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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O SUPERVISOR ESCOLAR SOB A ÓTICA DO PLANEJAMENTO
EDUCACIONAL EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO PARTICULAR
ALESSANDRA BORGES GOMES
Orientador Professora: MARY SUE PEREIRA
Rio de Janeiro 2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O SUPERVISOR ESCOLAR SOB A ÓTICA DO PLANEJAMENTO
EDUCACIONAL EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO PARTICULAR
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Administração e Supervisão Escolar
ALESSANDRA BORGES GOMES
Rio de Janeiro 2010
3
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor meu Deus e eterno pai, autor da minha existência e por eu ter chego até aqui. Ao meu noivo Iris Edilson Medeiros, pela força e garra concedida a mim durante a minha pós - graduação, a minha amiga Luana Gonçalves, pelo exemplo de mulher e profissional competente e perseverante pela educação transformadora e principalmente a minha querida mãe, Valdeli Borges, pela dedicação comigo durante toda essa minha trajetória, em busca de mais uma conquista acadêmica.
4
DEDICATÓRIA
Com eterno carinho fraterno, ao Senhor Antonio Gomes e a Senhora Valdeli de Souza Borges, meus amados pais e
amigos. Pelo companherismo, dedicação, afeto e generosidade os quais sempre pude contar, durante esta minha jornada e em todas as minhas conquistas contemplando as minhas realizações.
5
RESUMO
O trabalho monográfico apresentado, foi realizado na perspectiva de
contribuir para a prática pedagógica dos profissionais de educação, que atuam
gerenciando instituições de ensino particular, na função do Supervisor Escolar
e as suas atribuições, entre elas o Planejamento Educacional com uma nova
proposta de reflexão das funções desse trabalho tão complexo, e novas
metodologias para execução desse trabalho, com a finalidade de suprir as
dificuldades vivenciadas em nosso cotidiano escolar, desenvolvendo uma
relação de auto-confiança entre a equipe pedagógica e os demais profissionais
da área educacional.
6
METODOLOGIA
Os métodos utilizados para a pesquisa e confecção deste estudo monográfico
são baseados nas práticas vivenciadas pelos gestores educacionais e as suas
diversas funcionalidades diárias nas instituições de ensino particular.
Obtive como recursos a leitura do livro do autor Danilo Gandim, “A prática do
planejamento participativo”, a busca on-line por artigos de profissionais da área de
educação atuantes nas gestões escolares, a leitura de algumas páginas da revista
multidisciplinar “Saber Acadêmico”, que forneceu uma nova visão na administração
destes setores tão burocráticos de uma escola. Abordando de forma clara o
desenvolvimento infra-estrutural, administrativo, e pedagógico que nós supervisores
devemos utilizar para garantir um ensino de qualidade .
Também grandes momentos de favorecimento da minha redação neste estudo
monográfico, foram verdadeiramente as práticas das aulas da pós – graduação, nas
disciplinas de supervisão escolar e planejamento educacional. Que tiveram grande
relevância na escolha deste tema a ser pesquisado, juntamente com a troca diária
com os outros profissionais que atuam realizando as mesmas considerações
negativas da organicidade das supervisões escolares, deficientes neste processo
ensino-aprendizagem.
Certamente, esta pesquisa enriquecerá de forma construtiva o conhecimento
pedagógico e administrativo das gestões escolares, trazendo novas propostas de
trabalho, em busca de uma supervisão mais comprometida, valorizada, eficiente,
equilibrada e dinamizadora neste processo humanizador que é a escola.
7
SUMÁRIO
• Introdução ------------------------------------------------------------------------------08
• Capitulo I – Perspectiva Histórica da Supervisão no Âmbito
Educacional ----------------------------------------------------------------------------11
• Capitulo II – O Supervisor Escolar e o Planejamento Educacional ----20
• Capitulo III – Gestão Democrática – Participativo --------------------------- 28
• Conclusão -------------------------------------------------------------------------------35
• Bibliografias Consultadas -----------------------------------------------------------37
• Anexos -----------------------------------------------------------------------------------38
8
INTRODUÇÃO
Fazer uma escola atingir bons resultados na aprendizagem e oferecer uma
Educação de qualidade é uma responsabilidade muito complexa para ficar na
mão de apenas uma pessoa. Dos anos setenta (1970) para cá várias
mudanças ocorreram, várias pesquisas foram realizadas e apontaram que a
atuação de outros profissionais, além do professor, influenciava o desempenho
dos alunos. Entre eles, está a dos profissionais que compõem a equipe gestora
da escola.
De acordo com nossas experiências, em estabelecimentos de ensino
privados, podemos dizer que em relação à qualificação isso não acontece,
como todos sabem, ou pressupõe, as instituições de ensino privadas, nem
sempre são de empresários qualificados em educação. Em sua maioria iniciam
o seu empreendimento num lote pequeno e o próprio faz papel de gestor,
supervisor e demais cargos da administração, comprando uma assinatura de
terceiros para que a fiscalização não venha os punir pelo fato.
Conseqüentemente os supervisores não conseguem desempenhar o seu
papel, devido à falta de estrutura nas redes escolares e a não integração entre
os profissionais qualificados da educação ( administrador, supervisor,
professor ).
Entretanto, esta falta de cultura de colaboração causa um embate entre os
profissionais e o trabalho simplesmente não acontece de forma eficaz,
tornando a produção diária insustentável para atender as necessidades de uma
rotina escolar, dentro de um ambiente educacional. Dificultando a implantação
das políticas públicas e o sucesso na aprendizagem. E sabemos, que a
profissão de Supervisor ou Administrador Escolar não contém um conselho
para defender os seus direitos e estabelecer suas diretrizes, para que assim
9
seja mais clara sua responsabilidade e que venha a ser cada vez mais
unificada.
A escola não é um lugar ócio, é um lugar de descobrir a capacidade de
pensar, e hoje nas escolas esse trabalho tem sido corrompido. Afinal, o
trabalho da Supervisão é muito complexo e precisamos trabalhar as diferenças
e as pessoas diferentes para que o ambiente cresça e favoreça à todos no
processo ensino-aprendizagem .
Contudo, temos vivenciado em diversas Instituições de Ensino Particular,
uma luta diária pela organização desse trabalho pedagógico, direcionado pelos
gestores das escolas. Causando uma série de fracassos pedagógicos por falta
de planejamentos diários suficientes para atender todos setores nas redes
particulares. Uma vez que, sobrevivem dos próprios benefícios gerados
financeiramente. Mercantilizando a educação, onde os clientes se preocupam
com um ensino de qualidade, e querem esta garantia baseada na compra do
ensino. E conseqüentemente, os gestores, são responsáveis pela conquista
dos alunos, pelo marketing de relacionamento, pela percepção de qualidade
total dos serviços, visando um diferencial competitivo em busca da excelência
do ensino de qualidade sem bases infra-estruturais para atender a demanda .
No entanto, com tantas atribuições sendo destinadas ao Supervisor Escolar,
desfavorecendo o ensino-aprendizagem num espaço de tantas tensões. Não
parece, que a chamada Supervisão evolutiva humaniza pessoas, como uma
das suas funções de relacionamento. E sim, comercializa conhecimento,
prejudicando o papel do Supervisor, que necessita de habilidades e
competências administrativas para gerenciar suas funções . Pois, a gestão da
Educação exige planejamento, estabelecimento de metas, manutenção de
recursos e avaliação. E se essas bases não são estruturadas em comum, em
especial pelos profissionais competentes envolvidos, nunca existirá de fato
uma rede de ensino.
10
Neste estudo monográfico teremos a oportunidade de minimizar e avaliar os
fatores educacionais negativos, viabilizando novas metodologias para o
trabalho educacional Pois precisamos planejar e de planejamento eficaz, de
recursos e de novas estratégias de liderança que oportunizem as redes de
escolas particulares condições de sobrevivência educacional capaz de
gerenciar um ensino-aprendizagem com qualidade, tendo organicidade no
trabalho pedagógico, sem cometer pedagocídios com os educandos.
11
CAPITULO I
PERSPECTIVA HISTÓRICA DA SUPERVISÃO NO ÂMBITO EDUCACIONAL
Segundo Demerval Saviani (1999), a função supervisora já se fazia
presente desde as comunidades primitivas, onde o modo de produção era
coletivo, ou seja, os homens ainda não estavam divididos em classes e
produziam tudo em comum, assim se educavam e educavam as novas
gerações. Desta forma, a educação coincidia com a própria vida, onde já se
fazia presente a função supervisora, isto é, os adultos educavam os mais
novos e por meio de uma vigilância discreta, protegiam e orientavam as
crianças, supervisionando-as como simples ajuda as suas fraquezas.
1.1 – A origem e a evolução da função supervisora
Com a fixação do homem a terra, surgiram as propriedades privadas e a
divisão de classes: dominantes(proprietários) e dominados(servos ou
escravos), o que dividiu também a educação na antiguidade. Surge a
escola,que era chamada de lugar do ócio, onde só a classe dominante
dispunha de tempo livre para freqüentar, pois a classe menos favorecida era
educada pelo trabalho.
De acordo com Cambi (2000), foi na Grécia, sobretudo na Grécia -
clássica (século V a.C.) que a instituição-escola começou a se afirmar nos
aspectos administrativos, culturais e na vida social das pessoas. Essas escolas
eram espaços que iam desde os cenáculos (encontros para debates e orações)
aos colégios, ou seja, escolas propriamente ditas. Nesses colégios surge o
“supervisor”, claro, sem essa nomenclatura, era como um escravo, mas com
funções que o identificam como tal, uma espécie de acompanhante que
estimula e “controla” a criança auxiliando o trabalho dos mestres que eram
12
tidos como os diretores da vida espiritual, o educador espiritualizado e ativo na
vida do indivíduo. Com o surgimento dessa instituição-escola na Grécia
começou a existir a figura do supervisor como “pedagogo” ou “paedagogus”,
profissional da Paidéia (de paidos - criança) que significava simplesmente
"criação de meninos", termo dado a educação das crianças da classe
dominante, uma educação que apenas doutrinava para obedecer e não para
libertar. O objetivo não era ensinar ofícios, mas sim treinar a liberdade e a
nobreza, desde que não fugisse aos ideiais do poder grego. Era a cultura
construída a partir da educação, o ideal dos gregos para os jovens. A instrução
básica era uma instrução do bem falar e do bem escrever, além do respeito às
regras rigorosamente estabelecidas. O pedagogo ,que era uma espécie de
escravo subordinado ao rei na época, conduzia o jovem até os cenáculos ou
assembléias, onde ocorriam as discussões que envolviam pensamentos
críticos, criativos, resgates de cultura, valorização da experiência dos anciãos e
outras atividades. O conhecimento era limitado por esse “pedagogo”, que devia
obediência ao seu superior, algo que saísse dos padrões ideológicos deste,
poderia ser barrado pelo pedagogo.
É visto que qualquer um escolhido pelo Rei, poderia se encarregar da
função supervisora. Não havia preocupação então com a formação desse
indivíduo. O ideal educativo grego aparece como parte da Paidéia, formação
geral que tem por tarefa construir o homem obediente a cultura de seu
povo,esse passou então a ser o ideal educativo grego e isso não podia sair das
régias dos dirigentes e por isso o ato de supervisionar já passava a existir ali,
para que esse ideal fosse alcançado.
Mas ainda nos séculos V e IV a.C. a cultura grega começa a sofrer
grandes modificações na sociedade e com isso a educação também sofre
mudanças, deixa-se de pensar no homem apenas como individual e a
educação se humaniza gradativamente. Então,no final desses séculos, nasce a
Pedagogia como saber maior, rigoroso e sistemático, deixando o pragmático de
13
lado e passando a ser um saber mais teórico que dá ao pedagogo-supervisor
surgido da Paidéia uma função além de escravo que somente acompanha,
uma vez que este também se transformou. Ele agora poderia exercer com mais
vigor a sua função de “fiscal” e “vigia” do cumprimento dessa sistematização e
rigorosidade de regras, mas numa visão bem mais humanística. Ele já instrui e
pode cobrar porque já se socializou com as novas transformações.
Com as grandes mudanças veio a intenção de mesclar as culturas
gregas e romanas, pois Roma ainda abordava a educação como uma
preparação apenas de homens para a guerra, para serem heróis e não se
preocupava com o lado humano. Pouco a pouco as culturas grega e romana
foram se fundindo e a idéia de formação humanística da Grécia foi se
incorporando aos costumes e a educação romana, valorizando as
caracteristicas próprias do homem. Foi então que no século II a.C. foram
criadas em Roma as primeiras escolas seguindo o modelo grego,
sistematizadas em graus e dirigidas pelos Ludi magister(professor primário)
onde as crianças iam acompanhadas de seus paedagogus(pedagogos-
supervisores) até os locais onde funcionavam a escola,geralmente locais
alugados ou casas de ricos que eram cedidas, lá elas passavam a maior parte
do dia e eram submetidas a lições de obediência e rígida disciplina, até mesmo
com punições físicas; também havia o magister(professor secundário) que
ensinava cultura e suas diversas formas, retórica e textos literários CAMBI,
2000.
Os paedagogus(pedagogos-supervisores) tinham presença marcante e
atuante nessas escolas, pois auxiliavam nas atividades educativas bem como
“fiscalizavam” a metodologia empregada pelos magisteres, pois estes mesmo
já tendo mais respaldo ainda não poderiam ir contra os ideiais da época.
Saindo da Idade Antiga e chegando a Idade Moderna, com a formação
da sociedade capitalista e o aparecimento da burguesia e da indústria, surge a
necessidade da generalização da escola, de uma nova sistematização, bem
14
como sua institucionalização, com isso surge a idéia do supervisor educacional,
com o papel e denominação de inspetor ou bedel, que era encarregado pela
ordem e pelo cumprimento das regras dessa sistematização.
Logo vieram as grandes transformações do século XIX, onde o
pensamento iluminista trazido da Europa ganhava seu espaço, uma época
repleta de mudanças na economia, política e na cultura provocadas pelas
revoluções industriais que estavam acontecendo.
A função supervisora ganha respaldo e o supervisor é tido como um
organizador do espaço da escola, uma organização baseada no sistema estatal
e nacional, este era o orientador que persuadia os alunos para se adequarem
ao modelo exigido pela classe privilegiada e dominante. (GERALDO, 2001).
1.2 - A função supervisora no contexto histórico brasileiro
No Brasil, em 1549, são iniciadas atividades educativas pelo jesuíta
Manoel da Nóbrega que formulou um plano de ensino em que se encontra a
função supervisora, sem se manifestar ainda a idéia de supervisão, surge uma
espécie de “vigia” da boa conduta e das regras da educação, como exemplo,
temos o Ratio Studiorium, um plano de regras sobre as atividades educativas,
que regia o reitor, o prefeito de estudos (supervisor), os professores, as
disciplinas, as provas escritas, o bedel (auxiliar do prefeito de estudos, também
com a mesma função), os alunos, enfim, tudo era regido por este plano. No
qual o diretor era o reitor e o prefeito de estudos era seu assistente, a quem os
professores e alunos deveriam obedecer. A função de prefeito de estudos era
regulada por trinta dessas regras, onde por diversas vezes ele assumia o papel
de bedel e inspetor, pois assistia às aulas dos professores e lia apontamentos
dos alunos, e o que não conseguisse resolver, deveria levar ao conhecimento
do reitor. (SAVIANI, 1999).
15
Percebe-se então que o supervisor já tinha alguma autoridade, mas
muito longe de uma autonomia. Em 1759, com as Reformas Pombalinas, os
jesuítas foram expulsos do Brasil, pois se entendia que estes eram muito
conservadores, visto que as mudanças já estavam acontecendo e os jesuítas
insistiam em dominar o pensamento pedagógico da época.
Com essa expulsão, um alvará foi criado, este previa o cargo de diretor
geral dos estudos e a designação de comissários, que exerciam a supervisão
envolvendo aspectos de direção, fiscalização, coordenação, inspeção e
orientação de ensino, estes seriam os comissários do diretor. Nesse sentido, a
idéia de supervisão passa a englobar aspectos político-administrativos em nível
de sistema concentrado na figura do diretor geral (SAVIANI, 1999).
No período Imperial, mas precisamente em 15 de outubro de 1827, Dom
Pedro I em Assembléia Geral decretou a primeira lei da educação que instituiu
em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império, que houvesse
escolas de primeiras letras quantas fossem necessárias. Essa lei determinou
em seu artigo 5º que os estudos se realizassem seguindo um método chamado
de “Ensino Mútuo”, onde o professor atuava como docente e supervisor,
instruindo monitores (alunos mais avançados) para auxiliá-los na supervisão
das atividades dos demais alunos (SAVIANI, 1999).
Nesse período, todo o poder estava concentrado nas mãos do
Imperador e todos os mestres eram de sua escolha e só ele poderia nomear ou
delegar que a assembléia recrutasse, nomeasse e designasse seus ordenados
e atribuições, dentre elas a de aplicar um ensino de qualidade aos “augustos”
(príncipes-discípulos) do Império. Esses mestres não recebiam nenhum
adjetivo, eram apenas homens que muito sabiam e eram remunerados ao
passar a diante seus conhecimentos.
Em 12 de agosto de 1834, foi promulgada a lei que chegou mais perto
da democracia durante o período imperial, o Ato Adicional de 34 – marcado
16
pela vinda da corte portuguesa para o Brasil e pela futura independência
política do Brasil, que tentou descentralizar o poder do Imperador, pois
pretendia dar mais autonomia às províncias, dar uma possibilidade de
intervenção no governo no campo primário e secundário, e não criar dois
sistemas paralelos de ensino, o que estava ocorrendo.
Como conseqüência das reformas do Ato Adicional, surgiram também
as Escolas Normais, que formavam e que iriam substituir o “velho” mestre pelo
“novo” professor de ensino primário, mas apenas na província, já que só
quarenta e seis anos depois é que foi criada a Escola Normal da Corte.
Ainda em 1834, o então ministro do Império, Chichorro da Gama, em
relatório sobre as reais condições da educação no sistema em vigor, afirmou
que precisava de medidas urgentes para remediar a situação em que a escola
se encontrava, uma vez que o sistema de ensino mútuo não havia
correspondido às expectativas. Uma dessas remediações seria a criação de
um cargo de Inspetor de Estudos, pois, segundo o ministro, essa supervisão
permanente realizada por esse inspetor tiraria das mãos dos ministros as
ações sobrecarregadas, como as de presidir eles mesmos o exames,
supervisionar as escolas e emitir relatórios e pareceres, ou seja, as tarefas
estariam melhores distribuídas.
Partindo disso, no âmbito de suas reformas em 1854, Couto Ferraz
estabeleceu em regulamento a missão de um inspetor geral, a função de
supervisionar todas as escolas (SAVIANI, 1999). Essa inspeção apresentava
grandes mecanismos de controle e vigilância sobre o professor por meio da
rigorosidade do regulamento, havia conferências das atividades e da
metodologia empregada várias vezes no ano. Podemos perceber a ampliação
da função supervisora, na qual além de presidir exames dos professores, lhe
conferia diplomas, podia autorizar a abertura de escolas, rever livros e até
mesmo corrigi-los ou substituí-los por outros que julgasse convenientes.
17
No ano de 1881 quando a Escola Normal Oficial foi fundada na então
capital do Império, não havia a preocupação com a qualidade do ensino e
muito menos com a formação de quem o executaria. (GERALDO, 2001).
Houve mais uma vez em 1892 uma tentativa de implantar uma
desburocratização quanto a ação educativa, por haver uma preocupação com o
perfil do inspetor geral da escola, que apenas doutrinava e não orientava os
docentes, mas a resistência venceu e a reforma não se concretizou. Mas em
1897, uma lei extinguiu o Conselho que regulamentava as Escolas Normais e
as inspetorias passaram a ter apenas um inspetor geral para todo o estado,
auxiliado por dez inspetores escolares, ou seja, um supervisor para controlar
todas as escolas da região e em cada uma dessas escolas, um supervisor
encarregado de deixá-lo informado sobre tudo o que acontecia dentro dessa
escola.
Pela primeira vez, percebe-se uma preocupação com a formação de
uma equipe com suas funções bem definidas. Mas mesmo com essa reforma,
ainda estava longe a concepção de um supervisor focado na aprendizagem,
mas apenas o encarregado de zelar pela função dada a escola que servia aos
interesses da fé e do Estado (PILETTI, 2000).
Quanto à formação dos profissionais dessa escola, sabe-se que
somente os letrados da elite podiam formar essa equipe, pois estavam
credenciados a isso. E se nem mesmo os professores eram bem preparados,
pode-se perceber que a figura do supervisor não era tida como uma pessoa
que se preparou especificamente para a função.
Por muito tempo, essa função supervisora se deu desta forma, mas
chegando a década de 20, no ano de 1924, com o processo crescente de
industrialização e urbanização, aconteceram várias mudanças na sociedade e
na economia e passou a se exigir reformas na educação para que esta
18
pudesse acompanhar as mudanças. Surge então, uma nova categoria
profissional: os técnicos em escolarização, chamados de especialistas em
educação, dentre eles estava o supervisor. Essas mudanças permaneceram
por muito tempo somente no âmbito estadual, pois o poder nacional ainda não
havia demonstrado interesse, até que com uma reforma acontecida após a
revolução de 30, isso ganha proporção nacional e surge a necessidade de se
reestruturar o ensino brasileiro. Um decreto foi criado e implantado nas
Faculdades de Educação para formar professores de diferentes disciplinas das
escolas secundárias e com isso foi criado o curso de pedagogia para formar
professores de disciplinas do curso Normal e formar “técnicos de educação”, a
nova categoria que havia surgido, foram então tomadas as primeiras medidas
legais para a reforma do ensino superior.
Em 1969, a Pedagogia ganha uma nova roupagem e se transforma em
uma abordagem tecnicista, os cursos de Pedagogia são reformulados pelo
parecer nº 252/69 do Conselho Federal de Educação, que nessas
circunstâncias ao invés de formar o técnico em educação com várias funções,
davam-nos habilitações dentro do curso, como: administração, inspeção,
supervisão e orientação e o magistério de disciplinas profissionalizantes dos
cursos normais e um mestrado com habilitação em planejamento educacional.
Esse parecer, até então, foi a forma mais radical de profissionalizar a função do
supervisor educacional, contribuindo para o reconhecimento profissional da
atividade do supervisor no sistema de ensino, buscando dar a esse profissional
uma identidade própria com características que as distinguisse das demais.
esse decreto também provocou inovações no sistema educacional.
Daí por diante, vários movimentos foram criados primando por melhorias
no sistema e nos cursos de formação de educadores, se estendendo até o final
dos anos 70, e em outubro de 1979, acontece o encontro Nacional de
Supervisores de Educação, na ocasião defendia-se uma tese de que a função
do supervisor é uma função política e não apenas técnica (SAVIANI, 1999).
19
É chegada a conclusão a partir daí que o supervisor deveria assumir seu
papel político. A sua habilitação com a criação dos cursos de pedagogia os
tornavam pedagogos, que faziam o curso e se tornavam educadores que
seguiam ainda um modelo ideológico, embora mais moderno. Percebe-se
então que a concepção havia mudado, mas a sua formação não, e esse
profissional estava longe dele próprio se ver como político, com identidade
própria, já que desde a sua origem ele sempre defendeu apenas os interesses
dos dominantes e não tinha poder algum de decisão.
Nessa fase da história mesmo já sendo reconhecido de certa forma, o
supervisor teria que se integrar a essa nova idéia de ser um profissional que
exerceria funções políticas, com autonomia e que envolveriam a escola, a
comunidade, o sistema e os planejamentos.
20
CAPITULO II
O SUPERVISOR ESCOLAR E O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
Hoje a função supervisora se mostra bem mais ampla e o profissional
dessa área entende a verdadeira essência desse termo: “supervisor”, aquele
que vê o geral, que vê além e articula ações entre os elementos que envolvem
a educação. O supervisor de hoje sabe que precisa ser um constante
pesquisador e com isso poderá contribuir para o trabalho docente, pois essa
equipe conta com a sua orientação e apoio.
O supervisor atual sabe que precisa se dividir em muitas habilidades e
criar elos entre as atividades de supervisionar, orientar e coordenar,
desenvolvendo relações verdadeiramente democráticas (FERREIRA, 2007).
2.1 - A supervisão nos dias atuais
A função supervisora nos dias atuais se mostra através de profissionais
maduros, capacitados para melhor executar propostas de resolução de
problemas e enfrentar os desafios na escola, e existem muitos desafios para o
profissional da Supervisão Escolar, já que hoje se especializa para exercer
essa função.
Apesar de ainda existir muita negatividade dentro das escolas e muitas
vezes o supervisor ter que se deparar com situações de descrédito por parte da
equipe escolar, resistências e banalização do seu trabalho, ele tende a não
desistir porque já entendeu que é capaz de transformar, já se vê como político,
como um articulador e extrapola a esfera pedagógica, criando uma onda de
relacionamento mais estreito com os docentes, as famílias, a comunidade, o
sistema e outros elementos que possam se integrar a escola.
21
Um grande desafio que ainda enfrentado, era o fato da função
supervisora já ser reconhecida e mesmo assim não ser regulamentada, é
importante salientar, pois é muito comum confundir regulamentação
profissional com o reconhecimento da profissão e a garantia de direitos,
quando, na verdade, regulamentar significa impor limites, ordenar
competências, atribuições e fixar responsabilidades.
Mas com o intuito de regulamentar essa profissão o Senado aprovou, no
dia 18 de outubro de 2007, o projeto de lei oriundo da Câmara com o n°
132/05, que regulamentou a profissão de supervisor educacional. Os
profissionais que atuam no ramo, normalmente como supervisores,
coordenadores ou orientadores pedagógicos, agora têm sua situação
regulamentada através desta lei.
Na sua justificação, o autor, o então deputado Federal Cezar Schirmer
se baseia e apresenta como razão para aprovação, a necessidade de
regulamentação das atividades de administração escolar, aos supervisores
educacionais, graduados em Pedagogia, com habilitação em Supervisão
Educacional ou Supervisão Escolar ou, ainda, pós-graduados nessas áreas, no
que dispõe a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de
1996), que, em seu art. 64, que estabelece que a formação de profissionais de
educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação
educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em
Pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino,
garantida, nesta formação, a base comum nacional. (matéria extraída do site:
www.senado.gov.br em dezembro de 2007).
Podem-se citar ainda nos dias de hoje, outros desafios que se mostram
bastante visíveis, como: a falta de estrutura dos estabelecimentos de ensino,
os recursos escassos, a má vontade de alguns educadores, alguns alunos, por
parte de alguns funcionários administrativos, enfim, uma série de coisas que
dificultam o trabalho do supervisor, mas que não o impedem de criar na sua
22
atividade profissional meios de mudar esta realidade e fazer com que a escola
mude sua cara, e se transforme na escola de nossos sonhos.
2.2 - Planejamento participativo entre as ferramentas de intervenção da
realidade.
A principal característica do que hoje se chama Planejamento Participativo não
é o fato de nele se estimular a participação das pessoas. Isto existe em quase
todos os processos de planejamento: não há condições de fazer algo na
realidade atual sem, pelo menos, pedir às pessoas que tragam sugestões. Usa-
se esta “participação” até para iludir e/ou cooptar.
O Planejamento Participativo é, de fato, uma tendência (uma escola) dentro
do campo de propostas de ferramentas para intervir na realidade. Ele se alinha
ao lado de outras correntes, como o Planejamento Estratégico, o
Gerenciamento da Qualidade Total1... Como tal, ele tem uma filosofia própria e
desenvolveu conceitos, modelos, técnicas e instrumentos também específicos.
Convém, desde logo, ressaltar alguns pontos em que o Planejamento
Participativo se distingue das demais correntes, mesmo correndo o risco de
alguma repetição posterior para melhor aprofundar alguma idéia.
a) Ele foi desenvolvido para instituições, grupos e movimentos que não têm
como primeira tarefa ou missão aumentar o lucro, competir e sobreviver, mas
contribuir para construção da realidade social. Tais entidades, incluindo aqui
governos e seus diversos órgãos, não dispunham de ferramenta adequada
para organizar seus processos de intervenção na realidade e vão, aos poucos,
aproveitando-se do que o Planejamento Participativo lhes oferece para isto. Na
América do Sul têm sido as escolas as instituições que mais utilizaram esta
ferramenta para organizar seus processos de construção da prática escolar
com um sentido de contribuir para a construção das pessoas e das estruturas
sociais. Também redes de ensino oficial, sobretudo as ligadas aos municípios
23
foram beneficiadas com a aplicação de conceitos, modelos, técnicas e
instrumentos gestados dentro do Planejamento Participativo.
b) Ele parte da verificação de que não existe participação real em nossas
sociedades, isto é, de que há pessoas e grupos dentro delas que não podem
dispor dos recursos necessários ao seu mínimo bem-estar. Mais do que isto:
parte da clareza de que isto é conseqüência da organização estrutural injusta
destas mesmas sociedades.
c) Propõe-se, por isto, como ferramenta para que as instituições, grupos e
movimentos que para isto existirem, e, obviamente, para os governos e seus
órgãos, porque para isto existem, possam ter uma ação e um ser direcionados
a influir na construção externa da realidade, ou seja, a serem, eles mesmos,
apenas meios para a busca de fins sociais maiores.
d) Como conseqüência, constrói um conjunto de conceitos, de modelos, de
técnicas e de instrumentos que permitam utilizar processos científicos e
ideológicos e organizar a participação para intervir na realidade, na direção
conjuntamente estabelecida.
O Planejamento Participativo pretende ser mais do que uma ferramenta
para a administração; parte da idéia que não basta uma ferramenta para “fazer
bem as coisas” dentro de um paradigma instituído, mas é preciso desenvolver
conceitos, modelos, técnicas, instrumentos para definir “as coisas certas” a
fazer, não apenas para o crescimento e a sobrevivência da entidade planejada,
mas para a construção da sociedade; neste sentido, inclui como sua tarefa
contribuir para a construção de novos horizontes, entre os quais estão,
necessariamente, valores que constituirão a sociedade. Nas escolas, por
exemplo, não basta que os professores, isoladamente ou mesmo em conjunto,
definam “como” e “com que” vão “passar” um conteúdo preestabelecido, dando,
assim, um caráter de só administração ao trabalho escolar; é necessário que
24
se organizem para definir que resultados pretendem buscar, não apenas em
relação a seus alunos, mas no que diz respeito às realidades sociais, e, que, a
partir disto realizem uma avaliação circunstanciada de sua prática e proponham
práticas alternativas para ter influência na construção social.
O caminho de transformar tudo em gerência (ver Ansoff. et alii, 1987) é
trilhado ao contrário pelo Planejamento Participativo. Pretende ser ferramenta
para que estas instituições e governos – sobretudo elas e eles – e grupos e
movimentos da sociedade civil fujam do que diz Robert (1998, p. 40) com o
nome de Administração Cristóvão Colombo: “Quando ele partiu, não sabia para
onde ia. Quando chegou, não sabia onde estava. Quando voltou, não sabia
dizer onde esteve!”, o Planejamento Participativo quer mais: deseja ser,
essencialmente, o planejamento de decidir quais as coisas certas a fazer e
quais os motivos que nos levam a fazê-las, embora não renuncie aos
instrumentos e às técnicas que permitam “fazê-las bem”. (ver Gandin, 2000a,
pág. 35 ).
O Planejamento Participativo tem uma visão própria de participação3.
Ele nasce a partir da análise situacional que vê uma sociedade organizada de
forma injusta, injustiça esta que se caracteriza pela falta de participação. Neste
contexto, participação não é simplesmente aquela presença, aquele
compromisso de fazer alguma coisa, aquela colaboração, aquele vestir a
camisa da empresa nem, mesmo, a possibilidade de decidir alguns pontos
esparsos e de menor importância; participação é aquela possibilidade de todos
usufruírem dos bens, os naturais e os produzidos pela ação humana. Ao
mesmo tempo, ficou clara a falta de uma ferramenta de planejamento que
pudesse contribuir para um esforço nesta direção; então, participação no
Planejamento Participativo inclui distribuição do poder, inclui possibilidade de
decidir na construção não apenas do “como” ou do “com que” fazer, mas
também do “o que” e do “para que” fazer; além disto, o Planejamento
Participativo contém técnicas e instrumentos para realizar esta participação. O
Gerenciamento da Qualidade Total e o Planejamento Estratégico não podem
ter a mesma proposta para a questão da participação: as duas tendências
25
servem a instituições (empresas) que têm limites quase intransponíveis para
fazer isto; sua concepção capitalista, em que o principal elemento do poder, o
dinheiro, está na mão de alguns, dificulta profundamente a participação neste
sentido; há experiências de empresas que distribuem os lucros segundo as
necessidades de cada um, independentemente de sua posição hierárquica,
mas isto é muito restrito no espaço e no tempo.
Esta luta continua e as grandes estratégias neoliberais buscam criar a
aceitação pacífica, através do senso comum, da atual distribuição de recursos
e, portanto, do poder. Estamos, contudo, num mundo que anuncia claramente
um século XXI com o poder distribuído e não mais concentrado nas mãos de
alguns, sejam pessoas, governos ou instituições. Estamos passando de uma
época em que se reconhecia uma cosmo visão pronta e determinada, para um
tempo em que é preciso construir a cada momento uma visão de mundo; mais
ainda, firma-se a convicção de que não são só os poderosos ou os técnicos
que têm capacidade de descobrir caminhos; todos temos esta sabedoria e este
direito não pode ser subtraído das pessoas. Cada vez mais vem o tempo em
que governar e até administrar entidades não-governamentais é coordenar o
processo de definição conjunta de rumos sociais e, conjuntamente, administrar
os meios para seguir a caminhada nos rumos estabelecidos. Neste sentido,
vem o tempo em que o governante e o dirigente não só dirão que são, mas
realmente vão ser, servidores da comunidade. E para isso, as divisões infra-
estruturais deverão estar bem organizadas para atender a demanda da rotina
burocrática de um ambiente escolar.
Veja a seguir um organograma que utilizado em algumas instituições de
ensino, e que graças a essa organicidade tem construído sucesso educacional.
26
28
Modelo de Organização Educacional III
Fonte: Aula da disciplina de Administração Escolar Professora Rosane Modesto – AVM – Campo Grande
Rio de Janeiro, 08 de Dezembro de 2010
27
São organizações assim como vimos no quadro anterior, que diversas
instituições, empresas deveriam constituir desde a sua iniciação, com objetivo
de evitar os fracassos educacionais, que por muitas vezes são iniciados pela
própria incapacidade profissional nas gestões escolares.
A participação é, contudo, hoje, um conceito que serve a três desastres
extremamente graves: a manipulação das pessoas pelas “autoridades”, através
de um simulacro de participação; a utilização de metodologias inadequadas,
com o conseqüente desgaste da idéia; a falta de compreensão abrangente da
idéia de participação.
As dimensões administrativa e financeira da autonomia escolar estão a serviço da dimensão pedagógica da autonomia, no sentido de que a autonomia das escolas não é um fim em si mesma, e sim um modo
como as relações serão construídas no espaço educativo. A escola tem na sua missão a definição da finalidade de sua existência e na dimensão pedagógica, a sua competência essencial. As demais
dimensões, portanto, estão a serviço desta (BARROSO, 2001).
28
CAPITULO III
GESTÃO DEMOCRÁTICO – PARTICIPATIVA
A literatura internacional, há muitos anos, aponta um resultado: o
ambiente familiar é o condicionante mais forte para o processo de
escolarização. Não tem a ver com as características econômicas, não é só a
família ter mais dinheiro ou não, mas é o tipo de empenho em relação ao
estudo, à escola e à expectativa de futuro. A postura motivadora é importante.
As famílias empenhadas tendem a melhorar a trajetória dos alunos — afirma
( o professor Márcio da Costa, da Faculdade de Educação da UFRJ).
3.1 – As escolas e suas atribuições no processo ensino aprendizagem
As escolas possuem diferentes condições de autonomia entre elas.
Diferentes estágios de apropriação da autonomia são vivenciados e em
diferentes dimensões da autonomia, seja pedagógica, administrativa ou
financeira. Isto também se refere não somente ao experimentado na escola,
mas também ao desejo de autonomia e às condições necessárias ao seu
exercício. Barroso (2001) apresenta três níveis de exercício de poder e
responsabilidade dentro do sistema escolar: a heteronomia, a anomia e a
autonomia. A heteronomia é a dependência total da administração escolar das
decisões emanadas pelos órgãos que regulamentam o sistema. Esta
dependência se traduz também na necessidade de prescrição do que e como
fazer em cada situação, na ausência de norma específica. Aqui, a escola
procura reproduzir fielmente o entendimento posto pelo órgão central. A
anomia é o estado de ausência e/ou descumprimento de normas, por recusa,
negligência ou impossibilidade, seja no âmbito do sistema ou da própria gestão
escolar. Assim, imperam as rotinas e o livre-arbítrio individual, sem a
construção de um valor coletivo como balizador. Neste quadro, não há
comprometimento com o fazer coletivo. A autonomia é a exploração relacional
29
dos espaços de poder e decisão conferidos à escola, realizada pelos seus
interessados como os pais, alunos, os professores, os dirigentes, o governo e a
sociedade como um todo. Sobrinho (2001) relata que esta exploração se faz no
ambiente institucional delineado, podendo almejar também a sua ampliação.
Quando os sistemas não conferem as condições mínimas para o exercício
desta autonomia, tornam-na meramente formalista, dificultam o
amadurecimento de uma “cultura de autonomia” na vida escolar, por apenas
atuar na periferia da sua autonomia, em atividades que não afetam a sua
essência, explorando apenas territórios não regulamentados.
As escolas também cometem “infidelidade normativa” ao visarem atingir os objetivos da escola com decisões que buscam contornar
ou desviar de certos preceitos legais à prática da gestão, a exemplo do uso do horário letivo para atividades não-letivas (BARROSO, 2001).
De acordo com Sobrinho ( 2001 ), a autonomia da escola prevista na LDB
tem seu foco principal na dimensão pedagógica e na incumbência da escola de
elaborar e implantar sua proposta pedagógica, ou seja, o foco da gestão está
voltado para a eficiência do processo ensino-aprendizagem, pois a
democratização, o espaço de decisão que a escola detém, só tem sentido se
ela cumpre com a sua função básica que é garantir o sucesso do aluno no
processo de aprendizagem. Este item tem o objetivo de abordar as diferentes
concepções de gestão e a sua relação com a intervenção governamental
concebida para estimulá-la na unidade escolar. As expressões “democrática” e
“participativa“ não devem ser usadas como sinônimos. O termo gestão
participativa, segundo Ferreira et al. (2002), remete a possibilidade de
contribuição no processo decisório em questões que afetam aos
colaboradores de uma organização e demais partes interessadas. Está ligada
aos processos de vinculação das pessoas à instituição pela sua finalidade, pelo
trabalho que desenvolve e pela contribuição que cada um pode e deseja
oferecer. O poder de tomada de decisões deve sempre ser da escola e seus
diretores, visando responder os anseios da comunidade a qual a escola serve,
30
ou seja, autonomia da instituição escolar. A descentralização dos sistemas
educacionais conduz a um novo paradigma para a gestão escolar, que pode
ser entendido através de duas perspectivas: a gestão participativa e a gestão
democrática.
Segundo a perspectiva da gestão participativa, a gestão deve se utilizar de
procedimentos padronizados e ferramentas de planejamento e apoio à decisão,
modernizando os seus instrumentos para a redução do improviso no
desempenho das funções, num ambiente favorável à participação, tornando a
escola mais eficiente, superando as limitações da estrutura hierárquica. Já
segundo a perspectiva da gestão democrática, é importante conquistar a
legitimidade da escola pública enquanto local de ação das políticas
educacionais, institucionalizando, para isso, os colegiados escolares,
especialmente como espaços formais de influência nas decisões, num
ambiente favorável ao exercício da democracia. Observar-se dois pontos em
comum nas duas perspectivas apresentadas, sendo a importância da
autonomia da instituição escolar, e a relevância de um ambiente marcado pela
liderança do gestor, um mediador das demandas sociais e a representação do
Estado, além de estimulador da formação de novas lideranças no espaço
escolar.
A revisão bibliográfica apresentada mostra uma administração escolar
burocrática, sendo esta imagem a ser superada e substituída pela gestão
escolar, segundo princípios constitucionais regulamentados pela Lei 9.394/96,
a atual LDB. A gestão escolar significa uma nova administração escolar, os
seja, as novas premissas e perspectivas para guiar a administração da
instituição escolar na busca pela maximização dos resultados a serem
alcançados na prestação do serviço educacional, avaliando sempre os
resultados. Cabe a liderança escolar informar os demais dirigentes, professores
e funcionários como deve ser conduzida as mudanças para se alcançar os
31
objetivos esperados. Isso deve ser feito através do planejamento estratégico,
com base na intuição e experiência dos administradores.
É com base no planejamento que os dirigentes das escolas públicas
paulistas devem atuar, ajustando as metodologias para a realidade das
unidades escolares. Um dirigente que pratica uma gestão participativa deve
nunca esquecer de realizar análises internas (forças e fraquezas) da escola,
determinar os objetivos, metas, estratégias, políticas e projetos, e definir
critérios e parâmetros para as avaliações. A segunda etapa é converter as
determinações em resultados e ações concretas. Também é importante
perceber o quanto as pessoas estão preparadas para construir a educação
através de sua autonomia, num ambiente de decisão compartilhada, onde
várias pessoas terão espaço e opinião, essência de uma gestão participativa.
Segundo Ferreira et. al (2002), a administração estratégica tem como
objetivo máximo o desenvolvimento dos valores da corporação, sua
capacidade gerencial, suas responsabilidades como organização inserida na
sociedade e seus sistemas administrativos que interligam o processo de
tomada de decisão estratégica, tática e operacional, em todos os níveis
hierárquicos. Assim, defende que a ferramenta concentrasse no
desenvolvimento do pensar estratégico para a mudança de comportamento da
alta liderança.
3.2 A Escola reflexiva A discussão sobre uma teoria para a administração escolar é algo que vem
sendo exaustivamente analisado na última década. Pensar uma teoria geral
para a escola é um desafio. Desafio porque estamos vivendo um período de
quebra de paradigmas, a substituição da visão da gestão mais centralizada e
autoritária por uma mais aberta, democrática e focada nos processos
pedagógicos. Por esse motivo, pelos avanços nas discussões sobre as
32
concepções de escola, aluno, professor, homem e sociedade há grande
incompatibilidade de continuar transpondo a Teoria Geral da Administração
para a escola. Miguel Russo (2004) apontou que essa incompatibilidade está
em considerar uma técnica universal e neutra dentro de um espaço em que a
heterogeneidade é fator determinante.
Pensar a escola dentro da visão empresarial é desconsiderar os
movimentos dialógicos que lhe dão vida. Criar uma Teoria da e para a
Administração Escolar significa consideraras diversidades culturais e o gestor
como representante do corpo escolar, atuando de forma dialógica, participativa
e tendo a liderança compartilhada como eixo do seu fazer diário e a formação
dos sujeitos envolvidos como prática constante.
Miguel Russo (2004) ainda aponta que criar uma teoria geral da e para a
escola requer considerar os processos pedagógicos que nela existem, pois a
escola tem dentro de si toda uma cultura organizacional que se funde e lhe dá
vida e criar uma teoria geral da escola significa:
[...] produzir um conhecimento sobre o trabalho pedagógico escolar e sua organização, voltado a melhorar qualitativamente e quantitativamente a formação dos sujeitos da educação, isto é, que seja um conhecimento iluminador da prática e indicador dos caminhos que a transformam em verdadeira práxis criadora e reflexiva; que venha oferecer contribuições para o aumento da produtividade da aprendizagem dos alunos e produza efeitos contrários aos da burocracia que, enquanto forma de estruturação das organizações, é uma maneira específica de exercício do poder, que favorece o autoritarismo e dificulta a participação e a democratização das organizações (RUSSO, 2004, p 29).
Escola reflexiva é aquela que une teoria e prática, prática e teoria, ambas
caminhando juntas, ou seja, a teoria enriquecendo o fazer diário, a experiência.
A reflexão sobre o que vem a ser “teoria” é necessária para clarear e
desmistificar conceitos e “medos”. Muitos professores sentem medo ao ouvir
33
essa palavra, consideram que ela está totalmente fora da realidade de sala de
aula ou, às vezes, nem conseguem enxergar onde elas se apresentam.
Segundo o dicionário Larouse Cultural (1992, p.1081) teoria é “1. Conjunto
organizado de princípios, regras e leis científicas que visam descrever e
explicar um certo conjunto de fatos. 2. Conjunto relativamente organizado de
idéias, conceitos e princípios que fundamentam uma atividade, e que lhe
determinam a prática”.. Dessa forma a teoria é o que fundamenta nossas
ações. Luíza Helena Christov (2005) apontou este conceito em sua obra ao
analisar as intenções que regem as ações, estando muitas vezes à sombra das
mesmas. O que nos faz concluir que a teoria faz parte do nosso fazer contínuo.
Toda ação humana é marcada por uma intenção consciente ou inconsciente.
Sempre podemos encontrar aspectos teóricos em nossas ações, ou seja,
aspectos de desejo, de imaginação e finalidades. Sempre podemos analisar
nossas ações perguntando-nos pelas intenções que as cercam (2005, p.32).
A análise das ações favorecem a clareza das intenções, induzindo ou não
para as possíveis soluções. Toda ação tem uma teorização e requer um
esforço de todos envolvidos no processo escolar, pois a construção teórica se
dá quando conseguimos ler nossas experiências através do viés da análise das
intenções. Nossa teoria é construída ao longo da vida, nos processos de
formação inicial ou continuada, nas experiências e nas vivências. Construímos
nossa teoria ao aprendermos a ler nossa experiência propriamente dita e
experiência em geral. Construímos nossa teoria quando fazemos perguntas
aos autores; quando não nos satisfazemos com as primeiras respostas e com
as aparências e começamos a nos perguntar sobre as relações, os motivos, as
conseqüências, as dúvidas, os problemas de cada ação ou de cada
contribuição teórica
34
[...] (CHRISTOV, 2005, p. 33).Para fazer a análise da ação, a escola necessita mudar de postura e adotar uma metodologia diferenciada. Sugerimos, baseadas nos estudos de Isabel Alarcão (2004), a Pesquisa-ação 4 , que aponta a aprendizagem como um processo transformador da experiência (2003, p.49), e a concebe dentro de quatro fases: experiência concreta, observação reflexiva, conceptualização e experimentação activa.
A escola reflexiva vê nos problemas motivo de crescimento, pois toda
busca gera a aprendizagem. Está construída a partir dapesquisa-ação, pois
como nos apontou Isabel Alarcão “uma escola reflexiva é umacomunidade de
aprendizagem e um local onde se produz conhecimento sobreeducação” (2004,
p.38). Tendo a pesquisa ação como característica a contribuição para a
mudança, a escola reflexiva traz dentro de suas veias profissionais condições
de gerir sua própria ação e dialogar constantemente com ela, pois tem como
finalidade a educação. A base da escola reflexiva é a formação em serviço,
visto que a avaliação constante das práticas conduz ao aprendizado. Essa
escola precisa ser gerida por um corpo reflexivo: a equipe pedagógica.
Dizemos “equipe pedagógica” apropriando nos de uma nomenclatura utilizada
por Laude Brandenburg (2003), que considera o serviço pedagógico estendido
a várias pessoas: diretor, vice-diretor, coordenadores de curso, supervisores e
orientadores, nomenclatura essa contrária a Teoria Geral da Administração.
Essa equipe tem a função de gerir de forma participativa, cooperativa e
educativa. Educativa é a equipe que transpõe o conhecimento teórico para a
prática de forma contextualizada, tendo a realidade enquanto
problematizadora, vendo a si e os co-autores da gestão em diálogo e
aprendizado contínuo. Age dentro de uma liderança compartilhada, percebendo
a cultura organizacional enquanto elemento educativo e é gerida por todos,
representada por um. Essa escola reflexiva é baseada na inclusão, pois traz
para si todo o corpo de alunos e professores num movimento de conhecer-se e
se fazer conhecer, respeitando as individualidades, vivências e as limitações.
Em busca de uma aprendizagem significativa para os educandos.
35
CONCLUSÃO
Este trabalho teve como foco o estudo, do Supervisor Escolar e o
Planejamento Educacional. O trabalho apresentado propicia novas
metodologias de trabalho, reflexões e atitudes que devem ser exercidas nas
organizações escolares, e a utilização de novos recursos administrativos
importantes que viabilizam condições favoráveis para o crescimento das
instituições particulares, tanto no âmbito financeiro, quanto no aspecto
pedagógico.
A importância da supervisão escolar vem crescendo de acordo com as
mudanças nas propostas da escola e suas necessidades, onde cada vez mais
a escola busca sua autonomia e a qualidade do seu ensino. A figura do
supervisor, antes vista como mero “bedel e inspetor”, ganha relevância e novo
significado dentro da educação atual, mas nem sempre foi assim, ao
resgatarmos na história da educação fatos que apontam para a existência da
função supervisora bem antes mesmo da institucionalização da escola,
podemos perceber o quanto essa concepção se transformou .
Recentemente, vários estudiosos passaram a considerar esse
profissional como um gestor intermediário na escola, que auxilia no
desempenho de todos os membros do grupo escolar, pois além da função
pedagógica também engloba a função político-administrativa, pois é parte
fundamental da equipe gestora da escola.
Utilizar racionalmente os recursos para realização de determinados fins,
trocar experiências com todos os docentes que integram o grupo escolar;
coordenar as orientações curriculares e os programas de ensino; adequar os
conteúdos à situação concreta da escola; promover a articulação com outros
setores e servidores visando à elaboração de estratégias pedagógicas que
36
venham de encontro aos problemas da escola e acima de tudo a melhoria e o
alcance do objetivo maior que é a qualidade do ensino. (ROMANELLI, 2000).
São os métodos mais adequados sob a ótica administrativa e pedagógica,
para se exercer supervisão, lideranças e serviços diferenciados para atender
a demanda de uma instituição particular de forma eficaz, com produtividade,
valorizando a competitividade do mercado, inovando a cada instante em busca
de uma educação transformadora, capaz de formar educandos, capazes de
interagir com a sociedade, com criticidade e outras habilidades e competências
adquiridas no seu currículo escolar ao longo da vida nestas instituições de
ensino.
A experiência educativa é reflexiva, resultando em novos conhecimentos,
capaz de mudar a formação do indivíduo em todo o seu processo de ensino-
aprendizagem. Convém que a ação supervisora realize equilíbrio na sua
estruturação funcional diária para atender uma demanda tão grande.
Mais também é preciso estabelecer relações interpessoais positivas, sendo
referência numa equipe de profissionais que principalmente trabalham com a
educação, afinal, o trabalho e a vida deles fazem parte da vida do país. E a
democracia de amanhã se prepara na democracia da escola.
“ ... O fim da educação é ... facilitar a mudança e a aprendizagem ... e facilitar a aprendizagem, reside em certas qualidades de atitude
que existem na relação pessoal entre o facilitador e o aprendiz.” ( CARL R. ROGERS. Liberdade para aprender )
37
BIBLIOGRAFIAS
ALARCÃO, Isabel. Professores Reflexivos numa Escola Reflexiva. 3. ed. São Paulo: Cortez. 2004. BARROSO, J. O reforço da autonomia das escolas e a flexibilização da gestão escolar de Portugal. In: FERREIRA, N. S. C. (org.) Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2001. FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Gestão escolar in Supervisão Escolar: Novos Desafios e Propostas. Ana Machado, web artigos, publicada em 12/10/2007. www.webartigos.com.br.
FILHO, Geraldo Francisco. A Educação Brasileira no contexto histórico.
Campinas, SP: Alínea, 2001.
GANDIN, Danilo. A Prática do Planejamento Participativo. Petrópolis, RJ: Vozes, 8ª ed. 2000.
LÜCK, H.; et al. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. Petrópolis, RJ:Vozes, 2005. REVISTA MULTIDISCIPLINAR DA UNIESP. São Paulo; Saber Acadêmico – ISSN 1980-595, Jun. 2009. pág. 145-147. nº 07
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil. Petrópolis-RJ: Vozes, 2003.
38
ANEXOS
Enviado por Letícia Vieira - 3.5.2010 | 9h00m
APOIO DA FAMÍLIA
Fórmula de sucesso para aprendizado está em casa
Especialistas afirmam que participação dos pais na vida escolar é um
grande estímulo para o aprendizado dos alunos estar sempre presente na vida
escolar dos filhos não é uma fórmula de sucesso apenas para as famílias das
estudantes Brenda, Nayara e Maria Laura. De acordo com cinco pesquisadores
de Educação ouvidos pelo EXTRA, a participação dos pais na vida escolar é
um dos fatores mais importantes para o aprendizado.
Educadores das universidades do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Federal do Estado do Rio (UNIRIO)
acompanharam, durante um ano, os relatos de pais e alunos. O trabalho
também envolveu Edgar Flexa Ribeiro, presidente da Associação Brasileira de
Educação (ABE).
Os especialistas chegaram à conclusão unânime de que não é uma simples
coincidência que, nas famílias mais engajadas nos estudos, os resultados dos
alunos são melhores. Veja abaixo a opinião dos professores:
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A literatura internacional, há muitos anos, aponta um resultado: o ambiente
familiar é o condicionante mais forte para o processo de escolarização. Não
tem a ver com as características econômicas, não é só a família ter mais
dinheiro ou não, mas é o tipo de empenho em relação ao estudo, à escola e à
expectativa de futuro. A postura motivadora é importante. As famílias
empenhadas tendem a melhorar a trajetória dos alunos — afirma o professor
Márcio da Costa, da Faculdade de Educação da UFRJ.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I Perspectiva histórica da supervisão no âmbito educacional 11 1.1 - A origem e a evolução da função supervisora 11 1.2 – A função supervisora no contexto histórico brasileiro 14 CAPÍTULO II O supervisor escolar e o planejamento educacional 20 2.1 – A supervisão nos dias atuais 20 2.2 – Planejamento participativo entre as ferramentas de intervenção na realidade 22 CAPÍTULO III Gestão Democrático-participativa 28
3.1– As escolas e suas atribuições no processo
Ensino-aprendizagem 28
3.2 – A escola reflexiva 31 CONCLUSÃO 35 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37 ANEXOS 38 ÍNDICE 40