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4 Artigos Tecnologias de Apoio à Comunicação Aumentativa 1. Introdução A utilização de Tecnologias de Apoio (TA) para pessoas com deficiência - conceito mais abrangente que o de “Tecnologias de Reabilitação” ou de “Ajudas Técnicas“ classicamente usados – terá sempre de ter em linha de conta a necessidade de potenciar e aumentar as capacidades funcionais daquelas pesso- as, ajudando-as a enfrentar um meio físico e social eventualmente “hostil”, anulando ou fazendo diminuir o “fosso” existente entre as suas (in)capacidades e as solicitações do contexto, tal como descrito no Estudo europeu HEART [1]. De acordo com o referido Estudo - que constituiu o maior Estudo já realizado a nível eu- ropeu sobre a área das tecnologias de apoio a pesso- as com deficiência - para que as tecnologias de apoio possam ajudar a diminuir o “fosso” existente entre as (in)capacidades das pessoas portadoras de deficiên- cia e o contexto (social, físico, etc.,) onde se inserem, elas podem actuar: a) quer a nível do indivíduo, aumentando as suas capacidades funcionais (ex, uma cadeira de rodas que ajuda a aumentar a mobilidade de um utilizador, ou seja, a sua capacidade funcional para se mobilizar au- tonomamente ); b) quer a nível do contexto, diminuindo as solici- tações ou as exigências desse contexto em relação às pessoas portadoras de deficiência (ex., uma rampa para facilitar a mobilidade dos utilizadores, um eleva- dor, etc.). Para simplificar a abordagem na área das Tecnolo- gias de Apoio (ou das “Ajudas Técnicas” se utilizarmos uma definição menos abrangente) podemos conside- rar que estas podem ser enquadradas em 4 grandes domínios: - Mobilidade - Comunicação - Manipulação - Orientação Estas áreas não são obviamente estanques e, por exemplo, pessoas com deficiências neuromotoras graves (ex. portadores de paralisia cerebral, pessoas com doenças neurológicas progressivas, etc.) pode- rão ter as suas capacidades afectadas, em maior ou menor grau, em pelo menos três das áreas anterior- mente consideradas (ex., nas áreas da mobilidade, da comunicação e da manipulação). Por ser impossível abordar neste artigo todas as tecnologias de apoio já disponíveis no nosso País ou a nível internacional nas áreas anteriormente referidas, iremos privilegiar as tecnologias de apoio para a “Co- municação (Alternativa e Aumentativa)”, sobretudo as baseadas nas Tecnologias de Informação e Comuni- cação (TIC). Na verdade, desenvolvimentos recentes das Tecnologias de Informação e Comunicação têm permitido a sua utilização como Tecnologias de Apoio, promovendo o aumento da qualidade de vida de pes- soas com deficiência, ao promoverem uma mais ade- quada inserção social, laboral e escolar desses porta- dores de deficiência. 2. A Comunicação Aumentativa e Alternativa A fala é a forma de expressão mais utilizada pe- las pessoas quando pretendem comunicar, assumin- do uma importância fundamental na interacção social. A capacidade de comunicar é de facto essencial no desenvolvimento das relações humanas, para a edu- cação em geral, para viver em sociedade, enfim, para satisfazer a maior parte das necessidades do ser hu- mano [2]. No caso de pessoas que estão impedidas de comunicar através da fala (como é o caso de al- guns portadores de deficiências neuromotoras graves de que é exemplo a Paralisia Cerebral), não sendo a fala a sua principal forma de comunicação, tão preco- cemente quanto possível, deve proporcionar-se-lhes um Sistema de Comunicação Alternativa e Aumentati- va e tecnologias de apoio adequadas. Na verdade, a Comunicação Aumentativa pode constituir um podero- so meio de combate às incapacidades mencionadas, constituindo “um conjunto de técnicas, ajudas, estraté- gias e habilidades, que uma pessoa sem comunicação oral necessita, para substituir a sua incapacidade de comunicar através da fala” [2], incluindo-se as tecno-

Tecnologias Apoio a Comunicacao Aumentativa

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tecnologias de apoio à comunicação adaptativa

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  • 4Art

    igos

    Tecnologias de Apoio Comunicao Aumentativa

    1. IntroduoA utilizao de Tecnologias de Apoio (TA) para

    pessoas com decincia - conceito mais abrangente que o de Tecnologias de Reabilitao ou de Ajudas Tcnicas classicamente usados ter sempre de ter em linha de conta a necessidade de potenciar e aumentar as capacidades funcionais daquelas pesso-as, ajudando-as a enfrentar um meio fsico e social eventualmente hostil, anulando ou fazendo diminuir o fosso existente entre as suas (in)capacidades e as solicitaes do contexto, tal como descrito no Estudo europeu HEART [1]. De acordo com o referido Estudo - que constituiu o maior Estudo j realizado a nvel eu-ropeu sobre a rea das tecnologias de apoio a pesso-as com decincia - para que as tecnologias de apoio possam ajudar a diminuir o fosso existente entre as (in)capacidades das pessoas portadoras de decin-cia e o contexto (social, fsico, etc.,) onde se inserem, elas podem actuar:

    a) quer a nvel do indivduo, aumentando as suas capacidades funcionais (ex, uma cadeira de rodas que ajuda a aumentar a mobilidade de um utilizador, ou seja, a sua capacidade funcional para se mobilizar au-tonomamente );

    b) quer a nvel do contexto, diminuindo as solici-taes ou as exigncias desse contexto em relao s pessoas portadoras de decincia (ex., uma rampa para facilitar a mobilidade dos utilizadores, um eleva-dor, etc.).

    Para simplicar a abordagem na rea das Tecnolo-gias de Apoio (ou das Ajudas Tcnicas se utilizarmos uma denio menos abrangente) podemos conside-rar que estas podem ser enquadradas em 4 grandes domnios:

    - Mobilidade- Comunicao- Manipulao- Orientao

    Estas reas no so obviamente estanques e, por exemplo, pessoas com decincias neuromotoras

    graves (ex. portadores de paralisia cerebral, pessoas com doenas neurolgicas progressivas, etc.) pode-ro ter as suas capacidades afectadas, em maior ou menor grau, em pelo menos trs das reas anterior-mente consideradas (ex., nas reas da mobilidade, da comunicao e da manipulao).

    Por ser impossvel abordar neste artigo todas as tecnologias de apoio j disponveis no nosso Pas ou a nvel internacional nas reas anteriormente referidas, iremos privilegiar as tecnologias de apoio para a Co-municao (Alternativa e Aumentativa), sobretudo as baseadas nas Tecnologias de Informao e Comuni-cao (TIC). Na verdade, desenvolvimentos recentes das Tecnologias de Informao e Comunicao tm permitido a sua utilizao como Tecnologias de Apoio, promovendo o aumento da qualidade de vida de pes-soas com decincia, ao promoverem uma mais ade-quada insero social, laboral e escolar desses porta-dores de decincia. 2. A Comunicao Aumentativa e Alternativa

    A fala a forma de expresso mais utilizada pe-las pessoas quando pretendem comunicar, assumin-do uma importncia fundamental na interaco social. A capacidade de comunicar de facto essencial no desenvolvimento das relaes humanas, para a edu-cao em geral, para viver em sociedade, enm, para satisfazer a maior parte das necessidades do ser hu-mano [2]. No caso de pessoas que esto impedidas de comunicar atravs da fala (como o caso de al-guns portadores de decincias neuromotoras graves de que exemplo a Paralisia Cerebral), no sendo a fala a sua principal forma de comunicao, to preco-cemente quanto possvel, deve proporcionar-se-lhes um Sistema de Comunicao Alternativa e Aumentati-va e tecnologias de apoio adequadas. Na verdade, a Comunicao Aumentativa pode constituir um podero-so meio de combate s incapacidades mencionadas, constituindo um conjunto de tcnicas, ajudas, estrat-gias e habilidades, que uma pessoa sem comunicao oral necessita, para substituir a sua incapacidade de comunicar atravs da fala [2], incluindo-se as tecno-

  • 5logias de apoio nesta denio abrangente de comuni-cao aumentativa. Este domnio cientco tem como objectivo principal o de proporcionar a pessoas porta-doras de incapacidades graves a nvel de comunica-o oral, a possibilidade de se expressarem atravs de outros meios que no atravs da Fala. Para que essa comunicao seja ecaz, recorre-se aos Sistemas de Comunicao (com e sem ajuda). No presente artigo referir-nos-emos apenas aos sistemas de comunica-o com ajuda, ou seja queles em que o utilizador re-corre a algum instrumento exterior ao seu corpo para comunicar aquilo que pretende, em oposio aos sis-temas sem ajuda em que o corpo de quem comunica que o veculo transmissor do que se pretende co-municar (ex. lngua gestual). As incapacidades graves a nvel de comunicao, podem ocorrer em qualquer idade e ter como origem inmeras e diferentes causas (doenas neurolgicas progressivas, acidentes vas-culares cerebrais, traumatismos craneo-enceflicos, paralisia cerebral, dcits cognitivos, etc.) podendo afectar de maneira determinante a qualidade de vida dos portadores dessas decincias.

    A Comunicao Aumentativa uma rea cientca relativamente recente que se desenvolveu a partir do nal dos anos 70 no Canad e Estados Unidos, onde surgiram os Sistemas Grcos para a Comunicao Aumentativa (ex. Sistema BLISS, Sistema PIC e Sis-tema PCS) para ajudar o processo de comunicao de pessoas portadoras de decincias neuromotoras graves. A utilizao daqueles sistemas grcos conhe-ceu um desenvolvimento assinalvel nos anos 80 e 90, pela sua incorporao nas Tecnologias de Apoio Comunicao sobretudo as baseadas em tecnolo-gias de informao e comunicao, que tiveram um crescimento explosivo no decorrer das ltimas dca-das. Para pessoas que no podiam comunicar atravs da Fala, a utilizao sistemtica daquelas tecnologias permitiu-lhes uma participao mais activa na socie-dade. Por outro lado, e sobretudo nos pases anglo--saxnicos, progressos signicativos realizados no domnio da sntese de fala e a sua incorporao nas tecnologias de apoio comunicao, permitiram um salto qualitativo que aproximou, pela primeira vez, a comunicao das pessoas que no se podiam expri-mir atravs da Fala, dos padres dos seus parceiros falantes.

    Em Portugal, foi na dcada de 80 que foram tradu-zidos e adaptados para o portugus os sistemas gr-cos BLISS e PIC (hoje praticamente em desuso) e, nos anos 90, o Sistema PCS (Picture Communication System) que em portugus tomou o nome de Sistema SPC - Smbolos Pictogrcos para a Comunicao. este o sistema que neste momento constitui um stan-dard no nosso pas, estando largamente difundido en-tre os utilizadores de Comunicao Aumentativa, os seus familiares e os Tcnicos que os apoiam. A verso portuguesa do Sistema SPC surgiu na sequncia da traduo e adaptao ao portugus do sistema ame-ricano PCS (Picture Communication Symbols) . um sistema em que a maior parte dos smbolos so ico-nogrcos, contendo principalmente smbolos trans-parentes, desenhados com um trao negro a cheio sobre um fundo branco. O sistema est traduzido em numerosas lnguas, e pode ser potenciado, atravs da utilizao de um software especco (Programa Boar-dmaker) [3] que sendo essencialmente uma biblioteca de smbolos do sistema SPC, permite a feitura rpi-da e simples de tabelas e quadros de comunicao, ou a utilizao desses smbolos com um conjunto de programas de comunicao existentes no mercado de que exemplo o Programa Speaking Dinamically [4], disponvel tambm j em portugus.

    Deve referir-se como ponto importante, que em ca-sos em que pessoas jovens e at adultas adquiriram uma incapacidade grave de comunicao, se poder (e dever) tambm utilizar um sistema para a comuni-cao aumentativa, podendo suportar-se esse sistema em Tecnologias de Apoio Comunicao (como as que adiante se exemplicam), que podero contribuir de uma maneira signicativa para melhorar o proces-so de comunicao/interaco dos seus utilizadores, garantindo-lhes em consequncia uma melhor inser-o nas sociedades de que fazem parte.

    3. Exemplos de Tecnologias de Apoio Comunica-o Aumentativa

    Apresentam-se seguidamente alguns exemplos de ajudas tcnicas para a comunicao aumentativa, j disponveis no mercado portugus chamando-se a ateno para o facto dessas tecnologias poderem ser utilizadas por utentes de quaisquer nveis etrios, aps avaliao e prescrio por tcnicos habilitados para o

    Artigos

  • 6efeito (terapeutas, mdicos, professores, educadores, etc). Escolheram-se 3 exemplos de hardware (digi-talizadores de fala, teclado de conceitos e dispositi-vo apontador) e um exemplo de software (programa GRID), por estarem disponveis no mercado nacional e serem j utilizados por numerosos utentes, nomea-damente como tecnologias de apoio comunicao em contexto escolar.

    3.1 Digitalizadores de FalaOs digitalizadores de fala so equipamentos que

    permitem uma gravao com voz (ou outro tipo de sons) numa ou mais reas, e a possibilidade de uma pessoa sem comunicao oral, escolher o que est gravado recorrendo seleco directa (e,g, pressio-nando numa determinada zona do aparelho) ou se-leco por varrimento, com recurso a uma interface exterior que se liga ao equipamento, actuada por um movimento voluntrio do utilizador (presso, sopro, etc.). Actualmente esto j disponveis no nosso mer-cado muitos tipos de digitalizadores [5] que podem ser acedidos quer por seleco directa, quer por se-leco por varrimento atravs de inmeras interfaces [6] como o caso dos manpulos de presso. A gura seguinte apresenta um exemplo dum desses digitali-zadores (TechScan)

    Fig. 1: Digitalizador TechScan

    Este equipamento essencialmente constitudo por 32 reas e 6 nveis de gravao, podendo assim gravar-se frases ou sons em cada uma das 32 reas e nos vrios nveis, podendo qualquer utilizador que necessite de comunicao aumentativa, falar recor-rendo a 192 (6 x 32) frases ou sons pr-gravados. O acesso a qualquer destas reas poder ser feito por seleco directa - por exemplo pressionando atravs

    de um segmento corporal a rea escolhida - ou atravs de varrimento, neste caso recorrendo-se a uma inter-face que o utilizador possa controlar sem diculdades. No caso do varrimento, medida que se pressiona a interface acendem-se uma srie de leds(*) no equi-pamento ( por ex. primeiro uma linha inteira e depois posio a posio) o que ir permitir a um utilizador treinado aceder a todas as frases previamente grava-das em qualquer posio com independncia, autono-mizando assim a sua comunicao.

    3.2 Teclado de conceitos IntellikeysO IntelliKeys um teclado de conceitos program-

    vel, sensvel ao tacto, desenhado para permitir o aces-so ao computador por utilizadores de qualquer nvel etrio. Ao contrrio do teclado normal do computador, pode mudar-se o modo como o IntelliKeys se apresen-ta pela simples mudana de grelhas pr-concebidas e preparadas para executar todas as funes do teclado e do rato, adaptando-se s actividades que se pre-tendam executar. Este teclado pode ser programado atravs de um programa especco OverlayMaker [7] (tambm disponvel em portugus) que permite criar grelhas personalizadas para serem usadas no teclado de conceitos, adaptando-se assim s mais variadas actividades.

    Fig. 2: Teclado de Conceitos Intellikeys

    O programa Overlaymaker permite, por exemplo, desenhar teclas para as grelhas, adicionar imagens, texto e movimentos do rato ou quaisquer outras fun-es e comandos do computador. O mesmo teclado pode ser usado tambm com grande sucesso no ensi-

    Art

    igos

  • 7Artigosno regular, constituindo assim uma ferramenta ecaz

    na incluso de crianas com decincia. Uma aplica-o especca deste teclado e do software de supor-te, permite o acesso simplicado Internet por utiliza-dores com problemas motores ou dcits cognitivos, constituindo um instrumento ecaz de infoincluso de membros da sociedade que, sem estas tecnolo-gias, seriam necessariamente excludos do acesso s tecnologias de informao e comunicao.

    So de referir ainda outros programas de apoio ao teclado de conceitos os programas Intellipics, Intelli-talk e Intellimathics - disponveis tambm em portu-gus, e que permitem aos tcnicos de educao espe-cial e reabilitao, criar actividades multimdia de por exemplo literacia e numeracia, interactivas utilizando imagens, sons e texto. Estes 3 programas esto neste momento disponveis nas Lojas da Portugal Telecom [10], como resultado de um projecto de investigao e desenvolvimento (PT Minha Voz) entre a Fundao Portugal Telecom, a ANDITEC e o INOV. Tm ainda, como caracterstica essencial, a incluso de voz sinte-tizada em portugus de elevada qualidade, o que cons-titui um salto qualitativo assinalvel nas tecnologias de apoio comunicao disponveis no nosso pas.

    3.3 Dispositivo apontador TRACKERComo exemplo de uma interface de acesso ao com-

    putador por seleco directa, podemos mencionar o Tracker [8] que um dispositivo apontador, que emula as funes do rato. O Tracker, um dispositivo que consiste num emissor/receptor de infravermelhos co-locado no computador, cujo sinal controlado por um pequeno reector (sem peso) colocado, por exemplo, na testa do utilizador (ver gura seguinte).

    Fig. 3: Dispositivo apontador Tracker

    O utilizador, com pequenos movimentos da cabe-a, e fazendo recurso a um teclado virtual (como o

    originado pelo software GRID descrito seguidamente), controlar todas as funes do rato e do teclado do computador que estiver a utilizar. assim possvel uti-lizar de uma maneira totalmente autnoma um com-putador, recorrendo apenas a pequenos movimentos controlados da cabea. uma tecnologia de apoio que tem sido utilizado com sucesso em pessoas com leses vertebro-medulares altas, pessoas com escle-rose lateral amiotrca, entre outras patologias.

    3.4 Programa GRIDO Programa GRID [9] basicamente um Sistema

    de Teclados no Ecr com caractersticas que o tornam adequado a pessoas com necessidades especiais. Na verdade, este emulador de teclado pode substituir por completo as funes dum teclado convencional e/ou de um rato, atravs da utilizao de um qualquer dis-positivo apontador (ex., trackball, joystick, Tracker, etc.) ou atravs de um processo de escolha por var-rimento controlado por um manpulo. Basicamente o programa GRID pode ser utilizado como :

    - Acesso total ao computador- Programa de comunicao aumentativa- Controlador de ambiente

    Os teclados do programa GRID podem conter to-das as ferramentas necessrias para controlar o am-biente Windows.

    O GRID fcil de congurar, sendo possvel criar um qualquer teclado e encade-lo com outros tecla-dos que com ele estejam relacionados. Atravs de um teclado inicial o utilizador pode optar por aceder a um qualquer programa do seu computador (Word, Inter-net, Email, etc.,). Quando essa escolha efectuada, abre-se o programa escolhido e ocorre imediatamen-te o aparecimento de um teclado emulado, apropria-do para aceder s funes especcas do programa escolhido (por exemplo, se fr escolhido o programa WORD, aparecer um teclado no cran que permitir navegar nesse processador de texto sem necessidade de aceder ao teclado convencional ou ao rato).

    Este programa vem dotado com um sintetizador de fala em portugus europeu, pelo que o utilizador do programa poder no s escrever autonomamente, como seguidamente falar aquilo que escreveu. Uma outra das potenciais utilizaes do GRID no acesso

  • 8Art

    igos

    facilitado Internet, tal como se apresenta na gura seguinte:

    Fig. 4: Exemplo de um teclado emulado do Programa GRID para

    navegao na Internet

    Na verdade, e atravs de simples programao, cada vez que chamado um novo programa por exemplo uma pgina web automaticamente tam-bm emulado no cran um teclado (eventualmente programado com caractersticas simplicadas em re-lao aos comandos normais de um browser) que vai permitir ao utilizador navegar com muito mais facili-dade na(s) pgina(s) escolhida(s). Essa navegao pode ser feita atravs do rato ou de um qualquer outro dispositivo apontador (ex. Tracker) ou ainda por um processo de varrimento (no caso de portadores de decincias motoras mais graves), sendo neste caso acedido atravs de um manpulo (de presso, de s-pro, etc.) que funcionar como a interface entre o utili-zador nal e o browser de navegao.

    Mas este programa, alm das caractersticas ante-riormente apontadas, pode tambm constituir um po-deroso sistema de controlo de ambiente, por exemplo permitindo tambm ao seu utilizador controlar disposi-tivos exteriores como o telefone, a televiso, o sistema de vdeo e udio, controlar a abertura e fecho de por-tas e janelas, etc.. Esse controlo realizado atravs de um dispositivo (emissor) de infravermelhos ligado ao computador, que pode aprender os cdigos infra-vermelhos de controlo de dispositivos exteriores e que comandado directamente pelo programa GRID. Por programao prvia, podem assim denir-se quais os

    dispositivos que se querem controlar a partir de um computador atravs do programa GRID, desenhan-do-se os teclados emulados que permitam um con-trolo simples e adequado pelos utilizadores nais. Um exemplo de um teclado emulado para controlo de um telefone (por infravermelhos), que permite a ligao quer individualmente, quer atravs de nmeros pr-gravados apresentado na gura seguinte:

    Fig. 5: Teclado emulado do Programa GRID para acesso ao tele-

    fone

    Este programa, com o hardware (controlador) que lhe possvel adicionar, pode constituir assim uma so-luo completa para quem queira ter um acesso ple-no e diversicado s comunicaes. De referir que tambm possvel, atravs de voz sintetizada, produzir frases e introduzi-las nas conversaes telefnicas, permitindo assim a uma pessoa que no fale, comuni-car com um interlocutor atravs do telefone. A PT Co-municaes disponibiliza este programa atravs das suas Lojas [10], em condies especiais para pessoas portadoras de decincia.

    Finalmente de salientar que se encontra em de-senvolvimento uma verso deste programa (Pocket GRID) para dispositivos tipo PDA (agenda digital por-ttil) que permitir disponibilizar este Programa atravs de um dispositivo porttil, podendo assim aumentar-se a autonomia comunicativa de pessoas que disponham deste tipo de tecnologia de apoio.

    4. ConclusesA Comunicao Aumentativa e as tecnologias de

    apoio podem desempenhar um papel fundamental no apoio especializado a pessoas portadoras de disfun-

  • 9Artigoses neuromotoras graves com incapacidades de co-

    municao atravs da fala, constituindo muitas vezes essas tecnologias, a nica oportunidade para comu-nicarem e interagirem com o meio fsico e social que as rodeia. No entanto, a utilizao de tais tecnologias s ser ecaz, se houver a adequada informao e formao de tcnicos, familiares e dos prprios uti-lizadores nais, na sua utilizao. Importa, assim, tanto quanto investir na aquisio de tecnologias de apoio comunicao, assegurar tambm a qualica-o dos prossionais e dos prprios utilizadores nais destas tecnologias, para que a sua utilizao seja de-vidamente rentabilizada.

    Referncias

    [1] Azevedo, L., Nunes da Ponte, M., Fria, L., Assistive Techno-

    logy Training in Europe, HEART Line E Study, Swedish Handicap

    Institute, 1995.

    [2] Nunes da Ponte, M., Azevedo, Luis, Comunicao Aumentati-

    va e Tecnologias de Apoio, Edio CAPS/IST, 1998.

    [3] http://www.anditec.pt/Representadas/MayerJohnson/mayer.

    htm#boardmaker

    [4] www.anditec.pt/Representadas/MayerJohnson/mayer.htm

    [5] http://www.anditec.pt/Produtos/comunicacao/digitalizadores.

    htm

    [6] http://www.anditec.pt/Produtos/Acesso/manipulos.htm

    [7] http://www.anditec.pt/Representadas/IntelliTools/intellitools.

    htm

    [8] http://www.anditec.pt/Representadas/Madentec/Madentec.

    htm#Tracker

    [9] http://www.anditec.pt/Representadas/GEWA/GRID.HTM

    [10] www.ptcom.pt/productdetails.aspx?id=1220&area=solucoes

    %20especiais%20pt

    (*) leds - semicondutor que emite luz quando uma corrente elc-

    trica passa por ele.

    Lus Azevedo - Engenheiro de Reabilitao, M.Sc.