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FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL – UNIBRASIL COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO POLÍTICA SE DISCUTE, SIM: UM SITE COM FOCO NO SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO

Web viewTrabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção de grau de Bacharel em Jornalismo da Escola de Comunicação das Faculdades

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FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL – UNIBRASILCOMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO

POLÍTICA SE DISCUTE, SIM: UM SITE COM FOCO NO SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO

CURITIBA2014

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GIULIANNE KUIAVARAFAELA FIALA DE ALENCAR

POLÍTICA SE DISCUTE, SIM: UM SITE COM FOCO NO SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção de grau de Bacharel em Jornalismo da Escola de Comunicação das Faculdades Integradas do Brasil.

Orientadora Profª. Ms. Taiana Bubniak

CURITIBA2014

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GIULIANNE KUIAVARAFAELA FIALA DE ALENCAR

POLÍTICA SE DISCUTE,SIM: UM SITE COM FOCO NO SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção de grau de Bacharel em Jornalismo da Escola de Comunicação das Faculdades Integradas do Brasil.

_________________________________Professora Taiana Bubniak, Ms.Presidente da Banca - Orientadora

_________________________________Membro

_________________________________Membro

CURITIBA2014

Page 4: Web viewTrabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção de grau de Bacharel em Jornalismo da Escola de Comunicação das Faculdades

Dedicamos esse trabalho a Deus,

aos nossos pais e a todas as

pessoas que estiveram ao nosso

lado, nesses quatro anos de curso, e

contribuíram para nossa formação e

crescimento pessoal.

Page 5: Web viewTrabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção de grau de Bacharel em Jornalismo da Escola de Comunicação das Faculdades

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos que

contribuíram para nosso êxito no

decorrer dessa jornada,

em especial:

A Deus, que nos guiou e deu força

para não desistir mesmo quando o

cansaço bateu em nossas portas e

nos abençoou na escolha

dessa profissão.

As nossas famílias, em especial

nossos pais, Wilson e Maria Helena

e Sérgio e Rosineide, que foram

muito pacientes e sempre nos

apoiaram incondicionalmente, com

amor e incentivo.

A orientadora Taiana Bubniak, por

nos auxiliar dentro e fora de sala,

que nos tranquilizou e foi parte

fundamental para elaboração desse

trabalho.

Ao professor Hendryo André pelo

incentivo na escolha do tema e por

ter nos guiado no início desta

jornada.

Page 6: Web viewTrabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção de grau de Bacharel em Jornalismo da Escola de Comunicação das Faculdades

Aos nossos amigos, por dividirem

conosco os momentos de alegria e

ceder o abraço nos momentos

mais difíceis.

Ao namorado e parceiro de todos os

momentos, Luiz Afonso Poli, que me

incentivou nos momentos de dúvidas

e esteve sempre disposto a ajudar,

com paciência e amor.

Agradeço em especial ao meu tio,

Claudinei César Rosa, falecido em

2012. Ele não teve oportunidade de

presenciar a concretização desse

sonho, mas sempre acreditou em

mim e me incentivou com palavras

de amor, e estará sempre presente

em minha vida.

Page 7: Web viewTrabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção de grau de Bacharel em Jornalismo da Escola de Comunicação das Faculdades

“Que os vossos esforços desfiem as

impossibilidades, lembrai-vos de que

as grandes coisas do homem foram

conquistadas do que parecia

impossível”.

Charles Chaplin

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RESUMO

O sistema eleitoral brasileiro é complexo. Por isso, é essencial que seja entendido para o exercício do voto. Este trabalho pretende discutir o tema de forma teórica nas páginas que seguem e, por um viés prático, em um espaço online. O site “Política se discute, sim”, tem como objetivo problematizar o assunto por meio da produção de material jornalístico, que terá linguagem simples, a fim de facilitar a compreensão sobre a temática. Levando em conta que, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) menos de 16% dos brasileiros com faixa etária entre 18 e 24 anos votou nas últimas eleições, o público alvo deste trabalho são jovens universitários de 18 a 24 anos. Entre os pontos abordados neste trabalho estão a relação entre comunicação e política, as minúcias do sistema eleitoral brasileiro, as candidaturas e o voto universal, além das propostas de reforma política e eleitoral. Para obter uma ideia do nível de conhecimento dos jovens acerca do tema, foram aplicados questionários para o público jovem universitário, com faixa etária entre 18 e 24 anos, em Curitiba. A partir dessa sondagem, foi feita também a elaboração prévia de pautas. Por fim, deu-se a produção das reportagens. Foram realizadas entrevistas com especialistas, enquetes e produção de vídeos para que o material apresentado corresponda à exigência de multimidialidade que um veículo online exige.

PALAVRAS-CHAVE: SISTEMA ELEITORAL; POLÍTICA; JORNALISMO POLÍTICO; JORNALISMO ONLINE.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................11

2. DELIMITAÇÃO DO TEMA...............................................................................13

2.1. Relações entre comunicação e política........................................................15

2.2. Democracia Direta e Democracia Representativa: diferenças e

aproximações............................................................................................................19

2.3. Participação X Representação.....................................................................23

2.4. Participação popular na política por meio da internet...................................26

2.5. Sistema eleitoral...........................................................................................30

2.5.1. O Sufrágio universal e o voto.................................................................31

2.5.2. Sistema majoritário................................................................................33

2.5.3. Sistema proporcional.............................................................................34

2.5.3.1. Quociente eleitoral.................................................................................34

2.5.3.2. Voto de lista aberta e fechada...............................................................36

2.6. Candidaturas................................................................................................36

2.6.1. Gastos eleitorais e financiamento de campanhas..................................37

2.6.2. Condições de elegibilidade....................................................................38

2.6.3. Propagandas eleitorais..........................................................................39

2.7. Propostas de reformas políticas.........................................................................41

2.7.1. Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 352/2013.....................................41

2.7.2. Financiamento de Campanhas........................................................................42

2.7.3. Plebiscito; Referendo e Iniciativa Popular.......................................................44

2.7.4 Unificação das eleições....................................................................................45

3. PROBLEMA.....................................................................................................46

4. OBJETIVOS.....................................................................................................46

4.1. Objetivo geral......................................................................................................46

4.2. Objetivos específicos..........................................................................................46

5. JUSTIFICATIVA...............................................................................................46

6. REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................49

6.1. Teoria da Participação Pública...........................................................................49

6.2. Teoria da Rede Noticiosa...................................................................................50

6.3. Teoria do agendamento......................................................................................51

Page 10: Web viewTrabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção de grau de Bacharel em Jornalismo da Escola de Comunicação das Faculdades

6.4. A pauta e a produção da notícia.........................................................................52

6.5 A internet e a convergência digital.......................................................................53

7. METODOLOGIA DE PESQUISA.....................................................................56

7.1. Sondagem..........................................................................................................57

8. DELINEAMENTO DO PRODUTO...................................................................60

9. CONSIDERAÇOES FINAIS.............................................................................62

10. ANEXOS..........................................................................................................65

11. REFERÊNCIAS...............................................................................................72

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1. INTRODUÇÃO

Dos quase 22 milhões de jovens eleitores brasileiros que têm entre 18 e 24 anos,

menos de 16% compareceram às urnas nas eleições de 2012. Este número indica uma

das motivações deste trabalho, que tem como objetivo aproximar os universitários do

âmbito político por meio do conhecimento sobre o sistema eleitoral adotado atualmente.

Há pouco mais de seis meses das eleições de 2014, a produção de conteúdo sobre o

tema parece evidente, já que haverá interesse nesse período em especial. Além das

ligações entre política e comunicação, o desenvolvimento desta pesquisa trará uma

descrição sobre o sistema vigente, para que, por conta da complexidade do tema, seja

possível obter um maior entendimento.

Em um primeiro momento, será feito um panorama sobre a relação de

interdependência entre política e comunicação, para aproximar o público alvo com o

objeto de estudo. Em seguida será feita uma descrição criteriosa e clara sobre o sistema

eleitoral brasileiro que atualmente se organiza de forma representativa1. A diferença entre

Democracia Representativa e Democracia Participativa servirá como ponto de partida

para uma discussão sobre a influência dos indivíduos dentro de uma sociedade política.

No que diz respeito ao sistema eleitoral do Brasil, este adota a representação como

meio de governar e está divido entre Majoritário e Proporcional. O presidente da

República, os governadores de Estado e Distrito Federal, além dos prefeitos de

municípios com mais de 200 mil eleitores, são eleitos pelo sistema majoritário de maioria

absoluta. Para isso o candidato tem que obter nas urnas 50% dos votos válidos, mais um.

Caso isso não aconteça no primeiro turno, serão realizadas novas eleições em que os

dois candidatos mais votados disputarão a vaga.

Diferente do voto majoritário, em que apenas é contabilizado o número de votos

atribuídos ao candidato, o voto no sistema proporcional é de lista aberta, em que o eleitor

pode votar no candidato ou no partido. No entanto, o partido só consegue eleger

representantes se atingir uma cota mínima de votos, o chamado quociente eleitoral

(divisão do número de votos válidos apurados pelo número de lugares a ser preenchido).

Quanto mais votos, mais vagas o partido terá. Assim, os candidatos que obtiverem mais

do que cota exigida podem “transferi-los” aos candidatos do mesmo partido e/ou

coligação com menos votos, ajudando-os a se eleger. O sistema proporcional é adotado

para Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmara dos Vereadores.

1 O sistema de representação, adotado pelo Brasil, consiste na eleição direta de políticos eleitos a fim de representar e fazer valer os direitos dos cidadãos.

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No modelo representativo, os eleitores elegem os governantes que os

representarão. Por conta da conformação da sociedade brasileira, a adoção deste

sistema minimizou a possibilidade de que a participação fosse mais intensa. Não temos

um sistema mais participativo à medida que as pessoas no contexto contemporâneo dão

mais valor a liberdade individual do que à liberdade política2.

Para uma melhor aproximação com o tema serão utilizados alguns argumentos

teóricos. O primeiro é a teoria da participação pública, que diz que as pessoas precisam

participar de assuntos da vida pública, pois estes influenciam sua vida privada. A teoria da

rede noticiosa, também será utilizada neste trabalho na tentativa de explicar a relação

entre jornalistas e suas fontes. Por último será abordada a teoria do agendamento, na

qual a ideia central estabelece que um veículo de comunicação seja pautado também

pelo que os outros veículos estão dando como notícias.

Em um segundo momento, será abordado com maior profundidade a importância

da internet como fonte de informação. A possibilidade de mobilização social política

ganhou um alicerce com a consolidação da internet como ferramenta que fomenta

discussões e permite o compartilhamento e comentários de conteúdos em tempo real. O

alcance desse instrumento é inimaginável e não se pode prever.

Mesmo a mídia estando ligada aos meios digitais, não se pode, entretanto, pensar

nela de forma isolada ou somente técnica (SHIRKY, 2010). A mídia nada é sem o agente

transformador, ela não faz revolução sozinha, e sim proporciona. Cria chances e concede

uma liberdade. Não é mais necessário pedir permissão para que algo, ou alguma ideia,

venha a se tornar público. Os indivíduos agora possuem o poder do publicar. Ou seja, a

mídia proporciona, mas nada irá acontecer se o usuário desta ferramenta não tiver

vontade de fazer algo a respeito. A ação sobre qualquer tema debatido na internet só se

legitima por meio do indivíduo, que interage com essa mídia, criando, argumentando,

discutindo e compartilhando.

O site “Política se discute, sim”3, produto deste trabalho, busca a desmistificação da

ideia de que o saber sobre política é para poucos. Toda teoria descrita na sequência

deste projeto, bem como as dúvidas dos acadêmicos, serviram como base para a

produção de pautas jornalísticas que abasteceram o site com matérias multimídia:

escritas, em áudio e vídeo.

A pergunta que move este trabalho é como estimular os jovens a obter

conhecimento sobre o sistema eleitoral brasileiro. A internet pode vir a se tornar uma

2 CONSTANT, Benjamin. Da liberdade dos antigos comparada a dos modernos. 3 Site disponível em: <www.politicasediscutesim.com>.

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importante ferramenta para o debate político e para estimular uma diferente forma de

participação, no entanto o jornalismo tem que se readequar aos moldes digitais e

encontrar uma maneira de tornar o tema atraente. No site “Política se discute, sim”4,

produto deste trabalho, é possível uma interação entre os internautas que utilizam as

redes sociais, uma vez que dentro das páginas de notícias é possível levar a discussão

para o Facebook e Twitter, ou simplesmente comentar abaixo das matérias, o que

possibilita um espaço de debate.

Para entender o que jovens universitários entre 18 e 24 anos pensam sobre a

política brasileira e para avaliar o nível de conhecimento deste público acerca do sistema

eleitoral, foi adotado como um dos passos na metodologia de pesquisa a aplicação de

questionários quantitativos sobre o tema, nos quais foi possível perceber contradições

entre as respostas. Apesar de, a priori, a maioria dos estudantes considerarem seu nível

de conhecimento sobre o sistema eleitoral como médio, nas perguntas subsequentes a

maioria declarou não saber a diferença entre os sistemas majoritário e proporcional, entre

outros pilares do sistema eleitoral. Os números mais expressivos foram dos universitários

que acham necessária uma reforma política e que consideram importante ter um espaço

na internet que discuta política.

A proposta principal é a criação de matérias jornalísticas com linguagem

descontraída e informal – que prevalecem em blogs e sites para o público jovem – que

contribuam para o conhecimento e que, futuramente, possam estimular o debate.

Dois acontecimentos históricos são importantes para a elaboração deste trabalho e

se situam em tempos próximos: há quase um ano, o país viu a força da mobilização nas

ruas, nos protestos de junho de 2013. Uma sensação de insatisfação com a gestão

pública transpareceu na sociedade. Aliado a isso, a proximidade com o próximo pleito –

quando a população poderá indicar mudanças na organização do país – daqui a cerca de

seis meses, reforça a necessidade da criação de um site que discuta o sistema eleitoral

brasileiro. Como funciona o processo eleitoral? E o sistema proporcional e majoritário? O

que é quociente eleitoral? Tais questionamentos serviram como elementos norteadores

da proposta.

2. DELIMITAÇÃO DO TEMA

Para iniciar a discussão, falaremos sobre política e comunicação. Na sequência o

trabalho se dividirá em duas etapas. A primeira, diz respeito às diferenças entre a

4 Disponível em: <www.politicasediscutesim.com>.

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Democracia Representativa, na qual o Brasil se enquadra, e a Democracia Participativa. A

estrutura do sistema eleitoral brasileiro será abordada na sequência. A segunda fase

consiste na discussão das propostas de reformas eleitorais.

Existem diversos significados para o termo política. Neste caso se faz necessário

explicar qual o viés dentro deste conceito o presente trabalho irá abordar. A política

sempre vai estar ligada a tomada de decisões em prol do bem comum. “Assim o termo

associado ao que concerne a polis, ao Estado, ao governo, à arte ou à capacidade de

governar, de administrar a res publica, de influenciar o governo ou o processo de tomar

decisões” (GOMES, 2008, p. 2). O termo política será encarado daqui em diante como a

relação entre a sociedade civil e o Estado.

Como pretendemos traçar um paralelo entre política e comunicação e visto que o

segundo termo também possui um universo abrangente de significação, definiremos aqui

a internet como meio de comunicação, como um importante instrumento da mídia nos

dias de hoje e, por fim, como um recurso que permite um espaço mais democrático.

Segundo pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística5

que trata dos hábitos de consumo de mídia da população brasileira em 2014, constatou-

se que a internet é o segundo meio de comunicação mais usado, perdendo apenas para a

TV. Entre os entrevistados, 26% acessam o meio diariamente. Quando a pesquisa trata

do acesso em função da faixa etária, número é maior. São 48% dos jovens entre 16 e 25

anos que acessam todos os dias a internet e a consideram como principal meio de

comunicação.

 

A internet não é apenas uma tecnologia: é um meio de comunicação e constitui a infraestrutura material de uma forma organizativa concreta: a rede. Logo, mais que o surgimento de uma sociedade online, presenciamos uma apropriação da internet por redes sociais. Com isso, uma nova forma de organização comunitária está surgindo utilizando-se das novas tecnologias: as comunidades virtuais, que são redes de laços interpessoais que proporcionam sociabilidade, apoio, informação, um senso de integração e identidade social (FREITAS, 2014, p.1). 6

 

Diante deste contexto e dos dados apresentados torna-se evidente a relação da

internet como um importante meio de comunicação, o qual se solidifica cada vez mais

com o passar do tempo.

5 Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/noticia/2014/03/segundo-meio-de-comunicacao-mais-usado-e-internet-aponta-pesquisa.html>. Acesso em: 10/05/2014.6 Disponível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed781_sociabilidade_tecnologia_da_internet_e_comunicacao>. Acesso em: 10/05/2014.

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2.1. Relações entre comunicação e política

O que seria da comunicação sem a política? E ao contrário, o que seria da política

sem a comunicação? Esses dois conceitos estão entrelaçados e unem-se à medida que

exercem juntos um poder social, porque ambos os campos estão marcados na sociedade

e constituem a essência da vida em comum.

A política é um ambiente marcado por decisões que afetam a todos, conflitos de

interesses e jogo de poder. Diante disso, a mídia torna-se um meio importante para que

tais realidades sejam repassadas para a população de uma maneira clara e objetiva,

procurando promover, na teoria, uma transparência no campo da politica.

Os meios de comunicação de massa ampliam o acesso aos agentes políticos e a seus discursos, que ficam expostos, de forma mais permanente, aos olhos do grande público (...). Do ponto de vista da prática democrática, porém, a desmitificação dos líderes políticos pode ser encarada como um progresso (MIGUEL, 2002 p.158).

Esta visibilidade política criada pela mídia é o que gera o capital político7, ou seja,

se uma pessoa que está iniciando ou que já está na vida política, conseguir ter mais

notoriedade e reconhecimento, de maneira positiva, mais capital político ela terá para se

eleger e construir uma carreira. É como se a mídia oferecesse uma espécie de “atalho”

para estas pessoas.

A mídia pode denegrir a imagem de um candidato, tanto quanto pode ser utilizada

para estruturar uma carreira. Segundo Miguel (2003, p.3), esta relação pode ser intitulada

como “simbiose tensionada”, ou seja, “os agentes dos dois campos estabelecem uma

espécie de simbiose, auferindo benefícios da associação, mas sempre permanece a

tensão devida às lógicas e aos objetivos concorrentes que os caracterizam”.

Os cientistas sociais e políticos majoritariamente tendem a oscilar entre o silêncio e a atribuição de um estigma de subalternidade à comunicação em sua interlocução com a política. O silenciamento da comunicação significa, sem mais, um não reconhecimento da comunicação em sua modalidade midiática, como poder que interfere de modo substantivo no jogo político contemporâneo, promovendo alterações (RUBIM, 2000, p. 11).

De acordo com o pensamento de Rubim, a comunicação midiatizada é, por vezes,

vista como subalterna quando trata de política. “Ao contrário da subestimação do papel da

7 Conceito introduzido pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu.

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mídia, facilmente detectada entre os cientistas políticos e sociais, acontece o inverso

entre os estudiosos da comunicação” (RUBIM, 2000, p. 12). Por sua vez alguns destes

estudiosos tendem a colocar a comunicação em um patamar elevado e desprezar a

política. É claro que esta não é uma regra geral e alguns autores procuram um equilíbrio

entre os temas. Dessa forma, não se pretende aqui abrir uma disputa sobre qual dos

campos citados é predominante. A questão é: são dois temas distintos, mas que

conversam entre si, estabelecendo uma relação de interdependência.

Ainda segundo Rubim (2000, p. 14), os estudos acerca da comunicação e política

têm seu nascimento por volta dos anos 1920 e 1930, nos Estados Unidos, devido aos

acontecimentos que atingiam a sociedade americana naquele contexto, “desde o avanço

do desenvolvimento capitalista, da urbanização, até a forte emergência de uma

comunicação midiatizada por meio da imprensa”.

A relação entre política e comunicação sempre existiu, desde que o homem

começou a viver em sociedades politizadas. A comunicação está em constante

desenvolvimento, desde antes da invenção da imprensa por Gutenberg8, até o advento da

internet e do compartilhamento de conteúdos. Se hoje é importante ter um bom

relacionamento nas redes sociais e um programa de televisão que cative, outrora era

preciso falar alto, falar bem e ter aparência corpulenta, o que indicava poderio.

Apenas para situar em tempo e espaço, o momento inicial que começam os

estudos sobre política e retórica, em Atenas, na Grécia Clássica, foi no século 5 a.C.

Nascem simultaneamente, conforme muitos autores, a reflexão acerca da política, a retórica e a prática política, em um sentido rigoroso. (...) A retórica inventada pelos sofistas, dentre eles Górgias de Leontini, surge como temática de convencimento pelo acionamento de procedimentos discursivos (RUBIM, 2000, p. 18).

Naquela época a comunicação era vista apenas como um instrumento político, mas

hoje é encarada como parte fundamental do fazer política, já que não só desenvolve um

papel fundamental nas campanhas como representa uma das formas com que o político

vai interagir com seus eleitores e toda a sociedade.

Segundo Wolff (2003), muito do vocabulário politico que usamos ainda hoje deriva

do grego. O autor afirma que os primeiros pensadores políticos também foram os gregos.

No entanto, atribuir à criação da política a este povo é uma ideia errônea, pois Wolff diz

que todas as pessoas, desde o inicio da humanidade vivem politicamente. O político, de

8 Gutenberg foi o inventor dos tipos móveis mecânicos, o que revolucionou a impressão em massa por volta de 1440. Os textos já não precisam ser manuscritos, mas poderiam ser copiados.

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acordo com o autor, não é uma invenção do homem, está na natureza deste. Para Wolff,

é preciso desvincular da palavra política a imagem daqueles que estão no poder.

Segundo ele, existem comunidades que vivem de maneira política, nas quais o homem

está inserido.

Entretanto, a definição de político é mais ampla; para a vivência política é

necessário esforços, e aí está o paradoxo “eles vivem necessariamente em comunidades

políticas, mas não podem fazê-los sem coerção, isto é, sem política [...]. E essa dupla

natureza é o político”. Para Wolff é necessário então que exista uma comunidade política

e que dentro desta comunidade exista uma instância de poder. Conclui-se então, que “os

homens sempre viveram politicamente, do bando primitivo ao Estado moderno. Nenhuma

sociedade é mais política que a outra. Nenhum homem inventou a política” (WOLFF,

2003, p.31).

O que Miguel (2002) chama de “evolução tecnológica da mídia” no século XX,

interferiu de maneira direta sob o campo político. Para o autor, esses novos meios

exigiram que os políticos se adaptassem a eles e “o contato entre líderes políticos e sua

base, a relação dos cidadãos com o universo das questões públicas e mesmo o processo

de governo sentiram, e muito, o impacto” (MIGUEL, 2002, p. 155).

Ainda seguindo a linha de pensamento de Miguel, hoje a ciência política já

reconhece a existência dos meios de comunicação, mas em sua grande maioria não os

dá importância significativa.

O recorte da “política”, que a ciência política faz, inclui governos, partidos e parlamentos; dependendo das preocupações específicas e das inclinações de cada um, também participam movimentos sociais, militares, elites econômicas ou a igreja. Os meios de comunicação de massa ficam (quase) invariavelmente de fora. Ou então são vistos como meros transmissores dos discursos dos agentes e das informações sobre a realidade (MIGUEL, 2002, p. 156).

O autor também nos trás o outro lado da moeda. Se a ciência política tende a

diminuir os impactos dos meios tecnológicos, os estudiosos da área de comunicação

fazem o contrário, exageram “a ponto de julgar que a política, totalmente dominada pela

lógica dos meios”. Miguel (2002) tenta nivelar a relação entre política e comunicação. O

pesquisador fala sobre a total influencia da comunicação no campo político (e vice-versa),

que sempre existiu, mesmo antes das tecnologias, já que outros fatores influenciavam os

discursos políticos. “Se hoje é importante que o candidato tenha um rosto atraente, antes

pesavam mais a técnica retórica, o timbre de voz ou mesmo o talhe do corpo” (MIGUEL,

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2002, p. 158). O autor define essa relação como um “ambiente de conflito de interesses”,

tornando impossível que os meios de comunicação ajam sempre de maneira imparcial.

Isto não significa que se deva descair para o conformismo, já que a mídia “sempre” defenderá certos segmentos sociais, mas sim que é necessário perceber que a mudança passa pela pressão da sociedade, isto é, dos grupos prejudicados pela forma dominante de gestão da comunicação (MIGUEL, 2002, p. 161).

Os “bastidores” e o “palco”. É assim que Miguel define as conversas secretas que

acontecem entre lideranças políticas e a representação feita para aqueles que ficam de

fora do jogo, ou seja, para o cidadão. O autor diz que a imprensa faz parte do palco, “mas

os fatos políticos relevantes ocorreriam no primeiro, nos bastidores”. Tudo isso é típico

dos governos representativos. Aqui se pode abrir, novamente, a questão da participação

popular que é pequena neste jogo de interesses, mas há ocasiões nas quais “a plateia

invade o palco e tumultua aquilo que fora acertado nos bastidores” (MIGUEL, 2002, p.

161).

A relação entre os campos da política e da comunicação é, portanto, uma via de

mão dupla. E, apesar da influencia da primeira sob a segunda, sabe-se hoje que o público

consumidor não é totalmente influenciado, como nas teorias funcionalistas9 já

descartadas, em que se acreditava que o público era como uma esponja que absorvia

tudo, sem um senso crítico.

E não é só no momento eleitoral que a voz da platéia se faz ouvir. O público não é indiferente ao que ocorre nos bastidores, nem estes são impermeáveis à sua curiosidade. Muitas vezes, uma “revelação” dos bastidores é um momento crucial do jogo político – Watergate e o impeachment de Collor são dois exemplos óbvios (MIGUEL, 2002, p. 162).

Outro problema levantado por Miguel é que os meios de comunicação são os

principais difusores do discurso e dos projetos políticos, mas estes meios fazem isso sob

um viés, e muitas vezes “reproduzem mal a diversidade social, o que acarreta

consequências significativas para o exercício da democracia” (2002, p.163). O autor

acredita que uma democratização dos meios de difusão seria possível abrindo espaços

na mídia para às “diferentes vozes presentes na sociedade, para que participem do

debate político”. Mas também gerando um pluralismo de “espaços que permitam aos

grupos sociais, em especial os dominados, formular suas próprias interpretações”. Para 9 A Teoria Funcionalista dispõe sobre a contribuição que os meios de comunicação de massa dão ao funcionamento da sociedade e, em geral, os estudos desta escola apontavam para uma relação apocalíptica entre a mídia e o público.

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Miguel, uma vez que há uma existência muito grande de conflitos de interesses dentro de

uma sociedade, “o desafio é alcançar uma representação mais equânime dos diferentes

interesses sociais nas esferas de decisão” (MIGUEL, 2002, p. 163).

Aproveitando o pensamento de Miguel, a criação de um site jornalístico que fale

sobre o funcionamento do sistema eleitoral brasileiro é uma maneira de dar oportunidade

para que as pessoas tenham conhecimento e possam assim formular suas próprias ideias

sobre o tema, e, quem sabe adentrar no mundo político ou pelo menos refletir sobre sua

participação nesse esquema.

2.2. Democracia Direta e Democracia Representativa: diferenças e aproximações

O modelo de representação exercido pelos políticos eleitos no Brasil surge à

medida do entendimento de que nem todos os cidadãos estão disponíveis para decidir

sobre as questões públicas. Na concepção de Bobbio (1986, apud CORRÊA, 2010), não

é materialmente possível uma Democracia Direta, em que todos decidam sobre tudo,

considerando a complexidade das sociedades industriais.

A Democracia brasileira segue o sistema representativo. Antes de entrar nos

conceitos de democracia direta e representativa é necessária uma breve contextualização

sobre o chamado governo representativo para que se entenda o atual momento político

vivido pelo Brasil. Para Manin (1995), o sistema de representação - em que o político que

está no poder representa seu eleitorado – passou por duas principais mudanças no

século XIX. “A mudança mais evidente, [...] diz respeito ao direito de voto, a propriedade e

a cultura deixaram de ser representadas e o direito ao sufrágio foi ampliado. Essa

mudança ocorreu paralelamente a outra: a emergência dos partidos de massa.”

O governo representativo moderno foi instalado sem a presença de partidos organizados, seguindo os exemplos das revoluções inglesa, americana e francesa. A maioria dos fundadores do governo representativo chegava a pensar que a divisão entre partidos ou "facções" era uma ameaça ao sistema que pretendiam estabelecer. A partir da segunda metade do século XIX, porém, a presença de partidos políticos na organização da expressão da vontade do eleitorado passou a ser vista como um componente essencial da democracia representativa (MANIN, 1995, p.1).

Segundo Manin, quando os partidos de massa surgiram, os eleitores que se

identificavam com as propostas apresentadas e/ou que compartilhassem de uma situação

econômica parecida, conseguiam manter uma relação com os candidatos através do

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partido, o que não acabava no final dos períodos eleitorais. O representante prestava

conta ao partido e por sua vez os militantes deste partido conseguiam manter certo

controle sobre o governante que levaram ao poder através do voto. O surgimento dos

partidos de massa resultou numa nova forma de representação.

A maioria dos analistas concordou com a ideia de que a nova forma de representação era radicalmente diferente do parlamentarismo10. Além disso, firmou-se a convicção de que a relação de representação típica do parlamentarismo tinha sido substituída por outra de novo formato, na qual o papel dos partidos de massa e das plataformas políticas parecia ter evoluído como consequência da extensão do direito de voto (MANIN,1995, p.2).

Manin (1995, p.5) cita quatro princípios “formulados nos primeiros tempos do

governo representativo moderno”. O primeiro consiste na eleição dos representantes que

são eleitos por seus governados; no segundo, “os representantes conservam uma

independência parcial diante das preferências dos eleitores”; o terceiro princípio diz

respeito à “opinião pública sobre assuntos políticos que pode se manifestar

independentemente do controle do governo”. O quarto princípio está ligado às decisões

políticas que são tomadas após debates.

O representativismo não é uma forma de soberania popular, ou seja: os eleitos não

são obrigados a legislar conforme a vontade de quem os levou ao poder. E é ai que

reside, segundo o Manin (1995, p. 4), a diferença entre “o governo representativo e a

democracia, entendida como um regime de autonomia coletiva em que as pessoas

submetidas a normas fazem as normas”.

Para Norberto Bobbio, (1986, apud CORRÊA, 2010), “a democracia é formada por

um conjunto de regras”. Tais regras são denominadas pelo autor como “universais

processuais”.

1) todos os cidadãos que tenham alcançado a maioridade etária sem distinção de raça, religião, condição econômica, sexo, devem gozar de direitos políticos [...]; 2) o voto de todo o cidadão deve ter igual peso; 3) todos aqueles que gozam dos direitos políticos devem ser livres para votar [...]; 4) devem ser livres também no sentido de que devem ser colocados em condições de escolher entre diferentes soluções [...]; 5) seja para as eleições, seja para as decisões coletivas, deve valer a regra da maioria numérica [...]; 6) nenhuma decisão tomada por maioria deve limitar os direitos da minoria [...] (BOBBIO, 1986 apud CORRÊA, 2010, p.2).

10 No parlamentarismo não é o povo quem elege diretamente o Chefe de Estado e o governo responde perante o parlamento.

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Para Bobbio, a discussão sobre a essência da democracia fica próxima à liberdade

(que caracteriza o livre-arbítrio de escolha de cada indivíduo) e da igualdade. A igualdade,

para o autor, é algo que deve ser compreendido como valor quando se está falando em

relações sociais e não deve ser usada como justificativa para o conceito de maioria. Não

há outra justificativa para aplicação da regra da maioria não sendo como forma de

contagem de votos: “[...] a maioria é o resultado de uma simples soma aritmética, onde o

que se soma são os votos dos indivíduos, um por um”. Neste contexto, a força da maioria

faz prevalecer o número sobre a vontade do indivíduo. Ainda sobre a regra da maioria,

defendida por Bobbio, sempre haverá um perdedor e esta não é uma forma garantida de

que a decisão mais inteligente será tomada, mas presume-se que seja a mais vantajosa

(BOBBIO, 1986 apud CORRÊA, 2010, p.2).

É necessário frisar que o conceito de igualdade não exclui as diferenças individuais

perante os “fatos políticos”. Liberdade e igualdade são, portanto, complementares. Os

direitos de liberdade são garantidos pela constituição e para Bobbio, a garantia de tais

direitos é o “pressuposto para o exercício da democracia” (CORREA, 2010, p.3). Se tais

direitos forem violados, o governo não é verdadeiramente democrático.

As decisões tomadas pelos políticos que estão no poder devem refletir as vontades

dos cidadãos do país, ou da maioria destes. No que toca a decisão de colegiados, Correa

(2010, p. 3) faz uma observação importante. “A obtenção da unanimidade em decisões

tomadas por colegiados é um fator praticamente impossível diante da diversidade de

interesses dos membros que compõem a complexa sociedade atual formada por milhões

de indivíduos.”

Num sistema democrático, o candidato eleito por intermédio do partido político

representa o poder de quem vai às urnas. Daí o termo democracia representativa que

surgiu no século XIX e se desenvolveu ao longo do século XX.

Está prescrito na Constituição que, na nossa democracia representativa, os eleitos

não devem governar sobre influência de interesses particulares, o que nem sempre

acontece. Tais representantes estão ligados a partidos, que são formados por pessoas.

Lembrando que a sigla partidária também ajuda ou não o candidato a se eleger,

dependendo da campanha que é feita e da imagem que tal partido passa ao eleitor. Não é

possível desvincular a figura do candidato à do partido pelo qual optou. Ao mandato que o

representante eleito exerce estando vinculado a um grupo qual representa, dá-se o nome

de mandado imperativo. (CORREA, 2010, p.4).

Para Manin (1995, p.1), as relações entre candidatos, partidos políticos e eleitorado

vem mudando significativamente. “No passado, os partidos propunham aos eleitores um

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programa político que se comprometiam a cumprir, caso chegassem ao poder. Hoje, a

estratégia eleitoral dos candidatos e dos partidos repousa, em vez disso, na construção

de imagens vagas que projetam a personalidade dos líderes”. Na visão do autor, os

eleitos estão chegando ao poder porque dominam o uso da mídia de massa, não porque

representam ou se assemelham a quem lhes concedeu o voto.

De acordo com o pensamento de Bobbio (1986 apud CORRÊA, 2010), o conceito

de cidadania permite ao individuo a “expressão livre da opinião política e a efetiva

participação no processo eleitoral”. Mas, em um trecho garimpado por Correa do livro

Dicionário de Política, também escrito por Bobbio, mostra que nem todos os cidadãos se

interessam em gozar do seu direito de participar da política do Estado em que vive.

O interesse pela política está circunscrito a um círculo bem limitado de pessoas e, não obstante o relevo dado pela comunicação de massa aos acontecimentos políticos, o grau de informação a tal respeito é ainda baixo: os acontecimentos esportivos, o mundo do espetáculo e outros aspectos da crônica diária são muito mais conhecidos do grande público (BOBBIO, 1986, apud CORREA, 2010, p.6).

Segundo Manin (1995, p. 16) “a personalização da escolha eleitoral” nas

democracias representativas, pode significar uma “crise de representação política”. Em

outras palavras, tem-se percebido uma mudança na forma das pessoas votarem, que

varia conforme a personalidade dos candidatos ao poder. Para o autor, “cada vez mais os

eleitores tendem a votar em uma pessoa e não em um partido” e são duas as principais

causas dessa atual conjuntura de construção da imagem do político, que indica uma

desconexão do campo com a sociedade:

Em primeiro lugar, os canais de comunicação política afetam a natureza da relação de representação: os candidatos se comunicam diretamente com seus eleitores através do rádio e da televisão, dispensando a mediação de uma rede de relações partidárias. A era dos ativistas, burocratas de partido ou "chefes políticos" já acabou. Por outro lado, a televisão realça e confere uma intensidade especial à personalidade dos candidatos. [...] O segundo fator determinante da situação atual são as novas condições em que os eleitos exercem o poder. Reagindo a essas mudanças, os candidatos e os partidos dão ênfase à individualidade dos políticos em detrimento das plataformas políticas (MANIN, 1995, p.17).

Tendo em vista o sistema eleitoral brasileiro, que é de lista aberta11, em que se vota

na legenda ou no candidato, essa situação pode causar certa confusão entre os eleitores

menos informados e/ou interessados, uma vez que não é conferido o poder apenas ao

11 O voto de lista aberta será explicado no tópico 2.5.3.2.

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representante eleito, mas também ao partido ao qual pertence. É, portanto, um erro votar

apenas na personalidade sem saber quais os ideais do partido que está por trás desta

pessoa. Já existem propostas para reformas desse sistema, como será discutido mais

adiante no presente trabalho.

2.3. Participação X Representação

No tópico anterior foram abordados os temas Democracia Representativa (na qual

o país atualmente está inserido) e Democracia Direta, que seria um sistema em que todos

os cidadãos tivessem a autonomia para tomar decisões no que diz respeito aos negócios

públicos.

Para contextualizar, se fará um breve regresso a já citada questão da liberdade,

agora na visão de Constant (1819, p. 2). Para ele, o sistema representativo é uma

descoberta dos modernos: “a organização social desses povos os levava a desejar uma

liberdade bem diferente da que este sistema nos assegura”.

Em resumo, a palavra liberdade, segundo Constant, significa a possibilidade de

cada um de influenciar na administração governamental, “seja pela nomeação de todos

ou de certos funcionários, seja por representações, petições, reivindicações, às quais a

autoridade é mais ou menos obrigada a levar em consideração”.

Para os antigos, a liberdade era exercida de forma coletiva e direta, porém admitia-

se “a submissão completa do indivíduo à autoridade do todo.” Não havia independência

individual, “mesmo nas relações domésticas a autoridade intervinha” (CONSTANT, 1819,

p. 3).

No pensamento de Constant, se os antigos eram soberanos no que dizia respeito a

coisa pública, eram totalmente vigiados no que dizia respeito a vida privada. Já o

moderno, é livre para fazer escolhas particulares, mas quando diz respeito ao poder

público “mesmo nos Estados mais livres, só é soberano em aparência” (CONSTANT,

1819, p. 3).

Constant faz quatro observações importantes sobre as diferenças entre antigos e

modernos que podem ajudar na explicação do porque o Brasil, como outros Estados

modernos, reivindicaram ao sistema participativo. “Primeiro, a extensão de um país

diminui muito a importância política que toca, distributivamente, a cada indivíduo”. Depois,

“a abolição da escravatura privou a população livre de todo o lazer que o trabalho dos

escravos lhe permitia”. Em terceiro lugar, “o comércio não deixa, como a guerra,

intervalos de inatividade na vida do homem”. Por último, “o comércio inspira aos homens

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um forte amor pela independência individual”. A conclusão de Constant chega ao ápice da

discussão sobre a possibilidade de adotarmos hoje, tal como a sociedade está

configurada, um sistema totalmente participativo, ele diz:

(...) não podemos mais desfrutar da liberdade dos antigos a qual se compunha da participação ativa e constante do poder coletivo. Nossa liberdade deve compor-se do exercício pacifico da independência privada. A participação que, na antiguidade, cada um tinha na soberania nacional não era, como em nossos dias, uma suposição abstrata. [...] os antigos estavam dispostos a fazer muitos sacrifícios pela conservação de seus direitos políticos e de sua parte na administração do Estado. Cada um, sentindo com orgulho o que valia seu voto, experimentava uma enorme compensação na consciência de sua importância social. Essa compensação já não existe para nós. Perdido na multidão, o indivíduo quase nunca percebe a influência que exerce (CONSTANT, 1819, p.5).

Os indivíduos da sociedade moderna e comercial – e o Brasil está inserido neste

contexto – prezam mais pela liberdade individual. Tentar que esta liberdade seja

sacrificada em detrimento da liberdade política é fazer com que os cidadãos se afastem

ainda mais da vida pública. Por outro lado não se pode considerar a liberdade política

como menos importante, uma vez que esta é quem dá sustentação as liberdades

individuais hoje. Os governos, atualmente, possuem mais deveres comparados aos

antigos, tal como o de prezar pela independência do indivíduo (CONSTANT, 1819, p. 7).

Mais uma vez comparado aos povos antigos, os novos tempos mudaram a visão

sobre o comércio, a vontade de ter bens materiais, a riqueza e o crédito.

O crédito não tinha a mesma influência entre os antigos; seus governos eram mais fortes que os particulares; em nossos dias estes são mais fortes que os poderes políticos; a riqueza é uma força mais disponível em todos os momentos, [...] o poder ameaça, a riqueza recompensa; escapa-se ao poder enganando-o; para obter os favores da riqueza, é preciso servi-la. Em consequência das mesmas causas, a existência individual é menos englobada na existência política (CONSTANT, 1819, p.7).

O perigo para os antigos, que estavam sempre atentos à participação social, era a

não importância dada aos direitos de cada um. Na modernidade é o contrário. Para

Constant, o perigo moderno está na renúncia ao direito de participação política em virtude

dos interesses individuais. E para os governantes, ai está uma oportunidade de fazer o

que bem entenderem, já que não estão sendo acompanhados (ou fiscalizados) como

deveriam.

Se não é possível – como já foi abordado no item 2.2 do presente trabalho,

Democracia Direta X Democracia Representativa – que todos os cidadãos participem

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ativamente decidindo sobre tudo que diz respeito à máquina pública, é, por sua vez,

necessário (senão obrigatório) que cada pessoa integrante de um Estado, acompanhe o

político que ajudou a eleger como seu representante. Uma das formas de fazer isto pode

ser pelas tecnologias digitais e pela internet, ovacionada como ferramenta que permite

ampliar o acesso à informação e comunicação.

Wilson Gomes escreveu sobre o conceito de Democracia digital, que segundo ele,

já era discutido há pelo menos 10 anos. Os impasses iam desde a própria Democracia

Digital dentro do jogo político, que envolve os partidos, as eleições e as campanhas; até a

questão da regulamentação e controle online e da exclusão digital. Mas a pergunta central

colocada pelo autor é: “se as novas tecnologias da comunicação podem, de fato, alterar

para melhor as possibilidades da cidadania nas sociedades contemporâneas” (GOMES,

2005, p.216).

O conceito de Democracia passa pela soberania popular e a vontade do povo deve

prevalecer no que tange a esfera pública. Mas, segundo Gomes (2005, p. 216), o modelo

de Democracia Representativa acabou por “configurar uma esfera da decisão política

apartada da sociedade ou esfera civil12 na decisão política”. O autor diz que os partidos

organizados entre “profissionais” e corporações “controlam a distribuição do capital

circulante nesta esfera, dotando-se de altíssimo grau de autonomia em face da esfera

civil”. O problema é que as duas esferas deveriam interagir entre si, o que acontece

apenas na hora das eleições e da renovação de mandatos.

O tópico subsequente do presente trabalho falará mais sobre a questão da

participação por meio da internet. No entanto faremos uma breve síntese sobre

Democracia e participação popular na visão de Gomes (2005, p. 216). O autor afirma que

a internet possui um lugar diferenciado devido sua “aura não-elitista, não-governamental,

não-corporativa”. O autor defende que há três modelos de participação popular. O

primeiro é moderado e consistiria no “fortalecimento da presença da esfera civil na cena

política”, por meio do debate público, da manifestação da vontade do povo diante das

decisões públicas e da pressão exercida dobre o governo. O segundo modelo é visto

como mais radical, e consiste na “intervenção da opinião e da vontade civil na decisão

política relevante no interior do Estado”. Os dois primeiros são, segundo o autor,

coniventes com o modelo de Democracia Representativa. Um terceiro modelo, entretanto,

é tido como mais radical, no qual “a esfera política é dispensada e as funções de decisão

seriam assumidas pela esfera civil, como ocorre no ideário da democracia direta”

(GOMES, 2005, p. 217).

12 Gomes (2005) define como esfera civil aquilo que “é de interesse público ou do domínio da cidadania”.

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Considerando a forma moderada de participação política, no centro da discussão

sobre como isso se daria na internet, seria por meio do debate público em que se

formariam opiniões relevantes “onde também seriam constituídos os insumos

fundamentais para a produção (pela esfera política) de uma decisão legítima sobre os

negócios públicos”. Nos modelos subsequentes, a questão, no que diz respeito a internet,

seria de como por meio da rede interligada de computadores, as pessoas podem interferir

nas decisões políticas. Para Gomes (2005, p. 217), na internet encontra-se a

possibilidade “da realização de um ideal de condução popular e direta dos negócios

públicos”.

2.4. Participação popular na política por meio da internet

Como já se viu por meio do pensamento de Constant (1819), a impossibilidade de

se ter uma democracia participativa direta não exclui todos os níveis de participação. A

internet pode sim vir a tornar-se um lugar de discussões sobre política promovendo a

cidadania uma vez que a possibilidade de mobilização social política ganhou um alicerce

com a consolidação da rede interligada de computadores.

Na visão de Shirky (2010), os indivíduos agora possuem o poder do publicar. Ou

seja, a mídia proporciona, mas nada irá acontecer se o usuário desta ferramenta não tiver

vontade de fazer algo a respeito. A ação sobre qualquer tema debatido na internet só se

legitima por meio do indivíduo, que interage com essa mídia, criando, argumentando,

discutindo e compartilhando.

Um bom exemplo disso é o site Ushahid13 originado em 2008 por um grupo de

quenianos. O termo Ushahid significa testemunha ou testemunho em suaíli. O Quênia

sofria um conflito político na época e esse grupo de pessoas inconformadas com os

noticiários locais que cobriam apenas o que se passava nos grandes centros resolveu

concentrar as informações que as imprensas não estavam dando devida importância.

Mapearam, com ajuda de outras pessoas, as áreas mais perigosas com o intuito de

afastar e proteger as demais pessoas dos ataques. A ideia deu tão certo que atualmente

a plataforma conta com voluntários nos EUA, na Europa e América do Sul (SHYRKY,

2010).

O Brasil está entre os 159 países que fazem parte da iniciativa. Sem esse grupo de

quenianos insatisfeitos, nada teria acontecido. Estes são os agentes transformadores.

“Para que coisas como a Ushahid funcionem, as pessoas devem ser capazes de doar seu

13 Disponível em: <http://ushahidi.com/>. Acesso em: 18/02/2014.

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tempo livre a esforços coletivos e produzir um excedente cognitivo14. Em vez de fazer

apenas um monte de esforços individuais minúsculos e desconexos” (SHIRKY, 2010 p.

26). O termo cultura participativa faz todo sentido aqui, e sobre o assunto, Shirky tem

mais a contribuir:

As pessoas querem fazer algo para transformar o mundo em um lugar melhor. Ajudam, quando convidadas a fazê-lo. O acesso a ferramentas baratas e flexíveis remove a maioria das barreiras para tentar coisas novas. Você não precisa de supercomputadores para direcionar o excedente cognitivo; simples telefones são suficientes. Mas uma das lições mais importantes é esta: quando você tiver descoberto como direcionar o excedente de modo que as pessoas se importem, outros podem reproduzir a sua técnica, cada vez mais, por todo o mundo (SHIRKY, 2010, p. 21).

A mídia aqui representa muito mais que uma simples intermediação usada pelos

meios de comunicação, mas uma forma de acessar o mundo.

Mídia é o modo como você fica sabendo quando e onde vai ser a festa de aniversário do seu amigo. Mídia é como você fica sabendo o que está acontecendo no Teerã, quem governa Tegucigalpa ou qual é o preço do chá na China. Mídia é o modo como você fica sabendo que nome sua amiga deu ao bebê. Mídia é como você descobre por que Kierkegaard discordou de Hegel. Mídia é como você fica sabendo de tudo que fica a mais de dez metros de distância. Todas essas coisas costumavam ser divididas em mídia pública (como comunicação visual e impressa feita por um pequeno grupo de profissionais) e mídia pessoal (como cartas e telefonemas, feitos por cidadãos comuns). Atualmente, essas duas formas estão fundidas (SHIRKY, 2010, p. 52).

Ainda seguindo a linha de raciocínio de Shirky, o ciberespaço não pode ser visto

como um local separado da realidade. Ele não está fora do mundo real como apenas uma

opção no mundo virtual. As ferramentas de mídia social são parte de uma realidade.

Vivemos cada vez mais no mundo online, são diversos os meios já existentes de se

manifestar politicamente por meio da ferramenta denominada internet. Tomemos como

exemplo o caso das petições online, mais especificamente o site Petição Pública do

Brasil15, o qual funciona como forma de protesto de rua e pressão popular sobre os mais

diversos segmentos. Educação, esporte, cultura, religião, política e governo, sociedade,

dentre outros, são temas tratados na plataforma.

No entanto, será que as manifestações online possuem o mesmo valor e efeito do

que se elas acontecessem na rua? Será que elas realmente produzem algum efeito? É na

14 Representa a habilidade da população mundial para se voluntariar, contribuir e colaborar em projetos grandes, como no caso do Ushahid.15 Disponível em: <http://www.peticaopublica.com.br/default.aspx >. Acesso em: 23/02/2014.

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tentativa de explicar questionamentos como estes, de quando e como a participação

pública na internet provoca efeitos, visibilidade e resultados, que Gonçalves (2013) aponta

três categorias fundamentais.

É importante ressalvar que a palavra participação se define como uma intervenção,

uma ação que esteja ligada ao fato de mudar uma determinada causa ou situação. Esta

participação, por meio do comportamento, pode se dar de maneira negativa ou positiva.

Se cada vez mais as pessoas habitam o mundo online, é possível afirmar que a

participação pública online também já faz parte da realidade de toda uma sociedade.

“Construímos e cristalizamos relações com o Facebook, partilhamos nossos pensamentos

e ações com o Twitter, compramos na Amazon e contemplamos o mundo no You Tube”.

(GONÇALVES, 2013, p. 140).

Acesso, credibilidade e motivação. Estes são os agentes fundamentais segundo o

estudo feito por Gonçalves, para que a participação consiga gerar efeitos. Estas, por sua

vez, podem causar sucesso ou insucesso dependendo da maneira como forem utilizadas

por cada pessoa neste mundo tecnológico.

O acesso consiste na ideia de identificar um alvo ou destinatário, pois todo

movimento de participação pública requer que se tenha um destes dois. Normalmente,

quando direcionamos a participação pública online para área da política, o alvo ou o

destinatário tem mais probabilidade de ser o Estado, ou então direcionados aos

candidatos que formam a política.

Um exemplo claro são as páginas do Facebook oficiais dos destinatários. A campanha DetoxZara, organizada pela Greenpeace, inundou a página do Facebook da empresa de comentários que alertavam para a necessidade de eliminar as toxinas do processo de produção têxtil. Com esta manobra, os participantes asseguravam que conseguiam atingir dois grupos de destinatários, por um lado o agressor (Zara) e os detentores de autoridade (os clientes da Zara) por outro (GONÇALVES, 2013, p. 144).

De acordo com o exemplo pode se concluir que o acesso tem por função

proporcionar uma garantia de que alguém irá tomar conhecimento da causa. Para

Castells (2004 apud GONÇALVES, 2013, p.144) “esses movimentos são destinados a

tomar mentes e não o poder do Estado”.

O segundo agente fundamental para que a participação possa gerar efeitos é a

credibilidade, mas se faz necessário atentar que essa busca ainda é muito recente, assim

como a participação online. A credibilidade se dá a partir de quatro elementos: do número,

da documentação base, da estrutura anfitriã e da exequibilidade.

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O número representa um dos mais importantes indicadores da credibilidade,

quando a participação pública em alguma causa chega a um número considerável de

adesões, significa que é da vontade da maioria e possuirá visibilidade. Assim como a

grande importância do número, a documentação base representa por escrito à intenção

das pessoas que estão ali participando ou manifestando. Faz-se necessário que contenha

neste documento: o objetivo e uma fundamentação que o explique.

Ainda de acordo com Gonçalves (2013), a estrutura anfitriã nada mais é que a

imagem daquele, instituição ou pessoa física, que levante algum questionamento que

necessite da participação pública. Não ter nenhum escândalo envolvendo tal instituição ou

pessoa física ajuda para uma maior credibilidade, caso contrário, o descrédito será

inevitável. E por fim, a possibilidade de que algo tem de ser executado, é exequível. Aqui,

a participação começa a fazer todo sentido, pois está gerando resultados. Pela

exequibilidade os participantes envolvidos percebem que suas ações fizeram, ou estão

fazendo a diferença em uma determinada causa. Com base nisso, a vontade das pessoas

participarem cresce ainda mais.

A motivação funciona como peça chave para a decisão de um indivíduo participar

ou não em prol de alguma causa. A motivação está no indivíduo, ao contrário da

credibilidade que está no meio. “Quanto mais relevante e mais próximo o ato, mais as

pessoas estarão predispostas a aderir ao movimento” (GONÇALVES, 2013 p. 150).

Ou seja, se um indivíduo toma conhecimento de que existe um movimento com o

objetivo de trazer melhorias para o bairro onde mora, logo ele vai querer fazer parte de tal

movimento.

Além de Gonçalves e de Shirky, o tema participação política na internet vem sendo

estudado por diversos outros autores, entre eles a autora Rousiley Moura, a qual coloca

em questão que a sociedade com o advento da internet pode estar mais atenta ao

funcionamento da esfera pública (espaço no qual se debate assuntos políticos).

As duas últimas décadas foram marcadas por renovado interesse pelo chamado “retorno da sociedade civil” ou “redescoberta da sociedade civil”. Diversos autores encontram na sociedade civil possibilidades de revitalizar impulsos políticos dos cidadãos e revigorar o poder das comunidades; treinar eficazmente cidadãos; construir hábitos de respeito e cooperação; combater o individualismo e proporcionar alternativas para política do auto interesse; representar vozes dos grupos marginalizados e excluídos da esfera política (...) (MAIA, 2011, p.47).

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Neste contexto apresentado sob a visão da autora, a internet e sua relação com a

política além de se complementarem, tornam-se fundamental para que ocorra o “retorno

da sociedade civil”.

2.5. Sistema eleitoral

O propósito neste item do trabalho é explicar o funcionamento do sistema eleitoral

adotado no Brasil atualmente, formado por um conjunto de sistemas que organizam a

escolha dos representantes. Segundo Rubim (2000), na política grega não eram

consideradas cidadãos quaisquer pessoas que não fossem homens, não escravos,

nascidos de pais naturais da Cidade-Estado.

A conformação de uma esfera política (...), autonomizada na modernidade, possibilita a emergência de instituições e rituais especificamente políticos, tais como Estado-nação, o parlamento, os partidos, as eleições, além de permitir também a profissionalização do político (RUBIM, 200, p. 20).

Rubim (2000) lembra ainda algumas lutas de minorias do século XIX contra o que

chamou de “democracia de elites”, que nas palavras do autor, “não podem, nem devem

ser esquecidas”. Ainda segundo ele, o século XX possibilitou uma democracia de massas,

mesmo com as imposições do capitalismo da época.

A ampliação da participação e o alargamento do horizonte temático potencializaram o caráter público da política (...). O periódico rito das eleições, nesta perspectiva, torna-se exemplar: ainda que antecedida por inúmeros acordos partidários e entre candidaturas, muitos deles sigilosos e inúmeros também legítimos, a eleição caracteriza-se por ser um grande fórum público de disputa do poder quando competitiva (RUBIM, 2000, p. 22).

A forma de governo do Brasil é a República. Em outubro de 1988, a Constituição

Federal do Brasil foi promulgada com o intuito de estimular a democracia e levar a todos

os cidadãos o direito de exercer a vida política. O fim do período autoritário16 é marcado

pelo ano de 1989 com as eleições à presidência da República, após um longo processo

que ficou fortemente marcado pela atuação de movimentos civis (REIS, 1991, p.13).

Os cidadãos brasileiros maiores de 16 anos podem escolher seus representantes,

mas é a partir dos 18 anos que o voto é obrigatório. O Brasil possui dois sistemas

16 O período autoritário ditatorial no Brasil foi instaurado por meio de golpe militar no ano de 1964 e permaneceu durante 21 anos. O período que sucedeu a ditadura ficou conhecido como Nova República em que José Sarney assumiu o governo como presidente.

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eleitorais distintos: de eleições proporcionais e eleições majoritárias, que podem ser

definidas em um ou dois turnos, os quais serão explicados no tópico subsequente deste

trabalho.

O sistema brasileiro ganhou destaque mundo afora – alvo de críticas e elogios –

pela tecnologia utilizada. As urnas eletrônicas desenvolvidas passaram por um longo

processo. O projeto de informatização teve início na década de 1980. A urna eletrônica foi

criada e usada pela primeira vez no ano de 1996 nas eleições municipais de 57 cidades.

Só em 2000 é que o sistema foi implantado integralmente. As chamadas urnas

eletrônicas, que ganharam em 2008 um sistema ainda mais desenvolvido, de identificação

biométrica, substituíram por completo as cédulas de papel e sistematizaram as eleições.

De certa forma, também as tornaram mais seguras, sendo mais difícil a prática de

irregularidades, como compra de votos e falsificações17.

2.5.1. O Sufrágio universal e o voto

O direito ao voto é universal. Todo cidadão apto a votar tem influência nas decisões

do Estado, uma vez que elegem seus representantes. O Sufrágio Universal é este direito

e funciona como uma garantia do cidadão na vida política. “Denota, pois a manifestação

de vontade de um conjunto de pessoas para escolha de seus representantes políticos”

(GOMES, 2008, p. 34). Ou seja, Sufrágio Universal nada mais é que o direito ao voto. O

cidadão interfere na Administração Pública, porém só pode ser adquirido o direito de votar

por meio da obtenção do Título de Eleitor válido.

Segundo Gomes, (2008), “os direitos políticos são concedidos àqueles que

detiverem determinadas condições intelectuais, demonstradas mediante diploma escolar”.

Os considerados analfabetos podem votar, porém não podem exercer o Sufrágio

Universal passivo, ou seja, estão excluídos do direito de ser votado e, consequentemente,

eleito.

No sistema brasileiro, o voto é uma ferramenta de grande importância para a

democracia. O exercício deste direito público é obrigatório para o cidadão maior de 18

anos e menor de 70 anos. Por meio do voto, o eleitor exerce uma função social,

manifestando suas vontades perante a vida política bem como a democracia

representativa.

17 Disponível em: <http://www. tse .jus.br/ eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleicoes-2012>. Acesso em: 25/04/2014.

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32

Muito se discute entre especialistas da área e cientistas políticos, sobre as

vantagens e desvantagens do voto obrigatório, sendo assim vale refletir sobre os prós e

contras a cerca deste tema.

Ademais, a obrigatoriedade certifica a imaturidade do povo, ainda merecedor da tutela estatal. Ademais, afirma-se serem reduzidas as chances de “eleitores compulsórios” votarem em candidatos sérios e honestos, já que não participam intensamente da vida política. Votam, pois, em qualquer um, no primeiro que se apresenta ou no mais bem aparentado. Isso quando não negociam seus votos, transformando-os em mercadoria, já que só comparecem às urnas compulsoriamente (GOMES, 2008, p. 38).

Ao contrário do pensamento de Gomes, sobre a obrigatoriedade do voto, os

defensores acreditam que este seja o melhor caminho para combater a abstenção nas

urnas. Impulsionando a população a tomar decisões a respeito do futuro do país, no qual

o sistema é adotado. De acordo com o pensamento de Soares (2004. p.3) “os principais

argumentos sustentados pelos defensores do voto compulsório podem ser resumidos nos

seguintes pontos, a saber”.

a) o voto é um poder-dever; b) a maioria dos eleitores participa do processo eleitoral; c) o exercício do voto é fator de educação política do eleitor; d) o atual estágio da democracia brasileira ainda não permite a adoção do

voto facultativo; e) a tradição brasileira e latino-americana é pelo voto obrigatório; f) a obrigatoriedade do voto não constitui ônus para o País, e o

constrangimento ao eleitor é mínimo, comparado aos benefícios que oferece ao processo político-eleitoral.18

O voto obrigatório está atualmente em discussão entre os diversos temas das

propostas de reformas19. São antigos os questionamentos contra e a favor, se o cidadão

deve ou não ser obrigado a votar. É fundamental colocar o tema em pauta em prol do

bem estar da sociedade e do país.

Para que o voto seja exercido de maneira instituída em lei, ele deve ser direto,

sendo necessário que seja preservada: a liberdade, a personalidade, o sigilo, a

periodicidade e a igualdade de direitos. O sentido da palavra liberdade aqui se dá pelo

fato de o cidadão ser livre para fazer escolhas entre os partidos políticos, bem como entre

os candidatos.

18 Disponível em: <http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-para-discussao/td-6-vantagens-e-desvantagens-do-voto-obrigatorio-e-do-voto-facultativo>. Acesso em: 08/05/2014. 19 Serão apresentadas algumas das principais propostas de reformas no item 2.7 do presente trabalho.

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33

O cidadão só pode votar pessoalmente, sem nenhuma possibilidade de outro

indivíduo representá-lo em tal situação, sendo assim se cumpre a característica da

personalidade. O voto é algo sigiloso, somente o cidadão pode optar por revelá-lo a

terceiros. Nem mesmo, e principalmente, os órgãos da Justiça Eleitoral possuem

autoridade para divulgar a escolha de nenhum eleitor. O elemento “direto” diz respeito ao

sentido de eleições diretas. O eleitor, sem intermédio algum, escolhe um representante

político. “O voto direto é o que melhor reflete os ideais dos atuais sistemas democráticos,

pois confere maior legitimidade aos governos eleitos20” (GOMES, 2008, p. 40).

A diferença entre votos válidos, brancos e nulos é que os últimos dois não

influenciam na contagem que define as eleições. O voto é considerado nulo quando, nas

urnas eletrônicas, o eleitor digita números que não correspondem a nenhum partido e

nem candidato regularmente cadastrados. Os votos em branco até 1997 entravam no

cálculo do quociente eleitoral o que já não acontece mais devido à nova Lei Eleitoral21.

2.5.2. Sistema majoritário

No sistema eleitoral majoritário, são contabilizados os números de votos válidos,

que não incluem os nulos e brancos. “No sistema majoritário vence o que tiver maior

número de votos, podendo adotar a votação por maioria absoluta ou simples (também

chamada de relativa)” (RAIS, 2012, p. 29).

O presidente da República, os governadores de Estado e Distrito Federal, além dos

prefeitos de municípios com mais de 200 mil eleitores são eleitos pelo sistema majoritário

de maioria absoluta. Para isso o candidato tem que obter nas urnas 50% dos votos

válidos mais um. Caso isso não aconteça no primeiro turno, serão realizadas novas

eleições; nas quais os dois candidatos mais votados no primeiro pleito disputarão a

novamente a vaga (RAIS, 2012, p. 30).

As cidades que possuem número de eleitores inferior a 200 mil elegem seus

prefeitos por meio do sistema majoritário simples, ou por maioria relativa, em que os

candidatos com maior número de votos vencem independente de porcentagem. Esse

sistema é também utilizado nas eleições para senadores (RAIS, 2012, p.30).

20 Diferente do voto direto, quando o Brasil estava sobre o sistema ditatorial, o voto se dava por meio indireto, ou seja, os eleitores indicavam pessoas que faziam parte de um colégio eleitoral, estes é que detinham o poder para escolher os representantes. 21 Lei nº 9.504 de 30 de setembro de 1997. Alterada em 1999, 2002, 2003 e 2006. Prevê, entre outras atribuições, que o presidente da República e os governadores devem ser eleitos com a maioria dos votos válidos, nos quais não estão inclusos brancos e nulos.

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2.5.3. Sistema proporcional

Diferente do voto majoritário, em que apenas é contabilizado o número de votos

atribuídos ao candidato, o sistema proporcional “visa distribuir entre as múltiplas

entidades políticas, as vagas existentes nas casas legislativas, tornando equânime a

disputa pelo poder” (GOMES, 2008, p. 88).

O voto proporcional é de lista aberta no Brasil e o eleitor pode votar no candidato

ou no partido. No entanto, o partido só consegue eleger representantes se atingir uma

cota mínima de votos. Quanto mais votos, mais vagas o partido terá. Assim, os

candidatos que obtiverem mais vezes a cota mínima exigida podem “transferi-los” aos

candidatos do mesmo partido e/ou coligação com menos votos, ajudando-os a se eleger.

Esta transferência de votos de um candidato para o outro, ficou popularmente conhecida

nas eleições de 2010 como “Efeito Tiririca”, quando Francisco Everardo Oliveira Silva

humorista conhecido pelo nome artístico de Tiririca, se candidatou a deputado federal e

obteve mais de um milhão de votos. Fruto do sistema eleitoral brasileiro, o “efeito tiririca”

proporciona elegibilidade para candidatos que receberam um ou nenhum voto22, ou seja,

os representantes políticos nem sempre são eleitos de acordo com a vontade da

população devido às regras do sistema proporcional e do quociente eleitoral, o qual será

explicado no tópico a seguir.

O sistema proporcional é adotado para Câmara dos Deputados, Assembleias

Legislativas e Câmara dos Vereadores. No Brasil, esse sistema foi implantado logo após

a revolução de 193023. Nesse período o objetivo era acabar com a monocracia dos

partidos republicanos. Mas, segundo Gomes (2008, p. 89), atualmente é o excesso de

partidos que prejudica as ações governamentais, e “provoca instabilidade no poder, haja

vista que fragmenta as forças políticas, impedindo a formação de maiores consistentes”.

2.5.3.1. Quociente eleitoral

O quociente eleitoral é o número mínimo que os partidos precisam atingir para que

seus candidatos sejam eleitos. O quociente eleitoral é aplicado para eleições do sistema

proporcional e visa preencher as vagas do parlamento, isso vale para a câmara dos

deputados, assembleia legislativa e câmara de vereadores. “No Brasil, o quociente 22 Disponível em: <http://www.abril.com.br/noticias/brasil/efeito-tiririca-pode-levar-candidatos-poucos-votos-camara-entenda-600513.shtml>. Acesso em: 10/05/2014. 23 Liderado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, foi um movimento armado que culminou com o Golpe de Estado e também depôs o presidente da república Washington Luís e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e pôs fim à República Velha.

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eleitoral funciona como cláusula de barreira ou de exclusão. O partido que não atingir o

quociente eleitoral não terá representação [....]. O partido que apresentar o maior

quociente ou a maior média leva a vaga” (QUEIROZ, 2013, p.44).

Para obter o número deste quociente é necessário dividir o número de votos

válidos apurados pelo número de lugares a ser preenchido em cada circunscrição

eleitoral24.

Os votos nulos e brancos não fazem parte do processo, pois não são considerados

válidos.

Para exemplificar, suponha-se que em determinada circunscrição eleitoral – com 9 lugares a serem preenchidos na Câmara de Vereadores – tenham sido apurados 50.000 votos validos. Obtém-se o quociente eleitoral dividindo-se 50.000 por 9, do que resulta 5.556. Esse número representa o quociente eleitoral. A cada partido ou coligação será atribuído número de lugares proporcional ao quociente obtido, de maneira que cada um conquistará tantas cadeiras quantas forem as vezes que tal número for atingido (GOMES, 2008 p. 90).

No caso de nenhum partido alcançar o número mínimo para a distribuição de

cadeiras (exemplo acima), são eleitos os candidatos mais votados, sendo assim o sistema

proporcional deixa de ser adotado pontualmente e os candidatos passam a ser eleitos

pelo sistema majoritário.

Após o quociente eleitoral, é necessário que se calcule o quociente partidário, este

por sua vez dará o número de cadeiras que cada partido poderá preencher. Por exemplo,

se o partido X obteve 4.000 votos ele não vai entrar na disputa por cadeiras, pois o

resultado do quociente eleitoral, ainda levando em conta o exemplo citado acima, foi de

5.556. Só os partidos que obtiveram votos acima deste número é que podem ocupar as

vagas. Vejamos então o partido Y, que recebeu 12.000 votos, este por sua vez vai dividir

o número de votos válidos recebidos pelo valor do quociente eleitoral (12.000 / 5.556 =

2,159). Este é o cálculo do quociente partidário, o número de votos válidos pelo número

do quociente eleitoral, sempre arredondados para baixo. Neste caso o partido Y tem

direito a duas cadeiras.

De acordo com o exemplo sobre o quociente eleitoral, o total de vagas a serem

preenchidas são nove, restando assim sete lugares, que serão divididos entre outros

partidos Z, W e assim por diante. Sempre o número de votos válidos que cada partido

obteve dividido pelo número do quociente eleitoral. Caso os nove lugares não sejam

24 É o nome determinado juridicamente para o espaço geográfico onde a eleição é realizada, como por exemplo, para eleger um presidente a circunscrição eleitoral será o país, já no caso de eleição para prefeitos e vereadores a circunscrição será o município.

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preenchidos pelo fato de outros partidos não alcançarem o número mínimo do quociente

eleitoral, eles serão redistribuídos pelos que tiverem alcançado.

O artigo 109 do Código adotou o sistema de médias, devendo-se observar a mais forte média. Reza este dispositivo: Art. 109. Os lugares preenchidos com aplicação dos quocientes eleitorais partidários serão distribuídos mediante observância das seguintes regras:I – dividir-se-á o número de votos validos atribuídos a cada partido ou coligação de Partidos pelo número de lugares por ele obtido, mais um, cabendo ao Partido ou coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher;II – repetir-se-á operação para a distribuição de cada um dos lugares (GOMES, 2008, p. 91).

Se no resultado final das médias houver empate, quem preencherá as vagas será o

partido que possuir maior votação. No caso de coligações, quando um partido se une ao

outro, os candidatos mais votados de cada partido é que são eleitos.

2.5.3.2. Voto de lista aberta e fechada

Os sistemas de lista aberta e fechada são usados para votação no sistema

proporcional e há diferenças entre eles. A lista aberta permite ao eleitor optar em votar

diretamente no candidato, digitando especificamente o número completo do candidato.

Além disso, o eleitor pode, se desejar, votar no partido político ou legenda partidária ao

invés de votar nominalmente em um candidato específico (RAIS, 2012, p. 36).

Só que ao votar nominalmente, o eleitor é quem está classificando a lista de

candidatos que irá ocupar uma cadeira (caso o candidato alcance votos suficientes para

se eleger). E no caso da votação de legenda partidária, quem irá classificar os

representantes para ocupar a cadeira é o próprio partido. No Brasil, o sistema adotado é

este, de lista aberta. Ao contrário, ainda segundo Rais (2012), no sistema de lista

fechada25 quem organiza a lista classificatória dos candidatos são os partidos.

2.6. Candidaturas

Só está apto a se candidatar o brasileiro que fizer o registro de maneira formal na

Justiça Eleitoral, preenchendo todos os requisitos de elegibilidade. Nas eleições

proporcionais, para deputados e vereadores, cada partido pode registrar 150% do número

25 O sistema de lista fechada é adotado em países como Portugal, Argentina e Espanha. O eleitor vota no partido de sua preferência e não nominalmente em um candidato.

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de lugares a preencher, já em coligações, até o dobro. “No caso de coligação para

eleições proporcionais, independente do número de partidos que a integrem poderão ser

registrados candidatos até o dobro (200%) do número de lugares a preencher” (RAIS,

2012).

A coligação é a aliança não obrigatória feita pelos partidos políticos para fins

eleitorais, e é valida tanto para o sistema proporcional, quanto para o majoritário. Esta

junção de partidos pode ser formada antes ou depois das eleições, mas só podem

funcionar durante o período das eleições.

O registro dos candidatos deve ser solicitado ao Tribunal Superior Eleitoral26 pelos

partidos ou coligações até o dia cinco de julho do ano em que forem ocorrer as eleições.

Cada um destes (partidos ou coligações) deve preencher o mínimo de 30% do total de

vagas e o máximo de 70%. Caso não sejam apresentados os documentos necessários e

o requerente não atenda às especificações, o registro de candidatura será negado. Não

pode haver qualquer dúvida sobre a identidade do candidato.

[...] a Justiça Eleitoral indeferirá todo pedido de variação de nome coincidente com nome de candidato a eleição majoritária, exceto na hipótese de candidato que esteja exercendo mandato eletivo ou o que tenha exercido nos últimos quatro anos, ou que, nesse mesmo prazo, tenha concorrido a eleição com o nome coincidente (RAIS, 2012, p. 96).

Sendo assim, a identificação dos candidatos para eleições majoritárias não podem

confundir o eleitor, ou seja, não podem haver candidatos com nomes iguais (exceto nos

casos citados anteriormente) para que isso não reflita nos resultados obtidos.

2.6.1. Gastos eleitorais e financiamento de campanhas

De maneira objetiva, são considerados gastos eleitorais: a confecção de qualquer

material de campanha, a propaganda, o aluguel de locais, as despesas postais e com o

deslocamento de candidatos, com funcionamento de comitês, com remuneração de

pessoal, equipamentos, realização de comícios, produção de programas em áudio e vídeo

para imprensa (mesmo que destinado ao horário gratuito), pesquisas, aluguéis de bens,

criação de meios digitais e multas aplicadas.

Segundo Rais (2012, p. 103), o comitê financeiro é que deverá prestar contas dos

candidatos a eleições majoritárias. Já para eleições proporcionais a prestação pode ser

26 Corte máxima do Judiciário no que diz respeito às eleições.

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feita tanto por intermédio do comitê quanto pelo próprio candidato. Os partidos e

coligações são ainda obrigados, durante a campanha eleitoral, a divulgar na internet o

valor dos gastos, bem como dos recursos recebidos ou estimados para financiamento das

campanhas.

A fiscalização das contas prestadas é feita pela Justiça Eleitoral que pode pedir, a

qualquer tempo, a verificação dos valores citados. Lembrando que no relatório não há

exigência de que sejam citados os nomes de doadores e nem valores doados, pois isso

será feito na prestação de contas final. Caso haja sobra de verba no final das campanhas,

a Justiça julgará e o dinheiro será transferido ao partido ou coligação que dividirá o

montante.

Atualmente o tema financiamento de campanhas está em debate. Existem pelo

menos três propostas de mudanças tramitando no Congresso Nacional e na Câmara dos

Deputados. Tais propostas serão discutidas no item 2.7 do presente trabalho.

2.6.2. Condições de elegibilidade

Prevista na Constituição, a filiação partidária é o ponto de partida para a discussão

a seguir, que tratará dos partidos políticos no Brasil, não tendo como objetivo expor a

ideologia de cada sigla, mas sim a função dos partidos dentro do sistema eleitoral

brasileiro. Não há possibilidade de que um indivíduo desvinculado de um partido político

participe de uma eleição no Brasil.

Assim, o partido político se constitui em pessoa jurídica de direito privado (art. 17, § 2º, da CF/88 c/c art. 1º da LPP – Lei dos Partidos Políticos), com a finalidade de assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defesa dos direitos fundamentais definidos na Carta. Todo partido tem um programa, ideias-forças que unem os seus associados em torno de objetivos políticos e às quais são eles vinculados, sob pena de ferirem a fidelidade partidária (art. 23 da LPP) (ANDRADE, 2009, p.32).

Seja para concorrer a eleições do sistema majoritário ou proporcional, o indivíduo

terá que estar filiado ao partido de sua escolha há pelo menos um ano, conforme o art.

18, da Lei dos Partidos Políticos, de número 9.096 de 19 de setembro de 1995. No

entanto, o art. 20 da mesma Lei dá liberdade ao partido de estabelecer em estatuto

prazos superiores – desde que estes não sejam alterados em ano de eleição – para os

filiados que pretendem concorrer a cargos eletivos (ANDRADE, 2009, p. 32).

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Para que um cidadão brasileiro possa concorrer às eleições, exige-se que ele ou

ela tenha mais de 35 anos para presidente, vice-presidente e senador; 30 anos para que

possa entrar na disputa para governador e vice-governador; 21 anos para deputado

estadual, distrital e prefeito ou vice-prefeito; e 18 anos para poder concorrer como

vereador. A idade mínima terá que estar completa na data da posse do candidato eleito.

Os brasileiros (natos) que atendem a idade mínima prevista em lei só serão considerados

elegíveis se estiverem em dia com a Justiça e o alistamento eleitoral e, além disso, se não

forem considerados analfabetos. Eles são escolhidos pelos partidos.

As convenções partidárias para a escolha dos candidatos e deliberação acerca das possíveis coligações são realizadas na forma determinada pelos estatutos dos partidos políticos, ou, na ausência de normas específicas, pelo que dispuser a Direção Nacional, por meio de regras publicadas previamente no Diário Oficial da União. (...) Desse modo, a indicação em convenção partidária é condição de elegibilidade, sem a qual não poderá o eleitor concorrer a um cargo eletivo (ANDRADE, 2009, p. 38).

Apenas são considerados inelegíveis os candidatos que não souberem ler ou

escrever. O número de indicações de candidatos não pode ultrapassar 150% das vagas

disponíveis no Legislativo.

2.6.3. Propagandas eleitorais

Dentro da propaganda política, segundo Rais (2012), entram a “publicidade

institucional, propaganda partidária, propaganda interpartidária e propaganda eleitoral”.

Para este trabalho, no entanto, não interessa estudarmos a publicidade em si. Será feita

neste tópico uma breve abordagem sobre a propaganda eleitoral no rádio, televisão e

internet, que são três importantes meios de comunicação na atualidade, e possuem

grande abrangência popular.

É importante deixar claro que não é permitida a veiculação de propagandas

pagas27 em nenhum dos três veículos acima citados28. No entanto, Rais (2012) lembra

que as emissoras de rádio e TV possuem o direito de compensação fiscal29.

27 No caso dos veículos impressos são possíveis as propagandas eleitorais pagas.28 Lei n. 9.504/97, art. 44. 29 A compensação fiscal para emissoras de rádio e TV acontece em decorrência da veiculação da propaganda partidária gratuita e lhes confere o direito de compensação total do valor comercial referente ao espaço cedido.

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As normas e vedações impostas aos veículos de radio e televisão30 refletem a

importância dos meios de comunicação dentro das eleições. Mas não só isso. Entende-se

a partir de tais normas como estas, as emissoras podem influenciar por meio do conteúdo

veiculado num possível resultado. Em programação normal, é vedado a partir do dia 1º de

julho do ano em que ocorrem as eleições, atitudes como: divulgar pesquisas eleitorais,

usar recursos que denigram a imagem de algum candidato, assim como seu partido ou

coligação. Não é permitido também que sejam dadas opiniões favoráveis ou contrárias de

forma extrema que sejam entendidas como propaganda (RAIS, 2012, p. 115).

É permitido ao partido político utilizar na propaganda eleitoral de seus candidatos

em âmbito regional, inclusive no horário eleitoral gratuito, a imagem e a voz de candidato

ou militante de partido político que integre a sua coligação em âmbito nacional. (RAIS,

2012, p. 116).

Após o dia 5 de julho do ano da eleição é permitido que o candidato faça

propaganda dentro de um site online regulamentado, com endereço comunicado a Justiça

Eleitoral. É legal também que a propaganda seja enviada por e-mail pelo candidato

(coligação ou partido) para cadastros feitos de forma gratuita. A propaganda dentro de

blogs e redes sociais é regulamentada, sendo proibida em sites de pessoa jurídica com

fins lucrativos ou por órgão da Administração Pública. Seja por qualquer meio, nas

palavras de Rais (2012, p. 117), as mensagens enviadas pelos envolvidos no processo

eleitoral “deverão dispor de mecanismos que permita seu descadastramento pelo

destinatário”.

Sobre a questão da publicidade governamental, Bobbio acredita que é a forma de

os representados saberem o que está sendo feito por seus representantes e dessa forma

fiscalizar as ações do governo. A ocultação e não divulgação de atos e/ou decisões

tomadas por quem está no poder, o denominado “poder invisível” é “uma das causas

relacionadas ao insucesso da democracia” (BOBBIO, 1986, apud CORREA, 2010, p. 4).

Sobre a possibilidade de fiscalização do poder, Correa, seguindo o pensamento de

Bobbio, é enfático. Segundo ele por meio da tecnologia os detentores do poder

conseguem ter controle sobre os cidadãos, quando deveria ser o contrário. (CORREA,

2010, p.5).

2.7. Propostas de reformas políticas

30 Lei n. 9.504/97, art. 45.

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O sistema eleitoral está embasado nas regras dos subsistemas majoritário e

proporcional, mas constantemente há tentativas de muda-lo ou aperfeiçoa-lo, por isso não

são poucas as propostas de reformas políticas. Há 8 anos, era possível distribuir brindes

como camisetas e chaveiros, nas campanhas políticas. Somente no ano de 2000, é que

foram regulamentadas algumas regras pelo Tribunal Superior Eleitoral, sobre a

propaganda eleitoral na internet31. Toda ano eleitoral tem mudanças, mas há algumas,

mais estruturais.

A reforma politica está voltada para as mudanças do sistema politico e também do

regime representativo. Refere-se à organização do estado e possuí um enfoque mais

amplo. Tem por objetivo aperfeiçoar a democracia de acordo com os anseios da

sociedade civil. Os protestos de junho de 201332 podem, sem dúvidas, ser vistos como o

estopim da insatisfação do povo para com os representantes políticos; deste modo o tema

reforma politica voltou com força para as páginas dos jornais. É um tema polêmico que

gera repercussão e debate.

A reforma política tida como a mais importante das reformas parece uma história sem fim. A percepção geral é de que ela é fundamental para o aperfeiçoamento das regras sobre disputas eleitorais, para a formação e o exercício do poder, para aproximar o representante dos representados, para reduzir a corrupção e para ampliar a transparência, o controle e a participação popular (QUEIROZ, 2013, p.7).

Diferente da reforma política, a reforma eleitoral está especificamente ligada ao

espaço concedido ao individuo para se candidatar e se eleger.

2.7.1. Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 352/2013

Em julho de 2013 foi criado, sob a coordenação do Deputado Cândido Vaccarezza

(PT-SP), um grupo de trabalho destinado a estudar e apresentar propostas referentes à

reforma política e à consulta popular sobre o tema, que se trata de uma Proposta de

Emenda Constitucional (PEC), de nº 352/2013.

Para se chegar ao resultado final sobre quais propostas seriam apresentadas,

foram realizadas 13 reuniões, nas quais foram debatidos os temas sobre o sistema

eleitoral. A sociedade foi chamada a fazer parte destas discussões e expressar sua

31 Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=18008>. Acesso em: 28/04/2014.32 Manifestação que ocorreu em diversas cidades do país, inclusive em Curitiba. Pessoas foram para as ruas pedir inicialmente a redução da tarifa de ônibus, mas depois outras reinvindicações começaram a integrar a pauta, mostrando a insatisfação das pessoas com a administração pública.

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opinião por meio do portal intitulado e-democracia33. A participação da população

mostrou-se ampla, foram mais de 150 mil acessos ao site34.

As principais propostas que estão na pauta do grupo de trabalho são: criação e

fusão de partidos, financiamento de campanha, propaganda eleitoral, fim da reeleição e

tempo de mandato, voto obrigatório, tempo de filiação e fidelidade partidária e unificação

das eleições.

Sendo assim, a PEC de número 352/2013 prevê mudanças em todo o sistema

político desde questões eleitorais, controle da corrupção e uma melhor transparência nas

decisões tomadas pelos representantes do país. Atualmente ela se encontra em regime

de tramitação especial na Câmara dos Deputados devido ao ultimo despacho no dia

11/11/201335. Assim como outras matérias da mesma natureza, a proposição de

mudanças costuma levar anos tramitando no Parlamento.

Para um melhor entendimento sobre as reformas políticas, abordaremos algumas

das principais reformas e o que se pretende com tais mudanças.

2.7.2. Financiamento de Campanhas

Atualmente o financiamento de campanha é misto, o que envolve desta forma tanto

o uso do dinheiro público como o uso do dinheiro privado. É permitido o financiamento

tanto por pessoas físicas como de pessoas jurídicas, o que pode gerar segundo

estudiosos acerca do tema um conjunto de corrupção, pois a partir do momento em que

grandes empresas financiam alguma campanha o politico que está sendo financiado

perde o direito de agir livremente em prol da coletividade, devido ao fato de estar sempre

“devendo um favor” para quem o está ajudando a se eleger.

A lei 9.504 do ano de 1997 estabelece que a pessoa física pode doar até 10% da

de sua renda anual. Já a doação de pessoas jurídicas pode ser de até 2% do faturamento

anual da empresa. As doações podem ser para candidatos ou partidos. Isto é chamado

de contribuições caixa um. Caixa dois são contribuições não registradas na Justiça

Eleitoral. Calcula-se que no Brasil mais de 80% do financiamento das campanhas se dá

por meio do “caixa dois” (QUEIROZ, 2013, p. 51). De acordo com o pensamento de

Queiroz, percebe-se que estas contribuições não declaradas, e que ultrapassam os 2%

definido por lei sobre o financiamento privado de campanhas, pode facilitar a corrupção. 33 Disponível em: < http://edemocracia.camara.gov.br/>. Acesso em: 20/05/2014.34 Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1176709&filename=PEC+352/2013>. Acesso em: 20/05/2014.35 Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=600023>. Acesso em: 20/05/2014.

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Um dos problemas enfrentados pelo financiamento de campanha também se dá

pelo fato de não ter um valor fixo. Não há um limite estabelecido para o candidato que

diga o quanto ele pode gastar numa campanha, apenas é repassado um valor

aproximado do quanto se pretende gastar pelos próprios candidatos.

Além do dinheiro privado, o dinheiro público também é usado em campanhas

como, por exemplo, na compra e manutenção de urnas, contratação de funcionários e

todos os equipamentos usado pela Justiça Eleitoral, incluindo a propaganda eleitoral

gratuita. Existe também o fundo partidário, em que parte do dinheiro arrecadado com

multas eleitorais e também o dinheiro público vindo de outras origens, acabam sendo

distribuídos entre os partidos; dependendo da quantidade de candidatos que cada partido

possui.

Há dois tipos de mudança de proposta para o financiamento de campanha. A

primeira é que ela seja exclusivamente apenas com o dinheiro público, a fim de que

combata a corrupção. Mas há um empasse no que diz respeito a essa mudança, devido

ao fato da população crer que estaria sendo desviado dinheiro do que realmente o país

necessita, como por exemplo: segurança; saúde; educação; e sendo direcionado para as

campanhas políticas.

A segunda opção de mudança deste sistema seria manter o financiamento de

campanha misto, ou seja, as doações podem ser feitas tanto pelo dinheiro público como

privado, mas somente de pessoas físicas e não mais jurídicas, que por ora seria uma

forma de combater a corrupção já que o candidato não ficará devendo alguma espécie de

“favor” para a empresa que estivesse ajudando e/ou bancando a campanha, como

funciona hoje.

No entanto, no mês de abril de 2014, o STF decidiu, por maioria dos votos, pelo fim

do financiamento de empresas para as campanhas políticas, mas ainda está indefinido

quando a decisão entrará em vigor. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) propôs que

esta decisão comece a valer para as eleições de 201636.

2.7.3. Plebiscito; Referendo e Iniciativa Popular.

De acordo com a constituição de 1988, é permitida a participação do povo nas

questões politicas do país e esta participação pode ser dar por meio de referendo e

plebiscito, considerados instrumentos que fazem parte da democracia. A diferença entre

36 Disponível em: < http://www.estadao.com.br/aovivo/julgamento-doacao-em-eleicao>. Acesso em: 21/05/2014.

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estas duas formas de participação é a seguinte: considerado um plebiscito quando a

população é convocada para dar opiniões antes da criação de uma lei, por meio do voto

direto. Já o referendo acontece depois da lei já estar pronta, neste caso a população é

convocada para aprovar ou não.

Um exemplo de referendo no Brasil aconteceu no ano de 2005, a respeito do

comércio de armas de fogos. A população foi convocada a comparecer as urnas, para

dizer sim ou não a seguinte pergunta: O comércio de armas de fogo e munição deve ser

proibido no Brasil? Segundo dados do TSE, 63% da população optou pela não proibição

das armas37.

Porém, tanto o referendo quanto o plebiscito só podem ser solicitados quando é da

vontade do Congresso Nacional. Sendo assim, existe uma barreira para que estes dois

modos de participação sejam contínuos. O povo por vontade própria não pode organizar

nem plebiscito e nem referendo: dentro deste contexto é necessária uma mediação dos

parlamentares para que isso aconteça.

Diante desta situação, a proposta de reforma é que seja retirado o poder dos

parlamentares e que o povo tenha autonomia para decidir os seguintes casos:

a) Mudança de regras das eleições, leis de incentivo popular e da constituição;

b) Criação de novos estados;c) Definição do aumento dos salários e benefícios dos parlamentares,

ministros de estado, presidente da republica e os ministros do supremo tribunal federal;

d) Antes de se firmar um acordo de livre comércio ou realizar a concessão de serviços públicos essenciais;

e) Alienação de jazidas minerais e postos de petróleo;f) Eventuais potenciais de energia hidráulica38.

Além do plebiscito e referendo, os projetos de iniciativa popular também funcionam

como instrumento de democracia. Neste caso, para que uma proposta de lei possa ser

apresentada por meio de iniciativa popular, é necessário coletar 1,5 milhão de

assinaturas. Depois de concluída esta etapa, para que o voto de iniciativa popular vá

adiante, é necessário que o projeto seja colocado em votação no Congresso Nacional.

Para que os pedidos da sociedade fluam de maneira considerável, no ano de 2001

a Câmara dos Deputados criou a Comissão de Legislação Participativa (CLP). “Sua

principal atribuição é receber propostas entregues pelas entidades civis organizadas,

37 Disponível em: <http://www.tse.jus.br/eleicoes/plebiscitos-e-referendos/quadro-geral-referendo-2005>. Acesso em: 21/03/2014.38 Disponível em: <http://www.reformapolitica.org.br/reforma-politica-em-tv/670-plebiscito-e-referendo-assista-ao-video-da-reforma-politica.html>. Acesso em: 20/03/2014.

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como ONGs, sindicatos, associações e órgãos de classe, entre outras. Podem ser

apresentadas diversas sugestões legislativas, como projetos de lei ordinária ou

complementar e emendas ao Plano Plurianual (PPA) e à Lei de Diretrizes Orçamentárias

(LDO)”.39

Voltando para as propostas de mudanças, o que se pede é que diminua para 450

mil a quantidade de assinaturas, além de exigir também uma prioridade de tramitação no

parlamento. Tais mudanças proporcionaram uma efetividade maior, pois o voto de

iniciativa popular, tal como é hoje, não garante nada a população, exige todo um esforço

imenso para alcançar o número de assinaturas sem garantia que o projeto apresentado

será colocado em discussão dentro do congresso.

2.7.4 Unificação das eleições

No Brasil as eleições são intercaladas de dois em dois anos, mas são dividas em

tempos diferentes; uma no âmbito nacional e outra em âmbito municipal. Temos eleição

para presidente, senador, deputado federal, deputado estadual e governador em uma

data que não coincide com a eleição de vereadores e prefeitos.

A proposta aqui é para que estas datas sejam uma só, ou seja, criar um calendário

eleitoral no qual todos os candidatos comecem a cumprir o mandato juntos. A explicação

que se dá para este pedido é que com a unificação o dinheiro gasto em campanhas será

reduzido uma vez que ela será feita de quatro em quatro, anos ajustando o calendário

eleitoral.

Além disso, há um jogo de interesses entre quem é eleito no pleito nacional e

municipal. Unificando as eleições, minimizaria essa relação entre os eleitos.

Outro ponto alto da proposta, além do calendário eleitoral, consiste em mudar o

tempo de mandato de quatro para seis anos para os cargos de prefeitos, vice-prefeitos e

vereadores, em um mandato único.

3. PROBLEMA

Conhecer o sistema eleitoral é importante para exercer a cidadania. Conforme

dados do Tribunal Superior Eleitoral, menos de 16% dos jovens brasileiros com faixa

39 Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/participe/sua-proposta-pode-virar-lei>. Acesso em: 20/03/2014.

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etária entre 18 e 24 anos votou nas últimas eleições40, sendo assim é possível afirmar que

os jovens votam pouco e fogem da política. Diante de tal realidade: como jovens

acadêmicos nesta faixa etária podem ser estimulados a se interessar pela política por

meio do conhecimento acerca do sistema eleitoral brasileiro?

4. OBJETIVOS

4.1. Objetivo geral

Elaborar matérias jornalísticas em texto e audiovisual que serão divulgadas por

meio de um site sobre as temáticas que cercam o sistema eleitoral brasileiro. Busca-se

esclarecer as dúvidas encontradas em questionários aplicados aos jovens universitários

de 18 a 24 anos.

4.2. Objetivos específicos

Produzir material didático em linguagem informal e descontraída.

Organizar o site de maneira atrativa e que permita comentários e compartilhamento

de conteúdos.

Desenvolver redes sociais que permitam o contato direto com os jovens e que

sirvam como uma extensão para divulgação do conteúdo do site.

Disponibilizar espaços para que seja possível o debate sobre o tema.

5. JUSTIFICATIVA

O site denominado “Política se discute, sim”41 foi desenvolvido a fim de contribuir

para o entendimento dos jovens universitários acerca do tema. Uma vez que o voto é

obrigatório, é importante que o cidadão conheça as especificidades do sistema eleitoral

para conseguir tomar decisões fundamentadas e assim escolher seus representantes.

A internet é o único meio de comunicação em que é possível o desenvolvimento de

matérias escritas e audiovisuais. E, em função do excedente cognitivo citado por Shirky

(2011), em que a internet só produz resultados por meio das pessoas que usam a

40 Informação referente às eleições de 2012, extraída do site do Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em <www.tse.jus.br>. Acesso em: 21/04/2014. 41 Disponível em: <www.politicasediscutesim.com>.

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ferramenta, ela foi à mídia escolhida para a criação de conteúdos jornalísticos, pautados

pelas dúvidas dos jovens universitários com faixa etária entre 18 e 24 anos.

Segundo dados de 2014 do IBOPE42, 47% da população brasileira tem como

principal fonte de informação a internet, o que coloca o Brasil acima da média mundial,

que é de 45%. Para estimular discussões, a internet é o meio mais adequado, uma vez

que mesmo que determinado assunto esteja sendo embasado por um grupo específico, é

possível que todos os interessados possam encontrá-lo e interagir com ele. Seja por um

computador, tablet ou celular, as pessoas podem acessar informações, compartilhá-las e

debatê-las de maneira instantânea, embora isto dependa da atitude individual dos

usuários. Diferente de outros meios de comunicação, como o rádio e a televisão, a

internet possui outra característica única, o armazenamento de dados disponibilizados

aos usuários.

Em meio a manifestações comandadas por jovens, em junho de 2013, o trabalho

também buscou saber se os acadêmicos entendem de que forma e por qual sistema

escolhem seus governantes. Por meio da aplicação de questionários, concluiu-se que o

que os jovens sabem sobre o tema é insuficiente, já que a maioria dos universitários

considerou seu conhecimento como médio e ruim. O número mais expressivo obtido por

meio do questionário foi que 94% dos entrevistados concordaram com a criação de um

site que trate sobre o tema. As dúvidas serviram como sugestões de pautas para a

elaboração das matérias, o que resultou em um produto visualmente atraente e com

conteúdo simples e didático, sem perder o tom jornalístico.

O projeto contribuirá para o campo da comunicação e da política. Da política, pois

pode estimular a cidadania e reúne matérias ricas em informação sobre um tema

específico, o sistema eleitoral. Da Comunicação e do jornalismo, porque promove o

conhecimento e a transparência, além da busca pelo envio de mensagens sem ruídos e

apartidárias, sem fins lucrativos e interesses secundários, valores que norteiam a

produção jornalística e criam a possibilidade de reflexão individual. Os jovens são também

autores de ações que pedem mudanças e, para isso, é preciso que estes saibam como os

seus representantes são eleitos.

Na prática, foi feita uma sondagem para entender quais são as dúvidas de um

grupo selecionado, que fazem parte de uma realidade maior de jovens. Eles ainda terão,

por muito tempo, que escolher seus representantes por meio do voto obrigatório.

42 Disponível em: <http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/Paginas/Internet-e-a-primeira-fonte-de-informacoes-para-47-dos-brasileiros-aponta-estudo.aspx>. Acesso em: 02/05/2014.

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A relação entre política e comunicação é antiga, mas existem questionamentos

recentes sobre a influência da segunda em relação à primeira. O jornalismo está

fortemente ligado ao campo da política, e a contribuição do presente trabalho se dará por

meio dos conteúdos publicados.

A prática de um jornalismo colaborativo também é possível, uma vez que os jovens

universitários terão a possibilidade de sugerir temas e interagir nas redes sociais, como o

Facebook, por meio da fanpage, o Twitter, o Google Mais e o canal do You Tube.

Em 1991 a internet tornou-se um sistema comercial. No Brasil, foi a partir de 1995

que o processo de transposição do jornalismo para a web começou, sendo o Jornal do

Brasil o primeiro a fazer tal experimentação. “Atrás dele vieram o jornal O Estado de São

Paulo, a Folha de São Paulo, O Globo, O Estado de Minas, a Zero Hora, o Diário de

Pernambuco e o Diário do Nordeste” (PUCCININ, 2003, p. 4).

Com o surgimento do jornalismo online, o espaço dedicado ao leitor deixa de ser

finito. O webjornalismo – o jornalismo feito para a internet – provocou diversas

transformações nos meios de comunicação e a relação entre os consumidores e

receptores da notícia tomou uma forma mais democrática. “A possibilidade de interação

direta com o produtor de notícias ou opinião é um trunfo forte a explorar pelo

webjornalismo” (CANAVILHAS, 2001).

A internet não é apenas encarada como um bônus da profissão, pois o processo de

transição exige uma adaptação de conteúdos bem como o dos profissionais, que agora

precisam estar sintonizados as novas tecnologias e trabalhar de forma multidisciplinar

produzindo conteúdos escritos, em áudio e vídeo.

Em uma visão apocalíptica, Bourdieu (1997) diz que a política, a economia e a

publicidade manipulam a televisão e que o jornalista deveria informar e desenvolver o

senso crítico das pessoas, o que na opinião do autor não acontece. Segundo ele, a TV

funciona como “monopólio de cabeças” que “oculta, mostrando”. Segundo Bourdieu os

jornalistas são pouco autônomos e copiam em cadeia o que os outros profissionais fazem,

dando à notícia a maneira de quem a banaliza. Ainda segundo o autor, os jornalistas tem

uma arma que não sabem usar de forma positiva para o bem comum.

Na tentativa de desfazer essa visão, o site elaborado a partir desta pesquisa

pretende usar esta “arma”, por meio da internet, para promover o conhecimento e aguçar

o senso crítico, falando sobre um tema que é pouco tratado tal como deveria pela mídia e

sobre o qual as pessoas não tem conhecimento, assim como mostrou a sondagem feita

para o presente trabalho.

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Fazer um site, mesmo que com um conteúdo mais simples e linguagem informal,

não dá a certeza de que as pessoas irão se interessar pelo tema, mas pode estimulá-las a

isso devido ao conteúdo diferenciado, principalmente se o veículo oferece ferramentas e

espaço para comentar. Em junho de 2013, as ruas foram tomadas pela população que,

em uma crise de representatividade, reivindicavam seus direitos e melhorias. A ideia foi

aproveitar o atual momento político que o país vivencia e auxiliar na conscientização

sobre as eleições de 2014.

6. REFERENCIAL TEÓRICO

A função do jornalista não consiste apenas em levar informação à sociedade. Por

trás desta base, encontram-se inúmeras finalidades dentro do campo de atividade.

Obrigação com a verdade, a lealdade, a verificação dos fatos, trazer à tona notícias

interessantes e relevantes. Tudo isso faz parte de um compromisso para com o público, e

de maneira compreensível e proporcional para que todas as classes sejam atingidas. Mas

dentre essas obrigações, finalidades e compromissos, “a principal finalidade do jornalismo

é fornecer aos cidadãos as informações de que necessitem para serem livres e se

autogovernar” (KOVACH; ROSENSTIEL, 2003, p. 31).

Com base nessa afirmação sobre os efeitos do jornalismo em permitir com que o

cidadão se autogoverne, fica mais evidente a necessidade de construir um espaço que

vise tornar mais fácil o entendimento sobre o sistema eleitoral brasileiro, com foco nos

jovens que se mostram descontentes com o sistema político.

6.1. Teoria da Participação Pública

O homem é um ser político e a participação ou não na vida pública, por assim

dizer, também é uma escolha política. É necessário estar atento e entender como

funciona o processo de escolha daquelas pessoas que futuramente irão representar uma

sociedade e decidir sobre os temas de interesse comum, que – querendo ou não,

gostando ou não – influenciam diretamente na vida de cada um, como por exemplo, o

valor dos impostos cobrados, as leis que determinam a conduta e o valor dos salários

estipulados por estes representantes.

Sobre esta participação, Kovach e Rosenstiel (2003) citam a Teoria da Participação

Pública. Segundo os autores, esta teoria integra três grupos: o público envolvido, o

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público interessado e o público desinteressado. Para entendermos melhor os três grupos,

tomemos o exemplo dos autores:

Um operário da indústria automobilística em Detroit, por exemplo, talvez não tenha maior interesse na política agrícola ou nas relações exteriores do país. Lê jornal às vezes, quase nunca vê televisão, mas participa, em seu sindicato, das negociações coletivas com a indústria, conhece bem a burocracia das grandes corporações e a segurança de seu local de trabalho. Talvez tenha filhos nas escolas locais e amigos aposentados e sabe muito bem os estragos que a poluição causa nos rios onde costuma pescar. Em todos estes assuntos ele entra com conhecimento e experiência próprias. Em alguns, ele é o público envolvido; em outros, o público interessado, e ainda em alguns outros, o público remoto, desinformado e não participativo (KOVACH; ROSENSTIEL, 2003, p. 47).

Diante desse exemplo, a Teoria da Participação Pública possui uma visão mais

pluralista. O ser humano é percebido aqui como algo mais completo e complexo. “A força

do povo está justamente em sua magnitude e amplitude” (KOVACH; ROSENSTIEL, 2003.

p. 48).

A teoria aqui presente torna ainda mais forte uma das obrigações do jornalismo,

citada no primeiro parágrafo deste item do trabalho: a de levar informação de maneira

mais ampla possível para que todos possam compreender, tornando o individuo um

colaborador do exercício da democracia.

6.2. Teoria da Rede Noticiosa

A teoria da Rede Noticiosa estabelece que “as fontes são quem são porque estão

diretamente ligadas a setores decisivos da atividade política, econômica, social ou

cultural” (TRAQUINA, 2005, p. 190). Tal rede é organizada dentro das possibilidades de

produção da empresa jornalística e pode refletir “a estrutura social e de poder existente”

(WOLF, apud TRAQUINA, 2005).

Tendo em vista a relação jornalista-fonte pré-estabelecida, qualquer pessoa que

esteja de certa forma envolvida ou que possua conhecimento acerca de determinado

assunto, pode vir a tornar-se uma fonte em potencial. Mas, o que acontece é que muitas

vezes o jornalista cria sua rede e acaba utilizando-se das mesmas pessoas para

elaboração de matérias, o que se torna natural, tendo em vista a dinâmica de uma

redação – onde existe uma busca pelo fato noticioso em curto prazo de tempo, além do

número de profissionais ser inferior à demanda.

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Quem é conhecedor ou se encaixa dentro dos descritos valores-notícia, tão citados

por inúmeros autores, e que incluem o “interesse público”, o “interesse do público”, a

“atualidade”, a “curiosidade”, entre outros, vira fonte. O site criado como produto deste

trabalho utiliza-se de fontes oficiais, mas também produziu conteúdo independente

baseando-se na sondagem realizada durante o processo de pesquisa.

6.3. Teoria do agendamento

Além da teoria da participação pública e da rede noticiosa, para os objetivos e

perspectivas deste trabalho se faz necessário o uso da teoria do agendamento. Esta, por

sua vez, consiste na ideia de que funciona como um recorte de algum tema do dia-a-dia

(o qual foi considerado mais importante pelos veículos de comunicação), e por meio deste

recorte é possível organizar as informações. Os meios de comunicação enquadram uma

notícia e assim ela é repassada para os indivíduos de uma sociedade.

A teoria do agendamento sublinha uma forte mudança no paradigma dominante da teoria dos efeitos das mídias e significa uma redescoberta do poder do jornalismo não só para selecionar os acontecimentos ou temas que são noticiáveis, mas também para enquadrar estes acontecimentos e/ou temas (TRAQUINA, 2005, p. 16).

Ao contrário do que diz a Teoria do Agendamento, citada acima, o “Politica se

discute, sim” não produzirá matérias apenas com base em outros veículos de

comunicação ou em releases, o que não descarta a possibilidade de vir a usá-los. O que

se fará é um levantamento das dúvidas de um grupo do público já estabelecido.

Mas além de estar atento aos grandes veículos e suas publicações diárias, o

conteúdo do site será desenvolvido por meio de um levantamento sobre as principais

dúvidas do público alvo, os jovens acadêmicos na faixa etária entre 18 e 24 anos.

Tornando assim o produto mais atrativo, partindo do principio que o site pautará o

'desconhecido', as informações incógnitas e que são pouco abordadas pelos demais

veículos de comunicação. Essa escolha também vem na esteira da tentativa de criar um

interesse mais sólido entre a fonte/leitora e o produto, o que pode ajudar no

desenvolvimento contínuo do site.

6.4. A pauta e a produção da notícia

As notícias vinculadas no site, produto deste trabalho, foram pensadas e apuradas

previamente, por meio da elaboração de pautas jornalísticas. Estas, por sua vez,

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surgiram, principalmente, após a aplicação de questionários entre o público alvo: jovens

universitários.

O uso desta técnica para identificar o que o público deseja saber não é comumente

utilizado entre os meios de comunicação com públicos específicos para a produção da

pauta, configurando-se assim, um diferencial.

É importante ressaltar que na pauta estão todas as informações compiladas

previamente sobre o assunto que será destrinchado na reportagem. A pauta serve, para o

jornalista, como um guia. Nela deve constar inclusive, o foco que será dado à matéria.

São vários os autores dentro da esfera da comunicação que enumeram passos

para uma investigação prévia e formação da pauta; passos esses que foram utilizados na

execução deste projeto. Júnior (2006, p. 78) diz que a pauta jornalística deve ser

elaborada por meio de uma sondagem inicial, que é “a apuração preliminar, a exploração

das fontes, documentos e publicações, numa pesquisa prévia [...]. É uma base de

informações para sustentar uma investigação [...]”.

Segundo o Junior (2006), a pauta não é o tema, “é uma dúvida sobre algum

aspecto da realidade a ser respondida pelos fatos”. Foi em busca de descobrir quais

dúvidas do público-alvo em questão que se optou, neste projeto, pelo questionário direto.

O objetivo primário foi definir assuntos. Depois foram levantados dados, pesquisados

materiais já disponíveis, para então serem produzidas as pautas.

Dentro de uma pauta devem constar os dados já compilados sobre o assunto, uma

relação das dúvidas que devem ser respondidas na reportagem, e uma lista de fontes

especializadas. “Pauta que é pauta define o rumo do trabalho, o ângulo, a escolha de uma

ou várias nuances do que será apurado, qual o recorte da realidade que a reportagem

fará, sob que modo novo será abordada a questão” (JUNIOR, 2006).

De acordo com Júnior, há diferença entre pauta e tema. O tema é o mais amplo –

neste caso o sistema eleitoral brasileiro -, a pauta é algo específico dentro deste todo.

(JUNIOR, 2006, p.79). Dentro da pauta devem estar - como se aprende nos cursos de

Jornalismo – informações sobre o tema (geral), sobre o assunto (específico), indicações

de fontes com telefones e endereços, sugestões de enfoque e se possível matérias já

veiculadas pela imprensa, para que o repórter saiba o que já foi falado e tente uma

abordagem diferente.

Portanto a produção da pauta do presente trabalho se faz diferente, pelo método

usado para criá-la (as dúvidas do público levantadas nos questionários), e por outro lado

também engloba todos os demais elementos citados acima, estabelecendo uma conexão

direta com a pauta jornalística tal como foi descrita.

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Para Miguel (2002, p. 171) a mídia influencia a “agenda”, ou seja, a pauta que

condiciona a visibilidade sobre as questões políticas: “a mídia possui a capacidade de

formular as preocupações públicas”. E isso não acontece apenas de uma maneira neutra,

tendo também a capacidade dar um enquadramento aos assuntos.

O controle sobre a agenda e sobre a visibilidade dos diversos enquadramentos alicerça a centralidade dos meios de comunicação no processo político contemporâneo. Tal fato não passa despercebido dos agentes políticos, que hoje, em grande medida, orientam suas ações para o impacto presumível na mídia (MIGUEL, 2002, p. 171).

O autor afirma que aquelas pessoas que possuem maior capital político “são

capazes de orientar o noticiário (e, por consequência, a agenda pública) através de

entrevistas e declarações”. Assim um político é também capaz de modelar a cobertura

jornalística fazendo declarações “bombásticas” e fazer com que outras pessoas se

retratem sobre aquilo que estão falando através da imprensa. (MIGUEL, 2002, p. 173).

Por ser um meio apartidário em que a intenção é promover o conhecimento e futuramente

o debate político, o site, produto deste trabalho, não dará espaço para manifestações de

políticos, justamente para fugir desta possível manipulação.

6.5 A internet e a convergência digital

Neste trabalho, a internet43 será o meio utilizado para fomentar a discussão sobre o

sistema eleitoral brasileiro entre o público escolhido, dando possibilidade para que outras

pessoas interessadas pelo tema tenham acesso ao material produzido.

O jornalismo tem passado por muitas transformações, como o modo de produzir,

editar e exibir a notícia a partir da introdução de novas tecnologias no cotidiano do

jornalista. Estes novos meios, aliados à conexão com a internet, possibilitam que o

repórter produza, edite, e transmita uma matéria em mobilidade. A notícia ficou mais

rápida e acessível e o jornalista hoje deve ser um profissional multidisciplinar, sabendo

operar os diversos dispositivos comunicacionais.

Podemos considerar três etapas de transformação da tecnologia: a primeira foi a

introdução das impressoras a vapor e do papel de jornal mais barato; a segunda é a

implantação da transmissão por ondas eletromagnéticas. E a terceira envolve uma

transição para a produção, armazenagem e distribuição de informações e entretenimento.

(DIZARD, 1998, p.53-54).

43 Por meio do site, “Política se discute, sim” que está disponível em: <www.politicasediscutesim.com>.

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Essa terceira etapa, que é a atual, diferencia-se das demais pela sua capacidade

de desenvolver as novas formas de produção: áudio, vídeo e texto. Primeiramente, essas

novas tecnologias serviam para atender às necessidades dos grandes governos e

empresas, mas houve uma grande difusão e hoje estão nos lares.

O que existe de mais moderno em comunicação é devido a estas novas

tecnologias que estão ditando o ritmo da mídia global. Com o surgimento da comunicação

virtual, não se pode negar a grande facilidade da difusão de informações por meio desta

ferramenta. Antes disso, as inovações da mídia se desenvolviam mais lentamente.

A internet pode ser considerada, em meio a essa sociedade contemporânea, a

ferramenta principal para os indivíduos obterem informações a respeito de tudo o que

acontece no mundo. A convergência digital facilita a comunicação, tanto quanto pode

banalizá-la. O trabalho de definição das novas mídias implica numa revisão cuidadosa de

conceitos. A tecnologia deve servir para agregar novas formas de comunicação.

Há muitas discussões sobre o declínio e o futuro de mídias tradicionais como o

jornal impresso, a televisão e o rádio, devido às transformações midiáticas. Jenkins, alerta

para a seguinte situação: “as velhas mídias não morreram. Nossa relação com elas é que

morreu” (JENKINS, 2008, p. 08). Ou seja, “bem-vindo à cultura da convergência, onde as

velhas e as novas mídias colidem, onde mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam,

onde o poder do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras

imprevisíveis” (Ibid, p. 27).

É necessário entender e traçar um panorama de tais mudanças bem como as

novas relações pessoais que esta convergência midiática proporciona. Nesse contexto, a

criação de um site para o trabalho aqui proposto, é fundamental. Considerada como a

maior invenção tecnológica, a internet vem transformando de maneira a encurtar as

relações entre o produtor e o consumidor num ritmo acelerado que transpõe a barreira do

tempo devido ao fato de estarem disponíveis 24 horas.

O ciberespaço é um ambiente complexo, e a cultura política cresce nesse caldo efervescente, gerando novos processos e produtos. A nova potência da emissão, da conexão e da reconfiguração, os três princípios maiores da cibercultura, estão fazendo com que possamos pensar de maneira colaborativa, plural e aberta. Sempre que podemos emitir livremente e nos conectar a outros, cria-se uma potência política, social e cultural: a potência da reconfiguração e transformação (LEMOS, 2010, p. 27).

Trazer um tema para a internet de caráter pedagógico como a política, visando o

sistema eleitoral, é sinal de amadurecimento de uma sociedade, uma vez que o indivíduo

irá poder dar sugestões de pautas, tirar dúvidas online e contribuir com materiais em

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áudio e vídeo. A pretensão deste trabalho é esta: dar oportunidade para que os jovens

acadêmicos conheçam o sistema eleitoral por meio da internet, ferramenta que, como já

citado anteriormente, vem sendo muito utilizada como fonte de informação, além de ser

um meio utilizado para diversos fins, de trabalho, pesquisa, lazer e para estabelecer

contatos.

E diante de toda a revolução tecnológica que se desenvolveu e ainda está se

desenvolvendo, nada mais propicio que levar as informações fazendo uso do jornalismo

online, que proporciona benefícios ao consumidor na hora da leitura em web, como por

exemplo, a hipertextualidade, ou seja, fragmentar textos para que o leitor sinta-se a

vontade na hora da leitura, conhecida como leitura não linear, uma das características do

jornalismo online.

Porem está fragmentação deve ser feita com cuidado, na medida em que o

individuo ao ler uma noticia não se sinta perdido entre elas. Uma das maneiras possíveis

para fazer uso da hipertextualidade é interconectar as matérias, que ficam a disposição do

leitor, por meio de links com assuntos relacionados, os quais podem mostrar também os

prós e contras de um determinado assunto. Desta forma o jornalismo online, o qual vai ser

aplicado no produto deste trabalho, possibilita chamar a atenção do leitor, se tal assunto

for de seu interesse.

Em seguida da hipertextualidade, outro benefício produzido pelo jornalismo online é

por ele poder ser multimídia, em outras palavras: atraente e fascinante; devido à fusão

entre texto, imagem, áudio e vídeo sobre um acontecimento. Isso enriquece a estética do

produto e do conteúdo. Além disso, amplia e faz com que o leitor entenda tal assunto de

maneira mais aprofundada, já que ele tem a possibilidade de experimentar algumas das

sensações do jornalista que estava no local do fato.

Entre os benefícios, o trunfo do jornalismo online é a interatividade, entre jornalista

e leitor, o que faz com que ele se sinta parte do processo de produção. O “Política se

discute, sim” possui espaços destinados a interatividade, que pode acontecer pela troca

de e-mails, por meio dos comentários que o internauta tem possibilidade de fazer em

cada matéria e também nas redes sociais interligadas.

7. METODOLOGIA DE PESQUISA

Com o intuito de traduzir os objetivos desta pesquisa, um dos métodos escolhidos

foi a aplicação de questionários para avaliar, num primeiro momento, o nível de

conhecimento dos jovens acadêmicos sobre a base da estrutura do sistema eleitoral

brasileiro. Nesta etapa de experimentação, os questionários serviram para uma avaliação,

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podendo servir como base para as pautas abordadas pelo site politica se discute sim. Os

resultados da pesquisa serão apresentados a seguir.

Pode-se definir questionário como a técnica de investigação, composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado etc (GIL, 2012, p.121).

A estrutura do questionário foi organizada da seguinte maneira: ao todo foram 11

perguntas elaboradas, sendo 10 direcionadas especificamente ao sistema eleitoral

brasileiro e seu funcionamento. O formulário foi aplicado por meio da internet, mais

especificamente, pelo Google Drive (serviço de armazenamento de dados disponível pelo

Google). Ao todo foram obtidas 100 respostas. As perguntas foram formuladas de

maneira objetiva e precisa, para que não houvesse possibilidade de diferentes

interpretações.

A elaboração das perguntas foi feita em forma de questões fechadas, ou seja, o

respondente tem o direito de escolher uma alternativa dentre aquelas que foram

apresentadas. Exceto a última pergunta, que foi incluída como uma questão aberta, para

que possa ser usada como base para as matérias jornalísticas do site. Um dos motivos

para esta escolha foi à probabilidade de se obter respostas mais uniformes, devido à

complexidade do assunto. Este tipo de formulário, de questões fechadas, como toda

técnica de pesquisa, possui suas vantagens e limitações. Neste caso um dos riscos

possíveis é o limite do alcance do questionário.

Mas envolvem o risco de não incluírem todas as alternativas relevantes. Por essa razão é que se recomenda proceder as entrevistas individuais ou coletivas antes da construção definitiva das alternativas. Este procedimento contribui não apenas para a definição de um número razoável de alternativas plausíveis, mas também para redigi-las de maneira coerente com o universo discursivo dos respondentes (GIL, 2012, p.123).

Pensando na ordem das perguntas, optou-se por colocar em primeiro lugar uma

questão de auto avaliação do respondente sobre seu nível de conhecimento acerca do

sistema, como forma de análise das respostas subsequentes. No final, está pergunta foi

repetida para saber se depois de responder o questionário o estudante ainda considerava

que seu nível de conhecimento é por certo como respondeu no início.

Das 11 questões específicas, duas foram aplicadas para avaliar o conhecimento de

cada estudante sobre o tema, considerado as alternativas: bom, médio e ruim. Outras oito

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perguntas foram elaboradas de maneira que possibilitasse uma perspectiva geral,

considerando as respostas: sim, não, não tenho certeza/nunca ouvi falar/nem sempre e

indiferente. A última questão “O que você gostaria de saber sobre o atual sistema eleitoral

brasileiro”, foi deixada em aberto para que permitisse aos estudantes expor suas dúvidas,

as quais serviram de pauta para a elaboração das matérias jornalísticas.

7.1. Sondagem

Neste tópico serão descritos os resultados obtidos após a aplicação do

questionário. Com o intuito de traduzir o objetivo desta pesquisa, o método escolhido foi a

aplicação de questionários para avaliar, num primeiro momento, o nível de conhecimento

de jovens universitários com faixa etária entre 18 e 24 anos sobre a estrutura do sistema

eleitoral brasileiro.

A pergunta “Como você considera seu nível de conhecimento sobre o sistema

eleitoral brasileiro?” foi colocada em primeiro lugar para que fosse possível analisar se os

alunos acham que entendem, ou não, sobre o Sistema e se as afirmações estão de

acordo com o restante das respostas subsequentes.

Dos 100 universitários que responderam a pesquisa, na primeira questão 55%

consideravam seu nível de conhecimento sobre o tema como “médio” e 24% como “ruim”.

Depois de respondidas as questões subsequentes, foi inserida novamente à mesma

indagação. O número de acadêmicos que consideraram seu nível de conhecimento como

“médio” teve uma queda. Já o número dos que escolheram a opção “ruim” passou de 24

para 48.

Por meio de tais dados é possível observar uma contradição. Apesar de um

número expressivo dos estudantes declararem que seu nível de conhecimento sobre o

sistema eleitoral é considerado médio, a maioria afirmou não saber qual a diferença entre

o sistema majoritário e o proporcional. Mais da metade dos respondentes também

declararam não saber o que é o quociente eleitoral (que pode ser considerado a base

para o funcionamento do sistema proporcional).

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A próxima questão mostra novamente um descompasso entre as respostas

obtidas. Sobre o “efeito Tiririca”, 56 universitários, disseram saber do que se trata. No

entanto, esse efeito é causado pela forma de organização do sistema proporcional, o

qual, anteriormente, a maioria respondeu não saber estabelecer diferenças para com o

modelo majoritário.

Sobre as funções dos políticos que estão no poder, a maioria (67%) dos estudantes

declarou saber diferenciá-las.

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A maioria dos respondentes também afirmou pesquisar sobre o candidato antes de

votar. No entanto o número é equivalente aos que optaram pelas respostas “não” e “nem

sempre”.

Um número bastante expressivo obtido por meio deste questionário foi dos

estudantes que afirmam ser necessária uma reforma política no país. 81% consideram

que sim e apenas 3% assinalaram que não.

A pesquisa também mostrou uma insatisfação dos universitários com a abordagem

feita sobre o tema na mídia.

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A maior porcentagem obtida dentre as respostas foi no que diz respeito à

discussão da política na internet. 94% dos acadêmicos consideram importante ter um site

que aborde o tema no meio digital.

A última questão foi aberta sobre o que os universitários gostariam de saber a

respeito do sistema eleitoral. O objetivo desta pergunta foi levantar dúvidas para a

elaboração de pautas e matérias que foram elaboradas para o site “Política se discute,

sim”, produto deste trabalho.

Não é possível traduzir em números todas as dúvidas levantadas, pois estas se

apresentaram de forma bastante individual. No entanto, a maioria dos universitários

declarou querer saber mais sobre as funções de cada político eleito, a diferença entre os

modelos proporcional e majoritário, as principais propostas de reformas políticas e

eleitorais, o efeito “Tiririca”, o que é o quociente eleitoral, como funcionam as eleições e

os partidos, porque alguns políticos se consolidam no poder, e o acontece com os votos

nulos e brancos.

8. DELINEAMENTO DO PRODUTO

O produto deste Trabalho de Conclusão de Curso é um site planejado de modo a

abordar os temas em questão – política e sistema eleitoral - e atingir o maior público

possível, com foco nos jovens universitários de 18 a 24 anos. Para isto um planejamento

é importante porque “a curta história da internet está marcada por casos de incrível

sucesso e outros de prejuízos assustadores” (DOTTA, 2000, p. 37).

A escolha por uma página na internet se deu principalmente pelo fato de que

mesmo tendo-se um público definido, não se tem como objetivo restringir a informação.

Ao contrário, em outubro de 2014 acontecerão novas eleições e um site que discuta

política e o sistema eleitoral brasileiro pode auxiliar aos jovens a votar de maneira mais

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consciente. Ainda utilizando as palavras de Dotta (2000, p. 37), “distâncias geográficas

não são mais obstáculos para a realização de negócios. Nem para grandes companhias,

nem para iniciativas individuais”. O site, denominado “Política se discute, sim”44 pode ser

encarado como um negócio social, sem fins lucrativos e visa, futuramente, firmar

parcerias com projetos similares, como o Voto Consciente45, o Instituto Atuação 46 e outras

comunidades e organizações não governamentais.

Dotta (2000, p. 48) afirma que é possível “fazer, publicar e manter um site com

custo zero”. Segundo a autora, não é preciso conhecer os códigos HTML para criar

páginas nesse formato. Portanto, o site está inicialmente hospedado no Wix, um servidor

que permite a criação e publicação de sites gratuitos e pagos. Os sites pagos possuem,

no entanto, mais benefícios. A capacidade de armazenamento e possibilidade de compra

de um domínio “ponto com” são alguns deles. Por estes motivos e com a intenção de

deixar o produto com aspecto mais profissional, optou-se pela compra de um plano

mensal e do domínio “politicasediscutesim.com”, uma vez que este projeto deve ser

continuado mesmo após a avaliação do mesmo.

A estruturação do site também foi feita de maneira criteriosa, para que, ao ser

acessado, o “Política se discute, sim” possibilite ao internauta uma sensação de

credibilidade. Todas as matérias escritas e audiovisuais possuem fontes e dados, além da

utilização dos vídeos feitos com jornalistas de renome, conhecidos pelo profissionalismo

na TV paranaense. A intenção também foi diversificar a gama de opiniões, possibilitando

ao internauta o confronto de informações e credibilidade.

A aba “início”, que será a home do site, segundo Dotta (2000, p. 68) é uma das

seções que, via de regra, serve para mostrar os objetivos. A home do site, produto deste

trabalho, está estruturada por meio das seguintes abas do menu horizontal: “início”,

“notícias”, “sistema eleitoral”, “propostas de reformas” e “eleições 2014”, que ficam na

parte superior horizontal. Abaixo, na coluna vertical encontrada do lado direito, estão às

chamadas para outros conteúdos do site: “Pense Política” e “Política na mídia”. Estes

títulos remetem a conteúdos escritos e em vídeo feitos com os jornalistas e cientistas

políticos ou pensadores da área.

Na coluna vertical à direita, encontram-se um vídeo com uma matéria especial

sobre as propostas de reformas que faz link com a página “propostas de reformas”.

Abaixo da mesma coluna está o espaço que remete a página “Política na mídia”. A

coluna a esquerda está destinada a chamada da página “Pense Política”, além de uma 44 Disponível em: <www.politicasediscutesim>.45 Disponível em: <http://www.votoconsciente.org.br/>. Acesso em: 15/05/2014.46 Disponível em: < http://www.atuacao.org.br/>. Acesso em: 15/05/2014.

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enquete com jovens, denominada “Visão Jovem” e o editorial do site, descrito como “Teu

voto não tem preço”.

Visando complementar o site e dar possibilidade para novas discussões nas redes

sociais, foram criadas as páginas no Facebook disponível em:

www.facebook.com/politicasediscutesimm, no Twitter em: twitter.com/politicasds no

Google + em: [email protected], e You Tube em: politicasediscute,sim.

Além das redes sociais, é possível dentro do rodapé do site (presente em todas as

páginas) o preenchimento de um formulário com mensagens que são enviadas direto para

o e-mail [email protected], o que permite mais uma forma de contato entre

o internauta que acessa a plataforma e a administração. Em todas as páginas de

“Notícias” é possível também comentar abaixo das matérias e, se o usuário preferir, além

de postar sua opinião na própria página é pode também levar a discussão para o

Facebook e Twitter sem sair de dentro do site.

9. CONSIDERAÇOES FINAIS

A sondagem inicial apresentada dentro da Metodologia de Pesquisa deste trabalho

mostrou que os acadêmicos pensam ter um conhecimento mediano sobre o sistema

eleitoral brasileiro, mas não compreendem suas ramificações por conta da complexidade

do mesmo. O problema levantado nesta pesquisa é como estimular estes universitários a

ter interesse pela política por meio do conhecimento sobre o sistema eleitoral. Após

análise, conclui-se que a melhor forma de fazer isso é por intermédio da internet,

ferramenta que permite o intercâmbio de informações e que está presente em mais de

40% dos lares brasileiros, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

(Ipea)47. Uma vez que o público alvo deste trabalho são jovens acadêmicos, a forma

encontrada para atingir tal objetivo foi a utilização de um linguajar jornalístico, o que

transmite a sensação de credibilidade, mesmo que se trate de um texto simples e

descontraído.

Além do aumento do número de estudantes de graduação no Brasil48, percebeu-se

também um acréscimo no número de usuários da rede interligada de computadores49. A

união destes dois fatores levou a definição do produto que foi desenvolvido: um site

denominado “Política se discute, sim”50. O conteúdo jornalístico – partindo de fontes e 47 Disponível em: < http://blogs.estadao.com.br/link/mais-de-50-ja-tem-internet-no-sudeste-no-nordeste-so-20-usam-a-rede/>. Acesso em: 19/05/2014. 48 Vide página 27. 49 Vide página 29.50 Disponível em: <www.politicasediscutesim.com>.

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entrevistas – utiliza o texto escrito e recursos audiovisuais para chamar a atenção do

público alvo no que diz respeito ao sistema eleitoral brasileiro, mais uma vez unindo os

conceitos de comunicação e política.

Não existe comunicação sem política. Também não existe política sem

comunicação. A simbiose destes dois conceitos foi percebida após uma extensa reflexão

sobre os temas, passando brevemente pela história de ambos, pela estrutura do sistema

eleitoral, que determina como os candidatos chegam ao poder. A eficácia deste sistema

se deve à comunicação que permite entre outras coisas disseminar as propostas

eleitorais. Foi abordada também a convergência de mídias, que permitiu a disponibilidade

em rede de conteúdos antes exclusivos do rádio, da televisão e dos jornais.

Os sites do Tribunal Superior Eleitoral, bem como dos Tribunais Regionais, trazem

ricas informações sobre o sistema eleitoral, porém muitas vezes de forma complexa e

introdutória. Um dos diferenciais do site, produto deste trabalho, é a maneira com que a

informação estará disponível: de forma jornalística, simples, desburocratizada,

estimulante e com possibilidade de interação e compartilhamento. Para que não houvesse

qualquer possibilidade de influência na decisão dos jovens no que tange as eleições de

2014, optou-se por não ser expressa qualquer opinião a respeito de políticos e partidos.

Não foram estabelecidas qualquer tipo de parcerias políticas, visando à credibilidade e

imparcialidade, características fundamentais para o jornalismo consciente.

As redes sociais ligadas ao site (Facebook, Twiiter, Google + e You Tube) e

abastecidas também com conteúdo independente foram uma opção para complementar e

dar possibilidade de estender relações com os internautas. Esta relação, no entanto, pode

acontecer direto por meio do site, já que este permite que o leitor faça comentários abaixo

das matérias publicadas.

O “Política se discute, sim” é um produto criado com o objetivo de alcançar

algumas funções jornalísticas muitas vezes não exercida nos veículos de massa, que é de

promover a cidadania e a reflexão individual dos receptores.

Os objetivos iniciais citados neste projeto previam a elaboração de matérias

jornalísticas em texto e audiovisuais, bem como o esclarecimento das dúvidas levantadas

por meio da aplicação dos questionários. Também foi estabelecido como propósito a

organização do site de maneira atrativa, que permita o compartilhamento de conteúdos,

além do desenvolvimento de redes sociais interligadas e a disponibilização de espaços

que permitam o debate sobre o tema. Acredita-se então, que os objetivos constantes

nesta pesquisa foram alcançados por meio do produto resultado deste trabalho, e que a

proposta de criação de um site que permita o conhecimento sobre o sistema eleitoral foi

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atingida com êxito. O presente Trabalho de Conclusão de Curso conseguiu então, unir

teoria a pratica, uma vez que todo o conteúdo descrito nesta pesquisa foi aproveitado

para a elaboração das matérias do site “Política se discute, sim”.

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10. ANEXOS

ANEXO A – Página inicial do site “Política se discute, sim”.

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ANEXO B – Página “Notícias”

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ANEXO C – Página “Sistema Eleitoral”

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ANEXO D – Página “Sistema Eleitoral”

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ANEXO E – Página “Eleições 2014”

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ANEXO F – Subpágina “Política na mídia”

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ANEXO G – Subpágina “Pense Política”

11. REFERÊNCIAS

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