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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A ÉTICA NA GESTÃO ESCOLAR Por: Danielle Maria Vicente de Oliveira Orientador Prof. Vilson Sérgio Rio de Janeiro 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · sem precisar reinventar a roda.”(Artigo A evolução da gestão educacional a partir de mudança paradigmática de Heloísa Luck)

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A ÉTICA NA GESTÃO ESCOLAR

Por: Danielle Maria Vicente de Oliveira

Orientador

Prof. Vilson Sérgio

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A ÉTICA NA GESTÃO ESCOLAR

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Administração e Supervisão

Escolar

Por: . Danielle Maria Vicente de Oliveira.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus pelo dom da vida.. Agradeço aos meus pais pela força, incentivo e pelos exemplos que sempre me dão,; e à minha irmã por estar sempre ao meu lado me apoiando e me ajudando. Ao professor Vilson, meus sinceros agradecimentos pela orientação na elaboração deste trabalho. Agradeço aos professores, funcionários e direção da A Vez do Mestre E finalmente agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família, pelo

amor, carinho, força, incentivo e intenso

companheirismo nos momentos decisivos

da minha vida

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RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de pesquisar sobre a ética na gestão

escolar. Propondo uma reflexão sobre a ética na gestão. Apresentam-se

algumas definições de gestão. Também se considerou a analise da ética e os

subsídios da mesma nas questões referentes à gestão escolar. Como

metodologia de trabalho utilizou-se a pesquisa bibliográfica, utilizando como

referencial teórico a percepção de vários autores sobre o tema bem como, as

reflexões pessoais sobre o objeto a ser investigado. Como resultados obtidos,

destaca-se a importância da ética na gestão, bem como a necessidade de

estudos mais aprofundados sobre o tema.

Palavras- chaves: gestão escolar; escola; ética.

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METODOLOGIA

Como metodologia utilizou-se a pesquisa bibliográfica, onde se buscou

suporte teórico para a realização do trabalho. A pesquisa contou com o suporte

de autores como: LUCK (2008), GRINSPUN (2003), FERREIRA (2007) e

ALARCÃO (2001)

Inicialmente, no primeiro capitulo, apresentam-se definições sobre a

gestão escolar e os gestores. No segundo capitulo, tem-se a definição do termo

ética. E por último, no terceiro capitulo são apresentadas considerações sobre

a gestão ética. E, finalmente, nas considerações finais, são apresentadas

reflexões sobre essa pesquisa, em que fica claro que a gestão ética é

fundamental para uma educação de qualidade.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I 10

Gestão escolar 10

1.1 Os gestores 13

CAPÍTULO II

A ética 21

2.1 Ética e moral 23

2.2 O código de ética 2 5

CAPÍTULO III 26

A Gestão Ética 26

3.1 A educação 27

3.2 A instituição escolar 28

3.3 A educação básica 29

3.4 A ética na instituição escolar 30

3.5 Uma gestão ética para uma escola ética 31

3.6 Algumas ponderações 32

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 37

4.1 Conclusões 37

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 39

ANEXOS 42

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INTRODUÇÃO

A gestão escolar é um termo recente surgido na década de 1990.

Anteriormente era denominada administração escolar, embora tenha adquirido

nova denominação muitas funções do gestor de hoje já existia nos modelos

administrativos.

A gestão surge para impulsionar o repensar e o refazer educacional.

Essa é um espaço para a mobilização da coletividade. O gestor deve ser ativo

e competente para que os objetivos educacionais se realizem.

A ética é um tema contemporâneo e recorrente, além de ser polemico.

Cada vez mais as instituições escolares vêm implantando este conceito em

seus projetos. Por ser um tema comumente discutido por diversos estudiosos

há diversas definições para o mesmo. Além de estar incutida em todas as

relações humanas.

De acordo com o dicionário Houaiss, ética é o conjunto de preceitos

sobre o que é moralmente certo ou errado; parte da filosofia dedicada aos

princípios que orientam o comportamento humano. Tendo em vista que esse

conceito é confundido por muitos com o conceito da moral, alguns estudiosos

alertam para o fato que embora estejam relacionadas, ou até mesmo se

complementam, as mesmas não devem ser confundidas.

Auxiliados por autores como Luck (2008) e Grinspun (2003) definimos o

que é gestão escolar; explanamos sobre os gestores e especificamos seu

trabalho. Percebemos também a importância da gestão para a construção de

uma escola ética.

Além disso, verificamos as definições de ética e moral e discorremos

sobre o código de ética. Vimos como a ética esta presente em nosso cotidiano,

na nossas atitudes e postura no mundo. Além de estar sempre presente em

qualquer campo profissional, inclusive na escola. Cumpre elucidar que a ética

tem participação ativa na construção de gestores eficientes. Haja vista que os

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gestores que norteiam a ações éticas dentro do espaço escolar e é este

espaço que vai mobilizar e introduzir os valores morais e éticos nos indivíduos.

Este trabalho tem como objetivo demonstrar a abordagem ética na

escola, principalmente na gestão. O mesmo se desenvolveu por meio de

pesquisa bibliográfica, onde obtivemos suporte e opinião de vários autores

sobre o tema. Procuramos mensurar os aspectos mais relevantes a fim de

compreender melhor o que é gestão e ética, além de procurar meios para a

construção de escolas e cidadão ético.

Inicialmente abordaremos a questão da gestão escolar; apresentamos

uma explanação sobre o seu conceito e mostraremos quem faz parte dessa

equipe. Será mostrado que a função do gestor é de grande importância, pois é

ela que articula e garante o funcionamento da escola. Em seguida, falaremos

sobre a ética. Explanaremos sobre seu conceito e veremos que ela está

internalizada na sociedade. Veremos, também, como a ética se relaciona com

a moral e discorreremos sobre o código de ética. Por último, elucidaremos a

gestão ética e os caminhos para uma escola ética. Vislumbraremos sobre a

educação, sobre a instituição escolar e como a ética está presente nesse

espaço; e finalmente, faremos algumas ponderações acerca do tema.

Com essa pesquisa, mostraremos que o gestor deve ser um líder antes

de ser um administrador, para que desenvolva ações revestidas de valores

éticos. A escola tem a função de transmitir tais valores ao homem. É ela que dá

as condições para a construção do sujeito que se quer consciente, crítico e

atuante na sociedade. Além de proporcionar uma reflexão sobre o tema aqui

abordado.

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CAPITULO I

GESTÃO ESCOLAR

1. Gestão Escolar

O termo Gestão Escolar é recente. Anteriormente denominada

administração escolar, a partir da década de 1990 passou a ter outra

designação, embora muitos de seus papéis já existissem e nos remetessem

aos padrões administrativos. Heloísa Luck elucida:

“A expressão “gestão educacional”, comumente utilizada para designar a ação dos dirigentes, surge, por conseguinte, em substituição a "administração educacional", para representar não apenas novas ideias, mas sim um novo paradigma, que busca estabelecer na instituição uma orientação transformadora, a partir da dinamização de rede de relações que ocorrem, dialeticamente, no seu contexto interno e externo. Assim, como mudança paradigmática está associada à transformação de inúmeras dimensões educacionais, pela superação, pela dialética, de concepções dicotômicas que enfocam ora o diretivismo, ora o não-diretivismo; ora a hétero-avaliação, ora a auto avaliação; ora a avaliação quantitativa, ora a qualitativa; ora a transmissão do conhecimento construído, ora a sua construção, a partir de uma visão da realidade. Consequentemente, não se trata, apenas, de simples substituição terminológica, baseada em considerações semânticas. Trata-se, sim, da proposição de um novo conceito de organização educacional. A gestão, ressalte-se, não se propõe a depreciar a administração, mas sim a superar suas limitações de enfoque dicotomizado, simplificado e reduzido, e a redimensioná-la, no contexto de uma concepção de mundo e de realidade caracterizado pela visão da sua complexidade e dinamicidade, pela qual as diferentes dimensões e dinâmicas são utilizadas como forças na construção da realidade e sua superação, sem precisar reinventar a roda.”(Artigo A evolução da gestão educacional a partir de mudança paradigmática de Heloísa Luck)

Cumpre esclarecer que a gestão não abstrai nem extingue a

administração, apenas dá a essa uma nova significação mais abrangente e

mais e de caráter mais transformador. Essa nova designação para o termo

demanda que mais pessoas participem do funcionamento da instituição,

conforme aclara Luck:

“Essa consciência sobre gestão, superando à de administração - resultado do movimento social, associado à democratização das organizações - demanda a participação ativa de todos que atuam na sociedade para a tomada de decisão, pelo planejamento participativo, e

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a capacidade de resposta urgente aos problemas da existência e da funcionalidade das organizações.” (Idem)

A gestão escolar é responsável pelos encargos das instituições de

ensino. Assim, cada escola tem o dever de elaborar e pôr em prática a sua

proposta pedagógica e proporcionar um processo de integração. Cumpre

elucidar, ainda, que a escola possui autonomia e a mesma está prevista na Lei

de Diretrizes e Bases (LDB). De acordo com Luck (2000):

“A gestão escolar constitui uma dimensão e um enfoque de atuação que objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos socioeducacionais dos estabelecimentos de ensino, orientados para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de modo a torna-los capazes de enfrentar adequadamente os problemas da sociedade globalizada e da economia centrada no conhecimento.” (Em Aberto, publicado no site do Inep,2000)

É por meio da gestão escolar que se observa a escola e os problemas

educacionais. Sua finalidade é a aprendizagem significativa dos alunos e o

desenvolvimento de certas competências, tais como: pensar critica e

criativamente, analisar, contextualizar. Neste sentido, o trabalho do gestor e de

sua equipe se reveste de grande importância ganhando um significado todo

especial, pois é ele quem vai subsidiar este processo. Como declara Luck

(2000):

“A gestão escolar é uma dimensão, um enfoque de atuação, um meio e não um fim em si mesmo, uma vez que o objetivo final da gestão é a aprendizagem efetiva e significativa dos alunos, de modo que, no cotidiano que vivenciam na escola, desenvolvam as competências que a sociedade demanda (...) o processo de gestão deve estar voltado para garantir que os alunos aprendam sobre seu mundo e sobre si mesmos e relação a esse mundo.” (Idem)

O gestor é quem estimula o refazer e o repensar da educação. É ele

quem coloca em prática as políticas e propostas já definidas. Neste sentido, o

papel do gestor é de fundamental importância para o bom funcionamento e

organização da instituição escolar. É através da boa gestão que se encontra o

caminho para conduzir o sistema escolar, por isso a necessidade de ser

autônoma e democrática. Para Barroso (2003, p.13) “a escola é um lugar

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central de gestão e a comunidade local (em particular os pais e alunos) como

um parceiro essencial na tomada de decisões”.

Os gestores escolares e sua equipe são os responsáveis pela

organização administrativa e pedagógica da escola. Segundo Luck, cabe aos

gestores:

“Promover a abertura da escola e de seus profissionais para os bens culturais da sociedade e para sua comunidade. Sobretudo devem zelar pela constituição de uma sociedade proativa e empreendedora capaz de assumir com autonomia a resolução e o encaminhamento adequado de suas problemáticas cotidianas, utilizando-as como circunstâncias de desenvolvimento e aprendizagem profissional.” (LUCK, 2009, p.22)

A autora completa:

“A gestão escolar constitui uma das áreas de atuação profissional da educação destinada a realizar o planejamento, a organização, a liderança, a orientação, a mediação, a coordenação, o monitoramento e a avaliação dos processos necessários à efetividade das ações educacionais orientadas para a promoção da aprendizagem e formação do aluno.

A gestão escolar, como área de atuação, constitui-se, pois, em um meio para a realização das finalidades, princípios, diretrizes e objetivos educacionais orientadores da promoção de ações educacionais com qualidade social, isto é, atendendo bem a toda população, respeitando e considerando as diferenças de todos os seus alunos, promovendo o acesso e a construção do conhecimento a partir de práticas educacionais participativas, que fornecem condições para que o educando possa enfrentar criticamente os desafios de se tornar um cidadão atuante e transformador da realidade sociocultural e econômica vigente, e de dar continuidade permanente aos seus estudos” (Idem, p.23)

O gestor escolar tem em sua atividade uma grande importância, pois é

ele que promove o diálogo, que auxilia nas dificuldades e é ele que norteia o

trabalho na busca de atingir os objetivos propostos.

Em suma, a gestão abrange o trabalho do diretor,

coordenador/supervisor, da orientação e secretaria escolar. Para uma gestão

democrática que, para Khoury (2007) surge para fixar novas ideias e

estabelecer na instituição uma orientação transformadora, deve haver, ainda, a

participação dos professores e de toda comunidade escolar de modo a

contribuir para a efetivação do processo educacional de qualidade.

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A professora Luciana Rosa Marques, da Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE) sustenta que a gestão escolar não é um caminho fácil,

mas deve ser construída com a participação de representantes dos diferentes

segmentos da comunidade escolar. Todos devem ser tratados de forma

igualitária com direito a voz.

Acredita ainda que, para ter uma gestão escolar de sucesso:

“(...) deve-se trabalhar na perspectiva da democratização, da participação, da inclusão social. Ou seja, uma gestão que seja participativa, que esteja atenta à diversidade presente na escola, que trabalhe na perspectiva inclusiva e que esteja comprometida com a construção de uma escola justa, acessível a todos.” (Gestão Escolar deve ser democrática - Portal do MEC)

1.1 Os Gestores

Na instituição escolar, a equipe de gestão é composta pelo diretor,

supervisor e orientador educacional. Neste sentido, Luck pondera:

“Eles são responsáveis pela organização e orientação administrativa e pedagógica da escola, da qual resulta a formação da cultura e ambiente escolar, que devem ser mobilizados e estimuladores do desenvolvimento, da construção do conhecimento e da aprendizagem orientada para a cidadania competente.” (LUCK, 2009, p.22)

Neste contexto, Luck corrobora expondo que a equipe técnico-

administrativa tem como função precípua coordenar e orientar todos os

esforços no sentido de que a escola, como um todo, produza os melhores

resultados possíveis no sentido de atendimento às necessidades dos

educandos e promoção do seu desenvolvimento. (LUCK, 2008, p.16)

Nessa equipe, o diretor exerce papel fundamental para a organização e

funcionamento da escola. Além de ser quem norteia o fazer da escola, quem

zelar pelos objetivos da escola e pelo bom desempenho de todos. Luck

declara:

“É do diretor da escola a responsabilidade máxima quanto à consecução eficaz da política educacional do sistema e desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais, organizando, dinamizando e coordenando todos os esforços nesse sentido, e controlando todos os recursos para tal. Devido à sua posição central na escola, o desempenho de seu papel exerce forte influência (tanto

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positiva, como negativa) sobre todos os setores e pessoas da escola. É do seu desempenho e de sua habilidade em influenciar o ambiente que depende, em grande parte, a qualidade do ambiente e clima escolar, o desempenho do seu pessoal e a qualidade do processo ensino-aprendizagem.” (Idem, p.16)

A autora complementa, ainda, explanando:

“O diretor da escola é o líder, mentor, coordenador e orientador principal da vida da escola e todo o seu trabalho educacional, não devendo sua responsabilidade ser diluída entre todos os outros colaboradores da gestão escolar, embora possa ser com eles compartilhada. Portanto, além do sentido abrangente, a gestão escolar constitui, em caráter delimitado, a responsabilidade principal do diretor da escola, sendo inerente ao seu trabalho a responsabilidade maior por essa gestão.” (LUCK, 2009, p.23)

Tendo em vista, que ao desempenhar seu papel, o diretor exerce várias

funções a autora Heloísa Luck (2008) pondera que ao diretor compete:

• Organização e articulação de todas as unidades componentes da

escola;

• Controle dos aspectos materiais e financeiros da escola;

• Articulação e controle dos recursos humanos;

• Articulação escola- comunidade;

• Articulação da escola com o nível superior de administração do

sistema educacional;

• Formulação de normas, regulamentos e adoção de medidas

condizentes com os objetivos e princípios propostos;

• Supervisão e orientação a todos aqueles a quem são delegadas

responsabilidades

Essas funções demarcadas pela autora são do ponto de vista

administrativo. No que tange o aspecto pedagógico, temos que:

• Dinamização e assistência aos membros da escola para que

promovam ações condizentes com os objetivos e princípios

educacionais propostos;

• Liderança e inspiração no sentido de enriquecimento desses

objetivos e princípios;

• Promoção de um sistema de ação integrada e cooperativa;

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• Manutenção de um processo de comunicação claro e aberto entre

os membros da escola e entre a escola e a comunidade;

• Estimulação à inovação e melhoria do processo educacional.

Cabe ainda ao diretor, orientar a comunidade no sentido de promover o

entendimento de todos no que se refere à educação e a função da escola.

De acordo com o artigo de Antônio Carlos Gomes da Costa, consultor e

pedagogo, publicado no site da revista Nova Escola,

“mais que um administrador que cuida de orçamentos, calendários, vagas e materiais, quem dirige a escola precisa ser um educador. E isso significa estar ligado ao cotidiano da sala de aula, conhecer alunos, professores e pais. Só assim ele se torna um líder e não apenas alguém com autoridade burocrática.” (Artigo publicado no site da revista Nova Escola)

Ainda segundo o autor, há três perfis básicos na função de diretor:

• O administrador escolar – mantém a escola dentro das normas do

sistema educacional, segue portarias e instruções, é exigente nos

cumprimentos dos prazos.

• O pedagógico – valoriza a qualidade do ensino, o projeto

pedagógico, a supervisão e a orientação pedagógica e cria

oportunidades de capacitação docente.

• O sociocomunitário - preocupa-se com a gestão democrática e

com a participação da comunidade, está sempre rodeado de pais,

alunos e lideranças do bairro, abre a escola no final de semana e

permite trânsito livre em sua sala (Idem)

Em concomitância a isso, tem-se o trabalho do supervisor escolar. Luck

nos revela que:

“O papel do supervisor escolar se constitui, em última análise, na somatória de esforços e ações desencadeados com o sentido de promover a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Esse esforço voltou-se constantemente ao professor, num processo de assistência aos mesmos e coordenação de sua ação.(LUCK, 2008, p.20)”

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Embora seja o trabalho do professor que dê sentido a função de

supervisor educacional, nem sempre a ação do supervisor está preocupada

para a melhoria do desempenho daquele. Segundo Luck :

“A preocupação pela melhoria do processo de ensino-aprendizagem traduziu-se, via de regra, no esforço de analisar algum aspecto desse processo, organizá-lo, inová-lo, realimentá-lo e entrega-lo ao professor para que o mesmo o aplicasse. E nisso se constituía a assistência ao professor.” (LUCK, 2008, p.20-21)

O supervisor, ao assumir o processo de assistência e coordenação

recebeu vários enfoques, dentre os quais se destacam, conforme explicita Luck

(2008, p.20):

• Dos materiais de instrução

• Dos métodos, técnicas e procedimentos do ensino;

• Dos programas curriculares;

• Do processo de avaliação dos alunos;

• Da descrição de objetivos educacionais;

• Do processo de recuperação dos alunos;

• Do desempenho do professor;

• Outros.

Tendo em vista que a sociedade adquiriu novas características, a

supervisão escolar foi redimensionada. Ficou mais dinâmica, mais eficaz e

mais reflexiva. Para Luck,

“a melhoria do desempenho do professor, isto é, o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes dos mesmos em relação ao processo ensino-aprendizagem. Os aspectos de materiais de instrução, métodos, técnicas, etc., passam a ser meios ou aspectos desse desenvolvimento.” (Idem)

Ao assumir essa linha de ação, a supervisão assume funções

concernentes ao treinamento de professores, nas mais variadas formas, que,

segundo Heloisa Luck, diz respeito “à observação e feedback ao seu

desempenho; à realização de entrevistas d ajuda, tanto individualmente como

em grupos; à realização de reuniões, etc.” (LUCK, 2008, p.21)

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Alarcão adverte: “que a função supervisora pode ser compreendida

como um processo em que um professor, em princípio mais informado, orienta

um outro professor ou candidato a professor no seu desenvolvimento humano

e profissional” (ALARCÃO, 2001, P.13)

E sua eficácia estará diretamente ligada à sua capacidade de promover

mudanças no comportamento do professor, garantindo novas habilidades ou o

reforço das já existentes, o desenvolvimento de novas ideias opiniões e

atitudes. Luck (2008) aborda que:

“a falta de assistência ao professor quanto a seu desempenho em sala de aula é considerado como uma das importantes causas de embaraço do processo educativo. Portanto, parece crucial que o supervisor escolar preste ao professor uma assistência sistemática, no sentido de melhoria contínua do seu desempenho.” (2008, p. 22-230)

Ferreira finaliza dizendo que

“como prática educativa ou como função, a supervisão educacional, independente de formação específica em habilitação no curso de pedagogia, constituiu-se num trabalho escolar que tem o compromisso de garantir a qualidade do ensino, da educação, da formação humana.” (FERREIRA, 2007, P.327)

Com isso,

“Não se esgota, portanto, no saber fazer bem e no saber o que ensinar, mas no trabalho articulador e orgânico entre a verdadeira qualidade do trabalho pedagógico que se tornará mais verdadeiro em seus compromissos humanizadores, quando expressar e servir de polo-fonte de subsídios para novas políticas e novas formas de gestão na intensidade espaço-temporal de transformações que a “era da globalização” ocasionou.” (Idem)

A supervisão trabalha paralelamente a orientação educacional, para que

em conjunto construam uma educação de qualidade. E, assim como a

supervisão escolar a orientação tem recebido enfoque variado.

O orientador educacional é mais um membro da equipe de gestão. Este

trabalha diretamente com o aluno, assistindo-o e mediando conflitos, está

focado na emancipação do sujeito. Grinspun afirma:

O principal papel da orientação será ajudar o aluno na formação de uma cidadania crítica, e a escola, na organização e realização de seu projeto

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pedagógico. Isso significa ajudar nossos alunos “por inteiro” (...) a orientação trabalha na escola em favor da cidadania, não criando um serviço de orientação – (grifos).” (GRINSPUN, 2002, p.29)

Luck pondera:

“Tradicionalmente, o orientador educacional tem sido visto como um profissional, cujo papel principal é atuar com os educandos. Assim é que a orientação educacional é definida como um “método pelo qual o orientador educacional ajuda o aluno, na escola, a tomar consciência de seus valores e dificuldades, concretizando, principalmente através do estudo, sua realização em todas as suas estruturas e em todos os planos de vida” (Schimidt e Pereira, 1969, p.71). Em vista disso, o mesmo faz levantamento de dados (sondagem de aptidões), realiza sessões de orientação e de aconselhamento e desempenha uma série de funções de maior ou menor importância, relacionadas com a concepção do atendimento ao educando.” (Luck, 2008, p.23)

Segundo a lei 5564/68 em seu artigo primeiro:

Art. 1º A orientação educacional se destina a assistir ao educando, individualmente ou em grupo, no âmbito das escolas e sistemas escolares de nível médio e primário visando ao desenvolvimento integral e harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua formação e preparando-o para o exercício das opções básicas.

Luck esclarece:

“preconiza-se que o orientador educacional assuma funções de assistência ao professor, aos pais, às pessoas da escola com as quais os educandos mantêm contatos significativos, no sentido de que estes se tornem mais preparados para entender e atender às necessidades dos educandos, tanto com relação aos aspectos cognitivos e psicomotores, como afetivos.” (2008, p. 28)

No artigo 8º da Lei 5568/1968 há uma limitação do trabalho do

orientador educacional.

a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional em nível de:

1 - Escola;

2 - Comunidade.

b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, Municipal e Autárquico; das Sociedades de Economia Mista Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas.

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c) Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-o ao processo educativo global.

d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando.

e) Coordenar o processo de informação educacional e profissional com vista à orientação vocacional.

f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao conhecimento global do educando.

g) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial.

h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar.

i) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas as exigências da legislação específica do ensino.

j) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional.

l) Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional.

Art. 9º Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atribuições:

a) Participar no processo de identificação das características básicas da comunidade;

b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar;

c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;

d) Participar na composição caracterização e acompanhamento de turmas e grupos;

e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos;

f) Participar do processo de encaminhamento dos alunos estagiários;

g) Participar no processo de integração escola-família-comunidade;

h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional.

Mirian Grinspun destaca:

“O Supervisor e o orientador tem como os demais (e vice-versa) o conhecimento da educação, da escola, dos professores (aqui

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entendendo as questões ligadas ao processo ensino-aprendizagem), dos alunos, eles possuem a especificidade de sua área para contribuir para a melhor organização e dinâmica da escola onde atuam através de relações significativas professor-aluno. Atendendo, pois, a esta multiplicidade de ações que ocorrem na escola cujo principal ator é o aluno.” (GRINSPUN,2003, p.150) – grifo da autora.

E conclui dizendo:

“Os professores podem contar com os especialistas, não para separar o todo escolar em partes, mas para tentar ajudar a entender e dinamizar a escola, propiciando meios e condições para melhor formar o aluno, enquanto pessoa humana. Esta é uma tarefa em que orientadores e Supervisores podem atuar/trabalhar, em conjunto beneficiando a Escola e seus protagonistas.” (Idem, p. 152)

É a equipe de gestão que estabelece o tônus de integração na escola e

estabelece a unidade em torno da ação educativa buscando objetivos comuns.

A ação de corpo técnico-administrativo deve ser integrada e integradora,

pautando na coerência interna para garantir a unidade. Luck sugere:

Conforme sugerido pelo Ministério de Educação e Cultura (1979), um objetivo comum do corpo técnico-administrativo é a “criação de condições favoráveis ao máximo desenvolvimento da comunidade escolar (grifo acrescentado), promovida num ambiente de cooperação, reciprocidade, em que todos os participantes do processo educativo atuam com companheiros que têm muito a contribuir com suas percepções, experiências, conhecimentos e habilidades na análise e decisão sobre as problemáticas do dia a dia do processo educativo. Mediantes a análise e decisão conjunta dessas problemáticas promover-se-ia o desenvolvimento de potencialidades desejado.” (Idem, p.33)

Heloisa Luck, em seu artigo A evolução da gestão educacional a partir

de mudança paradigmática, esclarece que “a gestão educacional cultiva

relações democráticas, fortalecendo princípios comuns de orientação,

norteadores da construção da autonomia competente.”

Portanto, Luck esclarece:

“O exercício de direção, supervisão escolar e orientação escolar se constituem em papéis-meios, que garantem a melhoria do processo educativo. Sua assistência e apoio ao professor, no sentido de que esteja cada vez melhor preparado ao desempenho de suas funções, são vitais. Para que possam prestar esse apoio e assistência, faz-se necessário, no entanto, que só atuem integralmente, somando esforços,

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assumindo um ponto de vista comum, mas também que adquiram habilidades para tal.”(LUCK, 2008, p.64)

CAPITULO II

ÉTICA

2. A ética

O termo ética pode ser entendido como conjunto de princípios e valores

que norteiam as relações do homem. Do grego Ethos que significa hábito ou

costume, este termo é considerado por muitos estudiosos como a teoria do

comportamento moral do homem na sociedade.

Se recorrermos à história, o conceito para ética foi aplicado para moral

tanto como ciência, tanto como conduta. Cabendo então, historicamente,

entender a ética como ciência que tem como objeto o estudo de juízo de

apreciação sobre os atos dos homens.

Dessa forma, costume designa o conjunto de regras e normas

adquiridas pelo hábito e a permanência dos mesmos define o caráter, honrado

ou não, dos cidadãos.

Para Marilena Chauí, ethos é a maneira pela qual o indivíduo realiza sua

natureza própria e, nesta acepção, a ética refere-se à educação do caráter do

indivíduo em vista da felicidade, da vida justa e livre.

De acordo com o dicionário Houaiss, ética é o conjunto de preceitos

sobre o que é moralmente certo ou errado; parte da filosofia dedicada aos

princípios que orientam o comportamento humano.

Neste sentido, o filósofo Ademar Xavier explana que:

“A ética deve ser entendida como o estudo da conduta humana. É disciplina, pertencente à filosofia, que investiga os princípios regulativos das condutas consideradas corretas e incorretas, no interior das interações humanas. (...) Portanto, Ética é a análise da dimensão moral do homem e de seu código de valores.” (In artigo publicado na Revista Leader)

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Na visão do estudioso Hubert Lepargneur, a ética não visa “aquilo que

deve ser”, mas antes aquilo que devemos fazer (ou evitar). Já no dicionário

Aurélio Buarque, ética está descrita como o estudo do juízo de apreciação que

se refere à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do

bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo

absoluto.

Eugênio Bucci descreve a ética como “um saber escolher entre o bem e

o próprio bem ou entre o mal e o mal, levando em conta o interesse da

sociedade”. No campo da filosofia o comportamento ético é aquele que é

considerado bom.

Sendo assim, uma sociedade constrói sua ética com base em seus

valores históricos e culturais, constituindo assim seu código de ética. Este é um

instrumento para que se realizem os princípios, orientando suas ações e

postura.

O conceito de ética vem sendo entendido sobe várias óticas. Alguns

escritores a define como ciência do comportamento humano; outros como

avaliação sobre o comportamento que se julga adequado e a forma como

implementá-lo. Há ainda os que a entende como conjunto de princípios

fundamentais de certo e errado; regras de comportamento que partem de

dentro do individuo. Ou, ainda, estar dentro dos padrões de dado grupo ou

profissão.

De acordo com alguns estudiosos há três tipos de ética: a ética aplicada,

a ética normativa e a metaética. A primeira está ligada aos problemas práticos

da ética, a segunda é a fundamentação teórica relacionada ao comportamento

humano e finalmente a última diz respeito à natureza da própria ética.

A ética se constitui em um instrumento em prol da convivência humana,

através de seus princípios que são exteriorizados no comportamento do

homem. Uma vez que o homem vive em sociedade o seu comportamento

tende a ser visto como ético ou antiético.

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A mesma aborda os costumes do coletivo e as morais que lhe dão

sustentação. Refere-se às praticas morais, analisando e criticando os princípios

que orientam determinados conjuntos de valores. É a ciência da conduta, do

comportamento moral do homem na sociedade.

Todos os seres humanos têm como base seus atos éticos. Seus

princípios são exteriorizados por meio de seu comportamento moral, o mesmo

é necessário para que a ética exista e melhore a convivência entre os homens.

Através da ética o homem se orienta no mundo e se impõe nas

situações da sua vida e melhorando a socialização. A ética define a conduta

moral daquele no relacionamento com seus pares.

A ética é natural do ser humano. Independente do grau de

intelectualidade do homem, a mesma pode ser identificada e obtida quando se

exercita a razão e o bom senso. Ela é inerente a nossa consciência. A ética é

determinada pela nossa consciência a partir da concepção que temos do bem

e do mal, do certo e do errado.

Em suma, pode-se dizer que através da ética construímos e educamos

nosso caráter e nosso comportamento, ajudando-nos a escolher entre o bem e

o mal, entre o certo e o errado na nossa conduta e postura diante do mundo.

O agir eticamente significa respeitar valores, respeitar o próximo, o que

viabiliza o bem estar individual e coletivo. Com a ética, o homem busca os

princípios que norteiem o sentido ao seu agir. Desse jeito, a falta da mesma

pode causar um desequilíbrio nessa relação.

2.1 Ética e Moral

A ética e a moral, antigamente, eram transmitidas às novas gerações por

meio das classes dominantes da época: aristocracia, intelectuais, escritores e

outros. Nesta época os nobres eram um exemplo a ser seguido. Hoje, nossas

lideranças (políticas, acadêmicas e empresariais) não mais se preocupam em

transmitir valores morais às futuras gerações.

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Segundo o filósofo Desidério Murcho, em seu artigo sobre ética e moral:

“A pretensa distinção entre a ética e a moral é intrinsecamente confusa e não tem qualquer utilidade. A pretensa distinção seria a seguinte: a ética seria uma reflexão filosófica sobre a moral. A moral seria os costumes, os hábitos, os comportamentos dos seres humanos, as regras de comportamento adotadas pelas comunidades.” (Artigo publicado no site da revista Crítica)

Entretanto de acordo com o PCN (1998, p.52):

“A ética é a reflexão crítica sobre a moralidade. Ela não tem um caráter normativo, pois, ao fazer uma reflexão ética, pergunta-se sobre a consistência e a coerência dos valores que norteiam as ações, busca-se esclarecer e questionar os princípios que orientam essas ações, para que elas tenham significado autêntico nas relações. Há uma multiplicidade de doutrinas morais que, pelo fato de serem históricas, refletem as circunstâncias em que são criadas ou em que ganham prestígio. Assim, são encontradas doutrinas morais cujos princípios procuram fundamentar-se na natureza, na religião, na ciência, na utilidade prática.” (1998, p.52).

No intuito de falarmos sobre a ética e a moral, faz-se necessário, agora,

entendermos o que é moral. A palavra moral é originada do latim mores relativo

a costumes, maneira de agir. Durkheim considerava a moral como a ciência do

costume. No dicionário Houaiss está descrita como conjunto de regras de

conduta desejáveis num grupo social. Já Marilena Chauí refere-se a moral

como comportamento normativo cujas normas foram definidas externamente

aos indivíduos, pela sociedade.

Para Vasques não devemos confundir moral e ética, na medida em que

a última não cria a primeira e, conquanto seja certo que toda moral supõe

princípios, normas ou regras de comportamento, não é a ética que os

estabelece em uma determinada sociedade. (VASQUES, 2005, P.12)

Enquanto a ética é um conjunto de valores construídos através de

exemplos, normas e princípios de uma sociedade, ao passo que a ética é um

princípio, a moral é a prática da ética. A ética é construída e o seu princípio é

traduzido na moral.

A palavra moral é comumente considerada sinônimo de ética. Vale

ressaltar, portanto, que a moral é relativa, é autônoma é estabelecida pela

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consciência de cada um. Por outro lado, a ética tenta ser universal dentro do

limite estabelecido pelos costumes do povo. A moral está relacionada a uma

época e a ética é mais genérica.

Quando dizemos que não se pode discriminar uma pessoa, estamos

falando de princípio ético. O ato de discriminar ou não, depende da moral do

individuo. A ética cria os valores; a moral julga, avalia, decide.

Enquanto a ética dita os elementos que nos permitem entender a

moralidade de cada ser, a moral tange a esfera da conduta, do agir, da ação

concreta de cada um.

2.2 O código de ética

Os códigos de ética é uma ferramenta que visa à realização dos

princípios e visões de uma organização. É utilizado para nortear as ações e

especificar a postura dessa organização. É de grande importância que seu

conteúdo seja direcionado as atitudes das pessoas a que se dirige e que

também esteja respaldado.

O código possui as diretrizes que orientam as pessoas na sociedade,

com relação ao que a mesma julga aceitável ou tolerável. Assim, as pessoas

são enquadradas a uma conduta correta para a sua profissão.

Os códigos buscam compor a consciência profissional além de aprimorar

o cultivo dos princípios éticos. Além do mais, visam garantir a adequada

relação de cada profissional com o outro e com a sociedade em que vive.

O mesmo estabelece os padrões esperados quanto a praticas

referendadas pela respectiva categoria profissional e pela sociedade.

Assegura, também, um padrão de conduta, dentro dos que a sociedade julga

valido, para as praticas desenvolvidas por cada profissional.

Julio Aquino, professor da USP (Universidade de São Paulo), em seu artigo A

questão ética na educação escolar, DIZ:

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“a ética pode ser compreendida inicialmente como aquilo que vetoriza determinada ação, ao ofertar-lhe uma origem e uma destinação específica. Assim, por exemplo, estamos sempre a julgar se a conduta de um profissional foi condizente com o que dele se esperava, com aquilo que ele "deveria" fazer ou ter feito. Em outras palavras, acalentamos expectativas sobre determinadas práticas (e, por extensão, sobre determinadas condutas) e as "avaliamos" de acordo com o crivo de um "dever ser" característico. É talvez por essa razão que existem códigos de ética para algumas carreiras, que sinalizam regras de conduta razoavelmente consensuais e, até certo ponto, suficientemente claras não só para o conjunto dos profissionais, mas também para os outros envolvidos.” (Artigo: A Questão Ética na educação Escolar)

E, continua:

“é imprescindível que algumas regras comuns de conduta sejam conhecidas e praticadas pelos agentes daquela determinada prática profissional em seu exercício concreto, de tal forma que o campo de atuação seja preservado, resguardado de ações espontaneístas, não sistematizadas, e, portanto, passíveis de engodo ou ludíbrio. Desse modo conseguimos obter, principalmente como clientes ou como usuários de determinado serviço ou instituição, um pouco dessa clareza sobre a ética do agente institucional ou do profissional em questão, assim como sobre a validade da prática em foco, quando nos damos por satisfeitos com o atendimento prestado, ou, ao contrário, quando nele detectamos negligência e/ou inoperância.” (Idem)

Cumpre elucidar que a ética não deve ser confundida coma as leis, pois

as questões éticas se modificam com o tempo. Portanto, o que é considerado

ético hoje pode não ser mais daqui a um tempo. E, no que tange as leis, seus

preceitos perseveram.

O código de ética é definido, redigido, analisado e aprovado pela

entidade profissional, organização ou governo de acordo com as imputações

da atividade exercida. Assim, a mesma se adequa aos interesses da

comunidade a qual beneficia pelo serviço prestado pelo profissional que sofre o

efeito do código de ética.

CAPITULO III

A GESTÃO ÉTICA

3. A Gestão Ética

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Nos capítulos anteriores discorremos sobre a gestão escolar, abordando

sua denominação, seus atores e suas competências. Falamos, também, sobre

a ética e sua distinção da moral, abordamos também o código de ética.

Neste capítulo, abordaremos a gestão ética, a instituição escolar e

como a ética deve estar presente neste espaço para a construção de uma

escola e de indivíduos éticos.

3.1 A educação

Educação é um meio que a sociedade tem de transmitir a sua cultura

historicamente construída. Compreende o conjunto de comportamentos e

técnicas que esta sociedade utilizou para sobreviver e se perpetuar. À medida

que surge novas demandas essas técnicas vão se modificando, se corrigindo e

se aperfeiçoando. A educação é um processo de construção histórica no qual o

sujeito encontra meios para se posicionar na vida individual e coletivamente.

Com a educação o individuo vai se aperfeiçoando e se tornando

consciente da sua condição na realidade em que está exposto. É um processo

global que envolve a moralidade e os princípios éticos.

Segundo Severino:

“Só se compreende educação enquanto forma de mediação histórica da existência humana, como uma luta de condições sempre melhores de trabalho, de sociabilidade e de vivência da cultura simbólica, portanto ela só se legitima como mediação na construção da cidadania. Em relação ao indivíduo, a educação se propõe a construir e desenvolver a cidadania. Em relação à sociedade a construir a democracia, entendida como garantia a todos os indivíduos da efetivação universalizada dessas mediações.” (SEVERINO, 1994, p.149)

A educação deseja a formação plena do sujeito, no que se refere a sua

ética e cidadania. A mesma deve potencializar no sujeito seu desenvolvimento

intelectual também.

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A educação ética deve fomentar o desenvolvimento do juízo, da moral

que é apreendida de várias e forma e torna-los próprios, autônomos, de forma

que conscientemente sejam capazes de fazer suas próprias escolhas.

Dessa forma, a educação vislumbra transformar o ser em um sujeito

autônomo, ética responsável, capaz de se posicionar e definir suas ações.

Tendo na escola a função de garantir esses preceitos.

3.2 A instituição escolar

A ação de educar sempre existiu e de várias formas, ainda que

individualmente na comunidade em que se está inserido. A escola surgiu na

Idade Média para atender a demanda de uma nova classe social que surgia e

que não precisa trabalhar para sobreviver, embora precisasse ocupar seu

tempo ocioso de forma digna. A palavra escola tem origem no grego e significa

lugar do ócio.

Todavia, a escola não era separada por faixa etária. A educação foi se

tornando produto da escola e algumas pessoas, religiosos em grande parte, se

especializou na transmissão do saber.

A partir do século XVII, a escola começa a aparecer como instituição no

modelo atual. Com a Revolução Industrial e o Capitalismo surge a necessidade

que mais pessoas soubessem ler e escrever. Com isso, a escola passou a ser

peça de grande valia para o fortalecimento do Capitalismo.

A instituição escolar contemporânea é vista revestida por grande

importância social. Possui a função de transmitir cultura, transmitir o saber

historicamente acumulado na sociedade, objetivando formar o individuo. É um

mecanismo de transformação, de melhoria, que contribui para a formação de

sujeitos autônomos, pensantes, críticos e reflexivos.

A escola possui grande poder de influencia na vida, pode intervir e

transforma-la. Entretanto, também pode sofrer influencia dessa mesma

sociedade.

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A esse respeito, Miriam Grinspun esclarece:

“A escola ao interagir com os demais atores sociais, que também fazem a historia e se educam nesta construção, tem a possibilidade de contribuir, coletivamente, para a produção de um conhecimento transformador que além da aquisição dos conhecimentos historicamente construídos, propicie uma compreensão crítica das condições sociais.” (GRINSPUN, 2003, p.33)

E, corrobora afirmando:

“A escola deve socializar o saber, a ciência, a técnica, a cultura; a escola deve estar envolvida na formação – tento quanto possível integral – do aluno; deve estar comprometida com a formação do trabalhador (...) a escola deve estar comprometida com a formação do aluno em termos de cidadania, portanto o aspecto politico é indispensável nesta formação; a escola deve estar comprometida com os mecanismos que se impõem nas relações sociais, onde questões como liderança, poder, autoritarismo, assistencialismo etc. estão presentes; a escola deve estar comprometida, também – e por que não – com os sonhos, as utopias e – por que não – com a esperança que envolve a expectativa de um mundo melhor para si e para o outro.” (Idem, p.78)

Em consonância Rodrigues diz que a escola tem a função de...

“fornecer aos indivíduos as informações mínimas e a preparação adequada para a vida social. Não há como a sociedade preparar seus membros para a aquisição de condições de reprodução da existência afastados de um centro adequado de preparação para a vida. A exigência da escola se incorpora hodiernamente à vida de todo cidadão. Não há como a sociedade preparar os indivíduos para a vida social e política, para a incorporação dos valores morais e culturais, para a aquisição de uma profissão adequada às necessidades de sobrevivência e bem-estar, de modo isolado ou informal”. (RODRIGUES, 1986, p.54)

3.3 A Educação Básica

A educação básica compreende a educação infantil, ensino fundamental

um e dois e ensino médio. Visa assegurar a todos os brasileiros a formação

comum para o exercício da cidadania, fornecendo os meios para o trabalho e

para ensinos posteriores. Os principais documentos em que é baseada são: a

LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, Lei nº 9.394, de

20 de dezembro de 1996) e o PNE (Plano Nacional de Educação Lei nº

10.172/2001).

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• Educação Infantil: Período que compreende a faixa etária de 0 a 3

anos é denominado creche, e o período que se destina as crianças de 4

a 6 anos é chamado de pré-escolar.

• Ensino Fundamental: é destinado a crianças e adolescentes com

idade entre seis e 14 anos. O Ensino Fundamental é dividido em duas

fases: a primeira vai da primeira a quinta série, incluindo a alfabetização

e a consolidação dos conteúdos básicos. A segunda vai da sexta a nona

série.

• Ensino Médio - O Ensino Médio, anteriormente chamado de 2º Grau, é

a etapa final da Educação Básica. O Ensino Médio está estruturado em

3 (três) anos, com duração mínima de 2.400 horas. Tem como objetivos

a consolidação e o aprimoramento dos conhecimentos adquiridos no

Ensino Fundamental, além da preparação para a vida e para os

primeiros passos no mercado de trabalho.

3.4 A ética na instituição escolar

A ética é um tema bastante atual e necessário para a condição do

homem na sociedade. Neste sentido, sua inserção no processo educativo do

desenvolvimento do homem passa, também, pela formação de sua

consciência.

Tendo em vista que a escola é um espaço de construção do saber, e

que quem atua nesta transmissão são os professores, sua postura deve ser

pautada na ética e na moral.

Haja vista, também, que a principal função do espaço escolar é construir

seres pensantes, críticos e reflexivos, de acordo com os ensinamentos éticos e

morais comuns compartilhados na escola.

“É pela via de reflexão e da decisão ponderada que os indivíduos se auto governam, se auto regulam, se auto regulamentam, definem seus valores e padrões de conduta, sua própria moralidade. É aí que reside a diferença entre autonomia outorgada e autonomia conquistada, ou seja, a primeira vem, no discurso instituído pelo Estado, que regula e define padrões de conduta que são veiculados e aceitos socialmente no sistema educacional, através de argumentos que nem sempre

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correspondem às reais possibilidades e necessidades de cada unidade e comunidade e escolar. A autonomia conquistada, por sua vez, diz respeito aos padrões construídos pela comunidade escolar, como que num código de ética que vai sendo elaborado na dinâmica própria da realidade organizacional, visto que elaborado de maneira autentica, singular.

Este código de ética se refere aos comportamentos a serem adotados por todos que fazem a comunidade escolar, inclusive o gestor. As regras consensualmente obtidas são internalizadas dialeticamente num processo de determinação e identificação individual e coletiva, onde se observa a possibilidade da transformação da instituição em organização.” (Revista Portuguesa de Educação, 2003)

Dessa forma, cumpre elucidar que a escola e todos que dela fazem

parte (gestores, pais, alunos, professores, funcionários e comunidade)

trabalham de acordo com o que foi determinado em seu código de conduta.

3.5 Uma gestão ética para uma escola ética

Desde que a transmissão do saber foi passada ao Estado em

substituição a Igreja, a aprendizagem de normas, condutas e de saberes

também passou da família e da sociedade/ comunidade a escola.

A ética é um instrumento de grande valia para os gestores escolares. É

uma ferramenta a mais para conduzir o aluno a condição de critico, consciente

e atuante na sociedade, tendo em vista seu caráter instituidor de valores.

Aos gestores, cabe implantar a ética dentro da instituição escolar

juntamente com seus colaboradores. É no interior da escola que são passados

os valores. Assim, os gestores devem sempre manter uma postura ética, pois

essa será a mediadora da sua relação com os demais.

O gestor, na unidade escolar, tem papel fundamental nas relações

interpessoais. Devido a isso, deve apresentar postura e conduta pautadas na

ética, para que haja uma educação centralizada nos valores essenciais para

vida em sociedade.

É através da sua postura ética que os valores que lhe são considerados

válidos serão internalizados. Desse modo, o gestor assume um compromisso,

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comprometendo-se com os valores, preceitos morais, condutas e princípios

que pretende internalizar na instituição.

Os gestores possuem a contribuição dos professores nessa tarefa de

construir uma educação ética. Todavia, na prática escolar, a ética é um grande

desafio para o processo de ensino aprendizagem e por esse mesmo aspecto a

mesma é tão importante para articulação desse processo. Assim, pondera

Grinspun:

“Assim, enfatizam-se, na conduta de supervisores e orientadores educacionais e nos estudos e projetos em comum, que poderão desenvolver com professores e alunos, a inerência entre conhecimento e valores, e os elos da ética, que os aproximam.” (GRINSPUN, 2003, p.23)

A educação ética e moral é um componente indispensável na formação

dos cidadãos pensantes e conscientes. Entretanto transforma-lo em um ser

autônomo não e uma tarefa fácil, dá a importância da escola na construção e

formação desse cidadão.

A escola, nesse sentido, pode se tornar a mola propulsora desse

processo, através da criação de condições que incentivem a pratica de valores

morais e éticos.

Mirian Grinspun ratifica:

“E, se a educação é de conhecimento e valores, a escola, seus princípios e processos, também os assumem, nos estudos, nos processos, e na própria construção das suas bases epistemológicas de currículo. Aprofundar a relação entre conhecimentos e valores, ensinados e assumidos para a vida ética e cidadã, é, sem dúvida, uma resposta dos estudos pedagógicos aos apelos da sociedade mundial.” (idem)

3.6 Algumas ponderações

Segundo o PCN (1998, p. 61)

“enfrentar o desafio de instalar, no processo de ensino e aprendizagem que se realiza em cada uma das áreas de conhecimento, uma constante atitude crítica, de reconhecimento dos limites e possibilidades dos sujeitos e das circunstâncias, de problematização das ações e

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relações e dos valores e regras que os norteiam. Configura-se, assim, a proposta de realização de uma educação moral que proporcione às crianças e adolescentes condições para o desenvolvimento de sua autonomia, entendida como capacidade de posicionar-se diante da realidade, fazendo escolhas, estabelecendo critérios, participando da gestão de ações coletivas. O desenvolvimento da autonomia é um objetivo de todas as áreas e temas transversais e, para alcançá-lo, é preciso que elas se articulem. A mediação representada pela Ética estimula e favorece essa articulação.” (1998, p.61)

A educação deve ser considerada uma prática social em que se acopla

uma visão da realidade que pode ser transformada ou não. Ao considerarmos

sua dimensão transformadora, pode conduzir quem nela está inserido a

condição de critico da própria realidade.

Dentro da escola, o discente aprende as primeiras noções de ética de

acordo com o senso comum. Através dos processos educativos a apreensão

do certo e do errado vai acontecendo.

Na escola, através das diferentes disciplinas e de modo transversal os

pressupostos éticos podem ser inseridos. É necessário que situações sejam

propiciadas para que a criticidade seja exercitada. Assim, será oportunizada a

distinção entre o certo e o errado, do bem e do mal. É preciso refletir e

vivenciar essa relação.

No contexto escolar, com seus diversos atores, a ética se faz presente

em todos os momentos. Tendo em vista que a mesma está presente nas

relações existentes entre esses atores.

A educação se constitui como parte integrante para constituição da

sociabilidade do ser. Neste sentido, a ética se torna eixo condutor das atitudes

morais. O âmbito escolar é importante para o desenvolvimento moral do

individuo e, assim, a educação é importante para fazer do homem um individuo

justo e exemplar.

É na escola que serão impregnados os valores de respeito,

solidariedade, responsabilidade. Esses valores precisam ser aprendidos e é

por meio da ética de gestores e docente que aqueles serão apreendidos pelos

alunos.

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Assim, torna-se necessário que os alunos possam vivenciar situações

reais, conviver na prática com os princípios. Além disso, é preciso, também,

que eles sejam incentivados a construir sua autonomia e a capacidade de

construir seus próprios valores.

Também é importante que os discentes sejam ativos nesse processo e

não meros espectadores, para que esses valores ganhem sentido verdadeiro a

partir de sua consciência previamente construída.

A escola é responsável pela formação integral do aluno e não apenas a

formação desses valores, embora todos os procedimentos realizados na escola

estejam ligados a determinados valores. Na escola tudo respira ética, até

mesmo quando não estamos conscientes disso.

Os gestores e os outros profissionais da escola precisam criar as

condições necessárias para que os valores de ética e moral sejam

incorporados no ambiente escolar, através dos instrumentos, ações e recursos

adequados.

A escola deve levar o individuo a reflexão individual e da coletividade,

para que de forma autônoma elabore seus princípios, que o ajude a enfrentar

sua realidade de forma critica.

A educação ética, proposta pela escola, deve auxiliar na análise critica

da sociedade e de seu cotidiano. Assim poderá agir e conviver de forma mais

justa e digna.

A ética e a escola possuem uma relação muito estreita, visto que educa -

se de acordo com os valores morais vigentes na instituição. A educação e a

escola propiciam que os indivíduos internalizem esses conceitos.

A cidadania, a democracia, a justiça, a solidariedade e a autonomia são

os princípios básicos para uma escola ética.

Através da participação dos indivíduos na sua comunidade os homens

conquistam sua cidadania. A escola deve aliar seu corpo técnico, os

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funcionários, alunos e comunidades para decidirem sobre suas normas

internas. A ação pedagógica da instituição escolar deve ser pautada na justiça.

Além de se comprometer com a formação solidaria os seus atores. A escola

deve, ainda, possibilitar que os indivíduos se tornem sujeitos autônomos na sua

relação com a sociedade em que vive.

Desse modo, Grinspun finaliza:

“A formação ética é uma das alternativas e uma das respostas possíveis da educação aos apelos do tempo atual. Essa resposta insere-se no principio da liberdade de escolhas do ser humano para uma vida pessoal e social de melhor qualidade. A formação ética é, então parte da educação para a consciência de limites, que definem valores e parâmetros de conduta.

Assim, os limites sobre os quais se propõe a educação constituem referências sociais necessárias aos indivíduos na sociedade e, nesse sentido, podem definir-se como bens sociais.

(...) Os limites éticos, portanto, formam-se com conhecimentos e valores requeridos pela vida e convivência na sociedade e promovidos pelas relações e instituições sociais, entre elas a escola.” (GRINSPUN, 2003, p.123)

Neste sentido, a instituição escolar tem em seus gestores um meio de

implementar os valores na instituição. Se constituindo em uma ferramenta de

transformação. É o gestor que lidera as ações da escola.

Novos desafios estão sempre sendo apresentados à escola e é

exatamente nesse lugar que se forma indivíduos capazes de enfrentar e

superar esses desafios.

O papel dos gestores, na escola, é ser o centro das relações

estabelecidas naquele espaço. Neste sentido, sua conduta e a conduta de

todos os seus colaboradores deve ser respaldada na ética, para que o

resultado do que acorre na escola seja uma educação voltada nos princípios

fundamentais que regem a vida humana, objetivando o bem estar de todos e,

também, contribuindo para a construção de uma escola bem quista onde a

educação ocupe lugar de destaque.

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A gestão ética é mais um desafio para os gestores, que além das

lutas diárias da educação, precisa lidar com essa tarefa, com essa

responsabilidade de inseri no processo de ensino-aprendizagem ações que

beneficiem a construção de valores e princípios próprios.

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4. Considerações finais

4.1Conclusões O presente trabalho teve o objetivo de realizar uma análise sobre a

gestão escolar e a ética presente neste campo. A escola é o lugar onde os

primeiros princípios éticos são adquiridos e a gestão escolar, e quem dela faz

parte, é a facilitadora da implantação desses conceitos no âmbito escolar.

Tendo em vista que é o gestor quem orientam e norteia as normas e valores

considerados válidos pela instituição.

Primeiramente abordamos a gestão escolar. A partir dessa analise,

vimos que esta é um termo recente, substituindo a administração. Observamos

também que os gestores são de fundamental importância para o bom

funcionamento da escola e para implantar as normas. É o gestor que lidera e

organiza o trabalho de todos que atuam na escola. O gestor busca promover

um ambiente satisfatório para aprendizagem e para as relações interpessoais.

Falamos sobre os profissionais que fazem parte da equipe de gestão:

diretor, supervisor escolar e orientador educacional. Observamos o papel de

destaque que o diretor assume, direcionando o modo como a escola se

posiciona. Vimos como o supervisor pode atuar auxiliando os docentes

proporcionando uma relação de confiança e ajuda mutua entre eles.

Ponderamos, também, sobre os orientadores educacionais. O orientador

trabalha diretamente com os alunos, na sua assistência e na mediação de

conflitos.

Através dos estudos realizados, notamos que a supervisão e a

orientação trabalham em conjunto e que ambas recebem vários enfoques. Com

o auxilio de autores como Grinspun (2003) discorremos sobre as limitações do

trabalho dos orientadores educacionais.

Em seguida, após falarmos sobre a gestão escolar, direcionamos nossa

pesquisa para a ética, o que nos levou a explanar sobre seu conceito, a

respeito da moral e sobre o código de ética. Notamos que a ética está presente

em todos os campos da vida por meio dos princípios. Constatou-se que a ética,

embora confundida com a moral, permeia todas as relações do ser individual e

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coletivamente. Entendemos que a ética está relacionada a princípios e a moral

se relaciona coma prática dos princípios éticos. A ética nos permite entender a

moral e a moral ligada ao concreto ao agir e fazer de cada indivíduo.

Conceituamos o código de ética e observamos que este se torna um

instrumento a favor da realização dos princípios que regem as relações, pois

possui as diretrizes que orientam a conduta de cada pessoa na sociedade.

Com o mesmo busca-se os padrões de cada categoria profissional, guiando

estes profissionais à construção de sua própria consciência profissional. Vimos

também, que o código de ética não deve ser confundido com as leis, pois

aquele não é permanente.

Finalmente, na última etapa do nosso trabalho, buscamos discorrer

sobre a gestão ética. Explanamos sobre a educação e de como ela intervém na

vida no homem. É através dela que nos construímos. Refletimos sobre a

instituição escolar e como ela é responsável pela transmissão de valores. Logo

após, passamos brevemente pela constituição da educação básica.

Visto que a função da escola é transmitir valores, é necessário que nesta

esteja impregnados os valores éticos, para que neste espaço seja favorável a

construção de sujeitos críticos e consciente de sua conduta. Observamos que a

postura da gestão está diretamente relacionada à construção de uma escola

ética.

Desse modo, refletimos que a função do gestor escolar é suma

importância para o bom funcionamento da escola e para as relações presentes

na esfera da escola. Os valores éticos são adquiridos, ainda que

inconscientemente, nas relações com o outro. E, que a escola é o espaço para

a construção desses valores.

Diante do que foi mencionado, compreendemos que o gestor escolar é

um agente importante para a construção de uma escola ética. O seu trabalho é

de grande valia para a implantação da ética e de valores na formação do

sujeito critico, consciente e participativo na sociedade em que está inserido.

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5. Referências bibliográficas

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BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares

nacionais: Terceiro e quarto ciclos; Apresentação dos temas transversais.

Brasília: MEC/SEF, 1998.

FERREIRA, Naura S. Carapeto. Supervisão educacional para uma escola

de qualidade da formação a ação. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2007.

GRINSPUN, Mirian P. S. Zippin. A orientação educacional: conflito de paradigmas e alternativas para a escola. São Paulo: Cortez, 2002.

__________ Supervisão e orientação educacional: perspectivas de integração na escola. São Paulo: Cortez, 2003.

HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

KHOURY, Carla Georges. A importância do processo de gestão

democrática para o desenvolvimento sócio moral da criança. Rio de

janeiro, 2007.

LUCK, Heloísa. Ação integrada: Administração, Supervisão e Orientação

Educacional. 26ª ed. Rio de janeiro: vozes, 2008.

__________ Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba:

Positivo, 2009.

__________ Perspectivas da Gestão Escolar e Implicações quanto a

Formação de seus gestores. Brasília, disponível em

http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/view/1088/990.

RODRIGUES, Neidson. Por Uma Nova Escola, o transitório e o permanente

na educação. 5ª ed. São Paulo. Cortez. 1986.

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SEVERINO, Antônio Joaquim. Filosofia da Educação: construindo a

cidadania. São Paulo: FTD, 1994.

VAZQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 15. ed. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 1995.

Revista Veja, edição 1733, ano 35, nº1, 9 de Janeiro de 2002.

Revista Portuguesa de Educação, 2003

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6. Webgrafia

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28/04/2012.

http://www.senac.br/informativo/bts/251/boltec251a.htm Acesso: 28/04/2012.

http://criticanarede.com/fil_eticaemoral.html Acesso: 27/04/2012.

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http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/view/1088/990 Acesso:

02/04/2012.

http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/papel-diretor-

423393.shtml Acesso: 02/04/2012.

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Acesso: 02/04/2012.

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ANEXO I

CAPÍTULO II

DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.

§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais.

§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei.

Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:

I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver;

II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do ensino fundamental, pode ser feita:

a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola;

b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas;

c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino;

III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que preservada a seqüência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino;

IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares;

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V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;

b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;

c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;

d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;

e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos;

VI - o controle de freqüência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a freqüência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação;

VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis.

Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades responsáveis alcançar relação adequada entre o número de alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais do estabelecimento.

Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista das condições disponíveis e das características regionais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto neste artigo.

Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil.

§ 2º O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.

§ 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. (Redação dada pela Lei nº 12.287, de 2010)

§ 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.

§ 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos. (Redação dada pela Lei nº 10.328, de 12.12.2001)

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§ 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)

§ 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia.

§ 5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.

§ 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.769, de 2008)

§ 7o Os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir os princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos obrigatórios. (Incluído pela Lei nº 12.608, de 2012)

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.(Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003)

§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.(Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003)

§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.(Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003)

§ 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.639, de 9.1.2003)

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).

§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na

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formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).

§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008).

Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes:

I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;

II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento;

III - orientação para o trabalho;

IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-formais.

Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente:

I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;

II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;

III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.

Seção II

Da Educação Infantil

Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

Art. 30. A educação infantil será oferecida em:

I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;

II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.

Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.

Seção III

Do Ensino Fundamental

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Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:

Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública a partir dos seis anos, terá por objetivo a formação básica do cidadão mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.114, de 2005)

Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006)

I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em ciclos.

§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no ensino fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino.

§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.

§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais.

§ 5o O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei nº 11.525, de 2007).

§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema transversal nos currículos do ensino fundamental. (Incluído pela Lei nº 12.472, de 2011).

Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecido, sem ônus para os cofres públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis, em caráter:

I - confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu responsável, ministrado por professores ou orientadores religiosos preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou

II - interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa.

Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino

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fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. (Redação dada pela Lei nº 9.475, de 22.7.1997)

§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores.

§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso."

Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola.

§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei.

§ 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino.

Seção IV

Do Ensino Médio

Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:

I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes:

I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;

II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes;

III - será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição.

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IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio. (Incluído pela Lei nº 11.684, de 2008)

§ 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre:

I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna;

II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;

III - domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania. (Revogado pela Lei nº 11.684, de 2008)

§ 2º O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. (Regulamento) (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)

§ 3º Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos.

§ 4º A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

Gestão escolar 10

1.1 os gestores 13

CAPÍTULO II

A ética 21

2.1 Ética e moral 23

2.2 O código de ética 25

CAPÍTULO III 26

A Gestão Ética 26

3.1 A educação 27

3.2 a instituição escolar 28

3.3 A educação básica 29

3.4 A ética na instituição escolar 30

3.5 Uma gestão ética para uma escola ética 31

3.6 algumas ponderações 32

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 37

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50

4.1 Conclusões 37

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 39

WEBGRAFIA 41

ANEXOS 42

ÍNDICE 49