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O BANCO MUNDIAL NO BRASIL

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Uma Parceria de Resultados

O BANCO MUNDIAL NO

BRASIL

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Colagem de fotos da capa: Coleção "Illuminating Development" do Banco Mundial

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O B A N C O M U N D I A L N O B R A S I L

UMA

PARCERIA

DERESULTADOS

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O Grupo Banco Mundial é parceiro do Brasil,há mais de 55 anos, no apoio a programas degestão econômica, investimento no capitalhumano, desenvolvimento de áreas urbanas erurais, construção de infra-estrutura e preser-vação dos recursos naturais. Mantém com o Paísestreitas relações, em nível federal e em nívelestadual, com o setor privado, especialmente pormeio do trabalho da IFC e da AMGI, e com asociedade civil. O Banco Mundial tem estadopresente em bons e maus tempos, com umaampla perspectiva de longo prazo, mesmo emquestões de curto prazo que invariavelmentedelineiam o futuro.

Levando-se em conta as dimensões territoriaisdo Brasil, o papel do Grupo Banco Mundialnaturalmente é limitado. Os empréstimos anuaisdo Banco no País são de apenas 0,4% do PIB,mas, como parcela dos investimentos públicos,representam significativos 12%. Acrescente-se,como dado relevante, que, nessa parceria delonga data, a atuação do Banco ultrapassa oaspecto financeiro. Dessa forma, espera ser útilno aproveitamento dos recursos nacionais, aotrazer a experiência internacional para lidar comos problemas e ao utilizar o máximo de todos osesforços para melhorar a qualidade de vida dapopulação brasileira.

QUANDO ANALISAMOS AS NAÇÕES DO MUNDO, o Brasil se destaca peloenorme potencial dos seus recursos humanos e naturais e por suas insti-tuições. Tal potencial já proporcionou ao País expressivos avanços, comoa melhoria de vida da população, que recebeu os benefícios dos investi-mentos da última década em educação e saúde básicas. Além disso, pro-fundas reformas fortaleceram as instituições políticas e econômicas, oque colocou a Nação em um caminho mais estável para o desenvolvimento.

Prefácio

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EM CONSONÂNCIA COM SUA MISSÃO GLOBAL, a assistência do Banco Mundial aoBrasil está dirigida a apoiar iniciativas de longo prazo que irão promover a reduçãoda pobreza e o crescimento sustentável. Essa assistência implica investir nas pessoas(através de saúde, educação, melhores serviços públicos e transferências de recursos),promover a inclusão social (mediante o estímulo à participação e ao aprimoramentodos mecanismos de direcionamento dos programas), a administração dos recursosnaturais, o aumento da produtividade e a estabilização da economia.

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O BANCO MUND IA L NO BRA S I L

enfoque nos resultados

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UMA

PARCERIA

DERESULTADOS

Os empréstimos do Banco Mundial, quecompõem uma grande parcela do investi-mento público brasileiro, estão altamenteconcentrados na redução da pobreza e nofinanciamento de programas destinados àregião Nordeste. Além disso, o Banco procuracontinuamente novas maneiras de reproduzire ampliar seus programas para causar maiorimpacto, trabalhando com outras instituiçõesque atuam no Brasil e com seus parceiros naárea de desenvolvimento, como o BID, oPNUD e o FMI.

O programa de assistência do Banco Mun-dial ao Brasil oferece uma base de conheci-mentos técnicos e financeiros, que permite aoGoverno ter acesso a uma ampla gama deestudos econômicos e setoriais e à experiên-

cia internacional e perícia técnica. O apoio doBanco a projetos de redução da pobrezaabrange os setores mais essenciais à vida e àsdemandas da população pobre, que incluemeducação, saúde, água e saneamento, bemcomo desenvolvimento rural e urbano. Nosúltimos anos, o Banco concluiu relatóriossobre a pobreza urbana e rural no Brasil eelaborou estudos setoriais sobre educação,proteção social, meio ambiente, finanças einfra-estrutura, dentre outros. O Banco tam-bém colabora com vários estados na avaliaçãode suas políticas de desenvolvimento.

Desde a eclosão da crise em diversas econo-mias de mercado emergentes, em meados de

1997, o Banco Mundial vem identificandooutras áreas nas quais o seu apoio pode ser mais

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Empréstimo por setor

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Saneamento Básico e setor hídrico

Desenvolvimento urbano

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Proteção social

Setor rural

Governança do setor público

Desenvolvimento do setor privado

Saúde, nutrição e população

Setor financeiro

Meio ambiente

Minas e energia

Educação

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útil ao Brasil. Como parte desse esforço, prepa-rou análises e recomendações sobre ajuste fiscalatravés de reformas estruturais e apoiou asautoridades federais para garantir que a austeri-dade fiscal e o desaquecimento econômico nãotivessem um impacto desproporcional naspopulações mais vulneráveis.

Em relação à agenda de crescimento de longoprazo, destaca-se o trabalho da equipe estraté-gica para o setor privado do Grupo Banco Mun-dial que, com o Governo, busca remover os obs-táculos ao desenvolvimento desse setor. Asinstabilidades macroeconômicas e os choquesexternos têm um impacto direto nas empresasbrasileiras, aumentando de forma acentuada ocusto dos empréstimos privados. Existem aindanumerosas dificuldades microeconômicas aserem enfrentadas, como deficiências nas redesinternas de transporte, ineficiências burocráti-cas e outros problemas que passaram a ser cha-mados de "Custo Brasil".

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US$35 bilhões em mais de cinco décadas

O Banco Mundial apóia o Brasil desde 1949. Nas cinco últimas décadas, esse apoio tem se deslocado gra-

dualmente do enfoque inicial nos projetos de infra-estrutura para um paradigma mais abrangente de desen-

volvimento, contando com a colaboração dos governos federal, estadual e municipal. A cooperação do Banco

é canalizada por meio de empréstimos, doações e atividades de análise e consultoria, e todas essas inicia-

tivas são dirigidas aos principais desafios para o desenvolvimento.

O Banco dispõe de uma carteira de investimentos bastante ativa, composta de US$4,2 bilhões em emprés-

timos para o Brasil e de US$272 milhões em fundos fiduciários administrados pela instituição, incluindo o

Fundo Mundial para o Meio Ambiente e o Fundo Fiduciário para a Floresta Amazônica.

Os empréstimos de investimento têm uma perspectiva de longo prazo e financiam gastos com assistência

a projetos de desenvolvimento em diversos setores.

Os empréstimos de apoio a reformas concedem financiamentos externos de desembolso rápido para auxi-

liar nas reformas políticas e institucionais, nos níveis das reservas em moeda estrangeira e no balanço de

pagamentos. O enfoque recente tem sido nas reformas dos setores fiscal, financeiro, elétrico, ambiental e

de desenvolvimento humano.

Existem 49 projetos em andamento, com empréstimos líquidos num total de mais de US$4,2 bilhões. Cada

projeto tem duração média de quatro anos.

Também fazem parte do trabalho do Banco Mundial no Brasil: discussões com o Governo acerca de polí-

ticas públicas e consultas às universidades, ao setor privado e à sociedade civil.

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O BRASIL ESTÁ BEM PREPARADO PARA melhorar a qualidade de vida de sua popu-

lação. Embora em uma posição menos favorável em relação a outros países de renda

semelhante, o País fez grandes progressos nos setores de educação e saúde nos anos

90, além de ter reduzido o número de pessoas que vivem na pobreza. Os funda-

mentos macroeconômicos foram aprimorados e observou-se uma mudança notá-

vel nas políticas de gestão fiscal e monetária, apoiadas por amplas reformas no

setor social.

Essas importantes realizações deixaram a economia em posição muito mais forte

para enfrentar a volatilidade a curto prazo. O Brasil hoje está mais consciente de

que é necessário planejar para os bons e maus tempos, além de ter melhorado e

aumentado a capacidade para superar as instabilidades da volatilidade do mercado.

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melhor qualidade

de vida para todos

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PROGRESSO E RESULTADOS CONSTANTESNAS POLÍTICAS SOCIAISO Brasil continua a progredir na área das políticassociais e em seus resultados, que são o foco do tra-balho do Banco. As matrículas no ensino primárioaumentaram de 86% em 1990 para 97% em 2002.A redução nos índices de mortalidade infantil foisignificativa, passando de quase 50 em 1.000 nas-cidos vivos, em 1990, para 33 por 1.000, em 2002.

Outras reformas na política social são desdobra-mentos desses resultados. O progresso constanteprovém da adoção de iniciativas como a descen-tralização da assistência básica de saúde e asmudanças no sistema de transferências intergover-namentais. Para ampliar a oferta de serviços desaúde básica e familiar, alguns programas inova-dores, que vinculam pagamentos de transferênciasde recursos a alterações positivas de comporta-mento, como a freqüência escolar, foram expandi-dos, atacando, assim, as causas subjacentes dapobreza. Em 2003, o Governo lançou o BolsaFamília para apoiar sua política de redução dapobreza extrema e da fome. O programa, que é aunião de quatro grandes programas (Bolsa Escola,Bolsa-Alimentação, Cartão Alimentação e o Auxí-lio-Gás), é o maior e mais ambicioso programa detransferência de renda da história do Brasil. OBanco Mundial apóia o Bolsa Família com umfinanciamento de US$ 572,2 milhões. Essas inicia-tivas continuam melhorando a coordenação e oenfoque dos programas de proteção social dirigi-dos a famílias de baixa renda.

No Brasil, como em outros países, a pobrezagerada pela baixa renda tem sido intimamentevinculada à economia. Com a estabilização da eco-nomia, os índices de pobreza caíram abrupta-mente em meados dos anos 90, mas permanece-ram estáveis desde então. Ao mesmo tempo, o Paíscontinuou a apresentar altas taxas de desigualdadeem comparação a outros países de renda médiasemelhante. Estudos ligaram essa desigualdade àsdisparidades na educação brasileira, aos altos salá-rios pagos no mercado de trabalho a profissionaisespecializados e ao sistema previdenciário públicoregressivo. Esses fatores realçam a importância dedar continuidade ao aperfeiçoamento do sistemade ensino, ainda que o efeito dessa iniciativa na

redução da desigualdade só possa ser observadonitidamente daqui a alguns anos.

FORTALECIMENTO DOS FUNDAMENTOSMACROECONÔMICOSDesde a liberalização comercial, no início dosanos 90, sucessivos governos se empenharamem estabilizar a economia e em reverterpolíticas que a mantinham fechada: controlou-se a inflação, iniciou-se a reforma do setorfinanceiro, e uma série de indústrias essenciaissaiu do controle do Estado.

Essas mudanças levaram a taxa média de cres-cimento do Brasil nos anos 90 a ultrapassar a demuitos países vizinhos. E também, nos períodosde 1994-95 e 1998-99, possibilitaram ao Paíssuperar as turbulências do mercado melhor doque o observado em outras economias de paísesemergentes. No entanto, a taxa média de cresci-mento da década se manteve abaixo dos índicesdos anos 60 e 70, e bem menor que os índicesnecessários a uma redução considerável dapobreza a longo prazo. A economia brasileiratambém continua vulnerável a choques externos

REFORMAS ESTRUTURAIS: ESTÍMULO AO

CRESCIMENTO RÁPIDO E SUSTENTÁVEL

Apesar dos choques externos e dasinstabilidades esporádicas provocadas pelasturbulências no mercado, o Brasil mostrou umforte compromisso com as reformas estruturais.Várias medidas importantes, adotadas peloGoverno por decisão própria, impulsionaram oprocesso de mudanças.

Talvez o maior avanço tenha ocorrido nagestão das finanças públicas, em que as reformasinstitucionais se encontram bem adiantadas. OBrasil também fez progressos na restauração daestabilidade e na busca da eficiência do sistemabancário público.

Numa perspectiva futura, já se reconhece anecessidade de uma "segunda geração" de refor-mas do setor público, com o objetivo de garan-tir o apoio ao aperfeiçoamento das finançaspúblicas, no longo prazo, trazendo melhor qua-lidade e eficiência aos gastos públicos.

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AO AVANÇAR NA AGENDA DE REFORMAS NOS ÚLTIMOS ANOS, o Governo brasi-

leiro assumiu ainda mais o difícil desafio de empreender mudanças institucionais em

larga escala no setor público. Embora os desafios continuem, esse esforço resultou, no

final dos anos 90, em consideráveis progressos, com a aprovação das principais leis e

reformas constitucionais, incluindo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em 2000.

Combinada a outras mudanças, a LRF fortalece de modo significativo a atuação do

Estado na redução de empréstimos públicos, que dificultaram, anteriormente, os

esforços para atingir estabilidade econômica sustentável e crescimento rápido.

A assistência técnica e financeira do Banco Mundial às reformas estruturais brasi-

leiras evoluiu para o apoio às novas políticas. Entre 1999 e 2004, o Banco concedeu

diversos empréstimos para reformas setoriais ao Brasil, num total de US$6 bilhões.

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agenda de reformas

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Os recursos destinaram-se às reformas do seto-res financeiro, elétrico e social, e ao fortaleci-mento das principais instituições públicas, pormeio das reformas fiscal, administrativa, previ-denciária e ambiental.

REFORMAS FISCAL E ADMINISTRATIVASO Brasil ocupa posição de destaque entre os paí-ses com renda semelhante, no que diz respeito à

qualidade da gestão macroeconômica e de insti-tuições formuladoras de políticas. A partir de1998, o firme propósito de manter a disciplinafiscal aumentou a credibilidade do País e suasperspectivas de crescimento rápido. O pontomais importante da agenda brasileira de refor-mas tem sido a preservação desse avanço, prin-cipalmente por meio de amplas reformas fiscal eadministrativa.

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A Lei de Responsabilidade Fiscal representouum importante progresso nos esforços doGoverno para solucionar os problemas fiscaisdo País, a longo prazo. Isso porque a LRF possi-bilita uma expectativa de empréstimos a customais baixo para as empresas brasileiras, demenor dependência dos empréstimos externose, por fim, da possibilidade de se obterem taxasmais rápidas de crescimento econômico.

O Brasil e o Banco também colaboraram nasreformas. Essa colaboração resultou em gastosmais eficientes com pessoal no setor público ena criação de incentivos mais fortes para que osgovernos estaduais e municipais passassem aatuar dentro de seus limites. Com um Emprés-timo de Ajuste Setorial para as Reformas Fiscal eAdministrativa de US$505 milhões, o Bancoajudou o Brasil a gerenciar essas mudanças nosníveis federal e estadual.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Como parte da agenda de reformas do setorpúblico, o Brasil colocou a reforma da Pre-vidência Social no centro de sua estratégia deajuste de longo prazo. Após três anos de inten-sos debates, o Congresso aprovou, em 1998,uma relevante Emenda Constitucional quetrata dessa questão e que representou uma pri-meira e importante etapa da reforma previden-ciária.

Desde então, o Brasil tem avançado naagenda de reforma da Previdência Social, com aaprovação da legislação que define os parâme-tros do novo sistema previdenciário e através demudanças institucionais nas agências governa-mentais que supervisionam o sistema. O BancoMundial participou desse processo com doisempréstimos sucessivos de ajuste setorial (numtotal de mais de US$1,2 bilhão) e um emprés-timo de assistência técnica, e também comestudos e consultoria técnica. Ajudou ainda naelaboração de um programa de divulgação e

informação pública, cujos objetivos eram cons-cientizar a população acerca da reforma da Pre-vidência Social e difundir lições relevantesextraídas da experiência internacional.

REFORMA DO SETOR FINANCEIRO

No mundo inteiro, a estabilidade e a eficiênciado setor financeiro provaram ser essenciais parao crescimento e desenvolvimento social eeconômico sustentável, bem como para aredução da dependência de financiamentosexternos de um país. Para cumprir esse objetivoantecipadamente, o Brasil assumiu, nos anos 90,o compromisso de implementar um programamais amplo de reformas no setor financeiro,tendo conseguido mantê-lo mesmo em umambiente macroeconômico de constantes desa-fios. Essa proposta implicou significativosesforços para fortalecer a regulamentação e asupervisão dos bancos, para reformar e capitali-zar diversos bancos públicos, assim como paramelhorar o acesso das pequenas e médiasempresas ao crédito.

O Banco Mundial tem se mantido firme emsua proposta de ajudar o Brasil, através de umdiálogo ativo e frutífero com as autoridades bra-sileiras sobre questões do setor financeiro -como, por exemplo, mediante o Empréstimo deAssistência Técnica ao Banco Central e extensotrabalho analítico sobre as finanças nacionais ede outros países da região.

Com o Empréstimo Programático de Ajustedo Setor Financeiro, no valor de US$ 404milhões, o Banco apoiou a continuação daimplementação das amplas reformas do setorfinanceiro, incluindo mudanças na governabili-dade corporativa e nos mercados de seguros, nasreformas dos bancos federais e em várias outrasdestinadas a melhorar o acesso dos consumidoresbrasileiros aos serviços financeiros. Essas refor-mas têm como objetivo proteger a economia e apopulação contra os riscos das crises financeiras.

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ATÉ POUCO TEMPO, OS SETORES DE SAÚDE E EDUCAÇÃO no Brasil apresentavamíndices de resultados mais baixos do que os de outros países com renda média semel-hante, os quais se justificavam pelas décadas de financiamentos inadequados e maldistribuídos nessas áreas. No entanto, a partir do início dos anos 90, o Brasil fez umgrande esforço para superar essa situação, ao implementar amplas reformas nos sis-temas de saúde e de educação.

Essas mudanças trouxeram melhorias visíveis para a população. A taxa líquida dematrícula na educação básica aumentou de 84%, em 1991, para mais de 95%, em1999. O índice de mortalidade infantil do Brasil caiu de 48 em 1.000 nascidos vivos,em 1994, para 30, em 2000 - provavelmente a mais rápida redução já alcançada, nesseperíodo, por qualquer país em desenvolvimento. O Brasil foi reconhecido mundial-mente por seus programas inovadores e bem-sucedidos de prevenção e tratamento doHIV/AIDS, sendo um dos poucos países que fornece gratuitamente medicamentosantivirais a todas as pessoas portadoras da doença.

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INVESTIMENTO NAS

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As desigualdades regionais no financiamento eno acesso à educação diminuíram de modosubstancial nos últimos anos: particularmenteem relação ao ensino, as crianças das áreas maispobres do País se beneficiaram do Fundo deManutenção e Desenvolvimento do Ensino Fun-damental e de Valorização do Magistério (Fun-def), criado em 1996. Mesmo assim, permane-cem grandes disparidades entre ricos e pobres eentre o Norte e o Sul do País. Para ampliar esserecente progresso, o Brasil está trabalhando como Banco Mundial e outros parceiros para descen-tralizar ainda mais os sistemas de saúde e edu-

cação e aumentar a participação das comunida-des locais nos gastos e no planejamento de pro-gramas. O enfoque principal é a ampliação deprogramas eficazes nos níveis local e regional(como o Fundo de Fortalecimento Escolar -Fundescola, que recebe apoio do Banco), e aassistência a novas iniciativas governamentaisrelevantes (como o Projeto Saúde da Família).

MAIS QUALIDADE E ACESSO À

EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL

O principal desafio para melhorar a qualidade doensino não é a matrícula, mas a permanência das

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crianças na escola e o estímulo para que concluama educação fundamental de modo adequado. Naregião Nordeste, por exemplo, apenas 20% dosjovens entre 15 e 19 anos chegam à 4ª série.Desde 1998, o Programa Fundescola vem trabal-

hando em 19 Estados e em centenas de municí-pios no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Bra-sil, com o objetivo de melhorar a freqüência e oresultado escolar no ensino fundamental. Milha-res de escolas progrediram devido a essa atuação.

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O combate à AIDS

O Brasil está executando uma ambiciosa estratégia de combate à transmissão do HIV/AIDS, a qual já reduziu

à metade o número de mortes decorrentes da doença. Desde 1988, o Banco Mundial vem oferecendo financia-

mentos substanciais para esse programa, com um total de US$325 milhões em empréstimos para projetos rela-

cionados à AIDS.

A primeira iniciativa ocorreu em 1988, quando o Banco aprovou um empréstimo de US$109 milhões para o

projeto de controle de doenças endêmicas, dos quais US$6,6 milhões foram destinados especificamente a deter

a epidemia emergente de HIV/AIDS. Como a síndrome continuou a se propagar no início dos anos 90, o Banco

concedeu um empréstimo de US$160 milhões, em 1993, para o projeto governamental de Controle de Doenças

Sexualmente Transmissíveis (DST) e AIDS. Desde então, a instituição tem apoiado mais de 400 projetos popu-

lares de combate à doença, implementados por 175 ONGs, em colaboração com governos estaduais e munici-

pais. Em conjunto, esses projetos:

� distribuíram mais de 180 milhões de preservativos;

� mais de 500.000 brasileiros sobre o risco de contágio do HIV/AIDS;

� treinaram 3.800 professores e 32.500 alunos na prevenção da AIDS e do uso de drogas.

Com base no sucesso do projeto, o Banco Mundial aprovou outro empréstimo de US$165 milhões, em 1998, para

financiar a sua segunda fase. Embora ofereça apoio a 381 unidades especializadas em assistência ambulatorial

à AIDS, 79 instalações hospitalares para pacientes que recebem alta no mesmo dia de entrada, 375 hospitais

convencionais e 53 equipes de atendimento domiciliar, o enfoque do segundo Projeto de Controle de DST e AIDS

continua a ser a prevenção. Desde 1999, esta segunda fase:

� assistiu 3.284 projetos de prevenção, muitos dos quais coordenados por ONGs;

� ajudou a estabelecer uma rede nacional de 220 centros de aconselhamento e teste de HIV/AIDS;

� em parceria com o Conselho Nacional Empresarial de AIDS, habilitou 150.000 companhias a fornecer treina-

mento educacional sobre AIDS para 10 milhões de trabalhadores;

� financiou 1.100 projetos de ONGs, 137 dos quais fornecem programas de troca de seringas para usuários de

drogas intravenosas, e outros 90 projetos se destinam a comunidades homossexuais;

� distribuiu mais de 395 milhões de preservativos;

� financiou uma rede nacional de 231 centros de aconselhamento e teste de AIDS, bem como 800 clínicas de

diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis;

� estabeleceu uma parceria com o Conselho Nacional Empresarial de AIDS para proporcionar treinamento e cons-

cientização sobre AIDS em mais de 150.000 companhias, beneficiando cerca de 10 milhões de trabalhadores;

� junto com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), apoiou iniciativas desenvolvidas por trabalhadores, com

a assistência de seus respectivos sindicatos. O projeto ajudou na criação de 3.400 comitês em empresas, que

têm como objetivo implementar iniciativas de prevenção ao HIV/AIDS.

� em 2003, o Banco Mundial aprovou empréstimo de US$ 100 milhões para o Terceiro Projeto de Controle da

AIDS e das DSTs no Brasil. Os objetivos do projeto são reduzir a incidência das DSTs e do HIV e melhorar a

qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV/AIDS, através do aumento da eficácia e da eficiência da

resposta nacional e da garantia de sua sustentabilidade a médio e longo prazos.

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Transferência da responsabilidade para as comunidades - a experiência do Fundescola

A participação da comunidade é o ponto essencial para o sucesso e a sustentabilidade da reforma educacio-

nal. Quem melhor que os membros de uma comunidade, e em particular os pais, para assegurar que a expe-

riência educacional seja importante do ponto de vista cultural? Estudos mostram que o desempenho dos alu-

nos está positivamente ligado ao nível de envolvimento dos pais. Ao reconhecer essa realidade, o Fundescola

ajudou a transferir a responsabilidade sobre o aprimoramento escolar às comunidades.

O Fundescola baseia-se em políticas e processos no nível comunitário, que reforçam a participação e a res-

ponsabilidade dos cidadãos. Os programas são planejados e implementados por uma equipe composta de pro-

fessores, pais, membros da comunidade e do conselho escolar local. Ao inserir toda a comunidade no processo

decisório, enviam-se duas mensagens muito importantes: em primeiro lugar, a educação não beneficia apenas

os estudantes individualmente; as suas vantagens fluem para o restante da sociedade. Em segundo lugar, a

cooperação, o compromisso e o diálogo são essenciais para o bom funcionamento de uma sociedade demo-

crática.

As palavras veementes de um diretor de escola acerca da importância da participação dos pais e da comu-

nidade deixam pouca dúvida sobre o profundo impacto dos planos de desenvolvimento escolar no Brasil: "Esta

escola não é uma lata de lixo! A lata de lixo é o lugar onde colocamos o que não queremos, enquanto a escola

é o local para reciclagem. Reciclamos a amizade, o amor, a familiaridade e o conhecimento."

O Fundescola III, que obteve recursos de

US$384 milhões do Banco Mundial, expandirá

o programa para outras municipalidades,

incluindo as mais pobres

MELHORES SERVIÇOS BÁSICOS DE SAÚDE

A expansão dos serviços básicos de saúde noNordeste e em outras regiões pobres vemsendo, há muitos anos, uma prioridade da polí-tica brasileira de saúde. Ao longo do tempo, oBrasil e seus parceiros internacionais investi-ram recursos consideráveis com esse propósito.Nos anos 90, os indicadores de saúde básicamelhoraram nas áreas mais pobres do País. Noentanto, esse avanço foi muito mais lento queem outras regiões e ainda apresenta umagrande defasagem. Nos últimos anos, ogoverno enfrentou esses problemas com umadescentralização em larga escala - transferindoaos municípios a autoridade e os recursos para

administrar os sistemas de saúde e a prestaçãode serviços locais.

Para melhorar a oferta de serviços nas áreasmais pobres e em nível nacional, o Brasilexpandiu de modo gradual o programa SaúdeFamiliar, lançado em 1994, com a finalidade decriar redes comunitárias de serviços básicos desaúde, que poderiam prover assistência maisproativa a grupos vulneráveis e, ao mesmotempo, distanciar o País do enfoque excessivono atendimento hospitalar. No final de 2000, acobertura atingia cerca de 25% da população, oque reduziu a mortalidade infantil nas áreasproblemáticas, ampliou a vacinação e melho-rou a nutrição infantil. Os usuários tambémdemonstraram alto nível de satisfação. O Bancoestá apoiando as atuais iniciativas com umempréstimo de US$68 milhões, aprovado emmarço de 2002, para estender o ProgramaSaúde da Família.

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AO CONTRÁRIO DA OPINIÃO POPULAR, a pobreza no Brasil não predomina nasáreas urbanas. Embora a população urbana seja muito maior em termos absolutos,cerca de 43% dos pobres estão nas zonas rurais. O problema é especialmente gravena região Nordeste, que detém a maior concentração de pobreza rural na AméricaLatina: aproximadamente metade (ou 49%) da população rural nordestina é carente.Desde 1972, o Banco Mundial vem cooperando com os governos federal e estadualno combate à pobreza rural: diretamente, através de um programa de empréstimos,totalizando US$2,3 bilhões, para combater a pobreza rural no Nordeste e, indireta-mente, por meio de empréstimos para atividades agrícolas, num total de US$6,4bilhões.Nos anos 80, esforços altamente concentrados para estimular o desenvolvimentorural resultaram em um certo aumento da renda em determinadas áreas. Essas ini-ciativas, no entanto, não promoveram uma mudança de longo prazo porque nelasnão foram abordadas questões fundamentais como, por exemplo, a falta de acessoà água e à terra, e a sustentabilidade ambiental. Isso levou à adoção de uma abor-dagem mais integrada, incorporando os serviços sociais básicos, a reforma da polí-tica agrícola e a sustentabilidade ambiental.

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O Banco vem atuando no combate à pobrezacom a participação das comunidades, transferindoaos conselhos municipais e às ONGs locais a super-visão do desempenho dos programas. Os benefí-cios dessa abordagem ficaram demonstrados como sucesso do Programa Reformulado de Desenvol-vimento Rural do Nordeste e com o subseqüentePrograma de Combate à Pobreza Rural, dos quaisparticiparam 8 dos 9 Estados do Nordeste.

MAIS OPORTUNIDADES PARA APOPULAÇÃO POBRE RURAL

Com base na experiência de mais de 25 anos, o

Brasil e o Banco Mundial desenvolveram recente-mente uma estratégia de redução da pobrezarural, que enfatiza a necessidade de oferecer àspessoas diversas possibilidades para escapar dapobreza. No contexto das populações carentesdas zonas rurais brasileiras, o conceito "o queserve para um serve para todos" não é adequadoporque esses grupos têm características geográfi-cas, econômicas e culturais muito diversificadas.A estratégia tem cinco ramificações:• Intensificação agrícola do setor de pequenas

propriedades rurais: reforma agrária e dos

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Mulheres levam água a Socorro

No município de Alagoinha, em Pernambuco, a Associação de Mulheres da comunidade de Socorro liderou a ini-

ciativa de 3.500 habitantes locais para resolver o problema do abastecimento de água. Apoiadas na utilização

de um poço já existente, elas obtiveram recursos do programa de combate da pobreza rural, financiado pelo

Banco Mundial, para um subprojeto no valor de R$41.500, que consistia em um tanque de água com capacidade

para armazenar 20.000 litros, um poço público e um equipamento de dessalinização com capacidade para 4.000

litros, para abastecer toda a comunidade. A água dessalinizada não necessita de tratamento e tem boa quali-

dade, como revelaram os testes solicitados pela associação.

Antes da construção do sistema hidráulico, a comunidade dependia principalmente de dois ou três caminhões

de água enviados, semanalmente, pelos governos estadual ou municipal. Cada um deles tinha a capacidade de

7.000 litros, ao custo de R$45 a R$60 por unidade. Cada família contava, em média, com 30 litros por semana,

no máximo, o que representa um volume muito pequeno para as necessidades de um domicílio. Quem podia,

comprava a sua própria água. Os que não tinham essa possibilidade - a grande maioria - traziam água de um

reservatório público ou de outros de vizinhos. Como essa água não era de boa qualidade, doenças, como o cólera,

eram freqüentes na comunidade.

Os problemas com o fornecimento de água foram resolvidos em grande parte, embora a comunidade esteja agora

tentando obter recursos para abrir outro poço, a fim de aumentar o volume de água disponível para todas as

famílias e de manter o abastecimento nas épocas de grandes secas. O sistema existente é totalmente adminis-

trado pela associação, que mantém um empregado permanente, recebendo um salário mínimo, além de um aju-

dante, cuja remuneração corresponde a 20% da arrecadação mensal do sistema. A associação utiliza um método

bastante inovador e seguro de cobrança da água usada pelas famílias beneficiadas: adotou um tipo específico

de cartão para ativar um mecanismo eletrônico que abre a bica do poço e libera 20 litros de água por vez. Cada

cartão custa R$0,10. Essa iniciativa garante à associação uma renda mensal em torno de R$600,00, suficiente

para manter o sistema. O processo funciona tão bem que a comunidade pôde recusar as contribuições do governo

municipal para ajudar na manutenção do sistema.

O cólera e outras doenças transmitidas pela água desapareceram desde que o sistema começou a funcionar. Tam-

bém houve uma redução expressiva na incidência de parasitas e diarréia, o que diminuiu substancialmente o número

de viagens ao hospital da cidade vizinha, Pesqueira, para tratamento. Da mesma forma, as atividades comerciais

se beneficiaram do sistema: abriu-se um pequeno armazém na comunidade, que empregou três pessoas.

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mercados financeiros para desenvolver peque-nas propriedades rurais viáveis, que trabal-hem em tempo integral na produção de sub-sistência e com objetivo comercial.

• Dinamização do setor agrícola: aumento daoferta de emprego por meio da expansão efi-ciente e dirigida ao mercado das áreas irriga-das do Nordeste.

• Estímulo ao crescimento do setor rural não-agrícola: aumento da oferta de emprego ruralnos setores de serviços e de processamento dealimentos, embora essa abordagem talvez nãoseja viável para a maioria da população pobrerural que vive em áreas distantes.

• Estímulo à inserção de jovens no mercado:oferta de treinamento e educação aos jovensque vivem nas áreas rurais pobres, com oobjetivo de aumentar o seu potencial de gan-hos fora do setor agrícola.

• Oferta de uma rede de segurança social paraas pessoas "aprisionadas" na pobreza: con-cessão de aposentadoria para as pessoas ido-sas que vivem em áreas distantes, sem futuroviável na agricultura além da subsistência.

DESENVOLVIMENTO DE CAPITAL SOCIAL

E GOVERNABILIDADEO sucesso dos programas financiados peloBanco depende do capital social das comuni-dades, bem como da qualidade da governabi-lidade local. Investir nessas bases do desen-volvimento é agora parte explícita daabordagem da pobreza rural. Isso implica ofortalecimento e a capacitação dos conselhoscomunitários locais e o estabelecimento devínculos mais fortes entre as instituiçõesgovernamentais, o setor privado, as ONGs eoutras entidades da sociedade civil.

Os empréstimos, atuais e futuros, doBanco Mundial destinados a reduzir apobreza no Nordeste incorporam esses obje-

tivos. Onze projetos de combate à pobrezarural e crédito fundiário, no valor total deUS$755 milhões, se encontram em anda-mento, havendo ainda outros programas aserem lançados. Esses projetos fornecemrecursos a associações comunitárias ruraispara financiar investimentos prioritários empequena escala, propostos pelas comunida-des rurais como, por exemplo, a melhoria doabastecimento de água local ou o investi-mento em saúde familiar. De acordo comuma estratégia mais descentralizada, osrecursos para um projeto de menor porte sãodesembolsados diretamente pelas asso-ciações comunitárias. Esses programas aju-daram a melhorar a vida de milhares defamílias pobres das áreas rurais do Nordeste.

REDUÇÃO DA POBREZA À GESTÃO

SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS NATURAIS

Apesar da intervenção pública mais constantee da conscientização acerca da importância dapreservação do meio ambiente, observam-seavanços na degradação dos recursos naturais.Esses fatores são, ao mesmo tempo, causa econseqüência do empobrecimento da popu-lação rural.

A integração das iniciativas de desenvolvi-mento rural e gestão dos recursos naturais, nocontexto de um novo paradigma de aborda-gem do "espaço rural", é um enorme desafioque o Banco está incorporando a vários pro-gramas no Brasil. Um bom exemplo é orecente Projeto de Redução da Pobreza eGestão de Recursos Naturais em Santa Cata-rina, no valor de US$107,5 milhões, quetreina os produtores rurais e os pescadores emgestão ambiental e introduz nos currículosescolares municipais aulas sobre preservaçãodo meio ambiente.

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O BRASIL É UM DOS PAÍSES MAIS MAIS urbanos do mundo. Noventa por cento doPIB nacional é gerado em área urbana, onde vive mais da metade da populaçãopobre. Por isso, é essencial um desenvolvimento urbano equilibrado para que o Paísatinja um crescimento com inclusão social ainda mais rápido nos próximos anos.Como a maior parte da agenda política brasileira, o desenvolvimento urbano,desde meados dos anos 80, precisa ser visto da perspectiva da descentralização, quepossibilitou maior controle de serviços e planejamento urbano nos 5.500 municí-pios brasileiros.

Os projetos urbanos financiados pelo Banco Mundial no Brasil refletem essa novavisão, cuja finalidade é melhorar as condições de vida nas cidades por meio daincorporação gradual de aperfeiçoamentos na gestão municipal, de modo geral, edo fortalecimento das instituições locais.

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O Brasil está em posição muito favorávelpara responder ao desafio do crescimentourbano crescente. Nos últimos dez anos, osserviços básicos de infra-estrutura urbana,como água, eletricidade e transporte, melho-raram significativamente em diversas regiõesdo País. Mas ainda há muitas lacunas, espe-cialmente para os pobres que vivem nas áreasurbanas. Enquanto o acesso à eletricidade équase universal, apenas 37% dessa populaçãopobre dispõem de sistema de esgoto. O princi-pal desafio para os governos municipais conti-nua a ser o desenvolvimento de modelos deprestação de serviços adequados e financiadoslocalmente, bem como a criação de incentivoseficazes para atender a essas e outras deman-das por infra-estrutura.

MELHOR GOVERNABILIDADE E OPÇÕES

DE FINANCIAMENTO MUNICIPALEntre 1988 e 1997, o Banco Mundial apoiou oprocesso de descentralização com uma série deprojetos de desenvolvimento municipal bem-sucedidos, desde então adotados em váriaspartes do mundo. O primeiro - nos estados doParaná, de Santa Catarina e do Rio Grande doSul - enfatizou a capacidade administrativa efiscal local, a infra-estrutura básica socioe-conômica, e o direcionamento mais eficaz derecursos para os pobres. Projetos semelhantestêm sido adotados em Minas Gerais, na Bahiae no Ceará.

Nessa e em outras iniciativas para expandira capacidade financeira dos governos locais, oBanco Mundial financiou os Fundos deDesenvolvimento Municipal, que represen-tam, hoje, cerca de um décimo do crédito totaldisponível para os municípios. Os benefíciospara as municipalidades têm sido tanto insti-tucionais quanto financeiros - os fundos per-mitiram elevar a capacidade técnica local epromover o planejamento de longo prazo dosinvestimentos urbanos. Os exemplos bem-sucedidos de orçamento participativo emPorto Alegre e Belo Horizonte foram reprodu-

zidos em 24 cidades brasileiras, representandoas boas práticas internacionais.

Todas essas experiências ajudaram a prepa-rar os municípios para começar a desenvolver,a longo prazo, a capacidade de tratar de inves-timentos futuros. Após consulta prévia aoBanco Mundial, os governos federal e munici-pais vêm trabalhando para reformular o pro-cesso de arrecadação de impostos e a geraçãode renda,aprimorar os planos de investimento,tornar a elaboração do orçamento local maistransparente e participativa, e introduzir sele-

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tivamente a atuação do setor privado no desen-volvimento e na manutenção da infra-estruturaurbana. Em 2004 o Banco Mundial assinou oprimeiro empréstimo concedido diretamente aum município brasileiro, o Projeto Integrado deBetim, no valor de US$24 milhões.

MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA E

GESTÃO AMBIENTAL URBANAA melhoria da qualidade de vida nas áreas

urbanas, no século XXI, é prioridade na agendabrasileira e global, tanto em termos sociaisquanto econômicos. Esse enfoque se reflete nanova Estratégia Urbana desenvolvida peloBanco Mundial, após consulta prévia a seus par-ceiros brasileiros, em 2001. Baseada na expe-riência anterior do Banco, essa estratégia se con-centra no melhor direcionamento dasiniciativas para os pobres, na continuidade dareforma institucional, no desenvolvimento deperspectivas e soluções, e no apoio à partici-pação e às parcerias locais.

O Banco está trabalhando com o governofederal, as municipalidades e os parceiros não-governamentais - como a Habitat e a Aliançadas Cidades - na implementação de programasmais amplos para reduzir a pobreza urbana.

Para isso, serão desenvolvidos alguns métodosinovadores para financiar as iniciativas comuni-tárias de desenvolvimento e conseguir apoiopara o crescimento empresarial e econômiconas áreas urbanas pobres.

Dar prioridade às preocupações ambientaisnas políticas do setor urbano é outro itemimportante da agenda, uma vez que os pobrescorrem perigo devido à poluição do ar e daágua, às enchentes e à erosão de encostas e aoutros problemas. Tal situação torna-os maisvulneráveis porque não podem pagar pela pre-venção, proteção e tratamentos de saúde deco-rrentes dos impactos da poluição.

A poluição da água e a gestão inadequada dosresíduos sólidos afligem quase todos os centrosurbanos brasileiros. O tratamento das águasresiduais produzidas nessas áreas se limita amenos de 10%, resultando em grave poluiçãodos cursos d'água, especialmente nos grandescentros urbanos. Até 40% dos resíduos sólidosgerados no Brasil (cerca de 40.000 toneladas pordia) não são coletados; apenas 28% são coleta-dos e recebem tratamento ou descarte ambien-talmente correto. O Banco Mundial apoiouvárias iniciativas federais, estaduais e munici-pais para mudar esse cenário.

Investimento em gestão e infra-estrutura municipal na Bahia

Desde 1997, vem sendo implementado o Programa de Administração Municipal e Desenvolvimento de Infra-

estrutura Urbana (PRODUR), do estado da Bahia, no valor de US$200 milhões - dos quais 50% são financiados

pelo Banco Mundial - com o objetivo de promover iniciativas de aprimoramento da capacitação institucional

do Governo da Bahia e de viabilizar o projeto de desenvolvimento urbano visando ao crescimento economica-

mente sustentável.

O PRODUR apóia o crescimento sustentável (cerca de 10% dos custos do projeto) e a infra-estrutura urbana

(cerca de 90% dos custos). O suporte institucional implica o fornecimento de assistência técnica, treinamento,

estudos e equipamento de tecnologia da informação - para apoiar a modernização e as reformas administrati-

vas dos governos municipais e de determinadas agências estaduais na Bahia. No caso da infra-estrutura, o

Estado utilizou o financiamento do Banco para capitalizar um fundo de desenvolvimento municipal, com o

objetivo de financiar investimentos prioritários em infra-estrutura urbana, de especial relevância para a popu-

lação pobre.

O PRODUR beneficiou mais de 200.000 famílias, e os investimentos em modernização urbana, financiados em

63 municípios, favoreceram mais de 40.000 famílias.

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A ÁGUA É ELEMENTO indispensável na promoção do crescimento sustentável, e cru-cial na organização de uma sociedade inclusiva e mais eqüitativa. Apesar de o Brasilter uma das maiores reservas de água doce do mundo, 73,2% desse total estão naBacia Amazônica. Na região Nordeste - árida e pobre, abalada por secas constantes -vivem 28% da população, mas ela concentra apenas três por cento dos recursoshídricos do País. As regiões úmidas do Sul e Sudeste, que abrigam cerca de 57,43%da população, também já enfrentam o desafio do aumento da escassez de água, cau-sado basicamente pela alta densidade demográfica e pela poluição.

As recentes realizações do Brasil no setor hídrico são significativas. Nos últimos 40anos, o abastecimento de água foi expandido para mais 100 milhões de pessoas, e osserviços de saneamento para mais 50 milhões. Atualmente, 76,1% da população têmacesso à água potável e 40%, ao sistema de esgoto. A área irrigada aumentou de 0,5

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milhão de hectares, em 1970, e para 3,5 milhõesem 2002, período no qual a produção hidrelé-trica quadruplicou.

No entanto, embora o nível de acesso geral aoabastecimento de água e saneamento seja relati-vamente alto, os índices mascaram as desigual-dades, provando que há variações no atendi-mento, entre ricos e pobres, entre regiões, eentre pequenos e grandes municípios. Muitasvezes, em uma mesma cidade, a qualidade dosserviços apresenta diferenças drásticas. Grandeparte da população que não é servida mora emáreas periféricas, favelas e pequenos municípios.A cobertura geral é baixa no Norte e no Nor-deste. Apenas um terço dos 40% dos brasileirosmais pobres dispõe de serviços de água e sanea-mento, enquanto no decil mais rico a parcela éde 80%. Em relação a saneamento básico, regis-tre-se que somente 56% dos domicílios urbanosestão ligados a sistema de esgoto. O serviço tam-bém é deficiente nas áreas rurais: menos de umquinto dos domicílios rurais tem água canali-zada e só 13% contam com saneamento ade-quado. Além disso, os benefícios esperados dosrecursos hídricos, do abastecimento de água edas intervenções sanitárias nem sempre foraminteiramente concretizados.

Considerando esses dados, o Brasil e o BancoMundial se concentraram ainda mais nos proje-tos hídricos dirigidos à população pobre - comoparte da abordagem integrada do desenvolvi-mento social, ambientalmente sustentável, comredução da pobreza. O Banco estabeleceu sóli-das relações com instituições federais e esta-duais, e também com ONGs setoriais, asso-ciações profissionais e outros interessados.

MELHOR APROVEITAMENTO DOS

RECURSOS HÍDRICOSApesar do extraordinário desenvolvimento dosúltimos quarenta anos, relacionado em grandeparte à produção de energia hidrelétrica e àcobertura do abastecimento de água, o Brasilenfrenta consideráveis desafios para solucionaras duas principais questões relacionadas aos

recursos hídricos - a seca do Nordeste e apoluição da água nas áreas próximas aos gran-des centros urbanos - que afetam de forma des-proporcional os pobres.

As populações rurais do Nordeste são as maispobres do País, e o seu sustento e bens depen-dem em grande parte dos recursos naturais,especialmente da água. A maioria das baciashidrográficas que atendem áreas urbanas estámuito poluída, o que acarreta graves problemasde saúde para os pobres, danos ambientais ecustos cada vez maiores para o tratamento daágua. O progresso nessa área depende de refor-mas e inovações nas estruturas institucionais ereguladoras dos recursos hídricos, de reabili-tação e melhor aproveitamento da infra-estru-tura existente, e da construção de novas infra-estruturas adequadas que se apóiem emcritérios sociais, ambientais, econômicos, finan-ceiros e institucionais equilibrados.

Durante a última década, o Brasil implemen-tou importantes reformas institucionais nosníveis federal e estadual. Uma lei moderna, ino-vadora e amplamente discutida foi aprovada em1997, criando a Política Nacional de RecursosHídricos, o que possibilitou a criação em 2000da Agência Nacional de Águas (ANA), cujoobjetivo é implementar a Política Nacional deÁguas. O Banco Mundial também apoiouamplamente essas reformas.

ÁGUA E SANEAMENTO PARA

OS MAIS CARENTESA falta de acesso a serviços adequados de abaste-cimento de água e esgotamento sanitário ('sane-amento básico') acarreta significativos custoseconômicos, sociais, ambientais e de saúde paratodas as camadas da sociedade; no entanto, essesproblemas afetam desproporcionalmente ascomunidades de baixa renda, dificultando-lhesescapar da pobreza. Além disso, a carência dessesserviços básicos provoca um impacto negativona saúde pública: estudos mostram que o acessoadequado aos serviços de saneamento básicopode reduzir à metade a incidência de infecçõesgastrointestinais e diarréia.

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A concepção holística da gestão dos recursos hídricos

O número de pessoas com acesso a fontes de água potável aumentou de 73%, em 1986, para 88%, em

2000, e as condições do governo brasileiro na gestão dos recursos hídricos mudaram significativamente.

Nesse contexto, a assistência do Banco se concentrou tanto na escassez de água e nas graves secas que

afetam milhões de pobres no Nordeste quanto na gestão da poluição da água nas áreas mais urbanizadas

e industrializadas.

Em 1998, o Brasil lançou o Projeto Federal de Gerenciamento de Recursos Hídricos (PROÁGUA), o primeiro

programa nacional de gestão sustentável dos recursos hídricos. Com compromissos originalmente estimados

em US$1 bilhão, o PROÁGUA destina-se a: promover o uso sustentável e racional, bem como a gestão par-

ticipativa dos recursos hídricos no Brasil como um todo, e no Nordeste em particular; fortalecer as insti-

tuições federais e estaduais relevantes; descentralizar a gestão dos recursos hídricos; e desenvolver meca-

nismos para estimular o uso eficiente, a alocação e o cumprimento dos direitos de uso da água. Seu objetivo

também consiste na provisão de acesso confiável e sustentável à água para utilização doméstica, municipal

e outras, nas principais bacias hidrográficas do Nordeste. A primeira fase do programa, o PROÁGUA/Semi-

Árido, conta com um empréstimo de US$198 milhões do Banco Mundial.

Além dos notáveis avanços na reforma das estruturas legal e institucional, o PROÁGUA/Semi-árido imple-

mentou a construção e a reabilitação da infra-estrutura principal de água, consolidando a sua administração,

operação e manutenção sustentáveis, por meio de mecanismos de recuperação equilibrada e eficiente de cus-

tos. Para garantir a sustentabilidade dos novos sistemas, o PROÁGUA/Semi-árido adotou um critério detal-

hado de elegibilidade para as obras de infra-estrutura, que foi aplicado de modo consistente pelo Governo,

em cooperação com a equipe de supervisão descentralizada do Banco Mundial. Dos 200 projetos do PROÁ-

GUA/Semi-árido que solicitaram financiamento, 42 foram aprovados. Até o presente, 15 subprojetos foram

concluídos e já estão em funcionamento, 22 permanecem em construção e 5 se encontram sob licitação.

Esses 42 subprojetos beneficiarão diretamente mais de 1,9 milhão de pessoas na região semi-árida e pobre

do Nordeste, mediante o abastecimento seguro e sustentável de água. Dessas pessoas, cerca de metade vive

em comunidades rurais isoladas e em pequenos centros semi-rurais.

O sucesso do critério de sustentabilidade da estrutura do PROÁGUA/Semi-árido foi reconhecido como a

melhor prática pelo Tribunal de Contas da União, que recomendou a aplicação de critérios semelhantes a

todas as obras de infra-estrutura hídrica financiadas pelo governo federal. Isso resultou no Decreto Presi-

dencial n° 4.024, de novembro de 2001, que exige um Certificado de Avaliação da Sustentabilidade da Obra

emitido pela Agência Nacional de Águas (ANA), para todas as iniciativas financiadas pelo Estado, no todo

ou em parte, que custem acima de R$10 milhões.

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No Brasil, os desafios técnicos e financeiros sãocrescentes na busca da expansão de acesso à águapotável e ao esgotamento sanitário, em função dafalta de um marco legal e regulatório para o setor,da dificuldade de levar serviços sustentáveis paraáreas periféricas das grandes cidades, da falta demodelos de prestação de serviços apropriadospara o atendimento nos municípios pequenos, docusto elevado e crescente de satisfazer a demandanão atendida, da crescente contaminação dos cor-pos hídricos e da adoção e utilização no Brasil dospadrões ambientais e de qualidade da água potá-vel do mundo desenvolvido.

A falta de soluções institucionais é particular-mente aguda nas comunidades pobres do Norte,Nordeste e Centro-oeste. Os projetos do BancoMundial no setor de saneamento básico têm umapreocupação especial com estes aspectos institu-cionais na busca da prestação de serviços susten-táveis. No Projeto de Modernização do Setor deSaneamento (PMSS), o Banco Mundial está cola-borando estreitamente com governos estaduais,como os do Piauí, Amazonas e Rio Grande doNorte, no estudo e implantação de soluções ino-vadoras, que servirão como alternativas aosmodelos atuais, que mostram grandes ineficiên-cias na prestação de serviço - especialmente paramunicípios pobres e camadas carentes dentro des-tes e outros municípios. No Programa de Sanea-mento Básico para Populações em Áreas de BaixaRenda (Prosanear), o Banco Mundial manteveestreita colaboração com os governos federal, esta-duais e municipais no desenvolvimento e imple-mentação de soluções adequadas e de baixo custopara serviços básicos em favelas e em assentamen-tos irregulares em todo o País. Algumas das abor-dagens e tecnologias criadas por esse programa,como o conceito inovador de esgoto 'condominial',foram levadas para outros países. No Programa deAção Social em Saneamento para Pequenos Muni-cípios (PASS/BIRD) o Banco Mundial e o GovernoFederal vêm desenvolvendo e aperfeiçoandomodelos de prestação de serviços para municípioscom menos de 20.000 habitantes, baseado em aná-lises detalhadas de economias de escala.

MELHOR QUALIDADE DA ÁGUA NAS

CIDADES E NO MEIO RURALNos últimos dez anos, alguns governos esta-

duais e o Banco Mundial desenvolveram proje-tos para tratar as questões da qualidade de águae do controle da poluição hídrica nas áreasurbanas das regiões metropolitanas do Brasil.Os objetivos destes projetos eram de garantir aqualidade da água de corpos hídricos urbanosimportantes e melhorar a qualidade de vida daspopulações residentes nas suas bacias.

A primeira geração de projetos deste tipoapoiados pelo Banco nas áreas metropolitanasde São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba ressal-taram a importância da adoção de uma aborda-gem integrada da gestão da qualidade da água edo controle da poluição nas bacias hídricas. Essetipo de abordagem permite a priorização deinvestimentos e a implementação de modelosinstitucionais de gestão sustentável das baciashídricas. Nesses projetos, as bacias hídricas tam-

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bém são utilizadas como contexto para a urba-nização de favelas e assentamentos irregularesna periferia das cidades.

No meio rural, as iniciativas financiadas peloBanco Mundial se concentraram na diminuiçãoda poluição hídrica através de técnicas de inves-timento pioneiras na preservação do solo emprojetos economicamente viáveis. Pesquisaspreliminares nas áreas de atuação destes proje-tos (por exemplo, no Paraná) mostraram que aproteção do solo, acompanhada de outras pro-vidências, aumenta a renda dos produtoresrurais e reduz a poluição, diminuindo significa-tivamente o custo do tratamento da água. Proje-tos semelhantes têm percorrido os mesmoscaminhos no Rio Grande do Sul, Santa Catarinae São Paulo.

MAIOR EFICIÊNCIA NA

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOSOutra prioridade no setor de saneamento básico éo aumento da eficiência na prestação dos serviços

de abastecimento de água e de esgotamento sani-tário, o que pode render significativos benefíciosfinanceiros, sociais e ambientais. Embora as tarifascobradas para estes serviços sejam suficientes paraa prestação de alta qualidade para toda a popu-lação, com auto-suficiência financeira e capaci-dade de alavancar uma parte importante dosinvestimentos com recursos próprios, a metadedas companhias de água no Brasil apresenta qua-dros financeiros altamente deficitários. Alémdisso, apesar das melhorias em diversos operado-res desde 2000, apenas quatro das 25 companhiasestaduais e regionais conseguiram faturar 70% daágua colocada no sistema para servir aos usuáriosfinais, sendo que oito dessas empresas apresenta-ram perdas acima de 50% em 2003.

O Programa de Modernização do Setor deSaneamento (PMSS), financiado pelo BancoMundial, destina-se a fornecer assistência téc-nica aos governos estaduais e municipais e aosoperadores do setor para melhorar sua eficiên-cia empresarial, operacional e financeira.

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A SITUAÇÃO DOS 65.000 quilômetros da rede de estradas federais brasileiras e aexcessiva dependência econômica do transporte rodoviário exercem atualmenteuma forte pressão sobre a competitividade do País. Os custos de transporte etransbordo representam cerca de um terço dos gastos logísticos das transaçõescomerciais - o "Custo Brasil".

Outra prioridade do País é combater os congestionamentos nas grandes cida-des, um obstáculo a mais para a economia doméstica. Em São Paulo, provavel-mente a cidade mais afetada, os custos com transporte absorvem cerca de umquinto da renda dos pobres, que, freqüentemente, gastam, por dia, mais de duashoras e meia de viagem para chegar até o trabalho.

C O N S T R U Ç Ã O D A

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TRANSPORTES

O Banco Mundial trabalhou com o governo

federal e diversos governos estaduais no Pro-

jeto de Descentralização e Recuperação de

Rodovias Federais e nos Projetos de Gestão

de Rodovias Estaduais para implementar

programas de concessão e descentralização

em toda a rede rodoviária federal e estadual.

Cerca de 5.000 quilômetros de rodovias fede-

rais e 2.500 quilômetros de rodovias esta-

duais, em São Paulo, estão sob concessão há

muitos anos.

Desde a implementação das principais

reformas no sistema de transporte, no final

dos anos 90, o Brasil está trabalhando para

que as agências reguladoras e as autoridades

estaduais se mantenham em dia com essas

mudanças e ajudem a integrar os diferentes

sistemas de transporte. Houve avanço na inte-

gração das rodovias a terminais portuários

privatizados, bem como na eliminação das

restrições à navegação de cabotagem e a

outros setores de transporte. O desafio atual é

a melhoria do transporte intermodal, para

facilitar o escoamento dos produtos. Isso é

essencial para que o setor privado reconheça

os benefícios da expansão agrícola e do desen-

volvimento industrial no interior.

Desde 1992, o Banco Mundial tem ajudado

o Governo a transferir gradualmente o con-

trole do sistema ferroviário brasileiro da área

federal para os estados e municípios. Seis das

maiores cidades brasileiras já se beneficiaram

dessa iniciativa. Nos programas mais recentes,

o Banco está colaborando com o Governo na

consolidação dessas mudanças mediante a

implementação de reformas de "segunda

geração", com o objetivo de ajudar os estados

e municípios a criar sistemas de transportes

mais integrados e financeiramente sustentá-

veis - especialmente para os pobres das áreas

urbanas.

Um exemplo é o Projeto da Linha 4 do

Metrô de São Paulo, apoiado por um emprés-

timo do Banco Mundial no valor de US$209

milhões, aprovado no início de 2002. Quando

estiver concluída, a nova linha interligará as

redes existentes de metrô, trens urbanos e

ônibus e será para os paulistanos de baixa

renda um sistema de transporte mais seguro,

rápido e financeiramente sustentável.

PORTOS

A reforma do setor de portos foi introduzida

em 1990 com o fechamento da Portobrás, que

controlava as empresas portuárias estatais. A

Lei dos Portos, de 1993, definiu uma nova

estrutura institucional que enfatiza a privati-

zação das operações, a competitividade e a

descentralização. Houve avanços substan-

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ciais, particularmente na privatização das

operações, o que reduziu o custo dos portos.

A operação e manutenção dos principais

terminais portuários estatais foram transferi-

das para o setor privado, e muitos terminais

privados receberam autorização para funcio-

nar como serviço público. Essas mudanças

reduziram de modo substancial os custos

dos portos.

ENERGIA

O setor energético brasileiro é singular por-

que a energia hidrelétrica representa 90% da

geração. Historicamente, a geração e a trans-

missão eram operadas pela estatal Eletrobrás,

enquanto a distribuição cabia, em grande

parte, às empresas estaduais. Em 1995, o Bra-

sil iniciou uma reforma cujo objetivo era a

desvinculação vertical e a privatização: 23%

das empresas de geração de energia e 64% das

distribuidoras foram privatizadas com

sucesso. Foi criada também a Operadora

Nacional do Sistema Elétrico (ONS), para

planejar e programar a operação e o despa-

cho centralizado da geração, visando ao

menor custo, e a Agência Nacional de Energia

Elétrica (ANEEL), um novo órgão regulador

para supervisionar o setor. Reformas parale-

las no mercado de produção de gás termina-

ram com o monopólio da Petrobras.

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A PROTEÇÃO E A GESTÃO dos preciosos recursos naturais brasileiros são priori-

dade para o Governo. Isso se deve, em grande parte, à crescente conscientização no

País de que, a longo prazo, os benefícios econômicos de uma melhor gestão

ambiental serão provavelmente maiores do que o seu custo. Com o apoio de doa-

dores internacionais, o Governo federal empreendeu programas ambientais ambi-

ciosos, desde um projeto piloto para preservação de florestas tropicais à gestão do

escasso abastecimento de água nas regiões semi-áridas do Nordeste.

Um exemplo marcante é o Programa Piloto para a Conservação das Florestas

Tropicais Brasileiras, uma iniciativa inovadora no valor de US$350 milhões, pro-

movida em 1992 pelo G7 e outros parceiros externos. O Banco Mundial administra

parte dos recursos como agente fiduciário. Em 2000, o Programa Piloto financiou

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UMA

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projetos experimentais em 160 comunida-

des, que desenvolveram novas abordagens

para o uso e a preservação dos recursos natu-

rais da floresta tropical. Em um trabalho

conjunto com a população local e as ONGs,

o projeto também estabeleceu 2 milhões de

hectares de reservas extrativas na Amazônia e

demarcou 45 milhões de hectares habitados

por povos indígenas. A iniciativa já apresenta

lições para as políticas destinadas a áreas de

grande biodiversidade ainda mais vulnerá-

veis, como o Cerrado e a Mata Atlântica.

FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES

AMBIENTAIS

No Brasil, uma prioridade constante é o

desenvolvimento da capacidade institucional

para administrar os imensos desafios

ambientais. O primeiro Projeto Nacional do

Meio Ambiente, financiado pelo Banco Mun-

dial, que contou com a participação dos par-

ceiros internacionais do País, rendeu lições

valiosas para o futuro. Concluído em 1998,

esse projeto fez investimentos expressivos

para fortalecer o Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente (Ibama). Apoiou também a

criação de unidades federais de preservação e

reforçou as atividades estaduais de proteção

ambiental na Mata Atlântica, no Pantanal e

na zona costeira.

COMBATE AO DESFLORESTAMENTO

NÃO-SUSTENTÁVEL

O Brasil abriga a maior floresta tropical

remanescente do planeta. No entanto, parte

dessa riqueza já desapareceu. Uma grande

parcela da Mata Atlântica e pelo menos

metade do Cerrado foram direcionados para

uso agropecuário. A Floresta Amazônica,

muito maior, perdeu até agora um sétimo de

sua vegetação original, e o desmatamento

continua.

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Desde meados dos anos 90, o Brasil ela-

borou uma "Política Nacional Integrada

para a Amazônia", estabelecendo pela pri-

meira vez a necessidade de um novo

modelo de uso dos recursos naturais da

região. Como vários países vêm desco-

brindo, não há uma resposta fácil para

essas questões. No entanto, a experiência

com o Banco Mundial e com programas

financiados internamente no Brasil apre-

senta algumas maneiras de levar as comu-

nidades locais a prover o seu sustento, ao

mesmo tempo em que promovem a susten-

tabilidade ambiental.

Programa Piloto para a Conservação da Floresta

Tropical Brasileira - Projeto das Terras Indígenas

O Projeto Integrado de Proteção às Populações e

Terras Indígenas foi um esforço inovador para

regularizar as terras dos índios na Amazônia Legal

brasileira. Essa iniciativa também ajudou a melho-

rar a qualidade técnica e a aumentar a partici-

pação e controle dos grupos indígenas sobre o

processo de regulamentação, proteção e gestão de

suas terras.

A combinação de novos métodos com a partici-

pação e parceria eficazes dos índios, o mais bem-

sucedido programa mundial de regulamentação de

terras indígenas, contribuiu de modo relevante

para proteger 27% dessas terras na Amazônia, ao

mesmo tempo concedendo poderes aos indígenas e

ajudando- os a modernizar a Fundação Nacional do

Índio (FUNAI).

Resultados do projeto obtidos desde 1996:

� Demarcação de 45,4 milhões de hectares (uma

área maior que a Alemanha, os Países Baixos e

a Suíça, juntos) na Amazônia;

� Identificação de 9,5 milhões de hectares de

terras indígenas (uma área um pouco maior que

a Áustria) na Amazônia.

� Realização de mais de 90% das metas originais

do projeto (55 identificações e 58 demar-

cações).

� Conclusão das etapas finais do registro de 59

terras indígenas já demarcadas e regulamentadas.Foto

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