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De acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS) o tabagismo é a principal causa de morte evitável, estimando-se que um terço da população mundial adulta que corresponde em cerca de mais de 1 bilhão sejam fumantes, caracterizando uma epidemia global e que, seis milhões de mortes anuais ocorrem, correspondendo a 600 mil mortes por dia. (CEZAR et al, 2014). O Inca (Instituto Nacional de Câncer) define o tabagismo como grupo dos transtornos mentais e comportamentais devido à substância psicoativa na Classificação Internacional de Doenças e problemas relacionadas à saúde (CID-10, 1997) de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo, sendo reconhecido como uma doença epidêmica que causa dependência física, psicológica e comportamental semelhante ao que ocorre com o uso de outras drogas como álcool, cocaína e heroína (LIPINSKI, 2017). A dependência é devido à presença da nicotina nos produtos à base de tabaco e leva os fumantes a inalarem mais de 4.720 substâncias tóxicas, a saber: monóxido de carbono, amônia, cetona, formaldeído, acetaldeído, acroleína, contendo também 43 substâncias cancerígenas, como arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, chumbo, resíduos de agrotóxicos e sustâncias radioativas (LIPINSKI, 2017). A nicotina existente no cigarro quando inalado tem poder de produzir transformação no Sistema Nervoso Central, assim sofrer modificações do estado emocional e comportamental, conforme ocorre com cocaína, heroína e álcool. No mercado Nacional e Internacional há uma variedade de produtos derivados do tabaco que são usados de várias formas: fumado/inalado (cigarro, cachimbo, charuto, cigarro de bali ou Kretekas ou cigarro de cravo, cigarro de palha, cigarrilha, bidis, narguilé); aspirado (rapé); mascado (fumo- de-rolo, snuff); absorvido pela mucosa oral (snus), sendo que todos contém nicotina causando dependência e aumentando o risco de contrair doenças crônicas não transmissíveis. No Brasil, a forma predominante do uso do tabaco é o fumado (LIPINSKI, 2017). Neste sentido, estudos apontam que geralmente o consumo de tabaco inicia-se na adolescência, em média dos 13 aos 14 anos de idade. Quanto mais precoce o seu início maior a gravidade da dependência dos problemas a ela associados (LUCCHESE et al., 2013). Além disso, o tabagismo passivo é também um grave problema de saúde pública, sendo que globalmente 40% das mulheres e 33% dos homens não fumantes estão expostos à fumaça dos derivados do tabaco. E aumentando esse quadro a estimativa é de 603 mil mortes anuais, quais 47% em mulheres, 28% em crianças e 26% em homens (PINTO, RIVIERE, BARDACH, 2015). TABAGISMO EM PACIENTES DE UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM UM MUNICÍPIO DO SUDOESTE GOIANO.

TABAGISMO EM PACIENTES DE UMA ESTRATÉGIA DE ......De acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS) o tabagismo é a principal causa de morte evitável, estimando-se que um terço

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  • De acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS) o tabagismo é a principal causa de morte

    evitável, estimando-se que um terço da população mundial adulta que corresponde em cerca de mais de 1 bilhão sejam fumantes, caracterizando uma epidemia global e que, seis milhões de mortes anuais ocorrem, correspondendo a 600 mil mortes por dia. (CEZAR et al, 2014).

    O Inca (Instituto Nacional de Câncer) define o tabagismo como grupo dos transtornos mentais e comportamentais devido à substância psicoativa na Classificação Internacional de Doenças e problemas relacionadas à saúde (CID-10, 1997) de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo, sendo reconhecido como uma doença epidêmica que causa dependência física, psicológica e comportamental semelhante ao que ocorre com o uso de outras drogas como álcool, cocaína e heroína (LIPINSKI, 2017).

    A dependência é devido à presença da nicotina nos produtos à base de tabaco e leva os fumantes a inalarem mais de 4.720 substâncias tóxicas, a saber: monóxido de carbono, amônia, cetona, formaldeído, acetaldeído, acroleína, contendo também 43 substâncias cancerígenas, como arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, chumbo, resíduos de agrotóxicos e sustâncias radioativas (LIPINSKI, 2017).

    A nicotina existente no cigarro quando inalado tem poder de produzir transformação no Sistema Nervoso Central, assim sofrer modificações do estado emocional e comportamental, conforme ocorre com cocaína, heroína e álcool. No mercado Nacional e Internacional há uma variedade de produtos derivados do tabaco que são usados de várias formas: fumado/inalado (cigarro, cachimbo, charuto, cigarro de bali ou Kretekas ou cigarro de cravo, cigarro de palha, cigarrilha, bidis, narguilé); aspirado (rapé); mascado (fumo-de-rolo, snuff); absorvido pela mucosa oral (snus), sendo que todos contém nicotina causando dependência e aumentando o risco de contrair doenças crônicas não transmissíveis. No Brasil, a forma predominante do uso do tabaco é o fumado (LIPINSKI, 2017).

    Neste sentido, estudos apontam que geralmente o consumo de tabaco inicia-se na adolescência, em média dos 13 aos 14 anos de idade. Quanto mais precoce o seu início maior a gravidade da dependência dos problemas a ela associados (LUCCHESE et al., 2013).

    Além disso, o tabagismo passivo é também um grave problema de saúde pública, sendo que globalmente 40% das mulheres e 33% dos homens não fumantes estão expostos à fumaça dos derivados do tabaco. E aumentando esse quadro a estimativa é de 603 mil mortes anuais, quais 47% em mulheres, 28% em crianças e 26% em homens (PINTO, RIVIERE, BARDACH, 2015).

    TABAGISMO EM PACIENTES DE UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM UM MUNICÍPIO DO SUDOESTE GOIANO.  

  • A nicotina contida é a droga psicoativa que

    mais causa dependência. Eleva o ritmo cardíaco e a pressão arterial. O hábito de fumar é responsável por mais mortes do que todas as outras drogas psicoativas juntas. O consumo do tabaco é um grande fator de risco para doenças no mundo, como: doenças cardíacas isquêmicas, acidentes vasculares cerebrais, infecções das vias aéreas inferiores, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), tuberculose, cânceres de pulmão, traqueia, brônquio, sistema digestivo e o sistema urinário (INCA 2012).

    Desta maneira, o tabaco ao ser usado de qualquer forma (cigarro, cachimbo, rapé), é responsável por 90% de todos os cânceres de pulmão. Também traz prejuízos para a saúde daqueles que são fumantes passivos, e para bebês de mães fumantes que podem nascer prematuramente ou com baixo peso. A fumaça ambiental dos cigarros também é responsável por causar danos à saúde, principalmente em asmáticos, crianças e adultos com tendência às doenças cardíacas (LUCCHESE et al., 2013).

    A poluição da fumaça contribui para a concentração e exposição de partículas cujos componentes químicos são tóxicos ou cancerígenos, comprometendo significativamente a qualidade do ar. Assim sendo, diante do que foi descrito o fumador, morre mais cedo que o não fumador, adoece mais vezes que o não fumador e custa mais caro à sociedade (LUCCHESE et al., 2013).

    Efeitos nocivos do tabaco à saúde

  • Prevenção

    O Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) por meio das campanhas de prevenção tem

    em vista assegurar uma qualidade de vida livre do tabaco. Portanto, investir em estratégias por meio de comunicação e ações voltadas para sensibilização e conscientização de jovens e adultos para que não inicie o primeiro cigarro. No entanto a prevenção faz se necessário, incentivando as pessoas mudar hábitos e cultura que foi passada de geração, mas que continua prevalente até dias atuais (INCA, 2012).

    Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o tabagismo é hoje a principal causa de morte evitável. A prevenção é fundamental, pois é por meio de ações educativas que contribui para a população não fumar o primeiro cigarro. O PNCT por meio da comunicação desenvolve ações visando esclarecer o indivíduo dos malefícios que o cigarro traz a saúde e englobam estratégias de comunicação, materiais educativos, capacitações presenciais ou a distância visando esclarecer população já fumante sobre os malefícios do tabaco e de uma forma geral os não fumantes para que evite o primeiro cigarro (INCA, 2012).

    A Atenção Básica de Saúde (ABS) ou a Estratégia Saúde da Família (ESF) deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. Por isso, é fundamental que ela se oriente pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (BORGES et al., 2011).

    Deste modo, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Moisés Maia Firmo conhecida popularmente como Unidade Básica de Saúde do Colmeia Park, a referida UBS, possui duas equipes de saúde sendo a 303 e 315. Essas equipes possuem trabalhadores multiprofissionais e trabalha com uma população definida e apresenta uma área de abrangência delimitada geograficamente, abrangendo os bairros Colmeia Park, Filostro Machado, Dom Abel e Mauro Bento.

  • De acordo com os dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), no ano de 2018, a UBS possui 1955 usuários cadastrados, sendo 1076 do gênero feminino e 879 do gênero masculino, esses usuários são divididos entre as duas equipes de saúde existentes na UBS. Cada equipe da Unidade Básica fica responsável por acompanhar um número determinado de pessoas, de famílias da sua área pré-estabelecida, para monitorar o estado de saúde destas pessoas, garantindo condições para o acesso aos cuidados de saúde prestado a comunidade.

    No Brasil, as ações voltadas ao controle do tabagismo e de seus malefícios para as gerações presente e futura tem uma perspectiva de sucesso, com envolvimento do governo Federal e de vários ministérios. Simultaneamente, potencializou as atividades de prevenção e tratamento do fumante dentro do PNCT (VARGAS, 2014).

    O objetivo deste foi identificar o número de tabagistas na Unidade Básica de Saúde Moisés Maia Firmo. Na tabela 1, mostra que dos 196 usuários tabagistas da UBS, 50,5 % são do sexo masculino, sendo que

    na equipe 303 possui mais tabagista masculinos em comparação com a equipe 315.

    Tabela 1- Usuários tabagistas da Unidade Básica de Saúde, Moisés Maia Firmo, 2018. .

    ______________________________________________________________________________ Variável N % ______________________________________________________________________________ Gênero Equipe 303 Equipe 315 Total % Feminino 48 49 97 49,4 Masculino 58 41 99 50,5 Total 106 90 196 100 ______________________________________________________________________________ Fonte: Fichas de cadastros dos Agentes Comunitários de Saúde da Estratégia de Saúde da Família Moisés Maia Firmo.

    De acordo com Separavich e Canesqui (2013), os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres, sendo que os homens menosprezam os cuidados com a própria saúde. Contribuindo, assim, para o aumento dos índices de morbimortalidade masculinos, considerados altos em relação aos femininos. Desta maneira, quando os homens procuram o serviço de saúde, adentram o sistema por meio da média e alta complexidade. Na prática, isto significa que se encontram com a enfermidade agravada, muitas vezes num estágio em que não há mais cura, como no caso das neoplasias demandando, assim, maior custo ao Sistema de Saúde.

    Vale Salientar que o SUS, oferece apoio no que se refere à cessação e prevenção do hábito de fumar, como o suporte ofertado ao tabagista na Atenção Básica de Saúde e na de média complexidade, que compreende a abordagem cognitivo-comportamental em grupo e/ou individual, que pode ou não ser associada ao tratamento medicamentoso (VAGAS, 2014).

    O tabagismo é um grave problema de saúde pública, é fator causal de várias doenças incapacitantes e fatais. Uma vez que o tabagismo é uma situação alarmante e necessita constantemente de projetos e intervenções para a diminuição do uso do tabaco. Neste sentido, a Atenção Básica de Saúde é um instrumento relevante para o aumento das taxas de cessação e para a prevenção do uso do tabaco, principalmente entre os jovens e adolescentes. Conscientizando a população sobre as consequências maléficas do tabagismo

  • REFERÊNCIAS

    BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE. PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE 2013. Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. Rio de Janeiro, 2013. CESAR, A. et al.; OS Problemas Causados Pelos Fumantes Ativos aos Passivos na Unit e A Criação de um Fumódromo. Cadernos de Graduação- Ciências Exatas e Tecnologias. Unit/ Aracaju. V.2. N.1, p. 11-20, março. 2014. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Coordenação Geral de Prevenção e Vigilância, Divisão de Controle do Tabagismo. Relatório do “I Encontro de profissionais de saúde para abordagem e tratamento do tabagismo na rede SUS”. Rio de Janeiro: INCA; 2012. LIPINSKI, ALEX et al.; MATERIAL DE APOIO AO DOCENTE. V Concurso de Redação TABAGISMO. Barretos, 2017. LUCCHESE, R. VARGAS, L.S.; TEODORO, W.R; SANTANA, L.K.B.; SANTANA, F.R. A tecnologia de grupo operativo aplicada num Programa de Controle do Tabagismo. Texto Contexto Enfermagem, v.22, n. 4, 918-926, 2013. PINTO, M.T.; RIVIERE, A.P.; BARDACH, A. Estimativa da Carga do Tabagismo no Brasil: mortalidade, morbidade e custos. Cad. Saúde Pública. V. 31. N. 6, p. 1283-1297, jun. Rio de Janeiro, 2015. SEPARAVICH, M.A; CANESQUI, A.M. Saúde do homem e masculinidade na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: Uma revisão bibliográfica. Saúde Sociedade. V. 22. N. 2, p. 415-428, São Paulo, 2013. VARGAS, L.S. Prevalência de Tabagismo em estudantes do Município de Catalão Goiás Brasil. Universidade Federal de Goiás. (Dissertação de Mestrado), Catalão, 2014.

    Elaboração: Adriana Gomes da Cruz1 Amanda Marques Nunes² Naira Mohamad da Silva Ferreira³ Paulo Ribeiro Teixeira4 Cácia Régia de Paula5 Ana Júlia Teodoro Rezende6

    1 Acadêmica do 9o período do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Regional Jataí-Go. 2Acadêmica do 9º período do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Regional Jataí-Go. 3Enfermeira graduada pela Universidade de Rio Verde-FESURV. Especialização em Enfermagem do Trabalho; Urgência e Emergência e Saúde Pública com ênfase em Saúde da Família. 4Enfermeiro graduado pelo Centro Universitário de Rio Preto- UNIRP. Especialização em Centro Cirúrgico e Recuperação pós-anestésica. 5Enfermeira doutoranda em Enfermagem. Prof.ª da Universidade Federal de Goiás. Regional Jataí-Go. 6Enfermeira graduada pela Pontifícia Católica de Goiás. Especialização em Saúde Pública, em Enfermagem do Trabalho, Multiprofissional Saúde da Família e em Análise de Situação de Saúde.

    Universidade Federal de Goiás

    Observatório de Epidemiologia e Serviços de Saúde - EPISERV Coordenadora: Profa. Dra. Edlaine Faria de Moura Villela