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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR Por: Juvelina Moreno Lopes Orientador Profª. EDLA TROCOLI Rio de Janeiro 2012 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR

Por: Juvelina Moreno Lopes

Orientador

Profª. EDLA TROCOLI

Rio de Janeiro

2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Docência do Ensino

Superior.

Por: Juvelina Moreno Lopes

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AGRADECIMENTOS

....primeiro a Deus, segundo aos meus

familiares, por terem orgulho de mim e

por me ajudarem nessa conquista.

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DEDICATÓRIA

.....dedico aos meus ex alunos, que me

valorizaram e me incentivaram a ser uma

professora universitária. E aos

professores da Ucam que contribuem

para que isso se torne realidade.

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RESUMO

No presente trabalho foi pesquisado sobre assuntos relacionados

aos professores universitários, instituições, etc. Mas o principal objetivo

é mostrar a importância que a Didática deve ter no ensino superior.

Muitos professores, e algumas instituições não lhe dão a devida

importância, o que acarreta grandes prejuízos à formação de alunos do

ensino superior. A pesquisa bibliográfica vem demonstrar o que é o

verdadeiro Ensinar, no sentido mais amplo.

Portanto no capítulo I, foi pesquisado sobre, O Professor

Universitário no Brasil hoje, sua formação, as exigências legais de

acordo com a LDB, as exigências das instituições, os desafios, a

pesquisa e a definição de suas atividades.

Literatura pesquisada: Pimenta, G. Celma – Docência do Ensino

Superior. A autora aborda o assunto de forma clara, e muito abrangente.

Bibliografia citada: (Benedito, 1995,p.131)..

No capítulo II, é feito uma abordagem sobre a Pedagogia, como

uma ciência para a Educação, e seus ramos, como: a Didática, a

Psicologia da Educação, a Filosofia da Educação, a Sociologia da

Educação entre outras. e a Andragogia ( que é um estudo sobre, a

Didática para adultos), sendo que, o adulto tem muita participação no

processo ensino-aprendizagem.

Literatura pesquisada:

Libâneo, J. Carlos – Didática

WEBGRAFIA. HTTP://serprofessoruniversitario.pro.br

Bibliografia citada: (Malcom Knowles 1976), Whiborne e Weinstock (1979), Houle (1972), Kolb o autor do “Aprendizagem vivencial e Carl Rogers.

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No capitulo III, a pesquisa é totalmente voltada para o processo de

ensinagem. O ensinar, do Ensinar a Ensinagem. A finalidade da docência, a

importância da Didática no processo ensino-aprendizagem. A problemática da

falta de Didática no Ensino Superior, a busca, e as possíveis soluções para

essa problemática.

Literatura pesquisada: Pimenta,G. Selma – Docência do Ensino Superior

Bibliografia citada: (Luckesi, 1983), Almeida (2000), Teodoro (1991,p.43-44),

Nóvoa (1992, p.25), (Bullough, 1987 p.92, in Péres Gómez, 1995, p. 339), (

cf.Sheffler,1974), Candau (1986), (Danilov,1985, p.27), Benedito (1995), Not

(1979), (Reboul,1982), (Vasconcelos, 1996) e ( Rios, 2001).

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METODOLOGIA

Esse trabalho teve início, a partir de informações dada pelos

professores de didática do curso de Docência do ensino Superior, e

através do estudo do livro Docência do Ensino superior de Celma

Garrido Pimenta, que aponta a problemática da falta de didática no

Ensino Superior com muita propriedade, e aponta também, um melhor

planejamento e possíveis soluções para o problema.

O presente estudo têm o seu foco principal , chamar a atenção

para o que seja o verdadeiro ensinar, a adoção de uma metodologia que

atinja o principal objetivo que é a aprendizagem, e à formação do aluno

como profissional na área que escolher e também como ser social.

Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram os livros:

PIMENTA, G. Selma. Docência do Nível Superior, Libâneo, J. Carlos –

Didática, Jornal CONFENEN – ( Confederação Nacional de

Estabelecimentos de Ensino – novembro/dezembro – 2011- p, 10). e

WEBGRAFIA. HTTP://serprofessoruniversitario.pro.br

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O Professor Universitário no Brasil 10

CAPÍTULO II - Didática, Pedagogia e Andragogia 19

CAPÍTULO III - O Ensinar 29

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43

BIBLIOGRAFIA CITADA 44

ÍNDICE 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO 46

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INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem por objetivo, uma reflexão sobre à importância da Didática

no Ensino Superior, a formação do professor universitário, e a complexidade da

identidade desse profissional, levando em conta a questão: Basta ser mestre,

e ou doutor? Ou, O Ensinar, vai muito além do conhecimento do conteúdo?

Segundo Paulo Freire na “ Pedagogia da Autonomia”: Ensinar não é

transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para à sua produção, ou à

sua construção.

Já que, entende-se como Didática, as técnicas necessárias para

ensinar, um professor não possuidor dessas técnicas, e, possuidor apenas de

conhecimentos profundos do conteúdo, (não tirando esse mérito), porém, sem

adotar uma metodologia, para que a aprendizagem do aluno possa se dar de

forrma satisfatória, é muito provável que o ensino-aprendizagem muitas vezes

fracasse. Ouve-se muitos comentários por parte de alunos e ex-alunos

universitários, sobre, a “frieza” de alguns professores, na forma de conduzir o

trabalho docente. Muitas vezes por ter conhecimentos profundos do conteúdo,

esse profissional, seja em que área for, não tem a preocupação sobre qual é a

melhor metodologia a utilizar, pois sem uma formação prévia na ciência de

ensinar, pode apenas passar conteúdo, e reproduzir a forma de ensinar, a que

ele próprio foi submetido, pois é o que ele conhece.

Atualmente, exige-se um amplo conhecimento do professor universitário,

na sua área, principalmente as titulações de mestre e doutor, e, deixa-se de

lado, a formação didático-pedagógico, que é essencial na formação de alunos

mais críticos, pensantes e atuantes. A falta de uma metodologia definida

poderá contribuir para um ensino de má qualidade.

Diante do exposto faz-se necessário uma reflexão, e uma busca de

solução nesse sentido, buscando uma preparação pedagógica do professor de

nível superior para que este contribua, não só com a transmissão de

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conteúdos, mas para a formação de uma visão crítica, e um desenvolvimento

social dos alunos.

Portanto esse trabalho tem como objetivo pesquisar sobre: O Professor

Universitário no Brasil, a Pedagogia e seus ramos ( principalmente a

Didática, a Andragogia). e, O Ensinar, no seu sentido mais amplo.

O Professor Universitário: sua formação, sua identidade como profissional,

seu compromisso com o aprendizado e formação de alunos do ensino superior,

o papel das instituições no processo de formação dos alunos, e as exigências

feitas aos docentes universitários, tanto pelas instituições, quanto pela

legislação (LDB). A Didática: Uma visão abrangente sobre a Pedagogia e

seus ramos: A Didática, a Psicologia da Educação, a Filosofia da Educação, a

Sociologia da Educação entre outras. E Andragogia. O Ensinar: Uma séria

reflexão sobre o que é realmente um ensinar de qualidade, que não se trata

simplesmente da transmissão de conteúdos, mas de uma ciência, e uma arte,

que deverá levar o aluno a pensar, e que poderá construir e ou transformar.

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CAPÍTULO I

O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NO BRASIL

O CONCEITO

...O Professor Universitário .

A profissão professor universitário no Brasil, muitas vezes não é

bem definida, principalmente pelos próprios professores. De que modo os

professores do ensino superior se identificam? Um médico, um advogado, um

físico, um engenheiro, por exemplo, que dão aulas no ensino superior,

convocados a preencher uma ficha de identificação, como se identificariam

profissionalmente? Talvez médico, engenheiro, ou seguido de professor

universitário. O título de professor sozinho, poderia sugerir uma identidade

menor.

“ O professor universitário aprende a sê-lo mediante um

processo de socialização em parte intuitiva, ou (T)

seguindo a rotina dos “outros”. Isso se explica, sem

dúvida, devido à inesistência de uma formação específica

como professor universitário. Nesse processo, joga um

papel mais ou menos importante, suas próprias

experiências como aluno, o modelo que predomina no

sistema universitário e as realizações de seus alunos,

embora não há que se descartar a capacidade autodidata

do professorado. Mas ela é insuficiente. (Benedito,

1995,p.131)..

1.1 – A Formação do Professor Universitário

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Para que o docente universitário se forme no Brasil, não é necessário

curso específico como nos outros níveis, segundo a LDB, é aceitável que o

professor universitário seja preparado nos cursos de pós-graduação stricto

sensu ou lato sensu, porém não é obrigatório. Mas a exigência legal para as

instituições, é que se tenha no mínimo 30% de professores no seu quadro de

funcionários, possuidores de formação stricto sensu, (mestrado), ou seja, título

de mestre. Isso, acaba forçando a necessidade de uma formação mais

específica, o que não quer dizer que, necessáriamente um bom pesquisador,

seja também um bom professor. È sempre bom lembrar que saber muito, não é

certeza de saber ensinar muito.

Em se tratando da parte legal, a docência universitária trata a questão

com relevancia em diferentes países, e no nosso, se admite a necessidade de

que, as instituições de nível superior passem a se preocupar e a desenvolver

programas de profissionalização de seus professores para o exercício da

docência. Colocando-os conscientes da problemática e da complexidade do

que é o ensinar, da responsabilidade de formar alunos no ensino superior; da

responsabilidade do formar profissionais competentes, de formar

pesquisadores, e acima de tudo formar professores no sentido exato da palavra

1.2– Tornar-se Professor Universitário Hoje.

Dependendo da instituição a que o professor venha a fazer parte, um

tipo de especialização será exigido dele, docência, atividades de extensão e

pesquisa, sendo a docência a atividade comum a todas as instituições de

ensino superior.

A profissionalização do professor em instituições de ensino superior

começa pelo papel de docente. Já para ingressar nas universidades públicas,

acontece atraves de concurso, onde conta pontos também a titulação, o

mestrado e ou doutorado, e a pesquisa. A exigência do concurso nas demais

instituições é facultativa e depende do estatuto que as rege, o contrato de

trabalho é feito por disciplinas ou horas/aula semanais.

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Assim, a contratação para a docência no ensino superior ao ocorrer

mediante concurso, pode-se supor que a escolha do candidato se da pela sua

experiência de professor,e que suas habilidades e conhecimento para tal serão

objeto de verificação no concurso. Já quando se trata de convite, o critério

entre outros é devido a conhecida competência profissional do convidado na

área de atuação específica, relacionada à disciplina que passará a lecionar.

Nesse caso a instituição pressume que: por dominar a área relacionada à

disciplina, o profissional já possui em si a competência para se tornar um

docente. Esse pensamento faz parte de um senso comum, que sustenta a idéia

que, basta dominar o conteúdo para que se tenha em si condições suficientes

para ser dele um transmissor. Dentro desse contexto, quer dizer que ensinar é

transmitir um conteúdo a um grupo de alunos reunidos em uma sala de aula.

Não são questionados, nem nos editais nem no cotidiano, os

elementos que possibilitam ao profissional que domina uma área específica de

conhecimento ser também capaz de trabalhá-la em situação específica de

ensinar. Institucionalmente, uma vez aprovado no concurso, ou contratado, o

professor recebe uma ementa, um plano de ensino do ano anterior e , com isso

em mãos, o horário de trabalho que lhe cabe desempenhar. A partir daí,as

questões de sala de aula, de aprendizagem e de ensino, de metodologia, são

de sua responsabilidade, só havendo discussões acerca do processo se este

sair muito da “normalidade” pretendida. Ou seja, reforça-se aí um processo de

trabalho solitário, extremamente individual e individualizado; o professor é

deixado à sua própria sorte e, se for bastante prudente, evitará situações

extremas, nas quais fiquem patentes as falhas em seu desempenho. Nessa

situação, como criar uma identidade profissional? Em que momentos são

discutidas as possibilidades de formação inicial e continuada? A implantação

de uma disciplina sobre metodologia de ensino superior, nos cursos de

especialização, com carga horária de 60 horas é o suficiente para criar essa

nova identidade?

É importante mensionar que, mesmo que o sistema não se preocupe

com a formação adequada dos docentes e não estabeleça princípios e

diretrizes para a profissionalização dos professores do ensino superior, são

realizadas algumas verificações externas, sobre a qualidade da docência,

verificando os resultados que os alunos obtêm no provão.

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Para que seja feita a avaliação dos definidores da qualidade, o Órgão

avaliador, geralmente desconhece as funções da universidade como

instituição social, e estabelece os parâmetros. Fica então, a cargo das

instituições formas de profissionalizar seus professores, o que se dará,

conforme, o que cada instituição entenda, o que é necessário para essa

profissionalização.

Talvez por isso mesmo, quando se pesquisa a docência no ensino

superior, Verificam-se muitas características comuns a diferentes instituições,

sejam em regiões próximas, ou distantes, não apresentam muitas variações no

que diz respeito à parte metodológica; ou seja, a forma de ser de professores

e alunos na sala de aula, parece já estar definida. Existe também uma grande

comparação na visão de conhecimento e de saber escolar. È como se

houvesse um modelo de abordagem metodológica e de avaliação utilizados por

todas às instituições nacionais. Como compreender o que se passa? O estudo

dos modelos que influenciaram essa forma de ser na universidade mostra que

isso já vem de longa data e se faz necessário repensar esse modelo.

1.3– Professor ou Pesquisador?

Existe uma tendência de se valorizar a pesquisa no processo de

ensinar, é necessário repensar os propósitos e os conceitos referente o

significado no que se refere a ensino e ao professor: o ensino, fenômeno

complexo, realiza-se como prática social por seres humanos e com seres

humanos, a relação destes sujeitos são variáveis e modifica-se dependendo

das ações de cada um, e da relação que se estabeleça entre esses sujeitos. A

relação entre esses sujeitos se modifcam dentro do processo. A profissão de

professor surgiu em dado contexto e momento histórico, tomando rumos e

diretrizes conforme as necessidades apresentadas pela sociedade, e constrói-

se com base nos significados sociais que lhes são apresentados. Como tem se

desenvolvido a formação continuada e o desenvolvimento profissional do

docente do ensino superior? É sabido que a para ser professor é exido o

domínio do conteúdo. Mas em que consiste o método? E em que nível se dá o

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domínio dele? Profissionalmente, qual o valor que se da ao domínio da

métodologia de ensino?

Pela atual legislação, segundo a LDB de 1996, encontra-se a exigência

de um percentual significativo de docentes com titulação , ou seja, possuir

cursos de especialização, de mestrado e de doutorado. Pode-se verificar que,

nos quadros de professores que fazem parte hoje das instituições de ensino

superior, há um número significativo com experiência sistemática de pesquisa,

adquirida ao fazer os cursos de especializações, ou seja, os mestrados e

doutorados.

Conforme Censo do Ensino Superior, INEP/MEC

1998, dos 165.122 professores universitários, 35%

(57.766) possuem especialização, 27,5% (45.482)

concluíram mestrado e 18,8% (31.073) concluíram

doutorado. Mesmo considerando apenas as experiências

de mestrado e doutorado como sistematização de pesquisa

e, portanto, de apropriação de seu método, haveria já um

total de 46% do professorado com esse domínio. Pode-se

considerar por conseguinte, a existência de um avanço na

formação de docentes. Quanto ao método de pesquisa,

uma vez que o objetivo fundamental da pós graduação é a

prática sistemática da pesquisa, avanço que vem

acontecendo tanto por iniciativas pessoais quanto

institucionais e em decorrência também da exigência legal.

(PIMENTA, G. Selma).

Mesmo assim, pode se verificar que, ser um reconhecido pesquisador,

produzindo novos conhecimentos, mesmo que significativos aos quadros

teóricos já existentes, não é garantia da excelência no desempenho

pedagógico no que se refere ao processo de ensino-apredizagem como um

todo. Sabe-se que a pesquisa e a produção do conhecimento são objetivos

dos quais fazem parte das atividades de pós graduação. Os docentes quando

fazem parte desses programas, e desenvolvem habilidades próprias ao método

do de pesquisa, e os resultado nessa ações obviamente são comuns a

pesquisa. Existe o método de ensinar com pesquisa e o de pesquisar o

ensinar, devemos separar inicialmente em que consistem os dois métodos, o

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de ensino e o da pesquisa, e os resultados dessas pesquisas comuns para o

docente, no ensinar e no pesquisar. Trata-se do sujeito envolvido na pesquisa,

o seu trabalho pode ser efetuado individualmente, ou em grupo, sendo mais

comuns os trabalhos feitos individualmente, pois o momento de cursar as

disciplinas dos programas de pós graduação, o que é feito em grupo nem

sempre está diretamente associado às necessidade do tema/problema.

Podendo também haver momentos de pesquisa em duplas, em grupo e

momentos individuais, mas em todo o tempo, o pesquisador iniciante ou não,

terá necessariamente o acompanhamento e o apoio do orientador ao longo

das diferentes etapas da pesquisa.

Outra condição a ser considerada na pesquisa, é o tempo. Geralmente

definido em blocos, conforme o projeto ou o nível de avanço dela, e comporta

alterações justificadas, por imprevistos, levantamento de novos problemas ou

questões a superar, novos processos, sendo considerada dessa forma certa

flexivel.

O conhecimento adquirido ao término da pesquisa e os resultados

obtidos sobre o problema, podendo concluir na confirmação da teoria existente

ou levar à revisão parcial ou total do referencial científico estudado, na busca

das explicações das determinações da realidade, que é essencialmente

dinâmica, o conhecimento obtido pode ser sempre histórico e temporal,

constitui síntese que precederá as novas sínteses dos quadros teóricos futuros.

Esse novo conhecimento que refuta ou confirma hipóteses, respondendo a

questões ou problemas da realidade por incorporação ou superação das

teorias existentes, possibilita ou não novas teorias científicas. Quanto ao

método, ele é definido ao propor-se o problema a ser pesquisado, uma vez que

há estreita e direta relação entre o objeto, o campo de conhecimento ao qual

ele se refere e o método de apreensão de seus determinantes. Habitualmente

trabalha-se com métodos já existentes, que refletem modelos científicos já

testados e aceitos pela comunidade científica, havendo portanto clareza das

etapas a seguir na busca da solução do problema pesquisado. Ao longo do

processo, recebe-se assessoria do orientador ou do grupo de pesquisa do qual

se participa. Esses são resumidamente, aspectos essenciais desenvolvidos na

vivências de uma pesquisa sistematizada, efetivada pelos docentes de ensino

superior em seus mestrados e doutorados. As sínteses obtidas, por via de

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regra, virão compor programas das disciplinas pelos quais os docentes são

responsáveis. As vezes o programa disciplinar acaba se reduzindo, ao tema

pesquisado pelo professor, ficando o papel docente reduzido o repasse e a

formação dos alunos a um módulo.

1.4– Definição das Atividades do Professor Universitário

As definições na atividade de ensinar, podem se compor da seguinte

forma:

Dentre todos que fazem parte do processo, o professor como sujeito se

confronta com outros sujeitos envolvidos. Em primeiro lugar, os que são

institucionais: chefias departamentais, coordenadores e colegas docentes que,

juntamente devem planejar a organização do curriculo de ensino, da qual

farão parte os alunos. Nessa etapa já encontra-se um primeiro desafio,que

surge da necessidade de trabalhar conjuntamente, na construção de um

projeto institucional comum, a ser efetivado, no projeto do curso específico em

que atua como docente. Serão definidas nesse projeto as decisões que

competem à sua disciplina. Ou no caso de instituições com organização

curricular mais avançada, ao quadro do programa de aprendizagem em que

atuará e com respeito ao momento do curso em que se inserem as atividades

de integração curriculares. Assim, exige-se uma relação muito diferente

daquela determinada pela pesquisa, que envolve o orientador e orientando.

Tomar decisões sobre as ações docentes em equipe é posicionar-se, deixar-se

profissionalmente, substituir formas iniciais pensadas por outras, definidas pelo

coletivo. Exige saber ouvir, ponderar, decidir.

O professor além da equipe da chefia docente, fatalmente irá deparar-

se também com outros envolvidos no processo. Mais principalmente seus

alunos, que representam a razão de ser da profissão docente. Esses alunos

vem com sua identidade, e com características e conhecimentos próprios, a

serem conhecidos no processo de efetivação do ensino e da aprendizagem. E

poderão no entanto, na maioria das vezes, estarem muito distantes dos alunos

que imaginamos, e que gostaríamos de encontrar na sala de aula. Esses

alunos interagem com os docentes por períodos determinados (semestrais ou

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anuais), e não existe a menor garantia de um método que funcionou com um

grupo vá funcionar com outro. Então, atitudes de flexibilidade, de abertura, e a

capacidade de lidar com o imprevisto e com o novo se tornam imprescindiveis

no desempenho e sucesso da atividade docente.

O tempo, no ensino, apresenta-se diferentemente do tempo de

pesquisa: não é flexivel, e o processo de ensinagem tem de se adequar ao

semestre.(quatro meses de aula) ou um ano (oito meses em média), para os

fechamentos necessários ao programa previsto. A adequação do tempo dos

cronogramas curriculares impõe constantes desafios e limites existente no

processo de ensino.

Em relação aos conhecimentos a serem trabalhados, muito diferente

da situação de pesquisa, trata-se de conteúdos já existentes, sistematizados,

elaborados e organizados, resumindo, mais ou menos definidos para serem

aplicados, no sentido de se tornarem próprios aos alunos, o que deve ocorrer

sob a orientação do professor, mas sob responsabilidade conjunta. Os

conhecimentos devem ser traduzidos pelos sujeitos do processo, professores e

alunos com base no quadro teórico da disciplina.

É necessário para a atuação em sala de aula,

que se adote uma posicição de abertura, coragem e flexibilidade no

enfrentamento da ação profissiona do docentel; trata-se de uma ação

profissional, do profissional professor, e não apenas de um profissional de

outra área que ocupa uma sala de aula na universidade e fica diante de um

grupo de alunos repassando o conhecimento existente. Vasto mercado de

trabalho para professores tem sido aberto nas inúmeras instituições de ensino

superior, que, por constituírem demanda imediata, puderam ser ocupadas por

diferentes profissionais. Estes geralmente recebem um “treinamento” que visa

à aquisição de competências técnicas imediatas para a solução de problemas,

tomados de forma descontextualizada. Entretanto, para a vocação científica da

universidade, são necessários projetos e programas de formação, que vêm

hoje sendo denominados de profissionalização inicial ou continuada ou de

desenvolvimento profissional do professor, tendo em vista a construção da

identidade profissional paralelamente ao processo de atuação em sala de aula.

Essa deve ser nossa “luta”, individualmente, coletivamente e

institucionalmente, é necessário busca-la. O ponto de partida possível é a

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análise dos elementos existentes no processo: nós e nossa identidade pessoal;

os alunos e o desafio de melhor aprender formas de manifestação dos

frequentadores da universidade de hoje e as formas de comunicação com eles;

os elementos do quadro teórico-prático postos à nossa disposição pela

pedagogia existente; os conteúdos da disciplina ou do programa de

aprendizagem de nossa responsabilidade; e a dinâmica relacional que envolve

todos os elementos. É preciso intensificar esse processo de pesquisa, ação a

ser efetivada pelo próprio profissional docente.

Professor, essa profissão exige de seus profissionais determinação,

flexibilidade, imprevisibilidade. Não há modelos ou experiências que sirva de

modelos a serem aplicadas. A experiência acumulada serve apenas de

referência, nunca de padrão de ações com segurança de sucesso. Assim, o

processo de reflexão, tanto individual como coletivo, é a base para

sistematização de princípios norteadores de possíveis ações, e nunca de

modelos.

A responsabilidade, a prática individual e coletiva e de seus

determinantes possibilita a construção de um pensar compartilhado sobre

nossas próprias incertezas e dificuldades. Possibilita e exige reflexão e análise

das ações executadas e das ocorrências efetivadas mediante os resultados na

maioria das vezes imprevistos. Da atuação do professor como autor a ator. A

análise e uma autocrítica é extremamente benéfico. Reconstrói os

pensamentos teóricos já existentes. Permite repensar os aspectos e ações

imediatistas, levando à uma conciência mais elaborada. Torna os professores

mais sujeitos de sua própria conduta e posicionamento profissional,

fortalecendo a concepção e a implementação de novas perspectivas, e

pricipalmente novas alternativas diante do desafio de atingir a qualidade no

ensino superior, e diante do desafio que é ser professor universitário.

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CAPÍTULO II

DIDÁTICA, PEDAGOGIA E ANDRAGOGIA

O estudo da didática é processo de ensino no seu conjunto, isto é,

a atividade do professor e dos alunos visando o desenvolvimento das

capacidades cognitivas e operativas destes mediante a assimilação consciente

e ativa de conhecimentos e habilidades. O trabalho docente ocupa-se da de

instrução, da educação e do ensino como elementos do processo pedagógico

escolar, efetivando a mediação dos objetivos, conteúdos e métodos em função

da aprendizagem dos alunos. A mediada que o processo de ensino é uma

manifestação peculiar da prática educativa que se desenvolve sob condições

materiais e sociais concretas de uma determinada sociedade, seus elementos

constitutivos – conteúdos, professor e aluno – somente podem ser escritos e

explicados em função de objetivos sócio-políticos e de condições concretas. A

Didática, assim, não investiga apenas objetivos, conteúdos, métodos, conexões

entre ensino e aprendizagem e as condições e formas que vigoram no ensino,

mas também os fatores materiais e sociais, reais condicionantes das relações

entre docência e aprendizagem

1.1– Prática Educativa e Sociedade.

O trabalho docente é parte integrante do processo educativo mais

global pelo qual os membros da sociedade são preparados para a participação

na vida social. A educação, ou seja, a prática educativa, é um fenômeno social

universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e

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funcionamento de todas as sociedades. Cada sociedade precisa cuidar da

formação dos indivíduos, auxiliar no desenvolvimento de suas capacidades

físicas e espirituais, reportá-los para a participação ativa e transformadora nas

várias instâncias da vida social. Não há sociedade sem prática educativa, nem

prática educativa sem sociedade. A prática educativa não é apenas uma

exigência da vida em sociedade, mas também o processo de prover os

indivíduos dos conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a

atuar no meio social e a transformá-lo em função de necessidades econômicas,

sociais e políticas da coletividade.

Através da ação educativa o meio social exerce influências sobre os

indivíduos, e estes, ao assimilarem e recriarem essas influências, tornam-se

capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora em relação ao

meio social. Tais influências se manifestam através de conhecimentos,

experiências, valores, crenças, modos de agir, técnicas e costumes

acumulados por muitas gerações de indivíduos e grupos, transmitidos,

assimilados e recriados pelas novas gerações. Em sentido amplo, a educação

compreende os processos formativos que ocorrem no meio social, nos quais os

indivíduos estão envolvidos de modo necessário e inevitável pelo simples fato

de existirem socialmente.

Os estudos que tratam das diversas modalidade de educação

costumam caracterizar as influências educativas como não-intencionais e

intencionais. A educação não-intencional refere-se às influências do contexto

social e do meio ambiente sobre os indivíduos . Tais influências, também

denominadas de educação informal correspondem a processos de aquisição

de conhecimentos e experiências, idéias, valores, práticas, que não estão

ligados especificamente a uma instituição e nem intencionais e conscientes.

São situações e experiências, por assim dizer, casuais, espontâneas, não

organizadas, embora influam na formação humana. É o caso, por exemplo, das

formas econômicas e políticas de organização da sociedade, das relações

humanas na família, no trabalho, na comunidade, dos grupos de convivência

humana, do clima sócio-cultural da sociedade. A educação intencional refere-

se a influências, em que há intenções e objetivos definidos conscientemente,

como é o caso da educação escolar e extra-escolar. Há um a intencionalidade,

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uma consciência por parte do educador quanto aos objetivos e tarefas que

deve cumprir, seja ele o pai, o professor, ou os adultos em geral..

A educação é um fenômeno social, Isso significa que ela é parte

integrante das relações sociais, econômicas, políticas e culturais de uma

determinada sociedade. Na sociedade brasileira atual, a estrutura social se

apresenta dividida em classes e grupos sociais com interesse distintos e

antagônicos; esse fato repercute tanto na organização econômica e política

quanto na prática educativa. Assim, as finalidades e meio da educação

subordinam-se à estrutura dinâmica das relações entre as classes sociais, ou

seja, são socialmente determinados.

Que significa a expressão “a educação é socialmente determinada”?

Significa que a prática educativa, e especialmente os objetivos e conteúdos do

ensino e o trabalho do docente, estão determinados por fins e exigências

sociais, políticas e ideológicas. Com efeito, a prática educativa que ocorre em

várias estâncias da sociedade, assim como os acontecimentos da vida

cotidiana, os fatos políticos e econômicos, etc. é determinada por valores,

normas e particularidade da estrutura social a que está subordinada.

.

1.2– Educação,Instrução e Ensino.

Vale esclarecer o significado dos termos educação, instrução e ensino:

Educação trata-se de um conceito mais abrangente que engloba todo o

processo de desenvolvimento da personalidade, refere-se à a formação do

indivíduo como um todo, no qual se encontram as qualidades humanas,

condutas morais, desenvolvimentos intelectuais, etc. visando a orientação e o

desenvolvimento do comportamento humano e a sua relação com o meio

social em que vive, dentro de um determinado contexto de relações sociais. Já

a educação por sua vez desenvolve e determina as influências e inter-relações

que contribuem para a formação de traços de personalidade social e do

caráter, levando a uma concepção de mundos e de valores, modos de agir,

que se vão se traduzindo em convicções morais, políticas e ideológicas,

formando princípios de ação diante de situações e desafios da vida. Assim,

nesse sentido, a educação torna-se determinante no sistema educacional de

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um determinado país. Pode significar os resultados obtidos da ação educativa

conforme propósitos sociais e políticos de um determinado país e os resultados

pretendidos; é processo transformações constantes tanto no sentido histórico

quanto no desenvolvimento da personalidade do indivíduo.

No que diz respeito a instrução trata-se da formação intelectual,

formação e desenvolvimento das capacidades cognitivas, fazendo parte o

domínio de certo nível de conhecimento.. O ensino tem relação direta com asa

a ações, meios utilizados e estrutura para a sua realização, corresponde pois, a

intencionalidade do ensino e da instrução.

Existe pois uma relação de subordinação da instrução à educação,

uma vez que o processo e o resultado da instrução são orientados para o

desenvolvimento das qualidades específicas da personalidade. Portanto, a

instrução mediante o ensino, tem resultados formativos quando converge para

o objetivo educativo, isto é, quando os conhecimentos, habilidades e

capacidades propiciados pelo ensino se tornam princípios reguladores da ação

humana, em convicções e atitudes reais frente à realidade. Hà, pois, uma

unidade entre educação e instrução, embora sejam processos diferentes; pode-

se instruir sem educar, e educar sem instruir; conhecer os conteúdos de uma

matéria, conhecer os princípios morais e normas de conduta não leva

necessariamente a praticá-los, isto é, a transformá-los em convicções e

atitudes efetivas frente aos problemas e desafios da realidade. Ou seja, o

objetivo educativo não é um resultado natural e colateral do ensino, devendo-

se supor por parte do educador um propósito intencional e explícito de orientar

a instrução e o ensino para objetivos educativos. Cumpre acentuar, entretanto,

que o ensino é o principal meio e fator da educação, ainda que não o único, e,

por isso, destaca-se como campo principal da instrução e educação. Neste

sentido, quando mencionamos o termo educação escolar, referimo-nos ao

ensino.

A educação é o objeto de estudo da Pedagogia, colocando a ação

educativa como objeto de reflexão, visando descrever e explicar sua natureza,

seus determinantes, seus processos e modos de atuar. O processo pedagógico

orienta a educação para as suas finalidades específica, determinadas

socialmente, mediante a teoria e a metodologia da educação e instrução. O

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trabalho docente, isto é, a efetivação da tarefa de ensinar, é uma modalidade

de trabalho pedagógico e dele se ocupa a Didática.

1.3– A Pedadogia e a Didática

A Pedagogia é um dos ramos de conhecimento da educação, que

estuda a natureza das finalidades da educação numa determinada sociedade,

é também os meios que se devem ser utilizados e adequados para a

formação dos indivíduos, visando que se deve prepará-los para as tarefas da

vida social. Sabendo-se que a prática educativa é o processo pelo qual são

assimilados conhecimentos e experiências acumulados pela prática social da

humanidade, È função da Pedagogia aplicá-los, assegurando uma orientação

para as finalidades sociais e políticas, e criando um conjunto de ações

metodológicas e organizacionais, para que o processo possa ser viabilizado.

A função da prática pedagógica e educativa se verifica deve se dar de

forma consciente, ação intencional e planejada visando o processo de

formação humana, através de objetivos e metodos préviamente estabelecidos

por critérios determinados socialmente que se determine qual o tipo de homem

a formar, para qual sociedade, e com que propósitos. Refere-se pois, a visão

social e política, destacando o papel da educação num determinado sistema de

relações sociais. Desta forma a Pedagogia pode direcionar e orientar a

formulação de objetivos do processo educativo, contribuindo no

desenvolvimento social e cultural de um determinado sistema e de um

determinado país.

Em relação no que se refere às relações entre educação escolar,

Pedagogia e ensino, podemos distacar que: A educação escolar, faz parte do

processo educativo global; enquanto que a Pedagogia é utilizada na forma de

determinar esse processo, ou seja, quais são as suas finalidades e os meios

de ação; o ensino se apresenta como campo específico da instrução e

educação escolar. Podendo-se assim dizer que o processo de ensino-

aprendizagem é, fundamental, um trabalho pedagógico para que fatores

externos e interno estejam interligados. Podendo atuar de duas formas: Na

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formação humana dando um direção consciente e planejada, através de uma

metodologia a ser seguida, de objetivos definidos e de conteúdos, planejados

pela instituição de esnsino e pelos professores. A outra, leva em consideração

os fatores internos, tais como: as condições físicas, psíquicas e sócio-culturais

dos alunos.

A Pedagogia, num contexto geral é a ciência que estuda a educação, a

instrução e o ensino. Dentro desse contexto existem porém, os seus ramos nos

quais se enquadram: A Teoria da Educação, a Didática, a Organização

Escolar, a História da Educação e da Pedagogia. Bem como, estuda-se

também, outras ciências, nelas se incluem os conhecimentos teóricos e

práticos que contribuem para o entendimento do seu objeto, que é o

processo educativo. São elas: A Filosofia da Educação, A Sociologia da

Educação, A Psicologia da Educação, A Biologia da Educação, A Economia da

Educação, etc.

No entanto, o resultado que surge de todos esses estudos possibilita

uma maior compreensão aos futuros professores referente a todo o processo,

e, ou fenômeno educativo, especialmente no que se refere no que se passa

nas escolas. As relações nas escolas, bem como aos aspectos sócio-políticos

da escola, no que tange também as relações sociais; pensamentos filosóficos

da educação , a natureza, finalidade e o significado , ligados com a totalidade

e a complexidade da vida humana; relações entre a prática escolar e a

sociedade no sentido de definir objetivos políticos-pedagógicos em condições

históricas e sociais determinadas e as condições concretas do ensino; o

processo do desenvolvimento humano e o processo da cognição;

Possibilitando que a a organização das escolas, dos métodos, do ensino e dos

conteúdos, tenham base científicas.

A Didática é o principal ramo de estudos da Pedagogia. Ela investiga

os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino. A

ela cabe converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de

ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos,

estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o

desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. A didática está

intimamente ligada à Teoria da Educação e à Teoria da Organização Escolar, e

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de modo muito especial, vincula-se à Teoria do conhecimento e à Psicologia da

Educação.( LIBÂNEO, C. José. Didática)

A Didática e as metodologias específicas das matérias de ensino

formam uma unidade, mantendo entre si relações recíprocas. A Didática trata

da teoria geral do ensino. As metodologias específicas, integrando o campo da

Didática, ocupam-se dos conteúdos e métodos próprios de cada matéria na

sua relação com fins educacionais. A Didática, com base em seus vínculos

com a Pedagogia, generalizam processos e procedimentos obtidos na

investigação das matérias específicas, das ciências que dão embasamento ao

ensino e à aprendizagem e das situações concretas da prática docente. Com

isso pode generalizar para todas as matérias, sem prejuízo das peculiaridades

metodológicas de cada uma, o que é comum e fundamental no processo

educativo escolar.( LIBÂNEO, C. José.Didática)

Há também estreita ligação da Didática com os demais campos do

conhecimento pedagógico. A Filosofia e a História da Educação ajudam a

reflexão em torno das teorias educacionais, indagando em que consiste o ato

educativo, seus condicionantes externos e internos, seus fins e objetivos;

busca os fundamentos da prática educativa.( LIBÂNEO, C. José.Didática).

A sociologia da Educação estuda a educação como processo social e

ajuda os professores a reconhecerem as relações entre o trabalho docente e a

sociedade. Ensina a ver a realidade social no seu movimento, a partir da

dependência mútua entre seus elementos constitutivos para determinar os

nexos constitutivos da realidade educacional. A par disso, estuda a escola

como “fenômeno sociológico”, isto é, uma organização social que tem a sua

estrutura interna de funcionamento interligada ao mesmo tempo com sua

estrutura interna de funcionamento interligada ao mesmo tempo com sua

estrutura interna de um funcionamento interligada ao mesmo tempo com outras

organizações sociais ( conselhos de pais e associações de bairros, sindicatos,

partidos políticos, etc. ). A própria sala de aula é um ambiente social que forma,

junto com a escola como um todo, o ambiente global da atividade docente

organizado para cumprir os objetivos de ensino.(LIBÂNEO, C. José. Didática)

A Psicologia da Educação estuda importantes aspectos do processo de

ensino e de aprendizagem, como as implicações das fases de desenvolvimento

dos alunos conforme idades e os mecanismos psicológicos presentes na

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assimilação ativa de conhecimentos e habilidades. A Psicologia aborda

questões como: o funcionamento da atividade mental, a influencia do ensino no

desenvolvimento intelectual, a ativação das potencialidades mentais para a

aprendizagem, a organização das relações professor-alunos e dos alunos

entre si, a estimulação e o despertamento do gosto pelo estudo, etc. a

Psicologia de sua parte fornece importante contribuição, também, para a

orientação educativa dos alunos.(LIBÂNEO, C. José.- Didática).

A Estrutura e Funcionamento do Ensino inclui questões da organização

do sistema escolar nos seus aspectos políticos e legais, administrativos, e

aspectos do funcionamento interno da escola como a estrutura organizacional

e administrativa, planos e programas, organização do trabalho pedagógico e

das atividades discentes etc.( LIBÂNEO, C. José.Didática).

1.4– A Andragogia.

Segundo o norte-americano Malcom Knowles, A Andragogia, assim

intitulada por ele. É resultante de conclusões a que chegaram diversos

pesquisadores e educadores; As idéias sobre a Andragogia na verdade trata-se

de uma redefinição do papel do professor. Principalmente no que se refere no

ensino destinado a adultos..

A Andragogia Segundo Knowles, é a “arte e a ciência destinada a

auxiliar os adultos a aprender e a compreender o processo de aprendizagem.

Partindo do ponto em que muitos dos problemas hoje existentes na educação

de pessoas adultas (e nisso inclui-se o ensino superior), estão associados com

a falta de adoção de um modelo pedagógico para o ensino de adultos, ou seja,

os alunos adultos vinham sendo ensinados com a utilização dos métodos da

Pedagogia que é o estudo do processo de aprendizagem de crianças. Ele

propõe portanto que no caso de adultos, a pedagogia seja substituida pela

Andragogia

As idéias de Knowles, ele importou do Marketing, a idéia de

segmentação de mercado. E propõe uma premissa importante da Andragogia,

de que os professores envolvidos com o ensino de pessoas de diversas faixas

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etárias devem procurar conhecer os fatores relacionados com a idade, pois

estes afetam o processo de aprendizagem.

As conclusões mais importantes dos estudos e

experiências a respeito da Andragogia: De acordo com Knowles

(1976) a andragogia apóia-se em quatro hipóteses sobre as

características do adulto enquanto “aprendiz”, características

essas que são fundamentalmente diferente da criança como

“aprendiz”, objeto da Pedagogia. Estas quatro hipóteses

consideram que, ao atingir a idade adulta o indivíduo:

1- Modifica o seu auto-conceito, deixando de ser um indivíduo

dependente para um indivíduo independente, auto dirigido;

2- Acumula uma crescente reserva de experiências e

consequentemente um maior volume de recursos de

aprendizagem;

3- Tem sua motivação de aprendizagem cada vez mais

orientada para buscar desenvolver seus papéis sociais;

4- Modifica sua “perspectiva de tempo” em relação a aplicação de

conhecimentos; para adultos o maior interesse é de conhecimento

de aplicação mais imediata e conseqüência à sua aprendizagem

deve deixar de ser centralizada no conteúdo para centralizar-se

no problema.( HTTP://serprofessoruniversitario.pro.br).

De acordo com Whiborne e Weinstock (1979), alunos adultos seja na

graduação ou pós-graduação são muito diferentes. A sua postura está

relacionada à educação a que foram submetidos. Os professores que se

deparam com adultos na sala de aula devem entender segundo Houle (1972),

que esse fato é razão suficiente para para que considere a educação não mais

como uma “arte operativa” e sim como uma “arte cooperativa”, isto é, uma

atividade de interação voluntária entre os indivíduos no processo de

aprendizagem. Isto inclui o professor e também os alunos. Onde, no caso em

questão, os alunos adultos adotam uma atitude de colaboração e participaçãoe

colaboração, tanto no planejamento como na condução do processo. O

professor então passa a ser um mediador, ele é utilizado como elemento

facilitador no processo ensino-aprendizagem, proporcionando orientação,

aconcelhamento para que sejam atingidos as metas desejadas pelo grupo. E

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na medida em que a realidade e as necessidades se torne necessárioas de

alterações, o professor vai fazendo revisões ao longo do curso. È função do

professor cuidar para que não hajam perdas de prestigio ou de padrões de

qualidade. Porém, os alunos são aprceiros do processo. Explicando melhor em

outras palavras, ao tratar com um grupo de estudantes maduros, o papel do

professor deve ser muito mais o de um “facilitador de conhecimentos” Deve-se

tomar as decisões junto com os alunos, e não mais ser uma autoridade, onde

o professor que tomava as rédeas em todas as etapas do processo, sendo

senhor absoluto do processo e da matéria, como o detentor de conhecimentos

e os alunos ficavam como sujeitos passivos a mercê do que lhes fosse

passado..

Os Andragogos fazem críticas à situação do currículo completamente

pré determinado, onde arredunda numa minimização da eficácia do processo

de aprendizagem na medida em que os alunos ao entrar no curso tem

diferentes graus de dependência no julgamento do professor em relação ao

que “deve” ser aprendido; além disso são feitas também variadas as

experiências individuais que possam ser úteis a eles próprios e a seus

parceiros de aprendizagem. Utilizando-se de situações de solução de

problemas que seja relevante para cada individuo, o professor passa ser capaz

de aumentar a eficiência da experiência educacional, tanto para o aluno como

para ele próprio.

As idéias de Knowles sobre o ensino de adultos está relacionada

também com as idéias de Kolb o autor do “Aprendizagem vivencial. Bem como,

constata-se também, muita influência rogeriana na idéias de Knowles.

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CAPÍTULO III

O ENSINAR

1.1 – O Ensino da Didática

Qual o sentido de ensinar Didática? Nos cursos de formação de

professores nos anos 90, depois do movimento de critica e/ou negação da

Didática e porque não dizer da Pedagogia, nos anos 80? Denunciada em seu

viés psicologicamente, em seu caráter instrumental-tecnicista, em sua ausência

de bases científicas, sem objeto e conteúdos próprios, e questionada em sua

pretensa neutralidade político-ideológica, em sua importância na formação e

na prática docente, à Didática restaria deixar de existir ou substituir seus

conteúdos por aqueles de outras disciplinas, consideradas como propiciadoras

de um pensamento crítico, como a história, a Sociologia e a Política

Educacional. Ou, então deveria ceder lugar às metodologias do ensino, estas

sim, com objeto e conteúdos próprios. A esse respeito, enfrentando o desafio

de realizar um balanço crítico da Didática e de seu ensino, o seminário A

Didática em questão, realizado na PUC?RJ, em 1982, apresentou elementos

propiciadores de uma superação quer da negação, quer da exaltação da

Didática, apontando-lhes relevância, ao situá-la como “um modo critico de

desenvolver a prática educativa” emancipadora (Luckesi, 1983), ou ainda

diferentemente, interpretando as necessidades sociais postas sob a

responsabilidade da educação escolar no país, à Didática caberia contribuir

para o processo de democratização social e política por intermédio de uma

educação pública e gratuita para a totalidade da população, capaz de

responder ao desafio de pôr os professores em condições de ensinar as

crianças até então excluídas e que passaram a ter acesso à escola a partir dos

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anos 60. Estava em questão, pois, o ensino de um novo quadro social. Por

isso, foi necessário questionar a Didática em seus fundamentos e,

consequentemente, o ensino da Didática.(PIMENTA, G. Selma.Docência do

Ensino Superior).

1.2– Didática e Construção da Identidade do Professor do

Ensino Superior

A identidade não é um dado imutável. Nem externo, que possa ser

adquirido como uma vestimenta. È um processo de construção do sujeito

historicamente situado. A profissão de professor, como as outras, emerge em

dado contexto e momento histórico, como resposta a necessidades

apresentadas pela sociedade, adquirindo estatuto de legalidade.

Uma identidade profissional se constrói, pois, com base na significação

social da profissão; na revisão. Mas também com base na reafirmação de

praticas consagradas constante dos significados sociais da profissão; na

revisão das tradições. Mas também com base na reafirmação de praticas

consagradas culturalmente que permanecem significativas. Praticas que

resistem a inovações, porque preenche de saberes validos ás necessidades da

realidade. Identidade se constrói com base no confronto entre as teorias e as

práticas. Nos processos de construção da identidade docente, tem papel

fundamental o significado social que os professores atribuem a si mesmos e à

educação.

Os professores, quando chegam à docência na universidade, trazem

consigo inúmera e variadas experiências do que é ser professor. Experiências

que adquiriram como alunos de diferentes professores ao longo de sua vida

escolar. Experiência que lhes possibilita dizer quais eram bons professores,

quais eram bons em conteúdos, mas não em Didática, isto é, não sabiam

ensinar. Formaram modelos “positivos” e “negativos”, nos quais se espelham

para reproduzir ou negar.

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O desafio, então, que se impõe é o de colaborar no processo de

passagem de professores que se percebem como ex-alunos da universidade

para o ver-se como professor nessa instituição. Isto é o desafio de construir a

sua identidade de professor universitário, para o que os saberes da experiência

e de conteúdos não bastam.

Ser professor supõe o domínio do seu campo especifico de

conhecimentos. Mas ter o domínio do conhecimento para ensinar supõe mais

do que uma apropriação enciclopédica. Os especialistas para o serem,

precisam se indagar sobre o significado que esses conhecimentos tem para si

próprios, o significado desses conhecimentos na sociedade contemporânea, a

diferença entre conhecimento e informação, conhecimento e poder, qual o

papel do conhecimento no mundo do trabalho. Para que ensiná-los, e que

significado tem na vida dos jovens alunos, dos quais serão professores. Como

as instituições trabalham o conhecimento, que resultados conseguem. Essas

questões põem em evidência a dimensão da educabilidade do conhecimento:

como trabalhar o conhecimento na formação de jovens? Qual o significado do

trabalho do professor nisso?

Os professores universitários quando indagados sobre o conceito de

didática, dizem em uníssono, com base em suas experiências, que “ter didática

é saber ensinar” e “muitos professores sabem a matéria, mas não sabem

ensinar” Essa percepção traz em si uma contradição importante. De um lado,

revelam que os alunos esperam que a didática lhes forneça as técnicas a

serem aplicadas em toda e qualquer situação para que o ensino dê certo;

esperam ao mesmo tempo em que desconfiam, pois também há muitos

professores que cursaram a disciplina (e até ensinam! ) e, no entanto não tem

didática.( PIMENTA, G. Selma. Docência do Ensino Superior).

Esse entendimento aponta para a superação da tradicional

fragmentação dos saberes da docência (saberes da experiência, saberes

científicos e saberes pedagógicos) apontada por Houssaye (1993). Considerar

prática social como ponto de partida e como ponto de chegada possibilita uma

ressignificação dos saberes na formação de professores.

Almeida (2000), discutindo a pertinência de priorizar a reflexão sobre a

prática docente como campo de formação, cita Teodoro (1991,p.43-44),que

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distingue três contextos diferentes a respeito da transferência do saber e do

saber-fazer.

Assim, temos por outro ângulo a valorização da ação desenvolvida pelo

professor na sala de aula, que, se for tomada como objeto de reflexão, poderá

oferecer alternativas ricas para a formação desse profissional. È o que Nóvoa

(1992, p.25) chama de um trabalho de reflexibilidade critica sobre as práticas e

de (re) construção permanente da identidade pessoal.

No entanto, é preciso compreender as bases culturais da existência em

proceder à reflexão, pois:

A aula é o santuário dos professores. O caráter

sacrossanto da aula é elemento central da cultura

escolar que é preservada e protegida pelo

isolamento do professor (...) que se vincula à

autonomia. Na cultura da escola são mantidos os

aspectos, os menos educativos: a dependência da

opinião de especialistas externos, as inseguranças,

a incapacidade para adotar características públicas,

a negação de interesses pessoais vinculada à

alienação do trabalho, a utilização ambígua do

isolamento como máscara da autonomia, a

eliminação da emoções, a desconfiança de outros

professores, a tendência estreita de concentrar-se

exclusivamente nos recursos de ensino, negando-se

a discussão dos objetivos educacionais (...)

(Bullough, 1987 p.92, in Péres Gómez, 1995, p.

339).

1.3– Do Ensinar à Ensinagem

Houve época na história da Didática, em que, a importância do ensinar

predominou sobre o aprender. Nessa perspectiva, a ênfase nos métodos, nos

recursos e no professor como figura central do processo constituiu a base do

conhecimento didático. Assim foi a didática comeniana, que se pretendeu uma

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arte de ensinar tudo a todos, a didática herbartiana, com a precosão dos

passos formais definindo uma prescrição metodológica, e, em tempos mais

recentes a crença no poder das tecnologias e das mídias como formas mais

eficazes para a transmissão das informações.

Por outro lado, após o estabelecimento da centralidade no “ser que

aprende”, iniciado em Rousseau e amplamente desenvolvido no movimento da

Escola Nova, no qual contam os interesses, a motivação e a atividade, no qual

o professor é apenas um “orientador” e “organizador” das situações de ensino,

a aprendizagem tornou-se central.

Os avanços da Psicologia Cognitiva com as contribuições do

construtivismo sociointeracionista , de um lado, e os avanços no campo da

Didática aliados à própria profissionalização dos professores, de outro,

deitando luzes sobre o fenômeno do ensino em situação complexa, permitem

que se supere o falso dilema entre ensinar ou aprender ou a questão sobre o

que determina o quê. Concorre para isso o entendimento da natureza do

ensinar, que necessariamente, enquanto atividade social, tem como

compromisso assegurar que todos aprendam, à medida que a escolaridade

contribui para a humanização e , portanto, para a redução das desigualdades

sociais.

Então parece-nos que o conceito de ensinagem comporta em si a

superação da falsa dicotomia, pois carrega consigo esses compromissos

éticos, políticos e sociais da atividade docente para com os alunos, a qual se

realiza em determinado espaço institucional.

1.4– Finalidade da Docência

Ao se discutir a docência universitária, desta-se a necessidade de

compreender o funcionamento do ensino, sua complexidade e em sua

situação, suas funções sociais, suas estruturas, e do ensino como prática

social. Ao darmos ênfase a questão da pesquisa da prática de sala de aula, na

qual se realiza uma ação de reflexão, devemos propor a relação e o diálogo

com os outros campos de conhecimento, porque o ensino não se resolve com

um único olhar: exige constantes balanços críticos dos conhecimentos

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produzidos no seu campo (as técnicas, os métodos, as teorias), para deles se

apropriar. Nesse processo criam-se respostas novas sobre a natureza do

fenômeno, suas causas, conseqüências e remédios, assumindo um caráter ao

mesmo tempo explicativo e projetivo.

No que tanje o contexto da análise dessa pratica social, devemos focar

nossas reflexões no ensino e na aprendizagem. Em tantos processos de

ensino em curso nas instituições de nível superior, não passam de meras

reproduções de mini-palestras ou reunião de um numero determinado de

pessoas ouvindo uma delas expor determinado assunto. Muitas criticas já se

encontram registradas sobre esse aspecto, chegando a nomear aula magistral

“ local onde todos dormem e uma pessoa fala”. Aí, de fato o termo “ ensinar”

está sendo utilizado com a desconsideração de seus elementos essenciais.

Nesse contexto o ato de ensinar resume-se ao momento da aula expositiva,

encerrando-se nele e desconsiderando que da ação de ensinar, se conduzida

de acordo com os fins educacionais, decorreria a ação de aprender. Portanto a

prática social complexa efetivada entre os sujeitos professor e aluno em sala

de aula engloba tanto a ação de ensinar quanto a de aprender.

Essa situação e bem diferente daquelas que se tem à aprendizagem

como a busca e o alcance de uma meta e é composta de intencionalidade.

Dessa forma, atingir a meta seria ter êxito na tentativa, e somente se poderia

afirmar que houve ensino se, de fato, tivesse ocorrido a aprendizagem. Assim o

verbo ensinar contem uma utilização intencional – a intenção da aprendizagem,

que nem sempre vem acompanhada da obtenção da meta, a efetiva ocorrência

da aprendizagem por parte do aprendiz ( cf.Sheffler,1974). Na ensinagem, a

ação de ensinar é definida na relação com a ação de aprender, pois, para ir

além da meta que revela a intensionalidade, o ensino desencadeia

necessariamente a ação de aprender. Essa perspectiva possibilita o

desenvolvimento do método dialético de ensinar. Vários autores tem

contribuído para a sua formulação.

Candau (1986) analisa os elementos estruturantes do método didático,

os quais fundamentam a ação docente de ensinar: o conteúdo, a estrutura e a

organização interna específicos de cada área; o elemento lógico; o elemento

contextual no qual se dá a prática pedagógica; o sujeito da aprendizagem e os

fins da educação.

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Libâneo (1990) vê na relação entre o ensino e a aprendizagem o

elemento que possibilita a constituição da teoria didática e da orientação

segura para a prática docente, destacando suas dimensões; a política, pois o

ensino enquanto prática social favorece transformações; a cientifica, porque

deve revelar as leis gerais e as condições concretas em que se manifestam; e

a técnica, enquanto orientações da prática em situações concretas especificas.

Nessa relação entre o ensinar da docência e o aprender do aluno, o autor

aponta como ações docentes a explicitação de objetivos, a organização e

seleção de conteúdos a compreensão do nível cognitivo do aluno, a definição

metodológica e dos meios e fins, demonstrando que o ato de ensinar não se

resume ao momento da aula.

Em oposição ao processo de ensino centrado na transmissão pelo

docente, do qual decorre a visão de aprendizagem como assimilação, Danilov

(1985) destaca a concepção de aprendizagem assumida como

desenvolvimento mental e intelectual continuo dos educandos, durante um

processo de apropriação ativa e consciente dos conhecimentos sobre os

fundamentos das ciências e sua aplicação prática. Nesse sentido é função do

ensino o desenvolvimento da capacidade de pensar e a aquisição de

instrumentos necessários à ação, mediante a “ interinfluência entre o objetivo e

o subjetivo, cuja essência é a experiência social em toda a sua

multilateralidade e a complexidade que se transforma em conhecimentos,

habilidades e hábitos do educando, em ideias e qualidade do homem em

formação, em seu desenvolvimento intelectual, ideológico e cultural geral”

(Danilov,1985, p.27).

Benedito (1995) aponta como responsabilidade do docente a efetivação

das ações correspondentes aos três momentos do ciclo didático, a saber:

preparatório ou pré-ativo; de ação docente ou interativo; de avaliação ou pós-

ativo.

Esses autores trazem elementos da teoria didática que nos remetem à

compreensão de que a ação de ensinar não se limita à simples exposição de

conteúdos, mas inclui a necessidade de um resultado bem sucedido daquilo

que se pretendia fazer, no caso, ensinar. Portanto tal ação se dirige a uma

meta que se pode encontrar para além dos limites da própria atividade ou de

um de seus seguimentos, exigindo condições temporais, local planejado e

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estipulado e participação conjunta dos sujeitos envolvidos no processo,

professores e alunos.

Supera-se portanto a visão de senso comum da docência associada à

aula expositiva como forma única de ensinar, visão que reforçava a ação do

professor como palestrante e a do aluno como copista do conteúdo. Nessa

superação, a aula, como momento e espaço privilegiado de encontro e ações,

não deve ser dada nem assistida, mas construída, feita pela ação conjunta de

professores e alunos.

Na aula tradicional, geralmente se explicita o conteúdo da disciplina

com suas definições ou sínteses, desconsiderando que foram historicamente

construídos num dado contexto, como sínteses temporárias, afirmações

técnicas, interligadas a uma pesquisa cientifica especial e com propósitos

teóricos. Ao tomar a simples transmissão da informação como ensino, o

professor fica como fonte de saber, tornando-se no portador e na garantia da

verdade. Isso pode provocar, conforme expressão de Not (1979), uma adoção

da estrutura do outro, e, quando se fala ao outro, utiliza-se até a mesma

linguagem, as mesmas palavras.

O aluno registra palavras ou formulas sem

compreende-las. Repete-as simplesmente para

conseguir boas classificações ou para agradar ao

professor (...) habitua-se a crer que existe uma

“língua do professor” , que tem de aceitar sem a

compreende, um pouco como uma missa em latim

(...). O verbalismo estende-se até às matemáticas;

pode-se passar a vida inteira sem saber por que é

que faz um transporte numa operação; aprendeu-se,

mas não compreendeu; contenta-se em aplicar uma

formula mágica (Reboul,1982).

Nessa visão do ensinar, expressão de um senso comum, ficam

excluídos aspectos essenciais do processo, tais como a historiedade da

ciência, a rede teórica que permitiu à ciência chegar àquela definição ou

àquela formula, isto é, o conjunto de nexos determinantes daquele conceito ou

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a síntese teórica que possibilitou sua construção. A ausência desses aspectos

sociais históricos deixa o conhecimento solto, desconectado, sem nexo,

fragmentado. Nas aulas, para além do “o quê” e do “como” , deve-se ensinar

também a “pensar”, aspectos que se determinam e se condicionam

mutuamente, configurando o ensino como atividade do professor e do aluno,

acentuando na atividade do primeiro, a aprendizagem como atividade de

segundo.

Ensino e aprendizagem constituem unidade dialética no processo,

caracterizada pelo papel condutor do professor e pela autoatividade do aluno

em que o ensino existe para provocar a aprendizagem mediante tarefas

continuas dos sujeitos do processo. Este une, assim, o aluno à matéria, e

ambos, e ambos, alunos e conteúdos, ficam frente a frente mediados pela ação

do professor, que produz e dirige as atividades e as ações necessárias para

que os alunos desenvolvam processos de mobilização, construção e

elaboração da síntese do conhecimento (Vasconcelos, 1996). Destacam-

se,assim, o principio didático do papel condutor do professor e da autoatividade

dos alunos.

A aprendizagem exige a compreensão do conteúdo pelo aluno.

Comprehendere, por sua vez, significa “aprender em conjunto”. Isso exige a

descoberta ou construção de uma rede de relações, de um sistema em que

cada novo conhecimento é inserido pelo aluno, ampliando, ou modificando o

sistema inicial, a fim de, a cada contato, alcançar melhor compreensão.

Quando isso ocorre, a visão sincrética, inicial caótica e não elaborada que o

aluno trazia inicialmente pode ser superada reelaborada numa síntese

qualitativamente superior.

No nível individual e social, a idéia de conhecer assemelha-se à de

enredar. Para dar conta desse “ enredamento” , há que superar por

incorporação a simples memorização. O aluno tem de ativamente refletir ( no

sentido de dobrar-se de novo e de novo, tanto quanto seja necessário), para

apropriar-se do quadro teórico objetivado pelo professor e pelo currículo no

processo de ensino.

Para efetivar o processo de apropriação, é preciso superar o aprender,

que significa “tomar conhecimento de, reter na memória mediante o estudo, a

observação ou a experiência”, na direção doa apreender, do latim appreendere,

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que significa “segurar”, agarrar, prender, pegar, assimilar mentalmente,

entender, compreender” .

Daí a necessidade anual de revisar o “assistir a aulas” , pois a ação de

aprender não é passiva. Exige informar-se, exercitar-se, instruir-se. Pode-se

aprender por imitação, por repetição, por ensaio e erro, e num nível superior,

quando se atinge a verdadeira finalidade da aprendizagem, pode-se dispensar

o modelo, indo além dele. Mas o verdadeiro desfio consiste na abstração que

se efetiva quando se podem conceber noções e princípios, independentemente

do modelo ou exemplo estudado, associando ideias e chegando a deduzir

conseqüências pessoais e inéditas, mediante uma ação predominantemente

motora, reflexiva e/ou perceptiva.

Aprender não é um processo que se efetive sem rotinas ou ocorra de

forma espontânea ou mágica. Ao contrario, exige, em virtude da

intensionalidade contida no conceito de ensinagem, a escolha e execução de

uma metodologia adeguada aos objetivos e conteúdos do objeto de ensino e

aos alunos. Exige do professor, além do domínio de conteúdo a ser ensinado,

a competência para uma docência da melhor qualidade ( Rios, 2001). Malgrado

o fato de alguns alunos chegarem rapidamente às abstrações e sínteses

pretendidas, não se deve generalizar essa expectativa aos outros. Ao contrario,

exige-se do professor uma competência docente capaz de planejar e efetivar

um processo continuo de ações que possibilitem aos alunos ir construindo,

agarrando, apreendendo o quadro teórico-prático pretendido em momentos

seguenciais e de complexidade crescente.

O desafio aí está: superar um modelo centrado na fala do professor, em

que se toma o dizer do conteúdo como ato predominante do ensino e a

repetição do aluno como ato de aprendizagem, em direção de uma nova

construção da sala de aula, em que coabitem tanto o dizer da ciência, por meio

ou não do dizer do professor, quanto a leitura da realidade ( e a ação sobre

ela), da qual o aluno, como futuro profissional, terá de dar conta. O paradigma

tradicional, professor palestrante e aluno ouvinte, foi-nos ensinado pela nossa

vivência de alunos, sendo, portanto, o que sabemos fazer, por experiência ou

hábito, em contraposição de um paradigma atual, em que o enfrentamento do

conhecimento cientifico existente utilize um processo diferenciado no qual a

construção e a parceria sejam elementos fundamentais da relação.

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Ao professor cabe organizar as atividades de ensino, de sua inteira

responsabilidade, e as de aprendizagem. Elas deverão atender às

características do conteúdo, do curso, da disciplina e, principalmente dos

alunos envolvidos no processo. Por esse referencial serão também

organizadas as atividades de aprendizagem, na sala de aula e em outros

espaços, individuais e coletivos.

Algumas categorias poderão orientar a definição das atividades dos

alunos:

Significação: estabelecer os vínculos, os nexos do conteúdo a ser

desenvolvido. A proposta efetivada em sala de aula deverá ser significativa

para o aluno, tomando a significação anteriormente citada como o processo de

vinculação ativa (mediante necessidades, finalidades) do sujeito ao objeto do

conhecimento.

Problematização: na origem do conhecimento está presente um

problema, gênese que pode ser recuperada no estudo do conteúdo.

Práxis: Ação ( motora, perceptiva, reflexiva ) do sujeito sobre o objeto a

ser conhecido. Toda a aprendizagem é ativa, exige essa ação, que também

possibilita a articulação do conhecimento com a prática social que lhe deu

origem.

Criticidade: o conhecimento deve estar ligado a uma visão critica da

realidade, buscando a verdadeira causa das coisas, a essência dos processos,

sejam naturais, sejam sociais, indo além das aparências.

Continuidade- ruptura: partir de onde se encontra o aluno (senso

comum, visão sincrética) para sob o efeito da análise, possiblitar a construção

de uma síntese que represente um conhecimento mais elaborado.

Historicidade: trabalhar os conhecimentos em seu quadro relacional,

ressaltando que a síntese existente no momento, por ser hiostórica e

contextual, poderá ser superada por novas sínteses. Além disso, identificar e

da r a conhecer as etapas de elaboração que a humanidade atravessou para

chegar à síntese atual.

Totalidade: combinar a síntese com a análise, articulando o

conhecimento com a realidade, seus determinantes, seus nexos internos.

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Ensinar é um projeto coletivo. Embora cada professor, em sala de aula

possua autonomia para desenvolver sua disciplina, esta é a parte integrante de

um percurso formativo dos alunos. Os saberes do conhecimento especifico da

área de formação, de sua atuação profissional, de seu campo de pesquisa,

revestem-se de novas perspectivas, quando confrontados com os dos demais

colegas de outras disciplinas no contexto de um quadro teórico-prático global

no que se refere ao campo a que pertence e enquanto o quadro teórico-prático

parcial de um processo de formação profissional. Esse é um exercício a ser

construído coletivamente pelos integrantes dos cursos superiores, na definição

do projeto político-pedagógico institucional e no desenvolvimento do curso,

representando uma possibilidade de superar a fragmentação curricular: pensar

coletivamente o curso, seus fins e valores, as séries iniciais, intermediarias e

finais do processo de formação do profissional, os processos mentais

necessários ao futuro profissional, a lógica das disciplinas, a melhor forma de

trabalhar com os conteúdos tendo em vista os objetivos, as condilçoes

institucionais necessárias, etc.

O processo de ensinagem se efetivará neste trabalho conjunto, na

parceria de professores entre si e alunos, numa nova aventura do ensinar e

aprender na sala de aula da universidade.

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CONCLUSÃO

Muitos professores universitários, por possuírem títulos de doutores, e

ou de mestres, não se dão conta de que, todo seu conhecimento, pode não

ser o suficiente para um ensino-aprendizagem de qualidade. Tendo em vista

que se trata de ensinar pessoas, e não de escrever livros, ou defender teses.

A relação aluno-professor é muito complexa, e se faz necessário uma

preparação pedagógica. Para ensinar, deve-se ter uma metodologia a ser

utilizada. Ensinar não se trata somente a transmissão de conteúdos, uma vez

que esses conteúdos podem ser buscados pelos alunos através de livros,

internet, etc. É preciso que o professor seja um mediador, para que esse

conteúdo possa ser apreendido pelo aluno, ou seja, que passe a fazer parte

da vida dele, que mude à sua forma de pensar e de ver as coisas, e, não que,

ele simplesmente decore para esquecer logo mais. Geralmente, após a

avaliação, onde o aluno estuda somente para ter um bom resultado,

imediatamente, após a avaliação, ele “deleta” o que decorou. Logo, isso não é

um aprendizado, e todo aquele conteúdo se perde, e não passa a fazer parte

dele, e consequentemente, ele não o levará para à sua vida, e nem para à

sua profissão. Essa situação, infelizmente ocorre mais vezes do que possamos

imaginar.

O ensinar, não deve se limitar apenas na sala de aula, e sim

transcender os muros da universidade. È necessário que se incentive os alunos

a buscarem conhecimento além da sala de aula, através de leituras,

pesquisas, filmes, etc. Um professor que simplesmente transmite conteúdo

em sala de aula, não está ensinando, mas instruindo, e isso faz muita

diferença.

Ensinar adultos é diferente de ensinar crianças, é necessário uma

grande participação do aluno no processo, portanto é necessário que o

professor saiba motivá-los, para que a sua participação seja de grande

contribuição no resultado do ensino-aprendizagem.

As instituições tem participação nisso, a LDB

admite que o docente seja preparado nos cursos de

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pós-graduação, tanto stricto como lato sensu, no

entanto a exigência legal é que se tenha um mínimo

de 30% de seus docentes titulados na pós stricto

sensu. Admite-se que se faz necessário por parte

das instituições de nível superior desenvolver

programas para a preparação para o exercício da

docência. Preparo este que os ponha a par da

problemática e da complexidade do ensinar e do

formar no ensino superior, do formar profissionais,

do formar pesquisadores e do formar professores.

(PIMENTA, G. Selma. Docência do Nível Superior)

É importante também, que o professor universitário, se sinta como tal.,

que se identifiquem como tal. Muitas vezes se identificam como médico,

advogado, dentista, e em segundo lugar, professor universitário. Será que

esse professor está realmente preocupado com o aprendizado, e com a

formação de seus alunos , ou em demonstrar o quanto ele teve sucesso na

sua profissão?

Os EUA são referencia mundial em matéria de ensino superior de

primeira qualidade. Se considerarmos o ranking anual das melhores

universidades do mundo, em 2009, o Brasil não emplacou uma só entre as 100

melhores. (fonte pesquisada: Jornal CONFENEN – Confederação Nacional de

Estabelecimentos de Ensino – novembro/dezembro – 2011- p, 10).

Reflexão e atitudes, que possam levar à uma mudança a esse respeito,

será benéfico para todos, principalmente para os jovens, que muitas vezes

saem das universidades sem o devido preparo para exercer suas profissões,

será benéfico também para o país em todo o seu contexto social, que se

beneficiará, com profissionais bem formados e mais capacitados para

exercerem suas profissões e prestarem um melhor serviço, seja para pessoas,

órgãos públicos, ou a quem quer se designe a sua profissão. Todos crescerão,

inclusive o país.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

PIMENTA, G. Selma. Docência do Nível Superior LIBÂNEO, C. José. Didática GIL,C.Antonio. Didática do Ensino Superior FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia CARVALHO,A.D. Novas Metodologias em Educação

WEBGRAFIA. HTTP://serprofessoruniversitario.pro.br

Jornal CONFENEN – Confederação Nacional de Estabelecimentos de Ensino

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BIBLIOGRAFIA CITADA

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia

BENEDITO, (1995,p.131)

KNOWLES, Malcom (1976) WHIBORNE WEINSTOCK (1979) HOULE (1972) KOLB, Aprendizagem vivencial ROGERS, Carl.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 1

AGRADECIMENTO 2

DEDICATÓRIA 3

RESUMO 4

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NO BRASIL 10

1.1 – A Formação do Professor Universitário 10

1.2 – Tornar-se Professor Univesrsitário Hoje 11

1.3 – Professor Ou Pesquisador? 13

1.4 – Definição das Atividades do Professor Universitário 16

CAPÍTULO II

DIDÁTICA, PEDAGOGIA E ANDRAGOGIA 19

1.1 – Prática Educativa e Sociedade 19

1.2 – Educação, Instrução e Ensino 21

1.3 – A Pedagogia e a Didática 23

1.4 – A Andragogia 26

CAPÍTULO III

O ENSINAR 29

1.1 – O Ensino da Didática 29

1.2 – Didática e Construção da Identidade do Professor

do Ensino Superior 31

1.3 – Do Ensinar à Ensinagem 32

1.4 – Finalidade da Docência 33

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43

BIBLIOGRAFIA CITADA 44

ÍNDICE 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO 46

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FOLHA DE AVALIAÇÃO