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Ano IV • Número 14 Julho/2015 Esta é uma publicação trimestral da ANBIMA sobre regulação internacional e seus impactos nos mercados financeiro e de capitais brasileiros União do Mercado de Capitais e o financiamento de longo prazo na Europa » A Comissão Europeia recentemente eleita tem como um dos principais objetivos retomar o investimento na Europa. Entre os planos desta Comissão está a consolidação da União do Mercado de Capitais, que teve como primeiro passo a recente publicação das normas referentes aos Fundos Europeus de Longo Prazo. [leia mais] Autoridades britânicas propõem reforma de conduta nos mercados de renda fixa, cambio e commodities » Em relatório recentemente publicado, as autoridades britânicas sugerem reformas para promoção da equidade e da eficiência nos mercados de atacado e observam que tanto reguladores quanto instituições financeiras têm papel central no controle das práticas e na identificação e mitigação dos riscos de conduta. [leia mais] Respostas à consulta sobre fundos e gestores sistêmicos promovem reação dos reguladores » Diretoria da IOSCO sugere mudança do foco sobre entidades para atividades e produtos mas, a despeito disso, a SEC americana consulta sobre alterações na documentação enviada por fundos e gestores. [leia mais] Comitê de Basileia publica informações adicionais sobre liquidez de longo prazo e razão de alavancagem » No segundo trimestre de 2015, o Comitê de Basileia publicou os padrões para divulgação do indicador de liquidez de longo prazo, esclareceu algumas das principais dúvidas sobre a razão de alavancagem, além de publicar duas consultas sobre risco de juros e avaliação de crédito. [leia mais] Fed esclarece dúvida sobre Regra de Volcker a poucas semanas de sua entrada em vigor » Para reduzir as incertezas jurídicas associadas à Regra de Volcker, regulador americano publica instrução sobre situações em que fundos estrangeiros poderiam ser equiparados a bancos, mas ainda existem dúvidas às vésperas da entrada em vigor da norma. [leia mais] Com extensão do prazo de implementação, reguladores consultam sobre requerimentos de margem » Autoridades europeias e americanas lançaram novas consultas sobre margem, aproveitando a postergação do calendário proposto por IOSCO e BCB para resolver conjunto específico de questões. [leia mais] Consulte também pelo endereço: http://portal.anbima.com.br/informacoes-tecnicas/estudos/radar/Pages/default.aspx

União do Mercado de Capitais e o financiamento de longo ... · Comitê de Basileia publica informações adicionais sobre liquidez de longo prazo e razão de alavancagem » ... executivo

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Ano IV • Número 14 • Julho/2015

Esta é uma publicação trimestral da ANBIMA sobre regulação internacional e seus impactos

nos mercados financeiro e de capitais brasileiros

União do Mercado de Capitais e o financiamento de longo prazo na Europa »

A Comissão Europeia recentemente eleita tem como um dos principais objetivos retomar o investimento na

Europa. Entre os planos desta Comissão está a consolidação da União do Mercado de Capitais, que teve como

primeiro passo a recente publicação das normas referentes aos Fundos Europeus de Longo Prazo. [leia mais]

Autoridades britânicas propõem reforma de conduta nos mercados de renda fixa, cambio e commodities »

Em relatório recentemente publicado, as autoridades britânicas sugerem reformas para promoção da equidade e

da eficiência nos mercados de atacado e observam que tanto reguladores quanto instituições financeiras têm papel

central no controle das práticas e na identificação e mitigação dos riscos de conduta. [leia mais]

Respostas à consulta sobre fundos e gestores sistêmicos promovem reação dos reguladores »

Diretoria da IOSCO sugere mudança do foco sobre entidades para atividades e produtos mas, a despeito disso, a

SEC americana consulta sobre alterações na documentação enviada por fundos e gestores. [leia mais]

Comitê de Basileia publica informações adicionais sobre liquidez de longo prazo e razão de alavancagem »

No segundo trimestre de 2015, o Comitê de Basileia publicou os padrões para divulgação do indicador de liquidez

de longo prazo, esclareceu algumas das principais dúvidas sobre a razão de alavancagem, além de publicar duas

consultas sobre risco de juros e avaliação de crédito. [leia mais]

Fed esclarece dúvida sobre Regra de Volcker a poucas semanas de sua entrada em vigor »

Para reduzir as incertezas jurídicas associadas à Regra de Volcker, regulador americano publica instrução sobre

situações em que fundos estrangeiros poderiam ser equiparados a bancos, mas ainda existem dúvidas às vésperas

da entrada em vigor da norma. [leia mais]

Com extensão do prazo de implementação, reguladores consultam sobre requerimentos de margem »

Autoridades europeias e americanas lançaram novas consultas sobre margem, aproveitando a postergação do

calendário proposto por IOSCO e BCB para resolver conjunto específico de questões. [leia mais]

Consulte também pelo endereço: http://portal.anbima.com.br/informacoes-tecnicas/estudos/radar/Pages/default.aspx

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RADAR

União do Mercado de Capitais e o financiamento de

longo prazo na Europa

A mudança na presidência da Comissão Europeia, ocorrida ao final de

2014, trouxe mudanças importantes. A saída de Manuel Barroso (que

estava no cargo desde 2004), para a entrada de Jean-Claude Juncker

trouxe, para além de novos mandatos para as 27 pastas do órgão

executivo europeu, uma nova postura. A Comissão Juncker assumiu como

prioridade a retomada do crescimento da economia e do emprego na

União Europeia e, neste sentido, uma das primeiras propostas anunciadas

por esta Comissão foi o Plano de Investimento para a União Europeia. São

três os principais objetivos deste Plano: criar um ambiente mais adequado

ao investimento; mobilizar, no mínimo, € 315 bi para investimento em

setores estratégicos nos próximos três anos e, ao mesmo tempo, prover

suporte ao investimento na economia real.

O primeiro objetivo, de melhoria das condições para realização de

investimento, compreende, entre outros pontos, o desenvolvimento da

União do Mercado de Capitais (CMU, a sigla em inglês). Com o intuito de

mitigar as barreiras que impedem o desenvolvimento de um mercado de

capitais integrado entre os 28 países na UE, a CMU consiste em um

conjunto de medidas que deverão ser adotadas – progressivamente – ao

longo dos próximos anos. No atual cenário de estagnação da atividade

econômica, elevado endividamento e, ao mesmo tempo, de incremento da

carga regulatória sobre a atividade bancária, a promoção de uma

alternativa competitiva ao financiamento bancário via mercado de capitais

figura como um possível caminho para a promoção do crescimento

sustentável da economia europeia.

Entre as propostas de mais curto prazo da CMU, destaca-se a

recentemente aprovada regulação dos fundos europeus de longo prazo

(ELTIF, na sigla em inglês). Tendo em vista o tamanho sucesso obtido

pelos UCITS, propôs-se a elaboração de fundos de longo prazo que se

beneficie de uma estrutura de “passaporte” similar. Assim, os ELTIFs

foram concebidos como fundos de investimento alternativos e fechados

que necessitam investir, no mínimo, 70% do seu portfolio em ativos de

mais longo prazo (e.g. investimento em infraestrutura, imóveis e

companhias não listadas em mercado organizado). Outra característica

importante destes fundos está no fato dos seus cotistas não poderem

resgatar as suas cotas antes do período de encerramento do fundo.

O desenvolvimento do mercado de private placements também é

considerado uma medida relevante. Esta alternativa de colocação direta

dos títulos de dívida é uma opção mais comumente utilizada no mercado

americano, mas, no continente europeu, ainda é considerada uma opção

subaproveitada. A Comissão Europeia ainda não emitiu nenhuma proposta

► A Comissão Europeia liderada com Jean-Claude Juncker traz um objetivo claro, de promoção do crescimento via mercado e, neste escopo, a União do Mercado de Capitais é um processo essencial.

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RADAR

concreta para tratar esta questão, mas o próprio mercado europeu,

representado por meio da ICMA, reconheceu a premência desta discussão

e publicou, em fevereiro deste ano, o Pan-European Corporate Private

Placement Market Guide. Como o próprio nome sugere, este documento

serve como um guia para todos os envolvidos na oferta privada de títulos

corporativos em jurisdições europeias e conta, por exemplo, com uma lista

de recomendações e modelos dos documentos requeridos.

Também fazem parte da agenda de curto prazo da CMU: a publicação da

Diretiva de Prospectos, com o intuito de racionalização entre diferentes

jurisdições da informação divulgada no referido documento, e a promoção

de securitizações claras, transparentes e comparáveis. No longo prazo,

naturalmente, a questão tarifária é entendida como uma importante

barreira ao desenvolvimento do mercado de capitais comum e, portanto,

aparece como uma questão prioritária.

O Plano de Investimento da Comissão Juncker também têm como meta

mobilizar centenas de bilhões de euros para investimento em setores

estratégicos. Para tanto, será concebido o European Fund for Strategic

Investment (EFSI). Espera-se que este fundo possa alavancar os recursos

originalmente empregados pelas autoridades europeias cerca de quinze

vezes. Assim, a Comissão Europeia busca movimentar um valor próximo

de €315 bi até 2017.

Por fim, o terceiro e último objetivo, de prover suporte ao investimento na

economia real, diz respeito à criação do European Investment Advisory

Hub e do EU Investment Project Portal. Estes dois projetos figuram como

plataformas para apoiar inciativas bem sucedidas de financiamento de

pequenas e médias empresas por meio da divulgação de informações

relevantes. O Anexo aborda o funcionamento destes dois projetos e do

EFSI com maiores detalhes.

Direto da fonte:

Assessment Methodologies for Identifying Non-Bank Non-Insurer Global Systemically Important Financial Institutions, IOSCO e FSB, 8/1/2015: http://www.iosco.org/library/pubdocs/pdf/IOSCOPD435.pdf

Enhancing Risk Monitoring (…), Mary Jo White, 11/12/2014:

http://www.sec.gov/News/Speech/Detail/Speech/1370543677722#.V

RV03090wdU

FSB Chair's Letter to G20 on Financial Reforms (…), FSB, 11/2/2015:

http://www.financialstabilityboard.org/wp-content/uploads/FSB-Chair-

letter-to-G20-February-2015.pdf

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RADAR

Autoridades britânicas propõem reforma de conduta

nos mercados de renda fixa, cambio e commodities

O tesouro britânico, o Banco da Inglaterra e a FCA publicaram em junho

deste ano as conclusões da revisão iniciada um ano antes sobre o

funcionamento dos mercados de renda fixa, câmbio e commodities (ver

RADAR nº 12). Nesta versão final, as autoridades britânicas ressaltaram a

importância e a abrangência das reformas adotadas nesses últimos anos

na Europa (notadamente, MiFID 2, MAD, MAR, REMIT) e em nível

internacional (acordo de Basileia III, reforma dos benchmarks, princípios do

FSB sobre as remunerações nas instituições financeiras, etc.), bem como

as mudanças realizadas dentro das instituições voltadas para governança

e controles internos. Contudo, tais autoridades também destacaram que

certas áreas ainda não foram adequadamente tratadas e, portanto, novos

esforços são necessários para melhorar o funcionamento dos mercados

FICC e reduzir os riscos de má conduta.

Apesar das recomendações das autoridades britânicas abordarem

principalmente questões que devem ser alvo do legislador, dos

reguladores ou do mercado local, existe também a proposta de promoção

de uma discussão internacional. Em linhas gerais, estas sugestões de

reforma dos arcabouços legal e regulatório apresentadas buscam

endurecer o regime de abusos de mercado, ampliar o escopo dos

instrumentos cobertos pela regulação e aumentar as penalidades

aplicáveis.

Uma das principais sugestões das autoridades britânicas é a criação do

FICC Markets Standards Board (FMSB), um órgão estabelecido pela

indústria, com representantes sêniores de instituições financeiras globais e

domésticas, de end-users e de infraestruturas. O FMSB será responsável

por: identificar áreas onde padrões de mercado devem ser fortalecidos

e/ou esclarecidos por meio de guias ou estudos de caso (por exemplo,

como no caso de stop loss orders); promover a adesão aos padrões

estabelecidos, inclusive ao compartilhar boas práticas de controle; e, por

fim, contribuir para a convergência internacional dos padrões de conduta

nos mercados FICC.

O relatório propõe também incrementar o monitoramento dos funcionários

não gestores e coibir a reciclagem, entre instituições, de funcionários com

casos prévios de má conduta. Para tanto, as autoridades britânicas

propõem as devidas alterações no Senior Managers e no Certification

Regimes, paralelamente a uma extensão das provisões destes regimes a

todos os participantes do mercado (hoje estes regimes são unicamente

aplicáveis aos bancos). Outras recomendações discutem as qualificações

e o treinamento dos indivíduos atuando nos mercados FICC: caberá ao

► Além do reforço do arcabouço regulatório, as autoridades britânicas sugerem propostas para garantir que as próprias instituições elevem os padrões de negociação, de certificação e a responsabilização dos indivíduos.

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RADAR

FMSB desenvolver padrões mínimos para as equipes, incluindo uma

obrigação de educação ao longo da vida profissional.

A respeito das políticas de remuneração dentro das instituições

financeiras, as autoridades britânicas sugerem que o FSB investigue novas

opções, em nível internacional, para assegurar um melhor alinhamento

entre as remunerações e os riscos de conduta. Opções sugeridas incluem

a consideração, entre outros, da proporção de remuneração variável no

total do recebido pelo agente, assim como o escopo de instrumentos e

estruturas de remuneração disponíveis.

Outro capítulo do relatório desenvolve possíveis cenários futuros para os

mercados FICC. Vários aspectos são discutidos, incluindo a aplicação das

regras de competição e os obstáculos para inovação e entrada de novos

participantes. O relatório destaca os progressos da transparência e do uso

de plataformas eletrônicas de negociação, ao mesmo tempo em que

ressalta os benefícios da coexistência de diversos modelos de negociação,

incluindo, aí, o mercado de balcão. Instituições poderão também ter que

identificar e produzir métricas relevantes na execução das ordens para

demonstrar o caráter eficaz e justo das praticas de negociação. O impacto

das inovações tecnológicas no risco de conduta, sugerem os britânicos,

deveria também ser avaliado.

Nas seções que abordam as questões de governança e controles, o

relatório ressalta o papel dos diretores não executivos, a necessidade de

ferramentas para medir conduta e cultura nas instituições, a importância da

“primeira linha de defesa” (isto é, o departamento de compliance e os

chefes das mesas de operação) na supervisão dos riscos de conduta e o

desenvolvimento de novas ferramentas para o monitoramento das

transações e das comunicações das equipes.

O próximo passo neste debate será a rodada de discussões agendada

para o mês de outubro de 2015, reunindo participantes dos mercados de

renda fixa, câmbio e commodities. Pouco depois, o Banco da Inglaterra e a

FCA deverão publicar um novo regime de whisteblowing. E, por fim, uma

primeira revisão da implementação das recomendações será publicada no

próximo ano.

Direto da fonte:

Fair and Effective Markets Review: Final Report, HMT, BoE e FCA, 10/6/2015:

http://www.bankofengland.co.uk/markets/Documents/femrjun15.pdf

Investment and Corporate Banking Market Study, FCA, 22/5/2015:

http://www.fca.org.uk/news/investment-and-corporate-banking-market-study

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RADAR

Respostas à consulta sobre fundos e gestores

sistêmicos promovem reação dos reguladores

A segunda consulta da dupla FSB e IOSCO para determinação da

metodologia de identificação de instituições sistematicamente relevantes

em escala global que não são bancos nem seguradoras (ver Radar

ANBIMA nº 13) se encerrou dia 29 de maio. Ao todo, os organismos

internacionais publicaram respostas de 47 instituições na página do FSB.

Entre elas, encontram-se, além da resposta enviada pela ANBIMA,

comentários de outras associações de classe (e.g. ICMA e ICI), de

gestores de fundos com atuação global (e.g. Blackrock e PIMCO) e até

mesmo de infraestruturas de mercado (e.g. LHC.Clearnet).

As respostas, em geral, foram críticas à proposta do FSB e da IOSCO. A

metodologia voltada para apuração do risco sistêmico no nível da entidade

foi duramente criticada. Esta metodologia seguia uma lógica

deliberadamente próxima daquela utilizada para determinação de bancos e

seguradoras sistemicamente importantes. Isto implicou, por exemplo, a

definição de canais de transmissão de risco às vezes adequados às

atividades bancárias, mas que são pouco significativos para determinar um

possível risco sistêmico de determinado gestor ou fundo de investimento.

A Diretoria da IOSCO, em reunião realizada entre os dias 14 e 18 de

junho, deliberou sobre as respostas obtidas pela consulta e publicou uma

resposta oficial. Entre os resultados da reunião destaca-se a

recomendação para que o foco imediato dos esforços internacionais, no

sentido de identificar potenciais riscos sistêmicos e vulnerabilidades

associadas à indústria de gestão de recursos, seja uma completa revisão

das atividades e dos produtos dessa indústria, levando em conta um

contexto financeiro global amplo. A diretoria da IOSCO considera que essa

revisão deve ter precedência relativamente à continuidade do trabalho de

definição da metodologia de identificação de instituições sistemicamente

importantes no segmento de fundos.

A despeito da metodologia para determinação do risco de sistêmico estar

ainda em revisão, uma conclusão da consulta que parece ter ecoado entre

os reguladores é a crítica à opacidade da indústria em outras jurisdições.

Como mencionado na resposta da ANBIMA à consulta, o mercado

brasileiro é significativamente mais transparente que o de outras

jurisdições centrais, como o dos EUA.

Buscando enfrentar esta questão, a SEC publicou recentemente uma

consulta pública, propondo alteração nos formulários correntemente

enviados por fundos e gestores ao regulador americano. Entre outros

elementos, as mudanças propostas farão com que fundos de investimento

registrados na SEC fiquem obrigados a enviar um relatório mensal sobre a

► Enquanto diretoria da IOSCO indica mudança no foco da análise dos potenciais riscos sistêmicos associados à indústria de gestão de recursos, a SEC consulta sobre possibilidade de incrementar requerimentos informacionais dos fundos e gestores americanos.

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RADAR

composição dos seus portfolios (“Form N-PORT”) e um relatório anual

(“Form N-CEN”), que servirá como uma espécie de censo (contendo, por

exemplo, informações sobre o investimento em companhias estrangerias e

as operações de empréstimo de ativos). As propostas também exigiriam

alteração nas demonstrações contábeis que são regularmente publicadas

ou enviadas ao regulador, além de permitir que os fundos mútuos

forneçam estes relatórios aos acionistas por meio de suas páginas na

internet. Por fim, destacam-se também as recomendações de alteração no

“Form ADV” que, entre outros elementos, faria com que gestores de

recursos enviassem recorrentemente dados agregados sobre as contas

geridas. O período para envio de comentários se encerra em 11/08/2015.

Direto da fonte:

Public responses to the March 2015 consultative document Assessment Methodologies for Identifying NBNI G-SIFIs, IOSCO e FSB, 12/6/2015:

http://www.financialstabilityboard.org/2015/06/public-responses-to-march-2015-consultative-document-assessment-methodologies-for-identifying-nbni-g-sifis/ Amendments to Form ADV and the Investment Advisers Act Rules, SEC, 11/6/2015:

https://www.sec.gov/rules/proposed/2015/ia-4091.pdf Resposta da ANBIMA à Segunda Consulta FSB/IOSCO sobre NBNI-SIFI, ANBIMA, 29/5/2015:

http://www.anbima.com.br/arqsbaixar/relatoriodiretoria/1-NBNI-

SIFI_Comments-from-the-Brazilian-Financial-and-Capital-Markets-

Association.pdf

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RADAR

Comitê de Basileia publica informações adicionais

sobre liquidez de longo prazo e razão de alavancagem

Na última revisão internacional sobre a adoção de Basileia, em abril, o

BCBS conferiu nota quatro (máxima) ao Brasil em quase todas as

categorias – exceto nos requerimentos de liquidez de curto prazo e de

alavancagem, com nota três, e também na definição de instituições

bancárias sistemicamente importantes em escala doméstica, com nota

mínima. A nota três nos quesitos referentes à liquidez de curto prazo e

alavancagem é explicada unicamente pela vigência das respectivas

normas somente a partir de outubro desse ano. Como a próxima revisão

também deverá ocorrer em outubro de 2015, é possível que o Brasil

obtenha a nota máxima nestas duas categorias a partir dessa data.

Esta próxima revisão internacional sobre a adoção dos Acordos de Basileia

deverá contar ainda com uma inovação: a inclusão do indicador de liquidez

de longo prazo (ver Radar ANBIMA nº 12). Conforme cronograma

estipulado pelo Comitê Basileia, este indicador deverá entrar em vigor

somente a partir de 2018. No segundo semestre de 2015, portanto, as

jurisdições serão avaliadas de acordo com o estágio de implementação

das normas referentes a este indicador. Com isso, espera-se, portanto,

que o Banco Central do Brasil publique normas referentes a este indicador

nos próximos meses.

Para auxiliar na adoção do referido indicador de liquidez de longo prazo, o

BCBS publicou recentemente os padrões para sua divulgação. No

documento de poucas páginas, o Comitê apresenta um modelo da tabela

que as instituições bancárias deverão publicar para apresentar o indicador,

e esclarece algumas questões sobre seu preenchimento. Esta tabela,

calculada trimestralmente, com dados referentes ao último dia de cada um

destes períodos, deverá ser apresentada pelas instituições financeiras na

mesma frequência de divulgação de seus balanços contábeis.

Em relação à razão de alavancagem, o BCBS publicou há poucos dias um

documento com respostas às perguntas mais frequentes sobre o tema.

Como informado pelo próprio Comitê, a publicação periódica de FAQs

como este visa auxiliar na implementação consistente destes

requerimentos nas diferentes jurisdições. A razão de alavancagem é

regulada, no Brasil, pela Resolução nº 4.401, do CMN (para maiores

detalhes sobre a adoção do Acordo de Basileia no Brasil, ver Informe de

Legislação nº 15/13 – Basileia III no Brasil).

Por fim, destacam-se duas consultas do Comitê que estão abertas para

comentários. A primeira diz respeito à revisão tratamento do risco de juros

nas operações bancárias. Sobre este tema, o BCBS apresenta duas

alternativas: tratar esta exposição a risco, de maneira uniforme, no Pilar 1

► Comitê avalia positivamente a implementação de Basileia no Brasil e torna evidente que o próximo desafio será a publicação das normas referentes ao indicador de liquidez de longo prazo.

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RADAR

do Acordo (isto é, imputar requerimentos de capital a estas exposições) ou

no Pilar 2 (com a divulgação de informações quantitativas), permitindo

maior adaptabilidade às condições específicas do mercado e da gestão de

risco em cada jurisdição.

A segunda consulta diz respeito à revisão do tratamento de risco

associado ao ajuste das avaliações de crédito. O objetivo desta consulta é

triplo: rever os requerimentos associados ao Pilar 1, associar a

determinação destes requerimentos com as principais práticas contábeis

utilizadas e, ao mesmo tempo, alinhar estas alterações com aquelas

promovidas pela revisão do tratamento do risco de mercado.

Direto da fonte:

Eighth progress report on adoption of the Basel regulatory framework, BCBS, 27/4/2015:

http://www.bis.org/bcbs/publ/d318.htm Net Stable Funding Ratio disclosure standards, BCBS, 22/6/2015:

http://www.bis.org/bcbs/publ/d324.pdf Frequently asked questions on the Basel III leverage ratio framework, BCBS, 7/7/2015:

http://www.bis.org/bcbs/publ/d327.pdf Interest rate risk in the banking book - consultative document, BCBS, 8/6/2015:

http://www.bis.org/bcbs/publ/d319.pdf Review of the Credit Valuation Adjustment (CVA) risk framework - consultative document, BCBS, 1/7/2015:

http://www.bis.org/bcbs/publ/d325.pdf

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RADAR

Fed esclarece dúvida sobre Regra de Volcker a poucas

semanas de sua entrada em vigor

Desde a sua publicação, a Regra de Volcker – norma que visa reformular o

sistema bancário americano – suscitou inúmeras dúvidas, especialmente

quanto aos seus efeitos sobre jurisdições estrangeiras (ver Radar

ANBIMA nº 8). Como a norma americana se vale de uma estrutura um

tanto complexa (se não inovadora) para abarcar os conceitos de

“operações proprietárias” e “fundos cobertos”, a sua tradução para outras

jurisdições não é trivial. Disto resultam, ao mesmo tempo, incerteza jurídica

e potenciais custos indevidos.

Uma das principais questões referentes às operações com fundos

estrangeiros diz respeito à possibilidade de inclusão destes veículos de

investimento na categoria “entidade bancária”. Isto porque a Regra de

Volcker define isenções para que alguns fundos estrangeiros sejam

excluídos da definição de “fundos cobertos”, mas, ao mesmo, prevê que

somente os fundos cobertos são excluídos da definição de entidade

bancária. Logo, torna-se evidente que fundos estrangeiros não cobertos

poderiam ser entendidos como entidades bancárias.

Isto significa que, observadas certas condições, um fundo de investimento

não americano poderia ser considerado como uma instituição equiparada a

um banco. Desse modo, tal fundo se veria forçado a restringir suas

operações proprietárias e o investimento em outros fundos de

investimento. Naturalmente, isto vai contra os objetivos destes veículos de

investimento e, como tal, poderia ser entendido como um efeito

transfronteiriço indevido da norma americana.

A SIFMA levou esta questão ao FRB em outubro do ano passado. Nesta

ocasião, a associação americana indagou os reguladores bancários sobre

a possibilidade dos fundos de investimento estrangeiros serem

classificados como entidades bancárias. Como exposto no próprio ofício, a

solução para tal problema poderia vir de uma orientação interpretativa (isto

é, sem requerer uma emenda à norma).

Em linha com esta argumentação, o FRB emitiu o FAQ nº 14, buscando

responder a dúvida. Segundo texto oficial, o FRB recomenda que um

foreign public fund (ou “fundo estrangeiro ofertado publicamente”, em

tradução livre) somente deveria ser considerado uma entidade bancária se

alguma instituição deste tipo responder por mais de 25% dos direitos de

voto de tal fundo – passado o período máximo de três anos de seeding.

Mas apesar de esclarecedora, tal publicação ainda deixa algumas dúvidas.

Como o FAQ nº 14 diz respeito especificamente aos fundos de

investimento organizados fora dos EUA que são distribuídos pública e

► Regulador bancário americano publica esclarecimentos sobre provisões da Regra de Volcker que equiparariam fundos estrangeiros ofertados publicamente a instituições bancárias, mas ainda existem outras questões prementes para o mercado nacional.

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RADAR

majoritariamente em uma jurisdição estrangeira, restam dúvidas sobre os

fundos de investimento que não são, cumulativamente, cobertos e

ofertados publicamente no exterior.

Além desta questão mais geral, a aplicação da Regra de Volcker no Brasil

suscita algumas questões adicionais. Por exemplo, fundos regulados pela

Instrução nº 409, da CVM (em breve, pela Instrução nº 555, também da

CVM) que são destinados exclusivamente a investidores qualificados ou

profissionais não estariam isentos da definição de fundo coberto. Isto pode

ser entendido como um efeito indevido da norma americana, por equiparar

tais fundos – altamente regulados e supervisionados – a hedge funds

americanos. De maneira similar, ainda não está claro em que situações a

gestão e a administração dos fundos cobertos pela norma americana

seriam consideradas atividades permitidas.

As primeiras provisões de Regra de Volcker entrarão em vigor a partir do

dia 21/7/15. Todavia, este prazo diz respeito às operações com fundos de

investimento estabelecidos de 21/7/13 em diante. As entidades bancárias

contarão com mais dois anos para se adequarem às restrições aplicáveis

aos fundos previamente estabelecidos.

Na ANBIMA, o efeito das provisões da Regra de Volcker sobre o mercado

brasileiro é assunto prioritário na pauta do Grupo Técnico sobre Regulação

Internacional (GTRI). O grupo, formado em 2013, aborda as principais

questões regulatórias internacionais e conta com reuniões mensais

regulares. Mais informações podem ser obtidas com Gabriel Porto

[email protected].

Direto da fonte:

Volcker Rule - Frequently Asked Question 14, FRB, 12/6/2015:

http://www.federalreserve.gov/bankinforeg/volcker-rule/faq.htm#14 Letter to Federal Reserve on Volcker Rule Interpretations (…), SFIMA, 20/9/2014:

http://www.sifma.org/issues/item.aspx?id=8589951710

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RADAR

Com extensão do prazo de implementação,

reguladores consultam sobre margem

Somente a partir de 2011 as provisões acerca dos requerimentos

compulsórios de margem entraram na pauta do G20. O objetivo seria, ao

mesmo tempo, incentivar a liquidação centralizada e mitigar o risco

sistêmico associado às operações do mercado de balcão que não são

padronizadas.

Um dos primeiros passos neste sentido foi convocar a IOSCO e o BCBS

para redigirem os padrões globais para estes requerimentos de margem.

Isto porque a elaboração de tais modelos padronizados é entendida como

uma maneira de promover da harmonização regulatória entre diferentes

jurisdições

Os padrões da IOSCO e do BCBS foram publicados incialmente em 2013,

levando em consideração os comentários obtidos em duas consultas

anteriores (uma em 2012, apresentada no Radar ANBIMA nº 3, e outra

no início de 2013). A primeira revisão deste documento ocorreu somente

em 2015. Nesta ocasião, adiou-se o cronograma de introdução dos

requerimentos de margem inicial (“initial margin”) e de margem de variação

(“variation margin”) por nove meses. Também foi introduzido um período

de adaptação de seis meses para as margens de variação (ver Radar

ANBIMA nº 13).

De acordo com este novo cronograma, as Autoridades Supervisoras

Europeias (ESA, na sigla em inglês) lançaram, em junho de 2015, a

segunda consulta conjunta, no âmbito do EMIR, sobre os padrões

regulatórios técnicos, (“regulatory technical standards“, ou RTS) referentes

aos procedimentos de mitigação de risco para derivativos negociados em

mercado de balcão que não são liquidados centralmente, . Levando em

conta as respostas obtidas na primeira consulta, esta segunda versão

aborda um conjunto mais restrito de questões. São exemplos:

As metodologias de cálculo das margens inicial e de variação;

Os critérios para elegibilidade do colateral;

A metodologia para averiguar se o colateral empregado é

suficientemente diversificado e, portanto, não está sujeito a risco

direcional desfaróval (wrong-way risk);

A metodologia para determinar os “haircuts” apropriados para

mensurar volatilidade; e

Os procedimentos operacionais a serem estabelecidos pelas CCPs.

Esta consulta também considera um período de adaptação para margem

de variação, de acordo com a revisão mais recente dos padrões

publicados pela IOSCO e pelo BCBS.

► Requerimentos compulsórios de margem para derivativos não padronizados são objeto de consultas públicas pelas autoridades europeias e pela CFTC, em linha com o cronograma recentemente proposto por IOSCO e BCBS.

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RADAR

No mesmo mês, a CFTC, propôs uma norma referente aos requerimentos

compulsórios de margem. Segundo essa proposta, os requerimentos de

margem dispostos por tal Comissão seriam válidos também para

operações com contrapartes localizadas em outras jurisidições. Assim,

swap dealers e major swap participants registrados na CFTC que realizem

swaps com contrapartes não-americanas teriam que responder pelos

mesmos requerimentos de margem propostos por este regulador para

operações entre americanos. Uma exceção, porém, seria em casos onde

existam acordos de observância substitutiva (“substituted compliance”)

entre as jurisdições envolvidas. Isto permitiria substituir os requerimentos

de margem da CFTC por aqueles demandados pelos reguladores da outra

jurisdição.

O tema “observância substitutiva” é objeto de análise do Grupo Técnico de

Regulação Internacional (GTRI), da ANBIMA, desde a sua concepção, em

2013. O assunto foi abordado em algumas publicações assinadas pelo

grupo, incluindo a resposta à consulta da IOSCO sobre regulação

transfronteiriça.

Direto da fonte:

Second Joint Consultation on draft RTS on risk-mitigation techniques for OTC-derivative contracts not cleared by a CCP, ESA, 10/6/2015:

http://www.eba.europa.eu/documents/10180/1106136/JC-CP-2015-002+JC+CP+on+Risk+Management+Techniques+for+OTC+derivatives+.pdf Proposed rule regarding the Cross-Border Application of the Margin Requirements, CFTC, 29/6/2015:

http://www.cftc.gov/ucm/groups/public/@newsroom/documents/file/crossborder_factsheet062915.pdf GTRI responde consulta pública promovida pela Iosco, ANBIMA, 26/3/2015:

http://portal.anbima.com.br/a-anbima/noticias/Pages/2015/03/GTRI-responde-consulta-publica-promovida-pela-Iosco.aspx

14

RADAR

SIGLAS

BCBS: Basel Committee on Banking Supervision

BoE: Bank of England

CFTC: Commodities Futures Trading Commission

CMN: Conselho Monetário Nacional

CMU: Capital Markets Union

EFSI: European Fund for Strategic Investment

ELTIF: European Long Term Investment Fund

EMIR: European Market Infrastructure Regulation

ESA: European Supervisory Authorities

ESMA: European Securities and Markets Authority

EUA: Estados Unidos da América

FAQ: Frequently Asked Question

FCA: Financial Conduct Authority

FICC: Fixed Income, Currency and Commodities

FMSB: FICC Markets Standards Board

FRB: Federal Reserve Board

FSB: Financial Stability Board

HMT: Her Majesty’s Treasury

IOSCO: International Organization of Securities

Commissions

LCR: Liquidity Coverage Ratio

MAD: Market Abuse Directive

MAR: Market Abuse Regulation

MiFID: Markets in Financial Instruments Directive

NBNI-SIFI: Non-Bank Non-Insurer Systemically

Important Financial Institution

REMIT: Regulation on Wholesale Energy Market

Integrity and Transparency

SEC: Securities Exchange Commission (United States)

UCITS: Undertakings for Collective Investment in

Transferable Securities

UE: União Europeia

15

RADAR

AGENDA INTERNACIONAL

2° trimestre/2015

3° trimestre/2015

CONFIRA AQUI AS NOTAS SOBRE A PARTICIPAÇÃO DA ANBIMA NESSES EVENTOS

Iosco sugere mudança de foco na identificação de riscos associados à indústria de gestão de recursos

http://portal.anbima.com.br/a-anbima/noticias/Pages/2015/06/Iosco-sugere-mudanca-de-foco-na-identificacao-de-riscos-associados-a-industria-de-gestao-de-recursos.aspx

40ª Conferência Anual da IOSCO http://www.iosco2015london.co.uk/events/iosco-2015-london/event-summary-e23a0f7ff8314dfcb08290dc8a709f4b.aspx

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RADAR

SUPERINTENDÊNCIA GERAL

José Carlos Doherty

GERÊNCIA DE ESTUDOS REGULATÓRIOS

Patrícia Fesch Menandro, Bernardo Kruel, Gabriel Porto, Julie Ansidei, Vivian Almeida e Bruno Grimaldi

DIAGRAMAÇÃO

Carlos Alberto Valério Jr. e Max Denvir

PRESIDENTE: Denise Pauli Pavarina

VICE-PRESIDENTES: Carlos Eduardo Andreoni Ambrósio, Carlos Massaru Takahashi, Gustavo Adolfo

Funcia Murgel, José Olympio da Veiga Pereira, Pedro Lorenzini, Robert J. van Dijk, Sérgio Cutolo dos

Santos e Valdecyr Gomes.

DIRETORES: Alenir de Oliveira Romanello, Altamir Batista Mateus, Carlos Augusto Salamonde, Carolina

Lacerda, Celso Scaramuzza, Jair Ribeiro da Silva Neto, Luciane Ribeiro, Luiz Sorge, Luiz Fernando

Figueiredo, Otávio Romagnolli Mendes, Richard Ziliotto, Saša Markus, Sylvio Araújo Fleury e Vital Meira

de Menezes Junior.

COMITÊ EXECUTIVO: José Carlos Doherty (Superintendente Geral), Ana Claudia Leoni (Educação), André

Mello (Controladoria, Tecnologia e Serviços), Guilherme Benaderet (Supervisão de Mercados), Patrícia

Herculano (Representação Institucional), Valéria Arêas (Representação Técnica), Marcelo Billi

(Comunicação) e Soraya Alves (Jurídico).

RIO DE JANEIRO: Avenida República do Chile, 230

13º andar CEP 20031-170 + 21 3814 3800

SÃO PAULO: Av. das Nações Unidas, 8501 21º andar

CEP 05425-070 + 11 3471 4200

www.anbima.com.br