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Geriatria Formação Modular MANUAL Velhice Ciclo Vital e Aspectos Sociais Formadora: Inês Mendes Local: Junta de Freguesia Borba de Godim - Lixa Novembro, 2011

UFCD 3536

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FORMAÇAO MODULAR

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Formadora: Inês Mendes 2

“Uma bela velhice é, comummente,

recompensa de uma bela vida”

(Pitágoras)

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Índice

Princípios Fundamentais …………………………………………..…………….…. pág. 4

1) Velhice – Ciclo Vital ……………………………………………………………. pág. 9

Velhice e tarefas do desenvolvimento psicológico ………………………… pág. 9

Teorias sobre o envelhecimento psicossocial …………………………….. pág. 10

o Teorias psicossociais de Eric Erickson, R. Peck e Buhler …....… pág. 10

Do jovem adulto à meia-idade ………………………………………..….… pág. 13

A meia-idade e as tarefas evolutivas …………………………………...… pág. 15

Aspectos estruturais e funcionais da Velhice …..……………………...… pág. 16

2) Velhice – Aspectos Sociais ………………………………………………….. pág. 19

A velhice e a sociedade ………………………………………………….….. pág. 19

o Velhice e envelhecimento: conceitos e análise ………………...…pág. 20

Mitos da velhice / Atitudes, Mitos e Estereótipos ……………………....... pág. 21

Representações da morte ……………………………………….………….. pág. 26

Problemas sociais da velhice ……………………………………………….. pág. 27

A pessoa idosa no final do Séc XX ……………………………..………….. pág. 30

3) Velhice – Socialização e Papéis Sociais …………………………..….….. pág. 33

Aspectos sociais da velhice ……………………………………….……….. pág. 33

o Socialização e papéis sociais

o Preparação para a velhice: os papéis para a transição

O modo de vida das pessoas de idade ………………..……..….….…….. pág. 36

o As condições de vida

o A satisfação de viver

Processo de envelhecimento / sensibilização à problemática da pessoa idosa /

Pessoa Idosa noutras Civilizações………………………………….…….... pág. 39

Referências Bibliográficas …………………………………………………….… pág. 42

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Princípios Fundamentais

A velhice é um conceito abstracto, uma categoria socialmente construída

que, como escreveu Simone de Beauvoir (1990) é o que serve para referir o

período de vida em que as pessoas ‗ficam velhas‘.

Essa forma de dizer denuncia um olhar holístico que visa propiciar

condições para uma mudança de perspectiva em torno do fenómeno,

sobretudo, porque as diferenças individuais coexistem com a velhice o que

contradita a tendência da sociedade moderna em homogeneizá-la num único

grupo etário normativamente iniciado aos 65 anos de idade.

No mundo contemporâneo, a velhice humana transformou-se numa

questão social e política, rompendo com o estatuto que manteve até ao final da

primeira metade do século XIX, em que era um assunto quase exclusivamente

restrito à esfera privada e familiar. O século XX, sobretudo a partir da década

de 60, institucionalizou o curso de vida (Featherstone e Hepworth, 1996),

sustentando-se na abordagem científica de gerontólogos e geriatras que

apresentam as debilidades físicas, psíquicas e sociais das ‗pessoas de idade‘

como problemas objectiváveis que justificam a concepção de respostas sociais

enquadradas em serviços especializados.

Desde o final do século XIX que o exponencial aumento demográfico, a

maior longevidade humana, as melhores condições de vida, a diversidade de

estilos de vida e a maior exigência no desempenho de cidadania, propõem e

sedimentam uma nova dinâmica social face à velhice, diferente da presenciada

e vivida nos períodos anteriores. A recomposição demográfica que tem por

base o aumento do índice de envelhecimento, associada à maior qualidade de

vida das ‗pessoas de idade‘ (nomeadamente com mais saúde), alterou as

atitudes e os comportamentos face à velhice e ao envelhecer. Foi neste

segmento que se desenvolveu o Estado-Providência e foi também, no final do

século XX, que ele começou a fraquejar. À velhice, como categoria

populacional, é atribuída grande parte da responsabilidade pela crise desse

Estado de Bem-Estar. É nesse sentido que a velhice é um problema social das

sociedades modernas do início do século XX.

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O envelhecimento demográfico em Portugal entre 1960 e 2001

caracterizou-se por um decréscimo de 36% na população jovem (0-14 anos) e

um aumento de 140% da população com 65 ou mais anos de idade. Dentro

deste mesmo grupo acentua-se o envelhecimento das pessoas com idade igual

ou superior a 75 anos que em 1960 era de 2,7% e passou em 2001 para 6,7%

do total da população. A população com idade igual ou superior a 85 anos

aumentou de 0,4% para 1,5% entre 1960 e 2001. Os indivíduos com 100 anos

eram cerca de um milhar com maior longevidade nas mulheres. ―Assiste-se

assim, ao fenómeno do envelhecimento da própria população idosa‖ (INE,

2002: 11). A esperança média de vida aumentou, no mesmo período, cerca de

11 anos para os homens e cerca de 13 para as mulheres. O declínio do índice

de dependência de jovens, que desceu de 59 em 1960 para 48 em 2001,

implicará o declínio da própria população em idade activa nos próximos anos.

As preocupações crescentes que o fenómeno de envelhecimento revela

levaram a que a Assembleia Geral das Nações Unidas convoca-se a II

Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, para 2002, no sentido de se

equacionar um plano internacional para o envelhecimento numa perspectiva

estratégica de longo prazo.

A tarefa sociológica de análise de um problema social é a de recensear os

espaços, os tempos e os contextos em que foram elaboradas as políticas que o

suportam, a que estão associadas as características profissionais dos

especialistas e as representações sociais construídas em torno da sua

especialização.

Os primeiros discursos de carácter científico sobre a velhice vêm da

medicina e deram lugar à emergência das disciplinas de gerontologia e

geriatria em que predomina o modelo patológico. Também no domínio da

política social as pesquisas sobre a velhice têm incidido, essencialmente, na

perspectiva do grupo como problema social, encarado em função das suas

possibilidades e direitos providenciados. Assim, conjuntamente, a ciência

médica e a política vieram a categorizar as ‗pessoas de idade‘ como grupo

dependente, separado e diferente do resto da sociedade, ou seja, na

perspectiva funcional do desvio. Neste contexto social, os valores considerados

na temática do envelhecimento, passam a derivar de uma análise sobre a

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existência real que leva a pessoa a confrontar-se com a ambiguidade entre a

ideia de continuidade associada à vida e a ideia de ruptura associada à morte

que surge como o culminar do processo de envelhecimento. Essa dualidade

tem influência na preponderância assumida pela dicotomia da relação entre

dependência e autonomia. A análise da velhice é, assim, orientada pela

premissa enviesada do princípio de que as ‗pessoas de idade‘ têm debilidades

que as tornam dependentes de terceiros. Anne-Marie Guillemard (1988)

sublinha que o Estado, quando dispõe de fraca margem de autonomia e

manobra perante a ordem das relações sociais, inflecte o curso da sua acção a

favor das forças sociais que têm a dominância na sociedade.

O sistema de protecção social foi definido como universal e a

redistribuição de benefícios concretizada na prestação de serviços burocráticos

despersonalizados. Esses benefícios são ‖benevolentemente repressivos‖ e

concebidos para dar resposta à crescente atomização da vida social (Santos,

1999b). A relação estabelecida passa a ser entre os detentores de direitos e os

agentes socialmente mandatados para classificar as pessoas nas categorias

jurídicas que lhes correspondem. Como diz Sara Arber e Jay Ginn (1991), as

‗pessoas de idade‘ são vistas como um grupo de pessoas ‗parasitas‘ do

Estado. Como forma extrema desta imagem sucedeu a relação de desequilíbrio

entre trabalhadores e pensionistas em que os primeiros são vistos como os

únicos que produzem rendimento e pagam impostos para sustentar as

reformas dos pensionistas. Querer atribuir ‗uma‘ identidade às pessoas que a

sociedade moderna categoriza como ‗velhas‘ é violentar a sua inserção social,

construída, reconstruída e protagonizada em trajectórias individuais. As

‗pessoas de idade‘ devem ser olhadas pela sua diversidade. Estamos perante o

que Ruano-Borbalan (1998) designa por ―o paradoxo da identidade‖,

simultaneamente, idêntico e distinto.

Analisar a velhice das pessoas enquanto objecto de estudo implica

perceber a sua concepção e como ela se constituiu em problema social. A

definição de problema social envolve quatro dimensões associadas a um

trabalho de reconhecimento, legitimação, pressão e expressão (Lenoir, 1998).

Ao problema social estão inerentes, também, formas de pressão

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protagonizadas e legitimadas por grupos de interesses que se assumem como

representantes das pessoas que comungam um mesmo problema.

Envelhecimento / Distintas Áreas

Geriatria é a especialidade médica que trata de doença de idoso ou de doentes

idosos, mas também se preocupa em prolongar a vida com saúde. Ao longo da vida a

capacidade funcional vai reduzindo e na terceira idade é importante manter a

independência e prevenir incapacidades, assim garantindo uma boa qualidade de vida.

O processo natural do envelhecimento associado as doenças crônicas e a hábitos de

vida inadequados são os responsáveis pela limitação do idoso.

Nesta fase é importante focar sempre na prevenção, pois até o idoso aparentemente

saudável requer cuidados.

Objectivos da Geriatria:

Manter a saúde em idades avançadas.

Manter a funcionalidade.

Prevenir doenças.

Detectar e tratar precocemente as doenças.

Manter o máximo grau de independência do idoso.

Prevenção de doenças nos idosos:

Corrigir os hábitos que agridem a saúde (alimentação não saudável,

inactividade física, obesidades, etc...)

Adequar o ambiente doméstico, diminuindo assim o risco de acidentes

como quedas e suas consequências.

Estimular a prática de actividades físicas aeróbias para aumento de

resistência, força e flexibilidade.

Equilibrar o estado emocional, ampliando a rede de apoio e suporte ao

idoso.

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Gerontologia

Antes de mais nada, é preciso esclarecer que esta especialidade não

está ligada somente à área da saúde, pelo contrário, está aberta a todas as

áreas.

O profissional desta área está apto a contribuir para que o

envelhecimento seja um processo saudável, bem-sucedido, assistido e

cuidado. Inclusive orientando a família e a sociedade sobre como lidar com o

seu idoso, fazendo intervenções e combatendo preconceitos.

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1) Velhice – Ciclo Vital

Velhice e tarefas do desenvolvimento psicológico

Havighurst (1953), um dos mais notáveis psicólogos do desenvolvimento

humano, insatisfeito com os modelos e teorias do desenvolvimento prevalentes

nos anos quarentas e cinquentas do século XX, realizou só ou em colaboração

com autores de países diversos uma série de pesquisas sobre o que

denominou o ciclo de vida. O ciclo de vida começa com a concepção e termina

com a morte. Ele considerava que as propostas de desenvolvimento então

vigentes ou eram predominantemente alicerçadas nas mudanças biológicas ou

se centravam em aspectos psicológicos específicos (cognitivos, emocionais,

sexuais e morais), não enfocando, com base em pesquisas sólidas, o

desenvolvimento humano como um todo. Além disso, para os modelos

dominantes a tendência era considerar que o desenvolvimento praticamente se

completava na adolescência (às vezes antes dos quinze anos) ou começo da

juventude.

Entende-se por tarefas de desenvolvimento aquelas que a pessoa deve

cumprir para garantir seu desenvolvimento e seu ajustamento psicológico e

social. São tarefas com as quais a pessoa satisfaz ―suas necessidades

pessoais de evolução e para garantir o próprio desenvolvimento e manutenção

de padrões sociais e culturais específicos‖ (Melo, 1981, p.21). Mais, além de

garantir a formação e a actuação do cidadão, devem dar base de sustentação

para o progresso (pessoal e social) e bem-estar humano.

Pfromm Netto (1976) considera que as tarefas de desenvolvimento são

como ―lições‖ que a pessoa deve aprender ao longo de sua existência para se

desenvolver satisfatoriamente e ter êxito na vida. As tarefas não são estanques

em cada etapa embora algumas sejam preferencialmente típicas dessa ou

daquela fase. Em cada fase todas se relacionam entre si e o prejuízo ou déficit

em uma tarefa pode comprometer outras no mesmo período ou em período

futuro.

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Teorias do Envelhecimento Psicossocial

Algumas teorias psicossociais tentam explicar o processo do

envelhecimento. e o impacto social desse novo perfil populacional e a relação

recíproca do impacto desta sociedade no idoso pertencente a ela. São elas:

Eric Erickson – Teoria do Desenvolvimento

Erikson propõe uma concepção de desenvolvimento em oito estágios

psicossociais, perspectivados por sua vez em oito idades que decorrem desde

o nascimento até à morte, pertencendo as quatro primeiras ao período de bebê

e de infância, e as três últimas aos anos adultos e à velhice, cada estágio é

atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e uma

negativa.

Erikson dá especial importância ao período da adolescência, devido ao

fato ser a transição entre a infância e a idade adulta, em que se verificam

acontecimentos relevantes para a personalidade adulta.

Na Teoria Psicossocial do Desenvolvimento, este desenvolvimento evolui

em oito estágios. Os primeiros quatro estágios decorrem no período de bebê e

da infância, e os últimos três durante a idade adulta e a velhice.

Cada estágio contribui para a formação da personalidade total (princípio

epigenético), sendo por isso todos importantes mesmo depois de se os

atravessar. O núcleo de cada estágio é uma crise básica, que existe não só

durante aquele estágio específico, nesse será mais proeminente, mas também

nos posteriores a nível de consequências, tendo raízes prévias nos anteriores.

A formação da identidade inicia-se nos primeiros quatro estágios, e o

senso desta negociado na adolescência evolui e influencia os últimos três

estágios. Erikson perspectivava o desenvolvimento tendo em conta aspectos

de cunho biológico, individual e social.

A teoria psicossocial em análise enfatizava o conceito de identidade, a

qual se forma no 5º estágio, e o de crise que sem possuir um sentido dramático

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está presente em todas as idades, sendo a forma como é resolvida

determinante para resolver na vida futura os conflitos.

Esquema de Desenvolvimento de Eric Erickson

Confiança X Desconfiança

(até um ano de idade)

Durante o primeiro ano de vida a criança é substancialmente dependente das pessoas que cuidam dela, requerendo cuidado quanto à alimentação, higiene, locomoção, aprendizado de palavras e seus significados, bem como estimulação para perceber que existe um mundo em movimento ao seu redor. O amadurecimento ocorrerá de forma equilibrada se a criança sentir que tem segurança e afeto, adquirindo confiança nas pessoas e no mundo.

Autonomia X Vergonha e Dúvida

(segundo e terceiro ano)

Neste período a criança passa a ter controle de suas necessidades fisiológicas e responder por sua higiene pessoal, o que dá a ela grande autonomia, confiança e liberdade para tentar novas coisas sem medo de errar. Se, no entanto, for criticada ou ridicularizada desenvolverá vergonha e dúvida quanto a sua capacidade de ser autônoma, provocando uma volta ao estágio anterior, ou seja, a dependência.

Iniciativa X Culpa

(quarto e quinto ano)

Durante este período a criança passa a perceber as diferenças sexuais, os papéis desempenhados por mulheres e homens na sua cultura (conflito edipiano para Freud) entendendo de forma diferente o mundo que a cerca. Se a sua curiosidade ―sexual‖ e intelectual, natural, for reprimida e castigada poderá desenvolver sentimento de culpa e diminuir sua iniciativa de explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos.

Construtividade X Inferioridade

(dos 6 aos 11 anos)

Neste período a criança está sendo alfabetizada e freqüentando a escola, o que propicia o convívio com pessoas que não são seus familiares, o que exigirá maior sociabilização, trabalho em conjunto, cooperatividade, e outras habilidades necessárias. Caso tenha dificuldades o próprio grupo irá criticá-la, passando a viver a inferioridade em vez da construtividade.

Identidade X Confusão de Papéis

O quinto estágio ganha contornos diferentes devido à crise psicossocial que nele acontece, ou seja, Identidade Versus Confusão. Neste

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(dos 12 aos 18 anos)

contexto o termo crise não possui uma acepção dramática, por tratar-se de a algo pontual e localizado com pólos positivos e negativos.

Intimidade X Isolamento

(jovem adulto)

Nesse momento o interesse, além de profissional, gravita em torno da construção de relações profundas e duradouras, podendo vivenciar momentos de grande intimidade e entrega afetiva. Caso ocorra uma decepção a tendência será o isolamento temporário ou duradouro.

Produtividade X Estagnação

(meia idade)

Pode aparecer uma dedicação à sociedade à sua volta e realização de valiosas contribuições, ou grande preocupação com o conforto físico e material.

Integridade X Desesperança

(velhice)

Se o envelhecimento ocorre com sentimento de produtividade e valorização do que foi vivido, sem arrependimentos e lamentações sobre oportunidades perdidas ou erros cometidos haverá integridade e ganhos, do contrário, um sentimento de tempo perdido e a impossibilidade de começar de novo trará tristeza e desesperança.

Peck – Teoria do Desenvolvimento

Este autor acrescentou dimensões interessantes ao trabalho de Erickson. No

período da meia-idade, as tarefas que ele indicou foram:

Aprender a valorizar a sabedoria ao invés dos poderes físicos;

Aprender uma sociabilidade menos sexualizada;

Desenvolver a capacidade de transferir investimentos emocionais

de uma pessoa para a outra, ou de uma actividade para a outra;

Manter a flexibilidade psicológica ao invés de desenvolver uma

rigidez mental.

Buhler – Teoria do Desenvolvimento

Buhler propôs que as pessoas desenvolvem através de sua vida útil, e que o desenvolvimento idade (amadurecimento) é muito mais significativo do que psicologicamente "idade mental" ou "quociente de inteligência",

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Segundo ela, essencialmente saudável que as pessoas enfrentam desafios de forma contínua ao longo da vida. Eles tentam integrar quatro tendências básicas, que incluem:

o Precisa de uma satisfação (por amor, sexo, ego e reconhecimento),

o Fazendo auto-limitante adaptações (por encaixar, pertencer, e permanecendo seguro),

o Movendo em direcção a expansão criativa (através da auto-expressão e realizações criativas),

o Defender e restaurar a ordem interna (por ser fiel à própria consciência e valores).

Estabelece, então, a diferença entre as vidas baseadas apenas na Vitalidade e na Mentalidade.

Do jovem adulto à meia-idade

O início da idade adulta varia de um indivíduo para o outro e uma

passagem adequada para essa fase depende da resolução satisfatória das

crises da infância e da adolescência. É um período de grandes mudanças, no

qual a pessoa adquire total maturidade e apresenta o máximo em seu potencial

para a satisfação pessoal. A pessoa deve ser capaz de mudar sempre para

atender às exigências das situações.

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Jovem Adulto (de 20 a 40 anos) - PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS

Saúde física atinge o máximo, depois cai ligeiramente.

Habilidades cognitivas assumem maior complexidade.

Decisões sobre relacionamentos íntimos são tomadas.

A maioria das pessoas se casa; a maioria tem filhos.

Escolhas profissionais são feitas.

Meia- idade (de 40 a 65 anos) - PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS

Ocorre certa deterioração da saúde física, e declínio da resistência e

perícia.

Mulheres entram na menopausa.

Sabedoria e capacidade de resolução de problemas práticos são

acentuadas; capacidade de resolver novos problemas declina.

Senso de identidade continua a se desenvolver.

Dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e pais idosos pode causar

stress.

Partida dos filhos tipicamente deixa o ninho vazio.

Para alguns, sucesso na carreira e ganhos atingem o máximo; para

outros ocorre um esgotamento profissional.

Busca do sentido da vida assume importância fundamental.

Para alguns, pode ocorrer a crise da meia-idade.

Terceira idade (de 65 anos em diante) - PRINCIPAIS DESENVOLVIMENTOS

A maioria das pessoas é saudável e activa, embora a saúde e a

capacidade física declinem um pouco.

Retardamento do tempo de reacção afecta muitos aspectos do

funcionamento.

A maioria das pessoas é mentalmente activa. Embora a inteligência e a

memória possam se deteriorar em algumas áreas, a maioria das

pessoas encontra modos de compensação.

Aposentadoria pode criar mais tempo para o lazer mas pode diminuir as

rendas.

As pessoas precisam enfrentar perdas em muitas áreas (perdas de suas

próprias faculdades, perda de afectos) e a iminência de sua própria

morte.

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Formadora: Inês Mendes 15

o Casamento e seus ajustamentos: O relacionamento conjugal está

associado à saúde e à qualidade de vida, principalmente nos anos de

maturidade e velhice, embora o facto de um casamento durar não

significa necessariamente que o mesmo é satisfatório para os

conjugues.

o Carreira profissional e seus ajustamentos: há um declínio após os 65

anos de idade, pois envolve as tarefas de desaceleração, planeamento

para a reforma e a criação de um novo modo de vida na condição de

reformado.

o Família e seus ajustamentos: na sociedade contemporânea,

desconsiderando, os casos verdadeiros de negligência, considera-se

que a família tem poucas condições de dar conta da situação complexa

da velhice, pelos seguintes motivos;

O seu tamanho diminui consideravelmente e, assim, as suas

funções/capacidade também;

O grande número de filhos e netos servia de garantia e amparo aos

mais velhos no futuro;

Parte da responsabilidade pelo idoso foi transferida ao Estado;

Os avanços tecnológicos a nível da medicina (saúde), levou a que

somente pudesse ser operada em locais próprios e por especialistas e

não em ambiente familiar.

A meia-idade e as tarefas evolutivas

A meia-idade é uma fase do ciclo vital que se estende,

aproximadamente, dos 40 aos 60 anos. A princípio, a meia-idade é um período

caracterizado por um movimento interno da pessoa para resumir e reavaliar a

própria vida. Mesmo que esses ―movimentos‖ não conduzam a qualquer

mudança efetiva. Essa auto-avaliação não se refere apenas à busca por metas,

mas também às satisfações interiores. Considerações em torno do que a

pessoa conseguiu,e se essas conquistas estão de acordo com os sonhos e as

idéias anteriormente alimentadas tornam-se, então, ponto principal nessa

etapa da vida.

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Formadora: Inês Mendes 16

As décadas que constituem a meia-idade podem vir a confirmar, ou não,

os progressos profissionais, a estabilização das relações afetivas de modo

geral e especialmente a conjugal. Similarmente, o indivíduo é levado a fazer

considerações a respeito das conquistas impetradas na esfera cívica e

socioeconômica da vida.

Por tudo isso é que pode-se dizer que é a:

Aceitação do corpo que envelhece; Aceitação da limitação do tempo e da morte pessoal; Manutenção da intimidade; Reavaliação dos relacionamentos; Relacionamentos com os filhos: deixar ir, atingir igualdade, integrar

novos membros; Relação com seus pais: inversão de papéis, morte e individuação; Exercício do poder e posição: trabalho e papel de instrutor; Preparação para a velhice.

Aspectos estruturais e funcionais da Velhice

As teorias que abrangem o desenvolvimento adulto pressupõem que há

regularidades no ciclo da vida, onde se processam mudanças e que se tratam

de adaptações cumulativas a eventos biológicos, psicológicos e sociais

(ERBOLATO, 2001). Porém, sabemos que as pessoas não envelhecem todas

da mesma maneira. A par dos factores genéticos que determinam muito do

processo, há que realçar que não é igual envelhecer no feminino ou no

masculino, sozinho ou no seio da família, casado, solteiro, viúvo ou divorciado,

com filhos ou sem filhos, no meio urbano ou no meio rural, na faixa do mar ou

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Formadora: Inês Mendes 17

na intelectualidade das profissões culturais, no seu país de origem ou no

estrangeiro, activo ou inactivo (Ministério da Saúde, 1998).

O envelhecimento diferencial envolve preferencialmente os órgãos

efectores e resulta de processos intrínsecos que se manifestam a nível dos

órgãos, tecidos e células:

Assim, a pele envelhece mais rapidamente que o fígado.

As complicações vasculares afectarão o sistema cardíaco principalmente.

A arteriosclerose acumulada por má alimentação, pelo stress e contaminação bacteriana, poderá ocorrer mais cedo ou mais tarde, de acordo com hábitos prevalecentes e resistência orgânica.

Seja qual for o mecanismo e o tempo de envelhecimento celular, este

não atinge simultaneamente todas as células e, consequentemente, todos os

tecidos, órgãos e sistemas. Cada sistema tem o seu tempo de envelhecimento,

mas sem a interferência dos factores ambientais há alterações que se dão mais

cedo e se tornam mais evidentes quando o organismo é agredido pela doença.

Diz Ermida (1999), que a "diminuição de função renal em cerca de 50%

aos 80 anos - condiciona a farmacoterapia dos idosos", "as alterações

orgânicas a nível das mucosas digestivas, são determinante frequente de

problemas nutricionais"; "as alterações a nível de arquitectura dos ossos, a

dismetabolia cálcica, propiciam fracturas frequentes"; a "diminuição da água

intracelular (perda de 10 a 15% aos 80 anos) torna o idoso extremamente

sensível aos desequilíbrios hidroelectrolíticos"; e o "aumento da massa gorda

favorece a obesidade com todo o seu cortejo de consequências".

A nível do sistema nervoso, existe fundamentalmente perda de

neurónios substituídos por tecido glial, a diminuição do débito sanguíneo, com

consequente diminuição da extracção da glicose e do transporte do oxigénio e

a diminuição de neuromodeladores que condicionam processos mentais,

alterações da memória, da atenção, da concentração, da inteligência e

pensamento.

Para além de tudo isto, temos ainda a considerar as diminuições

orgânicas e funcionais, que originam significativas alterações na forma e na

composição corporal com o decorrer dos anos. Talvez as condições mais

relevantes a ter em consideração para a sobrevivência do idoso e para a sua

qualidade de vida sejam, no entanto, a diminuição da sua reserva fisiológica e

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Formadora: Inês Mendes 18

a consequente dificuldade na reposição do seu equilíbrio homeostático quando

alterado.

As modificações fisiológicas que se produzem no decurso do

envelhecimento resultam de interacções complexas entre os vários factores

intrínsecos e extrínsecos e manifestam-se através de mudanças estruturais e

funcionais que se encontram sintetizadas no quadro 1.

Quadro 1 - Modificações fisiológicas do envelhecimento

ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS ALTERAÇÕES FUNCIONAIS

Sistema cardiovascular

Células e tecidos Sistema respiratório

Composição global do corpo e peso corporal

Sistema renal e urinário

Músculos ossos e articulações Sistema gastrointestinal

Pele e tecidos subcutâneos Sistema nervoso e sensorial

Tegumentos Sistema endócrino e metabólico

Sistema imunitário

Ritmos biológicos e sono

Fonte: Pessoas Idosas: uma abordagem global (Berger e Poirier, 1995).

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2) Velhice – Aspectos Sociais

A velhice e a sociedade

Em muitas culturas e civilizações, a velhice é vista com respeito e

veneração: representa a experiência, o valioso saber acumulado ao longo dos

anos, a prudência e a reflexão. A sociedade urbana moderna transformou essa

condição, pois a actividade e o ritmo acelerado da vida marginalizam aqueles

que não os acompanham.

Velhice é o último período da evolução natural da vida. Implica um

conjunto de situações -- biológicas e fisiológicas, mas também psicológicas,

sociais, económicas e políticas -- que compõem o quotidiano das pessoas que

vivem nessa fase.

Não há uma idade universalmente aceite como o limiar da velhice.

As opiniões divergem de acordo com a classe socioeconómica e o nível

cultural, e mesmo entre os estudiosos não há consenso. Para efeitos

estatísticos e administrativos, a idade em que se chega à velhice costuma ser

fixada em 65 anos em diversos países, após o que se encerra a fase

economicamente activa da pessoa, com a reforma. Actualmente, nas nações

mais desenvolvidas, esse limite não parece absolutamente adequado do ponto

de vista biológico, pelo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou-o

para 75 anos.

Para compreender tal transformação, é preciso ter em conta o aumento

progressivo da longevidade -- e, portanto, da expectativa de vida -- que se

produziu nas últimas décadas do século XX, facto sem precedentes na história.

O fenómeno se deve aos avanços na área de saúde pública e da medicina em

geral, e à melhoria das condições de vida em seus mais variados aspectos. Por

isso, é cada vez maior o número de pessoas que ultrapassam a idade de 67

anos de idade e, mais que isso, que atingem essa idades em boas condições

físicas e mentais.

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o Velhice e envelhecimento: conceitos e análise

Desde o nascimento a vida desenvolve-se de tal forma que a idade

cronológica passa a definir-se pelo tempo que avança. E o tempo fica definido

como uma sinonímia para uma eternidade quantificada, ou seja, uma cota.

Desta forma, o homem e o tempo influenciam-se mutuamente, produzindo

profundas mudanças nas subjectividades e diferentes representações que lhe

permitem lidar com a questão temporal (Goldfarb, 1998).

As limitações corporais e a consciência da temporalidade passam a ser

problemáticas fundamentais no processo do envelhecimento humano, e

aparecem de forma reiterada no discurso dos idosos, embora possam adquirir

diferentes mudanças e intensidades dependendo da sua situação social e da

própria estrutura psíquica (Goldfarb, 1998). Corpo e tempo entrecruzam-se no

devir do envelhecimento, e como consequência disso, nascerão as diversas

velhices e suas consequentes múltiplas representações. Entretanto, se cada

pessoa tem a sua velhice singular, as velhices passam a ser incontáveis e a

definição do próprio termo torna-se um impasse.

Afinal, uma pessoa é tão velha, tendo como referencial algum tipo de declínio

orgânico, ou são as maneiras pelas quais as outras pessoas passam a encará-

las que as confinam num reduto denominado Terceira Idade?

E quando uma pessoa se torna velha?

Há uma idade ou um intervalo específico para a Terceira Idade?

Não é preciso ir muito longe para constatar que o que se percebe, então,

é a impossibilidade de se estabelecer uma definição ampla e aceitável em

relação ao envelhecimento (Veras, 1994). Percebe-se actualmente que os

nossos referenciais sobre a terceira idade e tudo o que se supunha saber

é insuficiente para definir o que se actualmente concebe como terceira

idade/envelhecimento/velhice.

A característica principal da velhice é o declínio, geralmente físico, que

leva as alterações sociais e psicológicas. Os teóricos classificam tal declínio de

duas maneiras: a senescência e a senilidade.

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Formadora: Inês Mendes 21

A senescência é um fenómeno fisiológico e universal, arbitrariamente

identificada pela idade cronológica, pode ser considerada um

envelhecimento sadio, onde o declínio físico e mental é lento, e

compensado, de certa forma, pelo organismo (Pikunas, 1979).

A senilidade caracteriza-se pelo declínio físico associado à

desorganização mental (Pikunas, 1979). Curiosamente, a senilidade não

é exclusiva da idade avançada, mas pode ocorrer prematuramente, pois,

identifica-se com uma perda considerável do funcionamento físico e

cognitivo, observável pelas alterações na coordenação motora, a alta

irritabilidade, além de uma considerável perda de memória.

Atitudes, Mitos e Estereótipos ligados à Velhice

Tópicos, ditos, frases feitas, etiquetas verbais

ou adjectivações a respeito de pessoas e grupos,

são alusões que frequentemente encontramos,

quer nas conversas diárias da rua, quer nos meios

de comunicação social. O mundo social e humano,

dificilmente se nos apresenta, em sua crua

realidade objectiva e objectual, sem possuir

adjectivações (frequentemente estereotipadas),

porque o estereótipo é precisamente uma

percepção extremamente simplificada e geralmente com ausência de matrizes.

Na medida em que o conhecimento humano não é capaz de ser sempre

complexo, flexível e crítico podemos dizer que tendemos a cair no estereótipo

(Castro, et al, 1999).

Os estereótipos mais estudados actualmente são os que se referem a

grupos étnicos, no entanto existem estereótipos em todos os domínios da vida

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Formadora: Inês Mendes 22

social: relativos a ambos os sexos, às ocupações, ao ciclo vital, à família, à

classe social, ao estado civil, aos desvios sociais e a qualquer campo da vida

que desejamos diferenciar.

Estudos recentes sobre o sóciocognitivismo, reafirmam o papel crucial

dos estereótipos na percepção de outros seres humanos, havendo mesmo

quem defenda (Bondehausen y Wyer, 1973) que as pessoas utilizam

prioritariamente os estereótipos para interpretar a informação complexa sobre

indivíduos e grupos, buscando outras interpretações apenas, quando os

estereótipos não oferecem explicações suficientes.

O estereótipo é ―uma representação social sobre os traços típicos de um

grupo, categoria ou classe social (Ayesteran e Pãez, 1987) e caracteriza-se por

ser um modelo lógico para resolver uma contradição da vida quotidiana, e

serve sobretudo para dominar o real. No entanto, também contribui para o não

reconhecimento da unicidade do indivíduo, a não reciprocidade, a não

duplicidade, o despotismo em determinadas situações.

A literatura científica sobre os estereótipos é prolixa, pelo facto de se

tratar de um conceito multi-unívoco – construtor categorial, generalizador,

estável e definidor de um grupo social. Contudo, existem múltiplos defensores

dos quais destacamos Walter

Lippmann (cit. por Castro et al, 1999) que entende os estereótipos como

pré-concepções rígidas, mais ou menos falsas e irracionais.

Socialmente, e no caso dos idosos, a valorização dos estereótipos

projecta sobre a velhice uma representação social gerontofóbica e contribui

para a imagem que estes têm se si próprios, bem como das condições e

circunstâncias que envolvem a velhice, pela perturbação que causam uma vez

que negam o processo de desenvolvimento.

O ―Ancianismo‖ como conceito gerontológico, define-se como o ―processo

de estereotipia e de discriminação sistemática, contra as pessoas porque são

velhas‖ (Staab e Hodges, 1998).

Este problema surge, quando o fenómeno de envelhecer é considerado

prejudicial, de menor utilidade ou associado à incapacidade funcional. A

rejeição e rotulagem de um grupo, em particular de indivíduos, desenvolvesse

porque as características individuais com traços negativos, são atribuídos a

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Formadora: Inês Mendes 23

todos os indivíduos desse grupo. Assim a palavra ‖velhote‖ descreve os

sentimentos ou preconceitos resultantes de micro-concepções e dos ―mitos‖

acerca dos idosos. Os preconceitos envolvem geralmente crenças, de que o

envelhecimento torna as pessoas senis, inactivas, fracas e inúteis (Nogueira,

1996).

No ―mundo civilizado‖ de hoje, a velhice é tida como uma doença

incurável, como um declínio inevitável, que está votado ao fracasso. Esta

postura social atingiu tal dimensão, que Louise Berger (1995) chega mesmo a

afirmar, que abundam hoje ―ideias feitas e preconceitos relativamente à velhice.

Os ―velhos‖ de hoje os ―gastos‖ os ―enrugados‖ cometeram a asneira de

envelhecer numa cultura que deifica a juventude‖.

De facto, as atitudes negativas face aos idosos existem em todos os

níveis sociais: intervenientes, beneficiários, governantes etc. Assim, perante

esta diversidade de conceitos somos levados a questionar o que se entende

por mitos, estereótipos, crenças e atitudes?

No sentido de clarificar e uniformizar estas questões e baseados nos

pressupostos teóricos defendidos por Berger, 1995; Santos, 1995; Nogueira,

1996 e Dinis, 1997; Castro et al, 1999, passaremos a apresentar as seguintes

conceptualizações.

Atitude, é um conjunto de juízos que se desenvolvem a partir das nossas

experiências e da informação que possuímos das pessoas ou grupos. Pode ser

favorável ou desfavorável, e embora não seja uma intenção pode influenciar

comportamentos.

Crença, é um conjunto de informações sobre um assunto ou pessoas,

determinante das nossas intenções e comportamentos, formando-se a partir

das informações que recebemos. Por exemplo: a ―ideia‖ de que todos os idosos

são sensatos e dóceis e nunca se zangam.

Estereótipo, é uma imagem mental muito simplificada de alguma

categoria de pessoas, instituições ou acontecimentos que é partilhada, nas

suas características essenciais por um grande número de pessoas (Castro,

1999); dito de outra forma é um ―chavão‖, uma opinião feita, uma fórmula banal

desprovida de qualquer originalidade, ou seja é uma ―generalização‖ e

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Formadora: Inês Mendes 24

simplificação de crenças acerca de um grupo de pessoas ou de objectos,

podendo ser de natureza positiva ou negativa.

O estereótipo positivo, é aquele em que se atribuem características

positivas a todos os objectos ou pessoas de uma categoria particular, por

exemplo, ―todos os idosos são prudentes‖.

Contrariamente, um estereótipo negativo, atribui características negativas

a todos os objectos ou pessoas de uma determinada categoria, de que é

exemplo ―todos os idosos são senis‖.

Um estudo realizado na Université de Montreal por Champagne e Frennet

(cit. por DINIS, 1997), permitiu identificar catorze estereótipos como os mais

frequentes relativos aos idosos e que passamos a descrever:

* Os idosos não são sociáveis e não gostam de se reunir;

* Divertem-se e gostam de rir;

* Temem o futuro;

* Gostam de jogar às cartas e outros jogos;

* Gostam de conversar e contar as suas recordações;

* Gostam do apoio dos filhos;

* São pessoas doentes que tomam muita medicação;

* Fazem raciocínios senis;

* Não se preocupam com a sua aparência;

* São muito religiosos e praticantes;

* São muito sensíveis e inseguros;

* Não se interessam pela sexualidade;

* São frágeis para fazer exercício físico;

* São na grande maioria pobres.

A análise destes resultados permite-nos observar que a maioria destes

estereótipos está ligada não a características específicas do envelhecimento,

mas sim a traços da personalidade e a factores socioeconómicos. E, se por um

lado, a formação de estereótipos simplifica a realidade, por outro, hiper-

simplificam-na, levando muitas vezes a uma ignorância acerca das

características, minimizando as diferenças individuais entre os membros de um

determinado grupo. É disso, exemplo, o estereótipo de que ―todos os idosos

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Formadora: Inês Mendes 25

são solitários‖. Este, não tem em consideração os idosos que têm uma vida

social activa. Ainda com base neste estereótipo, os idosos activos socialmente,

são considerados, muitas vezes, como tendo um comportamento social atípico,

pelo que se enquadram numa excepção.

De facto, o mito é ―uma construção do espírito que não se baseia na

realidade‖ e por isso constitui uma representação simbólica. Pode ser também

um conjunto de expressões feitas ou eufemismos, que mantemos relativamente

aos idosos, por exemplo: ―ela tem um ar jovem para a idade‖, ―idade de ouro‖,

etc…

Numa análise mais profunda percebemos que os mitos escondem muitas

vezes uma certa hostilidade e quando utilizados em excesso, impedem o

estabelecimento de contactos verdadeiros com os idosos.

O que importa realçar neste estudo acerca dos ―mitos‖ e dos

―estereótipos‖ é o facto de estes estarem muitas vezes ligados ao

desconhecimento do processo de envelhecimento, e poderem influenciar a

forma como os indivíduos interagem com a pessoa idosa.

Por outro lado são causa de enorme perturbação nos idosos, uma vez

que negam o seu processo de crescimento e os impedem de reconhecer as

suas potencialidades, de procurar soluções precisas para os seus problemas e

de encontrar medidas adequadas.

O termo ―terceira idade‖ por exemplo, é um rótulo socioeconómico que

permite muitas vezes que o Homem entre nela pela porta da psicopatologia,

que é a ciência que se ocupa da relação perturbada (Gyll, 1998). Estas

imagens mentais simplificadas e estereotipadas sobre os idosos são usadas e

compartilhadas actualmente em todos os níveis e grupos sociais.

Esta visão global e generalizada, que caracteriza os estereótipos

gerontológicos pouco críticos e frequentemente carentes de objectividade,

distorce a realidade. Investigações diversas sobre esta temática têm

demonstrado que a distorção causada pelos estereótipos ―cegam‖ os

indivíduos, impedindo-os de se precaverem das diferenças que existem entre

os vários membros, não lhe reconhecendo deste modo qualquer virtude,

objecto ou qualidade.

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Nesta perspectiva os estereótipos tornam-se inevitavelmente elementos

impeditivos na procura de soluções precisas e de medidas adequadas,

tornando-os urgente o combate a estas representações sociais gerontofóbicas

e de carácter discriminatório, levando os cidadãos a adoptar medidas e

comportamentos adequado face aos idosos.

Representações da Morte

A velhice é uma etapa da evolução humana. Nascer, crescer, desenvolver

e morrer são processos naturais que fazem parte do ser humano. Entretanto,

há outros factores que contribuem para a compreensão do homem e de sua

existência.

A complexidade da existência humana pode ser vista por diversas

vertentes, por diversos olhares e saberes. É comum que algumas ciências,

mantenham uma visão de homem dicotomizada, uma visão que se afunila

apenas naquela característica específica sem perceber o indivíduo como um

todo, como um ser integral, um ser que é sim biológico, mas também é um ser

psicológico, é um ser social.

A velhice, na história, sempre ocupou dois papéis antagónicos, ou

representações sociais: ou referia-se à imagem do fim, da morte, do mal e da

perda, ou da sabedoria, do conhecimento e do respeito. No entanto, trata-se de

um facto natural da vida, tão certo quanto o fim, ao qual todos estamos

―destinados‖. Se, como dizem os matemáticos, a soma dos factores não altera

o resultado do produto, assim também a meia-idade e a velhice, vividas por

cada indivíduo, com sua singularidade, são a premissa do fim que se aproxima

e que é inevitável a todos – a morte.

“Esse estado primordial de desamparo desempenha um papel decisivo na estruturação do

psiquismo, que se constitui fundamentalmente na relação com o Outro, ou seja, o ser humano

só sobrevive porque o Outro o deseja. Essa é a origem da necessidade de ser amado e

cuidado, perpetuada no ser humano até sua morte”

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Formadora: Inês Mendes 27

Envelhecer por si só já é um processo que implica em perdas que tornam

o ser idoso estigmatizado em total dependência e velada incompetência de

decidir suas próprias coisas. O amparo e olhar para esses idosos se tornam

essenciais. A velhice traz consigo, então, a perspectiva de morte.

Problemas Socais da Velhice

O envelhecimento demográfico das populações é um fenómeno

irreversível das nossas sociedades modernas. Os impactes que se têm vindo a

fazer sentir, entre os quais sobressai a sustentabilidade financeira dos sistemas

de reformas, interferem nos equilíbrios individuais e colectivos, relativos às

idades da vida e ao ciclo de vida ternário. Velhos e reformados são agora duas

categorias sociais, dois conceitos que tendem a demarcar-se. A velhice surge

então associada às dificuldades decorrentes da aquisição gradual de

incapacidades. A família, as solidariedades intergeracionais e as políticas

sociais debatem-se com este desafio, procurando encontrar as melhores

soluções e as respostas mais adequadas à diversidade dos problemas.

Nos dias que correm é impreterível reflectir, de modo mais insistente, sobre os

impactes do envelhecimento demográfico das populações e sobre as profundas

mudanças que, simultaneamente, têm vindo a ocorrer nas sociedades

industriais modernas, como é a nossa. Estas têm sido de tal forma rápidas e,

em muitos casos, inesperadas, que necessitamos de permanente pesquisa e

discussão. O debate — profícua fonte de inspiração — é, neste caso,

essencial, na medida em que estudiosos e políticos se confrontam, muitas

vezes, com diferentes modos de explicação do mundo. Os primeiros procuram

interpretar os factos a partir de causas gerais sem nunca se misturarem com os

assuntos em questão. Os segundos, que vivem por entre o descosido dos

factos jornalísticos e a parcialidade dos acontecimentos em que estão

envolvidos, tendem, geralmente, a reduzir a explicação global à singularidade

da parcela do conhecimento que detêm. A definição de políticas de velhice, a

partir de uma formulação mais rigorosa e objectiva dos problemas do

envelhecimento e da análise exaustiva da diversidade de realidades sociais,

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Formadora: Inês Mendes 28

poderá proporcionar as correcções necessárias para que as futuras gerações

de idosos possam vir a viver melhor do que as que as antecederam.

O problema social que representa a velhice nas sociedades modernas é

um exemplo paradigmático da forma como certas perspectivas, científicas e

não científicas, podem contribuir para o deformar através da difusão de ideias e

representações já construídas do que é a velhice. As "pessoas idosas" —

enquanto estereótipo socialmente produzido e facilmente reconhecível —

enquadram uma categoria de indivíduos, cujas propriedades, relativamente

homogéneas, são normalmente identificadas com isolamento, solidão, doença,

pobreza e mesmo exclusão social. Nesta perspectiva comum, as pessoas

idosas são consideradas como indivíduos isolados, permanecendo oculta a

dimensão familiar da identidade, da existência. A lógica repousa na percepção

da pessoa idosa enquanto agente de acção social apartado dos laços sociais

inerentes à instituição familiar a que pertence e no quadro das relações

tradicionais de amizade e de vizinhança. Esta avaliação, que decorre da

posição que os agentes sociais ocupam relativamente às situações

problemáticas — porque existem situações problemáticas de isolamento,

solidão, doença e carências afectivas e materiais —, impõe-se com maior

visibilidade social e, desse modo, adquire as condições para se apresentar

como propriedade comum e dominante da categoria dos indivíduos

denominados idosos.

Um tal processo representou uma verdadeira revolução demográfica com

efeitos no equilíbrio proporcional dos grupos etários. A tendência, que se tem

manifestado de forma crescente, é para um desequilíbrio considerável entre as

gerações, ou seja, o aumento dos mais velhos é relativamente empolado pela

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Formadora: Inês Mendes 29

redução dos mais novos, contribuindo, desse modo, para o agravamento do

desequilíbrio intergeracional.

Ao longo deste século fomos passando de um sistema demográfico

tradicional para um sistema demográfico moderno, período ao longo do qual a

mortalidade desceu a níveis nunca antes registados e o declínio da

fecundidade ultrapassa já os cenários mais pessimistas das projecções

demográficas. O excessivo declínio da fecundidade, que ocorre em alguns

países europeus — os países de sul da Europa, Alemanha e Áustria —, é

preocupante em relação ao equilíbrio futuro das gerações. Há casos, como o

da população italiana e espanhola, onde a fecundidade desceu para,

aproximadamente, uma criança por mulher, ou seja, metade do necessário à

renovação das gerações. A redução crescente dos nascimentos equivale à

redução das proporções de jovens, enquanto o aumento relativo dos restantes

grupos etários irá, a médio prazo, afectar de novo o equilíbrio intergeracional

pela correspondente redução dos jovens adultos e dos adultos activos. Este

segundo impacte do declínio da fecundidade, ao contrário do primeiro, que

proporcionou a redução dos encargos públicos com a educação, interfere

directamente nos fluxos das quotizações da população que contribui para o

sistema. São mais inactivos a receber e menos activos a quotizar-se, estes

tendo que contribuir com uma parcela maior dos seus rendimentos para

garantir o funcionamento do sistema.

Estamos perante transformações estruturais que, quando associadas às

mudanças de comportamento face à nupcialidade e à família, conduzem a

configurações familiares bem distintas das que encontramos no passado. As

trajectórias de vida mais longas e as perturbações das idades da vida afectam

não só as consciências individuais como o modo como os indivíduos se

relacionam na teia das relações estritas do seio familiar. As idades e os ciclos

de vida sofrem perturbações que põem em causa o nosso conhecimento

construído e a forma como ele interfere nas estratégias individuais e colectivas

face à velhice e ao envelhecimento.

No cenário de envelhecimento futuro, é importante que as instâncias

produtoras de políticas sociais se preparem para as transformações que

começaram a ter lugar. Os apoios de tipo social que têm marcado as políticas

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Formadora: Inês Mendes 30

na maior parte dos países em que foram implementadas, como os centros de

dia e os apoios domiciliários, poderão deixar de ser a orientação essencial das

políticas nas futuras gerações de idosos. A velhice dependente vai ser o

grande desafio já no início do milénio. Em contrapartida, as próximas gerações

virão mais bem munidas para responder às dificuldades materiais e culturais,

com maior sentido de autonomia e uma mais poderosa consciência de

cidadania, promotora de maior capacidade de resolução dos problemas

individuais e mesmo colectivos.

As políticas sociais vão ainda deparar-se com as dificuldades de gestão

social do não trabalho, transferindo para outras áreas alguns dos problemas

que eram atribuídos apenas aos idosos.

A pessoa idosa no final do Século XX

Foi sobretudo a partir da segunda metade do século XX que emergiu um

novo fenómeno nas sociedades desenvolvidas − o envelhecimento

demográfico, ou seja, o aumento significativo do número de pessoas idosas.

Com isto, surgiu a necessidade, a nível internacional, de caracterizar o

fenómeno, de repensar o papel e o valor da pessoa idosa, os seus direitos e as

responsabilidades do Estado e da sociedade para com este grupo específico

da população.

Como disse Kofi Anam (2002): ―A expansão do envelhecer não é um

problema. É sim uma das maiores conquistas da humanidade. O que é

necessário é traçarem-se políticas ajustadas para envelhecer são, autónomo,

activo e plenamente integrado. A não se fazerem reformas radicais, teremos

em mãos uma bomba relógio a explodir em qualquer altura‖.

No final do século XX e início do século XXI a sociedade mundial depara-

se com uma configuração sócio-etária: o envelhecimento populacional. A ONU

estipulou de 1975 – 2025 como a Era do Envelhecimento (50 anos). A velhice

tem sempre acompanhado a humanidade como uma etapa inevitável de

decadência e declinação. A palavra velhice é carregada de significados como

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Formadora: Inês Mendes 31

inquietude, fragilidade, angústia. O envelhecimento é um processo que está

rodeado de muitas concepções falsas, temores, crenças e mitos. A imagem

que se tem da velhice mediante diversas fontes históricas, varia de cultura em

cultura, de tempo em tempo e de lugar em lugar. Esta imagem reafirma que

não existe uma concepção única ou definitiva da velhice mas sim concepções

incertas, opostas e variadas através da história.

O pensamento científico que caracterizou os séculos XVI e XVII introduziu

novas formas de pensar que enfatizavam a observação, experimentação e

verificação, podendo-se então, descobrir as causas da velhice mediante um

estudo sintomático. Ainda assim prevalecia a ambivalência em relação à

velhice.

Durante os séculos XVII e XVIII foram feitos muitos avanços no campo

da fisiologia, anatomia, patologia. As transformações que ocorreram na Europa

nos séculos XVIII e XIX reflectiram em uma mudança na população anciã. O

número de pessoas em idade avançada aumentou e os avanços da ciência

permitiram descartar vários mitos acerca da velhice. Contudo, a situação dos

velhos não melhorou. O surgimento da Revolução Industrial e do urbanismo

foram derradeiros para os anciões que, sem poder trabalhar, foram reduzidos à

miséria.

No final do século XIX os avanços da medicina propiciaram a divisão de

velhice e enfermidade e nos finais do Século XX surgem a Gerontologia e a

Geriatria como disciplinas formais. O que se percebe são ciclos que ocorrem

ao longo da história. Períodos em que os idosos são valorizados são seguidos

por crises entre jovens e velhos e posterior desvalorização do ancião. Hoje,

para uma parcela economicamente activa da população idosa, existe um

movimento de valorização, pois esta população está impulsionando mercados

como o de turismo e serviços para a terceira idade.

Os meios de comunicação, da forma como estão hoje inseridos em

nossa vida, também têm um papel importante na construção desta terceira

idade. A televisão e o cinema, particularmente, possuem um grande potencial

para influenciar nos conceitos acerca da velhice. As parcelas da população

mais influenciáveis são as crianças e jovens. Estes meios funcionam como um

espelho da sociedade e contribuem para estabelecer ou validar modelos de

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Formadora: Inês Mendes 32

comportamento. Porém o número de pessoas idosas que aparecem nos

programas ou filmes não corresponde a realidade encontrada na sociedade.

Neste caso a mensagem que pode estar sendo passada é de que o velho não

é importante. Os estereótipos negativos também são muito explorados.

No início da década de 90 ocorreu uma leve mudança na visão negativa

da velhice em programas e filmes como ―Assassinato por escrito‖, ―Cocoon‖ e

―Conduzindo miss Daisy‖ e o surgimento de idosos como mercado consumidor

pode ainda alterar mais este quadro. A imagem passada pelos meios de

comunicação afecta também a auto-estima dos idosos. A validação social é

crucial para o desenvolvimento de todas as pessoas e os anciões não são

diferentes. É, então, necessária uma consciencialização da importância desses

meios na constituição da velhice. Assim podemos começar a mudar a visão

que nossa sociedade possui do que é ser velho hoje em dia.

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Formadora: Inês Mendes 33

3) Velhice – Socialização e Papéis Sociais

Aspectos sociais da velhice

O novo perfil do idoso, acrescido a um número cada vez maior de

cidadãos da terceira idade, forçosamente implica numa atenção mais dedicada

a esta categoria; seja por parte do governo, ou da sociedade, como um todo.

Esse novo perfil, do idoso com vida activa, social, financeira, política e até

amorosa, necessariamente altera as relações familiares e profissionais. Essa

nova atitude diante da vida e da sociedade implica também em alterações das

políticas económicas, sociais e de saúde, para oferecer uma vida digna, a esta

categoria emergente, que já deu sua contribuição ao longo de toda a vida.

Apesar do evidente crescimento da população idosa, e das

transformações sociais dele decorrentes, a discussão sobre o envelhecimento

se dá num contexto em que a diversidade de conceitos para explicar quem é o

idoso e como se caracteriza o processo de envelhecer, ainda está longe de

diminuir.

É possível afirmar que o envelhecimento não é igual para todos, e, para

além da idade, depende das condições objectivas de vida em fases anteriores

do ciclo vital, do acesso aos bens e serviços, bem como da cobertura da rede

de protecção e atendimento social. Os estudos sobre a velhice e o processo de

envelhecimento abarcam as diversas possibilidades de pensar o lugar social

ocupado pelo idoso na realidade mundial. A velhice tem sido tratada como um

mal necessário, da qual a humanidade não tem como escapar. Por esse

princípio, o idoso também é tratado como um mal necessário, como alguém

que já cumpriu sua. função social: já trabalhou, já cuidou da família, já

contribuiu para educação dos filhos, restando a eles, somente, esperar pela

finitude da vida. O que se observa é que, com o avanço das pesquisas na área

da saúde, e o acesso da população idosa aos diversos serviços, a população,

de um modo geral, chega aos 60 anos com possibilidade de viver mais (e com

qualidade de vida) do que vivia há 20 anos atrás. Veras (2003, p.8) adverte que

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Formadora: Inês Mendes 34

―muito antes do que se imagina, teremos indivíduos se aposentando perto dos

60 anos de idade e iniciando um novo ciclo de vida que perdurará por mais de

30 ou 40 anos‖.

A velhice apresenta múltiplas faces, e não pode ser analisada

desvinculada dos aspectos socioeconómicos e culturais, pois as suas

características extrapolam as evidentes alterações físicas e fisiológicas

individuais.

―A população idosa constitui-se como um grupo bastante diferenciado, entre si e em

relação aos demais grupos etários, tanto do ponto de vista das condições sociais,

quanto dos aspectos demográficos e epidemiológicos. Qualquer que seja o enfoque

escolhido para estudar este grupo populacional, são bastante expressivos os

diferenciais por género, idade, renda, situação conjugal, educação, actividade

económica, etc.‖ (VERAS, 2003, p. 8-9).

O envelhecimento populacional pressiona a sociedade a repensar a fase

final da vida, a entender o lugar social ocupado pelo idoso, como um sujeito

que tem direitos e deveres enquanto cidadão. A inclusão social é temática,

bastante ampla e complexa. Relaciona-se à questão da protecção social e do

lugar social ocupado pela população em nosso país. Destaca-se que vivemos

numa sociedade onde os direitos sociais são identificados como favor, como

tutela, como um benefício e não prerrogativa para o estabelecimento de uma

vida social digna e de qualidade.

Mesmo estabelecidos em lei, a direcção dada pelos responsáveis pela

garantia dos direitos nem sempre é direccionada para sua efectivação. O

caminho da inclusão social corre em paralelo à discussão do direito e da

protecção social.

Por protecção social entende-se por um conjunto de acções que visam

prevenir riscos, reduzir impactos que podem causar malefícios à vida das

pessoas e, consequentemente, à vida em sociedade. A exclusão social ocorre

quando num determinado grupo da sociedade é de alguma forma excluído dos

seus direitos, ou ainda, tem seu acesso negado por ausência de informação,

por estar fora do mercado de trabalho, entre outras coisas. A inclusão,

portanto, significa fazer parte, se sentir pertencente, ser compreendido em

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Formadora: Inês Mendes 35

sua condição da vida e humanidade. É sentir-se pertencente como pessoa

humana, singular e ao mesmo tempo colectiva.

Inclusão e protecção social estão intrinsecamente relacionadas aos

direitos sociais. Os direitos estabelecidos no Estatuto do Idoso que indicam e

fortalecem a inclusão social do idoso são:

1º Direito à vida: viver com dignidade, com acesso aos bens e serviços

socialmente produzidos;

2º Direito à informação: ter conhecimento, trocar ideias, perguntar, questionar,

compreender. A informação caminha por dois níveis que se complementam: o

primeiro refere-se à vida quotidiana e o segundo refere-se à garantia dos

direitos – como funcionam os serviços prestados por meio da política social,

como funciona a rede de atendimento social, a gestão pública, como o poder

público emprega o dinheiro na área do envelhecimento.

3º Direito à vida familiar, à convivência social e comunitária: receber apoio e

apoiar a família, preservar laços e vínculos familiares, trocar experiência de

vida; receber suporte social, psicológico e emocional.

4º Direito ao respeito: às diferenças, às limitações, ao modo de entender o

mundo, ao modo de viver neste mundo.

5º Direito à preservação da autonomia: ter preservada a capacidade de

realizar algumas tarefas sozinho ou com auxílio; ter preservada a privacidade;

ter preservada a capacidade de realizar as actividades de vida diária e de vida

prática.

6º Direito de cessar serviços que garantam condições de vida: acesso aos

serviços de saúde, educação, moradia, lazer, entre outros.

7º Direito de participar, opinar e decidir sobre sua própria vida: conhecer e

participar de actividades recreativas e de convivência.

A gestão da velhice – que segundo Debert (1999, p. 13-14) por muito

tempo foi considerada como específica da esfera privada e familiar, da

previdência individual, ou de associações filantrópicas –, vem transformando-se

numa questão pública, expressa na legislação específica para os idosos, que

expressa (e ao mesmo tempo influencia) o surgimento de uma nova categoria

cultural: ―os idosos, como um conjunto autónomo e coerente que impõe outro

recorte à geografia social, autorizando a colocação em prática de modos

específicos de gestão.‖

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O modo de vida das pessoas de idade

Envelhecer com saúde,

autonomia e independência, o

mais tempo possível, constitui

assim, hoje, um desafio à

responsabilidade individual e

colectiva, com tradução

significativa no desenvolvimento

económico dos países.

Coloca-se, pois, a questão

de pensar o envelhecimento ao longo da vida, numa atitude mais preventiva e

promotora da saúde e da autonomia, de que a prática de actividade física

moderada e regular, uma alimentação saudável, o não fumar, o consumo

moderado de álcool, a promoção dos factores de segurança e a manutenção

da participação social são aspectos indissociáveis.

Do mesmo modo, importa reduzir as incapacidades, numa atitude de

recuperação global precoce e adequada às necessidades individuais e

familiares, envolvendo a comunidade, numa responsabilidade partilhada,

potenciadora dos recursos existentes e dinamizadora de acções cada vez mais

próximas dos cidadãos.

Existe um mito de que a velhice seja uma etapa de restrições, privações e

sofrimentos, o que é uma inverdade, pois os idosos podem gozar de bem-estar

e saúde até o final da vida, tudo vai depender da forma como viveram e como

cuidaram de si mesmos ao longo dela. As doenças podem surgir em qualquer

fase da vida, o que ocorre nesta fase são algumas limitações que, se bem

administradas, não impedem que o idoso tenha uma vida plena, saudável e

feliz.

A chegada na terceira idade traz consigo muitas perdas e mudanças!

Com a Reforma ocorre a perda do trabalho, algo ao qual o idoso se

dedicou boa parte da sua vida; além disso, em muitos casos, também existe a

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Formadora: Inês Mendes 37

diminuição do poder aquisitivo o que gera mudanças no padrão de vida, nem

sempre muito bem aceites; é comum nesta fase a perda de amigos e parentes,

o que leva o idoso a reflectir sobre a chegada da sua própria morte; surgem

também as limitações físicas próprias da idade tais como dificuldades

perceptivas, sensoriais e de memória, além da lentidão dos movimentos, da

diminuição da força muscular e da coordenação motora; nesta fase da vida a

própria sociedade, assim como a família, tendem a segregar o idoso, vendo-o

como uma pessoa improdutiva e sem valor. Estes factores podem levar o idoso

a um quadro de apatia, de inactividade, de desinteresse e desânimo em geral.

É comum, nesta fase da vida, o aparecimento da depressão, o problema

mais comum na terceira idade. Surge em função do idoso não saber lidar ou

encarar de forma positiva estas mudanças que fazem parte da sua vida. A

depressão significa, em última instância, sentir-se sem saída diante de um

determinado conflito, problema ou situação, o que pode gerar muito sofrimento

e dor. Pessoas com baixa auto-estima, que sempre vêem a si mesmas e o

mundo com pessimismo, que são facilmente sobrecarregadas pelo stress, que

não aceitam envelhecer e que não encaram a diminuição da vitalidade como

algo inerente à idade são propensas a apresentar depressão.

Perdas e mudanças fazem parte da vida, a morte vem para todos e

chegar à terceira idade é um factor que pode ser encarado tanto de forma

positiva como negativa! Ao invés de encarar a realidade como ruim,

assustadora ou com sofrimento, pode-se pensar no que fazer para mudá-la ou,

na impossibilidade da mudança, de que forma encarar e aceitar esta realidade

sem sofrimento, aceitando-as como um desafio, um factor de aprendizagem de

convivência, de respeito e de aceitação das próprias limitações.

Aceitar o envelhecimento com naturalidade é o caminho certo, procurando

conviver bem com as limitações e valorizando aquilo que faz parte exclusiva

dos idosos: a larga experiência de toda uma vida que jamais poderia ser

deixada de lado e que deveria ser muito bem aproveitada pelos jovens e pela

sociedade de um modo geral.

Chegar à terceira idade não significa apenas o final da jornada de anos de

trabalho e de missão cumprida em relação à criação dos filhos, mas a entrada

em um novo estilo de vida, algo que pode ser muito bom porque permite a

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Formadora: Inês Mendes 38

realização de desejos não satisfeitos ao longo da vida seja por causa do tempo

dispendido no trabalho, seja porque haviam outros interesses à frente.

É a fase da vida em que os idosos podem realmente se dar ao "luxo" de

exercerem actividades que lhes tragam apenas prazer, alegria e satisfação,

sem a cobrança de um desempenho (como no trabalho) ou sem a

responsabilidade de educar ou de exercer um bom papel (é hora de serem

simplesmente eles mesmos, serem avós e não mais pais zelosos com a

educação, sem precisar mais ―dar o exemplo‖).

Em geral, o idoso mora ou isolado ou com o seu

cuidados informal. Estes, por si só, por causa das suas

próprias obrigações/actividades, não costumam dar a

atenção necessária, muitas vezes não dispondo do seu

tempo para ouvir o idoso, o que o leva a sentir-se num

plano secundário: essa falta de atenção da família pode

levar o idoso à diminuição de sua auto estima e até à

depressão, quando ele não tem actividades sociais que compensem esta falta

de atenção familiar: por isso é importante que o idoso tenha outras actividades

extra-familiares que lhe tragam prazer, mantendo ou criando novas amizades e

contactos.

É importante que a actividade cerebral do idoso continue a ser estimulada

com leituras ou com quaisquer actividades que possam prender a sua atenção

e, principalmente, manter o contacto com pessoas queridas a maior parte do

tempo. O ser humano é um ser social e o idoso precisa conversar e,

principalmente, ser ouvido! Pedir-lhe, simplesmente, que relate as suas

experiências passadas, que conte histórias da família, que fale sobre aquilo

que gosta de falar são maneiras de estimulá-lo e, mais do que isso, são

actividades que lhe trazem muito prazer.

Os idosos adoram se sentir úteis e ficam felizes em poder ajudar ou

satisfazer um desejo/necessidade de um parente ou conhecido! Eles jamais

devem ser tratados como pessoas inválidas, são pessoas que possuem mais

limitações inerentes à idade! Portanto, deve-se delegar a eles apenas tarefas

que possam ser executadas sem sacrifícios (como cozinhar, se eles gostarem,

bordar, fazer um determinado conserto, etc...). A família e os amigos jamais

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Formadora: Inês Mendes 39

devem dar a perceber que se sentem incomodados com a presença do idoso

ou que não tem vontade de ajudá-lo, de ouvi-lo, pelo contrário, devem agir no

sentido de permitir, na medida do possível, a manutenção da autonomia, da

independência e da dignidade do idoso.

Como já foi dito, o ser humano é um ser social: o lazer, a distracção, a

conversa, o bem-estar e as actividades em grupo são fundamentais para todos,

independentemente da idade.

Processo de envelhecimento / sensibilização à problemática da

pessoa idosa / Pessoa Idosa noutras Civilizações

A longevidade é, sem dúvida, um triunfo. Há, no entanto, importantes

diferenças entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.

Enquanto, nos primeiros, o envelhecimento ocorreu associado às melhorias

nas condições gerais de vida, nos outros, esse processo acontece de forma

rápida, sem tempo para uma reorganização social e da área de saúde

adequada para atender às novas demandas emergentes. Para o ano de 2050,

a expectativa em Portugal, bem como em todo o mundo, é de que existirão

mais idosos que crianças abaixo de 15 anos, fenómeno esse nunca antes

observado.

Muitas pessoas idosas são acometidas por doenças crónicas não

transmissíveis (DANT) - estados permanentes ou de longa permanência - que

requerem acompanhamento constante, pois, em razão da sua natureza, não

têm cura. Essas condições crónicas tendem a manifestar-se de forma

expressiva na idade mais avançada. Podem gerar um processo incapacitante,

afectando a funcionalidade das pessoas idosas, ou seja, dificultando ou

impedindo o desempenho das suas actividades quotidianas de forma

independente. Ainda que não sejam fatais, essas condições geralmente

tendem a comprometer de forma significativa a qualidade de vida dos idosos.

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O idoso tem sido encarado de formas diferentes ao longo dos tempos e

nas diversas culturas. Por exemplo nas sociedades Orientais é-lhe atribuído um

papel de dirigente pela experiência e sabedoria. Nas sociedades Ocidentais,

apesar de ter sido considerado, até há algum tempo atrás, como um elemento

fundamental na sociedade, pelos seus conhecimentos e valores para as

populações mais jovens, actualmente tem uma imagem e um papel social

quase insignificante, sendo a diminuição das suas capacidades, num contexto

de produtividade, um dos factores mais referenciados. Por outro lado, o idoso,

por usufruir de reformas e pensões muito baixas, viver muitas vezes em

habitações degradadas e ter grandes despesas com a saúde, fica numa

posição social muito vulnerável à precariedade económica. O idoso é ainda

vulnerável à exclusão social, pela condição de reformado, sem relação com o

trabalho e com os colegas, pela dificuldade de comunicação com as gerações

mais jovens, pelo isolamento em relação à família, pela perda de autonomia

física e funcional e ainda pelas dificuldades da adaptação às novas tecnologias

(Sílvia, 2001).

De facto, para além da privação de meios a que naturalmente os idosos

estão votados, existem tecnologias recentes que ampliam as dificuldades de

acesso aos direitos sociais básicos.

Este quadro agrava-se para alguns idosos ainda mais, pelo facto de terem

que partilhar o seu já reduzido rendimento com familiares a seu cargo (netos,

filhos toxicodependentes, etc…).

Devido à insuficiência de medidas de política social, capazes de garantir

condições económicas mínimas a quem fez a sua vida profissional numa época

em que não se realizavam contratos, nem descontos para a segurança social,

configura-se-lhes um quadro de vida em que a pobreza é o culminar ―inevitável‖

de uma trajectória social cuja precariedade impediu a acumulação de todo e

qualquer tipo de recurso.

Face à panóplia de questões caracterizadoras do idoso na sociedade

actual, surge o debate em torno do envelhecimento e das respostas sociais de

apoio às pessoas idosas.

Assim, em 1999 consagrou-se o Ano Internacional do Idoso, iniciativa

concretizada pelas Nações Unidas, na sequência da Assembleia Mundial sobre

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o envelhecimento de 1982. Esta iniciativa passou então a constituir um marco

fundamental para avaliação das políticas implementadas no âmbito do

envelhecimento da população, bem como das relações de

desenvolvimento/envelhecimento.

Segundo Pimentel (2001), a pressão que o envelhecimento populacional

causa nos sistemas de Segurança Social pode ter custos sociais elevados,

decorrentes da forma como o sistema é financiado. A técnica que é utilizada

para este fim, segundo Rosa (1993), baseia-se numa conversão automática

das contribuições dos indivíduos activos em pensões, implicando que haja um

equilíbrio entre as quotizações e as prestações. No entanto, este sistema

segundo a mesma autora, tende a originar um mal-estar social e conduz a um

conflito entre gerações com consequências graves para a sociedade, uma vez

que são as gerações mais novas que contribuem para o financiamento das

pensões de velhice, aumentando deste modo as despesas sociais.

Comunga da mesma opinião Roussel (1990), ao referir que, apesar de os

idosos constituírem um grupo social com algum poder e capaz de exercer

pressão política e económica, as outras gerações, sobretudo em épocas de

crise, podem não entender os benefícios dos idosos e considerá-los

excessivos.

Posição diferente apresenta Cabrillo & Cachafeiro (1992), ao referirem

que a questão fundamental não se centra na distribuição das despesas

públicas, mas sim na integração social dos idosos, que podem e devem

desempenhar uma função activa na vida social, não constituindo, assim, uma

carga para as gerações mais jovens.

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Formadora: Inês Mendes 42

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