coletivo, com

crítica e autocrítica na reconstrução pela via do questionamento sistemático,

mais vivo, dinâmico se impõe.

O conhecimento pronto, não dispende esforços nem exercita o

pensamento, e em nossa escolas essa relação Professor-conhecimento-aluno,

precisa avançar em seu entendimento dando-lhe tratamento e exigências que

perpassem os mecanismos viso-motor-ausência da reflexão, onde o

- 12 -

Page 15: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

conhecimento não passa pelo cérebro e as ações acabam sendo executadas

por simples treino mecânico, que muitas vezes o aluno nem sabe dizer o que

acabou de copiar.

Na reconstrução do conhecimento os textos produzidos ganham

caráter de produções inéditas e o professor o diferencial nesta relação entre o

conhecimento e o aluno. Em síntese, é pertinente concluir com a análise que

somente o questionável pode ser científico.

Significar o conhecimento científico pela aprendizagem que permita

reconstruir o conhecimento, com base no conhecimento já existente, a é

fundamental praticar a pesquisa distinguindo conhecimento científico de

instrucionismo, que apenas transmite e reproduz, reconstruir o conhecimento

significa, portanto, pesquisar e elaborar, construindo conhecimento.

Reafirmando o conhecimento científico como processo em constante

evolução recordamos as teorias do geocentrismo e do heliocentrismo, que

mostra a transitoriedade e, principalmente, que uma verdade dada como

científica só é científica até que se prove o contrário, pois aceita superação e

que outra verdade venha a ocupar o seu lugar. O conhecimento é, portanto,

provisório. Desse enfoque, não existem verdades absolutas e acabadas e o

conhecimento está sempre superando crenças e realizando novas descobertas

e criação. Podemos afirmar então, que o conhecimento científico é um

processo em permanente desconstrução e reconstrução, para isso, utilizamos

a pesquisa, ou seja, para desconstruir e reconstruir conhecimentos.

- 13 -

Page 16: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

5. A PESQUISA COMO PROCESSO DE DESCONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO

Cerceia a ideia de pesquisa certos ritos especiais, cujo acesso é

reservado a poucos iluminados. Logo, ensino e pesquisa são concebidos

separadamente, onde somente alguns pesquisam, enquanto a maioria dão

aulas, atendem alunos, ensinam.

O pesquisador estuda metodologia, em particular técnicas de pesquisa,

onde ensinam como lidar com os dados em contato com a realidade, tornando-

se competente em sofisticações técnicas, ao mesmo tempo, em que se

constitui num pequeno grupo exclusivo, formando a nata acadêmica. O

professor da educação básica acaba acreditando que apenas ensina e que a

pesquisa é exclusiva de cursos de pós-graduação, mestrado, doutorado. Essa

imagem também acaba sendo parte constitutiva predominante, mesmo

avassaladora, da universidade: a grande maioria dos professores só ensina,

seja porque não domina sofisticações técnicas de pesquisa, mas sobretudo

porque admite a cisão como algo dado.

É preciso reconhecer que a formação sofisticada do pesquisador não é

um mal em si, é sempre necessária, porém, aprisiona a pesquisa. Por outro

lado, libertá-la desse exclusivismo sofisticado não pode levá-la ao exclusivismo

oposto da banalização cotidiana.

Temos também, o oposto disso tudo, que é o pesquisador exclusivo,

que prioriza por excelência a pesquisa considerando o ensino como atividade

menor. Esse procedimento provoca facilmente cisão entre teoria e prática: o

pesquisador descobre, pensa, sistematiza, conhece. Cabe a outro assumir a

intervenção na realidade. Aqui fica evidente a dificuldade de assumir o domínio,

pelas condições de não participar, apenas transmitir. E lembramos o que afirma

demo ( 2006, p.14): “quem ensina carece pesquisar, quem pesquisa carece

ensinar. Professor que apenas ensina jamais o foi. Pesquisador que só

pesquisa é elitista explorador, privilegiado e acomodado”.

É preciso desmitificar a pesquisa como dicotomizada do ensino, é

preciso reconhecê-la como prática presente na prática de socialização do

conhecimento. E professor, é aquele que tendo conquistado espaço acadêmico

próprio com capacidade de criação científica própria, tem condição e bagagem

para transmitir via ensino.

- 14 -

Page 17: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

A pesquisa evidenciada aqui, é a pesquisa pela busca do

conhecimento concomitantemente com atitude política, num todo dialético.

Assim, pode contar com a sofisticação técnica, com a formação acadêmica,

mas sem que se dissocie o ensino da prática de pesquisa.

Pesquisa não é ato isolado, mas se constitui em atitude processual de

investigação diante do desconhecido e dos limites que a natureza e a

sociedade nos impõem. Há sempre o que conhecer e conhecer faz parte do

conceito de vida criativa. Para criar, em especial para se emancipar, é mister

informação competente. Assim, é processo que deve aparecer em todo trajeto

educativo, fundamentando qualquer proposta emancipatória. Se educar é

sobretudo motivar a criatividade do próprio educando, para que surja o novo

mestre, então a atitude de pesquisa é parte intrínseca e leva a superar-se.

Desmitificar a pesquisa há de significar, então, a superação de

condições atuais da reprodução sob um processo que coloca a relação do

saber em condições de domesticado: ouvir, copiar, fazer provas (colar). O que

suscita nesta aclamação é uma superação deste quadro de domesticação para

um novo professor que atue na construção de sua emancipação

cotidianamente, pois a emancipação é o projeto próprio de ser sujeito na

história.

A pesquisa é fenômeno de busca do conhecimento o que se dá por

aproximações contínuas e nunca esgotadas, dado que não é uma situação

definitiva, onde não há mais o que descobrir. Criar não é retirar do nada,

envolve desconstrução, mas é essencialmente reconstrução.

O processo de desconstrução e re construção, aqui denominado

pesquisa, não se dá de uma única forma, ou seja, existem diferentes tipos de

pesquisa. Dentre muitas Demo (2000) destaca quarto, tipos distintos de

pesquisa:

a) pesquisa teórica - reconstruir teorias, conceitos, idéias, estudando

fundamentos teóricos para obter condições mais adequadas em contrapôr,

mediante a alguma situação, adquirindo segurança em inferir criticamente

conceitos e suas práticas, num processo de desconstruir teorias para

reconstruí-las em outros momento.

b) pesquisa metodológica - preocupação em instituir um método a ser

utilizado, inferindo-lhe caráter científico, que lhe confere poder de decisão e

- 15 -

Page 18: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

argumentação na construção do conhecimento ou servindo apenas para sua

reprodução.

c) pesquisa empírica - através dessa metodologia é possível estudar

determinado fenômeno da realidade resultando numa produção quase sempre

mensurável, sobressaindo o método quantitativo, possibilitando realizar leituras

e análises que podem ir muito além de seus resultados. Em análises de

gráficos estatísticos, onde os dados analisados são compilados a compreensão

do aprendizado e das interpretações, mantendo significativa importância

metodológica.

d) pesquisa prática - é aquela que é realizada pela práxis, ou seja, à

prática histórica em seu processo de construção, pelo próprio movimento da

sociedade em que se vive, nesta dinâmica, reconstrói o conhecimento a serviço

de certa ideologia, sempre mantendo o rigor metodológico. No entanto é

preciso tomar cuidado com alguns métodos dito qualitativos, os de pesquisa

participante, até certo ponto, e a pesquisa-ação, como regra, pedem apenas

que o pesquisador devolva os dados à comunidade estudada com algumas

intervenções, não necessitando sua participação.

Resulta desta compreensão sobre a pesquisa que nenhum tipo é auto-

suficiente, mas que todas as pesquisas tem em comum a fundamentação

teórica/a metodologia/ a ideologia. Afirmando mais uma vez, que não há teoria

sem a prática, uma necessita da outra para se constituir pesquisa científica.

5.1 A importância da descoberta e da criação na pesquisa

Em metodologia científica, descobrir e criar não são a mesma coisa. Na

descoberta cria-se conhecimento novo, não realidade nova. Exemplo: descobrir

a gramática de uma língua, é uso do potencial criativo na linha do

conhecimento sistematizado não na linha da intervenção histórica na realidade.

Quando se fala de criar, há várias propostas de ciência, desde os

extremos hegelianos e similares que priorizam as condições subjetivas

(descontentamentos), até o equilíbrio da dialética histórico-estrutural. A

verdade é que nunca se cria do nada, porque a história tem sempre

antecedentes e consequentes, mas na fase nova pode predominar o novo, ao

que se dá o nome de revolução. Caracteriza dinâmica criativa pelo movimento

- 16 -

Page 19: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

que mostra a realidade histórica de sustentar regularidade condicionada ainda

que não- determinada, não é criada ao léu.

No processo histórico tem-se a condição de condicionamento por

estruturas dadas, naturais e sociais, que não podemos jamais ignorá-las, mas

temos também o condicionamento que é possível pela intervenção humana,

que não precisa submeter-se passivamente às circunstâncias dadas ou

encontradas.

A ciência soube separar muito bem objeto do sujeito e assim, nada

deveria ser colocado no objeto, que adviesse do sujeito como intervenção

política. Modelo copiado das ciências naturais, onde a ideologia tem a

liberdade de aparecer apenas no sujeito. Há então a necessidade de adentrar

na ciência através de metodologias científicas, trazer a realidade que nos é

dado, para a teoria, e desvendar a estrutura via análise.

É preciso esforço para compreender a concepção de realidade, e

utilizar método eficaz, pois fazer distinção entre ciência pura e aplicada, entre

teoria e prática, depende exclusivamente de método.

Partindo deste ponto ao qual chegamos é possível compreender a

distinção entre saber e mudar. Somente saber, estudar, analisar, não intervir,

mudar, questionar, não alcança a ciência, ficando o apelo à neutralidade

científica pela fuga de não ter que enfrentar a questão ideológica. Embora

sintam a presença de ideologia, não há esforço, talvez por desconhecer seu

poder e que clama por travar uma perseguição, encontrá-la, mas não se supera

essa questão, apenas se ignora.

De um lado, temos que assumir que as ciências sociais, não são

apenas questão de conhecimento, mas igualmente questão histórico-social.

Ciência não se faz isoladamente, e sem ter o objeto a captar, é componente da

própria sociedade em que se faz. E, quem a faz é sujeito e, portanto político

sempre, não é desencarnado da pesquisa, mesmo que mascare assumindo

postura neutra. Em síntese a ciência tem sempre a marca do seu construtor,

não há neutralidade, toda ação nas relações conduz para reprodução ou para a

transformação.

De outro lado, aponta-se para a característica de uma realidade

histórica dinâmica e complexa, impossível alcançar o todo. A ciência recorta a

realidade, avança por meio de estratégia por aproximações do que é relevante

o que determina ato construtivo, pelas condições de sempre interpretar e

- 17 -

Page 20: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

intervir. Esta discussão evidencia o quanto a pesquisa é fundamental para

descobrir e criar.

Pesquisa se define aqui, sobretudo pela capacidade de

questionamento para descobrir conhecimento novo e novas relações de criar e

fazer surgir alternativas. Não admite resultados definitivos, estabelecendo

processo metódico como fonte da renovação científica. Define-se assim a

figura do pesquisador para o domínio da realidade que para a ordem vigente

tem permissão para adquirir competência técnica e domínio das tecnologias

seja quais forem desde que não seja crítico, em termos políticos. Então ser

competente em termos formais, mas alienado politicamente. Essa brecha tem

que ser mais bem aproveitada e colocar o saber a serviço de melhores

condições de vida a todos.

Fica claro que o que tem ocorrido nas instituições de ensino em relação

a aprendizagem dos alunos, que a cada dia se mostram mais desmotivados e

chegam a dizer, para que estudar isso? Eu não vou usar nunca e etc. É que a

ciência está encerrada na ação e estudos de descoberta, aprisionando a

criatividade ficando apenas para o nível do conhecimento, que sem o

questionamento não se faz ciência e esta fica à mercê da ideologia que vai

contaminando a ciência sob a capa da neutralidade metódica, servindo apenas

para atender e manter a ideologia dominante.

Por isso, a lógica que mais nos interessa não é a “lógica da

descoberta”, mas a lógica da criação, da alternativa, da transformação, da

esperança infinita.

5.2 A importância do diálogo na pesquisa

Diálogo é fala contrária que na relação se encontra e se defronta. O

diálogo maduro e inteligente supera o simples escutar e seguir o que lhes

determinam, compreende o ponto de vista do outro e com ele pode se compor

ou se defrontar.

Este exercício coloca a hermenêutica a funcionar, pela necessidade

que se depara em aferir interpretação, caso contrario seria apenas reprodução

É de tal modo comunicação dialética que traz em si a característica do mistério,

- 18 -

Page 21: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

lidamos sempre com as incertezas, com a dúvida se o que comunicamos foi

compreendido.

E, também, a comunicação com característica de ardil, porque é

sempre mais fácil confundir, desentender, enganar. A comunicação traz em si

antagonismos intrínsecos em seu processo que, ao mesmo tempo pode gerar e

abafar a crítica, favorecer e suprimir o questionamento, motivar e desmotivar o

encontro. Essa marca histórico-cultural da comunicação é reflexa da própria

realidade social, que é impregnada com a característica do mistério e do ardil.

Como diálogo, é necessária comunicação e a socialização do saber faz

parte integrante da sua produção, sem falar na ligação estrutural e histórica

entre teoria e prática. Assim, pesquisar para produzir conhecimento do outro

para si, e de si para o outro, dentro de contexto comunicativo faz do diálogo ser

pesquisa. Quem pesquisa tem o que comunicar. Quem não pesquisa acaba

sempre repetindo o que leu, o que aprendeu com os outros, apenas

reproduzindo ou escutando sem opinar.

Um dos pontos fundamentais desta discussão, é a visão da pesquisa

no contexto dos interesses sociais, onde o confronto histórico-cultural de

interesses se faz pela comunicação e pelo diálogo, não para viver em harmonia

funcional, mas por sobrevivência e convivência suportável.

Isto se faz pela simples dialética do conflito, onde é de fundamental

importância a pesquisa, no sentido de desenvolver conhecimento estratégico

para se colocar em defesa dos interesses de suas classes. Para ultrapassar a

insegurança social diante de interesses, é preciso saber, conhecer, informar-

se, tanto para manter posições, quanto para conquistar outras.

Não basta ler para estar bem informado, é preciso se munir da

pesquisa que vá em busca da raiz política da realidade histórico-estrutural. A

informação garante poder, mas para se chegar a raiz do problema, só mesmo

pela pesquisa. Exemplo disso é quando a pesquisa está a serviço do poder,

toma dimensões incômodas, pois pode informar para desinformar, inventar

“dados” para denegrir e inclusive conhecer para matar.

Outro exemplo é a pesquisa tecnológica como estratégia de

acumulação de capital, superando até mesmo a mais-valia. Investem-se,

fortunas, mas não está a serviço do conhecimento cientifico, serve aos

interesses dominantes.

- 19 -

Page 22: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

Nesse sentido ciência é também fenômeno social, não só

epistemológico, pois são marcados por interesses sociais. O conhecimento não

é transformador em si, mas conquista política sempre.

A peculiaridade que estamos refletindo sobre o conhecimento é que

dependendo do processo em que o colocamos, pode dirigir-se à

transformação, como pode ser estratégia para não transformar. Valorizar a

pesquisa é em primeiro lugar, questioná-la para que na aproximação com o

conhecimento o sujeito possa apropriá-lo de maneira significativa. Cabe afirmar

que, como princípio científico a pesquisa instrumenta qualquer interesse

político, mesmo quando se mascara de neutra.

Assim, podemos valorizar a vontade pesquisa como diálogo, sempre

com a esperança social de através dela, se possa motivar o surgimento de

alternativas sociais mais aceitáveis, à medida que compreendamos sua força e

poder na construção do processo histórico-cultural.

Pesquisa como diálogo é processo cotidiano, integrante do ritma da

vida, produto e motivo de interesses sociais em confronto, base da

aprendizagem que não se restrinja a mera reprodução; na acepção mais

simples, pode significar conhecer, saber, informar-se para sobreviver, para

enfrentar a vida de modo consciente.

O que o educador precisa ter claro é que ser sujeito histórico social

competente, deve ter competência formal (domínio científico-tecnológico) e

competência política (construção da cidadania), onde dialogar crítica e

produtivamente com a sociedade e com a realidade é a própria demonstração

da competência e da cidadania. Através da pesquisa a aprendizagem assume

característica de ato criativo, pelo questionamento, diálogo e conflitos

desfazendo a imitação, a reprodução apenas.

- 20 -

Page 23: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

6. A PESQUISA COMO PRINCIPIO CIENTÍFICO E EDUCATIVO

A concepção estereotipada do que é ensinar, ao lado do que é

aprender, pode trazer contribuições e respostas a muitos questionamentos

sobre o fracasso escolar ao qual temos presenciado. A pesquisa como

princípio científico e educativo, ao contrário, pode nos ajudar a visualizar

diferentes propostas de ensino e aprendizagem.

Há de se considerar, antes de adentrarmos a discussão sobre pesquisa

propriamente dita que professor que só ensina nunca o foi. Quando

empenhado só ao ensino, passa uma visão empobrecida do ministrador de

aulas, acentuando cada vez mais a indisciplina e recusa pelos alunos em

realizar as atividades, principalmente alunos do ensino médio noturno, além da

falta de qualidade, compromisso e organização. Desta forma, o professor está

e exercendo a função de “instrutor”.

Essas marcas expressam a impropriedade flagrante da função de

professor, que está mais para repassador do conhecimento, ensinando pelo

que traz na bagagem, imitando o que aprendeu de outrem. Isso tudo, muitas

vezes, aprendeu na universidade, faculdade em que fez a formação, que

reserva a pesquisa somente para conclusão de curso e cursos de pós-

graduação, e com metodologia que não consegue mostrar intelecção

satisfatória dos textos que se está lendo e repassando. Tem concepção de

ciência., como algo que não faz parte do seu mundo profissional e cotidiano.

Devendo ser revista esta noção deve-se primar pelo processo de

constantes estudos, que hoje tem nos recursos tecnológicos oportunidades

reais de realização. Ser Professor então é ser em primeiro lugar pesquisador, a

seguir socializar conhecimentos e por fim, partir de proposta de emancipação

que a concebe e realiza em si mesmo, tornando-se capaz de motivar o novo

pesquisador no aluno. Assumir atitude de cotidianização da pesquisa é atitude

fundamental de participação construtiva, com capacidade de elaboração

pessoal.

Esta postura permite afirmar que somente tem algo a ensinar quem

pesquisa. Os alunos precisam de professores que tem o que dizer a partir da

elaboração própria. O que coloca um chamamento para um professor

competente de educação a permissão de aceitar o desafio de dar aula do que

se acha mais competente, refletindo sobre sua prática, recolhendo materiais

- 21 -

Page 24: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

sobre o assunto, trazendo aos alunos um discurso competente e síntese

própria, pela crítica dos autores.

Simplificando, pode-se dizer que, no plano da teoria, é mister exigir

capacidade própria de elaboração, e, no plano da prática, capacidade de

recriar teoria e de unir saber e mudar.

Importante também é a necessidade de atualização constante sobre a

pesquisa como questionamento cotidiano, para evitar dizer sempre a mesma

coisa, senão o professor se torna professor-papagaio, que de tanto dizer as

mesmas coisas já nem sabe mais o que diz.

Mesmo para o ensino noturno, que são trabalhadores, não deixar

acomodadas as exigências às condições concretas, pois sem pesquisa não há

ensino. Para estes alunos é fundamental a noção cotidianizada de pesquisa,

pois permite dispor de espaço para formação do diálogo crítico com a

realidade, do questionamento processual com atitude científica básica, da

insistência de ser produtor. Sem a pesquisa o ensino fica vulnerável e quem dá

conta de explicar ciência é a reprodução imitativa.

Essa relação de pesquisa e ensino é recíproca. Pesquisa é a razão do

ensino, ensino é a razão da pesquisa. Transmitir conhecimento e fazer

pesquisa tem que fazer parte do mesmo ato, seja para dar aulas, seja como

socialização do saber, seja como divulgação socialmente relevante.

O ideal seria que o professor velasse por exigências tais como: exigir

pesquisa, possuir domínio teórico, ter habilidades de manuseio de dados

empíricos, possuir versatilidade metodológica construindo versão própria,

possuir experiência prática e situar como sujeito social, ter capacidade de

descobrir relações dadas na realidade e criar espaços alternativos, estabelecer

atitude de diálogo com a realidade fortalecendo processos emancipatórios,

precisa ser também construtor de conhecimento novo e agente de mudança na

sociedade.

Diante do processo existente e da prática de ensino ficar no ensinar

destituído da pesquisa temos alunos em sua grande maioria acostumados à

decoreba, à prova e à cola. De tanto escutar, copiar, reproduzir e fazer prova,

assume posição de domesticado, passivo diante do instrutor.

É preciso fazer a crítica e autocrítica do papel do professor quanto

como está sendo a aula, porque se for para transmitir conhecimento alheio, já

- 22 -

Page 25: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

não é o instrumento mais produtivo, há muito tempo, pelo menos desde a

invenção dos modernos meios de comunicação.

Quando o ensino fica reduzido à aula, a aprendizagem fica reduzida ao

escutar passivamente. É preciso trazer à aula a motivação da pesquisa, torná-

la espaço de discussão, em busca de novas alternativas, para se tratar

qualquer tema, com possibilidades de cada um apresentar a sua maneira

própria de compreender a questão, e chegar à elaboração própria.

Muitas vezes a pesquisa é confundida com seminário, que coloca

discussão coletiva em questão, é uma tentativa e já é bem melhor do que a

monotonia das aulas discursivas e repetitivas. Mas é preciso realmente

elaborar ciência. Se isso não acontecer, a ideia de pesquisa ficará apenas no

papel, mas não efetivada.

É preciso delinear caminhos para motivarmos o pesquisador, pelo

menos a nível teórico e assim condições didáticas, tais como: a de colocar o

aluno em contato pessoal com as teorias levando-o a interpretação própria,

manusear livros e navegar na internet para aproximar de produções cientificas,

estruturar trabalhos científicos seguindo os ritos formais, destacar metodologia

para que para que o aluno formule posição própria e a partir disso, cobrança de

elaboração própria que aos poucos, se torna capacidade de criar.

No fundo o que se quer é instrumentar o professor para mudar a

relação do aluno diante deste quadro que apenas escuta e investir em tal

competência de que o aluno tem que produzir.

Muitas vezes a elaboração pelo aluno aparece, mas como desafio de

fazer em casa algumas leituras que exige reflexão, isso tudo é importante, mas

a pesquisa aí não se assume, implicando em permanecer no senso comum e

continua aparecendo conjunturalmente, a pesquisa deveria ser a própria

estrutura curricular. O aluno precisa elaborar por mãos próprias, o aluno leva

para a vida não o que decora, mas o que cria por si mesmo. Assusta ver a

pesquisa tomando conta do espaço escolar, pela inépcia do professor, então,

de inicio tem que ser exercício de construção coletiva e aos poucos tanto

professor como aluno passarão de sínteses reprodutivas para produção

própria. Se apostar no tempo, jamais a pesquisa terá força no processo de

ensino e aprendizagem, mas se acreditar que através da pesquisa o ensino

poderá mudar o saber, com o professor motivador, alguém a serviço da

emancipação do aluno.

- 23 -

Page 26: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

É preciso instrumentação teórica e prática para colocar o aluno em

processo de aprendizagem que se efetive.

Em ciências sociais, parece-nos claro que a prática deve ser

estritamente curricular, não somente a teoria. O que vemos em cursos de

formação é um distanciamento entre teoria e prática, tornando desqualificadas

as ciências sociais ridículos que permite acontecer, é a teoria sem prática ou a

teoria como prática.

O que se espera das ciências sociais é que se fazem para a

construção de sociedades pelo menos mais toleráveis, na academia,

universidade a questão é outra, pois se encerram em estudar, analisar,

sistematizar e discursar.

Prática, como teoria, é um todo só, e está na teoria, antes e depois. Em

termos de qualidade formal (conhecimento) e política (cidadania), uma não

pode ser isolada da outra, esvazia-se.

As questões do conhecimento, são tão complexas e de difícil

entendimento justamente para nos tornar únicos, não há explicação melhor e

mais natural quando você se explica, age, faz. Não se estuda só para saber;

estuda-se também para atuar. E o curioso é, como somos de qualquer maneira

atores sociais – no ambiente político abster-se também é atuar – a prática pode

ser camuflada, escondida, mais jamais suprimida.

Podemos afirmar que mais fundamental que a aplicabilidade científica

é a conjugação necessária entre teoria e prática, que aparece com força no

reconhecimento de que fazer ciências sociais é prática histórica socialmente

marcada.

O que está faltando é assumi-la conscientemente.

Parece claro que a aula vai perdendo importância a medida que a

pesquisa vai tomando lugar. Surge o novo mestre, já é possível que o aprender

aconteça por elaboração própria, não por imitação. Seria um processo de

construção da cidadania.

Alcançaríamos dois resultados relevantes: redefinimos o papel do

professor como orientador, com propósitos claros e indica o caminho da

biblioteca, da internet ou parceiro crítico, consciência vigilante: redefinimos o

papel do aluno, motivando a capacidade de escolha e produção própria de

temas.

- 24 -

Page 27: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

Embora a pesquisa seja conquista lenta e progressiva é de suma

importância, introduzi-la desde o início das atividades escolares. É normal que

os alunos se sintam perdidos, diante do desafio de liberdade acadêmica e pelo

comportamento de acomodação que durante anos e anos, o moldou. Este

processo é bem declarado uma construção com o professor orientando leituras,

podendo neste primeiro momento demarcar quantas páginas precisa ler, e

outros. Mas o que a organização curricular quer mesmo é aprender a aprender,

elaboração própria, deixando para traz o imitar, copiar, reproduzir. Estarmos

convictos de que a verdadeira aprendizagem é aquela construída com esforço

próprio através de elaboração pessoal. Para tanto, o caminho é a biblioteca, a

internet, onde é preciso munir-se de leitura farta.

O professor é aquele que assume postura de pesquisador e orientador,

motivando no aluno o surgimento do novo mestre. A postura de mero ensino e

de mera aprendizagem é mais cômoda, menos problemática, evita o confronto

produtivo entre professor – aluno – conhecimento, mas contribui para

predominar o que temos presenciado nas escolas, falta de interesse e até

mesmo sem uma definição pessoal sobre o que fazem na escola.

É preciso compreender o que está acontecendo no processo de ensino

e aprendizagem e se envolver, envolver outras pessoas para torná-lo pelo

menos mais significativo. O processo de ensino e aprendizagem pela relação

de pesquisa científica e educativa avança e dá significado, pelo simples lastro

da emancipação que mesmo implícito, pela pesquisa, é possível senti-la.

A pesquisa levada a sério não permite desafio de leituras pela metade,

cópia fiel de autores, número prévio de páginas, mera reprodução de dados.

Prevalece a liberdade e a autonomia. É o aluno que deve saber descobrir o que

ler quanto ler como ler, para formar o seu próprio juízo. Sobretudo, deve saber

justificar quando e por que julga “ter dado conta do tema”.

A nossa realidade nos mostra quão difícil atingir esse nível de

compreensão e direcionamento ao conhecimento, o estudante conclui o curso,

a série, o ano, sem saber dar conta de um tema, não consegue escrever com

clareza e sistematização, o que revela que o professor também nunca saiu da

condição de aluno, também não sabe como fazer e, sendo um professor que

apenas ensina não contribui com a formação técnica e cidadã dos alunos.

É um desafio propor a pesquisa como princípio científico e educativo

ao professor, pelo distanciamento que o termo em si cientista ou pesquisador

- 25 -

Page 28: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

da própria concepção que o professor tem de ser professor, de tão acostumado

que está em dar aulas.

Ao significar o trabalho do professor com a pesquisa, é também uma

tentativa de buscar e primar pela sua valorização. O próprio professor

inconscientemente e numa busca incansável se debate a procura de validar os

conhecimentos cientificamente e não tem medido esforço para que isso

aconteça, mas falta-lhe algo, que justamente por não mostrarem a ele, ficou a

falta e é esta que realizaria via ensino à ciência que significaria o seu trabalho.

Da maneira que vem desenvolvendo seu trabalho, tem se desgastado

muito e os resultados tem se mostrado cada vez piores, sem contar com o

desinteresse do aluno. Outra coisa é que parece que nunca saiu da condição

de aluno, estuda sempre e muito, mas na solidão de sua literatura. Gasta horas

preciosas em elaborar cópias de produções prontas, e como imitação do seu

professor, as reproduz aos alunos.

Falta-lhe assumir uma atitude de pesquisa, junto com ela uma nova

postura, como assumir uma postura de questionário criativo, desafio de

inventar soluções próprias, descoberta e criação de relacionamentos

alternativos, sobretudo motivação emancipatória a partir de um sujeito que se

recusa ser tratado como objeto. Se assumir como sujeito histórico que é. Nós

somos seres sociais, o pesquisador, o cientista, é em sua essência ser social

que ao nascer, com seu primeiro choro, indica que é possível interpretar que

nasce como expressão de um ser que reage, indicando a busca do caminho

emancipatório , que é sempre no mesmo todo, educação e pesquisa. Pesquisa

faz parte da noção de vida criativa em qualquer tempo e em qualquer lugar, tal

qual o processo educacional que nunca termina. O espaço para aprender a

aprender cabe no percurso da vida de cada um de nós.

- 26 -

Page 29: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

7. O QUESTIONAMENTO DESCONSTRUTIVO E A PRÁTICA PEDAGÓGICA

Compreendendo o conhecimento como dinâmico, promover confronto

aberto, formal e político ao mesmo tempo exige método que possibilite captar a

realidade para compreendê-la e realizar transformações substanciais, dirigindo

as descobertas científicas em favor da civilização humana.

O simples questionamento, acessível a toda didática, é a oportunidade

com a qual se depara professor e aluno para a desconstrução, um dos

momentos fundamentais na produção do conhecimento científico. Exige do

professor bom domínio teórico e liberdade de expressão e curiosidade do aluno

para acontecer. Uma vez em processo há de significar pôr em dúvida, modificar

as coisas como se apresentam, ver defeito, ver problemas, provocar a

participação e testar ideias. É surpreendente a força que essa dinâmica tem em

aproximar o conhecimento de cada um, mesmo aos que permanecem calados.

A dialética é a força que temos para colocar o conhecimento em movimento e

produzir a aprendizagem, de maneira significativa.

O diálogo, também fundamental, fortalece o ambiente escolar

devolvendo o interesse em querer aprender. Tudo isso se assemelha a uma

fábrica em produção, pelo barulho que invade e permeia os sujeitos nesse

envolvimento, mas há os que julgam essa situação como “matar o tempo”,

“despreparo do professor”, mas para a ciência é a alma. A relação do aprendiz

diante do objeto a aprender, exige diálogo interno, diálogo coletivo, exige

participação por inteiro. Com certeza não é apenas ouvindo o discurso do

professor que a aprendizagem se efetiva. Conhecer é algo que se dá quando

se experimenta, testa, esgota dúvidas, participa ativamente.

Ao dar ao conhecimento tratamento científico, impera a ciência, e não

se faz ciência com pedagogia do elogio nem subestimando a capacidade do

outro de aprender. O professor tem que investir de domínio formal e político,

pois aí a ciência fecundará. Tem que fugir dos conceitos de “crítica positiva”

para sustentar a auto-estima do aluno, senão ele não aprende, precisa ter

sensibilidade humana sempre, mas sem perder de vista a instrumentação

científica.

Vemos que não só o conhecimento, mas o professor também tem que

sair do seu próprio eixo, experimentar zonas de desconforto, porque as coisas

- 27 -

Page 30: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

não são como se mostram e aferir crítica necessária que seja capaz de levar a

mudanças, talvez não aconteça, porque incomoda, leva ao desconforto.

A resistência diante de algo novo é fato certo a enfrentar, ainda mais

que o novo exige domínio e se adquire pelo movimento que impulsiona ao

aprender. Temos hoje os recursos tecnológicos, que não só estão postos na

sociedade, mas faz parte da realidade concreta do aluno. É preciso dominá-la

para instrumentalizar o aluno ao seu uso da forma mais científica possível.

Este simples jogo já mostra a dinâmica que a ciência precisa para

continuar viva, senão enferrujam os paradigmas, levando-os à estagnação,

pois como já afirmamos a dinâmica da ciência prove a dúvida sistemática, não

das certezas.

A complexidade da desconstrução é assegurar a discutibilidade da

ciência que exige rigor científico, argumentação competente, conhecimento

aprofundado do assunto. Não vale o achismo, mesmo aos alunos é preferível

sempre estar preparados com leituras prévias sobre o assunto a ser

trabalhado, do que descobrirem momentaneamente. Se a pretensão é torná-lo

pesquisador, os primeiros passos levam consigo todas as marcas possíveis de

ciência. Precisamos encarar processo novo, partindo de nós mesmos. Se

aceitarmos qualquer coisa, o lugar da ciência jamais será garantido e, tudo

ocupará esse lugar como vem acontecendo, menos a ciência.

O debate tem sua dimensão de processo de aprendizagem,

principalmente para abrir perspectivas, não para chegar a resultados

definitivos, isto é parte da reconstrução do conhecimento.

Constituindo espaço em que o conhecimento pode e deve ser

questionado, situação exige regras claras de participação e, mais uma vez

salientar instrumentação do professor bem preparado, o que não é difícil,

porque subentende ter domínio necessário dos conceitos de sua área

disciplinar, dirigindo a discussão para o conteúdo científico e jamais para algo

que contamine o lado pessoal. Não confundir questionamento com “ofensa”. A

humildade nestas relações é munição que não pode faltar, pois todo o diálogo

não se esgota nunca e pode ser solicitado à nova pesquisa em processo e

colocado a discussão novamente em outro momento.

Ter claro que contra argumentar, não é ir contra a “pessoa”, mas contra

o tipo de argumentação. Entende-se que esses momentos são movidos pela

exaltação dos ânimos, porque faz parte da retórica e do ambiente perpassado

- 28 -

Page 31: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

de poder, mas assegurar a argumentação serena é a arma mais eficaz para

efetivar este processo.

Temos assim um novo caminho a percorrer, com expectativas de

realizar ensino e aprendizagem que brinde o conhecimento científico ao aluno

avançando para sua formação intelectual e humana. Podemos afirmar que pela

desconstrução deixaremos muito do senso comum e de outros saberes

ingênuos, assumindo um novo olhar e aprendendo processos mais controlados

de fazer ciência.

A ciência emergiu pela recusa em aceitar o institucionalizado, como foi

o caso da virada copernicana: por mais que os sentidos afirmem que o sol gira

em torno da terra, a ciência prova que é o contrário. Não aceita outros saberes,

como religião, mitos, senso comum, e mesmo sabedoria. Mesmo assim, não se

pretende acabar com o saber institucionalizado, inventando outro, mesmo que

se chame ciência. Sendo assim, o que caracteriza a educação científica é o

saber duvidar de tudo, duvida até da própria ciência, aplicando a si mesma o

questionamento desconstrutivo. O questionamento precisa, sobretudo, saber

questionar a si mesmo e manter-se questionável.

Nessa perspectiva, acreditamos e defendemos o questionamento

desconstrutivo como fundamental no processo da politicidade emancipatória,

porque abre para o conhecimento crítico, desfazendo a pobreza política

criticamente. Advém a necessidade de participação coletiva, de organização

social.

- 29 -

Page 32: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

8. O QUESTIONAMENTO RECONSTRUTIVO E A PRÁTICA PEDAGÓGICA

A reconstrução do conhecimento pode ser considerara sequencial ao

processo de desconstrução.

Pelo questionamento reconstrutivo o conhecimento é socializado

através de uma atividade que ascende da prática problematizada, de modo a

atingir ta sistematização, compreensão e representação. Nesse contexto,

conhecimento não é repassado, reproduzido, até porque a mente humana é

incapaz de realizar tal atividade, mas reconstruir de modo sempre contextual.

No que afirma Demo (2006), conhecimento sempre implica interpretação e que

interpretação supõe o ponto de vista do sujeito culturalmente contextuado.

Precisamos aprender a captar da realidade existente, o que realmente

ela quer mostrar porque somos sujeitos que agimos sobre ela e cada um a

percebe sob sua perspectiva. O conteúdo a ser lido, interpretado é parte de

cada um de nós. Se permanecermos na condição de apenas reproduzir jamais

conseguiremos transformá-la e nos transformar.

Contrariando esse lógica, a importância que se dá ao ensino é muito

mais de “transmissão” e “aquisição” do conhecimento. O momento da aula ao

invés de favorecer a aprendizagem reconstrutiva política, segue pela

transmissão dos conteúdos dificultando efetivar a aprendizagem.

Entretanto, postulamos que o papel fundamental do professor não é

dar aula, mas fazer o aluno aprender. É preciso que o professor aprenda a

aprender de maneira reconstrutiva política, para saber fazer o aluno a

aprender.

Enquanto a relação professor/aluno/conhecimento for de professor que

dá aula e de aluno que assiste às aulas, a aprendizagem reconstrutiva não

encontra espaço para fecundar o aprender. É preciso instituir na aula,

movimento em que todos atuem como sujeito capaz de história própria, pois

conhecimento só é conhecimento quando formulado pessoalmente, elaborado

com criatividade, interpretado com autonomia. Caso contrário, tende a ser

ignorância.

Sendo assim, a característica da reconstrução do questionamento

científico é o que o aproxima mais da educação, em exigir para sua

cientificidade a combinação da qualidade formal com qualidade política. Diante

- 30 -

Page 33: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

disso reconhecemos a importância da pesquisa como princípio científico

(formal) e educativo (político).

A pesquisa como princípio científico requer atividade fundamental de

reconstruir conhecimento, pois a mera transmissão já não basta.

Com o advento dos meios modernos de comunicação, a simples

transmissão de conhecimento tem ficado a cargo das mídias, que consegue

atingir contingente bem maior e de fácil acesso. A escola que teimar em se

dedicar a apenas reproduzir, sem um diferencial científico aos conteúdos e for

resistente ao uso das novas tecnologias, tende a ficar até mesmo ser destituída

de suas funções.

Nesse sentido, entendemos que a pesquisa significa reconstruir

conhecimento, partindo do que já existe e passando para outro patamar com

maior ou menos originalidade, mas sempre com um passo à frente. Sob

habilidade metodológica científica mínima e capacidade de argumentar. Toda a

pesquisa parte do questionamento, na busca de respostas a questões não

respondidas, desconstruindo para reconstruir e assim, surgir novo

conhecimento.

Aliada a isso, a pesquisa como princípio educativo, é vista como

procedimento para desenvolver o pensamento crítico, a autocrítica do

pesquisador – como sujeito que está sempre aprendendo e capaz de proposta

própria, com condições de saber usar o conhecimento a serviço da cidadania

tanto mais competente.

- 31 -

Page 34: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

9. O USO DA INTERNET COMO INSTRUMENTO DE PESQUISA NA FORMAÇÃO DOCENTE.

A internet é hoje uma das mais importantes fontes de informação para

os mais diversos campos do conhecimento. Devido a isso, transformou-se em

uma ferramenta indispensável para a educação. Leva o status hoje de maior

acervo de dados disponíveis à disposição de todos os interessados e de fácil

acesso, graças à sofisticação das novas tecnologias no mundo inteiro.

O fenômeno da globalização traz consigo a exigência em lidar com as

informações velozmente e sempre atualizadas, embora nem sempre confiáveis,

mas mesmo assim o uso do computador se tornou essencial numa perspectiva

global. Nesse sentido, a tecnologia da informação se transformou em

ferramenta indispensável no processo ensino e aprendizagem e de inserção do

professor e alunos democratizando seu acesso.

O papel da educação deve voltar-se também para a democratização do

acesso ao conhecimento, produção e interpretação dessas novas tecnologias,

suas linguagens e consequências. Sendo que se faz necessário preparar o

professor para seu uso pedagogicamente na formação de cidadãos

desenvolvendo suas capacidades de interpretar e produzir conhecimento.

Assim, exige um novo perfil de professor, que deverá ultrapassar seu

papel autoritário e detentor do conhecimento, pois já não é mais o dono da

verdade, para se tornar investigador, pesquisador do conhecimento crítico e

reflexivo. E, ainda ser inovador, criativo, articulador, e principalmente parceiro

de seus alunos na relação com a aprendizagem. Sob esta nova visão, assume

postura de professor facilitador, onde professor-aluno-conhecimento, mudam o

foco do ensinar para reproduzir conhecimento e passa a se preocupar com o

aprender a aprender, descrevendo possibilidades de realizar pesquisa no

coletivo, efetivar busca de informações e investigação para produção de seu

próprio conhecimento e do seu aluno.

A educação deixa de ser a da memorização da informação transmitida

pelo professor e passa a ser a de produzir conhecimento com mão própria.

Pesquisar na internet é uma habilidade complexa a ser construída pelo

professor para que ele saiba como solicitá-la, conduzi-la e avaliá-la ao propor

pesquisa aos alunos. Uma boa busca se faz com boas ferramentas, ou seja,

sites confiáveis e certo domínio na área das tecnologias.

- 32 -

Page 35: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

A tarefa do professor nesse processo de introdução à pesquisa na

internet tem que ser a de se colocar a pesquisar como se fosse o aluno e

refletir sobre a atividade. Ver se há clareza onde se pretende chegar com a

pesquisa: o que pesquisar e para quê? Ter como objetivo saber buscar e

selecionar informação disponível na internet, refletindo sobre as competências

a serem desenvolvidas pelos alunos e contextualizar a pesquisa em âmbito

científico de reconstrução do conhecimento para elaboração de produção

própria de conhecimento.

É o que afirma Demo (2006, p. 8-9)O compromisso político com o aprimoramento da aprendizagem dos alunos permanece, enquanto que [...] a fundamentação teórica é essencial, mas sempre instrumental apenas. Para que o aluno aprenda bem, é imprescindível que o professor continue aprendendo bem, na posição de “eterno aprendiz. (DEMO, 2006, p.8-9).

Assim, a preocupação do professor, do mediador ou do facilitador

envolvidos com o processo de ensino e aprendizagem, deveria ser assumir a

busca pelo aprimoramento em formação contínua e significar a sua prática

docente através da prática de pesquisa científica.

- 33 -

Page 36: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

10. ATIVIDADES A partir do referencial teórico esboçado elaboramos o conjunto de

atividades que seguem a serem desenvolvidas em 8 encontros:

1° EncontroNo primeiro encontro pretendemos fazer a apresentação da proposta

de intervenção junto aos professores participantes. Iniciar os trabalhos no

coletivo, através da interpretação da obra de arte de Portinari “a roda”, (não

disponibilizada no material), para provocar a participação ao mesmo tempo

colocar em prática didática para usar em sala de aula. Cogita-se ainda fazer

uma discussão sobre o questionário que responderam previamente.

Serão promovidos momentos de leitura e reflexão para discutir a

respeito dessas novas práticas inovadoras usando o trabalho de Pedro Demo

(2000), que se fundamenta na dialética. A leitura sugerida é: “Metodologia do

Conhecimento Científico – Introdução”, obra na qual o autor procura ressaltar o

conhecimento científico, como conhecimento sempre questionável e

evidenciando a importância da pesquisa.

Em alguns encontros os participantes serão colocados a participarem

de maneira produtiva, elaborando suas próprias produções. Receberão uma

questão que será distribuída no início do encontro, individual e aleatoriamente,

mesmo as questões iguais. E ao final do encontro, será reservado momento

para leituras, onde cada um realiza a leitura sobre o que observou e avaliou.

Além de promover a participação essa estratégia contribui também para traçar

a condução das atividades do próximo encontro.

• Questões para avaliação do encontro:

1- Como você percebeu o encaminhamento do trabalho durante o

dia, tendo como foco o planejamento proposto (coerência entre a proposta e o

trabalho: as estratégias utilizadas; o processo de avaliação) ?

2- Como você avalia o movimento do grupo frente a proposta

desenvolvida nesse encontro. (inquietações; preocupações; envolvimento nas

atividades)?

3- Dos aspectos trabalhados no dia de hoje para quais precisamos

enquanto professores e profissionais da educação dar maior atenção?

4- Diante das discussões realizadas neste encontro sinalize aquelas

que para você geram inquietações ?

- 34 -

Page 37: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

5- Partindo das reflexões e discussões no coletivo qual perfil que um

professor precisa ter para garantir a aprendizagem dos alunos?

6- Analisando os aspectos discutidos no dia de hoje sobre

metodologia do conhecimento cientifico, que tratamento podem ser dado aos

conteúdos no cotidiano na sala de aula, que venham contribuir na motivação

dos alunos em aprender?

7- Para você conhecimento cientifico é? Comente.

8- Quais as relações pertinentes encontradas no trabalho

desenvolvido pelo professor PDE e sua pratica em sala de aula? Ou em suas

atividades pedagógicas? Contribua dando sugestão.

9- Sobre a interpretação da obra de Portinari, que aspecto lhe

chamou mais atenção ? E o que podemos aprender com ela ? Comente.

10- Em que momento você percebeu o grupo mais introspectivo?

2° Encontro

Colocaremos em discussão alguns assuntos pertinentes da aula

anterior, retomando o assunto para dar continuidade ao trabalho.

Para melhor entendimento sobre o conhecimento e o processo

histórico-cultural, assistiremos recortes do filme: A guerra do fogo, que

aproxima para esse entendimento.

Realizaremos também uma leitura e reflexão para discussão sobre a

obra de Pedro Demo, (2000), e o filme para produção individual (material a ser

disponibilizado no Blog). O texto para leitura é:

• Definindo Conhecimento científico- Cap. 1, é especificamente

sobre conhecimento científico e da necessidade da pesquisa e da discussão

para o conhecimento se manter vivo, dinâmico.

• Questões sobre a avaliação do encontro:

1- O filme apresentado conseguiu passar uma reflexão pertinente ao

propósito dos trabalhos desenvolvidos? Deixe sua contribuição.

2- Como você avalia o movimento do grupo frente a proposta

desenvolvida nesse encontro. ( inquietações; preocupações; envolvimento nas

atividades)?

- 35 -

Page 38: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

3- Dos aspectos trabalhados no dia de hoje para quais precisamos

enquanto professores e profissionais da educação dar maior atenção?

4- Diante das discussões realizadas neste encontro sinalize aquelas

que para você geram inquietações?

5- Partindo da reflexão e discussão no coletivo é possível trabalhar

em sala de aula provocando o conhecimento pelo questionamento? Cite

aspectos positivos e negativos que enfrentaria nesta situação.

6- Analisando os aspectos discutidos no dia de hoje sobre

metodologia do conhecimento cientifico, que tratamento pode ser dado aos

conteúdos no cotidiano de sala de aula, que venham contribuir na motivação

dos alunos em aprender?

7- Há diferença entre conhecimento cientifico e informação?

Comente.

8- Quais as relações pertinentes encontradas no trabalho

desenvolvido pelo professor PDE e sua prática em sala de aula? Ou em suas

atividades pedagógicas? Contribua dando sugestão.

9- O trabalho do dia de hoje contribuiu para repensar sua prática e

melhorar o seu trabalho? Comente.

10- Em que momento você percebeu o grupo mais introspectivo?

3° Encontro Exibiremos um Vídeo para reflexão: Mudança de paradigmas e

realizaremos uma leitura e reflexão para estabelecer um pequeno debate

sobre o texto do autor Pedro Demo (2000) da obra Metodologia do

Conhecimento Científico. O texto para leitura é:

• Capitulo 3 – Dinâmica da Desconstrução e da Reconstrução -

evidenciando a elaboração de produções próprias, saindo de um processo que

só sabe transmitir e reproduzir.

4° Encontro Estabeleceremos discussões sobre a Internet e critérios para uso de

sites de Pesquisa e como organizar a pesquisa (em pasta no computador).

- 36 -

Page 39: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

Realizaremos pesquisa na internet na sua área disciplinar elaborando

produção própria para colocar no Blog. Interagir com esta tecnologia.

Vídeo: Metodologia ou tecnologia?

Situação muito propicia para reflexão e discussão sobre o uso das

tecnologias na escola

Leitura e reflexão sobre o texto do autor Pedro Demo, (2006), sobre a

obra Pesquisa: Princípio científico e Educativo. A leitura sugerida é:

• Capitulo 1 – Pesquisar – O que é? O autor tenta desmitificar o

conceito de pesquisa colocando-a a serviço da emancipação.

• Questões sobre avaliação do encontro

1- O que aprendemos?

2- Quanto aprendemos?

3- Como nos sentimos com relação ao que aprendemos?

4- Como o professor pode orientar os trabalhos de pesquisa para

que os alunos realizem buscas produtivas?

5- Sobre o vídeo apresentado, como você vê o uso das tecnologias

em sua escola? E em sua prática? Contribua dando sugestão.

6- O ambiente de aprendizagem é uma sala de aula (informática),

como você sente a relação professor-aluno; professor-aluno-conhecimento;

aluno-aluno; aluno-professor. Não se esqueça que hoje você está no lugar de

aluno.

5° EncontroOficina de construção de Blog, com a Professora Rita de Cássia

Delconte Ferreira assessora pedagógica do CRTE- núcleo de Campo Mourão-

Pr. Objetiva instrumentar o professor ao uso das tecnologias, democratizando

o acesso e constituindo em mais uma ferramenta com possibilidades de

ampliar seu conhecimento e promover interações, especialmente com seus

alunos. Inserindo as produções já realizadas durante os encontros anteriores.

6° EncontroApresentação do filme: O Sorriso de Mona Lisa.

Retomando o texto da obra de Pedro Demo (2000), Pesquisa: Princípio

Científico e Educativo. Com a leitura:

- 37 -

Page 40: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

• Capitulo 1 – Pesquisa como princípio científico e educativo.

Leitura e discussão sobre o tema para produção individual.

7° EncontroReflexão: sobre o texto de Rubem Alves, “Entre a ciência e a

sapiência” o dilema da educação.

Leitura e discussão sobre a obra de Pedro Demo(2006), Pesquisa:

princípio científico e educativo, para refazerem o questionário diagnóstico com

o objetivo de verificar se ocorreu a aprendizagem.

• Capitulo 2 - Pesquisa como princípio científico

• Capitulo 3 - Pesquisa como princípio educativo.

8° EncontroRealizar pesquisa na internet na sua área disciplinar elaborando

produção própria para colocar no Blog. Interagir com esta tecnologia.

Dinâmica de encerramento: “Qual é a tua obra”? É o momento de

reflexão sobre seu papel na educação. Em grupo, através de discussão

pertinente ao tema, assumem o desafio de apresentar sua obra construída com

material de sucatas.

Registrar com fotos os momentos da dinâmica e produção dos

participantes para disponibilizar no blog.

Os participantes no individual serão desafiados a fazer avaliação

escrita ou on line sobre o curso, contribuindo com a composição de material

para o professor PDE.

- 38 -

Page 41: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

CONSIDERAÇÕES

O presente trabalho pretende compreender ações que constituem a

prática docente contribuindo com a formação do professor para o seu

desenvolvimento profissional exigidas pelo novo desafio do mundo globalizado,

que reflete no distanciamento em que o processo educacional tem se colocado,

com o desencantamento dos professores e desinteresse dos alunos em

aprender.

Com vista ao enfrentamento desta problemática entendemos a

necessidade de buscar suporte teórico que sirva de reflexões e apoio para a

prática docente com o objetivo de significar a educação e em instrumentar o

professor em sua função para atender a essas novas exigências, e assim

contribuir com o processo de democratização do ensino, efetivando uma

educação que atenda igualmente todos os alunos, a começar pelo professor no

domínio do conhecimento científico e do uso das novas tecnologias,

principalmente a internet.

Para tanto buscamos o estudo teórico-metodológico pela pesquisa e

inclusão digital que permita professor e aluno exercitarem uma educação que

promova a transformação de consciência à consolidação de uma sociedade

emancipatória, efetivando a participação cidadã. Da mesma forma buscamos

enfatizar ações pedagógicas no contexto escolar como principal espaço para a

socialização do conhecimento e desenvolvimento da formação humana. Para

isso se faz necessário um encaminhamento metodológico de conduzir os

trabalhos em sala de aula e mudança de postura do professor, o que justifica o

estudo do conhecimento científico pela pesquisa.

- 39 -

Page 42: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

REFERÊNCIAS

BELLONI, Maria Luiza. O que é mídia educação. 2 ª ed. Campinas, SP.

Autores Associados. 2005 – ( coleção polemicas do nosso tempo ).

DEMO, P. Desafio do projeto pedagógico. Brasília: UNB, 2006.

DEMO, P. Pesquisa – princípio científico e educativo. 5.ed. São Paulo: Cortez,

1997.

DEMO, P. Questões para a teleducação. Petrópolis, RJ:Vozes, 1999, 2º ed.

DEMO, P.. Educar pela pesquisa . 2 ed. Campinas, SP .Autores Associados,

1997.

FAZENDA, I. ( org). A pesquisa pedagógica. In:FAZENDA, I. ( org. ). Novos

enfoques da pesquisa educacional. 5 º ed. São Paulo: Cortez, 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à pratica

educativa. 34º ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GATTI, B. Questões metodológicas e práticas em pesquisas em Educação. In:

Naura Syria Carapeto Ferreira. (Org.). A pesquisa na pós-graduação em

Educação: reflexões, avanços e desafios. Curitiba: Editora Universidade Tuiuti

do Paraná, 2007, v. 03, p. 55-71.

GRAMSCI, Antonio. Concepção Dialética da História. 5ª ed. Rio de Janeiro –

RJ. Ed. Civilização Brasileira. 1984.

KONDER, Leandro. O que é Dialetica. Coleção primeiros passos, 23, 17 ª ed.

Editora Brasiliense. 1987.

KOSIK, P. V. (1978): A Dialética como Lógica e Teoria do Conhecimento. Rio

de Janeiro: Civilização Brasileira

- 40 -

Page 43: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência – o futuro do pensamento na era

da informática. Rio de Janeiro Ed. 34, 10993. ( Coleção TRANS)

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para que? São Paulo: Cortez,

1998.

PAPERT, S. A Máquina das crianças: a Escola na era da informática: trad.

Sandra Costa – ed.rev. porto Alegre: artes Médicas, 1008.

VALENTE, J.A. A esperial as aprendizagem e as tecnologias de informação e

comunicação: repensando conceitos. In: JOLY, M. C R. A. ( org. ). A tecnologia

no ensino: implicações para a aprendizagem São Paulo: Casa do Psicologo,

2002, p .15-37.

LUDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.

3 ed. São Paulo:EPU, 1996.

LUDKE, M. O professor e sua formação para a pesquisa . ECCOS- Revista

cientifica. São Paulo, v.7, n. 2, p. 333-349, jul/dez. 2005.

LUDKE, M. Aproximando Universidade e Escola de Educação Básica pela

pesquisa. ECCOS-Cadernos de pesquisa. V.35, n. 125, p. 81-109, maio/ago.

2005.

REGO, Teresa Cristina. VYGOSTKY: Uma perspectiva histórico cultural da

educação. 14º ed. Petrópoli, RJ.: Vozes, 1995.

TOMANIK, Eduardo Augusto. O olhar no espelho. “ conversar” sobre a

pesquisa em ciências sociais. – Maringá: EDUEM, 1994.

- 41 -

Page 44: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

APÊNDICE

- 42 -

Page 45: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · como referência teórica Pedro Demo, ... de ordem científica, profissional, ... Sobre os critérios formais de demarcação científica

Questões que compuseram o questionário de investigação junto aos

professores participantes do curso.

1- O que você entende por conhecimento?

2- E por conhecimento científico?

3- O que você entende por pesquisa?

4- Em sua opinião, a quem cabe fazer pesquisa e onde se faz pesquisa?

5- A pesquisa se faz presente na escola? Se sim, como? Se não, por quê?

6- Como as Pesquisas são encaminhadas pelos professores na escola e,

quais poderiam ser as contribuições desta prática?

7- Hoje em dia quais são os instrumentos de busca mais utilizados, ou

seja, onde as pessoas que fazem pesquisa buscam informações?

8- A internet pode ser considerada uma fonte de pesquisa na escola?

Justifique.

9- Você utiliza a Internet para realizar pesquisas? Se sim, descreva uma

situação em que isso acontece ou aconteceu. Se não, justifique.

10- Cite alguns dos aspectos que você analisa em um site, quando faz

pesquisa (só responda se você utiliza esse recurso).

11- Você toma o cuidado de fazer uma avaliação do site antes de usá-lo? O

que observa? (só responda se você utiliza a internet como forma de fazer

pesquisa)

- 43 -