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Transferência de Tecnologia
como Estratégia para o
Desenvolvimento Rural
Sustentável
Francisco Selmo Fernandes Alves
Pesquisador – Sanidade Animal
Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia
PECNORDESTE - 2012
Fortaleza - CE
Sumário
1. Agricultura e suas interações
2. Agricultura e os objetivos do milênio
3. Agricultura brasileira
4. Visões de mundo e seus paradigmas
5. Transferência de tecnologia (TT)
6. Desenvolvimento rural sustentável (DRS)
7. Inovações
8. Desafios de TT e DRS
9. Algumas considerações
1. Agricultura e suas interações
AGRICULTURA
SOCIEDADE
NATUREZA
População rural e agricultores
Fonte: Prof. Dr. Jan Douwe Van der PLOEG
2. Agricultura e os Objetivos do Milênio
…sob as seguintes condições:
• Mudanças Climáticas Globais
• Aumento da População Mundial (9 bilhões em 2050)
• Degradação dos recursos naturais e diminuição das ofertas
de energia
….para as quais a própria agricultura contribui
negativamente
2. Agricultura e os Objetivos do Milênio
As 4 principais áreas que exigem
transições na agricultura mundial:
• Erradicação da fome e da pobreza;
• Melhoria dos meios de vida no
mundo rural;
• Melhoria na nutrição e na saúde
humana;
• Promoção de estilos de
desenvolvimento ambientalmente,
socialmente e economicamente
justos e sustentáveis.
3. Agricultura brasileira
- Status mundial;
- Pelo excelente desempenho nos processos de modernização e técnicas de produção (Conhecimentos e Tecnologias);
- Capacidade inovadora;
- Vanguarda para a sustentabilidade do planeta;
- Pela adaptação de culturas às mais diversas condições de clima e solo;
- Referência para o desenvolvimento sustentável mundial;
(competitividade por meio de bases sociais, ecológicas, econômica e produtivas).
Sousa e Cabral (2009)
3. Agricultura brasileira
4. Visões de Mundo e seus Paradigmas
O modelo de desenvolvimento que a ciência moderna viabilizou
está associado à vulnerabilidade da humanidade. A forma de
produção e consumo mostraram-se incompatíveis com as
limitações do planeta, além de induzir o crescimento econômico
com exclusão social.
Melo e Balsadi (2009)
Os padrões dominantes de produção e consumo apóiam-se,
sistematicamente, num processo acelerado de degradação
ambiental muito mais vigoroso do que o poder da legislação
voltada à sua contenção.
Abramovay (2010)
4. Visões de Mundo e seus Paradigmas
A humanidade começou a experimentar rupturas de diferentes
ordens, entre elas destaca-se a ambiental, econômica, social e
política. Falência dos paradigmas clássicos de interpretação do
mundo agrário.
Silva (2009) e Favoreto (2006)
Esta crise mergulhou a humanidade em uma vertigem cultural
que não permite uma leitura satisfatória da realidade.
Gomes e Medeiros (2009)
4. Visões de Mundo e seus Paradigmas
Paradigma clássico - agricultura, passou a ser considerada como
uma máquina, dispensando conhecimentos sociais e
negligenciando outras dimensões da sustentabilidade (espacial,
social, cultural e ecológico), além de não valorizar as relações com o
contexto, a interação e a ética.
(SILVA, 2009)
- Influenciou e ditou a geração e a disponibilização de
conhecimento. Pesquisa agropecuária brasileira a trabalhar sob
oferta, ao invés de demanda, tendo como resultado um elevado
estoque de tecnologias, e em alguns casos, com baixos índices de
utilização.
(PERERA; GOMES, 2009)
4. Visões de Mundo e seus Paradigmas
Surgimento de novos paradigmas influenciam as diversas
atividades científicas, sociais, culturais, políticos, econômicos,
tecnológicos, ecológicos e institucionais.
(SILVA, 2009)
As rupturas da compreensão de um “velho” para um “novo”
mundo possibilitam discussões de base. Esta se preocupa com a
origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento.
(GOMES; MEDEIROS, 2009)
- Conceitos sobre o processo de Transferência de tecnologia
e Desenvolvimento rural sustentável
5. Processo da Transferência de Tecnologia
TT
P&D
Geração da Tecnologia
(P&D)
Avaliação de Programas tecnológicos e de políticas
públicas
Feedback (Limitações, Contribuições
e Recomendações)
Disponibilização
Clientes da Embrapa
Resultado (Avaliação das
consequências do uso)
Adoção (Avaliação do uso)
5. Projeto de Pesquisa Integrado Produto
Cliente P& D
PAs de pesquisa e
desenvolvimento (Pesquisa aplicada)
Interface P&D e TT
PA de avaliação -
Proj. paralelo - Proj. indepen
dente
5. Processo de transferência de tecnologia
Caminho a ser percorrido pela tecnologia, balizado
por processos e cujo trajeto só se completa com a
efetiva incorporação da tecnologia ou do
conhecimento pelo usuário. Isto não significa dizer
que cada processo tenha em si o poder de garantir
essa incorporação, mas significa assumir que a
transferência só terá cumprido o seu propósito
quando todos esses processos tiverem ocorrido de
forma satisfatória, tanto para as instituições, o
pesquisador quanto para o usuário.
O final do século XX presenciou o crescimento da consciência da
sociedade em relação à degradação do meio ambiente decorrente do
processo de desenvolvimento.
O aprofundamento da crise ambiental, juntamente com a reflexão
sistemática sobre a influência da sociedade neste processo, conduziu a um
novo conceito - o de desenvolvimento sustentável.
Bellen (2003)
Desenvolvimento sustentável é o processo de ampliação permanente das
liberdades substantivas dos indivíduos em condições que estimulem a
manutenção e a regeneração dos serviços prestados pelos ecossistemas às
sociedades humanas.
Abramovay (2010)
6. Desenvolvimento Rural Sustentável
6. Desenvolvimento Rural Sustentável
O conceito de desenvolvimento sustentável: é aquele capaz de
garantir as necessidades das gerações futuras.
Relatório Brundtland (1987)
O conceito de sustentabilidade é debatido em quase todas as
áreas de conhecimento, as reflexões sobre este termo têm suas
raízes em duas disciplinas científicas: ecologia e economia.
Veiga (2010)
6. Desenvolvimento Rural Sustentável
O desenvolvimento sustentável está consolidado em três eixos
fundamentais e simultâneos: relevância social, prudência
ecológica e viabilidade econômica.
Sachs (2002)
6. Desenvolvimento Rural Sustentável
O desenvolvimento rural era medido através da produtividade
dos produtos agrícolas, do aumento do mercado exportador e da
balança comercial. Os resultados econômicos e políticos
prevaleceram em relação aos sociais.
Rosa (2001)
A década de 1990 - neste período ganha espaço o debate sobre a
importância da agricultura familiar, além de questões como
participação social, segurança alimentar e desenvolvimento local
na concepção das políticas públicas de desenvolvimento rural.
Cerqueira et al., (2006)
6. Desenvolvimento Rural Sustentável
Debates internacional: Movimento social em campanhas por uma
agricultura sustentável.
Missão: o combate a degradação dos agroecossistemas; novas
regras disciplinares para o sistema agroalimentar; e a promoção
de práticas adequadas à preservação dos recursos naturais e ao
fornecimento de alimentos mais sadios.
Veiga (1996) e Almeida (1997)
A sustentabilidade da agricultura enfatiza a necessidade de sua
viabilidade em curto, médio e longo prazo e o suprimento das
necessidades humanas de alimentos e matérias-primas industriais
com uso eficiente dos recursos naturais não renováveis.
Guedes e Tavares (2001)
6. Desenvolvimento Rural Sustentável
Início do século XXI
Afirmação de uma nova visão de desenvolvimento rural,
orientações e posicionamentos para a construção de um projeto
para o Brasil Rural que esteja de acordo com o projeto de
desenvolvimento nacional.
Implica na substituição do atual modelo por um sustentável como
os baseados na agroecologia e outros que contribuam com a
conservação dos recursos naturais.
1ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e
Solidário
BRASIL (2008)
6. Desenvolvimento Rural Sustentável
1ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e
Solidário
Foram estabelecidos os elementos centrais para esta nova visão de
desenvolvimento:
- Redução das desigualdades sociais e regionais;
- Soberania nacional;
- Ampliação da participação social;
- Universalização dos direitos fundamentais;
- Distribuição da renda;
- Soberania e a segurança alimentar e nutricional;
- Reforma agrária;
- Conservação da biodiversidade e convivência com biomas.
6. Desenvolvimento Rural Sustentável
1ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário
- Promoção da igualdade de gênero, de geração, raça e etnia;
- Respeito às pessoas com deficiência;
- Reconhecimento das diferentes formas de orientações sexual e religiosa;
- Visão ampliada e crítica sobre o rural;
- Caráter intersetorial do desenvolvimento;
- Abordagem territorial;
- Reconhecimento e garantia dos direitos dos povos indígenas e comunidades
tradicionais;
7. Inovações
Entender o Desenvolvimento Rural Sustentável como um
processo de INOVAÇÃO SOCIAL concebido como o
conjunto de atividades que pode englobar desde a pesquisa e
desenvolvimento tecnológico até a introdução de novos
métodos de gestão da força de trabalho, e que tem como
objetivo a disponibilização por uma unidade produtiva de
um novo bem ou serviço para a sociedade.
Gastal (2008)
7. Inovações
Um dos objetivos prioritários a
intensificação no desenvolvimento
de tecnologias para o uso
sustentável dos biomas e
integração produtiva das regiões
brasileiras;
Estratégias desenvolver
conhecimentos e tecnologias que
contribuam para a inserção social
e econômica da agricultura
familiar, das comunidades
tradicionais e dos pequenos
empreendimentos.
7. Inovações
Reconhecimento da necessidade da participação dos diferentes
segmentos da agricultura brasileira, na busca de geração de
conhecimentos, início da superação de desafios e a oportunidade
para a construção de um desenvolvimento rural sustentável e
solidário.
As inovações se dão com maior facilidade e rapidez se são frutos
de uma construção participativa, são bem conhecidas,
possibilitam adoção gradual ou parcial e se mostram
economicamente viáveis.
Mota et al. (2007)
8. Desafios de TT e DRS
A adoção de inovações pelos agricultores familiares é complexa,
grande parte das tecnologias desenvolvidas não é
economicamente ou em termos de uso da mão de obra
compensadora e nem sempre se enquadra no sistema de
produção em uso.
Necessidade de pesquisas participativas baseadas em condições
reais das propriedades, ou na linha da interação social, com base
nas metodologias de planejamento participativo, visando a
intervenção na realidade local.
Silveira (2001)
8. Desafios de TT e DRS
Não apenas desenvolver tecnologia de produção, mas também de
inserção progressiva em mercados diversificados e segmentados,
que se voltam para a produção de qualidade.
Alves et al., (2005)
As inovações que permitirão a pequenas propriedades se
tornarem viáveis não poderão ser construídas senão pelos
produtores, com o auxílio de pesquisadores que tenham uma
visão sistêmica da diversidade e da especificidade de situações.
Alves et al. (2005)
8. Desafios de TT e DRS
Novas formas de atuação que enfatizavam a compreensão da
complexidade dos sistemas de produção (enfoque sistêmico) e a
importância da participação dos agricultores em todas as etapas
do processo de pesquisa .
(XAVIER et al., 2009)
A participação não pode ser aceita como uma forma de legitimar
propostas elaboradas externamente ao contexto onde se pretende
aplicar os resultados destes processos.
(PERERA ; GOMES, 2009)
8. Desafios de TT e DRS
A participação
não é um estado
fixo, é um
processo pelo
qual as pessoas
podem ganhar
mais ou menos
graus de
envolvimento no
processo de
desenvolvimento.
(GEILFUS,
2002)
8. Desafios de TT e DRS
É uma condição essencial para que se estabeleça uma proposta
de desenvolvimento de curto, médio e longo prazo, pois traz o
compromisso com a aceitação de seus resultados, entendendo-a
como uma construção dialógica, onde todos são sujeitos e
responsáveis solidários.
Perera e Gomes (2009)
Participar é tomar parte das decisões e ter parte dos resultados
pressupõe divisão de poder no processo decisório, passando pelo
controle das partes sobre a execução e a avaliação dos resultados
pretendidos.
Souza (2009)
8. Desafios de TT e DRS
Princípios:
1. Partir da realidade dos agricultores
2. Diálogo
3. Participação
4. Cooperação
5. Parceria
6. Protagonismo
7. Aprendizagem
9. Algumas considerações
- Estimular processos de diversificação e ampliar a autonomia – Sistemas
de produção diversificados - garantir que a produção seja tanto para o
consumo da família quanto para a inserção no mercado
- Melhorar o acesso e a organização dos mercados – Políticas Públicas
- Investir na inovação Institucional, Técnica e Social
- O desenvolvimento somente será considerado como sustentável quando
ela for realmente construído por meio da participação dos atores
envolvidos no processo.
- A forma de abordagem para e com os agricultores deve ser elaborada
valorizando o contexto, tendo a interação como a estratégia para ação e a
ética, com o respeito aos saberes locais.
9. Algumas considerações
Resgate da pesquisa e extensão pública como instrumento
de resposta aos anseios da sociedade por um
desenvolvimento economicamente viável, socialmente justo e
ambientalmente seguro.
Que pode ser sintetizado nas palavras do Sr. Ernani Silva,
seringueiro de Machadinho do Oeste, Rondônia, em entrevista
ao Pequenas Empresas e Grande Negócios (PEGN) exibido no
dia 18 de janeiro de 2009:
“Nós acreditamos que o desenvolvimento acontece com as
pessoas e não com coisas. Por isso investimos no social e na
sustentabilidade do nosso negócio”.
7. Agricultura Familiar
7. Agricultura Familiar
Gráfico 01. Área média dos estabelecimentos familiares de acordo com as Regiões do Brasil
Fonte: Censo
Agropecuário 2006
7. Agricultura Familiar
Gráfico 02. Participação da agricultura familiar na produção de alimentos
Fonte: Censo
Agropecuário 2006
7. Agricultura familiar
7. Agricultura Familiar
Gráfico 03. Distribuição dos estabelecimentos familiares de acordo com as Regiões do
Brasil
Fonte: Censo
Agropecuário 2006