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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A INCLUSÃO SOCIAL UMA NOVA VISÃO Por: Rosiane de Jesus Silva Ferreira Orientador Prof.ª Maria Esther de Araújo São Gonçalo 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · Viabilizando a compreensão de ordem, de grupos, de instituições sociais e éticas quando a realidade da implementação

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A INCLUSÃO SOCIAL

UMA NOVA VISÃO

Por: Rosiane de Jesus Silva Ferreira

Orientador

Prof.ª Maria Esther de Araújo

São Gonçalo

2010

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2UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A INCLUSÃO SOCIAL

UMA NOVA VISÃO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administração

e Supervisão Escolar

Por: Rosiane de Jesus silva Ferreira

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3AGRADECIMENTOS

.... Minha gratidão pelo constante apoio

a Welington Vicente, esposo. Pelo

reconhecimento e paciência a

professora orientadora Maria Esther de

Araújo.

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DEDICATÓRIA

...dedica-se às pessoas que sabem que

educar é realizar a mais bela e complexa

arte, é acreditar na vida e ter esperança

de um futuro melhor com pessoas mais

humanitárias.

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5RESUMO

Os desafios a enfrentar pra implantar e implementar políticas, diretrizes

e ações institucionais e pedagógicas inclusivas no sistema educacional

abrange em síntese alguns aspectos que devemos considerar.

Sensibilizar a sociedade pra compreender a diversidade humana,

conscientizando-a sobre o direito de cada individuo, sobre o desenvolvimento

cognitivo e social, respeitando suas necessidades básicas de aprendizagem e

o nível de inclusão em que irá trabalhar é primordial.

É importantíssimo o papel da família no contexto de inclusão e em

parceria com a escola na conclusão de ações na perspectiva de facilitar este

processo de inclusão.

Hoje, deparamo-nos com a Inclusão Social, entretanto na prática as

dificuldades em implementá-las existem e para torná-las funcionais ainda

dependemos da transposição de vários obstáculos e a realidade muitas

perguntas necessitam de respostas... O que fazer para tornar o currículo

adequado e funcional? Como cativar a atenção destes alunos? É possível

aprender? São indagações, que apesar de comuns, nos levam ao desejo de,

enquanto educadores, proporcionar uma educação prazerosa com qualidade

social, acadêmicas e afetivas, que de certa forma ofereça para esses discentes

um pouco, na medida do possível, de segurança e autonomia.

Na escola, que é de e para toda cada criança deverá recebe aquilo que

precisa: aos surdos, língua de sinais, aos que tem limitações locomotoras,

tecnologias de comunicação alternativa; aos quem demora a aprender, jogos

coloridos e muita repetição; aos cegos, braile, entre outras tantas.

A Inclusão Social oferecida preferencialmente na rede regular de ensino

para educando portadores de necessidades especiais requer preparação e

dedicação, para não correr o risco de incluir, excluindo.

Capacitarmos para recebê-los é o primeiro passo.

METODOLOGIA

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A pesquisa para que os resultados sejam aplicados de forma imediata,

na solução de problemas que ocorram na realidade escolar. Avaliando o

impacto de causa e efeito na comunidade e utilizando-se de materiais

extraídos de livros (Autismo e Inclusão, Afeto e Aprendizagem – Eugenio

Cunha, Editora WAK: O acesso de alunos com deficiência às escolas e

classes comuns – Possibilidades e Limitações, Moacir Alves Carneiro – Editora

Vozes) e revista (Nova Escola edição especial) para realização desta pesquisa.

Viabilizando a compreensão de ordem, de grupos, de instituições sociais

e éticas quando a realidade da implementação da Inclusão Social.

Para que sejamos uma sociedade inclusiva, devemos considerar

principalmente os aspectos da educação, começando pela própria definição de

educação inclusiva. De acordo com o Seminário Internacional do Consórcio da

Deficiência e do Desenvolvimento (International Disability and Development

Consortium – IDDC) sobre a educação inclusiva, realizado em março de 1998

em Agra, na Índia, um sistema educacional pode ser considerado inclusivo

quando abrange a definição ampla deste conceito.

É cada vez maior o numero de publicações sobre a Inclusão Social.

Conscientizar os profissionais que lidam com a pessoa portadora de

deficiência (qualquer que seja ela) e a sociedade a incluí-la na vida societária

normal, é um dos principais objetivos desta inclusão.

As discussões sobre a “normalização” do atendimento a essas pessoas

sofrem varias modificações; inicialmente, com o intuito de se fazer classes

especiais, depois na agregação deste grupo especial em salas de aula

normais, buscando a integração social.

SUMÁRIO

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7INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Educação Inclusiva 10

CAPÍTULO II - As leis sobre diversidade 17

CAPÍTULO III – As muitas faces da inclusão 25

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ANEXOS

INTRODUÇÃO

A Educação Inclusiva é um movimento social que desafia a escola a ser

mais representativa da diversidade que existe na sociedade, tornando-se

assim mais democrática e justa.

Subsidiar filosófica e tecnicamente o processo de transformação do

sistema educacional brasileiro em um sistema inclusivo.

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8Este trabalho tem por objetivo identificar e apontar possíveis soluções

para a integração de pessoas que apresentam alguma deficiência física,

mental ou sensorial nas instituições regulares de ensino. Conhecendo as leis

que regem a inclusão social, mobilizando a comunidade sobre como trabalhar

e capacitando profissionais de ensino para receberem este grupo de alunos.

Buscar perceber e atender as necessidades educativas especiais de

todos os sujeitos, em um sistema regular de ensino de forma a promover a

aprendizagem dinâmica e flexível requer mudanças significativas, a educação

inclusiva aponta para uma sociedade inclusiva.

Quando falamos de inclusão devemos lembrar que a Declaração de

Salamanca – documento sobre princípios ou Educação Inclusiva, de 1994 –

estabeleceu que a escola inclusiva é aquela que contempla muitas outras

necessidades educacionais especiais, além da deficiência mental, física ou

sensorial; envolve também, como por exemplo, crianças que possuem

dificuldades temporais ou permanentes, que repetem de ano, sofrem

exploração sexual, violação física ou emocional, entre outros.

A Educação Especial nada mais é que um complemento do ensino

regular, o atendimento especializado a criança com necessidades

educacionais especiais.

Atualmente deve-se estar ciente das leis que garantem a inclusão e

procurar capacitar pessoal, adaptarem a estrutura física e a proposta

pedagógica para receber este aluno.

Não se pode recusá-los, porém vale ressaltar a importância da

instituição em estar preparada para este momento e contribuir com a inclusão

social, lutar, insistir, nunca retroceder, nem desanimar na tentativa de

possibilitar uma convivência social saudável a estes alunos é um dever.

Não se fala em Inclusão escolar, sem pensarmos em ambientes

inclusivos e no papel do professor que deverá ter condições de trabalhar com a

inclusão e na inclusão.

Cabe ao gestor conscientizar a comunidade escolar de que é possível

incluir todas as crianças nas classes regulares. Quem convive com as

diferenças desde cedo se torna um cidadão melhor e mais consciente,

devemos trabalhar por uma escola que possibilite ao jovem com deficiência o

sonho de um futuro melhor.

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9A escola é o lugar da diversidade, que se reflete na quantidade e

recursos, que tem por objetivo fazer o aluno progredir.

“Ouse sonhar os sonhos mais impossíveis. Lembre-se de que, se você

conseguir a metade de sua meta, irá olhar para trás e verá o caminho que

abriu para o curso da humanidade.”

Waldir Pedro

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CAPÍTULO I

Educação Inclusiva

Educação Inclusiva refere-se ao conjunto de processos educacionais

decorrente da execução de políticas articuladas impeditivas de qualquer forma

de segregação e de isolamento. Essas políticas buscam alargar o acesso à

escola regular, ampliar a participação e assegurar a permanência de TODOS

OS ALUNOS nela, independente de suas particularidades. Sob o ponto de

vista pratico, a educação inclusiva garante a qualquer criança o acesso ao

Ensino Fundamental, nível de escolaridade obrigatório a todo cidadão

brasileiro.

A Escola Inclusiva é uma instituição de ensino regular aberta a matricula

de todos os alunos indistintamente. Este conceito é à base de sustentação da

compreensão de escola que, alem de trabalhar o conhecimento universal nas

suas manifestações contemporâneas, tem, também, a responsabilidade de

objetivar processos de aprendizagem de acordo com as particularidades de

cada aluno.

A Educação inclusiva deve ser organizada para atender o conjunto de

necessidades e características de todos os cidadãos. A legislação e pertinente

a educação especial e orientações pedagógicas que discutem a pratica dos

educadores. Existem paradigmas atuais que defendem o acesso universal a

escolaridade básica através da transformação da escola em ambiente de

convivência respeitos, enriquecedora e livre de qualquer discriminação.

A construção de uma sociedade inclusiva exige mudanças de idéias e

praticas que atendam a todos, independentemente das suas necessidades

educacionais especiais, de forma a garantir a participação de todos.

O maior problema quanto à educação inclusiva esbarra nas escolas

comuns que em sua maioria são limitadas sempre nos meios materiais e nos

recursos de apoio técnico - cientifico e por sua vez criou proibições funcionais

para receber os alunos que passariam a ser da escola especial. E, por

fragilidade das redes de escolas, não foram construídas pontes capazes de

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11trabalhar linhas de convergência no campo da gestão e das praticas

pedagógicas para o estabelecimento de uma só escola para todos.

(...) diante da inclusão, o desfio das

escolas comuns/especiais é o de tornar

claro o papel de cada uma, pois a

educação para todos não nega nenhuma

delas. Se os compromissos educacionais

dessas não são sobrepostos nem

substituíveis, cabe à escola especial

complementar5 a escola comum, atuando

sobre o saber particular que

invariavelmente vais determinar e

possibilitar a construção do saber

universal. (Educação inclusiva,

SEESP/MEC, 2005; 8)

A inclusão educativa como movimento da sociedade tem uma historia

de aproximadamente três décadas e envolve vários paises.

A Itália, a Inglaterra, a França, os Estados Unidos, os Paises

Escandinavos e o Canadá experimentavam programas com foco inclusivo e

serviram de referencia para o desenvolvimento de outros sistemas

educacionais. Estes mesmos Sistemas Educacionais enquanto estruturas

organofuncionais de educação escolar, são responsáveis diretos pela

definição, implantação, implementação, acompanhamento e avaliação de

políticas educacionais e de gestão.

Os Sistemas Educacionais Inclusivos trabalham sob o ponto de vista

operacional abrangendo alguns focos, entre eles:

• garantia de acesso, permanecia e de aprendizagem dos alunos, com o

compromisso público de desenvolver, ao máximo, suas potencialidades.

• garantia a todos os alunos em idade escolar não apenas da matricula,

mas também do vivenciamento pleno do currículo e do feixe de

experiências disponibilizadas pela rede escolar.

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12• Arregimentação e financiamento dos meios concretos de apoio à

aprendizagem, a ponto de possibilitar destacar, através do planejamento

sistêmico, o que é relevante e possível a cada aluno;

• Montagem de estratégias e de ações articuladas para que os alunos

com necessidades educacionais especiais possam ingressar e realizar,

com êxito, seu itinerário de formação escolar.

(Coleção Educação Inclusiva – pág. 32).

Atualmente os educadores têm a preocupação de acolher a todas as

pessoas, sem preconceito de qualquer natureza e sem perpetuar as práticas

tradicionais de exclusão, que vão desde as discriminações negativas até uma

bem-intencionada reprovação de uma série para outra. A educação evolui na

medida da reengenharia social, Construir uma escola sem paredes (Carneiro,

2002) importa em destravar os sonhos.

Temos como principal alegação para construção destas paredes, a

dificuldade das escolas para receber esses alunos, especialmente os casos

em que a deficiência é mais severa. Face às precárias condições de

funcionamento da escola pública, pondera-se haver limitadas possibilidades de

adequado atendimento escolar a esses alunos, não possuem equipes técnicas

e clinicas para uma ação intersetorial de “acolhimento” a essas pessoas, não

se pode transformar a sala de aula em clinica de atendimento a necessidades

permanentes de cuidados à saúde.

Olhando nessa perspectiva, Schwartzman (1997; 63) diz que o problema

que temos de discutir refere-se aos portadores de deficiências mais severas e,

nesse caso, teremos de discutir a possibilidade de oportunidade de uma

integração caso a caso, pois, embora dentro de um mesmo grupo, digamos,

dos portadores de deficiências motoras, é claro que na dependência do grande

comprometimento funcional será impossível à freqüência a uma classe regular.

Alguns desses indivíduos necessitam de adaptações tão complexas e

individualizadas que, por vezes, o programa escolar a eles oferecido terá de

ser montado de acordo com suas necessidades particulares.

“Não adianta determinar por força da lei, que crianças com

necessidades especiais sejam absorvidas pelo nosso sistema regular de

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13ensino, que não consegue dar conta, atualmente, das crianças ditas normais.

Isto não resolveria o problema da educação especial.”

“O atendimento educacional especializado é uma forma de garantir que

sejam reconhecidas e atendidas as particularidades de cada aluno com

deficiência. São consideradas matérias do atendimento educacional

especializado: língua brasileira de sinais (Libras); interpretação de Libras;

ensino de língua portuguesa para surdos; Sistema Braile; orientação e

mobilidade; utilização do Soroban; as ajudas técnicas, incluindo informática

adaptada; mobilidade e comunicação alternativa/aumentativa; tecnologias

assestivas; informática educativa; educação física adaptada; enriquecimento e

aprofundamento do repertorio de conhecimentos; atividades da vida autônoma

e social, entre outras.” (Coleção Educação Inclusiva – pág.66)

Estas matérias e materiais constituem as condições básicas para a

diversidade e a aprendizagem adaptada é centralizada nas diferenças

individuais. O importante é que as diversidades dos alunos com déficits físicos,

psíquicos e sensoriais são vistos em nossas escolas como grandes obstáculos

à concretização dos níveis curriculares, por falta de uma plataforma básica de

sala de aula.

Cada deficiência requer estratégias e materiais específicos e

diversificados. Respeitar a diversidade significa dar oportunidade para todos

aprenderem os mesmos conteúdos, fazendo as adaptações necessárias.

Segundo Jean Piaget, a nossa possibilidade de conhecer é a resposta

que damos às solicitações do meio.

Quando se fala em educação inclusiva, fala-se em educação além da

escolar, mais do isso, trabalham por uma escola que possibilite ao jovem com

deficiência o sonho de ir longe na vida. Os professores também são aliados da

inclusão quando tem informação e respeitam o direito de crianças e jovens

com deficiência de estudar e de ser tratados com dignidade.

Na escola que é de TODOS, cada um deve receber aquilo que precisa

para alcançar o objetivo principal, progredir.

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14 Uma gama de mudanças institucionais que vão alem da organização

didática deve ser posta em pratica e todas as necessidades devem ser

assumidas pelas autoridades gestoras da educação.

“O número de alunos na Educação Inclusiva triplicou, no entanto, o

preconceito e a falta de conhecimento das leis ainda deixam um grande de

contingente deles fora da rede regular. O pouco preparo dos professores para

atendê-los ou o pouco apoio dado a esses profissionais fazem com que, em

alguns casos, o direito de estudar seja exercido pela metade: muitos ainda

acham que a escola, para quem tem deficiência, é espaço só para recreação”.

(Nova Escola – Edição especial nº. 11)

A idéia e a força da educação inclusiva e seus desdobramentos em

escolas e classes inclusivas, é inevitável o alargamento do prestigio e das

atuações das instituições que oferecem atendimento educacional

especializado. Esta pressão ficará maior face ao inevitável aumento da

demanda. As escolas deveriam ser acionadas pelos poderes públicos para,

articuladamente com as escolas comuns, ajudarem a construir respostas às

questões que surgirão.

O problema não esta nestas instituições e sim, com os poderes públicos

que devem apoiar os municípios nas “formas de colaboração na oferta de

Ensino Fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das

responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos

financeiros disponíveis em cada delas.”

Os alunos da Educação Especial que estão fora do Ensino Fundamental

deverão buscá-lo em sua modalidade regular.

Levando em consideração o fato de que a maioria das escolas comuns

da rede regular de ensino diz estar despreparada para receber alunos com

deficiência, a instituição especializada também deve oferecer apoio e

conhecimentos/esclarecimentos a esses professores.

Segundo Mittler (2003:184), falando de atitudes e sentimentos das

escolas e instituições educativas, diz que:

Criar oportunidades para capacitação não

significa, necessariamente, influenciar o

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15modo como os professores sentem-se em

relação à inclusão. Tais sentimentos são

fundamentais, e precisam ser levados a

sério. Qualquer duvida ou quaisquer

reservas não devem ser considerados

como reacionários ou simplesmente

anulados. Os professores precisam de

oportunidades para refletir sobre as

propostas de mudanças que mexem com

seus valores e com suas convicções,

assim como aquelas que afetam sua

pratica profissional cotidiana. Os

professores já estiveram sujeitos a uma

avalanche de mudanças, nas quais suas

visões não foram seriamente

consideradas. É importante que a

inclusão não seja vista apenas como uma

outra inovação (...). Cada escola tem sua

própria abordagem de envolvimento na

promoção de mudanças (...).

(Coleção Educação Inclusiva – pág.97)

A essência da Educação Inclusiva é reconhecer a diferença, respeita-la

e transformar o ensino a ponto de adequá-lo às necessidades individuais de

todos os educandos – com ou sem necessidade especial. Sem que haja

segregação.

Nas palavras do advogado gaúcho Dr. Jorge Muller, em artigo

denominado “Inclusão Educacional – Novas Facetas Jurídicas”, ao falarmos de

inclusão de pessoas com deficiência, há que se diferenciarem as expressões

“inclusão e integração”. A convenção recentemente aprovada determina que

sejam tomadas todas as medidas necessárias para assegurar as crianças com

deficiência o pleno exercício de “todos os direitos humanos e liberdades

fundamentais, em igualdade de oportunidades com as demais crianças”. (art.7)

A referida norma vai alem do conceito de acessibilidade física, buscando

definir valores e direitos: à vida, ao acesso à justiça, à liberdade e segurança, à

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16proteção à integridade da pessoa, |à vida independente e a inclusão na

comunidade, à mobilidade pessoal, a privacidade, à educação, à saúde, ao

trabalho e ao emprego. E define “discriminação por motivo de deficiência”

(art.2º) como sendo “qualquer diferenciação, exclusão ou restrição feita com o

propósito ou efeito de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o desfrute ou

o exercício, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, de todos

os direitos humanos e liberdades fundamentais”, abrangendo “todas as formas

de discriminação, inclusive a recusa de adaptação razoável”, i.e., a recusa de

“ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional ou

indevido (...)”.

Portanto, dentre os vários passos rumo à efetivação da sociedade

inclusiva, encontra-se a conscientização acerca dos princípios e garantias

trazidos pelo ordenamento jurídico positivo. Entender a razão pela foi criado

um tratado internacional para regular tal matéria e a obrigação de nos

aprofundarmos nessa questão e entendermos o valor da inclusão.

“A deficiência é parte da diversidade humana, que em si não limita a

pessoa. O que descapacita é o meio em que o individuo esta inserido. O

ambiente em que vivemos não diz respeito somente às questões individuais,

mas, sobretudo as coletivas”, esclarece Laís Vanessa C. de Figueiredo Lopes,

advogada integrante do Comitê Nacional da OAB Federal.

Para tornamos um sistema educacional – e uma sociedade –

efetivamente inclusivo, não basta incluir por incluir. Faz-se necessário entender

o porquê de incluir, conscientizar-se da importância de abraçar os princípios e

valores explicitados na norma jurídica, adequando a nossa realidade à de

todas as pessoas, com ou sem deficiência.

CAPÍTULO II

As Leis sobre diversidade

Vários paises do mundo estão envolvidos nesta ação social educacional

inclusivo para implementação de uma progressividade temporal, com

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17planejamento, legislação e regulamentos apropriados, estratégias e amplo

envolvimento da sociedade.

“As leis sobre diversidade que garantem a inclusão já existem a tempo

suficiente para que as escolas tenham capacitado professores e adaptado a

estrutura física e a proposta pedagógica”

A Constituição Federal

Prevê o pleno desenvolvimento dos cidadãos e lhe garante todos os

direitos à educação e ao acesso à escola. Elege como fundamentos da

Republica a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1°, inc.II e III), e

como objetivo principal, a promoção do bem de todos, sem preconceitos de

origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação

(art.3°, inc.IV).

Portanto, toda escola, assim reconhecida pelos órgãos oficiais como tal,

deve atender aos princípios constitucionais e o exercício pleno desses direitos

constitui a própria rota de construção da cidadania.

Para promoção do bem comum supõe-se a eliminação de todas as

formas de preconceitos e de discriminação, o que conduz necessariamente à

situação de igualdade de direitos.

Pelas angulações da Lei Magna na moldura da educação –

compreende-se o alcance do ordenamento constitucional contido no art. 205,

ao estabelecer que:

A educação, direito de todos e dever do

Estado e da família, será promovida e

incentivada com a colaboração da

sociedade, visando o pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo

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18para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.

Quando a Constituição Federal garante a educação para todos, significa

que é para todos mesmo, em um mesmo ambiente o mais diversificado

possível, como forma de atingir o pleno desenvolvimento humano.

Leis de Diretrizes e Bases

Com referência ao artigo 58, percebe-se a intenção de contemplar uma

educação inclusiva, pois expressa que a educação especial deve ser

“oferecida preferencialmente na rede regular de ensino”, com o propósito de

incluir o aluno com necessidades educacionais sempre que possível, nas

classes comuns do ensino regular.

Portanto, no parágrafo 1° este atendimento educacional deverá ser

oferecido à parte, quando não for possível integra-lo nas classes comuns,

devendo ser ministrado em horário diferenciado das aulas regulares. Desta

forma não restringe o acesso do aluno ao Ensino Fundamental garantido pela

Constituição Federal e pela LDB como obrigatório e gratuito, inclusive para

aqueles que não tiveram acesso em idade própria.

No artigo 59, destaca-se que os sistemas de ensino deverão assegurar

ao educando com necessidades educacionais especiais os recursos,

necessários para que ocorra aprendizagem e a conseqüente inclusão.

Declaração da Salamanca (1994)

Prevê a possibilidade de existência legal e legitima da exceção, o texto

não tem efeito de lei, dizem que também devem receber atendimento

especializado crianças excluídas da escola por motivos como trabalho infantil e

abuso sexual. As com deficiências graves devem ser atendidas no mesmo

ambiente de ensino que todas as demais. Desenvolver “projetos de

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19demonstração e estimular intercâmbios com paises que tenham experiência

com escolas inclusivas, em investir maior esforço em estratégias de

identificação e intervenção precoces.”.

Esta declaração aponta que para promover mudanças fundamentais na

política a partir das exigências da educação inclusiva, é imperativo, e capacitar

escolas comuns para atender todos os alunos, em particular aqueles que são

portadores de necessidades especiais.

“A LDBEN, A Educação Especial e o atendimento educacional

especializado”.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o

atendimento educacional especializado será feito em classes, escolas ou

serviços especializados sempre que, em função das condições especificas dos

alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino

regular. (art.59, § 2°).

Este parágrafo provocou confusão, dando a entender que dependendo

da deficiência, a criança poderia ser atendida em escola especial. E na

realidade o atendimento a estas crianças pode ocorrer em classes ou em

escolas especiais, quando não fosse possível oferece-los na escola comum.

Além disto, um artigo não pode ser lido separadamente, pois a

interpretação de um dispositivo legal precisa ser feita de forma que haja

contradições dentro da própria lei.

Diante da interpretação errônea que admite a possibilidade de

substituição do ensino regular pelo especial está em confronto com que dispõe

a LDBEN e a Constituição Federal que determina obrigatório o acesso ao

Ensino Fundamental.

Em relação à LDBEN, merece total atenção o fato de não se referir, nos

artigos 58 e seguintes, ao atendimento educacional especializado, mas à

Educação Especial.

Portanto, o direito ao atendimento educacional especializado previsto

nos artigos 58,59 e 60 da LDBEN (Lei 9394/96) e também na constituição

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20Federal não substitui o direito à educação (escolarização) oferecida em classe

comum da rede regular de ensino.

Conforme a LDBEN, em seu artigo 60, as instituições especializadas

são aquelas com atuação exclusiva em Educação Especial, “para fins de apoio

técnico e financeiro pelo Poder Público”.

Decreto N°3.956 (Convenção da Guatemala)

Posterior à LDBEN, esta nova legislação revogou as disposições

anteriores, pondo fim às interpretações confusas da LDB, deixando clara a

impossibilidade de tratamento desigual com base na deficiência. Trata-se da

Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação contra a pessoa Portadora de Deficiência.

O acesso ao Ensino Fundamental é direito humano e privar pessoas em

idade escolar dele, mantendo-as unicamente em escolas ou classes especiais,

fere a convenção e a Constituição.

“O Brasil é signatário desse documento, que foi aprovado pelo

Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo 198, de 13 de junho de

2001, e promulgado pelo Decreto 3.956, de 8 de outubro de 2001, da

Presidência da Republica.” (Coleção Educação Inclusiva – pág. 68).

A Convenção abre o termo com o termo REAFIRMANDO, posição retificadora

de valores e princípios.

REAFIRMANDO que as pessoas

portadoras de deficiência têm os mesmos

direitos humanos e liberdades

fundamentais que outras pessoas e que

estes direitos, inclusive o direito de não

serem submetidas à discriminação com

base na deficiência, emanam da

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21dignidade e da igualdade que são

inerentes a todo ser humano.

A preocupação do texto da Guatemala sobre os aspectos de igualdade

de direitos humanos e liberdades fundamentais entre as pessoas, a eliminação

progressiva de toda discriminação e integração da pessoa portadora de

deficiência a sociedade, a partir dos valores da dignidade, da igualdade

sensibilizar a população para o respeito às pessoas portadoras de deficiência e

atribuir-lhe melhores condições de vida.

Como já dito, pode-se admitir diferenciações com base em deficiência

que implicam restrições ao direito de acesso de um aluno com deficiência ao

mesmo ambiente que os demais colegas sem deficiência.

“A Convenção da Guatemala deixa clara a impossibilidade de

tratamento desigual com base na deficiência, definida a discriminação como

toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente

de deficiência, conseqüência de deficiência anterior ou percepção de

deficiência presente ou passada que tenha o efeito ou propósito de impedir ou

anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras

de deficiência, de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais

(art.1°, n°2, “a”).”

As pessoas portadoras de deficiência têm o direito de ser consultadas

sobre suas preferências e opções e não podem ser submetidas a qualquer

forma de humilhação em decorrência do descompassamento gravíssimo de

funções orgânicas.

É dever de o Estado brasileiro disponibilizar recursos e meios para as

correções e adequações necessárias para atender as pessoas portadoras de

deficiência. Esta responsabilidade publica inicia-se já no cumprimento do art.

207, parágrafo 3° da Constituição Federal, que prescreve:

Compete ao Poder Publico recensear os

educandos no Ensino Fundamental,

fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos

pais ou responsáveis, pela freqüência à

escola.

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22 O sistema oficial em todos os âmbitos deve dar as escolas um prazo

para que adotem as providencias necessárias para atender as prescrições da

Constituição Federal e à Convenção da Guatemala.

Lei N° 7.853/89

Define como crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a

matrícula de um discente por causa de sua deficiência, em qualquer curso ou

nível de ensino, seja ele público ou privado, art.8°, (Lei 7.853/89) e silenciar a

respeito, não denunciando a situação. A pena para o infrator pode variar de um

a quatro anos de prisão, mais multa.

A Lei 7.853/89 entra em contradição com a Constituição Federal e da

Convenção da Guatemala, abre parênteses sobre garantir as pessoas com

deficiência o direito de acesso ao ensino regular “sempre que possível”, desde

que capazes de se adaptar. Este se refere às pessoas com severos

comprometimentos de saúde, que as empedem de receberem educação

escolar.

Porém, caso ocorra uma melhora, essas pessoas terão direito a

freqüentar escolas comuns da rede regular tendo a oportunidade de desenvolver

no aspecto social e, quanto aos aspectos educacionais escolares, esses alunos

poderão aprender o que lhes for possível, dentro de suas limitações direito à

convivência na escola.

Creches e similares e as Escolas da Educação Infantil, dentre de sua

atual e reconhecida função de cuidar e educar, devem estar preparadas para

crianças com deficiência e outras necessidades especiais a partir de zero ano

(art. 58, §3°, LDBEN c.c. o art.2°, inc.I, alínea “a” da Lei 7.853/89), Oferecendo-

lhes cuidados diários que favoreçam sua inclusão e acesso ao atendimento

educacional especializado, sem prejuízo dos atendimentos clínicos

individualizados que, se não forem oferecidos no mesmo ambiente, devem ser

realizados em convenio para facilitação do atendimento da criança.

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23 Quanto ao atendimento educacional especializado na Educação Infantil,

o estabelecimento deve dispor de profissionais orientados para lidar com bebês

com deficiência e/ou problemas de desenvolvimento de todos os tipos. Caso

não possua deverá providenciar pessoal para tal fim.

Possuir um espaço adequado rico em estímulos visuais, auditivos e outros, com

profissionais devidamente capacitados a fim de garantir a qualidade.

Lei N° 10.048 e n° 10.098

A primeira garante atendimento prioritário de pessoas com deficiência

nos locais públicos. A segunda estabelece acessibilidade física e define como

barreira obstáculos nas vias e no interior dos edifícios, nos meios de transporte

e tudo o que dificulta a expressão ou o reconhecimento de mensagens por

intermédio dos meios de comunicação, seja ou não de massa.

Para possibilitar o acesso de pessoas com deficiência física ou

mobilidade reduzida, toda escola deve eliminar suas barreiras arquitetônicas e

de comunicação, tendo ou não alunos com deficiência nela matriculados no

momento.

Faz-se necessária a adoção de recursos de comunicação

alternativas/aumentativa (pranchas de comunicação e vocalizadores portáteis,

livros digitais, softwares para leitura, mouse, teclado e acionadores especiais),

são algumas adaptações para melhor atender pessoas com deficiência física.

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CAPÍTULO III

As muitas faces da Inclusão

Vale lembrar que a Declaração da Salamanca – documento de 1994 –

estabelece que a escola inclusiva é aquela que contempla muitas outras

necessidades educacionais especiais.

Atualmente temos muitas escolas empenhadas em realizar a inclusão

social e se dispõem a ensinar com qualidade. ”O aluno com dificuldade de

aprendizagem é um estimulo para o professor desenvolver estratégias

de ensino”, afirmou Windyr Ferreira, coordenadora do projeto Educar na

Diversidade, do MEC, e consultora da Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

3.1 - Quanto à deficiência visual

Pessoas que tem deficiência visual, faz do tato um de seus principais

aliados na descoberta do mundo. As escolas devem providenciar material

didático necessário, como regletes, Soroban aparelho de calculo matemático,

ensino com código de Braille, que consiste em escrita e leitura através do tato;

de noções sobre orientação e mobilidade, além de outros materiais didático-

pedagogico especializados, atividade de vida autônoma e social.

Ter conhecimento de ferramentas de comunicação, que por

sintetizadores de voz possibilitam aos cegos escrever e ler via computadores.

O governo disponibiliza livros em Braile para escolas publicas, e o

Ministério da educação tem um programa que possibilita o fornecimento dos

mesmos. As escolas privadas devem arcar com o custo do material para

atender este público ou tentar obte-los através de convênios com entidades

especializadas e/ou rede pública de ensino.

Para Educação Física, as aulas de esporte que envolve bolas, todas

com guizos, ajudam aos deficientes visuais quanto à localização e orientação.

O Instituto Benjamin Constant (IBC) é referencia na América Latina por

prestar atendimento a crianças cegas e de baixa visão, desde o nascimento

até a adolescência.

Com a missão de educar, reabilitar e profissionalizar a pessoa deficiente

visual, em âmbito nacional, buscando dar condições para um efetivo, pleno e

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25igualitário exercício da cidadania, o Instituto passou a ser um centro de

referencia nacional na área de deficiência visual expandindo seu serviço a toda

sociedade. (Educação Inclusiva – Jornal Educar, ano 11 – N° 57 – 2008).

O Instituto Benjamin Constante oferece um programa que favorece a

aquisição de conhecimento dosando conteúdos e aproveitando o potencial do

aluno.

Completando o currículo, o IBC oferece atividades que consistem em

ajudar o estudante a ter uma vida independente, habilitando-o para a

realização de tarefas cotidianas e propiciando a elevação da auto-estima, da

autonomia e da credibilidade.

Quanto à orientação e mobilidade, conferem à criança maior domínio do

espaço escolar, encorajando-a a enfrentar uma locomoção autônoma, com o

uso da bengala.

Para cumprir com as normas da LDB e garantir o sucesso do processo

ensino-aprendizagem, O IBC desenvolve e adota técnicas e métodos

específicos, cumprindo todo o conteúdo programático e obedecendo as

diretrizes legais que determinam como deve ser a educação em nosso país.

3.2 - Quanto à deficiência mental

O psiquiatra José Belsário Cunha, da Associação Brasileira de

Neurologia e Psiquiatria Infantil (Abenepi), em Belo Horizonte explica “A grande

novidade é que, se a criança for estimulada a descobrir seu potencial, as

dificuldades deixam de persistir em tudo o que ela faz”, ela precisa de novos

desafios para aprender a viver cada vez com mais autonomia.

O diagnostico de deficiência mental não determina o potencial da

criança.

As escolas não são preparadas para atender as diferenças dos

educandos com deficiência mental em casos mais severos e reconhecem a

inadequação de suas praticas para atendê-los. Muitas praticas devem ser

revistas, principalmente a avaliação da aprendizagem em se tratando de

alunos com deficiência mental. É preciso levar em conta a “situação de

deficiência”, que resulta da interação entre as características da pessoa e as

dos ambientes em que ela esta provisoriamente ou constantemente inserida.

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26

3. 3 - Quanto à surdez e a deficiência auditiva

Para surdez e a deficiência auditiva, a escola deve providenciar um

instrutor de Libras. Obedecendo este principio inclusivo, a aprendizagem de

Libras deve acontecer preferencialmente na sala de aula e oferecida aos

demais colegas, a fim de facilitar a comunicação entre todos. Deve o professor

de língua trabalhar uniformemente com este profissional de libras para que

aluno esteja contextualizado quanto ao aprendizado.

O mundo dos surdos não é uma calmaria só porque nele não existem

sons. Além de se comunicar por libras, o surdo também pode aprender a falar

pela metodologia da oralização. Nela, treina o reconhecimento de ruídos e

sons e exercita a respiração e os órgãos que ajudam na fala.

Um exemplo é a Língua Portuguesa sinalizada, um código gestual para

a estrutura do idioma (diferentemente de libras, que tem sistema lingüístico

próprio).

A criança com deficiência auditiva usa a visão como sentido mais

importante, pois através dela entende o mundo.

Para atender este tipo de deficiência, a escola deve contar com três

profissionais especializados: a instrutora de libras (que ensina língua de

sinais); um professor com conhecimento em libras (responsável por explicar os

conceitos das diversas disciplinas com sinais) e a professora de língua

portuguesa, como segunda língua do aluno surdo, que o ajuda a memorizar a

estrutura do idioma para usar nos textos escritos.

(Nova escola – Edição Especial – pág. 40, deficiência auditiva).

Ao falar com deficientes auditivos, fale sempre de frente para eles (se

souber ler lábios), enriqueça a sala de aula com murais e muitas imagens.

3. 4 - Quanto à deficiência física

A escola deve garantir o acesso físico à escola.

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27 O maior desafio das crianças com deficiência física não esta na

capacidade de aprender, mas na coordenação motora. Geralmente, elas têm

dificuldade para se movimentar, escrever ou falar.

A comunicação deve ser aberta entre os profissionais que lidam com

estas crianças, assistentes sociais, coordenadores e médicos.

Utilizar materiais concretos e com imagens facilita a concentração e a

aprendizagem.

O vinculo afetivo é muito importante na hora de lidar com situações

conflitantes e ter a confiança da pessoa portadora de deficiência física ajuda a

lidar com estas situações.

Incentivar a socialização das crianças por meio de brincadeiras em

todos participe junto, pode ser divertido e deixar a criança com deficiência mais

a vontade entre os colegas.

Para ajudar a criança com deficiência física nas habilidades sociais, o

professor deve escolher atividades relacionadas às exigências diárias, como

por exemplo: deitar, sentar e levantar-se, arremessar e pegar objetos, parar e

mudar de direção. Propor jogos nos quais os alunos possam escolher e assim

perceba o controle que pode ter sobre o corpo.

Estimular o contato da criança com deficiência com os colegas

permitindo a troca de idéias, a expressão de emoções e o contato físico

auxiliaram nas diversas atividades propostas.

“Podemos dizer que todo conhecimento que vem pelo amor possui a

excelência da perfeição. Acima de tudo, quem aprende e quem ensina precisa

antes do amor. Na verdade, todo conhecimento possui também a culminância

da distinção quando se designa ao amor. O amor é a sublimação do saber.”

(CUNHA, extraído do livro “Afetividade na pratica pedagógica”).

3. 5 - Quanto à deficiência múltipla

Por meio das sensações que as pessoas com deficiência múltipla

aprendem sobre as coisas que estão a sua volta.

A deficiência múltipla (associação de duas ou mais deficiências, como

mental e física ou auditiva, visual e física), deve ser trabalhada cumprindo um

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28rigoroso cronograma, sempre o reorganizando a fim de atender a necessidade

trabalhada.

A escola para receber este aluno deve estar muito bem estruturada.

Para ter um bom resultado no trato deste aluno, o professor deve

estabelecer símbolos na sala de aula para que um aluno surdocego

compreenda, aos poucos, sua rotina escolar. O aluno pode, por exemplo,

passar as mãos nas folhas de um caderno e este mesmo mecanismo serve

para a hora do lanche e de ir embora. O toque é essencial.

Sempre com orientação do medico estabeleça brincadeiras que

possibilitem aos deficientes estímulos diversos para obter respostas. Por

exemplo, tire-o da cadeira de rodas durante um tempo e estimule seus

movimentos, caso o aluno apresenta paraplegia.

Pesquisar tudo sobre a criança: de onde ela vem como é a família,

como se comunica e quais as brincadeiras preferidas é um começo para

trabalhar as dificuldades posteriores.

São varias as soluções sugeridas para se reverter esse quadro de

deficiências. Recorrer a situações a partir de ações que envolvam outros

meios, buscarem soluções para realizar o trabalho escolar, já é o começo.

A escola deve ensinar de modo que não penalize o aluno.

Estamos habituados a passar os problemas para outros colegas, os

“especializados”, e assim, não recai sobre nossos ombros o peso de nossas

limitações profissionais.

A Escola Ideal

Em escolas projetadas para todos a segurança e autonomia é

impreensidivel para locomoção de pessoas com ou sem deficiência.

Para tanto a escola deve ter:

a) Placas em braile – com itinerários, nomes e números de linhas e

horários, é afixada no ponto de ônibus.

b) Guardacorpo – impede que os alunos atravessem fora da faixa;

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29c) Piso da calçada – antiderrapante e fosco facilita a locomoção de

pessoas com baixa visão;

d) Placa tátil – colocada na grade, perto da entrada, traz o nome da escola

em braile;

e) Faixa de pedestre elevada – força a redução da velocidade dos carros,

evitando acidentes;

f) Pisos de orientação – o guia orienta cegos. Quando invertido, sinaliza

porta ou guichê a frente; o sinalizador localiza mapas táteis e indica que

é possível seguir ou mudar de direção; o de alerta, aponta obstáculos

como uma escada, mudança de plano ou desníveis;

g) Bebedouros – com duas alturas atendem a adultos e pessoas em

cadeiras de rodas;

h) Rodapé – escuro mostra a quem tem baixa visão o limite entre o piso e

a parede;

i) Portas vazadas – deixam que pessoas altas e em cadeiras de rodas

vejam quem está no ambiente;

j) Mapa de localização tátil ou maquete – indica onde a pessoa está e

como chegar às demais dependências;

k) Sinais de transito – sonoros orientam os cegos a atravessar a faixa de

pedestre com segurança;

l) Parede com corrimão – auxiliam na locomoção;

m) Degraus – com reforço antiderrapante e contraste ajudam pessoas com

baixa visão;

n) Placas com letras grandes e em braile e com pictogramas – para quem

não lê identificam a sala;

o) Pias suspensas e com duas alturas – favorecem quem usa cadeira de

rodas;

p) Banheiro – tem barras de apoio e portas maiores;

q) Mesas, balcões e carteiras – facilitam o uso por pessoa com deficiência;

r) Alarme de incêndio – que emite som e também luz para alertar os

surdos;

s) Vagas preferências – para pessoas com deficiência ficam perto da

entrada do edifício;

t) Brinquedos inclusivos;

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30u) Grama sintética e EVA – revestem o chão para absorver o impacto; etc.

Conclusão

A Educação Especial recebeu maior destaque na LDB n° 9.394/96 do que

as leis anteriores em razão dos destaques que surgiram pelo mundo, como por

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31exemplo, a Conferencia de Salamanca, que despontaram no Brasil em

decorrência das expressões da democracia e dos direitos do cidadão.

A escolaridade de Ensino Fundamental dos alunos com deficiência

compete às escolas regulares e seu papel esta definido pela LDBEN, conforme

o nível de ensino enfocado. É necessário criar “Sistemas estruturados de apoio

escolar” que promovam a troca de conhecimentos e experiências.

Mesmo do que contraposição, a Inclusão é um estagio evolutivo do

movimento da integração que por ela, a sociedade deve adaptar-se para

incluir. Estamos diante de equívocos que estreitam as possibilidades de

inclusão escolar em decorrência de uma luta obstinada contra a deficiência, e

são a favor da construção de identidades autônomas.

As escolas regulares e instituições de educação especial devem deixar

de viver e trabalhar em mundos auto-excludentes. Providencias como

capacitação de pessoal, redução de números de alunos por turma, contratação

de especialistas, revisão dos parâmetros atuais, disponibilização de uma fonte

de financiamentos para atender as necessidades inclusivas entre outros

fatores são providencias que facilitarão a construção de alternativas para tornar

a inclusão realidade.

Não basta garantir um espaço na sala de aula e promover a integração

de pessoas com deficiência física, mental ou sensorial nas escolas regulares

de ensino. È necessário estabelecer uma visão diferenciada para trabalhar e

enfrentar os desafios em prol do crescimento destas pessoas, mostrando que

é possível construir uma sociedade humanitária.

Para reconhecer a base da educação inclusiva precisamos

primeiramente saber e respeitar as diferenças. Além de transformar métodos

de ensino a ponto de ajustá-los as necessidades singulares de todos os

alunos, com ou sem necessidades especiais, sem que haja segregação.

Bibliografias Consultadas

BELISÁRIO FILHO, José Ferreira. Inclusão: uma revolução na saúde. Rio de

Janeiro: WVA, 1999.

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32CARNEIRO, Moacir Alves. O acesso de alunos com deficiência as escolas e

classes comuns: possibilidades e limitações. 2 ed. – Petrópolis, RJ: Voes,

2008.

http://www.eenet.org.uk/bibliog/scuk/schools_for_all.shtml

Revista Nova Escola – Edição especial N° 11 – Inclusão Social.

CUNHA, Eugenio. Autismo e Inclusão: psicopedagogia e práticas educativas

na escola e na família. Editora WAK –RJ. 2009.

Jornal Educar – Ano 11, N° 57 – 20.

CUNHA, Eugenio. Afeto e Aprendizagem. Relação de amorosidade e saber na

pratica pedagógica. Editora WAK – RJ – 2008.

Educação Inclusiva, SEESP/MEC – 2005;8.

Autores citados:

Waldir Pedro;

Schwartzman (1997; 63);

Jean Piaget;

Mittler (2003; 184);

Lais Vanessa C. de Figueiredo Lopes (advogada integrante do Comitê

Nacional da OAB federal).

Windy Ferreira (Coordenadora do Projeto Educar na diversidade?MEC e

consultora da organização das Nações Unidas (UNESCO).

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Anexo

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Convenção da Guatemala

(Promulgada pelo Decreto 3.956/2001)

Artigo I

Para os efeitos desta Convenção, entende-se por:

(...)

2 – Discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência

a) O termo “discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência”

significa toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência,

antecedente de deficiência, conseqüência de deficiência anterior ou percepção

de deficiência presente ou passada que tenha o efeito ou propósito de impedir

ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas

portadora de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades

fundamentais.

b) Não constitui discriminação a diferenciação ou preferência adotada

pelo Estado-Parte para promover a integração social ou o desenvolvimento

pessoas dos portadores de deficiência desde que a diferenciação ou

preferência não limite em si mesma o direito à igualdade dessas pessoas e

que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação ou preferência. Nos

casos em que a legislação interna preveja a declaração de interdição, quando

for necessária e apropriada para o seu bem-estar, esta não constituirá

discriminação.

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Constituição da República

Capitulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto

Seção I

Da Educação

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,

será promovida e incentivada com elaboração da sociedade. Visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I – Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II – Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento,

a arte e o saber;

III – Pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência

de instituições publicas e privadas de ensino;

IV – Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V – Na forma da lei, planos de carreira para o magistério publico, com

piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso publico de

provas e títulos;

VI – Gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII – Garantia de padrão de qualidade.

(...)

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36 Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a

garantia de:

I – Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive,

sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiverem acesso na idade

própria;

II – Progressiva universalização do Ensino Médio gratuito;

III – Atendimento educacional educacional especializado aos portadores

de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV – Atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis

anos de idade;

V – Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da

criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI – Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do

educando;

VII – Atendimento ao educando, no Ensino Fundamental, através de

programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação

e assistência à saúde.

§ 1°- O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito publico

subjetivo.

§ 2°- O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Publico, ou

sua oferta irregular, importa responsabilidade de autoridade competente.

§ 3°- Compete ao Poder Publico recensear os educandos no Ensino

Fundamental, fazer-lhes a chamada a zelar, junto aos pais ou responsáveis,

pela freqüência à escola.

(O acesso de alunos com deficiência as escolas e classes comuns –

possibilidades e limitações: Moacir Carneiro – 2ª edição – Anexo I)

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A Educação Inclusiva é uma realidade e apresenta uma grande

variedade de formas de inclusão, mas para pô-las em pratica contamos com o

apoio especializado que nos capacitara para atender esta demanda crescente.

1.1 Seminário Internacional do Consorcio da Deficiência e do Desenvolvimento

Descreveremos abaixo, na íntegra, de acordo com o Seminário

Internacional do Consórcio da Deficiência e do Desenvolvimento

(International Disability and Development Consortium - IDDC) sobre a

educação inclusiva.

• Reconhece que todas as crianças podem aprender;

• Reconhece e respeita diferenças nas crianças: idade, sexo, etnia,

língua, deficiência/inabilidade, classe social, estado de saúde (i.e. HIV,

TB, hemofilia, Hidrocefalia ou qualquer outra condição);

• Permite que as estruturas, sistemas e metodologias de ensino atendam

as necessidades de todas as crianças;

• Faz parte de uma estratégia mais abrangente de promover uma

sociedade inclusiva;

• É um processo dinâmico que está em evolução constante;

• Não deve ser restrito ou limitado por salas de aula numerosas nem por

falta de recursos materiais.

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1.2 – Perspectivas históricas

Segundo Peter Clough (2000) Theories of Inclusive Education: A

Student's Guide. London, Sage/Paul Chapman Publishing, a educação

inclusiva jamais deveria ser confundido com educação especial e existem

perspectivas históricas que levam em conta fatores que tange as necessidades

especiais.

1. O legado psico-médico: (predominou na década de 50) vê o indivíduo

como tendo de algum modo um deficit e por sua vez defende a

necessidade de uma educação especial para aqueles indivíduos.

2. A resposta sociológica: (predominou na década de 60) representa a

crítica ao legado psico-médico, e defende uma construção social de

necessidades educativas especiais.

3. Abordagens Curriculares: (predominou na década de 70) enfatiza o

papel do currículo na solução - e, para alguns escritores, eficazmente

criando - dificuldades de aprendizagem.

4. Estratégias de melhoria da escola: (predominou na década de 80)

enfatiza a importância da organização sistêmica detalhada na busca de

educar verdadeiramente.

5. Crítica aos estudos da deficiência: (predominou na década de 90)

frequentemente elaborada por agentes externos à educação, elabora

uma resposta política aos efeitos do modelo exclusionista do legado

psico-médico.

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Documento MEC/INEP

No Artigo II do documento MEC/INEP, está descrito que:

Convenção tem por objetivo prevenir e eliminar todas as formas de

discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e propiciar a sua

plena integração à sociedade. Enquanto os Artigos III e IV enumeram as ações

que os Estados.

Partes se comprometem a tomar para alcançar o objetivo acordado. O

conjunto de Artigos desta convenção apresenta medidas práticas, baseadas no

princípio de eliminar toda e qualquer forma de discriminação baseada em

deficiência.

O Congresso Nacional brasileiro aprovou o texto da Convenção

Interamericana por meio do Decreto Legislativo nº. 198.

10. Barreiras ao ensino inclusivo

• Atitudes negativas em relação à deficiência

• Invisibilidade na comunidade das crianças com deficiência que não

freqüentam a escola

• Custo

• Acesso físico

• Dimensão das turmas

• Pobreza

• Discriminação por gênero

• Dependência (alto nível de dependência de algumas crianças com

deficiência dos que as cuida)

http://www.eenet.org.uk/bibliog/scuk/schools_for_all.shtml

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O Instituto Benjamin Constante oferece o Programa de Educação

Alternativa, cujo objetivo é dar oportunidade ao desenvolvimento e à

inclusão do aluno com deficiência múltipla: crianças e jovens com

deficiência visual associada a outras deficiências. Para que as mesmas

possam adquirir habilidades básicas para a sua utilização não apenas na

escola, mas também no espaço familiar e na comunidade.

Evolução do programa

A evolução da educação inclusiva no Brasil pode ser comprovada

através dos dados do Censo Escolar/INEP, o qual registra o crescimento da

matrícula de alunos com necessidades educativas especiais na rede regular do

ensino.

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A Lei

Da Educação Especial

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a

modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular

de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

§ 1° Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na

escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação

especial.

§ 2° O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou

serviços especializados, sempre que, em função das condições especificas

dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino

regular.

§ 3° A oferta da educação especial, dever constitucional de Estado, tem

inicio na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com

necessidades especiais:

I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização

específicos, para atender às suas necessidades.

II – terminalidade especifica para aqueles que não puderem atingir o

nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas

deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar

para os superdotados;

III – professores com especialização adequada em nível médio ou

superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino

regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

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IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integrarão

na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não

revelam capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação

com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma

habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;

V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais

suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão

critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos,

especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de

apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.

Parágrafo único. O Poder Público adorara, como alternativa preferencial,

a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na

própria rede publica regular de ensino, independentemente do apoio às

instituições previstas neste artigo.

(Autismo e inclusão – psicopedagogia e práticas educativas na escola e na

família – Eugenio cunha, página 96,97 e 98).