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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Utilização de fármacos e as diretrizes do III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma no tratamento de crise asmática em crianças de 0 a 5 anos atendidas em uma emergência do município de Camaragibe - PE ANA PAULA OCHOA SANTOS RECIFE 2004

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

Utilização de fármacos e as diretrizes do III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma no tratamento de crise asmática em crianças de 0 a 5 anos atendidas em uma

emergência do município de Camaragibe - PE

ANA PAULA OCHOA SANTOS

RECIFE 2004

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ANA PAULA OCHOA SANTOS

Utilização de fármacos e as diretrizes do III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma no tratamento de crise asmática em crianças de 0 a 5 anos atendidas em uma

emergência do município de Camaragibe - PE

RECIFE

2004

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientador: Prof. Dr. Almir Gonçalves Wanderley Co-orientadora: Prof. Dra. Luciane Soares de Lima

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AGRADECIMENTOS Ao meu marido e filhos pela paciência, carinho, compreensão e amor durante esta caminhada. A conquista é nossa. Aos meus orientadores Prof. Almir e Profa. Luciane pela amizade, paciência e carinho ao longo da jornada. Ao Dr. Antonio Correa de Vasconcelos Neto pelas informações que tanto contribuíram para este trabalho. Aos docentes do Programa de Pós-Graduação de Ciências Farmacêuticas pelos ensinamentos, cobranças e atenção dispensadas. A Iguacy que em muitos momentos foi o ombro amigo muito necessário. Aos funcionários do Centro Médico de Camaragibe que me acolheram em sua casa de braços abertos. Ao CNPq pelo apoio fornecido. A todos que contribuíram direta e indiretamente para realização desta dissertação.

O meu mais profundo afeto e carinho.

Ana Paula Ochoa Santos

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I

SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS EM PORTUGUÊS III

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS EM INGLÊS III

LISTA DE FIGURA, QUADROS E TABELAS IV

RESUMO V

ABSTRACT VI

1. INTRODUÇÃO 1

2. REVISÃO DA LITERATURA 3

2.1 Definição 3

2.2 Aspectos epidemiológicos 3

2.3 Fisiopatologia 7

2.4 Diagnóstico e Classificação da Gravidade 10

2.5 Tratamento 17

2.5.1 Objetivos do Tratamento 17

2.5.2 Medicamentos mais utilizados no tratamento

da asma aguda 17

Broncodilatadores beta-2 agonistas 18

Anticolinérgicos 21

Corticosteróides 22

Metilxantinas 24

Outros 25

2.6 O preparo e as condições de trabalho do Profissional de saúde para o atendimento ao asmático 26

3. ARTIGO

Resumo 1

Abstract. 2

3.1 Introdução 3

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II

3.2 Método 4

3.3 Resultados 5

3.4 Discussão 9

3.5 Referências bibliográficas 14

4. CONCLUSÕES 28 5. RECOMENDAÇÕES 29

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30

7. APÊNDICES 40

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III

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS EM PORTUGUÊS

AMPc - Adenosina 3’5’monofosfato – cíclico

Bd - Broncodilatador

CBMA - Consenso Brasileiro no Manejo da Asma

FiO2 - Fração Inspiratória de Oxigênio

GMPc - Guanosina 3’5’ Monofosfato - cíclico

IFN - Interferon gama

IgE - Imunoglobulina E

IL-4 - Interleucina 4

IL-13 - Interleucina 13

MHC - Principal complexo de histocompatibilidade

MV – Murmúrio vesicular

OMS - Organização Mundial da Saúde

PAF - Fator Ativador Plaquetário

PFE - Pico de fluxo expiratório

PGD2 - Prostaglandina D2

RI - Resposta imediata.

RT - Resposta tardia.

SBPT - Sociedade Brasileira de Pneumologia

SUS - Sistema Único de Saúde

VEF1 - Volume expiratório forçado no primeiro segundo.

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS EM INGLÊS CDC – Center for Disease Control and Prevention

CGRP – Calcitonin gene-related peptide

ISAAC – The International Study of Asthma and Allergies in Childhood

NAEPP – The National Asthma Education and Prevention Program

NCHS – National Center for Health Statistics

NHLBI – The National Heart, Lung and Blood Institutes

NIH – National Institutes of Health

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IV

LISTA DE FIGURA, QUADROS E TABELAS

REVISÃO DA LITERATURA

Quadro1. Diagnóstico Diferencial da Asma em Crianças 11 Quadro2. Classificação da Gravidade da Asma 13 Quadro3. Classificação da Intensidade da crise da

Asma em Adultos e Crianças 15 Quadro4. Escore de Wood – Downes 16 Figura1. Mecanismos Celulares Envolvidos na Inflamação de Vias Aéreas 8

Figura2. Algoritmo de tratamento da crise de asma

da criança no pronto-socorro 19 ARTIGO Tabela I. Distribuição da amostra de acordo com sexo, idade, gravidade de asma e intensidade da crise 6

Tabela II. Adoção de condutas preconizadas pelo III CBMA no tratamento de crise asmática em crianças de 0 a 5 anos quanto aos recursos terapêuticos utilizados. Camaragibe-PE, ago./out., 2003 7

Tabela III. Fármacos utilizados para tratamento de crise asmática em crianças de 0 a 5 anos, em um serviço de emergência pediátrica. Camaragibe-PE, ago./out., 2003 7 Tabela IV. Doses de fármacos utilizados no tratamento da crise asmática em crianças de 0 a 5 anos quanto a adequação ao preconizado pelo III CBMA. Camaragibe-PE, ago./out., 2003 8 Tabela V. Procedimento de nebulização utilizado para Administração do fenoterol associado ou não ao

brometo de ipratrópio, para tratamento de crise asmática em crianças de 0 a 5 anos,quanto ao preconizado pelo III CBMA Camaragibe-PE, ago./out., 2003. 9

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V

RESUMO Compõem esta dissertação uma revisão da literatura e um artigo original

que apresenta os resultados obtidos através de uma pesquisa, que teve

como objetivo verificar como vem sendo conduzido do ponto de vista

farmacoterápico, o atendimento de crianças asmáticas de 0 a 5 anos em

serviço de emergência. Trata-se de um estudo de natureza descritiva

exploratória com abordagem quantitativa de corte transversal. Realizado

em uma emergência pediátrica da Prefeitura Municipal de Camaragibe –

PE que atende exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde

(SUS). Foram incluídas 246 crianças na faixa etária mencionada, de

ambos os sexos, atendidas na unidade no período de agosto a outubro de

2003. Verificou-se que as condutas preconizadas pelo III Consenso

Brasileiro no Manejo da Asma (2002), encontraram barreiras diversas para

sua aplicação como a pouca familiaridade da equipe multidisciplinar com

as diretrizes e ausência de recursos materiais e terapêuticos preconizados.

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VI

ABSTRACT Compõem this dissertation a revision from the literature and an original

article that presents the results obtained através of a research, that had as

objective verify as comes being driven of the point of sight farmacoterápico,

the asthmatics infants service from 0 to 5 years in service of emergency.

Treats-itself of an exploratory descriptive study of nature with abordagem

quantitative of cross cut. Carried out in an emergency pediátrica from the

Municipal city Hall of Camaragibe – PE that attends exclusively patients of

the Health the only one System (SUS). They were included 246 infants in

the age streak mentioned, of both the sexes, attended in the unit in the

period from August to October of 2003. It verified themselves that the

conducts advocated by the III Brazilian Consensus in the Management

from the Asthma (2002), they found diverse barriers for theirs application

as to little familiarity from the team multidisciplinar with the directives

and stuff resorts absence and therapeutic advocated.

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1

1. INTRODUÇÃO

O Brasil apresenta uma prevalência de asma variando de 4,7 a

20,7% para crianças entre seis e sete anos (SOLÉ et al., 2001). Ocupa o

oitavo lugar mundial com uma prevalência média de 20% (ISAAC, 1998).

No Recife, como parte integrante do estudo ISAAC, a avaliação de 3.086

adolescentes entre 13-14 anos de idade e 1.410 crianças entre 6-7 anos,

mostrou respectivamente que 20,9% e 20,4% destes adolescentes e

crianças apresentaram asma alguma vez (BRITO et al., 2000).

As hospitalizações de crianças asmáticas constituem desafio para

a saúde pública mundial e figuram como segunda causa de hospitalização

infantil nos países desenvolvidos. Considera-se que muitas dessas

hospitalizações poderiam ser evitadas por abordagens terapêuticas

profiláticas, notadamente por meio da utilização de corticosteróides por via

inalatória, reconhecidamente efetivos (LASMAR et al., 2002).

A falta do manejo profilático adequado tem sido descrita como

uma das principais causas da demanda em salas de emergência por

crianças asmáticas. A asma tem um profundo impacto na criança, nas

suas famílias e na sociedade. Constata-se um grande número de crianças

asmáticas recorrendo aos serviços de emergência, com necessidade

freqüente de internações (CHATKIN et al., 2000).

No Brasil a asma aguda é responsável por 16% dos atendimentos

realizados em crianças no serviço de emergência (ORDOÑES et al., 1998).

Estes serviços vêm sendo utilizados como principal ou único acesso da

população de baixa renda ao sistema de saúde (FORD et al., 2002). Ou

ainda, como local regular de consultas, o que não é adequado, levando a

falhas no tratamento e no controle de emergência (CHATKIN et al., 2000).

Dados da literatura mostram uma relação entre a baixa renda e o

aumento da morbidade. Podendo esta relação estar ligada ao menor acesso

desta população ao sistema de saúde (HALFON e NEWACHECK, 1993).

A asma ainda não se constitui em um programa de atenção

governamental como tantas outras doenças crônicas. O que dificulta

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2

políticas públicas de atendimento a estes pacientes. Seja no fornecimento

de medicações, ou na capacitação e atualização dos profissionais que

assistem a estes pacientes.

Inicialmente, é apresentada uma revisão sobre Asma, enfocando

a epidemiologia, classificação da gravidade da doença, classificação da

intensidade da crise e o manejo da crise asmática em crianças na sala de

emergência.

Em seguida, é apresentado um artigo, que tem como objetivo

verificar como vem sendo conduzido do ponto de vista farmacoterapêutico

o atendimento a crianças asmáticas de 0 a 5 anos em serviço de

emergência. O artigo obedeceu a normatização específica do Jornal

Brasileiro de Pneumologia.

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3

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Definição

Em 1962 a Sociedade Americana do Tórax definiu a asma como

uma doença caracterizada por um aumento da resposta tanto da traquéia

como dos brônquios a variados estímulos, manifestando-se por

estreitamento generalizado das vias aéreas inferiores, sendo sua gravidade

alterada espontaneamente ou em resposta ao tratamento (FILOGONIO e

SERUFO, 1999).

Recentemente o Programa Nacional de Educação e Prevenção da

Asma (NAEPP), pertencente ao Instituto Nacional de Saúde (NIH), em

conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS), redefiniram a asma

em função de suas três principais características: a inflamação crônica das

vias aéreas com pelo menos, parcial reversibilidade da obstrução das vias

aéreas e hiperresponsividade brônquica a uma variedade de estímulos

(NAEPP, 1997).

Segundo o III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma (III CBMA),

2002:

Asma é uma doença inflamatória crônica caracterizada por hiperresponsividade (HR) das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes de sibilância, dispnéia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao despertar. Resultam de uma interação entre genética, exposição ambiental e outros fatores específicos que levam ao desenvolvimento e manutenção dos sintomas (III CONSENSO..., p. S4, 2002).

2.2 Aspectos epidemiológicos

No ocidente a asma é a única doença crônica tratável que

aumenta em prevalência e em número de internações independente de

classe social (TELLES, 2002).

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4

De acordo com, o Estudo Internacional de Asma e Alergias na

Infância (ISAAC) que está sendo desenvolvido em 155 centros

colaboradores de 56 países nos cinco continentes, há uma variabilidade

ativa da doença de 1,6% a 36,8%. As maiores prevalências estão

localizadas no Reino Unido, Nova Zelândia, Austrália e Irlanda (maiores de

30%); as mais baixas em países como Indonésia, Rússia e Albânia

(OBSERVATÓRIO ISAAC, 2001).

O Brasil apresenta uma prevalência variando de 4,7 a 20,7%

para crianças entre seis e sete anos (SOLÉ et al., 2001). Ocupa o oitavo

lugar mundial com uma prevalência média de 20% (ISAAC, 1998). No

Recife, como parte integrante do estudo ISAAC, a avaliação de 3.086

adolescentes entre 13-14 anos de idade e 1.410 crianças entre 6-7 anos,

mostrou respectivamente que 20,9% e 20,4% destes adolescentes e

crianças apresentaram asma alguma vez (BRITO, 2000).

Trippia, Rosário e Ferrari (1998) comentam que esta variação

entre países pode ser explicada em parte pelas diferenças genéticas e

ambientais.

Em 1998 nos EUA, dados do Centro Nacional para Estatística em

Saúde (NCHS) uma Divisão de Informações do Centro para Controle e

Prevenção de Doenças (CDC) estimavam em 10,6 milhões (39 por 1.000) o

número de pacientes com asma. Isto representa 6,8 milhões de adultos

(3 por 1.000) e 3,8 milhões de crianças (53 por 1.000), tendo ocorrido mais

de 2 milhões de visitas a serviços de emergência (TELLES, 2002).

Autores como Gergen e Weiss (1990), Keisntinen et al. (1993),

Mitchell et al. (1990), Priftis et al. (1992), Wandalsen (1988) citados por

Ventura et al. (1998) afirmam haver um aumento das taxas de admissão

hospitalar por asma em muitos países, particularmente em crianças

menores de cinco anos.

No Brasil ocorrem anualmente cerca de 350 mil internações por

asma. Sendo a quarta causa de hospitalização do SUS, 2,3% do total, e a

terceira causa entre crianças e adultos jovens (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

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5

2004). Responsável também, por em média 2.000 óbitos/ano, onde

aproximadamente 70% destes ocorrem durante a hospitalização (II

CONSENSO..., 1998).

As estimativas brasileiras demonstraram que em 1996 os gastos

do sistema público de saúde com a asma, mesmo sem incluir as visitas

aos serviços de emergência corresponderam a terceira maior causa de

desembolso (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). As hospitalizações

representaram 44% destes gastos, cerca de U$ 35 milhões (II

CONSENSO..., 1998).

As explicações para o aumento das taxas de admissão hospitalar

por asma na literatura são variadas e controversas. Anderson (1992), Storr

et al. (1988), Vollmer et al. (1993) citados por Ventura et al. (1998)

sugerem como explicação à introdução da terapia de nebulização nos anos

70 e o conseqüente aumento da oferta de salas de emergência, elevando a

auto-referência dos pacientes asmáticos aos serviços hospitalares. Outros

autores, porém, relacionam ao aumento da prevalência e severidade da

doença e seu subdiagnóstico (YOUNG et al., 1992).

Outros estudos ainda mostram que os fatores de risco para

hospitalização vão desde a faixa etária, com destaque para os menores de

cinco anos (HALTERMAN et al., 2000; WEVER-HESS et al., 2000), o baixo

nível socioeconômico (GRANT et al., 1999; HALFON e NEWACHECK, 1993;

HALTERMAN et al., 2000), o tratamento profilático inadequado (GRANT et

al., 1999; HALTERMAN, 2000; ORDOÑES et al., 1998; YOUNG et al.,

1992), até a ausência de acompanhamento regular para tratamento da

doença (LIEU et al., 1998; STRÖMBERG, 1996).

A mortalidade por asma é baixa, porém, nos países em

desenvolvimento vem aumentando nos últimos 10 anos, correspondendo

de 5 a 10% das mortes por causas respiratórias, com elevada proporção

em domicílio (III CONSENSO..., 2002).

A análise da tendência da mortalidade por asma em diversos

países nas últimas décadas mostrou um aumento súbito na década de 60

no Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia e em alguns outros países um

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aumento gradual (SEARS, 1996). Mais recentemente, um declínio

progressivo nas taxas de mortalidade foi observado em países como

Austrália, Canadá, Inglaterra, Gales e Alemanha. Em alguns países

persiste a tendência de aumento (SLY e O’DONNELL, 1997).

Segundo Valença (1997) os principais fatores que contribuem

para a mortalidade por asma são o subtratamento ou tratamento

inapropriado da exacerbação da doença, bem como, a subvalorização da

gravidade desta exacerbação tanto por parte do doente como por parte do

médico, levando a um retardo na implantação de uma terapêutica correta.

Apesar do conhecimento da relação seguimento ambulatorial

inadequada da asma e atendimentos freqüentes nos serviços de

emergência e maior risco de crises graves e fatais da doença, os serviços de

emergência ainda são muitas vezes o principal ou único acesso da

população de baixa renda ao sistema de saúde (FORD et al., 2002).

Alguns estudos sugerem relação entre a baixa renda e o aumento

da morbidade. Chen et al. (2003) encontraram em seus estudos que o

stress vivenciado pelas classes menos favorecidas e suas crenças em

relação ao tratamento, poderiam ser o elo entre população de baixa renda

e aumento de determinadas respostas imunológicas (IL-5/IFN-gama) e

níveis menores de cortisol matinal. Ou simplesmente, podendo esta

relação estar ligada ao menor acesso da população de baixa renda ao

sistema de saúde (HALFON e NEWACHECK, 1993).

A carência de publicações acerca da epidemiologia da asma em

nosso país é marcante. Dados mostram que no período de 1980 a 1990 foi

registrada uma média de 2.000 óbitos por ano, sendo que 70% ocorreram

dentro dos hospitais. As maiores taxas de mortalidade em 1990 foram na

regiões sul e sudeste (1,8 e 1,5 / 100.000 hab.), porém as regiões com

maior número absoluto de óbitos foram a sudeste e a nordeste com 969 e

492 óbitos, respectivamente (NORONHA et al., 1996).

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2.3 Fisiopatologia

O fator de maior relevância na fisiopatogênese da asma é a

inflamação brônquica. É caracterizada pelo aumento da expressão de

múltiplas proteínas (citocinas, quimocinas, enzimas produtoras de

mediadores inflamatórios, receptores para mediadores inflamatórios e

adesão de moléculas) envolvidas em uma complexa cascata inflamatória

(TELLES, 2002).

A inflamação está presente tanto em pacientes com asma de

início recente, como em pacientes com formas leves da doença e ainda

entre os assintomáticos (LOUIS et al., 2000; VIGNOLA et al., 1998).

A resposta asmática pode ser dividida em dois tipos de respostas:

a resposta imediata (RI) e a resposta tardia (RT). Sendo que, a (RI) ocorre

alguns minutos após a exposição ao fator desencadeante, alcançando seu

pico máximo aos 15 minutos e perdurando durante o período de uma a

duas horas (SIENRA-MONGE et al., 1999). A resposta imediata é

caracterizada pelo broncoespasmo por contração dos músculos

brônquicos, mediada principalmente pela histamina e leucotrienos dos

mastócitos, em geral apresenta melhora espontânea (JANEWAY et al.,

2000).

De acordo com Jenkinson et al.. (2001) a exposição a um

alérgeno pode desencadear uma rápida resposta das vias aéreas.

Antígenos provocam a liberação a partir dos mastócitos de histamina e

leucotrienos que como Linfócitos – B induzem broncoespasmo e citocinas

que vão estimular neutrófilos e eosinófilos que contribuem para o processo

inflamatório (figura 1).

Três a quatro horas após esta primeira resposta, ocorre em 30 a

70% dos indivíduos uma segunda reação (RT), onde além de contração

muscular, há importante infiltração celular (eosinófilos, neutrófilos e

linfócitos), intensa e nova onda de liberação de mediadores, edema da

mucosa e hipersecreção de muco (TELLES, 2002).

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8

Esta resposta (RT), inicia-se no período de duas a quatro horas

após o estímulo, com ação máxima entre cinco e doze horas, podendo

perdurar por dias, processando-se lenta e intensamente, afetando as vias

de pequeno calibre (SIENRA-MONGE et al., 1999).

Diversos autores como Love et al. (1996), Reshef e Macglashan

(1987) e Suzumura e Ohasi (1991) creditam aos mastócitos um papel

relevante na orquestração das respostas inflamatórias alérgicas por

estarem ligados à expressão de moléculas do complexo principal de

histocompatibilidade (MHC), podendo ter participação na apresentação de

antígenos às células T. Ou ainda, como afirmam Gauchat et al. (1993) e

Pawankar et al. (1997) ao secretar IL-4 e IL-13 podem manifestar potencial

influência na produção de IgE pelos linfócitos B. Sendo capazes também

de regular a diferenciação celular Th₂ (BRADDING et al., 1992; HUELS et

al., 1995).

Figura1- Mecanismos celulares envolvidos na inflamação de vias aéreas. Fonte: Jenkinson, Rose, Bazaldua, 2001, p.4.

Tanto eosinófilos como linfócitos T, mastócitos e células

apresentadoras de antígeno como os macrófagos alveolares, entre outras,

desempenham papéis-chave na patogenia da asma. Não se pode identificar

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9

uma única célula chave efetora na produção da resposta inflamatória em

vias aéreas. Inúmeras células nativas das vias aéreas e células

inflamatórias recrutadas secretam mediadores que desencadeiam resposta

edematosa nociva (STANLEY e GERSHWIN, 2002).

Os mediadores inflamatórios clássicos como a histamina,

derivados do ácido araquidônico ou eicosanóides (principalmente o

tromboxano, a PGD₂ e leucotrienos), fator ativador de plaquetas (PAF) e

bradicinina, parecem contribuir com a fisiopatologia da asma,

reproduzindo sinais e sintomas inflamatórios como a broncoconstricção

derivada ou não da hiperresponsividade brônquica. Sendo geralmente a

dose necessária destes mediadores inflamatórios para causar

broncoconstricção em indivíduos asmáticos, menor do que a necessária

para causar broncoconstricção em indivíduos normais (FRANCISCHI e

CONROY, 1999).

Alguns mecanismos centrais também se fazem presentes. A

ativação colinérgica direta (muscarínica) se associa com um aumento nos

níveis de guanosina monofosfato cíclico (GMPc), causando

broncoconstricção com liberação de mediadores químicos que podem ser

bloqueados pela atropina (CASALE, 1987).

Quando há o estímulo das fibras nervosas inibitórias não

adrenérgicas, peptídeos são liberados (potentes broncodilatadores),

enquanto que a ativação das fibras excitatórias não colinérgicas resultam

na liberação de peptídeos (substância P, neurocininas A, B e peptídeo

relacionado com o gen da calcitonina-CGRP) que induzem

broncoconstricção, secreção de muco e inflamação brônquica (BARNES et

al., 1991; NSOULI et al., 1988).

De acordo com o III Consenso... (2002), caso esses mediadores

atinjam o epitélio ciliado podem causar dano e ruptura, resultando na

proliferação de células epiteliais e miofibroblastos localizados abaixo do

epitélio, iniciando o depósito intersticial de colágeno na lâmina reticular da

membrana basal, explicando o aparente espessamento da membrana basal

e as lesões irreversíveis que podem ocorrer em alguns pacientes com asma.

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10

Os marcadores dessa resposta ainda não foram bem definidos e a

verdadeira relação entre essas alterações morfológicas e a natureza

irreversível da asma prolongada não está clara (STANLEY e GERSHWIN,

2002).

A asma aguda grave é caracterizada por um aumento da

obstrução das vias aéreas, aumento do esforço respiratório e uma

desproporção ventilação-perfusão podendo levar a hipóxia, fadiga dos

músculos respiratórios, retenção de dióxido de carbono e à acidose

respiratória (ZANONI e PALHARES, 2002). Esta acidose respiratória

associada à acidose metabólica é responsável pela refratariedade

medicamentosa (FILOGONIO e SERUFO, 1999).

Entre lactentes e crianças menores, a acidose metabólica pode

estar também associada ao jejum prolongado e aos vômitos, e a acidose

lática ao aumento do trabalho respiratório. No caso de infecção

respiratória, febre e desidratação, produção de cetonas e ácidos orgânicos

também podem contribuir para a acidose metabólica (SOLÉ e RIZZO,

2001).

Algumas diferenças na fisiologia pulmonar entre lactentes e

crianças maiores contribuem para um maior risco de evolução rápida da

obstrução culminando com a falência respiratória entre os lactentes (II

CONSENSO..., 1998), são elas: aumento da resistência das vias aéreas

periféricas; canais colaterais de ventilação deficientes; musculatura lisa da

via aérea se estende de modo espiral dentro das vias periféricas; pressão

de retração elástica do tórax diminuída; diafragma mecanicamente

inapropriado (SOLÉ e RIZZO, 2001).

2.4 Diagnóstico e Classificação da Gravidade

“O diagnóstico da asma deve ser baseado em condições clínicas e

funcionais e na avaliação da alergia” (III CONSENSO..., 2002, p. S6).

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11

Há uma certa dificuldade quanto ao diagnóstico da asma nos

primeiros anos de vida, já que nesta faixa etária, as infecções respiratórias

são as causas mais comuns de sibilância (LANDAU, 1995).

Na criança pequena, sobretudo abaixo dos cinco anos de idade,

aumenta a possibilidade de um diagnóstico alternativo para os episódios

recidivantes de sibilância. O diagnóstico nestas crianças deve ser feito

tendo-se como base o julgamento clínico obtido pela combinação de

sintomas e de dados clínicos, sendo limitada a obtenção de medidas

espirométricas e da hiperresponsividade das vias aéreas em lactentes e

crianças pequenas (II CONSENSO..., 1998).

Em estudo realizado por Blair (1977) 39% dos asmáticos

avaliados iniciaram manifestações da doença no primeiro ano de vida e

84% já apresentavam doença evidente aos cinco anos.

As três manifestações clínicas mais importantes da asma são os

sibilos, a dispnéia e a tosse (especialmente em crianças). Porém, algumas

doenças podem mimetizar a asma aguda na criança, devendo ser excluídas

(Quadro 1).

Quadro 1. Diagnóstico Diferencial da Asma em Crianças. Fonte: TELLES, 2002, p. 123.

Doenças das Vias Aéreas Superiores • Rinite alérgica e sinusite

Obstrução nas Grandes Vias Aéreas • Corpo estranho na traquéia ou brônquios • Disfunção das cordas vocais • Anéis vasculares • Laringotraqueomalácia, estenose de traquéia ou estenose

brônquica • Linfonodomegalias ou tumor

Obstrução em Pequenas Vias Aéreas • Bronquiolite viral ou bronquiolite obliterante • Fibrose cística • Displasia broncopulmonar • Doença cardíaca

Outras Causas • Tosse recorrente por outra causa que não a asma • Aspirações traqueais por assincronia de deglutição ou refluxo

gastroesofagiano

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12

Embora nem tudo que sibile seja asma, a ausência de sibilos

pode sugerir situação em que os fluxos aéreos são tão baixos a ponto de

não gerar oscilações de parede, portanto, não determinando manifestação

acústica (TELLES, 2002).

A ausência de sibilos pode dificultar o diagnóstico da asma ou

fazer com que sua gravidade seja subestimada (DALCIN et al., 2000).

No entanto, a associação de sibilos inspiratórios e expiratórios

mostrará um quadro de obstrução grave (SHIM e WILLIAMS, 1983).

Segundo o III Consenso... (2002), a asma pode ser classificada

quanto à sua gravidade em intermitente e persistente leve, persistente

moderada e persistente grave (Quadro 2).

A avaliação usual da gravidade da asma pode ser feita pela

análise da freqüência e intensidade dos sintomas e pela função pulmonar.

Outras informações clínicas ajudam a compor uma gama de dados que

auxiliam na decisão de categorizar o nível de expressão da doença

(COCKCROFT e SWYSTUM, 1996).

Na emergência a primeira hora do manejo de um paciente em

crise asmática, deve concentrar-se em etapas fundamentais que irão

determinar o desfecho da situação clínica. Estas etapas incluem:

diagnóstico, avaliação da gravidade, o tratamento, rastreamento de

complicações e a definição do local onde será realizada a complementação

terapêutica (DALCIN et al., 2000).

Diversos autores salientam a importância do diagnóstico da crise

aguda de asma na sala de urgência ser rápido, com o objetivo inicial de

determinar a intensidade da obstrução ao fluxo aéreo, ou seja, a gravidade

da crise (DALCIN et al., 2000; RIZZO e PITANGA, 2001, 2004; SARINHO,

2002; SOLÉ e RIZZO, 2001).

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13

Quadro 2 – Classificação da gravidade da asma.

Fonte: III CBMA, 2002. J. Pneumol. V.28 suppl 1, p.S7.

A motivação para a ida à emergência, se dá pela exacerbação dos

sintomas nas últimas horas, podendo a duração dos sintomas ser variável,

indo de horas até dias. Ao chegar às salas de emergência, muitas vezes, já

existe o relato de outros episódios semelhantes com identificação de

fatores desencadeantes e descrição de resposta à medicação

broncodilatadora. Podendo inclusive já haver o diagnóstico prévio de asma

Intermitente Persistente leve

Persistente moderada

Persistente grave

Sintomas Falta de ar, aperto no

peito, chiado e tosse.

≤ 1 vez/semana

≥1 vez/semana e <1 vez/semana

Diários

mas não contínuos

Diários

contínuos

Atividades

Em geral normais Falta ocasional

ao trabalho ou escola

Limitação para grandes esforços

Faltas ocasionais ao trabalho ou

escola.

Prejudicadas Algumas faltas ao trabalho ou

escola. Sintomas com

exercício moderado

(subir escadas)

Limitação diária Falta freqüente ao trabalho e

escola. Sintomas com exercícios

leves, (andar no plano).

Crises*

Ocasionais (leves) Controladas com

broncodilatadores, sem ida

à emergência.

Infreqüentes

Algumas requerendo

curso de corticóide

Freqüentes

Algumas com ida à

emergência, uso de corticóides

sistêmicos ou internação.

Freqüentes-graves

Necessidade de corticóide sistêmico,

internação ou com risco de

vida Sintomas

noturnos** Raros

≤ 2 vezes/mês Ocasionais

> 2 vezes/mês ≤1vez/semana

Comuns > 1 vez/semana

Quase diários >2

vezes/semana Broncodilata

dor para alívio

≤ 1 vez/semana ≤2vezes/semana >2 vezes/semana e

< 2 vezes/dia

≥ 2 vezes/dia

PFE ou VEF1 nas

consultas

Pré – bd > 80% previsto

Pré – bd ≥ 80% ou previsto

Pré – bd entre 60% e 80%

previsto

Pré – bd < 60% previsto

* Pacientes com crises infreqüentes, mas que coloquem a vida em risco, devem ser classificados como portadores de asma persistente grave. ** Despertar noturno regular com chiado ou tosse é um sintoma grave.

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brônquica e a utilização de medicação para tal circunstância clínica

(GENTRY et al., 1999).

Quando diagnosticada a asma brônquica no serviço de

emergência, a avaliação da intensidade da crise e a instituição do

tratamento devem ser imediatas (ELLMAN et al., 1997; WAHLGREN et al.,

1997). De acordo com o III Consenso... (2002), a intensidade da crise

asmática pode ser classificada em: moderada/leve, grave ou muito grave

(Quadro 3).

Na avaliação da intensidade da crise, por ocasião do exame físico,

deve-se avaliar o grau de hipóxia, o estado de consciência, a capacidade de

falar, coloração de pele e mucosas e o estado de hidratação. Somando-se

ao exame cardíaco e pulmonar, tem-se um panorama da gravidade da crise

atual (SARINHO, 2002).

No lactente, para uma boa avaliação ainda deve-se observar a

resposta ao ambiente, a habilidade de se alimentar ou sugar e a qualidade

de choro, que se torna fraco e curto à medida que a obstrução das vias

aéreas aumenta. A dispnéia por sua vez, pode ser avaliada quanto à

utilização da musculatura acessória da respiração. Entretanto, em

lactentes e crianças menores a retração intercostal pode ser mais evidente

em decorrência da maior complacência da parede torácica (SOLÉ e RIZZO,

2001).

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Este escore é composto por cinco itens (Quadro 4). Cada uma

destas características é pontuada com notas entre 0 e 2. Havendo uma

relação entre maiores notas clínicas e menores valores de medidas

pulmonares, assim como maior risco de hospitalização (SOLÉ e RIZZO,

2001).

Característica Nota clínica 0 1 2

PO2 ou cianose

70-100 em ar ambiente sem

cianose

≤ 70 em ar ambiente

≤ 70 em O2 a 40%

Murmúrio vesicular normal desigual diminuído Uso de musculatura

acessória não moderado máximo

Sibilância não moderada intensa Sensório normal deprimido ou

agitado coma

Quadro 4 - Escore de Wood-Downes Fonte: SOLÉ & RIZZO, p. 24, 2001.

Raros são os casos de morte por tratamento excessivo da

exacerbação. Na grande maioria dos casos a causa da morte é a asfixia

(BRENNER e KONH, 1998).

Segundo Sarinho (2002), a hipóxia na asma é tardia. Pacientes

com saturação de oxigênio menor que 90% em ar ambiente apresentam

insuficiência respiratória, necessitando de oxigenoterapia contínua. O

oxímetro de pulso é um grande aliado na avaliação da gravidade da crise

asmática, inclusive entre os lactentes, por não se tratar de um

procedimento invasivo.

Fica, portanto, preconizada a utilização de oxigênio em todos os

pacientes com saturação de O2 menor ou igual a 95% (III CONSENSO...,

2002).

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17

2.5 Tratamento

2.5.1 Objetivos do Tratamento

O objetivo do tratamento da asma é sem dúvida alguma a

melhoria da qualidade de vida, através de um constante monitoramento,

buscando a cessação das crises de broncoespasmo, redução das

internações hospitalares e visitas a serviços de emergência, a tolerância

normal ao exercício com a manutenção dos níveis normais de atividade,

função pulmonar normal ou a melhor possível, a redução e mesmo a

interrupção do uso de broncodilatadores, minimizar os efeitos colaterais

decorrentes do tratamento, a prevenção do desenvolvimento da limitação

irreversível do fluxo aéreo, e a prevenção da mortalidade por asma (III

CONSENSO..., 2002; TELLES, 2002).

2.5.2 Medicamentos mais utilizados no tratamento da asma

aguda

A estratégia farmacológica do tratamento da asma apresenta dois

objetivos: atenuação e/ou supressão da inflamação das vias aéreas e

promoção da broncodilatação nas crises agudas (SIENRA-MONGE et al.,

1999).

Os medicamentos são divididos em duas categorias de acordo

com o objetivo do tratamento. Fármacos para melhora dos sintomas

agudos ou promoção da broncodilatação: beta-2 agonistas com rápido

início de ação, brometo de ipratrópio e aminofilina; fármacos para

manutenção usados para prevenir os sintomas: corticosteróides inalatórios

e sistêmicos, cromonas, antagonistas de leucotrienos, beta-2 agonistas de

longa duração e teofilina de liberação lenta (III CONSENSO..., 2002).

Os fármacos utilizados no tratamento da exacerbação aguda de

asma são classificados ainda, de acordo com a sua efetividade no controle

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clínico. São classificados em fármacos de primeira linha os agentes beta-2

adrenérgicos e corticosteróides e de segunda linha os agentes

anticolinérgicos e metilxantinas (SOLÉ e RIZZO, 2001).

• Broncodilatadores beta-2 agonistas

Os receptores beta encontrados nos pulmões de humanos são

predominantemente do subtipo β2 (70%), localizando-se na superfície

muscular, epitélio, glândulas serosas e mucosas, pneumócitos e músculo

liso vascular. Os receptores β1 (30%) estão nas paredes alveolares. Em

asmáticos, os beta receptores são encontrados também nos macrófagos e

nas células recrutadas no processo inflamatório como linfócitos,

neutrófilos, eosinófilos e mastócitos (TELLES, 2002).

A adrenalina foi a primeira substância broncodilatadora a ser

utilizada sob a forma injetável (TELLES, 2002). Atua tanto sobre

receptores α como β adrenérgicos (AHLQUIST, 1948). A adrenalina (solução

milesimal), ainda é usada em locais que não dispõe de equipamentos para

a administração dos agentes beta-2 agonistas por via inalatória (SOLÉ e

RIZZO, 2001). Sendo administrada por via subcutânea, na dose de

0,01mg/Kg/dose, até 0,3mg no máximo de três doses (FILOGONIO e

SERUFO, 1999).

Seguindo o III Consenso...(2002), a primeira conduta a ser

tomada com a criança em crise aguda asmática na emergência, é a

administração de doses adequadas e repetidas de beta-2 agonista por via

inalatória a cada 20 minutos na primeira hora (Figura 2).

A via inalatória é preferencial devido à ação direta do

medicamento sobre a mucosa respiratória, portanto, com uma ótima

biodisponibilidade possibilitando o efeito máximo com pequenas dosagens

e com baixas concentrações séricas e ainda uma menor incidência de

efeitos colaterais (PEREIRA, 1998; SOLÉ e RIZZO, 2001; ZANONI e

PALHARES, 2002).

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Quadro 3 - Classificação da intensidade da crise de asma em adultos e crianças. Fonte: III CBMA, 2002. J Pneumol , v.28, n..1, p.S7.

Para crianças maiores de seis anos de idade, utilizam-se a

espirometria e a medida do pico de fluxo expiratório (PFE) na avaliação do

fluxo expiratório durante a crise (DALCIN et al., 2000; III CONSENSO...,

2002). Porém, em crianças menores de seis anos, utilizam-se os critérios

de Wood-Downes (IIICONSENSO..., 2002).

Achado* Muito grave Grave Moderada/leve Gerais Cianose, sudorese,

exaustão Sem alterações Sem alterações

Estado mental Agitação, confusão, sonolência

Normal Normal

Dispnéia Grave Moderada Ausente/leve

Fala

Frases curtas/ monossilábicas Lactente: maior

dificuldade alimentar

Frases incompletas/parciais Lactente: choro curto, dificuldade alimentar

Frases completas

Musculatura

acessória

Retrações acentuadas ou em declínio (exaustão)

Retrações subcostais e/ou esternoclidomastóideas

acentuadas

Retração intercostal leve

ou ausente

Sibilos

Ausentes com MV↓ localizados ou

difusos

Localizados ou difusos

Ausentes c/ MV normal /

localizados ou difusos

FRespiratória (irm)**

Aumentada

Aumentada

Normal ou aumentada

FC (bpm) >140 ou bradicardia >110 ≤110 Pico de fluxo expiratório

(% melhor ou previsto)

<30%

30 – 50%

>50%

SaO2

(ar ambiente)

≤90%

91 – 95%

>95%

PaO2

(ar ambiente)

<60mmHg

Ao redor de 60mmHg

Normal

PaCO2

(ar ambiente)

>45mmHg

< 40mmHg

<40mmHg

* a presença de vários parâmetros, mas não necessariamente todos, indicam a classificação geral da crise. ** FR em crianças normais <2 meses<60/min; 2-11 meses <50/min; 1-5 anos < 40/min; 6-8 anos < 30/min; 8 anos = adulto.

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Avaliação inicial: FR, FC e PFE, uso de musculatura acessória,

dispnéia, grau de alerta, cor, SatO2

Figura 2. Algoritmo de tratamento da crise de asma da criança no pronto socorro.

Fonte: III CBMA, 2002. J.Pneumol 28 (Supl 1) – junho de 2002.

Nota: em paciente incapaz de realizar PFE ou que não aceita a nebulização,

administrar terbutalino/adrenalina (0,01mg/Kg) subcutânea

O2 para Sat O2 ≤95%. Nebulização com β2-agonista (0,1 mg/kg/dose – fluxo mínimo de O2 de 6L/min) ou spray/inaladores de pó (200-300mcg/dose) a cada 20 minutos, até uma hora (3 doses). Em crises graves associar brometo de ipratrópio (250-500mcg/dose – 20-40gotas). Se PFE > 90% após tratamento inicial, doses adicionais não são necessárias. Iniciar corticosteróides se o paciente é córtico-dependente ou não responder ao tratamento com nebulização.

Reavaliação FR, FC, ausculta, uso da musculatura acessória, dispnéia, SatO2

Boa resposta PFE > 70% do basal

Diminuição da FR e FC Ausculta: sibilos raros ou

ausentes Musculatura acessória:

sem uso Dispnéia: mínima ou

ausente SatO2 > 95% em ar

ambiente

Resposta Incompleta PFE entre 40 e 70% do basal

Aumento da FR e FC Ausculta: sibilância leve ou

moderada Musculatura acessória: uso

moderado Dispnéia: moderada

SatO2 entre 91 e 95% em ar ambiente.

Má resposta PFE < 40% do basal Aumento da FR e FC Ausculta: diminuição

da entrada do ar Musculatura acessória:

Uso importante Dispnéia: intensa

SatO2 < 91% em ar ambiente

Aumentar intervalos da nebulização para cada 2

horas

Observar no mínimo uma hora

Estável PFE > 70% do basalSatO2 > 95% em ar

ambiente outros parâmetros

melhorando

Alta domiciliar com orientação, beta2 nebulização/ spray/ inaladores de pó, (considerar corticóides orais)

e plano de acompanhamento.

Manter/adicionar prednisona oral ou similar (1-2 mg/kg – max 40 mg) e continuar nebulização cada 20min com beta-2 (0,15mg/kg)

Reavaliar a gravidade em uma hora

Instável PFE < 70%

do basal SatO2 < 95%

Outros parâmetros

sem melhora

Boa resposta PFE > 70% do basal SatO2 > 95% em ar

ambiente outros parâmetros

melhorando

Resposta Incompleta PFE 40 a 70% do

basal SatO2 entre 91 e 95%

Melhorando outros parâmetros

Continuar tratamento. Considerar internação

hospitalar se não houver melhora

Hospitalização

Má resposta PFE < 40% do

basal SatO2 < 91%

Outros parâmetros sem

melhora

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Em formas mais graves de exacerbação pode ser necessário a

nebulização contínua desses fármacos. A administração por via

subcutânea, em geral, não acrescenta benefícios à via inalatória e,

portanto fica reservada a casos especiais (SOLÉ e RIZZO, 2001).

A via oral não tem larga aceitação pelo alto risco de efeitos

colaterais. Em duas situações são mais usadas, crianças menores de 5

anos com infecção viral de vias aéreas superiores e em pacientes que a

nebulização possa causar irritação, com aumento da tosse ou

broncoespasmo (SERAFIN, 1996).

Os beta-2 agonistas podem ser classificados em de curta ação

(salbutamol, terbutalina e o fenoterol) onde seu efeito dura cerca de 4 a 6

horas; e de longa ação onde perdura até 12 horas (salmeterol e formoterol)

(MACHADO et al., 1999).

A principal arma no alívio da exacerbação da asma, são os beta-2

agonistas de curta duração, entretanto, o formoterol (beta-2 agonista de

longa duração) começa a ser utilizado no tratamento da exacerbação

aguda da asma. Entretanto, mais estudos são necessários (SOLÉ e RIZZO,

2001).

A administração destas medicações pela via inalatória pode ser

feita através de aerossol dosimetrado (spray) ou através de nebulizador a

fluxo contínuo de oxigênio ou ar comprimido (GENTRY et al., 1999).

Os nebulizadores foram os primeiros dispositivos desenhados

para a inalação de drogas e datam de 1929. São de dois tipos, a jato e

ultra-sônico. O princípio de atuação do nebulizador a jato, que é o

utilizado em hospitais, é o de uma corrente de ar comprimido ou oxigênio

que, quando projetada sobre uma solução nebulizável, forma aerossol

(PEREIRA, 1998).

Em exacerbações da doença nos atendimentos de urgência, pelo

conforto e preferência do paciente, pela dificuldade que pode existir de

inalação por meio de espaçador, bem como pela praticidade de utilização

do oxigênio associado sob máscara, pode haver sentido no uso da

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nebulização úmida, inclusive podendo ser utilizada a máscara do tipo não

reinalante (SARINHO, 2002).

A nebulização com oxigênio, continua sendo a forma

recomendada de administração dos beta-2 agonistas para crianças no

pronto socorro. A dose preconizada é de 0,1mg/Kg/dose – máximo de

5mg/dose com fluxo mínimo de oxigênio de 6L/min (III CONSENSO...,

2002).

No entanto, a eficácia deste tipo de tratamento depende da

deposição de partículas (aerossóis respiráveis) nos pulmões. Alguns

mecanismos físicos estão envolvidos neste processo, porém,

preferencialmente ocorre pelo mecanismo de sedimentação gravitacional

(AMANTÉA et al., 2002).

Para que este processo ocorra, o diâmetro das partículas de

aerossol devem ser menores de 5µ (PEREIRA, 1998; AMANTÉA et al.,

2002), e o fluxo de ar ou oxigênio deve estar entre 6 e 8 L/min (PEREIRA,

1998; SARINHO, 2002).

Os efeitos colaterais ao uso de agonistas beta-2 são dose

dependentes e independem da via de administração. São eles: aumento da

pressão sistólica e redução da diastólica, taquicardia e tremores,

hipopotassemia, aumento de ácidos graxos livres, de insulina, da glicemia

e do piruvirato, e aumento da desigualdade da relação ventilação/perfusão

alveolar (SOLÉ e RIZZO, 2001).

Sarinho (2002) ainda lembra que o soro fisiológico não deve ser

nem frio nem gelado para não agravar ainda mais o broncoespasmo; o

volume final da solução deve ser de 3ml a 4ml.

• Anticolinérgicos

Em crises mais graves recomenda-se a associação do brometo de

ipratrópio na dose de 250-500mcg/dose (20-40gotas) ao beta-2 agonista

(IIICONSENSO..., 2002).

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O brometo de ipratrópio é um derivado amônio quaternário da

atropina. Promove broncodilatação, por reduzir o tônus parassimpático

intrínseco na broncoconstricção decorrente do bloqueio de receptores

muscarínicos. Seu início de ação é lento, com efeito, máximo entre 30

minutos e uma hora após a administração (GROSS, 1988).

A utilização do brometo de ipratrópio em sala de emergência tem

sido tema de controvérsias na literatura (JAGODA et al., 1997). Apesar de

alguns ensaios clínicos não evidenciarem vantagens na associação do

brometo de ipratrópio ao beta-2 agonista (KARPEL et al., 1996; DICCINI et

al., 1999), metanálises de ensaios clínicos mostraram uma pequena,

porém significativa melhora da função pulmonar (LANES et al., 1998;

STOODLEY et al., 1999), redução de riscos de tratamento adicional, de

subseqüente exacerbação de asma e hospitalização (LANES et al., 1998).

Segundo Rodrigo e Rodrigo (1998), o brometo de ipratrópio tem

efeito adicional aos beta-2 agonistas, na asma aguda grave, com

comprovada relação custo-efetividade.

Plotnick e Ducharme (2003) ainda acrescentam que esta

associação não aumenta a incidência de náusea, vômito ou tremor, sendo

indicada para crianças e adolescentes com asma aguda em exacerbação

grave.

• Corticosteróides

Outra medicação que se constitui em componente essencial no

tratamento da asma aguda são os corticosteróides. “[...] o atraso no uso de

corticosteróides ou a não administração são citados como fator de risco

para a morte durante a exacerbação da asma [...]” (DALCIN et al., 2000).

Os corticosteróides exercem a grande maioria de suas ações

antiinflamatórias através de sua interação com receptores intracelulares

que culminam na regulação da transcrição do DNA, dentre os quais

podemos destacar a inibição da transcrição do gene da ciclooxigenase-2 e

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a indução da formação de anexina-1. Essas ações genômicas levam

algumas horas para se tornar evidente.

Portanto, se os pacientes forem pré-tratados com corticosteróides,

as reações tardias isoladas são abolidas deixando a resposta imediata

inalterada. O que indica seu papel para os metabólicos do ácido

araquidônico derivados dos mastócitos, tais como prostaglandinas e

leucotrienos na resposta tardia (ROITT et al., 1999).

O uso precoce de corticosteróides sistêmicos, no tratamento da

crise asmática na primeira hora de atendimento em emergência, mostrou

em 12 estudos envolvendo 863 pacientes uma diminuição significativa da

taxa de internamento hospitalar, sendo mais significativa em pacientes

mais graves e que não vinham fazendo uso de corticosteróide sistêmico

(ROWE et al., 2004).

O levantamento de 700 pesquisas por Rowe et al., citado por Solé

e Rizzo (2001), onde 30 foram selecionadas para estudo de eficácia,

confirmaram a redução de admissão hospitalar em pacientes que fizeram

uso do corticosteróide precocemente nas exacerbações asmáticas.

Observaram ainda que os esteróides por via oral ou intravenosa

apresentam efeitos equivalentes nas exacerbações agudas da asma.

Segundo Amantéa et al. (2002), todos os corticóides (incluindo

prednisona, metilprednisolona, hidrocortisona, e dexametasona) são

eficazes no tratamento da asma aguda, independente da via de

administração.

[...] É importante lembrar que os corticóides com liberação prolongada (preparações de depósito), por via intramuscular, tem a desvantagem de apresentar uma absorção errática, uma grande variabilidade individual, menor eficácia e grandes efeitos colaterais, não devendo ser habitualmente recomendados para uso em crianças (SOLÉ e RIZZO, 2001, p.56, grifo dos autores).

A dexametasona apresenta uma meia-vida longa com níveis

séricos detectáveis até 48 horas após uma única administração oral,

podendo ainda permanecer detectável até 5 dias e interferir no eixo

hipotálamo-hipófise-adrenal (SARINHO, 2002).

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Segundo Schimmer e Parker (1996) as doses equipotentes para

efeitos comparáveis da dexametasona, hidrocortisona e prednisolona são

respectivamente de 0,75mg, 25mg e 5mg.

Os corticosteróides inalatórios são os fármacos que oferecem

melhor relação custo/risco/benefício para o controle da asma persistente.

Sua utilização tem sido associada à redução da mortalidade e das

hospitalizações por asma. Entretanto, pacientes pediátricos com alta da

emergência que necessitam de corticosteróides devem ser dispensados com

prescrição de corticosteróides oral por 5 a 10 dias na dose de 1-

2mg/Kg/dia, máximo de 40mg/dia (IIICONSENSO..., 2002).

• Metilxantinas

A aminofilina, uma xantina, já foi uma arma terapêutica

fundamental no manejo da asma aguda, porém, nos últimos anos perdeu

esta posição de destaque. Na literatura as opiniões são praticamente

unânimes, quanto a não utilização da aminofilina, no manejo de rotina da

exacerbação da asma (CORBRIDGE e HALL, 1995; JAGODA et al., 1997;

LEATHERMAN, 1994).

Foi demonstrado que seu uso na asma aguda não oferece efeito

broncodilatador adicional ao tratamento com o beta-2 agonista, porém

aumenta significativamente os efeitos colaterais como náusea, vômito,

tremor e ansiedade (RODRIGO e RODRIGO, 1994; SIEGEL et al., 1985).

Seu mecanismo de ação ainda não está muito bem esclarecido,

porém, sabe-se estar ligado ao impedimento da degradação do AMP cíclico

pela fosfodiesterase (ROITT et al., 1999). Induzindo o relaxamento da

musculatura lisa dos brônquios, o bloqueio dos receptores de adenosina, a

diminuição da liberação de mediadores de mastócitos e a atenuação da

resposta brônquica a estímulos antigênicos. Sua meia-vida gira em torno

de 4 horas em crianças podendo ser alterada por diversos fatores como:

idade, alimentação, doenças hepáticas e interação com algumas drogas

(SARINHO, 2002).

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25

Segundo o III CBMA (2002), a aminofilina não tem indicação

como tratamento inicial. Em pacientes muito graves, hospitalizados, ela

poderá ser considerada como tratamento adjuvante.

Entretanto, estudos mostram aumento em número de vômitos e

arritmias, melhora nos escores de sintomas e na função pulmonar, sem

interferência na taxa de internação (RIZZO e PITANGA, 2004).

• Outros

A utilização do sulfato de magnésio como medida terapêutica

adjuvante para o tratamento da asma aguda grave tem recebido

considerável atenção na literatura (BLOCH et al., 1995; SKOBELOFF et

al., 1989). O seu papel no tratamento da asma é controverso merecendo

maiores estudos (SOLÉ e RIZZO, 2001).

Outra terapêutica ainda considerada experimental, necessitando

estudos complementares para avaliar sua eficácia é a mistura de hélio –

oxigênio (Heliox), que tem densidade gasosa menor que a do ar ambiente

(DALCIN et al., 2000).

O maior argumento para a utilização do Heliox é o de se tratar de

terapêutica sem efeito colateral relevante e passível de ter resposta

avaliada em curto espaço de tempo, sendo indicada para asma refratária

com intubação eminente (MANTHOUS et al., 1995).

Teoricamente, com esta menor densidade, permite uma menor

resistência a seu fluxo nas vias aéreas quando comparado com o oxigênio/

ar sem heliox, reduzindo o trabalho respiratório, retardando a fadiga dos

músculos respiratórios e ganhando tempo de ação para a terapêutica

broncodilatadora e antiinflamatória (KUDUKIS et al., 1997). Além do que

reduz a possibilidade de hiperinsuflação com risco aumentado de

barotrauma/volutrauma nas crianças submetidas à ventilação mecânica

(SOLÉ e RIZZO, 2001).

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26

2.6 O Preparo e as condições de trabalho do Profissional de

Saúde para o atendimento ao asmático

Há muito se sabe que o tratamento que vem sendo aplicado aos

asmáticos brasileiros de baixa renda não condiz com o que preconizam os

consensos nacionais e internacionais (HOLANDA, 2000).

Os avanços na abordagem clínica dos pacientes ocorridos nos

últimos dez anos, não estão sendo incorporados às práticas sanitárias

ofertadas a muitos pacientes (HALFON e NEWACHECK, 1993). Este dado

pode ser demonstrado pelas visitas constantes a serviços de urgência,

pressupondo um tratamento inadequado (JOSEPH et al., 1998). Porém, para se evitar a hospitalização, é de fundamental

importância a qualidade dos cuidados primários prestados na asma

(HOMER et al., 1996; RUSSO et al., 1999; STRÖMBERG, 1996).

Segundo Lasmar et al. (2002), a assistência primária a crianças

asmáticas tem se mostrado deficiente. Haja vista, que a maioria absoluta

delas mesmo estando com as vacinas atualizadas, o que demonstra seu

comparecimento a serviços de atenção primária, não teve uma correta

abordagem da asma durante essas oportunidades.

Estudo realizado em São Paulo por Vieira et al. (2001), investigou

o grau de informação e conhecimento sobre asma em médicos recém

formados e em médicos com dois anos de residência em clínica médica.

Evidenciou que apesar do programa de residência melhorar a habilidade

de propor a terapia preconizada, quando comparado à graduação, não

melhorou a capacidade diagnóstica.

Com o intuito de identificar alguns pontos referentes ao manejo

da asma no país, um questionário sobre atendimento a asmáticos foi

aplicado em 1999 a 20 presidentes das Sociedades Regionais filiadas da

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), havendo o retorno

de dez regionais. Verificou-se um ponto crucial no manejo adequado da

asma nos brasileiros de baixa renda: faltam medicamentos apropriados,

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27

insumos para adquiri-los e a funcionalidade do serviço público deixa muito

a desejar (HOLANDA, 2000).

A asma é uma doença que exige a participação ativa tanto de seu

portador como familiares. Para seu controle, além do tratamento

farmacológico adequado, necessita-se que o doente tenha noções sobre a

doença, seus fatores desencadeantes e como evitá-los, adquirindo

habilidades para o uso correto das medicações e reconheça os sinais de

controle e descontrole da doença (EVANS, 1993). Portanto, a educação do

paciente asmático é um dos pilares do tratamento da asma, conforme

preconizado pelo GINA (NHLBI, 1995).

A condução dos programas de educação é multidisciplinar. O

enfermeiro atua como mediador entre a comunidade e o sistema de saúde

local, e tem como objetivo a educação em saúde. A atuação da enfermagem

é descrita em vários programas de educação em asma, tendo como

responsabilidade educar tanto pacientes como sua família

(BETTENCOURT et al., 2002).

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1

Utilização de fármacos e as diretrizes do III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma no tratamento de crise asmática em crianças de 0 a 5 anos atendidas em uma emergência do município de Camaragibe - PE

Ana Paula Ochoa Santos1, Luciane Soares de Lima2, Almir Gonçalves Wanderley1,3

1- Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil.

2- Departamento de Enfermagem, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil. 3- Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife,

Brasil.

Resumo

Introdução: Apesar de diretrizes como o III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma, a

utilização de medicamentos no manejo da crise asmática em serviço de emergência continua a

apresentar-se de maneira diversa. Objetivo: Verificar como vem sendo conduzido do ponto

de vista farmacoterapêutico o atendimento a crianças asmáticas de 0 a 5 anos em serviço de

emergência. Método: Estudo de natureza descritiva exploratória, abordagem quantitativa e

corte transversal. Envolvendo 246 crianças em crise asmática, atendidas no serviço de

emergência do município de Camaragibe, região metropolitana do Recife. Teve como

parâmetros, as condutas preconizadas pelo III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma, 2002.

Resultados: Os fármacos disponibilizados no serviço para o atendimento foram o fenoterol, o

brometo de ipratrópio, a dexametasona suspensão ou para uso injetável e a aminofilina. Os

fármacos foram utilizados de acordo com o preconizado em 69 (28,1%) dos atendimentos. As

doses dos fármacos estiveram preconizadas em 34 (13,4%) dos atendimentos e os

procedimentos de nebulização em 33 (13,4%) dos atendimentos. A dexametasona teve a via

de administração intramuscular não justificada em 60 (44,1%), dos 136 atendimentos onde foi

realizado o corticosteróide. Conclusão: O manejo preconizado pelo Consenso encontrou

barreiras de aplicação como: pouca familiaridade da equipe multidisciplinar com as diretrizes

e ausência de recursos materiais e terapêuticos preconizados.

Palavras-chave: Asma, fármacos, emergência, criança.

*Correspondêcia: Almir Gonçalves Wanderley. Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Av. Prof. Moraes Rego, s/n, Cidade Universitária, CEP 50670-901, Recife, Brasil. Email: [email protected]

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2

Abstract Introduction: Despite of directives as the III Brazilian Consensus in the Management of the Asthma, the utilization of medicines in the management from the asthmatic crisis in service of emergency continues present it himself of diverse way. Objective: Verify the pharmacological handling of asthmatic crisis children from 0 to 5 years in emergency service. Method: It is a study of exploratory descriptive nature, with a quantitative approach and transversal cut. Involving 246 children in asthmatic crisis, attended in the service of emergency of Camaragibe city. It had like parameters, the conducts preconized by the III Brazilian Consensus in the Management of the Asthma, 2002. Results: The available medicines in the service were inhaled β-adrenergic agonists of short duration (fenoterol), ipratropium bromide, systemic glucocorticoids (dexametasone suspension or for injectable use)and aminophylline. The medicines had been used in accordance with the praised in 69 (28,1%) patients. The medicine doses were preconized in 34 (13,4%) patients and the procedures of nebulization in 33 (13,4%). Dexametasone had the administration way IM not justified in 60 (44,1%), in the 136 patients where they were carried out the systemic glucocorticoids. Conclusion: The preconized management by the Consensus found barriers of application like little familiarity from the health team with the directives and stuff resorts absence and therapeutic advocated.

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3

3.1 Introdução

O Brasil ocupa o oitavo lugar mundial com uma prevalência média de

asma de 20%1. Esta prevalência apresenta uma variação de 4,7 a 20,7%

para crianças entre seis e sete anos2. No Recife, como parte integrante do

estudo ISAAC (International Study of Asthma and Allergies in Childhood), a

avaliação de 3.086 adolescentes entre 13-14 anos de idade e 1.410 crianças

entre 6-7 anos, mostrou respectivamente que 20,9% e 20,4% destes

adolescentes e crianças apresentaram asma alguma vez3.

Diretrizes e Consensos são elaborados com o intuito de orientar no

diagnóstico e padronização das condutas de avaliação e tratamento da asma

brônquica1-4-5. No entanto, estudos mostram uma grande variabilidade no

padrão da prática clínica no tratamento destes pacientes, interferindo na

qualidade do atendimento6-7. Os avanços na abordagem clínica, ocorridos

nos últimos dez anos, não estão sendo incorporados às práticas sanitárias

ofertadas a muitos pacientes8. Este dado pode ser demonstrado pelas visitas

constantes a serviços de urgência, pressupondo um tratamento inadequado9.

Autores10 relatam um aumento da morbidade e mortalidade em asma.

Apontando como uma das razões para este aumento a inadequada

divulgação destes avanços. Outros estudos8, porém, mostram a relação entre

a baixa renda e o aumento da morbidade. Podendo esta relação estar ligada

ao menor acesso da população de baixa renda ao sistema de saúde.

Apesar do conhecimento da relação condução ambulatorial

inadequada da asma e atendimentos freqüentes nos serviços de emergência

e maior risco de crises graves e fatais da doença, os serviços de emergência

ainda são muitas vezes o principal ou único acesso da população de baixa

renda ao sistema de saúde11. No Brasil a asma aguda é responsável por 16%

dos atendimentos realizados em crianças no serviço de emergência12.

Com o intuito de identificar alguns pontos referentes ao manejo da

asma no país, um questionário sobre atendimento a asmáticos foi aplicado

em 1999 a vinte presidentes das Sociedades Regionais filiadas à Sociedade

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4

Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), havendo o retorno de dez

regionais. Verificou-se um ponto crucial no manejo adequado da asma nos

brasileiros de baixa renda: faltam medicamentos apropriados, insumos para

adquiri-los e a funcionalidade do serviço público deixa muito a desejar13.

O presente estudo teve como objetivo verificar como vem sendo

conduzido do ponto de vista farmacoterápico, o atendimento de crianças

asmáticas de 0 a 5 anos em serviço de emergência, de um município da

região metropolitana do Recife, tendo como parâmetros as condutas

preconizadas pelo III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma, 2002 (CBMA).

3.2 Método

Foi um estudo de natureza descritiva exploratória com abordagem

quantitativa de corte transversal. Realizado em uma unidade de atendimento

de emergência adulto/pediátrica da Prefeitura Municipal de Camaragibe -

PE, que atende exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

A amostra constituiu-se de 246 crianças/atendimentos de 0 a 5 anos

de idade, de ambos os sexos, atendidas na unidade no período de agosto a

outubro de 2003, com diagnóstico médico de asma e com história de pelo

menos duas crises prévias de dispnéia e chiado, aliviados com

broncodilatador, com agravamento dos sintomas nos últimos dias ou horas.

Foram excluídas da amostra as crianças que além da crise asmática

apresentavam quadro infeccioso associado diagnosticado pelo médico,

baseado em história e avaliação clínica.

As variáveis de análise, apresentadas abaixo, foram pré-codificadas em

preconizadas e não preconizadas de acordo com os critérios adotados pelo III

CBMA, 2002.

Fatores demográficos: sexo e idade.

Fatores classificatórios da doença: classificação da gravidade da asma e

intensidade da crise asmática.

Fatores referentes às medicações administradas: doses administradas de

fenoterol, brometo de ipratrópio, corticosteróide, aminofilina e vias de

administração.

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5

Fatores referentes à terapia de nebulização: intervalo entre nebulizações,

uso de O2 e fluxo.

O instrumento utilizado para coleta reuniu dados referentes à

identificação do paciente, parâmetros para classificação da gravidade da

asma e intensidade da crise de acordo com o III CBMA e dados referentes à

utilização dos fármacos e procedimento de nebulização.

Os dados foram digitados em programa microsoft Excel®, processados

e analisados com o auxílio do programa Epi Info®, ambos versão 2000.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e autorizado pela gerência da

instituição. Os responsáveis pelos menores assinaram um termo de

consentimento livre e esclarecido.

3.3 Resultados

Das 246 crianças estudadas, 116 (47,2%) foram do sexo feminino e

130 (52,8%) do sexo masculino. O maior número de atendimentos situou-se

acima de 1 ano até os 3 anos completos (43,5%), sendo a idade mínima de

atendimento 6 meses.

A classificação da gravidade da asma mostrou o predomínio da

forma Intermitente 112 (45,5%), bem como, na classificação da intensidade

da crise o predomínio foi da crise moderada/leve 206 (83,7%), sendo as

formas mais graves em menor proporção (Tabela I).

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6

Tabela I: Distribuição da amostra de acordo com sexo, idade, gravidade de

asma e intensidade da crise.

VARIÁVEL N (%)

Sexo Feminino 116 47,2 Masculino 130 52,8

Total 246 100,0 Idade (anos)*

≤ 1 77 31,3 >1 – 3 107 43,5 >3 – 5 62 25,2 Total 246 100,0

Gravidade da Asma Intermitente 112 45,5

Persistente Leve 61 24,8 Persistente Moderada 61 24,8

Persistente Grave 12 4,9 Total 246 100,0

Intensidade da Crise Moderada/Leve 206 83,7

Grave 36 14,6 Muito Grave 4 1,6

Total 246 100,0

* mediana de 2 anos

Quando da utilização dos fármacos, 69 (28,1%) dos atendimentos

estiveram de acordo com o III CBMA. Quanto às doses administradas, em 34

(13,8%) dos atendimentos esteve de acordo com o preconizado. Em relação à

via de administração do corticosteróide utilizado em 136 atendimentos,

esteve dentro das diretrizes preconizadas em 76 (55,9%). O procedimento de

nebulização foi realizado com oxigênio e fluxo a 6L/min em 33 (13,4%) dos

atendimentos (Tabela II).

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7

Tabela II: Adoção de condutas preconizadas pelo IIICBMA no tratamento de

crise asmática em crianças de 0 a 5 anos quanto aos recursos terapêuticos

utilizados. Camaragibe-PE, ago./out., 2003.

* Dados referentes a administração de corticosteróide

Os fármacos disponibilizados no serviço para o atendimento foram

o fenoterol, o brometo de ipratrópio, o corticosteróide (dexametasona

suspensão ou para uso injetável) e a aminofilina. Quanto à utilização dos

fármacos, o fenoterol foi utilizado em todos os atendimentos. O brometo de

ipratrópio foi utilizado em 210 crianças, o corticosteróide em 136 crianças e

a aminofilina em 4 crianças (Tabela III).

Tabela III: Fármacos utilizados para tratamento de crise asmática em

crianças de 0 a 5 anos, em um serviço de emergência pediátrica.

Camaragibe-PE, ago./out., 2003.

Recursos terapêuticos Preconizada N (%)

Não Preconizada N (%)

Total N (%)

fármaco utilizado 69 (28,1)

177 (71,9)

246 (100,0)

doses 34 (13,8)

212 (86,2)

246 (100,0)

via de administração* 76 (55,9)

60 (44,1)

136 (100,0)

procedimento de nebulização

33 (13,4)

213 (86,6)

246 (100,0)

Fármaco Preconizado N (%)

Não Preconizado N (%)

Total N (%)

fenoterol 246 (100,0)

0 (0,0)

246 (100,0)

brometo de ipratrópio 37 (17,6)

173 (82,4)

210 (100,0)

corticosteróide 69 (50,7)

67 (49,3)

136 (100,0)

aminofilina 0 (0,0)

4 (100,0)

4 (100,0)

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8

As doses de fenoterol foram preconizadas em 61 (24,8%) dos

atendimentos. O brometo de ipratrópio foi utilizado em 210 procedimentos,

apresentando apenas um atendimento de acordo com o III CBMA. Os

corticosteróides têm seus resultados referentes a dexametasona suspensão

ou solução injetável, após cálculo de doses equivalentes a prednisona14.

Foram observados em 44 (32,4%) dos atendimentos as doses equivalentes às

preconizadas para a prednisona (Tabela IV).

Tabela IV: Doses de fármacos utilizados no tratamento da crise asmática em

crianças de 0 a 5 anos quanto a adequação ao preconizado pelo III CBMA.

Camaragibe-PE, ago./out., 2003.

* Aminofilina não incluída na tabela por não ter seu uso preconizado em

serviço de emergência (III CBMA, 2002).

** O corticosteróide disponível no serviço foi a dexametasona suspensão e

solução injetável, calculada a dose equivalente à prednisona14.

O uso de oxigênio e fluxo preconizados pelo Consenso, foram

observados em 83 (33,7%) dos atendimentos, porém, o intervalo de

nebulização na primeira hora de 20 minutos, foi verificado em 33 (13,4%)

dos procedimentos (Tabela V).

Fármaco* Preconizada

N (%)

Não preconizada

N (%)

Total

N (%)

fenoterol 61 (24,8) 185 (75,2) 246 (100,0)

brometo de Ipratrópio 1 (0,5) 209 (99,5) 210 (100,0)

Corticosteróide** 44 (32,4) 92 (67,6) 136 (100,0)

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9

Tabela V: Procedimento de nebulização utilizado para administração do

fenoterol associado ou não ao brometo de ipratrópio, para tratamento de

crise asmática em crianças de 0 a 5 anos, quanto ao preconizado pelo III

CBMA. Camaragibe-PE, ago./out., 2003.

Procedimento Preconizado N (%)

Não Preconizado N (%)

Total N (%)

oxigênio na nebulização 83 (33,7) 163 (66,3) 246 (100,0)

fluxo de Oxigênio 6L/min 83 (33,7) 163 (66,3) 246 (100,0)

intervalo de nebulização (3 vezes na primeira hora)

33 (13,4) 213 (86,6) 246 (100,0)

3.4 Discussão

O presente estudo procurou identificar como vem sendo utilizados os

principais fármacos no tratamento da crise asmática em crianças de 0 a 5

anos em serviço de emergência, tendo como parâmetro o preconizado pelo III

Consenso Brasileiro no Manejo da Asma, 2002. Além dos fármacos,

procedeu-se a verificação do procedimento de nebulização.

Os resultados apontam que nos 246 atendimentos levantados houve

um discreto predomínio de crianças do sexo masculino 130 (52,8%) e na

faixa etária até três anos de idade15. Quanto à gravidade da asma 112

(45,5%) das crianças apresentavam-se com diagnóstico médico de asma

intermitente e 206 (83,7%) intensidade da crise moderada/leve. Observa-se,

portanto, que as formas de apresentação mais leve tanto da doença como da

intensidade da crise prevaleceram15-16. Estas informações adquirem

importância para análise da conduta com relação ao uso de corticosteróide e

anticolinérgico em emergência.

O estudo aponta que os fármacos utilizados estiveram de acordo com o

preconizado1-4 ( β₂-agonista e anticolinérgico), exceção feita ao grupo das

xantinas que embora não tenha sua utilização preconizada1-4 no serviço de

emergência, foi utilizada em 4 crianças que se apresentavam refratárias ao

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10

tratamento e com tempo de permanência superior a 5 horas no serviço de

emergência. Ressalta-se que a dose utilizada foi de 3mg/Kg, dose terapêutica

mínima de ataque por via intravenosa, já que não foi possível a dosagem da

concentração sérica de teofilina17. Com relação ao corticosteróide, o serviço

não dispunha de prednisona conforme o preconizado1.

Embora os três grupos de drogas escolhidas para o tratamento fossem

adequados ao preconizado,1-4 a sua forma de utilização como: uso de

anticolinérgico em crises diagnosticadas como moderada/leve, uso de

corticosteróide na primeira hora em pacientes não córtico-dependentes e uso

de aminofilina, foram responsáveis por 177 (71,9%) das condutas não

preconizadas,1-4 com relação a utilização dos fármacos (Tabela II).

O β₂ - agonista, mesmo sendo utilizado em todos os atendimentos

como é preconizado, não teve suas doses administradas na proporção de

0,1mg/Kg1-4 em 185 (75,2%) dos atendimentos. Provavelmente, este alto

número de doses inferiores ao preconizado, se deveu ao fato de que os

cálculos de dose foram realizados com a proporção de 1gota para três

quilogramas de peso, o que é referendado por alguns autores18 e pela

recomendação do fabricante19.

O anticolinérgico brometo de ipratrópio tem dose preconizada¹ de

250mcg a 500mcg. Porém, nos 210 atendimentos onde foi utilizada esta

droga, em 209 (99,5%) a dose esteve abaixo de 250mcg. As doses prescritas

foram em todos os atendimentos o dobro do número de gotas prescritas de

β₂-agonista, correspondendo somente em 1 (0,5%) atendimento a 250mcg.

Cabe salientar que 197 atendimentos tiveram suas doses entre 100 e 249

mcg, em consonância com a recomendação do fabricante19 que é de 0,1 -

0,25mg para crianças menores de 6 anos. Apesar de ser recomendado1 na

associação ao beta-2 agonista em crises graves, foi utilizado em 170 crianças

com crise moderada/leve e 3 crianças com crises grave e muito grave

deixaram de receber. Estudo publicado20 em 1998, envolvendo 434 crianças

concluiu que a adição do brometo de ipratrópio em crises graves reduz

significativamente a necessidade de hospitalização de 53 para 38%. Porém,

uma revisão sistemática de quatro estudos com crianças e adolescentes

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11

publicada no mesmo ano21, não identificou nenhum benefício do brometo de

ipratrópio em crises moderada/leve. Cabe salientar que o custo do brometo

de ipratrópio no Brasil é cerca de dez vezes maior que o do fenoterol22,

portanto, sua utilização em crises moderada/leve deve ser criteriosa,

considerando a otimização do uso de fármacos e sua implicação nos custos

hospitalares.

O corticosteróide disponível no serviço foi a dexametasona suspensão

ou para uso injetável. A via de administração para os corticosteróides

(Tabela II), não foi a preconizada1-4 em 60 (44,1%) dos 136 atendimentos

onde a droga foi utilizada. Foi responsável por este número a administração

por via intramuscular, não recomendada habitualmente para uso em

crianças, pois os corticosteróides com liberação prolongada quando

administrados por via intramuscular apresentam uma absorção errática e

uma grande variabilidade individual23. Na realidade apenas 7 crianças

apresentavam vômitos justificando sua utilização já que a eficácia independe

da via de administração23-24-25.

A análise relativa às doses administradas de dexametasona fica

prejudicada por terem sido calculadas doses equivalentes à preconizada para

corticosteróides de meia vida considerada intermediária23.

As doses utilizadas em pediatria são em geral baseadas em estudos

clínicos realizados com adultos, justificados por restrições éticas envolvendo

pesquisa clínica com crianças. Estes estudos são a base farmacoterapêutica

para a estimativa de doses pediátricas, sendo comum que doses

preconizadas possam ser modificadas de acordo com a prática clínica.

Autores ingleses colocam que a própria definição da palavra criança pode ser

um dificultador da estimativa das doses terapêuticas, pois este termo

contemplaria desde o neonato até o adolescente. Portanto, na tentativa de

nortear as prescrições na prática clínica o Licensing Medicines for Children

em 1996, baseado em estudos conduzidos pela British Paediatric Association

e Association of the British Pharmaceutical Industry delimitou intervalos de

idade que devem ser considerados, bem como, a relação idade/peso e em

alguns casos a área corporal26.

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12

O procedimento utilizado para a terapia de nebulização esteve de

acordo com o preconizado¹ em 33 (13,4%) dos atendimentos (Tabela II). Deve

ser realizado com uso de oxigênio a fluxo mínimo de 6L/min e intervalos de

20 minutos na primeira hora de atendimento¹. Seu uso foi observado

somente em 83 (33,7%) das nebulizações para administração de β₂-agonista

associado ou não ao anticolinérgico, embora o serviço dispusesse de

recursos para utilização de O₂ em todos os procedimentos. Observou-se que

tanto o uso de oxigênio como o do fluxo de oxigênio de 6L/min só foi

utilizado quando sua prescrição foi registrada na ficha de atendimento.

Em revisão sobre o tema27, é ressaltada a importância da utilização de

oxigênio na terapia de nebulização com o objetivo de proteger os pacientes

dos possíveis efeitos deletérios da combinação de hipoxemia e uso de β₂-

agonista com manifestações diretas sobre o sistema cardiovascular. O fluxo

de oxigênio deve estar entre 6 e 9 L/min, caso contrário não será conseguida

a forma de aerossol da solução nebulizável com partículas entre 2 - 4μ28 .

Os 33 (13,4%) atendimentos que cumpriram o protocolo de três

nebulizações na primeira hora com intervalos de 20 minutos, tiveram este

procedimento prescrito de forma adequada, os demais procedimentos 213

(86,6%) obedeceram intervalos de nebulizações variadas.

Neste estudo observamos que quando a conduta preconizada pelo

IIICBMA, 2002 com relação aos fármacos e procedimentos de nebulização foi

integralmente cumprida, foi resultado da atuação solitária de um

profissional, mostrando a dificuldade no manuseio das drogas pelos demais

profissionais. Deve-se ainda salientar deficiências do serviço que poderiam

ter comprometido o estabelecimento de condutas preconizadas pelo

consenso como: ausência de oxímetro de pulso para avaliação objetiva do

tratamento e a não disponibilidade de corticosteróide preconizado no

consenso.

Os serviços de emergência contam em seus quadros funcionais com

equipes multidisciplinares onde necessariamente não fazem parte

especialistas. Nestes serviços a adoção de diretrizes de atendimento pode ser

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um agente facilitador para o trabalho em uma rotina onde freqüentemente

estão presentes: sobrecarga de trabalho, necessidade de rápida tomada de

decisões, falta de padronização de condutas, dificuldade de comunicação

entre os diversos membros da equipe.

Protocolos sistemáticos de atendimento da crise asmática na

emergência podem colaborar no processo de educação permanente, visando

a melhoria na qualidade da assistência. Deve-se ainda considerar que o

tempo economizado na tomada de algumas decisões pode ser importante

para o atendimento ao paciente de forma holística, humanizada,

contemplando algumas ações educativas que poderiam colaborar para um

menor número de visitas ao serviço de emergência, que muitas vezes é a

porta de entrada ou único acesso do paciente asmático ao serviço de

saúde11.

Um estudo recente29 relata resultados da implantação de um protocolo

de atendimento em emergência a adultos com crise asmática. Apesar do

efeito positivo no atendimento aos pacientes, levando a uma maior utilização

do PFE e oxímetro de pulso, maior número de prescrições de três

nebulizações na primeira hora de atendimento e maior uso de corticosteróide

por via oral, não se observou efeito significativo sobre tempo de

permanência, taxas de internação e alta da emergência.

Em conclusão, as condutas preconizadas pelo III CBMA, encontraram

barreiras diversas para sua aplicação, tais como: pouca familiaridade da

equipe multidisciplinar com as diretrizes do consenso, ausência de recursos

materiais e terapêuticos (oxímetro de pulso e corticosteróide de liberação

intermediária).

Seria recomendável uma maior divulgação do III CBMA em meios

acadêmicos, serviços de educação permanente e emergências, pela

magnitude que estes setores apresentam na veiculação de informações a

equipes multidisciplinares e a população em geral. Podendo a

democratização destas informações levar a otimização de recursos como: a

aquisição pelos serviços dos medicamentos preconizados e disponibilização

de oxímetro de pulso e PFE, que poderiam refletir na qualidade da

assistência.

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14

3.5 Bibliografia

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28

4. CONCLUSÕES

Há um hiato entre os recursos terapêuticos recomendados para o

manejo da crise asmática em sala de emergência e o que vem sendo

utilizado.

As condutas preconizadas pelo III Consenso Brasileiro no Manejo da

Asma encontraram barreiras diversas para sua aplicação, tais como:

pouca familiaridade da equipe multidisciplinar com as diretrizes do

consenso, ausência de recursos materiais e terapêuticos (oxímetro de

pulso e corticosteróide de liberação intermediária).

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29

5. RECOMENDAÇÕES

É de extrema importância que a distribuição dos Consensos seja

realizada de maneira mais ampla. Os profissionais dos serviços de

emergência devem ter o acesso facilitado às diretrizes de tratamento das

diversas especialidades. O próprio meio acadêmico é um meio de

propagação de informação, além do que, estes protocolos assistenciais

servem como instrumento de educação e treinamento para um

atendimento qualificado. Podendo a democratização destas informações

levar a otimização de recursos como: a aquisição pelos serviços dos

medicamentos preconizados e disponibilização de oxímetro de pulso e

PFE, que poderiam refletir na qualidade da assistência.

Uma das principais metas ao se tratar um paciente com doença

crônica é a qualidade de vida saudável onde as limitações possam ser

superadas e/ou minimizadas. A partir do momento que a asma seja um

programa de atenção governamental como outras doenças crônicas, as

políticas públicas de atendimento a estes pacientes tanto no

fornecimento de medicações, capacitação e atualização dos profissionais

que assistem a estes pacientes serão facilitadas.

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7. APÊNDICES

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Autorizo meu filho(a) _____________________________________________, a participar da pesquisa intitulada: Perfil da farmacoterapia em crianças asmáticas de 0 a 5 anos realizada pela enfermeira Ana Paula Ochoa Santos COREN 39.233/Pe neste serviço de emergência. A participação de seu filho não acarretara prejuízos, pois somente será feita a observação do tratamento da criança durante a crise asmática na emergência e a aplicação de um questionário ao responsável, não sendo realizada nenhuma abordagem invasiva, ou seja, nenhum procedimento por parte da pesquisadora. Caso o Sr. ou a Sra. não concorde em participar a sua decisão não acarretara nenhum prejuízo ao tratamento realizado no serviço. Caso concorde sua criança será observada, o Sr. ou a Sra. responderão a algumas perguntas e seu nome e condições não serão divulgados. Declaro que depois de devidamente informado da finalidade e procedimentos referentes a esta pesquisa, autorizo a participação do menor acima identificado nos trabalhos da mesma.

Data: ___/___/___. _____________________________________________________ Assinatura do responsável

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INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Nome: ________________________ Idade: _____________________ Sexo: ____ Peso: __________ Quantas vezes já freqüentou a emergência?______ Internamento? Sim Não Quantas vezes?_____ Faz algum tratamento? Sim Não Qual?________________ CLASSIFICAÇÃO DA INTENSIDADE DA CRISE ASMÁTICA (inicial)0

(30minutos)1 0 1 2 3 4 5 ( 1 hora)2 Cianose, sudorese, exaustão. (2 horas)3 Agitação, confusão mental e sonolência (3 horas)4 Dispnéia grave (4 horas)5 Dispnéia moderada Dispnéia leve ou ausência Frases curtas/monossilábicas → no lactente maior

dificuldade em alimentar-se. Frases incompletas/parciais → no lactente o choro é curto,

dificuldade em alimentar-se. Frases completas Exaustão (musculatura acessória com retrações acentuadas

ou em declínio) Retrações subcostais e/ou esternoclidomastóideas

acentuadas. Retração intercostal leve ou ausente. Sibilos ausentes com MV↓ / localizados ou difusos. Sibilos localizados ou difusos. Sibilos ausentes com MV normal / localizados ou difusos. • FR (irm)

normal aumentada

• FC (bpm)

>140 ou bradicardia >110 ≤ 110

Conduta inicial B2 –agonistas (curta ação) salbutamol, terbutalina, fenoterol.

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B2 – agonista (longa ação) salmeterol e formoterol. Corticóide inalatório. Corticóide sistêmico. Brometo de ipratrópio. Xantinas. Antagonistas dos leucotrienos. Dose: _______________ Intervalo: ____________________Avaliação(tipo):_________________

Alta após: 30 min. 1 hora 2 horas 3 horas 4 horas outros Internamento

Saiu com prescrição médica: Sim Não Qual?____________________________________ Recebeu a medicação: Sim Não Encaminhado para acompanhamento: Sim Não Qual?______________________________

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CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DA ASMA Atividades: Falta ocasional à escola. Limitação para grandes esforços / falta ocasional ao trabalho. Prejudicadas / sintomas com exercício moderado/algumas faltas à

escola. Limitação diária / sintomas com exercício leve/falta freqüente a

escola. Freqüência das crises: Ocasionais (leves) / controladas com broncodilatadores. Infreqüentes / algumas requerem corticóide. Freqüentes / emergência, corticóides sistêmicos ou internação. Freqüentes - graves / corticóide sistêmico, internação ou risco de vida.

Sintomas noturnos: Raros ≤ 2 vezes/mês. Ocasionais >2 vezes/mês e ≤ 1 vez/semana. Comuns > 1 vez / semana. Quase diários > 2 vezes / semana.

Broncodilatador para alívio: ≤ 1 vez/semana. ≤ 2 vezes/semana. > 2 vezes/semana e < 2 vezes / dia. ≥ 2 vezes / dia.

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