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Sob o lema Um outro Portugal e um outro mundo são possíveis, realiza-se o II Fórum Social Português, em Almada, na Praça S. João Baptista e nas instalações ao seu redor. Organizado por um conjunto diverso de pessoas associações, sindicatos e partidos, este é o Fórum possível. A SOLIM participa no FSP com uma banca e, em parceria com outras entidades, com as seguinte actividades: Dia 14 Dia 14 Dia 14 Dia 14 Dia 14 - Multiculturalidade e Multiculturalidade e Multiculturalidade e Multiculturalidade e Multiculturalidade e div div div div diversidade cultural na sociedade ersidade cultural na sociedade ersidade cultural na sociedade ersidade cultural na sociedade ersidade cultural na sociedade portuguesa portuguesa portuguesa portuguesa portuguesa Auditório da Escola Emídio Navarro - 15 horas. Solidariedade Imigrante, Grupo de Teatro do Oprimido e ETNIA - A Habitação é um Dir A Habitação é um Dir A Habitação é um Dir A Habitação é um Dir A Habitação é um Direito eito eito eito eito Auditório da Escola Emídio Navarro - 17,30 horas. Solidariedade Imigrante, Plataforma Artigo 65, Comissões de Moradores das Marinas, Azinhaga dos Besouros, Quinta da Vitória e Quinta da Serra. - Existe Movimento Social em Existe Movimento Social em Existe Movimento Social em Existe Movimento Social em Existe Movimento Social em Portug ortug ortug ortug ortugal? al? al? al? al? Auditório Frei Luís de Sousa - 14,30 horas. Solidariedade Imigrante, ATTAC Portugal e CIDAC. SOLIDARIEDADE IMIGRANTE OUTUBR OUTUBR OUTUBR OUTUBR OUTUBRO 2006 O 2006 O 2006 O 2006 O 2006 PREÇO: UMA MOED PREÇO: UMA MOED PREÇO: UMA MOED PREÇO: UMA MOED PREÇO: UMA MOEDA Nº 21 A Nº 21 A Nº 21 A Nº 21 A Nº 21 1 II FÓRUM SOCIAL POR II FÓRUM SOCIAL POR II FÓRUM SOCIAL POR II FÓRUM SOCIAL POR II FÓRUM SOCIAL PORTUGUÊS TUGUÊS TUGUÊS TUGUÊS TUGUÊS 1 1 1 3, 14 e 15 de Outubr 3, 14 e 15 de Outubr 3, 14 e 15 de Outubr 3, 14 e 15 de Outubr 3, 14 e 15 de Outubr o o o ALMAD ALMAD ALMAD ALMAD ALMAD A A A Praça S. João Baptista Praça S. João Baptista Praça S. João Baptista Praça S. João Baptista Praça S. João Baptista Pir Pir Pir Pir Pirogas do Seneg as do Seneg as do Seneg as do Seneg as do Senegal al al al al Os acontecimentos no bairr Os acontecimentos no bairr Os acontecimentos no bairr Os acontecimentos no bairr Os acontecimentos no bairro da Azinhag o da Azinhag o da Azinhag o da Azinhag o da Azinhaga dos Besour a dos Besour a dos Besour a dos Besour a dos Besouros os os os os Festa Inter esta Inter esta Inter esta Inter esta Intercooltural - Jov cooltural - Jov cooltural - Jov cooltural - Jov cooltural - Jovens Artistas ens Artistas ens Artistas ens Artistas ens Artistas O matadour O matadour O matadour O matadour O matadouro

SOLIDARIEDADE IMIGRANTE · desidratada e mais esfomeada ainda do que em casa. As causas são conhecidas: a globalização neoliberal concentra a finança num pólo e ... E no entanto

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Sob o lema Um outro Portugal e umoutro mundo são possíveis, realiza-seo II Fórum Social Português, emAlmada, na Praça S. João Baptista enas instalações ao seu redor.

Organizado por um conjunto diversode pessoas associações, sindicatos epartidos, este é o Fórum possível.A SOLIM participa no FSP com umabanca e, em parceria com outrasentidades, com as seguinte actividades:Dia 14Dia 14Dia 14Dia 14Dia 14 - Multiculturalidade eMulticulturalidade eMulticulturalidade eMulticulturalidade eMulticulturalidade edivdivdivdivdiversidade cultural na sociedadeersidade cultural na sociedadeersidade cultural na sociedadeersidade cultural na sociedadeersidade cultural na sociedadeportuguesaportuguesaportuguesaportuguesaportuguesaAuditório da Escola Emídio Navarro -15 horas.Solidariedade Imigrante, Grupo deTeatro do Oprimido e ETNIA- A Habitação é um DirA Habitação é um DirA Habitação é um DirA Habitação é um DirA Habitação é um Direitoeitoeitoeitoeito Auditório da Escola Emídio Navarro -17,30 horas.Solidariedade Imigrante, PlataformaArtigo 65, Comissões de Moradoresdas Marinas, Azinhaga dos Besouros,Quinta da Vitória e Quinta da Serra.- Existe Movimento Social emExiste Movimento Social emExiste Movimento Social emExiste Movimento Social emExiste Movimento Social emPPPPPortugortugortugortugortugal?al?al?al?al?Auditório Frei Luís de Sousa- 14,30 horas.Solidariedade Imigrante, ATTACPortugal e CIDAC.

SOLIDARIEDADEIMIGRANTEOUTUBROUTUBROUTUBROUTUBROUTUBRO 2006O 2006O 2006O 2006O 2006 PREÇO: UMA MOEDPREÇO: UMA MOEDPREÇO: UMA MOEDPREÇO: UMA MOEDPREÇO: UMA MOEDA Nº 21A Nº 21A Nº 21A Nº 21A Nº 21

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II FÓRUM SOCIAL PORII FÓRUM SOCIAL PORII FÓRUM SOCIAL PORII FÓRUM SOCIAL PORII FÓRUM SOCIAL PORTUGUÊSTUGUÊSTUGUÊSTUGUÊSTUGUÊS111113, 14 e 15 de Outubr3, 14 e 15 de Outubr3, 14 e 15 de Outubr3, 14 e 15 de Outubr3, 14 e 15 de OutubroooooALMADALMADALMADALMADALMADAAAAAPraça S. João BaptistaPraça S. João BaptistaPraça S. João BaptistaPraça S. João BaptistaPraça S. João Baptista

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autorização do autorautorização do autorautorização do autorautorização do autorautorização do autor

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ParabénsParabénsParabénsParabénsParabénsO boletim informativo Solidariedade Imigrante completa cinco anos de

existência. Nascido da necessidade de sistematizar informação, agitar e mobilizaros associados e, ao mesmo tempo, sensibilizar outros sectores da sociedadeportuguesa para a Solidariedade Imigrante, o boletim informativo foi cumprindo(umas vezes melhor, outras não tão bem) o seu papel.

Desceu as avenidas celebrando o 25 de Abril e o 1º de Maio, ombro a ombrocom os cidadãos e os trabalhadores portugueses, mostrando que a integraçãotambém se faz na e com a luta; espalhando simpatia, e com alegria e determinaçãorevitalizou, rejuvenesceu, recriou e diversificou as formas de manifestação.

Manifestou-se contra a guerra. Contra a escravatura dos tempos modernosmanifestou-se no Martim Moniz. Organizou e participou nas manifestaçõesexigindo Autorização de Residência para todos. Apoiou a luta do povo daPalestina. Manifestou-se sobre os refugiados do Sudão e pelas eleições em Angola.Tomou posição contra as políticas securitárias que tentam ligar o terrorismo àimigração. Pronunciou-se contra a repressão dos imigrantes em Cabo Verde.Marcou posição em relação à lei da nacionalidade. Apoiou as artes e as actividadesculturais. Juntou os imigrantes em fóruns para que traçassem o seu destino. E estáao lado da população na luta pelo direito à habitação.

Ao longo destes cinco anos fomos sempre tentando melhorar tanto a imagemcomo o conteúdo do nosso boletim. Não tem sido fácil. A falta de meios e deexperiência dificultou-nos imenso a tarefa, e muitas vezes o desânimo tomou contade nós. A sensação de não estarmos a conseguir atingir os nossos objectivoslevou-nos a uma pausa para reflectirmos sobre como fazer melhor. E apercebemo--nos da necessidade do boletim.

Voltámos com o número vinte. Fizemos alterações no visual, graça à melhoriade alguns meios. Pensamos que conseguimos melhorar um pouco a distribuição.Mas precisamos de fazer melhor. Contudo, só o poderemos fazer se pudermoscontar com a ajuda de todos vós. Ainda estamos a formar a equipa que ficaráresponsável pelo boletim. Sabemos que não será tarefa fácil, mas estamosdispostos a executá-la.

Uma palavra de apreço a todos os que dando o seu melhor tornaram possível oboletim ao longo destes cinco anos. Esperamos que continuem a participar noboletim como sempre o fizeram. A Solidariedade Imigrante é de todos nós. E sócom nós todos será possível fazer melhor.

JorJorJorJorJorggggge Silve Silve Silve Silve Silvaaaaa

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Realizou-se pelaprimeira vez em Portugal,em Lisboa, a 11ª ConferênciaInternacional Metropolis, amaior conferência anualsobre migrações. Foi ummomento importante dereflexão global sobre umtema de grande expressãomediática nas últimasdécadas mas, afinal, tãovelho como a história dahumanidade – em certosentido, esta confunde-secom a das migrações. Porironia elas terão tido inícioem África, em temposremotos duma nossalongínqua antepassada,baptizada de Lucy peloscientistas. Assim titulava, com razão, umjornal de imigrantes de língua russa: “Se asmigrações acabassem, o mundo parava”.

Esta Conferência foi aberta por umaintervenção do professor Jorge Gaspar, doCentro de Estudos Geográficos daUniversidade de Lisboa, cujo prestígioacadémico e sentido humanista me habituei arespeitar. Jorge Gaspar defende a tese de queos fluxos migratórios se dão, hoje, sobretudoentre cidades, salientando as vantagens daíadvindas e a maior facilidade de integração nassociedades de acolhimento. Por exemplo, oconvívio de milhares de africanos na baixalisboeta deu uma nova vida a um centro urbanoem acelerada decadência. “Os imigrantes deAngola ou do Brasil já passaram primeiro porcidades nos seus países de origem, alguns atéjá nasceram em Luanda ou Belo Horizonte”. Epodemos estender o raciocínio a cidades comoKiev, Bucareste ou Moscovo.

Reconheço a pertinência desta tese, se elanão for caricaturada como uma espécie de“passeio turístico entre cidades”; até porquecontinua a haver imigrantes que transitamdirectamente da interioridade camponesa paragrandes metrópoles europeias ou norte--americanas. Em qualquer dos casos, estatransição é tudo menos um passeio turístico eevoca mais a história trágico-marítima.

Refiro-me à imigração massiva de Áfricapara a Europa: desde Janeiro deste anodesembarcaram, só nas Canárias, mais de 25milhares de seres humanos dispostos a arriscartudo, até a própria vida. Esta viagem de rumoincerto pode acabar em naufrágio, no regressoao ponto de partida (se fossem interceptados)ou mesmo no Brasil – aconteceu a umajangada que andou dois meses à deriva noAtlântico, cheia de gente que morreudesidratada e mais esfomeada ainda do que emcasa.

As causas são conhecidas: a globalizaçãoneoliberal concentra a finança num pólo elança milhões de seres humanos na pobreza ena exclusão mais absolutas; o proteccionismo,nomeadamente dos EUA e da Europa, geratoneladas de excedentes agrícolas, ao mesmotempo que arruína economias baseadas naagricultura de subsistência; as pretensas ajudasao desenvolvimento são ineficazes para fixarem África os seus filhos mais aptos e que setornam, por isso mesmo, os primeiroscandidatos à emigração. Numa perspectivaimediata, este drama humano é resultadodirecto dos obstáculos à imigração legal: alémde todo o calvário burocrático, um visto detrabalho para a Europa custa, no Senegal, 3milhões de francos CFA – cerca de 4500euros, uma quantia astronómica para quem mal

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Em certo sentido,história dahumanidadeconfunde-se com adas migrações

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sobrevive. Ora o “bilhete” numa piroga custa,no máximo, 600 euros. Está tudo dito…

Infelizmente, a Europa continua a enterrar acabeça na areia ou a pensar que pode tapar osol com uma peneira, com o simples reforçodos meios de vigilância. Não pode. Há umano, milhares de imigrantes tentaram saltar osmuros de Ceuta e Melilla e centenasconseguiram-no; depois os muros subiram de6 para 8 metros. Obviamente, eles continuama saltar e sobreveio “a invasão marítima”:apenas 2379 imigrantes (menos de 10%), em40 embarcações, foram interceptados naoperação Frontex. Curiosamente, a corvetaportuguesa Baptista de Andrade não encontrouninguém nos mares de Cabo Verde. Êxito a100%... ou hoje até as pirogas têm GPS?

Estamos em pleno reino da hipocrisia:segundo a denúncia dum sindicato espanholde polícia, milhares de imigrantes foramlevados das Canárias para o continente,largados junto a estações de comboio e“aconselhados a sair do país”. A velha Europa,que precisa dos imigrantes como de pão para aboca, prefere entregá-los às máfias dotransporte e do trabalho ilegal.

Pior: em recente reunião dos países do Sul,Sarkozy, sinistro francês do Interior, criticou aEspanha e propôs um “pacto europeu” queproíba os processos de regularização declandestinos. Resta saber que efeitos terãoestas pressões de extrema-direita sobre ogoverno português no que toca à nova Lei deImigração, mil vezes anunciada, mas quecontinua a aguardar vez no parlamento…

Alberto MatosAlberto MatosAlberto MatosAlberto MatosAlberto Matos

A globalizaçãoneoliberalconcentra a finançanum pólo e lançamilhões de sereshumanos napobreza e naexclusão maisabsolutas; oproteccionismo,nomeadamente dosEUA e da Europa,gera toneladas deexcedentesagrícolas, aomesmo tempo quearruína economiasbaseadas naagricultura desubsistência; aspretensas ajudas aodesenvolvimentosão ineficazes parafixar em África osseus filhos maisaptos e que setornam, por issomesmo, osprimeiroscandidatos àemigração

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Em Agosto, Joana Almeida, da Associaçãopara o Planeamento da Família (APF), veio àSOLIM realizar um workshop sobre saúdesexual e prevenção do HIV/SIDA. Aparticipação foi bastante dinâmica por parte deassociados e não associados, imigrantes ounão. Feitas as apresentações e asdemonstrações práticas da colocação correctado preservativo, a conversa orientou-se paraalguns pontos fundamentais da situação realdos imigrantes e dos seus direitos no campoda saúde.

Falámos de situações de discriminação noacesso aos centros de saúde, da necessidadede leis especiais para os imigrantes sem-papéispoderem aceder às estruturas médicas emigualdade de circunstâncias (tanto no que serefere à saúde pública, como ao planeamentofamiliar e à prevenção contra a infecção doHIV/SIDA), das particularidades do tratamentoda segurança social e da desigualdade entrehomens e mulheres. E chamou-se a atençãopara a importância de todos trabalharmos emprol dos direitos sexuais e reprodutivos, nocontexto dos direitos humanos, ao nível depequenas realidades associativas e das grandeslutas.

A APF manifestou-se aberta para receberqualquer pessoa com dúvidas de saúde sexuale reprodutiva, às quartas-feiras, dandorespostas e ajudando no encaminhamento paraos serviços e os médicos que sabem maissensibilizados para estas questões.

APF - Associação para o PlaneamentoAPF - Associação para o PlaneamentoAPF - Associação para o PlaneamentoAPF - Associação para o PlaneamentoAPF - Associação para o Planeamentoda Fda Fda Fda Fda FamíliaamíliaamíliaamíliaamíliaRua da artilha ria Um, 69 – 1º andar frenteTelefone: 21 383 2392E-Mail: [email protected] AlmeidaE-mail: [email protected]

GT InterGT InterGT InterGT InterGT Interculturalidade/SOLIMculturalidade/SOLIMculturalidade/SOLIMculturalidade/SOLIMculturalidade/SOLIM

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Estando o governo à beira de aprovar umconjunto de alterações à lei de imigração épreocupante o alheamento das generalidadedas associações de imigrantes, que guardamum comprometedor silêncio sobre o assunto.E no entanto estamos a falar de algo que vaiafectar a vida de mais de meio milhão detrabalhadores estrangeiros, mais as suasfamílias.

Quando há ano e meio os imigrantessaíram há rua, nas maiores manifestações poreles realizadas, em defesa de um conjunto dereivindicações, chegava-se ao fim de umprocesso em que foi possível juntar pelaprimeira um conjunto alargado desensibilidades e correntes políticas,partidárias, religiosas e sindicais. Desde aínada mais aconteceu, e esse movimentoeclipsou-se como se nunca tivesse existido.O PS passou a ser governo e as coisas foramencaminhadas para o parlamento, na convicçãode que desta vez é que era… Só que não foi.

A imigração vai continuar a ser vista peloEstado português como um assunto de políciae de segurança nacional, e a ser criminalizada.Se com o governo socialista desapareceram daretórica governamental as declaraçõesxenófobas quecaracterizaram osgovernos de DurãoBarroso e Paulo Portas,esta continua a ser uma leique em nome dasegurança do Estado, docombate ao terrorismo, àexclusão, ao trabalhoclandestino, às máfias e aotráfico de seres humanos,continua a privar centenasde milhar de imigrantesdos mais elementaresdireitos. Uma lei que naprática vai continuar alegalizar a conta-gotas e areduzir a nada o direito deasilo que, na prática,deixou de existir.Nenhuma dasreivindicações formuladas

pela plataforma na manifestação de Março de2005 – revogação da lei de imigração, omesmo tratamento e os mesmos direitospolíticos e sociais dos trabalhadoresportugueses, o direito à reunião familiar, o fimda prepotência policial, o acesso à educação eà saúde, etc. – foi satisfeita. Só alguma daburocracia foi aligeirada, tal como o exigia oSEF.

Este estado de coisas, em que o discursofavorável uma integração plena dos imigrantesna sociedade portuguesa, de não se pactuarcom a xenofobia e o racismo, de combate aotrabalho clandestino e ao tráfico mão-de-obrae seres humanos, comum aos partidos dopoder, confederações patronais, etc., não temqualquer correspondência com a sua prática,que é o contrário de o que afirmam. Só assimse compreende que anos após anos, e apesarde reiteradas promessas e declarações oficiais,os imigrantes continuem sujeitos a todas asarbitrariedades e a serem mão-de-obradescartável e sem direitos. O discursomoralizador e pró-humanitário da classedominante e suas instituições serve comocortina do fumo para encobrir e manter essarealidade. O que coloca ao movimento

É prÉ prÉ prÉ prÉ preciso quebrar a apatiaeciso quebrar a apatiaeciso quebrar a apatiaeciso quebrar a apatiaeciso quebrar a apatia

associativo dos imigrantes anecessidade premente deganhar maturidade eautonomia, libertando-sedas tutelas, dos velhoshábitos e práticas que otolhem, construindo redes eentendimentos voltadospara a acção reivindicativa,onde todos se sintam úteise com uma palavra a dizer.

António BarataAntónio BarataAntónio BarataAntónio BarataAntónio Barata

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O QO QO QO QO QUE É A SOLIMUE É A SOLIMUE É A SOLIMUE É A SOLIMUE É A SOLIMÉ uma associação deÉ uma associação deÉ uma associação deÉ uma associação deÉ uma associação dedefesa dos dirdefesa dos dirdefesa dos dirdefesa dos dirdefesa dos direitos doseitos doseitos doseitos doseitos dosimigimigimigimigimigrantes em Prantes em Prantes em Prantes em Prantes em Portugortugortugortugortugal, deal, deal, deal, deal, deâmbito nacional e sem finsâmbito nacional e sem finsâmbito nacional e sem finsâmbito nacional e sem finsâmbito nacional e sem finslucrativlucrativlucrativlucrativlucrativos, criada em 2001.os, criada em 2001.os, criada em 2001.os, criada em 2001.os, criada em 2001.Somos membrSomos membrSomos membrSomos membrSomos membros da Redeos da Redeos da Redeos da Redeos da RedeAnti-Racista, doAnti-Racista, doAnti-Racista, doAnti-Racista, doAnti-Racista, doSecrSecrSecrSecrSecretariado Coordenadoretariado Coordenadoretariado Coordenadoretariado Coordenadoretariado Coordenadordas Associações dedas Associações dedas Associações dedas Associações dedas Associações deImigImigImigImigImigrantes, do Conselhorantes, do Conselhorantes, do Conselhorantes, do Conselhorantes, do ConselhoConsultivConsultivConsultivConsultivConsultivo para oso para oso para oso para oso para osAssuntos da ImigAssuntos da ImigAssuntos da ImigAssuntos da ImigAssuntos da Imigração eração eração eração eração eda Comissão para ada Comissão para ada Comissão para ada Comissão para ada Comissão para aIgualdade e contra aIgualdade e contra aIgualdade e contra aIgualdade e contra aIgualdade e contra aDiscriminação Racial.Discriminação Racial.Discriminação Racial.Discriminação Racial.Discriminação Racial.QuerQuerQuerQuerQueremos dar a palavraemos dar a palavraemos dar a palavraemos dar a palavraemos dar a palavraaos imigaos imigaos imigaos imigaos imigrantes, umarantes, umarantes, umarantes, umarantes, umapalavra autônoma epalavra autônoma epalavra autônoma epalavra autônoma epalavra autônoma eindependente, para queindependente, para queindependente, para queindependente, para queindependente, para quesejamos os vsejamos os vsejamos os vsejamos os vsejamos os verdadeirerdadeirerdadeirerdadeirerdadeirosososososprprprprprotagotagotagotagotagonistas na defesaonistas na defesaonistas na defesaonistas na defesaonistas na defesados nossos interdos nossos interdos nossos interdos nossos interdos nossos interesses.esses.esses.esses.esses.QuerQuerQuerQuerQueremos que todosemos que todosemos que todosemos que todosemos que todospossam expossam expossam expossam expossam exererererercer os seuscer os seuscer os seuscer os seuscer os seusdirdirdirdirdireitos de cidadania,eitos de cidadania,eitos de cidadania,eitos de cidadania,eitos de cidadania,independentemente doindependentemente doindependentemente doindependentemente doindependentemente dopaís de origpaís de origpaís de origpaís de origpaís de origem, daem, daem, daem, daem, darrrrreligião, da etnia e doeligião, da etnia e doeligião, da etnia e doeligião, da etnia e doeligião, da etnia e dosexo, através da luta porsexo, através da luta porsexo, através da luta porsexo, através da luta porsexo, através da luta pordirdirdirdirdireitos iguais.eitos iguais.eitos iguais.eitos iguais.eitos iguais.A nossa associação é umaA nossa associação é umaA nossa associação é umaA nossa associação é umaA nossa associação é umaorororororggggganização de luta e deanização de luta e deanização de luta e deanização de luta e deanização de luta e deprprprprpressão. Apostamos naessão. Apostamos naessão. Apostamos naessão. Apostamos naessão. Apostamos nasolidariedade entrsolidariedade entrsolidariedade entrsolidariedade entrsolidariedade entre ose ose ose ose oscidadãos estrangcidadãos estrangcidadãos estrangcidadãos estrangcidadãos estrangeireireireireiros e,os e,os e,os e,os e,portugueses na defesa deportugueses na defesa deportugueses na defesa deportugueses na defesa deportugueses na defesa deinterinterinterinterinteresses que são comesses que são comesses que são comesses que são comesses que são comunsunsunsunsunsa todos os trabalhadora todos os trabalhadora todos os trabalhadora todos os trabalhadora todos os trabalhadores.es.es.es.es.Contamos com milharContamos com milharContamos com milharContamos com milharContamos com milhares dees dees dees dees desócios oriundos de 72sócios oriundos de 72sócios oriundos de 72sócios oriundos de 72sócios oriundos de 72países diferpaíses diferpaíses diferpaíses diferpaíses diferentes.entes.entes.entes.entes.Somos financeiramenteSomos financeiramenteSomos financeiramenteSomos financeiramenteSomos financeiramenteindependentes porqueindependentes porqueindependentes porqueindependentes porqueindependentes porqueaqueles que ajudamosaqueles que ajudamosaqueles que ajudamosaqueles que ajudamosaqueles que ajudamostambém ajudam atambém ajudam atambém ajudam atambém ajudam atambém ajudam aassociação, associando-seassociação, associando-seassociação, associando-seassociação, associando-seassociação, associando-see page page page page pagando as suas quotas.ando as suas quotas.ando as suas quotas.ando as suas quotas.ando as suas quotas.

Realizou-se, no dia 16 de SetembrRealizou-se, no dia 16 de SetembrRealizou-se, no dia 16 de SetembrRealizou-se, no dia 16 de SetembrRealizou-se, no dia 16 de Setembro,o,o,o,o,no Parque de Palmela, em Cascais, ano Parque de Palmela, em Cascais, ano Parque de Palmela, em Cascais, ano Parque de Palmela, em Cascais, ano Parque de Palmela, em Cascais, aFFFFFesta Interesta Interesta Interesta Interesta Intercooltural 2006cooltural 2006cooltural 2006cooltural 2006cooltural 2006, or, or, or, or, orggggganizadaanizadaanizadaanizadaanizadapor um gpor um gpor um gpor um gpor um grupo de cerrupo de cerrupo de cerrupo de cerrupo de cerca de 30 jovca de 30 jovca de 30 jovca de 30 jovca de 30 jovens,ens,ens,ens,ens,residentes na Arrentela (Seixal), Outurela--Portela (Oeiras) e Trajouce (Cascais), quetêm vindo a participar na organização devárias actividades, no âmbito do projectoConTConTConTConTConTactoCulturalactoCulturalactoCulturalactoCulturalactoCultural (duração entreNovembro 2004 e Outubro 2006).

O ConTO ConTO ConTO ConTO ConTactoactoactoactoacto, como passou a serapelidado pelos jovens participantes doprojecto, é financiado pelo ProgramaEscolhas 2ª Geração e, tem como instituiçãoPromotora e Gestora a SOLIM e comoParceiras a CM Oeiras, a CM Cascais e aAssociação Cultural Khapaz.

Durante o desenvolvimento doConTConTConTConTConTactoactoactoactoacto, foi apresentada, em conjuntocom os jovens, uma candidatura aoPrPrPrPrProoooogggggrama Juvrama Juvrama Juvrama Juvrama Juventudeentudeentudeentudeentude (Educação e Cultura –Comissão Europeia), de um projecto àAcção 3Acção 3Acção 3Acção 3Acção 3 deste Programa – Iniciativas dosjovens, que foi aprovado, e tem duraçãoentre Fevereiro e Setembro de 2006.

Este prprprprprojectoojectoojectoojectoojecto , denominado 3 em 1 –3 em 1 –3 em 1 –3 em 1 –3 em 1 –Iniciar p’ra continuarIniciar p’ra continuarIniciar p’ra continuarIniciar p’ra continuarIniciar p’ra continuar, contemplou umconjunto de actividades locais para ascomunidades de cada um destes trêsterritórios e outras conjuntas, nas quais seinsere a FFFFFesta Interesta Interesta Interesta Interesta Intercoolturalcoolturalcoolturalcoolturalcooltural, destinada àSociedade Civil em geral (Promoção daInterculturalidade; Imagem positiva eDinâmicas pró-activas dos jovens).

Esta iniciativa proporcionou um espaço deencontro e troca de experiências entre mais de700 pessoas700 pessoas700 pessoas700 pessoas700 pessoas de diferentes contextos sócio--culturais, com actividades variadas,nomeadamente, música, dança, gmúsica, dança, gmúsica, dança, gmúsica, dança, gmúsica, dança, gastrastrastrastrastronomiaonomiaonomiaonomiaonomiae exposiçõese exposiçõese exposiçõese exposiçõese exposições. Estiveram envolvidos naorororororggggganização 30 jovanização 30 jovanização 30 jovanização 30 jovanização 30 jovensensensensens com idades entre os 15e os 21 anos; Participaram vParticiparam vParticiparam vParticiparam vParticiparam voluntariamenteoluntariamenteoluntariamenteoluntariamenteoluntariamentemais de 60 artistas60 artistas60 artistas60 artistas60 artistas (músicos, bailarinos,pintores e cozinheiros).

Importa referir que o PrPrPrPrProjecto ojecto ojecto ojecto ojecto 3 em 1…3 em 1…3 em 1…3 em 1…3 em 1…tem um financiamento próprio (C. Europeia)e,resulta de um grande envolvimento de jovense equipas técnicas, ao longo de quase doisanos, numa lógica de vvvvvalorizaçãoalorizaçãoalorizaçãoalorizaçãoalorização de todo oprprprprprocessoocessoocessoocessoocesso - planificação, execução e avaliaçãode actividades (motivações, team building,cooperação, responsabilização, iniciativa,autonomia e tomada de decisão), assumindo-ocomo objectivo central e facilitador dasustentabilidade das dinâmicas dos jovens.

E porque a experiências positivas não sãode “arquivar”, e também ambicionamos umefeito multiplicador para as dinâmicas pró--activas dos jovens, o Grupo da JuvGrupo da JuvGrupo da JuvGrupo da JuvGrupo da Juventude daentude daentude daentude daentude daSOLIMSOLIMSOLIMSOLIMSOLIM, apresentou uma novnovnovnovnova candidatura aoa candidatura aoa candidatura aoa candidatura aoa candidatura aoPrPrPrPrProoooogggggrama Escolhas (2007 – 2009)rama Escolhas (2007 – 2009)rama Escolhas (2007 – 2009)rama Escolhas (2007 – 2009)rama Escolhas (2007 – 2009), destafeita, para o Centro de Lisboa, para que estecontemple mais as periferias como integrantesda Cidade, revitalizando espaços e criandomais dinâmicas comunitárias… Esperemos queo próximo Boletim traga notícias Quentes eBoas!

TTTTTiagiagiagiagiago Fo Fo Fo Fo Fernandesernandesernandesernandesernandes

FFFFFesta Interesta Interesta Interesta Interesta Intercooltural – Jovcooltural – Jovcooltural – Jovcooltural – Jovcooltural – Jovens Activistasens Activistasens Activistasens Activistasens Activistas

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Foi em 1993 que ocorreu o recenseamentodos moradores deste bairro, de uma formainjusta, o que criou grande polémica entre osmoradores do bairro, as sessenta famílias querestavam para serem regularizadas no PER.

Primeiro: porque é que a CM da Amadora,antes de aparecer no bairro de formasurpreendente para efectuar esse talrecenseamento, não mandou avisos aosmoradores, de que, no tal dia do mês, osfuncionários da Câmara Municipal da Amadoraque tratam da habitação e do realojamento vãoaparecer no Bairro para efectuar orecenseamento? Porque pode acontecer quealguns estivessem de viagem ou a trabalhar.Mas eles não fizeram isso no momento, por játer decidido pouco fazer pelos moradores.

A Câmara mandou uma carta para asfamílias de cada casa onde fala que vinha “poreste meio informar que, a partir do mês deFevereiro do corrente ano, a Câmara Municipalde Amadora – divisão de Habitação eRealojamento – vai proceder à actualização dorecenseamento no âmbito do ProgramaEspecial de Realojamento do Bairro daAzinhaga dos Besouros, pelo que serácontactado pelas técnicas deste serviço.Agradecemos desde já sua disponibilidade ecolaboração neste processo, chamado a suaatenção para o facto das informaçõesapresentadas irem actualizar o seu processopessoal. Por delegação do presidente, avereadora, Carla Tavares”.

Mais tarde apareceram avisos da Drª. AnaRomira, a técnica, repetindo as ordens,dizendo que vinham “pelo presente meio

Os acontecimentos no bairrOs acontecimentos no bairrOs acontecimentos no bairrOs acontecimentos no bairrOs acontecimentos no bairro da Azinhago da Azinhago da Azinhago da Azinhago da Azinhaga dos Besoura dos Besoura dos Besoura dos Besoura dos Besourosososososinformar os senhores que deverão estarpresentes em sua casa no dia 20 de Fevereiro2003 pelas 11:30 horas, para tratar de assuntodo seu interesse. Deverá ter na sua posse osdocumentos de todas as pessoas que moramconsigo e fotocópias das mesmas para entregarà técnica. Crianças até aos dez anos: cédula ouboletim de nascimento; adultos: bilhete deidentidade e cartão de contribuinte. No casode ser cidadão estrangeiro, Autorização deResidência e, no caso de não poder estarpresente, é favor telefonar durante o períododa manhã para o número 2149881… A técnica,Dr.ª Ana. Romira”. Não querendo saber comoestava cada caso, a Câmara da Amadora fezconforme entendeu.

Os moradores do bairro da Azinhaga (umtotal de 60 famílias) que então viram violadosos seus direitos à habitação e realojamento,ficaram revoltados com a situação. Foi aí queapareceram os apoiantes da SolidariedadeImigrante, com outras entidades, para lutarpelo direito à habitação.

Aconteceu muita violência. Demolição coma polícia a mandar tirar as coisas de dentro dascasas com toda a brutalidade, sem diálogo paranos entendermos uns aos outros, como sereshumanos. Isso é abuso de poder, tal comomandar gás na cara das pessoas. Perderam-semuitas coisas de valor, houve danos materiais eperturbações morais. E violação dos direitosdos que não tem nada, para dar aos que tudotem, só pelo interesse de negociar para ganhardinheiro. Eles, com 90 e tal habitaçõesfechadas, não as põem a disposição daspessoas. Tudo isso para poderem vir a ganharmais dinheiro com as vendas.

Isto dá muito que pensar a uma pessoa queestá a viver numa casa há cerca de 15, 30, 20

anos. Alguns já nasceram cá.Nada disto dá paracompreender. Porque é quea Câmara da Amadora está aser muito criminosa? Assim

como quem que não tem sangue nasveias? É um pensamento muitofraco, em nome do abuso do poder.

Braima DansóBraima DansóBraima DansóBraima DansóBraima Dansó

Suspensa durante 6meses, devido a umaprovidência cautelar,recomeçou no dia 22 deAgosto a demolição dobairro da Azinhaga dosBesouros. Possuída deum uma estranha fúriademolidora e protegidapelas forças policiais, aCM da Amadora nãoolhou a meios,cometendo uma série deilegalidades e deatropelos ao bom sensoe aos direitos edignidade condiçãohumana. Valeu de tudo:mentir sobre asdemolições, recusa aodiálogo, detençõesarbitrárias, nãoacatamento dos apelosdo governo, derrube decasas com os haveres daspessoas lá dentro,impedir o acesso dacomunicação social,etc... Três semanaspassadas, o bairro já nãoexiste.Com a sua luta osmoradores conseguiram,à revelia da câmara, umacordo com a SegurançaSocial e o INH, dealojamento temporáriodos moradores nãoabrangidos pelo PER,que abre caminho ao seurealojamento definitivo.Aqui fica o relato de ummorador.

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Deixem a mão-de-obra barata ficar.Relegada para condomínios de clandestinidadee exclusão social, a sua sobrevivência tem sidoquase impossível. Quem lucra são os patrõesdesonestos, acobertados pela cúmplicebenevolência do Estado, anos a fio sem outracoisa para oferecer que as soluções mendigascom que tenta tapar o sol com a peneira.

Não seria muito mais lucrativo para oEstado e para a sociedade acolhedora que amão-de-obra imigrante fosse tratada econsiderada como um factor dedesenvolvimento económico, social e cultural?E lhe reconhecessem o direito inelanienável deusufruir dos direitos mais elementares dacondição humana?

Deixem-na cá estar, porque é útil: elaexecuta os trabalhos que os europeus já nãoquerem fazer! Deixem-na cá estar. As cores dasua pele, as suas difrenças etnicas, religiosas,de condição sócio-cultural, importam somenteàs mentes racistas e xenófoba. Os vossos“intocáveis” usos e costumes não serãoatropelados pelos dela. Pelo contrario, irãocoabitar em harmonia e solidariedade. Mas,infelizmente, sendo a mão-de-obra barata, decor (que pode ser azul, preta, branca, amarela,ou melhor arco-íris), o seu sono será sempreperturbado pela polícia ou pelo senhorio: BoraPá! Porque é que esta gentalha não volta paraas suas terras!

Uma outra voz, aparentemente condoída,dirá: deixem-na estar por cá. Ela constróiescolas, prédios e hospitais, de cujosbeneficios não usufrue com deveria ser.E mesmo assim ainda faz outros trabalhos – deque os naturais sentem repulsa, preferindoparasitar as parcas migalhas da segurançasocial.

Se é crime procurar sobreviver melhor, commais um pouco de dignidade, em terras depovos e culturas diferentes, por favor, nãotenham dó nem piedade. Preguem o carácterda sua alma numa cruz do tamanho da dorhumana. E não se sintam constrangidos. Aterra é vossa. Somente vossa. Assim na terracomo no céu, amén!

lnácio Manuel Flnácio Manuel Flnácio Manuel Flnácio Manuel Flnácio Manuel Franciscoranciscoranciscoranciscorancisco

Chamo-me Nedja Gomes de Melo,,,,, denacionalidade brasileira, vivo em Portugaldesde 2001. Depois de ter exercido funçãoreservadas à mulher imigrante, para podersobreviver com dignidade, acabei porconseguir um emprego que se enquadrava aminha área de formação. Este trabalho consisteem realizar inquéritos junto às pessoas portelefone ou contacto directo para uma empresaespecializada em estudo de mercado, comsede em Lisboa, tendo como clientes empresas

públicas e privadas.Foi neste âmbito que em finais de

Junho tentei entrar em contacto com aempresa “Jaime Duarte”, com sede emBenfica. Liguei para lá, ao acabar de fazeras devidas apresentações e, antes de

colocar a questão, como manda ocódigo de boa conduta, desligaram a

chamada do outro lado. Tentei umasegunda e, à terceira vez, uma vozfeminina respondeu-mesecamente com esta palavras:“Olha, o que a senhora deviafazer é voltar para a sua terra,em vez de estar aqui a telefonar,sua puta”. Fiquei perplexa eestremeci como quem tivesse

levada uma chicotada. Passado alguminstante, tentei estabelecer novo contacto

para saber porque me dirigiram aquelaspalavras injuriosas, uma vez que só queriarecolher opinião do dirigente da empresa.Ninguém se dignou a atender-me.

Eu sou brasileira e orgulho-me de sê-lo.Sou, acima de tudo, uma pessoa digna,honesta, que vive do seu trabalho. Nunca fiznem farei prostituição como forma de ganhar avida. Estou profundamente chocada emagoada. Por isso, aproveito este espaço paradenunciar esta atitude xenófoba e racistapraticada numa prestigiada empresa privadaque faz prestação de serviço público. É precisoacabar com preconceitos que só contribuempara aumentar o racismo e em Portugal. Estepaís é hoje multicultural e aberto. Asdiferenças da cada um devem ser respeitadas.

“Sou“Sou“Sou“Sou“Soubrasileira,brasileira,brasileira,brasileira,brasileira,comcomcomcomcomorororororgulho”gulho”gulho”gulho”gulho”

Mão-de-obra barataMão-de-obra barataMão-de-obra barataMão-de-obra barataMão-de-obra barataCASOS QCASOS QCASOS QCASOS QCASOS QUE PORUE PORUE PORUE PORUE PORAAAAAQQQQQUI PUI PUI PUI PUI PASSAMASSAMASSAMASSAMASSAM

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O matadourO matadourO matadourO matadourO matadouroooooRecentemente realizaram-se nos

EUA gigantescas manifestações deimigrantes latinos – na capitalfederal foram mais de 10milhões – contra as novas leisde imigração que visamretirar-lhes todos osdireitos, expulsá-losaos milhares, agravarpenas, sujeitá-los acontrolos anti--terroristas, etc. Se alei for aprovada afronteira com oMéxico, onde milharesde imigrantesperderam a vida nosúltimos dez anos, aotentar passá-la, verá omuro actualmente existente estender-se por mais3.200 Km, será militarizada, a vigilância feita porpatrulhas armadas e colocadas barreiraselectrificadas.

Desde 1995, quando entrou em vigor oTratado de Livre Comércio da América do Norteforam contados mais de 3.600 cadáveres aolongo da fronteira dos EUA com o México, mascalcula-se que o número real de vitimas seja odobro ou o triplo. Para o escritor mexicanoSergio Aguayo: “É uma tragédia humanitária degrandes proporções, se pensarmos que, duranteos 28 anos de existência do muro de Berlim,morreram 129 alemães ao tentar atravessá-lo”.Quando um corpo é identificado, o consuladomexicano trata da sua repatriação, mas naesmagadora maioria dos casos, são enterradosem túmulos anónimos ou em valas comuns noMéxico, quando não são simplesmenteabandonados sem sepultura no deserto.

O fluxo incontrolável de mão-de-obra baratapara o norte é um bom negócio para os doispaíses. Apesar de todos os obstáculos, 300.000mexicanos e outros latino-americano conseguememigrar anualmente para os Estados Unidos,onde operam à luz do dia empresas fornecedorasde trabalhadores estrangeiros não-legalizados.O México, pelo seu lado, beneficia dastransferências de divisas feitas pelos emigrantes:20 mil milhões de dólares no ano corrente.

14 MOR14 MOR14 MOR14 MOR14 MORTTTTTOS E 179 RESGAOS E 179 RESGAOS E 179 RESGAOS E 179 RESGAOS E 179 RESGATTTTTADOSADOSADOSADOSADOS - - - - - Pelo menos14 imigrantes que saíram do Senegal com destino àsilhas Canárias morreram e outros 179 foram resgata-dos na costa da Mauritânia, informaram no últimofim-de-semana de Agosto fontes daquele país. Os cor-pos foram recuperados nas praias de Nuakchott, capi-tal Mauritânia, depois da embarcação em que viajavamter naufragado no alto-mar. Os imigrantes saíram clan-destinos de Casamance, no sul do Senegal, em duasembarcações. Segundo as autoridades haveria aindacorpos em pleno mar, dado que estas pirogas transpor-tam 90 a 96 pessoas.

MADRID PEDE AJUDMADRID PEDE AJUDMADRID PEDE AJUDMADRID PEDE AJUDMADRID PEDE AJUDA À UE A À UE A À UE A À UE A À UE - A Espanha pediumais ajuda à União Europeia para conter o númerocrescente de imigrantes ilegais que tentam entrar nopaís, provenientes de África. A vice-primeira-ministra,Maria Teresa Fernandez de la Veja, foi à Finlândia,país que detém a presidência rotativa dos 25, e à sededa União Europeia, em Bruxelas, para solicitar maiorapoio no combate à imigração ilegal, refere um comu-nicado do executivo de Madrid. A governante subli-nhou que, embora a Espanha esteja grata pela ajudaactualmente prestada, ela não é suficiente para enfren-tar o problema. Nos primeiros 21 dias de Agosto,4.830 imigrantes, oriundos principalmente da Áfricasub-sahariana, desembarcaram nas costas espanholas,4.510 dos quais nas Canárias, no Atlântico. Milharesde pessoas tentam todos os anos alcançar a Europaatravés da Espanha.

F R A N Ç A : M I L H A R E S M A N I F E S TF R A N Ç A : M I L H A R E S M A N I F E S TF R A N Ç A : M I L H A R E S M A N I F E S TF R A N Ç A : M I L H A R E S M A N I F E S TF R A N Ç A : M I L H A R E S M A N I F E S TA M - S EA M - S EA M - S EA M - S EA M - S EC O N T R A N OC O N T R A N OC O N T R A N OC O N T R A N OC O N T R A N OVVVVVA L E I DA L E I DA L E I DA L E I DA L E I DA I M I G R A Ç Ã OA I M I G R A Ç Ã OA I M I G R A Ç Ã OA I M I G R A Ç Ã OA I M I G R A Ç Ã O -Milhares de pessoas manifestaram-se em Setembro,em Paris (capital de França), contra a nova lei de imi-gração, que dificulta a obtenção de autorizações deresidência aos imigrantes ilegais. A manifestação, pro-movida por grupos anti-racismo, sindicatos e partidosde esquerda, assinalou também o 10º aniversário dosconfrontos entre polícia e imigrantes ilegais na igrejade Saint-Bernard, na capital francesa.

Os manifestantes protestaram também contra aexpulsão de mais de 500 pessoas (a maioria imigrantesilegais) de uma antiga residência universitária que ti-nham ocupado nos subúrbios de Paris. Habitação,papéis e direito à Educação, já!, podia ler-se numafaixa transportada por alguns imigrantes. Dez anosdepois de Saint-Bernard: Hoje mais do que nunca,legalização para imigrantes ilegais!, lia-se numa outra.

BREVESBREVESBREVESBREVESBREVES

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Este muro invisível erguido pela Europafortaleza para separar os deserdados do sul donorte rico torna impossível qualquer encontroverdadeiramente humano, fomentando oracismo e o xauvinismo, e todo o tipo detráficos e de degradação humana. Massimboliza bem a falsidade das relações criadaspelos governantes dos dois continentes, umarelação em que as mercadorias e as armascirculam livremente, mas não os sereshumanos.

O que empurra os africanos para a Europarica é a pobreza secular provocada peloexpansionismo ocidental, a pilhagem a que temsido sujeitos e as atrozes guerras de saqueeconómico apresentadas como guerras civis.Eles são as vítimas de um empobrecimentocontínuo, organizado pelo Ocidente eexecutado em regra pelos dirigentes fantoches

ao serviço das multinacionais. Essasmultinacionais que querem transformar Áfricanum campo de ruínas onde só haja matérias--primas e animais selvagens, para prazer dosturistas; que os condena à miséria em paísesonde o ouro, os diamantes, o cobalto, o cobre,o petróleo jorram em caudais; onde aquilo quedeveria servir para os alimentar e desenvolvervem para o Ocidente, serve para pagar dívidasque esses povos nunca contraíram, ou paracomprar as armas que os matam e lhesamputam os membros. É dessas guerras quefogem, e da miséria que geram nos seuspaíses. Querem sobreviver e ajudar asobreviver as suas famílias, que ficaram paratrás. Não são suicidários. São pessoas quevivem numa situação tal que não podemcultivar os campos, dormir em sossego, nempensar no futuro dos filhos. A morte tornou-seum facto banal – vêm as crianças a morrer àfome, dia após dia – e custa ver uma criançamorrer de fome nos braços, ou o pai, de umamalária sem importância, que se poderia curarfacilmente num centro de saúde. Não é fácildeixar a mulher, o filho, a mãe doente, semsaber se voltarão a vê-los.

Eles só querem sobreviver. Eles só nãoquerem morrer como ratos apanhados numincêndio.

Uma tragédia humanaUma tragédia humanaUma tragédia humanaUma tragédia humanaUma tragédia humana

O que impele dezenas deO que impele dezenas deO que impele dezenas deO que impele dezenas deO que impele dezenas demilhar de africanos amilhar de africanos amilhar de africanos amilhar de africanos amilhar de africanos alançarlançarlançarlançarlançarem-se sobrem-se sobrem-se sobrem-se sobrem-se sobre ose ose ose ose osmmmmmurururururos de arame farpadoos de arame farpadoos de arame farpadoos de arame farpadoos de arame farpadoque separam a África dosque separam a África dosque separam a África dosque separam a África dosque separam a África dosenclavenclavenclavenclavenclaves coloniaises coloniaises coloniaises coloniaises coloniaisespanhóis, rasgespanhóis, rasgespanhóis, rasgespanhóis, rasgespanhóis, rasgando asando asando asando asando ascarnes e sem sabercarnes e sem sabercarnes e sem sabercarnes e sem sabercarnes e sem saberemememememcomo ficarão depois de secomo ficarão depois de secomo ficarão depois de secomo ficarão depois de secomo ficarão depois de sedespenhardespenhardespenhardespenhardespenharem de seisem de seisem de seisem de seisem de seismetrmetrmetrmetrmetros de altura? Ou aos de altura? Ou aos de altura? Ou aos de altura? Ou aos de altura? Ou ametermetermetermetermeterem-se em frágem-se em frágem-se em frágem-se em frágem-se em frágeis eeis eeis eeis eeis esuperlotadas embarsuperlotadas embarsuperlotadas embarsuperlotadas embarsuperlotadas embarcaçõescaçõescaçõescaçõescaçõespara atravpara atravpara atravpara atravpara atravessar oessar oessar oessar oessar oMediterrâneo ou oMediterrâneo ou oMediterrâneo ou oMediterrâneo ou oMediterrâneo ou oAtlântico até à Itália,Atlântico até à Itália,Atlântico até à Itália,Atlântico até à Itália,Atlântico até à Itália,Andaluzia, Canárias, CaboAndaluzia, Canárias, CaboAndaluzia, Canárias, CaboAndaluzia, Canárias, CaboAndaluzia, Canárias, CaboVVVVVerde, na ânsia deerde, na ânsia deerde, na ânsia deerde, na ânsia deerde, na ânsia dechegchegchegchegchegarararararem à Eurem à Eurem à Eurem à Eurem à Europa,opa,opa,opa,opa,morrmorrmorrmorrmorrendo ao milharendo ao milharendo ao milharendo ao milharendo ao milhares, unses, unses, unses, unses, unsafoafoafoafoafogggggados, outrados, outrados, outrados, outrados, outros de fomeos de fomeos de fomeos de fomeos de fomee sede quando se perdeme sede quando se perdeme sede quando se perdeme sede quando se perdeme sede quando se perdemno mar ou sãono mar ou sãono mar ou sãono mar ou sãono mar ou sãoabandonados no desertoabandonados no desertoabandonados no desertoabandonados no desertoabandonados no desertopelas autoridadespelas autoridadespelas autoridadespelas autoridadespelas autoridadesmarrmarrmarrmarrmarroquinas, líbiasoquinas, líbiasoquinas, líbiasoquinas, líbiasoquinas, líbiassenegsenegsenegsenegsenegalesas e nigalesas e nigalesas e nigalesas e nigalesas e nigerianas,erianas,erianas,erianas,erianas,ou então baleados pelosou então baleados pelosou então baleados pelosou então baleados pelosou então baleados pelosguardas frguardas frguardas frguardas frguardas fronteiriços? E aonteiriços? E aonteiriços? E aonteiriços? E aonteiriços? E asuportarsuportarsuportarsuportarsuportarem as violaçõesem as violaçõesem as violaçõesem as violaçõesem as violações(no caso das m(no caso das m(no caso das m(no caso das m(no caso das mulherulherulherulherulheres), aes), aes), aes), aes), aserserserserserem gem gem gem gem gado na mão dosado na mão dosado na mão dosado na mão dosado na mão dostraficantes, a vivtraficantes, a vivtraficantes, a vivtraficantes, a vivtraficantes, a viverererereremememememmeses nos degmeses nos degmeses nos degmeses nos degmeses nos degradantesradantesradantesradantesradantescampos de concentraçãocampos de concentraçãocampos de concentraçãocampos de concentraçãocampos de concentraçãoonde são enjaulados pelasonde são enjaulados pelasonde são enjaulados pelasonde são enjaulados pelasonde são enjaulados pelasautoridades eurautoridades eurautoridades eurautoridades eurautoridades europeias?opeias?opeias?opeias?opeias?

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Border/La Linea, Border/La Linea, Border/La Linea, Border/La Linea, Border/La Linea, Lila Dow’ns, NaradaWorld, EUA.Dedicado aos mexicanos que todosos dias morrem ao tentarematravessar a fronteira que os separados EUA, este trabalho de LilaDowns, uma norte-americana deascendência mexicana, combinaritmos do sul dos Estados Unidos,México, Colômbia e Caraíbas. E fala--nos de uma realidade com mais deuma década, que anualmente vitimamais de meio milhar detrabalhadores pobres; das razões queimpelem os deserdados do México eda América Central a arriscarem a vida,diariamente, na travessia de uma das fronteirasmais vigiadas e fortificadas do mundo, a dosEUA com o México; da miséria e da repressãonos seus países, de que tentamdesesperadamente fugir; da exploração a quesão sujeitos nas “maquiladoras” norte--americanas; dos maus-tratos que sofrem àsmãos das polícias de fronteira, de sonhosfrustrados. E de esperança, apesar de tudo.Lila Down’s esteve recente em Portugal ondeapresentou o seu novo trabalho “La Cantina”,com música ranchera, uma forma musicalsurgida durante a revolução mexicana, onde osoprimidos voltam a ser a sua inspiração.

CULCULCULCULCULTURATURATURATURATURA

Onde cairá o orvOnde cairá o orvOnde cairá o orvOnde cairá o orvOnde cairá o orvalho se as pedrasalho se as pedrasalho se as pedrasalho se as pedrasalho se as pedrasperderam donoperderam donoperderam donoperderam donoperderam dono

Onde cairá o orvOnde cairá o orvOnde cairá o orvOnde cairá o orvOnde cairá o orvalho se as pedras perderamalho se as pedras perderamalho se as pedras perderamalho se as pedras perderamalho se as pedras perderamdono e históriadono e históriadono e históriadono e históriadono e história

e só as coisas torpes e destruídase só as coisas torpes e destruídase só as coisas torpes e destruídase só as coisas torpes e destruídase só as coisas torpes e destruídascobriram os campos e tornaram cinza ocobriram os campos e tornaram cinza ocobriram os campos e tornaram cinza ocobriram os campos e tornaram cinza ocobriram os campos e tornaram cinza ovvvvverde?erde?erde?erde?erde?

Oiço exérOiço exérOiço exérOiço exérOiço exércitos do norte do sul e do lestecitos do norte do sul e do lestecitos do norte do sul e do lestecitos do norte do sul e do lestecitos do norte do sul e do lestefantasmas lançando o manto das trfantasmas lançando o manto das trfantasmas lançando o manto das trfantasmas lançando o manto das trfantasmas lançando o manto das trevevevevevasasasasasos ros ros ros ros rostos exilando-se de si mesmos.ostos exilando-se de si mesmos.ostos exilando-se de si mesmos.ostos exilando-se de si mesmos.ostos exilando-se de si mesmos.Oiço os exérOiço os exérOiço os exérOiço os exérOiço os exércitos e todo e qualquer somcitos e todo e qualquer somcitos e todo e qualquer somcitos e todo e qualquer somcitos e todo e qualquer som

abafarabafarabafarabafarabafarem.em.em.em.em.- Não ouv- Não ouv- Não ouv- Não ouv- Não ouves a chuves a chuves a chuves a chuves a chuva lá fora, a va lá fora, a va lá fora, a va lá fora, a va lá fora, a voz de umaoz de umaoz de umaoz de umaoz de uma

mmmmmulherulherulherulherulher,,,,,o choro choro choro choro choro de uma criança?o de uma criança?o de uma criança?o de uma criança?o de uma criança?Oiço os exérOiço os exérOiço os exérOiço os exérOiço os exércitos, oiço os exércitos, oiço os exércitos, oiço os exércitos, oiço os exércitos, oiço os exércitos.citos.citos.citos.citos.

QuerQuerQuerQuerQuero ro ro ro ro reconstruir tudo - alguém disseeconstruir tudo - alguém disseeconstruir tudo - alguém disseeconstruir tudo - alguém disseeconstruir tudo - alguém dissee ouvimos cair as árve ouvimos cair as árve ouvimos cair as árve ouvimos cair as árve ouvimos cair as árvororororores.es.es.es.es.E vimos a terra coberta de acáciasE vimos a terra coberta de acáciasE vimos a terra coberta de acáciasE vimos a terra coberta de acáciasE vimos a terra coberta de acáciase as acácias eram sangue.e as acácias eram sangue.e as acácias eram sangue.e as acácias eram sangue.e as acácias eram sangue.

Estamos à beira de um caminhoEstamos à beira de um caminhoEstamos à beira de um caminhoEstamos à beira de um caminhoEstamos à beira de um caminho- que caminho é este?- que caminho é este?- que caminho é este?- que caminho é este?- que caminho é este?InvInvInvInvInventam de noventam de noventam de noventam de noventam de novo o vôo dos pássaro o vôo dos pássaro o vôo dos pássaro o vôo dos pássaro o vôo dos pássaros.os.os.os.os.Aqui já se ouviu o botão da rAqui já se ouviu o botão da rAqui já se ouviu o botão da rAqui já se ouviu o botão da rAqui já se ouviu o botão da rosa aosa aosa aosa aosa adesabrdesabrdesabrdesabrdesabrocharocharocharocharochar.....

Maria AlexandrMaria AlexandrMaria AlexandrMaria AlexandrMaria Alexandre Dáskalos e Dáskalos e Dáskalos e Dáskalos e Dáskalos (Angola)

DESCUBRA AS 7 DIFERENÇASDESCUBRA AS 7 DIFERENÇASDESCUBRA AS 7 DIFERENÇASDESCUBRA AS 7 DIFERENÇASDESCUBRA AS 7 DIFERENÇASEstes desenhos parecem Iguais. Mas entre o primeiro e o segundo há sete pequenas

diferenças. Descubra-as.

PPPPPASSA TEMPOASSA TEMPOASSA TEMPOASSA TEMPOASSA TEMPO

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CorrCorrCorrCorrCorrespondentes naespondentes naespondentes naespondentes naespondentes naGuerra Civil deGuerra Civil deGuerra Civil deGuerra Civil deGuerra Civil deEspanhaEspanhaEspanhaEspanhaEspanha, , , , , exposiçãobibiográfica documental, até27 de Novembro, InstitutoCervantes (Rua de SantaMarta, 43 F).Uma selecção de 30 crónicasreflectem o evoluir daguerra, escritas porjornalistas ou voluntários,como Saint-Exupery, ErnestHemingway, John dos Passosou Louis Delapree. Falam--nos de acontecimentoscomo a batalha de Badajoz, amarcha da coluna Durruti, abatalha de Alcazar deToledo, a queda de Madrid, amatança de Guernica, dasBrigadas Internacionais, daatalha de Teruel, etc.

Page 12: SOLIDARIEDADE IMIGRANTE · desidratada e mais esfomeada ainda do que em casa. As causas são conhecidas: a globalização neoliberal concentra a finança num pólo e ... E no entanto

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7 OUTUBRO – TTTTTeatreatreatreatreatro do Oprimidoo do Oprimidoo do Oprimidoo do Oprimidoo do Oprimido (GTO), Quinta da Vitória, 17 horas.Organização: GT sobre habitação (DAH) da SOLIM e Comissão de Moradores da Quinta da

Vitória.

8 Outubro – PrPrPrPrProjecção de filmes sobrojecção de filmes sobrojecção de filmes sobrojecção de filmes sobrojecção de filmes sobre a luta pelo dire a luta pelo dire a luta pelo dire a luta pelo dire a luta pelo direito à habitação em Peito à habitação em Peito à habitação em Peito à habitação em Peito à habitação em Portugortugortugortugortugalalalalal, Bairroda Estrada Militar, 18,30 horas.Organização: GT sobre habitação (DAH) da SOLIM e Comissão de Moradores da EstadaMilitar.

9 Outubro – Reunião prReunião prReunião prReunião prReunião preparatória das 1ª Jornadas da Habitaçãoeparatória das 1ª Jornadas da Habitaçãoeparatória das 1ª Jornadas da Habitaçãoeparatória das 1ª Jornadas da Habitaçãoeparatória das 1ª Jornadas da Habitação, às 19 horas, Ordem dosArquitectos.Organização: Plataforma Artigo 65.

10 Outubro – Reunião pr Reunião pr Reunião pr Reunião pr Reunião preparatória manifestaçãoeparatória manifestaçãoeparatória manifestaçãoeparatória manifestaçãoeparatória manifestação, com moradores e comissões dos bairros deLisboa, às 19 horas, no Centro Cultural O Bacalhoeiro (Rua dos Bacalhoeiros, 123 - 1º).Organização: GT sobre habitação (DAH) da SOLIM.

12 Outubro – Participação na manifestação da CGTPParticipação na manifestação da CGTPParticipação na manifestação da CGTPParticipação na manifestação da CGTPParticipação na manifestação da CGTP, 14,30 horas, Rossio.14 Outubro – Multiculturalidade e divMulticulturalidade e divMulticulturalidade e divMulticulturalidade e divMulticulturalidade e diversidade cultural na sociedade portuguesaersidade cultural na sociedade portuguesaersidade cultural na sociedade portuguesaersidade cultural na sociedade portuguesaersidade cultural na sociedade portuguesa – FSP– FSP– FSP– FSP– FSP,

Auditório da Escola Emídio Navarro, Almada, 15 horas.Organização: SOLIM, GTO e ETNIA;

----- A habitação é um dir A habitação é um dir A habitação é um dir A habitação é um dir A habitação é um direitoeitoeitoeitoeito – FSP– FSP– FSP– FSP– FSP, Auditório da Escola Emídio Navarro, Almada, 17,30 horas;Organização: SOLIM, Plataforma Artigo 65, Comissões de Moradores das Marianas,Azinhaga dos Besouros e Quinta da Serra;

- - - - - Existe movimento social em PExiste movimento social em PExiste movimento social em PExiste movimento social em PExiste movimento social em Portugortugortugortugortugalalalalal – FSP– FSP– FSP– FSP– FSP, Auditório Frei Luís de Sousa, Almada, 14,30horas.Organização: SOLIM, ATTAC Portugal e CIDAC.

20 Outubro – Moramos cáMoramos cáMoramos cáMoramos cáMoramos cá, ciclo de cinema sobre a luta pelo direito à habitação, no CentroCultural O Bacalhoeiro, às 19,30 horas.TTTTTornallon ornallon ornallon ornallon ornallon ----- Enric Peris y Videohackers (Espanha)En ConstruccionEn ConstruccionEn ConstruccionEn ConstruccionEn Construccion – José Luís Guerín (Espanha/França)Organização: GT sobre habitação (DAH) da SOLIM e CC O Bacalhoeiro.

21 Outubro – Moramos cáMoramos cáMoramos cáMoramos cáMoramos cá, ciclo de cinema sobre o direito à habitação, no Centro Cultural OBacalhoeiro, às 18 horas.OutrOutrOutrOutrOutros bairros bairros bairros bairros bairrososososos – Inês Gonçalves, Kiluanje Liberdade e Vasco Pimentel (Portugal)Com uma ilha às costasCom uma ilha às costasCom uma ilha às costasCom uma ilha às costasCom uma ilha às costas – Ricardo Silva, Raquel Matias e Tiago Matos (Portugal)A luta actual pelo dirA luta actual pelo dirA luta actual pelo dirA luta actual pelo dirA luta actual pelo direito à habitação em Peito à habitação em Peito à habitação em Peito à habitação em Peito à habitação em Portugortugortugortugortugal al al al al – Nathalie Mansoux (Portugal)Último diaÚltimo diaÚltimo diaÚltimo diaÚltimo dia – Freestylav (Portugal)À marÀ marÀ marÀ marÀ margggggem do concrem do concrem do concrem do concrem do concreto eto eto eto eto – Evaldo Mocarzel (Brasil)Organização: GT sobre habitação (DAH) da SOLIM e CC O Bacalhoeiro.

- Jantar italianoJantar italianoJantar italianoJantar italianoJantar italiano – Sede da SOLIM, 21 horas.Uma ocasião para experimentar os sabores italianos, escutar música e ver vídeos daquelepaís.É preciso fazer reserva.Organização: GT Interculturalidade, da SOLIM.

27 Outubro – Reunião aberta da Plataforma ArtigReunião aberta da Plataforma ArtigReunião aberta da Plataforma ArtigReunião aberta da Plataforma ArtigReunião aberta da Plataforma Artigo 65o 65o 65o 65o 65, Ordem dos Arquitectos, 21 horas.

28 Outubro – LutasLutasLutasLutasLutas – Sede da SOLIM, 20 horas.Noite de projecções e debate, com o documentário YYYYYangangangangangelelelelel e outro material audio e video deoutros autores, sobre a relação da arte com as lutas e os direitos.Organização: GT Interculturalidade, da SOLIM.

A 13, 14 e 15 de Outubrorealiza-se a IIª edição do FórumSocial Português (FSP).

O FSP afirma-se como ummovimento de movimentos eorganizações sociais e políticasque se reconhecem no espíritodo Fórum Social Mundial e dosencontros continentais quereclamam que um outromundo, mais pacífico, maisjusto, solidário, ecológico esustentável é necessário epossível.

Pretende-se um espaço deencontros e de cruzamento deideias. Uma união de vozesque fortaleçam os movimentossociais, exijam a paz,condenem a pobreza, ainjustiça, libertem a expressão.

Fortalecer o FSP é dotá-loda capacidade crítica, dadinâmica, de uma maiorparticipação das populações,que só os movimentos sociaislhe podem dar. Mas para isso épreciso que estes se apoderemdo Fórum e o tornem seu, paraque as actividades realizadasem conjunto sejam o resultadodo empenho de todos, dosmovimentos sociais, e não dosinteresses de alguns,

A Solidariedade Imigrantevai participar activamente noFSP, e continuará a esforçar-separa trazer novos actores,novas energias, maiorirreverência e activismo, paracombater a excessivaformatação e formalismoexistentes, numa atitude dedinâmica de redes pró-activas,para que o ar que nestasandanças se respira sejarenovado e abundante.

JorJorJorJorJorggggge Silve Silve Silve Silve Silvaaaaa

FFFFFórum Socialórum Socialórum Socialórum Socialórum SocialPPPPPortuguês 2006ortuguês 2006ortuguês 2006ortuguês 2006ortuguês 2006

AAAAACTIVIDCTIVIDCTIVIDCTIVIDCTIVIDADES DADES DADES DADES DADES DA SOLIMA SOLIMA SOLIMA SOLIMA SOLIM