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Sociologia Econômica Polanyi: Auto-proteção da sociedade Prof.: Rodrigo Cantu

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Sociologia Econômica

Polanyi: Auto-proteção da sociedade

Prof.: Rodrigo Cantu

Karl Polanyi (1886-1964)

Auto-proteçãoda sociedade

Forma de integração

Padrão institucional

Exemplos Imersão

Reciprocidade Simetria Trobriand Social

Redistribuição Centralidade Egito, Inca Política

Domesticidade Autarquia Oikos grego Família

Troca Mercado Capitalismo Sem imersão

Formas de integração

social

política

economia

família

Economia embutida - A grande transformação (1944)

social

política

Mercado

família

Economia desembutida - A grande transformação (1944)

Sob o feudalismo e o sistema de guildas, a terra e o trabalhoformavam parte da própria organização social (o dinheiro aindanão se tinha desenvolvido no elemento principal da indústria). Aterra, o elemento crucial da ordem feudal, era a base do sistemamilitar, jurídico, administrativo e político; seu status e função eramdeterminados por regras legais e costumeiras. Se à sua posse eratransferível ou não e, em caso afirmativo, a quem e sob quaisrestrições; em que implicavam os direitos de propriedade; de queforma podiam ser utilizados alguns tipos de terra todas essasquestões ficavam à parte da organização de compra e venda, esujeitas a um conjunto inteiramente diferente de regulamentaçõesinstitucionais.

A grande transformação, p. 91.

O mesmo também se aplicava à organização do trabalho. Sob osistema de guildas, como sob qualquer outro sistemaeconômico na história anterior, as motivações e ascircunstâncias das atividades produtivas estavam inseridas naorganização geral das sociedades. As relações do mestre, dojornaleiro e do aprendiz; as condições do artesanato; o númerode aprendizes; os salários dos trabalhadores, tudo eraregulamentado pelo costume e pelas regras da guilda e dacidade. O que o sistema mercantil fez foi apenas unificar essascondições, quer através de estatutos, como na Inglaterra, queratravés de "nacionalização" das guildas, como na França.

A grande transformação, p. 91.

Quanto à terra, seu status feudal só foi abolido naquilo que estavaligado aos privilégios provinciais no restante, a terra permaneceuextra commercium, tanto na Inglaterra como na França. Até aépoca da Grande Revolução de 1789, a propriedade fundiáriacontinuou sendo fonte de privilégios sociais na França e, mesmodepois dessa época, a lei comum sobre a terra, na Inglaterra, erabasicamente medieval. O mercantilismo, com toda a suatendência em direção à comercialização, jamais atacou assalvaguardas que protegiam estes dois elementos básicos daprodução trabalho e terra - e os impedia de se tornarem objetosde comércio. Na Inglaterra, a "nacionalização" da legislação dotrabalho, por meio do Statute of Artificers (Estatuto dos Artífices -1563) e da Poor Law (Lei dos Pobres - 1601), retirou o trabalhoda zona de perigo, e a política anticercamento dos Tudors e dosprimeiros Stuarts foi um protesto concreto contra o princípio douso lucrativo da propriedade fundiária.

A grande transformação, p. 91.

As guildas artesanais e os privilégios feudais só foram abolidosna França em 1790; na Inglaterra, o Statute of Artificers só foirevogado entre 1813 e 1814 e a Poor Law elisabetana, em1834. O estabelecimento do mercado livre de trabalho não foisequer discutido, em ambos os países, antes da última décadado século XVIII, e a idéia da auto-regulação da vida econômicaestava inteiramente fora de cogitação nesse período. Omercantilismo se preocupava com o desenvolvimento dosrecursos do país, inclusive o pleno emprego, através dosnegócios e do comércio - e levava em conta, como um dadocerto, a organização tradicional da terra e do trabalho.

A grande transformação, p. 92.

Um mercado auto-regulável exige, no mínimo, a separaçãoinstitucional da sociedade em esferas econômica e política. Doponto de vista da sociedade como um todo, uma tal dicotomiaé, com efeito, apenas um reforço da existência de um mercadoauto-regulável. Pode-se argumentar que a separação dessasduas esferas ocorra em todos os tipos de sociedade, em todosos tempos. Um tal inferência, porém, seria baseada numafalácia. É verdade que nenhuma sociedade pode existir semalgum tipo de sistema que assegure a ordem na produção edistribuição de bens. Entretanto, isto não implica a existênciade instituições econômicas separadas. Normalmente a ordemeconômica é apenas uma função da social, na qual ela estáinserida.

A grande transformação, p. 92.

Lei SpeenhamlandInglaterra, 1795-1834

• Natureza

• Trabalho

• Dinheiro

Mercadorias fictícias

O ponto crucial é o seguinte: trabalho, terra e dinheiro são elementosessenciais da indústria. Eles também têm que ser organizados emmercados e, de fato, esses mercados formam uma parte absolutamentevital do sistema econômico. Todavia, o trabalho, a terra e o dinheiroobviamente não são mercadorias. O postulado de que tudo o que écomprado e vendido tem que ser produzido para venda éenfaticamente irreal no que diz respeito a eles. Em outras palavras, deacordo com a definição empírica de uma mercadoria, eles não sãomercadorias. Trabalho é apenas um outro nome para atividade humanaque acompanha a própria vida que, por sua vez, não é produzida paravenda mas por razões inteiramente diversas, e essa atividade não podeser destacada do resto da vida, não pode ser armazenada oumobilizada. Terra é apenas outro nome para a natureza, que não éproduzida pelo homem. Finalmente, o dinheiro é apenas um símbolo dopoder de compra e, como regra, ele não é produzido mas adquire vidaatravés do mecanismo dos bancos e das finanças estatais. Nenhumdeles é produzido para a venda. A descrição do trabalho, da terra e dodinheiro como mercadorias é inteiramente fictícia.A grande transformação, p. 94.

Permitir que o mecanismo de mercado seja o único dirigente do destinodos seres humanos e do seu ambiente natural, e até mesmo o árbitro daquantidade e do uso do poder de compra, resultaria nodesmoronamento da sociedade. Esta suposta mercadoria, "a força detrabalho", não pode ser impelida, usada indiscriminadamente, ou atémesmo não-utilizada, sem afetar também o indivíduo humano queacontece ser o portador dessa mercadoria peculiar. Ao dispor da forçade trabalho de um homem, o sistema disporia também,incidentalmente, da entidade física, psicológica e moral do "homem"ligado a essa etiqueta. Despojados da cobertura protetora dasinstituições culturais, os seres humanos sucumbiriam sob os efeitos doabandono social; morreriam vítimas de um agudo transtorno social,através do vício, da perversão, do crime e da fome. A natureza seriareduzida a seus elementos mínimos, conspurcadas as paisagens e osarredores, poluídos os rios, a segurança militar ameaçada e destruído opoder de produzir alimentos e matérias-primas.

A grande transformação, p. 94.

Finalmente, a administração do poder de compra por parte do mercadoliquidaria empresas periodicamente, pois as faltas e os excessos dedinheiro seriam tão desastrosos para os negócios como as enchentes eas secas nas sociedades primitivas. Os mercados de trabalho, terra edinheiro são, sem dúvida, essenciais para uma economia de mercado.Entretanto, nenhuma sociedade suportaria os efeitos de um tal sistemade grosseiras ficções, mesmo por um período de tempo muito curto, amenos que a sua substância humana natural, assim como a suaorganização de negócios, fosse protegida contra os assaltos dessemoinho satânico.

A grande transformação, p. 95.

O mercado auto-regulável era uma ameaça a todos eles [trabalho, terrae dinheiro] e por razões basicamente similares. Se a legislação fabril eas leis sociais eram exigidas para proteger o homem industrial dasimplicações da ficção da mercadoria em relação à força de trabalho, seleis para a terra e tarifas agrárias eram criadas pela necessidade deproteger os recursos naturais e a cultura do campo contra asimplicações da ficção de mercadoria em relação a eles, era tambémverdade que se faziam necessários bancos centrais e a gestão dosistema monetário para manter as manufaturas e outras empresasprodutivas a salvo do perigo que envolvia a ficção da mercadoriaaplicada ao dinheiro.

A grande transformação, p. 163.

• Sistema de equilíbrio de poder

• Padrão ouro

• Mercado auto-regulável

• Estado liberal

“Civilização do século XIX”

A quebra do padrão-ouro nada mais fez do queestabelecer a data de um acontecimento demasiadogrande para ser causado por ele. Nada menos do queuma destruição completa das instituições da sociedadedo século XIX acompanhou a crise em grande parte domundo, e em todos os lugares essas instituições forammodificadas e reformuladas além de todo oreconhecimento. Em muitos países o estado liberal foisubstituído por ditaduras totalitárias e a instituiçãocentral do século – produção baseada em mercadoslivres – foi substituída por novas formas deeconomia.

A grande transformação, p. 94.

New Deal

Autoproteção da sociedade - Reações do século XX à sociedade de mercado do século XIX

Fascismo

Autoproteção da sociedade - Reações do século XX à sociedade de mercado do século XIX

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Stalinismo

Autoproteção da sociedade - Reações do século XX à sociedade de mercado do século XIX

Viena Vermelha (1918-34)

Partido Trabalhista Social-Democrata

Projetos habitacionais populares, financiados com impostos progressivos

Mudanças progressistas urbanas, sanitárias, educacionais e participativas