28
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: UMA ANÁLISE DO POTENCIAL ENERGÉTICO E SUAS FORMAS DE UTILIZAÇÃO. Por: Felippe Saint Just Rodrigues Orientador Prof. Francisco Carreira Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · RESUMO Em uma lauda o educando deve resumir o trabalho de forma clara, objetiva e sucinta. Aportar a situação problema

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS: UMA ANÁLISE DO POTENCIAL ENERGÉTICO E

SUAS FORMAS DE UTILIZAÇÃO.

Por: Felippe Saint Just Rodrigues

Orientador

Prof. Francisco Carreira

Rio de Janeiro

2010

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS: UMA ANÁLISE DO POTENCIAL ENERGÉTICO E

SUAS FORMAS DE UTILIZAÇÃO.

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Ambiental.

Por: Felippe Saint Just Rodrigues

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por nunca desistir de

Mim e me fortalecer a cada desafio

superado, e a todos aqueles que de

alguma forma contribuíram para a

concretização desta empreitada.

4

5

DEDICATÓRIA

Dedico este estudo à Chang Kyu Lee,

meu Mestre e Amigo, que acreditou em

meu potencial e me incentivou investindo

em minha especialização.

Dedico também à minha Filha, hoje

com quatro anos, pra que possa num

futuro próximo, desfrutar de um

mundo mais “Socialmente Justo e

Ecológicamente Equilibrado”, como nossa

constituição propõe, e que este trabalho

possa contribuir de alguma forma para

atingirmos esse objetivo comum.

6

7

RESUMO

Em uma lauda o educando deve resumir o trabalho de forma clara,

objetiva e sucinta. Aportar a situação problema e sua solução. Recomenda-se

produzir o resumo ao término da monografia, isso facilita o processo de

compreensão do trabalho.

O resumo tem por objetivo, situar o leitor sobre o contexto que o mesmo

vai encontrar no corpo do trabalho monográfico. Em uma pesquisa, procura-se

ler o resumo e o sumário para averiguar se o conteúdo é satisfatório para uma

futura leitura, no momento da coleta de dados e aprofundamento ao tema. Para

o processo de orientação, é fundamental para que o mesmo possa saber o que

o educando pretende apresentar no trabalho, sua coerência com o curso e

temática..... O resumo é a descrição do problema e da solução encontrada.

8

METODOLOGIA

Este estudo pretende levantar as principais técnicas de geração de

energia através de resíduos urbanos, traçando um paralelo entre a realidade de

Portugal e a cidade do Rio de Janeiro, através de um levantamento das

tecnologias utilizadas comparando as particularidades entre as duas

realidades.

Para tanto foi realizado num primeiro momento um levantamento das

tecnologias de aproveitamento energético de resíduos urbanos e da quantidade

média de resíduos produzido na cidade do Rio de Janeiro.

Após essa primeira fase, foi feita uma análise comparativa entre as

tecnologias para identificar qual melhor se aplica a nossa realidade.

Por fim, apresentamos os benefícios da utilização das mesmas como

uma fonte alternativa de geração de energia limpa.

Utilizamos como referencial teórico a Política Nacional de Resíduos

Sólidos, aprovado pelo Senado em 19 de Julho de 2010.

Após um breve estudo do tema, apresentamos o seguinte problema:

Como os Resíduos depositados nos Aterros da cidade do Rio de Janeiro

podem gerar Energia Limpa?

Tendo como objetivo central: Analisar como os resíduos depositados em

Aterros geram energia e qual o seu potencial de utilização, e os seguintes

objetivos específicos:

• Identificar os processos de geração de energia através de resíduos

urbanos;

• Levantar a produção de energia através de resíduos urbanos em

Portugal;

• Levantar a quantidade média de resíduo produzido na Cidade do Rio de

Janeiro;

• Identificar qual ou quais os processos de geração de energia a partir de

resíduos melhor se aplica a nossa realidade;

9

• Comparar os processos de geração de energia através de resíduos

urbanos em Portugal com o da Cidade do Rio de Janeiro.

Para nos auxiliar na resolução do problema apresentado, levantamos as

seguintes questões norteadoras:

• Quais os processos de geração de energia através de resíduos são

utilizados atualmente?

• Como é produzida a energia através de resíduos em Portugal?

• Quais as particularidades na produção energética através de resíduos

em Portugal comparado as do Rio de Janeiro?

10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 12

CAPÍTULO I - PANORAMA ENERGÉTICO NACIONAL 11

CAPÍTULO II - AS PRINCIPAIS FORMAS DE APROVEITAMENTO

ENERGÉTICO DOS RSU 19

CAPÍTULO III – ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS REALIDADES DE

PORTUGAL E RIO DE JANEIRO A CERCA DO REAPROVEITAMENTO

ENERGÉTICO DOS RSUs 39

CONCLUSÃO 47

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

ANEXOS 58

ÍNDICE 59

FOLHA DE AVALIAÇÃO 63

11

12

INTRODUÇÃO

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-

lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

(Constituição Federal, cap VI - art 225).

Frente aos problemas energéticos enfrentados hoje em nosso país,

faz-se necessário o desenvolvimento de novas tecnologias e também a

exploração de novas fontes energéticas no intuito de, se não mudarmos nossa

matriz energética, ao menos darmos novas alternativas para que não haja um

colapso de nosso sistema atual e assim passemos por um novo apagão (como

os ocorridos a algum tempo).

Por tanto, ao analisarmos as diversas alternativas já conhecidas

(termoelétricas, usinas nucleares, eólica, entre outras), temos que buscar as

alternativas que tragam o máximo de benefícios, sejam eles econômicos,

sociais ou ambientais; ou melhor ainda, que agreguem em si todos ou o maior

número destes benefícios.

A escolha de Resíduos Sólidos Urbanos como alternativa energética,

baseia-se justamente na ideia de que, esta alternativa abrange todas as

esferas supracitadas, pois além de apresentar um grande potencial energético,

o que lhe infere um grande potencial econômico, apresenta-se também como

uma alternativa de solução para a destinação final dos resíduos sólidos

gerados nas grandes cidades (outro grande problema não só em nosso país,

mas também no resto do mundo), atendendo também aos aspectos

socioambientais a partir do momento em que diminui a emissão dos gases

produzidos por estes resíduos na atmosfera (muitos considerados de efeito

estufa) e melhora as condições de trabalho dos catadores que hoje vivem da

coleta seletiva na maioria dos Lixões e Aterros de nosso País.

Sendo assim, este trabalho visa não só propor uma alternativa

economicamente viável, mas também Sócio-ambientalmente justa.

13

CAPÍTULO I

PANORAMA ENERGÉTICO NACIONAL

Segundo um estudo publicado eletronicamente em Novembro de 2007

observa-se que:

“...Em conformidade com a prospectiva que se pode formular para a economia

brasileira, os estudos de longo prazo conduzidos pela EPE1 apontam forte crescimento da

demanda de energia nos próximos 25 anos. Estima-se que a oferta interna de energia crescerá

a 5% ao ano no período 2005-10 e que nos anos subsequentes haverá um crescimento menor

— de 3,6% e 3,4% ao ano nos períodos 2010-20 e 2020-30, respectivamente —, devido

sobretudo a uma maior eficiência energética tanto do lado da demanda como da oferta....”

(Mauricio T. Tolmasquim; Amilcar Guerreiro; Ricardo Gorini, 2007)

Este estudo serviu como base de dados para formulação do Plano

Nacional de Energia 2030 (PNE - 2030), documento apresentado pelo

Ministério de Minas e Energia (MME) que aponta as diretrizes a serem

adotadas para o planejamento de longo prazo, orientando tendências e

balizando as alternativas de suprimento da demanda de energia nas próximas

décadas, através da orientação estratégica da expansão.

Neste documento ressaltam-se também a elaboração da projeção da

Matriz Energética Nacional (MEN 2030), que juntamente com o PNE 2030

subsidiarão a definição de políticas energéticas, e do Plano Decenal de

Expansão de Energia - PDE 2007/2016, que se encontram em fase final de

edição. Assim os estudos de planejamento energético brasileiro estão sendo

realizados considerando os horizontes de curto, médio e longo prazos. (PNE

2030, 2008)

Os gráficos apresentados a seguir demonstram a atual situação

energética do Brasil e as perspectivas do PNE 2030:

1 Empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, criada em 2004 com a finalidade de elaborar estudos e pesquisas destinados a subsidiar o planejamento do setor energético nacional.

14

Figura 1: Estrutura da Oferta de Eletricidade

Fonte: PNE 2030 .

Figura 2: Estrutura do Consumo de Eletricidade

Fonte: PNE 2030 .

De acordo com o primeiro gráfico (figura 1), o PNE 2030 prevê um

aumento de 2% na oferta de eletricidade pelas Centrais do Serviço Público,

15

com uma redução de 4% da Importação e de 1% na Auto Produção. A

Eficiência energética é um dos principais responsáveis pela diminuição da

importação de energia prevista pelo PNE 2030 para o período, isto é, o

aumento dessa eficiência deverá decorrer de melhores práticas no uso e

também da progressiva substituição de equipamentos elétricos antigos por

outros mais eficientes em diferentes níveis da economia e da sociedade, além

dos avanços tecnológicos disponíveis no mercado, essa conservação de

energia pode chegar a responder por cerca de 5% da demanda em 2030.

Um ponto a ser revisto é a grande perda energética nas linhas de

transmissões, devido as grandes distâncias entre as fontes geradoras de

energia a tomada de nossas casas, uma solução bastante viável, seria a

discentralização dessas fontes geradoras, o que já ocorre em alguns lugares

com a implantação das PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas).

Esta é uma das soluções propostas pelo PNE 2030, quando fala sobre

“Outras Fontes Alternativas”;

“...A inclusão das outras fontes alternativas foi considerada no horizonte do Plano, com uma expansão fixada, no período 2015/2030, de 6,0 GW para a alternativa PCH, podendo alcançar 8 GW, no cenário alto de demanda, e de 3,3 GW para as usinas eólicas. Além disto, o documento apontou direcionamentos de recursos de P&D para estudos de desenvolvimento tecnológico neste tema, o que poderá acarretar, ainda neste horizonte estudado, a inclusão de novos montantes de energia oriundos de fontes alternativas que se tornem maduras e viáveis para competirem no mercado....”

Hoje já podemos considerar a geração de energia através de RSU como

uma realidade em diversos países da Europa, EUA e Japão, sendo assim,

podendo-se enquadrá-lo como uma fonte alternativa madura, viável e bastante

competitiva no mercado.

O Brasil tem sua produção de energia considerada como

majoritariamente limpa, pois é em grande parte proveniente de centrais

hidrelétricas, responsáveis por aproximadamente 70% da matriz energética do

país, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Porém, as centrais hidrelétricas dependem diretamente da manutenção dos

níveis de água das bacias hidrográficas as quais se encontram localizadas,

quando esse nível cai nos reservatórios, são ativadas as termoelétricas

16

movidas a gás ou a óleo, as quais produzem resíduos no processo de geração

de energia, além da emissão de gases poluentes pela queima desses

combustíveis, como o óxido nítrico (NO2) e o gás sulfuroso (SO2), que podem

causar riscos à saúde, como problemas respiratórios, e também contribuir para

o aumento do efeito estufa. Há ainda um grande risco de contaminação de rios,

lagos e mananciais, com o descarte incorreto dos resíduos gerados pelas

termoelétricas.

Essa dependência das hidrelétricas em relação ao nível dos

reservatórios se apresenta como um problema, já que o mesmo depende

diretamente da quantidade de precipitação nas cabeceiras dos rios que as

abastece (fenômeno que depende diretamente do equilíbrio natural e não

temos como promovê-lo), longos períodos de estiagem comprometem sua

capacidade de produção, o mesmo acontece com os sistemas Eólicos, que

dependem dos ventos, e também com os sistemas Solares, que tem sua

capacidade energética diminuída com períodos longos de tempo encoberto. Os

problemas apresentados anteriormente não ocorre com o RSU que é uma fonte

renovável e inesgotável de combustível, pois é possível que se reduza a

produção de lixo, porém, é impossível extingui-la, sendo assim, esta se

apresenta como uma excelente alternativa para alcançarmos, ou até mesmo

superarmos, as metas previstas no PNE 2030 no tocante à implantação de

novas fontes de energia.

Agora que já entendemos um pouco do panorama nacional e suas

metas propostas pelo Ministério de Minas e Energia em seu Plano Nacional de

Energia 2030, falaremos um pouco da legislação acerca do RSU.

Até este ano não havia uma legislação específica para RSU no Brasil,

encontrava-se algo referente a este assunto em alguns artigos das Leis

ambientais, mas nada muito claro no que dizia respeito ao destino final do RSU

e quem eram os responsável por ele. Sabia-se que o município era

responsável pela coleta e disposição dos resíduos coletados pelo seu sistema

de coleta, mas não era responsável pelo tratamento adequado, nem tão pouco

pelo reaproveitamento do mesmo, seja na forma de reciclagem, seja para

compostagem ou mesmo para o aproveitamento do seu potencial energético.

A Constituição Federal, por exem

plo, determina a competência com

um da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios para proteger o meio am

biente e com

bater a poluição em qualquer de suas formas (art. 23, inciso VI, CF).

Sendo assim, os resíduos coletados nas cidades são dispostos da seguinte forma nas unidades de destinação final:

Unidade de destino final do lixo coletado (t/dia)

Total

Vazadouro

a céu aberto

(lixão)

Vazadouro

em áreas

alagadas

Aterro

controlado

Aterro

sanitário

Estação de

compostagem

Estação de

triagem

Incineração

Locais

não-fixos

Outra

Brasil

228 413,0

48 321,7

232,6

84 575,5 82 640,3

6 549,7

2 265,0

1 031,8

1 230,2

1 566,2

Rio de Janeiro

17 447,2

4 825,0

20

4 578,3

7 328,1

380,6

271,8

23,4

20

-

Rio de Janeiro

8 343,0

- -

1 951,0

6 124,0

268

- -

- -

Região

Metropolitana do

Rio de Janeiro

13 429,4

3 313,0

20

3 020,4

6 805,0

268

- 3

- -

Fonte: IBGE, D

iretoria de Pesquisas, D

epartamento de População e Indicadores Sociais, P

esquisa Nacional de Saneamento Básico 2000.

No entanto, em Julho deste ano, foi aprovado no Senado o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) após 19 anos

de tram

itação e algumas mudanças em

seu texto original.

A nova lei vem para preencher um

a lacuna no que se refere as

diretrizes da gestão pública dos resíduos sólidos em nosso país, o que podem

os observar em

seu enunciado:

“In

stitui a Política Naciona

l de Resíduos Sólidos, seus princípios, objetivos e instrumen

tos, e estabelece diretrizes e normas de ordem

pública e interesse social para o ge

renciamento dos diferentes tipo

s de resíduos sólidos.”

(PNRS, 2

010)

Dentre os objetivos apresentados no Art. 10 do PNRS,

destacamos os seguintes:

I - integrar e articular ações relativas à gestão de resíduos sólidos;

II - disciplinar a gestão, reduzir a quantidade e a nocividade dos resíduos sólidos;

III - preservar a saúde pública, proteger e melhorar a qualidade do meio ambiente, eliminando

os prejuízos causados pela geração ou disposição inadequada de resíduos sólidos;

V - gerar incentivos aos Municípios que se dispuserem a licenciar, em seus territórios,

instalações que atendam às ações de tratamento e disposição final de resíduos sólidos;

VII - fomentar o reaproveitamento de resíduos como matérias primas e fontes de energia;

Parágrafo único - Para alcançar esses objetivos, cabe ao Poder Público, no limite dos

recursos que sejam alocados às ações respectivas pelas leis orçamentárias anuais:

I - supervisionar e fiscalizar o gerenciamento dos resíduos sólidos executado pelos diversos

responsáveis, de acordo com as competências e obrigações estabelecidas;

II - desenvolver e implementar ações relativas ao gerenciamento integrado de resíduos sólidos;

III - implementar ações de licenciamento ambiental;

IV - fomentar:

a) a adoção de métodos, técnicas e processos no gerenciamento dos resíduos sólidos e na

prestação dos serviços de limpeza urbana que privilegiem a minimização desses resíduos;

d) a destinação dos resíduos sólidos de forma não prejudicial à saúde pública e compatível

com a conservação do meio ambiente;

h) o desenvolvimento, a apropriação, a adaptação, o aperfeiçoamento e o uso efetivo de

tecnologias adequadas ao gerenciamento de resíduos sólidos;

j) o estímulo à cooperação nos níveis internacional, interestadual e intermunicipal visando à

solução de problemas relativos aos resíduos sólidos;

m) a valorização dos resíduos sólidos, por meio da reciclagem de seus componentes,

recuperação energética ou tratamento para fins de compostagem;

Os itens I, II e III, falam respectivamente das ações, redução de

quantidade e preservação da saúde, três aspectos que podem ser facilmente

obtidos com a implantação de usinas de geração de energia através de RSU.

Nos itens V e VII, trata-se de gerar incentivos para os municípios e

fomentar o reaproveitamento dos resíduos, outros dois pontos que são

atendidos com o reaproveitamento de RSU, pois pode-se obter incentivos com

a implantação de nova tecnologias e os resíduos estarão sendo

reaproveitados.

19

O Parágrafo único trata das ações a serem tomadas pelo poder público

e que vão auxiliar a atingir-se os objetivos propostos. Em sua alínea m,

encontraremos uma clara sinalização do aproveitamento energético como uma

forma de atender as proposições do PNRS.

CAPÍTULO II

PRINCIPAIS FORMAS DE APROVEITAMENTO

ENERGÉTICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Os resíduos sólidos urbanos são uma fonte inesgotável de energia, pois

estão sendo gerados continuamente. Quanto maior for a cidade, maior será o

seu potencial de geração de energia através destes resíduos, em virtude das

suas características e da quantidade produzida (NOGUEIRA e LORA, 2003).

Segundo dados de 2000 do IBGE o Brasil produz cerca de 228.413

toneladas de lixo por dia o que correspondem, aproximadamente, a 295

milhões de barris de petróleo por ano ou 810.000 por dia. A utilização deste lixo

na geração de energia evitaria doenças, a contaminação de solo, das águas, a

poluição do ar, podendo ainda gerar crédito de carbono, com a implantação de

projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Existem hoje inúmeras tecnologias voltadas para a obtenção de energia

elétrica via lixo, porém, há basicamente duas formas de transformarmos RSU

em energia: via compostagem da fração orgânica e também pela incineração

da parte seca. Estudos indicam que a parte orgânica representa cerca de 60%

do lixo domiciliar nacional, enquanto a porção seca fica em torno de 30%. Os

10% restantes são rejeitos não aproveitáveis. Tomando como exemplo uma

cidade que gera 350 toneladas/dia de lixo, as 210 toneladas de orgânicos

forneceriam cerca de 2,5 MWatts. A fração seca, apesar de menor, produziria

3,5 MW devido ao maior poder calórico de seus componentes: borracha,

madeira, plástico, papel. Esses 6MW totais seriam suficientes para abastecer

60 mil residências. Em comparação com outras fontes de energia, uma

vantagem do metano é a possibilidade de armazenamento do gás para a

20

geração de energia elétrica no horário de pico, entre 17h00 e 19h00. (Sabetai,

1999)

Este estudo não pretende estudar a fundo todo o processo e

especificações técnicas de cada método, mas sim fazer um levantamento dos

mais utilizados e a partir daí eleger qual ou quais se apresentam como boas

opções para a nossa realidade.

É importante destacar aqui, que existem muitas pesquisas na área de

desenvolvimento tecnológico em andamento no mundo todo, e também no

Brasil, afim de cada vez mais aperfeiçoar as tecnologias existentes e encontra

novas formas de utilizarmos o RSU como fonte de energia renovável.

Vejamos agora alguns dos métodos mais utilizados para a geração de

energia a partir de resíduos sólidos, são eles: a incineração, a gaseificação, a

utilização do gás do lixo (GDL)

2.1 - INCINERAÇÃO

A incineração nada mais é que o aproveitamento do potencial calorífico

da parte combustível contida no RSU, o que resulta na geração de vapor.

Devido à heterogeneidade de materiais encontrados nos resíduos sólidos, o

produto da queima são, basicamente, constituídos de gases como, CO2, SO2,

N2 e vapor d’água, cinzas e escória (materiais ferrosos e inertes). Sendo a

geração de energia nosso objetivo, deve-se utilizar preferencialmente materiais

com maior potencial calorífico, como os plásticos, papéis etc.

Os prós da utilização desta técnica são o aproveitamento térmico

gerando vapor, o uso incessante de rsu e utilização de áreas pequenas. O

calor gerado neste processo, pode ser usado para produção de vapor, gerando

energia ou ainda utilizado na indústria.

Com a incineração dos RSUs é possível com 500 t/dia, suprir uma

usina termelétrica de 16 MW, o que significa um potencial energético de

aproximadamente 0,7 MWh/t. (Tolmasquim, 2003)

21

Entretanto observa-se também algumas desvantagens, como resíduos

clorados e de baixo potencial calorífico, muita umidade dificultando a

combustão, uso de equipamento auxiliar para a manutenção da combustão,

eventual presença de metais tóxicos nas cinzas, produção de dioxinas e

furanos e um investimento inicial muito alto (mas que é rapidamente

recuperado no médio prazo).

Exemplo de Planta de Incineração de Lixo

1 Planta de incineração 2 Reator 3 Filtro para Reator 4 Sistema de

desnitrificação 5 Chaminé 6 Gás natural 7 Trocador de calor 8 Ventilador

2.2 - GASEIFICAÇÃO

Na gaseificação ocorre a formação de gases menos complexos como

CH4, CO, CO2 e H2 com a presença de calor, a partir da quebra das cadeias

poliméricas dos resíduos cidos no lixo. Gases esses, que podem ser

diretamente utilizados em turbinas ou para gerar vapor usados na geração de

energia elétrica. Esta técnica, apesar de relativamente simples, ainda é usada

em pequena escala.

2.3 - GÁS DO LIXO (GDL)

O GDL é a mistura de diversos gases, que se originam da

decomposição dos RSUs encontrads nos aterros. Atualmente, este é a técnica

mais usada na geração de energia. O GDL apresenta o seguinte percentual

extrutural: metano (40 – 55%), dióxido de carbono (35 – 50%), e nitrogênio (0 –

20%). Seu poder calorífico gira em torno de 15 a 20 MJ/m3, ou próximo de

22

5.800 kcal/m3. O método para seu aproveitamento nada mais é que a

distribuição, por todo o aterro, de tubus que captam o gás, que é armazenado

sob pressão, com a finalidade de gerar energia.

O GDL apresenta as seguintes vantagens: diminuição dos GEEs

(gases de efeito estufa), custo reduzido na disposição final do lixo, pode ser

utilizado, tanto para a geração de energia, quanto na forma de combustível

doméstico.

Sua maior desvantagens é a baixa recuperação do gás, apenas 50%

do seu total produzido, a não utilização do metano em lugares remotos, alto

custo na atualização das plantas, risco de ocorrer explosões.

Exemplo de planta de aproveitamento energético do GDL

Fonte: Peres, 1999.

2.4 – PLÁSMA TÉRMICO

Ao aquecermos um gás a temperaturas muito elevadas ocorrem uma

mudanças em suas propriedades. Por volta dos 2000°C inicia-se uma

dissociação molecular do gás em estado atômico, ao atingir os 3000°C ocorre

ionização atômica devido ao desprendimento de parte dos elétrons, é esse gás

ionizado que chamamos de plasma. O plasma gasoso apresenta uma

excelente condutividade elétrica além de alta viscosidade se comparado a um

gás em seu estado normal.

23

Utilizando-se um gerador de plasma podemos transformar energia

elétrica em calor, possibilitando transporte deste via gás. Através destes

dispositivos, potencialmente quase todo gás pode ser transformado em plasma,

sendo assim, este gás tem papel fundamental na reação. Utiliza-se o fluxo de

calor em um reator que, junto a uma tocha de plasma, promovem o

aquecimento, a gaseificação e as reações químicas. Em geral o plasma térmico

atinge temperaturas próximas a 15.000º C, pode-se obter temperaturas de até

50.000º C.

São vários os processos de utilização do plasma térmico utilizados ou ainda

em desenvolvimento, entretanto, destacamos a decomposição a plasma, pois é

a que coaduna com o objetivo deste estudo. As principais vantagens do uso de

plasma na decomposição térmica de substâncias são:

• As temperaturas elevadas promovem, quase que instantânea e

completa pirólise da parte orgânica, assim como a fusão e possível

vitrificação de certos resíduos inorgânicos;

• Possibilita o desenvolvimento de equipamentos portáteis, devido a sua

alta densidade energética que viabiliza a produção de reatores de

pequeno porte, porém com mesma capacidade;

• Redução da vazão total de gás através do uso de energia elétrica,

resultando em instalações compactas para processar os gases

exaustos; um maior leque de opções de gases na produção do plasma

facilita o controle dos fatores químicos no processo;

• Redução dos tempos de partida e parada devido às instalações menores

e da alta densidade energética;

Desvantagens:

• É dedicada, e exige um investimento muito alto, só sendo rentável se

utilizada junto a uma central termoelétrica;

• A baixa geração de gases no processo inicial, porém iguala-se em

volume aos demais tipos de incineração quando da combustão dos

gases produzidos;

24

• Necessita de um complexo sistema de lavagem de gases, para a reter

os metais voláteis e gases ácidos;

O plasma é empregado de diferentes formas, no Japão por exemplo é

utilizado na fundição das cinzas provenientes da incineração reduzindo o

volume de descarte, a França utiliza na conversão de cinzas de incineração e

asbesto em resíduos inertes, já os EUA o emprega na recuperação de metais

de catalisadores.

Tecnologia de Plasma Térmico

Os principais métodos de produção de plasma utilizados na

decomposição de resíduos são os de corrente elétrica, podendo-se empregar

tanto corrente contínua como alternada, porém a produção através de corrente

contínua atualmente é predominante.

25

Exemplo da utilização do plasma diretamente sobre os resíduos

Até aqui analisamos as principais formas de conversão de RSU e

energia, porém existe uma ressalva que diz que “...nem todo lixo deve ser

queimado ou usado para gerar energia”, afirma o presidente do Instituto Brasil

Ambiente e consultor da Organização das Nações Unidas (ONU), Sabetai

Calderoni. De acordo com Calderoni, o ideal seria reciclar tudo inclusive o

orgânico. Apenas a sobra deveria ser usada. “A reciclagem poupa o dobro da

energia produzida pela mesma quantidade de lixo. Além disso, dois terços do

gasto que a prefeitura de São Paulo possui com os resíduos domiciliares está

no transporte”, diz. Conforme acaba a capacidade de um aterro, os resíduos

são levados para mais longe. “Em apenas um ano poderíamos mudar a

situação do lixo no Brasil”, finaliza.

26

CAPÍTULO III

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS REALIDADES DE

PORTUGAL E RIO DE JANEIRO A CERCA DO

REAPROVEITAMENTO ENERGÉTICO DOS RSUs

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

(TÍTULO) 11

1.1 - A Busca do Saber 12

27

1.2 – O prazer de pesquisar 15

1.2.1 - Fator psicológico 15

1.2.2 - Estímulo e Resposta 17

CONCLUSÃO 48

ANEXOS 49

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

BIBLIOGRAFIA CITADA 54

ÍNDICE 55

28

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes Pós Graduação

“LATO SENSO” Instituto A Vez do Mestre

Título da Monografia: Geração de Energia a Partir de Resíduos

Resíduos Sólidos Urbanos: Uma Análise do Potencial

Energético e suas Formas de Utilização.

Autor: Felippe Saint Just Rodrigues

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: