3
Professora Maria Regina Rocha 1 Texto argumentativo (texto de reflexão ou dissertação) Plano 1. Introdução: deve conter a tese que se pretende defender e o embrião dos dois argumentos que vão ser utilizados no desenvolvimento. Deve ter uma extensão de cerca de 1/5 a 1/4 do total (sensivelmente 60 a 80 palavras em 300). 2. Desenvolvimento: deve ser constituído por um mínimo ou de 3 ou de 2 parágrafos. Deverá ter 3 parágrafos se a tese necessitar de algum enquadramento ou de alguma clarificação (que é o mais provável): um parágrafo para essa clarificação e um para cada argumento (anunciados na Introdução). Deverá ter 2 parágrafos se a tese for tão linear que fique logo totalmente apresentada na Introdução. Assim os dois parágrafos destinam-se cada um a um argumento (anunciado na Introdução). Em qualquer dos casos, em relação a cada argumento, terá de conter pelo menos um exemplo significativo. Deve ter uma extensão nunca inferior a metade do texto e próximo de 2/3 do total do texto (150 a 200 palavras em 300). 3. Conclusão: deve retomar a tese e poderá apresentar uma frase significativa, da sabedoria popular ou de autor, ilustrativa da bondade da tese defendida. Deverá ser iniciada por um articulador conclusivo («em síntese», «em conclusão», «em suma», «pelo exposto»…) e ter uma extensão semelhante à da Introdução ou inferior (sensivelmente 1/5 do total de palavras do texto: 60 em 300). ATENÇÃO: É fundamental a INTRODUÇÃO, pois é a partir dela que o texto se constrói. Para elaborar essa introdução, é imprescindível aproveitar o que é proposto: 1. reparar bem no que é pedido (um texto sobre xxx : importa o que vem a seguir à preposição «sobre» ) – é a partir daqui que se concebe a tese; 2. colher, da citação apresentada (se houver citação), material para os argumentos a definir. Assim, apresento uma sugestão de tópicos para dois planos do texto de reflexão proposto na Prova de Exame Nacional de 2008 – 1.ª fase, com a Introdução feita. Um dos planos apresenta uma perspetiva positiva; o outro, uma negativa.

Texto Argumentativo - Plano NOVO

Embed Size (px)

Citation preview

  • Professora Maria Regina Rocha 1

    Texto argumentativo (texto de reflexo ou dissertao)

    Plano

    1. Introduo: deve conter a tese que se pretende defender e o embrio dos dois argumentos que vo ser utilizados no desenvolvimento.

    Deve ter uma extenso de cerca de 1/5 a 1/4 do total (sensivelmente 60 a 80 palavras em 300).

    2. Desenvolvimento: deve ser constitudo por um mnimo ou de 3 ou de 2 pargrafos. Dever ter 3 pargrafos se a tese necessitar de algum enquadramento ou de alguma

    clarificao (que o mais provvel): um pargrafo para essa clarificao e um para cada argumento (anunciados na Introduo).

    Dever ter 2 pargrafos se a tese for to linear que fique logo totalmente apresentada na Introduo. Assim os dois pargrafos destinam-se cada um a um argumento (anunciado na Introduo).

    Em qualquer dos casos, em relao a cada argumento, ter de conter pelo menos um exemplo significativo.

    Deve ter uma extenso nunca inferior a metade do texto e prximo de 2/3 do total do texto (150 a 200 palavras em 300).

    3. Concluso: deve retomar a tese e poder apresentar uma frase significativa, da sabedoria popular ou de autor, ilustrativa da bondade da tese defendida.

    Dever ser iniciada por um articulador conclusivo (em sntese, em concluso, em suma, pelo exposto) e ter uma extenso semelhante da Introduo ou inferior (sensivelmente 1/5 do total de palavras do texto: 60 em 300).

    ATENO: fundamental a INTRODUO, pois a partir dela que o texto se constri. Para elaborar essa introduo, imprescindvel aproveitar o que proposto: 1. reparar bem no que pedido (um texto sobre xxx: importa o que vem a

    seguir preposio sobre) a partir daqui que se concebe a tese; 2. colher, da citao apresentada (se houver citao), material para os

    argumentos a definir.

    Assim, apresento uma sugesto de tpicos para dois planos do texto de reflexo proposto na Prova de Exame Nacional de 2008 1. fase, com a Introduo feita. Um dos planos apresenta uma perspetiva positiva; o outro, uma negativa.

  • Professora Maria Regina Rocha 2

    Prova de Exame Nacional de 2008 1. fase A propsito do P.e Antnio Vieira, de cujo nascimento (1608) se comemoram os quatrocentos

    anos, escreveu Guilherme dOliveira Martins no Jornal de Letras, Artes e Ideias (13-26/Fevereiro/2008): Foi um visionrio, um diplomata, um pregador da Capela Real, um conselheiro avisado, um humanista, um lutador pelo respeito da dignidade humana, frente do seu tempo, e um artfice, como houve muito poucos, da palavra dita e escrita.

    Num texto bem estruturado, com um mnimo de duzentas e um mximo de trezentas palavras, apresente uma reflexo sobre a temtica da dignidade humana e do respeito pelos direitos humanos no nosso tempo.

    Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mnimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

    1. PLANO da resposta 1. pargrafo: Introduo A histria da Humanidade pauta-se por um contnuo de progresso, progresso no s material

    como no mbito da construo da dignidade humana, que assenta no respeito pelos direitos humanos. Dois dos indicadores desse progresso so o facto de graas a figuras como Padre Antnio Vieira estarmos cada vez mais perto de poder dizer com propriedade que todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e em direitos e que ningum mantido em escravatura ou em servido.

    2. pargrafo: Clarificao da tese O que so os direitos humanos; referncia Declarao Universal dos Direitos do Homem

    (ONU, 1948).

    3. pargrafo: 1. Argumento e respetivos exemplos Os homens nascem livres e iguais: o papel de padre Antnio Vieira ou de figuras como Gandi

    ou Martin Luther King. Os homens nascem livres e iguais: embora ainda haja casos a lamentar, o certo que este direito

    cada vez mais uma realidade nos pases democrticos, sendo disso exemplo a eleio de Obama, de ascendncia negra, no pas de Martin Luther King ou a s convivialidade entre raas no nosso pas.

    4. pargrafo: 2. Argumento e respetivos exemplos Ningum mantido em escravatura ou em servido: o papel de padre Antnio Vieira (sculo

    XVII) na defesa dos ndios do Brasil em discursos como o Sermo dos Escravos ou o Sermo de Santo Antnio; a abolio da escravatura de que Portugal pioneiro, pois foi o primeiro pas do mundo a redigir uma lei de abolio da escravatura (em 1761), seguido da Frana (1794) e do Reino Unido (1833).

    Ningum mantido em escravatura ou em servido: embora ainda haja casos a lamentar, o certo que este direito cada vez mais uma realidade nos pases democrticos, havendo leis que protegem as pessoas, sendo delatados, por exemplo, casos de trabalhadores enganados com falsas promessas (mantidos em trabalho escravo) e os responsveis levados Justia.

  • Professora Maria Regina Rocha 3

    5. pargrafo: Concluso Retoma da tese. Associar a igualdade em direitos abolio da escravatura. Uso de uma frase de

    Martin Luther King (Eu tenho um sonho) e referncia ao facto de ela se ter tornado realidade.

    2. PLANO da resposta 1. pargrafo: Introduo Embora a histria da Humanidade se paute por um contnuo de progresso, progresso no s

    material como no mbito da construo da dignidade humana, pela qual Padre Antnio Vieira tanto lutou, ainda estamos longe de poder dizer que hoje se respeitam os direitos humanos. Esse falhano visvel no facto de os homens continuarem a no ser livres e iguais em dignidade e em direitos e no de continuar a haver pessoas mantidas em escravatura ou em servido.

    2. pargrafo: Clarificao da tese O que so os direitos humanos; referncia Declarao Universal dos Direitos do Homem

    (ONU, 1948) e importncia dos dois direitos referidos na Introduo e que no so respeitados.

    3. pargrafo: 1. Argumento e respetivos exemplos Os homens no nascem livres e iguais: apesar do papel de padre Antnio Vieira, que, por

    exemplo, no Sermo de Santo Antnio se pronunciou contra a explorao do homem pelo homem e denunciou que os homens, tal como os peixes, se comem uns aos outros e que os grandes comem os pequenos, hoje em dia so gritantes em todo o mundo as pessoas que no tm acesso a bens essenciais (comida, habitao), educao, sade, por causa da desigualdade social ou econmica. Tambm gritante que as pessoas que tm mais posses econmicas, alm de terem acesso ao que outros no tm, tambm veem os seus direitos mais bem defendidos, por exemplo, na Justia, pontualmente at conseguindo fugir a ela, de que so exemplos casos conhecidos. Em suma, os homens no nascem livres e iguais.

    4. pargrafo: 2. Argumento e respetivos exemplos A escravatura continua a existir: aps breve referncia ao conceito antigo de escravatura,

    referncia (mais desenvolvida) aos novos contornos que a escravatura (ou a servido) assume nos dias de hoje, desde o comrcio do sexo, a explorao do trabalho infantil, a explorao de trabalhadores emigrantes enganados com falsas promessas de bom salrio e a dificuldade de soluo justa de casos destes.

    5. pargrafo: Concluso Retoma da tese. Uso de uma frase de Martin Luther King (O que me preocupa no o grito

    dos maus. o silncio dos bons) ou de uma de Gandhi (S engrandecemos o nosso direito vida cumprindo o nosso dever de cidados do mundo.) mostrando que os homens bons ainda no conseguiram que a dignidade humana fosse respeitada. Ou uso de uma frase de Padre Antnio Vieira, amargamente referida: passados quase quatro sculos, ainda continuam vlidas as palavras do grande humanista e lutador pelo respeito pela dignidade humana de que, afinal, os homens se comem uns aos outros e que, portanto, em pleno sculo XXI, os homens continuam a no ser livres e iguais em direitos.