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Sociedade, Estado e Mercado Aula 8 – Teoria social de Talcott Parsons Prof.: Rodrigo Cantu

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Sociedade, Estado e Mercado

Aula 8 – Teoria social de Talcott Parsons

Prof.: Rodrigo Cantu

Max

Weber(1864-1920)

Karl Marx(1818-1883)

Émile

Durkheim(1858-1917)

Marx e Engels, Manifesto do Partido Comunista

A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a

história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu,

barão e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e

oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora

franca, ora disfarçada. Na Roma antiga encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus,

escravos; na Idade Média, senhores, vassalos, mestres, companheiros, servos; e, em

cada uma destas classes, gradações especiais. A sociedade burguesa moderna, que

brotou das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classe. Não

fez senão substituir novas classes, novas condições de opressão, novas

formas de luta às que existiram no passado. Entretanto, a nossa época, a época da

burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classe. A

sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas

grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado.

Marx e Engels, Manifesto do Partido Comunista

A burguesia, durante seu domínio de classe, apenas secular, criou forças

produtivas mais numerosas e mais colossais que todas as gerações

passadas em conjunto.

[...] Os meios de produção e de troca, sobre cuja base se ergue a burguesia, foram

gerados no seio da sociedade feudal. Em um certo grau do desenvolvimento desses

meios de produção e de troca, as condições em que a sociedade feudal produzia e

trocava, a organização feudal da agricultura e da manufatura, em suma, o regime

feudal de propriedade, deixaram de corresponder às forças produtivas em pleno

desenvolvimento. Entravavam a produção em lugar de impulsioná-la.

Transformaram-se em outras tantas cadeias que era preciso despedaçar; foram

despedaçadas

Marx e Engels, Manifesto do Partido Comunista

Assistimos hoje a um processo semelhante. As relações burguesas de produção e

de troca, o regime burguês de propriedade, a sociedade burguesa moderna, que

conjurou gigantescos meios de produção e de troca, assemelha-se ao feiticeiro que

já não pode controlar as potências infernais que pôs em movimento com suas

palavras mágicas. Basta mencionar as crises comerciais que, repetindo-se

periodicamente, ameaçam cada vez mais a existência da sociedade burguesa. Cada

crise destroi regularmente não só uma grande massa de produtos já fabricados,

mas também uma grande parte das próprias forças produtivas já desenvolvidas.

Uma epidemia, que em qualquer outra época teria parecido um paradoxo, desaba

sobre a sociedade - a epidemia da superprodução. E por quê? Porque a

sociedade possui demasiada civilização, demasiados meios de subsistência,

demasiada indústria, demasiado comércio. O sistema burguês tornou-se

demasiado estreito para conter as riquezas criadas em seu seio.

Weber, Ética protestante e espírito do capitalismo, p.48-49

O capitalismo hodierno, dominando de longa data a vida econômica, educa e

cria para si mesmo, por via da seleção econômica, os sujeitos econômicos— empresários e operários— de que necessita. E entretanto é

justamente esse fato que exibe de forma palpável os limites do conceito de “seleção” como meio de explicação de fenômenos históricos. Para que essas modalidades de conduta de vida e concepção de profissão adaptadas à peculiaridade do capitalismo pudessem ter sido “selecionadas”, isto é, tenham

podido sobrepujar outras modalidades, primeiro elas tiveram que emergir, evidentemente, e não apenas em indivíduos singulares isolados,

mas sim como um modo de ver portado por grupos de pessoas. Portanto, é

essa emergência de um modo de ver que se trata propriamente de explicar.

Só alhures teremos ocasião de tratar no pormenor daquela concepção do

materialismo histórico ingênuo segundo a qual “ideias” como essas são

geradas com o “reflexo” ou “superestrutura” de situações econômicas.

Por ora, é suficiente para nosso propósito indicar: que na terra natal de

Benjamin Franklin (o Massachusetts) o “espírito do capitalismo” (no

sentido por nós adotado) existiu incontestavelmente antes do “desenvolvimento do capitalismo” (já em 1632 na Nova Inglaterra,

havia queixas quanto ao emprego do cálculo na busca de lucro, em contraste com outras regiões da América); e que esse “espírito capitalista” permaneceu muito menos desenvolvido, por exemplo, nas colônias vizinhas — os futuros estados sulistas da União — muito embora estas últimas tivessem sido criadas por grandes capitalistas com finalidades mercantis, ao passo que as colônias da Nova Inglaterra tinham sido fundadas por razões religiosas por pregadores e intelectuais em associação com pequeno burgueses, artesãos e yeomen. Neste caso, portanto, a relação de causalidade é de todo modo inversa àquela que se haveria de postular a partir de uma posição “materialista”. Mas a juventude de tais ideias é mais cravejada de espinhos do que o supõem os teóricos da “superestrutura”, e elas não desabrocham feito flor. Para se impor, o espírito capitalista, no sentido que até agora emprestamos a esse conceito, teve de travar duro combate contra um mundo de forças hostis.

Weber, Ética protestante e espírito do capitalismo, p.48-49

Mesmos as comparações biológicas em que Spencer baseia de bom grado sua

teoria do contrato livre são antes a sua refutação. Ele compara, como fizemos,

as funções econômicas com a vida visceral do organismo individual, e nota

que esta última não depende diretamente do sistema cérebro-espinhal, mas de um

aparelho especial cujos ramos principais são o simpático e o pneumo-gástrico.

Mas, se dessa comparação pode-se induzir que as funções econômicas não são de

tal natureza que se coloquem sob a influência imediata do cérebro social, disso

não decorre que possam ser emancipadas de qualquer influência reguladora,

porque, muito embora seja, em certa medida, independente do cérebro, o

simpático domina os movimentos das vísceras, do mesmo modo que o cérebro faz

com o movimento dos músculos. Portanto, se há na sociedade um aparelho do

mesmo gênero, ele deve ter sobre os órgãos que lhe são submetidos uma ação

análoga.

Durkheim – Divisão do trabalho social, p.205

O que corresponde a isso, segundo Spencer, é essa troca de informações que se

produz sem cessar de um lugar a outro sobre o estado da oferta e da

procura e que, por consequência, pára ou estimula a produção. Mas não há

nisso nada que se assemelhe a uma ação reguladora. Transmitir uma notícia não é

comandar movimentos. Essa função é a dos nervos aferentes, mas nada tem em

comum com a dos gânglios nervosos; ora, são estes últimos que exercem a

dominação de que acabamos de falar. Interpostos no trajeto das sensações, é

exclusivamente por seu intermédio que estas podem refletir-se em movimentos.

[...] O simpático social deve compreender, portanto, além de um sistema de vias de

transmissão, órgãos verdadeiramente reguladores, que, encarregados

de combinar os atos intestinais, como o gânglio central combina os atos externos,

tenham o poder ou de deter as excitações, ou de ampliá-las, ou de moderá-las,

conforme as necessidades.

Durkheim – Divisão do trabalho social, p.205

Essa comparação induz até a pensar que a ação reguladora a que está submetida

atualmente a vida econômica não é a que deveria ser

normalmente. Sem dúvida, ela não é nula, como acabamos de mostrar. Mas ou é

difusa, ou emana diretamente do Estado. Em nossas sociedades

contemporâneas, encontraremos dificilmente centros reguladores análogos aos

gânglios do simpático. Seguramente, se essa dúvida não tivesse outra base

além dessa falta de simetria entre o indivíduo e a sociedade, não valeria a pena

deter-nos nela. Mas não se deve esquecer que, até tempos bastante recentes, esses

órgãos intermediários existiam: eram as corporações de ofício.

Durkheim – Divisão do trabalho social, p.205

Talcott Parsons (1902-1979)

Entrada(input)

Resultado(output)

Processo

Retroalimentação (feedback)

Sistema

Entrada(input)

Resultado(output)

Processo

Retroalimentação (feedback)

Ambiente

Ambiente

Sistema

Sistema Simples

Sistema Complexo

Teoria geral dos sistemas de Parsons:Modelo AGIL

Resolução de problemas

Manutenção do sistema

A - Adaptação

G – Realização de objetivos (goals)

I – Integração

L – Latência

Teoria dos sistemas sociais de Parsons:

Resolução de problemas

Manutenção do sistema

A - Adaptação

G – Realização de objetivos (goals)

I – Integração

L – Latência

Funções Sub-sistemas

Econômico

Político

Comunidade social (normas)

Cultural (valores)

Teoria dos sistemas sociais de Parsons:

A – AdaptaçãoEconomia

G – Realização de objetivos (goals)Política

I – IntegraçãoComunidade social

(normas)

L – LatênciaCultural (valores)

Lei

Mapa Cultural Inglehart–Welzel

Fonte: World Values Survey

Comportamento desviante – Robert Merton

Meios institucionais

Fin

s cu

ltu

rais

Rej

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A

ceit

aAceita Rejeita

Novos meios

Nov

os

fin

s

Conformidade Inovação

Ritualismo

Rebelião

Absenteísmo

Dinâmica social

Homeostase – equilíbrio do sistema

vs

Desajuste, crise, complexificação e

Evolução social

Processo evolutivo dos sistemas sociais

DiferenciaçãoAutonomização de novos sub-sistemas

AdaptaçãoSub-sistemas avançam a funcionamento mais eficiente

InclusãoIncorporação de elementos previamente excluído dos sistemas

Generalização de valoresLegitimidade do sistema mais complexo

Gino Germani (1911-1979)

Modernização social – Gino Germani

Desenvolvimento econômico• Industrialização, • Prosperidade material • Redução de diferenças econômicas

Modernização social• Urbanização• Mudança na estratificação social• Mobilização

• Ativação política de indivíduos e grupos antes passivos

Modernização política• Democracia eleitoral • Incorporação de novas demandas