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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A UTILIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA
EQUOTERAPIA EM PACIENTES COM TRAUMATISMO
RAQUIMEDULAR LOMBAR COMPLETA.
Por Aline Bicaco Nogueira
Orientador
Prof. Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2007
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A UTILIZAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA
EQUOTERAPIA EM PACIENTES COM TRAUMATISMO
RAQUIMEDULAR LOMBAR COMPLETA.
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicomotricidade, sob orientação do Prof.
Vilson Sérgio de Carvalho.
AGRADECIMENTOS
A DEUS!
Nós te agradecemos:
Pela coragem de facear as dificuldades criadas
por nós mesmos;
Pelas provas que nos aperfeiçoam o raciocínio
e nos abranda o coração;
Pela fé na imortalidade;
Pelo privilégio de servir;
Pelo dom de saber que somos responsáveis
pelas próprias ações;
Pelo discernimento que nos permite diferenciar
aquilo que nos e útil daquilo que não nos serve;
Pela benção da oração que nos faculta apoio
interior para solução de nossos problemas;
Pela tranqüilidade de consciência que ninguém
nos pode subtrair...
Por tudo isso, e por todos os demais tesouros
de esperança e amor, alegria e paz de que nos
enriquece a existência.
(EMMANUEL)
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais, aos
meus familiares, aos meus amigos
e a todos que direta ou
indiretamente contribuíram para
esta conquista.
Aline Bicaco Nogueira
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo verificar as atividades psicomotoras de um programa de equoterapia adequado para portadores de lesão raquimedular completa, que irão estimular a melhora do controle motor relativo aos seguintes itens: coordenação, força e mobilidade, dentre outros conceitos psicomotores. Para isto, foi realizado um estudo teórico. Os movimentos rítmicos, precisos e tridimencional do cavalo, que ao caminhar se desloca para frente/trás, para os lados e para cima/baixo, pode ser comparado com a ação da pelve humana ao andar, permitindo a todo instante entradas sensoriais em forma de propriocepção profunda, estimulação vestibular, olfativa, visual e auditiva. Esta técnica tem como objetivo proporcionar ao praticante o desenvolvimento de suas potencialidades, respeitando seus limites e visando sua integração com a sociedade, proporcionando benefícios físicos, psicológicos, educativos e sociais.
METODOLOGIA
Este trabalho destina-se a pesquisar a importância da
psicomotricidade na equoterapia para pacientes com traumatismo
raquimedula lombar completa, com bases em pesquisas bibliográficas,
tendo como principais obras: (ALVES, 2007; ALMEIDA,2007;CIRILLO et
al., 2001; LERMONTOV, 2004; MEDEIROS E DIAS, 2001).e webgrafias
(FILHO, 2007, MORAES,2006, PONTES, 2007).
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPITULO I
CONSIDERAÇÕES SOBRE TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR
09
CAPÍTULO II
EQUOTERAPIA 14
CAPITULO III
PSICOMOTRICIDADE 21
CAPITULO IV
TRATAMENTO 30
CONCLUSÃO 35
ÍNDICE 40
INTRODUÇÃO
O presente trabalho destina-se a cumprir a obrigatoriedade
acadêmica como exigência a concluir do curso de Psicomotricidade, tem
a intenção de pesquisar as últimas tendências no que se refere ao tema:
A Utilização da Psicomotricidade na Equoterapia em Pacientes com
Traumatismo Raquimedular Lombar Completa.
Percebemos que há uma evolução no pensamento científico no
que diz respeito à qualidade de vida, o incentivo a praticas consideradas
saudáveis, as intensas campanhas contra substancias nocivas à saúde e
outras medidas.
Dentro desse quadro o indivíduo portador de deficiência física ou
mental era considerado um problema á parte, tratado como inclusividade
e muitas vezes, relegados a segundo plano dentro da prioridade médica.
Nesse inicio de século, observamos um mudança de atitude social
em relação a diversas patologias, muito ainda falta para que preconceitos
sejam descontruidos e possa se trabalhar efetivamente na inserção social
da individuo portador de deficiência física ou mental, respeitando seu
limite individual, e assim elevando sua auto-estima e contribuindo para
que se torne um ser social produtivo.
CAPÍTULO I
CONSIDERAÇÕES SOBRE TRAUMATISMO
RAQUIMEDULAR
1.1 Apresentação
As dificuldades de tratamento dos pacientes com traumatismos
raquimedulares já são conhecidas há muito tempo e, até há cerca de uma
década, o conceito estabelecido há mais de 4.000 anos encontrado no
papiro egípcio pelo pesquisador Edwin Smith como “uma lesão para não ser
tratada” ainda era considerado por muitos setores da medicina como
verdadeiro.
No início do século XX, encontramos outra referência sobre pacientes
com lesões da medula espinhal durante a Primeira Guerra Mundial. Cushing,
cirurgião militar da época, relata que 80% dos pacientes vítimas de
traumatismo raquimedular faleceram durante as primeiras duas semanas
após a lesão.
Por ocasião da Segunda Guerra Mundial começou a se vislumbrar
uma mudança na forma de tratar estes pacientes. O desenvolvimento do
conceito de centros especializados no tratamento das vítimas de lesão
medular foi introduzido por Guttmann com o Centro de Stoke Mandeville, em
Aylesbury, na Inglaterra.
“A idéia de centros especializados, com participação
multiprofissional e multidisciplinar, passou a ser adotada
em várias partes do mundo, levando à diminuição da
mortalidade destes pacientes e progressivamente a um
melhor conhecimento de toda a gama de alterações
decorrentes da lesão medular. Uma nova era se iniciou
no tratamento do traumatismo raquimedular e alguns
profissionais da área médica passaram e se dedicar
exclusivamente a esta esfera de atividade. (FILHO, 2000,
p, 1).
A lesão da medula espinhal é uma grave síndrome incapacitante,
com alterações neurológicas significante. Pode ocorrer em qualquer parte
da medula – cervical, orácica ou lombar. Uma força mecânica aplicada
diretamente ou indiretamente sobre a coluna vertebral: súbitos
movimentos envolvendo flexão, hiperextensão, compressão vertebral ou
rotação da coluna, ocasionando luxações das articulações das fascetas,
fraturas de corpos vertebrais, herniação, fragmentação óssea ou até
mesmo desvio do alinhamento vertebral, estes tipos de lesões podem
estender-se a medula causando qualquer tipo de dano à mesma.
“A lesão medular caracteriza-se por distúrbios
neurovegetativos dos segmentos corporais localizados
abaixo da lesão, por alterações da motricidade, da
sensibilidade superficial e profunda; e a incapacidade
pode ser temporária ou permanente, dependendo da
causa e da extensão do dano”. (THOMSON,
SKINNER, PIERCY, 1994 p. 38)
Tanto no Brasil como no exterior, a lesão medular traumática, tem
sido considerada um problema de saúde pública. Sabe-se da
preocupação dos especialistas na área com o contingente alarmante de
lesados medulares nos últimos tempos, e, diante disso, tais especialistas
têm direcionado e mesmo divulgado suas pesquisas para o aspecto
preventivo do trauma raquimedular (TRM).
A incidência de lesão da medula espinhal vem aumentando de
maneira significativa nos últimos 20 anos. No Brasil, embora não haja
dados epidemiológicos nacionais organizados, reconhece-se que a
incidência é maior principalmente nos grandes centros urbanos.
A lesão da medula espinhal acomete pessoas jovens,
predominantemente, na faixa etária entre 18 e 30 anos e do sexo
masculino (5 homens para 1 mulher), sendo a principal etiologia, a
traumática. (MANCUSSI E FARO, 2005).
O TRM pode ser ocasionado por acidentes automobilísticos ou de
trânsito, ferimentos por arma de fogo (FAF), quedas de altura e mergulho
em águas rasas, lesões inflamatórias, condições degenerativas da coluna
vertebral, condições degenerativas da medula espinhal, anormalidades
evolucionais, neoplasmas, dentre outros.
As lesões da medula espinhal são causas mais comuns de
paraplegia e tetraplegia, responsáveis por aproximadamente 70% dos
casos. (Id, 2005).
1.2 Considerações Anatômicas
A coluna vertebral é formada por 33 a 34 vértebras (07 cervicais, 12
torácicas, 05 lombares, 05sacrais e 04 ou 05 coccígeas). O forame ou
conduto vertebral é formado pela parede posterior do corpo vertebral, e a
superposição dos vários forames vertebrais forma o canal raquídeo, que
aloja e protege a medula espinhal.
A medula espinhal está dividida em segmentos, e as raízes nervosas
que emergem da medula ao nível de cada segmento são designadas por
algarismos que se referem ao nível de sua saída. Trinta e um pares de
nervos espinhais originam-se da medula espinhal (08 cervicais, 12 torácicos,
05 lombares, 05 sacrais e 01coccígeo). (SIZINHO e XAVIER, 2003).
Cada raiz nervosa recebe informações sensitivas de áreas da pele
denominadas dermátomos, e, similarmente, cada raiz nervosa inervam
um grupo de músculos denominado miótomos.
A medula espinhal é um grande conduto de impulsos nervosos
sensitivos e motores entre o cérebro e as demais regiões do corpo. Ela
possui tratos orientados longitudinalmente (substância branca)
circundando áreas centrais (substância cinzenta), onde a maioria dos
corpos celulares dos neurônios espinhais estão localizados. Ao corte
transversal, a substância cinzenta apresenta a forma de H e pode ser
subdividida em corno anterior, lateral e posterior. No corno anterior estão
localizados os corpos celulares dos neurônios motores e visceromotores
(aferentes): no corno posterior, os neurônios sensitivos (eferente): e no
corno lateral os neurônios do sistema simpáticos. As fibras motoras
oriundas do corpo anterior juntam-se as fibras sensitivas do corno
posterior para formar o nervo espinha. (Id, 2003).
1.3 Fisiopatologia
A transferência de energia cinética para a medula espinhal, o
rompimento dos axônios, a lesão das células nervosas e a ruptura dos
vasos sangüíneos causam a lesão primária da lesão espinhal e o estágio
agudo da lesão (até oito horas após o trauma), ocorrendo hemorragia e
necrose da substância cinzenta, seguidas de edema e hemorragia.
Formam-se petéquias hemorrágicas na substância cinzenta, logo no
primeiro minuto da lesão raquimedular (LME), que se aglutinam dentro da
primeira hora, resultando na necrose central hemorrágica, que pode
estender-se para substância branca nas quatro a oito horas seguintes,
como conseqüência de uma redução geral do fluxo sangüíneo no local da
lesão. A seguir, células inflamatórias migram para o local da lesão,
acompanhada de proliferação de células da glia, e, no período de uma a
quatro semanas, ocorre à formação de tecidos cicatricial e de cistos no
interior da medula espinha. (Id, 2003).
A redução do fluxo sangüíneo para o segmento lesado da medula
espinhal pode ainda ser ocasionado por alterações do canal vertebral,
hemorragia, edema ou redução da pressão sistêmica que conduzem a
lesão adicional, denominada lesão secundária. Essa redução do fluxo
sangüíneo pode provocar a morte das células e dos axônios que não
foram inicialmente lesados.
CAPÍTULO II
EQUOTERPIA
2.1 Histórico
Registros antigos relatam que o cavalo serviu e serve à
humanidade. Na relação dele com o ser humano e no uso dele estão
incluídos uma fonte de trabalho agrícola, passeios e esportes, amizade e
guerra. A entrada dele no campo da reabilitação está profundamente
enraizado na história.
“A mitologia em seus primeiros relatos conta que o
cavalo foi usado como um agente curativo, e os
escritores médicos começaram a fazer comentários
favoráveis sobre o emprego dele no tratamento de
doenças do homem como forma de terapia; já em
325Ac quando Hipócrates utilizou-se do cavalo para
"regenerar a saúde" de seus pacientes”. (CIRILLO, et
al 2001, p.8)
A atenção foi dirigida no mundo inteiro para o valor da equitação
pra reabilitação, quando em 1952, Liz Hartel, uma vítima da epidemia de
poliomielite, ganhou uma medalha de prata em adestramento, em
Helsinki, nos jogos olímpicos. Em 1953, a associação de equitação
Terapêutica para Inválidos foi fundada na Inglaterra. A partir disto o
movimento começou a se espalhar. Na América do Norte, Josep Bauer e
Dr. Renaud começaram um programa em Toronto Canadá,
aproximadamente em 1965/1966. No Estados Unidos, Maudie Hanter-
Wart Field estabeleceram um Centro de Equitação Terapêutica para
tornar o deficiente mais feliz, em 1967,em 1969 Lida Mccowan criou
NARHA (Associação Americana de Hipoterapia para Deficientes), no
Estados Unidos. O Cheff Center para deficientes também foi criado em
1969 e é considerado o incentivador e facilitador maior na construção
mundial da Equoterapia. (CIRILLO, 2001 et al, MEDEIROS,DIAS, 2002).
No Brasil,um grupo de abnegados oficiais de Cavalaria do Exército,
liderados pelos General Ary Carracho Horne e pelo Coronel Lélio de
Castro Cirillo,em 1989 foi criada a ANDE-Brasil (Associação Nacional de
Equoterapia) sediada em Brasília/DF. Desde então o tratamento tomou
maior impulso, mas somente nos últimos seis anos é que se pode notar o
verdadeiro crescimento desta modalidade terapêutica, haja visto o
número crescente de centros de equoterapia em todo território nacional.
(MEDEIROS, DIAS, 2002)
2.2 O Programa de Equoterapia
“A equoterapia é um método terapêutico e educacional
que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem
interdiciplinar, nas áreas de saúde, educação e
equitação, buscando o desenvolvimento
biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência
ou de necessidades especiais”. (CIRILLO,at al 2001,
LERMONTOV, 2004 p., 40).
A equoterapia emprega o cavalo, com técnicas de equitação e
atividades eqüestre, para proporcionar, ao praticante, benefícios físicos,
psicológicos, educativos e sociais.
Esta atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo,
assim para o desenvolvimento da força (tônus) muscular, relaxamento,
conscientização do corpo, aperfeiçoamento da coordenação motora e
equilíbrio. A integração com o cavalo, incluindo os contatos, os cuidados
preliminares, o ato de montar e o manuseio final, desenvolve, novas
formas de socialização, auto-confiança e auto-estima.
A equoterapia divide-se em três programas básicos: Hipoterapia,
Educação – Reeducação e Pré-esportivos.
A hipoterapia é um programa que visa essencialmente à área de
reabilitação, que neste caso o praticante não apresenta condições físicas
e ou mental para manter-se sozinho no cavalo. O cavalo é usado
principalmente como instrumento cinesioterapêutico.
Na educação/reeducação o programa visa a área reabilitativa e
educativa, neste caso o praticante apresenta condições de exercer
alguma atuação sobre o cavalo e até conduzi-lo, dependendo em menor
grau do auxiliar – guia e auxiliar – lateral. O cavalo atua como instrumento
pedagógico.
O programa pré-esportivo visa áreas reabilitativas ou educativas,
onde o praticante apresenta boas condições para atuar e conduzir o
cavalo podendo participar de exercícios específicos de hipismo. O cavalo
é utilizado como instrumento de inserção social.
Todo centro de equoterapia deve ter um equipe multidisciplinar
trabalhando de forma interdisciplinar, composta por profissionais da área
da saúde, educação e equitação, dentre eles estão: fisioterapeuta,
medico, professor de educação física, pedagogo, fonoaudiólogo,
psicólogo, terapeuta ocupacional, psicomotricista, assistente social,
veterinário, equitador, dentre outros.
É importante ressaltar que ao procurar um centro de equoterapia,
todo praticante deve ter um diagnostico medico e indicação medica (o
medico fará uma avaliação clinica, com o objetivo de indicar ou contra
indicar a pratica de equoterapia). Após esta apresentação será realizada
uma avaliação com a equipe interdisciplinar, com o propósito de planejar
o atendimento equoterápico individualizado, onde será enfocado suas
maiores necessidades. A equipe estará sempre reavaliando seus
praticantes, traçando o tratamento mais adequado de acordo com sua
evolução.
2.3 O cavalo como instrumento terapêutico
A primeira manifestação quando um ser humano está a cavalo é o
ajuste tônico. Na verdade, o cavalo nunca está totalmente parado. A troca
de apoio das patas, o deslocamento da cabeça ao olhar para os lados, as
flexões da coluna, o abaixar e alongar do pescoço, etc. impõe ao
cavaleiro um ajuste no seu comportamento muscular, a fim de responder
aos desequilíbrios provocados por esses movimentos. (CIRILLO et al.,
2001).
Devemos considerar as andaduras do cavalo, que são elas:
Ç Passo – é uma andadura simétrica, marchada ou rolada,
basculante, a quatro tempos com pequeno movimento da báscula.
* Simétrica – porque as variações da coluna vertebral em relação
ao eixo longitudinal do cavalo são simétricos.
* Rolada – porque não existe suspensão, sempre terá membros em
apoio.
* Basculante – em conseqüência dos movimentos do pescoço.
* Quatro tempos – porque o elevar até o pousar de um determinado
membro ouvem-se quatro batidas distintas.
O passo é a andadura mais favorável ao estabelecimento da
linguagem convencional entre o cavalo e o cavaleiro, em virtude das
fracas reações que ela produz no assento do cavaleiro, permitindo a este
permanecer em íntima ligação com sua montaria e, portanto em
condições de dar às suas indicações o máximo de precisão, mantendo
regularidade, compasso e ritmo.
Ç Trote – é uma andadura simétrica, saltada, fixada a dois
tempos, na qual os membros de cada bípede diagonal se elevam e
pousam simultaneamente, com uma suspensão entre o pousar de cada
bípede diagonal.
* Simétrica – porque os movimentos da coluna vertebral em relação
ao eixo longitudinal do cavalo são simétricos.
* Fixada – porque os movimentos do pescoço do pescoço são
quase imperceptíveis.
* Dois tempos – porque entre o elevar de um bípede diagonal até
seu retorno ao solo ouvem-se duas batidas.
Ç Galope – é uma andadura assimétrica, saltada, muito
basculada, a três tempos.
* Assimétrica – porque não há simetria entre os movimentos da
coluna vertebral em relação ao eixo longitudinal.
* Saltada – porque existe um tempo de suspensão.
* Muito basculada – em razão dos amplos movimentos, ou membro
associada, até seu retorno ao solo ouvem-se três batidas.
O ajuste tônico, movimento automático de adaptação, torna-se
rítmico, com o deslocamento do cavalo ao passo. A adaptação ao ritmo é
uma das peças mestras da equoterapia; o passo do cavalo sendo regular
determina um ritmo que se torna para o cavaleiro um embalo. (Id, 2001)
O ritmo do cavalo ao passo se situa numa freqüência que pode
variar entre 40 e 78 batidas por minuto (passo alongado e muito curto),
que terá uma utilização terapêutica, conforme a necessidade patológica
do praticante. A freqüência do cavalo se dá em função do comprimento,
do passo, da velocidade da andadura, que pode variar em:
Transpistar – o cavalo apresenta em comprimento de passo
longo na qual sua pegada ultrapassa a pegada anterior.
Sobrepistar – cavalo possui freqüência média, onde a pegada
coincide com a pegada anterior.
Antepistar – apresenta um comprimento de passo curto em
que sua pegada antecede a marca da pegada anterior.
Cada passo completo do cavalo apresenta padrões semelhantes
aos do caminhar humano: impõe deslocamento de cintura pélvica da
ordem de 5cm nos planos vertical, horizontal, sagital e uma rotação de 8
graus para um lado e para o outro.
O cavalo, ao deslocar-se exige do cavaleiro ajustes tônicos para
adaptar seu equilíbrio a cada movimento. Cada passo do cavalo produz
de 1 a 1,25 movimentos por segundo. Em 30 minutos de trabalho, o
cavaleiro executa de 1.800 a 2.250 ajustes tônicos. Os deslocamentos da
cintura pélvica produzem vibrações nos regiões óste-articulares que são
transmitidas ao cérebro com 180 oscilações por minuto, o que já foi
apontado como sendo a mais adequada à saúde (CIRILLO et al., 2001).
“As informações proprioceptivas que promovem das
regiões articulares, musculares, periarticulares e
tendinosas provocam, na posição sentada sobre o
cavalo, novas informações, bastante diferentes das
habituais que são fornecidas à pessoa na posição em
pé, sobre os pés. Essas informações proprioceptivas
novas, determinadas pelo passo do cavalo, permitem
a criação de esquemas motores novos. Trata-se,
nesse caso, de uma técnica particularmente
interessante de reeducação neuromuscular”
(LALLERY, 1988 apud. CIRILLO, et al, 2001 p. 10).
O Ajuste tônico ritmado determina uma mobilidade ósteo-articular
que facilita um grande número de informações proprioceptivas. A
adaptação do cavaleiro ao rítmo do passo do cavalo exige contração e
descontração simultâneas dos músculos agonistas e antagonistas.
O médico alemão Samuel Theodor Quelmaz, foi o primeiro a
estudar e descrever o movimento tridimensional do dorso do cavalo. Este
movimento somado aos multidirecionais determina uma ação, produzida
pelo movimento do cavalo e o ritmo de seu passo, que tornam o cavalo
um instrumento cinesio-terapêutico. (CIRILLO et al., 2001).
“É bom lembrarmos que o esquema corporal, que é
neurológico, se estabelece pela simultaniedade das
informações proprioceptivas e exteroceptivas, e nós
constatamos a importância da multiplicação dessas
diversas informações que a equoterapia permite
aproveitar” (LALLERY, 1988 apud. CIRILLO, 2001 p. 10).
CAPÍTULO III
PSICOMOTRICIDADE
3.1 Histórico
Historicamente o termo "psicomotricidade" aparece a partir do
discurso médico, mais precisamente neurológico, quando foi necessário, no
início do século XIX, nomear as zonas do córtex cerebral situadas mais além
das regiões motoras.
É, justamente, a partir da necessidade médica de encontrar uma área
que explique certos fenômenos clínicos que se nomeia, pela primeira vez, a
palavra PSICOMOTRICIDADE, no ano de 1870.
No século XIX, com a dimensão da neurofisiologia, começa a se
desenvolver novos estudos sobre o corpo, levando em consideração a
possibilidade de identificar transtornos graves sem que pudesse ser
constatada uma lesão cerebral localizada (1861 - Broca descobre a lesão
localizada da afasia - ausência de fala).
Em 1906, Sherrington referiu a ação integradora do sistema nervoso,
de seu papel na regulação das condutas de um organismo em interação com
o meio. Todo movimento tem um significado biológico. A medula espinhal é
reconhecida como capaz de analisar os estímulos e responder a eles de
modo adaptado.
Em 1909, Dupré (neurologista francês) rompe com os pressupostos
da correspondência entre localização neurológica e as perturbações motoras
da infância. Esse momento torna-se um marco na história da
psicomotricidade.
Dupré descreveu a síndrome da debilidade motora através de um
conjunto de distúrbios relacionados à motricidade: tiques, cincinesias e
paratonias.
- debilidade motora é diferente de debilidade mental;
- um sujeito pode ser torpe sem ser idiota;
- psico da psicomotricidade ganha sua origem.
Em 1925, Henri Wallon relaciona o movimento com a construção
psíquica. Relaciona afeto, emoções, meio ambiente como fatores
influenciadores no movimento, sendo esse outro marco importante para a
psicomotricidade.
Em 1935, Edouard Guilmain determina um novo método de trabalho -
a reeducação psicomotora, baseada na psiquiatria infantil e nos estudos de
Wallon. Ele cria um manual de reeducação, com exercícios para a atividade
tônica e postural, o controle motor e o exame psicomotor (coordenação,
ritmo, equilíbrio, etc).
Em 1947, Ajurriaguerra faz referência aos transtornos psicomotores
como oscilantes entre o campo da neurologia e da psiquiatria. Com isso, o
objetivo da terapia psicomotora seria modificar o tônus de base e influir na
habilidade, na posição e na rapidez do corpo (estruturação espaço-
temporal), bem como organizar o sistema corporal no seu conjunto, levando
em consideração as aferências emocionais.
Em 1960, Jean Piaget coloca a idéia de corpo como um instrumento
da inteligência. Permite, assim, desenvolver uma técnica, que parte da
vivência sensório-motora, para chegar progressivamente à percepção e à
conceituação (estruturação espaço-temporal).
Em 1970, Jean Bergés coloca que o corpo e suas desordens tem a
ver com a relação eu-outro.
Em 1972, a argentina, Dra. Dalila de Costallat, estagiária do Dr.
Ajuriaguerra e da Dra. Soubiran em Paris, é convidada a falar em Brasília às
autoridades do Ministério da Educação, sobre seus trabalhos em deficiência
mental e inicia contatos e trocas permanentes com a Dra. Antipoff no Brasil.
Em 1977, Dra. Soubiran fundou o GAE - Grupo de Atividades
Especializadas, fase inicial da divulgação da Psicomotricidade no Brasil.
Em 1979, reuniram-se 1500 pessoas para ver, ouvir e aprender com a
Dra. Soubiran e Dra. Costallat, sobre Psicomotricidade e Educação, no 1°
Encontro Nacional de Psicomotricidade em São Paulo.
Em 1975 começa a existir uma mudança na visão do campo
psicomotor com as contribuições de Lydia Coriat, Alfredo Jerusalinsky, Jean
Bergés, Samí Alí. A psicomotricidade é centrada na visão do corpo de um
sujeito desejante.
A história da Psicomotricidade no Brasil, segue os passos da escola
francesa. Os estudos de Dupré às respostas de Charcot originados das vias
instinto-emocional, a busca de crianças com dificuldades escolares,
nortearam também os cientistas sul americanos e brasileiros a encontrarem
na França, o refúgio ás suas dúvidas. Era clara e nítida a influência
marcante da Escola Francesa de Psiquiatria Infantil e da Psicologia na
época da 1ª guerra em todo mundo. O Brasil foi também invadido, ainda que
tardiamente, pelos primeiros ventos da Pedagogia e da Psicologia. Nos
países europeus, pesquisadores se organizavam em grupos de trabalho: era
preciso responder as aspirações e necessidades da sociedade industrial,
que levava as mulheres ao trabalho formal, deixando as crianças em
creches. Os franceses se conscientizavam sobre a importância do gesto e
pesquisavam profundamente os temas corporais. André Thomas e Saint-
Anné Dargassie, iniciavam suas pesquisas sobre tônus axial. A maturação,
os reflexos tônicos arcaicos do nascimento dos primeiros anos de vida,
produziram as primeiras palavras-chave da Psicomotricidade. (Instituto
Superior de Psicomotricidade e Educação, 2007).
“A psicomotricidade nasce com a história do corpo. Um
corpo que não nos é dado, mas um corpo construído e
inscrito por intermédio do desejo do outro. Já não se
apresenta como uma totalidade, mas agora se permite
descobrir-se como fração, como parte, como faltoso. Um
corpo que é moldado e dividido, e se estrutura a partir do
enodamento das instâncias real, simbólico e imaginário,
elaborado num processo contínuo que tem como aporte
primeiro, o desejo”. (PONTES, 2007, p. 1).
No início, a Psicomotricidade tinha seus estudos voltados para a
patologia. Wallon, Piaget e Ajuriaguerra tiveram a preocupação de
aprofundar esses estudos mais voltados para o campo do desenvolvimento.
Wallon se preocupou com a relação psicomotora, afeto e emoção, Piaget se
preocupou com a relação evolutiva da psicomotricidade com a inteligência e
Ajuriaguerra, que vem consolidar as bases da evolução psicomotora, voltou
sua atenção mais específica para o corpo em sua relação com o meio. Para
ele, a evolução da criança está na conscientização do seu corpo. "O corpo é
uma totalidade e uma estrutura interna fundamental para o desenvolvimento
mental, afetivo e motor da criança". São experiências e vivências corporais
que organizam a personalidade da criança. (O EDUCACIONAL, 2007)
3.2 Definições de Psicomotricidade
“É a ciência que tem como objetivo de estudo o homem
por meio do seu corpo em movimento e em relação ao
seu mundo interno e externo, bem como suas
possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com
os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao
processo de maturação, onde o corpo é a origem das
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas”
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE,
1999 apud ALMEIDA, 2006 p. 17).
Psicomotricidade é a capacidade de movimentar-se com
intencionalidade, de tal forma que o movimento pressupõe o exercício de
múltiplas funções psicológicas, memória, atenção, raciocínio, discriminação,
etc. O estudo da psicomotricidade centraliza-se nos processos de controle
do jogo de tensões e desconcentrações musculares que, em última análise
viabiliza o movimento. Esse controle é estudado na sua relação como
processos cognitivos e afetivos. (MORAIS, 2007)
Partindo de uma perspectiva eminentemente clínica, a terapia
psicomotora propõe-se a alcançar um espaço no qual seja entregue ao
sujeito à oportunidade de desenvolver as mais variadas faculdades,
competências e habilidades de expressão, viabilizando dessa forma, o
alcance aos instrumentais necessários a fim de se efetivar uma verdadeira
comunicação, consigo e com o outro, por intermédio de trocas estritamente
significativas. (PONTES, 2007)
“A Psicomotricidade consiste na unidade dinâmica das
atividades, dos gestos, das atividades, dos gestos. Das
atitudes e posturas, enquanto sistema expressivo,
realizador e representativo de “ser – em – ação” e da
“coexistencia” com outrem” (J. CHAZAUD, 1976, apud
ALVES, 2007, p.15).
O desenvolvimento psicomotor se desenrola a partir de etapas que se
refazem. Assim que nasce, a criança se vê em um mundo estranho, e
depende inteiramente de uma bagagem inata para sobreviver, isto é,
estrutura seus movimentos a partir de automatismos, baseados na lei do
efeito, experimentando, neste primeiro momento, um corpo submisso à
vontade materna. É observável um comportamento inteiramente direcionado
em função das necessidades orgânicas, e a criança estabelece um padrão
de gestos explosivos, desprovidos de coordenação, orientação e
intencionalidade, mais condizentes com crises e espasmos motores do que
com movimentos propriamente ditos. (PONTES, 2007)
Em sua prática, a psicomotricidade empenha-se em superar essa
oposição: o homem é o seu corpo - mostra-nos ela - e não o homem e seu
corpo. O homem é, antes de tudo, um ser falante e, ao denominar-se ele fala
de seu corpo: eis o que o caracteriza. Em contrapartida, seu corpo fala por
ele, até à sua revelia por vezes. (MORAIS, 2007)
A reeducação é uma forma de estimular na criança suas funções
psicomotoras. Enquanto proposta reeducativa com seu próprio corpo ,
considerando o desenvolvimento psicomotor (reflexos, coordenação,
esquema corporal, tonicidade), a estruturação espaço – temporal (tempo,
espaço, ritmo, distância) e a lateralidade. Observando a forma como o
individua utiliza-se de seu corpo considerando ser a corporeidade a instância
central de relação com o mundo, dando ênfase a esta linguagem corporal.
A psicomotricidade não foge a esta regra quando define os padrões
considerados normais para o desenvolvimento psicomotor (considerando
descrições feitas pela neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia e áreas afins),
desenvolvendo pontos de referência escalonados a partir dos quais poder-
se-ão construir todos os testes infantis e as escalas de quociente de
desenvolvimento; e, por conseguinte, avaliar e diagnosticar o atraso atual,
assim como o desenvolvimento futuro. (Coste, Jean Claude, 198 1apud
MOREIRA, 1997)
3.3 Conceitos Psicomotores
Ç Esquema corporal – é o conhecimento do corpo, estático ou
dinâmico. Indispensável para a formação da personalidade da criança.
* Copo vivido – através da exploração do meio, a criança
adquire experiência.
* Corpo percebido ou descoberto – é a organização do
esquema corporal devida a função de interiorização.
* Corpo representado – estruturação do esquema corporal, pois
já apresenta a noção do lado e das partes do seu corpo, conhece as
posições e mantém um maior controle e domínio corporal.
Ç Imagem ou esquema corporal – é o conhecimento que temos
do próprio corpo, a organização de emoções em relação ao mundo.
“Conjunto de sensações concernentes ao próprio
corpo. Imagem ou sensação que temo indivíduo
acerca de seu corpo, como resultado da soma total de
suas experiências. É o produto da percepção atitudes
e valores que ele tem acerca de seu ambiente. É a
representação mental que o indivíduo tem do próprio
corpo”. (HURTADO, 1991, apud LERMONTOV, 2004
p. 27).
Ç Coordenação global ou geral – é a capacidade necessária para
o indivíduo executar e controlar seus movimentos conscientemente.
* coordenação estática – é utilizada em repouso. Estabelece em
função do tônus e permite a conservação voluntária das atitudes.
* coordenação dinâmica – utiliza-se de vários grupamentos
musculares para realizar movimentos de diferentes graus de dificuldades.
Ç Coordenação motora – esta ligada ao desenvolvimento físico, a
integração de grupos musculares e sistema nervoso para realização de
atividades complexas.
* coordenação motora fina – é a capacidade de realizar
movimentos utilizando-se de pequenos grupos musculares, para realização
de atividades complexas.
* coordenação motora ampla – é a capacidade de realizar
movimentos utilizando-se de grandes grupos musculares.
* coordenação viso motora – utiliza-se conjuntamente a visão com
os movimentos do corpo. Para isto acontecer de forma mais adequada é
indispensável um bom desenvolvimento da coordenação geral.
*coordenação áudio motora – através de um comando verbal
(sonoro) o indivíduo é capaz de realizar os movimentos.
Ç Equilíbrio – é a capacidade de assumir e manter o controle do
corpo. Utilizando seu corpo de forma integrada.
“É um dos sentidos mais nobres do corpo humano. À
medida que lê cresce e evolui, o equilíbrio torna-se
cada vez mais fundamental e a sua base de
sustentação (seu tamanho e sua forma) indispensável
para a sua manutenção”. (ALVES, 2007, p.60)
* Equilíbrio estático – capacidade de manter-se em uma posição
durante certo tempo.
* Equilíbrio dinâmico – controle do corpo em movimento.
Ç Lateralidade – é adquirida os poucos na criança, onde terá uma
dominância lateral em direita ou esquerda, mas existe também os
ambidestro.
“A lateralidade é a manifestação de um predomínio
motor relacionada com as metades do corpo,
predomínio esse que, por sua vez, provoca a
aceleração do processo de maturação dos centros
sensórios -motores dos hemisférios cerebrais” (LE
BOUCH, 1986 apud LERMONTOV, 2004 p. 31).
Ç Estruturação espacial – é a capacidade de orientar-se diante de
um espaço físico e perceber a relação de proximidade de coisas entre si.
Ç Orientação temporal – orientar-se no tempo dos acontecimentos
passado, presente e futuro; antes e depois distinguir rápido e devagar...
Saber situar os movimentos do tempo um em relação ao outro.
* Ritmo – e a alternância entre a contração e o relaxamento e pode
ser forte ou fraco, rápido ou longo, acelerando ou diminuindo a velocidade,
súbito ou hesitante de duração diferente. É um dos conceitos mais
importantes da orientação temporal.
Ç Percepção – é a capacidade de reconhecer e compreender
estímulos recebidos.
Ç Memória – é a capacidade de fixar, registrar, recortar,
estímulos visuais, auditivos e táteis, sejam estáticos ou cinéticos.
* Memória visual – capacidade de reter, recordar com precisão,
experiências visuais anteriores.
* Memória auditiva – capacidade de reter informações captadas
auditivamente.
* memória viso motora – capacidade de reproduzir com
movimentos dos segmentos corporais.
CAPÍTULO IV
TRATAMENTO
4.1 O Programa de Tratamento
O programa de tratamento é planejado individualmente pela equipe
interdisciplinar de acordo com as necessidades específicas de cada
praticante. Na sessão, para o portador de traumatismo raquimedular lombar
completa, iremos propor atividades psicomotoras interligadas que irão
trabalhar a coordenação motora (grossa e fina), equilíbrio e mobilidade,
dentre outros conceitos psicomotores.
A cada passo do cavalo, o centro de gravidade do praticante é
alterado, exigindo ajustes tônicos para adaptar-se aos movimentos,
estimulando o equilíbrio, que vai gerar uma restauração de centro de
gravidade dentro de uma base de sustentação.
A característica mais importante da equoterapia é o que o passo
produz no cavalo e transmite ao praticante, uma série de movimentos
seqüenciados e simultâneos, que tem como resultante o movimento
tridimensional provoca um ajuste contínuo entre a musculatura agonista e
antagonista, favorecendo o trabalho de inervação recíproca, sendo este um
fator imprescindível na estruturação/organização de uma boa coordenação
motora. (LERMONTV, 2004).
Este ajuste proporciona um alinhamento gravitário entre o praticante e
o cavalo, tendo uma estimulação nos planos látero-lateral, ântero-posterior e
infra-superior.
No látero-lateral: a coluna vertebral do cavalo (que vai da nuca ao
limite da sua cauda) produz ondulações vertebrais realizadas de forma
simétrica, que produzem movimentos no plano frontal.
No ântero-posterior: em sua andadura o cavalo realiza movimentos
para frente e para trás onde acontece uma perda e uma recuperação da
equilíbrio, que e realizado também pelo praticante. Estes movimentos são
estimulados no plano sagital.
No infra-superior: a cada passo do cavalo acontece uma flexão e uma
extensão da coluna vertebral, que gera ao praticante um impulso para cima
e logo depois a volta ao ponto inicial, tendo duplamente o estímulo no eixo
vertical.
Na estimulação do sistema proprioceptivo, ocorrem situações de
streching e co-contração, com o uso do processo de estimulação profunda
(posição articular, elementos tendíneos e musculares), excitando o sistema
nervoso, acionando a musculatura e favorecendo o alinhamento postural e
as reações de equilíbrio. (MEDEIROS E DIAS, 2002).
4.2 Atividades propostas e posturas adotadas
Para uma boa adaptação do praticante é importante que haja um
cuidado especial com primeiro contato com o animal. A aproximação
ocorrerá aos poucos para despertar no praticante a confiança (em si, nos
profissionais e no animal). Esta confiança visa eliminar a excitação, os
medos, a ansiedade, transtornos, etc. causas de numerosas contrações que
imobiliza o praticante e impedem o seu progresso.
Ç Apresentação do animal;
Ç Apresentação do material de montaria e de higiene do cavalo;
Ç Acariciar o animal;
Ç Descontrair o praticante;
Ç Montar e apear (utilizando o cavalo com ou sem outros recursos);
Após a adaptação do praticante ao cavalo, será iniciada a atividade
propriamente dita:
Ç Exercícios relativos à postura, posicionamento do tronco, assento,
pernas e braços;
Ç Alongamento de membros superiores e inferiores;
Ç Girar os braços alternadamente, iniciando o movimento com a
mão voltada para cabeça do cavalo e terminando volta para a cauda.
Fazendo uma dissociação de cinturas;
Ç Abrir os braços e girar o tronco lateralmente;
Ç Apanhar flores/ folhas ou objetos previamente suspensos em
árvores ou cercas, alternando as mãos e depois com as duas;
Ç Flexionar o troco à frente, para acariciar o pescoço do cavalo;
Ç Flexionar os cotovelos, golpes com punhos em todas as direções;
Ç Com a postura ereta, olhar para cima, para baixo e para ambos os
lados;
Ç Pentear a crina do cavalo colocando prendedores de cabelo de
vários tamanhos e formas.
Ç Troca de posturas nos planos: póstero-anterior e látero-lateral
(ambos os lados).
Ç Rotação de tronco.
Ç O praticante receberá alguns bambolês e deverá colocá-los nos
cones, onde o cavalo será posicionado lateralmente aos mesmos.
Ç Incentivar ao praticante a cantar (músicas de sua preferência);
Ç Utilizar-se de chocalhos, pandeiros, bumbos, flautas, dentre outros
para incentivar o ritmo ao praticante;
Ç O praticante estará na postura ântero-posterior e deverá jogar a
bola em diversos ritmos para os membros da equipe, que estarão nas
laterais e atrás do cavalo.
Ç O praticante deverá colocar alternadamente a mão no pé.
Inicialmente mão direita no pé direito e mão esquerda no pé esquerdo.
Quando estiver realizando com confiança, deverá cruzar a mão para tocar
no pé oposto.
Ç O mediador terá em mãos placas com imagens de partes do
corpo. Ao ser elevado o praticante deverá falar o nome e colocar o mão
sobre ela.
Ç Utilizar placas com desenho de objetos para que o praticante o
reconheça. Depois se pede que ele memorize a seqüência em que foi
apresentada.
Ç O praticante deverá orientar o guia para que o cavalo ande em
linha reta, zigue-zague, curvas, quadrado, triângulo e círculo.
Ç Passar por terrenos acidentados, percorrer declives moderados e
acentuados.
Todos os movimentos serão realizados primeiramente com o cavalo
parado e depois em movimento, podendo aumentar o grau de dificuldade
quando houver necessidade.
Os movimentos no plano frontal auxiliam as flexões laterais do
praticante. Servem para alongar, encurtar a musculatura do tronco e
propiciar descarga de peso. Ao guiar o cavalo em curva haverá um aumento
nos movimentos de rotação da sua pelve e inclinação lateral do tronco.
O cavalo deve ser conduzido ora com passos largos, ora com passos
curtos e com alteração da velocidade, porque isso proporciona ao praticante,
necessidade de controle de tronco e equilíbrio nas direções anterior e
posterior. Em todos esses movimentos durante a seção o praticante é
ativamente estimulado e reage com retificações posturais automáticas.
A aceleração / desaceleração dos movimentos do cavalo influencia
inclinações anteriores e posteriores da pelve e do tronco do praticante.
No momento em que o cavalo realiza um movimento de rotação da
anca ao trocar os membros posteriores, o praticante realiza um movimento
de inclinação da pelve.
Quando o cavalo realiza a fase de elevação e deslocamento para
frente do membro posterior ocorre uma flexão do seu tronco. Este
movimento produz rotação do troco e da pelve do praticante.
Durante cada sessão, a equipe vai observando o praticante, faz uma
avaliação e programa os próximos atendimentos. De acordo com a evolução
do praticante, as atividades serão gradativamente dificultadas, aos poucos o
praticante será incentivado a conduzir o animal sozinho, recebendo as
instruções verbais da equipe. Para que isto aconteça é necessário que o
praticante adquira confiança, equilíbrio, coordenação, controle de tronco,
auto-controle, com isto ele estará no programa pré-esportivo.
CONCLUSÃO
A equoterapia é um dos raros métodos, porque não dizer que talvez o
único, que permite ao praticante vivenciar muitos acontecimentos ao mesmo
tempo e no qual as ações, reações e informações são bastante numerosas.
Ao observar os aspectos psicomotores encontrados nas atividades
propostas dentro de um atendimento de equoterapia, podemos ressaltar sua
importância na reabilitação.
O cavalgar funciona como um complemento eficaz às terapias
convencionais, proporcionando ao praticante a oportunidade de explorar seu
próprio corpo e o ambiente que interage. Sendo assim, um dos aspectos
mais importante nesse tipo de tratamento é que o indivíduo se conscientize
de suas capacidades e não de suas incapacidade; o praticante é trabalhado
como um todo, tanto pelo lado psíquico quanto pelo lado somático.
Nesta prática enriquecedora, lúdica, e extremamente produtiva o
cavalo é utilizado como um instrumento de trabalho, ou seja, um recurso
terapêutico, onde a característica mais importante para equoterapia é o que
o passo do cavalo produz no praticante, uma série de movimentos
seqüenciados e simultâneos, que tem como resultante um movimento
tridimensional.
Este movimento provoca um ajuste tônico contínuo para o praticante,
que será associado às trocas de posturas nos planos postero-anterior e
latero-lateral (ambos os lados), rotação de tronco, andar em linha reta,
zigue-zague, curva, quadrado, terrenos acidentados, aclives e declives
moderados e acentuados, flexionar o tronco para acariciar o pescoço do
cavalo, pentear a crina colocando prendedores de diversos tamanhos e
formas.
Durante as sessões de equoterapia utiliza-se atividades
psicomotoras, que irão proporcionar ao portador de traumatismo
raquimedular lombar completa um aumento do equilíbrio, coordenação
motora, flexibilidade, esquema corporal dentre outros conceitos
psicomotores.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 08
CAPITULO I
CONSIDERAÇÕES SOBRE TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR
09
1.1 - Apresentação 09
1.2 -Considerações Anatômicas 11
1.3 - Fisiopatologia 12
CAPÍTULO II
EQUOTERAPIA 14
2.1 - Histórico 14
2.2 - O Programa de equoterapia 15
2.3 - O Cavalo como Instrumento Terapêutico 17
CAPITULO III
PSICOMOTRICIDADE 21
3.1 - Histórico 21
3.2 - Definições de Psicomotricidade 24
3.3 - Conceitos Psicomotores 26
CAPITULO IV
TRATAMENTO 30
4.1 - O Programa de tratamento 30
4.2 - As Atividades Propostas e Posturas Adotadas 31
CONCLUSÃO 35
BILBLIOGRAFIA 37
WEBGRAFIA 38
ÍNDICE 40