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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CULTURA ORGANIZACIONAL – DA CULTURA À ORGANIZAÇÃO Por: Nathália Fonseca da Silva Barboza Orientadora Prof. ª Mônica Melo Niterói 2009

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ... RESUMO O objetivo desta monografia é mostrar que Cultura Organizacional não é

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CULTURA ORGANIZACIONAL – DA CULTURA À

ORGANIZAÇÃO

Por: Nathália Fonseca da Silva Barboza

Orientadora

Prof. ª Mônica Melo

Niterói

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CULTURA ORGANIZACIONAL – DA CULTURA À

ORGANIZAÇÃO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestor de Recursos Humanos

Por: Nathália Fonseca da Silva Barboza

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me ter dado

força, vontade e fomentos necessários

para a conclusão desta etapa.

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha avó Juraci Fonseca da

Silva

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RESUMO

O objetivo desta monografia é mostrar que Cultura Organizacional não é

somente um termo da nova gestão estratégica, e sim um conceito de

integração entre individuo e ambiente. Definir o que é Cultura e Organização

através de pontos de vista diferentes, buscando o real significado dessas duas

palavras, que quando atrelados, fazem surgir a Cultura Organizacional. E a

partir disto, facilitar a compreensão, leitura, benefícios e mudanças da cultura

organizacional.

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METODOLOGIA

O método utilizado foi a pesquisa de estudos, artigos, revistas e revisão

bibliográfica de autores conceituados como Chiavenato, Freitas, Bowditch,

Tylor, dentre outros, na área Administrativa e de Recursos Humanos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – Da Cultura Organizacional através da contribuição dos aspectos

históricos 10

CAPÍTULO II – Da Cultura: Instrumento fundamental e eficaz

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CAPÍTULO III – Cultura Organizacional 23

CAPÍTULO IV – Mudança Organizacional 44

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA 55

ÍNDICE 58

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INTRODUÇÃO

Globalização, tecnologia, competitividade, fusões, tendências

como e-business, e-commerce, geram mudanças no cenário empresarial.

Essas mudanças influenciam a todo tempo à organização e seus membros. A

cultura organizacional surge como uma forma de readequação, reestruturação.

Essas mudanças acontecem desde sempre, porém tem exercido

mais influencia a partir de determinado tempo, o que é mostrado no primeiro

capitulo. Nele é trazido a história da Cultura Organizacional, os principais

personagens, acontecimentos e instrumentos de contribuição que deflagraram

essa preocupação e estudos para com a mesma. Através de dados históricos

e autores conceituados no âmbito organizacional

Cultura Organizacional, antes de um termo, uma expressão que

qualifica, descreve processos, valores, missões, crenças e etc., de uma

organização, é a junção de duas palavras Cultura e Organização. Cultura e

Organização estão inseridas, não só no cenário organizacional, mas também

no dia a dia das pessoas. Logo, o segundo capítulo é dedicado a, antes de

qualificar o termo, a destrinchar as palavras que o compõe. Uma visão holística

ante as várias possibilidades, transformações e, por vezes, reveres, diários,

que compõe o sistema social.

Temos então a Cultura Organizacional, a partir do terceiro

capitulo é tratado o termo. Que apesar de várias definições, todas levam a

mesma essência. Definindo toda a estrutura, elementos, características, níveis,

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as principais, ou mais usadas, tipologias. Estes são pontos fundamentais, que

precisam ser compreendidos e conhecidos para que se possa estruturar e/ou

reestruturar uma Cultura Organizacional – e neste caso a organização –

fazendo uma leitura completa e agregadora de valores, com foco nos

resultados. As formas de leitura também são mostradas neste capitulo, formas

por que existem meios que diferem dependendo do autor e do entendimento

de cultura.

Com o conhecimento em toda a estrutura do que é a Cultura

Organizacional, trata-se da mudança no quarto capítulo. Respondendo em

principio ao questionamento – que durante a construção desta monografia, viu-

se ser muito presente no cenário e processo de mudança – “Porque mudar?”.

E em seguida, descrevendo as etapas, pontos chaves, e o agente de

mudança, a figura humana imprescindível neste processo.

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CAPÍTULO I

DA CULTURA ORGANIZACIONAL ATRAVÉS DA CONTRIBIÇÃO

DOS ASPECTOS HISTÓRICOS

Desde a revolução industrial aconteceram mudanças

significativas no cenário mundial. A mudança dos equipamentos, tecnologias,

métodos e técnicas, estão na ponta do processo e provocando a necessidade

de mudanças nas relações humanas. Mudar as coisas (desprovidas de

desejos e necessidades) é mais rápido do que mudar pessoas, pois elas têm

valores, crenças, expectativas e temperamentos diferentes. Essa diferença de

velocidade nas mudanças deflagrou um processo de queda nas gestões e

liderança, e no comprometimento para com a organização.

No final dos anos 50, após o fim da guerra, ocorreu uma

escassez de mão-de-obra adulta e qualificada. Ocidente – E.U.A e Oriente –

Japão seguem caminhos diferentes, para tentarem sanar o problema surgido.

Enquanto os E.U.A encontrou como caminho a fragmentação e a repetitividade

do trabalho mediante os protocolos “Taylorizados” do estudo do tempo e dos

movimentos, o Japão optou por uma des-especialização dos trabalhadores

qualificados por meio da instalação de uma certa polivalência e

plurifuncionalidade dos homens e das máquinas.

O Japão passou a assumir o comando dos mercados

internacionais, estabelecendo sólida reputação de qualidade, confiabilidade,

valor e serviço. Sem recurso natural e energia suficientes, e com cerca de 110

milhões de pessoas, o país teve sucesso em chegar ao mais alto ritmo de

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crescimento, ao mais baixo nível de desemprego, em algumas das maiores e

mais bem-sucedidas organizações, e a uma das mais bem remuneradas e

saudáveis populações trabalhadoras do mundo, iniciando a construção de um

império industrial em um intervalo de apenas 30 anos.

A cultura japonesa tornou-se alvo de estudos e pesquisas.

Nesses estudos eram observadas as diferenças existentes entre a cultura

japonesa e norte-americana, a maior parte dos teóricos concorda que a cultura

e a forma de vida em geral desse país oriental tiveram papel central nesse

processo. Logo, podemos destacar:

A sociedade japonesa era caracterizada como homogênea e

possuidora de valores bem cultivados que resultavam em obediência,

trabalho em grupo, compartilhamento, levando a crer que essas

características haviam ajudado ao Japão a conquistar liderança,

fortalecendo a estrutura da sociedade e das organizações.

(FREITAS, 1991, 79).

Quando o fenômeno da globalização das grandes corporações e da

reunião das nações em blocos maiores iniciou o ruidoso processo

deflagrado pela movimentação das forças decorrentes dessas

mudanças, muitos supuseram que as diferenças culturais entre as

nações e as organizações iriam diminuir tanto que talvez

desaparecessem, transformando a variedade característica da vida

dos povos em uma enorme aldeia global, semelhante em quase tudo.

O que se observou, no entanto, foi que, com a queda ou maior

permeabilidade das barreiras econômicas, políticas e sociais, ainda

continuam muito importantes as separações culturais, impondo outras

e novas exigências à compreensão e ao gerenciamento das

instituições de diferentes naturezas (House, Hanges, Javidan,

Dorfman & Gupta, 2004, apud Coleta e Coleta, 2007, p.277).

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É nesse cenário que os estudos sobre a cultura organizacional se

mantêm e se desenvolvem em todo o mundo, mostrando-se cada vez

mais como um tema atual e relevante na explicação do

funcionamento das instituições e na compreensão do comportamento

humano em situação de trabalho. (Coleta e Coleta, 2007, p.277)

O modo de pensar e ver as organizações, o papel de gerentes e

líderes das empresas, a globalização - que contribui para um “crescimento

acelerado (...) e tem resultado num processo de quebra da uniformidade e

coesão dos padrões culturais” (ALVESSON, 1987), a busca pela vantagem

competitiva e também o surgimento do Japão como líder do poder industrial.

Tudo isso fez com que teóricos começassem a se a conscientizarem do

estreito relacionamento existente entre cultura e administração.

1.1 – Instrumentos de Contribuição

Outro fator importante para o surgimento da Cultura

Organizacional foi o método de desenvolvimento sócio-técnico do Instituto

Tavistock, fundado em 1946 na Inglaterra e a escola Americana de

Relacionamentos, nos anos após a segunda guerra mundial. Elas mostraram

a complexidade dos aspectos humanos das organizações e a centralidade da

motivação da força de trabalho para objetivar o desenvolvimento de uma

empresa, via as organizações como culturas ao invés de máquinas.

Nos anos 80 esta área se tornou popular e passou a ser utilizada

nas construções e gerenciamento organizacional, houve maior incidência em

publicações, cursos, pesquisas, conferencias e atividades voltadas para a

área. A publicação de duas obras In search of excellence (Peters e Waterman

1982) e das edições especiais das revistas Administrative Science Quarterly e

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Organizational Dynamics (1983), onde os autores descrevem um modelo de

organização perfeita criando uma cultura forte e unificante e ao mesmo tempo

uma cultura onde haja compartilhamento de ideias e princípios, foi o ponto de

partida.

O pioneirismo deles propiciou novos trabalhos que trouxeram

novas estratégias organizacionais. A partir destas obras, vários líderes de

muitas organizações desejavam saber como eles poderiam gerenciar a

dimensão de cultura em suas empresas. Tais conceitos se tornaram muito

conhecidos e iniciativas de como é possível lidar com a cultura passaram a ser

a prioridade dentro das empresas. Isto levou a um grande número de obras

visando consultoria empresarial e fornecendo receitas para “entenderem e

construírem a cultura corporativa”.

Outra obra de grande importância é a “Images of Organization”.

Morgan (1988). Nela, o autor visualiza as organizações através de várias lentes

metafóricas, as quais incluíam máquinas, culturas, organismos, cérebros,

sistemas políticos e prisões psíquicas. Ele mostrou como cada lente revelava

elementos diferentes da vida das organizações e escondiam outras.

Argumentava que qualquer análise organizacional mesmo que

fosse feita por um executivo chefe, um consultor, ou um pesquisador da área

acadêmica, precisaria utilizar várias perspectivas diferentes e não ficar

somente focado numa visão unidirecional, dando uma das mais claras visões

de perspectiva cultural em organizações, como também a sua ideia de usar

lentes múltiplas para ver a realidade tiveram um impacto importante nesta

área.

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Outros autores e obras importantes, como Maximiano, Freitas

M.E., M.T.L. Fleury, P. Kotler, dentre tantos, sendo também muito utilizados

para a adequação e/ou implantação de uma cultura organizacional de sucesso

nas organizações, um dos pilares da organização de sucesso.

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CAPÍTULO II

DA CULTURA: INSTRUMENTO FUNDAMENTAL E EFICAZ

É importante definir o que é cultura e organização de forma

distinta, diferenciando-os de outros conceitos associados.

Muito tem se falado em Cultura Organizacional apenas como um

termo que define a forma de conduta da organização e dentro dela. Ao longo

dos capítulos, veremos que Cultura Organizacional é muito além de um termo.

2.1 – Conceitos

Seu conceito é bastante complexo, descrita - descrição essa, tida

como clássica, apesar de ser considerada ultrapassada - por Edward Burnett

Tylor (1871) como:

Tomado em seu amplo sentido etnográfico, [cultura] é este todo

complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis,

costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo

homem como membro de uma sociedade. (TAYLOR 1871, p.1, apud

LARAIA, 1997, p.25).

Cultura (do dicionário: s. f. Acto; arte; modo de cultivar; Do latim

cultura, cultivar o solo, cuidar). Não se pode afirmar que algum individuo não

tenha cultura, haja vista que todo ser nasce dentro de um contexto social, seja

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ele qual for. À medida que vai se desenvolvendo, é que sua cultura vai sendo

moldada de acordo com o ambiente. O homem não se limita ao mundo em seu

estado natural, ele transforma, se humanizando e produzindo sua cultura e as

diferentes formas de manifestação cultural. Por isso dizer que esta ou aquela

cultura é o modelo a ser seguido, o padrão ou exemplo de sucesso, não é uma

afirmativa correta. Pois, seu sucesso vai depender dos membros em que nela

vive, o que pode ser sucesso para um individuo, para o outro é sinônimo de

fracasso.

O que pode ocorrer é uma adaptação a cultura atual ou do

ambiente em que se está vivendo. Vê-se a evolução da humanidade a todo o

momento. A cultura não muda, ela adapta-se as novidades. Um bom exemplo

é a China, onde apesar a inovação tecnológica e possibilidade de acesso a

internet, mantém sua cultura socialista impondo barreiras a sites acessados,

com um sistema conhecido como “Grande Firewall da China”. Na outra ponta

vemos os indivíduos desta mesma sociedade, também se adaptando e

procurando formas de burlar esse sistema, mas mantendo sua cultura

tradicionalista.

Os conceitos de cultura variam de acordo com o ramo aplicado,

mas a essência é a mesma, de que Cultura é tudo aquilo “criado” pelo homem,

seus conhecimentos, valores, tradições, hábitos, costumes, a rede de

significados que dão sentido ao mundo que cerca o individuo.

Alguns conceitos interessantes de serem destacados são do

ponto de vista da Filosofia, Antropologia, Sociologia.

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De acordo com a Filosofia: O homem tem ciência da sua

existência, ele não somente age, pensa e sente de acordo com a cultura, mas

também reflete e pensa sobre o sentido de tudo no mundo. Um conjunto de

manifestações humanas e respostas para melhor satisfazer suas necessidades

e desejos, conhecimentos teóricos e práticos que são aprendidos e passados

aos outros em sua volta. A forma como os indivíduos resolvem seus

problemas, criam novas opções.

De acordo com a Antropologia: É tudo o que o homem faz,

aprendeu com os seus semelhantes e não decorre de imposições originadas

fora da cultura. O complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, morais,

leis, costumes e outras aptidões e hábitos transmitidas de geração para

geração, que se apresentam como identidade.

De acordo com a Sociologia: São os aspectos que aprendidos e

compartilhados com gerações futuras, tornando possível a comunicação e

cooperação. É relativa, pois a cultura de um local difere de outro, por isso não

existe uma cultura superior a outra. Logo, podemos destacar:

Entre nós e os animais da Terra há muitas semelhanças biológicas,

genéticas e mesmo psicológicas. Por isso, mesmo sem possuirmos

por enquanto uma linguagem comum, em boa medida nós nos

entendemos. Mas há também diferenças relevantes, e uma delas é

essencial. Podemos chamá-la de cultura. E no caminho percorrido em

larga escala por eles e nós, mas que de um ponto em diante se divide

e nos leva por trilhas diferentes em direção – quem sabe? – de um

mesmo horizonte, a experiência da cultura é toda a diferença.

(BRANDÃO, 2008, p.27)

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A cultura é a manifestação mais clara do ser humano, através

dela o homem se humaniza, adquire e passa conhecimentos, se adapta a

novas situações e ao mundo (natureza) a sua volta, determinando assim a

linha que o diferencia das demais espécies existentes.

A perpetuação ou aquisição da cultura é um processo social e

não biológico, razão pela qual se usa, às vezes, o termo herança social em

lugar de cultura.

2.1.2 – Características e Elementos

Podem-se enumerar algumas características da cultura, essas,

próprias, tais como:

A) Aprendizado: O aprendizado do ser humano começa assim que ele nasce,

seja por imitação ou por necessidade. Esse aprendizado será de acordo com o

que vivencia a sua volta, e passado de geração para geração;

B) Re-Criativa: O homem a todo o momento re-cria o mundo natural,

transformando a realidade existente, gerando a marca e manifestações

culturais. Cria um novo significado e novas formas de aproveitamento da

realidade já existente, em busca da satisfação dos seus desejos. Re-criar, não

significa dizer alterar e sim adaptar-se;

C) Simbolismo: Através da imaginação e criatividade o homem inventa

símbolos que denotam o seu significado. Por exemplo, inventou em sua língua

uma palavra chamada “Chuva” para traduzir um fenômeno da natureza. Esses

símbolos são compreendidos de forma semelhante por todos os indivíduos que

dela fazem parte e assim se comunicam e se relacionam.

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Seus elementos são quatro, divididos nível concreto e abstracto.

A) Instituições (nível abstracto): Regras comportamentais, modelo de

comportamento de caráter normativo, que variam de cultura para cultura. Por

vezes podem ter a mesma função (igreja, escola, etc.), mas a exercem de

forma diferente.

B) Ideias (nível abstracto): Valores partilhados por uma determinada

sociedade, conhecimentos importantes, crenças populares. Podem-se

relacionar com religião.

C) Material (nível concreto): Todo o mundo físico que a cultura produz. Carros,

prédios, pontes, eletrodomésticos, etc.

D) Técnicas (nível concreto): As maneiras de se produzir e fazer os materiais.

Por exemplo, a construção de um carro, que quando estiver pronto será

material.

Todos esses elementos e características formam a cultura e

servem como base para que ela seja perpetuada dentro da sociedade a que

pertence.

2.2 – Organização

Organização é o modo como se organiza um sistema, a forma

como se dispõe, se classifica objetos, documentos e informações. Uma

combinação de esforços seja individual, ou em conjunto, buscando sempre

atingir a um objetivo comum. É formada pela soma de pessoas, máquinas e

outros equipamentos, recursos financeiros e outros, liderados ou não por

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alguém com as funções de planejar, organizar, liderar e controlar. Segundo

Maximiano (1992):

Uma organização é uma combinação de recursos que procura

deliberadamente realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de

objetivos). As organizações estão por toda parte. A Universidade é uma

delas, assim como o centro acadêmico. A ONU, a prefeitura, a padaria

da esquina também. O teatro Municipal e a Filarmônica, o shopping

center e cada uma de suas lojas, idem. As organizações são muito

diversificadas quanto ao tamanho e forma, produtos e serviços,

recursos e áreas de atuação. (MAXIMIANO, 1992, p.91)

Do grego organon, organização significa instrumento, utensílio.

Sobrevivência e crescimento (metas e objetivos) são o que a maioria

ambiciona. Objetivos que exigem grupos de duas ou mais pessoas, que

estabelecem entre eles relações de cooperação, ações formalmente

coordenadas e funções diferenciadas hierarquicamente. Nem sempre houve a

necessidade de ser juntar pessoas e recursos a fim de produzir bens ou

serviços para atender a sociedade. Contudo, nos tempos contemporâneos, as

organizações ganharam complexidade e volume. As organizações estão

expandindo e melhorando a cada dia, impulsionadas pela alta competitividade

e exigência da sociedade. As organizações existem para servir às

necessidades e desejos das pessoas. E dizer organização, não

necessariamente, significa dizer empresa, e sim, um conjunto de pessoas que

formam esse sistema organizado. Em relação a sua origem o autor Fábio

Coelho tem a seguinte definição:

Na antiguidade, roupas e víveres eram produzidos na própria casa,

para os seus moradores; apenas os excedentes eventuais eram

trocados entre vizinhos ou na praça. [...] Alguns povos da Antiguidade,

como os fenícios, destacaram-se intensificando as trocas e, com isto,

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estimularam a produção de bens destinados especificamente à venda.

Esta atividade de fins econômicos, o comércio, expandiu-se com

extraordinário vigor. (COELHO, 2004, p.5).

Partindo desta definição de organização, veremos alguns

conceitos fundamentais, nomeadamente:

A) Atuação coordenada: para que exista uma organização, não basta que um

conjunto de pessoas atue com vista a atingir um objetivo comum; é necessário

também que essas pessoas se organizem, ou seja, que desenvolvam as suas

atividades de forma coordenada e controlada para atingir determinados

resultados. Esta coordenação e controlo é geralmente efetuada por um líder,

mas encontram-se muitas vezes organizações em que estas tarefas são

efetuadas por todos os membros em conjunto através, por exemplo, de um

órgão colegial;

B) Recursos: representam todos os meios colocados à disposição da

organização e necessários à realização das suas atividades. Nestes recursos

incluem-se os recursos humanos, os recursos materiais e tecnológicos, os

recursos financeiros, a imagem de mercado e credibilidade perante o exterior;

C) Afetação eficaz: os recursos organizacionais descritos no ponto anterior

são, por definição, escassos, daí que a sua alocação deva ser efetuada

eficazmente por forma a que a probabilidade de atingir os objetivos pré-

definidos seja a maior possível. É daqui que surge a principal justificação para

a necessidade da gestão nas organizações;

D) Objetivos: Representam as metas ou resultados organizacionais

pretendidos e a obter no futuro ou, por outras palavras, o propósito que justifica

toda a atividade desenvolvida ou mesmo a própria existência da organização.

Naturalmente, todas as organizações devem determinar não apenas os seus

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objetivos, mas também definir as medidas e formas de atuação e de alocação

de recursos que se pensam mais adequadas para atingi-los;

E) Contexto: Representa toda a envolvente externa da organização que, de

forma direta ou indireta, influencia a sua atuação e o seu desempenho. Nesta

envolvente externa inclui-se o contexto econômico, tecnológico, sócio-cultural,

político-legal, e ainda um conjunto de elementos que atuam mais próximo e

diretamente com a organização, tais como os clientes, os fornecedores, os

concorrentes, as organizações sindicais, a comunicação social, entre outros.

Como se pode observar, o conceito anteriormente descrito para

organização pode ser aplicado a qualquer tipo de organização, seja ela

empresarial ou não. A única diferença reside nos objetivos de base a que cada

uma se propõe.

No caso das organizações empresariais, o objetivo base será a

maximização do seu valor para os seus proprietários, conseguida através da

satisfação de todos os seus membros e colaboradores e da produção e/ou

distribuição de bens e serviços a fim de satisfazer necessidades concretas dos

seus consumidores.

Se nos referirmos a organizações não empresariais, como são os

hospitais, as escolas, os clubes desportivos, as associações sindicais, ou

outras, os principais objetivos diferem ligeiramente, embora objetivo base

sejam sempre, a satisfação de necessidades ou a defesa de interesses de um

conjunto particular de pessoas ou da sociedade em geral. Desta forma, no

caso dos hospitais, o principal objetivo será a saúde da população a que se

destina, enquanto que o das escolas será a aprendizagem dos seus alunos, o

dos clubes desportivos será a obtenção de bons resultados desportivos e

assim por diante.

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CAPÍTULO III

CULTURA ORGANIZACIONAL

Já tendo conhecimento dos conceitos de cultura e organização,

definiremos o conceito de Cultura Organizacional.

Cultura Organizacional é o conjunto princípios, crenças e hábitos

que são estabelecidos através de valores éticos e morais, normas, políticas

internas e externas, sistemas, que são partilhados por todos os membros da

organização. Segundo a definição de Freitas (1991):

Um modelo de pressupostos básicos, que um dado grupo inventou,

descobriu ou desenvolveu no processo de aprendizagem, para lidar

com os problemas de adaptação externa e integração interna. Uma

vez que os pressupostos tenham funcionado bem o suficiente para

serem considerados válidos, eles são ensinados aos demais

membros da organização como a maneira certa de se perceber,

pensar e sentir em relação àqueles problemas. (SCHEIN 1985, apud

FREITAS, 1991, p.74 e 75)

De forma especifica cada organização a expressa, através da

maneira como trata aos seus clientes e funcionários, a lealdade e percepção

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deles para com a organização, a forma de fazer negócios, e até a arrumação

dos seus escritórios. Contém componentes visíveis, que são orientados pelos

aspectos organizacionais e componentes ocultos, que são orientados pela

emoção e situações afetivas: Preceitos (implícitos ou explícitos); Tecnologia

(instrumentos e processos utilizados); Caráter (Manifestação dos indivíduos).

A Cultura Organizacional pode aparecer de duas formas distintas.

Como um subsistema que se liga à estrutura, à estratégia, sistemas políticos e

técnicos ou como uma superestrutura que determina todos os demais

componentes. Existem também as subculturas que podem ser definidas por

designações de departamentos ou experiências comuns aos seus integrantes,

nelas além dos conceitos da cultura dominante, serão incluídos também os

valores específicos daqueles grupos (os que jogam futebol, os que são da

contabilidade ou diretoria ou limpeza e etc., os católicos, os evangélicos, e etc.)

e não podem ser ignoradas, porque influenciam no comportamento dos

membros da organização e podem formar em algum momento uma única

cultura que guia todos os outros.

A contracultura também existe nas organizações, e é um

movimento reacionário por parte de um grupo seja ele pequeno ou grande, que

quer reagir contra os valores tradicionais, que está insatisfeito, e vive em busca

de mudanças e inovações na cultura atual.

Assim como a gestão das organizações, a cultura organizacional

modifica-se com o tempo, já que também sofre influência do ambiente externo

e de mudanças na sociedade. Entretanto, a cultura de uma instituição também

pode influenciar essa mesma sociedade. Em sua formação existem os

princípios básicos da administração, sua filosofia e valores que indicam a

direção para guiar procedimentos, para ditar como as coisas devem acontecer,

influência dos fundadores da instituição que estabeleceram diretrizes culturais,

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e que são vistos com muito respeito, ou até adorados, por grande parte dos

colaboradores.

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3.1 – Os Elementos

A cultura organizacional é composta por oito elementos, que

expressam como a organização pensa, como se comporta, fornecendo aos

membros da organização uma interpretação. São observados e passados aos

novos integrantes. Conforme definição de FREITAS (1991):

Verificamos que, no todo ou em parte, esses elementos fornecem

uma interpretação para os membros da organização, onde a

passagem dos significados se dá como uma coisa aceita. A

linguagem é funcionalizada, restando a aceitação do que é oferecido

como é oferecido. De certa forma, isso sugere a presença de um

componente hipnótico, através do qual as mensagens e

comportamentos convenientes são objeto de aplauso e adesão,

levando à naturalização do seu conteúdo e à transmissão espontânea

aos demais membros. Tanto a adesão como a reprodução

demonstram não a liberdade dos indivíduos de os aceitar ou não, mas

a eficiência do controle embutido”. (FREITAS, 1991, p.75)

Os oito elementos são compostos por:

A) Valores: Considerado a essência da filosofia da organização, promove o

direcionamento comum aos funcionários e define o que é considerado

importante (atitudes, comportamento) para se atingir o sucesso. Quais pontos

são importantes nas tomadas de decisões. São definidos principalmente pelos

fundadores e dirigentes, alinhando valores x objetivo x resultados esperados,

estando de acordo e assim serem usados de forma estratégica para que se

atinja a missão. Por mais que cada organização tenha seus próprios valores,

algumas características são comuns, como: a credibilidade, qualidade e

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inovação, satisfação do cliente, padrão de desempenho excelente

transparência, etc.

B) Crenças e pressupostos: Junto com os valores, são o centro da

organização, personalidade e jeito de ser, a base de todo o comportamento.

No entanto, não são divulgados abertamente a seus integrantes, uma vez que

não se apresentam de forma clara e objetiva, pois são revelados em ações,

posturas e visões.

Geralmente usados como sinônimos para expressar aquilo que é tido

como verdade na organização. Quando um grupo ou organização

resolve seus problemas coletivos, esse processo inclui uma nova

visão do mundo, algum mapa cognitivo, algumas hipóteses sobre a

realidade e a natureza humana. Se o sucesso ocorre, aquela visão do

mundo passa a ser considerada válida. Os pressupostos tendem a se

tornar inconscientes e incontestáveis. (FREITAS 1991, p.75).

C) Ritos, rituais e cerimônias: Eventos, atividades planejadas e repetitivas que

reforçam e expressam os valores da organização, o que torna a cultura mais

coesa e visível. Exemplos: Festas de aniversariantes do mês; Premiação de

um ou mais funcionários pelo destaque na atividade exercida; Processos de

integração, demissão, admissão, etc.

D) Estórias e mitos: Esses contos podem se referir a dificuldades passadas,

fundadores, admissão e demissão de funcionários, etc.

Enquanto as estórias são narrativas de eventos ocorridos que

informam sobre a organização, os mitos referem-se a estórias

consistentes com os valores organizacionais, porém sem sustentação

nos fatos. Ambos (SIC) elementos preenchem funções específicas,

tais como: mapas, símbolos, scripts, etc. (FREITAS, 1991, p 75).

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E) Tabus: Tudo aquilo que não é permitido dentro da organização, podem ou

não estarem escritas nas regras de conduta. Servem como orientação ao

comportamento. Contratação de pessoas da mesma família, namoro entre

colegas de trabalho, vestimentas, etc., são exemplos de tabus.

F) Heróis: Personagens natos ou criados que através de ações incorporam

valores e condensam a força da organização fazendo história. Podemos citar

como exemplos de heróis: Antônio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantin;

Jack Welch, da GE; Ulisses Tapajós Neto, da MASA; Tom Watson, da IBM;

John Rockefeller, da Standard Oil; Henry Ford, da Ford; Bill Gates, da

Microsoft; Olavo Setúbal, do Itaú.

G) Normas: São as regras escritas ou não que ditam o comportamento que é

esperado, aceito e sancionado pela organização e deve ser seguido pelos seus

funcionários.

H) Processos de Comunicação: Ajudam a identificar os membros de uma

cultura e/ou subcultura dentro das organizações. Ao aprender a linguagem, o

membro confirma a aceitação da cultura e ajuda transmiti-la aos outros e

preservá-la.

Inclui uma rede de relações e papéis informais que comportam

padres, fofoqueiros, conspiradores, contadores de estórias etc. Ele

desenvolve funções importantes como a de transformar o corriqueiro

em algo brilhante, podendo ser usado na administração da cultura.

(FREITAS, 1991, p 75).

I) Símbolos: Tudo aquilo que permite aos membros da organização a troca

e/ou absorção de mensagens emocionais, idéias. Podem ser tangíveis

(objetos, mobília, logotipo e etc.) ou intangíveis (ações, titulações e etc.).

Servem também para definirem o grau de igualdade ou diferenciação entre as

pessoas e o tipo de comportamento (como assumir riscos ou seguir a rotina,

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autoritarismo ou espírito democrático, estilo participativo ou individualismo,

atitude conservadora ou inovadora) desejado pela organização.

3.2 – As Características

O sistema da cultura organizacional é composto pelo conjunto de

características chaves que a organização valoriza. De acordo com ROBBINS

(2002, p.499), pesquisas mostram que existem sete características básicas,

estas, são estáveis e assimiladas pelo grupo – independente de gostarem ou

não - e traduzem a essência da cultura da organização. São elas:

A) Inovação e assunção de riscos: O grau em que os funcionários são

estimulados a serem inovadores.

B) Atenção aos detalhes: O grau em que se espera que os funcionários

demonstrem precisão, análise e atenção aos detalhes.

C) Orientação para resultados: O grau em que os dirigentes focam os

resultados mais que as técnicas e processos para o alcance deles.

D) Orientação para as pessoas: O grau em que as decisões dos dirigentes

levam o feito dos resultados sobre as pessoas dentro da organização.

E) Orientação para equipe: O grau em que as atividades de trabalho são

organizadas mais em termos de equipes do que indivíduos.

F) Agressividade: O grau em que as pessoas são competitivas e agressivas,

em vez de dóceis e acomodadas.

G) Estabilidade: O grau em que as atividades de organizacionais enfatizam a

manutenção do status quo em contraste ao crescimento.

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3.3 – Os Níveis

Segundo SCHEIN (1985) a cultura organizacional se apresenta

em três diferentes níveis, que formam seu núcleo. São eles:

A) Artificialidades Observáveis: Constituem-se da disposição física, vestimenta,

maneira como as pessoas se tratam, odor e "clima" do lugar, intensidade

emocional e outros fenômenos (inclusive registros, produtos, filosofias e

anuários da empresa). São palpáveis e mais difíceis de decifrar com precisão.

Sabemos como reagir a elas, mas isso não é necessariamente um indicador

confiável de como reagem os membros da organização. Vemos e sentimos

que uma empresa é mais formal e burocrática do que a outra, mas isso não diz

nada sobre o porquê de ser assim. Na investigação sobre cultura, questiona-se

o uso de instrumentos aferidores, pois eles prejulgam as dimensões que se

está considerando. Não há meio de saber se as dimensões que se está

considerando são relevantes ou salientes naquela cultura, até que se tenha

examinado níveis mais profundos de cultura.

B) Valores: este nível pode ser pesquisado através de entrevistas,

questionários ou instrumentos de avaliação. Estudam-se os valores, normas,

ideologias, licenciamentos e filosofias adotadas e documentadas de uma

cultura. São realizadas entrevistas, onde o entrevistado pode responder

livremente, por serem mais úteis para se chegar ao nível de como as pessoas

se sentem e pensam. Porém, os questionários e instrumentos aferidores são

geralmente considerados como menos úteis, porque prejudicam as dimensões

a serem estudadas.

C) Concepções Básicas: Reconhecem-se as concepções adotadas, apenas

através de observações mais intensas, de indagações mais focalizadas e de

envolvimento de membros motivados do grupo. Essas concepções determinam

o modo de perceber processos mentais, sentimentos e comportamento, sendo

apresentado de forma inconsciente; se constituindo o nível mais profundo de

entendimento da cultura organizacional.

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3.4 – Suas tipologias

É possível definir diferentes tipos de cultura, que refletem tipos

ideais. Vários autores as tipificaram, refletindo a variedade de opinião e síntese

que tratam desse assunto. Neste tópico será mostrado quatro dessas

tipologias – quatro autores - as consideradas mais relevantes, de forma a

tornar clara a diferenciação entre os autores.

3.4.1 – Charles Handy

Baseou-se em partes de trabalhos de HARRISON (1972) sobre a

ideologia e caráter organizacionais e desenvolveu uma tipologia onde faz um

comparativo com Deuses Gregos (Zeus, Apolo, Atena e Dionísio) e considera

como os canais de poder são refletidos em determinadas estruturas e

sistemas. São elas:

A) Cultura do Poder / Clube (Zeus): O símbolo desta cultura é uma teia de

aranha, porque em uma organização deste tipo as linhas cruciais são aquelas

circundantes, que rodeiam a aranha que está no meio e conforme vão se

distanciando do centro (núcleo) o poder e influencia vão diminuindo. É

encontrado com mais frequência em empresas pequenas. Tem Zeus como

patrono, pois ele era o rei dos deuses, por isso simbolizava o poder patriarcal e

carisma. Era temido, respeitado e por vezes, amado. Apresentam poucas

regras e procedimentos, as decisões são tomadas com base no equilíbrio entre

influência e razões processuais ou lógicas. Esse tipo de cultura é excelente no

que diz respeito a tomada de decisões As pessoas que são orientadas nesse

tipo de cultura estão orientadas para o poder, apresentam mentalidade política,

assumem riscos e deixam à segurança em segundo plano. São “clubes” de

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pessoas que pensam da mesma forma, que trabalham em uma base de

confiança, ao invés de estruturas formais e ligações.

B) Cultura dos Papéis (Apolo): Confundida com a burocracia pela existência

da lógica e racionalidade, tem como pontos fortes as funções e especialidades.

Seu símbolo é um tempo grego, porque este ia buscar a sua força e beleza em

seus pilares. Apolo é seu “patrono” por ser o deus da ordem e da regra.

Baseia-se em definições de papéis ou trabalho a desempenhar e não na

personalidade do individuo. Submetidos a uma extrema faixa de alta

administração, onde a interação entre ambos é controlada de procedimentos

para papéis, de procedimentos para comunicação e de regras para a solução

de conflitos. O ambiente dos indivíduos que se encontram influenciados por

esse tipo de cultura é muito seguro e previsível, a ponto de se tornar frustrante

para os indivíduos orientados para o poder ou controle de trabalho próprio, por

isso esse tipo de cultura é mais adequado quando se pode partir do principio

de que o dia de amanhã será igual ao de hoje. A estabilidade e previsão são

assumidas e encorajadas.

C) Cultura da Tarefa (Atena): Focada em orientação para o trabalho ou projeto

na organização, apresenta também ênfase na execução do trabalho a partir do

encaixe entre ferramentas apropriadas, pessoas certas, níveis certos e

autonomia. Seu símbolo é uma rede por buscar recursos em várias partes do

sistema organizacional, de forma a concentrá-los em um determinando nó ou

problema. Atena a deusa que resolve problemas. Nesse tipo de ambiente é

difícil o controle organizacional, pois o mesmo é mantido pela alta chefia e por

meio do desdobramento de recursos, pessoas e projetos. É uma cultura onde

é bom trabalhar, desde que o individuo saiba o que tem que ser feito.

D) Cultura de pessoas (Dionísio): Os indivíduos de uma organização que tem

essa cultura se prendem aos seus valores e fazem parte do ponto central. Eles

não estão subordinados a organização, esta existe para ajudá-los a atingirem

suas finalidades. Uma cultura característica dos profissionais liberais, e em

organizações onde o recurso fundamental é o talento e/ou capacidade do

individuo. Existe nesse grupo uma mútua orientação no sentido de reunirem-se

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todos os membros do grupo para seguirem suas próprias tendências e o que

desejam fazer. Seu símbolo é um amontoado de estrelas individuais, mas

unidas por um circulo. Dionísio representa a ideologia existencial entre os

deuses.

3.4.2 – Sethia e Von Glinow

Baseiam-se no sistema de recompensa, pessoa versus

performance, “Enfatizam a preocupação por pessoas ou performance

(inspirados no Grid Gerencial), manejando o sistemas de recompensas”

(FREITAS). Esse sistema é descrito da seguinte forma:

A) Preocupação com pessoas: Comportamentos que indicam a prevalência

dos sentimentos de amizade, confiança e respeito mútuo.

B) Preocupação com realização: Comportamentos do líder referentes à

determinação clara e precisa dos métodos de gestão, aos limites relativos à

intervenção na tomada de decisão, aos canais de comunicação formal, entre

outros.

Afirmam que essa relação (interdependente e mútua entre

ambas) produz quatro tipos de cultura, apresentando um comportamento

tendencioso passível de alteração recíproca, até que atinjam um estado mútuo

de equilíbrio.

Os quatro tipos de cultura seguem a divisão:

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A) Cultura de apatia: Nem pessoas, nem performance – Pessoas nível baixo;

Performance nível baixo.

B) Cultura de Consideração (Cuidadosa): Pessoas – Pessoas nível alto;

Performance nível baixo.

C) Cultura de Sucesso (Exigente): Performance – Pessoas nível baixo;

Performance nível alto.

D) Cultura de Integração: Pessoas e Performance – Pessoas nível alto;

Performance nível alto.

3.4.3 – R.Donnely

Relaciona a cultura com o uso do planejamento. Enfoca a

Influência do planejamento na criação de valores compartilhados e no grau de

estabilidade existente na organização do processo de trabalho, de onde

resultariam três tipos culturais.

A) Cultura Excelente: Usa planejamento. A missão fica claramente definida

para pessoas e Organização.

B) Cultura Fuzzy (Vaga): Mudança constante – descontinuidade negativa. É

constante o hábito de mudanças na equipe dirigente e não se têm a definição

de rumo.

C) Cultura Awful (Horrível): Crises constantes. Existência de enorme confusão

e trabalho de pessoas para atender emergências.

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3.4.4 – Deal e Kennedy

Desenvolveram uma tipologia baseada na relação risco da

atividade organizacional (investimento) e a velocidade do feedback do

mercado.

A) Cultura Macho: Alto risco / Rápido feedback – Existe uma grande

competição interna. Seu ambiente é caracterizado pela individualidade, alta

competição, rápidas decisões e personalidade dura. Os membros da

organização têm o objetivo de ser o melhor. Podemos citar como exemplos,

departamentos de polícia, construção civil, consultoria organizacional, equipes

esportivas, dentre outros. Caracteriza rapidez no trabalho.

B) Cultura do Trabalho Duro / Diverte Muito: Baixo risco / Rápido feedback –

Geralmente encontrada em organizações que atuam na área de vendas como

enciclopédias, automóveis ou imóveis, onde a persistência é determinante do

sucesso. Esse tipo de cultura destaca o valor de sua atividade pela quantidade

de trabalho. O indivíduo por si só tem pouca importância, assim as equipes são

mais ligadas com as suas ações do que com a própria empresa.

C) Cultura Apostar Em Sua Companhia: Alto risco / lento feedback – Os

valores da organização enfatizam o futuro e focam as decisões de longo prazo,

com grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Respeita-se a

autoridade, a competência técnica e o conhecimento compartilhado. Fazem

altos investimentos e têm retorno financeiro lento, como a indústria

farmacêutica, os centros de pesquisa e as companhias de petróleo, por

exemplo.

D) Cultura de Processo: Baixo risco / lento feedback - Ambiente centrado no

como fazer do que no que fazer. A motivação de fazer ou deixar de fazer um

negócio é reduzida. Os bancos, órgãos governamentais e indústrias reguladas

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por lei são bons exemplos deste tipo de cultura organizacional. Eventos

comuns são relevantes na organização. E o aperfeiçoamento técnico é

representativo.

3.5 – A leitura da Cultura Organizacional

Neste capítulo iremos ver como fazem a leitura da cultura

organizacional. Vários autores mostram alternativas que auxiliam nesse

processo, o que faz com que os aspectos estejam diretamente ligados a forma

como cada um entende por cultura. Logo, podemos citar:

A cultura organizacional surge como um contra-ataque aos problemas

de desintegração da sociedade, como uma solução atraente,

enfatizando as idéias comuns, formas de pensar, valores, padrões e

maneiras de trabalhar. Assim, a cultura organizacional fornece

resposta a essas tendências de desagregação social pela quebra dos

padrões culturais, reproduzindo uma ordem particular, via consenso e

solidariedade entre os membros da organização. (FREITAS 1991,

p.74)

Na identificação da cultura é necessário conhecer alguns pontos,

tais como: Significados, Valores e Grau de compartilhamento das informações;

Como é dada a resolução dos conflitos; Estórias, Mitos e Heróis; Tamanho e

tipos das estruturas da organização; A tecnologia usada; A Hierarquia, como é

feita a distribuição do poder; Normas e Procedimentos; Sistema de Controle e

Avaliação; Definição de objetivos e Metas; O valor das pessoas e Papéis

funcionais; A reação aos Impactos externos; Relação de Trabalho; Grua de

autonomia dos membros; Funcionamento do processo de Comunicação.

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De acordo com o ROBBINS, é essencial que se entenda o

processo de criação para que se possa identificar e fazer com que ela auxilie

na produção de resultados. Assim, podemos citar:

Compreender em que consiste a cultura de uma organização, como

ela é criada, sustentada e aprendida, pode melhorar nossa

capacidade de explicar e prever o comportamento das pessoas no

trabalho. (ROBBINS, 2002, p.498).

O fundador tem um papel fundamental neste processo, pois é ele

que indica aos membros o que a organização espera, por ter uma visão global

do sistema e por uma questão de hierarquia. Logo, destacamos:

Os fundadores de uma empresa tradicionalmente são responsáveis

pelo principal impacto sobre a cultura inicial dessa organização. Eles

têm uma visão daquilo que a organização deve ser. Não são limitados

por costumes ou ideologias anteriores. (ROBBINS, 2002, p.506)

Para o autor o processo ocorre em três etapas descritas da

seguinte forma pelo autor:

Primeiro, os fundadores só contratam e mantêm funcionários que

pensem e sintam as coisas da mesma forma que eles. Segundo, eles

doutrinam e socializam esses funcionários de acordo com sua forma

de pensar e sentir. Finalmente, o comportamento dos fundadores age

como um modelo, encorajando os funcionários a se identificarem com

ele e, dessa forma, introjetando seus valores, convicções e

premissas. Quando a empresa tem sucesso, a visão dos seus

fundadores passa a ser vista como o principal determinante desse

sucesso. Nesse momento, a personalidade completa dos fundadores

torna-se parte integrante da cultura da organização. (ROBBINS 2002,

p.506)

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Avaliar a cultura de uma organização, tanto enquanto futuro

empregado que poderá observar sinais que o indicarão quanto a fazer uma

boa ou má escolha, ou tanto enquanto profissional de Recursos Humanos,

auxiliando no diagnostico do cenário da organização e compreensão de

situações, preparando projetos de intervenção, desenvolvendo treinamentos

e/ou quaisquer ações que agreguem valor a organização. Robbins descreve

alguns pontos que devem ser observados para ler a cultura de uma

organização:

A) Referências de ex-funcionários, consultorias e profissionais que prestam

serviços para a organização.

B) Buscar na literatura organizacional, no site da empresa e/ou sites do

segmento ao qual ela faz parte, qual a imagem que a empresa quer passar

para as pessoas. Evidências de rotatividade ou turbulências administrativas.

C) Observar o ambiente físico, fotos, vestuário, mobiliário, espaço entre as

pessoas e etc.

D) Tratamento entre as pessoas da organização

E) O estilo de vestuário dos membros

F) Se há ou não regras e regulamentos impressos em manuais de política de

pessoal e se são detalhadas, de fácil compreensão

G) Verificar a coerência das respostas dadas por pessoas diferentes, para a

mesma pergunta

H) Quem são os fundadores da organização e quem são os atuais dirigentes

I) Como a organização integra novos funcionários? Existe orientação,

treinamento?

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J) Qual o entendimento de sucesso para a organização (lucros, atendimento

ao cliente, prazos e etc.)

K) Existe algum transgressor na organização e como a organização responde

a ele

L) Houve algum evento critico na organização e qual a reação dos membros,

principalmente dirigentes.

Deal e Kennedy (apud. FREITAS 1991) sugerem que deva ser

feita a analise do ambiente interno e externo. No aspecto externo os pontos a

serem observados são:

A) O ambiente físico, que mostra o quanto a organização tem orgulho se si. O

vestir a camisa da organização. Por exemplo, empresas onde se tem

uniformes e/ou botons e seus funcionários têm orgulho em usá-los, em mostrá-

los aos outros, quase fazem questão disto.

B) O que ela conta sobre sua cultura, sobre si.

C) Como a organização recebe pessoas de fora.

D) Entrevista com as pessoas a respeito da história da organização. Como foi

o seu começo, que tipo de pessoas trabalha ali, quem vai avante, a que se

atribui o sucesso.

No aspecto interno as questões a serem abordadas são:

A) Sistema de carreiras

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B) Tempo médio que as pessoas ocupam um cargo, principalmente na

administração média.

C) Conteúdo dos discursos e memorandos

D) Estórias que circulam na “rede cultural” da organização

E) Qual prazo (curto ou longo) é enfocado

F) Se há descontrole emocional por parte dos membros

G) Inconsistências em geral.

FREITAS (1991) analisa SCHEIN, de forma esclarecedora, onde

diz que “Schein Propõe um modelo dinâmico para a analise da formação da

Cultura. Considera algumas definições que as organizações fazem para

manejar os seus ambientes interno e externo que incluem:” (FREITAS 1991,

p.75)

A) Senso de missão, razão de ser da sua existência

B) Alguns objetivos concretos derivados da missão

C) Sentido de realização através das estruturas e processos

D) Sentido de acompanhamento

E) Sentido de reparo

Essas definições dependem de todo o grupo que deve ter:

A) Linguagem comum e categorias conceituadas e compartilhadas

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B) Algum modo de definir suas fronteiras e selecionar seus membros

C) Alguma forma de alocar autoridade e status

D) Normas para lidar com as relações interpessoais e íntimas

E) Critérios de recompensas e punições

F) Formas de lidar com o não administrável

Assim, podemos destacar como referência do autor:

[...] a cultura é transmitida basicamente a partir dos mecanismos de

redução de ansiedade / dor e de reforço / recompensa, [...] a pergunta

sobre se toda organização tem uma cultura pode ser respondida em

termos de oportunidade ou não para que a aprendizagem entre os

seus membros ocorra. Ou, ainda, a cultura é diretamente proporcional

à estabilidade do grupo, ao tempo em que ele tem de convivência e à

intensidade da aprendizagem gerada. (SCHEIN 1985, apud FREITAS

1991, p.76)

Schein afirma que a organização tem um ciclo de vida, que está

diretamente ligado ao desenvolvimento cultural. Esse ciclo se divide em três

fases: crescimento, intermediária e maturidade, descritos da seguinte forma:

1 – Fase de Crescimento

A) “Nascimento e estágios iniciais da organização, onde existe a dominação do

fundador ou da família dominante. A cultura é uma competência distinta e fonte

de identificação, uma espécie de cimento que mantém os membros unidos. É

dada uma forte ênfase à socialização como uma evidencia compartilhada”. 1

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B) “Sucessão. A organização se torna um campo de batalha entre os

conservadores e os progressistas. Sucessores potenciais são julgados de

acordo com a sua capacidade de mudar alguns elementos da cultura

presente”.2

2 – Fase Intermediária

“Fase intermediária com o desenvolvimento de novos produtos, integração

vertical, expansão geográfica, aquisições, fusões, etc. Surgem subculturas,

crises de identidade, perda de objetivos chave, valores e pressupostos.

Oportunidade para mudança cultural”. 3

3 – Fase Maturidade

“Maturidade com a estabilidade de mercados, falta de motivação para

mudança. A cultura torna-se restritiva às inovações, passando a ser valorizada

como uma fonte de auto-estima e defesa, preserva a glória do passado. Nesta

fase, também pode ocorrer uma opção de transformação, via mudança

cultural, ou uma opção de destruição, onde ocorre mudança cultural nos níveis

básicos, através da substituição massiva de pessoas chave”. 4

Conforme BOWDITCH (1992, p. 185), não há igualdade em todas

as culturas organizacionais, existe na verdade fatores baseados em crença e

valores – o quanto são compartilhados; quais são compartilhados; como são

ordenados – que fazem a diferença, influenciando nas atitudes e

comportamento de seus integrantes.

Destaca que é de suma importância a capacidade de analisar a

cultura de uma organização, pois sem uma análise concreta será difícil dizer a

primeira vista qual tipo de cultura terá uma organização, se será forte ou fraca.

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Segundo o autor Bowditch(1992) define:

Decifrar a cultura de uma organização é um processo altamente

interpretativo e subjetivo, que exige uma visão tanto histórica como

das atividades atuais. Não se pode confiar simplesmente no que as

pessoas relatam verbalmente sobre a sua cultura. Embora esses

relatos reflexivos sejam importantes, o modo como as pessoas agem

e interagem entre si, como a alta direção lida com diversas situações,

como as pessoas efetivamente passam o tempo, o que a empresa diz

de si mesma nos relatórios anuais, jornais internos e outros

documentos, e o ambiente físico da organização, tudo isso contribui

para uma compreensão mais completa da cultura especifica de uma

empresa. (BOWDITCH 1992, p. 185)

Chiavenato (2006) diz que alguns aspectos da cultura

organizacionais são mais visíveis do que outros, que são menos visíveis e de

difícil percepção. Faz uma comparação entre a cultura organizacional e um

iceberg. Logo, destaca o autor:

É como se estivéssemos observando um iceberg. A sua parte

superior é perfeitamente visível, pois se encontra na superfície acima

das águas. Contudo, a sua parte inferior fica oculta sob as águas e

totalmente fora da visão das pessoas. Da mesma maneira, a cultura

organizacional mostra aspectos formais e facilmente perceptíveis,

como as políticas e diretrizes, os métodos e os procedimentos, os

objetivos, a estrutura organizacional e a tecnologia adotada. Contudo,

oculta alguns aspectos informais, tais como as percepções, os

sentimentos, as atitudes, os valores, as intenções informais, as

normas grupais, etc. Os aspectos ocultos da cultura organizacional

são os mais difíceis não somente de compreender e interpretar, como

também de mudar ou sofrer transformações. (CHIAVENATO 2006. p.

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Viu-se que a cultura organizacional é constituída pela maneira a

qual a organização lida com o seu ambiente e objetivo. Por vezes, mostra-se

complexa, já que é um misto de elementos, porém pode-se ser conhecida

mediante a uma analise concreta.

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CAPÍTULO IV

MUDANÇA ORGANIZACIONAL

Baseado no que foi descrito até agora, viu-se que a cultura

organizacional é responsável pelos hábitos e costumes praticados na empresa

e estão enraizados de forma que, muitas vezes, torna-se difícil de serem

modificados, sendo essa mudança um desafio aos gestores.

4.1 – Porque Mudar?

Antes do processo de mudança surge o questionamento: Qual o

motivo que traz a necessidade de mudança? Como resposta a esse

questionamento, traz-se a citação de dois autores, CHIAVENATO (2006) e

BOWDITCH (1992). Logo, segundo os autores podemos citar:

A mudança é um aspecto essencial da criatividade e inovação nas

organizações de hoje. A mudança está em toda parte: nas

organizações, nas pessoas, nos clientes, nos produtos e serviços, na

tecnologia, no tempo e no clima. A mudança representa a principal

característica nos tempos modernos. (CHIAVENATO 2006, p. 296)

Culturas organizacionais mudam. Como a cultura é uma parte

integrante do processo de aprendizado e experiência de um grupo,

ocorrem mudanças ao longo do tempo, à medida que as pessoas

enfrentam mudanças no ambiente externo e problemas levantados

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pelos esforços internos de integração. Entretanto visto que as

suposições que servem de base para uma cultura não mudam

facilmente, é importante notar que a transformação cultural é

tipicamente um processo incremental e evolutivo. (BOWDITCH 1992,

p. 186)

A organização está inserida em um cenário mutável e sendo

assim, em algum momento de sua existência, seja necessária uma mudança

visando adaptar-se a este novo cenário. Globalização, pressão competitiva,

fusões e tendências como e-business, e-commerce, otimização de processos

empresariais e workflow, entre outras, são fatores que geram essas mudanças.

A comunicação interna de muitas empresas deixou de ser feita

por meio de memorandos e jornais internos impressos e estão sendo

realizadas por meio de e-mail e informativo online, por exemplo. Ou a forma de

venda, que antes era somente física (através de lojas), hoje pode ser feita via

internet. Em busca da sobrevivência as empresas restruturam-se, diversificam

suas atividades, buscam novos mercados, criando assim uma nova cultura

empresarial e estabelecendo um novo perfil para os profissionais que nela

atuam.

Outro momento em que poderia ocorrer um processo de

mudança seria em uma empresa familiar e que o sucessor seja o filho do dono.

Onde o antigo gestor tinha uma gestão onde a tomada de decisões era

centralizada. O filho, seu sucessor traz a vontade de descentralizar as

decisões, de delegar o poder aos chefes dos setores e filiais, seria uma

modificação interna da cultura da empresa. As mudanças, na maioria das

vezes, vão afetar o modo de agir dos funcionários dentro da empresa e muitos

não estão preparados para isto. Além de o processo consumir tempo e por

vezes, dinheiro.

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Abandonar concepções que outrora eram tidas como corretas

e/ou regras, representa mudança de paradigmas. O que não ocorre com atos

administrativos, como por exemplo, mudanças na legislação. Os indivíduos têm

grande dificuldade em aceitar mudanças, seja nas pequenas coisas do dia-a-

dia, como forma de se vestir, hábitos alimentares, a forma de organização ou

em questões mais complexas, que tem a ver com o modo de ver e viver a vida,

crenças e concepções. Há resistências a serem quebradas, que por vezes,

impedem que se enxergue a realidade dos fatos, posturas a serem revistas. Os

esforços mais bem sucedidos de mudança cultural parecem ter sido baseados

em “redirecionamentos” incrementais e esforços para “honrar” o passado da

empresa.

4.2 – As etapas que constituem o processo

Mudança significa alteração, transformação, troca, modificação.

Chiavenato (2006) diz ainda que “envolve transformação, interrupção,

perturbação, ruptura, dependendo da sua intensidade”. Por isso, um estudo

interno sobre a dinâmica atual da organização é imprescindível para saber

como e por onde começar esta mudança, para que seu impacto não seja

prejudicial ao andamento normal das atividades da empresa. O autor descreve

o processo em três etapas: descongelamento, mudança e re congelamento.

A) Descongelamento: Fase inicial da mudança. Velhas ideias e práticas são

derretidas, abandonadas e desaprendidas. Representa a abdicação ao padrão

atual de comportamento para ser substituído por um novo padrão. Se não

houver o descongelamento, a tendência será o retorno ao padrão habitual de

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comportamento. O descongelamento significa a percepção da necessidade de

mudança.

B) Mudança: Etapa em que novas ideias e praticas são experimentadas,

exercitadas e aprendidas. Ocorre quando há a descoberta e adoção de novas

atitudes, valores e comportamentos. A mudança envolve dois aspectos: a

identificação (as pessoas percebem a eficácia da nova atitude ou

comportamento e a aceita) e a internalização (as pessoas passam a

desempenhar novas atitudes e comportamentos como parte de seu padrão

normal de comportamento). Mudança é a fase em que novas ideias e práticas

são aprendidas, de modo que as pessoas passam a pensar e a executar de

uma nova maneira. Essa é a etapa da implementação do processo de

mudança.

C) Re congelamento: Etapa final em que novas ideias são incorporadas

definitivamente no comportamento. Significa a incorporação de um novo

padrão de comportamento de modo que ele se torne a nova norma. O re

congelamento significa que o padrão aprendido foi incorporado à prática atual

e passa a ser a nova maneira que a pessoa adota no seu comportamento.

Esta etapa requer dois aspectos: o apoio (suporte através de recompensas

que mantém a mudança) e o reforço positivo (prática proveitosa que torna a

mudança bem sucedida). Caracteriza a estabilização da mudança.

De acordo com Bowditch (1992) existem dois modos básicos de

se fazer uma mudança cultural: Fazendo os integrantes de a organização

“comprar” a ideia de uma nova configuração de crenças e valores ou

Recrutando e Socializando novas pessoas para dentro da organização (dando

ênfase a essas novas crenças e valores), e removendo os membros antigos

conforme o necessário. Para que essa mudança possa ser criada, existem

cinco pontos chaves de processo e intervenção, são eles:

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A) Mudar o comportamento dos membros na organização: Frequentemente a

mudança começa em uma avaliação por partes dos gerentes, em relação as

atitudes dos funcionários e em seguida uma tentativa de mudá-las. Uma

abordagem consistente com o conhecimento tradicional de que as crenças e

atitudes influenciam o comportamento, e uma das maneiras mais eficazes – de

acordo com pesquisas – de se mudar crenças e valores. Atitudes influenciam

no comportamento, mas o comportamento também influencia na atitude.

Valores a atitudes individuais são difíceis de serem mudados, visto que estes

estão atrelados a outros. Logo, é conclusivo dizer que na mudança será

impossível mudar um valor isoladamente. Em relação a comportamentos e

interações relevantes pode-se começar a moldar os resultados que se deseja

obter estabelecendo expectativas e padrões de desempenho explícitos,

recompensando os comportamentos apropriados e provendo canais pelos

quais os membros possam contribuir para o cumprimento das metas e

objetivos. A mudança cultural pode acontecer tempos após a mudança no

comportamento, ou em alguns casos, nem chegar a ocorrer. Organizações que

dependem de motivadores externos, podem ter membros racionalizando o

motivo em terem aceito a mudança, deixando valores e orientações intactos.

Porém se puderem ver o valor inerente da mudança, a probabilidade em

aceitar e se identificar com o que a organização quer fazer, será maior.

B) Justificar as mudanças comportamentais: A longo prazo, as crenças valores

e atitudes dos membros da organização terão de reforçar e ser consistentes

com o novo comportamento desejado (mudança na cultura organizacional).

Embora possa parecer que os membros tenham assimilado as mudanças, eles

podem estar racionalizando seus comportamentos porque “era preciso, para

não perder o emprego” ou “é isso que eles recompensam”. Mantendo ainda

crenças e valores da cultura anterior. Fazendo com que haja uma obediência

comportamental na superfície, mas pouca, e em alguns casos nenhuma,

aceitação da mudança. Por isso, é preciso dar explicações e justificativas da

mudança organizacional a seus membros, os convencendo a analisarem suas

crenças e valores, mostrando a eles que tais conflitam com o que acontece ao

seu redor. É necessário também articular e comunicar as novas crenças e

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valores para que os membros possam adotá-las, caso se queira uma mudança

organizacional duradoura.

C) Comunicar mensagens culturais sobre as mudanças: Ocorrem a nível

explicito, que inclui proclamações, memorandos, discursos, e outras formas

diretas de comunicação, e implícito, que inclui rituais, cerimônias, historias,

metáforas, heróis, logotipos, decoração, vestuário, dentre outros. As duas

formas (explicita e implícita) agem como dispositivos importantes no processo

de mudança organizacional. A estratégia básica deve ser a promoção de

sensação de propósito comum entre os membros, sempre com a preocupação

em relação a credibilidade tanto da mensagem como do transmissor, para que

não haja um choque no sentido de se falar uma coisa e fazer outra,

sustentando assim através dos atos, as promessas, imagens e mensagens.

D) Contratar e socializar novos integrantes que se “encaixem” na cultura

desejada: Focar em membros que tenham uma cultura/postura adequada a

cultura que a organização espera. Mostrar o quão importante é para a

organização, agir e pensar de acordo com a cultura organizacional do

ambiente. O “sangue novo” oferece menos resistência as ideias, desta forma a

socialização – troca de conhecimentos – se torna mais proveitosa, clara e

adequada.

E) Remover os integrantes que se desviem da cultura desejada: A principio

deve-se tentar adequar os membros a mudança de cultura. Porém como já foi

dito, crenças e valores, são difíceis de serem mudados, por estarem atrelados

a uma “mudança de paradigma”. Logo, em alguns casos, existirão membros

que apesar de todo esforço e dedicação por parte de seus gestores, recusarão

as mudanças. E neste caso, estes membros, que em outro momento – na

antiga cultura – colaboravam para o desenvolvimento da organização,

passarão a “laranjas podres”. Então a organização correrá o risco de ver o seu

processo de mudança ruir – planejamento, investimento financeiro e

profissional, tempo e etc. - frente a essa situação, caso não remova esses

membros.

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4.3 – O Agente de Mudança: A figura humana

Além dos pontos até agora descritos, outro fator importante é o

agente de mudança, seja interno ou externo. O profissional responsável por

em conduzir ou guiar o processo de mudança em uma organização. Ele incia o

processo e ajuda a fazer acontecer. Geralmente esses profissionais são os

Gestores de RH (que estão se tornando consultores internos) e os Gerentes de

linha (que estão de tornando os agentes de mudança dentro da organização),

que para funcionar deve atuar de maneira a incentivar as etapas de

descongelamento, mudança e recongelamento.

O foco do agente de mudança deve ser maximizar o efeito das

forças positivas e minimizar o efeito das forças positivas, conduzindo o

processo de mudança, que surge a partir de estímulos internos e/ou externos,

de forma eficaz. Logo podemos destacar:

O processo de mudança ocorre dentro de um campo de forças que

atuam dinamicamente em vários sentidos. De um lado, existem forças

positivas de apoio e suporte à mudança e, de outro, forças negativas

de oposição e resistência à mudança. Em toda organização, existe

uma balança dinâmica de forças positivas que apóiam e impulsionam

a mudança e de forças negativas que a restringe e a impede. O

sistema funciona dentro de um estado de relativo equilíbrio [...] que é

rompido toda vez que se introduz alguma tentativa de mudança. [a]

Quando as forças positivas são maiores do que as forças negativas, a

tentativa de mudança é bem-sucedida e a mudança ocorre

efetivamente. Entretanto, quando as forças negativas são maiores do

que as forças positivas, a tentativa de mudança é malsucedida e a

mudança não ocorre, prevalecendo a velha situação. (CHIAVENATO

2006, p. 298)

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De acordo com Kissil (1998), revitalização e inovação são

necessárias para que a organização possa sobreviver e se desenvolver. E isso

é conseguido através da mudança da cultura da organização.

A mudança da cultura deve começar de cima para baixo na

escala hierárquica, podem e devem ser executadas pela Diretoria. Os gerentes

intermediários, supervisores, ou chefes de departamentos, devem

obrigatoriamente fazer parte do processo, ou etapas como a de comunicação

não funcionarão. Também devem incentivar as mudanças propostas, é por

eles que as instruções normalmente chegam. Destacamos:

É necessário, ainda, incluir o comprometimento dos heróis, o

reconhecimento do inimigo externo; fazer dos rituais de transição os

pivôs da mudança; treinar novos valores e padrões comportamentais;

não perder de vista que a mudança foi promovida pelos insiders;

construir novos símbolos tangíveis da nova direção e insistir que a

segurança do emprego está assegurada no processo de transição.

(FREITAS 1991, p. 81)

É consenso entre autores e profissionais, de que o processo de

mudança da cultura organizacional é custoso e trabalhoso. Entendimento de

todos dentro da organização, é uma forma de ter/fazer/passar pelo processo,

mantendo o ritmo de produtividade e uma estrutura consistente da

organização.

Organizações que almejam ter sucesso devem buscar e trabalhar

para cultivar nos membros o comprometimento para com ela, a capacidade de

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aprender em todos os níveis, tendo como base processos previamente

desenhados e difundidos de forma clara

Isso é conseguido com uma cultura organizacional forte, onde as

pessoas têm os valores, crenças e princípios da organização difundidos de

forma clara e objetiva, onde todos têm orgulho de fazer parte de uma

organização transparente e focada no sucesso.

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CONCLUSÃO

Cultura e Organização estão inseridas no dia a dia das pessoas.

O ser tem sua cultura desde o nascimento e para que seu nascimento

acontecesse a organização fez-se presente. As divergências culturais ou as

semelhanças constroem e/ou destroem barreiras, superam dificuldades,

encontram formas de adequação frente a uma nova realidade, embasam

futuras gerações. Um sistema organizado vence batalhas, atinge objetivos, faz

pessoas caminharem juntas. E é desta forma que o termo Cultura

Organizacional tem de ser visto pela empresa que quer extrair o máximo de

proveito deste termo, o tendo como fator vital a saúde empresarial.

Organizações que tem como foco, se manter no mercado de

forma competitiva, devem ter sua cultura estruturada e clara para todos os

membros. A cooperação entre os membros e a criação de uma sinergia

interpessoal, cada vez mais se tornam um fator decisivo para o sucesso,

dando a organização um atributo determinante de diferenciação competitiva,

frente a fatores como globalização, tecnologia, competitividade, fusões, geram

mudanças no cenário empresarial. Essas mudanças influenciam a todo tempo

à organização e seus membros. A cultura organizacional surge como uma

forma de readequação.

A cultura organizacional exerce influencia não somente no

ambiente organizacional, mas também na atmosfera particular dos membros

que dela – organização – fazem parte. Cada organização possui sua cultura,

que é caracterizada por suas crenças e valores. Porém a formação dessa

cultura sofre influencia não só de seus fundadores, como de seus membros,

que trazem além de seus conhecimentos e competências, seu modo de vida,

padrões, valores, comportamento e personalidade.

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Quando se tem um equilíbrio entre cultura e membro, tem-se um

forte fator para obtenção de resultados positivos. Caso não haja esse

equilíbrio, a probabilidade é que se gerem resultados negativos. E neste

momento é necessária a mudança. Mudança esta, que deve ser feita após

uma análise a fundo e de forma concreta, sem o medo do real.

Fato que toda mudança gera desconforto, ainda mais quando

essa transformação incide em valores, crenças e consequentemente, quebra

de paradigmas. Neste momento, é necessário o comprometimento de todos,

principalmente dos gestores e/ou os membros que estão na parte superior da

escala hierárquica. Estes devem servir de exemplo aos demais, incentivando e

tendo coerência entre suas palavras e seus atos.

Uma organização, seja ela qual for e de qual segmento for,

necessita ter o fator humano como primordial em sua estratégia. A busca pela

e excelência e competitividade de mercado, neste novo cenário do RH

estratégico, requer uma base sólida que é a Cultura Organizacional. A solidez

é constituída ao se buscar nos membros não somente seus conhecimentos

técnicos, mas também sua capacidade, credibilidade, vontade, orgulho por

estar naquela organização.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

DA CULTURA ORGANIZACIONAL ATRAVÉS DA

CONTRIBIÇÃO DOS ASPECTOS HISTÓRICOS 10

1.1 – Instrumentos de contribuição 12

CAPÍTULO II

DA CULTURA: INSTRUMENTO FUNDAMENTAL E EFICAZ

15

2.1 – Conceitos 15

2.1.2 – Características e Elementos 18

2.2 – Organização 19

CAPÍTULO III

CULTURA ORGANIZACIONAL 23

3.1 – Os elementos 25

3.2 – As características 28

3.3 – Os níveis 29

3.4 – Suas tipologias 30

3.4.1 – Charles Handy 30

3.4.2 – Sethia e Von Glinow 32

3.4.3 – R.Donnely 33

3.4.4 – Deal e Kennedy 34

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3.5 – A leitura da cultura organizacional 35

CAPÍTULO IV

MUDANÇA ORGANIZACIONAL 44

4.1 – Porque mudar 44

4.2 – As etapas que constituem o processo 46

4.3 – O agente de mudança: A figura humana 50

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA 55

ÍNDICE 58