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    DIREITO DO TRABALHO I

    Professora:Solange

    Acadmico:

    Rafael Andrade Linke

    OITORGANIZAOINTERNACIONAL DO

    TRABALHO

    UNIFOZ

    Foz do IguauPR

    2013

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    INTRODUO

    A Organizao Internacional do trabalho uma instituio com autonomia mundial,que visa estabelecer normas s relaes de trabalho, com a finalidade de garantir que os

    Estados membros apliquem sua jurisdio de forma a fiscalizar de forma adequada a relao

    que envolve empregadores e empregados.

    O foco garantir os direitos fundamentais dos trabalhadores, no permitindo em

    hiptese alguma que ocorra o retrocesso social no que concerne s conquistas alcanadas no

    mbito trabalhista.

    Essa importante instituio surge da ideia de se formar normas de mbito

    internacional, baseando-se em argumentos humanitrios, polticos e econmicos, levando-se

    em conta as condies difceis e degradantes de muitos trabalhadores em diversos pases; os

    riscos de conflitos sociais que ameaavam a paz e tambm o fato de que os pases que se

    abstessem de adotar condies humanas de trabalho seriam um empecilho para a conquista de

    melhores condies em outros pases.

    A busca por um mundo com trabalho digno para todos o objetivo principal dessa

    instituio, o que se pode verificar na transcrio do prembulo de sua Constituio:

    Considerando que a paz para ser universal e duradoura deve assentar sobre

    a justia social; Considerando que existem condies de trabalho que

    implicam para grande nmero de indivduos, misria e privaes, e que o

    descontentamento que da decorre pe em perigo a paz e a harmonia

    universais, e considerando que urgente melhorar essas condies no que

    se refere, por exemplo, regulamentao das horas de trabalho, fixaode uma durao mxima do dia e da semana de trabalho, ao recrutamento

    da mo-de-obra, luta contra o desemprego, garantia de um salrio que

    assegure condies de existncia convenientes, proteo dos

    trabalhadores contra as molstias graves ou profissionais e os acidentes do

    trabalho, proteo das crianas, dos adolescentes e das mulheres, s

    penses de velhice e de invalidez, defesa dos interesses dos trabalhadores

    empregados no estrangeiro, afirmao do princpio "para igual trabalho,

    mesmo salrio", afirmao do princpio de liberdade sindical, organizao do ensino profissional e tcnico, e outras medidas anlogas.

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    1. BREVES COMENTRIOS SOBRE A ORGANIZAO INTERNACIONAL

    DO TRABALHO - OIT

    A Organizao Internacional do Trabalho (OIT) a agncia das Naes Unidas que

    tem por misso promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um

    trabalho decente e produtivo, em condies de liberdade, equidade, segurana e dignidade.

    O trabalho decente, conceito formalizado pela OIT em 1999, sintetiza a sua misso

    histrica de promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter um trabalho

    produtivo e de qualidade, em condies de liberdade, equidade, segurana e dignidade

    humanas, sendo considerado condio fundamental para a superao da pobreza, a reduo

    das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrtica e o desenvolvimento

    sustentvel.

    A OIT surgiu em 1919, aps o trmino da primeira guerra mundial, tendo sua criao

    vinculada ao Tratado de Versalhes. uma instituio fundada na convico de que somente

    com justia social que se pode chegar paz universal. O Brasil est entre os membros

    fundadores da OIT e participa da Conferncia Internacional do Trabalho desde sua primeira

    reunio.

    A OIT composta por trs rgos, elencados no artigo 2 de sua Constituio, so eles:

    a Conferncia ou Assemblia Geral, Conselho de Administrao e a Repartio Internacional

    do Trabalho. A Conferncia ou Assemblia o rgo deliberativo da OIT, sendo constituda

    de representantes dos Estados membros que se renem ao menos uma vez por ano para traar

    as diretrizes bsicas a serem observadas no mbito da OIT quanto poltica social, da que

    emanam as Convenes e Recomendaes. O Conselho de Administrao exerce funo

    executiva, administrando a Organizao. composto por representantes dos empregados,

    empregadores e do governo. Por sua vez, a Repartio Internacional do Trabalho a

    secretaria da entidade, e dedica-se, em outras funes, a divulgar suas atividades, como por

    exemplo, publicando as convenes e recomendaes adotadas.1

    Nos primeiros quarenta anos de existncia a OIT concentrou seus esforos a

    desenvolver normas internacionais do trabalho e a garantir sua aplicao. Segundo

    informaes oficiais do site da OIT, entre 1919 e 1939 foram adotadas 67 convenes e 66

    recomendaes. O estabelecimento da segunda guerra mundial interrompeu temporariamente

    1MARTINS, Srgio Pinto. Direito do Trabalho. 10 edio. Pg. 81. So Paulo/SP. Editora Atlas S.A. 2000.

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    esse processo. Em 1940 a sede da OIT, mudou-se temporariamente de Sua para o Canad,

    em razo da guerra.

    Em 1944, a OIT adotou a Declarao de Filadlfia que, anexando-a a sua Constituio,

    e que traz a carta de princpios e objetivos da OIT. Este documento antecipou em quatro

    meses a adoo da Carta das Naes Unidas (1946) e em quatro anos a Declarao Universal

    dos Direitos Humanos (1948), para as quais serviu de referncia.

    Esse foi um marco na trajetria da OIT, tendo em vista que a adoo desse documento

    reafirmava o princpio de que a paz s pode estar baseada na justia social, alm de incorporar

    algumas idias fundamentais que constituem princpios da OIT at os dias atuais. Esses

    fundamentos so os seguintes: o trabalho deve ser fonte de dignidade; o trabalho no uma

    mercadoria; a pobreza, em qualquer lugar, uma ameaa prosperidade de todos; e por fim,que todos os seres humanos tm o direito de perseguir o seu bem estar material em condies

    de liberdade e dignidade, segurana econmica e igualdade de oportunidades.

    Com o nascimento da ONU (Organizao das naes unidas), no final da segunda

    guerra, a OIT se transforma em sua primeira agncia especializada. O reconhecimento

    merecido veio em 1969, no 50 aniversrio, quando recebeu o prmio nobel da paz. Foi o

    reconhecimento da OIT como fonte de influncia perptua sobre a legislao de todos os

    pases, considerando-a como a conscincia social da humanidade. Esse reconhecimento se deupor que a OIT desempenhou um papel importante na definio das legislaes trabalhistas e

    na elaborao de polticas econmicas, sociais e trabalhistas durante boa parte do sculo XX.

    Um fato muito importante surge em 1998, na 87 sesso da Conferncia Internacional

    do Trabalho, onde foi adotada a Declarao dos Direitos e Princpios Fundamentais no

    Trabalho, definidos como o respeito liberdade sindical e de associao e o reconhecimento

    efetivo do direito de negociao coletiva, a eliminao de todas as formas de trabalho forado

    ou obrigatrio, a efetiva abolio do trabalho infantil e a eliminao da discriminao emmatria de emprego e ocupao.

    A Declarao associa a esses direitos e princpios, oito convenes, que passam a ser

    definidas como fundamentais. Estabelece que todos os Estados Membros da OIT, pelo

    simples fato de s-lo e de terem aderido sua Constituio, so obrigados a respeitar esses

    direitos e princpios, havendo ou no ratificados as convenes a eles correspondentes.2

    2Disponvel em: Acesso em 09.04.2013.

    http://www.oit.org.br/content/hist%C3%B3riahttp://www.oit.org.br/content/hist%C3%B3riahttp://www.oit.org.br/content/hist%C3%B3riahttp://www.oit.org.br/content/hist%C3%B3ria
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    2. CONVENES E RECOMENDAES DA OIT

    Tanto as Convenes como as Recomendaes da Organizao Internacional do

    Trabalho so espcies de Tratados Internacionais que se tratam de normas jurdicasestabelecidas entre diferentes Estados, com a finalidade de solucionar ou prevenir situaes de

    interesse coletivo, fundamental e mundial.

    2.1Convenes

    Convenes da Organizao Internacional do Trabalho so tratados multilaterais

    abertos, de carter normativo, que podem ser ratificadas sem limitao de prazo por qualquer

    dos Estados-Membros.3 A ratificao o ato formal pelo qual o Estado membro adere

    conveno, incorporando-a ao seu ordenamento jurdico.

    Possuem natureza de tratados internacionais, estabelecendo normas obrigatrias

    queles Estados que as ratificarem. Essa ratificao no obrigatria.4

    No conceito de Amauri Mascaro Nascimento, convenes internacionais so normas

    jurdicas emanadas da Conferncia Internacional da OIT, destinadas a constituir regras

    gerais e obrigatrias para os Estados deliberantes, que as incluem no seu ordenamento

    interno, observadas as respectivasprescries constitucionais.5

    As convenes adotadas pelos Estados membros devem ser submetidas autoridade

    competente, para aprovao, no prazo mximo de 18 meses. No caso do Brasil, devem ser

    submetidas ao Congresso Nacional, conforme artigo 49, I da CF/88. A respeito desse processo

    de aprovao por parte dos poderes internos de cada Estado, Amauri Mascaro Nascimento

    destaca que:

    A OIT no um parlamento internacional ou uma organizao supranacional

    com total fora de determinao sobre os Estados-membros. Aproxima-se

    mais de uma conferncia diplomtica em matria de direito do trabalho, e,

    3MTE. Convenes da OIT. Pg. 7. Braslia. 2002.4

    BARBOSA GARCIA, Gustavo Filipe. Manual de Direito do Trabalho. 3 edio. Pg. 52. So Paulo. EditoraMtodo. 2011.5NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26 edio. Pg. 136. So Paulo. Saraiva.2011.

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    nessas condies, do assentimento dos participantes depende a fora das suas

    decises. 6

    Aps a aprovao, o Presidente da Repblica promove a ratificao da convenojunto OIT. Feita a ratificao, o Estado membro deve promulgar o tratado, ou seja, adotar

    medidas legais ou outras que assegurem a aplicao da Conveno em prazos determinados,

    incluindo o estabelecimento de sanes apropriadas, mantendo servios de inspeo que

    zelem por seu cumprimento. Em geral, prevista consulta prvia s entidades mais

    representativas de empregadores e trabalhadores.

    No mbito internacional uma conveno entra em vigor doze meses aps ser ratificado

    por no mnimo dois Estados membros. So igualmente necessrios doze meses passados daratificao pelo Estado membro, para que a conveno comece a viger na esfera nacional.

    Contudo necessrio que ela j vigore internacionalmente.

    As convenes tm validade enquanto estiverem ratificadas, sendo de dez anos o

    prazo de validade da ratificao. Ao trmino da validade o Estado membro pode denunciar a

    conveno, cessando sua responsabilidade em relao a ela, 12 meses aps. No sendo

    denunciada at doze meses do trmino da validade da ratificao, a conveno tacitamente

    renovada por mais dez anos. A denncia o ato pelo qual o Estado membro informa a OITque no deseja mais aplicar aquela conveno em seu ordenamento interno.

    O alcance de cada conveno definido em seu texto, podendo haver em algumas

    convenes, a possibilidade de supresso total ou parcial de ramos da atividade econmica,

    empresas ou produtos, ou mesmo a excluso de aplicao de parte da conveno em todo o

    territrio nacional, a critrio da autoridade competente, aps consulta s organizaes

    representativas de empregadores e trabalhadores. Nesse caso, a deciso deve ser formalmente

    comunicada a OIT.

    Entre as principais Convenes da OIT, podemos destacam-se a de n. 87,

    que trata de liberdade sindical, e a de n. 98, que versa sobre negociao coletiva.

    Caso ocorra o no cumprimento das convenes ratificadas por parte de um

    determinado Estado membro, fica a cargo das organizaes profissionais de trabalhadores ou

    empregadores formular uma reclamao que dever ser dirigida ao Conselho de

    Administrao da OIT.

    6NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26 edio. Pg. 136/137. So Paulo. Saraiva.2011.

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    Outrossim, poder ser instaurada uma queixa contra Estado membro que no adotou as

    medidas necessrias ao cumprimento de uma conveno por ele ratificada. Pode ser

    feita por qualquer Estado-membro que tenha ratificado a conveno, como, ex

    officio, pelo Conselho de Administrao ou pela representao de qualquer

    delegao Conferncia Internacional do Trabalho. A queixa apresentada

    Repartio Internacional do Trabalho, que a encaminha ao Conselho de

    Administrao, no caso do Estado-membro.

    Quando as disposies aprovadas pela Conferncia da OIT no contam com nmero

    suficiente de adeses para se transformarem em conveno, acabam por ser promulgadas

    como recomendaes.

    2.2Recomendaes

    As recomendaes trazem norteamentos para matrias que so de difcil aceitao

    geral, valendo apenas como sugesto com intuito de orientar o Direito interno de cada Estado.

    Srgio Pinto Martins conceitua assim as recomendaes da OIT:

    Recomendao uma norma da OIT em que no houve nmero suficiente de

    adeses para que ela viesse a transformar-se numa conveno. Para tanto,

    passa a ter validade apenas como sugesto ao Estado, de modo a orientar seu

    direito interno. Ela no , assim, ratificada pelo Estado-membro, ao contrrio

    do que ocorre com a Conveno. Podemos dizer que a Recomendao tem

    duas caractersticas: (a) facultativa, no obrigando os pases-membros da

    OIT, servindo apenas como indicao (b) normalmente, tem a finalidade de

    complementar as disposies de uma Conveno da OIT. A Recomendao

    mera fonte material de Direito.7

    Conforme ensinamento de Arnaldo Sussekind, o conceito de recomendao

    consagrado pelo Direito Internacional Pblico o de que ela no cria obrigaes para os

    Estados participantes das conferncias ou instituies que a adotam. Continua o saudoso

    doutrinador, a saber:

    7MARTINS, Srgio Pinto. Direito do Trabalho. 10 edio. Pg. 83. So Paulo/SP. Editora Atlas S.A. 2000.

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    A recomendao, portanto, no suscetvel de ratificao: mas, no campo da

    OIT, ela acarreta para os Estados-membros, obrigaes de natureza formal.

    E o controle exercido no tocante ao cumprimento dessas obrigaes temocorrido, em inmeros casos, para que as regras consubstanciadas nas

    recomendaes se convertem em leis ou atos de natureza regulamentar

    integrantes do direito nacional dos Estados membros. A recomendao

    cumpre, assim, a funo de fonte material de direito.8

    8SUSSEKIND, Arnaldo. Direito Internacional do Trabalho. 2 edio. Pg. 186/187. So Paulo. LTr. 1987.

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    CONCLUSO

    O trabalho realizado pela OIT de suma importncia para a satisfao dos direitos dos

    trabalhadores e de toda a sociedade, tendo em vista as inmeras deliberaes que proporciona.

    Trata-se de uma questo de cidadania a proteo dos direitos concernentes relao de

    trabalho.

    As convenes ratificadas pelos pases membros agregam confiana s relaes de

    trabalho. No h que se falar em escravido e explorao nas atividades laborais.

    certo que mesmo com o grande trabalho realizado pela OIT, existem lugares no

    mundo que ainda no foram privilegiados com as normas protetoras emanadas dessa

    instituio, sobretudo nos pases mais pobres, entretanto, a situao mundial nos leva a crer

    que os trabalhos j realizados, e os que ainda viro, podero transformar as relaes

    trabalhistas e integrar empregador, empregado e toda a sociedade.

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    REFERNCIAS

    BARBOSA GARCIA, Gustavo Filipe. Manual de Direito do Trabalho. 3 edio. So

    Paulo. Editora Mtodo. 2011.

    MARTINS, Srgio Pinto. Direito do Trabalho.10 edio. So Paulo/SP. Editora Atlas S.A.

    2000.

    MTE. Convenes da OIT. Braslia. 2002.

    NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26 edio. So Paulo.

    Saraiva. 2011.

    SUSSEKIND, Arnaldo. Direito Internacional do Trabalho. 2 edio. So Paulo. LTr.

    1987.

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    Proposta e Aceitao

    Explique e justifique as decises abaixo, sustentando-as nos dispositivos legais aplicveis.

    A) 203313 Contrato. Formao - Proposta. Em regra, a proposta de contrato tem

    a natureza de vinculante, apresentando-se como unilateralmente irrevogvel.

    Entretanto, se a proposta j nasce precria, por ocorrer um dos motivos ressalvados no

    artigo (....) do Cdigo Civil, ela deixa de ser vinculativa, no obrigando o proponente.

    A proposta de oferta publica por agente financeiro de imvel a ser objeto de

    financiamento imobilirio pelo SFH, embora j contenha os elementos essenciais a

    formao do contrato, sempre dependera, por sua natureza, do exame das condies daaceitao de terceiro, no significando, por isso, proposta vinculante. Aceitao. No

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    basta aceitao que o oblato concorde com os termos da proposta. A aceitao deve se

    adequar plenamente aos seus termos, visto que no se aceita, discordando por menor

    que seja o dissenso (artigo ..... do Cdigo Civil) qualquer alterao, mesmo acessria,

    passa a qualificar a aceitao como nova proposta, se reiniciando etapa para o

    consentimento e a formao do contrato. No formao contratual. Proposta no

    obrigatria a que adira aceitao com alterao, no significa jamais formao

    de contrato. Apelao improvida. (apelao cvel n 589077106, primeira cmara cvel,

    Tribunal de Justia do RS, relator: Tupinamb Miguel Castro do Nascimento, julgado

    em 06/03/1990)

    O Cdigo Civil atual, disciplina a proposta contratual em seu artigo 427, a saber, A

    proposta de contrato obriga o proponente, se o contrrio no resultar dos termos dela, danatureza do negcio, ou das circunstncias do caso.

    Silvio Rodrigues conceitua a proposta como a oferta dos termos de um negcio,

    convidando a outra parte a com eles concordar. Constitui ato jurdico unilateral, por

    intermdio do qual o policitante convida o oblato a contratar, apresentando desde logo os

    termos a que se dispe a faz-lo.9

    A proposta tem fora vinculante para garantir a estabilidade das relaes sociais j que

    quem a faz cria uma expectativa na outra parte. Entretanto, a proposta que contenha clusulano vinculativa, no gera obrigao para quem a faz, assim como a natureza do negcio ou

    circunstncias do caso.

    No caso em tela, a proposta de financiamento, por sua natureza, depende de aceitao

    integral por parte o oblato (pessoa a quem dirigida a proposta), conforme disciplinado no

    artigo 431 do CC/02, a saber: A aceitao fora do prazo, com adies, restries, ou

    modificaes, importar nova proposta.

    A aceitao da proposta com alterao ou fora do prazo estipulado na oferta originalimplica em nova proposta e no gerar os efeitos daquela, fulminando a obrigao de

    contratar.

    B) 203316 LOCAO Alienao do imvel locado. Direito de preferncia do

    locatrio a sua aquisio. 01. Violao inexistente. Proposta de venda do imvel por

    preo vista realizada pelo locador ao inquilino. 02. Aceitao deste no correspondente

    aos termos da oferta. 03. Hiptese em que houve evidente contraproposta por parte do

    9RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. Vol III. 30 Edio. Pg. 70/71. Editora Saraiva. So Paulo. 2004.

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    locatrio, no sendo o ofertante obrigado a aceit-la. Indenizao no devida. Aplicao

    do art. .....do CC. 04. (2 TACSPAp. 247.628-1 3 C.Rel. Juiz Costa e TrigueirosJ.

    20.12.1989) (RT 651/118)

    A proposta o reflexo da vontade de uma das partes e a aceitao o reflexo da

    vontade da outra parte em relao proposta que lhe foi dirigida.

    No caso em epgrafe, o direito de preferncia de compra do imvel por parte do

    locatrio foi exercido. Nenhum bice lhe imps o proprietrio, que agiu em conformidade

    com a Lei do Inquilinato (8.245/91), artigo 27: No caso de venda, promessa de venda,

    cesso ou promessa de cesso de direitos ou dao em pagamento, o locatrio tem

    preferncia para adquirir o imvel locado, em igualdade de condies com terceiros,

    devendo o locador dar-lhe conhecimento do negcio mediante notificao judicial,extrajudicial ou outro meio de cincia inequvoca.

    A mesma Lei, disciplina ainda, em seu artigo 28 que: O direito de preferncia do

    locatrio caducar se no manifestada, de maneira inequvoca, sua aceitao integral

    proposta, no prazo de trinta dias.

    O texto da lei claro ao dizer que a aceitao deve ser integral, ou ento no h que se

    falar em preferncia ou indenizao. Se o locatrio, ao receber a proposta de compra, no

    aceita os valores ou condies de pagamento e unilateralmente altera os termos, ficaclaramente evidenciada uma contraproposta, desvinculando o proprietrio, que no obrigado

    a aceit-la.

    O Cdigo Civil disciplina claramente o tema em seu artigo 431, in verbis: A

    aceitao fora do prazo, com adies, restries, ou modificaes, importar nova

    proposta.

    Fica claro que a aceitao deve ser integral, assim entendimento pacfico dos

    tribunais, seno vejamos:

    Ementa: Locao escrita de imvel residencial. Ao de despejo. Retomada imotivada pela

    adquirente do imvel locado (art. 8o, 2o, da Lei n 8.245/91). Inocorrncia de cerceamento

    de defesa, sendo desnecessria a pleiteada produo de prova testemunhal. No h que se

    falar em anulao do negcio jurdico de compra e venda celebrada entre o locador e a

    empresa autora. Preenchimento dos requisitos. A recorrente no se desincumbiu do nus

    processual de provar fatos impeditivos, modificativos ou extintivos da pretenso deduzida

    pela empresa autora (art. 333, inc. II, do CPC). O direito de preferncia da recorrente caducou

    aps trinta dias do recebimento da notificao sem a comprovao inequvoca de

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    preo estipulado pelo comitente. Mera proposta, dependente de aceitao que no houve

    06. Ao improcedente. Deciso mantida. (1 TACSPAp. 570.708-21[ C.Rel. Des.

    Eliot AkelJ. 16.05.1994) (JTACSP 147/59)

    A proposta feita por uma das partes requer uma aceitao para que tenha fora

    vinculante. O simples fato de a parte lanar mo da proposta no vincula a outra parte a uma

    obrigao.

    No conceito de Maria Helena Diniz, a proposta, oferta ou policitao uma

    declarao receptcia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende

    celebrar o contrato), por fora da qual a primeira manifesta sua inteno de se considerar

    vinculada se a outra parte aceitar. 10

    Para que a aceitao produza seus efeitos peculiares, se faz necessrio que sejatempestiva, ou seja, se formalize dentro do prazo estipulado na oferta, e ainda, corresponda a

    uma adeso integral dos termos ofertados. Qualquer mudana nos termos ou fora do prazo

    estipulado desobriga o proponente.

    Tal regra tem respaldo no artigo 431 do CC/02: A aceitao fora do prazo, com

    adies, restries, ou modificaes, importar nova proposta.

    Fica claro que se a aceitao no for integral, isso gerar uma contraproposta, que

    depender de uma nova aceitao, porm, pela outra parte do negcio, invertendo-se ospapis.

    E) 203308JCCB..........CIVILDESCUMPRIMENTO DE PROPOSTADEVER DE

    REPARAR OS PREJUZOS DA EMERGENTES 01- Nos termos do art. ....., 1 parte,

    do CC, a proposta vincula o policitante 02. O seu descumprimento injustificado

    determina-lhe o dever de indenizar ao oblato pelos prejuzos da advindos 03. II

    Escusando-se a CEF, injustificadamente, de conceder financiamento para aquisio detxi, nas condies que props 04. H de reparar ao taxista pelo prejuzo que esse

    experimentou, ao ter que obter financiamento comum, mais oneroso, para cumprir o

    contrato de compra do veculo, confiado na subsistncia da referida proposta 05. (TRF

    2 R.AC 90.02.10638-6 RJ3 T.Rel. Des. Fed. Arnaldo LimaDJU 03.09.1992)

    Proposta a manifestao de vontade de uma das partes de firmar o contrato. uma

    declarao unilateral por parte do proponente, que aguarda a aceitao do oblato.

    10DINIZ, Maria Helena. Cdigo Civil Anotado. 3 Edio. So Paulo. Saraiva. 1997.

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    A regra da proposta baseia-se no artigo 427 do Cdigo Civil, que impe ao proponente

    a obrigao de cumprir a proposta feita.

    Cabe lembrar que a oferta ao pblico equivale proposta, se contiver todos os

    requisitos essenciais do contrato e desde que as circunstncias e os usos no estabeleam o

    contrrio.

    No caso em tela, se a proposta no foi cumprida integralmente pela empresa, esta ter

    de indenizar o cliente, com base na obrigatoriedade de vinculao ao objeto da proposta.

    3.

    Hermenutica Contratual

    4.1 Regras de Interpretao

    4.1.1 Subjetiva:

    A regra subjetiva est fundada na declarao volitiva das partes. Deve levar-se em

    considerao a inteno de ambos. Prevalece a vontade real das partes.

    Dispe o artigo 112 do Cdigo Civil, que: Nas declaraes de vontade se atender

    mais inteno nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.Sendo assim,

    a declarao das partes o ponto de partida na forma subjetiva de interpretao dos contratos.

    O sentido exato do contrato e de suas clusulas deve ser buscado a partir da expresso

    de vontade das partes.

    Nas palavras de Silvio de Salvo Venosa em referncia interpretao subjetiva:

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    (...) o intrprete examinar o sentido gramatical das palavras e

    frases, os elementos econmicos e sociais que cercaram a elaborao

    do contrato, bem como o nvel intelectual e educacional dos

    participantes, seu estado de esprito no momento da declarao etc. 11

    4.2 Objetiva:

    4.2.1 Boa-f:

    A interpretao baseada na lealdade das partes e nos usos do local de sua celebrao.

    Est ligado ao interesse da segurana das relaes jurdicas.

    As partes devem agir com lealdade e em conformidade com os usos do local em que oato negocial foi por elas celebrado. Assim dispe o artigo 113 do Cdigo Civil, a saber: Os

    negcios jurdicos devem ser interpretados conforme a boa-f e os usos do lugar de sua

    celebrao.

    A regra da interpretao objetiva deve buscar a melhor adequao possvel da regra

    subjetiva ao caso concreto.

    4.2.2 Benficas:

    Interpretao restritiva do negcio jurdico. O juiz no poder dar a esses atos

    negociais interpretao ampliativa, devendo limitar-se unicamente aos contornos traados

    pelos contraentes, deixando de lados os dados alheios.

    11VENOSA, Silvio de Salvo. Teoria geral dos Contratos. Vol. II. Pg. 449. 6 Edio. Atlas. So Paulo. 2006.

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    4. Classificao dos Contratos

    Marque V para verdadeira e F para falsa, justificando em folha a parte:

    1. (F) Todo o contrato bilateral quanto aos seus efeitos, bem como quanto a suaformao;

    Os contratos so formados pela vontade de duas ou mais partes, por este motivo diz-se

    que todos so bilaterais quanto a sua formao. Entretanto, quanto aos seus efeitos, podem

    tambm ser unilaterais, ou seja, gerar prestaes a somente uma das partes.

    Silvio Venosa afirma que so unilaterais os contratos que, quando de sua formao,

    s geram obrigaes para uma das partes. Assim a doao. O donatrio no tem

    obrigaes.

    12

    12VENOSA, Silvio Salvo. Direito Civil. Vol II. 5 Edio. Pg. 424. Atlas 2005.

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    2. (F) Os contratos unilaterais produzem efeitos apenas com a vontade de uma das

    partes;

    Para que um contrato produza seus efeitos no mundo jurdico necessria a vontade

    de duas ou mais partes, ou seja, necessrio que seja bilateral. Sendo assim, correto

    afirmarmos que o contrato no unilateral por que formado pela vontade de apenas um

    agente, mas sim, por que produz efeitos para somente um deles.

    Quando falamos em contratos unilaterais ou bilaterais, referimo-nos ao fato de o

    acordo de vontades, criar ou no, obrigaes recprocas entre elas.13

    Para evitar esse tipo de confuso, alguns autores preferem chamar os contratos

    unilaterais de contrato com prestaes a cargo de uma das partes, e os bilaterais decontratos com prestaes recprocas.

    3. (V) Os contratos sinalagmticos so bilaterais quanto aos seus efeitos;

    O termo sinalagmtico vem do grego synallagma, que significa duas faces,

    bilateral, contrato. Sendo assim se so sinalagmticos bvio que so bilaterais quanto aos

    seus efeitos, j que dependem da reciprocidade de prestaes.

    Um exemplo de contrato sinalagmtico o contrato de compra e venda, j que o ajustede vontades impe ao vendedor a obrigao de entregar a coisa e tambm obriga o comprador

    a pag-la, gerando assim recprocas obrigaes.

    4. (F) Os contratos unilaterais, quanto a sua formao, no apresentam

    contraprestaes;

    A afirmativa falsa j que no existem contratos unilaterais quanto formao, mas

    somente quanto aos efeitos. Neste caso correto afirmar que os contratos unilaterais no

    geram contraprestaes, ou seja, no geram obrigaes para a outra parte da relaocontratual.

    Ocontrato sempre um negcio jurdico bilateral, uma vez que, depende da vontade

    de duas partes para se formar. Todavia, ele poder ser unilateral se decorrer de situaes que

    geram obrigaes a somente um dos plos.

    5. (V) Em regra, os contratos onerosos so bilaterais quanto aos efeitos, no entanto,

    existem contratos unilaterais onerosos;

    13RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. Vol IV. 30 edio. Pg. 29. Saraiva. So Paulo. 2004.

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    Contratos onerosos so aqueles que trazem vantagens para ambos os contratantes, pois

    estes sofrem um sacrifcio patrimonial, correspondente a um proveito desejado. Por este

    motivo, correto afirmar que os contratos onerosos so bilaterais quanto aos seus efeitos.

    Ambas as partes assumem o nus e obrigaes recprocas.

    No contrato oneroso, o sacrifcio feito e a vantagem almejada esto em relao de

    equivalncia, sendo esta de carter subjetivo.14

    6. (V) Nos contratos Gratuitos, no obstante a gratuidade, em regra, h sacrifcio

    patrimonial;

    Os contratos gratuitos so aqueles em que toda carga de responsabilidade contratual

    fica a cargo de um dos contraentes, enquanto o outro s pode auferir benefcios. correto afirmar que existe sacrifcio patrimonial j que uma das partes sofre uma

    reduo do seu patrimnio, mesmo que seja momentneo, como acontece no comodato por

    exemplo.

    Outros exemplos de contratos gratuitos so a doao sem encargo e o mtuo sem

    pagamento de juros.

    7. (V) A equivalncia imediata das prestaes possvel ser aferida nos contratos

    comutativos;

    Os contratos comutativos fazem parte da subdiviso dos contratos onerosos, assim

    como os aleatrios. So comutativos os contratos em que as partes conhecem

    antecipadamente suas respectivas prestaes, ou seja, tem de plano, a noo exata daquilo que

    tero de dar e receber.Um exemplo de contrato comutativo o de compra e venda, quando como em regra,

    uma parte vende um bem mvel ou imvel outra, que paga pela aquisio, j sabendo de

    pronto qual o valor.

    De certa forma, existe nos contratos comutativos, uma equivalncia de prestaes.

    Entretanto, no essa equivalncia de prestaes que os caracteriza, mas sim o fato de a

    14Rodrigues, Silvio. Pg. 31.

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    respectiva vantagem ou sacrifcio poder ser avaliado no ato em que o contrato de aperfeioa.15

    8. (F) No havendo a certeza quanto as prestaes derivadas de um contrato aleatrio,

    este denomina-se bilateral imperfeito;

    Os contratos aleatrios so regulados pelo CC/02 nos artigos 458 a 461, e so assim

    denominados haja vista que o contedo das prestaes de uma das partes desconhecido,

    quando da formao do vnculo.

    Para Carlos Roberto Gonalves, o contrato aleatrio o bilateral e oneroso em que

    pelo menos um dos contraentes no pode antever a vantagem que receber, em troca da

    prestao exercida. 16O contrato bilateral imperfeito aquele que surge unilateral, com efeitos para somente

    uma das partes, e que por motivos supervenientes, gera obrigaes para o outro plo da

    relao contratual. Um exemplo o contrato de comodato, que nasce unilateral, mas pode

    gerar obrigaes ao comodante em face de danos causados ao comodatrio.

    Silvio Venosa defende que a distino entre contratos unilaterais e bilaterais deve ter

    seu foco no momento da celebrao, sendo assim, no deixa de ser unilateral o contrato que

    por motivos acidentais, passa a impor obrigaes para ambas s partes da relao contratual.17

    9. (F) Por contratos nominados, entende-se somente aqueles que se encontram

    catalogados no cdigo civil;

    Contratos nominados so aqueles que tm denominao prevista no somente no

    Cdigo Civil, mas tambm em leis esparsas do nosso ordenamento jurdico.

    O Cdigo Civil regulamenta vinte e trs espcies de contrato, como por exemplo, ocontrato de compra e venda e o de locao. Sendo assim, so denominados contratos

    nominados ou tpicos.

    10. (F) Os contratos inominados, assim se denominam por possurem princpios

    contratuais prprios, distintos dos contratos nominados;

    15RODRIGUES, Silvio. Pg. 34.

    16GONALVES, Carlos Roberto. Pg. 74

    17VENOSA, Silvio de Salvo. Pg. 424.

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    Os contratos inominados assim se denominam por no estarem previstos em nenhuma

    legislao. Tambm so conhecidos como atpicos.

    A base legal para formao dos contratos inominados ou atpicos est no artigo 425 do

    Cdigo Civil, a saber: lcito s partes estipular contratos atpicos, observadas as normas

    gerais observadas neste Cdigo.

    Para Silvio Rodrigues inominados ou atpicos so os contratos que a lei no

    disciplina expressamente, mas que so permitidos, se lcitos, em virtude do princpio da

    autonomia privada. 18

    Os contratos inominados surgem na vida cotidiana, impostos pelas necessidades

    humanas decorrentes das relaes comerciais. Todavia, isso no significa que eles tm seus

    prprios princpios. Todos os contratos, sejam tpicos ou atpicos, devem observar osprincpios que regem os contratos, quais sejam, boa-f, relatividade, consensualismo, entre

    outros.

    11. (V) Os contratos reais, em regra, so unilaterais e gratuitos;

    Contratos reais so aqueles que se aperfeioam somente com a entrega da coisa, feita

    de um contratante para o outro. O contrato de depsito, por exemplo, s ser concretizado

    quando a coisa for entregue, depositada. Em outras palavras, esses contratos no se formamsem a tradio da coisa.

    Em regra, os contratos reais so unilaterais, pois geram obrigaes somente para o

    comodatrio, o muturio, entre outros.19

    So tambm gratuitos, tendo em vista que somente uma das partes ter obrigaes,

    enquanto o outro s auferir benefcios.

    12. (V) Os contratos no solenes, ou consensuais, para sua formao exigem apenas afuso da vontade de uma das partes;

    Contratos consensuais ou no solenes so os contratos que independem de uma forma

    especial e que em geral, se perfazem pelo simples acordo das partes. Basta o consenso das

    partes envolvidas.

    Os contratos no solenes independem de forma exigida por lei. Podem ser

    convencionados pelas partes, at mesmo verbalmente.

    18RODRIGUES, Silvio. Pg. 37.

    19GONALVES, Carlos Roberto. Pg. 88.

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    13. (F) Os contratos reais, para sua formao, no exigem a vontade das partes;

    Os contratos reais so aqueles em que para que seja concretizado necessrio a

    entrega da coisa que constitui seu objeto.

    A vontade das partes um elemento essencial para a formao de todos os contratos,

    por este motivo so bilaterais, no mnimo. No h contrato sem o consentimento das partes.

    No caso dos contratos reais, o que acontece que no suficiente a simples vontade

    das partes para que se concretize o negcio, necessrio um algo mais, um passo alm, ou

    seja, a entrega da coisa. S assim o contrato estar formado.

    Para Arnoldo Wald, contrato real , de acordo ainda com a lio dos romanistas,

    aquele cuja realizao depende da entrega de certo objeto, como ocorre no mtuo, no

    comodato e no depsito. 20

    14. (F) Tendo a forma como sendo imprescindvel para sua substncia, os contratos

    denominam-se substanciais e abstratos;

    Os contratos que dependem de uma formalidade especial, exigida Poe lei, denominam-

    se solenes e no abstratos.

    O contrato solene aquele que exige escritura pblica. Diferente de outros contratos

    que exigem forma escrita, o que os torna formais, porm, no necessariamente solene.21

    Nocontrato solene, a ausncia da forma exigida em lei o torna nulo.

    Os contratos solenes so a exceo no Direito brasileiro, que adota a forma livre para a

    formao dos contratos, conforme disciplina o art. 107 do CC/02. J o artigo 108, disciplina

    os caso em que ser exigida a solenidade, a saber: No dispondo a lei em contrrio, a

    escritura pblica essencial validade dos negcios jurdicos que visem constituio,

    transferncia, modificao ou renncia de direitos reais sobre imveis de valor superior a

    trinta vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas.Conforme ensina Carlos Alberto de Arruda Silveira, quando a lei prescreve forma

    determinada, ou veda a utilizao de determinadas frmulas para certos negcios, a

    inobservncia desta imposio pode levar nulidade do contrato. 22

    15. (F) Todo contrato subsiste de forma autnoma, pois no h contrato acessrio;

    20WALD, Arnoldo. Curso de Direito Civil Brasileiro. Obrigaes e Contratos. 13 Edio. Pg.220. 1998.

    21VENOSA, Silvio de Salvo. Pg. 447.

    22SILVEIRA, Carlos Alberto de Arruda. Contratos. 2 edio. Pg. 37. Editora de Direito. Leme-SP. 1999.

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    Existem os contratos principais, que existem por si s, exercendo sua finalidade

    independentemente de outro. Exemplo de contrato principal o de compra e venda. Contudo,

    existem os contratos acessrios, que acompanham o principal, ou seja, dependem da

    existncia de outro contrato para que possam produzir seus efeitos. Exemplo de contrato

    acessrio o de fiana.

    O contrato acessrio acompanha o principal. Havendo nulidade no contrato principal,

    esta atinge tambm o acessrio, o que no se configura se ocorrer o contrrio, ficando a

    nulidade somente no acessrio.

    Geralmente os contratos acessrios servem de garantia a uma obrigao dita como

    principal, como no caso da fiana. O artigo 92 do Cdigo Civil, disciplina que: principal o

    bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessrio, aquele cuja existncia supe ado principal.

    16. (F) Est-se diante de um contrato sucessivo, quando se visualiza a entrega da coisa

    mediante o recebimento do preo;

    Quando se visualiza a entrega da coisa mediante o recebimento do preo, estamos

    diante de um contrato de execuo imediata. So os contratos que se esgotam em um s

    momento, imediatamente aps a celebrao, mediante uma nica prestao, como porexemplo, o contrato de compra e venda vista.

    Por outro lado, os contratos sucessivos so aqueles que se prolongam no tempo. o

    caso da locao, onde o pagamento de um aluguel no libera o contratante, somente da dvida

    relativa quele determinado perodo, sendo o vnculo contratual continuado at o prazo

    estipulado pelas partes.

    A diferenciao importante, pois, nos casos de inadimplemento ou anulao, nos

    contratos de execuo imediata as partes retornam ao status anterior, j nos sucessivos, osefeitos j produzidos no so atingidos.23

    17. (V) Os contratos mercantis diferenciam-se dos civis por apresentarem causas e

    objetos distintos;

    O critrio mais seguro, embora no absoluto, para distinguir o contrato mercantil do

    civil por meio das partes. Quando ao menos uma das partes que os integra comerciante ou

    23SILVEIRA, Carlos Alberto de Arruda. Contratos. 2 Edio. Pg. 25. Editora de Direito. Leme-SP. 1999.

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    empresa, o contrato se enquadra no direito Empresarial (o termo Direito Comercial no

    muito usado nos tempos atuais).

    Para Arnoldo Wald os contratos so mercantis quando so realizados entre

    comerciantes e com finalidade lucrativa, por outro lado, so civis quando no praticados por

    comerciantes, no regulados pelo direito comercial e sem finalidade lucrativa. 24

    18. (F) Os contratos individuais diferenciam-se dos coletivos por apresentarem apenas

    um integrante em cada polo;

    Contratos individuais so aqueles em que todos os integrantes tm voz ativa e podem

    apresentar sua opinio. As vontades so individualmente consideradas.

    Nos contratos coletivos a manifestao uma s por parte de todo o grupo, ou seja,no h manifestao individual por parte dos membros. Para Caio Mrio, o contrato coletivo

    quando quando, na sua perfeio, a declarao volitiva provm de um agrupamento de

    indivduos, organicamente considerado. A vontade do agrupamento dirigida criao do

    iuris vinculum, como o querer coletivo dele. 25

    19. (F) Presente um monoplio de direito ou de fato, que causa a preponderncia de um

    dos contraentes, pode-se classificar o contrato como solidrio;O enunciado trata claramente de um contrato de adeso e no de um contrato solidrio.

    O contrato de adeso aquele que apresenta todas as clusulas predispostas por uma das

    partes. Cabe parte aderente do contrato, aceit-lo ou no.

    Exemplo de contrato de adeso o contrato bancrio, securitrio, de transporte, onde

    quem o redige a empresa. Tal contrato est ligado s relaes de consumo. Ou voc assina

    da maneira como ele foi elaborado ou o negcio no sai.

    Entretanto, de incio pode parecer que um contrato de adeso seja imutvel. No bemassim. O Cdigo Civil prev uma proteo parte aderente quanto a clusulas desvantajosas,

    O artigo 424 diz que: Nos contratos de adeso, so nulas as clusulas que estipulem a

    renncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negcio.

    O CC/02 traz ainda outra norma importante que regula os contratos de adeso,

    conforme artigo 423, a saber: Quando houver no contrato de adeso clusulas ambguas ou

    contraditrias, dever-se- adotar a interpretao mais favorvel ao aderente.

    24WALD, Arnoldo. Pg. 224.

    25PEREIRA, Caio Mrio da Silva. Pg. 57.

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    O Cdigo de defesa do consumidor tambm o conceitua, no seu artigo 54, conforme

    segue transcrio: Contrato de adeso aquele cujas clusulas tenham sido aprovadas pela

    autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou

    servios, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu contedo.

    O Cdigo do Consumidor no para por a, estipulando no decorrer do seu texto,

    algumas normas para que sejam colocados em p de igualdade, os contraentes. Assim como

    segue o Art. 54 3 - Os contratos de adeso escritos sero redigidos em termos claros e

    com caracteres ostensivos e legveis, cujo tamanho da fonte no ser inferior ao corpo doze,

    de modo a facilitar sua compreenso pelo consumidor.

    Continua no 4: As clusulas que implicarem limitao de direito do consumidor

    devero ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fcil compreenso.Na doutrina de Arnoldo Wald:

    Contrato de adeso aquele em que um dos contratantes ou ambos no

    tm a liberdade contratual para discutir os termos do contrato,

    podendo apenas aceit-lo ou recus-lo, atendendo-se prpria

    natureza do contrato ou a determinaes legais que fixam as condies

    dos contratos de certo tipo.26

    20. (F) Os contratos de adeso ou paritrios, excluem a possibilidade da livre conveno

    das clusulas contratuais;

    Os contratos que excluem a possibilidade de conveno das clusulas pelas partes so

    os de adeso. Os contratos paritrios so aqueles em que ambos os interessados so colocadosem p de igualdade e podem discutir as clusulas contratuais, uma a uma, eliminando os

    pontos divergentes mediante transigncia mtua.

    O contrato paritrio enquadra-se no conceito clssico de contrato, onde as partes

    estipulam suas necessidades, eliminando as divergncias. a chamada fase puntuao.

    26WALD, Arnoldo. Pg. 221.

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    5. Extino

    6.1 Resciso:

    A resciso contratual deve ser arguida perante o Poder Judicirio, em decorrncia de

    vcios que impugnam o contrato. o rompimento do contrato viciado.

    Os termos usados para as diversas formas de desfazimento ou extino dos contratos

    so fonte de divergncias doutrinrias. No h concordncia quanto aos termos resciso,

    resilio, resoluo e revogao.

    Vejamos como o termo resciso tratado por Silvio de salvo Venosa:

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    A resciso palavra que traz, entre ns, a noo de extino da

    relao contratual por culpa. Originalmente, vinha ligada to s ao instituto

    da leso. No entanto, geralmente quando uma parte imputa outra o

    descumprimento de um contrato, pede a resciso em juzo e a sentenadecreta-a. Os interessados, no entanto, usam com freqncia o termo com o

    mesmo sentido de resilir, isto , terminar a avena de comum acordo,

    distratar o que foi contratado. Nada impede que assim se utilize, num costume

    arraigado em nossos negcios.

    6.2 Contratos bilaterais

    Extines e Exceptios ContratuaisOpte nos negritos e justifique a redao final

    A) 203342 AO POSSESSRIA COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA

    ANDIMPLNCIA EXCEPTIO NON (RITE) ( ) ADIMPLETI CONTRACTUS

    ESBULHO NO CONFIGURADO Se, em contrato de compromisso de compra e

    venda de imvel, fica condicionado que o restante do pagamento ser feito aps

    providenciada toda a documentao para o financiamento do bem, o promissriocomprador (no) ( ) estar na obrigao de efetivar pagamento enquanto o

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    promitente vendedor no cumprir totalmente sua parte. a exceptio non ( ) (rite)

    adimpleti contractus, garantida para os contratos sinalagmticos. ( ) (No h), pois,

    falar, nestes casos, em inadimplncia do comprador. De outro lado, se a posse de uma

    das partes resulta de contrato, enquanto no rescindido este e durante o tempo em que

    conserv-la por este ttulo, (no) ( )h esbulho. El. Improvidos. (TJGOEl 514-5GO

    CCR.Rel. Des. Castro FilhoJ. 04.09.1991) (RJ 172/81)

    No caso em tela, foi condicionado que o restante do pagamento do contrato de compra

    e venda do bem, seria feito aps as providncias por parte do vendedor, em relao aos

    documentos necessrios.

    No pode o promitente exigir que o promissrio pague o restante antes que ele cumpra

    a parte que lhe cabe no contrato. Trata-se, pois, da exceptio non rite adimpleti contractus,quando uma das partes no cumpre parcialmente sua obrigao contratual.

    O cdigo civil disciplina a matria no artigo 476, a saber: Nos contratos bilaterais,

    nenhum dos contratantes, antes de cumprida sua obrigao, pode exigir o implemento da do

    outro.

    O instituto da exceptio non rite adimpleti contractus, funda-se em um descumprimento

    parcial, incompleto ou defeituoso do negcio.27Sendo assim, a parte pode opor a exceptio non

    rite, para defender-se exigindo que a outra complemente sua prestao para que realize asua.28

    B) 205715 PROMESSA DE COMPRA E VENDA INADIMPLEMENTO

    RESCISO CONTRRATUAL CONTRATO DE ADESO ART. 1092 DO

    CDIGO CIVIL (476 NCC)A promessa de compra e venda, no obstante tratar-se de

    contrato cujas clusulas foram pr-elaboradas pelo promissrio-vendedor, (no) ( ) se

    enquadra na categoria dos contratos de adeso, pois estes s se caracterizam quandoexiste um monoplio de fato, ou de direito, de uma das partes que elimina a

    concorrncia para realizar o negcio jurdico. Se a situao ( ) (no) se configura desse

    modo, poder haver contrato por adeso, jamais de adeso. A inadimplncia do

    promissrio-vendedor (no) ( ) autoriza a resciso do negcio jurdico quando o

    promissrio-comprador, deixando de cumprir sua obrigaoo pagamento do preo - (

    ) (no) se utiliza dos meios de fazer valer o seu direito, como, por exemplo, demanda

    consignatria, esbarrando, na ( ) (proibio)prevista no art. 1.092 do CC (476 NCC),

    27VENOSA, Silvio de Salvo. Pg.428.

    28SILVEIRA, Carlos Alberto de Arruda. Pg. 48.

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    tendo em vista que a ningum dado beneficiar-se da prpria torpeza. Assim,

    inadmissvel a resilio do contrato, com fulcro na culpa bilateral. (TAMG AC

    245.730-97 C.Rel. Juiz Quintino do PradoJ. 06.11.1997) (0669/350)

    Quando uma das partes deixa de cumprir sua obrigao no contrato, a outra deve

    valer-se de seus direitos com base na lei. No caso em tela, o inadimplemento do promissrio-

    vendedor, no justifica o inadimplemento do promissrio-comprador, que deve agir com base

    nas possibilidades legais, previstas no Cdigo Civil, como, por exemplo, o pagamento em

    consignao, previsto no artigo 334.

    Para que pudesse haver a resoluo contratual, seria necessrio o adimplemento por

    parte do demandante, j que, como diz o enunciado, ningum poder valer-se de sua prpria

    torpeza.A resciso imposta perante o Poder Judicirio em situaes em que uma das partes

    for lesada em decorrncia de vcios que impugnam o contrato. Contudo, no caso em epgrafe,

    o termo correto a ser aplicado a resoluo, que ocorre com o inadimplemento de uma das

    partes nos contratos bilaterais.

    C) 205588 PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMVEL NA PLANTA

    INADIMPLEMENTO CONTRATUAL RESCISO DA AVENA COMINDENIZAO Havendo data certa para a entrega do bem prometido venda,

    (desnecessria) ( ) a prvia interpelao para a resciso contratual, posto que,

    descumprido o prazo contratual ( ) prevalece o princpio dies in terpel lat pro homini .

    Uma vez feita a prova de que no houve a entrega do bem prometido venda no prazo

    previsto no contrato, resta ( ) caracterizado o prejuzo decorrente da falta dos frutos

    civis que esse bem proporcionaria ao promitente comprador. A lei ( ) faculta parte

    lesada, porque a obrigao (no) ( ) foi cumprida no tempo devido, requerer e rescisodo contrato com perdas e danos. a inteligncia haurida dos arts. 1.056 e 1.092,

    pargrafo nico, do Cdigo Civil (474 e 475 do NCC). (TJDFAC 48.112/98(110.826)

    -5 T.Rel. Des. Romo C. OliveiraDJU 16.12.1998p. 51)

    Segundo o princpio dies interpellat pro homini, a no entrega da coisa no prazo

    estipulado, constitui em mora o devedor automaticamente. Em geral, a mora se constitui para

    o devedor, assim que no cumprida a obrigao.

    Conforme dispe o artigo 474 do cdigo Civil, a clusula resolutiva expressa opera

    de pleno direito; a tcita depende de interpelao judicial, sendo assim, no necessria a

    prvia interpelao para a resoluo contratual.

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    O dano causado pelo inadimplemento proporciona parte lesada, o direito de pedir a

    resoluo do contrato ou o seu cumprimento, sem prejuzo das pernas e danos que couber em

    ambos os casos, conforme disciplina o artigo 475 do CC/02, a saber: A parte lesada pelo

    inadimplemento pode pedir a resoluo do contrato, se no preferir exigir-lhe o

    cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenizao por perdas e danos.

    Conforme deciso acima, nos contratos bilaterais necessrio que ambas as partes

    cumpram suas obrigaes, sendo claro que se uma das partes no o fizer estar liberando o

    outro, vide art. 475 do CC/02

    D) 1008518 LOCAO. DESPEJO. FALTA DE PAGAMENTO. EXCEO DE

    CONTRATO NO CUMPRIDO. Agravo de instrumento. Despejo por falta depagamento. Exceptio non ( ) adimpleti contractus argida pela (r) ( ). Em princpio,

    (no) ( ) pode eximir-se o locatrio do pagamento dos alugueres e demais encargos.

    Todavia, quando o estado do imvel de tal sorte lastimvel, sem que o locador, apesar

    de j ter sido alvo de inmeras aes, adote medidas adequadas ( ) se constitui em

    direito seu a reteno do pagamento do aluguel, at que providncias efetivas sejam

    tomadas, se acaso (verdadeiras) ( ) as crticas da r. Inteligncia dos arts. 1092 e 1189,

    I, do CC (476 e 566, I NCC). Percia deferida. Deciso mantida. Agravo improvido.(TARS AGI 188.106.256 5 CCiv. Rel. Juiz Ramon Georg Von Berg J.

    28.03.1989)

    Nos contratos bilaterais quanto aos seus efeitos, ambas as partes devem cumprir com

    suas obrigaes, para que assim, possam dar continuidade ao vnculo contratual.

    Contudo, no caso acima mencionado, o locatrio alega o no pagamento do aluguel,

    tendo em vista o pssimo estado em que o imvel se encontra, sem que o locador tome as

    providncias necessrias.Quando uma das partes deixa de cumprir, ainda que parcialmente, sua obrigao, pode

    a outra parte alegar a exceptio non adimpleti contractus.No caso em tela, no pode o locador

    exigir o cumprimento dos alugueres se ele prprio no cumpre suas obrigaes de bem

    conservar o imvel.

    Contrato bilateral gera obrigaes para ambas as partes, conforme artigo 476 do

    Cdigo Civil de 2002, a saber: Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de

    cumprida a sua obrigao, pode exigir o implemento da do outro. Destarte, para o

    caso em tela, o julgador baseou-se na obrigao que impe o art. 566, I do Cdigo Civil ao

    locador, vejamos: O locador obrigado: I - a entregar ao locatrio a coisa alugada, com

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    suas pertenas, em estado de servir ao uso a que se destina, e a mant-la nesse estado, pelo

    tempo do contrato, salvo clusula expressa em contrrio.

    No pode o locador exigir o cumprimento da obrigao do locatrio, sem antes

    cumprir com sua parte no contrato, sob pena de culpa bilateral.

    O efeito da exceo argida a paralisao da ao do autor, j que um meio de

    defesa processual. No se debate o mrito do direito arguido, nem o excipiente nega a

    obrigao, apenas contestada a exigibilidade, em face de no haver o excepto adimplido o

    contrato.29

    6. Vcios redibitrios e evico

    Caso para Exame

    Andr adquire da pecuria escolha certa 2.000 (duas mil) frangas poedeiras, avescom cinco dias. A empresa lhe envia 2.000 animais com cinco dias, no entanto, frangos.

    Sendo imperceptvel a diferena entre frangas e frangos nos primeiros dois meses

    de vida do animal, Andr recebeu-os, deu quitao, pagando o preo ajustado na

    entrega e, assim, iniciou a criao, esperanoso quanto produo de ovos.

    A) Passados dois meses e, Andr, verificando a real situao dos animais, haveria algum

    vcio para o contrato?

    29RODRIGUES, Silvio. Pg. 85/86.

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    Existe um vcio de consentimento no contrato em que Andr recebe os frangos ao

    invs das frangas. Trata-se de erro, j que por falha do vendedor (pecuria Escolha Certa), o

    comprador recebeu coisa diversa da que fora pactuada.

    O erro um registro falso da realidade, uma falsa noo que se tem sobre um

    elemento que influencia a formao de vontade do declarante. Neste caso, trata-se de erro que

    recai sobre o objeto principal da declarao de vontade, j que Andr adquiriu coisa diversa

    da que pretendia, o error in corpore.

    B) Reconhecido algum vcio contratual em resposta letra A, qual a medida jurdica

    possvel e em que prazo?

    A medida cabvel seria a ao anulatria, j que os contratos que contm vcios de

    consentimento so passveis de anulao.C) Caso a empresa comunicasse o fato da troca dos animais e Andr aceitasse ficar com

    estes, qual a figura jurdica presente?

    Quando uma das partes extingue a obrigao entregando coisa diversa da que fora

    pactuada, com o consentimento da outra parte, est presente o instituto da Dao em

    pagamento. O artigo 356 do Cdigo Civil dispe que: O credor pode consentir em receber

    prestao diversa da que lhe devida, sendo assim, necessria a aprovao do devedor.

    Maria helena Diniz destaca que a Dao em pagamento o acordo liberatriofeito entre o credor e o devedor, em virtude do qual consente ele em receber coisa que no

    seja dinheiro, em substituio prestao que lhe era devida.30

    D) Na hiptese da empresa ter entregado as 2.000 frangas, e estas, aps 04 meses,

    confirmarem-se inaptas produo de ovos, seria inadimplemento?

    Neste caso no se caracterizaria o inadimplemento j que a empresa entregou a coisa

    que era devida, firmando assim a tradio da obrigao. Contudo, trata-se de um caso em que

    o produto apresentou um defeito, um vcio oculto ou redibitrio, que s pode ser conhecidoaps a tradio.

    E) Apontado algum vcio jurdico na letra D, qual a pretenso cabvel e o seu prazo?

    Trata-se um vcio oculto e pode ser intentada ao redibitria ou quantiminoris ou

    ainda ao estimatria. O prazo

    Caso para exame

    30DINIZ, Maria Helena. Cdigo Civil Comentado. Pg. 197.

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    Jos adquire de Marcelo, aps pacto oneroso, uma rea de terra rural. Firmam a

    escritura de compra e venda e Jos, devidamente, transcreve-a no registro de imveis.

    Quando da compra, Jos, ao vistoriar a rea, notou a presena de plantaes, que

    imaginou serem da lavra de Marcelo.

    Dez meses aps a compra, Jos citado para responder uma ao de usucapio,

    que lhe move Antnio, que se diz proprietrio por ter exercido a posse da rea por mais

    de 20 anos. Posse esta, que se completou h dois meses, o que a pura realidade.

    A) Sendo acionado por Antnio, existe algum direito de Jos frente a Marcelo?

    Jos no tem nenhum direito frente a Marcelo, j que quando se completou o tempo de

    posse exigido para pleitear a ao de usucapio, a propriedade j pertencia a ele. Sendo assim,no h que se falar em evico.

    B) Existindo algum direito qual a medida legal cabvel e como exerc-la?

    Jos no tem nenhum direito frente a Marcelo, pode, contudo, defender-se

    judicialmente da ao de usucapio que lhe move Antnio.

    C) Caso o prazo da usucapio j estivesse completo no momento da venda, como ficaria

    a situao jurdica de Jos, Marcelo e Antnio?

    Neste caso ocorre o instituto da evico, que a perda da propriedade ou de uma coisapara terceiro, em razo de ato jurdico anterior e em virtude de uma sentena judicial, que as

    atribui a uma terceira pessoa, reconhecendo que o alienante no era titular legtimo do direito

    que transferiu. A evico supe a perda total ou parcial da coisa, em mo do adquirente, por

    ordem do Juiz, que a defere a outrem.

    Conforme estipula o artigo 447 do Cdigo civil, Nos contratos onerosos, o alienante

    responde pela evico. Subsiste esta garantia ainda que a aquisio se tenha realizado em

    hasta pblica, sendo assim, deve o alienante indenizar o adquirente.Para defender-se, deve o evicto, proceder denunciao da lide, chamando ao

    processo a pessoa que lhe vendeu o bem, ou seja, o alienante.

    Caso para exame

    Jos contrata uma assessoria jurdica para orient-lo no contrato preliminar de

    compra de um imvel pertencente a Pedro, onde pretende instalar um posto de

    combustveis. O valor do imvel R$ 100.000,00 (cem mil reais). O escritrio formaliza

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    o contrato e faz constar o sinal de R$ 10.000,00 (dez mil reais) como arras penitenciais,

    sendo que o saldo ser pago na escritura definitiva, em trinta dias.

    Com o compromisso em mos, Jos investe mais de R$ 500.000,00 (quinhentos

    mil reais) em estruturas para o estabelecimento.

    Tomando conhecimento do negcio, um concorrente de Jos, procura Pedro, o

    dono do imvel, e lhe paga R$ 150.000,00 vista pelo imvel, firmando a devida

    escritura.

    A) O negcio firmado pelo concorrente vlido? Justifique.

    O negcio firmado pelo concorrente de Jos vlido, j que, as arras pagas por Jos,

    foram meramente penitenciais, ou seja, permitiam o arrependimento das partes.O Cdigo Civil trata das arras penitenciais no artigo 420, sendo assim, vejamos: Se

    no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou

    sinal tero funo unicamente indenizatria. Neste caso, quem as deu perd-las- em

    benefcio da outra parte; e quem as recebeu devolv-las-, mais o equivalente. Em ambos os

    casos no haver direito a indenizao suplementar.

    Se ao contrrio de pagar as arras penitenciais, excluindo a clusula do contrato, as

    arras seriam confirmatrias, o que tornaria o contrato obrigatrio para ambas as partes.Ocorrendo a desistncia, Jos poderia pleitear as perdas e danos, ou obrigar o cumprimento do

    contrato.

    A no possibilidade de mais nenhuma cobrana est pacificada no direito brasileiro.

    Vejamos o que diz a Smula 412 do STF a respeito do tema: No compromisso de compra e

    venda com clusula de arrependimento, a devoluo do sinal, por quem o deu, ou a sua

    restituio em dobro, por quem o recebeu, exclui indenizao maior a ttulo de perdas e

    danos, salvo os juros moratrios e os encargos do processo.B) Qual o efeito do contrato de Jos? Justifique.

    Jos ter direito apenas de exigir as arras que pagou mais o equivalente, ou seja, R$

    20.000,00 (vinte mil reais). No h que se falar em perdas e danos ou obrigatoriedade no

    cumprimento do contrato.

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    7. Contrato de Compra e Venda

    Marque V para verdadeira e F para falsa, justificando em folha a parte:

    1. (F) o contrato de compra e venda gera apenas direito real.

    O contrato de compra e venda d aos contratantes to somente um direito pessoal,

    gerando ao vendedor a obrigao de transferir o domnio.

    No o contrato que transfere a propriedade da coisa. A propriedade transferida pela

    tradio ou registro. O contrato somente cria a obrigao de uma transferncia da coisa.

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    2. (V) A compra e venda um contrato sinalagmtico, oneroso, em regra comutativo e

    no solene.

    O contrato de compra e venda sim um contrato sinalagmtico, pois gera obrigaes

    para ambas as partes, j que o alienante tem obrigao de entregar a coisa alienada conforme

    o combinado e comprador tem o dever de pagar corretamente.

    tambm oneroso j que ambas as partes auferem vantagens patrimoniais de suas

    prestaes.

    So, em regra, comutativos, j que quase sempre o objeto certo e seguro (certeza

    quanto ao valor) com equivalncia aproximada das prestaes e contraprestaes. Entretanto,

    pode haver casos em que seja aleatrio, quando h dvida quanto existncia ou valor de uma

    das prestaes, dependendo de um evento incerto como, por exemplo, a venda de colheitafutura, havendo ou no safra.

    O contrato de compra e venda no solene, pois ele se aperfeioa com o simples

    consenso ou manifestao de vontade dos contraentes, no se exigindo forma especial. Com a

    manifestao de vontades o contrato j se torna apto a gerar efeitos.

    3. (F) Pode ser objeto da compra e venda, tanto coisas quanto servios.

    A coisa o objeto da compra e venda. Segundo a doutrina ela deve ser corprea(mveis ou imveis). Isto porque os bens incorpreos (direitos de inveno, de propriedade

    literria, cientfica ou artstica) somente poderiam ser objeto de contrato de cesso de direitos.

    Os servios so prestados e no comprados.

    4. (V) A partir da compra e venda o comprador assume os riscos sobre a coisa somente

    com a tradio.

    Os riscos relacionam-se com a responsabilidade, caso a coisa ou preo no seja pago.A tradio o momento da entrega da coisa, sendo assim, s ter responsabilidade sobre ela,

    o comprador, quando j houver ocorrido a tradio.

    O artigo 492 do Cdigo Civil dispe que: At o momento da tradio, os riscos da

    coisa correm por conta do vendedor, e os do preo por conta do comprador.

    5. (F) Na venda vista, em regra, o vendedor deve entregar a coisa para exigir o preo.

    O artigo 495 do Cdigo Civil dispe que: No obstante o prazo ajustado para o

    pagamento, se antes da tradio o comprador cair em insolvncia, poder o vendedor

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    sobrestar na entrega da coisa, at que o comprador lhe d cauo de pagar no tempo

    ajustado.

    O contrato de compra e venda bilateral, sendo assim, gera obrigaes para os dois

    plos. No pode uma parte exigir a obrigao sem que tenha cumprido com a sua. Contudo,

    podem as partes pactuar o pagamento vista e posterior entrega da coisa.

    6. (F) O ascendente no pode doar ao descendente sem consentimento dos demais

    descendentes, no entanto, pode vender sem esta formalidade.

    A lei civil probe que os ascendentes vendam aos descendentes quaisquer bens, sem

    que haja o consentimento dos outros descendentes e do cnjuge do alienante, salvo se casado

    sob o regime de separao obrigatria de bens sob pena de anulao do ato. Isto porque essavenda poderia simular uma doao em prejuzo dos demais herdeiros.

    Vejamos o que diz o artigo 496 do Cdigo Civil: anulvel a venda de ascendente a

    descendente, salvo se os outros descendentes e o cnjuge do alienante expressamente

    houverem consentido.

    7. (F) na venda de coisa indivisvel, o condmino ter direito de preferncia desde que

    convencionado tal direito.O condmino, enquanto pender o estado de indiviso, no poder vender a sua parte a

    estranho, se o outro condmino a quiser. Trata-se do chamado direito de preferncia do

    condmino sobre a venda de bem indivisvel. O condmino a quem no se der conhecimento

    da venda, poder, depositando o preo, haver para si a parte vendida a estranhos, no prazo de

    seis meses.

    A preferncia que recai sobre os condminos na venda de coisa indivisvel est

    expressa no artigo 504 do CC/02, seno vejamos: No pode um condmino em coisaindivisvel vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O

    condmino, a quem no se der conhecimento da venda, poder, depositando o preo, haver

    para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena

    de decadncia.

    Sendo assim, no h que se falar em direito convencionado pelas partes, j que a lei

    regula a preferncia do condmino sobre um bem indivisvel.

    8. (F) Na venda ad corpus, a falta da medida esperada implica na possibilidade de se

    exigir o complemento da rea, resoluo contratual ou abatimento no preo.

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    A venda ad corpusdiz respeito venda de imvel como corpo certo e determinado,

    independentemente das medidas especificadas no instrumento.

    As vendas ad corpusso bastante comuns nos imveis rurais, em que h expresses

    como aproximadamente, mais ou menos. Tambm em vendas em que h apenas meno aos

    confinantes, ou apenas ao nome da fazenda. Em verdade, no caso concreto, depender do

    exame da real inteno das partes

    Na venda ad corpus presume-se que o comprador conhece as dimenses do bem que

    ir adquirir. Por exemplo, l o anncio da venda doEdifcio Pallace, cujo contrato no traz as

    dimenses do imvel, sendo assim, trata-se de venda de copo certo e objeto determinado. No

    pode depois, reclamar a falta de uma dimenso pretendida, j que adquiriu um bem que viu e

    conheceu, pagando um preo global.31Vejamos o que diz o artigo 500, 3 do Cdigo Civil de 2002: No haver

    complemento de rea, nem devoluo de excesso, se o imvel for vendido como coisa certa e

    discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referncia s suas dimenses, ainda que no

    conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.

    Conforme disposto acima, no h necessidade de constar no contrato que a venda ad

    corpus, contudo, recomendvel que se faa.

    9. (V) Presume-se a venda ad mensuram se a diferena de rea for superior a 5%

    (1/20).

    A venda ad mensuram quando for por medida certa, pela qual se garantem asdimenses descritas no instrumento para fixar a extenso e a rea. 32O recebimento do bem

    com as dimenses especificadas no contrato garantia do comprador, com base no caputdo

    art. 500 do CC/02, a saber: Se, na venda de um imvel, se estipular o preo por medida de

    extenso, ou se determinar a respectiva rea, e esta no corresponder, em qualquer dos

    casos, s dimenses dadas, o comprador ter o direito de exigir o complemento da rea, e,

    31 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Vol III. Contratos em espcie. Pg. 41. 10 edio. Atlas. So Paulo.

    2010.32VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Vol III. Contratos em espcie. Pg. 41. 10 edio. Atlas. So Paulo.

    2010.

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    no sendo isso possvel, o de reclamar a resoluo do contrato ou abatimento proporcional

    ao preo.

    Entretanto, o pargrafo 1 do artigo supracitado, determina que embora a venda seja ad

    mensuram, poder haver uma diferena de at 5% na dimenso da rea, casos em que ser

    considerada apenas exemplificativa, seno vejamos: Presume-se que a referncia s

    dimenses foi simplesmente enunciativa, quando a diferena encontrada no exceder de um

    vigsimo da rea total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais

    circunstncias, no teria realizado o negcio.

    10. (F) A retrovenda permite a resoluo do contrato pelo vendedor, e somente se aplica

    para mveis.Conforme dispes o artigo 505 do Cdigo Civil, a saber: O vendedor de coisa imvel

    pode reservar-se o direito de recobr-la no prazo mximo de decadncia de trs anos,

    restituindo o preo recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que,

    durante o perodo de resgate, se efetuaram com a sua autorizao escrita, ou para a

    realizao de benfeitorias necessrias.

    A retrovenda o direito que tem o vendedor de reaver o imvel que vendeu,dentro de

    certo prazo, restituindo ao comprador o preo recebido, mais as despesas feitas pelocomprador. Trata-se de uma clusula resolutiva e deve ser expressa no contrato. Aplica-se a

    retrovenda somente a bens imveis.

    As partes podem pactuar o prazo de retrovenda, mas o mximo de 03 (trs) anos.

    Trata-se de prazo decadencial. Se o prazo no for pactuado, ser de trs anos.

    11. (V) A venda a contento impe uma condio suspensiva ou resolutiva compra e

    venda.Venda a contento consiste na hiptese de venda feita sob condio suspensiva. Neste

    caso, a venda no se aperfeioa enquanto o comprador no se declara satisfeito, mesmo que a

    coisa j tenha sido entregue.

    O artigo 509 do CC/02 disciplina a matria, a saber: A venda feita a contento do

    comprador entende-se realizada sob condio suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido

    entregue; e no se reputar perfeita, enquanto o adquirente no manifestar seu agrado.

    Sendo assim, o vendedor entrega o produto e aguarda pela aprovao do comprador. O

    comprador, por sua vez, enquanto no manifestar o seu agrado, mero comodatrio,

    conforme o artigo 511 do CC, que diz: Em ambos os casos, as obrigaes do comprador,

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    que recebeu, sob condio suspensiva, a coisa comprada, so as de mero comodatrio,

    enquanto no manifeste aceit-la.

    O prazo deve ser estipulado pelas partes e quando no o feito, poder o vendedor

    intimar o comprador, judicial ou extrajudicialmente para que o faa em prazo improrrogvel,

    com base no artigo 512 do Codx.

    12. (V) A clusula de perempo se aplica para mveis e imveis, e no gera o direito de

    sequela.

    A clusula de preempo no se confunde com a retrovenda, nesta o comprador

    obrigado a vender o bem adquirido, naquela, o vendedor tem o direito de preferncia caso o

    comprador venha a alienar o bem anteriormente adquirido.Na clusula de preempo, o preo a ser pago no mesmo de quando vendido ao

    comprador, mas sim, o de mercado. O anteriormente vendedor ter que pagar o preo

    estipulado pelo atual proprietrio.

    Tal instituto est regulamentado no art. 513 do CC/02, a saber: A preempo, ou

    preferncia, impe ao comprador a obrigao de oferecer ao vendedor a coisa que aquele

    vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelao na compra,

    tanto por tanto.A clusula de preempo nos contratos de compra e venda, aplica-se tanto em bens

    mveis quanto em bens imveis. Contudo, existe um prazo para que seja exercido o direito de

    preferncia protegido por tal instituto, conforme o pargrafo nico do art. 513 do CC/02,

    vejamos a seguir: O prazo para exercer o direito de preferncia no poder exceder a cento

    e oitenta dias, se a coisa for mvel, ou a dois anos, se imvel.

    No sendo fixado um prazo determinado, o direito de preempo caducar em trs dias

    se for mvel, ou sessenta dias se for imvel, conforme disciplinado no art. 516 do Cdigocivil.

    O descumprimento da clusula de preempo, gera penalidades, conforme o art. 518

    do CC/02, seno vejamos: Responder por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa

    sem ter dado ao vendedor cincia do preo e das vantagens que por ela lhe oferecem.

    Responder solidariamente o adquirente, se tiver procedido de m-f.

    13. (F) A clusula de reserva de domnio cria uma propriedade resolvel e que, para ter

    validade erga omnes, basta que seja firmada por escrito.

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    Ocorre a reserva de domnio quando se estipula em contrato de compra e venda de

    coisa mvel infungvel (regra), que o vendedor reserve para si a propriedade do bem, at o

    momento em que se realize o pagamento integral do preo, quando ento o negcio ter

    eficcia plena, com base no artigo 521 do Cdigo Civil de 2002, a saber: Na venda de coisa

    mvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, at que o preo esteja integralmente

    pago.

    Trata-se de um contrato formal, que deve ser feito sempre por escrito. Para ter

    validade erga omnesdeve ser registrado no cartrio de ttulos e documentos, conforme o

    artigo 522 do CC/02, que diz: A clusula de reserva de domnio ser estipulada por escrito

    e depende de registro no domiclio do comprador para valer contra terceiros.

    A doutrina predominante o considera como sendo uma venda sob condiosuspensiva, em que o evento futuro e incerto o pagamento integral do preo; suspende-se a

    transmisso da propriedade at que se tenha o implemento da condio, isto , o pagamento

    integral do preo ajustado.

    14. (V) Na venda sobre documentos, h uma substituio da tradio real pela ficta e,

    por sua natureza, se aplica apenas para mveis.

    Na venda sobre documentos, substitui-se a tradio da coisa, pela entrega de seu ttulorepresentativo ou outros documentos exigidos no contrato. Tal liberalidade est contida no

    artigo 529 do Cdigo Civil, conforme segue: Na venda sobre documentos, a tradio da

    coisa substituda pela entrega do seu ttulo representativo e dos outros documentos exigidos

    pelo contrato ou, no silncio deste, pelos usos.

    O pagamento, como regra, dever ser efetuado na data e local da entrega dos

    documentos, salvo estipulao em contrrio (art. 530 do CC/02).

    8.

    Reviso: Teoria geral Compra e venda

    01 (F) O princpio da boa f subjetiva rege os contratos e no admite excees.

    O princpio da boa f subjetiva diz respeito vontade das partes em relao quele

    contrato que ser celebrado. J o princpio da boa f objetiva diz respeito conduta das partes

    durante o estabelecimento e andamento do contrato.

    Trata-se de um padro comportamental, uma regra de conduta a ser seguida. Segundo

    este princpio, as partes devem agir com lealdade, probidade e confiana recprocas, com o

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    dever de cuidado, cooperao, informando o contedo do negcio e agindo com equidade e

    razoabilidade.

    O artigo 422 do Cdigo Civil assim disciplina: Os contratantes so obrigados a

    guardar, assim na concluso do contrato, como em sua execuo, os princpios de probidade

    e boa-f.

    A boa f objetiva deve ser avaliada na responsabilidade pr-contratual, contratual e

    ps-contratual.

    02 (F) Afirmar que a proposta no gera o contrato, mas vincula o proponente,

    incorreto, pois, o vnculo decorre do contrato que ainda no est gerado.

    O Cdigo Civil atual, disciplina a proposta contratual em seu artigo 427, a saber, Aproposta de contrato obriga o proponente, se o contrrio no resultar dos termos dela, da

    natureza do negcio, ou das circunstncias do caso.

    A proposta tem fora vinculante para garantir a estabilidade das relaes sociais j que

    quem a faz cria uma expectativa na outra parte. Entretanto, a proposta que contenha clusula

    no vinculativa, no gera obrigao para quem a faz, assim como a natureza do negcio ou

    circunstncias do caso.

    03 (V) Como um dos pressupostos do contrato, o consentimento, de modo genrico,

    poder ser expresso ou tcito;

    O consentimento, como elemento do contrato, a vontade livre e sem vcios,

    manifestada pelas partes. Pode ser expresso ou tcito, desde que espontneo.

    interessante acrescentar que muitas pessoas pensam que um contrato somente

    existir se for escrito. No entanto, sem que percebamos, durante um dia celebramos vrios

    contratos. E a maioria deles verbal. Quando tomamos um caf na padaria, quando tomamosuma conduo para trabalhar etc.

    04 (F) Se as partes nada convencionarem, as arras sero penitenciais.

    Arras so a quantia em dinheiro ou outra coisa mvel, fungvel, entregue por um dos

    contratantes ao outro, como prova de concluso do contrato (bilateral) e para assegurar o

    cumprimento da obrigao. Configura-se como princpio de pagamento e garantia para o

    cumprimento do contrato. As arras so dadas para significar que as partes chegaram a um

    acordo final.

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    A dvida que se perfaz em relao a esse instituto saber se do ou no direito a

    arrependimento. Caso no haja nenhuma previso de arrependimento no contrato, as arras

    sero denominadas confirmatrias, a regra. No possvel o arrependimento unilateral. O

    contrato dever ser cumprido e as arras sero abatidas no valor total do negcio.

    As arras penitenciais devem estar expressas no contrato, prevendo o direito de

    arrependimento de ambas as partes. Se quem pagou as arras se arrepender, o valor pago ficar

    com quem as recebeu. Se o contrrio ocorrer, ou seja, se quem recebe as arras se arrepender

    do negcio, ter que devolv-las, acrescidas de valor equivalente, ou seja, o dobro.

    05 (F) Os vcios redibitrios propiciam a devoluo da coisa ou o abatimento no preo,

    quando existir conveno expressa das partes.Vcios redibitrios so falhas ou defeitos ocultos existentes na coisa alienada, objeto

    de contrato comutativo, que a tornam imprpria ao uso a que se destina ou lhe diminuem

    sensivelmente o valor, de tal modo que o ato negocial no se realizaria se esses defeitos

    fossem conhecidos, dando ao adquirente direito para redibir (devolver a coisa defeituosa) ou

    para obter abatimento no preo.

    O vcio redibitrio se distingue do defeito visvel, aparente ou ostensivo por um lado, e

    do erro (vcio de vontade) por outro.No se faz necessria a conveno expressa entre as partes, para que seja imposta a

    redibio da coisa ou abatimento no preo, j que, trata-se de uma garantia legal, prevista nos

    artigos 441 a 446 do nosso Cdigo Civil.

    06 (F) A evico trata-se de uma regra cogente e que resulta sempre de deciso judicial.

    Evico a perda da propriedade de uma coisa para terceiro, em razo de ato jurdico

    anterior e em virtude de uma sentena judicial, que as atribui a uma terceira pessoa,reconhecendo que o alienante no era titular legtimo do direito que transferiu. A evico

    supe a perda total ou parcial da coisa, em mo do adquirente, por ordem do Juiz, que a defere

    a outrem.

    A evico uma garantia legal, prevista no Cdigo Civil, refere-se a garantia em

    relao a perda da coisa, total ou parcial, cuja causa seja anterior ao ato de transferncia.

    Assim disciplina o artigo 447 do Cdigo Civil: Nos contratos onerosos, o alienante

    responde pela evico. Subsiste esta garantia ainda que a aquisio se tenha realizado em

    hasta pblica.

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    Nos dizeres de Silvio Venosa, pra que se torne operativa essa garantia, necessrio

    que exista uma turbao de direito com relao propriedade ou posse do adquirente e que

    esse terceiro invoque um ttulo anterior ou contemporneo ao negcio que atribuiu a coisa ao

    adquirente. 33

    07 (F) Para a formao dos contratos basta o consenso puro e simples tendo como

    nica exceo os contratos reais.

    Contratos reais so os contratos que apenas se aperfeioam com a entrega da coisa,

    feita de um contratante para outro. O depsito, por exemplo. Este contrato somente ser

    concretizado quando a coisa for realmente entregue, depositada. Outros exemplos: comodato,

    mtuo, penhor, etc. Antes da entrega da coisa, tem-se apenas uma promessa de contratar e noum contrato perfeito e acabado, propriamente dito.

    08 (F) A teoria da impreviso poder ser levantada perante uma obrigao pura e

    simples.

    O art. 478, CC, adotou a Teoria da Impreviso, tambm conhecida pela chamada

    clusula rebus sic stantibus, tendo atrelado a este conceito a noo de onerosidade excessiva.

    Para permitir a resoluo do contrato, deve ocorrer um sensvel desequilbrio entre as partesenvolvidas, ocasionado por um evento extraordinrio e imprevisvel.

    Segundo Arnaldo Rizzardo, a teoria da impreviso corresponde ao princpio que

    admite a reviso dos contratos em certas circunstncias especiais, como na ocorrncia de

    acontecimentos extraordinrios e imprevistos, que tornam a prestao de uma das partes

    sumamente onerosas. 34

    Nas obrigaes puras e simples, no poder ser levantada tal teoria j que o objeto

    determinado, ou seja, no risco quanto mudanas nas prestaes.

    09 (F) Para a formao do vnculo, no contrato de estipulao em favor de terceiro, se

    exige capacidade do proponente, do beneficirio e do estipulante.

    Um dos princpios do contrato que ele no pode prejudicar nem beneficiar a

    terceiros, atingindo apenas as partes que nele intervieram, trata-se do princpio da

    relatividade. No entanto esse princpio no absoluto, podendo favorecer terceiros, porm,

    33VENOSA, Silvio de Salvo. Teoria geral dos contratos. Vol. II 6 edio. Pg. 546. Atlas.

    34RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. Pg. 139. Ed. Forense, Rio de Janeiro. 2005.

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    nunca criando obrigaes ou prejudicando. No se pode exigir uma contraprestao do

    beneficirio.

    D-se estipulao em favor de terceiro quando se pactua vantagem para terceira pessoa

    que no parte do contrato, cria-se um direito novo e prprio. Exige-se, portanto, para a

    formao desse contrato, somente a capacidade do proponente e do estipulante, j que o

    beneficirio no participa da formao do contrato. Um exemplo o seguro de vida.

    O estipulante a pessoa que cria o direito para o terceiro. O promitente o que se

    obriga a realizar a prestao em favor, e o beneficirio o terceiro, pessoa determinada ou

    determinvel, em favor de quem a prestao deve ser executada. Sendo assim, tanto o que

    estipula a clusula (estipulante) como o terceiro (beneficirio) tm o direito de exigir do

    promitente o cumprimento da obrigao.

    10 (F) Na empetio spei o comprador assume o risco quanto quantidade da coisa

    adquirida.

    Na emptio speium dos contratantes toma para si o risco relativo existncia da coisa,

    ajustando um preo, que ser devido integralmente, mesmo que nada se produza, sem que

    haja culpa do alienante (ex: compro de um pescador, ajustando um preo determinado, tudo o

    que ele pescar hoje; mesmo que nada pesque ter direito ao preo integral). O vendedor temdireito ao preo, ainda que o objeto futuro no venha a existir.

    11 (F) A clusula resolutiva, no figurando expressamente, estar sempre implcita nos

    contratos bilaterais e unilaterais.

    Conforme o artigo 474 do Cdigo Civil, A clusula resolutiva expressa opera de

    pleno direito; a tcita depende de interpelao judicial.

    Contudo, quando no expressa, estar implcita nos contratos bilaterais, j que comoexiste a figura da sinalagma, que gera obrigaes para ambas as partes, o fato do no

    cumprimento da obrigao motivo determinante para a resoluo do contrato. No figuram

    nos contratos unilaterais, j que estes geram obrigaes para somente uma das partes.

    12 (V) O direito de preferncia, nos contratos bilaterais, pode decorrer de lei ou de

    conveno dos contraentes.

    Existem casos em que a lei dispe sobre o direito de preferncia, assim, por exemplo,

    no contrato de aluguel, onde o proprietrio de coisa alugada, para vend-la dever dar

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    conhecimento do fato ao inquilino, que ter direito de adquiri-la em igualdade de condies

    com terceiros.

    Tal disposio est prevista no artigo 28 da Lei do Inquilinato (8.245/91), que diz:

    No caso de venda, promessa de venda, cesso ou promessa de cesso de direitos ou dao

    em pagamento, o locatrio tem preferncia para adquirir o imvel locado, em igualdade de

    condies com terceiros, devendo o locador dar-lhe conhecimento do negcio mediante

    notificao judicial, extrajudicial ou outro meio de cincia inequvoca.

    Existe tambm a garantia do direito de preferncia do condmino sobre bem

    indivisvel, conforme o artigo 504, 1 parte, do CC/02, a saber: No pode um condmino em

    coisa indivisvel vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto.

    (...)Entretanto, podem as partes convencionar clusulas que concedem direito de

    preferncia, como no caso da retrovenda, que o direito que tem o vendedor de readquirir o

    imvel que vendeu, dentro de certo prazo, restituindo ao comprador o preo recebido, mais as

    despesas feitas pelo comprador, inclusive as que, durante o perodo de resgate, se efetuaram

    com a autorizao escrita, ou para a realizao de benfeitorias necessrias, com supedneo no

    artigo 505 do Cdigo Civil. A retrovenda uma condio resolutiva.

    Outra possibilidade a incluso da clusula de preempo. No contrato de compra evenda pode conter a clusula segundo a qual o comprador se obriga a oferecer ao vendedor a

    coisa objeto do contrato (mvel ou imvel), se caso o comprador for vend-la a terceiro ou

    d-la em pagamento, para que o comprador u