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Tudo sobre o Colesterol

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Tudo Sobre o Colesterol

DR. ROBERT POVEY

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Tudo Sobre o ColesterolDr. Robert Povey

Traduzido de How to Keep Your Cholesterol in Check

Copyright © Dr Robert Povey 1994, 1997Copyright © 2010, da tradução e da edição portuguesas, arteplural edições, uma chancela da Bertrand Editora, Lda.

FICHA TÉCNICA

Editora: Amaia IglesiasTradução: Sílvia Serrano SantosProdução editorial: Rita DuarteRevisão: Anabela Mesquita e Graça BarrosoPaginação: Gráfica 99Revisão técnica:Filipa Fareleira. Médica. Membro do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência da Faculdade de Medicina de Lisboa. Monitora Convidada da Cadeira de Genética da Faculdade de Medicina de LisboaMiguel Julião. Médico. Membro do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência da Faculdade de Medicina de Lisboa. Monitor Convidado da Cadeira de Introdução à Clínica da Faculdade de Medicina de Lisboa

Direitos para a língua portuguesa (Portugal) cedidos à

Lisboa – Portugal

1ª edição, Abril de 2010ISBN 978-972-9478-74-1

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Índice

Agradecimentos ...................................................................................... 9

Prefácio .................................................................................................. 11

Prefácio à segunda edição ...................................................................... 12

1. Um caso típico ................................................................................... 13

2. O que é o colesterol? ......................................................................... 15

3. Factores de risco: as provas da investigação ........................................ 19

4. Rastreio do colesterol elevado: quem deve fazer análises? .................. 37

5. Medir o colesterol e calcular as taxas de risco ..................................... 41

6. Tipos de hiperlipidemia ...................................................................... 54

7. Baixar o colesterol através da dieta (I): gorduras e fibras ..................... 61

8. Baixar o colesterol através da dieta (II): bebidas, suplementos

e dietas especiais ................................................................................ 85

9. Mudar de estilo de vida (I): exercício, consumo moderado de álcool

e controlo de peso .............................................................................. 98

10. Mudar de estilo de vida (II): lidar com o stresse e deixar de fumar ...... 104

11. A utilização de fármacos e de outros tratamentos

na hiperlipidemia ............................................................................... 115

12. Contagem decrescente para níveis de colesterol saudáveis:

directrizes a seguir .............................................................................. 124

13. Comer bem numa dieta para baixar o colesterol: algumas receitas ... 131

Contactos úteis ....................................................................................... 147

Glossário ................................................................................................ 149

Notas ...................................................................................................... 155

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Agradecimentos

Estou em dívida para com as inúmeras pessoas que cederam o seu tempo para falarem comigo sobre os seus problemas de colesterol e a for-ma de lidarem com eles, bem como para com vários médicos especialistas, nutricionistas e dietistas.

Gostaria, sobretudo, de agradecer ao Professor Tony Winder, do Royal Free Hospital, em Londres, bem como ao Dr. Michael Turner e Linda Con-very, anteriormente director -geral e dietista especialista, respectivamente, na FHA, pela sua ajuda e conselhos generosos durante a elaboração deste livro e pelos seus comentários ao manuscrito. Também me sinto extrema-mente grato às pessoas que passo a nomear, por me fornecerem informa-ções e discutirem ideias em várias fases do projecto: Dr. Gilbert Thompson (Equipa de Lipoproteína do MRC, do Hammersmith Hospital), Professor Tom Sanders (King’s College, da Universidade de Londres), Jacqui Lynas (dietista especialista em lípidos, da HEART UK and Hastings and Rother NHS Trust), Professor Hugh Tunstall -Pedoe (Universidade de Dundee), Pro-fessor Gerry Shaper (Royal Free Hospital, em Londres), Dr. Tony Keech (Universidade de Oxford), Dr. Michael Laker (Universidade de Newcastle upon Tyne), Dr. John Reckless (Royal United Hospital, em Bath), Dr. Mike Rayner (Grupo de Prevenção Coronária), Belinda Linden (Fundação Cardía-ca Britânica) e Victoria Fitch (Autoridade para a Educação sobre Saúde).

Gostaria também de agradecer ao meu próprio médico de família, Dr. James Lorimer, e à enfermeira Betty Flint, pelos seus conhecimentos clínicos e pelo encorajamento e conselhos que me deram em cada uma das etapas da evolução do livro; ao Dr. David Cox, pela sua ajuda na inves-tigação de fundo; a Libby Nichols, por provar as receitas e ler o manuscrito; a Sue Cover (bibliotecária no Postgraduate Medical Centre, no Kent and Canterbury Hospital), pela sua ajuda para encontrar os documentos de investigação; a Joana Moriarty (directora editorial, SPCK), por fazer o livro arrancar, tecendo alguns comentários extremamente valiosos sobre o pri-meiro rascunho e conduzindo -o até à sua publicação; e à minha filha, Rachel, pela ajuda que me deu em algumas das primeiras entrevistas e por comentar o texto. Por fim, desejo agradecer à minha mulher, Lyn, pelos conselhos inestimáveis em cada etapa do projecto e pelo apoio e encora-jamento constantes.

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Prefácio

As doenças cardíacas coronárias constituem a prioridade da saúde pública na maioria dos países desenvolvidos. Alvo de grande preocupação é a quantidade de pessoas que, ainda relativamente jovens, sofrem de angina de peito ou de enfartes do miocárdio e são submetidas a operações para by -pass coronário. A doença é causada pelos efeitos combinados de uma série de factores de risco, que provocam a degeneração prematura do coração e do sistema circulatório. Quando vários factores de risco se com-binam, as hipóteses de uma pessoa desenvolver uma doença cardíaca coronária aumentam bastante.

O mais conhecido dos factores de risco é um colesterol elevado no sangue. O colesterol contribui para a formação de placa, a qual pode con-duzir ao estreitamento das pequenas artérias coronárias que alimentam o músculo do coração, e combina -se com outros factores de risco, tais como pressão arterial alta, nível elevado de glucose no sangue, tabaco, estilo de vida sedentário e obesidade, para produzir efeitos prejudiciais no coração e no sistema circulatório.

Qualquer pessoa com um colesterol elevado beneficiará com a sua redução, seja de um nível extremamente elevado, como é o caso em doen-ças hereditárias, tais como a hipercolesterolemia familiar (FH), seja de um nível mais moderado. Existe uma relação directa entre o nível de colesterol e o risco de doenças cardíacas: quanto mais alto está o colesterol, maior é o risco; quanto mais baixo está o colesterol, menor é o risco. Desta forma, o controlo pessoal do colesterol no sangue é uma necessidade para todos os que procuram ter um coração mais saudável.

Este livro é um bom guia para ter êxito no controlo do colesterol, e as mudanças no estilo de vida a ele associadas ajudarão a diminuir as doenças cardíacas e a promover um bom estado de saúde. Estas mudanças incluem fazer exercício com regularidade, comer bastantes legumes, cereais e fruta e aprender a descontrair -se, ao mesmo tempo que se limita o tabaco, as bebidas alcoólicas, o peso e a pressão arterial.

A HEART UK (anteriormente a Family Heart Association) é uma organi-zação de apoio que se dedica a consciencializar as pessoas dos perigos de um colesterol elevado e a enfatizar a importância da alimentação, do esti-lo de vida e da competência dos médicos para o controlo do colesterol e para a redução do risco de doenças cardíacas coronárias. Tudo Sobre o

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Colesterol baseia -se nas experiências pessoais de indivíduos com proble-mas de colesterol e é uma valiosa fonte de informação e ideias de acordo com estes objectivos.

Muitos dos livros sobre saúde e nutrição são confusos, distorcidos ou, com demasiada frequência, estão errados. Assim sendo, é refrescante encontrar um livro que seja fidedigno e de fácil leitura. Será útil para os profissionais de saúde, bem como para os seus doentes ou público em geral, que procuram compreender o colesterol e o seu papel nas doenças cardíacas coronárias.

Dr. MICHAEL TURNER

Ex -Director -Geral da Family Heart Association

Prefácio à segunda edição

Para a maior parte das pessoas, a melhor forma de controlar o colesterol é seguir o tipo de estilo de vida e conselhos alimentares incluídos nos capí-tulos 7 a 10. Estes foram actualizados, para ter em conta as mudanças na forma de pensar actual sobre alimentação, níveis de exercício adequados e conselhos sobre “beber com moderação” no que diz respeito ao álcool. Estas directrizes não são, de forma alguma, simplesmente regimes de “negação”, nos quais, por exemplo, aquilo que se come é determinado pelo que não se pode ingerir! O objectivo é a concentração na multiplici-dade e variedade de alimentos e actividades que são agradáveis e satisfa-tórias em si mesmas, mas que também vão ajudar a controlar o colesterol e a contribuir para uma melhoria geral da qualidade de vida. Para algumas pessoas, contudo, a alimentação e o estilo de vida, por si só, não bastarão para controlar os problemas de colesterol, podendo ser necessária medica-ção. Os tipos de medicamentos descritos na primeira edição representam ainda as principais formas de medicação utilizadas no tratamento de pro-blemas de colesterol. No entanto, foram realizados alguns importantes estudos de investigação em larga escala sobre a sua eficácia. Estes estudos enfatizam, em particular, como o risco de enfartes do miocárdio pode ser reduzido entre 30 a 40%, caso se utilize a medicação adequada. As desco-bertas são discutidas no capítulo 11. O restante texto também sofreu as alterações necessárias, a fim de se ter em consideração a pesquisa e práti-cas mais recentes no controlo dos problemas de colesterol.

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1 Um caso típico

John é um director de vendas enérgico, capaz e entusiasta, na casa dos 50 anos. Embora fume vários cigarros por dia, come e dorme bem, joga ocasionalmente uma partida de golfe, quase nunca vai ao médico e não acha que precise de um check-up, pois sente -se bastante em forma. A sua mulher, por outro lado, é muito mais “consciente da saúde” e há já algum tempo que anda a tentar convencer John a seguir o seu exemplo e a ir ao consultório médico para um exame de rotina. Chama -lhe a atenção para o facto de ele levar o carro à revisão com regularidade, para que esteja sempre a funcionar bem, para prolongar a sua vida útil e para que se resol-vam quaisquer problemas pouco importantes antes que se tornem maio-res. Nesse caso, por que motivo não fazia ele o mesmo em relação ao próprio corpo?

Embora John conseguisse ver a essência das razões da mulher, no pas-sado negou a importância das suas sugestões. Por fim, contudo, os argu-mentos convincentes dela e o facto de um dos seus colegas (da sua idade) ter recentemente sofrido um pequeno enfarte agudo do miocárdio convenceram -no de que um check -up talvez fosse boa ideia. Assim, con-cordou em marcar uma consulta, sob a condição de o check -up ser efec-tuado numa clínica!

Quando marcou a consulta, a recepcionista pediu-lhe que não comesse nem bebesse nada (a não ser água) durante as 12 horas anteriores. Esta sugestão horrorizou bastante John (uma vez que ele gosta particularmente do seu lanche antes de ir para a cama!) e, por isso, perguntou à recepcio-nista se aquilo era essencial. “Oh, sim” respondeu ela, “é para o controlo do colesterol. Aqui fazemos uma análise adequada, em jejum.” John esta-va prestes a desistir da ideia de um check -up, mas, com relutância, concor-dou com as condições.

Durante a sessão de “rastreio” geral de John, a enfermeira foi preen-chendo uma lista de coisas, tais como altura, peso, hábitos em relação ao álcool e ao tabaco, história de doenças na família, além de lhe ter medido a pressão arterial e efectuado análises à urina. Por fim, chegou a “análise

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do jejum” e a enfermeira retirou a John algum sangue, explicando -lhe que aquilo se destinava a verificar o nível de colesterol no sangue. Também lhe explicou que algumas das gorduras no sangue (lípidos) tendem a aumentar durante algumas horas após uma refeição, por isso era melhor realizar a análise quando o corpo não ingerira nada num período de 12 horas. John descobriu que tudo era efectuado de uma forma simples e indolor e, ao descer a manga da camisa, sentiu -se muito satisfeito consigo próprio por ter ido fazer o check -up.

Uma semana mais tarde, John telefonou para o consultório e foi acon-selhado a ir falar com o médico por causa dos resultados. Foi informado de que não era nada de grave, mas que o nível de colesterol estava um pouco elevado. Durante a consulta, o médico disse -lhe: “O seu nível de colesterol é de 7,2, o que é um pouco alto. Não é nada de preocupante, mas prefe-riríamos que estivesse nos 5,2. Vai ter de fazer dieta para vermos se conse-guimos baixá -lo. Corte nas gorduras saturadas e nada de fritos ao pequeno -almoço! E ajudaria se deixasse de fumar. Seja como for, fale com a enfermeira. Ela vai dar -lhe um plano alimentar e vemo -nos daqui a 3 meses para mais um controlo.”

John sentiu -se um pouco desgostoso com aquelas notícias. Ele gostava do pequeno -almoço com fritos, dos lanches de bolos de creme e dos seus cigarros. Sabia que tinha um pouco de peso a mais e que devia parar de fumar, mas pensava que estava tudo em ordem, pois sentia -se muito bem. John sabia que, a longo prazo, o tabaco poderia afectar -lhe os pulmões (e possivelmente o coração), mas o que tinha aquilo a ver com o colesterol? E, já agora, o que era o colesterol?

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2 O que é o colesterol?

A natureza do colesterol

O colesterol é frequentemente visto como algo inteiramente prejudi-cial, com cabeçalhos que se concentram na relação entre níveis elevados de colesterol no sangue e um risco acrescido de doenças cardiovasculares. No entanto, é importante compreender que o colesterol tem também um papel amigável (na verdade, vital) a desempenhar na manutenção do fun-cionamento saudável dos nossos corpos. As suas principais funções são as seguintes:

• Fornece um componente essencial à membrana de todas as células do nosso corpo.

• É utilizado para fazer bílis1. Este líquido de cor esverdeada é arma-zenado na vesícula biliar e desempenha um papel importante na digestão de alimentos gordos.

• É um bloco de construção na produção de hormonas, que são es-senciais à vida.

• É uma das matérias -primas de que o nosso corpo necessita para produzir vitamina D.

• Ajuda a isolar os nossos nervos e pode fornecer uma espécie de agente “à prova de água” no revestimento das artérias.

Por isso, decerto o colesterol não é de todo mau. Na verdade, não podemos viver sem ele!

A textura do colesterol é macia e cerosa, com uma consistência seme-lhante a sebo quente. Esta substância gordurosa, de um branco -amarelado, é, em grande parte, produzida pelo nosso próprio corpo, no fígado. Cerca de 2/3 do colesterol do corpo são produzidos desta forma, utilizando subs-tâncias derivadas da gordura dos alimentos que ingerimos. Assim sendo, quanto mais gordura comemos, mais colesterol o fígado é encorajado a produzir. Isto é particularmente verdade em relação às gorduras saturadas,

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que se encontram em muitos alimentos, mas sobretudo nos que derivam de fontes animais, como, por exemplo, leite gordo e carne ou queijo gor-dos. O restante colesterol no nosso corpo vem por um percurso diferente, acima de tudo da parede do intestino delgado, como resultado das gordu-ras que comemos ou, em menor grau (cerca de 10%), do colesterol nos alimentos (ou seja, aquilo a que se chama colesterol alimentar). Este coles-terol alimentar só se encontra em produtos de origem animal, tais como carne, gemas de ovos, ovas de peixe e algum marisco, e o seu papel é relativamente insignificante no desenvolvimento de problemas de coleste-rol. Quando os problemas surgem devido a hábitos alimentares desequili-brados, quase sempre é por culpa de uma ingestão excessiva de gorduras saturadas.

O colesterol é uma de uma série de gorduras (chamadas lípidos) que são transportadas na corrente sanguínea. O nosso corpo reveste os lípidos de uma proteína especial para os tornar solúveis na água2. Depois, estas minúsculas partículas revestidas de proteína (chamadas lipoproteínas) são transportadas pelo sangue até às células. Quando os níveis de gordura (lípidos) são, em geral, demasiado elevados, diz -se que sofremos de hiper-lipidemia e, quando os níveis de colesterol, em particular, aumentam, chama -se a essa condição hipercolesterolemia.

LDL e HDL

As principais lipoproteínas que transportam o colesterol são conhecidas como LDL (lipoproteína de baixa densidade) e HDL (lipoproteína de alta densidade). Mais de 2/3 do colesterol do nosso sangue pertencem à varie-dade LDL e a sua função elementar é recolher e transportar o colesterol pelo corpo até às células3. Infelizmente, quando o colesterol LDL existe em quantidade excessiva, produz depósitos que forram as artérias, limitando o suprimento sanguíneo. Este problema é designado por aterosclerose. A limi-tação do suprimento sanguíneo pode levar à angina de peito (dor no peito após um grande esforço ou uma emoção forte) e, por vezes, a uma trom-bose inesperada e súbita (a formação de um coágulo de sangue).

A função básica do HDL, por outro lado, é potencialmente muito mais amistosa. Parece provável que actue um pouco como um necrófago, reco-lhendo das artérias o colesterol em excesso e levando -o de volta para o

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fígado. Aí, este colesterol pode ser reprocessado ou transformado em bílis. Assim, temos de procurar formas de aumentar a proporção do nosso HDL, o “bom da fita”, como medida de protecção contra os efeitos nocivos do LDL, o “mau da fita”. Tal como alguém disse numa newsletter da Family Heart Association: “O HDL é ‘Hiper Desejável’ e o LDL é ‘Limitadamente Desejável’.

Triglicéridos

Estas gorduras são transportadas na corrente sanguínea por aquilo a que se chama VLDL (lipoproteína de densidade muito baixa). Tal como o coles-terol, os triglicéridos são produzidos no fígado ou provêm da gordura dos alimentos que ingerimos. A produção de triglicéridos por parte do corpo é também estimulada por uma ingestão elevada de hidratos de carbono refi-nados (açúcar), sobretudo sob a forma de bebidas alcoólicas. Os triglicéri-dos constituem uma fonte de energia importante para o nosso corpo, mas, em excesso, podem conduzir a uma maior tendência para a formação de coágulos no sangue. Assim sendo, as pessoas que têm níveis elevados de triglicéridos (hipertrigliceridemia) correm um risco maior de desenvolver doenças cardíacas coronárias.

D O E N Ç A S C A R D Í AC A S : E X P L I C AÇ ÃO D E A LG U N S T E R M O S T É C N I CO S

Uma vez que a aterosclerose pode resultar em diversos tipos de problemas naquilo a que se chama o aparelho cardiovascular (o coração e os vasos sanguí-neos com ele relacionados), poderá ser útil, neste momento, explicar alguns dos outros termos médicos com os quais poderá deparar -se.

Por exemplo, uma trombose que ocorra numa artéria coronária ou numa das suas ramificações conduz, por norma, a um enfarte do miocárdio (por vezes designado simplesmente por enfarte). Isto significa que parte do músculo car-díaco não está a receber suprimento e irá morrer (tecnicamente conhecido como enfarte do miocárdio ou EM), a menos que se consiga remover o coágulo muito pouco tempo depois da sua formação. Muitas vezes, o termo doença cardíaca coronária é abreviado para DCC, podendo também ser chamada doença cardíaca isquémica.

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O termo acidente vascular cerebral é empregue para descrever uma trombose que ocorre no cérebro (ou seja, uma trombose cerebral), podendo também descrever danos no cérebro causados de outra forma. A ruptura de uma das artérias do cérebro (uma hemorragia cerebral), por exemplo, é descrita como um acidente vascular cerebral hemorrágico, tal como a situação em que uma artéria foi obstruída por detritos, como coágulos de sangue que chegaram ao cérebro vindos de outras partes do corpo, muitas vezes do coração. Esta última forma de acidente vascular cerebral é também conhecida como isquémico. Todos estes problemas podem ser desencadeados por um excesso de coleste-rol LDL e da consequente aterosclerose.

Tendo visto, de forma breve, a natureza do colesterol e de outras gor-duras no sangue, precisamos agora de dedicar a nossa atenção à outra pergunta de John: o que tem o colesterol a ver com outras coisas, tais como o tabaco? A fim de analisar isto, teremos de abordar o conceito de factores de risco.

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