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cristina gonçalves | gabriela gonçalves | lizabete sequeira Enquadramento normativo A profissão de técnico oficial de contas > Ética, Código Deontológico e Estatutos > Inclui cerca de 300 questões (com respostas comentadas)

técnico - Bertrand

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cristina gon

çalvesgabriela gon

çalveslizabete seq

ueira

cristina gonçalves | gabriela gonçalves | lizabete sequeira

Enquadramento normativo

CRISTINA GONÇALVESCristina Gonçalves, Mestre em Ges-tão, pela Universidade do Algarve, docente em cursos de licenciatura e mestrado na Universidade do Algar-ve. Formadora em ações destinadas a profissionais de contabilidade, Técni-ca Oficial de Contas, autora de diver-sos artigos, livros e comunicações em congressos nacionais e internacionais.

GABRIELA GONÇALVESGabriela Gonçalves, Doutora em Ciências Psicológicas pela Universi-dade de Louvain-la-Neuve, Bélgica, docente na Universidade do Algarve na área de metodologia de investiga-ção, psicologia social e comportamen-to organizacional. Autora de diversos artigos, capítulos e comunicações em congressos nacionais e internacionais. Os interesses de investigação incluem o comportamento social e o compor-tamento ético.

LIZABETE SEQUEIRALizabete Sequeira, licenciada em ges-tão pelo INUAF - Instituto Superior D. Afonso III, pós graduada em Fisca-lidade pela Universidade do Algarve. Leciona Contabilidade Financeira e Ética Empresarial e Deontologia Pro-fissional na Universidade do Algarve em cursos de licenciatura. Formado-ra. Técnica Oficial de Contas com ati-vidade profissional.

Visite-nos emlivraria.vidaeconomica.pt

www.vidaeconomica.pt

ISBN: 978-972-788-885-6

A profissão de T

OC

Enquadramento normativo

A profissão de

técnico oficial de contas A profissão de

técnico oficial de contas

> Ética, Código Deontológico e Estatutos

> Inclui cerca de 300 questões (com respostas comentadas)

Este livro apresenta de uma forma acessível e pragmática as noções indispen-sáveis no que concerne à ética e deontologia profissional dos Técnicos Ofi-ciais de Contas. Nesse sentido, aborda-se o Estatudo da OTOC, o CDTOC e outros regulamentos enquadradores da profissão.

Dado o âmbito do livro, o seu objetivo e a metodologia utilizada entende-mos que é útil a um conjunto heterogéneo de públicos que, diretamente ou indiretamente, estão ligados a esta atividade profissional e/ou ao ensino/aprendizagem das matérias de Ética e Deontologia Profissional dos Técni-cos Oficiais Contas. Assim, destacamos como sendo pertinente a Técnicos Oficiais de Contas, professores e alunos.

Esta obra está estruturada de acordo com o programa definido pela Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas para efeitos do exame de acesso à profissão de Técnico Oficial de Contas, e nesse sentido são propostas cerca de 300 questões, de escolha múltipla, com as respetivas soluções fundamentadas com base nos normativos aplicáveis.

Todos os capítulos incluem figuras, quadros e exemplos de forma a tornar mais compreensível os diferentes temas.

9 789727 888856

ISBN 978-972-788-885-6

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ÍNDICE

Índice de figuras ...........................................................................................9

Índice de quadros .......................................................................................11

Lista de siglas ..............................................................................................13

Prefácio ......................................................................................................15

Introdução ..................................................................................................17

PARTE I

1. Objeto e conceito de ética e deontologia profissional ...........................21

2. Regras éticas ..........................................................................................29

3. Comportamento ético ...........................................................................37

4. Dilemas éticos ........................................................................................45

5. A ética na atividade profissional ............................................................53

5.1. Ética e tomada de decisão ..............................................................53

5.2. Ética em contabilidade ...................................................................54

5.3. Ética em auditoria ..........................................................................67

5.4. Ética na gestão ...............................................................................70

6. As competências das organizações profissionais ....................................85

7. Códigos deontológicos ..........................................................................95

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a profissão de toc

6

PARTE II

1. A Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas como organismo profissional 107

1.1 A Profissão de Técnico Oficial de Contas ....................................111

1.2. Funções ........................................................................................113

1.3. Atos próprios dos Técnicos Oficiais de Contas ...........................118

2. O exercício da função de Técnico Oficial de Contas ...........................129

2.1. Modos de exercício da atividade ..................................................129

2.2. Limites ao exercício da atividade: a pontuação .............................136

2.3. Identificação dos Técnicos Oficiais de Contas .............................139

3. Os órgãos da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas .......................149

3.1. Eleição e duração dos mandatos ...................................................149

3.2. Organização e competências ........................................................151

4. Direitos e deveres dos técnicos oficiais de contas ................................159

4.1. Direitos ........................................................................................160

4.2. Deveres gerais ..............................................................................163

4.3. Angariação de clientela: publicidade ............................................166

4.4. Deveres para com as entidades a quem prestem serviços .............169

4.5. Deveres para com a administração fiscal ......................................172

4.6. Deveres recíprocos dos Técnicos Oficiais de Contas ...................176

4.7. Deveres para com a Ordem .........................................................177

4.8. Dever de denúncia: participação de crimes públicos ...................180

5. Inscrição de sociedades de técnicos oficiais de contas, registo do responsável técnico das sociedades de contabilidade .......................203

6. O código deontológico dos Técnicos Oficiais de Contas ....................215

6.1. Deveres gerais ..............................................................................221

6.2. Princípios deontológicos gerais ....................................................222

Page 4: técnico - Bertrand

índice

7

6.3. Independência e conflito de deveres ............................................224

6.4. Responsabilidade do Técnico Oficial de Contas e das sociedades de profissionais .....................................................227

6.5. Competência profissional e controlo de qualidade ......................230

6.6. Princípios e normas contabilísticas ...............................................237

6.7. Contrato de prestação de serviços ................................................238

6.8. Dever de confidencialidade: o sigilo profissional .........................240

6.9. Deveres de informação para com os clientes ...............................246

6.10. Direitos perante as entidades a quem prestam serviços ..............247

6.11. Conflitos de interesses entre as entidades a quem prestam serviços ........................................................................249

6.12. Incompatibilidade ao exercício da profissão ..............................251

6.13. Honorários ................................................................................254

6.14. Devolução de documentos .........................................................257

6.15. Deveres de lealdade entre Técnicos Oficiais de Contas .............259

6.16. Sociedades de profissionais e sociedades de contabilidade ...........261

6.17. Interpretação e integração de lacunas .........................................262

6.18. As normas interpretativas ao Código Deontológico .................263

7. O regime disciplinar dos Técnicos Oficiais de Contas ........................305

7.1. Processo disciplinar ......................................................................307

7.2. Infração disciplinar ......................................................................310

7.3. Penas disciplinares .......................................................................311

8. A responsabilidade dos técnicos oficiais de contas decorrente da legislação fiscal e parafiscal ..............................................................321

Referências bibliográficas (excluindo normativos) ...................................329

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9

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Campo de atuação da ética versus deontologia ..........................22

Figura 2 – As regras ....................................................................................29

Figura 3 – Dimensão de deontologia, ética e moral ...................................30

Figura 4 – Distinção entre moral e ética ....................................................31

Figura 5 – Dos valores aos comportamentos éticos ...................................39

Figura 6 – Utilizadores da informação contabilística .................................55

Figura 7 – Finalidade das Demonstrações Financeiras ...............................58

Figura 8 – Meios de divulgação da informação contabilística ....................61

Figura 9 – Juízos de valor ...........................................................................66

Figura 10 – Funções do TOC ...................................................................115

Figura 11 – Modos de exercício da atividade ............................................130

Figura 12 – Elementos caracterizadores de sociedades de contabilidade e sociedades de profissionais ...........................132

Figura 13 – Aspetos caracterizadores do processo eleitoral ......................150

Figura 14 – Direitos versus deveres ..........................................................159

Figura 15 – Terceiros sobre os quais o TOC tem direitos .......................160

Figura 16 – Terceiros face aos quais o TOC tem deveres.........................164

Figura 17 – Publicidade ............................................................................167

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a profissão de toc

10

Figura 18 – Exemplificação da implicação temporal do n.º 2 do artigo 54.º e da norma interpretativa 1 ao EOTOC ........170

Figura 19 – Norma interpretativa 1 ao EOTOC .....................................171

Figura 20 – Dever de colaboração ............................................................175

Figura 21 – Dever de lealdade (exemplos) ................................................176

Figura 22 – Deveres para com a ordem (exemplos) ..................................177

Figura 23 – Classificação dos crimes quanto ao procedimento ................181

Figura 24 – CDTOC ................................................................................216

Figura 25 – Âmbito do CDTOC .............................................................220

Figura 26 – Princípios deontológicos .......................................................223

Figura 27 – Vetores de análise no processo de controlo de qualidade ......233

Figura 28 – Controlo de qualidade ..........................................................233

Figura 29 – Organigrama .........................................................................234

Figura 30 – Processo de controlo de qualidade .......................................235

Figura 31 – Fundamentos de rescisão com justa causa .............................240

Figura 32 – Exceções ao dever de confidencialidade.................................242

Figura 33 – Deveres de informação ..........................................................247

Figura 34 – Incompatibilidades ................................................................253

Figura 35 – Possibilidades de escolha do cliente .......................................262

Figura 36 – Processos a que o TOC pode ser sujeito ..............................306

Figura 37 – Fontes de informação ...........................................................307

Figura 38 – Prazos de prescrição para efeitos de procedimento disciplinar ..309

Figura 39 – Da denúncia à pena disciplinar ..............................................309

Figura 40 – Atos sujeitos a pena disciplinar .............................................311

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Objetivo e dimensão da ética ..................................................39

Quadro 2 – Enquadramento contabilístico versus tipologia da entidade ....62

Quadro 3 – Características das Demonstrações Financeiras ......................63

Quadro 4 – Condicionalismos às características qualitativas .....................64

Quadro 5 – Relação entre TOC, ROC e gestores ......................................73

Quadro 6 – Condições de inscrição ..........................................................112

Quadro 7 – Contrato de prestação de serviços .........................................135

Quadro 8 – Competências e composição dos órgãos sociais (EOTOC) ..151

Quadro 9 – Direitos (exemplos) ...............................................................161

Quadro 10 – Deveres (exemplos) .............................................................166

Quadro 11 – Artigo 57.º do EOTOC ......................................................177

Quadro 12 – Sociedades de profissionais ..................................................206

Quadro 13 – Artigo 2.º do CDTOC .......................................................221

Quadro 14 – Princípios versus deveres .....................................................224

Quadro 15 – Honorários ..........................................................................255

Quadro 16 – Lealdade ..............................................................................260

Quadro 17 – Competências dos órgãos em matéria disciplinar ...............305

Quadro 18 – Infração disciplinar ..............................................................310

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a profissão de toc

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Quadro 19 – Condições atenuantes/agravantes das penas .......................312

Quadro 20 – Penas disciplinares ...............................................................313

Quadro 21 – Prazos de prescrição ............................................................313

Quadro 22 – LGT (artigo 24.º) e RGIT (artigo 8.º) ................................322

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LISTA DE SIGLAS

AT Administração Tributária e AduaneiraATOC Associação dos Técnicos Oficiais de ContasCDTOC Código Deontológico dos Técnicos Oficiais de ContasCEOROC Código de Ética da Ordem dos Revisores Oficiais de ContasCNOP Conselho Nacional das Ordens ProfissionaisCRC Código do Registo ComercialCSC Código das Sociedades ComerciaisCTOC Câmara dos Técnicos Oficiais de ContasDL Decreto-LeiEOROC Estatuto da Ordem dos Revisores Oficiais de ContasEOTOC Estatuto da Ordem dos Técnicos Oficiais de ContasIES Informação Empresarial SimplificadaIRS Imposto sobre o Rendimento das pessoas SingularesISA International Standards on AuditingIVA Imposto sobre o Valor AcrescentadoLGT Lei Geral TributáriaNCRF Norma Contabilística e de Relato FinanceiroOTOC Ordem dos Técnicos Oficiais de ContasRGIT Regime Geral das Infrações TributáriasROC Revisor Oficial de ContasSNC Sistema de Normalização ContabilísticaTOC Técnico Oficial de ContasUE União Europeia

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PREFÁCIO

São muitas, variadas e complexas as competências que, presentemente, se exigem a um Técnico Oficial de Contas para o exercício da profissão.

Para se chegar aqui, foi já percorrido um longo caminho que, em Portugal, se iniciou com a criação pelo Marquês de Pombal da Aula do Comércio, em 1759.

No passado recente, o desenvolvimento da profissão iniciou-se em 1996, com a tomada de posse da Comissão Instaladora e da Comissão de Inscrição da ATOC, em 15 de julho desse ano.

Três anos depois, em 1999, a ATOC passa a designar-se Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas e, nesse ano, é também aprovado o primeiro Código Deontológico. Dez anos mais tarde, em 2009, a CTOC passa a desig-nar-se Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas e é, presentemente, a maior associação profissional em Portugal.

No que respeita ao acesso à profissão, no exame de acesso à Ordem, que se realiza três vezes por ano, em média em cada exame o número de can-didatos ascende a cerca de mil, número que reflete o forte interesse que a profissão continua a suscitar aos nossos jovens em início das suas carreiras profissionais.

Se publicar um livro é sempre um ato de coragem, pois implica que os au-tores se exponham à crítica, o trabalho que agora é dado à estampa revela da parte das autoras não só enorme determinação e conhecimento da profissão, mas também uma coragem acrescida, pois é certamente uma obra que vai ter grande procura, quer pelos candidatos a TOC na sua preparação ao exame

Page 11: técnico - Bertrand

A Profissão de TOC

16

de admissão à Ordem, quer também certamente por muitos dos colegas que estão já a exercer a profissão, dada a profundidade e abrangência com que as autoras abordaram o tema.

Uma nota final para destacar a importância dada pelas autoras à ética, na obra que agora publicam. Com efeito, é convicção de muitos que grande parte da solução para os problemas que têm ocorrido em empresas e outras organizações, os denominados “escândalos contabilísticos”, assenta na ética e na prática de comportamentos éticos. A profundidade e clareza com que as autoras trataram o tema constituirá certamente um importante contributo para que os Técnicos Oficiais de Contas assumam comportamentos éticos no exercício da profissão.

Pedro RoqueLisboa, outubro de 2013

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INTRODUÇÃO

A palavra “profissão” tem origem na palavra latina professione, que sig-nifica confessar, testemunhar, declarar abertamente. A palavra nasce, deste modo, ligada a uma forma de vida que é publicamente assumida e reconhe-cida.

Na linguagem corrente, “profissão” pode ser entendida como o exercício habitual de uma atividade económica como meio de vida, ofício, mister, emprego e ocupação. Barbosa (1993) salienta os princípios que suportam o constructo de profissão: a) colegialidade; b) competências, conteúdos e pro-cessos cognitivos e c) moral. Estes aspetos dizem respeito às credenciais, co-nhecimento e código de ética de uma profissão (Barbosa, 1993). Em Abbott (1988) o princípio de colegialidade é central na definição de profissão. Para Abbott (1988), profissão é relativo a um grupo educacional exclusivo que aplica conhecimentos mais ou menos abstratos a casos particulares. Por sua vez, Freidson (1986) salienta iguais aspetos quando considera a profissão como uma forma de organização do mercado de trabalho, assente em au-tonomia técnica e monopólio de uma área de conhecimento especializado e institucionalizado, acessível apenas a quem detém credenciais para o exercí-cio de uma dada ocupação.

A profissão de Técnico Oficial de Contas (TOC) incorpora os atributos referidos por estes autores. Assim, constitui-se como objeto deste livro sa-ber o que é próprio da profissão de TOC. Esta questão é respondida pelo enquadramento jurídico da profissão de TOC, que define as funções que lhe cabem, o modo como pode exercer a atividade e qual o “saber” especializado que lhe é exigido para poder desenvolver as suas funções. Veio o legislador

Page 13: técnico - Bertrand

A Profissão de TOC

18

também a definir que esta profissão deveria estar organizada sob a forma de associação pública profissional, com a denominação de Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC).

Desde modo, “nasceu” a profissão de TOC, cabendo à OTOC:

“(…) representar (…) os interesses profissionais dos técnicos ofi-ciais de contas e superintender em todos os aspetos relacionados com o exercício das suas funções.” (artigo 1.º do Estatuto da OTOC – EOTOC).

Define o EOTOC que o título profissional (TOC) é de uso exclusivo dos membros que se encontram inscritos na OTOC. O EOTOC obriga à obtenção de aproveitamento no exame de avaliação profissional, como um dos requisitos para acesso à profissão:

“g) Obter aprovação em exame profissional, em língua portu-guesa ou noutra língua oficial da União Europeia a definir pela Ordem, a organizar e realizar no mínimo semestralmente, nos termos regulamentados pela Ordem.” (n.º 1 do artigo 15.º da EOTOC).

Este exame versa sobre várias matérias (definidas no Regulamento de Inscrição, Estágio e Exame Profissionais da OTOC), entre as quais a Ética e a Deontologia Profissional dos TOC. Pelo que é objetivo deste livro dotar os candidatos de conhecimentos que permitam o domínio desta temática para a realização deste exame.

Dado o objetivo definido, a estrutura do livro segue o programa do referi-do exame (disponível em www.otoc.pt). No final de cada capítulo é sugerido um conjunto de questões de escolha múltipla, cuja solução se apresenta e fundamenta.

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PARTE I

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1. OBJETO E CONCEITO DE ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

Apresentar um conceito implica defini-lo. No que se refere à ética e deon-tologia, as definições são múltiplas e heterogéneas e, muitas vezes, formu-ladas em função do contexto em que está a ser analisada, por exemplo, em medicina, psicologia, contabilidade, gestão, jornalismo.

De uma forma muito sintética, podemos definir ética como o estudo dos princípios (valores) que devem orientar a conduta humana na sociedade. Podendo entender-se os valores como importantes metas ou normas que servem como princípios-guia na vida das pessoas, nas suas decisões e conse-quentes atuações (Rokeach, 1973; Schultz e Zelezny, 1999). Constituem-se, por esse motivo, como preditores dos comportamentos e da ética.

A este propósito, Blackburn (1997: 145) define a ética como:

“Estudo dos conceitos envolvidos no raciocínio prático: o bem, a ação correta, o dever, a obrigação, a virtude, a liberdade, a ra-cionalidade, a escolha.”

A ética enquanto ramo do conhecimento tem um objeto e objetivo bem delimitados. O objeto circunscreve-se ao comportamento humano, enquan-to o objetivo é a definição dos níveis aceitáveis de comportamento que ga-rantam a convivência pacífica em sociedade (Lisboa, 1997).

A aplicação da ética ao exercício profissional traduz-se no conceito de deontologia.

Page 16: técnico - Bertrand

A Profissão de TOC

22

A este respeito Gonçalves e Carreira (2012: 19) referem que:

“O termo Deontologia surge das palavras gregas déon e déontos, que significam dever, e lógos, que significa ciência. Foi Bentham o primeiro a utilizar o termo deontologia para definir o conjun-to de princípios éticos aplicados às atividades profissionais.”

Assim, deontologia tem como objeto de estudo o comportamento profis-sional e como objetivo a definição dos critérios de atuação mais adequados numa determinada atividade profissional.

Lisboa (1997: 58) refere que a deontologia pode ser entendida:

“(…) como uma relação das práticas de comportamento que se espera que sejam observadas no exercício da profissão. As nor-mas visam o bem-estar da sociedade, de forma a assegurar a lisura de procedimentos de seus membros dentro e fora da instituição.”

Face ao exposto, a propósito dos conceitos de ética e deontologia, esque-maticamente verifica-se que:

Deontologia

Ética

Figura 1 – CAMPO DE ATUAÇÃO DA ÉTICA VERSUS DEONTOLOGIA

A ética centra-se no comportamento global do indivíduo, isto é, na sua relação com os outros, família, amigos e terceiros, enquanto a deontologia tem como aspeto central o comportamento do indivíduo no que concerne à sua atuação profissional.

Page 17: técnico - Bertrand

1. objeto e conceito de ética e deontologia profissional

23

Questões

(Indique a opção mais correta para cada questão)

1 – O objeto de estudo da ética é:

a) a análise do comportamento humano.

b) a definição do comportamento correto.

c) a definição do comportamento correto em sociedade.

d) a definição dos valores morais.

2 – A deontologia:

a) engloba os deveres que cada profissional tem de respeitar para exer-cer a sua atividade.

b) corresponde ao conjunto de normas e atitudes que corporizam a dignidade de uma profissão.

c) Ambas as respostas anteriores.

d) Nenhuma das anteriores.

3 – Ética e deontologia são dois conceitos:

a) sinónimos.

b) antagónicos.

c) em que o 1.º é mais abrangente que o 2.º.

d) em que o 2.º é mais abrangente que o 1.º.

4 – A deontologia:

a) corresponde a uma ética aplicada.

b) traduz-se na aplicação dos princípios éticos a uma profissão.

c) é sinónimo de ética.

d) Todas as afirmações constantes nas alíneas anteriores estão erradas.

Page 18: técnico - Bertrand

A Profissão de TOC

24

5 – A deontologia é:

a) normativa.

b) indicativa.

c) normativa e indicativa.

d) Todas as afirmações constantes nas alíneas anteriores estão erradas.

6 – O objetivo da ética é idêntico ao da deontologia.

a) A afirmação está correta.

b) A afirmação é falsa.

c) O 1.º é mais abrangente que o 2.º.

d) O 2.º é mais abrangente que o 1.º.

7 – Um indivíduo cujo comportamento é ético no que concerne à sua atua-ção profissional é também, necessariamente, correto na sua esfera pessoal.

a) A afirmação está correta.

b) A afirmação é falsa.

c) Depende do tipo de profissão.

d) Poderá contribuir para tal, mas tal relação não é direta.

8 – Um indivíduo cujo comportamento em relação a terceiros é correto seguramente também o é no que concerne à sua atividade profissional.

a) A afirmação está correta.

b) A afirmação é falsa.

c) Depende do tipo de profissão.

d) Poderá contribuir para tal, mas tal relação não é direta.

9 – A ética é:

a) normativa.

b) indicativa.

c) normativa e indicativa.

d) Todas as afirmações constantes nas alíneas anteriores estão erradas.

Page 19: técnico - Bertrand

1. objeto e conceito de ética e deontologia profissional

25

10 – O objeto de estudo da deontologia é:

a) a análise do comportamento profissional.

b) a definição do comportamento correto.

c) a definição do comportamento correto numa determinada profis-são.

d) Todas as opções estão incorretas.

Page 20: técnico - Bertrand

A Profissão de TOC

26

Soluções:

1 – a)

Fundamentação: Segundo Lisboa (1997), a ética, enquanto ramo do co-nhecimento, tem por objeto o comportamento humano no interior de cada sociedade.

2 – b)

Fundamentação: A deontologia profissional é “(…) uma relação das prá-ticas de comportamento que se espera que sejam observadas no exercício da profissão. As normas visam o bem-estar da sociedade, de forma a assegurar a lisura de procedimentos de seus membros dentro e fora da instituição.” (Lisboa, 1997: 58).

3 – c)

Fundamentação: O objetivo da ética é mais amplo, na medida em que se centra em todos os aspetos do comportamento do indivíduo, e a deontologia centra-se apenas na sua esfera profissional (vide Figura 1).

4 – b)

Fundamentação: A deontologia é a ética aplicada a um contexto profis-sional.

5 – a)

Fundamentação: A deontologia, ao definir qual o comportamento aceitá-vel, estabelece uma norma de atuação, logo, é normativa.

6 – c)

Fundamentação: O objetivo da ética é mais amplo, na medida em que se centra em todos os aspetos do comportamento do indivíduo, e a deontologia centra-se apenas na sua esfera profissional.

Page 21: técnico - Bertrand

1. objeto e conceito de ética e deontologia profissional

27

7 – d)

Fundamentação: É razoável esperar-se que um indivíduo cujo comporta-mento é do ponto vista profissional ético também o seja nos restantes aspe-tos do seu comportamento. No entanto, tal pode não acontecer.

8 – d)

Fundamentação: É razoável esperar-se que um indivíduo cujo comporta-mento em relação a terceiros seja correto também o seja no que concerne à sua atividade profissional. No entanto, tal pode não acontecer, porque essa relação não é direta.

9 – a)

Fundamentação: A ética, ao definir qual o comportamento aceitável, es-tabelece uma norma de atuação, logo é normativa.

10 – a)

Fundamentação: A deontologia, enquanto ramo do conhecimento, tem por objeto a análise do comportamento profissional numa determinada ati-vidade.

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CRISTINA GONÇALVESCristina Gonçalves, Mestre em Ges-tão, pela Universidade do Algarve, docente em cursos de licenciatura e mestrado na Universidade do Algar-ve. Formadora em ações destinadas a profissionais de contabilidade, Técni-ca Oficial de Contas, autora de diver-sos artigos, livros e comunicações em congressos nacionais e internacionais.

GABRIELA GONÇALVESGabriela Gonçalves, Doutora em Ciências Psicológicas pela Universi-dade de Louvain-la-Neuve, Bélgica, docente na Universidade do Algarve na área de metodologia de investiga-ção, psicologia social e comportamen-to organizacional. Autora de diversos artigos, capítulos e comunicações em congressos nacionais e internacionais. Os interesses de investigação incluem o comportamento social e o compor-tamento ético.

LIZABETE SEQUEIRALizabete Sequeira, licenciada em ges-tão pelo INUAF - Instituto Superior D. Afonso III, pós graduada em Fisca-lidade pela Universidade do Algarve. Leciona Contabilidade Financeira e Ética Empresarial e Deontologia Pro-fissional na Universidade do Algarve em cursos de licenciatura. Formado-ra. Técnica Oficial de Contas com ati-vidade profissional.

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> Inclui cerca de 300 questões (com respostas comentadas)

Este livro apresenta de uma forma acessível e pragmática as noções indispen-sáveis no que concerne à ética e deontologia profissional dos Técnicos Ofi-ciais de Contas. Nesse sentido, aborda-se o Estatudo da OTOC, o CDTOC e outros regulamentos enquadradores da profissão.

Dado o âmbito do livro, o seu objetivo e a metodologia utilizada entende-mos que é útil a um conjunto heterogéneo de públicos que, diretamente ou indiretamente, estão ligados a esta atividade profissional e/ou ao ensino/aprendizagem das matérias de Ética e Deontologia Profissional dos Técni-cos Oficiais Contas. Assim, destacamos como sendo pertinente a Técnicos Oficiais de Contas, professores e alunos.

Esta obra está estruturada de acordo com o programa definido pela Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas para efeitos do exame de acesso à profissão de Técnico Oficial de Contas, e nesse sentido são propostas cerca de 300 questões, de escolha múltipla, com as respetivas soluções fundamentadas com base nos normativos aplicáveis.

Todos os capítulos incluem figuras, quadros e exemplos de forma a tornar mais compreensível os diferentes temas.

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ISBN 978-972-788-885-6