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iPad - Tablets
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Um iPad por aluno. E daí?
13 de dezembro de 2011, 3:04
Plataformas de software e não apenas aplicativos para
apresentar textos digitais.
Para não correr o risco de perder parte dos leitores logo de início, vou afirmar que este
artigo não é uma crítica irrestrita às escolas e faculdades que já estão adotando tablets
(iPads ou Galaxys tabs) como ferramenta para apoio ao ensino.
Ao contrário, aos educadores e diretores de instituições de ensino, espero poder mostrar
que a simples digitalização do material didático atual em formato livro ou apostila é o
primeiro passo, infelizmente insuficiente, precária, frustrante, ineficaz e enfadonha.
Portanto é essencial seguir adiante, adotando uma “plataforma de software” a qual
deverá incorporar os seis aspectos apresentados neste artigo. Caso contrário, a iniciativa
será tão somente uma forma de economia de custos (do papel para o digital), nada mais.
Educação e tecnologia
Desde a chegada dos primeiros computadores pessoais, instituições de ensino têm
procurado meios para utilizar estas máquinas como uma ferramenta ou suporte didático.
De laboratórios de informática a linguagens específicas tais como o Logo, criada por
Seymour Papert, são inúmeras tentativas de aproximação entre o ambiente escolar e as
novas tecnologias.
A história agora se repete com os tablets PCs, sendo que os mais famosos iPad da Apple
e o Galaxy tab da Samsung tornaram-se alvo de campanhas de marketing educacional.
O slogan é o mesmo: “Um iPad por aluno”. Porém, se a questão é inovar no modelo de
ensino e processo de aprendizagem usando-se tablets pcs, é necessário ir muito além da
entrega de “texto e desenhos em formato digital”. Assim, vou refletir sobre seis temas,
os quais considero essenciais:
1. Produção de conteúdo
Assim como o “suporte” livro define forma, limites e esquemas de apresentação e
navegação para o conteúdo texto nele impresso, tablets pcs são ferramentas para
apresentação de textos e imagens digitais, mas não somente isto. A capacidade de
incorporar ao texto links de interação e engajamento adicionam novas perspectivas
criativas, colaborativas e de construção para conteúdos voltados para educação.
Sim, caros educadores, é preciso repensar a produção do conteúdo didático e não
fiquem espantados se tiverem que jogar fora tudo o que foi impresso até agora para criar
novos conteúdos do zero. Por exemplo, aulas de Física sobre sobre velocidade poderão
ser incorporadas a games de corrida de fórmula 1; aulas de Química sobre soluções
salinas poderão contar com viagens virtuais até o Mar Morto. Bem vindo ao novo
universo do conteúdo digital hiperconectado.
2. Mobilidade e múltiplas plataformas
Sim, um iPad por aluno, mas também um celular por aluno. A mobilidade é parte do
universo digital das crianças e adolescentes de hoje. O conteúdo didático precisa estar
“diluído nas redes”, fluindo de tablets pcs para celulares e vice-versa. Este fator de
transposição de uma ferramenta para outra é um requisito importante o qual deve ser
levado em conta na hora de se produzir o novo conteúdo didático digital e pensar a
distribuição em rede do material didático.
3. Socialização
Ao contrário do espaço restrito e fechado da sala de aual, o conteúdo digital nasce
social. Alunos devem ser estimulados a usar o espaço social virtual, trocando tweets,
posts ou e-mails com outros amigos, ampliando os temas discutidos em aula. Neste
sentido, vale a observação de como aplicativos como o Flipboard compartilham
conteúdo nas redes sociais.
4. Conhecimento conectado
Um tablet pc é base para acesso à internet. O material didático impresso coloca cada
área do conhecimento numa caixa, e as estruturas atuais para o aprendizado, em especial
a escola, vivem a luta eterna para manter o aluno “focado”. Aluno disperso deve ser
repreendido.
Felizmente, esta prática nefasta está com seus dias contatos. O universo digital é
integrado e conectado de forma criativa, aberta e aleatória. Crianças e jovens
universitários não mais aprendem de forma linear e isolada, mas sim por meio de
associações, compartilhamento, links e conectidades gerais. Deve-se usar a internet
como “base” para o conhecimento conectado. O labirinto é mais interessante do que a
estrada com começo, meio e fim.
5. Salas de aula em rede, professores avatares
O modelo de salas de aula de hoje, com carteiras distribuídas como máquinas numa
linha de montagem industrial está falido. Converse com qualquer professor e você vai
receber a mesma resposta: está cada vez mais difícil “segurar” um aluno dentro da sala
de aula. Salas de aula devem estar em rede, online, acessíveis a qualquer momento, de
qualquer lugar. Professores podem estar fisicamente em qualquer espaço da nova
“escola sem paredes”, mas também devem existir virtualmente, como avatares, guiando
os alunos em suas aventuras na busca pelo saber.
6. Medir e avaliar em tempo real. O fim das provas
O conteúdo impresso não permite nenhum tipo de mensuração. O que quero dizer com
isso é que nenhuma instituição sabe ao certo se um aluno leu um capítulo de um livro,
fez ou não um exercício ou quanto tempo dedicou aos estudos num determinado dia da
semana. Então: Prova neles! Usando tablets pcs é possível mensurar e avaliar “em
tempo real” os alunos em relação ao conteúdo digital sobre o qual estão navegando ou
interagindo. Para isto, basta inserir em meio aos textos, gráficos, games e animações
códigos de software capazes de “capturar” e “retonar” para os educadores estas
preciosas informações.
Estas seis proposições são totalmente possíveis de se realizar hoje em qualquer
instituição de ensino. Para encurtar o caminho, é necessário que as instituições adotem
“plataformas de software” e não simplesmente “aplicativos para apresentar textos
digitais”.
As “plataformas de software” oferecem ferramentas para criação, publicação distribuída
e controle de conteúdo digital interativo. Estas plataformas também possuem a
capacidade de monitoramento e captura de dados, permitindo mensurar interações aluno
x aluno, aluno x professor e aluno x conteúdo. A partir dos dados capturados é possível
gerar relatórios para avaliação e refinamento da estratégia de ensino, permitindo refazer
o conteúdo educacional, aumentando assim progressivamente sua eficiência. A boa
novidade, é que estas plataformas de software já existem, basta pesquisar na internet e
começar a utilizá-las.
Sobre o autor
Ricardo Murer (@rdmurer) é graduado em Ciências da
Computação (USP) e mestre em Comunicação (USP). Especialista em estratégia digital
e novas tecnologias. Mantém o blog rdmurer estratégia digital mundo real
http://webinsider.uol.com.br/2011/12/13/um-ipad-por-aluno-e-dai/