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i UNIDADE DE ENSINO POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVA EM HIDROSTÁTICA Vladimir Meneses de Brito Feitosa Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Regional do Cariri URCA, no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física. Orientador: Prof. Dr. Francisco Eduardo de Sousa Filho Juazeiro do Norte Março, 2017

UNIDADE DE ENSINO POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVA EM ... · Elaborada seguindo a Teoria de Aprendizagem Significativa de David Ausubel e aos estudos de UEPS desenvolvidos por Marco Antônio

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UNIDADE DE ENSINO POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVA EM HIDROSTÁTICA

Vladimir Meneses de Brito Feitosa

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Regional do Cariri – URCA, no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.

Orientador: Prof. Dr. Francisco Eduardo de Sousa Filho

Juazeiro do Norte Março, 2017

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UNIDADE DE ENSINO POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVA EM

HIDROSTÁTICA

Vladimir Meneses de Brito Feitosa

Orientador: Prof. Dr. Francisco Eduardo de Sousa Filho

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Regional do Cariri – URCA, no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física

_________________________________________ Prof. Dr. Francisco Eduardo de Sousa Filho

Orientador – Universidade Regional do Cariri - URCA

Aprovada por: _________________________________________

Prof. Dr. Pablo Abreu de Morais Instituto Federal do Ceará - IFCE

_________________________________________

Prof. Dr. Ivan Carneiro Jardim Universidade Regional do Cariri - URCA

_________________________________________

Prof. Dr. Apiano Ferreira de Morais Neto Universidade Regional do Cariri - URCA

Juazeiro do Norte Março, 2017

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MODELO de FICHA CATALOGRÁFICA

M543

Feitosa, Vladimir Meneses de Brito Unidade de ensino potencialmente significativa em Hidrostática / Vladimir Meneses de Brito Feitosa – Juazeiro do Norte: URCA / Departamento de Física, 2017. ix, 71 f.: il.;30cm. Orientador: Francisco Eduardo de Sousa Filho Dissertação (mestrado) – URCA / Departamento de Física / Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física, 2017. Referências Bibliográficas: f. 74-77. 1. Unidade de Ensino Potencialmente Significativa (UEPS). 2. Hidrostática. 3. Produto educacional. I. Filho, Francisco Eduardo de Sousa. II. Universidade Regional do Cariri - URCA, Departamento de Física, Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física. III. Hidrostática: Conceito e Experimento.

iv

Aos meus pais, Vicente e Marineide.

As minhas irmãs, Anacélia e

Vladiana.

A minha esposa Eliane Maiara.

A meu futuro filho(a).

v

Agradecimentos

Ao Prof. Dr. Francisco Eduardo de Sousa Filho pela excelente

orientação.

Aos professores participantes da Banca Examinadora pelas

valiosas colaborações e sugestões.

Aos professores ministrantes das disciplinas cursadas, pelas

valiosas colaborações e sugestões.

Aos colegas de mestrado, pelas reflexões, críticas e sugestões

recebidas.

À CAPES pelo apoio financeiro por meio da bolsa concedida.

vi

MOTIVAÇÃO

Este é um trabalho de relato do desenvolvimento e pesquisa em

uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativa em Hidrostática inspirado

pela minha vivência como professor da rede estadual de ensino do Ceará, pois

ao decorrer dos anos como docente em Física na Escola de Ensino Fundamental

e Médio Polivalente Governador Adauto Bezerra percebi uma defasagem de

conhecimento sobre esse assunto nos discentes. Durante este momento em

minha vida tive um grande contato com os alunos do Ensino Médio, visto que

leciono a disciplina de Física na supracitada escola desde o ano de 2012

principalmente aos alunos do Ensino Médio.

Este fato decorre devido minha participação do processo seletivo

para o cargo de Professor Efetivo do Estado do Ceará no ano de 2009,

culminando na minha aprovação no final de 2010. Assumi, então, o cargo no

início do ano de 2012. Mesmo com esta mudança profissional, continuei

interessado no desenvolvimento de meu conhecimento em Ensino de Física,

vindo a participar da seleção para Especialização em Ensino de Física na

Universidade Regional do Cariri - URCA, a qual fui aprovado, iniciando as

atividades ainda no mesmo ano e concluindo-a no ano de 2014, ano ao qual

visando continuar o desenvolvimento do conhecimento em Ensino de Física,

concorri a uma vaga no Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física –

MNPEF na Universidade Regional do Cariri, ao qual fui aprovado.

vii

RESUMO

UNIDADE DE ENSINO POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVA EM HIDROSTÁTICA

Vladimir Meneses de Brito Feitosa

Orientador: Prof. Dr. Francisco Eduardo de Sousa Filho

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação Graduação da Universidade Regional do Cariri – URCA, no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física

Este trabalho apresenta como propósito a elaboração, aplicação e avaliação de uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativa (UEPS) em Hidrostática e a produção de um produto educacional que contempla a UEPS em Hidrostática e matérias de apoio a sua aplicação. A UEPS foi aplicada na Escola de Ensino Fundamental e Médio Polivalente Governador Adauto Bezerra, situada em Crato-CE, através da realização de um Curso de Hidrostática para alunos do 1º ano do ensino médio. Elaborada seguindo a Teoria de Aprendizagem Significativa de David Ausubel e aos estudos de UEPS desenvolvidos por Marco Antônio Moreira. Por final durante a aplicação do Curso de Hidrostática foi possível analisar e perceber através de indícios o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos de forma significativa sobre o conteúdo abordado. Palavras-chave: Unidade de Ensino Potencialmente Significativa (UEPS), Hidrostática, Produto educacional.

Juazeiro do Norte Março, 2017

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ABSTRACT

POTENTIALLY SIGNIFICANT TEACHING UNIT IN HYDROSTATICS

Vladimir Meneses de Brito Feitosa

Supervisor(s): Prof. Dr. Francisco Eduardo de Sousa Filho

Abstract of master’s thesis submitted to Programa de Pós-Graduação (nome dado na instituição) no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), in partial fulfillment of the requirements for the degree Mestre em Ensino de Física.

This work presents the purpose of the elaboration, application and

evaluation of a Potentially Significant Teaching Unit (LIFO) in Hydrostatics and the production of an educational product that contemplates the LIFO in Hydrostatics and supporting materials for its application. The LIFO was applied at the Polivalente Governador Adauto Bezerra Elementary and High School, located in Crato-CE, through a Hydrostatic Course for students in the 1st year of high school. Elaborated following the Theory of Meaningful Learning of David Ausubel and the studies of UEPS developed by Marco Antônio Moreira. At the end, during the application of the Hydrostatic Course, it was possible to analyze and perceive, through evidence, the development of students' learning in a meaningful way on the content addressed. Key words: Potentially Significant Teaching Unit (LIFO), Hydrostatic, Educational product.

Juazeiro do Norte March, 2017

ix

Sumário Capítulo 1 ..................................................................................................................... 1 Introdução ..................................................................................................................... 1

Capítulo 2 Revisão de Literatura ................................................................................. 3 2.1 Aprendizagem Significativa ............................................................................. 3

2.2 Unidade de Ensino Potencialmente Significativa (UEPS) ................................ 5 Capítulo 3 Hidrostática ............................................................................................... 8

3.1 Conceitos Básicos: Densidade, Massa Específica, Pressão e Pressão em Fluídos

.............................................................................................................................. 8

3.2 Princípio de Pascal ........................................................................................ 13 3.3 Princípio de Arquimedes ............................................................................... 15

Capítulo 4 Unidade de Ensino Potencialmente Significativa em Hidrostática ............ 18 Capítulo 5 Aplicação da Unidade de Ensino Potencial Significativa em Hidrostática . 22

Capítulo 6 Considerações Finais................................................................................ 36 Apêndice A Produto Educacional .............................................................................. 38

1 Unidade de Ensino Potencialmente Significativa em Hidrostática ..................... 39 2 Material de apoio: Curso de Hidrostática .......................................................... 42 3 Material de apoio: Extras .................................................................................. 47

Anexo I A descoberta de Arquimedes5 ...................................................................... 50 Anexo II Cama de pregos6 ......................................................................................... 52

Anexo III Bic: Um Ludião que Funciona9 ................................................................. 56 Anexo IV Princípio de Arquimedes10 ........................................................................ 59

Anexo V Prensa hidráulica11 ..................................................................................... 61 Referências Bibliográficas .......................................................................................... 64

1

Capítulo 1

Introdução

Neste trabalho serão relatados o desenvolvimento de uma Unidade

de Ensino Potencialmente Significativa em Hidrostática (UEPS em Hidrostática),

e um curso de deste assunto visando a pesquisa sobre a UEPS em Hidrostática

desenvolvida, o qual aconteceu na Escola de Ensino Fundamental e Médio

Polivalente Governador Adauto Bezerra (Escola Polivalente), localizada na

região do Cariri, no sul do Ceará.

Esta pesquisa tem como objetivo geral implementar e investigar

uma metodologia diferenciada para o ensino do conteúdo físico de Hidrostática

a alunos do Ensino Médio.

Os objetivos específicos dessa pesquisa são:

✓ Estudar conceitos de Hidrostática através de uma

UEPS;

✓ Propor relação entre os conhecimentos Físicos

abordados durante as aulas;

✓ Possibilitar aos alunos uma aprendizagem

significativa de conteúdos Físicos;

✓ Verificar a aprendizagem significativa dos alunos

sobre os conteúdos abordados.

Para o desenvolvimento da UEPS estudou-se sobre Aprendizagem

Significativa, bem como estudos a Unidade de Ensino Potencialmente

Significativa, através de estudos de David Ausubel, e de Marco Antônio Moreira,

já a pesquisa se deu através da realização de um curso de Hidrostática utilizando

a UEPS em Hidrostática, onde foram feitas várias verificações de aprendizagem

através de uma análise qualitativa, de perguntas estimuladoras realizadas, mapa

conceitual e roda de conversa.

A seguir está dissertação no Capítulo 2 explicitará conhecimentos

sobre Aprendizagem Significativa e Unidade de Ensino Potencialmente

Significativa (UEPS), dos quais juntamente com o Capítulo 3, o qual expõe os

2

conhecimentos Físicos do assunto abordado, fizeram-se necessários para

criação da UEPS em Hidrostática contida no Capítulo 4.

Contudo a parte principal deste trabalho de conclusão do Mestrado

em Ensino de Física encontra-se nos Capítulos 5 e 6, os quais descrevem a

aplicação da UEPS em Hidrostática, os resultados obtidos e as considerações

finais.

3

Capítulo 2

Revisão de Literatura

2.1 Aprendizagem Significativa

A Aprendizagem Significativa é uma teoria criada pelo psicólogo e

pesquisador David Paul Ausubel, norte americano, o qual desenvolveu esta

teoria com o princípio de aproveitar os conhecimentos pré-existentes

(subsunçores) dos quais os aprendizes já os tem, para facilitar a aquisição de

novos conhecimentos de forma significativa. Venho a ressaltar sua origem norte

americana, filho de imigrantes judeus, pois Elisângela Fernandes (Fernandes

2011, apud Aragão) ressalta que:

“Seu interesse pela forma como ocorre a aprendizagem é

resultado do sofrimento que ele passou nas escolas norte-

americanas"

Para melhor falar sobre subsunçores, de acordo com Moreira

(Moreira 2012) pode-se dizer que:

“Subsunçor é o nome que se dá a um conhecimento

específico, existente na estrutura de conhecimentos do

indivíduo, que permite dar significado a um novo

conhecimento que lhe é apresentado ou por ele

descoberto. Tanto por recepção como por descobrimento,

a atribuição de significados a novos conhecimentos

depende da existência de conhecimentos prévios

especificamente relevantes e da interação com eles. ”

Contudo essa teoria não é tão simples, visto que é necessário

desde o primeiro momento ter o envolvimento dos docentes, dos alunos e da

elaboração do material de estudo significativo. Inicialmente o docente tem que

estar preparado na percepção se os aprendizes já dispõem de subsunçores,

4

caso não os tenha, será necessário que o professor ao perceber esta

inexistência de conhecimento, inicie sua aula adotando uma aprendizagem

mecânica de conhecimentos básicos, com pouca ou nenhuma associação com

elementos relevantes pré-existentes, conhecimentos estes que servirão de

ancoras para a assimilação dos novos aprendizados significativos na estrutura

cognitiva destes alunos.(Moreira 1999)

Sobre as condições para a ocorrência da aprendizagem

significativa Moreira (Moreira 1982, apud Ausubel) diz que:

“A essência do processo de aprendizagem significativa

está em que ideias simbolicamente expressas sejam

relacionadas de maneira não-arbitrária e substantiva (não-

literal) ao que o aprendiz já sabe, ou seja, a algum aspecto

relevante da sua estrutura de conhecimento. ”

Logo para que isto ocorra é necessário que o material de ensino

esteja preparado para ser potencialmente significativo, relacionando o novo

conhecimento com os subsunçores, bem como o aluno deverá estar disposto a

relacionar este novo material de ensino de forma substantiva a sua estrutura

cognitiva. Durante este processo será necessário a assimilação da nova

informação potencialmente significativa relacionando-a com os conceitos

subsunçores ocasionando mudança no subsunçor e decorrendo da aquisição

deste novo conhecimento.

Neste processo de aprendizagem significativa Ausubel trata como

facilitador duas medidas, são elas a diferenciação progressiva e a reconciliação

integrativa. A diferenciação progressiva está diretamente ligada a formatação do

material potencialmente significativo elaborado, visto que esse tem que partir de

ideias mais gerais e inclusivas, e a partir destas adentrar detalhes mais

específicos. A reconciliação integrativa prevê explorar relações, similaridades e

diferenças das ideias estudas afim de reconciliar discrepâncias que apareçam

entre os conhecimentos na estrutura cognitiva do aluno.

A ferramenta para aplicar a diferenciação progressiva e a

reconciliação integrativa são os organizadores prévios, os quais devem estar

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hierarquizados em ordem decrescente de inclusividade, precedendo as unidades

do material.

Devido esta gama de informações sobre aprendizagem

significativa existente, entende-se interessante utilizar da ferramenta das UEPS,

a qual viabiliza criar um material de estudo significativo.

2.2 Unidade de Ensino Potencialmente Significativa (UEPS)

Uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativa nada mais é

do que uma sequência de ensino bastante fundamentada em teorias que

priorizam a aprendizagem significativa, que não é a utilizada normalmente pelos

sistemas educacionais, que é a aprendizagem mecânica, em sua forma mais

clássica, a qual se utiliza dos professores como narradores de conhecimentos a

serem aprendidos pelos alunos e a cópia destes conhecimentos pelos alunos

para utilização em provas e avaliações, e logo após esquecidos. (Moreira, UEPS)

Logo uma UEPS sempre terá como foco um assunto especifico de

conhecimento para ser produzido um exemplar de ensino potencialmente

significativo, sempre como meio o ensino para alcançar uma aprendizagem

significativa. Para que isto ocorra temos fundamentos que nos guiam, tais como

a) o imprescindível conhecimento prévio, b) o bem estar do ser que aprende,

para facilitar o querer aprender significativamente, c) organizadores prévios e ou

situações-problemas, d) modelos mentais funcionais, e) diferenciação

progressiva e reconciliação integradora, f) professor mediador, g) interação

social (estudos e discussões em grupo), h) relação harmoniosa entre professor,

aluno e material de ensino, i) aprendizagem significativa e critica.

Como uma sequência de ensino, as UEPS devem seguir alguns

passos já pré-estabelecidos no artigo de Moreira “UNIDADES DE ENSINO

POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVAS – UEPS”. Esta sequência tem como

passos: I) a definição do assunto a ser abordado, II) criação de situações para

verificação do conhecimento prévio do aluno, III) sugerir problemas de nível

introdutório para servir de organizador prévio, IV) apresentação do conhecimento

através de aspectos mais gerais e inclusivos, V) evoluir a apresentação dos

6

conhecimentos aumentando sua complexidade, através de novos exemplos ou

textos, normalmente realizando trabalhos em equipes, VI) concluir o assunto

através de uma nova apresentação dos significados visando uma reconciliação

integrativa, VII) avaliação da aprendizagem significativa dos alunos, VIII)

avaliação da UEPS, através dos indícios de aprendizagem significativa dos

alunos. (Moreira UEPS)

Contudo para facilitar os estudos colaborativos em uma UEPS, é

interessante utilizar alguma ferramenta para diagramar esta aprendizagem, logo

é aconselhável utilizar o Diagrama V ou o Mapa Conceitual, a seguir mostra-se

o exemplo do mapa conceitual de Moreira para construção de uma UEPS.

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7

Fig. 2.1. Mapa conceitual para construção de uma UEPS. (Moreira UEPS)

8

Capítulo 3

Hidrostática

3.1 Conceitos Básicos: Densidade, Massa Específica e Pressão em

Fluídos

Para iniciar o estudo dos acontecimentos físicos em fluídos

(líquidos e gases), principalmente em líquidos, foco da pesquisa, necessitar-se-

á de alguns conhecimentos básicos, considerados subsunçores dos

conhecimentos a serem aprendidos significativamente. Sabendo disto há

necessidade de relatar conceitos básicos de Hidrostática, tais como Densidade

(𝑑), Massa Específica Uniforme (ρ), Pressão (𝑝) e por último a Pressão em

Fluídos.

O conceito de Densidade é um conceito amplamente estudado

desde o Ensino Fundamental, e nada mais é do que o conceito de medida do

grau de compactação de massa (𝑚) de um corpo em determinado volume (𝑉)

ocupado pelo corpo. Essa relação é descrita através da equação da densidade

de um corpo, a qual define que a Densidade é diretamente proporcional a massa

do corpo e inversamente proporcional ao volume do mesmo, como visualizamos

pela expressão matemática abaixo:

𝑑 =𝑚

𝑉 (3.1)

Análisando a Eq. (3.1) podemos verificar que a unidade da

densidade, no Sistema Internacional de medidas (𝑆𝐼), é de quilogramas por

metro cúbico (𝑘𝑔/𝑚3).

Esta grandeza pode ser simplesmente explicada através de uma

simples experiência com papel e água em um recipiente como podemos ver na

figura a seguir.

9

Figura 3.1. Experimento para demonstrar que não é a massa, mas sim a densidade que

influencia se um objeto flutuará ou não. ¹

O próximo conceito a ser estudado é o conceito de Massa

Específica, conceito este que pode ser confundido com o conceito de Densidade.

Pode-se evidenciar uma diferença ao entender o conceito desta, sendo este o

grau de compactação de massa de uma substância em determinado volume

ocupado pela substância, está relação é descrita através da equação da Massa

Específica Uniforme de uma substancia, a qual define que a Massa Específica

Uniforme é diretamente proporcional a massa da substância e inversamente

proporcional ao volume ocupado por esta substância, como pode-se visualizar

pela expressão matemática a seguir.

𝜌 =𝑚

𝑉 (3.2)

Da análise da Eq. (3.2) podemos verificar como unidade de medida

da Massa Específica no Sistema Internacional de medidas (𝑆𝐼), é de quilogramas

por metro cúbico (𝑘𝑔/𝑚3). Isso sendo mais um motivo para a confusão existente

entre a diferença de Densidade e Massa específica, mas podemos claramente

demonstrar essa diferença verificando o exemplo do navio, sendo esse fabricado

em sua maior parte de ferro, material cuja

_____________________

1 Fonte: Escola Kids. Disponível em: <http://escolakids.uol.com.br/densidade.htm>. Acesso em: jun.

2016.

10

Massa Específica é maior que a Massa Específica da água, porem o navio

apresenta um corpo em sua maioria oco, ocasionando uma densidade menor do

que a da água, este sendo o motivo do navio poder flutuar sobre a água, como

podemos ver na figura 3.2.

Figura 3.2. Planta de um navio. 2

Agora será tratado o conceito de Pressão, algo simples, embora

muitos confundam com o conceito de força, sendo estes até mesmo professores,

estudado desde o Ensino Fundamental este é um conhecimento normalmente

utilizado no cotidiano da sociedade, assim tornando seu conceito físico de

relação entre o módulo da Força (𝐹) pelo módulo da área (𝐴) de atuação desta

força, esta relação é descrita através da equação da Pressão, a qual define que

a Pressão é diretamente proporcional ao módulo da Força Normal e

inversamente proporcional a área, como visualiza-se pela expressão matemática

abaixo.

𝑝 =|𝑭|

|𝐴| (3.3)

A unidade de medida da Pressão no Sistema Internacional de

medidas (𝑆𝐼) é o Pascal (𝑃𝑎), esta unidade é equivalente a unidade que

encontrasse analisando a Eq. (3.3), a qual pode-se verificar como a unidade de

Newton por metro quadrado (𝑁/𝑚2).

m

_____________________

2 Fonte: Quimikaboom. Disponível em: <http://quimikaboom1.blogspot.com.br/>. Acesso em: jan. 2016.

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Por último tratar-se-á da Pressão em Fluídos, visto que a mesma

pode ser dividida em duas análises, sendo estas Pressão Atmosférica (𝑝𝑎𝑡𝑚) e

Pressão em Líquidos (𝑝𝑙𝑖𝑞 ).

No estudo da Pressão Atmosférica será necessário o entendimento

que esta será a pressão exercida pela Força Peso do gás que está acima da

superfície terrestre em uma determinada área desta superfície, utilizando como

padrão a superfície terrestre ao nível do mar. O valor para a Pressão Atmosférica

ao nível do mar é de cem mil pascal (100.000 𝑃𝑎) o que é normalmente

transformado em uma atmosfera (1 𝑎𝑡𝑚), unidade usual para medida da Pressão

Atmosférica.

Para estudar a Pressão em Líquidos terá que entender que esta é

a pressão encontrada no interior dos líquidos ou também citado como pressão

em um ponto de uma coluna de líquido, assim será necessário fazer relações

com outros conhecimentos físicos e matemáticos, tais como Força Peso (𝑷),

Gravidade (g), Volume de um cilindro (𝑉𝑐) e Densidade (𝑑). Inicialmente

relembrar a equação da Força Peso, a qual define que esta força é diretamente

proporcional a massa do corpo e a aceleração gravitacional deste local, como

podemos ver a seguir.

𝑷 = 𝑚. 𝑔 (3.4)

No entanto também é necessário relembrar a equação do Volume

de um cilindro, a qual define que o Volume de um cilindro é diretamente

proporcional a área da base do cilindro (𝐴𝑐) e a altura deste cilindro (ℎ).

𝑉𝑐 = 𝐴𝑐 . ℎ (3.5)

Será necessário fazer uma adequação matemática nesta equação

para deixar em evidencia a área da base do cilindro, assim conseguindo a

equação da mesma, a qual descreve que é diretamente proporcional ao Volume

do cilindro e inversamente proporcional à altura do cilindro como visto na Eq.

(3.6).

12

𝐴𝑐 =𝑉𝑐

ℎ (3.6)

Tendo este conhecimento agora pode ser substituído na equação

3.3 as Eqs. (3.4) e (3.6), e conseguir uma equação a qual descreverá a Pressão

nos líquidos como é visto na Eq. (3.7), porém ainda com a dependência da

massa do líquido.

𝑝𝑙𝑖𝑞 =𝑚.𝒈

𝑉𝑐

ℎ (3.7)

Para conseguir retirar a dependência da massa do líquido na Eq.

(3.7), percebe-se que esta contém uma relação entre massa do líquido e volume

do cilindro, o qual pode ser considerado o mesmo volume do líquido, logo

podendo estas duas variáveis serem substituídas pela Massa Específica do

líquido, e encontrar a equação da Pressão no interior dos líquidos independe da

massa do mesmo na Eq. (3.8) mostrada a seguir.

,

𝑝𝑙𝑖𝑞 = 𝜌. 𝑔. ℎ (3.8)

Logo a pressão no interior de um líquido pode ser definida pela

relação de proporcionalidade direta com três grandezas, sendo elas a Massa

Específica, a gravidade e a altura.

Não obstante levando em consideração a Pressão Atmosférica do

meio, pode-se verificar na lei de Stevin que a pressão total em um líquido

incompressível (𝑝𝑡𝑙𝑖𝑞) na presença de um campo gravitacional vai ser dada pela

Eq. (3.9) a seguir.

𝑝𝑡𝑙𝑖𝑞 = 𝑝𝑎𝑡𝑚 + 𝜌. 𝑔. ℎ (3.9)

Como é descrito por Nussenzveig (Nussenzveig,2002), “... a lei de

Stevin: a pressão no interior do fluido aumenta linearmente com a profundidade”.

13

3.2 Princípio de Pascal

De acordo com Nussenzveig (Nussenzveig,2002), este princípio foi

enunciado por Pascal, o qual diz que pela lei de Stevin,

“..., a diferença de pressão entre dois pontos de um liquido homogêneo em equilíbrio é constante, dependendo apenas do desnível entre pontos. Logo, se produzirmos uma variação de pressão num ponto de um líquido em equilíbrio, essa variação se transmite a todo o líquido, ou seja, todos os pontos do líquido sofrem a mesma variação de pressão. “

No entanto uma forma mais simples é descrita por Halliday

(Halliday 2012) quando esse diz que o princípio de Pascal pode ser definido

como:

“Uma variação da pressão aplicada a um fluido incompressível contido em um recipiente é transmitida integralmente a todas as partes do fluido e às paredes do recipiente”.

Logo com essas palavras pode-se descrever a equação do

Princípio de Pascal, a qual mostra que as pressões em dois pontos diferentes no

recipiente apresentarão a mesma pressão, sendo a pressão no ponto 1(𝑝1) e a

pressão no ponto 2 (𝑝2), ocorrerá:

𝑝1 = 𝑝2 (3.10)

Entretanto ao analisar a equação do princípio de Pascal, onde

percebe-se que as pressões são iguais e relembrando que a pressão é uma

relação entre o módulo da Força Normal e a Área, consegue-se substituir a Eq.

(3.3) na Eq. (3.10) encontrando a relação entre as Forças nos pontos 1 (𝐹1) e 2

(𝐹1) e as Áreas nos pontos 1(𝐴1) e 2 (𝐴2), no Princípio de Pascal, como visto

abaixo na Eq. (3.11).

|𝐹1|

𝐴1=

|𝐹2|

𝐴2 (3.11)

Podendo concluir haver uma relação entre as forças e as áreas, a

qual pode ser utilizada em inúmeras situações, tal como a da prensa hidráulica,

14

situação qual é possível conseguir uma ampliação de força, como podemos

visualizar na Figura 3.3 abaixo.

Figura 3.3. Prensa hidráulica, demonstração do Princípio de Pascal. 3

_____________________

3 Fonte: Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/fisica/principio-de-pascal.htm>.

Acesso em: jan. 2016.

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3.3 Princípio de Arquimedes

Este é um princípio muito antigo datado do século III a.C., no qual se descreve

a força exercida pelo fluido em um corpo (chamada de Empuxo), quando este se

encontra imerso parcialmente ou totalmente, o qual é descrito por Nussenzveig

(Nussenzveig 2002) como “o enunciado geral do Princípio de Arquimedes: Um

corpo total ou parcialmente imerso em um fluido recebe do fluido um empuxo

igual e contrário ao peso da porção de fluido deslocado e aplicado no centro de

gravidade da mesma. ”

Entretanto uma forma mais simples é descrita por Halliday (Halliday

2012) quando este diz que o princípio de Arquimedes pode ser definido como:

“Quando um corpo está total ou parcialmente submerso em um fluido, uma força de empuxo Fe exercida pelo fluido age sobre o corpo. A força é dirigida para cima e tem um módulo igual ao peso mfg do fluido deslocado pelo corpo”.

Por traz deste princípio existe uma lenda muito interessante, a qual

também é descrita em Nussenzveig (Nussenzveig,2002 apud ...), onde se diz

que:

“..., Herão, rei de Siracusa, desconfiava ter sigo enganado por um ourives, que teria misturado prata na confecção de uma coroa de ouro, e pediu a Arquimedes o verificasse: “ Enquanto Arquimedes pensava sobre o problema, chegou por acaso ao banho público, e lá, sentado na banheira, notou que a quantidade de água que transbordava era igual a porção imersa de seu corpo. Isto lhe sugeriu um método de resolver o problema, e sem demora saltou alegremente da banheira e, correndo nu para casa, gritava bem alto que tinha achado o que procurava. Pois enquanto corria, gritava repetidamente em grego ‘eureka, eureka’ (‘achei, achei’)” . Segundo o historiador, medindo os volumes de água deslocados por ouro e prata e pela coroa, Arquimedes teria comprovado a falsificação. ”

Logo teremos a equação do Princípio de Arquimedes da qual diz

que o módulo do Empuxo (𝐸) é igual ao modulo da Força Peso do Fluido

deslocado (𝐹𝑝𝑓𝑑), como é visto na Eq. (3.12) a seguir e na figura 3.4.

|𝐸| = |𝐹𝑝𝑓𝑑| (3.12)

16

Figura 3.4. Submarino, aplicação do Princípio de Arquimedes. 4

No entanto como já foi descrito na Eq. (3.4) a Força Peso é a

relação entre massa e gravidade, contudo para ter independência da massa,

será realizado uma alteração na Eq. (3.2) para que a massa fique em evidência

nesta nova Eq. (3.13).

𝑚 = 𝜌. 𝑉 (3.13)

A partir deste momento será substituída a massa na Eq. (3.4) e

encontraremos a equação que demonstra a força independente da massa, como

é desejado.

𝑷 = 𝜌. 𝑉. 𝑔 (3.14)

Sabendo desta nova relação da Força Peso, aplicamos a Força

Peso do Fluido deslocado e encontra-se que esta é diretamente proporcional a

Massa Especifica do Fluido (𝜌𝑓), ao Volume do Fluido deslocado (𝑉𝑓𝑑) e a

gravidade (𝑔), como pode ser verificado na Eq. (3.15).

|𝐹𝑝𝑓𝑑| = |𝜌𝑓 . 𝑉𝑓𝑑 . 𝑔| (3.15)

_____________________

4 Fonte: Vestibular UOL. Disponível em: <https://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/ult2766u34.jhtm>.

Acesso em: jun. 2016.

17

Para finalizar, será substituída a Eq. (3.15) na Eq. (3.12) e concluir-se-á

que o módulo do Empuxo é diretamente proporcional a Massa Especifica do

Fluido (𝜌𝑓), ao Volume do Fluido deslocado (𝑉𝑓𝑑) e a gravidade (𝑔), visto na

Equação do Princípio de Arquimedes, em relação a Massa Especifica do Fluido,

ao Volume do Fluido deslocado e a gravidade, Eq. (3.16).

|𝐸| = |𝜌𝑓. 𝑉𝑓𝑑. 𝑔| (3.16)

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Capítulo 4

Unidade de Ensino Potencialmente Significativa em

Hidrostática

O desenvolvimento de uma Unidade de Ensino Potencialmente

Significativa – UEPS decorreu do estudo de um trabalho publicado por Marco

Antônio Moreira, com título “UNIDADES DE ENSINO POTENCIALMENTE

SIGNIFICATIVAS – UEPS”, e da concordância das palavras de Moreira quando

este diz:

“Na escola, seja ela fundamental, média ou superior, os professores apresentam aos alunos conhecimentos que eles supostamente devem saber. Os alunos copiam tais conhecimentos como se fossem informações a serem memorizadas, reproduzidas nas avaliações e esquecidas logo após. Esta é a forma clássica de ensinar e aprender, baseada na narrativa do professor e na aprendizagem mecânica do aluno. ”

Verificando através da experiência e percepção que os alunos após

as avaliações esquecem o conhecimento apresentado anteriormente, percebe-

se a necessidade destes terem uma aprendizagem significativa dos conteúdos

de Física. Como tentativa de modificação da realidade de que muitos alunos que

estão terminando o Ensino Médio sem apresentarem aprendizado sobre o

conteúdo de Hidrostática, neste trabalho é desenvolvida uma Unidade de Ensino

Potencialmente Significativa em Hidrostática(UEPS em Hidrostática).

A UEPS em Hidrostática é criada para a implementação de uma

metodologia diferenciada para o ensino de Física, através da teoria da

Aprendizagem Significativa, da utilização de perguntas estimuladoras e auxílio

de experiências físicas envolvendo diretamente o conteúdo de Hidrostática e

relacionando com os seus conhecimentos prévios.

A seguir tem-se a sequência utilizada para a unidade de ensino

potencialmente significativa em Hidrostática, salientando que cada parte

equivale a uma aula de uma hora aula (1h/a)

1. Atividade inicial: Propõem-se perguntas de cunho emocional na tentativa

de criar/aumentar a afetividade professor/aluno, e uma pergunta

19

estimuladora “Qual o formato natural dos líquidos? ”, a qual os alunos

responderão demonstrando os seus conhecimentos iniciais

(subsunçores). Este momento será contido de debate para verificação dos

subsunçores, caso seja necessário o professor intervirá até mesmo de

forma mecânica para a aprendizagem dos conhecimentos básicos. No

momento final desta atividade será realizada uma segunda pergunta

estimuladora “Qual o formato natural dos líquidos no Universo? ”, esta

pergunta visa aumentar a complexidade dos conhecimentos, estimulando

uma nova aprendizagem. (Física Recreativa 1975)

2. Atividade experimental: Nesta atividade será realizado uma experiência

de baixo-custo afim de proporcionar a visualização aos alunos do provável

formato dos líquidos no Universo, experiência que irá utilizar os seguintes

materiais: Água, óleo de cozinha, álcool, recipiente cerâmico, recipiente

transparente (aquário), seguindo a sequência: primeiro passo será

colocar uma pequena porção de óleo de densidade aproximada de 0,9

𝑔/𝑐𝑚³ no recipiente de cerâmico. A razão de colocar uma pequena porção

de óleo é pelo fato de haver uma fase transiente entre álcool e água, o

qual pode achatar a porção de óleo se colocado em grande quantidade.

O segundo passo será colocar esse recipiente cerâmico com óleo em um

recipiente transparente (aquário), afim de colocar álcool de densidade

aproximada de 0,8 𝑔/𝑐𝑚³ até a altura que cubra o recipiente cerâmico,

até o momento não ocorrendo nenhuma alteração, visto que a densidade

do óleo é maior que a densidade do álcool. Após estes passos será

colocado água de densidade aproximadamente de 1𝑔/𝑐𝑚³ no aquário,

quase na mesma medida do álcool, tornando a mistura de água com

álcool, uma mistura com densidade aproximadamente igual a densidade

do óleo, acarretando a elevação do óleo do recipiente e este assumindo

o formato esférico devido as forças atuantes resultarem em uma força

nula e a pressão em todos os pontos do óleo serem iguais. Durante o ato

realizar perguntas estimuladoras para ajudar no pensar sobre os

acontecimentos desta experiência, tais como: “Porque o óleo subiu? ”,

“Porque o óleo assume esta forma? ”, afim de iniciar a introdução de

conteúdos tais como: Densidade e Pressão em fluidos. (Física Recreativa

1975)

20

3. Revisão: Esta será uma aula expositiva de revisão sobre os conteúdos

até agora estudados e apresentar um exemplo de mapa conceitual,

explicando esta ferramenta. A seguir será dividida a sala em duas

equipes, onde será entregue textos sobre Pressão e Densidade, e ao final

da leitura cada grupo desenvolverá um mapa conceitual sobre o texto “A

descoberta de Arquimedes (Anexo I)” ou “A cama de pregos (Anexo II)” e

apresentará aos demais colegas.

4. Atividade “Novas dúvidas, Novos Conhecimentos”: A atividade se dará

com as perguntas “Porque alguns materiais flutuam e outros afundam? ”,

e “Como um submarino pode fazer para emergir e submergir? “, estas

perguntas estimulará a descoberta dos novos conhecimentos sobre o

Princípio de Arquimedes e o Princípio de Pascal. (Física Recreativa 1975)

5. Nova atividade experimental: Nesta atividade será realizado uma

experiência de baixo-custo afim de proporcionar a visualização aos alunos

do fenômeno que proporciona a um submarino conseguir submergir e

emergir, esta experiência já é bastante conhecida e chama-se de ludião

a qual está descrita no Anexo III, lembrando sempre de realizar perguntas

estimuladoras para ajudar no pensar sobre os acontecimentos desta

experiência, tais como: “Porque a caneta fica flutuando, será se tem

alguma força empurrando-a para cima? “, “O que aconteceu para a caneta

afundar? ”, “Porque entrou água na caneta? “, afim de iniciar a introdução

de conteúdos tais como: Princípio de Arquimedes e o Princípio de Pascal.

6. Nova Revisão: Este momento será iniciado com uma aula expositiva de

revisão sobre os últimos conteúdos estudados. A seguir será dividida a

sala em duas equipes, sendo realizado uma pergunta estimuladora para

cada equipe afim de lerem um texto sobre Princípio de Arquimedes

intitulado de “Princípio de Arquimedes” (Anexo III), e sobre o Princípio de

Pascal lerem o texto intitulado de “Prensa Hidráulica” (Anexo IV), afim de

responderem respectivamente as perguntas “O que é Empuxo? ” e “

Como ocorre a pressão em líquidos em repouso” através de um mapa

conceitual sobre o texto e apresentando aos demais colegas.

7. Avaliação: Esta aula consistirá de um diálogo em forma de círculo e

resolução de um questionário com as perguntas estimuladoras realizadas

21

durante o curso, para verificar o aprendizado final obtido pelos alunos e

ao final uma descrição crítica sobre a UEPS utilizada.

Com a UEPS em Hidrostática construída, chega-se a hora de fazer

a sua aplicação, a qual ocorre através de um Curso de Hidrostática como pode

ser visto na próxima seção.

22

Capítulo 5

Aplicação da Unidade de Ensino Potencial Significativa

em Hidrostática

A aplicação da Unidade de Ensino Potencial Significativa em

Hidrostática ocorreu através da preparação, maturação e aplicação de um curso

chamado de “Curso de Hidrostática” na Escola Polivalente para alunos

matriculados no primeiro ano do ensino médio no turno da manhã. Para iniciar o

Curso de Hidrostática foi realizado uma divulgação e inscrição de alunos.

O processo de divulgação e inscrição dos alunos para o Curso de

Hidrostática ocorreu durante a quarta semana do mês de março (21 a

25/03/2016), tendo como previsão de início das aulas o penúltimo dia deste

mesmo mês, dia trinta de março (30/03/2016). O horário do curso de Hidrostática

é composto por aulas no turno da tarde, nos dias de quarta-feira e sexta-feira,

das quatorze as dezesseis horas (14:00 h às 16:00 h), tendo como local de

aplicação o Laboratório de Ciências da Escola Polivalente, foram abertas vinte

vagas, das quais durante este processo de divulgação e inscrição nas três

turmas do primeiro ano do Ensino Médio da Escola Polivalente turno da manhã

foram todas preenchidas.

Durante este processo de divulgação e inscrição algo peculiar que

ocorreu foram sugestões dos alunos pela mudança no horário do curso, este

devendo ocorrer não somente duas horas por dia, mas sim durante três horas

por dia, como forma de agilizar a conclusão do mesmo, como existia por parte

do docente uma grande preocupação com o momento escolar e profissional

vivido pelos professores do estado do Ceará, momento de debate sobre uma

futura greve dos professores. foi aceita a sugestão de mudança no horário do

curso, este ficando de quatorze às dezessete horas (14:00 às 17:00). Com esta

mudança aceita foi feita uma confirmação com todos os alunos inscritos no curso

sobre a possibilidade de cursar neste novo horário e os mesmos aceitaram.

Ao dia trinta de março deste ano (30/03/2016), deu início ao Curso

de Hidrostática no Laboratório de Ciências da Escola Polivalente, como

podemos visualizar na Figura 5.1.

23

Figura 5.1. Local de realização do Curso de Hidrostática (Laboratório de Ciências).

A primeira aula do Curso de Hidrostática ocorreu com a presença

de oito alunos como visto na Figura 5.2, dentro do horário marcado, a atividade

inicial do curso é um momento mais extrovertido de interação entre professor e

alunos, como visto no capítulo 4 dessa dissertação. Sendo um momento de

aquisição de informações importantíssimas sobre os subsunçores dos alunos

através de diálogo e uma apresentação de material previamente elaborado em

formato de apresentação digital com utilização de data-show, com foco na

pergunta estimuladora “Qual o formato natural dos líquidos? ”, ocasião ao qual

foi pedido que a resposta ocorresse por escrito no material previamente

entregue.

24

Figura 5.2. Alunos presentes para iniciar o Curso de Hidrostática.

Esta primeira pergunta estimuladora é muito interessante para

perceber o conhecimento prévio existente ou a falta deste conhecimento prévio

dos alunos, contudo foi verificado que a maioria das respostas se deu pelo crer

que não exista nenhum formato como o aluno H.M.S.F descreve: “Creio que não

tenha formato”, ou então sem formato fixo, como o próprio aluno J.B.S. descreve:

“Maleável e sem formato exato (variável).”, apenas um aluno, o aluno P.H.D. não

apresentava um conhecimento prévio sobre este assunto visto que o mesmo

responde: “Não tenho idéia!”.

Prosseguindo o diálogo com os alunos e utilizando da

apresentação de material previamente elaborado foi mostrado a figura 5.3, como

forma de definir qual seria o formato natural dos líquidos e um pequeno debate

sobre o conhecimento sobre líquidos e gases que os mesmos detinham, para

verificar e apresentar caso necessário os primeiros conhecimentos sobre

volume, densidade e pressão.

25

Figura 5.3. Líquidos em vários formatos diferentes, em conformidade com o seu recipiente. ²

Para finalizar a atividade inicial, no diálogo com os alunos foi

realizado uma nova pergunta estimuladora: “Qual o formato natural dos líquidos

no Universo? ”, visando o aumento da complexidade de conhecimento dos

alunos e com o intuito de verificar os subsunçores neste exato momento do

curso, afim de iniciar a segunda atividade, a Atividade experimental.

Com esta nova pergunta estimuladora as respostas dos alunos

ficaram bem diversificadas, alguns achando que não teria forma, outros achando

que dependeria do local, e para cada local uma forma diferente, ou como coloca

o aluno V.D.A.N. : “É o mesmo formato, porque ela só irá mudar se tiver

recipiente.”, com tais respostas verifica-se uma evolução no conhecimento e ao

mesmo tempo uma certa dúvida nas suas respostas, visto que a pergunta tem

um nível de complexidade maior, contudo servindo para aumentar a sua

aprendizagem e prosseguir a próxima etapa que é a realização de uma

_____________________

² Fonte: Know Your Chemicals. Disponível em: < http://www.forensicmag.com/article/2013/10/know-

your-chemicals>. Acesso em: jan. 2016.

26

experiência de baixo custo para simulação do formato dos líquidos no Universo.

Durante a realização da experiência que foi descrita no capítulo

anterior, foi perceptível um grande interesse dos alunos na verificação do formato

dos líquidos no Universo, como podemos ver na figura 5.4 logo abaixo.

Figura 5.4. Sequência de figuras da realização da experiência de simulação do formato

dos líquidos no Universo.

Para realizar outra verificação, após a experiência realizada foi

levado dois pequenos vídeos encontrados no canal Youtube, o primeiro sendo o

27

vídeo: “Space Station Astronauts Grow a Water Bubble in Space” (Vídeo Water

Bubble), recortado até o décimo primeiro segundo de vídeo, e o segundo vídeo:

“Episode 13: Astro Puffs” (Vídeo NASA, Água e Gravidade Zero), dos quais

demonstra-se o formato de uma massa de água na inexistência de forças

externas no primeiro vídeo e no segundo vídeo, tendo no segundo vídeo algumas

interações nessa massa de água.

Figura 5.5. Figura do primeiro vídeo aos 8 segundos e do segundo vídeo a 1 minuto e

26 segundos.

Na próxima atividade, foi realizada a revisão, momento ao qual

utilizando os conhecimentos aprendidos foi formalizado os conteúdos de

Densidade, Massa Específica e Pressão em fluidos, como estão citados no

capítulo 3. Vale ressaltar a importância desse momento no desenvolvimento da

aprendizagem significativa como um momento de diferenciação progressiva,

onde é apresentado o conteúdo de forma mais geral, tal como o cálculo da

pressão e da densidade, e passando posteriormente a aspectos mais

específicos tal como a pressão nos líquidos.

Este momento tem como finalizador a apresentação de um mapa

conceitual sobre Cinemática, com o intuito de apresenta-los a esta técnica, e

após este fato dividir a turma em duas equipes para leitura dos textos “A

descoberta de Arquimedes” e “Cama de pregos“ encontrados nos Anexo I e

Anexo II respectivamente, como pode ser visto na figura 5.6, para que os alunos

desenvolvam e apresentem um mapa conceitual de cada texto como podemos

ver na figura 5.7, assim tendendo a desenvolver uma aprendizagem significativa.

Após as apresentações e breve discussão dos alunos sobre as apresentações

foi encerrado o primeiro dia do curso.

28

Figura 5.6. Alunos no Curso de Hidrostática lendo os textos “A descoberta de Arquimedes” e

“Cama de pregos”.

Figura 5.7. Alunos no Curso de Hidrostática apresentando Mapas Conceituais.

A segunda aula do Curso de Hidrostática ocorre na sexta-feira dia

primeiro de abril (01/04/2016), apresentando inicialmente novas perguntas

29

estimuladoras para um novo momento de dúvidas e posterior aquisição de

conhecimentos, estas perguntas foram: “ Porque alguns materiais flutuam e

outros afundam? ” e “ Como um submarino pode fazer para emergir e

submergir?”. As perguntas levaram a respostas interessantes e contundentes

com os conhecimentos prévios dos quais os alunos detinham, como podemos

ver na resposta do aluno H.M.S.F. que responde a primeira pergunta

escrevendo: “Uns dos fatores seriam a densidade e depende do material. ”, ou

como a aluna B.J.O.R. também responde esta pergunta escrevendo: “Por que

eles vão afundar devido a densidade e a massa. ”, já para segunda pergunta foi

perceptível o interesse pois até mesmo sem saber, tentavam achar uma

resposta, assim demonstrando o querer descobrir, como posso citar a resposta

do aluno P.H.D. que simplesmente diz: “vou descobrir daqui a pouco. “ ou o aluno

J.P.S.G que responde: “não sei, a partir de sua pressão e densidade mas o

sistema não sei! “ .

Figura 5.8. Alunos no segundo dia do Curso de Hidrostática.

Após o momento para discussão e respostas das primeiras

perguntas desta segunda aula, foi realizada a experiência “Bic: Um Ludião que

30

Funciona”, como descrito no Anexo III, com o intuito de estimular o pensar dos

alunos sobre a segunda pergunta realizada, bem como que eles percebam qual

acontecimento ocorre na caneta da experiência e que também ocorre no

submarino. A seguir nas figuras 5.9 e 5.10 é possível verificar a realização da

experiência pelo professor e subsequente pelos alunos, demonstrando o

interesse para aprender o que ocorre na caneta e como pode ser relacionada ao

submarino.

Figura 5.9. Realização da experiência Bic: Um Ludião que funciona.

31

Figura 5.10. Aluno realizando a experiência Bic: Um Ludião que funciona.

Após a realização da experiência, novamente fez-se aos alunos as

perguntas estimuladoras iniciais, e foi percebido a absorção de novos

conhecimento e a ligação com os conhecimentos anteriores, como podemos ver

na resposta do aluno J.P.S.G, que diz : “ ..., a pressão se propaga em todo fluido

fazendo com que aumente a densidade da haste e fazendo ele descer” ou na

resposta do aluno H.M.S.F. que diz : “.., aprendi mais que quando a densidade

do corpo for maior o corpo vai submergir e o corpo tiver uma densidade menor

do que água ele vai submergir, flutuar.”, claramente nesta resposta este aluno

troca o termo emergir pelo termo submergir na sua segunda colocação, outro

fato interessante é a aquisição do conhecimento introdutório sobre os Princípios

de Pascal e de Arquimedes demonstrados dentre as respostas dos alunos.

E para finalizar as dúvidas sobre o ato de emergir e submergir dos

submarinos foi utilizado dois vídeos para demonstrar este funcionamento real de

um submarino, sendo estes: “animação submarino.flv” (Vídeo Animação

submarino) e “Como Funciona um Submarino ( UNPSJB)” (Vídeo Funciona um

submarino) assim tendendo a ter uma reconciliação integradora.

32

Continuando o curso foram agora feitas novas duas perguntas, afim

de verificar qual o conhecimento formal sobre os Princípios de Pascal e de

Arquimedes os alunos conseguiram adquirir durante o momento da explicação

da experiência e dos vídeos, as perguntas foram: “ O que é empuxo? ” e “E a

pressão nos líquidos em repouso, como ocorre? ”, assim podendo afirmar que

ocorreram avanços na aprendizagem quando percebe respostas tal como a do

aluno H.M.S.F quando responde a primeira pergunta dizendo: “É a força dos

líquidos com os corpos”, ou como a aluna B.J.O.R. responde a segunda

pergunta, escrevendo: “ Ela vai se propagar pelo fluído”.

Subsequente na próxima atividade foi iniciado momento de revisão

formal do conhecimento sobre o Princípio de Arquimedes e o Empuxo, e o

Princípio de Pascal e a Pressão nos líquidos, conteúdos estes já citados no

capítulo 3.

Na atividade final desta segunda aula, ocorre a leitura de dois

textos sendo eles “ O Princípio de Arquimedes” e “ A Prensa Hidráulica”

encontrados nos anexos IV e V desta dissertação, para posterior construção por

parte dos alunos de mapas conceituais para explicar os Princípios de

Arquimedes e de Pascal.

Figura 5.11. Mapa conceitual aluno J.P.S.G.

33

Na terceira aula, que ocorreu no dia seis de abril (06.04.16), foi

realizado uma roda de conversa. Com o intuito verificar indícios de aprendizagem

significativa dos alunos através de uma conversa sobre os conteúdos abordados

no Curso de Hidrostática. Seguido de uma breve resolução de um questionário

contendo todas as preguntas estimuladoras realizadas durante o curso, com o

intuito de perceber quais seriam as novas respostas dos alunos após a utilização

da UEPS em Hidrostática, assim podendo verificar mais indícios de

aprendizagem significativa.

Esta etapa foi bastante interessante pois tivemos novas respostas

tal como a resposta do aluno J.B.S. para a pergunta: “ Como o submarino pode

fazer para emergir e submergir? ”, tendo como resposta: “Para emergir, ele abre

suas comportas na qual a água está contida e a expulsa, diminuindo a densidade

do submarino. Para submergir ele abre as comportas para recolher água e

aumentar sua densidade.”. Mesmo para uma pergunta mais direta como é o caso

da pergunta: “O que é o Empuxo” foram apresentadas respostas interessantes

como a do aluno J.P.S.G. que diz: “ É a força com que um liquido joga um objeto

para superfície. Dada a relação de densidade do liquido deslocado vezes o

volume do liquido deslocado vezes a gravidade. ”, demonstrando recordações

sobre a existência da força de empuxo, bem como da relação com o liquido

deslocado pelo corpo.

34

Figura 5.12. Roda de conversa na última aula do Curso de Hidrostática.

No momento final do curso foi pedido aos alunos que realizassem

uma avaliação sobre este curso e sua metodologia para verificar o que acharam

da UEPS em Hidrostática, com as respostas foi possível perceber que com esta

nova forma de trabalhar o assunto da UEPS foi bastante interessante pelo fato

de ter sido uma aula mais dinâmica, o que surpreendeu os alunos e os

estimularam a aprender física, como podemos visualizar na avaliação do aluno

J.B.S. a seguir:

“Foi realmente muito estimulante, muito melhor que uma aula tradicional, não esperava tanto, mas, o professor conseguiu me surpreender. Despertou um pouco mais meu interesse por física. As experiências realizadas no laboratório tornaram a aula muito mais dinâmica e interessante de se assistir, ... o único ponto negativo foram as limitações do nosso laboratório, sem isso correu tudo bem. ”

35

Figura 5.13. Avaliação do Curso de Hidrostática do aluno J.B.S.

36

Capítulo 6

Considerações Finais

Pode-se concluir, com a aplicação desta UEPS em um Curso de

Hidrostática, que é vantajoso aos alunos a utilização de novas metodologias,

principalmente utilizando perguntas estimuladoras, experiências e vídeos para

dinamizar o aprendizado, e seguindo a sequência proposta na UEPS consegue-

se verificar indícios de uma aprendizagem significativa por parte dos alunos.

Visto que até mesmo nos dias atuais ao citar o assunto de Hidrostática a esses,

os mesmo apresentam ótimas recordações e conhecimentos, principalmente

pelo fato de se ter uma aprendizagem inicial com aspectos mais gerais e

inclusivos, tais como a densidade demonstrando sua utilização na experiência

para verificar o formato natural dos líquidos no universo, para com estes

conhecimentos chegar a conhecimentos mais específicos tal como os Princípios

de Pascal e Arquimedes. Em uma conversa com o aluno A. E., este me descreve

novamente algumas experiências e os conteúdos aprendidos durante o curso,

tal como a experiência do Ludião e os conhecimentos associados ao ato emergir

e submergir os submarinos.

Contudo foi perceptível durante a realização do curso que ainda

pode-se melhorar a sua aplicação, principalmente porque o local utilizado não

dispunha de uma boa climatização, o que leva os alunos a ficarem um pouco

inquietos, outro fato percebido foi na utilização dos mapas conceituais, pois como

esta foi uma ferramenta nova para os alunos, foi perceptível uma dificuldade no

ato de elaborar seus mapas conceituais, e como na primeira vez da construção

do mapa conceitual a turma estava dividida em equipes, alguns alunos acabaram

por participar pouco do momento, o que levou a modificar a forma de construção

em grupo para uma construção individual no segundo momento onde foi utilizado

os mapas conceituais. Outro fator que pode ser melhorado é a aplicação desta

UEPS como inicialmente estava prevista em no mínimo três encontros, mas que

infelizmente por conjunturas externas de uma provável greve dos professores

que se aproximava, fiz a mudança para somente três encontros como já foi

explicado no capitulo 5, mas novamente reitero a importância da aplicação em

37

cinco encontros no mínimo, para que estes momentos não fiquei muito

carregados de conteúdos e informações.

Para um futuro próximo espero estar novamente aplicando esta

UEPS em Hidrostática a novas turmas e colhendo novos dados para prosseguir

os estudos, bem como aproveitar este estudo para ampliar as relações de

conhecimentos abordados em forma de UEPS, podendo propor novas UEPS em

Estática, Leis de Newton e Astronomia, as quais podem ser vinculadas com a

UEPS em Hidrostática.

38

Apêndice A

Produto Educacional

Aqui apresentamos um Produto Educacional, que é uma das

etapas a serem cumpridas para a conclusão do MNPEF, por este motivo neste

capítulo será descrito os itens contidos neste produto. Esse produto educacional

é um Compact Disc (CD) direcionado a professores de física, as informações

contidas nele são:

• O artigo UEPS em Hidrostática consta a Unidade de Ensino

Potencialmente Significativa em Hidrostática, para sua

visualização é necessário o software microsoft office word

ou similar.

• O artigo UEPS em Hidrostática pdf consta a Unidade de

Ensino Potencialmente Significativa em Hidrostática, para

sua visualização é necessário software de leitura de

arquivos em pdf.

• Na pasta “exemplo de aplicação” encontram-se o slide de

apresentação do Curso de Hidrostática e quatro textos

utilizados durante a aplicação, para a visualização do slide

é necessário software microsoft office power point ou similar,

para a visualização dos textos é necessário o software

microsoft office word ou similar.

• Nas pastas extras encontram-se o artigo "bic um ludião que

funciona" para sua visualização é necessário software de

leitura de arquivos em pdf, e a pasta vídeos, onde

encontram-se vídeos ligados a hidrostática e a UEPS em

Hidrostática.

39

Figura 1. CD do Produto Educacional.

A seguir as seções 1 e 2 deste capítulo descrevera a UEPS em

Hidrostática e mostrará em fotos a sequência de slides aplicadas no Curso de

Hidrostática, já a seção 3 descreverá e representará os vídeos contidos no

produto educacional. Contudo vale salientar que os demais textos encontrados

no CD estão contidos nos Anexos desta dissertação e os vídeos tem seus links

descritos nos referenciais bibliográficos.

1 Unidade de Ensino Potencialmente Significativa em Hidrostática

O desenvolvimento de uma Unidade de Ensino Potencialmente

Significativa – UEPS decorreu do estudo de um trabalho publicado por Marco

Antônio Moreira, com título “UNIDADES DE ENSINO POTENCIALMENTE

SIGNIFICATIVAS – UEPS”, e da concordância das palavras de Moreira quando

este diz:

“Na escola, seja ela fundamental, média ou superior, os professores apresentam aos alunos conhecimentos que eles supostamente devem saber. Os alunos copiam tais conhecimentos como se fossem informações a serem memorizadas, reproduzidas nas avaliações e esquecidas logo após. Esta é a forma clássica de ensinar e aprender, baseada na narrativa do professor e na aprendizagem mecânica do aluno. ”

40

Verificando através da experiência e percepção que os alunos após

as avaliações esquecem o conhecimento apresentado anteriormente, percebe-

se a necessidade destes terem uma aprendizagem significativa dos conteúdos

de Física, como tentativa de modificação da realidade de que muitos alunos que

estão terminando o Ensino Médio sem apresentarem aprendizado sobre o

conteúdo de Hidrostática, neste trabalho é desenvolvida uma Unidade de Ensino

Potencialmente Significativa em Hidrostática(UEPS em Hidrostática).

A UEPS em Hidrostática é criada para a implementação de uma

metodologia diferenciada para o ensino de Física, através da teoria da

Aprendizagem Significativa, da utilização de perguntas estimuladoras e auxílio

de experiências físicas envolvendo diretamente o conteúdo de Hidrostática e

relacionando com os seus conhecimentos prévios.

A seguir tem-se a sequência utilizada para a unidade de ensino

potencialmente significativa em Hidrostática, salientando que cada parte

equivale a uma aula de 1h/a:

8. Atividade inicial: Propõem-se perguntas de cunho emocional na tentativa

de criar/aumentar a afetividade professor/aluno, e uma pergunta

estimuladora “Qual o formato natural dos líquidos? ”, a qual os alunos

responderão demonstrando os seus conhecimentos iniciais

(subsunçores). Este momento será contido de debate para verificação dos

subsunçores, caso seja necessário o professor intervirá até mesmo de

forma mecânica para a aprendizagem dos conhecimentos básicos. No

momento final desta atividade será realizada uma segunda pergunta

estimuladora “Qual o formato natural dos líquidos no Universo? ”, esta

pergunta visa aumentar a complexidade dos conhecimentos, estimulando

uma nova aprendizagem. (Física Recreativa 1975)

9. Atividade experimental: Nesta atividade será realizado uma experiência

de baixo-custo afim de proporcionar a visualização aos alunos do provável

formato dos líquidos no Universo, experiência que irá utilizar os seguintes

materiais: Água, óleo de cozinha, álcool, recipiente cerâmico, recipiente

transparente (aquário), seguindo a sequência: primeiro passo será

colocar uma pequena porção de óleo de densidade aproximada de 0,9

𝑔/𝑐𝑚³ no recipiente de cerâmico. A razão de colocar uma pequena porção

de óleo é pelo fato de haver uma fase transiente entre álcool e água, o

41

qual pode achatar a porção de óleo se colocado em grande quantidade.

O segundo passo será colocar esse recipiente cerâmico com óleo em um

recipiente transparente (aquário), afim de colocar álcool de densidade

aproximada de 0,8 𝑔/𝑐𝑚³ até a altura que cubra o recipiente cerâmico,

até o momento não ocorrendo nenhuma alteração, visto que a densidade

do óleo é maior que a densidade do álcool. Após estes passos será

colocado água de densidade aproximadamente de 1𝑔/𝑐𝑚³ no aquário,

quase na mesma medida do álcool, tornando a mistura de água com

álcool, uma mistura com densidade aproximadamente igual a densidade

do óleo, acarretando a elevação do óleo do recipiente e este assumindo

o formato esférico devido as forças atuantes resultarem em uma força

nula e a pressão em todos os pontos do óleo serem iguais, durante o ato

realizar perguntas estimuladoras para ajudar no pensar sobre os

acontecimentos desta experiência, tais como: “Porque o óleo subiu? ”,

“Porque o óleo assume esta forma? ”, afim de iniciar a introdução de

conteúdos tais como: Densidade, Pressão e Pressão em fluidos. (Física

Recreativa 1975)

10. Revisão: Esta será uma aula expositiva de revisão sobre os conteúdos

até agora estudados e apresentar um exemplo de mapa conceitual,

explicando esta ferramenta. A seguir será dividida a sala em duas

equipes, onde será entregue textos sobre Pressão e Densidade, e ao final

da leitura cada grupo desenvolverá um mapa conceitual sobre o texto “A

descoberta de Arquimedes (Anexo I)” ou “A cama de pregos (Anexo II)” e

apresentará aos demais colegas.

11. Atividade “Novas dúvidas, Novos Conhecimentos”: A atividade se dará

com as perguntas “Porque alguns materiais flutuam e outros afundam? ”,

e “Como um submarino pode fazer para emergir e submergir? “, estas

perguntas estimulará a descoberta dos novos conhecimentos sobre o

Princípio de Arquimedes e o Princípio de Pascal. (Física Recreativa 1975)

12. Nova atividade experimental: Nesta atividade será realizado uma

experiência de baixo-custo afim de proporcionar a visualização aos alunos

do fenômeno que proporciona a um submarino conseguir submergir e

emergir, esta experiência já é bastante conhecida e chama-se de ludião

a qual está descrita no Anexo III, lembrando sempre de realizar perguntas

42

estimuladoras para ajudar no pensar sobre os acontecimentos desta

experiência, tais como: “Porque a caneta fica flutuando, será se tem

alguma força empurrando-a para cima? “, “O que aconteceu para a caneta

afundar? ”, “Porque entrou água na caneta? “, afim de iniciar a introdução

de conteúdos tais como: Princípio de Arquimedes e o Princípio de Pascal.

13. Nova Revisão: Este momento será iniciado com uma aula expositiva de

revisão sobre os últimos conteúdos estudados. A seguir será dividida a

sala em duas equipes, sendo realizado uma pergunta estimuladora para

cada equipe afim de lerem um texto sobre Princípio de Arquimedes

intitulado de “Princípio de Arquimedes” (Anexo III), e sobre o Princípio de

Pascal lerem o texto intitulado de “Prensa Hidráulica” (Anexo IV), afim de

responderem respectivamente as perguntas “O que é Empuxo? ” e “

Como ocorre a pressão em líquidos em repouso” através de um mapa

conceitual sobre o texto e apresentando aos demais colegas.

14. Avaliação: Esta aula consistirá de um diálogo em forma de círculo e

resolução de um questionário com as perguntas estimuladoras realizadas

durante o curso, para verificar o aprendizado final obtido pelos alunos e

ao final uma descrição crítica sobre a UEPS utilizada.

Com a UEPS em Hidrostática construída, chega-se a hora de fazer

a sua aplicação, a qual ocorre através de um Curso de Hidrostática como pode

ser visto na próxima seção.

2 Material de apoio: Curso de Hidrostática

Este tópico é composto dos slides criados e apresentados no Curso

de Hidrostática, a apresentação desses tem importância neste trabalho para

incentivar a aquisição e facilitar a utilização deste Produto Educacional pelos

professores de Física do Ensino Médio dos quais tiverem contato com está

dissertação. A sequência de slides está contida a seguir, apresentando

inicialmente os 6 primeiros slides do curso, que segue da apresentação no

primeiro slide para a pergunta estimuladora no slide seguinte “Qual o formato

43

natural dos líquidos? ”, já o terceiro traz uma figura para poder estimular o

pensar, no quarto propõem-se um debate sobre os líquidos e gases, visando a

verificação dos subsunçores dos alunos, no quinto será novamente feita uma

pergunta, sendo está “Qual o formato natural dos líquidos no Universo? ”, já o

sexto slide trará os materiais necessários para realização da experiência de

simulação do formato dos líquidos no universo, como podemos ver na figura 2.

Figura 2. Sequência de slides I do Curso de Hidrostática.

44

A continuação dos slides nos traz no próximo a demonstração do

resultado da experiência e no oitavo poderá ser visualizado os vídeos “Space

Station Astronauts Grow a Water Bubble in Space” (Vídeo Water Bubble) e

“Episode 13: Astro Puffs” (Vídeo NASA, Água e Gravidade Zero), nos seguintes

será perguntado sobre densidade e pressão, e logo após explicados os seus

conceitos e como descobrir a pressão em líquidos, vistos na figura 3.

Figura 3. Sequência de slides II do Curso de Hidrostática.

45

Continuando os próximos slides servem para demonstrar e explicar

a ferramenta de Mapas conceituais, seguido da atividade de leitura para criação

de um mapa conceitual, já os slides seguintes iram adentrar no novo

conhecimento com as perguntas “ Porque alguns materiais flutuam e outros

afundam? ” e “ Como um submarino pode fazer para emergir e submergir? ”,

seguido do slide que traz os materiais necessários a experiência do ludião, e no

ultimo slide novamente é refeita as perguntas para verificar quais as novas

respostas, como pode ser visto na Figura 4.

Figura 4. Sequência de slides III do Curso de Hidrostática.

46

Prosseguindo os demais slides nos mostram vídeos demonstrando

o funcionamento de um submarino, perguntas sobre Empuxo e Pressão nos

líquidos, explicação sobre os conceitos do Princípio de Arquimedes e Princípio

de Pascal, seguido da atividade de leitura para criação de um mapa conceitual

e no ultimo slide da Figura 5 a avaliação, a qual consta de todas as perguntas

realizadas durante o curso.

Figura 5. Sequência de slides IV do Curso de Hidrostática.

47

Na Figura 6 a seguir está mostrando o ultimo slide, o qual consta

de um agradecimento aos alunos participantes e a apresentação dos contatos

do professor.

Figura 6. Ultimo slide do Curso de Hidrostática.

3 Material de apoio: Extras

Este tópico é composto dos vídeos contidos no Produto

Educacional, os quais serão divididos em três assuntos, sendo estes os vídeos

que demonstram líquidos no espaço, vídeos demonstrando a experiência do

Ludião e por ultimo vídeos demonstrando o funcionamento do submarino.

A respeito dos vídeos que demonstram líquidos no espaço, estão

contidos no Produto Educacional quatro vídeos sobre o assunto sendo estes:

“Astronauta põe pastilha efervescente em bola de água no espaço” (Vídeo

Astronauta Pastilha Efervescente), “Astronautas retornam à Terra após quase

um ano no espaço” (Vídeo Astronauta retornam à Terra), “Episode 13: Astro

Puffs”( Vídeo NASA, Água e Gravidade Zero) e “Space Station Astronauts Grow

a Water Bubble in Space” (Vídeo Water Bubble), os quais são representados na

Figura 7 a seguir.

48

Figura 7. Vídeos que demonstram líquidos no espaço.

A reverência dos vídeos que demonstram a experiência do Ludião,

estão contidos no Produto Educacional dois vídeos sobre o assunto sendo estes:

“Experiência Hidrostática” (Vídeo Experiência Hidrostática) e “Ludião” (Vídeo

Ludião), os quais são representados na Figura 8 a seguir.

Figura 8. Vídeos demonstrando a experiência do Ludião.

49

Por último sobre os vídeos que demonstram o funcionamento do

submarino, estão contidos no Produto Educacional dois vídeos sobre o assunto

sendo estes: “Animação submarino.flv” (Vídeo Animação submarino) e “Como

Funciona um Submarino (UNPSJB)” (Vídeo Funciona um submarino), os quais

são representados na Figura 9 abaixo.

Figura 9. Vídeos demonstrando o funcionamento do submarino.

50

Anexo I

A descoberta de Arquimedes5

Arquimedes foi um grande matemático e físico. Detentor de um

enorme conhecimento, destacou-se por inúmeras invenções, como a descoberta

do número π (pi) que surge da relação entre o comprimento de uma

circunferência e o seu diâmetro, e a formulação de um princípio batizado com o

seu nome, O Princípio de Arquimedes. A teoria proposta por Arquimedes relata

que, "Todo corpo mergulhado num fluido em repouso sofre, por parte do fluido, uma

força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido deslocado pelo

corpo."

Com base nesse conhecimento, Arquimedes desvendou um

mistério sobre a coroa do rei de Siracusa. Diz a história que Herão, rei de

Siracusa, contratou um artesão para fabricar sua coroa com ouro maciço. Ao ser

contratado, o rei ofereceu uma bela quantia em dinheiro e forneceu o ouro a ser

utilizado na coroa. Após alguns dias, o artesão entregou ao rei, a sua tão

desejada coroa. Herão recebeu a coroa, mas desconfiou se o artesão teria usado

todo o ouro que recebera. Para ter certeza, pediu que utilizassem uma balança

no intuito de registrar a massa da coroa. Feito o procedimento, verificou-se que

a massa da coroa era igual àquela do ouro fornecido pelo rei.

A confirmação da igualdade das massas não convenceu o rei, que

ainda desconfiava do artesão em relação à mistura de prata com o ouro. Diante

51

do impasse e sem conhecimento adequado para desvendar o mistério, Herão

contratou Arquimedes e incumbiu-lhe de descobrir a verdade sobre o fato.

Arquimedes dedicou-se exclusivamente ao pedido do rei, mas não conseguia

estabelecer uma forma de verificar a ocorrência ou não da fraude.

Certo dia, quando se preparava para o banho, encheu a banheira

de água e, ao adentrá-la verificou que certa quantidade de água transbordava.

Em virtude dessa observação, ele concluiu que teria como verificar a dúvida do

rei. Empolgado com a possível descoberta, saiu correndo pelas ruas em direção

ao palácio real, gritando: Eureka! Eureka!, que em grego significa “descobri”.

Arquimedes encheu um balde de água e realizou os seguintes

procedimentos:

Mergulhou a coroa no balde e verificou a quantidade de água que

transbordava. Com a mesma quantidade de água no balde, mergulhou uma

barra de ouro com a mesma massa da coroa e posteriormente, também

mergulhou uma barra de prata com a mesma massa. Ao final do procedimento,

verificou que a coroa ao ser mergulhada, transbordou mais água que o ouro e

menos água que a prata. Dessa forma, Arquimedes concluiu que a coroa fora

fabricada com a mistura entre ouro e prata.

Esse transbordamento maior de água na imersão da prata,

identifica que a densidade da prata é menor que a do ouro. Portanto, se a

densidade do ouro é maior, ele possui menor volume em relação à prata,

ocupando menos espaço no balde com água. No caso da coroa, verificou-se que

a densidade ficou entre a do ouro e a da prata, confirmando a mistura em sua

composição.

_____________________

5 Fonte: Mundo Educação. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/matematica/a-

descoberta-arquimedes.htm>. Acesso em: janeiro. 2016. Figura 9 disponível em: <http://web.ccead.puc-

rio.br/condigital/mvsl/Sala%20de%20Leitura/conteudos/SL_densidade.pdf>. Acesso em: janeiro 2016

52

Anexo II

Cama de pregos6

Prof. Luiz Ferraz Netto

Introdução

"A pressão atmosférica aperta e comprime as coisas na superfície

da Terra"

--- Não ... pressão não aperta e nem comprime coisa alguma!

A cama de pregos é uma das mais efetiva das demonstrações que

põe em destaque o conceito de pressão, ou seja, o modo como as intensidades

de forças são distribuídas em intensidades menores sobre uma superfície.

A pressão, como sabemos é uma grandeza escalar e, como tal,

totalmente destituída das características de direção e sentido. Infelizmente

ainda há alunos (e talvez professores da área de geografia) que, ao se referirem

á pressão atmosférica, fazem gestos com a mão para salientarem a (falsa) ideia

de que "é algo que aperta ou comprime as coisas para baixo". Pressão devido

ao peso da atmosfera terrestre ou de qualquer outra força nada tem a ver com

"para cima, para baixo, esquerda, direita" ou qualquer outra orientação.

Pressão não pode ser representada por 'setas', como se vê com frequência em

figuras de células (biologia), experimentos de física etc.

A pressão tem conceito do mesmo tipo que a "densidade", que nos

informa uma distribuição de massas num dado volume ... e ninguém usa 'setas'

indicar as densidades! Você já ouviu alguém dizer algo assim: " A densidade

aperta a água no fundo do copo." ?

Assim, para não errar mais, pense na pressão como uma

'densidade', nos informando uma distribuição de intensidades de forças numa

dada área, e dai a fórmula conhecida:

p = |F|/A

Uma das impropriedades que leva á falácia do conceito é a má

aplicação, na Física, dos verbos "exercer" e "aplicar"; para as pressões devemos

usar exercer e para as forças devemos usar aplicar. Um gás

comprimido exerce pressão contra as paredes que o confina; a força que define

53

a pressão exercida sobre aquela área da parede é aplicada contra a referida

parede. Pode-se usar seta para representar essa força ... nunca para representar

a pressão.

A cama de pregos, experimento com o qual iniciamos esse texto,

'dilui' o peso da pessoa (intensidade de força) sobre a diminuta área de milhares

de pregos. A pressão exercida pelos pregos sobre o corpo da pessoa é muito

reduzida por efeito desse espalhamento e assim, a pessoa não sente dores ou

'espetadelas' por parte dos pregos. Eis seu visual.

A cama de pregos é relativamente simples de se construir.

Começamos com uma base de madeira feita em duas seções e dotada de

dobradiças; isso facilita o transporte e sua acomodação quando não em uso.

Para ajudar a pessoa acomodar-se ao deitar ou para se levantar, são previstos

dois 'corrimões' nas laterais de uma das seções da base.

As seções dessa base de madeira pode ter dimensões de (1 m x

0,8 m x 2 cm) cada uma. Com uma broca de um par de milímetros mais fina que

os pregos prepara-se nessa base uma matriz de furos tendo entre eles um

espaçamento de 1,5 a 2,5 cm. Os pregos devem ter comprimento ao redor dos

10 cm e diâmetro de 4 mm. Com espaçamento de 2 cm entre pregos o cálculo

nos leva á casa dos 4 000 pregos nessa cama.

Selecione entre os pregos que irá adquirir aqueles cujos

comprimentos não variem mais que 1 mm; esses deverão ser usados na região

54

central das bases onde irão se apoiar as costas, o bum-bum e as pernas. Nas

laterais da cama não será necessário tanto 'rigor'.

Para bater esses pregos procure colocar um rígido apoio entre

duas filas. O autor simplificou esse serviço através da obtenção de um vergalhão

de ferro em forma de U, de 1 m de comprimento e cujo espaçamento entre as

pernas do U era de 4 cm. Após a penetração de todos os pregos recomenda-se

usar uma chapa de ferro grosso (pelo menos 1cm de espessura) apoiada sobre

as pontas dos pregos e dar batidas suaves para 'nivelar' as pontas. Do lado das

bases onde ficam as cabeças dos pregos o autor colou uma manta de espuma

de 0,5 cm de espessura (para não arranhar possíveis assoalhos e aumentar a

aderência das bases contra o piso).

Em uso, a cama é colocada em uma superfície plana e os

corrimões são usados pelo voluntário para se deitar sobre a cama. A boa

prudência manda apoiar primeiro o bum-bum sobre os pregos e depois, com

auxílio dos corrimões, ir abaixando suavemente as costas, cabeça e as pernas.

Um pequeno travesseiro sob a cabeça evitará o desconforto do voluntário.

A Física da cama de pregos

Considere um adulto que se deite na cama. O peso de um adulto

é algo ao redor dos 70kgf. Se ele de apoiar em pelo menos 2 000 pregos, cada

prego suportará 70/2 000 kgf = 0,035 kgf, ou seja, 35 gf. A pressão efetiva do

sistema, ou o 'peso por prego' será de 35 gf. Com essa pressão o corpo humano

não sentirá qualquer desconforto; não sentirá desconforto mesmo que a pressão

dobre (70 gf/prego) ou mesmo triplique! Os pregos não perfurarão quer a roupa

ou a pele. O experimento só apresentará desconforto (e isso não vale a pena

experimentar) quando o peso em qualquer prego se aproxima dos 200 gf.

Figura - Homem deitado em uma cama de pregos7

55

Figura - Bexiga em uma cadeira de pregos8

_____________________

6 Fonte: Feira de Ciências. Disponível em: <http://www.feiradeciencias.com.br/sala07/07_68.asp>.

Acesso em: jun. 2016. 7 Fonte: Mundo Educação. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/pressao.htm>.

Acesso em: jun. 2016. 8 Fonte: Ponto Ciência. Disponível em: <http://www.pontociencia.org.br/experimentos/visualizar/cadeira-

de-pregos/266>. Acesso em: jun. 2016.

56

Anexo III

Bic: Um Ludião que Funciona9

Quando o assunto densidade é abordado no Ensino Fundamental

ou no Ensino Médio, uma das correlações que podem ser feitas pelo professor

consiste em discutir o funcionamento dos submarinos, no que tange ao seu

mecanismo de afundar ou flutuar, comandado respectivamente pelo enchimento

e pelo esvaziamento de seus tanques de lastro. Com o auxílio de um ludião

pode-se ilustrar experimentalmente como isto acontece.

Embora a montagem de um ludião geralmente seja simples e

existam várias sugestões de construção, eles nem sempre funcionam a

contento, frustrando alunos e professores. Aqui propomos uma montagem que

utiliza o corpo de uma caneta esferográfica BIC e dois clipes para ajustar a sua

flutuabilidade e verticalidade (Fig. 1). O conjunto funciona dentro de uma

embalagem PET transparente, com capacidade para dois litros, completamente

cheia de água e com a tampa fechada.

Além da facilidade de montagem e certeza de funcionamento, este

ludião tem outra interessante característica didática: permite visualizar o que

ocorre em seu interior.

Montagem experimental

Do corpo da caneta deve-se retirar o conjunto (tubo + ponta) que

contém a tinta. O orifício lateral (“respiro”) deve ser vedado usando fita adesiva.

A tampinha que veda a parte superior deve ser mantida. Em seguida, encaixa-

se na extremidade aberta do tubo dois clipes, de modo que o conjunto flutue

quando colocado no interior da garrafa com água.

Temos verificado que a utilização de um clipe número dois (2/0) e

outro número três (3/0), possibilita o funcionamento controlável do ludião, sem

que seja necessário apertar a embalagem com força de grande intensidade.

Empregando-se dois clipes número três, a sensibilidade do

conjunto aumenta bastante, necessitando-se de uma força de menor intensidade

57

para que o ludião se movimente. Esta é a montagem mais adequada quando os

alunos são crianças.

Execução da demonstração

Pelo fato da embalagem PET ser deformável, quando ela é

pressionada com as mãos a pressão adicional exercida distribui-se pelo líquido

todo (Princípio de Pascal) e também afeta o volume de ar contido no ludião que

flutua dentro dela, uma vez que sua parte inferior não é vedada.

Apertando-se a garrafa cheia de água, a pressão adicional

“empurra” um pouco da água para dentro do ludião, diminuindo o volume da

bolha de ar existente no seu interior. Este fato é perfeitamente observável

durante a operação.

A água que penetra no ludião funciona como o lastro do submarino,

aumentando seu peso total e fazendo que ele afunde.

O ludião começa a afundar quando a sua densidade média torna-

se um pouco maior do que a da água. Isto ocorre porque a água que penetrou

no ludião aumenta sua massa, mas não interfere em seu volume externo.

O controle da água que penetra no ludião é feito por meio da

pressão que se faz na embalagem. Controlando a pressão aplicada, a densidade

média do ludião pode tornar-se maior, menor ou igual que a da água,

possibilitando que ele desça, suba ou se mantenha nivelado em qualquer

profundidade

Figura 1: O ludião BIC.

58

Conclusão

A montagem proposta funciona muito bem e é suficientemente

simples para ser usada no tempo de duração de uma aula tradicional. Ela permite

discutir a influência da densidade do meio de imersão e dos materiais

constituintes dos corpos na sua flutuabilidade e também explorar o conceito de

empuxo (Princípio de Arquimedes). Jorge Roberto Pimentel Departamento de

Física,

Universidade Estadual Paulista,

Rio Claro

Paulo Yamamura

Fundunesp,

Universidade Estadual Paulista, São Paulo

_____________________

9 Fonte: Física na Escola. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol7/Num1/v12a11.pdf >.

Acesso em: jun. 2016.

59

Anexo IV

Princípio de Arquimedes10

Uma fábula da Rússia conta a pequena estória de um camponês

bem simplório que morava à beira-mar. Todas as vezes que via passar ao largo

um belo navio, corria até a praia, apanhava uma pedra, e atirava-a na água. A

pedra, naturalmente, afundava. O bom homem, olhando admirado para imensa

massa metálica do navio que flutuava magnificamente, sacudia os punhos e

bradava: "Por que ele flutua, sendo tão pesado, e a pedra não?"

De modo mais ou menos semelhante, quando em 1787 Jonh

Wilkinson lançou no rio Severn, na Inglaterra, sua barcaça feita de ferro, as

inúmeras pessoas que presenciavam o acontecimento não podiam acreditar que

aquilo flutuasse. Tinham-se reunido ali por divertimento, preparadas para rir do

desconsolo de Wilkinson quando sua chata fosse ao fundo. Mas, a embarcação

flutuou, com grande espanto e frustração dos presentes, tornando-se assim a

precursora dos modernos navios de aço.

Pode-se compreender que o homem comum da Inglaterra, há

duzentos anos atrás, não levasse a sério a possibilidade de um navio de metal

flutuar, posto que as aparências sugeriam a madeira como único material

adequado à construção de barcos.

Entretanto, não há razão para que os princípios elementares, que

explicam o fenômeno da flutuação, não devam ser entendidos por todos nos dias

de hoje.

Atualmente é banal a construção de navios pesando muitos

milhares de toneladas, que não só flutuam perfeitamente no mar, como

transportam outros milhares de toneladas de mercadorias a bordo. Trata-se de

uma banalidade porque seus projetistas e construtores conhecem perfeitamente

esta lei estabelecida por volta do ano 250 a.C. pelo sábio grego Arqimedes. Seu

enunciado nos ensina que "um corpo imerso num fluido (líquido ou gás) perde

uma quantidade de peso igual ao peso da quantidade de peso igual ao peso da

quantidade de fluido deslocado"; ou, em outras palavras, "o corpo imerso no

60

fluido recebe um empuxo vertical, de baixo para cima, igual ao peso do fluido

deslocado".

Certamente, muitos dos construtores de barcos anteriores a

Wilkinson conheciam também essa lei. Mesmo que não a conhecessem,

poderiam recorrer a cientistas ou técnicos para os quais as aplicações eram

claras. No entanto, havia restrições muito mais sérias, em outros ramos da

técnica. A aplicação de muitos princípios demorou mais de dois mil anos. A

inexistência de chapas de ferro ou aço, por exemplo, era a razão suficiente para

tanto.

EMPUXO ( )

Um corpo mergulhado num fluido, parcial ou totalmente, sofre

pressões em toda a extensão de sua superfície em contato com o fluido. Então,

existe uma resultante das forças aplicadas pelo fluido sobre o corpo que é

chamada de empuxo. Essa força é direcionada verticalmente para cima e opõe-

se à ação da força-peso que atua no corpo.

PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES

"Todo corpo imerso, total ou parcialmente, num fluido em equilíbrio,

dentro de um campo gravitacional, fica sob a ação de uma força vertical, com

sentido ascendente, aplicada pelo fluido; esta força é denominada empuxo ( ),

cuja intensidade é igual à do peso do fluido deslocado pelo corpo."

E = Pfd = mfd . g = df . Vfd . g

E = df . Vfd . g

onde df = densidade do fluido e Vfd = volume do fluido deslocado.

_____________________

10 Fonte: Netopedia. Disponível em: <http://netopedia.tripod.com/quimic/prin_arquimedes.htm>. Acesso

em: jun. 2016.

61

Anexo V

Prensa hidráulica11

Não é comum, mas sempre que paramos em um posto de

combustível, nos deparamos com elevadores enormes, como o da figura acima.

Esse tipo de equipamento recebe o nome de elevador hidráulico ou prensa

hidráulica. Seu funcionamento se baseia no Princípio de Pascal e ajuda a

levantar grandes massas.

As prensas hidráulicas constituem-se de um tubo preenchido por

um líquido confinado entre dois êmbolos de áreas diferentes. Quando aplicamos

uma força no êmbolo de área A1, surge uma pressão na região do líquido em

contato com esse êmbolo. Como o incremento de pressão é transmitido

integralmente a qualquer ponto do líquido, podemos dizer que ele também atua

no êmbolo de A2 com uma força de intensidade proporcional à área do

êmbolo 2. Vejamos a figura abaixo:

62

Na figura podemos identificar:

F1 – força aplicada no êmbolo 1;

F2 – força que surge no êmbolo 2;

A1 – área da seção transversal do cilindro 1;

A2 – área da seção transversal do cilindro 2.

O acréscimo de pressão (Δp) é dado a partir do Princípio de Pascal.

Portanto, temos:

∆p1= ∆p2

Onde:

De acordo com essa relação, vemos que força e área são

grandezas diretamente proporcionais. Dessa forma, dizemos que o êmbolo

menor recebe uma força de menor intensidade, enquanto que o êmbolo de maior

área recebe maior força.

Em decorrência da equação enunciada acima (Princípio de

Pascal), inúmeros equipamentos foram construídos de forma a facilitar o trabalho

humano. Podemos encontrar a prensa hidráulica em freios hidráulicos, na

direção de um automóvel, em aviões, máquinas pesadas, etc.

63

Para o deslocamento do êmbolo podemos dizer que o decréscimo

de volume no êmbolo 1 é igual ao acréscimo do volume no êmbolo 2. Então,

temos:

∆V1= ∆V2

Sabendo que a variação do volume é dada em função da área e do

deslocamento do êmbolo, temos:

∆V = A.d

Como a variação do volume é igual, temos:

A1.d1= A2.A2

_____________________

11 Fonte: Mundo Educação. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/prensa-

hidraulica.htm>. Acesso em: jun. 2016.

64

Referências Bibliográficas

[Fernandes 2011]FERNANDES, E. David Ausubel e a aprendizagem

significativa, 2011. Disponível em

<https://novaescola.org.br/conteudo/262/david-ausubel-e-a-aprendizagem-

significativa>. Acesso em: julho de 2016.

[Moreira 2012]MOREIRA, M. A. O que é afinal aprendizagem significativa?,

2012. Disponível em:< http://www.if.ufrgs.br/~moreira/oqueeafinal.pdf. >

Acesso em: julho de 2016.

[Moreira, 1999]MOREIRA, M.A. Aprendizagem significativa, 1999. Brasília:

Editora da UnB

[Moreira 1982]MOREIRA, M.A. Aprendizagem significativa: a teoria de

David Ausubel, 1982. São Paulo.

[Moreira UEPS]MOREIRA, M. A. Unidades de ensino potencialmente

significativas, Porto Alegre,Versão 6. Disponível em:

<http://www.if.ufrgs.br/~moreira/UEPSport.pdf>. Acesso em: julho de 2016.

[Halliday 2012]Halliday, D; Resnick, R; Walker, J. Fundamentos de Física –

vol. 2, 2012. Editora LTC, Rio de Janeiro.

[Nussenzveig 2002]Nussenzveig, H. M. Curso de Física básica – vol. 2,

2002.São Paulo, 4ª edição.

65

[Física Recreativa 1975] PERELMAN, YAKOV. Física Recreativa

– Libro 1, 3ª Ed., Tra1975. Editorial MIR, Moscou.

[Santos]SANTOS, Marco Aurélio da Silva. Princípio de Pascal; Brasil Escola.

Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/fisica/principio-de-pascal.htm>.

Acesso em: janeiro de 2016.

[Know Y. C.]Know Your Chemicals. Disponível em: <

http://www.forensicmag.com/article/2013/10/know-your-chemicals>. Acesso em:

janeiro de 2016.

[Vídeo Astronauta Pastilha Efervescente] Astronauta põe pastilha

efervescente em bola de água no espaço. Disponível em

<https://www.youtube.com/watch?v=LvAIJX5XlGw>. Acesso em: janeiro de

2016

[Vídeo Astronauta retornam à Terra] Astronautas retornam à Terra após

quase um ano no espaço. Disponível em

<https://www.youtube.com/watch?v=TcYQJqWRhno>. Acesso em: junho de

2016

[Vídeo NASA, Água e Gravidade Zero] Episode 13: Astro Puffs. Disponivel

em: < https://www.youtube.com/watch?v=zNWIzxrZ7ew >. Acesso em: janeiro

de 2016

[Vídeo Water Bubble] Space Station Astronauts Grow a Water Bubble in

Space. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=9ZEdApyi9Vw>.

Acesso em: janeiro de 2016

66

[Vídeo Experiência Hidrostática] Experiência Hidrostática. Disponível em

<https://www.youtube.com/watch?v=ZK8ZzF8-Qw8>. Acesso em: janeiro de

2016

[Vídeo Ludião] Ludião. Disponível em

<https://www.youtube.com/watch?v=1MmZCDCZB0Y>. Acesso em: janeiro de

2016

[Vídeo Animação submarino] Animação submarino.flv. Disponível em

<https://www.youtube.com/watch?v=IIFj3TtylaQ>. Acesso em: janeiro de 2016

[Vídeo Funciona um submarino] Como Funciona um Submarino ( UNPSJB).

Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=pMtDja5PeRw>. Acesso

em: janeiro de 2016