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UNIVERSIDADE DE LISBOA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO IMAGEM E IDENTIDADE: Estudo sobre o professor universitário MARIA DO SOCORRO CARNEIRO DE LIMA DOUTORAMENTO EM EDUCAÇÃO Especialidade em Administração e Política Educacional 2012

UNIVERSIDADE DE LISBOA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO...Esclarecido, no final do questionário e disponibilizo o e-mail [email protected] e [email protected] para contato. Atenciosamente,

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

MARIA DO SOCORRO CARNEIRO DE LIMA

DOUTORAMENTO EM EDUCAÇÃO

Especialidade em Administração e Política Educacional

2012

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

MARIA DO SOCORRO CARNEIRO DE LIMA

Tese orientada pelo Professor Doutor António Sampaio da Nóvoa, especialmente elaborada para a obtenção do grau de Doutor em Educação em Administração e Política Educacional

2012

ÍNDICE DE ANEXOS - CD-ROOM

Anexo 1 – Questionários

- Questionário aplicado aos professores

- Questionário aplicado aos alunos

Anexo 2 – Instrumentos de validação de conteúdo por especialistas

- Instrumento de validação do questionário para os professores

- Instrumento de validação do questionário para os alunos

Anexo 3 – Guião da entrevista

Anexo 4 – Protocolo de Validação das Entrevistas

Anexo 5 – Termo de Cessão de Direitos sobre Depoimento Oral e Escrito

Anexo 6 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Anexo 7 – Protocolo de aprovação do projeto de pesquisa no Comitê de Ética

Anexo 8 – Certificado do protocolo de pesquisa junto ao Comitê de Ética

Anexo 9 – Grelha Categorial de Análise das Entrevistas

Anexo 10 – Protocolo de entrevistas

Anexo 11 – Tabelas

Tabela 02 - Distribuição dos inquiridos por faixa-etária

Tabela 03 - Distribuição dos professores inquiridos por Titulação

Tabela 04 - Tempo de Docência Universitária e Situação Funcional

Tabela 05 - Condições de Trabalho Docente Universitário

Tabela 06 - Distribuição dos Inquiridos por funções desempenhadas no exercício da Docência

Tabela 07 - Constituição da docência na vida dos professores

Tabela 08 - Grau de identificação com as funções da profissão acadêmica

Tabela 10 - Reconhecimento social da docência (prestígio acadêmico e remuneração)

Tabela 11 - Complexidade do exercício da profissão acadêmica.

Tabela 12 - Complexidade e multiplicidade das dimensões do exercício profissional e tempo de docência

Tabela 13 - Percepção docente sobre a sobrecarga do trabalho, desgaste físico e emocional, desmotivação e desvalorização acadêmica

Tabela 14 - Estratégias de enfrentamento aos dilemas acadêmicos

Tabela 15 - Modificações na carreira e no trabalho cotidiano do professor universitário

Tabela 16 - Necessidades da docência universitária

Tabela 17 - Imagem da docência e da condição pessoal e profissional do professor universitário

Tabela 18 - Imagem da docência e da condição pessoal e profissional do professor

universitário - Tempo de docência

Tabela 19 - Imagem da prática pedagógica - Percepção de alunos

Tabela 20 - Imagem sócio-profissional - Percepção de alunos

Tabela 21 - Imagem pessoal em relação ao ambiente acadêmico -Percepção de alunos

Tabela 22 - Profissão acadêmica na percepção dos alunos

Tabela 23 - Imagem social da docência - Percepção de alunos

Tabela 24 - Cruzamento de imagem de docentes e estudantes

Tabela 25 - Imagens de docentes e estudantes – Subcategoria - Aspectos pedagógico- Didáticos

Tabela 26 - Imagens de docentes e estudantes – Aspectos sócio relacional

Tabela 27 - Imagens de docentes e estudantes – Prestígio acadêmico

Tabela 28 - Imagens de docentes e estudantes – Reconhecimento sócio profissional

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

Doutoramento em Educação

Especialidade em Administração e Política Educacional

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

ANEXO 1

Questionários1

1. Questionário aplicado aos professores

2. Questionário aplicado aos alunos

1 Optei por apresentar a versão documento em decorrência da configuração da versão eletrônica

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE CIENCIAS DA EDUCAÇÃO

QUESTIONARIO AOS PROFESSORES Caro (a) Professor (a) Convido-o (a) a participar voluntariamente da pesquisa intitulada “Imagem e Identidade: estudo sobre o Professor Universitário”, que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da Educação na Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. O objetivo da investigação é descrever e analisar a configuração identitária profissional do professor universitário e sua imagem socioprofissional no contexto das transformações ocorridas no ensino superior. As informações concedidas e a identidade dos participantes serão confidenciais. Uma cópia da Tese com o resultado final do estudo será entregue às instituições participantes e os resultados disponibilizados para os interessados.

Agradeço sua colaboração, que deverá ser consentida, no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no final do questionário e disponibilizo o e-mail [email protected] e [email protected] para contato.

Atenciosamente,

Profa. Maria do Socorro C. Lima PARTE I – identificação 1. Instituto de Vinculação ( ) Instituto de Educação Matemática e Científica - IEMC ( ) Instituto de Ciências da Arte - ICA ( ) Instituto de Ciências Biológicas – ICB ( ) Instituto de Ciências da Educação – ICED ( ) Instituto de Ciências Exatas e Naturais – ICEN ( ) Instituto de Ciências Jurídicas – ICJ ( ) Instituto de Ciências da Saúde - ICS ( ) Instituto de Ciências Sociais Aplicadas – ICSA ( ) Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH ( ) Instituto de Geociências – IG ( ) Instituto de Letras e Comunicação - ILC ( ) Instituto de Tecnologia - ITEC 2. Faixa etária: ( ) entre 20 – 29 anos ( ) entre 30 – 39 anos ( ) entre 40 – 49 anos

( ) entre 50 – 59 anos ( ) acima de 60 anos 3. Formação na Pós-graduação:

( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) Pós-Doutorado 4. Situação funcional ( ) Auxiliar ( ) Assistente ( ) Adjunto ( ) Associado ( ) Titular 5. Regime de trabalho: ( ) 20h ( ) 40h ( ) DE 6. Tempo de docência no ensino superior: ( ) 1 – 5 anos ( ) 6 – 10 anos ( ) 11 – 20 anos ( ) 21 – 30 anos ( ) mais de 30 anos 7. Carga horária, semanal, no exercício da docência universitária: ( ) até 8 horas semanais ( ) entre 9 e 16 horas semanais ( ) entre 20 e 30 horas semanais ( ) 40 horas semanais 8. Em relação ao ano de 2009, em quantas Instituições de Ensino Superior exerceu a docência: ( ) apenas uma ( ) duas ( ) três 9. Assinale a alternativa que melhor representa a sua atual situação acadêmica no exercício da docência: ( ) somente na graduação. ( ) somente na pós-graduação. ( ) na graduação e pós-graduação. ( ) na graduação e participação/coordenação de projeto de pesquisa/extensão. ( ) na pós-graduação e participação/coordenação de projeto de pesquisa/extensão.

( ) na graduação e pós-graduação e participação/coordenação de projeto de pesquisa/extensão. ( ) na graduação e gestão de curso/setor na Universidade. ( ) na pós-graduação e gestão de curso/setor da Universidade. ( ) na graduação e pós-graduação e gestão de curso/setor da Universidade. ( ) na graduação, participação/coordenação de projeto de pesquisa/extensão e gestão de curso/setor da Universidade. ( ) na pós-graduação e participação/coordenação de projeto de pesquisa/extensão e gestão de curso/setor da Universidade. ( ) na graduação e pós-graduação, participação/coordenação de projeto de pesquisa/extensão e gestão de curso/setor na Universidade. ( ) não estou no exercício da docência. 10. Desde quando pensou em ser professor universitário? ( ) antes de entrar no ensino superior. ( ) durante a realização do curso de graduação. ( ) ao realizar um curso de pós-graduação. ( ) após estar inserida no mercado de trabalho. ( ) nunca pensei. 11. Qual o motivo principal para a escolha da docência universitária? ( ) influência da família. ( ) influência de amigos. ( ) possibilidade de trabalho/emprego. ( ) necessidades externas na atividade profissional desenvolvida. ( ) possibilidades internas na atividade profissional desenvolvida. ( ) sempre foi a profissão desejada. 12. Algum professor(a) serviu de modelo para sua atuação como docente? Em caso afirmativo assinale cinco (05) características marcantes desse(a) professor(a): ( ) entusiasmo ( ) ética ( ) flexibilidade ( ) domínio de conteúdo ( ) organização ( ) inovação ( ) exigência ( ) competência ( ) boa conduta pessoal ( ) bom humor ( ) criatividade 13. Por quanto tempo você ainda planeja continuar na docência universitária? ( ) Enquanto fisicamente eu for capaz. ( ) Até completar o meu tempo para aposentadoria. ( ) Continuarei na docência até que apareça algo melhor. ( ) Certamente deixarei a docência em breve. 14. Exerce outra atividade profissional além da docência?

( ) Sim ( ) Não 15. Em caso afirmativo assinale a opção que melhor reflete a sua realidade: ( ) empresário(a) na mesma área de conhecimento da docência. ( ) empresário(a) de outra área. ( ) profissional liberal na área de conhecimento da docência. ( ) profissional liberal de outra área. ( ) funcionário(a) público na área de conhecimento da docência. ( ) funcionário(a) público de outra área. ( ) funcionário(a) de empresa privada na área de conhecimento da docência. ( ) funcionário(a) de empresa privada de outra área. 16. Exercendo ou não outra atividade profissional além da docência, escolha a alternativa que melhor corresponde a sua percepção sobre o exercício paralelo das duas atividades:

( ) o exercício da docência enriquece o desenvolvimento de outra atividade profissional, no sentido da primeira implicar uma necessidade de atualização constante que beneficia outra atividade profissional.

( ) o exercício de outra atividade profissional enriquece a atividades docente, deixando de ser o ensino apenas a reprodução de conhecimento produzido por outros.

( ) outra atividade profissional desenvolvida em paralelo a atividade docente pode contribuir para a não profissionalização do ensino.

( ) o desenvolvimento paralelo da atividade docente e de outra atividade profissional pode produzir conflitos na identidade docente.

( ) em algumas áreas de conhecimento é essencial o exercício de outra atividade profissional.

( ) o status de ser professor universitário abre portas para o exercício de outra atividade profissional.

17. Se você tivesse que optar entre a carreira docente e outra atividade profissional, qual a alternativa que mais se aproxima da sua realidade:

( ) optaria pela docência como atividade única.

( ) as limitações nas condições de trabalho, o baixo rendimento econômico me levariam a optar

por outra atividade profissional.

( ) optaria pela docência, mas seria necessário oferecer condições, sobretudo econômicas. PARTE III 18. Em relação ao crescimento profissional, através da qualificação e capacitação docente, como avalia o ambiente acadêmico na Universidade? ( ) plenamente satisfatório, há investimento institucional no crescimento profissional

dos docentes, através do fortalecimento e estimulo à capacitação e à qualificação.

( ) satisfatório, com alguma possibilidade de crescimento profissional dos docentes através de incentivos à capacitação e à qualificação.

( ) parcialmente satisfatório, pois o crescimento profissional com a busca de capacitação e qualificação são iniciativas individuais dos docentes.

( ) insatisfatório, pois o baixo incentivo ao crescimento profissional, a capacitação e a qualificação torna o ambiente inóspito a profissão docente. 19. No âmbito do trabalho acadêmico, da atividade complexa e multifacetada que é o exercício profissional da docência na Universidade, avalie seu grau de identificação com a execução das seguintes dimensões:

Alta Identificação

Média Identificação

Baixa Identificação

Nenhuma Identificação

Exercício da Docência na Graduação, envolvendo o planejamento e avaliação de aulas, as orientações e supervisão de estágios.

Exercício da Docência na Pós-Graduação (Lato sensu), envolvendo o planejamento e avaliação de aulas e as orientações de monografias.

Exercício da Docência em Mestrado e Doutorado, envolvendo o planejamento e avaliação de aulas e seminários, as orientações de dissertação e tese.

Desenvolvimento de Programa/Projeto de Extensão (curso de formação ou capacitação, atendimento clínico/serviço à comunidade, empresas, órgãos públicos).

Desenvolvimento de Projeto de Pesquisa (coordenação, busca de financiamento, elaboração e divulgação de relatório, participação em redes cientificas de pesquisa e cooperação nacional e internacionais).

Produção Cientifica (elaboração e divulgação de relatório de pesquisa/extensão, artigos, livros, capítulos de livros em publicações nacionais e internacionais; invenções).

Participação na Administração Acadêmica (direção, coordenação, órgãos colegiados, membro de banca e comissão).

Participação em redes nacionais e internacionais de pesquisa e cooperação cientifica.

Captação de financiamento para pesquisa e extensão, negociação de projetos e convênios com empresas e instituições.

20. Das dimensões do trabalho docente descrita na questão anterior avalie, na sua opinião, o grau de prestígio que conferem ao professor como profissional: Maior Prestígio Menor Prestígio Exercício da Docência na Graduação. Exercício da Docência na Pós-Graduação. Exercício da Docência em Mestrado e Doutorado. Desenvolvimento de Programa/Projeto de Extensão. Desenvolvimento de Projeto de Pesquisa. Publicação de Produção Cientifica. Participação na Administração Acadêmica. Participação em redes nacionais e internacionais. Captação de financiamento para pesquisa e extensão.

21. Em relação trabalho docente na Universidade, indique sua posição quanto às afirmações:

Concordo totalmente

Concordo parcialmente

Discordo Discordo totalmente

A docência me completa como pessoa e profissional, e apesar da falta de algumas condições acadêmicas, sociais e econômicas, o ambiente universitário é propício à criatividade e à inovação. Sinto-me motivado.

Apesar do trabalho docente ser admirável, a inexistência de uma política de valorização e reconhecimento dos docentes são fatores que inibem minha atuação. Sinto-me desmotivado.

Sinto que estou engajado em atividades educativas voltadas para o efetivo desenvolvimento de futuros profissionais.

Estou desmotivado com o ensino, preferiria seguir a carreira profissional de pesquisador.

Sinto falta de preparo específico para o magistério superior, pois não há investimento institucional de aperfeiçoamento para a docência.

Sinto-me sobrecarregado em relação às atividades realizadas e não consigo me posicionar diante das pressões.

Na atual carreira docente universitária inexiste uma especificação clara das principais atribuições acadêmicas dos docentes e essa indefinição trás conseqüências negativas.

Ensinar é uma profissão que exige energia física e emocional. Estou esgotado.

A desvalorização profissional acadêmica passou a fazer parte do meu cotidiano negativamente, ocasionando sentimentos de desânimo, de apatia.

O ambiente acadêmico é muito competitivo e individualista.

22. No interior da universidade que estratégias utiliza para enfrentar os dilemas acadêmicos contemporâneas que podem afetar seu trabalho docente. Assinale a alternativa mais adequada ao seu comportamento. ( ) Concentro-me em minhas atividades e procuro preservar meu espaço não me envolvendo em questões de decisões políticas.

( ) Adoto uma postura de aparente neutralidade, mas internamente procuro não perder o controle diante das pressões.

( ) Busco compartilhar com meus colegas as situações que me incomodam, procurando na coletividade alternativas de superação.

( ) Procuro adaptar-me as exigências, há sempre margem de ação que dão uma relativa autonomia.

23. Em relação ao reconhecimento social da docência, nos aspectos que envolvem o prestígio acadêmico e a remuneração, assinale as alternativas que melhor expressam a situação atual na universidade:

( ) o prestígio acadêmico está longe de ser alcançado pela maioria dos docentes.

( ) a remuneração docente não com condiz com as atuais exigências impostas de eficiência no ensino, de envolvimento na pesquisa e de volume de produção acadêmica.

( ) a produção e divulgação do conhecimento estão intimamente associadas ao prestígio acadêmico docente. Quanto maior o volume de publicações mais elevado é o prestígio acadêmico.

( ) as dificuldades de publicação da produção acadêmica, de participação em eventos são fatores limitantes ao prestígio acadêmico.

( ) a remuneração não é satisfatória, mas muitos professores acabam aproveitando o prestígio acadêmico para incrementar seu orçamento financeiro.

( ) a imagem construída ao longo da carreira acadêmica é que confere o prestígio ao professor.

( ) a falta de formação para a docência compromete o prestígio acadêmico, quer o individual, quer o institucional.

( ) o prestígio acadêmico está também associado às políticas publicas do Ensino Superior, a valorização da profissão, ao reconhecimento dos direitos dos docentes.

24. Em face da realidade atual das políticas públicas, derivadas da reforma do Estado e do subsistema de Educação Superior, têm ocorrido nos últimos 10 anos modificações na carreira e no trabalho cotidiano do professor universitário. Qual a sua posição diante dessa afirmação?

Concordo totalmente

Concordo parcialmente

Discordo Discordo totalmente

É inegável o processo que conduz ao produtivismo acadêmico, à intensificação e precarização do trabalho docente. Estou pessimista quanto ao futuro da docência universitária.

As mudanças no processo acadêmico-científico e na organização da carreira docente são necessárias ao desenvolvimento de uma nova concepção de Universidade, e não implica necessariamente a precarização e intensificação do trabalho docente.

A conjuntura aponta para a gradativa redução salarial, para o aumento na relação professor/aluno e ampliação das exigências de produção no campo da pesquisa e da pós-graduação. Avalio muitas dificuldades, penso que são até insuperáveis em relação à autonomia docente.

Há modificações, mas não alteram de forma substancial a prática cotidiana docente, pois a maioria dos professores continua ministrando aulas na graduação e não se envolvem com pesquisa, pós-graduação e nem com a produção acadêmica.

25. Qual o grau de importância atribuída a cada uma das necessidades da docência universitária: Muita

importância Média

importância Pouca

importância Nenhuma

importância Disposição para aquisição de conhecimentos, competências próprias e formação específica.

Consideração do exercício da docência universitária como profissão.

Compromisso profissional, atitudes e normas de conduta adequadas às ações desenvolvidas.

Postura ética nas relações estabelecidas na academia.

Comprometimento no exercício das funções de planejamento, ensino e avaliação das aprendizagens.

Construção de redes de trabalho coletivas baseadas na partilha e no diálogo profissional.

Participação política e social no espaço público da educação.

Postura aberta para a reflexão e auto-reflexão pessoal e profissional.

Desenvolvimento de saberes relacionados com a prática pedagógica, envolvendo desde o “saber transmitir” até o motivar os alunos e entender como os mesmos aprendem.

Desenvolvimento de pesquisa acadêmica, fomentando a aliança entre educação e avanço do conhecimento.

Participação de órgãos de classe e associações profissionais demonstrando engajamento político profissional.

26. Freqüentemente o trabalho docente e a imagem do professor universitário são retratados pela sociedade, sobretudo através da mídia e da literatura. Muitas representações que circulam pela sociedade descrevem a condição pessoal/profissional do professor. Nas representações a seguir, indique o seu grau de identificação:

ALTA identificação

MÉDIA identificação

BAIXA identificação

NENHUMA identificação

O ensino e a pesquisa são as dimensões centrais do trabalho acadêmico.

A educação oferecida na universidade parece não estar mais dando conta de assegurar a formação necessária de um profissional crítico, atuante e criativo na sociedade.

A carreira profissional docente é afetada pela condição econômica e social dos professores.

Os professores universitários ainda desenvolvem suas práticas educativas baseadas na transmissão de conhecimentos, em um modelo reprodutivista.

Observa-se que a maior parte dos professores que vem atuando nas universidades não possui formação pedagógica para atuar no campo da docência, valendo-se do conhecimento específico como o principal esteio de sua docência.

Nos dias atuais são frágeis as condições de existência social, econômica e intelectual dos docentes universitários.

O professor universitário é mais valorizado quando está ligado à Pós-Graduação, pela atividade de orientação de dissertações e teses que realiza.

A docência universitária é complexa, sendo sua característica marcante a incerteza e a ambigüidade.

A imagem pública do professor universitário pode ser compreendida como a figura do trabalhador assalariado.

Nas universidades há baixa produtividade e seus professores são maus profissionais, comportamento próprio de quem não tem que prestar contas sobre o seu trabalho.

O prestígio do professor universitário alicerça-se, basicamente, nas atividades de pesquisa, incluindo as publicações e participações com trabalho acadêmico em eventos qualificados.

Ter muitos títulos acadêmicos confere ao professor uma boa imagem profissional, mas não dá garantia alguma de boa atuação em sala de aula.

Os professores universitários têm bom nível cultural e estimulam os alunos a apreciarem a literatura clássica, a música erudita e as artes.

As condições de trabalho acadêmico na universidade são inadequadas. Faltam investimentos em laboratórios, bibliotecas, materiais tecnológicos de ponta.

Um das características da profissão docente universitária é a de que os professores têm um nível econômico execrável, motivado pela baixa

remuneração, mas, por outro lado, um nível social elevado ligado ao conhecimento.

Termo de Consentimento livre e Esclarecido

Concordo em participar voluntariamente da pesquisa intitulada “Imagem e Identidade: estudo sobre o Professor Universitário”, como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a investigação, os procedimentos nela envolvidos, assim como sobre os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer penalidade. Obrigada pela sua participação!

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE CIENCIAS DA EDUCAÇÃO

QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS

Caro Aluno, Convido-o (a) a participar voluntariamente da pesquisa intitulada “Imagem e Identidade: um estudo sobre o Professor Universitário”, que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da Educação na Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. O objetivo da investigação é descrever e analisar a configuração identitária profissional do professor universitário e sua imagem socioprofissional no contexto das transformações ocorridas no ensino superior. Esta etapa da pesquisa envolve a aplicação de questionário a uma amostra de professores e alunos da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade da Amazônia (UNAMA), proporcional à totalidade de alunos e docentes de cada uma das instituições. As informações concedidas e a identidade dos participantes serão confidenciais e preservadas de identificação. Uma cópia da Tese com os resultados finais do estudo será entregue às instituições.

Agradeço sua colaboração, que deverá ser consentida, no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no final do questionário e disponibilizo o e-mail [email protected] e [email protected] para contato.

Atenciosamente,

Profa. Maria do Socorro C. Lima ICED / UFPA

1. Instituto de Vinculação

( ) Instituto de Educação Matemática e Científica - IEMC ( ) Instituto de Ciências da Arte - ICA ( ) Instituto de Ciências Biológicas – ICB ( ) Instituto de Ciências da Educação – ICED ( ) Instituto de Ciências Exatas e Naturais – ICEN ( ) Instituto de Ciências Jurídicas – ICJ ( ) Instituto de Ciências da Saúde - ICS ( ) Instituto de Ciências Sociais Aplicadas – ICSA ( ) Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH ( ) Instituto de Geociências – IG ( ) Instituto de Letras e Comunicação - ILC ( ) Instituto de Tecnologia - ITEC

2. Faixa etária:

( ) entre 17 – 20 anos ( ) entre 21 – 25 anos ( ) entre 26 – 30 anos ( ) acima de 31 anos

3. De modo geral seus professores:

Concordo plenamente

Concordo

Concordo parcialmente

Discordo

estão engajados em atividades educativas voltadas para o efetivo desenvolvimento de futuros profissionais.

influenciam positivamente a vida dos alunos através do trabalho acadêmico que desenvolvem.

participam de redes cientificas de pesquisa e cooperação nacionais e internacionais.

têm domínio do conteúdo em suas áreas de especialidade e estão atualizados.

São comprometidos no exercício das funções de planejamento, ensino e avaliação das aprendizagens.

são bons orientadores, pois indicam bibliografias atualizadas e corrigem de forma critica a produção acadêmica dos alunos.

estabelecem em sala de aula um ambiente acadêmico propício à criatividade e à inovação.

criam e participam de fórum on line de discussão com os alunos.

desenvolvem projetos de pesquisa e estimulam a participação dos alunos à iniciação cientifica.

são abertos ao diálogo com os alunos e atenciosos as sua necessidade.

têm prestígio acadêmico, desenvolvem atividades de pesquisa, incluindo as publicações e participações com trabalho acadêmico em eventos.

têm bom nível cultural e estimulam os alunos a apreciarem a literatura clássica, a música erudita e as artes.

apresentam uma postura aberta para a reflexão e auto-reflexão pessoal e profissional.

participam de órgãos de classe e associações profissionais demonstrando engajamento político profissional.

4 – De modo geral você:

Concordo plenamente

Concordo

Concordo parcialmente

Discordo

acredita que o exercício da docência no Ensino Superior é uma profissão de prestígio social.

observa que a maior parte dos professores universitários possui formação pedagógica para atuar no campo da docência.

julga que o comportamento profissional do professor universitário pode influenciar a valorização da profissão acadêmica.

avalia que ter muitos títulos acadêmicos conferem ao professor uma boa imagem profissional, mas não dão garantia alguma de boa atuação em sala de aula.

considera que as condições do trabalho acadêmico na universidade são adequadas ao bom exercício da docência.

observa que a administração universitária investe em laboratórios, bibliotecas, materiais didáticos e tecnológicos de ponta, e que esse investimento colabora no processo de ensino e de aprendizagem.

avalia que alguns professores universitários ainda desenvolvem suas práticas educativas baseadas na transmissão de conhecimento.

observa que a imagem pública do professor universitário pode ser compreendida como a figura do trabalhador assalariado.

observa que os professores valem-se do conhecimento específico como o principal esteio de sua docência.

considera a remuneração do professor universitário como satisfatória e adequada ao nível acadêmico docente.

Termo de Consentimento livre e Esclarecido

Concordo em participar voluntariamente da pesquisa intitulada “Imagem e Identidade: um estudo sobre o Professor Universitário”, como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a investigação, os procedimentos nela envolvidos, assim como sobre os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer penalidade. Obrigada pela sua participação!

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

Doutoramento em Educação

Especialidade em Administração e Política Educacional

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

ANEXO 2

Instrumentos de validação de conteúdo por especialistas

1. Instrumento de validação do questionário para os professores

2. Instrumento de validação do questionário para os alunos

UNIVERSIDADE DE LISBOA INSTITUTO DE CIENCIAS DA EDUCAÇÃO

INSTRUMENTO DE VALIDAÇÃO POR ESPECIALISTAS

(instrumento elaborado pela autora) Titulo da Tese: Imagem e Identidade: Estudo sobre o Professor Universitário Objetivo do instrumento: Identificar que sistemas de representação (imagens) sustentam a identidade de ser professor universitário, analisando em que medida e como as imagens (representações) sociais estão sendo incorporadas na configuração dessa identidade. Formato do instrumento: O questionário será eletrônico enviado por e-mail aos docentes 01. VALIDAÇÃO POR ITENS DO QUESTIONÁRIO – PROFESSORES

QUESTÕES ITENS MUITO ADEQUADO

ADEQUADO POUCO ADEQUADO

INADEQUADO

Questões1 a 9 não serão validadas por ser tratar de dados de identificação 1 2 3 4

Questão nº10

5 1 2 3 4 5

Questão nº11

6 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Questão nº12

11

1

2

3 Questão nº13

4

QUESTÕES ITENS MUITO

ADEQUADO ADEQUADO POUCO

ADEQUADO INADEQUADO

Questão nº14 Dicotômica (sim-não), condicionadora da questão 13 1 2 3 4 5 6 7

Questão nº15

8 1 2 3 4 5

Questão nº16

6

1 2

Questão nº17

3

1 2 3

Questão nº18

4

1

2

3

4

5

6

7

8

Questão nº19

9

1 2 3 4 5 6 7 8

Questão nº20

9 1 2 3 4 5 6

Questão nº21

7

8 9 10

1 2 3

Questão nº22

4

1 2 3 4 5 6 7

Questão nº23

8 1 2 3

Questão nº24

4 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Questão nº25

11 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Questão nº26

15

02. VALIDAÇÃO GERAL DO QUESTIONÁRIO - PROFESSORES

MUITO ADEQUADO

ADEQUADO POUCO ADEQUADO

INADEQUADO

03. SUGESTÕES PARA INCLUSÃO OU SUBSTITUIÇÃO

a) O senhor(a) tem alguma sugestão se aspectos que devam ser modificados ou incluído?

Sim ( ) Não ( ) b) Em caso de resposta afirmativa quais as sugestões? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ c) Recomendaria a exclusão de alguma questão? Sim ( ) Não ( ) Qual(is) : ____________________________ d) Considera adequado o formato das questões? Sim ( ) Não ( )

e) Se a resposta for negativa quais sugestões? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE CIENCIAS DA EDUCAÇÃO

INSTRUMENTO DE VALIDAÇÃO POR ESPECIALISTAS ( instrumento elaborado pela autora)

Titulo da Tese (provisório): Imagem e Identidade: Estudo sobre o Professor Universitário

Objetivos do instrumento: Evidenciar as concepções de sobre a docência universitária; Identificar as representações sobre o professor universitário Formato do instrumento: O questionário será eletrônico enviado por e-mail aos alunos 01.VALIDAÇÃO POR ITENS DO QUESTIONÁRIO – ALUNOS

QUESTÕES ITENS MUITO

ADEQUADO ADEQUADO POUCO

ADEQUADO INADEQUADO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

3ª queestão

14 1 2 3 4 5 6 7 8 9

4ª questão

10 *As questões 1 e 2 são serão objeto de validação por se tratar de dados de identificação

02. VALIDAÇÃO GERAL DO QUESTIONÁRIO - ALUNOS

MUITO ADEQUADO

ADEQUADO POUCO ADEQUADO

INADEQUADO

03. SUGESTÕES PARA INCLUSÃO OU SUBSTITUIÇÃO

f) O senhor(a) tem alguma sugestão se aspectos que devam ser modificados ou incluído?

Sim ( ) Não ( ) g) Em caso de resposta afirmativa quais as sugestões? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ h) Recomendaria a exclusão de alguma questão ( item)? Sim ( ) Não ( ) Qual(is) : ____________________________ i) Considera adequado o formato das questões? Sim ( ) Não ( )

j) Se a resposta for negativa quais sugestões? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Muito Obrigada!

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

Doutoramento em Educação

Especialidade em Administração e Política Educacional

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

ANEXO 3

Guião de Entrevista

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE CIENCIAS DA EDUCAÇÃO

Guião de entrevista com professores

I. Dados de identificação do(a) professor(a)

1. Entrevistado:

2. Idade:

3. Curso:

4. Formação:

5. Anos de docência no ensino superior:

6. Situação Funcional:

II. Concepção da Docência Universitária

Caracterização da docência universitária

Dilemas da docência universitária no cenário atual

Possibilidade da docência universitária

Orientação sobre a docência universitária

III. Transcurso profissional à docência universitária

Exercício de outra profissão

Exercício profissional concomitante ou anterior a docência universitária

Trajetória percorrida para a docência universitária

Preparação para a docência universitária

IV. Imagens da Docência Universitária

1. Imagem de si Percepção de si enquanto docente

2. Imagem do outro

Percepção da docência universitária na sociedade.

Percepção da docência pelos alunos

- Apresentação das perguntas

De que modo o senhor caracterizaria a docência universitária?

Fale-me sobre como se sente enquanto professor no cenário atual das

universidades? Enfrenta algum dilema?

Que possibilidades vislumbra na docência universitária?

Qual a sua opinião sobre exercer outra atividade profissional concomitante ou

anterior a docência universitária?

Qual a trajetória percorrida pelo senhor para se tornar professor na universidade?

E de que maneira se preparou para a docência? Como aprendeu a ser professor?

Orientaria alguns de seus alunos a seguir a carreira do magistério no ensino

superior? Que recomendações dar acerca da profissão?

Como o senhor se vê enquanto professor universitário?

Na sua percepção, qual a imagem que a sociedade tem da docência universitária?

E os alunos? Que imagens têm dos professores universitários?

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

Doutoramento em Educação

Especialidade em Administração e Política Educacional

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

ANEXO 4

Protocolo de validação das Entrevistas

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE CIENCIAS DA EDUCAÇÃO

Protocolo de Validação de Entrevista

Declaro para fins de validação do conteúdo da entrevista que, de acordo com o conteúdo transcrito e apresentado :

( )concordo com o uso dos depoimentos, garantido o anonimato, tanto para a Tese, como para os desdobramentos de sua publicação.

( )concordo com o uso dos depoimentos, garantido o anonimato, tanto para a Tese como para os desdobramentos de sua publicação, com as correções e ajustes que encaminho no documento – anexo 2.

( )não concordo com o uso dos depoimentos .

Nome:

Documento de Identidade (RG):

Email:

Telefone:

Assinatura:___________________________________________________________

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

Doutoramento em Educação

Especialidade em Administração e Política Educacional

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

ANEXO 5

Termo de Cessão de Direitos sobre Depoimento Oral e Escrito

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE CIENCIAS DA EDUCAÇÃO

TERMO DE CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL E ESCRITO

Pelo presente documento declaro, como depoente, que cedo e transfiro, neste

ato, gratuitamente, em caráter universal e definitivo, a totalidade dos direitos de autor(a)

sobre minha participação oral e escrita prestada perante a pesquisadora Maria do

Socorro Carneiro de Lima, no período de outubro a dezembro de 2010.

Este documento de cunho declaratório dar-se-á com referência à tese de

doutorado intitulada “Imagem e Identidade: um estudo sobre o Professor

Universitário”, de autoria da pesquisadora citada, da qual participo voluntariamente, no

processo de pesquisa desenvolvido pela autora.

Belém, ___________ de ______________ de 2010

______________________________________________ Nome do depoente

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

Doutoramento em Educação

Especialidade em Administração e Política Educacional

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

ANEXO 06

Termo de Consentimento livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE CIENCIAS DA EDUCAÇÃO

Termo de Consentimento livre e Esclarecido

“Imagem e Identidade: estudo sobre o Professor Universitário”

Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa “Imagem e Identidade:

estudo sobre o Professor Universitário”, que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da

Educação na Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. O

documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estou

realizando. Sua colaboração neste estudo será de muita importância, mas se desistir a qualquer

momento, isso não causará nenhum prejuízo a você.

Eu, ___________________________, residente e domiciliado na ______________________,

portador da Cédula de identidade, RG ____________ , e inscrito no CPF_________________

nascido (a) em _____ / _____ /_______ , abaixo assinado (a), concordo de livre e espontânea

vontade em participar como voluntário (a) do estudo “Imagem e Identidade: estudo sobre o

Professor Universitário”

O participante da pesquisa fica ciente:

I) O objetivo da investigação é identificar as representações do professor universitário,

analisando imagens sociais da docência incorporadas na sua configuração identitária.

II) Os dados serão coletados junto a uma amostra de professores e alunos da Universidade

Federal do Pará (UFPA) e Universidade da Amazônia (UNAMA), através da aplicação de um

questionários.

III) Os participantes da pesquisa são voluntários, não sendo obrigatório à participação.

IV) A participação na pesquisa, como respondente do questionário não tem outro objetivo senão

o da coleta de informação sobre o tema em estudo, bem como não causará a você nenhum gasto

com relação ao estudo.

V) O participante da pesquisa tem a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste

estudo no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação.

VI) A desistência não causará nenhum prejuízo ao participante.

VII) O presente estudo sobre o Professor Universitário tem a finalidade estritamente acadêmica,

esperando contribuir para um maior conhecimento da temática estudada.

VIII) Os participantes da pesquisa deverão assinar o formulário de consentimento livre e

esclarecido, que consiste em instrumento para obtenção da anuência à participação, esse

instrumento tem como objetivo principal à proteção destes participantes.

IX) Um protocolo de identificação e intenção fará parte dos instrumentos de coletas, para

esclarecer ainda mais o participante sobre os objetivos do estudo, a sua importância.

X)Como se trata uma pesquisa destinada à elaboração da tese de doutoramento, ela visa

beneficiar a comunidade acadêmica e, no sentido mais amplo, a sociedade com os resultados

alcançados, quais quer que sejam.

XI) O participante da pesquisa não receberá remuneração e nenhum tipo de recompensa nesta

pesquisa, sendo sua participação voluntária;

XII) Todo o material coletado, assim como os nomes dos participantes, serão resguardados pelo

sigilo;

XIII) O participante da pesquisa concorda que os resultados sejam divulgados em publicações

científicas, desde que seus dados pessoais não sejam mencionados;

XIV) A apresentação e defesa serão públicas e poderá também ser objeto de participação em

eventos nacionais e internacionais.

XV) Caso o participante da pesquisa desejar poderá pessoalmente, ou por meio de telefone

entrar em contato com o Pesquisador responsável para tomar conhecimento dos resultados

finais desta pesquisa.

( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa. ( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.

Belém, de de 2010 Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas. Desta forma, aceito participar da referida pesquisa. Assinatura do Participante da Pesquisa: ___________________________________________ Responsável pelo Projeto: ______________________________ Profa. Maria do Socorro Lima Pesquisador Responsável Contato do Pesquisador: (91) 4009 3165 – [email protected] e [email protected]

UNIVERSIDADE DE LISBOA

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Doutoramento em Educação

Especialidade em Administração e Política Educacional

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

ANEXO 07

Protocolo de aprovação do projeto de pesquisa no Comitê de Ética

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

Doutoramento em Educação

Especialidade em Administração e Política Educacional

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

ANEXO 08

Certificado do protocolo da pesquisa junto ao Comitê de Ética

UNIVERSIDADE DE LISBOA

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Doutoramento em Educação

Especialidade em Administração e Política Educacional

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

ANEXO 09

Grelha Categorial de Análise das Entrevistas

GRELHAS CATEGORIAIS

CATEGORIA I – Concepção da Docência

Caracterização da docência universitária

Dilemas da docência universitária no cenário

atual

Possibilidade da docência universitária

Orientação sobre a docência

PEDRO

A docência existe para desenvolver os seres humanos, a comunidade, atuar dentro desta comunidade, fazer esta comunidade crescer seja com projetos, extensão, pesquisa.

...por essa politicagem toda que ocorre nos ministérios, essa aceitação das políticas dos organismos internacionais. Essas interferências sem medidas que exige de nós um desdobramento para atender a política da produtividade. Este é nosso maior dilema.

Nós, professores estamos muito na sala de aula. Acho que o desafio da docência na universidade é discutir e encontrar soluções ou formas de minimizar os problemas que a gente vive, nas mais diferentes áreas.

Demonstro-lhes que os docentes têm que ter uma interação com os seus alunos. Têm que ser ousado e propor coisas novas, ser uma pessoa que propõe possibilidades, além de um indivíduo extremamente criativo, com elevado conhecimento cientifico e cultural.

ANTONIO Distinguir-se pela forte necessidade de constante atualização e qualificação docente. Entretanto, envolve aspectos pedagógicos, de qualificação e de infra-estrutura.

Sinto-me por vezes incomodado com as mudanças constantes que afetam as minhas atividades. Incomoda-me a crescente massificação do ensino superior e os dilemas, em decorrência disso, se apresentam cotidianamente. A própria consideração da docência como profissão ainda não é totalmente aceita, por vezes, sinto-me mais profissional quando estou a

Apesar da crescente desvalorização dos professores, vislumbro perspectivas boas, com a possibilidade de crescimento pessoal e profissional, com a melhoria e investimento institucional e a consagração da autonomia universitária

Entendo que para seu um bom docente, principalmente em uma área técnica como o marketing, é preciso primeiramente seu um profissional qualificado e com experiência e infelizmente a academia não proporciona a experiência necessária. É preciso atuar diretamente com o mercado. O Marketing é uma ciência

realizar algum trabalho extra, de consultoria

que não tem como objetivo a exatidão, mas para chegar ao sucesso não basta apenas conhecer a ciência, deve-se usar com sabedoria tudo o que está disponível no mercado, copiar é muito fácil, roubar idéias dos outros é simples, mas ser um profissional de Marketing legítimo é duro e trabalhoso, faz com que os estudos sejam constantes, a busca por informações é parte do que mais agrada ao trabalhar com o Marketing, pois não existe sorte sem trabalho, e em 95% dos casos o Marketing funciona perfeitamente pelos estudos, conhecimentos, dedicação e sabedoria aplicadas em cada dado coletado. Por isso, antes de indicar a docência como caminho profissional, digo aos alunos que primeiro devem ter muita experiência profissional.

THIAGO Penso que a docência também está relacionada com a forma como tu te

A crise da universidade me atinge e houve um momento que eu não estava mais

Parece que eu estou vislumbrando uma certa renovação.(...) Essas

O que eu digo sempre para os alunos em sala de aula e que eles tem que se torna

relacionas com a instituição onde tu estás. Isso influencia a tua atuação docente, a tua inserção na instituição, a forma como a instituição se relaciona contigo, a concepção que a instituição tem em relação a ensino, o lugar do ensino nessa instituição.

fazendo o que tinha que fazer que era dar aula direitinho, cumprir toda burocracia e aquilo começou a me deixar muito mal porque não tem a ver comigo, mas começou a acontecer, não tinha vontade, diminuía as aulas, terminava antes, não conseguia. Mas isto não sou eu.(...) Acho que nós estamos vivendo um momento muito específico, que atinge e compromete a prática docente.

mudanças que a gente está tendo em termos de concepções, com os novos direcionamentos, essa coisa de conseguir me relacionar mais, sair da disciplina, me inter relacionar com outras áreas do conhecimento e questionar mais isso.(...) Às vezes eu acho os professores na universidade, têm uma teorização que não condiz com a realidade, com as necessidades sociais, com o conhecimento produtivo.

um profissional, mesmo que ele seja autônomo, seja empregado, e que devem responder às demandas sociais e aí eu não sei até que ponto isso está na cabeça deles. Se entrarem para a docência é conseqüência.

RUTH A docência deve ser caracterizada pela dedicação, compromisso e empenho com a realização do trabalho que realizam nas universidades. Deve também manter uma postura crítica e desafiadora frentes os recentes contornos políticos que as instituições vem adotando em face das políticas. intervencionistas e manipuladora do Estado.

Muitos são os dilemas. Entre eles destaco a intensificação do trabalho docente a exemplo o aumento da carga horária de trabalho com planejamento, correções, estudos, reuniões, exigências burocráticas para além, muitas vezes, do suportável; a crescente desvalorização que envolve desde uma formação continuada inadequada, pois na maioria das vezes não atende às suas necessidades, interesses até a falta ou precariedade de recursos materiais, bibliográficos,

Entre as possibilidades para a docência universitária destaco trabalhar com a perspectiva de coletividade junto ao conjunto dos professores dos cursos na reconfiguração de um currículo que efetivamente inspire ações interdisciplinares que exigem diálogo e parceria.

não orientaria para diretamente ingressarem na docência do ensino superior, pois apesar de atuar em um curso de formação de professores, a grande maioria dos alunos nele inseridos não têm qualquer experiência com a docência. Eu diária até que quase nenhuma intenção em atuar como professores. Para alguns foi a maneira de entrarem no ensino superior e darem uma satisfação imediata em casa, mas pretendem

tecnológicos que enriquecem e complementam seu trabalho, passando pelo número de alunos em sala de aula, assessoramento pedagógico, salário; a falta de incentivo e investimento na pesquisa, ou quando estes existem é para as áreas “prioritárias”, as que tem maiores repercussão e podem gerar mais investimento para a instituição, o que provoca a desmotivação, o desestímulo do professor para tal; o despreparo dos alunos para o enfrentamento com o ensino superior,

buscar outra formação profissional. Então, não vejo sentido nessa abordagem.

ANA a docência deve envolver todas aquelas competências, habilidades para a formação do aluno, visando sua atuação futura. Penso que o docente universitário deva priorizar que o aluno tenha uma visão crítica do mundo, assim como uma leitura crítica dos fatos, mas que isto não seja sua maior preocupação.

eu diria que são situações conflitantes e que cabe a nós entender os prós e os contras. Existe com certeza a questão da competição e da falta de cooperação. Essa seria uma delas. Há também discussões sobre o numero efetivos de horas-aula que o professor tem que cumprir; o caráter não explicitado de todo o restante de atividade que tem que cumprir. Há sem dúvida um acréscimo, uma intensificação do trabalho

Tenho esperança que sim. Como eu trabalho em curso de formação técnica eu tenho priorizado que os alunos estejam preparados instrumentalmente para ser um excelente profissional. Eu tenho me atualizado regularmente, principalmente na área pedagógica e acredito que estou hoje em dia num caminho bem melhor no sentido de avaliar. Esse caminho melhora a minha

Tenho como foco a formação do profissional de fisioterapia, de um sujeito com competência e responsabilidade social. Então, penso que as duas formações não são excludentes. Entretanto, creio que nem todos estão para a docência, assim como para qualquer profissão. Tem que haver aquela inclinação, pois nem todo bom profissional será um bom professor.

docente que assombra as atividades cotidianas.

docência e de modo geral a universitária em si. Há de haver também melhor investimento institucional na nossa formação pedagógica, investimento e melhoria na carreira docente.

Entendo que aos professores, na universidade, cabe conduzir a formação do profissional, mas no sentido de que eles mesmos, tendo como base essa formação, possam fazer as suas próprias opções de carreira.

MARIA Caracterizo como qualquer outro profissional, que deve ter comprometimento e dedicação no seu fazer. Como formador de profissionais, o docente universitário precisa estar constantemente revendo suas práticas pedagógicas, e neste ir e vir é que está à possibilidade de reconstruir sua atitude docente, como também, o contexto em que atua, principalmente quando tem a possibilidade de estar trocando, conversando, com os demais professores e alunos, ou seja, na especificidade das situações vividas na prática pedagógica, os professores devem estabelecer relações

O ambiente na universidade já não é mais o mesmo de quando entrei, e isso não saudosismo, pois acredito na evolução, o que quero dizer e que já esta um pouco demais tanta pressão. É publicação, produtividade, pesquisa, atividades representativas, colegiadas, funções administrativas, entre tantas outras que é difícil enumerá-las aqui.

Vislumbro crescimento e valorização na carreira. Entendo que o quadro atual é passageiro e que tomaremos rumos melhores. Percebo que os professores buscam cada vez mais se aperfeiçoar. Sinto que há uma preocupação maior com a forma de ensinar, com as pedagogias ou com o que podemos chamar de uma pedagogia universitária. Hoje conversamos mais entre nós, trocamos mais idéias e informação, ou seja, há uma relação de partilha, principalmente no campo da pesquisa.

Além de conhecimento e domínio de conteúdo, é responsabilidades do professor ser exemplo para os alunos não só nas questões éticas, mas também profissionais. O professor tem obrigação de ser um profissional de mercado muito capaz em sua área, para que os alunos também assim o queiram ser.

pessoais, interpessoais e sociais, com a intencionalidade pedagógica e educativa.

JOÃO A docência universitária tem que passar pelo domínio do conhecimento do assunto que vai ser ministrado. No meu entendimento, isso vem antes, inclusive, de aspectos didáticos. Creio na docência como uma alternativa ao conhecimento produzido pela televisão e principalmente pela Internet. É tarefa árdua transformar as informações trazidas pelos alunos em conhecimento. Desenvolver pontos de vista é a razão de ser da sala de aula universitária. Discutir temas não é uma questão meramente pessoal, é antes defender razões e crenças. A docência se caracteriza pelo compromisso com o conhecimento. Se a docência universitária não trabalhar nesta perspectiva muito pouco tem a

Acho que um dos dilemas que enfrento é ser menos professor e mais administrador. E o cenário da universidade é esse. A docência em si fica de lado. Tudo é política, ajustamento às políticas e envolvimento político partidário. Passamos a maior parte do tempo lutando com a burocracia interna e ainda se tem que ir atrás de financiamento para pesquisa, percorrer os editais das agências e produzir para poder dar aulas na pós-graduação. Sinto que minha participação poderia ser mais efetiva, mas não ambiente comunitário para que isso ocorre.

Nós professores temos que ter melhores condições de trabalho. E isso vai desde a remuneração à carga de hora aula, a possibilidade da pesquisa e da extensão. Há tanto que fazer....

Dificilmente conheço bem os alunos. Não é um assunto tratado em sala. Percebo que uma grande parcela dos alunos não vai para uma carreira acadêmica e, quase com certeza, não vão para um mestrado ou doutorado. Então temos em sala de aula um aluno que provavelmente esteja estudando formalmente pela última vez.

assegurar aos alunos. SARA Para mim, docência

universitária é a atuação institucionalizada de um professor, capacitado para tal, de modo a apresentar o conhecimento já consagrado em uma comunidade e envidar esforços, junto com seus alunos, na busca de novos conhecimentos e alternativas de solução para os problemas que o mundo enfrenta hoje. Caracterizo a docência universitária como uma atividade responsável, atualizada e provocadora de idéias, alternativas, postura diante do conhecimento e crítica consciente.

O Cenário no ensino superior padece com o enriquecimento das universidades particulares em oposição ao baixo poder aquisitivo da grande maioria de seus alunos; com o retórico acesso ao ensino superior público por alunos advindos das classes mais privilegiadas; pela tecnologização de alguns cursos e as dificuldades de toda a espécie que as licenciaturas enfrentam; pelo descompasso entre os cursos oferecidos pela universidade e o mercado de trabalho necessário para o real crescimento de uma comunidade; pelo evidente e crescente aumento da carga de trabalho dos docentes.

Sim. A docência universitária apesar da crescente dificuldade que atravessa, pelos dilemas que expus e outros, continuará, pois tem um compromisso ético com a sociedade, afinal ela existe em função de uma sociedade, sendo ela que organiza o conhecimento cientifico, que disponibiliza de certa forma esse conhecimento para a comunidade. Essa é a minha esperança.

Considero relevante na atuação acadêmica à coerência entre o discurso e a ação. Por isso orientaria-os a priorizar, em sala de aula, o desenvolvimento da criticidade, tendo em vista situações reais de nosso cotidiano.

PAULO Caracterizo a docência universitária como um grande desafio. Os alunos chegam à universidade sem saber coisa alguma, parece que não passaram pela educação básica. Não têm noções básicas. Isso é muito mau para o professor. Daí o desafio de

Eu acho que a docência universitária meio que se perdeu, de como ela era vista e de como ela está hoje, descaracterizada e invertida. Às vezes desvirtuou o sentido da universidade. O nome diz por si – Ensino Superior – mas o que fazemos de realmente de superior nesse

Eu acredito que nós teríamos muito mais possibilidades, se fosse resgatado o sentido da universidade e conseqüentemente da docência. Que realmente a universidade fosse vista como um meio de se chegar a um fim, que fosse

Falo sempre a eles da importância de atuar em todos os níveis de ensino e da importância do docente de matemática ser qualificado e competente. Sempre os estimulo a prosseguir nos estudos e ir a busca de titulação e

tentar fazer com que eles cheguem ao nível esperado no ensino superior.

processo se temos que lidar com alunos com grandes deficiências.

uma instituição que realmente estivesse a serviço da comunidade e não ficasse só neste mundinho restrito, reduzida a pesquisa muita vezes sem essência nenhuma.

qualificação.

MATEUS hoje nós temos os professores das diferentes áreas da saúde com uma inserção muito importante na área pedagógica e isto tem feito sem dúvida diferença na formação do nosso egresso. Os docentes passaram a ter uma visão muito maior em termos pedagógico, especialmente no momento em que passa da questão somente ensinar uma prática para um processo de aprender a aprender. Eu acho que isto é um grande ganho, as Diretrizes Curriculares Nacionais que foram avanços sem dúvida nenhuma para a docência universitária. É nessa perspectiva que caracterizo a docência, com o compromisso.

Então a transformação da universidade, da prática docente, é uma necessidade imperiosa. Na área da saúde e na Odontologia, o grande dilema que nós vivemos é de tu fazer com que o aluno compreenda que a formação dele é maior do que boca e dentes.

Eu acho que a gente tem hoje um grupo de professores que estão mais bem qualificados, que fazem pesquisa e que a produção científica tem ampliado. Eu acho que a docência na área da saúde começa a ter a compreensão de que seu papel é muito maior que formar um técnico. Tornam-se docente 40horas, fazendo pesquisa, a profissão dele é docente universitário. Mesmo que isso implique abdicar de algumas coisas, pois a docência não nos dá suficientemente recursos financeiro, comparando com outras áreas profissionais, mas eu vejo que pelo nos últimos dez anos houve um crescimento nesse sentido.

Dentre os elementos que envolvem a docência um deles é a compreensão por parte do docente das suas limitações em termos de conhecimento, forçando que ele sempre busque se reciclar, se aprofundar no conhecimento. Diria isso a meus alunos, mas não percebo neles a inclinação para esse caminho profissional.

CATEGORIA II – Trajetória da Docência

Sub-categoria 2.1 – A inserção na docência

Exercício de outra profissão Exercício profissional concomitante ou anterior a docência universitária

Trajetória percorrida para a docência universitária

PEDRO Não, sou professor em tempo integral.

Entendo que o mais relevante é o compromisso que devemos ter com o aprendizado do aluno

Em primeira foi o envolvimento com a pesquisa, que na área que atuo é essencial. Sem a pesquisa não há o que ensinar aos alunos. Entrei na universidade como docentes, logo após a conclusão no meu curso de pós-graduação. Depois a busca de qualificação, através do mestrado, do doutoramento, pude ascender na carreira docente. Também busco atualizar-me constantemente, participar de eventos e com publicações. Entendo que o profissional tem que estar preparado. Infelizmente, pelos inúmeros afazeres por vezes dificulta desenvolver esse aspecto da docência.

ANTONIO Infelizmente não, pois tenho um contrato de trabalho que não me permite ter outro vinculo empregatício, mas faço alguns trabalhos de consultoria, o que é muito gratificante

não há duvidas de que foi muito importante ter tido esta experiência anterior para o desempenho da minha atividade docente

Iniciei minha atividade como profissional de marketing. O marketing é feito de inovações e, portanto, de riscos. Nele devemos recusar duas posições extremas. Uma é não estudar o mercado e confiar apenas na nossa intuição ou experiência e a outra é explorar indefinidamente os estudos e praticar um marketing de gabinete. Essa posição me fez buscar um curso de mestrado. Após o mestrado, na verdade

durante o curso, achei que a docência poderia ser uma alternativa para continuar aliando essa posição. Assim inscrevi-me no concurso e aqui estou a mais de quinze anos.

THIAGO Sou terapeuta, tenho um consultório Isso é extremamente necessário na psicologia. Sim, também é relevante em todas as áreas.

Era um desejo antigo que guardo desde a minha infância, mas a oportunidade de mais uma profissão influenciou meu ingresso na docência, aí quando decidi que era a hora fui atrás de cursos de pós-graduação e com o mestrado consegui ingresso na docência. A docência me auxilia muito na carreira profissional, a questionar aquilo que eu sei, a me perguntar outras coisas, até querer buscar outras coisas.

RUTH Sim, fui professora no ensino fundamental, diretora de escola e assumi atividades de supervisão escolar.

Em algumas áreas acho que deveria ser condição para o exercício da docência universitária, para outras acho que é dispensável, mas, todavia do ponto de vista da relação teoria-prática acho relevante ter experiência profissional, pois hoje, mais do que nunca, é preciso recuperar o sentido de unidade, de totalidade, uma vez que nenhuma forma de conhecimento se dá de modo aleatório, sem integrações, interações, vinculação com outras formas de conhecimento. Entendo que a docência deve ter prioridade como atividade profissional para que ela possa ser desenvolvida com seriedade e

O percurso percorrido por mim foi trilhado por minha consciência de ser um profissional de educação e nunca ter me desviado da prática pedagógica, ao contrário, exigiu que eu assumisse cada vez mais um compromisso social. Assim, entendo que o ingresso na universidade foi conseqüência desse compromisso que me fez sempre ir a busca de qualificação e melhoria da minha prática. Ingressei por concurso público.

competência. ANA sim, no inicio da minha careira

profissional trabalhei como fisioterapeuta em um hospital e também em uma clinica.

Acho que o professor deve ter dedicação integral à docência, porém entendo que a minha experiência foi também muito importante. A vivência nos dá confiança, a mim foi importante.

Na época que fazia o curso de mestrado, fui incentivada por um professor que achava que eu tinha jeito para ministrar aulas. Também fui monitora na época da graduação e gostei muito da experiência.

MARIA Trabalhei na Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia como técnico na área de formulação de planos e diretrizes para o desenvolvimento regional.

A experiência profissional, no meu caso, possibilitou ter um conhecimento prático do conteúdo que ministro em sala de aula, com capacidade de através das associações mostrar a importância do conteúdo da minha disciplina para o profissional que está se formando. Toda a teoria da sala de aula se transforma em prática com os exemplos que posso dar com base na minha experiência prática.

Iniciei a carreira docente num período de substituição de um professor na universidade, que coincidiu justamente com a conclusão da minha especialização. Na ocasião já tencionava dar continuidade na minha qualificação, com o mestrado. No período como professora substituta, dois anos, fiz a seleção para o mestrado e logo após o concurso para professor auxiliar.

JOÃO Sou sócio em um escritório de advocacia.

Não, o escritório foi posterior, já estava há uns anos aqui, mas antes também já havia trabalhado como funcionário do governo do Estado, na Secretaria do Trabalho.

Acho importante. É uma troca, a docência não traz clientes para o escritório, mas como necessariamente tenho que estar atualizado acaba por beneficiar e as causas que são tratadas nele também acabam por ser debatida em sala.

Entrar para a universidade era um desejo latente. Meu pai foi professor dessa universidade. Quando trabalhava na Secretaria tinha um colega que era professor e me falou da abertura de um concurso. Daí para diante foi percorrer o caminho que todos fazem. Na época, não era exigida titulação o que tornou a seleção de certa maneira mais voltada para a docência propriamente dita. Já dentro da academia fui, oportunamente, fazendo os cursos de pós-graduação. A academia de certa maneira te cobra isso. Enfim tornei-me professor sendo

professor. SARA sim, fui professora da educação

básica por 10 anos, tanto em escolas publicas como em privadas.

Na especificidade da disciplina que ministro, na minha área de pesquisa, não faz diferença ter ou não experiência. Não trabalho com as metodologias, mas acho que em algumas disciplinas ter experiência profissional auxilia na condução da docência.

Não muito diferente de outros, entrei na universidade através do concurso público. Sempre almejei ser professor na universidade e me preparei para isso, na verdade nunca sai da universidade. Fiz a licenciatura no curso de Letras, logo em seguida uma especialização, posteriormente o mestrado e foi nessa época que fiz o concurso, um pouco depois de ter concluído.

PAULO Eu sou professor de Ensino Médio, mas iniciei minha carreira docente no ensino fundamental, e lá fiquei por muitos anos.

Acho que a experiência profissional na área de conhecimento da docência deveria ser critério na seleção dos docentes.

Eu considero que me fiz docente universitário sendo docente do fundamental. Como te falei, sou professor do ensino médio e já trabalhei com o fundamental, também já dei aulas em cursinho, mas essa não foi uma boa experiência. A entrada na docência no ensino superior foi por intermédio de um colega. Fiz a seleção. Eu vejo que quando eu comecei na Universidade, faz uns dez, onze anos, doze, isso. Há doze anos atrás nós trabalhávamos com alunos mais maduros e então tu eras um docente universitário em todos os sentidos. Éramos mais docentes universitários do que agora. Tenho essa impressão porque os alunos vinham mais sedentos, não sei se porque na época muita gente mais madura tinha vindo para universidade, mas parece que podíamos avançar mais, aprofundar mais, ter

melhores bases de discussão, os alunos eram mais críticos. Hoje eles não querem muito compromisso, eles não querem muita discussão.

MATEUS Sim, trabalhei com consultório muitos anos, mas hoje tenho só me dedico à docência.

Acho que a experiência profissional é imprescindível para a realização da docência. A ligação teoria prática fica mais real e participativa se o docente tem vivência.

Como falei anteriormente, trabalhei muitos anos no consultório, em uma clinica cooperada que recebia alunos estagiários. O contato com seus supervisores me levou a universidade e depois fui contaminado pela docência. Me vejo mais docente do que odontólogo.

CATEGORIA II – Trajetória da Docência

Sub-categoria 2.2 – preparação à docência

Preparação para a docência

PEDRO

Passamos boa parte da vida na escola, na universidade, é impossível que não aprendamos a distinguir os professores competentes, os bons, assim como a má prática. De tudo isso se tira uma maneira própria de ensinar, uma metodologia sua.

ANTONIO não foi ao acaso, pois eu quis ser docente, então busquei me preparar por meios de cursos. Também estou sempre atento às inovações, procuro e faço os cursos que a própria universidade oferece, participo em eventos e sempre estou atento na prática que observo, pois aprendemos mesmo com a prática dos outros, com as boas práticas. Gosto de inovar nas aulas, de propor coisas novas e o prepara é essencial para que eu possa dominar o que faço

THIAGO O curso de pós-graduação em docência no ensino superior foi muito importante. Tu aprendes muita coisa, mas também observa a prática dos teus professores. Acho que esse foi meu caminho inicial, o resto veio com a prática, mas sempre me pergunto se estou fazendo a coisa certa, me questiono o tempo todo.

RUTH A minha vida todo é de preparação para a docência. Não vejo grande diferença de ser docente na universidade ou em uma escola. As dificuldades são quase da mesma ordem, o empenho deve ser o mesmo, pois afinal o que se quer é contribuir na formação dos alunos.

ANA Sempre busquei me aperfeiçoar, participar em eventos e ações de formação promovidas pela universidade. Claro que por vezes a falta de tempo por excesso de atividade me impede de participar de coisas que seriam bem proveitosas para a minha prática docente, mas no geral preocupo-me se estou ensinado bem, se meus alunos estão aprendendo e como posso melhorar.

MARIA Observando bons professores. Minha referência inicial foi os professores que tive, então tentei imitá-los. Depois com o tempo fui trilhando meu próprio caminho, construindo minha prática docente. Também busquei me prepara com leituras e as conversas com os colegas sempre é de grande auxílio.

JOÃO De inicio acho que o mais importante é ter domínio do conteúdo, o conhecimento é o que te dará confiança para o exercício da docência. Uma boa oratória também é relevante, prende a atenção dos alunos. Uso a aula expositiva e discursiva, pois trabalho com a legislação é não há muito que inventar.

SARA É ate engraçado, mas foi mesmo assim. Claro que teve o período de estágio e se me recordo bem, foi uma boa experiência, mas não é a mesma coisa. Também fui monitora tanto na graduação como no mestrado e isso também foi importante. De toda maneira acho que iniciei a docência tendo como referência a prática de dois

professores, um da graduação e outro do mestrado. Eles foram excelentes professores, organizados, didáticos, amigos e profissionais no que faziam. Já na academia foram sempre eles que me auxiliaram no inicio, me apoiaram e me trouxeram para o circuito da docência na pós-graduação. Foram eles meus espelhos, minha referência.

PAULO Como te falei, já era docente antes de entrar na universidade e continuo a ser no ensino médio, então não posso dizer que fiz preparo especifico.

MATEUS No inicio não foi tão fácil, mais tive apoio de um colega e isso foi muito importante. As coisas foram acontecendo e eu me tornei o professor que hoje sou. Todos temos referências dos professores que passaram em nossas vidas e que marcaram positivamente, mas há os que foram experiências negativas, e também tento não cometer os mesmos erros. Acho mesmo que é isso, temos na memória os bons e maus professores e esse é um recurso do espelho ou algo parecido com isso.

CATEGORIA III – Imagem da docência

Sub-categoria 3.1 - Imagem de si

Percepção de si enquanto docente PEDRO Não há dúvidas de que há alguns enfrentamentos na docência universitária. O ser humano é bastante

diversificado. Quando estou na sala de aula os alunos, cada um deles tem seus pontos de vista, suas experiências anteriores. Eu considero a docência universitária uma profissão, uma qualidade, de extrema importância e de extrema responsabilidade. Sinto que contribuo e que pertenço a um grupo seleto.

ANTONIO Por mais que seja um trabalho duro, torna-se prazeroso a docência, é um exercício a mente, ao coração. Como professor de Marketing tenho a obrigação de conhecer muito bem o que estou fazendo e trago comigo o conhecimento adquirido ao longo do tempo, das pesquisas elaboradas, do fazer o certo da forma certa e não achar ou ter sorte, porque achar não é ser competente, ter sorte é trabalhar duro e não simplesmente jogar com as coisas para cima dos alunos. Acho que tenho uma imagem muito positiva ( risos), mas sou suspeito para falar, mas me avalio de uma forma positiva, de um profissional de Marketing competente.

THIAGO O momento que estou vivendo hoje é para me perguntar sobre como ensinar, o que fazer, como e quem eu estou formando, como estou administrando isso. Eu estou muito na batida de quem está fazendo pesquisa, que está se perguntando sobre essas questões e isso talvez esteja refletindo, mesmo que não diretamente, no conteúdo que estou trabalhando. Talvez eu esteja nesse impasse e isso aparece na sala de aula, de questionar o que eu estou desenvolvendo.

RUTH Nesse contexto acho que, apesar das dificuldades sou uma profissional bem sucedida. Tenho compromisso e dedicação com o que faço e busco contribuir na formação dos meus alunos. Tenho um papel social a cumprir que envolvem questões éticas e compromisso com a ciência, além do empenho em contribuir na formação do ser humana, do cidadão.

ANA Como um profissional que gosta do que faz. Sinto-me totalmente envolvida pela docência, com a responsabilidade de forma profissionais que façam a diferença no mercado de trabalho. Ainda ouço algumas pessoas e até familiares falarem que tenho uma “boa vida” por ser professor na universidade, querendo dizer que é uma profissão “fácil”. Isso por que tenho, de certa forma, maior facilidade em gerir meu tempo. Acham que é só chegar na sala de aula e ministrar as aulas. Eles não têm conhecimento das horas que me dedico a prepará-las, nos estudos e pesquisa que desenvolvo, nas infindáveis reuniões de congregação de curso, nas exigências de publicações e nas pressões internas. Enfim em tudo que envolve a academia.

MARIA A docência é uma profissão que me satisfaz plenamente. Sem dúvida é um trabalho cansativo que toma todos meu tempo, pois alem de preparar as aulas, estou envolvido em pesquisa e em produzir textos e artigos, mas não o faço como obrigação, não entro no circuito de produtividade de alguns colegas. Sinto-me cotidianamente desafiada e estimulada a mediar a construção do conhecimento com meus alunos, perceber suas reais necessidades.

JOÃO Como um bom profissional e com muita responsabilidade. Gosto de ser professor e sou dedicado Na minha aula eu priorizo o conhecimento.

SARA Como um profissional, com qualificação. Procura a mediação do conhecimento, que só pode ser feita mediante o uso do discurso.

PAULO Eu tinha vontade de expandir essa minha docência. Ter outras experiências, até em outras universidades,

mas eu sinto que está tão difícil, até pela minha formação. As licenciaturas estão passando por uma crise muito grande e eu nem sei se é crise, porque crise vem e passa, não sei se não é caos. Não sei se esta crise vai passar e nós vamos voltar a ter esperanças numa licenciatura. Mas eu vejo que o sistema não nos ajuda, enquanto professor de uma licenciatura. Já fomos mais valorizados enquanto formadores de professores. Isso dá uma tristeza porque tu vês que o pessoal quer, mas não tem tesão para vir. É um balde de água fria em cima do outro. A mídia não nos ajuda em nada e ainda nos atrapalha. Quando faz uma reportagem é para meter pau e estragar tudo. Nunca tem nada bom. As universidades têm professores ótimos e isso não aparece. Aparece o que é negativo e isto é uma defasagem na nossa imagem.

MATEUS O grande desafio para mim é conseguir fazer para esse aluno o que meus professores não fizeram comigo, na minha formação. Penso que meu compromisso ultrapassa a mera formação prática para um exercício profissional, pois busco forma o profissional que enxergue o ser humano por trás de uma boca. Assim que me vejo, como um professor que se constrói a cada dia e que se dedica com o que faz.

CATEGORIA III – Imagem docente Sub-categoria 3.2 - imagem do outro

Percepção da docência universitária na sociedade. Percepção dos alunos PEDRO Há muitos problemas ocorrendo na universidade que

passam a ser do domínio publico. A falta de investimento em infra-estrutura, em financiamentos de pesquisas. A baixa remuneração que afeta o desempenho, pois isso afeta a imagem docente. Acho que fatores financeiros são importantes. Quando tu não está recebendo, como é que vai ministrar uma aula. O professor teria que ter tranqüilidade para poder pensar, criar, trabalhar direitinho. Quando tu não tens a tua remuneração, isto interfere com certeza, gera insegurança. Outro aspecto que colabora para a imagem negativa sobre os professores, diz respeito a uma questão delicada que é a cultural, mas esse é um tema delicado que eu prefiro não abordar.

(...)alguns alunos valorizam os esforços dos professores e ainda conservam o respeito à figura docente, outros tentam desqualificar o que fazemos. De modo amplo, tenho que considerar que a imagem esta riscada.

ANTONIO Não acho que há muita diferença entre a valorização da profissão docente, na educação básica ou no ensino superior. Somos todos profissionais não reconhecidos pelo nosso trabalho. Todos acham que podem ser professores. Esse sentimento torna a profissão desvalorizada. Já foi o tempo que ser professor fazia a diferença, hoje não é mais assim e de certa maneira os próprios colegas contribuem para essa imagem, que do ponto de vista do marketing é uma imagem que precisa ser trabalhada. Como formador de opinião, o professor é um referencial modelo para o aluno e, no exercício de sua profissão, ele mostra a sua imagem pessoal/profissional, representa a imagem do corpo docente e vende a da instituição na qual trabalha.

Percebo que os alunos têm dificuldades em separar o profissional de marketing do professor. Na docência não há mágica, há muito trabalho, dedicação, busca por conhecimento. Os alunos por vezes não têm idéia, a noção, do trabalho que é necessário para se ministrar uma aula, do tempo de dedicação do professor. Não valorizam os professores. Acham que aprenderão tudo quando estiverem no mercado de trabalho, desconhecem que para agir no mercado requer além de experiência o conhecimento. O conhecimento é indispensável para a formação em Marketing, para a imagem do profissional.

THIAGO O fato de a universidade estar em crise, uma crise

incompreensível para a sociedade de modo geral, como chegou a esta situação, causa mal estar, até de descaracterização da nossa própria profissão, dos nossos objetivos, dos nossos próprios princípios, das questões éticas. A lógica é a do mercado, e isso para a sociedade parece que somos nós professores. Nós é que não formamos bem o aluno, o profissional. Acho isso muito complicado, não sei se isso tem solução, se a gente tem que se acostumar com isso. A gente é meio apático o que é bastante problemático porque a apatia é pior que qualquer coisa. É pior que fazer o enfrentamento é pior que tu não fazer, a apatia é quase uma depressão..

Os alunos não gostam dos professores que os fazem pensar. Então acho que a minha imagem também não é lá muito boa.

RUTH Penso que a imagem que a população, de modo geral, tem da docência está atrelada a própria ineficiência da universidade uma vida mais digna, através da melhor qualificação profissional, competitividade no mercado de trabalho, daí a cobrança e o descrédito quando isso não ocorre. Então a imagem não é boa.

os alunos têm imagens mais pessoais dos professores, alguns eles admiram quer por característica pessoais, como pessoa, quer pela competência profissional ou até um misto dos dois aspectos. Outros não são respeitados por um ou outro aspecto. Percebo que os alunos das licenciaturas já sabem o que esperar da carreira docente, apesar de acharem que a docência universitária é mais “fácil”. Ao contrário, os alunos dos cursos de bacharelados, cursos de formação mais técnica, acham a profissão docente, nem é bem uma profissão. Percebem-na como desvalorizada, sem prestígio social. Também há os que têm como referencia a imagem do professor dócil e amigo, que tem todas as respostas, que trabalha com prazer mesmo ganhando muito pouco. Aquela figura sacerdotal do século passado, pois nem os sacerdotes agem assim hoje.

ANA De uma “boa vida profissional”, sem muitas atribulações e sem o compromisso com a formação profissional. Para mim, essa imagem do “trabalho fácil” e descompromissado tem interferências serias na imagem dos professores na universidade. Claro que há ainda os maus professores, os que têm comportamento inadequado, tanto do ponto de vista acadêmico quanto pessoal e que colaboram para denegrir essa imagem. A situação é muito complicada. São muitos os aspectos que envolvem essa desvalorização do professor universitário. Mas, contraditoriamente, eu me sinto muito valorizada.

Percebo que os alunos sabem fazer a diferentes entre os professores, ouço seus comentários e até fico um pouco chateada pelo comportamento de alguns colegas. Como te falei, tudo isso afeta a imagem docente. Perceba que não tenho como dogma a imagem do professor sacerdotal, sem mácula, mas não é possível aceitar o crescente descrédito pela docência.

MARIA Percebo que somos vistos de forma diferente dos professores da educação básica, de certa forma há uma distinção maior ao professor universitário, apesar de não termos um status elevado na sociedade. O que quero dizer é que já foi melhor, ser professor da universidade era prestigio e hoje não tanto e acho que isso é devido a crise que atinge as universidade, tem haver com a falta de qualificação dos profissionais que são colocados no mercado de trabalho.

Acho que as imagens são individualizadas. Vou te dar um exemplo. Os alunos conversam entre si, trocam informações e falam dos professores. Unem as características do bom profissional, qualificado, competente com a pessoa do professor, ou seja, sabem reconhecer bons professores.

JOÃO Se formos críticos e profundos nessa reflexão, podemos percebe que a universidade não cumpre a contento a sua missão e, à parte das interferências das políticas educacionais que se intrometer nesse processo, nós, professores, também estamos acomodando e deixando de nos envolver. Esse descaso compromete a imagem docente.

a imagem dos professores está sofrendo e sendo constantemente achincalhada na sociedade. Uma grande parte dos alunos perdeu o respeito pela função docente, acha-a dispensável.

SARA A imagem da docência esta atrelada a da própria universidade e hoje a imagem que se tem e a de que esta perdendo credibilidade popular, por que a população

A dicotomia teoria/prática, e principalmente em sala de aula, é para mim a questão mais evidente para a imagem negativa que os alunos tem dos

criou imagens negativas de acordo com as greves rotineiras, falta de profissionalismo, pesquisas, preparação ao mercado de trabalho, imagens veiculadas principalmente pela imprensa.

professores. Para a maioria dos alunos, não é somente um ponto crítico a ser melhorado no ensino universitário, mas um dever para ser profissional

PAULO A mídia não nos ajuda em nada e ainda nos atrapalha. Quando faz uma reportagem é para meter pau e estragar tudo. Nunca tem nada bom. As universidades têm professores ótimos e isso não aparece. Aparece o que é negativo e isto é uma defasagem na nossa imagem.

Ás vezes a questão esta na expectativa do aluno. Eles querem ter sucesso e quando não conseguem a culpa é sempre dos “maus” professores. A desvalorização docente esta atrelada a desvalorização da educação. O reconhecimento profissional dos professores depende, em parte, da postura que assumimos, tanto junto à universidade, como junto aos alunos. Acho que é por ai.

MATEUS Acho que boa, apesar de não ser uma profissão cobiçada pelas obvias questões financeiras e até sociais.

Mesmo quando não são tão professores assim, de modo geral são bons profissionais, a grande maioria tem nome, por isso eles têm uma boa imagem.

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

Doutoramento em Educação

Especialidade em Administração e Política Educacional

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

ANEXO 10

Protocolos de entrevistas

Curso Data de realização da

entrevista

Nome fictício

formação atuação Última

formação

Tempo de

Docência Superior

14/09/2010 Pedro Biologia Ciências Biológicas Doutor 28 16/09/2010 João Direito Administração Doutor 19 10/09/2010 Antônio Administração Administração Mestre 16 20/09/2010 Ana Fisioterapia Fisioterapia Mestre 10 23/09/2010 Sara Letras Letras Doutor 22 27/09/2010 Paulo Física Matemática Doutor 12 29/09/2010 Mateus Odontologia Odontologia Mestre 19 01/10/2010 Ruth Pedagogia Ciência da

Educação Doutor 22

04/10/2010 Thiago Psicologia Psicologia Doutor 23 06/10/2010 Maria Engenharia Civil Engenharia Civil Doutor 20

PROTOCOLO DE ENTREVISTA

(Pedro)

Entrevistado: Pedro

Idade: 51 anos

Curso: Ciências Biológicas

Formação: Biologia – Doutor em Biologia celular e molecular

Anos de docência no ensino superior: 28 anos

Situação funcional: 40 horas

Entrevistador: MS

Data: 14 de setembro de 2010

MS: Boa tarde, professor. Vamos iniciar a entrevista, com sua participação voluntária

na pesquisa que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da Educação na

Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. A

intenção da entrevista é recolher a sua opinião sobre a docência universitária, sobre a

condição do trabalho docente frente às mudanças ocorridas no interior da universidade.

Lembro-lhe que as informações concedidas serão trabalhadas enquanto dados e a sua

identidade preservada pelo anonimato e confidencialidade. Como habitual nestes

processos, a transcrição da entrevista lhe será enviada para que, se necessário, faça

correções. O resultado final do estudo será entregue às instituições participantes e os

resultados disponibilizados para os interessados.

PEDRO: Ok.

MS: De que modo o senhor caracterizaria a docência universitária?

PEDRO: A docência existe para desenvolver os seres humanos, a comunidade, atuar

dentro desta comunidade, fazer esta comunidade crescer seja com projetos, extensão,

pesquisa. Cada um na sua área, mas de forma integrada. Observar onde estão os pontos

principais e tentar atuar nestes pontos principais, tentando organizar. Acho que o desafio

da docência é este. Saber o que a nossa sociedade precisa e discutirmos isto, mas juntos.

MS: Como o senhor se sente enquanto professor universitário no cenário atual das

universidades? Enfrenta algum dilema?

PEDRO: A universidade reflete a sociedade. Observamos que a maioria dos jovens

vem despreparada e às vezes saem também despreparadas. Não há aquela intenção dos

alunos realmente estudarem para adquirir conhecimento e se torna um bom profissional.

Eles vêm em busca do diploma. E é claro que isso importa, mas não é só isso. Talvez

seja pela nossa própria realidade brasileira, por essa politicagem toda que ocorre nos

ministérios, essa aceitação das políticas dos organismos internacionais. Essas

interferências sem medidas que exige de nós um desdobramento para atender a política

da produtividade. Este é nosso maior dilema.

MS: Nesse cenário o senhor vislumbra possibilidades na docência universitária?

PEDRO: Com toda certeza. Nós estarmos inseridos na docência universitária para

colaborar, mas não adianta ter conhecimento e querer guardar esse conhecimento dentro

de um prédio. Acho que a universidade deve sair mais, estar mais aberta a comunidade.

Eu a acho ainda muito fechada. Nós, professores estamos muito na sala de aula.

Acreditamos que isto passa por uma mudança bastante intensa. Acho que o desafio da

docência na universidade é discutir e encontrar soluções ou formas de minimizar os

problemas que a gente vive, nas mais diferentes áreas.

MS: E o senhor exerce ou já exerceu outra profissão, além da docência?

PEDRO: Não, sou professor em tempo integral.

MS: Qual a sua opinião sobre exercer outra atividade profissional concomitante ou

anterior a docência universitária? O senhor acha que colabora?

PEDRO: Sim, toda experiência que possa colaborar com o desempenho docente é

valida, entretanto entendo que o mais relevante é o compromisso que devemos ter com

o aprendizado do aluno.

MS: Orientaria alguns de seus alunos a seguir a carreira do magistério no ensino

superior? Quais recomendações daria acerca da profissão?

PEDRO: Sempre incentivo meus alunos para o desenvolvimento da pesquisa e a

docência, mas não somente no ensino superior. Demonstro-lhes que os docentes têm

que ter uma interação com os seus alunos. Têm que ser ousado e propor coisas novas,

ser uma pessoa que propõe possibilidades, além de um indivíduo extremamente

criativo, com elevado conhecimento cientifico e cultural.

MS: O senhor poderia relatar quais foram os fatores que mais contribuíram para a

construção de sua carreira docente?

PEDRO: Em primeira foi o envolvimento com a pesquisa, que na área que atuo é

essencial. Sem a pesquisa não há o que ensinar aos alunos. Entrei na universidade como

docentes, logo após a conclusão no meu curso de pós-graduação. Depois a busca de

qualificação, através do mestrado, do doutoramento, pude ascender na carreira docente.

Também busco atualizar-me constantemente, participar de eventos e com publicações.

Entendo que o profissional tem que estar preparado. Infelizmente, pelos inúmeros

afazeres por vezes dificulta desenvolver esse aspecto da docência.

MS: Como o senhor se vê enquanto professor universitário?

PEDRO: Não há dúvidas de que há alguns enfrentamentos na docência universitária. O

ser humano é bastante diversificado. Quando estou na sala de aula os alunos, cada um

deles tem seus pontos de vista, suas experiências anteriores. Eu considero a docência

universitária uma profissão, uma qualidade, de extrema importância e de extrema

responsabilidade. Sinto que contribuo e que pertenço a um grupo seleto.

MS: E de que maneira se preparou para a docência? Como aprendeu a ser professor?

PEDRO: Quando há empenho e vontade não há grandes dificuldades, quando se tem

domínio de conteúdo. Passamos boa parte da vida na escola, na universidade, é

impossível que não aprendamos a distinguir os professores competentes, os bons, assim

como a má prática. De tudo isso se tira uma maneira própria de ensinar, uma

metodologia sua. O importante é fazer com que os alunos tenham interesse e aprendam.

MS: Na sua percepção qual a imagem que os alunos têm dos professores universitários? Eles

percebem a sua dedicação e empenho?

PEDRO: Sim e não, ou seja, alguns alunos valorizam os esforços dos professores e

ainda conservam o respeito à figura docente, outros tentam desqualificar o que

fazemos. De modo amplo, tenho que considerar que a imagem esta riscada, tu

compreendes? São outros tempos, outros valores.

MS: Ainda em relação à imagem docente, como o senhor sente que a profissão

docente, especificamente do professor universitário é vista na sociedade.

PEDRO: Há muitos problemas ocorrendo na universidade que passam a ser do domínio

publico. A falta de investimento em infra-estrutura, em financiamentos de pesquisas. A

baixa remuneração que afeta o desempenho, pois isso afeta a imagem docente. Acho

que fatores financeiros são importantes. Quando tu não está recebendo, como é que vai

ministrar uma aula. O professor teria que ter tranqüilidade para poder pensar, criar,

trabalhar direitinho. Quando tu não tens a tua remuneração, isto interfere com certeza,

gera insegurança. Outro aspecto que colabora para a imagem negativa sobre os

professores, diz respeito a uma questão delicada que é a cultural, mas esse é um tema

delicado que eu prefiro não abordar.

MS: Muito bem! Professor eu agradeço a sua colaboração.

PROTOCOLO DE ENTREVISTA

(João)

Entrevistado: João

Idade: 57

Curso: Administração

Formação: Direito – Doutor em Direito Administrativo

Anos de docência no ensino superior: 19 anos

Situação funcional: 40 horas

Entrevistador: MS

Data: 16 de setembro de 2010

MS: Boa tarde, professor. Vamos iniciar a entrevista, com sua participação voluntária

na pesquisa que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da Educação na

Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. A

intenção da entrevista é recolher a sua opinião sobre a docência universitária, sobre a

condição do trabalho docente frente às mudanças ocorridas no interior da universidade.

Lembro-lhe que as informações concedidas serão trabalhadas enquanto dados e a sua

identidade preservada pelo anonimato e confidencialidade. Como habitual nestes

processos, a transcrição da entrevista lhe será enviada para que, se necessário, faça

correções. O resultado final do estudo será entregue às instituições participantes e os

resultados disponibilizados para os interessados.

JOÃO: Muito bem.

MS: De que modo o senhor caracterizaria a docência universitária?

JOÃO: A docência universitária tem que passar pelo domínio do conhecimento do

assunto que vai ser ministrado. No meu entendimento, isso vem antes, inclusive, de

aspectos didáticos. Creio na docência como uma alternativa ao conhecimento produzido

pela televisão e principalmente pela Internet. É tarefa árdua transformar as informações

trazidas pelos alunos em conhecimento. Desenvolver pontos de vista é a razão de ser da

sala de aula universitária. Discutir temas não é uma questão meramente pessoal, é antes

defender razões e crenças. A docência se caracteriza pelo compromisso com o

conhecimento. Se a docência universitária não trabalhar nesta perspectiva muito pouco

tem a assegurar aos alunos.

MS: Como o senhor se sente enquanto professor universitário no cenário atual das

universidades? Enfrenta algum dilema?

JOÃO: Acho que um dos dilemas que enfrento é ser menos professor e mais

administrador. E o cenário da universidade é esse. A docência em si fica de lado. Tudo é

política, ajustamento às políticas e envolvimento político partidário. Passamos a maior

parte do tempo lutando com a burocracia interna e ainda se tem que ir atrás de

financiamento para pesquisa, percorrer os editais das agências e produzir para poder dar

aulas na pós-graduação. Sinto que minha participação poderia ser mais efetiva, mas não

ambiente comunitário para que isso ocorre.

MS: Nesse cenário o senhor vislumbra possibilidades na docência universitária?

JOÃO: O aluno vem para a universidade para aprender a pensar e não para aprender a

reproduzir conteúdos que, pela rapidez das transformações atuais, serão superados logo

a seguir. Essa convicção me faz acreditar na possibilidade de renovação da importância

da docência na universidade. Nós professores temos que ter melhores condições de

trabalho. E isso vai desde a remuneração à carga de hora aula, a possibilidade da

pesquisa e da extensão. Há tanto que fazer....

MS: E o senhor exerce ou já exerceu outra profissão, além da docência?

JOÃO: Sou sócio em um escritório de advocacia.

MS: Anterior ao exercício da docência? Antes do senhor se tornar professor na

universidade?

JOÃO: Não, o escritório foi posterior, já estava há uns anos aqui, mas antes também já

havia trabalhado como funcionário do governo do Estado, na Secretaria do Trabalho.

MS: Qual a trajetória percorrida pelo senhor para se tornar um professor universitário?

JOÃO: Entrar para a universidade era um desejo latente. Meu pai foi professor dessa

universidade. Quando trabalhava na Secretaria tinha um colega que era professor e me

falou da abertura de um concurso. Daí para diante foi percorrer o caminho que todos

fazem. Na época, não era exigida titulação o que tornou a seleção de certa maneira mais

voltada para a docência propriamente dita. Já dentro da academia fui, oportunamente,

fazendo os cursos de pós-graduação. A academia de certa maneira te cobra isso. Enfim

tornei-me professor sendo professor.

MS: O senhor diz que se tornou professor sendo professor, mas não houve algum

preparo? De que maneira aprendeu a ser professor?

JOÃO: De inicio acho que o mais importante é ter domínio do conteúdo, o

conhecimento é o que te dará confiança para o exercício da docência. Uma boa oratória

também é relevante, prende a atenção dos alunos. Uso a aula expositiva e discursiva,

pois trabalho com a legislação é não há muito que inventar.

MS: Qual a sua opinião sobre exercer outra atividade profissional concomitante ou

anterior a docência universitária?

JOÃO: Acho importante. É uma troca, a docência não traz clientes para o escritório,

mas como necessariamente tenho que estar atualizado acaba por beneficiar e as causas

que são tratadas nele também acabam por ser debatida em sala.

MS: Orientaria alguns de seus alunos a seguir a carreira do magistério no ensino

superior? Quais recomendações daria acerca da profissão?

JOÃO: diretamente não, é um curso muito técnico. Dificilmente conheço bem os

alunos. Não é um assunto tratado em sala. Percebo que uma grande parcela dos alunos

não vai para uma carreira acadêmica e, quase com certeza, não vão para um mestrado

ou doutorado. Então temos em sala de aula um aluno que provavelmente esteja

estudando formalmente pela última vez.

MS: Como o senhor se vê enquanto professor universitário?

JOÃO: Como um bom profissional e com muita responsabilidade. Gosto de ser

professor e sou dedicado Na minha aula eu priorizo o conhecimento. O que faz a

interação entre o professor e alunos são as conexões conceituais que estabelecem. Deste

modo, antes de qualquer atividade procuro despertar o interesse. Alimentar uma atitude

questionadora é um desafio constante. Creio que uma das grandes tarefas do professor é

introduzir o aluno nas leituras mais interessantes em relação aos temas propostos.

Estabelecer conexões conceituais em função de temas propostos parece-me ser uma

atividade eminentemente professoral.

MS: Na sua percepção qual a imagem que os alunos têm dos professores universitários?

Eles percebem a sua dedicação e empenho?

JOÃO: Sim percebem. Sabem que sou exigente e que estou ali para auxiliá-los, mas

não é isso que impulsiona o jovem. Na maioria das vezes entram para a universidade

apenas para se profissionalizar e não vêem que ali também podem adquirir uma nova

postura frente aos desafios da nossa época. Uma postura baseada em conhecimento.

Nem todos os alunos compreendem esta mensagem; nem todos os professores

trabalham nesta perspectiva; nem todas as universidades estão preocupadas com esta

idéia. Por isso, a imagem dos professores está sofrendo e sendo constantemente

achincalhada na sociedade. Uma grande parte dos alunos perdeu o respeito pela função

docente, acha-a dispensável.

MS: Ainda em relação à imagem docente, como o senhor sente que a profissão

docente, especificamente do professor universitário é vista na sociedade?

JOÃO: Se formos críticos e profundos nessa reflexão, podemos percebe que a

universidade não cumpre a contento a sua missão e, à parte das interferências das

políticas educacionais que se intrometer nesse processo, nós, professores, também

estamos acomodando e deixando de nos envolver. Esse descaso compromete a imagem

docente. Outra questão de importância é a proletarização da categoria, o que atrai

pessoas cada vez mais desqualificadas para a função. É mais gratificante do ponto de

vista financeiro ser um profissional liberal, do que se submeter a condições hoje

amplamente discutidas na mídia. Isso quer dizer sobre a postura docente, que em nome

de uma modernização e do “somos profissionais como outro” está sendo posta de lado.

MS: Eu agradeço a sua colaboração.

PROTOCOLO DE ENTREVISTA (Antônio)

Entrevistado: Antônio

Idade: 48

Curso: Administração

Formação: Administração - Mestre em marketing

Anos de docência no ensino superior: 16 anos

Situação funcional: 40 horas

Entrevistador: MS

Data: 10 de setembro de 2010

MS: Boa tarde, professor. Vamos iniciar a entrevista, com sua participação voluntária

na pesquisa que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da Educação na

Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. A

intenção da entrevista é recolher a sua opinião sobre a docência universitária, sobre a

condição do trabalho docente frente às mudanças ocorridas no interior da universidade.

Lembro-lhe que as informações concedidas serão trabalhadas enquanto dados e a sua

identidade preservada pelo anonimato e confidencialidade. Como habitual nestes

processos, a transcrição da entrevista lhe será enviada para que, se necessário, faça

correções. O resultado final do estudo será entregue às instituições participantes e os

resultados disponibilizados para os interessados.

ANTÔNIO: Estou de acordo.

MS: De que modo o senhor caracterizaria a docência universitária?

ANTÔNIO: Entendo que a docência é uma parte do processo da formação dos

profissionais, fundamental para a concretização do processo de desenvolvimento da

sociedade. Distinguir-se pela forte necessidade de constante atualização e qualificação

docente. Entretanto, envolve aspectos pedagógicos, de qualificação e de infra-estrutura.

O conhecimento técnico deve ser relevante na atuação acadêmica, assim como o

relacionamento humano com o acadêmico e o domínio conceitual da disciplina

ministrada. Estabeleço uma relação de confiança com os alunos, o domínio do

conhecimento e a seriedade no trato com a educação. A condução do ensino tem sido

realizada por meio da utilização de metodologias variadas com o uso de aulas

expositivas/participativas. Em minha opinião, a apropriação do conhecimento realiza-se

com a integração do currículo, da linguagem utilizada e do conhecimento. Entendo que

para uma docência efetiva a preparação prévia é importante.

MS: Fale-me sobre como o senhor se sente enquanto professor universitário no cenário

atual das universidades? Enfrenta algum dilema?

ANTÔNIO: Sinto-me por vezes incomodado com as mudanças constantes que afetam

as minhas atividades. Incomoda-me a crescente massificação do ensino superior e os

dilemas, em decorrência disso, se apresentam cotidianamente. Muitas vezes isso ocorre

a partir do momento que temos alunos em condições acadêmicas distintas, de níveis

diferentes. Isto nos deixa, muitas vezes, sem saber como agir, pois o fato tentar os

nivelar alguns por cima, podemos perder alguns alunos, ou ao contrario, se os

nivelarmos por baixo estarmos contribuindo para a formação de maus profissionais. Há

processos políticos que interferem na docência universitária, pois para se manter

docente é necessário à busca constante de novos conhecimentos, de atualizações. Com

isso nos deparamos com entre a necessidade de atualizar-se e a necessidade de trabalhar,

fato este que coloca em dificuldade constante o profissional da educação. A própria

consideração da docência como profissão ainda não é totalmente aceita, por vezes,

sinto-me mais profissional quando estou a realizar algum trabalho extra, de consultoria.

E isso é um sentimento partilhado por outros colegas. Vivemos, na universidade, em um

espaço de tensões, onde o bom desempenho da docência passa ter pouca importância.

MS: Nesse cenário o senhor vislumbra possibilidades na docência universitária?

ANTÔNIO: Evidente, uma vez que acredito que a docência universitária é uma

profissão de extraordinário valor, pois é ela que contribui de forma decisiva para o

desenvolvimento da sociedade. Apesar da crescente desvalorização dos professores,

vislumbro perspectivas boas, com a possibilidade de crescimento pessoal e profissional,

com a melhoria e investimento institucional e a consagração da autonomia universitária.

MS: Qual a trajetória percorrida pelo senhor para se tornar um professor universitário?

ANTÔNIO: Iniciei minha atividade como profissional de marketing. O marketing é

feito de inovações e, portanto, de riscos. Nele devemos recusar duas posições extremas.

Uma é não estudar o mercado e confiar apenas na nossa intuição ou experiência e a

outra é explorar indefinidamente os estudos e praticar um marketing de gabinete. Essa

posição me fez buscar um curso de mestrado. Após o mestrado, na verdade durante o

curso, achei que a docência poderia ser uma alternativa para continuar aliando essa

posição. Assim inscrevi-me no concurso e aqui estou a mais de quinze anos.

MS: E o senhor continua a trabalhar como profissional de marketing?

ANTÔNIO: Infelizmente não, pois tenho um contrato de trabalho que não me permite

ter outro vinculo empregatício, mas faço alguns trabalhos de consultoria, o que é muito

gratificante.

MS: A sua experiência profissional anterior influenciou na docência universitária ou o

senhor acha que não teve relação nenhuma?

ANTÔNIO: Como te falei anteriormente, trabalhava em um escritório de marketing e

não há duvidas de que foi muito importante ter tido esta experiência anterior para o

desempenho da minha atividade docente.

MS: Orientaria alguns de seus alunos a seguir a carreira do magistério no ensino

superior? Quais recomendações daria acerca da profissão?

ANTÔNIO: Entendo que para seu um bom docente, principalmente em uma área

técnica como o marketing, é preciso primeiramente seu um profissional qualificado e

com experiência e infelizmente a academia não proporciona a experiência necessária. É

preciso atuar diretamente com o mercado. O Marketing é uma ciência que não tem

como objetivo a exatidão, mas para chegar ao sucesso não basta apenas conhecer a

ciência, deve-se usar com sabedoria tudo o que está disponível no mercado, copiar é

muito fácil, roubar idéias dos outros é simples, mas ser um profissional de Marketing

legítimo é duro e trabalhoso, faz com que os estudos sejam constantes, a busca por

informações é parte do que mais agrada ao trabalhar com o Marketing, pois não existe

sorte sem trabalho, e em 95% dos casos o Marketing funciona perfeitamente pelos

estudos, conhecimentos, dedicação e sabedoria aplicadas em cada dado coletado. Por

isso, antes de indicar a docência como caminho profissional, digo aos alunos que

primeiro devem ter muita experiência profissional.

MS: O senhor poderia me dizer quais foram os fatores que mais contribuíram para a

construção de sua carreira docente?

ANTÔNIO: Acho que o fator mais relevante foi ter realizado o mestrado, depois tudo veio

como conseqüência.

MS: Como o senhor se vê enquanto professor universitário?

ANTÔNIO: Por mais que seja um trabalho duro, torna-se prazeroso a docência, é um

exercício a mente, ao coração. Como professor de Marketing tenho a obrigação de

conhecer muito bem o que estou fazendo e trago comigo o conhecimento adquirido ao

longo do tempo, das pesquisas elaboradas, do fazer o certo da forma certa e não achar

ou ter sorte, porque achar não é ser competente, ter sorte é trabalhar duro e não

simplesmente jogar com as coisas para cima dos alunos. Acho que tenho uma imagem

muito positiva ( risos), mas sou suspeito para falar, mas me avalio de uma forma

positiva, de um profissional de Marketing competente.

MS: Qual foi seu processo preparação para a docência? Como aprendeu a ser professor?

ANTÔNIO: Essa foi sempre uma preocupação quando me decidi a ser professor

universitário. Como te falei antes, não foi ao acaso, pois eu quis ser docente, então

busquei me preparar por meios de cursos. Também estou sempre atento às inovações,

procuro e faço os cursos que a própria universidade oferece, participo em eventos e

sempre estou atento na prática que observo, pois aprendemos mesmo com a prática dos

outros, com as boas práticas. Gosto de inovar nas aulas, de propor coisas novas e o

prepara é essencial para que eu possa dominar o que faço.

MS: Na perspectiva que o senhor acaba de me falar, qual a imagem que os alunos têm dos

professores universitários? Eles percebem a sua dedicação e empenho?

ANTÔNIO: Percebo que os alunos têm dificuldades em separar o profissional de

marketing do professor. Na docência não há mágica, há muito trabalho, dedicação,

busca por conhecimento. Os alunos por vezes não têm idéia, a noção, do trabalho que é

necessário para se ministrar uma aula, do tempo de dedicação do professor. Não

valorizam os professores. Acham que aprenderão tudo quando estiverem no mercado de

trabalho, desconhecem que para agir no mercado requer além de experiência o

conhecimento. O conhecimento é indispensável para a formação em Marketing, para a

imagem do profissional.

MS: Já que estamos a falar em imagem, como o senhor sente que a profissão docente,

especificamente do professor universitário é vista na sociedade.

ANTÔNIO: Não acho que há muita diferença entre a valorização da profissão docente,

na educação básica ou no ensino superior. Somos todos profissionais não reconhecidos

pelo nosso trabalho. Todos acham que podem ser professores. Já é comum ouvir

comentários que de professor e louco todo mundo tem um pouco, assim como sempre

foi usado como médico e louco todo mundo tem um pouco. Esse sentimento torna a

profissão desvalorizada. Já foi o tempo que ser professor fazia a diferença, hoje não é

mais assim e de certa maneira os próprios colegas contribuem para essa imagem, que do

ponto de vista do marketing é uma imagem que precisa ser trabalhada. Como formador

de opinião, o professor é um referencial modelo para o aluno e, no exercício de sua

profissão, ele mostra a sua imagem pessoal/profissional, representa a imagem do corpo

docente e vende a da instituição na qual trabalha.

MS: O senhor esta a falar de marketing pessoal ou da valorização docente?

ANTÔNIO: O marketing pessoal trata da imagem que você mesmo projeta no mercado,

ou seja, no caso docente, o que a sociedade ira perceber do que os professores projetam.

Ai... envolve o conhecimento, a competência, a necessidade de formação continua, a

dedicação e compromisso profissional e, para, além disso há também o cuidado com a

postura, a aparência, o vestuário, bem como a voz, a boa-educação e a confiança, junto

com as atitudes e comportamentos. É esse conjunto de fatores que comporão a imagem

docente. Isso é tudo...

MS: Agradeço muito por sua colaboração.

PROTOCOLO DE ENTREVISTA

(Ana)

Entrevistado: Ana Idade: 38 Curso: Fisioterapia Formação: Fisioterapia – Mestre em Ciências da Reabilitação Anos de docência no ensino superior: 10 anos Situação Funcional: 40h Entrevistador: MS Data: 20 de setembro de 2010

MS: Boa tarde, professora. Vamos iniciar a entrevista, com sua participação voluntária

na pesquisa que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da Educação na

Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. A

intenção da entrevista é recolher a sua opinião sobre a docência universitária, sobre a

condição do trabalho docente frente às mudanças ocorridas no interior da universidade.

Lembro-lhe que as informações concedidas serão trabalhadas enquanto dados e a sua

identidade preservada pelo anonimato e confidencialidade. Como habitual nestes

processos, a transcrição da entrevista lhe será enviada para que, se necessário, faça

correções. O resultado final do estudo será entregue às instituições participantes e os

resultados disponibilizados para os interessados.

ANA: Muito bem.

MS: De que modo a senhora caracterizaria a docência universitária?

ANA: A docência universitária envolve o conhecimento cientifico e cultural e isto é o

ponto de partida. O conhecimento deve envolver o curso que o professor escolheu para

atuar e a importância da disciplina que ele está participando, atuando como partícipe da

construção daquela disciplina. Em síntese, a docência deve envolver todas aquelas

competências, habilidades para a formação do aluno, visando sua atuação futura. Penso

que o docente universitário deva priorizar que o aluno tenha uma visão crítica do

mundo, assim como uma leitura crítica dos fatos, mas que isto não seja sua maior

preocupação. Sem pesquisa, sem a busca do conhecimento não há docência na

universidade, entretanto percebo que alguns docentes têm se dedicado a pesquisa e

esquecido a docência.

MS: Como se sente enquanto professor universitário no cenário atual das

universidades? Enfrenta algum dilema?

ANA: Eu não diria que sejam dilemas, eu diria que são situações conflitantes e que cabe

a nós entender os prós e os contras. Existe com certeza a questão da competição e da

falta de cooperação. Essa seria uma delas. Há também discussões sobre o numero

efetivos de horas-aula que o professor tem que cumprir; o caráter não explicitado de

todo o restante de atividade que tem que cumprir. Há sem dúvida um acréscimo, uma

intensificação do trabalho docente que assombra as atividades cotidianas. O desafio, no

meu ponto de vista está relacionado em saber conciliar as imposições das políticas

educacionais à consciência e necessidade dos docentes universitários, ou seja, dar

sentido às ações concretas desenvolvidas na sala de aula para a produção de mudanças

efetivas no contexto educacional.

MS: A professora vislumbra possibilidades na docência universitária?

ANA: Tenho esperança que sim. Como eu trabalho em curso de formação técnica eu

tenho priorizado que os alunos estejam preparados instrumentalmente para ser um

excelente profissional. Eu tenho me atualizado regularmente, principalmente na área

pedagógica e acredito que estou hoje em dia num caminho bem melhor no sentido de

avaliar. Esse caminho melhora a minha docência e de modo geral a universitária em si.

Há de haver também melhor investimento institucional na nossa formação pedagógica,

investimento e melhoria na carreira docente.

MS: E a senhora exerce ou já exerceu outra profissão, além da docência?

ANA: sim, no inicio da minha careira profissional trabalhei como fisioterapeuta em um

hospital e também em uma clinica.

MS: Qual a trajetória percorrida pela senhora para se tornar professora na universidade?

ANA: Na época que fazia o curso de mestrado, fui incentivada por um professor que

achava que eu tinha jeito para ministrar aulas. Também fui monitora na época da

graduação e gostei muito da experiência. Assim, quando apareceu à oportunidade fiz a

seleção e já estou a 10 anos na academia.

MS: De que maneira se preparou para a docência? Como aprendeu a ser professora?

ANA: Sempre busquei me aperfeiçoar, participar em eventos e ações de formação

promovidas pela universidade. Claro que por vezes a falta de tempo por excesso de

atividade me impede de participar de coisas que seriam bem proveitosas para a minha

prática docente, mas no geral preocupo-me se estou ensinado bem, se meus alunos

estão aprendendo e como posso melhorar.

MS: Qual a sua opinião sobre exercer outra atividade profissional concomitante ou

anterior a docência universitária?

ANA: Acho que o professor deve ter dedicação integral à docência, porém entendo que

a minha experiência foi também muito importante. A vivência nos dá confiança, a mim

foi importante.

MS: Orientaria alguns de seus alunos a seguir a carreira do magistério no ensino

superior? Que recomendação daria acerca da profissão?

ANA: Tenho como foco a formação do profissional de fisioterapia, de um sujeito com

competência e responsabilidade social. Então, penso que as duas formações não são

excludentes. Entretanto, creio que nem todos estão para a docência, assim como para

qualquer profissão. Tem que haver aquela inclinação, pois nem todo bom profissional

será um bom professor. Entendo que aos professores, na universidade, cabe conduzir a

formação do profissional, mas no sentido de que eles mesmos, tendo como base essa

formação, possam fazer as suas próprias opções de carreira.

MS: Como a senhora se vê enquanto professor universitário?

ANA: Como um profissional que gosta do que faz. Sinto-me totalmente envolvida pela

docência, com a responsabilidade de forma profissionais que façam a diferença no

mercado de trabalho.

MS: Isso quer dizer que a senhora tem orgulho de pertencer a essa categoria

profissional?

ANA: Sem duvida. A docência universitária, como já falei, envolve o compromisso com o

conhecimento, com a profissão escolhida, isto é o ponto de partida. Ainda ouço algumas pessoas

e até familiares falarem que tenho uma “boa vida” por ser professor na universidade, querendo

dizer que é uma profissão “fácil”. Isso por que tenho, de certa forma, maior facilidade em gerir

meu tempo. Acham que é só chegar na sala de aula e ministrar as aulas. Eles não têm

conhecimento das horas que me dedico a prepará-las, nos estudos e pesquisa que desenvolvo,

nas infindáveis reuniões de congregação de curso, nas exigências de publicações e nas pressões

internas. Enfim em tudo que envolve a academia.

MS: Então, professora, a imagem que a sociedade tem da docência universitária não

corresponde à realidade? Na sua percepção qual imagem é corrente nos dias de hoje?

ANA: De certa forma essa que acabei de falar. De uma “boa vida profissional”, sem

muitas atribulações e sem o compromisso com a formação profissional. Para mim, essa

imagem do “trabalho fácil” e descompromissado tem interferências serias na imagem

dos professores na universidade. Lembro-me de uma vez receber uma critica por me

ausentar para participar de um congresso em outro estado. Foi dito “que era por isso

que os profissionais saiam da universidade pouco ou nada preparados, porque os

professores viviam a passear”. Então, é difícil de entender que isso faz parte da

docência. O professor que não participa dos eventos fica desinformado e além do peso

que os eventos (qualificados, claro!), tem para a carreira docente. Claro que há ainda os

maus professores, os que têm comportamento inadequado, tanto do ponto de vista

acadêmico quanto pessoal e que colaboram para denegrir essa imagem. A situação é

muito complicada. São muitos os aspectos que envolvem essa desvalorização do

professor universitário. Mas, contraditoriamente, eu me sinto muito valorizada.

MS: Ainda em relação à imagem docente, como a senhora percebe os alunos? Que

imagem eles tem dos professores? Eles percebem a sua dedicação e compromisso com

a formação deles?

ANA: Percebo que os alunos sabem fazer a diferentes entre os professores, ouço seus

comentários e até fico um pouco chateada pelo comportamento de alguns colegas.

Como te falei, tudo isso afeta a imagem docente. Perceba que não tenho como dogma a

imagem do professor sacerdotal, sem mácula, mas não é possível aceitar o crescente

descrédito pela docência.

MS: Eu agradeço a sua colaboração.

PROTOCOLO DE ENTREVISTA

(Sara)

Entrevistado: Sara

Idade: 59

Curso: Letras

Formação: Letras – Doutorado em Lingüística

Anos de docência no ensino superior: 22 anos

Situação Funcional: 40 horas - UNAMA

Entrevistador: MS

Data: 23 de setembro de 2010

MS: Boa tarde, professora. Vamos iniciar a entrevista, com sua participação voluntária

na pesquisa que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da Educação na

Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. A

intenção da entrevista é recolher a sua opinião sobre a docência universitária, sobre a

condição do trabalho docente frente às mudanças ocorridas no interior da universidade.

Lembro-lhe que as informações concedidas serão trabalhadas enquanto dados e a sua

identidade preservada pelo anonimato e confidencialidade. Como habitual nestes

processos, a transcrição da entrevista lhe será enviada para que, se necessário, faça

correções. O resultado final do estudo será entregue às instituições participantes e os

resultados disponibilizados para os interessados.

SARA: Tudo bem.

MS: De que modo caracterizaria a docência universitária?

SARA: Para mim, docência universitária é a atuação institucionalizada de um

professor, capacitado para tal, de modo a apresentar o conhecimento já consagrado em

uma comunidade e envidar esforços, junto com seus alunos, na busca de novos

conhecimentos e alternativas de solução para os problemas que o mundo enfrenta hoje.

Caracterizo a docência universitária como uma atividade responsável, atualizada e

provocadora de idéias, alternativas, postura diante do conhecimento e crítica

consciente. A docência universitária envolve, desse modo, grande esforço e atualização

por parte do professor, assim como engajamento em seu papel de orientador na busca

do conhecimento.

MS: Fale-me sobre como se sente enquanto professora no cenário atual das

universidades? Enfrenta algum dilema?

SARA: O Cenário no ensino superior padece com o enriquecimento das universidades

particulares em oposição ao baixo poder aquisitivo da grande maioria de seus alunos;

com o retórico acesso ao ensino superior público por alunos advindos das classes mais

privilegiadas; pela tecnologização de alguns cursos e as dificuldades de toda a espécie

que as licenciaturas enfrentam; pelo descompasso entre os cursos oferecidos pela

universidade e o mercado de trabalho necessário para o real crescimento de uma

comunidade; pelo evidente e crescente aumento da carga de trabalho dos docentes.

Nesse contexto, um sentimento de desestimulo e insegurança incide sobre uma grande

maioria dos docentes, nomeadamente, os que são engajados e comprometidos com a

instituição. Um dilema que particularmente afeta a minha ação docente é a falta de

valorização da linguagem como elemento articulador e construtor de todas as ações

humanas, em qualquer área do conhecimento. Embora a comunidade pareça reconhecer

esse fator, na verdade ela não busca efetivamente aperfeiçoar seu modo de dizer e se

deixa facilmente enganar por retóricas inconsistentes.

MS: A professora vislumbra possibilidades na docência universitária?

SARA: Sim. A docência universitária apesar da crescente dificuldade que atravessa,

pelos dilemas que expus e outros, continuará, pois tem um compromisso ético com a

sociedade, afinal ela existe em função de uma sociedade, sendo ela que organiza o

conhecimento cientifico, que disponibiliza de certa forma esse conhecimento para a

comunidade. Essa é a minha esperança. O conhecimento se produz de várias formas e os

docentes os formalizam dentro da universidade. Então, a docência tem uma

responsabilidade, justamente por essas questões. É ela que trabalha o conhecimento

científico.

MS: E a senhora exerce ou já exerceu outra profissão, além da docência universitária?

SARA: sim, fui professora da educação básica por 10 anos, tanto em escolas publicas

como em privadas.

MS: Qual a trajetória percorrida pela senhora para se tornar professora na universidade?

SARA: Não muito diferente de outros, entrei na universidade através de seleção.

Sempre almejei ser professor na universidade e me preparei para isso, na verdade nunca

sai da universidade. Fiz a licenciatura no curso de Letras, logo em seguida uma

especialização, posteriormente o mestrado e foi nessa época que fiz o concurso, um

pouco depois de ter concluído.

MS: Então a sua preparação para a docência ocorreu dentro da universidade? Como

aprendeu a ser professor?

SARA: É ate engraçado, mas foi mesmo assim. Claro que teve o período de estágio e

se me recordo bem, foi uma boa experiência, mas não é a mesma coisa. Também fui

monitora tanto na graduação como no mestrado e isso também foi importante. De toda

maneira acho que iniciei a docência tendo como referência a prática de dois

professores, um da graduação e outro do mestrado. Eles foram excelentes professores,

organizados, didáticos, amigos e profissionais no que faziam. Já na academia foram

sempre eles que me auxiliaram no inicio, me apoiaram e me trouxeram para o circuito

da docência na pós-graduação. Foram eles meus espelhos, minha referência.

MS: Qual a sua opinião sobre exercer outra atividade profissional concomitante ou

anterior a docência universitária?

SARA: Na especificidade da disciplina que ministro, na minha área de pesquisa, não

faz diferença ter ou não experiência. Não trabalho com as metodologias, mas acho que

em algumas disciplinas ter experiência profissional auxilia na condução da docência.

MS: Orientaria alguns de seus alunos a seguir a carreira do magistério no ensino

superior? Quais recomendações daria acerca da profissão?

SARA: Boa parte dos meus alunos gostaria de ingressar na carreira do ensino superior,

muitos deles assim pretendem e alguns têm possibilidades. Considero relevante na

atuação acadêmica à coerência entre o discurso e a ação. Por isso orientaria-os a

priorizar, em sala de aula, o desenvolvimento da criticidade, tendo em vista situações

reais de nosso cotidiano.

MS: Como a senhora se vê enquanto professor universitário?

SARA: Como um profissional, com qualificação. Procura a mediação do conhecimento,

que só pode ser feita mediante o uso do discurso. Costumo fazer a gestão do ensino em

sala de aula sempre partindo de fatos concretos, de conhecimento geral, como

propagandas de televisão, fatos políticos e do cotidiano, notícias de jornal, etc. A partir

daí, parto para a reflexão junto com os alunos e para a busca de soluções viáveis e

possíveis no nosso universo.

MS: Na sua percepção qual a imagem que a sociedade tem da docência universitária?

SARA: A imagem da docência esta atrelada a da própria universidade e hoje a imagem

que se tem e a de que esta perdendo credibilidade popular, por que a população criou

imagens negativas com as crises rotineiras, falta de profissionalismo, pesquisas,

preparação ao mercado de trabalho, imagens veiculadas principalmente pela imprensa.

O estudante cresce intelectualmente, mas, às vezes, não está preparado para enfrentar o

mundo profissionalmente, e é esse mundo, a sociedade ou alguns de seus segmentos,

que começam a questionar a eficiência da gestão universitária e conseqüentemente o

trabalho de seus docentes.

MS: E a imagem que os alunos têm dos professores universitários e a mesma?

SARA: Em parte sim, apesar de fazem parte da academia e perceberem melhor como as

coisas ocorrem. A dicotomia teoria/prática, e principalmente em sala de aula, é para

mim a questão mais evidente para a imagem negativa que os alunos tem dos

professores. Para a maioria dos alunos, não é somente um ponto crítico a ser melhorado

no ensino universitário, mas um dever para ser profissional. A preparação para o

mercado de trabalho está diretamente relacionada com a qualidade de ensino e

aplicabilidade da teoria em pratica, pois o aluno precisa saber fazer. O mercado de

trabalho exige qualificação profissional e o aluno recém formado quando se depara com

esta realidade se assusta, para entrar no mercado terá que dar o máximo de si, sempre

renovando seu conhecimento. Entretanto há os que sem forças, sentindo-se

decepcionados, entram no mercado informal, ou aceitam qualquer emprego, passando a

crer que por culpa da universidade, de seus “maus” professores não tiveram de sucesso.

MS: Eu agradeço a sua colaboração.

PROTOCOLO DE ENTREVISTA

(Paulo)

Entrevistado: Paulo

Idade: 49 anos

Curso: Matemática

Formação: Física – Doutorado em Física

Anos de docência no ensino superior: 12 anos

Situação Funcional: 40 horas

Entrevistador: MS

Data: 27 de setembro de 2010

MS: Boa tarde, professor. Vamos iniciar a entrevista, com sua participação voluntária

na pesquisa que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da Educação na

Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. A

intenção da entrevista é recolher a sua opinião sobre a docência universitária, sobre a

condição do trabalho docente frente às mudanças ocorridas no interior da universidade.

Lembro-lhe que as informações concedidas serão trabalhadas enquanto dados e a sua

identidade preservada pelo anonimato e confidencialidade. Como habitual nestes

processos, a transcrição da entrevista lhe será enviada para que, se necessário, faça

correções. O resultado final do estudo será entregue às instituições participantes e os

resultados disponibilizados para os interessados.

PAULO: Muito bem.

MS: De que modo o senhor caracterizaria a docência universitária?

PAULO: Caracterizo a docência universitária como um grande desafio. Os alunos

chegam à universidade sem saber coisa alguma, parece que não passaram pela educação

básica. Não têm noções básicas. Isso é muito mau para o professor. Daí o desafio de

tentar fazer com que eles cheguem ao nível esperado no ensino superior. Com esse

intuito a primeira coisa que eu faço com meus alunos é estabelecer um dialogo aberto.

Eu tenho comigo que as pessoas não podem fazer aquilo que eles não sabem que a gente

quer que faça. Então, a primeira coisa que eu faço é dizer o que eu quero deles: hora de

trabalhar, trabalho, hora de compromisso, compromisso, sou bem exigente, mas digo-

lhes que se eu não gostar eles saberão e se eles não gostarem eu tenho que ser o

primeiro a sabê-lo. Procuro ter os critérios bem estabelecidos.

MS: Fale-me sobre como se sente enquanto professor no cenário atual das

universidades? Enfrenta algum dilema?

PAULO: Eu acho que a docência universitária meio que se perdeu, de como ela era

vista e de como ela está hoje, descaracterizada e invertida. Às vezes desvirtuou o

sentido da universidade. O nome diz por si – Ensino Superior – mas o que fazemos de

realmente de superior nesse processo se temos que lidar com alunos com grandes

deficiências. O que há de superior no aviltamento ao direito dos professores? Aos

modos como a nossa categoria profissional é questionada sobre a sua legitimidade e

pressionada a trabalhar quase de forma desumana para tentar conseguir se manter

financeiramente.

MS: O senhor vislumbra possibilidades na docência universitária?

PAULO: No sentido que acabei de falar, eu vejo algumas possibilidades para docência

universitária. Eu acredito que nós teríamos muito mais possibilidades, se fosse

resgatado o sentido da universidade e conseqüentemente da docência. Que realmente a

universidade fosse vista como um meio de se chegar a um fim, que fosse uma

instituição que realmente estivesse a serviço da comunidade e não ficasse só neste

mundinho restrito, reduzida a pesquisa muita vezes sem essência nenhuma. Uma

universidade voltada para o ensino e para a formação de profissionais. As possibilidades

de mercado de trabalho também são bem reduzidas. É só doutor e uma vaga.

MS: E o senhor exerce ou já exerceu outra profissão, além da docência universitária?

PAULO: Eu sou professor de Ensino Médio, mas iniciei minha carreira docente no

ensino fundamental a aproximadamente 19 anos.

MS: Qual a sua opinião sobre exercer outra atividade profissional concomitante ou

anterior a docência universitária?

PAULO: Muitas vezes falta para o professor universitário, principalmente o que atua

nas licenciaturas a experiência de um ensino fundamental, de lidar com alunos e com o

cotidiano escolar. Acho que a experiência profissional na área de conhecimento da

docência deveria ser critério na seleção dos docentes.

MS: Qual a trajetória percorrida pelo senhor para se tornar professor na universidade?

PAULO: Eu considero que me fiz docente universitário sendo docente do fundamental.

Como te falei, sou professor do ensino médio e já trabalhei com o fundamental, também

já dei aulas em cursinho, mas essa não foi uma boa experiência. A entrada na docência

no ensino superior foi por intermédio de um colega. Fiz a seleção. Eu vejo que quando

eu comecei na Universidade, faz uns dez, onze anos, doze, isso. Há doze anos atrás nós

trabalhávamos com alunos mais maduros e então tu eras um docente universitário em

todos os sentidos. Éramos mais docentes universitários do que agora. Tenho essa

impressão porque os alunos vinham mais sedentos, não sei se porque na época muita

gente mais madura tinha vindo para universidade, mas parece que podíamos avançar

mais, aprofundar mais, ter melhores bases de discussão, os alunos eram mais críticos.

Hoje eles não querem muito compromisso, eles não querem muita discussão.

MS: De que maneira se preparou para a docência na universidade? Como aprendeu a

ser professor?

PAULO: Como te falei, já era docente antes de entrar na universidade e continuo a ser

no ensino médio, então não posso dizer que fiz preparo especifico. Na verdade com os

alunos há pouca diferença, o que muda mais é a parte administrativa, mas como trabalho

em uma universidade particular, que é muito organizada administrativamente, não vejo

mesmo diferença.

MS: o senhor não teve alguma referência, um professor que admirava?

PAULO: sim muitos, mas não posso dizer que foram referências na docência na

universidade, como disse já tinha muitos anos de pratica, eu fui a minha referência.

MS: Orientaria alguns de seus alunos a seguir a carreira do magistério no ensino

superior? Quais recomendações daria acerca da profissão?

PAULO: O curso de matemática é muito mais para formar o professor do que para a

formação do matemático, do pesquisador. Falo sempre a eles da importância de atuar

em todos os níveis de ensino e da importância do docente de matemática ser qualificado

e competente. Sempre os estimulo a prosseguir nos estudos e ir a busca de titulação e

qualificação.

MS: Como o senhor se vê enquanto professor universitário?

PAULO: Eu tinha vontade de expandir essa minha docência. Ter outras experiências,

até em outras universidades, mas eu sinto que está tão difícil, até pela minha formação.

As licenciaturas estão passando por uma crise muito grande e eu nem sei se é crise,

porque crise vem e passa, não sei se não é caos. Não sei se esta crise vai passar e nós

vamos voltar a ter esperanças numa licenciatura. Mas eu vejo que o sistema não nos

ajuda, enquanto professor de uma licenciatura. Já fomos mais valorizados enquanto

formadores de professores. Isso dá uma tristeza porque tu vês que o pessoal quer, mas

não tem tesão para vir. É um balde de água fria em cima do outro. A mídia não nos

ajuda em nada e ainda nos atrapalha. Quando faz uma reportagem é para meter pau e

estragar tudo. Nunca tem nada bom. As universidades têm professores ótimos e isso não

aparece. Aparece o que é negativo e isto é uma defasagem na nossa imagem.

MS: O senhor poderia me explicar melhor isso, ou seja, na sua percepção qual a

imagem que a sociedade tem da docência universitária?

PAULO: Como já falei, há docentes de qualidade, com compromisso e dedicação, mas

há outros que não deveram estar na academia e justamente esses podem comprometer a

imagem docente. A maioria dos professores universitários não passa por processos de

formação pedagógica, assim sua prática fica delineada por suposições de um saber fazer

próprio da profissão docente. Há também as questões que envolvem o formação

profissional e a inserção no mercado do trabalho. É corrente que a universidade não esta

preparando profissionais de acordo com as exigências do mercado de trabalho, isso

devido entre outros fatores à massificação do ensino superior. Essa falta de qualificação,

por vezes acorre pelas deficiências que os alunos já trazem da educação básica. No final

a culpa recai nos docentes.

MS: E os alunos? Que imagens têm dos professores universitários?

PAULO: Ás vezes a questão esta na expectativa do aluno. Eles querem ter sucesso e

quando não conseguem a culpa é sempre dos “maus” professores. A desvalorização

docente esta atrelada a desvalorização da educação. O reconhecimento profissional dos

professores depende, em parte, da postura que assumimos, tanto junto à universidade,

como junto aos alunos. Acho que é por ai.

MS: Eu agradeço a sua colaboração.

PROTOCOLO DE ENTREVISTA

(Mateus)

Entrevistado: Mateus

Idade: 57

Curso: Odontologia

Formação: Odontologia – Especialista

Anos de docência no ensino superior: 19 anos

Situação Funcional: 40h Adjunto

Entrevistador: MS

Data: 29 de setembro de 2010

MS: Boa tarde, professor. Vamos iniciar a entrevista, com sua participação voluntária

na pesquisa que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da Educação na

Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. A

intenção da entrevista é recolher a sua opinião sobre a docência universitária, sobre a

condição do trabalho docente frente às mudanças ocorridas no interior da universidade.

Lembro-lhe que as informações concedidas serão trabalhadas enquanto dados e a sua

identidade preservada pelo anonimato e confidencialidade. Como habitual nestes

processos, a transcrição da entrevista lhe será enviada para que, se necessário, faça

correções. O resultado final do estudo será entregue às instituições participantes e os

resultados disponibilizados para os interessados.

MATEUS: Sim.

MS: De que modo o senhor caracterizaria a docência universitária?

MATEUS: A docência universitária na área da saúde nos últimos anos teve um salto

positivo muito grande. Nós tivemos e ainda temos historicamente profissionais que

davam aula. Então, nós tínhamos médicos que davam aula, dentistas que davam aula e

geralmente, profissionais que, em princípio, eram bem sucedidos na sua prática, em

clínica, nos seus consultórios. Isto felizmente mudou, porque hoje nós temos os

professores das diferentes áreas da saúde com uma inserção muito importante na área

pedagógica e isto tem feito sem dúvida diferença na formação do nosso egresso. Os

docentes passaram a ter uma visão muito maior em termos pedagógico, especialmente

no momento em que passa da questão somente ensinar uma prática para um processo de

aprender a aprender. Eu acho que isto é um grande ganho, as Diretrizes Curriculares

Nacionais que foram avanços sem dúvida nenhuma para a docência universitária. É

nessa perspectiva que caracterizo a docência, com o compromisso.

MS: Fale-me sobre como se sente enquanto professor no cenário atual das

universidades? Enfrenta algum dilema?

MATEUS: Pensando assim em termos de país nós tivemos um boom de universidades,

entretanto, vejo que a universidade ainda carece de algumas coisas. Posso falar da

minha área onde ainda nós não temos a compreensão por parte do docente da

importância de uma universidade transformadora. Então a transformação da

universidade, da prática docente, é uma necessidade imperiosa. Especialmente, na área

da saúde onde os docentes ainda estão fechados, onde a estrutura organizacional ainda é

feita de forma compartimentalizada e não se consegue avançar pela organização

interdisciplinaridade. Na área da saúde e na Odontologia, o grande dilema que nós

vivemos é de tu fazer com que o aluno compreenda que a formação dele é maior do que

boca e dentes. Esse é o grande dilema que nós temos. Como eu trabalho nos primeiros

semestres isto é mais forte.

MS: O senhor vislumbra possibilidades na docência universitária?

MATEUS: Eu sou um entusiasmado com a questão da docência universitária da área da

saúde. Eu acho que a gente tem hoje um grupo de professores que estão mais bem

qualificados, que fazem pesquisa e que a produção científica tem ampliado. Eu acho que

a docência na área da saúde começa a ter a compreensão de que seu papel é muito maior

que formar um técnico. Tornam-se docente 40horas, fazendo pesquisa, a profissão dele

é docente universitário. Mesmo que isso implique abdicar de algumas coisas, pois a

docência não nos dá suficientemente recursos financeiro, comparando com outras áreas

profissionais, mas eu vejo que pelo nos últimos dez anos houve um crescimento nesse

sentido.

MS: E o senhor exerce ou já exerceu outra profissão, além da docência universitária?

MATEUS: Sim, trabalhei com consultório muitos anos, mas hoje tenho só me dedico a

docência.

MS: Qual a sua opinião sobre exercer outra atividade profissional concomitante ou

anterior a docência universitária?

MATEUS: Acho que a experiência profissional é imprescindível para a realização da

docência. A ligação teoria prática fica mais real e participativa se o docente tem

vivência. Na área de saúde, na odontologia é quase obrigatória essa experiência. Para

essa área não deve existir essa coisa de dedicação exclusiva, mas é claro que os

docentes não devem priorizar o exercício de outra atividade em relação à docência. As

duas atividades devem ser importantes e exercidas com compromisso e competência.

MS: Qual a trajetória percorrida pelo senhor para se tornar professor na universidade?

MATEUS: Como falei anteriormente, trabalhei quase 15 anos no consultório, em uma

clinica cooperada que recebia alunos estagiários. O contato com seus supervisores me

levou a universidade e depois fui contaminado pela docência. Me vejo mais docente do

que odontólogo.

MS: De que maneira se preparou para a docência? Como aprendeu a ser professor?

MATEUS: No inicio não foi tão fácil, mais tive apoio de um colega e isso foi muito

importante. As coisas foram acontecendo e eu me tornei o professor que hoje sou.

Todos temos referências dos professores que passaram em nossas vidas e que marcaram

positivamente, mas há os que foram experiências negativas, e também tento não

cometer os mesmos erros. Acho mesmo que é isso, temos na memória os bons e maus

professores e esse é um recurso do espelho ou algo parecido com isso.

MS: Orientaria alguns de seus alunos a seguir a carreira do magistério no ensino

superior? Quais recomendações daria acerca da profissão?

MATEUS: Dentre os elementos que envolvem a docência um deles é a compreensão

por parte do docente das suas limitações em termos de conhecimento, forçando que ele

sempre busque se reciclar, se aprofundar no conhecimento. Diria isso a meus alunos,

mas não percebo neles a inclinação para esse caminho profissional. O que consigo

perceber é a intenção de “ganhar muito dinheiro” com a odontologia clinica.

MS: Como o senhor se vê enquanto professor universitário?

MATEUS: O grande desafio para mim é conseguir fazer para esse aluno o que meus

professores não fizeram comigo, na minha formação. Penso que meu compromisso

ultrapassa a mera formação prática para um exercício profissional, pois busco forma o

profissional que enxergue o ser humano por trás de uma boca. Assim que me vejo, como um

professor que se constrói a cada dia e que se dedica com o que faz.

MS: Na sua percepção qual a imagem que a sociedade tem da docência universitária?

MATEUS: Acho que boa, apesar de não ser uma profissão cobiçada pelas obvias

questões financeiras e até sociais. Como sem os docentes não há formação na área

odontológica, há de certa forma um respeito aos docentes.

MS: E os alunos? Que imagens têm dos professores universitários?

MATEUS: Mesmo quando não são tão professores assim, de modo geral são bons

profissionais, a grande maioria tem nome, por isso eles têm uma boa imagem.

MS: Obrigada professor, agradeço a sua colaboração.

PROTOCOLO DE ENTREVISTA (Ruth)

Entrevistado: Ruth

Idade: 56

Curso: Ciências da Educação

Formação: Pedagogia- Doutorado em Educação

Anos de docência no ensino superior: 22 anos

Situação Funcional: 40h

Entrevistador: MS

Data: 01 de outubro de 2010

MS: Boa tarde, professora. Vamos iniciar a entrevista, com sua participação voluntária

na pesquisa que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da Educação na

Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. A

intenção da entrevista é recolher a sua opinião sobre a docência universitária, sobre a

condição do trabalho docente frente às mudanças ocorridas no interior da universidade.

Lembro-lhe que as informações concedidas serão trabalhadas enquanto dados e a sua

identidade preservada pelo anonimato e confidencialidade. Como habitual nestes

processos, a transcrição da entrevista lhe será enviada para que, se necessário, faça

correções. O resultado final do estudo será entregue às instituições participantes e os

resultados disponibilizados para os interessados.

RUTH: Sinto-me satisfeita por estar participando da sua pesquisa.

MS: De que modo a senhora caracterizaria a docência universitária?

RUTH: A docência é responsável pela formação humana e técnica dos alunos. Os

professores universitários devem ser produtores e incentivadores do conhecimento, mas

não podem perder de vista a responsabilidade com a formação humana e integral dos

seus alunos. A docência deve ser caracterizada pela dedicação, compromisso e empenho

com a realização do trabalho na universidade. Deve também manter uma postura crítica

e desafiadora frentes os recentes contornos políticos que as instituições vem adotando

em face das políticas intervencionistas e manipuladora do Estado. A universidade

deveria ser responsável pela disseminação e pela busca de novos conhecimentos. Mas

vejo que, na verdade, sua atuação está atrelada a interesses de grupos dominantes, que

ditam os procedimentos da universidade como uma empresa que apenas visa ao lucro.

Um desvio histórico da sua concepção. Entendo que o exercício profissional do

professor define-se como o efetivo exercício profissional docente no espaço em que se

realizam os cursos de graduação e pós-graduação. Em outras palavras, a docência

universitária envolve atividade de ensino, pesquisa e extensão sob a luz de uma

pedagogia e de uma didática universitária com as quais o professor pode contar

atualmente, como fonte de reflexão, na perspectiva de repensar sua intervenção

pedagógico-didática e explorar as possibilidades de novas formas de ensinar que

propiciem efetivamente a aprendizagem, e conduzem ao real alcance dos objetivos

determinados para a educação superior.

MS: Fale-me sobre como se sente enquanto professora no cenário atual das

universidades? Enfrenta algum dilema?

RUTH: Muitos são os dilemas. Entre eles destaco a intensificação do trabalho docente

a exemplo o aumento da carga horária de trabalho com planejamento, correções,

estudos, reuniões, exigências burocráticas para além, muitas vezes, do suportável; a

crescente desvalorização que envolve desde uma formação continuada inadequada,

pois na maioria das vezes não atende às suas necessidades, interesses até a falta ou

precariedade de recursos materiais, bibliográficos, tecnológicos que enriquecem e

complementam seu trabalho, passando pelo número de alunos em sala de aula,

assessoramento pedagógico, salário; a falta de incentivo e investimento na pesquisa, ou

quando estes existem é para as áreas “prioritárias”, as que tem maiores repercussão e

podem gerar mais investimento para a instituição, o que provoca a desmotivação, o

desestímulo do professor para tal; o despreparo dos alunos para o enfrentamento com o

ensino superior, onde é perceptível o descompasso entre as exigências e demandas

postas para o ensino superior, em especial, capacidades cognitivas e a falta de pré-

requisitos com que os alunos chegam a ele. Conhecimentos, habilidades, capacidades,

saberes, hábitos, atitudes, que deveriam servir de suporte e requisito básicos para o

ensino superior não são ou são precariamente desenvolvidos. E os vazios pedagógicos,

as omissões, as ênfases dadas para alguns campos do conhecimento, afetam

significativamente o desempenho dos alunos nos cursos de graduação.

MS: A senhora vislumbra possibilidades na docência universitária?

RUTH: Entre as possibilidades para a docência universitária destaco trabalhar com a

perspectiva de coletividade junto ao conjunto dos professores dos cursos na

reconfiguração de um currículo que efetivamente inspire ações interdisciplinares que

exigem diálogo e parceria. E necessário ampliar a compreensão e a visão dos conteúdos

básicos para o exercício da docência, bem como criar espaço, no cotidiano da relação

pedagógica, para a dinamização de metodologias que conduzam a aprendizagens

significativas tendo como referência o domínio dos conhecimentos necessários, a

definição e o desenvolvimento de conteúdos comprometidos com as necessidades

concretas do contexto social em que os alunos desenvolverão seu ofício. Entendo que a

docência deve articular, no processo de formação, os conceitos de competência e

qualidade nucleares em toda ação docente realizada através da estreita relação entre as

dimensões humana, técnica, político-social, ética, estética. E preciso revitalizar os

processos de avaliação e assumir a pesquisa como geradora da reorganização,

reconstrução de conhecimentos, dando-lhes novos significados.

MS: E a senhora exerce ou já exerceu outra profissão, além da docência universitária?

RUTH: Sim, fui professora no ensino fundamental, diretora de escola e assumi

atividades de supervisão escolar, isso tudo por 12 anos.

MS: Qual a sua opinião sobre exercer outra atividade profissional concomitante ou

anterior a docência universitária?

RUTH: Em algumas áreas acho que deveria ser condição para o exercício da docência

universitária, para outras acho que é dispensável, mas, todavia do ponto de vista da

relação teoria-prática acho relevante ter experiência profissional, pois hoje, mais do que

nunca, é preciso recuperar o sentido de unidade, de totalidade, uma vez que nenhuma

forma de conhecimento se dá de modo aleatório, sem integrações, interações,

vinculação com outras formas de conhecimento. Entendo que a docência deve ter

prioridade como atividade profissional para que ela possa ser desenvolvida com

seriedade e competência.

MS: Qual a trajetória percorrida pela senhora para se tornar professor na universidade?

RUTH: O percurso percorrido por mim foi trilhado por minha consciência de ser um

profissional de educação e nunca ter me desviado da prática pedagógica, ao contrário,

exigiu que eu assumisse cada vez mais um compromisso social. Assim, entendo que o

ingresso na universidade foi conseqüência desse compromisso que me fez sempre ir a

busca de qualificação e melhoria da minha prática. Ingressei por concurso público e já

na academia sempre busquei me envolver em pesquisa e atividades acadêmicas que

pudessem me auxiliar no cotidiano. Entrar na universidade não foi difícil, o mais

complicado é se manter lúcido e atuante em um ambiente que as relações pesadas e a

intensificação do trabalho colaboram para o crescente mal estar docente.

MS: E de que maneira se preparou para a docência? Como aprendeu a ser professora?

RUTH: A minha vida toda é de preparação para a docência. Não vejo grande diferença

de ser docente na universidade ou em uma escola. As dificuldades são quase da mesma

ordem, o empenho deve ser o mesmo, pois afinal o que se quer é contribuir na formação

dos alunos.

MS: Mesmo tempo em vista o cenário apontado pela senhora, orientaria alguns de seus

alunos a seguir a carreira do magistério no ensino superior? Quais recomendações daria

acerca da profissão?

RUTH: Pelo próprio cominho que percorri até chegar à academia, não orientaria para

diretamente ingressarem na docência do ensino superior, pois apesar de atuar em um

curso de formação de professores, a grande maioria dos alunos nele inseridos não têm

qualquer experiência com a docência. Eu diária até que quase nenhuma intenção em

atuar como professores. Para alguns foi a maneira de entrarem no ensino superior e

darem uma satisfação imediata em casa, mas pretendem buscar outra formação

profissional. Então, não vejo sentido nessa abordagem.

MS: Como a senhora se vê enquanto professor universitário?

RUTH: Em uma época em que o volume de conhecimento e de informações passa por

um crescimento sem precedentes, em que o saber científico e tecnológico torna-se um

poderoso trunfo para que o humano possa movimentar-se num contexto social a

profissão docente torna-se difícil. Não só pela especificidade pedagógica que a profissão

exige, mas também por fatores sociais que passa pelo reconhecimento e valorização da

docência. Nesse contexto acho que, apesar das dificuldades sou uma profissional bem

sucedida. Tenho compromisso e dedicação com o que faço e busco contribuir na

formação dos meus alunos. Tenho um papel social a cumprir que envolvem questões

éticas e compromisso com a ciência, além do empenho em contribuir na formação do

ser humana, do cidadão.

MS: Na sua percepção qual a imagem que a sociedade tem da docência universitária?

RUTH: Atualmente a sociedade exige que a universidade faça mais e melhor e essa

exigência internamente é legada aos seus professores, só que isso não vem ocorrendo,

ou seja, as criticas advindas de todos os lado apontam para a ineficiência da educação

superior, para a formação profissional de seus egressos. Nessa linha de pensamento,

penso que a imagem que a população, de modo geral, tem da docência está atrelada a

própria ineficiência da universidade uma vida mais digna, através da melhor

qualificação profissional, competitividade no mercado de trabalho, daí a cobrança e o

descrédito quando isso não ocorre. Então a imagem não é boa.

MS: E os alunos? Que imagens têm dos professores universitários?

RUTH: Aqui é um pouco diferente, pois os alunos têm imagens mais pessoais dos

professores, alguns eles admiram quer por característica pessoais, como pessoa, quer

pela competência profissional ou até um misto dos dois aspectos. Outros não são

respeitados por um ou outro aspecto. Percebo que os alunos das licenciaturas já sabem o

que esperar da carreira docente, apesar de acharem que a docência universitária é mais

“fácil”. Ao contrário, os alunos dos cursos de bacharelados, cursos de formação mais

técnica, acham a profissão docente, nem é bem uma profissão. Percebem-na como

desvalorizada, sem prestígio social. Também há os que têm como referencia a imagem

do professor dócil e amigo, que tem todas as respostas, que trabalha com prazer mesmo

ganhando muito pouco. Aquela figura sacerdotal do século passado, pois nem os

sacerdotes agem assim hoje. Tudo é muito conflituoso quando se fala na imagem

docente.

MS: Obrigada professora, agradeço a sua colaboração.

PROTOCOLO DE ENTREVISTA

(Thiago)

Entrevistado: Thiago

Idade: 53

Curso: Psicologia

Formação: Psicologia - Doutorado em Psicologia

Anos de docência no ensino superior: 23 anos

Situação Funcional: 40h - UNAMA

Entrevistador: MS

Data: 04 de outubro de 2010

MS: Boa tarde, professor. Vamos iniciar a entrevista, com sua participação voluntária

na pesquisa que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da Educação na

Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. A

intenção da entrevista é recolher a sua opinião sobre a docência universitária, sobre a

condição do trabalho docente frente às mudanças ocorridas no interior da universidade.

Lembro-lhe que as informações concedidas serão trabalhadas enquanto dados e a sua

identidade preservada pelo anonimato e confidencialidade. Como habitual nestes

processos, a transcrição da entrevista lhe será enviada para que, se necessário, faça

correções. O resultado final do estudo será entregue às instituições participantes e os

resultados disponibilizados para os interessados.

THIAGO: Perfeito.

MS: De que modo o senhor caracterizaria a docência universitária?

THIAGO: A docência universitária apesar de envolver uma gama de atividades, talvez

a mais característica seja a própria sala de aula. A sala de aula é uma das principais

dimensões, mas é obvio que tem a ver com preparação de aula também, tem a ver com a

forma que seria bem específico da metodologia que tu usas para desenvolver conteúdo,

tem a ver com pesquisa. Essa pesquisa que tu podes fazer com o aluno dentro da sala de

aula para desenvolver o conteúdo, mas também é uma pesquisa que tu fazes para te

manter atualizado em relação ao que tu estás desenvolvendo ou até aprimorando aquilo

que tu estás desenvolvendo. Na docência precisaria um maior investimento de

renovação do conhecimento. A renovação do conhecimento se dá mais pela via da

pesquisa, da produção, quando o aluno se envolve com todo o movimento que significa

pesquisar. Penso que a docência também está relacionada com a forma como tu te

relacionas com a instituição onde tu estás. Isso influencia a tua atuação docente, a tua

inserção na instituição, a forma como a instituição se relaciona contigo, a concepção

que a instituição tem em relação a ensino, o lugar do ensino nessa instituição.

MS: Fale-me sobre como se sente enquanto professor no cenário atual das

universidades? Enfrenta algum dilema?

THIAGO: A crise da universidade me atinge e houve um momento que eu não estava

mais fazendo o que tinha que fazer que era dar aula direitinho, cumprir toda burocracia

e aquilo começou a me deixar muito mal porque não tem a ver comigo, mas começou

a acontecer, não tinha vontade, diminuía as aulas, terminava antes, não conseguia. Mas

isto não sou eu. Então, essa crise que afeta diretamente a gente, porque ela á uma crise

econômica, mas também é uma crise moral. A gente está vivendo isso, por uma série de

coisas, por uma má administração, por uma falta de identidade da instituição, com o que

ela faz, com o que ela produz. Ela produz conhecimento, mas ela não se identifica com

isso, não prioriza isso. Acho que nós estamos vivendo um momento muito específico,

que atinge e compromete a prática docente.

MS: Mesmo com a vivência desse momento, que o senhor caracteriza como específico,

que possibilidades vislumbra na docência universitária?

THIAGO: Eu estou bem entusiasmado com um novo projeto de extensão e aí investir

um pouco mais em pesquisar o que eu quero. Parece que eu estou vislumbrando uma

certa renovação. Eu comecei a estudar sobre Psicoterapia, o meu doutorado tem a ver

com isso. Comecei a me encontrar com outras pessoas que estavam fazendo e a gente

começou a desenvolver esse projeto. Essas mudanças que a gente está tendo em termos

de concepções, com os novos direcionamentos, essa coisa de conseguir me relacionar

mais, sair da disciplina, me inter relacionar com outras áreas do conhecimento e

questionar mais isso. Acho que eu vinha trabalhando de forma mecânica até em

determinado momento. Estou vendo a inserção, a possibilidade de trocar com outras

áreas, sair um pouco da coisa mais fechada que às vezes a gente tem com a disciplina é

uma coisa legal. Atualizar isso de processo, de eixos. Na Psicologia a gente não

conseguiu fazer isso muito ainda. Muito difícil sair daquela idéia da matriz, da

disciplina, da avaliação de cada um, a gente se isola muito. Eu não sei se é uma

característica nossa, da nossa formação, da nossa profissionalização, que talvez em

outras áreas tu não vês isso desse jeito, da individualização em relação à produção do

conhecimento e abrir um pouco mais e sair dessas coisas mais rançosas da área, que só

consegue enxergar a aplicabilidade ali. Então, eu acho que vislumbro que eu vá me re-

posicionar um pouco nesta questão de produzir, numa posição mais de pesquisa e de

poder trocar com os meus próprios colegas, uma posição menos individualista, não só

com meus colegas, mas com outras áreas que tangenciam, que se relacionam conosco na

questão da Psicologia.

MS: E em relação aos docentes de modo geral?

THIAGO: Uma coisa que me questionando muito, a forma como estou vendo eles

trabalharem os conteúdos. Não há dialogo entre nós, é cada um por si. E isso

compromete a formação profissional do aluno. Eu acho que deveria haver uma maior

aproximação entre a gente, daquilo que a gente produz como conhecimento, que a gente

gera como conhecimento dentro das nossas áreas, e com as outras áreas. Às vezes eu

acho os professores na universidade, têm uma teorização que não condiz com a

realidade, com as necessidades sociais, com o conhecimento produtivo. O que é um

conhecimento produtivo? É aquele que se torna aplicável, que o aluno consegue

transformar em algo aplicável.

MS: O senhor exerce ou já exerceu outra profissão, além da docência universitária?

THIAGO: Sou terapeuta, tenho um consultório.

MS: Qual a sua opinião sobre exercer outra atividade profissional concomitante ou

anterior a docência universitária?

THIAGO: Isso é extremamente necessário na psicologia. Sim, também é relevante em

todas as áreas.

MS: Qual a trajetória percorrida pelo senhor para se tornar professor na universidade?

THIAGO: Era um desejo antigo que guardo desde a minha infância, mas a

oportunidade de mais uma profissão influenciou meu ingresso na docência, aí

quando decidi que era a hora fui atrás de cursos de pós-graduação e com o mestrado

consegui ingresso na docência. A docência me auxilia muito na carreira profissional,

a questionar aquilo que eu sei, a me perguntar outras coisas, até querer buscar outras

coisas.

MS: E de que maneira se preparou para a docência? Como aprendeu a ser professor?

THIAGO: O curso de pós-graduação em docência no ensino superior foi muito

importante. Tu aprendes muita coisa, mas também observa a prática dos teus

professores. Acho que esse foi meu caminho inicial, o resto veio com a prática, mas

sempre me pergunto se estou fazendo a coisa certa, me questiono o tempo todo.

MS: Orientaria alguns de seus alunos a seguir a carreira do magistério no ensino

superior? Quais recomendações daria acerca da profissão?

THIAGO: O que eu digo sempre para os alunos em sala de aula e que eles tem que se

torna um profissional, mesmo que ele seja autônomo, seja empregado, e que devem

responder às demandas sociais e aí eu não sei até que ponto isso está na cabeça deles. Se

entrarem para a docência é conseqüência.

MS: Como o senhor se vê enquanto professor universitário?

THIAGO: O momento que estou vivendo hoje é para me perguntar sobre como ensinar,

o que fazer, como e quem eu estou formando, como estou administrando isso. Eu estou

muito na batida de quem está fazendo pesquisa, que está se perguntando sobre essas

questões e isso talvez esteja refletindo, mesmo que não diretamente, no conteúdo que

estou trabalhando. Talvez eu esteja nesse impasse e isso aparece na sala de aula, de

questionar o que eu estou desenvolvendo.

MS: Na sua percepção qual a imagem que a sociedade tem da docência universitária?

THIAGO: O fato de a universidade estar em crise, uma crise incompreensível para a

sociedade de modo geral, como chegou a esta situação, causa mal estar, até de

descaracterização da nossa própria profissão, dos nossos objetivos, dos nossos próprios

princípios, das questões éticas. A lógica é a do mercado, e isso para a sociedade parece

que somos nós professores. Nós é que não formamos bem o aluno, o profissional. Acho

isso muito complicado, não sei se isso tem solução, se a gente tem que se acostumar

com isso. A gente é meio apático o que é bastante problemático porque a apatia é pior

que qualquer coisa. É pior que fazer o enfrentamento é pior que tu não fazer, a apatia é

quase uma depressão.

MS: E os alunos? Que imagens têm dos professores universitários?

THIAGO: Os alunos não gostam dos professores que os fazem pensar. Eu digo para

eles: vocês têm que conhecer teorias por primeiro. Não dá para negar toda a produção

do conhecimento. Tu tens que conhecer os clássicos. Tu podes dizer – eu não me

identifico com isso, isso não responde às minhas perguntas, eu prefiro outras teorias.

Mas, a priori essa intolerância em relação aos clássicos, aos conhecimentos da área, eu

acho isso ignorância. Então acho que a minha imagem também não é lá muito boa.

MS: Obrigada, agradeço a sua colaboração.

PROTOCOLO DE ENTREVISTA

(Maria)

Entrevistado: Maria

Idade: 45

Curso: Engenharia civil

Formação: Engenharia civil – Doutora

Anos de docência no ensino superior: 19 anos

Situação Funcional: 40 h

Entrevistador: MS

Data: 06 de outubro de 2010

MS: Boa dia, professora. Vamos iniciar a entrevista, com sua participação voluntária na

pesquisa que desenvolvo no Doutoramento em Ciências da Educação na Universidade

de Lisboa, sob a orientação do Professor Doutor António Nóvoa. A intenção da

entrevista é recolher a sua opinião sobre a docência universitária, sobre a condição do

trabalho docente frente às mudanças ocorridas no interior da universidade. Lembro-lhe

que as informações concedidas serão trabalhadas enquanto dados e a sua identidade

preservada pelo anonimato e confidencialidade. Como habitual nestes processos, a

transcrição da entrevista lhe será enviada para que, se necessário, faça correções. O

resultado final do estudo será entregue às instituições participantes e os resultados

disponibilizados para os interessados.

MARIA: De acordo.

MS: De que modo a senhora caracterizaria a docência universitária?

MARIA: Caracterizo como qualquer outro profissional, que deve ter comprometimento

e dedicação no seu fazer. Como formador de profissionais, o docente universitário

precisa estar constantemente revendo suas práticas pedagógicas, e neste ir e vir é que

está à possibilidade de reconstruir sua atitude docente, como também, o contexto em

que atua, principalmente quando tem a possibilidade de estar trocando, conversando,

com os demais professores e alunos, ou seja, na especificidade das situações vividas na

prática pedagógica, os professores devem estabelecer relações pessoais, interpessoais e

sociais, com a intencionalidade pedagógica e educativa. A docência para mim implica o

desenvolvimento de competências que acentuem a minha capacidade de observar; de

analisar, interpretar e compreender o que se passa em sala de aulas, possibilitando-me

interagir e propor situações concretas de aprendizagem.

MS: Fale-me sobre como se sente enquanto professora no cenário atual das

universidades? Enfrenta algum dilema?

MARIA: Considero a docência o centro da minha vida profissional. Acho que muitas

coisas estão mudando e tantas outras ainda vão mudar. O ambiente na universidade já

não é mais o mesmo de quando entrei, e isso não saudosismo, pois acredito na evolução,

o que quero dizer e que já esta um pouco demais tanta pressão. É publicação,

produtividade, pesquisa, atividades representativas, colegiadas, funções administrativas,

entre tantas outras que é difícil enumerá-las aqui. Atuo como docente em função dos

alunos, a interação com eles é o meu principal motivador. E isso é colocado de lado na

universidade.

MS: Que possibilidade vislumbra na docência universitária?

MARIA: Vislumbro crescimento e valorização na carreira. Entendo que o quadro atual

é passageiro e que tomaremos rumos melhores. Percebo que os professores buscam cada

vez mais se aperfeiçoar. Sinto que há uma preocupação maior com a forma de ensinar,

com as pedagogias ou com o que podemos chamar de uma pedagogia universitária.

Hoje conversamos mais entre nós, trocamos mais idéias e informação, ou seja, há uma

relação de partilha, principalmente no campo da pesquisa.

MS: A senhora exerce ou já exerceu outra profissão, além da docência universitária?

MARIA: Trabalhei na Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia como

técnico na área de formulação de planos e diretrizes para o desenvolvimento regional.

MS: Qual a sua opinião sobre exercer outra atividade profissional concomitante ou

anterior a docência universitária?

MARIA: A experiência profissional, no meu caso, possibilitou ter um conhecimento

prático do conteúdo que ministro em sala de aula, com capacidade de através das

associações mostrar a importância do conteúdo da minha disciplina para o profissional

que está se formando. Toda a teoria da sala de aula se transforma em prática com os

exemplos que posso dar com base na minha experiência prática.

MS: Qual a trajetória percorrida pela senhora para se tornar professora na universidade?

MARIA: Iniciei a carreira docente num período de substituição de um professor na

universidade, que coincidiu justamente com a conclusão da minha especialização. Na

ocasião já tencionava dar continuidade na minha qualificação, com o mestrado. No

período como professora substituta, fiz a seleção para o mestrado e logo após a seleção

para a Universidade. Já na academia fiz doutorado e a pouco conclui o pós-

doutoramento.

MS: E de que maneira se preparou para a docência? Como aprendeu a ser professora?

MARIA: Observando bons professores. Minha referência inicial foi os professores que

tive, então tentei imitá-los. Depois com o tempo fui trilhando meu próprio caminho,

construindo minha prática docente. Também busquei me prepara com leituras e as

conversas com os colegas sempre é de grande auxílio.

MS: Orientaria alguns de seus alunos a seguir a carreira do magistério no ensino

superior? Quais recomendações daria acerca da profissão?

MARIA: Além de conhecimento e domínio de conteúdo, é responsabilidades do

professor ser exemplo para os alunos não só nas questões éticas, mas também

profissionais. O professor tem obrigação de ser um profissional de mercado muito

capaz em sua área, para que os alunos também assim o queiram ser.

MS: Como o senhor se vê enquanto professor universitário?

MARIA: A docência é uma profissão que me satisfaz plenamente. Sem dúvida é um

trabalho cansativo que toma todos meu tempo, pois alem de preparar as aulas, estou

envolvido em pesquisa e em produzir textos e artigos, mas não o faço como obrigação,

não entro no circuito de produtividade de alguns colegas. Sinto-me cotidianamente

desafiada e estimulada a mediar a construção do conhecimento com meus alunos,

perceber suas reais necessidades.

MS: Na sua percepção qual a imagem que a sociedade tem da docência universitária?

MARIA: Percebo que somos vistos de forma diferente dos professores da educação

básica, de certa forma há uma distinção maior ao professor universitário, apesar de não

termos um status elevado na sociedade. O que quero dizer é que já foi melhor, ser

professor da universidade era prestigio e hoje não tanto e acho que isso é devido a crise

que atinge as universidade, tem haver com a falta de qualificação dos profissionais que

são colocados no mercado de trabalho. Há que se definir no interior dos cursos que tipo

de profissionais queremos formar e trabalhar nessa perspectiva de forma conjunta, pois

o que temos são professores trabalhando isoladamente. Tudo isso colabora com a

imagem docente.

MS: E os alunos? Que imagens têm dos professores universitários?

MARIA: Acho que as imagens são individualizadas. Vou te dar um exemplo. Os

alunos conversam entre si, trocam informações e falam dos professores. Unem as

características do bom profissional, qualificado, competente com a pessoa do professor,

ou seja, sabem reconhecer bons professores. Infelizmente a forma de organização da

universidade não os permite escolher com quem querem fazer as disciplinas se

pudessem teríamos como visualizar isso. Essa massificação que ai está impede um

pouco a boa docência e a formação dos alunos. Não há como, com o número de alunos

que temos em sala de aula e com o número de turmas fazer um trabalho diferenciado,

individualizado. Não dá para conhecer nossos alunos, ai fica difícil.

MS: Obrigada professora, agradeço a sua colaboração.

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

Doutoramento em Educação

Especialidade em Administração e Política Educacional

IMAGEM E IDENTIDADE:

Estudo sobre o professor universitário

ANEXO 11

Tabelas

Tabela 02 Distribuição dos inquiridos por faixa-etária

Faixa etária Percentual

entre 20 – 29 anos 3,9

entre 30 – 39 anos 18,8

entre 40 – 49 anos 33,7

entre 50 – 59 anos 30,4

acima de 60 anos 13,3

Total 100,0 Fonte: Dados dos inquéritos aplicados de 04/10 a 03/12 de 2010 - Elaboração própria.

Tabela 03 Distribuição dos professores

inquiridos por Titulação

Titulação Percentual

Especialização 12,6

Mestrado 49,2

Doutorado 33,7

Pós-Doutorado 4,5

Total 100,0

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos Docentes de 04/10 a 03/12 de 2010 - Elaboração própria.

Tabela 04 Tempo de Docência Universitária e

Situação Funcional

Variáveis Percentual

Tempo de docência 1 – 5 anos 12,0

6 – 10 anos 18,111 – 20 anos 36,921 – 30 anos 20,4

mais de 30 anos 12,6

Situação funcional Auxiliar 3,6

Assistente 19,1Adjunto 49,2

Associado 13,3Titular 14,8

Fonte: Dados do questionário aplicado aos Docentes de 04/10 a 03/12 de 2010

Tabela 05 Condições de Trabalho Docente Universitário

Categorias Percentual Regime de trabalho

20h40h

Dedicação exclusiva

28,5 28,8 42,7

Carga horária até 8 horas

9 -1620 -30

A partir de 40 horas

14,2 23,3 24,6 37,9

Instituições que exerce a docência apenas uma

duastrês

78,6 18,8 2,6

Ambiente acadêmico na Universidade

plenamente satisfatóriosatisfatório

parcialmente satisfatórioinsatisfatório

23,0 37,5 34,6 4,9

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos docentes de 04/10 a 03/12 de 2010. Elaboração própria.

Tabela 06 Distribuição dos Inquiridos por

funções desempenhadas no exercício da docência Categorias Percentual

somente na graduação 25,6

somente na pós-graduação 0,0

na graduação e pós-graduação 12,6

na graduação e participação/coordenação de projeto de pesquisa/extensão

14,6

na pós-graduação e participação/coordenação de projeto de pesquisa/extensão

1,0

na graduação e pós-graduação e participação/coordenação de projeto de pesquisa/extensão

17,5

na graduação e gestão de curso/setor na Universidade 4,5

na pós-graduação e gestão de curso/setor da Universidade 0,3

na graduação e pós-graduação e gestão de curso/setor da Universidade

3,9

na graduação, participação/coordenação de projeto de pesquisa/extensão e gestão de curso/setor da Universidade

4,9

na pós-graduação e participação/coordenação de projeto de pesquisa/extensão e gestão de curso/setor da Universidade

0,6

na graduação e pós-graduação, participação/coordenação projeto pesquisa/extensão e gestão de curso/setor na Universidade

9,7

não estou no exercício da docência 4,9

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos docentes de 04/10 a 03/12 de 2010 - Elaboração própria.

Tabela 07 Constituição da docência na vida dos professores

Categorias Percentual

Decisão sobre a docência

Antes de entrar no ensino superior 14,2

Durante a realização do curso de graduação 35,9

Ao realizar um curso de pós-graduação 24,6

Depois de inserido no mercado de trabalho 18,8

Nunca pensei 6,5

Motivação para a docência universitária

Influência da família 2,9 Influência de amigos 4,5

Possibilidade de trabalho/emprego 34,0 Necessidades externas na atividade profissional desenvolvida 9,7

Possibilidades internas na atividade profissional desenvolvida 21,4 Sempre foi a profissão desejada 27,5

Exercício de outra atividade profissional

sim 47,2 não 52,8

Área de atuação profissional

Empresário na mesma área de conhecimento da docência 5,4 Profissional liberal ou empresário de outra área 8,2

Profissional liberal na área de conhecimento da docência 38,4 Funcionário público na área de conhecimento da docência 33,6

Funcionário público de outra área 6,8 Funcionário de empresa privada na área de conhecimento da docência 5,5

Funcionário de empresa privada de outra área 2,1

Percepção sobre o exercício paralelo das duas atividades O exercício da docência enriquece o desenvolvimento de outra

atividade profissional 36,6

Exercício de outra atividade profissional enriquece a atividades docente 42,7 Outra atividade profissional desenvolvida em paralelo pode contribuir

para a não profissionalização do ensino 4,5

O desenvolvimento paralelo da atividade docente e de outra atividade profissional pode produzir conflitos

1,6

Em algumas áreas de conhecimento é essencial o exercício de outra atividade profissional

8,1

O status de ser professor universitário abre portas para o exercício de outra atividade profissional

6,5

Opção entre a carreira docente e outra atividade profissional optaria pela docência como atividade única 31,4

as limitações nas condições de trabalho, o baixo rendimento econômico optaria por outra atividade profissional

17,2

optaria pela docência, mas seria necessário oferecer condições, sobretudo econômicas

51,4

Continuidade no exercício da docência

Enquanto fisicamente capaz 70,9 Até completar o tempo para aposentadoria 25,2

Até que apareça algo melhor 2,6 Deixar a docência em breve 1,3

Características do professor de referência

Entusiasmo 55,0 Ética 70,6

Flexibilidade 12,6 Domínio de conteúdo 91,3

Organização 36,6 Inovação 24,9

Exigência 27,2 Competência 82,2

boa conduta pessoal 38,8 bom humor 29,1 criatividade 31,7

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos docentes de 04/10 a 03/12 de 2010 Elaboração própria.

Tabela 08 Grau de identificação com as funções na profissão acadêmica

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos docentes de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

Categorias Percentual

Alta Identificação 84,8

Média Identificação 11,3

Baixa Identificação 3,9

Exercício da Docência na Graduação (envolvendo o planejamento e avaliação de aulas, as orientações e supervisão de estágios)

Nenhuma Identificação 0,0 Alta Identificação 67,6

Média Identificação 17,2

Baixa Identificação 11,7

Exercício da Docência na Pós-Graduação (Lato Sensu) (envolvendo o planejamento e avaliação de aulas e as orientações de monografias.)

Nenhuma Identificação 3,6 Alta Identificação 50,8

Média Identificação 13,6

Baixa Identificação 24,9

Exercício da Docência em Mestrado e Doutorado (envolvendo o planejamento e avaliação de aulas e seminários, as orientações de dissertação e tese.)

Nenhuma Identificação 10,7 Alta Identificação 44,7

Média Identificação 24,9

Baixa Identificação 23,9

Desenvolvimento de Programa/Projeto de Extensão (curso de formação ou capacitação, atendimento clínico/serviço à comunidade, empresas, órgãos públicos). Nenhuma Identificação 6,5

Alta Identificação 36,9

Média Identificação 28,8

Baixa Identificação 26,9

Desenvolvimento de Projeto de Pesquisa (coordenação, busca de financiamento, elaboração e divulgação de relatório, participação em redes cientificas de pesquisa e cooperação nacional e internacionais). Nenhuma Identificação 7,4

Alta Identificação 35,3

Média Identificação 36,2

Baixa Identificação 22,3

Produção Cientifica (elaboração e divulgação de relatório de pesquisa/extensão, artigos, livros, capítulos de livros em publicações nacionais e internacionais; invenções). Nenhuma Identificação 6,1

Alta Identificação 20,4

Média Identificação 45,6

Baixa Identificação 22,3

Participação na Administração Acadêmica (direção, coordenação, órgãos colegiados, membro de banca e comissão).

Nenhuma Identificação 11,7 Alta Identificação 14,2

Média Identificação 46,0

Baixa Identificação 23,6

Participação em redes nacionais e internacionais (de pesquisa e cooperação cientifica)

Nenhuma Identificação 16,2 Alta Identificação 6,5

Média Identificação 45,6

Baixa Identificação 19,7

Captação de financiamento (para pesquisa e extensão, negociação de projetos e convênios com empresas e instituições.)

Nenhuma Identificação 28,2

Tabela 10 Reconhecimento social da docência, (prestígio acadêmico e remuneração)

Categorias Percentual

o prestígio acadêmico está longe de ser alcançado pela maioria dos docentes

20,1

a remuneração docente não com condiz com as atuais exigências impostas de eficiência no ensino

63,1

a produção e divulgação do conhecimento estão intimamente associadas ao prestígio acadêmico docente

46,0

as dificuldades de publicação da produção acadêmica, de participação em eventos limitam o prestígio acadêmico

26,9

a remuneração não é satisfatória, mas muitos professores aproveitam o prestígio acadêmico para incrementar o orçamento

23,0

a imagem construída ao longo da carreira acadêmica é que confere o prestígio ao professor

33,3

a falta de formação para a docência compromete o prestígio acadêmico, quer individual, quer institucional

11,3

o prestígio acadêmico esta também associado às políticas públicas do Ensino Superior, a valorização da profissão,ao reconhecimento dos

direitos dos docentes

29,8

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos docentes de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

Tabela 11 Complexidade do exercício da profissão acadêmica

Categorias Indicadores Percentual

Concordo parcialmente 65,0Concordo totalmente 33,7

Discordo 1,0

A docência me completa como pessoa e profissional, e apesar da falta de algumas condições acadêmicas, sociais e econômicas, o ambiente universitário é propício à criatividade e à inovação. Sinto-me motivado. Discordo totalmente 0,3

Concordo parcialmente 57,9Concordo totalmente 19,4

Discordo 15,9

Apesar do trabalho docente ser admirável, a inexistência de uma política de valorização e reconhecimento dos docentes são fatores que inibem minha atuação. Sinto-me desmotivado

Discordo totalmente 6,8Concordo parcialmente 33,7

Concordo totalmente 63,1Discordo 2,6

Sinto que estou engajado em atividades educativas voltadas para o efetivo desenvolvimento de futuros profissionais e influenciando positivamente a vida de outras pessoas através do meu trabalho acadêmico Discordo totalmente 0,6

Concordo parcialmente 28,8Concordo totalmente 19,1

Discordo 33,0

Estou desmotivado com o ensino, preferiria seguir a carreira profissional de pesquisador

Discordo totalmente 19,1Concordo parcialmente 27,5

Concordo totalmente 19,1Discordo 35,0

Sinto falta de preparo específico para o magistério superior, pois não há investimento institucional de aperfeiçoamento para a docência

Discordo totalmente 18,4

Concordo parcialmente 20,1Concordo totalmente 14,6

Discordo 45,6

Sinto-me sobrecarregado em relação às atividades realizadas e não consigo me posicionar diante das pressões

Discordo totalmente 19,7Concordo parcialmente 22,7

Concordo totalmente 11,0Discordo 46,9

Na atual carreira docente universitária inexiste uma especificação clara das principais atribuições acadêmicas dos docentes e essa indefinição trás conseqüências negativas

Discordo totalmente 19,4

Concordo parcialmente 14,9Concordo totalmente 9,7

Discordo 44,7

Ensinar é uma profissão que exige energia física e emocional. Estou esgotado

Discordo totalmente 30,7

Concordo parcialmente 8,7Concordo totalmente 6,1

Discordo 43,4

A desvalorização profissional acadêmica passou a fazer parte do meu cotidiano negativamente, ocasionando sentimentos de desânimo, de apatia

Discordo totalmente 41,7Concordo parcialmente 25,9

Concordo totalmente 8,7Discordo 30,1

O ambiente acadêmico é muito competitivo e individualista

Discordo totalmente 35,3

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos docentes de 04/10 a 03/12 de 2010. Elaboração própria.

Tabela 12 Complexidade do trabalho acadêmico e tempo de docência

Categorias Indicadores Tempo de docência no ensino superior (variáveis)

1 – 5 anos

6 – 10 anos

11 – 20 anos

21 – 30 anos

mais de 30 anos

Concordo totalmente 17,3 25,0 26,0 23,1 8,7

Concordo parcialmente 9,5 14,4 41,8 19,4 14,9

Discordo ,0 33,3 66,7 ,0 ,0

A docência me completa como pessoa e profissional. Sinto-me motivado

Discordo totalmente ,0 ,0 100,0 ,0 ,0

Concordo totalmente 5,0 15,0 41,7 21,7 16,7

Concordo parcialmente 11,7 16,8 39,7 19,0 12,8

Discordo 22,4 24,5 24,5 22,4 6,1

Apesar do trabalho docente ser admirável, a inexistência de uma política de valorização e reconhecimento dos docentes são fatores que inibem minha atuação. Sinto-me desmotivado

Discordo totalmente 9,5 23,8 28,6 23,8 14,3

Concordo totalmente 12,3 21,5 33,3 21,5 11,3

Concordo parcialmente 10,6 12,5 44,2 17,3 15,4

Discordo 25,0 12,5 25,0 25,0 12,5

Sinto que estou engajado em atividades educativas voltadas para o efetivo desenvolvimento de futuros profissionais

Discordo totalmente ,0 ,0 50,0 50,0 ,0

Concordo totalmente 8,5 8,5 44,1 20,3 18,6

Concordo parcialmente 10,1 19,1 42,7 13,5 14,6

Discordo 15,7 17,6 34,3 22,5 9,8

Estou desmotivado com o ensino, preferiria seguir a carreira profissional de pesquisador

Discordo totalmente 11,9 27,1 25,4 27,1 8,5

Tabela 12 ( parte 2)Complexidade e multiplicidade das dimensões do exercício profissional e tempo de docência

Concordo totalmente 8,5 16,9 42,4 20,3 11,9

Concordo parcialmente 14,1 22,4 42,4 11,8 9,4

Discordo 14,8 12,0 32,4 21,3 19,4

Sinto falta de preparo específico para o magistério superior, pois não há investimento institucional de aperfeiçoamento para a docência

Discordo totalmente 7,0 24,6 31,6 31,6 5,3

Concordo totalmente 8,9 13,3 46,7 15,6 15,6

Concordo parcialmente 6,5 22,6 40,3 22,6 8,1

Discordo 17,0 12,8 34,0 19,1 17,0

Sinto-me sobrecarregado em relação às atividades realizadas e não consigo me posicionar diante das pressões

Discordo totalmente 8,2 29,5 32,8 24,6 4,9

Concordo totalmente 11,8 14,7 44,1 14,7 14,7

Concordo parcialmente 20,0 20,0 35,7 17,1 7,1

Discordo 9,0 19,3 31,7 21,4 18,6

Na atual carreira docente universitária inexiste uma especificação clara das principais atribuições acadêmicas dos docentes

Discordo totalmente 10,0 15,0 46,7 25,0 3,3

Concordo totalmente 6,7 13,3 56,7 20,0 3,3

Concordo parcialmente 13,0 26,1 37,0 21,7 2,2

Discordo 13,0 16,7 34,1 18,8 17,4

Ensinar é uma profissão que exige energia física e emocional. Estou esgotado

Discordo totalmente 11,6 17,9 34,7 22,1 13,7

Tabela 12 ( parte 3)

Complexidade e multiplicidade das dimensões do exercício profissional e tempo de docência Fonte: Dados do inquérito aplicado aos docentes de 04/10 a 03/12 de 2010.

Concordo totalmente ,0 15,8 63,2 15,8 5,3

Concordo parcialmente 11,1 18,5 44,4 22,2 3,7

Discordo 14,9 20,9 30,6 17,2 16,4

A desvalorização profissional acadêmica passou a fazer parte do meu cotidiano negativamente, ocasionando sentimentos de desânimo, de apatia

Discordo totalmente 10,9 15,5 38,0 24,0 11,6

Concordo totalmente 3,7 22,2 40,7 29,6 3,7

Concordo parcialmente 18,8 25,0 26,3 22,5 7,5

Discordo 11,8 20,4 34,4 16,1 17,2

O ambiente acadêmico é muito competitivo e individualista

Discordo totalmente 9,2 10,1 45,9 20,2 14,7

Tabela 13 Percepção docente sobre a sobrecarga de trabalho, desgaste físico e emocional,

desmotivação e desvalorização acadêmica

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos docentes de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

Categorias Indicadores Percentual Tempo de

docência Concordo totalmente 19,1 11-20

Concordo parcialmente

28,8 11-20

Discordo 33,0 11-20

Estou desmotivado com o ensino

Discordo totalmente 19,1 21- 30+

Concordo totalmente 14,6 11-20 Concordo

parcialmente20,1 11-20

Discordo 45,6 21-30

Sinto-me sobrecarregado

Discordo totalmente 19,7 11-20

Concordo totalmente 9,7 11-20 Concordo

parcialmente14,9 06-10

Discordo 44,7 21-30+

Estou esgotado físico e emocional

Discordo totalmente 30,7 21-30+

Concordo totalmente 6,1 11-20 Concordo

parcialmente8,7 11-20 a

Discordo 43,4 21-30

Sentimentos de desânimo, de apatia

Discordo totalmente 41,7 11-20

Concordo totalmente 8,7 11-20 Concordo

parcialmente25,9 21-30+

Discordo 30,1 11-20

O ambiente acadêmico competitivo e individualista

Discordo totalmente 35,3 11-20

Tabela 14 Estratégias de enfrentamento aos dilemas acadêmicos

Estratégias Percentual

Concentro-me em minhas atividades e procuro preservar meu espaço não me envolvendo em questões de decisões

políticas

19,1

Adoto uma postura de aparente neutralidade, mas internamente procuro não perder o controle diante das

pressões

9,4

Busco compartilhar com meus colegas as situações que me incomodam, procurando na coletividade alternativas de

superação

51,1

Procuro adaptar-me as exigências, há sempre margem de ação que dão uma relativa autonomia

20,4

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos docentes de 04/10 a 03/12 de 2010 - Elaboração própria.

Tabela 15

Modificações na carreira e no trabalho cotidiano do professor universitário

Categorias Indicadores Percentual

Concordo totalmente 11,0

Concordo parcialmente 56,3

Discordo 25,6

É inegável o processo que conduz ao produtivismo acadêmico, à intensificação e precarização do trabalho docente. Estou pessimista quanto ao futuro da docência universitária. Discordo totalmente 7,1

Concordo totalmente 24,6

Concordo parcialmente 60,5

Discordo 12,9

As mudanças no processo acadêmico-científico e na organização da carreira docente são necessárias ao desenvolvimento de uma nova concepção de Universidade, e não implica necessariamente a precarização e intensificação do trabalho docente.

Discordo totalmente 1,9

Concordo totalmente 21,0

Concordo parcialmente 30,1

Discordo 40,8

A conjuntura aponta para gradativa redução salarial, para aumento na relação professor/aluno e ampliação das exigências de produção no campo da pesquisa e pós-graduação. Avalio muitas dificuldades, penso que são insuperáveis em relação à autonomia docente.

Discordo totalmente 8,1

Concordo totalmente 17,2

Concordo parcialmente 34,0

Discordo 35,0

Há modificações, mas não alteram de forma substancial a prática cotidiana docente, pois a maioria dos professores continua ministrando aulas na graduação e não se envolvem com pesquisa, pós-graduação e nem com a produção acadêmica.

Discordo totalmente 13,9

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos docentes de 04/10 a 03/12 de 2010 - Elaboração própria.

Tabela 16 Necessidades da docência universitária

Necessidades Indicadores Percentual

Muita importância 61,8 Média importância 37,9 Pouca importância 0,3

Disposição para aquisição de conhecimentos, competências próprias e formação específica

Nenhuma importância 0,0 Muita importância 63,4 Média importância 35,9 Pouca importância 0,6

Consideração do exercício da docência universitária profissão

Nenhuma importância 0,0 Muita importância 74,8 Média importância 23,9 Pouca importância 1,3

Compromisso profissional, atitudes e normas de conduta adequadas às ações desenvolvidas

Nenhuma importância 0,0 Muita importância 84,5 Média importância 14,6 Pouca importância 1,0

Postura ética nas relações estabelecidas na academia

Nenhuma importância 0,0 Muita importância 82,5 Média importância 15,9 Pouca importância 1,6

Comprometimento no exercício das funções de planejamento, ensino e avaliação das

aprendizagens

Nenhuma importância 0,0 Muita importância 76,1 Média importância 19,4 Pouca importância 3,9

Construção de redes de trabalho coletivas baseadas na partilha e no diálogo profissional

Nenhuma importância 0,6 Muita importância 66,7 Média importância 21,7 Pouca importância 9,4

Participação política e social no espaço público da educação

Nenhuma importância 2,3 Muita importância 85,8 Média importância 9,1 Pouca importância 4,5

Postura aberta para a reflexão e auto-reflexão pessoal e profissional

Nenhuma importância 0,6 Muita importância 84,1 Média importância 10,0 Pouca importância 4,9

Desenvolvimento de saberes relacionados com a prática pedagógica, envolvendo desde o “saber

transmitir” até o motivar os alunos e entender como os mesmos aprendem

Nenhuma importância 1,0 Muita importância 78,0 Média importância 10,7 Pouca importância 10,7

Desenvolvimento de pesquisa acadêmica, fomentando a aliança entre educação e avanço do

conhecimento

Nenhuma importância 0,6 Muita importância 47,9 Média importância 16,5 Pouca importância 32,0

Participação de órgãos de classe e associações profissionais demonstrando engajamento político

profissional

Nenhuma importância 3,6

Tabela 17 Imagem da docência e da condição pessoal e profissional do professor

universitário.

Categorias

indicadores Percentual

Alta Identificação 87,1

Média Identificação 11,0

Baixa Identificação 1,6

O ensino e a pesquisa são as dimensões centrais do trabalho acadêmico

Nenhuma Identificação 0,3

Alta Identificação 63,1

Média Identificação 27,2

Baixa Identificação 6,8

A educação oferecida na universidade parece não estar mais dando conta de assegurar a formação necessária de um profissional crítico, atuante e criativo na sociedade

Nenhuma Identificação 2,9

Alta Identificação 64,4

Média Identificação 22,0

Baixa Identificação 12,3

A carreira profissional docente é afetada pela condição econômica e social dos professores

Nenhuma Identificação 1,3

Alta Identificação 41,1

Média Identificação 29,1

Baixa Identificação 25,9

Os professores universitários ainda desenvolvem suas práticas educativas baseadas na transmissão de conhecimentos, em um modelo reprodutivista

Nenhuma Identificação 3,9

Alta Identificação 44,0

Média Identificação 29,4

Baixa Identificação 23,3

Observa-se que a maior parte dos professores que vem atuando nas universidades não possui formação pedagógica para atuar no campo da docência, valendo-se do conhecimento específico como o principal esteio de sua docência Nenhuma Identificação 3,2

Alta Identificação 28,8

Média Identificação 40,1

Baixa Identificação 26,5

Nos dias atuais são frágeis as condições de existência social, econômica e intelectual dos docentes universitários

Nenhuma Identificação 4,5

Alta Identificação 36,9

Média Identificação 40,1

Baixa Identificação 20,4

O professor universitário é mais valorizado quando está ligado à Pós-Graduação, pela atividade de orientação de dissertações e teses que realiza

Nenhuma Identificação 2,6

Alta Identificação 21,0 A imagem pública do professor universitário pode ser compreendida como a figura do trabalhador assalariado

Média Identificação 45,0

Baixa Identificação 25,6

Nenhuma Identificação 8,4

Alta Identificação 6,5

Média Identificação 37,9

Baixa Identificação 30,4

Nas universidades há baixa produtividade e seus professores são maus profissionais, comportamento próprio de quem não tem que prestar contas sobre o seu trabalho

Nenhuma Identificação 25,2

Alta Identificação 16,8

Média Identificação 58,6

Baixa Identificação 17,5

O prestígio do professor universitário alicerça-se, basicamente, nas atividades de pesquisa, incluindo as publicações e participações com trabalho acadêmico em eventos qualificados

Nenhuma Identificação 7,1

Alta Identificação 35,6

Média Identificação 48,2

Baixa Identificação 6,8

Ter muitos títulos acadêmicos confere ao professor uma boa imagem profissional, mas não dá garantia alguma de boa atuação em sala de aula

Nenhuma Identificação 9,4

Alta Identificação 8,7

Média Identificação 55,3

Baixa Identificação 20,1

Os professores universitários têm bom nível cultural e estimulam os alunos a apreciarem a literatura clássica, a música erudita e as artes

Nenhuma Identificação 15,9

Alta Identificação 8,4

Média Identificação 53,4

Baixa Identificação 14,6

As condições de trabalho acadêmico na universidade são inadequadas. Faltam investimentos em laboratórios, bibliotecas, materiais tecnológicos de ponta

Nenhuma Identificação 23,6

Alta Identificação 7,1

Média Identificação 42,4

Baixa Identificação 15,2

Uma das características da profissão docente universitária é a de que os professores têm um nível econômico execrável, motivado pela baixa remuneração, mas, por outro lado, um nível social elevado ligado ao conhecimento

Nenhuma Identificação 35,3

Total 100,0

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos docentes de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

Tabela 18 Imagem da docência e da condição pessoal e profissional do professor universitário.

Tempo de docência

Percentual Tempo de docência no ensino superior

Categorias

Indicadores 1 – 5 anos

6 – 10 anos

11 – 20 anos

21 – 30 anos

mais de 30 anos

Alta Identificação 12,6 16,7 38,3 18,2 14,1

Média Identificação 8,8 23,5 32,4 32,4 2,9

Baixa Identificação ,0 40,0 ,0 60,0 ,0

O ensino e a pesquisa são as dimensões centrais do trabalho acadêmico

Nenhuma Identificação ,0 100,0 ,0 ,0 ,0

Alta Identificação 7,7 15,4 42,6 17,9 16,4

Média Identificação 21,4 25,0 26,2 22,6 4,8

Baixa Identificação 14,3 14,3 33,3 33,3 4,8

A educação oferecida na universidade parece não estar mais dando conta de assegurar a formação necessária de um profissional crítico, atuante e criativo na sociedade

Nenhuma Identificação 11,1 22,2 22,2 22,2 22,2

Alta Identificação 10,1 16,1 38,7 19,1 16,1

Média Identificação 22,1 20,6 29,4 23,5 4,4

Baixa Identificação 5,3 21,1 42,1 23,7 7,9

A carreira profissional docente é afetada pela condição econômica e social dos professores

Nenhuma Identificação ,0 50,0 25,0 ,0 25,0

Alta Identificação 8,7 13,4 40,9 18,9 18,1

Média Identificação 15,6 20,0 35,6 21,1 7,8

Baixa Identificação 15,0 21,3 32,5 21,3 10,0

Os professores universitários ainda desenvolvem suas práticas educativas baseadas na transmissão de conhecimentos, em um modelo reprodutivista

Nenhuma Identificação ,0 33,3 33,3 25,0 8,3

Alta Identificação 11,8 17,6 39,7 16,2 14,7

Média Identificação 16,5 18,7 31,9 26,4 6,6

Baixa Identificação 8,3 19,4 38,9 16,7 16,7

Observa-se que a maior parte dos professores que vem atuando nas universidades não possui formação pedagógica para atuar no campo da docência, valendo-se do conhecimento específico como o principal esteio de sua docência

Nenhuma Identificação ,0 10,0 30,0 50,0 10,0

Alta Identificação 7,9 10,1 38,2 24,7 19,1

Média Identificação 18,5 16,9 36,3 21,0 7,3

Baixa Identificação 6,1 28,0 35,4 14,6 15,9

Nos dias atuais são frágeis as condições de existência social, econômica e intelectual dos docentes universitários

Nenhuma Identificação 14,3 21,4 42,9 21,4 ,0

Alta Identificação 10,5 14,9 36,0 22,8 15,8

Média Identificação 16,9 16,1 35,5 20,2 11,3

Baixa Identificação 4,8 25,4 41,3 17,5 11,1

O professor universitário é mais valorizado quando está ligado à Pós-Graduação, pela atividade de orientação de dissertações e teses que realiza

Nenhuma Identificação 12,5 37,5 37,5 12,5 ,0

Alta Identificação 9,2 16,9 36,9 23,1 13,8

Média Identificação 12,9 16,5 36,7 19,4 14,4

Baixa Identificação 11,4 16,5 40,5 20,3 11,4

A imagem pública do professor universitário pode ser compreendida como a figura do trabalhador assalariado

Nenhuma Identificação 15,4 34,6 26,9 19,2 3,8

Alta Identificação 5,0 10,0 40,0 25,0 20,0

Média Identificação 10,3 12,8 41,0 17,1 18,8

Nas universidades há baixa produtividade e seus professores são maus profissionais, comportamento próprio de quem não tem que prestar contas sobre o seu trabalho Baixa Identificação 13,8 22,3 35,1 18,1 10,6

Nenhuma Identificação 14,1 23,1 32,1 26,9 3,8

Alta Identificação 13,5 23,1 28,8 26,9 7,7

Média Identificação 13,3 14,9 38,1 20,4 13,3

Baixa Identificação 3,7 24,1 37,0 18,5 16,7

O prestígio do professor universitário alicerça-se, basicamente, nas atividades de pesquisa, incluindo as publicações e participações com trabalho acadêmico em eventos qualificados

Nenhuma Identificação 18,2 18,2 45,5 9,1 9,1

Alta Identificação 14,5 23,6 33,6 22,7 5,5

Média Identificação 8,7 12,8 41,6 19,5 17,4

Baixa Identificação 14,3 23,8 23,8 14,3 23,8

Ter muitos títulos acadêmicos confere ao professor uma boa imagem profissional, mas não dá garantia alguma de boa atuação em sala de aula

Nenhuma Identificação 17,2 20,7 34,5 20,7 6,9

Alta Identificação 3,7 14,8 40,7 22,2 18,5

Média Identificação 9,9 17,5 36,8 21,1 14,6

Baixa Identificação 19,4 24,2 32,3 19,4 4,8

Os professores universitários têm bom nível cultural e estimulam os alunos a apreciarem a literatura clássica, a música erudita e as artes

Nenhuma Identificação 14,3 14,3 40,8 18,4 12,2

Alta Identificação 11,5 30,8 26,9 19,2 11,5

Média Identificação 10,9 12,7 38,2 23,0 15,2

Baixa Identificação 13,3 35,6 33,3 13,3 4,4

As condições de trabalho acadêmico na universidade são inadequadas. Faltam investimentos em laboratórios, bibliotecas, materiais tecnológicos de ponta

Nenhuma Identificação 13,7 15,1 39,7 19,2 12,3

Alta Identificação 13,6 18,2 40,9 13,6 13,6

Média Identificação 9,2 18,3 33,6 23,7 15,3

Uma das características da profissão docente universitária é a de que os professores têm um nível econômico execrável, motivado pela baixa remuneração, mas, por outro lado, Baixa Identificação 23,4 23,4 34,0 19,1 ,0

um nível social elevado ligado ao conhecimento

Nenhuma Identificação 10,1 15,6 41,3 18,3 14,7

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos docentes de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

Tabela 19 Imagem da prática pedagógica

Percepção de alunos

Indicadores

Prática pedagógica Concordo

plenamenteConcordo

Concordo parcialmente

Discordo

têm domínio do conteúdo em suas áreas de especialidade e estão

atualizados.32,9 41,4 23,5 2,3

São comprometidos no exercício das funções de planejamento, ensino e

avaliação das aprendizagens.23,5 41,8 30,2 4,5

são bons orientadores, pois indicam bibliografias atualizadas e corrigem

de forma critica a produção acadêmica dos alunos.

25,9 38,3 29,3 6,5

desenvolvem projetos de pesquisa e estimulam a participação dos alunos

à iniciação cientifica.13,0 23,0 35,2 28,9

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos alunos de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

Tabela 20 Imagem sócio-profissional

Percepção de alunos

Categorias

Concordo plenamente

Concordo Concordo parcialmente

Discordo

Estão engajados em atividades educativas voltadas para o efetivo desenvolvimento

de futuros profissionais.21,3 38,0 35,8 4,9

Influenciam positivamente a vida dos

alunos através do trabalho acadêmico que desenvolvem

21,8 39,7 34,0 4,6

Participam de redes cientificas de pesquisa

e cooperação nacionais e internacionais 13,1 27,9 38,7 20,2

Criam e participam de fórum on line de discussão com os alunos. 6,3 14,4 26,7 52,6

participam de órgãos de classe e

associações profissionais demonstrando engajamento político profissional.

13,3 27,9 37,3 21,5

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos alunos de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

Tabela 21 Imagem pessoal em relação ao ambiente acadêmico

Percepção de alunos

Indicadores Categorias Concordo

plenamenteConcordo Concordo

parcialmente Discordo

têm prestígio acadêmico, desenvolvem atividades de

pesquisa, incluindo as publicações e participações

com trabalho acadêmico em eventos.

20,7% 32,3% 34,7% 12,3%

têm bom nível cultural e

estimulam os alunos a apreciarem a literatura

clássica, a música erudita e as artes.

13,1% 19,8% 32,6% 34,6%

apresentam uma postura

aberta para a reflexão e auto-reflexão pessoal e

profissional.

17,1% 33,6% 37,7% 11,6%

São abertos ao diálogo com os

alunos e atenciosos as sua necessidade.

25,9% 33,5% 32,7% 7,9%

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos alunos de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

Tabela 22 Profissão acadêmica na percepção dos alunos

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos alunos de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

indicadores Categorias Concordo

plenamente Concordo Concordo

parcialmente Discordo

Você considera que as condições do trabalho

acadêmico na universidade são adequadas ao bom exercício da

docência

29,2 40,4 26,1 4,3

Você observa que a

administração universitária investe em laboratórios,

bibliotecas, materiais didáticos e tecnológicos de ponta

25,0 30,2 32,3 12,5

Você considera que na carreira docente o prestígio alicerça-se

nas atividades de pesquisa, incluindo as publicações e participações em eventos.

18,8 50,2 26,9 4,2

Você considera a remuneração

do professor universitário como satisfatória e adequada ao nível

acadêmico docente

10,2 21,5 32,3 36,0

Tabela 23 Imagem social da docência

Percepção de alunos

Fonte: Dados do inquérito aplicado aos alunos de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria

Indicadores/ percentuais

Aspectos Concordo

plenamente Concordo Concordo

parcialmente Discordo

Você avalia que ter muitos títulos acadêmicos confere ao professor uma

boa imagem profissional61,0 27,0 8,2 3,9

Você acredita que o exercício da

docência no Ensino Superior é uma profissão de prestígio social

38,0 41,0 16,7 4,3

Você observa que a maior parte dos

professores universitários possui formação pedagógica para atuar no

campo da docência

20,2 34,7 28,2 16,8

Você avalia que alguns professores

universitários ainda desenvolvem suas práticas educativas baseadas na

transmissão de conhecimento

25,0 55,9 17,4 1,7

Você julga que o comportamento

profissional do professor universitário pode influenciar a

valorização da profissão acadêmica

51,9 37,7 9,7 ,7

Você observa que a imagem pública do professor universitário pode ser

compreendida como a figura do trabalhador assalariado

13,9 33,6 27,6 24,9

Tabela 24 Cruzamento de imagem de docentes e estudantes

Categorias Subcategoria Variáveis

Aspectos pedagógico-didáticos Docentes Alunos Desenvolvem suas práticas educativas baseadas na transmissão de conhecimento.

Questão 26 - assertiva 4

Questão 4 - assertiva 7

Têm domínio do conteúdo em suas áreas de especialidade e estão atualizados.

Questão 25 - assertiva 1

Questão 3- assertiva 4

Possuem formação pedagógica para atuar no campo da docência.

Questão 26 - assertiva 5

Questão 4 - assertiva 2

Engajados em atividades educativas ao desenvolvimento profissional.

Questão 21 assertiva 3

Questão 3 - assertiva 1

Compromisso nas funções de planej, ensino e avaliação.

Questão 25 - assertiva 5

Questão 3- assertiva 5

Participam de redes cientificas de pesquisa e cooperação.

Questão 19 - assertiva 8

Questão 3- assertiva 3

Aspectos Inter-relacionais Docentes Alunos Influenciam positivamente os alunos com o trabalho acadêmico que desenvolvem.

Questão 21 assertiva 3

Questão 3- assertiva 2

Participam de órgãos de classe e associações profissionais.

Questão 25- assertiva 11

Questão 3- assertiva 14

Cultura

profissional

do docente

Abertura ao diálogo e atenção as necessidades. Questão 25 - assertiva 3

Questão 3- assertiva 10

Têm bom nível cultural e estimulam os alunos. Questão 26 - assertiva 13

Questão 3 - assertiva 12

Apresentam postura aberta para a reflexão e auto-reflexão pessoal e profissional.

Questão 25 - assertiva 8

Questão 3- assertiva 13

Categorias Subcategoria Variáveis

Prestígio acadêmico Docentes Alunos

Comportamento profissional influencia a valorização da prof. acadêmica

Questão 23- assertiva 6

Questão 4 – assertiva 3

Têm prestígio acadêmico com pesquisa, publicações e participações em eventos.

Questão 26 - assertiva 11

Questão 3- assertiva 11

Os títulos acadêmicos conferem uma boa imagem profissional.

Questão 26 - assertiva 12

Questão 4- assertiva 4

Reconhecimento sócio profissional

Remuneração satisfatória e adequada ao nível acadêmico docente.

Questão 23 - assertiva 2/5

Questão 4 - assertiva 10

A imagem pública de trabalhador assalariado. Questão 26 - assertiva 9

Questão 4 - assertiva 08

Valorização

profissional

Condições do trabalho acadêmico são adequadas ao bom exercício da docência.

Questão 18 - assertivas 1/4

Questão 4 - assertiva 5

Fonte: Dados dos inquéritos aplicados aos docentes e aos alunos de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

Tabela 25 Imagens de docentes e estudantes – Subcategoria - Aspectos pedagógico-didáticos

Subcategoria Variáveis

Docentes Alunos Aspectos pedagógico-didáticos Concordância Discordância Concordância Discordância

Desenvolvem suas práticas educativas baseadas na transmissão de conhecimento.

70,2% 29,8% 80,9% 19,1%

Têm domínio do conteúdo em suas áreas de especialidade e estão atualizados.

99,7% 0,3% 74,3% 25,7%

Possuem formação pedagógica para atuar no campo da docência.

26,5% 73,4% 54,9% 45,1%

Engajados em atividades educativas ao desenvolvimento profissional.

96,8% 2,6% 59,3% 40,7%

Compromisso nas funções de planej, ensino e avaliação.

98,4% 1,6% 65,3% 34,7%

Participam de redes cientificas de pesquisa e cooperação.

95,5% 4,5% 41,0% 59,0%

Fonte: Dados dos inquéritos aplicados aos docentes e aos alunos de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

Tabela 26 Imagens de docentes e estudantes – Aspectos sócio relacional

Subcategoria Variáveis Docentes

Alunos

Aspectos Inter-relacionais Concordância Discordância Concordância Discordância

Influenciam positivamente os alunos com o trabalho acadêmico que desenvolvem.

96,8% 2,6% 61,4% 38,6%

Participam de órgãos de classe e associações profissionais.

64.4% 35,6% 41,2% 58,8%

Abertura ao diálogo e atenção as necessidades.

98,7% 1,3% 59,4% 40,6%

Têm bom nível cultural e estimulam os alunos.

64,0% 36,0% 32,9% 67,1%

Apresentam postura aberta para a reflexão e auto-reflexão pessoal e profissional.

94,9% 5,1% 50,7% 49,3%

Fonte: Dados dos inquéritos aplicados aos docentes e aos alunos de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

Tabela 27 Imagens de docentes e estudantes – Prestígio acadêmico

Subcategoria Variáveis

Docentes Alunos Prestígio acadêmico Concordância Discordância Concordância Discordância

Comportamento

profissional influencia a valorização da prof.

acadêmica

33,3 66,7 89,6 10,4

Têm prestígio acadêmico

com pesquisa, publicações e

participações em eventos.

75,4 24,6 53,0 47,0

Os títulos acadêmicos

conferem uma boa imagem profissional.

83,8 16,2 88,0 12,0

Fonte: Dados dos inquéritos aplicados aos docentes e aos alunos de 04/10 a 03/12 de 2010 – Elaboração própria.

Tabela 28

Imagens de docentes e estudantes – Reconhecimento sócio profissional

Subcategoria Variáveis Docentes Alunos Reconhecimento sócio

profissional Concordância Discordância Concordância Discordância Remuneração satisfatória

e adequada ao nível acadêmico docente.

36,9 63,1 31,7 68,3

A imagem pública de trabalhador assalariado.

76,0 34,0 47,5 52,5

Condições do trabalho acadêmico são

adequadas ao bom exercício da docência, ao crescimento profissional, por meio da qualificação

e capacitação docente.

60,5 39,5 69,6 30,4

Fonte: Dados dos inquéritos aplicados aos docentes e aos alunos de 04/10 a 03/12 de 2010 – elaboração própria.