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Unidade Didática -PDE - Margareth 5 · atividades com o texto: o antes, ... contextuais (das relações ... leitor ao que lê, é dialógico, acontece num tempo e num espaço

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PARANÁ

GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - D PPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

FICHA PARA CATÁLOGO

PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título Explorando o Trabalho com a leitura na escola: o gênero textual “parábola” como recurso didático gerador de novos conhecimentos

Autor Margareth Virgínia Luiza Orlandini Navarro

Escola de Atuação Colégio Estadual Profª Hilda Trautwein Kamal - EFMP

Município da escola Umuarama

Núcleo Regional de Educação

Umuarama

Orientador Fábio Lucas Pierini

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual de Maringá - UEM

Disciplina/Área (entrada no PDE)

Língua Portuguesa

Produção Didático-pedagógica

Unidade Didática

Relação Interdisciplinar Não

Público Alvo Alunos da 5ª Série (6º Ano) do Ensino Fundamental

Localização Colégio Estadual Profª Hilda Trautwein Kamal

Avenida Ipiranga, 4188 – Centro - CEP 87503-310

Umuarama – PR

Apresentação: O trabalho com a leitura faz pensar em um encaminhamento metodológico que privilegie leituras e releituras, consentindo o diálogo com o narrador. A

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presente Unidade Didática busca no gênero textual “parábola”, um recurso significativo para instigar os alunos de uma 5ª Série do Ensino Fundamental a entrar em contato com a leitura e a escrita nas parábolas selecionadas, explorando tanto a oralidade como a escrita, em seus usos culturais mais autênticos. As estratégias de leitura contemplarão a proposta apresentada por Solé (1998) em três etapas de atividades com o texto: o antes, o durante e o depois da leitura. O trabalho com as parábolas não terá como pretensão, doutrinar os alunos, pelo contrário, entender que todo texto (ficcional ou não) precisa ser lido a partir de uma reflexão crítica dentro e fora do espaço escolar. Portanto, é necessário que os alunos sejam levados a aprender participando, vivenciando, refletindo e tomando atitudes diante dos fatos. Assim, buscar-se-á privilegiar o processo de aquisição e aprimoramento da língua materna, na tentativa de apontar caminhos para o trabalho pedagógico com a leitura na escola, tendo o gênero textual “parábola” como um recurso didático gerador de novos conhecimentos

Palavras-chave Leitura; gênero textual; parábola; reflexão

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1 IDENTIFICAÇÃO

1.1 PROFESSOR PDE: Margareth Virgínia Luiza Orlandini Navarro

1.2 ÁREA/ DISCIPLINA: Língua Portuguesa

1.3 NRE: Umuarama

1.4 PROFESSOR ORIENTADOR: Fábio Lucas Pierini

1.5 IES VINCULADA: UEM

1.6 ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Profª Hilda T. Kamal

1.7 PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Alunos da 5ª série (6ª Ano) do Ensino

Fundamental

INTRODUÇÃO

A necessidade da formação de leitores e não mais de ledores tem levado

muitos estudiosos como Bakhtin (1992); Foucambert (1994); Villardi (1999);

Zilbermann (1999); Kleiman (2000); Vigotsky (2000); Soares (2000); Silva (2005);

Freire (2005); Paraná (2008) entre outros, a examinar a prática da leitura nas

escolas com a profundidade merecida, buscando por um lado, valorizar no leitor em

formação, as suas potencialidades, por outro, compreendendo seus limites e

habilidades. Os autores citados partilham do entendimento, de que não é mais

possível pensar em um leitor apenas decodificador, uma vez que o mundo

contemporâneo exige muito mais que decifradores de códigos, portanto, sujeitos

capazes de compreender o mundo, decifrá-lo e interagir em diferentes lugares e

ambientes.

Para conviver em uma sociedade cheia de exigências, as pessoas precisam

ser capazes de realizar algo que vá muito além do conhecimento escolar que lhe é

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transmitido, muitas vezes, mecanicamente, sem provocar atitudes de curiosidade,

desafios, novas descobertas, enfim, o prazer nos atos que realiza. Com tal

propósito, as atividades com a leitura faz pensar em um encaminhamento

metodológico que privilegie leituras e releituras, consentindo o diálogo com o

narrador(a).

Os gêneros textuais são elementos históricos, profundamente vinculados à

vida cultural e social. Segundo Motta-Roth (2002, p. 78), o conceito de gêneros

“pressupõe uma interconexão entre fatores textuais (da linguagem) e fatores

contextuais (das relações sociais envolvidas)”.

Cada vez mais, evidencia-se a necessidade de novas propostas a serem

aplicadas na escola sobre os diferentes gêneros textuais, no sentido de contribuir

com instrumentais teórico-práticos para demonstrar que, através de textos orais e

escritos, criamos representações que refletem, constroem e/ou desafiam nossos

conhecimentos e crenças, cooperando para o estabelecimento de relações sociais e

identitárias, levando os alunos a aprender a fazer, a conhecer, a viver juntos e

aprender a ser.

Os significados da leitura são construídos a partir de uma realidade

significante ou das representações dessa realidade. Dentre os gêneros textuais, as

parábolas são recursos fundamentais para se trabalhar a leitura, oferecendo aos

alunos condições para o diálogo, sobretudo, das noções de valores implícitas nos

textos.

Portanto, pensando em um trabalho significativo com a leitura na escola,

essa proposta propõe a seguinte questão: Como explorar a prática da leitura na

escola, tendo o gênero textual “parábolas” como recurso didático gerador de novos

conhecimentos?

Por sua linguagem simples, narrativa curta e quase sempre, com elementos

comuns referentes ao cotidiano das pessoas, a parábola é um gênero textual que

auxilia a prender a atenção de quem as estiver escutando ou lendo, produzindo

novos significados, pois a cada nova leitura, novas interpretações e ensinamentos

podem surgir.

Assim, a presente Unidade Didática busca no gênero textual “parábola”, um

recurso significativo para instigar os alunos de uma 5ª série do Ensino Fundamental,

a entrar em contato com a leitura e a escrita nas parábolas selecionadas, explorando

tanto a oralidade como a escrita, em seus usos culturais mais autênticos.

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O estudo insere-se em uma proposta mais ampla de discussão das teorias

das práticas discursivas, cujo escopo é refletir a respeito das reais possibilidades de

estender e aplicar a discussão das concepções de subjetividade, de atividade

linguística dos sujeitos e das condições de produção do discurso às atividades do

ensino de Língua Portuguesa.

Com isso, pretende-se não apenas um conhecimento mais abrangente do

objeto de ensino que é a língua, e amplamente a linguagem, mas também, e,

especialmente, a sua prática reveladora da condição sociohistórica, que envolve os

alunos da escola pública.

A intenção é que, a proposta apresentada possa contribuir para reflexões

acerca da possibilidade de ensinar os alunos a ler palavras e compreender ideias,

tendo o gênero textual “parábolas” como uma alternativa didática geradora de novos

conhecimentos.

2 REFLEXÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA ESCOL A

A leitura é a forma mais usada para a comunicação e, por consequência,

veículo de socialização, mas só será eficiente, se for bem explorada e desenvolvida.

A leitura interfere na aprendizagem da escrita. A valorização da leitura, considerada

num sentido amplo, colabora para a inclusão do sujeito na sociedade em uma visão

educativa crítica.

O desenvolvimento do potencial de leitura, inerente a todos, está relacionado

às descobertas e experiências vivenciadas ao longo da vida. Assim, na visão de

Silva (2005), à escola cabe a responsabilidade de cumprir a sua maior tarefa, que é

garantir o domínio da leitura e da escrita. Ao aluno, fica a exigência de apreender.

Para o autor, a leitura é um instrumento valioso de acesso aos mundos real e

imaginário, integrando o leitor em diferentes universos de informações.

Por isso, ensinar a ler para Villardi (1999, p. 37) “[...] é ensinar a se

emocionar com os sentidos e com a razão porque, para gostar apenas com os

sentidos, não há necessidade da interferência da escola”.

Conforme Kleiman (2000), ao deparar-se com o texto escrito, o sujeito é

levado a decodificá-lo. É através da decifração do código físico das letras, próprias

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do idioma, que o leitor chega ao código mental, psíquico, de signos linguísticos,

relações/valores.

Por sua vez, Kaufman e Rodrigues (1995, p. 34) afirmam que “[...]

compreender um texto significa ser capaz de apropriar-se de seu sentido mais

profundo, o que só se consegue com muitas e diferentes experiências de leitura,

com muita reflexão e discussão, para que se possa relacionar este texto a outros e à

própria vida”.

Daí a importância de se levar os alunos a mergulhar no texto e a descobrir

os recursos de que o autor se utilizou e por que dando atenção ao suporte, à forma,

à organização, ao léxico. Assim sendo, ler não significa simplesmente decodificar,

mas, sobretudo, atribuir sentido ao texto. O leitor experiente, ao decodificar o texto,

consegue perceber as palavras globalmente, adivinhando outras, guiado pelos

conhecimentos prévios e pelas hipóteses de leitura que já possui.

Para Foucambert (1994), o código é o nome atribuído ao sistema abstrato de

correspondência que se acredita poder estabelecer num determinado ponto, entre a

grafia de uma palavra e a sua pronúncia. A escola supõe que, ao inculcar na criança

esse sistema acabado, faz dela um leitor.

É um erro acreditar que uma palavra nova é simplesmente somada às que a criança já conhece; na verdade, a palavra nova obriga todo o sistema a se reorganizar. Por extensões e conflitos, por ensaios e erros, por equilíbrios e questionamentos, a criança elabora um sistema que explica, teoriza e organiza suas práticas de leitor. Assim, como o adulto. A criança pode dominar o sistema teórico correspondente a sua experiência apenas. É esse sistema que levará – progressivamente, porém, e através do confronto com a teorização do oral – a um sistema mais real da língua da qual o “código” não é senão uma parte. Mas não antes dos doze ou quinze anos. E desde que ela já saiba falar e ler (FOUCAMBERT, 1994, p. 9).

A leitura compreendida como uma dinâmica troca de experiências entre

autor e leitor, no entendimento do autor supracitado, o autor organiza suas ideias e

codifica-as em forma de texto escrito. O leitor, por sua vez, decodifica a mensagem,

acrescentando-lhe dados de sua vivência, advindo, então, um novo texto, em termos

de sobreposição de inteligências, de criatividade.

Silva (1981) valoriza a leitura nestes termos:

[...] as experiências conseguidas através da leitura, além de facilitarem o posicionamento do homem numa condição especial (o usufruto dos bens culturais escritos, por exemplo), são, ainda, as grandes fontes de energia que impulsionam a descoberta, elaboração e difusão do conhecimento (SILVA, 1981, p. 38).

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Por isso, a autora citada entende a leitura como um instrumento de acesso

aos mundos reais e imaginários, integrando o leitor em diferentes universos de

informações. O apossamento das ideias do mundo inteligente, por intermédio da

leitura, propicia ao indivíduo um prazer interior profundo, na medida em que o

projeta para tempos e espaços ilimitados. Por isso, para Osakabe (1995):

Aprender a ler e escrever são necessidades tão gritantes que sua rejeição indica o alheamento do sujeito, é tão forte quanto a recusa do alimento, quanto a aceitação da família, ou quanto a aceitação dos bens sociais. Essa valoração tem a sua justificativa pelo fato de que ela pode instrumentar o sujeito para a própria vida, franquear-lhe possibilidades de sobrevivência que, de outro modo, lhe estarão vedadas (OSAKABE, 1995, p. 17).

Aprender a ler corresponde à aquisição de atitudes, conhecimentos e

informações indispensáveis à sobrevivência humana. “Em verdade, seria difícil

conceber uma escola onde o ato de ler não estivesse presente; isto ocorre porque o

patrimônio histórico, cultural e científico da humanidade se encontra fixado em

diferentes tipos de livros” (SILVA, 1981, p.31).

Por isso mesmo, de acordo com Freire (2005), ler implica muito mais que uma

decodificação de palavras e de frases, demandando um processo de participação

nas representações do autor do texto lido. Para o autor, ler é reescrever o que se

está lendo. A leitura é uma operação intelectual que ultrapassa o ato mecânico de

identificar o escrito, mas uma atividade em que o olhar do leitor sobre as palavras é

antes de tudo, o pensamento em movimento.

A leitura é compreendida pelas DCEs – Paraná (2008) como:

[...] um ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que o constituem. [...] Esse processo implica uma resposta do leitor ao que lê, é dialógico, acontece num tempo e num espaço. No ato de leitura, um texto leva a outro e orienta para uma política de singularização do leitor que, convocado pelo texto, participa da elaboração dos significados, confrontando-o com o próprio saber, com a sua experiência de vida (PARANÁ, 2008, p. 56-57).

A leitura é uma atividade que envolve elaborações semânticas, pragmáticas,

lógicas e culturais, entre outras. Para Kleiman (2000), a leitura depende de uma

série de fatores linguísticos e extralinguísticos, constituindo-se em algo muito mais

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complexo que a decifração de um suposto “sentido literal”. As experiências e as

crenças individuais influenciam na organização das inferências durante a leitura.

Como lembra Spiro (apud MARCUSCHI, 1999, p. 96):

[...] apesar de pouco saber a respeito do problema da compreensão de textos, já emerge como fundamental um consenso, ou seja, que os conhecimentos individuais afetam decisivamente a compreensão, de modo que o sentido não reside no texto. Assim, embora o texto permaneça como o ponto de partida para a sua compreensão, ele só se tornará uma unidade de sentido na interação com o leitor.

Compreendida de modo amplo, a ação de ler caracteriza toda a relação

racional entre o indivíduo e o mundo que o cerca. Se este lhe aparece, num primeiro

momento, como desordenado e caótico, a tentativa de impor-lhe uma hierarquia

qualquer de significados representa, de antemão, uma leitura, porque imprime um

ritmo e um conteúdo aos seres circundantes.

Nesta medida, o real tornou-se um código, com suas leis, e a revelação destas, ainda que de forma primitiva e incipiente, traduz uma modalidade de leitura que assegura a primazia de um sujeito, e de sua capacidade de racionalização, sobre o todo que o rodeia. E o que se passou com o homem primitivo que, por intermédio de sua cultura selvagem, propôs uma leitura mítica do mundo; e, se, com isto, ele reconheceu a natureza hostil que o circundava como poderosa e ameaçadora, não deixou de infundir a ela sua soberania, ao atribuir-lhe uma organização que era produto, antes de mais nada, da inteligência dele (ZILBERMAN, 1999, p. 40).

Se ler qualifica toda relação com o real, percebe-se que esta ação se

expressa pela elaboração de um código, o qual, por sua vez, manifesta o domínio

que o homem exerce (ou deseja exercer) sobre sua circunstância. Ainda, conforme

Zilberman (1999), decorre daí o vínculo íntimo entre a ação de ler e o aparecimento

da linguagem, de modo que toda a convivência com a realidade incide em uma

manifestação primordialmente verbal. Por isso, dentre as possibilidades de

expressão, a língua é a que contém de maneira mais completa, o produto desses

contatos primeiros com o real.

Também, para Vygotsky (2000) por se constituir num sistema simbólico

básico de todos os seres humanos, a linguagem não deve se restringir apenas ao

hábito de traçar letras e fazer palavras, mas a uma compreensão interna da escrita,

fazendo com que essa se organize mais como um desenvolvimento do que como

uma aprendizagem.

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Assim sendo, a leitura não perde a significação generalizadora para traduzir,

principalmente, uma relação com a linguagem, agora depositada no texto escrito. De

acordo com Zilberman (1999), tal conversão não é mecânica, nem faz supor que a

escrita mimetiza fielmente a expressão oral. Pelo contrário, a passagem permite uma

fixação do dito, garantindo a autonomia do leitor com referência à ocasião de sua

gênese ou às intenções que a produziu, configurando um universo independente,

cuja significação advém de suas práticas discursivas.

O discurso é um dos lugares em que a ideologia se manifesta, isto é, toma

forma material, torna-se concreta por meio da língua. Daí a importância de outro

elemento fundamental com que a análise do discurso trabalha: o de formação

ideológica. Brandão (2008) evidencia que o discurso é o espaço em que saber e

poder se unem, se articulam, pois que, fala de algum lugar, a partir de um direito que

lhe é reconhecido socialmente (BRANDÃO, 2008).

Conforme lembra Bakhtin (1992), é por meio das práticas sociais, das

mediações comunicativas que se cristalizam na forma de gêneros, que as

significações sociais são progressivamente construídas. Os gêneros dos discursos

organizam a fala da mesma maneira que dispõem as formas gramaticais. Os

indivíduos aprendem a moldar a fala às formas do gênero e, ao ouvir o outro, sabe

pressentir-lhe o gênero. Se não existissem gêneros e se os sujeitos não os

dominassem, tendo que criá-los pela primeira vez no processo da fala, a

comunicação verbal seria quase impossível.

De acordo com os princípios da análise do discurso no entendimento de

Brandão (2008), o sujeito do discurso apresenta as seguintes características:

a) é essencialmente marcado pela historicidade. Isto é, não é o sujeito abstrato da gramática, mas um sujeito situado na história da sua comunidade, um tempo e um espaço concreto; b) é um sujeito ideológico, isto é, sua fala reflete os valores, as crenças de um momento histórico e de um grupo social; c) não é único, mas divide o espaço do seu discurso com o outro, na medida em que orienta, planeja, ajusta sua fala, sua atividade enunciativa, tendo em vista seu interlocutor e também porque dialoga com a fala de outros sujeitos (nível interdiscursivo); d) é polifônico, porque na sua fala outras vozes falam; o sujeito do discurso se forma, se constitui nessa relação com o outro, com a alteridade. Assim, da mesma forma que tomo consciência de mim mesmo na relação que tenho com os outros, o sujeito do discurso se constitui, se reconhece como tendo uma determinada identidade na relação com os outros discursos produzidos, com eles dialogando, comparando pontos de vista, dirigindo (BRANDÃO, 2008, p. 31).

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Daí o entendimento de que a aprendizagem efetiva da leitura na escola se

dá a partir de objetos sociais, concebidos para serem lidos e não para ensinar a

leitura. O grande desafio posto à escola é romper com as práticas de leitura, em que

o ato de ler esteja atrelado aos mecanismos de decifração É nesse sentido que

Soares (2000) percebe o ensino da leitura como prática socializada. Para a autora, o

problema da escola não é somente ensinar a ler e escrever, mas é, também, e,

sobretudo, levar os indivíduos – crianças e adultos a fazer uso da leitura e da

escrita, envolver-se em práticas sociais de leitura e de escrita.

Conforme as DCEs - Paraná (2008, p. 57), “[...] praticar a leitura em diferentes

contextos requer que se compreendam as esferas discursivas em que os textos são

produzidos e circulam, bem como se reconheçam as intenções e os interlocutores

do discurso”.

Tal posicionamento, segundo Foucambert (1994) evidencia a necessidade

de os docentes adotarem como princípio norteador, a integração entre ensino,

aprendizagem e desenvolvimento, de maneira que as ações pedagógicas possam

desencadear uma atividade reflexiva, permitindo aos alunos avançarem em suas

estratégias de questionamento da escrita e da leitura.

Isso exige que a prática pedagógica com a leitura na escola esteja envolvida

pelos escritos mais variados, que os alunos possam encontrá-los, testemunhá-los e

associá-los à utilização que os outros fazem deles, quer se tratem dos textos da

escola, do ambiente, da imprensa de documentários e de obras de ficção (SOARES,

2000).

Por isso, Zilberman (1999) lembra que a leitura é mediadora dos sujeitos

leitores com a sua realidade presente:

[...] de um lado, o leitor, que decifra um objeto, mas não pode impedir que parte de si mesmo comece a se integrar ao texto, o que relativiza para sempre os resultados de sua interpretação, abrindo, por conseguinte, espaço para novas e infindáveis perspectivas. De outro, a criação literária que, imobilizada pela escrita e aspirante à eternidade, não consegue escapar à violação procedida pelo olhar de cada indivíduo, que é tanto mais indiscreto, quanto mais penetrante e inquiridor. Com isto, relativiza-se igualmente sua significação, tornando-a moeda comum e, portanto, democratizando-a (ZILBERMAN, 1999, p. 41).

Silva (2005) considera que seja o que for que se pretenda ensinar aos

alunos, é preciso, primeiramente, integrar o conhecimento à sua vida. Desta feita, é

importante tomar a leitura como prática social. Enquanto tal, não se pode prescindir

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de situações vivenciadas socialmente, no contexto da família, do trabalho, e tantas

outras ambiências.

Tais posicionamentos deixam claro que é impossível tornar-se leitor sem que

haja uma contínua interação com um espaço onde as razões para ler sejam

intensamente vividas, e ainda, onde a escrita seja usada apenas para aprender a ler.

A leitura, portanto, é uma forma de atribuição contínua de significados.

3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A problemática do trabalho com a leitura exige uma metodologia diferenciada,

que propicie o diálogo e a interação entre os pares, encorajando os alunos a

prosseguir diante de questões desafiadoras, ou seja, a função docente é solicitar a

reflexão da leitura enquanto prática social. Assim, o gênero textual é um importante

recurso didático a ser utilizado pelos docentes para criar situações reais de leitura na

escola.

Por isso, as atividades apresentadas nessa Unidade Didática considera os

fundamentos teórico-metodológicos elencados nas Diretrizes Curriculares para a

Educação Pública do Estado do Paraná – DCEs (2008), de Língua Portuguesa em

suas marcas de construção. Para tal, buscar-se-á privilegiar o processo de aquisição

e aprimoramento da língua materna, na tentativa de apontar caminhos para o

trabalho pedagógico com a leitura na escola, tendo o gênero textual “parábola” como

um recurso didático significativo.

Delors (2001) evidencia como principal consequência da sociedade do

conhecimento, a necessidade de uma aprendizagem ao longo de toda vida,

fundamentada em quatro pilares, que consistem em aprender a fazer, aprender a

conhecer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Esse quatro pilares são

fundamentais para a formação do aluno. Isso implica em profundas mudanças e

transformações no espaço escolar. É necessário que os alunos sejam levados a

aprender participando, vivenciando, refletindo e tomando atitudes diante dos fatos.

Não é possível ensinar somente pelas respostas dadas, mas, sobretudo, pelas

experiências proporcionadas na escola.

Isso faz pensar que, o trabalho com a leitura na escola demanda criar

espaços para a interação dos alunos. Silva (2005, p. 22) lembra que “[...] o espaço

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da leitura apresenta problemas e contradições que precisam ser superados para que

os leitores possam ter uma educação melhor.

Assim pensando, as estratégias de leitura contemplarão a proposta

apresentada por Solé (1998) em três etapas de atividades com o texto: o antes, o

durante e o depois da leitura. As estratégias contribuirão para o desenvolvimento

de uma ação pedagógica voltada para a formação do leitor crítico, capaz de ler

com compreensão e domínio dos processos básicos da leitura.

Para tal, como estratégias de ação adotar-se-ão os seguintes passos:

a) Antes da leitura:

• Antecipação do tema ou idéia principal a partir de elementos

paratextuais;

• como título, subtítulo, do exame de imagens, de saliências gráficas, outros;

• Levantamento do conhecimento prévio sobre o assunto;

• Expectativas em função do suporte;

• Expectativas em função da formatação do gênero;

• Expectativas em função do autor ou instituição responsável pela publicação.

b)Atividades durante a leitura :

• Confirmação, rejeição ou retificação das antecipações ou expectativas

criadas antes da leitura;

• Localização ou construção do tema ou da idéia principal;

• Esclarecimentos de palavras desconhecidas a partir da inferência ou

consulta ao dicionário;

• Formulação de conclusões implícitas no texto, com base em outras

leituras;

• Experiências de vida, crenças, valores;

• Formulação de hipóteses a respeito da sequência do enredo;

• Identificação de palavras-chave;

• Busca de informações complementares;

• Construção do sentido global do texto;

• Identificação das pistas que mostram a posição do autor;

• Relação de novas informações ao conhecimento prévio;

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• Identificação de referências a outros textos.

c)Atividades para depois da leitura:

• Construção da síntese semântica do texto;

• Utilização do registro escrito para melhor compreensão;

• Troca de impressões a respeito do texto lido;

• Relação de informações para tirar conclusões;

• Avaliação das informações ou opiniões emitidas no texto;

• Avaliação crítica do texto.

O mundo contemporâneo apresenta mudanças rápidas e significativas em

muitos campos, inclusive, o pedagógico. A nova realidade demanda uma prática

pedagógica transformadora, dado o desafio de educar crianças e jovens para a

sociedade tecnológica em que vivem.

Dessa forma, é primordial que o professor repense suas atitudes, suas

concepções teóricas e práticas. O desafio que se apresenta nesse contexto histórico

é a revisão das práticas pedagógicas conservadoras, possibilitando um trabalho com

a leitura como exercício da cidadania, contemplando significados que fazem parte do

mundo real dos alunos.

Com base nisso, a seguir apresentamos as atividades a serem

desenvolvidas que se encontram divididas em 05 (cinco) unidades assim

distribuídas: 1) considerações iniciais sobre as parábolas; 2) leitura e compreensão

de parábolas; 3) leitura, escrita e compreensão de parábolas; 4) leitura e debates; 5)

leitura e pesquisa de parábolas.

3.1UNIDADE 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Inicialmente, será apresentado e discutido um vídeo intitulado “Gêneros

Textuais”, disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk.; para

reflexão e introdução do Gênero Parábola no contexto.

• Vocês gostaram do vídeo? • O que vocês sabem sobre gêneros textuais? • Quais os principais gêneros textuais estudados na escola? • O que você sabe sobre o gênero parábolas?

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Após as discussões sobre o vídeo, para orientar a execução e o

planejamento das atividades, será apresentada uma definição de parábola.

Parábola : derivada do grego par abole (narrativa curta). É uma narração alegórica que se utiliza de situações e pessoas para comparar a ficção com a realidade e através dessa comparação transmitir uma lição de sabedoria (a moral da história). - A parábola transmite uma lição ética através de uma prosa metafórica, de uma linguagem simbólica. - Diferencia-se da fábula e do apólogo, por ser protagonizada por seres humanos. Gênero muito comum na Bíblia: as parábolas de Jesus.

Será explicado que a parábola é um tipo de narrativa em que se busca

ensinar alguma coisa (uma verdade). Como atividade complementar os alunos

pesquisarão o significado no dicionário.

Na sequência, o professor explicará que esse gênero consiste de uma

narrativa (uma manifestação literária). Esse tipo de texto procura mostrar o

desenvolvimento de uma ação no tempo e no espaço por meio da movimentação de

personagens, conjunto este, transmitido ao leitor por um narrador que adota um

determinado ponto de vista (foco narrativo).

Após as explicações e discussões, outras considerações serão adicionadas,

com a intenção de trabalhar os conhecimentos prévios dos alunos. As inferências

construídas são resultados da integração dos conhecimentos prévios do leitor,

relativos ao assunto do texto, com as informações que o texto apresenta. Portanto,

durante a leitura, os alunos serão levados a observar as possibilidades elencadas

através das inferências que serão feitas com a antecipação da leitura, comprovando-

as ou descartando-as.

Vamos ler uma história sobre “A Verdade e a Parábola”. • O que você entende sobre esse título? • O que é a “verdade” para você? • O que você entende por “verdade”? • O que será que este texto falará sobre “ a verdade”? • Será uma história sobre “ a verdade”? • O que você considera o oposto “ da verdade”? O texto que vamos ler é uma parábola. • Você sabe o que é uma parábola? • Já ouviu esta palavra antes? Onde?

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• Lembra-se de alguma?

Após as discussões iniciais, o professor contará a história intitulada “A

Verdade e a Parábola”.

A Verdade e a Parábola Um dia, a Verdade decidiu visitar os homens, sem roupa e sem adornos, tão nua como seu

próprio nome. E todos que a viam lhe viravam as costas de vergonha ou de medo, e ninguém lhe dava as

boas-vindas. Assim, a Verdade percorria os confins da Terra, criticada, rejeitada e desprezada. Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou a Parábola, que passeava alegremente, trajando um belo vestido e muito elegante.

— Verdade, por que você está tão abatida? — perguntou a Parábola. — Porque devo ser muito feia e antipática, já que os homens me evitam tanto! —

respondeu para a amargurada Parábola. — Que disparate! — Sorriu a Parábola. — Não é por isso que os homens evitam você.

Tome. Vista algumas das minhas roupas e veja o que acontece. Então, a Verdade pôs algumas das lindas vestes da Parábola, e, de repente, por toda parte

onde passava era bem-vinda e festejada. Moral da História : Os seres humanos não gostam de encarar a Verdade sem adornos.

Eles preferem-na disfarçada.

Fonte: Disponível em: http://mensagenstododia.blogspot.com

Na sequência serão feitos alguns questionamentos e discussões sobre a

história contada, tais como:

• Quais os personagens da história? Qual foi a reação dos homens quando viram a Verdade? • Que sentimentos a Verdade teve por causa da reação dos homens? • Como estava vestida a Parábola? • Qual foi o conselho que a Parábola deu para a Verdade? • Depois que a Parábola emprestou suas vestes para a Verdade, como os homens reagiam à

presença da Verdade?

O professor observará se os alunos compreenderam os aspectos factuais

da história, para passar à interpretação de informações implícitas no texto.

Os alunos serão levados a perceber que, para a compreensão do

significado da história, não basta identificar os seus personagens e suas ações, pois

é necessário inferir outras informações. Assim sendo, os alunos serão indagados

sobre:

• Vocês sabem qual a Parábola a que se refere o texto? • Vocês já ouviram a palavra parábola em outro contexto? • O que vocês entenderam da moral da história?

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Após as discussões orais, os alunos (em duplas) responderão as mesmas

questões por escrito, compartilhando as ideias com os colegas. O professor

contribuirá com as discussões auxiliando os alunos a explorar algumas metáforas

utilizadas no texto, como as roupas e adornos, e a reação das pessoas às

personagens.

3.2 UNIDADE 2- LEITURA E COMPREENSÃO ORAL DE

O professor distribuirá uma cópia do texto da parábola “Retratar a Paz” aos

alunos, convidando-os a fazer uma leitura silenciosa. Terminada a leitura silenciosa,

chamará a atenção dos alunos para acompanharem a leitura, que fará em voz alta.

Retratar a Paz Um rei queria adquirir para o seu palácio um quadro que representasse a paz. Para isso,

convocou artistas de diversas partes do mundo e lançou um concurso por meio do qual seria escolhido o tal quadro e premiado o seu autor.

Logo começaram a chegar ao palácio quadros de todo tipo. Uns retratavam a paz através de lindas paisagens com jardins, praias e florestas; outros a representavam através de arco-íris, alvoradas e crepúsculos.

O rei analisou todos os quadros e parou diante de um que retratava uma forte tempestade com nuvens pesadas, redemoinhos de ventos e uma árvore arqueada abrigando, dentro de seu tronco, um pássaro que dormia tranquilamente.

Diante de todos os participantes do concurso, o rei declarou aquele quadro da tempestade o vencedor do concurso. Todos ficaram surpresos, e alguém protestou dizendo: - Mas... Majestade! Esse quadro parece ser o único que não retrata a paz! Nesse momento o rei respondeu com toda a convicção: - O pássaro dorme tranquilamente dentro do tronco, apesar da tempestade lá fora. Esta é a maior paz que se pode ter: a paz interior.

Moral da história : Paz não é a ausência de agitação no ambiente em que vivemos, mas o estado de tranquilidade interior que cultivamos diante das tempestades da vida.

Após a leitura do texto pelo professor, este, provocará e mediará a discussão

com os alunos, oferecendo oportunidades para que os alunos se manifestem. Nesse

primeiro momento, as atividades durante a leitura serão realizadas apenas

oralmente.

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A partir disso, os alunos (em duplas), sempre com a mediação do professor,

localizarão informações explícitas no texto, levantarão hipóteses, farão inferências

extrapolando o texto.

Localizando informações no texto • Do que fala o texto? • Para que o rei promoveu o concurso? • Quais os tipos de quadros que mais apareceram no concurso? • Como era o quadro escolhido pelo rei? • Por que alguns protestaram com a escolha do rei? • Como os autores definem paz ao final do texto? Levantando e checando hipóteses • O texto confirmou as nossas hipóteses sobre o retrato da paz? Comente. • A paz descrita no texto é como nós pensávamos? O que é diferente? • É possível, entender a paz da maneira apresentada nessa parábola? Explique. • Como você define a paz? Depois da leitura do texto, mantemos a mesma definição de • antes de lê-lo? Inferindo e extrapolando o texto. • Você já participou de algum concurso? Em que ele se pareceu com o do texto? • Você já visitou um palácio ou já viu um pela televisão? Como era? • E um rei ou rainha, você conhece algum da televisão, revista ou jornais? Quem? São da

ficção ou da realidade?

O professor explicará ou se necessário, retomará o significado do que seja

ficção (simulação, criação da imaginação, o que é ilusório), pois apesar de lidar com

textos verbais, visuais e audiovisuais, fictícios no cotidiano, pode ser que alguns

alunos não consigam diferenciá-los do que é real.

Na sequência, os alunos serão indagados a respeito de:

• Quais situações da vida você considera tempestuosas? • No texto, há palavras que você desconhece o significado? • Quais?

A seguir os alunos representarão por meio de um desenho, como eles

entendem a Paz. Cada aluno socializará o seu desenho com os colegas e com o

professor, expondo-os no mural da escola para apresentação à comunidade escolar.

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Como vejo a paz...

3.3 UNIDADE 3- LEITURA, ESCRITA E COMPREENSÃO DE TEXTO

O professor iniciará as atividades apresentando a parábola “A Vaca no

Precipício”. Ao trabalhar o texto, o professor estará atento a três pontos principais:

motivação para a leitura, ativação dos conhecimentos prévios e antecipação de

previsões e perguntas sobre o assunto.

O professor chamará a atenção dos alunos para ouvirem a história contada.

Depois de contá-la, o professor distribuirá o texto aos alunos, convidando-os a

acompanharem a leitura que ele fará em voz alta.

A Vaca no Precipício

Um mestre passeava por uma floresta com seu fiel discípulo, quando avistou ao longe um sítio de aparência pobre e resolveu fazer-lhe uma breve visita. Durante o percurso, ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas e as oportunidades de aprendizado que temos, também, com as pessoas que mal conhecemos.

Chegando ao sítio, constatou a pobreza do lugar, sem calçamento, casa de madeira, os moradores – um casal e três filhos – vestidos com roupas rasgadas e sujas. Então, aproximou-se do senhor e perguntou-lhe:

– Neste lugar, não há sinais de pontos de comércio e de trabalho. Como a sua família sobrevive aqui?

O senhor respondeu: – Nós temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite. Uma parte do produto nós

vendemos ou trocamos na cidade vizinha por comida e a outra, produzimos queijo e coalhada para o nosso consumo, e assim vamos sobrevivendo. O sábio agradeceu, despediu-se e foi embora.

No meio do caminho, voltou-se ao seu discípulo e ordenou-lhe: – Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali na frente e jogue-a. O jovem arregalou os olhos e questionou o mestre sobre o fato de a vaquinha ser o único

meio de sobrevivência daquela família; mas, como percebeu o silêncio do seu mestre, cumpriu a ordem: empurrou a vaquinha morro abaixo e a viu morrer. Anos depois, ele resolveu largar tudo e voltar àquele lugar, pedir perdão e ajudar a família.

Quando se aproximou do local, avistou um sítio bonito, com árvores floridas, carro na garagem e crianças brincando no jardim. Ficou desesperado, imaginando que a família tivera de vender o sítio para sobreviver. Chegando lá, foi recebido por um caseiro simpático, a quem perguntou sobre as pessoas que ali moravam. Ele respondeu:

– Continuam aqui. Espantado, entrou correndo casa adentro e viu que era mesmo a família que visitara antes,

com o mestre. Elogiou o local e perguntou ao senhor (o dono da vaquinha): – Como o senhor melhorou o lugar e agora está bem?

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O senhor, entusiasmado, respondeu: – Nós tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu. Daí em diante, tivemos de

fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos e, assim, alcançamos o sucesso que seus olhos vislumbram agora.

Moral da História : Muitas vezes temos que nos desvencilhar do que estamos habituados para podermos conhecer nossas verdadeiras habilidades.

Fonte: Disponível em: http://gambare.uol.com.br/2007/04/11/a-vaca-no-precipicio/

Após a leitura do professor, será solicitada a leitura dos alunos, dividindo o

texto em parágrafos. As atividades propostas a seguir serão feitas oralmente.

• O que o texto lido sugere? • Será possível encontrar uma maneira correta de agir? • Como é agir corretamente? Dê exemplos. • Será que este texto fala de como devemos agir ou de alguém que agiu corretamente

ou errado?

Depois do diálogo, considerando as provocações propostas, caso haja

necessidade, o professor retornará ao conceito e significado de parábola. O

professor trabalhará o texto oralmente, descobrindo juntamente com os alunos o que

aparece nas entrelinhas, intermediando as relações e principais dificuldades

encontradas, formulando as questões de forma a ampliar o conhecimento,

permitindo que eles levantem hipóteses e questionamentos.

A seguir, os alunos (em duplas) farão a análise textual (descrição), com

registros escritos. Na oportunidade, o professor lembrará aos alunos, que a

descrição é um tipo de texto que pode estar presente em diferentes gêneros textuais

(contos, fábulas, romances, lendas, crônicas, cartas, outros).

A expressão “tipo textual” é utilizada para indicar uma qualidade de

sequência, teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição. São

categorias conhecidas como narração, argumentação, exposição, descrição e

injunção.

Análise textual A parábola apresenta uma breve descrição, De quê? Copie no espaço abaixo a moral da história com a análise textual da moral representada no texto. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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3.4 UNIDADE 4- LEITURA E DEBATES

Nessa Unidade será proposta a leitura da parábola intitulada “O Sábio

Samurai”, para posterior debate com a classe. Após a leitura do texto, a turma será

dividida em dois grupos, para a análise da atitude do velho samurai. Um grupo

defenderá a atitude do samurai e o outro deverá se posicionar contrariamente.

O Sábio Samurai

Perto de Tóquio, vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar Zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde, um guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos, apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação. Esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para observar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo e aumentar sua fama.

Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho e sábio samurai aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade. Lá, o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos que conhecia, ofendendo, inclusive, seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho sábio permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro desistiu e retirou-se.

Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado tantos insultos e tantas provocações, os alunos perguntaram: — Como o senhor pôde suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que poderia perder a luta, ao invés de se mostrar covarde e medroso diante de todos nós?

Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? — perguntou o Samurai.

A quem tentou entregá-lo — respondeu um dos discípulos. O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos — disse o mestre. — Quando não são

aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo. Moral da História : A sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não

podem lhe tirar a serenidade, só se você permitir! Fonte: http://www.portaldomarketing.com.br/Parabolas/Parabola_O_Sabio_Samurai.htm.

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As posições favoráveis e contrárias serão anotadas em uma ficha para

posterior debate em sala, conforme modelo.

FAVORÁVEIS AO SAMURAI CONTRÁRIAS AO SAMURAI

A partir da leitura, será dado um tempo para que sejam discutidos os

argumentos de cada um dos grupos, com os registros na ficha. O professor auxiliará

todo o processo, mediando os conhecimentos dos alunos.

O professor será o responsável pelo debate, observando a clareza dos

argumentos utilizados. Os grupos serão alertados sobre a importância de ficarem

atentos aos argumentos apresentados pelo outro grupo, tentando sempre que

possível, no decorrer do debate, refutar as idéias contrárias às que defendem. Ao

final do debate será construído um texto coletivo sobre a moral da história

analisada.

3.5 UNIDADE 5- LENDO E PESQUISANDO PARÁBOLAS

Nessa unidade, os alunos farão pesquisas no laboratório de informática da

escola sobre algumas parábolas. Será sugerido a criação de um blog ou facebook

para postagem e troca de parábolas. Para efetivar o trabalho com as parábolas

pesquisadas, serão propostas algumas questões reflexivas. As questões descritas a

seguir contribuirão para o interesse da pesquisa e da leitura.

• Para que vou pesquisar? • O que vou pesquisar? Qual o objetivo dessa pesquisa? . Qual a importância da pesquisa?

Ao trabalhar com as parábolas resultantes da pesquisa realizada pelos

alunos, o docente trabalhará com diferentes estratégias, em diferentes situações,

como leitura oral, coletiva, compartilhada, cruzada, individual e silenciosa, com a

intenção de levar os alunos a interagir com as os textos pesquisados.

Considerar-se-ão que os objetivos dos leitores em relação a um mesmo texto

podem ser variados. Assim, se a leitura é feita para dela se abstrair informações, é

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preciso utilizar estratégias significativas, sem as quais, o objetivo não será

alcançado.

Posteriormente, professor e alunos refletirão oralmente sobre a expectativa

em relação ao gênero parábolas, sendo a atividade subsidiada pela explicação do

professor:

• Você já sabe o que é uma parábola? • Que elementos encontram-se em uma parábola? (Cenário, personagens, situação do

dia-a-dia, ação, resolução, ensinamento). • Para ser uma parábola, o que não pode faltar no texto? (situação do cotidiano,

ensinamento ou idéia). • Em que tipo de texto aparecem as parábolas? (Em geral em narrativas) • Você gosta ou gostou de ler parábolas? Por quê? • O que você gosta de ler? • E de ouvir histórias, você gosta? • Alguém de sua família conhece ou já lhe contou uma parábola?

As parábolas pesquisadas serão apresentadas no mural da escola. Cada

aluno ilustrará a moral por meio de um desenho.

3.6 UNIDADE 6- PRODUZINDO PARÁBOLAS

Nessa Unidade, considerando que os alunos já terão conhecimento sobre a

estrutura de uma parábola, eles serão estimulados a desenvolver a própria parábola.

Essa atividade será desenvolvida em duplas. Para tal, serão apresentados

vários ditados populares para os alunos. A partir de um ditado popular, os grupos

escreverão uma parábola. O ditado popular será a “moral da história”. Algumas

sugestões de ditados populares a serem utilizados:

A mentira tem perna curta. Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

A união faz a força. Quem tudo quer tudo perde etc. Temos duas orelhas e uma só boca, justamente para escutar mais e falar menos. Pouco se aprende com a vitória, mas muito com a derrota. Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o silêncio. Vale mais a pena ser um sábio calado do que um papagaio mal informado. Cem homens podem formar um acampamento, mas é preciso de uma mulher para se formar

um lar. Falem bem, falem mal, mas falem de mim. Sorria para a vida! Ela também lhe sorrirá. A fortuna bate sempre à porta de quem sorri. Um coração alegre faz tão bem quanto os remédios. Sofre muito menos, quem aprende à custa dos erros alheios. A palavra vale prata. O silêncio vale ouro.

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Quem não vive para servir, não serve para viver. Se você cair 7 vezes, levante-te 8. Tu és senhor do teu silêncio e dono da tua palavra. Amanhã é sempre o dia mais ocupado da semana. Nem tudo que reluz é ouro. Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier. Quem espera por sapatos de defunto toda vida anda descalço. A verdade é um espelho que caiu das mãos de Deus e se quebrou. Cada um recolhe o

pedaço e diz que toda a verdade está naquele caco. Só percebemos o valor da água depois que a fonte seca. Prepara-te para o que quiseres ser. Se te sentares no caminho, senta-te de frente… Embora tenhas de ficar de costas para o que

já percorreste. Duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar, e falar quando é preciso calar-

se. Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado. Eu que me queixava de não ter sapatos, encontrei um homem que não tinha pés. Nunca é tão fácil perder-se como quando se julga conhecer o caminho. Quem sabe faz, quem não sabe ensina. Deus dá asas para quem não sabe voar. Se o que os olhos não veem, o coração não sente, então porque dizem que o amor é cego?

O professor fará a leitura dos ditados populares e os alunos escolherão (em

duplas) um dos exemplos. Antecedendo a realização da escrita e reescrita dos

textos haverá uma abordagem processual, em que as etapas interrelacionadas

como proposição, planejamento, execução, revisão e reescrita serão consideradas.

• Na proposição e planejamento, os alunos serão orientados sobre aspectos imprescindíveis determinantes do texto, como seu objetivo, linguagem adequada ao gênero, o leitor, suporte (s) de veiculação, a abordagem dos fatos serão sob a visão crítica ou subjetiva do cronista-escritor, tempo cronológico, número de personagens, etc., Far-se-á então o levantamento, a seleção e a organização das ideias, através de um roteiro que incluirá: tema, personagens, foco narrativo, tempo, espaço, etc. • Execução: a produção, propriamente dita, ainda que em caráter provisório. O trabalho só será considerado concluído após a revisão, pois os alunos farão a 1ª versão das parábolas que serão avaliadas quanto à adequação ao gênero textual, à organização da narrativa ( se possui coerência e coesão) e quanto à linguagem (clareza, vocabulário, estilo e desempenho gramatical). • Revisão- o professor mediará o processo assiduamente como leitor-revisor da produção dos alunos. Contribuirá com sugestões, críticas, elogios. Será um parceiro sempre presente na elaboração do processo de escrita. • Reescrita, última etapa. Versão final. Os alunos receberão os textos revisados e procurarão atender as interferências feitas pelo professor. • Publicação – far-se-á a publicação impressa (xérox) das mesmas que circularão no ambiente escolar.

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Após a produção e revisão dos textos pelo professor, cada grupo fará a leitura

do que escreveram para os outros grupos, sem falar qual o ditado que deu base ao

texto. Na sequência, os colegas tentarão adivinhar qual a moral da história. Nesse

processo, será possível perceber se os alunos compreenderam a função do gênero

textual parábola, assim como, se perceberam a relação entre a narrativa e o

ensinamento moral.

Essa atividade funcionará como um momento de sistematização da proposta

e, por meia dela, o professor poderá perceber se os alunos atingiram os objetivos

estabelecidos. Ele poderá ler as parábolas produzidas para verificar possíveis

inadequações, reforçando sempre, os possíveis aspectos necessários para uma

melhor compreensão. Além disso, durante todas as aulas, o professor estará sempre

atento ao envolvimento e à participação dos alunos e às suas prováveis dúvidas.

Será solicitado aos grupos, que leiam as histórias que receberam. Em

seguida, farão a encenação para os colegas do que se trata a narrativa. Para isso, e

precisarão definir quem são os personagens, compreender a história que está sendo

contada, com ênfase nos diferentes eventos que acontecem. Caso seja necessário,

eles escolherão um narrador para fazer a leitura de certas partes da história, a fim

de facilitar o entendimento dos colegas.

Nesse sentido, as atividades com a leitura e a escrita aqui apresentadas

poderão contribuir para a formação do aluno leitor/escritor, auxiliando-o a descobrir,

re-descobrir, criar e fazer transitar significados, combinando seu conhecimento de

mundo com as novas informações advindas da sociedade do conhecimento.

Conforme Zilberman (1999) trabalhar com a leitura na escola não consiste

simplesmente ensinar os alunos a decifrar códigos, mas auxiliá-los a compreender

que, por trás das letras há significados, e que a linguagem deve ser utilizada para

melhorar a vida e se desenvolver.

A leitura, enquanto formação tem a ver com aquilo que faz o indivíduo ser o

que é. Isso implica pensá-la como um tipo particular de relação, a hermenêutica de

produção de sentido. Uma pessoa que não é capaz de se pôr à escuta, dificultará o

alcance do seu potencial de formação e de transformação.

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REFERÊNCIAS

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