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Resumo teórico do capítulo de séries numéricas, sucessões, critérios de convergência e outros tópicos associados.
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ANÁLISE MATEMÁTICA II
Acetatos de Ana Matos
Séries Numéricas
DMAT
Séries Numéricas
Definições básicas
� Chama-se série numérica a uma expressão do tipo
a1 � a2 �� � an ��,
em geral representada por
�n�1
��
an , �n�1
an ou � an ,
onde �an� é uma sucessão de números reais.
� a1, a2, � � termos da série
� an � termo geral da série.
� Designam-se por somas parciais da série
S1 � a1 ,
S2 � a1 � a2 ,
S3 � a1 � a2 � a3 ,
�
� Chama-se soma parcial de ordem n da série �n�1��
an a
Sn � �i�1n
ai
ou seja a
Sn � a1 � a2 �� � an.
� A �Sn� chama-se sucessão das somas parciais da série.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 1
Definição: Diz-se que �n�1��
an é uma série convergente
se a sucessão das suas somas parciais, �Sn�, for convergente.Neste caso, ao número real
S � limSn
chama-se soma da série.
Por abuso de notação, escreve-se também
S � �n�1
��
an.
Uma série que não é convergente diz-se divergente.
Diz-se que duas séries têm a mesma natureza se forem ambasconvergentes ou ambas divergentes.
Observação:
Associadas à série �n�1��
an temos duas sucessões:
� �an�, a sucessão a partir da qual definimos a série;
� �Sn�, a sucessão das suas somas parciais.
A natureza da série é determinada pela convergência ou não
da sucessão das suas somas parciais.
O facto de �an� ser convergente não garante que a série �n�1��
an
seja convergente.
Questão: Diga qual é a natureza da série de termo geral an � 1,isto é, de
�n�1
��
1.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 2
1. A série �n�1��
n é divergente, pois
Sn � 1 � 2 �� � n � n. 1 � n2
,
pelo que limSn � ��.
2. A série �n�1�� ��1�n é divergente, pois
Sn ��1 se n é ímpar
0 se n é par,
pelo que �Sn� não tem limite.
3. Para a série �n�1�� 1
2n�1 tem-se
an � 12
n�1,
pelo que
Sn �
1
�a1
1 � 12
n
1 � 12
� 2 1 � 12
n
� 2.
Portanto a série é convergente e a sua soma é 2.
Nota: Podemos considerar séries indexadas em �0 ou �p , comp � �.
As definições e propriedades são análogas às das sériesindexadas em �.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 3
Séries Importantes
Séries Geométricas
Definição: Chama-se série geométrica de razão r e primeirotermo a à série
�n�1
��
arn�1 � a � ar � ar2 �� � arn�1 �� ,
em que r e a são números reais não nulos.
Tem-se que
Sn �
a. 1�rn
1�r, se r � 1
a.n, se r � 1
,
pelo que
� se |r| � 1, a série é convergente e a sua soma é S � a1�r
;
� se |r| � 1, a série é divergente.
Então,
a série geométrica é convergente sse |r| � 1;
neste caso, a sua soma é S � a1�r
.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 4
Séries Redutíveis ou de Mengoli
Chamam-se séries redutíveis, séries de Mengoli ou sériestelescópicas às séries que se podem escrever na forma
�n�1
��
�un � un�k�,
onde k é um número natural (fixo) e �un� é uma sucessão real.
Exemplos:
1. A série
�n�1
��1
n�n � 1�
pode escrever-se na forma
�n�1
��1n � 1
n � 1,
pelo que é uma série de Mengoli, com k � 1 e un � 1n .
2. A série
�n�1
��
n � n � 2
é uma série de Mengoli, com k � 2 e un � n .
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 5
Convergência duma série de Mengoli:
1º Caso: se k � 1, a série escreve-se na forma
�n�1
��
�un � un�1�,
pelo que
Sn � �u1 � u2� � �u2 � u3� �� � �un � un�1� � u1 � un�1.
Portanto:
a) se �un� é convergente, a série é convergente e a sua soma é
S � u1 � limun;
b) se �un� é divergente, a série é divergente.
2º Caso: se k � 1, então
Sn � u1 � u2 �� � uk � un�1 � un�2 �� � un�k.
Portanto:
a) se �un� é convergente, a série �n�1�� �un � un�k� é convergente
e a sua soma é
S � u1 � u2 �� � uk � k limun
(note-se que limun�1 � � � limun�k � limun�;
b) se �un� é divergente, nada se pode concluir sem estudardirectamente a sucessão �Sn�.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 6
Séries de Dirichlet
Chama-se série de Dirichlet a qualquer série da forma
�n�1
��1np ,
onde p é um número real (fixo).
Chama-se série harmónica à série de Dirichlet para p � 1,ou seja à série
�n�1
��1n .
A série harmónica é divergente.
De facto, como será provado mais adiante:
Convergência duma série de Dirichlet:
Sendo p um número real, então:
� se p � 1, �n�1�� 1
np é convergente;
� se p � 1, �n�1�� 1
np é divergente.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 7
Propriedades gerais das Séries
Comecemos por observar que a natureza de uma série não é
alterada se modificarmos ou suprimirmos um número finito dos
seus termos. No entanto a sua soma é, em geral, alterada.
Proposição: Se, a partir de certa ordem, un � vn, então �un e� vn têm a mesma natureza.
Proposição: Se existe p � N tal que, a partir de certa ordem,un � vn�p, então as séries têm a mesma natureza.
(Ou seja, duas séries cujos termos gerais estejam apenasdesfasados um certo número de termos, têm a mesma natureza.)
Proposição:
Sejam �an e �bn duas séries convergentes, de somas S eT, respectivamente, e c � �.
Então:
1. ��an � bn� é convergente, com soma S � T;
2. ��an � bn� é convergente, com soma S � T;
3. ��can� é convergente, com soma cS.
Observação: Da alínea 3. resulta que não se altera a natureza
de uma série multiplicando o seu termo geral por uma constante
diferente de zero.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 8
Questão: Considere os seguintes casos:
1. a série é a soma de uma série converge e uma série divergente;
2. a série é a soma de duas séries divergentes.
Em cada caso, o que pode dizer quanto à natureza da série?
Proposição (condição necessária de convergência):
Se �an é uma série convergente, então an � 0.
Ou seja, na sua forma contra-recíproca:
se �an� não tende para zero, então �an é divergente.
Nota: A afirmação recíproca é falsa:
se an � 0, nada se pode concluir sobre a natureza da série.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 9
Resto de uma série
Definição: Seja �n�1��
an uma série convergente, com soma S.
Sendo N � �, chama-se resto de ordem N da série �n�1��
an,
e representa-se por RN, à soma da série
�n�N
an � aN�1 � aN�2 �� � an ��
(a série que resulta da anterior suprimindo os termos de ordemmenor ou igual a N).
Observação: Note-se que,
RN � S � SN ,
pelo que
|RN | � |S � SN |
é o erro que se comete quando se toma como valor da soma da
série o valor da sua soma parcial SN .
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 10
Critérios de convergência
Séries de Termos Não Negativos
Definição: Diz-se que �n�1��
an é uma série de termos não
negativos se an � 0, para qualquer n � �.
A sucessão das somas parciais de uma série de termos nãonegativos é crescente, donde se conclui:
Proposição (cond. necessária e suficiente de convergência):
Uma série de termos não negativos é convergente se e só se asucessão das suas somas parciais é majorada.
Proposição (1º critério de comparação):
Sejam �n�1��
an e �n�1��
bn duas séries tais que, para qualquern � �,
0 � an � bn.
Então:
� se �n�1��
bn é convergente, �n�1��
an é convergente;
� se �n�1��
an é divergente, �n�1��
bn é divergente.
Observação: Da demonstração do primeiro caso resulta que, seS e T são as somas das séries �
n�1��
an e �n�1��
bn,respectivamente, então
S � T.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 11
Proposição (2º critério de comparação):
Sejam � an uma série de termos não negativos e �bn uma
série de termos positivos tais que, para todo n � �,
an
bn� L.
Então:
� se L � 0,��, as séries são da mesma natureza;
� se L � 0 e �bn é convergente, �an também éconvergente;
� se L � �� e �bn é divergente, �an também édivergente.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 12
Proposição: (Critério de Cauchy)
Seja � an uma série de termos não negativos tal que
n���lim n an � L (finito ou infinito).
Então:
� se L � 1, �an é convergente;
� se L � 1, �an é divergente;
� se L � 1, nada se pode concluir.
Recorde-se o
Corolário do Teorema da Média Geométrica:
Se un�1un
� a (com a finito ou infinito) então n un � a.
Proposição (Critério de D’Alembert):
Seja �an uma série de termos positivos tal quen���lim an�1
an� L
(finito ou infinito).
Então:
� se L � 1, �an é convergente;
� se L � 1, �an é divergente;
� se L � 1, nada se pode concluir.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 13
Recordemos o seguinte:
Definição (integral impróprio de 1ª espécie):
Seja f uma função contínua no intervalo �a,���.
Chama-se integral impróprio da função f em �a,��� a
�a
��f�x�dx � lim
�����
a
�f�x�dx.
O integral impróprio �a
��f�x�dx diz-se convergente, este
limite existe e é finito e diz-se divergente, caso contrário.
Proposição (critério do integral):
Sejam f : �1,��� � � uma função positiva, contínua edecrescente e
an � f�n�.
Então
a série �n�1��
an é convergente
sse
o integral impróprio �1
��f�x�dx é convergente.
Corolário: A série de Dirichlet �n�1�� 1
np , com p � �, éconvergente se p � 1 e divergente se p � 1.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 14
Séries de Termos sem Sinal Fixo
Definição: Uma série diz-se de termos sem sinal fixo se possuiinfinitos termos positivos e infinitos termos negativos.
Em particular, sendo an � 0, para qualquer p � �, as séries
�n�1
��
��1�n�1an e �n�1
��
��1�nan
dizem-se séries alternadas.
Exemplo:
�n�1�� ��1�n�1 1
n � série harmónica alternada.
Proposição: (Critério de Dirichlet)
Se a sucessão das somas parciais da série �bn é limitada e se�an� é uma sucessão decrescente com limite nulo, então a série�anbn é convergente.
Proposição: (Critério de Leibniz)
Se �an� é uma sucessão decrescente e com limite nulo (portantoan � 0), então a série �
n�1�� ��1�n�1an é convergente.
Exemplo: A série harmónica alternada, �n�1�� ��1�n�1 1
n , éconvergente.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 15
Observação: Pode-se provar que, nas condições do critério deLeibniz, o valor absoluto do resto de ordem N é menor ou igualao valor absoluto do primeiro termo desprezado. Isto é:
Se �n�1�� ��1�n�1an é uma série alternada nas condições do
critério de Leibniz, então
|Rp | � ap�1.
Tem-se, assim, uma majoração para o valor absoluto do restouma certa ordem da série.
Séries Absolutamente Convergentes
Proposição: Se a série �n�1�� |an | é convergente, então a série
�n�1��
an também é convergente.
Definição: Uma série �n�1��
an diz-se:
� absolutamente convergente, se a série �n�1�� |an | é
convergente;
� simplesmente convergente (ou condicionalmente
convergente), se é convergente mas não é absolutamenteconvergente.
Exemplo:
1. A série �n�1�� ��1�n�1 1
n2 é absolutamente convergente;
2. A série �n�1�� ��1�n�1 1
n é simplesmente convergente.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 16
Reordenação dos termos de uma série
Uma série absolutamente convergente verifica propriedades quenão são válidas para séries simplesmente convergentes. É o casoda reordenação dos seus termos.
Qualquer soma finita pode ser reordenada sem que o seu valorseja alterado.
Esta propriedade não é válida para somas infinitas (séries).
Reordenando os termos de uma séries simplesmente convergentepodemos alterar a sua soma.
Exemplo: Pode-se provar que
�n�1
��
��1�n�1 1n � 1
1� 1
2� 1
3� 1
4� 1
5� 1
6� 1
7� � ln2.
Consideremos a seguinte reordenação desta série:
11
� 12
� 14
� 13
� 16
� 18
� 15
� 110
� 112
�� �
� 11
� 12
� 14
� 13
� 16
� 18
� 15
� 110
� 112
�� �
� 12
� 14
� 16� � 1
211
� 12
� 13
� 14
�� � 12
ln2.
Obtivemos uma série cuja soma é metade da soma da sérieoriginal.
Pode mesmo provar-se que, dada uma série simplesmenteconvergente e um valor real qualquer, esta pode ser reordenadade modo a ter como soma esse valor!
No entanto:
Proposição: A soma de uma série absolutamente convergente
não é alterada por reordenações dos seus termos.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 17
Estratégias para testar séries
Segue-se um apanhado dos testes apresentados.
Procedimentos para testar a natureza de uma série:
� O termo geral da série converge para zero?
Se não, é divergente; se sim, nada se pode concluir.
� A série é de tipo particular - geométrica, de Dirichlet, deMengoli?
Se sim, aplicar o teste de convergência específico.
� A série é de termos não negativos e pode ser comparada comalguma série de tipo especial?
� A série é de termos positivos e pode ser aplicado o Critériodo integral?
� Pode ser aplicado o Critério de D’Alembert ou o Critério deCauchy?
Se L � 1, nada se pode concluir.
� Se a série é de termos sem sinal fixo, será absolutamenteconvergente?
Se sim, é convergente; se não, nada se pode concluir.
� A série é alternada e está nas condições do Critério deLeibniz?
Se sim, é convergente; se não, nada se pode concluir.
Ana Matos - AMII 13/14 Séries Num. - 18