59
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINAS: VIGILÂNCIA SANITÁRIA ALIMENTAR EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL RELATÓRIO FINAL DA TERRITORIALIZAÇÃO DO BAIRRO RIO VERMELHO ACADÊMICAS ANA CAROLINA PALMEIRA ANA PAULA TOMASI ANMALI SOARES RAMOS BEATRIZ CORBETTA REIS CÁSSIA GUIMARÃES DE AGUIAR LUANA CRISTINA WILVERT LUCIANA WALTRICK RAFAELA STEUERNAGEL RAFAELLA SILVEIRA JACINTO ORIENTADORES PROFº. GILBERTO CALDEIRA PROFª. ARLETE CORSO FLORIANÓPOLIS (SC), JULHO 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA“RIO-visa-epidemio-2011.1.pdf · 6.1.7 Leguminosas ... o objetivo do trabalho foi aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula sobre

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

DISCIPLINAS: VIGILÂNCIA SANITÁRIA ALIMENTAR

EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL

RELATÓRIO FINAL DA

TERRITORIALIZAÇÃO DO BAIRRO RIO VERMELHO

ACADÊMICAS

ANA CAROLINA PALMEIRA

ANA PAULA TOMASI

ANMALI SOARES RAMOS

BEATRIZ CORBETTA REIS

CÁSSIA GUIMARÃES DE AGUIAR

LUANA CRISTINA WILVERT

LUCIANA WALTRICK

RAFAELA STEUERNAGEL

RAFAELLA SILVEIRA JACINTO

ORIENTADORES

PROFº. GILBERTO CALDEIRA

PROFª. ARLETE CORSO

FLORIANÓPOLIS (SC), JULHO 2011

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

DISCIPLINAS: VIGILÂNCIA SANITÁRIA ALIMENTAR

EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL

RELATÓRIO FINAL DA

TERRITORIALIZAÇÃO DO BAIRRO RIO VERMELHO

Trabalho apresentado pelas acadêmicas da

terceira fase do curso de nutrição da

Universidade Federal de Santa Catarina

como parte da avaliação das disciplinas:

Avaliação Nutricional; Epidemiologia

nutricional; Vigilância Sanitária e

Alimentar.

FLORIANÓPOLIS (SC), JULHO DE 2011

2

AGRADECIMENTOS

Agradecemos o apoio, e a boa recepção por parte dos funcionários e gerentes dos

estabelecimentos comerciais Aliança e Fênix, por nos deixarem a vontade durante a

observação e coleta dos dados necessários para elaboração deste relatório.

Agradecemos ainda aos pais e familiares dos escolares que nos receberam em suas

casas e responderam ao questionário de freqüência alimentar e o socioeconômico; estes

que foram de extrema importância para construção de tabelas, análises e interpretação de

informações.

Nosso carinho especial aos professores Arlete e Gilberto que nos acompanharam

em todas as visitas ao território neste terceiro semestre do curso, e a todos que de

qualquer forma contribuíram para a realização deste trabalho.

3

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Distribuição do consumo alimentar dos escolares que residem no bairro Rio

Vermelho, Florianópolis 2011..........................................................................................41

Gráfico 2: Freqüência relativa do consumo de Fast-Foods por escolares do bairro Rio

Vermelho. Florianópolis/SC, 2011...................................................................................44

4

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Avaliação das condições de conservação de alimentos a frio, do congelador 1

do Supermercado Aliança, SC, 2011................................................................................28

Tabela 2: Avaliação das condições de conservação de alimentos a frio, do congelador 2

do Supermercado Aliança, SC, 2011................................................................................29

Tabela 3: Avaliação das condições de conservação de alimentos a frio, no congelador 3

do Supermercado Aliança, SC, 2011................................................................................31

Tabela 4: Avaliação das condições de conservação de alimentos a frio, congelador 4 do

Supermercado Aliança, SC, 2011.....................................................................................32

Tabela 5: Descrição de variáveis socioeconômicas e demográficas dos grupos familiares

do bairro Rio Vermelho. Florianópolis/SC, 2011.............................................................35

Tabela 6: Descrição dos bens nos domicílios dos grupos familiares do bairro Rio

Vermelho. Florianópolis/SC, 2011...................................................................................37

Tabela 7: Auxílios econômicos e atendimento em saúde das famílias. Bairro Rio

Vermelho. Florianópolis/SC, 2011.................................................................................39

Tabela 8: Freqüência absoluta do consumo de bebidas por escolares do bairro Rio

Vermelho. Florianópolis/SC, 2011...................................................................................42

Tabela 9: Freqüência absoluta do consumo de Fast-Foods por escolares do bairro Rio

Vermelho. Florianópolis/SC, 2011...................................................................................43

Tabela 10: Freqüência absoluta e relativa do consumo de industrializados por escolares

do bairro Rio Vermelho, Florianópolis/SC, 2011.............................................................45

Tabela 11: Freqüência do consumo de Açúcares e Doces por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis/SC, 2011..................................................................................45

5

Tabela 12: Freqüência do consumo de frituras e gorduras por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis/SC, 2011...................................................................................46

Tabela 13: Freqüência do consumo de frutas e hortaliças por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis/SC, 2011...................................................................................47

Tabela 14: Freqüência do consumo de leguminosas por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis/SC, 2011...................................................................................49

Tabela 15: Freqüência do consumo de leite e derivados por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis/SC, 2011...................................................................................49

Tabela 16: Freqüência do consumo de carnes e ovos por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis, 2011.........................................................................................50

Tabela 17: Freqüência do consumo de pães e cereais por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis/SC, 2011...................................................................................51

6

SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO...........................................................................................................08

2 OBJETIVOS...............................................................................................................10

2.1 OBJETIVO EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL..................................................10

2.2 OBJETIVO VIGILÂNCIA SANITÁRIA ALIMENTAR........................................10

3 MÉTODOS..................................................................................................................12

3.1 METODOLOGIA DE EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL...........................................12

3.1.1 Descrição da área de estudo.................................................................................12

3.1.2 Caracterização da pesquisa..................................................................................12

3.1.3 População de referência de estudo......................................................................13

3.1.4 Etapas da pesquisa................................................................................................13

3.1.5 Processamento e análise dos dados......................................................................14

3.2 METODOLOGIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA ALIMENTAR......................14

3.2.1 Local de Referência de Estudo............................................................................14 08

3.1.2 Etapas das análises................................................................................................15

3.1.3 Coleta dos dados...................................................................................................15

3.1.4 Processamento e análise dos dados......................................................................16 09

4 ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS...............................................................17

4.1 SUPERMERCADO FÊNIX.....................................................................................17

4.1.1 Condições Higiênico-Sanitárias............................................................................17

4.1.1.1Situações e Condições da Edificação...................................................................17

4.1.1.2 Equipamentos e Utensílios...................................................................................19

4.1.1.3 Pessoal da área de Produção/Manipulação e Vendas...........................................20

4.1.1.4 Produtos Expostos à venda..................................................................................21

4.1.1.5 Dados Referentes às Temperaturas de Armazenamento......................................22

4.2 SUPERMERCADO ALIANÇA...............................................................................23 19

4.2.1 Condições Higiênico-Sanitárias............................................................................23 20

4.2.1.1Situações e Condições da Edificação...................................................................23

4.2.1.2 Equipamentos e Utensílios...................................................................................24 11

7

4.2.1.3 Pessoal da área de Produção/Manipulação e Vendas...........................................26 12

4.2.1.4 Produtos Expostos à venda..................................................................................27

4.2.1.5 Dados Referentes às Temperaturas de Armazenamento......................................28 14

4.2.2 Compilação dos dados referentes às temperaturas de armazenamento dos

produtos no supermercado Aliança..............................................................................32 18

4.3 ROTULAGENS........................................................................................................33

5 QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO...............................................................34

5.1 VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS E DEMOGRÁFICAS................................34

5.2 RENDA FAMILIAR E DESCRIÇÃO DOS DOMICÍLIOS..................................36

5.3 BENS NOS CONSUMOS........................................................................................37

5.4 AUXÍLIO ECONÔMICO E ATENDIMENTO A SAÚDE.....................................39 18

6 INQUÉRITO ALIMENTAR.....................................................................................40 23

6.1 ALIMENTOS MAIS CONSUMIDOS.....................................................................40 24

6.1.1 Bebidas...................................................................................................................41 24

6.1.2 Fast-food.................................................................................................................42 24

6.1.3 Industrializados......................................................................................................44

6.1.4 Açúcares e doces.....................................................................................................45 25

6.1.5 Frituras e gorduras................................................................................................46 25

6.1.6 Frutas e hortaliças..................................................................................................47

6.1.7 Leguminosas...........................................................................................................48

6.1.8 Leite e derivados....................................................................................................48

6.1.9 Carnes e ovos..........................................................................................................49

6.1.10 Cereais e pães........................................................................................................50

7 CONCLUSÃO..............................................................................................................52

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................54

ANEXOS.........................................................................................................................56

25

8

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho representa a continuidade dos trabalhos iniciados no primeiro

semestre de 2010 no bairro Rio Vermelho, pelas alunas do curso de Nutrição da

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O Rio Vermelho é formado por elementos bastante diversificados e contrastantes,

tanto em nível da estrutura do seu sítio como dos elementos constituintes de seu

assentamento. É necessário então o conhecimento de cada parte deste bairro para uma

melhor compreensão dos hábitos alimentares e da saúde dessa população.

Com o conhecimento adquirido nas disciplinas de Epidemiologia Nutricional e

Vigilância Sanitária e Alimentar (VISA), realizou-se o estudo de campo em

estabelecimentos comerciais observando suas condições de higiene e dando ênfase em

rótulos de alimentos e congeladores dos locais. Também foram visitadas algumas casas

do bairro, de modo que se pudessem obter dados tanto de consumo alimentar das crianças

quanto socioeconômicos da família.

Tendo em vista que as doenças transmitidas pelos alimentos contribuem para uma

parcela considerável da morbi-mortalidade geral, enquanto a contaminação dos alimentos

por substâncias químicas é um problema cada vez maior em países em desenvolvimento

(SILVA, 1999). A disciplina de VISA voltada ao território procura estabelecer o quão

vulnerável está à população residente do bairro percebendo as condições dos

principais estabelecimentos da região.

Sabendo também que uma alimentação adequada e equilibrada assume uma

importância fundamental em todas as fases do desenvolvimento, já que contribui para a

expressão máxima de marcadores genéticos de crescimento e imunocompetência

(SPINELLI et al., 2003; SETIAN et al, 1994 apud ALBUQUERQUE; MONTEIRO,

2002). A disciplina de Epidemiologia Nutricional se preocupa em analisar os dados

coletados pela aplicação do questionário de frequência alimentar a fim de entender quais

os alimentos mais consumidos pelos escolares e se há equilíbrio entre os grupos

alimentares.

Portanto, a finalidade deste trabalho foi dar continuidade às atividades de

ampliação do conhecimento do território em saúde, envolvendo as situações históricas,

ambientais e sociais, visando um maior contato com a população residente do Rio

9

Vermelho e procurando conhecer principalmente o perfil alimentar das crianças do bairro

e as principais características dos estabelecimentos comerciais.

10

2. OBJETIVOS

Vivenciar os conhecimentos adquiridos nas disciplinas de Epidemiologia Nutricional e

Vigilância Sanitária do curso de Nutrição, resgatando também os conhecimentos

adquiridos nas fases anteriores do curso.

2.1 OBJETIVO EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL

A partir da década de 1960, houve uma mudança rápida dos hábitos alimentares

que está relacionada com a urbanização, crescente participação das mulheres no mercado

de trabalho e também com o desenvolvimento da indústria alimentícia. Tendo em vista

que as crianças têm grande influencia na aquisição de bens alimentares das famílias e que

elas só consumem os alimentos que dispõem em casa e na escola, o presente trabalho tem

como objetivo descrever a freqüência do consumo de diversos alimentos por escolares de

7 a 10 anos do bairro Rio Vermelho para uma posterior análise crítica dos resultados.

2.2 OBJETIVO VIGILÂNCIA SANITÁRIA ALIMENTAR

O controle da qualidade dos alimentos é feito por órgãos governamentais que tem

como missão proteger e promover a saúde da população, garantindo a segurança sanitária

de produtos e serviços e participando da construção do seu acesso (fonte: Anvisa). Nesse

contexto, o objetivo do trabalho foi aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula

sobre o assunto e assim analisar irregularidades nas fases de produção, processamento,

conservação e comercialização dos alimentos dispostos em setores como padaria,

confeitaria, açougue e também dos produtos expostos à venda em dois supermercados

localizados no bairro Rio Vermelho. Além disso, foi feita uma verificação dos rótulos de

alguns produtos alimentícios desses estabelecimentos comerciais a fim de observar se as

informações ali vinculadas estão de acordo com o proposto pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA).

11

3. MÉTODOS

3.1 Metodologia de Epidemiologia Nutricional

3.1.1 Descrição da área de estudo

No ano de 1999, através de uma lei complementar foram criados os limites das

zonas urbanas de Florianópolis, demarcando assim São João do Rio Vermelho. São João

do Rio Vermelho é um distrito da cidade de Florianópolis, capital do Estado brasileiro de

Santa Catarina. A região limita-se ao sul com os distritos da Barra da Lagoa, ao norte com

Ingleses, ao oeste com a Lagoa da Conceição e ao leste com o oceano Atlântico. O

território fica distante cerca de 23 km da capital.

O bairro do Rio Vermelho é uma das localidades mais antigas da Ilha de Santa

Catarina, que vem apresentando um crescimento urbano em ritmo crescente; justamente

por apresentar um alto potencial turístico, tanto no verão como no inverno.

3.1.2 Caracterização da pesquisa

Esta pesquisa foi transversal de base populacional. Segundo Bonita, R (2010), este

método de pesquisa é útil para avaliar as necessidades em saúde da população. Para ser

válida, a pesquisa precisa ter um questionário bem elaborado, uma amostra de tamanho

apropriada e uma boa taxa de resposta.

Pesquisas transversais (ou de prevalência) são relativamente baratas, fáceis de

conduzir e úteis na investigação das exposições que são características individuais fixas.

(BONITA, R., 2010).

3.1.3 População de referência de estudo

12

Alunos da Escola Antonia Pascoal Apóstolo, do Rio Vermelho. Dos escolares

selecionados para participarem da pesquisa, quatro eram do sexo masculino e uma do

sexo feminino, compondo a faixa etária de sete anos de idade.

3.1.4 Etapas da pesquisa

As alunas de Nutrição da terceira fase da Universidade Federal de Santa Catarina

visitaram a Escola Antonia Pascoal Apóstolo, com a finalidade de realizarem exame

antropométrico numa amostra de escolares como prática da disciplina de Avaliação

Nutricional. Após a realização do exame antropométrico de 63 escolares do 1°, 2° e 4°

ano, foram encaminhadas 63 autorizações para os pais destes escolares solicitando uma

visita ao domicílio dos mesmos para uma entrevista sobre hábitos alimentares e

condições socioeconômicas. As autorizações foram colocadas nas agendas dos escolares e

após os pais assinarem as mesmas deveriam ser devolvidas á professora da classe.

Retornaram apenas 19 autorizações.Na secretaria da escola foram acrescentadas a estas

19 autorizações, os endereços dos domicílios, bem como um ponto de referência. Após

isso, observou-se que das 19 autorizações, 7 domicílios eram de difícil acesso, ficando

portanto 12 domicílios como amostra para a realização das entrevistas.

Foram distribuídos dois domicílios cada dupla de alunas da terceira fase, sendo

que duas alunas ficaram com 4 domicílios, totalizando 12 domicilios. No dia 16 de junho

de 2011, as alunas da terceira fase do curso de Nutrição, juntamente com a professora

orientadora, Arlete Corso, foram ao território do Rio Vermelho.

Foram aplicadas cinco entrevistas com os responsáveis dos alunos, que assinaram

o termo de consentimento antecipadamente, concordando em realizar a pesquisa, além de

serem informados sobre o tema. A realização de apenas 5 das 12 entrevistas planejadas se

deu por vários motivos, entre eles: o endereço que a escola forneceu não existia; não

havia ninguém em casa, não abriam a porta, ninguém conhecia as pessoas mencionadas.

A entrevista foi composta por duas partes, sendo no primeiro momento aplicado o

questionário socioeconômico e no segundo momento o Questionário de Freqüência

Alimentar (QFA). Ambos os questionários foram elaborados em sala de aula pelos alunos

da disciplina de Epidemiologia, juntamente com os professores da fase.

13

O questionário socioeconômico abordou questões referentes à renda, escolaridade,

moradia, saneamento básico, destino do lixo, entre outros, além de perguntas referentes

aos bens adquiridos pela família como telefone celular, televisão, e outros.

Com relação ao Questionário de Freqüência Alimentar, o mesmo descreveu a

ingestão usual de alimentos, pelos escolares, com base em uma lista em sua freqüência de

consumo (na vertical) subdividida por consumo diário, semanal, mensal, últimos seis

meses ou nunca/ou mais de seis meses. Os alimentos foram divididos por grupos (na

horizontal), a saber: cereais e pães, carnes e ovos, leite e derivados, leguminosas, frituras,

gorduras, frutas, hortaliças, açúcares e doces, industrializados, fast-foods e bebidas.

Além das perguntas aplicadas, questões abertas foram respondidas tais como: o

consumo de refeições diet/light pela criança, os alimentos congelados, refeições fora de

casa, número de refeições realizadas ao dia e locais da compra dos alimentos. No final da

entrevista questionou-se ainda se o respondente considerava a alimentação da criança

correta e saudável, em termos de quantidade e qualidade dos alimentos.

3.1.5 Processamento e análise dos dados

Para a tabulação dos dados foram elaboradas planilhas no programa EXCEL,

referentes aos questionários aplicados. Após utilizou-se um histograma contendo as

informações anteriores de forma resumida, para facilitar a observação dos dados que

foram demonstrados em porcentagens divididos entre os seguintes grupos de alimentos:

cereais e pães, carnes e ovos, leites e derivados, leguminosas, frituras e gorduras, frutas e

hortaliças, açúcar e/ou doce, alimentos industrializados, fast-foods e bebidas.

Os dados também foram compilados em quatro tabelas: Descrição de variáveis

socioeconômicas e demográficas dos grupos familiares, Descrição da renda familiar e das

características dos domicílios, Descrição dos bens nos domicílios e Auxílios econômicos

e atendimento em saúde das famílias.

3.2 METODOLOGIA VIGILÂNCIA SANITÁRIA ALIMENTAR

14

3.2.1 Local de referência de estudo

Os estabelecimentos analisados foram o Supermercado Aliança e o Supermercado

Fênix, ambos situados na Rua João Gualberto. O critério de seleção dos estabelecimentos

foi de acordo com a maior abrangência da população que reside no bairro Rio Vermelho.

3.2.2 Etapas das análises

As alunas de Nutrição da terceira fase da Universidade Federal de Santa Catarina

visitaram o Supermercado Aliança e o Supermercado Fênix, para realizar um estudo nos

estabelecimentos comercias de alimentos do Rio Vermelho sob influencia da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária, onde teve como objetivo supervisionar e controlar as

atividades de registro, informações, inspeção, controle de riscos e estabelecimento de

normas e padrões para que os procedimentos operacionais (manipulação, embalagem,

armazenamento e exposição), estejam de acordo com os critérios estabelecidos pela

ANVISA.

Após a autorização para analisar os Supermercados, em sala de aula foi entregue

ao grupo instruções em sala durante as aulas de VISA -Vigilância Sanitária Alimentar- de

como analisar e então avaliar os estabelecimentos, assim como utilizar os instrumentos

(como o termômetro) para a prática. Além disso, para as análises, foram previamente

preparados roteiros, pelos quais foram seguidos durante a ida aos estabelecimentos.

No dia 03 de junho de 2011 pela manhã, as alunas da terceira fase do curso de

Nutrição, juntamente com a professora orientadora, Arlete Corso, fizeram uma visita ao

território do Rio Vermelho, para realizar a atividade prática.

A avaliação constitui-se em um estudo descritivo observacional, no qual as

estudantes entraram em contato com cada unidade (supermercado).

3.2.3 Coleta dos dados

15

Os principais pontos analisados foram à situação e condição de edificação, foi

observado se localização e construção do estabelecimento estava adequada, se há

condições de higiene, entre outros aspectos relacionados à estrutura.

Para os equipamentos e utensílios foi analisado, se os mesmos estavam em

condições de manuseio, armazenamento e higiene.

Pessoal da área da produção/manipulação/venda dos alimentos: foram observados

aspectos como a higiene, apresentação, roupagem e estado de saúde dos funcionários que

estão envolvidos com a produção, manipulação ou venda dos alimentos.

Produtos expostos à venda: analisamos as condições das embalagens, se o

alimento estava exposto adequadamente, em boa conservação, além de verificar a

rotulagem dos mesmos.

Para os dados Referentes às Temperaturas de Armazenamento, foram observados

os congeladores, os limites de acomodação do alimento dos mesmos, a temperatura,

organização, precipitação de gelo e a higiene. Para analisar as temperaturas das

geladeiras, refrigeradores e congeladores, foi utilizado o termômetro digital da marca

Instrutherm, modelo TE -300, na escala -50°C a 150°C.

3.2.4 Processamento e análise de dados

Os resultados obtidos foram tabulados no programa EXCEL, em diversos tipos de

tabelas, como Avaliação das condições de conservação de alimentos a frio em todos os

congeladores presentes nos estabelecimentos.

16

4. ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS

A região do Rio Vermelho possui diversas formas de estabelecimentos comerciais

onde a população consegue obter os alimentos através de feiras, mercados de grande e

pequeno porte e panificadoras as quais também oferecem além dos produtos tradicionais

alimentos como arroz, feijão e produtos de higiene pessoal.

O Supermercado Fênix e o Supermercado Aliança localizados na Rua João

Gualberto Soares no bairro Rio Vermelho em Florianópolis, receberam uma nova visita

das estudantes de nutrição neste primeiro semestre de 2011. Sendo que a primeira

visualização dos locais ocorreu no segundo semestre de 2010, tendo como objetivo a

investigação das origens dos alimentos oferecidos, além do cálculo do preço da cesta

básica no bairro, no período da pesquisa.

Ambos os estabelecimentos funcionam na região há mais de anos, e tanto o

Supermercado Aliança quanto o Fênix oferecem produtos de padaria, porém apenas o

Aliança possui confeitaria de fabricação própria.

Segundo informações dos proprietários, em relação às compras, os consumidores

costumam levar em conta a popularidade do produto e o preço, pois quanto mais

conhecido e barato o produto, mais ele é comercializado.

Com esta segunda visita, foram analisadas então nos Supermercados visitados, as

condições Higiênico-Sanitárias, as condições de conservação de alimentos a frio, além

dos rótulos dos alimentos expostos.

4.1 SUPERMERCADO FÊNIX

4.1.1 Condições Higiênico-Sanitárias

4.1.1.1 Situações e Condições da Edificação

17

O supermercado Fênix encontra-se em uma localização adequada, com acesso

direto e independente, as vias utilizadas para a circulação pelo estabelecimento

encontram-se dentro do seu limite territorial. Além disso, o local é isento de odores

indesejáveis, fumaças e outros contaminantes. Mas ainda não se encontra exposto em

área sujeita a inundação, fato que contribui para diminuir o risco de ocorrer contaminação

de alimentos e agravos à saúde.

Para a aprovação de um centro comercial o mesmo deve apresentar uma

construção sólida e sanitariamente adequada, os materiais utilizados na construção e

manutenção não devem transmitir nenhuma substância indesejada ao alimento. Além

disso, deve ser esquematizados de forma a permitir a separação pro áreas (como padaria,

açougue e hortifruti).

As condições internas do estabelecimento não se apresentavam dentro das

adequadas pela VISA. O piso era feito de um material lavável e impermeável, porém

estava sujeito a rachaduras, o que dificultava a limpeza entre as lajotas. O forro e teto

possuíam desníveis, não se apresentando em perfeitas condições higiênicas. A situação

encontrada é propícia para o desenvolvimento de umidade e conseqüentemente de bolores

o que poderia ocasionar uma contaminação no ambiente.

As janelas e outras aberturas do supermercado eram pequenas e não foram

construídas de maneira a evitar o acúmulo de sujeira; muitas delas estavam dispostas em

locais de difícil acesso e grande quantidade das aberturas não possuíam proteção contra

insetos e roedores, portanto não apresentavam telas milimétricas. A escassez de janelas

dificulta a ventilação do ar, podendo atrapalhar no conforto térmico do ambiente. Já as

portas do supermercado eram feitas de materiais não absorventes e de fácil limpeza, no

entanto muitas delas apresentavam uma espécie de cortina feita de lona amarela,

oferecendo assim as aberturas um aspecto precário e sujo.

Como o estabelecimento é pequeno ele possui somente um banheiro, disposto em

posição estratégica e que é suficiente para o aporte de funcionários. No entanto este

cômodo apresenta uma deficiência de iluminação e ventilação. A janela do banheiro

encontrava-se fechada e com o papelão, o que dificultava a entrada de luz natural. Mas

ainda a instalação sanitária apresenta-se em m condições de higiene corretas, mas

desprovido de certos elementos como o sabão e papel.

O destino de uma parte do lixo não era ideal, em diversas prateleiras foram

encontrados papel, pó e embalagens na parte inferior da mesma. Já o lixo doméstico do

18

interior do estabelecimento era armazenados no interior de sacolas plásticas e colocados

para a coleta.

4.1.1.2 Equipamentos e Utensílios

Todo o equipamento e utensílio utilizado nos locais de manipulação de

alimentos que possam entrar em contato com o alimento devem ser

confeccionados de material que não transmitam substâncias tóxicas,

odores e sabores que sejam não absorventes e resistentes à corrosão e

capaz de resistir a repetidas operações de limpeza e desinfecção. As

superfícies devem ser lisas e estarem isentas de rugosidade e frestas e

outras imperfeições que possam comprometer a higiene dos alimentos

ou sejam fontes de contaminação. Deve evitar-se o uso de madeira e de

outros materiais que não possam ser limpos e desinfetados

adequadamente, a menos que se tenha a certeza de que seu uso não será

uma fonte de contaminação. Deve ser evitado o uso de diferentes

materiais para evitar o aparecimento de corrosão por contato.

(ANVISA, Portaria SVS/MS nº 326, julho de 1997)

Com análise feita de acordo com a portaria supracitada, foram encontrados no

supermercado analisado alguns desacordos com a mesma; alguns dos equipamentos

utilizados no estabelecimento foram considerados pelos analisadores como antiquados,

por se tratarem de equipamentos antigos que não eram dotados de superfície lisa e de

fácil limpeza. Alguns dos equipamentos apresentavam-se enferrujados e desorganizados,

visto que possuíam muitos alimentos diferentes no mesmo espaço e a quantidade destes

alimentos por muitas vezes era além do que o refrigerador comportava. Um dos

equipamentos analisados como extremamente fora do padrão, se tratava de um freezer na

horizontal o qual mantinha frangos congelados, o mesmo se encontrava sem a porta de

correr original, continha apenas um vidro; ao analisar os riscos desta modificação, foi

verificado risco não só devido ao fato de o vidro se deslocar pela canaleta sem nenhuma

segurança, ou seja, poderia sair do devido lugar, e por se tratar de um objeto pesado,

causar danos físicos aos funcionários ou até mesmo a algum consumidor. Além de causar

danos físicos devido ao material não oferecer segurança, o alimento que estava no interior

do freezer poderia da mesma forma oferecer riscos, pois o vidro substituído não possuía o

tamanho adequado, deixando o freezer entreaberto trazendo consequentemente riscos a

saúde do consumidor deste alimento. O frango apresentava degelo assim como o freezer.

19

Do que se refere à limpeza e organização dos equipamentos e utensílios, nem

todos apresentavam perfeitas condições de limpeza, além da ferrugem encontrada na

maioria dos refrigeradores, um deles possuía uma madeira no seu interior, a mesma

estava servindo como suporte a queijos e outros frios, porém pode ser identificada como

fonte de contaminação, pois não pode ser limpa e desinfetada adequadamente. Dois dos

equipamentos refrigeradores apresentavam termômetros, entretanto os mesmos não funcionavam.

Os 3 refrigeradores restantes não apresentavam o equipamento.

A superfície de todos os equipamentos eram lisas e sem rugosidade, apesar disso,

apresentavam sinais de corrosão, por tratarem-se de equipamentos antigos.

Os equipamentos utilizados no açougue do supermercado Fênix apresentavam-se em

ótimo estado, superfícies lisas, sem rugosidade, e com estado apropriado de limpeza. Não foi

possível observar com muita atenção se os equipamentos utilizados no açougue como facas e

outros utensílios apresentavam perfeita condição de limpeza; o que foi analisado, porém, mostrou

uma condição apropriada.

A padaria do supermercado não apresenta produção própria; comercializa, entretanto, os

alimentos adquiridos em um local secundário. O equipamento no qual ficavam os alimentos,

apresentava-se em bom estado de conservação, porém, o estado de limpeza e organização era

questionável, o mesmo apresentava restos de alimentos, como farelos em suas frestas. A

organização dos alimentos expostos a venda não era apropriada, os alimentos oferecidos eram

poucos, uma ou duas opções, e os mesmos aparentavam ser velhos. O pão em cima da bancada

apresentava somente um tecido o cobrindo, mas o mesmo não apresentava segurança, pois insetos

poderiam depositar agentes nos alimentos através do tecido.

4.1.1.3 Pessoal da Área de Produção/Manipulação e Vendas

Segundo a Vigilância Sanitária, dentro de um estabelecimento é necessário que os

funcionários que trabalham diretamente com a produção e manipulação dos alimentos

estejam com vestimentas adequadas, como a utilização de toucas, avental, sapatos

fechados e entre outros aspectos, possua higiene, como a utilização de luvas, cabelos

presos e sem esmalte nas unhas, e esteja com os exames periódicos em dia.

No mercado Fênix, os funcionários que estavam diretamente ligados a produção e

manipulação dos alimentos, pertenciam à área da padaria e ao açougue.

20

Na padaria, havia apenas uma funcionaria, a qual manipulava e atendia os

clientes. A manipulação envolvia apenas assar pães. Para a manipulação, a funcionária

utilizava apenas touca no cabelo, não estava com luvas e avental. Ela estava de acordo

com os exames periódicos.

Contudo no açougue, o funcionário que estava encarregado de manipular as

carnes, estava conforme todas as normas de vestimenta, higiene e realiza exames

periódicos.

4.1.1.4 Produtos Expostos à Venda

Os produtos expostos ao consumidor devem ser armazenados de forma correta,

com a iluminação necessária e de maneira organizada.

Os locais de armazenamento variam de acordo com a especificidade do alimento,

com o objetivo de manter em bom estado e não oferecer riscos à saúde. Não podem

conter precipitação de gelo (que pode alterar o estado nutricional do alimento), as

estantes devem estar em bom estado, a higiene e limpeza são fundamentais.

A iluminação dos locais de armazenamento é de extrema importância, para que o

consumidor não seja iludido pela coloração - que pode variar devido à luz - do alimento.

Já a organização dos alimentos expostos, preza pela facilidade e conforto para o

consumidor.

Por ser um estabelecimento de porte pequeno, o supermercado Fênix não possui

variados tipos de locais para armazenar o alimento.

Os congeladores são do tipo horizontal, e estavam desorganizados, onde

apresentava diversos tipos de alimentos misturados. Não havia linha de fronteira, o que

pode causar a desordem e mau armazenamento.

Os refrigeradores são do tipo vertical e estavam organizados. Contudo, as estantes

onde estavam armazenados todos os alimentos estavam enferrujadas e em alguns casos, a

estante de ferro estava substituída por tábuas de madeira.

O açougue, a padaria e os demais locais de armazenamento estavam expondo o

produto de forma adequada.

21

4.1.1.5 Dados Referentes às Temperaturas de Armazenamento

Tendo em vista a importância do frio na conservação dos alimentos, objetivou-se

investigar as temperaturas dos equipamentos de refrigeração dos estabelecimentos,

comparar e avaliar com a temperatura indicada pelo fabricante e a indicada pela ABERC

além de verificar a existência das linhas de fronteira dos congeladores e refrigeradores.

Também, foram analisadas a condições de higiene e arrumação, gelo nos congeladores e

alimentos, nos equipamentos utilizados no supermercado que comercializa alimentos no

bairro Rio Vermelho, Florianópolis.

A temperatura adequada durante o processo de conservação é de fundamental

importância para inibir a proliferação microbiana e minimizar as reações químicas que

causam a deterioração dos alimentos (TOLEDO, 1999; FERRARI & TORRES, 2000;

GERMANO & GERMANO; e Conforme CHESCA et al. (2001a), o congelamento e a

refrigeração têm sido reconhecidos como excelentes métodos de conservação de

alimentos.

Algumas das temperaturas avaliadas não estavam adequadas de acordo com o

fabricante e com a ABERC. A inadequação dessa temperatura influência na deterioração

dos alimentos e conseqüentemente trás riscos à saúde do consumidor.

Dentre os refrigeradores avaliados, nenhum apresentava termômetro e a linha de

fronteira. A falta do termômetro prejudica a leitura da temperatura diária tanto do

consumidor quanto dos trabalhadores do estabelecimento. A insistência da linha de

fronteira oferece riscos aos alimentos, pois, a ultrapassagem da linha de fronteira

significa uma superlotação no aparelho.

Da mesma forma, a limpeza dos congeladores é de suma importância para garantir

a conquista e manutenção de bons padrões higiênicos (HAZELWOOD & MCLEAN,

1996), pois, vários microorganismos podem influenciar na conservação e decomposição

dos alimentos (RIEDEL, 1996). No estabelecimento, dos equipamentos apresentavam-se

em boas condições de higiene, porém em alguns refrigeradores não possuíam iluminação

interna. Essa falta de iluminação pode enganar o consumidor, alterando assim a cor do

alimento.

Além disso, os congeladores avaliados não apresentavam gelo em sua estrutura

física, entretanto um dos produtos avaliados continha gelo na embalagem. O excesso de

gelo no alimento pode vir a danificar a estrutura do alimento gerando perda nutricional,

22

pois nestas condições a há formação de cristais de gelo, que podem afetar as células dos

alimentos (EVANGELISTA, 2005).

Assim para garantir a segurança alimentar são imprescindíveis a adequação,

conservação e higiene dos equipamentos e o grau de conhecimento dos manipuladores,

obedecendo a regras e padrões previstos em legislações (GERMANO & GERMANO,

2003).

4.2 SUPERMERCADO ALIANÇA

4.2.1 Condições Higiênico-Sanitárias

4.2.1.1 Situações e Condições da Edificação

O Supermercado Aliança, localizado na principal Rua do Rio Vermelho, Rua João

Gualberto Soares, apresenta localização adequada quando se diz respeito à ausência de

lixo, animais e objetos em desuso na parte externa da edificação. Entretanto, o local não

apresenta uma lixeira para que os moradores e clientes possam depositar materiais que

não lhes são mais úteis como embalagens vazias e restos de alimentos. O acesso ao

supermercado também está de acordo com o desejado pela ANVISA, uma vez que a

entradas do supermercado são diretas e independentes.

A parte interna do comércio visitado apresenta uma série de problemas que

desrespeitam as regras de higiene, tão importantes nos locais onde há venda de alimentos.

Os pisos do estabelecimento, por exemplo, apresentava rachaduras e não estavam em

perfeitas condições de higiene, pois apresentavam áreas sujas, úmidas e até mesmo

molhadas nos espaços acerca dos congeladores e geladeiras. O teto, por sua vez, foi o

item mais preocupante do local uma vez que serve de habitat para fungos, que formam

uma grande colônia, escurecendo o ambiente e tornando-o menos adequado

higienicamente. A tinta usada para pintar o teto, apesar ser branca, estava descascando.

Também há teias de aranha nos cantos e encontros da parede com o teto.

23

As paredes do local visitado não estavam limpas e havia acúmulo de sujeira dos

cantos do estabelecimento. Outro ponto importante observado foi o fato de algumas

paredes internas não terem revestimento. Algumas janelas estavam sujas e não

apresentavam telas, que tem a função principal de impedir a entrada de animais e insetos.

Elas estavam, porém, localizadas a uma altura considerada adequada para o comércio de

alimentos.

Outro problema observado foi que o supermercado tinha ligação direta com um

cômodo inacabado, sem revestimento e com caixas jogadas. Local esse que poderia ser

visualizado por qualquer cliente que adentrasse no comércio.

A iluminação do ambiente apresentava qualidade. As luminárias estavam limpas,

todas as lâmpadas estavam funcionando e apresentavam bom estado de conservação. Já a

ventilação não estava adequada, não garantindo um ambiente livre de fungos e bolores. A

circulação de ar é feita unicamente pelas janelas e portas, já que o local não apresenta

equipamentos de ventilação.

Outro ponto preocupante é a instalação sanitária do Aliança. Apesar de o banheiro

estar devidamente localizado (a porta não dá diretamente para a loja), ele apresenta

paredes com partes inacabadas, não possui janela ou outro meio de troca de ar, o teto é

extremamente baixo (menos de 1,70m) e há fios de eletricidade expostos no local. Só há

um vaso sanitário para todos os empregados e na pia não havia sequer sabonete. O

banheiro, de fato, foi um ponto extremamente crítico e insalubre.

Já os lavatórios na área de manipulação apresentavam sabonete líquido e toalhas

descartáveis. Esses lavatórios estavam estrategicamente localizados em um cômodo

anterior às áreas de manipulação de alimentos.

De acordo com uma funcionária do Supermercado Aliança, o abastecimento de

água do local é feito pela Casan e com relação aos resíduos do estabelecimento, eles são

coletados pela COMCAP (Companhia de Melhoramentos da Capital). Não é feita

reciclagem ou compostagem com os restos de embalagens ou alimento não mais

utilizados. As lixeiras de dentro da edificação estavam destampadas, quebrando mais uma

regra simples e básica de higiene.

4.2.1.2 Equipamentos e Utensílios

24

Os equipamentos e maquinários utilizados no açougue do Supermercado Aliança

aparentam estar normais e em boas condições de funcionamento. O material das

máquinas é no geral liso (inox), o que facilita na hora da limpeza e desinfecção. Porém,

algumas máquinas continham, no momento da análise, resíduos de carne entre as poucas

frestas existentes, e outra possuía um pano úmido depositado sobre ela.

Os utensílios necessários para a realização do trabalho (facas, garfos) são

constituídos de bons materiais, resistentes e lisos. Os supostos utensílios limpos ficam

depositados perto da pia. Eles são lavados com água, mas não se tem a informação se são

esterilizados ou não. Sem a esterilização a vida dos microorganismos não é eliminada.

Para serem esterilizados, é necessário que os materiais sejam submetidos ao calor durante

um determinado tempo, destruindo todas as bactérias, seus esporos, vírus e fungos.

Há bancadas de mármore para que se possa trabalhar o produto, sendo que elas

não estavam totalmente limpas, pois tinham restos de carne e água acumulada em cima da

bancada. Já as duas vitrines para exposição dos produtos estão em boas condições;

inclusive a vitrine expõe as lingüiças, carnes e frangos de uma maneira limpa e atrativa.

Os equipamentos destinados a proteção e conservação dos alimentos sob refrigeração

estão corretos.

Existe ainda uma grande câmara de refrigeração onde são guardadas as carnes; o

termômetro está em bom estado de conservação e funcionamento, entretanto, em relação

à limpeza, observou-se que o chão apresentava lama. O açougue como um todo, também

não estava com o chão limpo, pois a quantidade de água que havia no chão propiciou a

formação de sujeira.

A respeito da padaria do supermercado visitado, nem todos os equipamentos e

maquinários eram dotados de superfície lisa de fácil limpeza e vários desses maquinários

estavam enferrujados. Os utensílios eram, em sua maioria, lisos e de simples

higienização, entretanto, cestas de vime são utilizadas para expor os alimentos aos

clientes.

O local de manipulação dos alimentos da padaria estava limpo visivelmente.

Porém, pelo fato das bancadas apresentarem frestas, não há como garantir que

microorganismos patógenos não estejam presentes no ambiente. O mecanismo abre-fecha

com o uso dos pés da lixeira do local não estava funcionando, fazendo com que ela se

mantivesse aberta durante todo o dia. Foi observada, durante o pequeno período de

análise, a presença de moscas. Isso pode ter ocorrido porque, apesar da janela do local

apresentar telas, a porta que liga a área de produção com a área de venda não era fechada.

25

Os equipamentos usados para a produção de produtos apresentavam termômetro

adequado e em bom funcionamento, porém, alguns desses maquinários e equipamentos

estavam um pouco enferrujados.

4.2.1.3 Pessoal da Área de Produção/Manipulação e Vendas

Cada área dentro do supermercado necessita de critérios próprios de higiene e

limpeza, pois não pode haver cruzamento de produtos, por conta do constante risco de

contaminação. Para que isto seja posto em prática, é necessária a presença de técnicos

que controlem as medidas de manipulação de alimentos, mão-de-obra qualificada, e a

questão sanitária (Vigilância Sanitária).

Durante o período de observação, encontrava-se trabalhando no açougue, apenas

um açougueiro. Ele estava vestido com roupa de cor clara e botas também claras.

Entretanto em vez de utilizar algum gorro para conter o cabelo, usava apenas um boné. A

roupa no geral estava limpa. O trabalhador estava com as mãos limpas, não usava

adornos (nos dedos, pulso e pescoço), possuía unhas curtas e sem esmaltes, e demonstrou

boa relação social com os consumidores.

Atualmente sabe-se que a higiene pessoal é importante para eliminar qualquer

risco de bactérias e contaminação, garantindo assim a Segurança dos Alimentos. Nos

momentos em que foi observado, o açougueiro lavou as mãos antes de mexer com os

produtos; porém, durante o contato com a carne, não colocou luvas, ou então, colocou-a

somente em uma das mãos.

Quando questionado sobre seu estado de saúde, o funcionário relatou que realiza

exames periódicos, além de confirmar que está ausente de afecções cutâneas, feridas,

sintomas de infecção respiratória, gastrointestinal, entre outros. O que é muito

importante, pois ele pode ser um veículo de transmissão de doenças, devido

principalmente se houver, falta de higiene.

Na padaria, o manipulador também estava vestido de maneira adequada; com

uniforme de cor clara, sapato fechados e rigorosamente limpos. O uso do gorro, para

proteger os alimentos de resíduos do cabelo, foi, entretanto, substituído por um boné. As

unhas e mãos do manipulador estavam devidamente limpas, sem esmalte ou adornos.

26

Durante o manuseio dos alimentos, o manipulador mostrou-se cuidadoso ao lavar

as mãos, ao não tossir, espirrar, fumar, manipular dinheiro ou executar qualquer outra

prática que pudesse contaminar o alimento. Ele ainda garantiu que, assim como o

manipulador do açougue, ele realiza exames periódicos (anuais), o qual a Vigilância

Sanitária averigua sua saúde. Pode-se observar ainda que suas mãos tinham ausência de

afecções cutâneas, feridas e supurações.

4.2.1.4 Produtos Expostos à Venda

Os produtos do açougue expostos a venda contém procedência controlada, ou seja,

possuem selos, são de fornecedores autorizados, com embalagens, rótulos e explicações

regulamentadas segundo o Ministério da Saúde e/ou Ministério da Agricultura.

Os alimentos expostos nas vitrines apresentam bom aspecto visual, além de as

carnes (bovina, suína, frango) terem cor, odor, consistência, e posterior sabor, adequado.

Verificou-se que a temperatura de resfriamento também estava correta, a fim de garantir a

qualidade e conservação apropriada dos produtos. Os produtos se encontram protegidos

do pó, de roedores, e sem o contato com substâncias perigosas, como inseticidas e

desinfetantes.

Para que os alimentos cheguem ao consumidor com segurança, é necessário

também que não haja forte oscilação da temperatura, porque instabilidades podem

acarretar em graves prejuízos aos alimentos nos pontos de venda, ou seja, perda de

produtos (Vigilância Sanitária).

Os produtos expostos à venda na padaria são produzidos com matéria prima

provenientes do fornecedor autorizado Casa do Pão, especializado em produtos de

panificação. O fluxo desses alimentos é feito de forma linear, o que evita a contaminação

cruzada.

Os alimentos expostos tinham aspecto sem alteração. Apresentavam cor, sabor e

odor atrativos. A conservação desses produtos é feita a 30-40°C para os salgados fritos e

de forno, e a 4°C para os bolos e outros doces. A temperatura dos alimentos frios está

adequada, mas os salgados quentes deveriam ser mantidos a uma temperatura acima de

65°C.

27

Alguns alimentos empacotados ou embalados no local não apresentavam data de

fabricação e/ou prazo de validade, o que impede com que o consumidor saiba se o

alimento comprado ainda apresenta características adequadas para o consumo.

No local de venda dos produtos de panificação, a manipulação dos alimentos é

feita de forma higiênica, com uso de luvas, tocas e roupas adequadas. Entretanto, com

relação à exposição, alguns poucos alimentos não estavam protegidos contra pó, saliva,

insetos ou roedores, pois não estavam adequadamente embalados ou dentro das vitrines.

Nessa área de venda, os produtos são armazenados de acordo com o tipo, em locais

adequados e limpos. Porém, apesar de não estarem sendo usadas do momento da

verificação, foi visto cestas de vime no ambiente tanto de venda quanto de produção dos

alimentos de panificação.

4.2.1.5 Dados Referentes às Temperaturas de Armazenamento

Foram avaliadas às temperaturas de armazenamento de alguns alimentos, em

quatro congeladores; medida esta necessária, para verificar se os produtos estão dentro

das normas ou não. Relacionado aos alimentos, o principal parâmetro a controlar, é a

temperatura; pois com a sua variação, as bactérias naturalmente presentes nos alimentos

multiplicam-se. Utilizam-se assim, desde o avanço das tecnologias, os meios de

refrigeração ou congelamento dos alimentos, para bloquear o desenvolvimento dos

microorganismos (DigiFrio).

Observa-se através da tabela a baixo (tabela 1), que o congelador 1 apresenta de

modo geral, boas condições de higiene, arrumação e presença de gelo. Porém, a

temperatura do termômetro manual do congelador durante a visita apontava 9 graus

negativos, o que não coincide com a temperatura medida pelas alunas. Suspeita-se então

segundo visualização no local, que o termômetro esteja quebrado.

Tabela 1: Avaliação das condições de conservação de alimentos a frio, do congelador 1

do Supermercado Aliança, SC, 2011.

28

Alimento Tipo de

congelador

Linha de

fronteira

respeitada

Temperatura

indicada do

quipamento

Temperatura

fabricante

Avaliação da

temperatura

em

comparação

com fabricante

Avaliação da

temperatura

em

comparação

com a

ABERC

Higiene Gelo nos

congeladores Arrumação

Gelo nos

alimentos

Leite em

saquinho Vertical Não possui - 9 °C 0 - 5 °C

1,4 °C / Adequada

Adequada Boa Inexistente Boa Ausente

Queijos Vertical Não possui - 9 °C 0 - 7 °C 1,6 °C /

Adequada Adequada Boa Inexistente Boa Ausente

Presuntos Vertical Não possui - 9 °C 0 - 7 °C 2,5 °C /

Adequada Adequada Boa Inexistente Boa Ausente

Mortadelas Vertical Não possui - 9 °C 0 - 7 °C - 1,3 °C / Não adequada, um pouco abaixo

Não adequada Boa Inexistente Boa Ausente

Outras características a acrescentar sobre o equipamento, é que ele não possui

linha de fronteira delimitada. Está supostamente limpo, entretanto é um aparelho mais

velho e contém algumas ferrugens nas prateleiras.

Somente as mortadelas, quando avaliadas em relação à temperatura,

apresentaram- a abaixo do recomendado; os demais produtos estão dentro das indicações

quando comparados com o fabricante e com a ABERC.

O congelador 2 é um equipamento novo e de grande porte; além de estar limpo e

arrumado quando visualizado. A temperatura indicada no termômetro analógico, no

momento da análise, era de 7 graus positivos, o que coincide com as quatro temperaturas

medidas pelas alunas (segundo tabela 2).

Tabela 2: Avaliação das condições de conservação de alimentos a frio, do congelador 2

do Supermercado Aliança, SC, 2011.

Alimento Tipo de

congelador

Linha de

fronteira

respeitada

Temperatura

indicada do

quipamento

Temperatura

fabricante

Avaliação da

temperatura

em

comparação

com

fabricante

Avaliação da

temperatura

em

comparação

com a

ABERC

Higiene Gelo nos

congeladores Arrumação

Gelo nos

alimentos

Iogurte (Activia)

Vertical Não possui 7 °C 1 - 10 °C 5,8 °C /

Adequada Adequada Boa Inexistente Boa Ausente

Iogurte

(Carlitos) Vertical Não possui 7 °C 2 - 6 °C

6,5 °C / Não adequada, um pouco acima

Adequada Boa Inexistente Boa Ausente

Iogurte (Biofuncional)

Vertical Não possui 7 °C 0 - 10 °C 6,1 °C /

Adequada Adequada Boa Inexistente Boa Ausente

Bebida Láctea Vertical Não possui 7 °C 2 - 6 °C 7,4 °C / Não

adequada, um pouco acima

Adequada Boa Inexistente Boa Ausente

29

Apenas o Iogurte (Carlitos) e a Bebida Láctea apresentaram uma pequena

elevação da temperatura quando comparadas com a indicação do fabricante; os demais

produtos se encontravam dentro da normalidade.

Não há presença de gelo no congelador e nos alimentos, o que descarta a suspeita

de possíveis desligamentos do equipamento, em períodos em que o supermercado não

esteja funcionando. Os produtos ainda estão bem arrumados, sem acúmulo e excessos.

Quanto à exposição dos alimentos à venda, os produtos das prateleiras e da

panificadora estavam em bons locais e livres de contaminação, não estavam amassadas,

enferrujadas, estufadas, nem com defeito que identificasse problemas na integridade dos

produtos.

No congelador 3 haviam diversos produtos, muitos destes não eram similares,

pois, além de conter manteiga, margarina e nata, no congelador, eram armazenadas

massas para pastéis, lasanha e nhoque. Conforme a tabela 3 avalia-se alguns produtos do

mesmo.

O congelador em questão é do tipo vertical e não possui linha de fronteira entres

os alimentos. A higiene estava adequada assim como a arrumação. Não havia presença de

gelos nos alimentos e no congelador.

A temperatura indicada no congelador era -8ºC, porém, para fazer a leitura do

mesmo houve um pouco de dificuldade já que o vidro estava um pouco embaçado. Dentre

os cinco alimentos medidos com o termômetro utilizado na prática, a margarina

apresentou temperatura abaixo do indicado pelo fabricante do produto, que deveria ser de

5ºC à 16ºC e foi de 1,6ºC. A massa de pastel, por outro lado, apresentou temperatura

acima do indicado, já que deveria ser de 0ºC a 7ºC e estava a 7,9ºC.

Com a medição feita pelas alunas, foi possível perceber que possivelmente o

termômetro presente no congelador não está funcionando de forma adequada, pois como

se pode perceber na tabela abaixo, todos os produtos medidos em distintas partes do

congelador apresentam temperatura acima de 1,6ºC.

30

Tabela 3: Avaliação das condições de conservação de alimentos a frio, no congelador 3

do Supermercado Aliança, SC, 2011.

Alimento Tipo de congelador

Linha de fronteira respeitada

Temperatura indicada no congelador

Temperatura fabricante

Avaliação da temperatura em comparação com fabricante

Avaliação da temperatura em comparação com a ABERC Higiene

Gelo nos congeladores Arrumação

Gelo nos alimentos

Fermento Biológico Vertical Não possui -8ºC 2-7°C 5,3°C/Adequada Adequada Boa Inexistente Boa Ausente

Margarina Vertical Não possui -8°C 5-16°C 1,6°C/Inadequado, abaixo do indicado Adequada Boa Inexistente Boa Ausente

Patê Vertical Não possui -8ºC até 8°C 2,9°C /Adequada Adequada Boa Inexistente Boa Ausente

Queijo Ricota Vertical Não possui -8ºC 2-8°C 5,7°C/Adequada Adequada Boa Inexistente Boa Ausente

Massas de pastél Vertical Não possui -8°C 0-7°C

7,9°C/Inadequado, acima do indicado Adequada Boa Inexistente Boa Ausente

Analisou-se ainda outro congelador (congelador 4), onde existiam produtos de

origem animal e também produtos industrializados. Este congelador apresenta duas partes

distintas, uma horizontal onde não há porta de vidro, sendo ele aberto e onde não existe

linha de fronteira entre os produtos. E a parte vertical onde há linha de fronteira entre os

alimentos e porta de abertura de vidro.

Na parte horizontal do congelador a higiene não estava totalmente adequada, pois os

vidros e prateleiras não estavam muito limpos e haviam partes enferrujadas, além disso,

percebia-se a presença de gelo no fundo congelador e em pequena quantidade em alguns

alimentos.

Foram medidas duas extremidades, onde havia alimentos diferentes, com os

termômetros levados pelas alunas. Um dos alimentos medidos estava com temperatura

abaixo do indicado pelo fabricante, este mesmo alimento estava com a temperatura

inadequada em comparação com a ABERC, pois as carnes congeladas ou produtos

elaborados à base de carne devem ser mantidos a uma temperatura de -15 a 18ºC

(ABERC). E o fabricante deste produto recomendava o armazenamento a -12ºC, como

mostra a tabela 4. A conservação de carnes fora da temperatura correta pode acarretar em

contaminação do produto e perda de suas propriedades.

A parte vertical do mesmo congelador apresentava vidros molhados, o que pode

indicar mau funcionamento do mesmo, ou que ele é desligado no período da noite, porém

não foi percebida a presença de gelo nos alimentos. Os dois alimentos que foram medidos

31

pelas alunas, estavam em inadequação. A batata frita congelada apresentou temperatura

na medição pelas estudantes um pouco acima do indicado pelo fabricante, já lasanha

congelada, que segundo o fabricante deveria ser mantida a -12ºC ou mais apresentou

temperatura bem abaixo, de -19ºC.

Tabela 4: Avaliação das condições de conservação de alimentos a frio, congelador 4 do

Supermercado Aliança, SC, 2011.

Alimento Tipo de

congelador

Linha de

fronteira

respeitada

Temperatura

indicada no

congelador

Temperatura

fabricante

Avaliação da

temperatura em

comparação com

fabricante

Avaliação da

temperatura

em

comparação

com a

ABERC

Higiene Gelo nos

congeladores Arrumação

Gelo nos

alimentos

Peito de

frango

congelado

Horizontal Não possui -23°C até -18°C -18,9°C/Adequada Adequada

Vidros e

prateleiras não muito

limpos

Possui gelo no fundo

Boa Presente

Coxa e

sobrecoxa congeladas

Horizontal Não possui -23°C -12°C -14°C/Abaixo Inadequada Partes

enferrujadas

Possui gelo

no fundo Boa

Presente em

pequena

quantidade

Batata frita

congelada

Vertical Sim -23°C -18°C -

16,3°C*/Inadequada,

acima

Adequada Adequada

Possui gelo

embaixo das prateleiras e

vidros

molhados

Boa Ausente

Lasanha

congelada Vertical

Não

respeitada -23°C

-12°C ou mais

frio

-19,9°C/Inadequada,

abaixo do indicado

Adequada Adequada

Possui um

pouco de

gelos nas prateleiras

Algumas

viradas Ausente

4.2.2 Compilação dos dados referentes às temperaturas de armazenamento dos

produtos no supermercado Aliança

Quanto à presença de termômetros nos equipamentos analisados 100% dos

congeladores analisados apresentam termômetros, e apenas um dos deles (25%), no

congelador 3 não estava de forma visível ao consumidor.

No que diz respeito à linha de fronteira, que é a linha de separação entre as partes

do congelador, 75% dos avaliados não a possuem. O congelador 4 é o único que possui,

mas apenas em sua parte vertical, e alguns produtos ultrapassam esta linha.

Como já foi citado, todos os congeladores verificados pelas alunas, possuíam

termômetros. Destes, 75% estavam com temperaturas indicadas nos termômetros do

32

congelador não compatíveis com as temperaturas medidas pelas alunas. E apenas 25%

das temperaturas estavam compatíveis.

Ao todo dezesseis produtos foram analisados quanto a sua temperatura. Destes

12,5% apresentavam temperatura indicadas pelos fabricantes que não estavam em

conformidade com a temperatura de conservação determinada pela ABERC.

Em geral os produtos armazenados nos congeladores, estavam em boas condições,

não haviam nenhuma embalagem violada ou em má condição de higiene. No entanto

alguns congeladores continham um número grande de produtos e que não eram similares

entre si, isso traz dificuldades ao consumidor na hora de encontrar os produtos.

4.3 ROTULAGENS

Os alimentos foram analisados conforme as embalagens e rótulos, exemplos

destes estão na tabela do anexo 1. As embalagens estavam em sua maioria corretamente

disponibilizadas, segundo proposto na resolução RDC nº 359 - Regulamento Técnico de

Porções de Alimentos Embalados Para Fins de Rotulagem Nutricional.

Os alimentos analisados tinham a denominação de venda do produto, com

caracterização e origem. Os produtos que estavam adequadamente rotulados possuíam

descrição do valor calórico e dos seguintes nutrientes: carboidratos, proteínas, gorduras

totais, gorduras saturadas, e alguns gorduras trans, colesterol, fibra alimentar, cálcio, ferro

e o sódio.

Na resolução anteriormente citada, há exigências de conter no produto a indicação

da porção em medidas em mililitros, litro, grama, quilo ou por unidade, e sua proporção

em medidas caseiras, o que foi encontrado em todos os produtos analisados. Quanto à

validade, os produtos estavam dentro do prazo e com este totalmente visível ao

consumidor. Junto ao prazo de validade os alimentos tinham identificação do lote a que

pertenciam.

Em todas as embalagens foram encontradas informações do SAC (Serviço de

Atendimento ao Consumidor), do endereço do fabricante, alguns ainda apresentavam e-

mail para contato, o que facilita o contato dos consumidores do rio vermelho com os

fabricantes dos produtos.

33

Os alimentos compostos por mais de um ingrediente possuíam lista de

ingredientes, por ordem decrescente da porção, os que continham glúten possuíam

advertência, mas nem todas estavam em tamanhos e locais facilmente visíveis, o que

pode ocasionar o consumo de alimentos que não poderiam ser consumidos por certos

grupos de consumidores. E os alimentos para fins especiais, segundo a portaria número

29, de 13/01/98, devem descrever no rótulo sua designação, seguida de sua finalidade, o

que foi cumprido nas embalagens dos estabelecimentos.

Em margarinas foram encontradas imagens de coração, informando ser aprovado

pela sociedade brasileira de cardiologia. Essas informações estão em desacordo com o

manual de orientação ao consumidor da ANVISA, porque parecem indicar uma

propriedade medicinal para melhorar a saúde e podem induzir o consumidor ao erro.

É bom salientar que nas margarinas foram encontradas descrições de 0% de

gorduras trans, foram assim consideradas por que na porção de referência a quantidade de

gorduras trans é muito pequena e pode ser considerada nula. Não por realmente não ter

nenhuma porcentagem da gordura.

Segundo o manual de indústria da ANVISA, a importância da rotulagem nutricional

dos alimentos para a promoção da alimentação saudável é destacada em grande parte dos estudos

e pesquisas que envolvem a área da nutrição e sua relação com estratégias para a redução do risco

de doenças crônicas.

A obrigatoriedade das informações nutricionais nas embalagens dos alimentos e

bebidas está regulamentada no Brasil desde 2001 e vem sofrendo modificações para

acompanhar o mercado e as exigências do consumidor.

A importância da correta disponibilidade das informações nos produtos oferecidos

no bairro Rio Vermelho é esclarecer a população sobre a composição dos alimentos,

possibilitando escolhas que promovam o consumo de uma dieta equilibrada e saudável.

34

5. QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO

5.1 VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS E DEMOGRÁFICAS

Segundo (IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-, 2009) nos últimos

anos, o Brasil vem apresentando um novo padrão demográfico que se caracteriza pela

redução da taxa de crescimento populacional e por transformações profundas na

composição de sua estrutura etária, com um significativo aumento do contingente de

idosos. Estas modificações, por seu turno, têm imprimido importantes mudanças também

no perfil epidemiológico da população. O conhecimento dos indicadores

socioeconômicos e demográficos é de extrema importância para o entendimento das

múltiplas realidades sociais e em qual perfil o grupo em análise se enquadra. Com

indicadores Número de moradores, sexo, idade e escolaridade é possível analisar e traçar

o perfil destas famílias. De acordo com a Tabela 5, 80% das casas analisadas possuíam de

3 a 4 moradores, estando assim, dentro do perfil encontrado no restante do país, dado

divulgado pela PNAD(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do ano de 2009, a

mesma mostra um número médio de 3,1 pessoas por residência. O indicador sexo mostra

uma proporção aproximada entre eles, não apresentando diferenças significativas. Na

variável idade a freqüência relativa é alta quando se trata de crianças menores de 10 anos

e adultos, o que diferencia um pouco da realidade do Brasil que tem a cada ano diminuído

a freqüência de crianças menores de 10 anos. A escolaridade da população

economicamente ativa influencia, direta ou indiretamente, os níveis potenciais de capital

humano e, em decorrência disso, influencia também o produto final agregado (SOUZA,

1999), devido a isto a escolaridade é um fator determinante do crescimento econômico.

Segundo tabela 5 o nível de escolaridade das famílias analisadas é preocupante no que se

refere aos adultos, nenhum entrevistado apresentava terceiro grau completo ou até mesmo

incompleto, podendo ser um fator limitador para a família.

É importante a crítica das variáveis individualmente e em conjunto, pois cada uma

delas mostra a realidade das famílias e como um todo apresentam o perfil do grupo

estudado.

Tabela 5: Descrição de variáveis socioeconômicas e demográficas dos grupos familiares

do bairro Rio Vermelho. Florianópolis/SC. 2011.

35

Variáveis Número %

Número de

moradores

< 3 pessoas 0 0

3-4 pessoas 4 80

>4 pessoas 1 20

Sexo

Masculino 11 57,9

Feminino 8 42,1

Idade (anos)

< 10 anos 7 36,8

10-19 anos 2 10,5

20-59 anos 10 52,6

>=60 anos 0 0

Escolaridade

0-8 anos 13 68,4

9-11 anos 6 31,6

>11 anos 0 0

TOTAL 19 100,0

5.2 RENDA FAMILIAR E DESCRIÇÃO DOS DOMICÍLIOS

Os entrevistados neste quesito responderam perguntas sobre renda familiar e

descrição dos domicílios como tempo de moradia e saneamento básico.

Dentre os questionamentos sobre a moradia, 90% dos entrevistados afirmaram

morar no mesmo local a mais de quatro anos e somente 10% residiam entre dois a quatro

anos. Sobre a procedência familiar, 40% eram de Florianópolis ou da Grande

Florianópolis, 40% de outro município de Santa Catarina e apenas 10% eram de outro

estado. Além disso, 100% dos moradores possuíam casa própria construída com tijolo e

/ou concreto.

Dentre as famílias entrevistadas, 100% destinam o lixo doméstico à coleta seletiva

oferecida pela prefeitura. Além disso, 90% possuíam água proveniente de poços ou

ponteiras e apenas 10% dispunham de água encanada. O problema em possuir água de

poços e ponteiras é que esta está mais sujeita a mudanças nas suas características

bacteriológicas, químicas, físicas e organolépticas. Sendo assim os moradores que dispõe

36

dessa forma de abastecimento de água estão mais expostos a contaminação por

parasitoses.

Sobre os esgotos, 100% das famílias dependiam das fossas sépticas, que são são

unidades de tratamento primário de esgoto doméstico nas quais são feitas a separação e a

transformação físico-química da matéria sólida contida no esgoto. Essas fossas são

fundamentais no combate à doenças, verminoses e endemias, pois evitam o lançamento

dos dejetos humanos em rios, lagos ou mesmo na superfície do solo. O seu uso é

essencial para a melhoria das condições higiênicas

5.3 BENS NOS DOMICÍLIOS

As condições de habitação dos brasileiros e a existência de bens duráveis nas

residências vêm mostrando melhoras, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,

2009). Pois a existência de bens duráveis nos domicílios é um indicador indireto das

condições gerais de vida das famílias.

Quando questionadas sobre a presença de bens no domicílio, 100% das famílias

alegaram possuir carro, um ou mais aparelho de televisor, vídeo cassete ou DVD,

geladeira/freezer, além de todas apresentarem mais de um aparelho celular.

Segundo a tabela 6, 60% das cinco famílias entrevistadas informaram possuir

moto e aspirador de pó. Visto que a mesma quantidade (60%) ainda alegou ter em casa,

computador com acesso a internet, observa-se desta maneira, que 40% dos moradores do

bairro Rio Vermelho entrevistados não tem como acessar a internet, pelo menos de casa; a

internet que é uma rede capaz de interligar todos os computadores do mundo.

Quando estavam em questão eletrodomésticos como máquina de lavar roupa e

forno de microondas, apenas uma das cinco famílias (20%) questionadas relatou não

possuí-los. Ao contrário disto, apenas uma família (20%) possui fogão a lenha. Sobre a

presença de empregada diarista ou mensalista, a resposta das famílias foi unânime; 100%

delas não desfrutam desta regalia.

Apenas uma família conta com mais de um banheiro no domicílio e ainda com

mais de um banheiro com chuveiro (20%). E sobre o número de cômodos na casa

possíveis para dormir, quatro casas (80%) oferecem dois quartos, enquanto somente uma

37

casa conta com um número de três dormitórios (20%). Nota-se desta maneira, que as

famílias de maneira geral conseguem realizar a compra de produtos para o uso coletivo

ou individual, porém não usufruem de privilégios maiores, como o de ter empregadas

domésticas para realização dos serviços da casa, por exemplo.

Tabela 6: Descrição dos bens nos domicílios dos grupos familiares do bairro Rio

Vermelho. Florianópolis/SC. 2011.

Bens Número %

Televisão

Não 0 0

Sim 5 100

Moto

Não 2 40

Sim 3 60

Carro

Não 0 0

Sim 5 100

Forno de microondas

Não 1 20

Sim 4 80

Fogão à lenha

Não 4 80

Sim 1 20

Aspirador de pó

Não 2 40

Sim 3 60

Máquina de lavar roupa

Não 1 20

Sim 4 80

Vídeo cassete ou DVD

Não 0 0

Sim 5 100

Computador

Não 2 40

Sim 3 60

Internet

Não 2 40

Sim 3 60

Geladeira/freezer

Não 0 0

Sim 5 100

Celular

38

Não 0 0

Sim 5 100

Empregada diarista ou

mensalista

Não 5 100

Sim 0 0

TOTAL 5 100,0

5.4 AUXÍLIO ECONÔMICO E ATENDIMENTO A SAÚDE

Os responsáveis pelos alunos, responderam o questionário sócio-econômico que

também constavam perguntas relacionadas com auxílios econômicos dado pelo governo e

sobre o atendimento em saúde da família.

Onde 100% dos entrevistados afirmam que não recebem ajuda econômica do

governo por meio de nenhum programa ou bolsa família. Além disso, 60% das famílias

possuem algum tipo de convênio médico particular, confirmando a não necessidade de

auxílios econômicos do governo.

De acordo com os entrevistados e com a tabela 7, 80% afirmaram que alguém de

sua família apresenta diabetes e 60% afirmaram que alguém de sua família apresenta

hipertensão. Consideradas doenças da atualidade, as doenças crônicas segundo a OMS,

representam cerca de 59% do total de 57 milhões de mortes por ano e 46% do total de

doenças. Afetam países desenvolvidos e países em vias de desenvolvimento. A expansão

das doenças crônicas reflete os processos de industrialização, urbanismo,

desenvolvimento econômico e principalmente da globalização alimentar.

Além disso, conforme mostra as respostas, todos afirmam que dentre estes

doentes (diabetes e hipertensão) de sua família, nenhum deles recebem atendimento

médico em postos de saúde. Deixando clara a falta de preocupação perante estas doenças,

que se não forem tratadas de forma adequada, podem gerar graves risco para o indivíduo.

Tabela 7 – Auxílios econômicos e atendimento em saúde das famílias. Bairro Rio

Vermelho - Florianópolis/Sc. 2011

Variáveis Número %

39

Família recebe alguma ajuda econômica do governo

Não 5 100,00%

Sim 0 0,00%

Alguém na família com diabetes

Não 4 80,00%

Sim 1 20,00%

Alguém na família com hipertensão

Não 3 60,00%

Sim 2 40,00%

Estes doentes são atendidos no posto

Não 5 100,00%

Sim 0 0,00%

Família tem convênio médico

Não 3 60,00%

Sim 2 40,00%

Total 5 100,00%

6. INQUÉRITO ALIMENTAR

No campo da alimentação, importante ferramenta para se obter informações

quanto ao perfil socioeconômico e nutricional de uma dada população é através do

inquérito de consumo alimentar. Entende-se por consumo alimentar a caracterização -

qualitativa e quantitativa - do tipo de alimentação de um indivíduo, grupo ou população.

Este está ligado a fatores socioeconômicos, conjunturais sendo fortemente dinâmico e

determinando, ao longo do tempo, o hábito alimentar, de acordo com as características

estruturais da população como: cultura; regionalidade; condições produtivas, urbana ou

agrícola

6.1 ALIMENTOS MAIS CONSUMIDOS

De acordo com o questionário aplicado, determinam-se, qualitativa e

quantitativamente, os alimentos mais consumidos pelos escolares. Com este recurso é

possível avaliar o perfil de consumo com vistas à medidas a serem tomadas quanto a

políticas públicas na área alimentar.

40

Gráfico 1: Distribuição do consumo alimentar dos escolares que residem no bairro Rio

Vermelho, Florianópolis 2011.

6.1.1 Bebidas

Dentre as bebidas consumidas pelos escolares do bairro Rio Vermelho, o café

ganha destaque no que diz respeito ao consumo diário, como se pode perceber na Tabela

8.

De acordo com profissionais especializados em nutrição, o consumo de café deve

ser liberado somente quando a criança tiver mais de seis anos de idade. Algumas

pesquisas revelaram que a ingestão moderada de café pode reduzir o colesterol e o risco

de diabetes tanto em crianças como em adultos, mas ainda não há nada conclusivo.

(Moreira, 2011).

Entre os sucos, o tipo mais consumido pelas crianças em questão, é o suco em pó.

Que é pobre em nutrientes quando comparado ao suco em polpa, além de ter um teor

maior de sódio, porém este tipo de suco se torna preferencia pela praticidade no preparo.

Semanalmente o consumo de refrigerantes está presente na alimentação da maioria

dos escolares entrevistados. Os malefícios dos deste tipo de bebida envolvem problemas

41

nos dentes e ossos, além de aumentarem os riscos de diabetes e obesidade. As crianças,

como estão em período de crescimento, ficam mais suscetíveis a esses malefícios, se a

bebida por consumida em excesso.

Tabela 8: Freqüência absoluta do consumo de bebidas por escolares do bairro Rio

Vermelho. Florianópolis/SC, 2011.

Bebidas Diariamente Semanalmente Mensalmente

Últimos

6 meses Nunca

N % N % n % N % n %

Chás 0 0 0 0 1 20 0 0 5 100

Refrigerantes 1 20 3 60 1 20 0 0 1 20

Suco de frutas natural / polpas 1 20 1 20 1 20 2 40 0 0

Suco de caixinha 1 20 0 0 2 40 2 40 0 0

Suco em pó (envelopes) 3 60 0 0 2 40 0 0 0 0

Café 4 80 0 0 0 0 0 0 1 20

Outros 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

10 200 4 7 140 4 7

6.1.2 Fast food

Algumas modificações surgiram no padrão alimentar da população brasileira nas

últimas décadas, a globalização e conseqüente industrialização deram espaço a um

mundo moderno e imediatista onde se alimentar rapidamente e com baixo custo é um

hábito comum entre as pessoas. (Collaço, 2003).

O valor nutricional do produto é sacrificado em detrimento desta conveniência.

Para devolver todos os sabores perdidos durante o processamento dos ingredientes, são

adicionadas grandes quantidades de açúcares, gorduras e sal, para que nos proporcionem

as sensações adequadas; estes ingredientes, porém, provocam conseqüências. As

chamadas gorduras saturadas aumentam os níveis de colesterol, o que por sua vez

aumenta o risco de doenças coronarianas. O excesso de açúcares, pela sua ligação direta à

obesidade, a diabetes, doenças coronarianas, entre outras. Além disso, o sal presente em

excesso nestes alimentos é responsável em grande parte pelo aumento da pressão arterial

e aumento do risco de ataques cardíacos.

O consumo de fast-foods das crianças analisadas no bairro Rio Vermelho (Tabela

9) é consideravelmente alto, tendo em vista a freqüência alimentar dessa população,

quando analisada no geral, não apresentam uma alimentação de acordo com o adequado,

42

para uma oferta adequada de nutrientes e a quantidade de recomendada de cada grupo

alimentar. O consumo de fast- foods, especificamente, apresenta-se no mínimo

mensalmente na alimentação destas crianças, quando não diariamente como no caso de 3

crianças que ingerem todos os dias alimentos considerados extremamente prejudiciais a

saúde.

Tabela 9: Freqüência absoluta do consumo de Fast-Foods por escolares do bairro Rio

Vermelho. Florianópolis/SC, 2011.

Fast-Foods Diariamente Semanalmente Mensalmente

Últimos

6 meses Nunca

N % N % N % N % n %

Batata frita 1 20 1 20 3 60 0 0 0 0

Hamburguer 1 20 0 0 2 40 2 40 0 0

Pizza / Calzone 1 20 1 20 3 60 0 0 0 0

Salgados 0 0 1 20 2 40 1 20 1 20

Cachorro-quente 0 0 1 20 2 40 1 20 1 20

Outros 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

3 4 80 12 240 4 80

No gráfico 2 é possível observar a porcentagem da freqüência que estes alimentos

são encontrados nos hábitos das crianças em análise. É possível através da freqüência de

consumo de Fast- Foods, fazer uma comparação à avaliação nutricional destas crianças e

identificar os fatores de riscos que estão associados a uma grande prevalência de crianças

obesas. Assim, o consumo elevado destes alimentos pode estar associado ao alto número

de crianças com sobrepeso.

43

Gráfico 2: Frequência relativa do consumo de Fast-Foods por escolares do bairro Rio

Vermelho. Florianópolis/SC, 2011.

6.1.3 Industrializados

O alimento industrializado pode ser definido como o produto obtido de um ou

mais alimentos, adicionado ou não de outras substâncias permitidas, por meio de

processos tecnológicos adequados, com diferentes graus de complexidade e sofisticação

(AQUINO, 1999). O consumo excessivo destes alimentos merece atenção devido à

inclusão de alguns ingredientes (gordura vegetal hidrogenada, açúcar refinado, sódio)

relacionados ao aumento da obesidade e comorbidades associadas (ISGANAITIS;

LUSTIG, 2005; BRAY; NIELSEN e POPKIN, 2004; CORDAIN, et al., 2005).

O consumo de industrializados conforme a tabela 10 é mais freqüente

semanalmente e diariamente, dentre os alimentos mais consumidos podemos citar

enlatados em geral como milho e ervilha, molhos como ketshup e mostarda, temperos

prontos e salgadinhos.

44

Tabela 10: Freqüência absoluta e relativa do consumo de industrializados por escolares

do bairro Rio Vermelho, Florianópolis/SC 2011.

Industrializados Diariamente Semanalmente Mensalmente

Últimos

6 meses Nunca

N % N % N % N % n %

Adoçantes 0 0 0 0 0 0 0 0 1 20

Conservas (pepino, palmito, azeitonas,

picles) 2 40 0 0 0 0 1 20 2 40

Enlatados em geral (ervilha, milho, etc) 3 60 0 0 0 0 0 0 2 40

Molhos (tipo: Ketchup e mostarda) 3 60 1 20 0 0 1 20 0 0

Macarrão instantâneo 0 0 0 0 3 60 2 40 0 0

Salgadinhos (chips) 1 20 1 20 3 60 0 0 0 0

Sopas prontas 0 0 0 0 0 0 0 0 5 100

Temperos prontos (Sazon, knor) 4 80 0 0 0 0 0 0 1 20

Outros 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

13 2 6 4 11

6.1.4 Açúcares e doces

A tendência ao maior consumo de alimentos doces industrializados é motivo de

preocupação, tendo em vista os efeitos prejudiciais dos mesmos.

A ingestão energética excessiva de açúcar e doces pode repercutir sobre o

aumento da prevalência de excesso de peso, diabetes e cárie dentária nas crianças. De

acordo com algumas pesquisas, as crianças que consomem muito açúcar tendem a

apresentar hiperatividade, ansiedade, dificuldade de concentração e irritabilidade (LEVY,

et al, 2003).

Com relação à tabela 11 dentre os açúcares e doces consumidos diariamente

encontram-se o achocolatado (80%), o açúcar branco (80%) e as guloseimas (60%). As

maiores freqüências de consumo destes alimentos são diárias ou mensais.

Cabe ressaltar que o açúcar mascavo, nesta pesquisa, nunca foi consumido pelas

crianças. O açúcar mascavo, por não passar pelo processo de refinamento, mantém as

vitaminas e sais minerais da cana-de-açúcar, com destaque para o potássio, cálcio,

magnésio e fósforo podendo ser uma opção mais saudável no preparo de refeições dos

escolares (AZEVEDO, 2007).

Tabela 11: Freqüência do consumo de Açúcares e Doces por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis 2011.

45

Açúcares e Doces Diariamente Semanalmente Mensalmente

Últimos

6 meses Nunca

N % N % N % N % n %

Achocolatado (nescau, quick, toddy) 4 80 1 20 0 0 0 0 0 0

Açucar branco 4 80 0 0 1 20 0 0 0 0

Açucar mascavo 0 0 0 0 0 0 0 0 5 100

Chocolate 0 0 3 60 2 40 0 0 0 0

Doce de leite 0 0 0 0 4 80 0 0 1 20

Leite condensado 0 0 1 20 2 40 1 20 1 20

Geléia (doce de frutas, chimia) 0 0 0 0 1 20 1 20 3 60

Guloseimas (balas, chicletes, pirulitos...) 3 60 2 40 0 0 0 0 0 0

Mel 1 20 0 0 2 40 0 0 2 40

Melado 1 20 0 0 0 0 0 0 4 80

Paçoca/pé de moleque 0 0 0 0 1 20 2 40 2 40

Sobremesas (tipo: pudim, sagu, gelatina,

etc) 1 20 3 60 0 0 1 20 0 0

Outros 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

14 280 10 13 5 18 360

6.1.5 Frituras e gorduras

A relevância da ingestão dos óleos vegetais na dieta humana, primordialmente

como recursos alimentares provedores de energia, é indiscutível. Entretanto, o risco do

desenvolvimento de doenças crônicas decorrentes de seu consumo inadequado, remete a

um controle dos aspectos qualitativo e quantitativo dos óleos utilizados nos processos de

fritura.

A fritura tem contribuído para o aumento do consumo de óleos e gorduras vegetais

e animais, visto que é um processo culinário de grande aceitação em todas as idades e

classes sociais (MASSON, L., et al., 1999). É sábio que gorduras são essenciais para a

maioria dos seres heterótrofos, incluindo os seres humanos. No entanto os ácidos

graxos realmente essenciais são os das famílias ómega 3 e ómega 6, já que a partir destes

o ser humano consegue produzir todos os demais.

A partir da tabela 12, nota-se que muitos dos alimentos questionados aos alunos

não participam de seus cardápios (43%). Entretanto, dos demais produtos indagados, os

mais assíduos são a margarina e o óleo vegetal. Em relação às frituras e gorduras em

geral, a maior freqüência no consumo destes alimentos é diário e mensal.

Tabela 12: Freqüência do consumo de frituras e gorduras por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis/SC 2011.

Frituras/Gorduras Diariamente Semanalmente Mensalmente

Últimos

6 meses Nunca

46

N % N % N % N % n %

Frituras em Geral 1 20 3 60 1 20 0 0 0 0

Bacon 0 0 0 0 1 20 0 0 4 80

Banha 0 0 1 20 0 0 0 0 4 80

Maionese 1 20 1 20 3 60 0 0 0 0

Manteiga 0 0 0 0 1 20 0 0 4 80

Nata/ creme de leite 1 20 0 0 2 40 0 0 2 40

Margarina 4 80 0 0 0 0 0 0 1 20

Óleo vegetal 3 60 0 0 0 0 0 0 2 40

Outros 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

10 5 8 17

6.1.6 Frutas e hortaliças

Frutas e hortaliças estão cada vez mais sendo relacionadas a prevenção de

obesidade e doenças crônicas. Mas o consumo continua muito baixo o que leva a

Organização Mundial da Saúde (OMS) relacionar cerca de 2,7 milhões de morte ao

consumo inadequado deste grupo de alimentos. Segundo a Food and Agriculture

Organization of the United Nations (FAO) e a OMS o consumo de frutas, hortaliças e

vegetais deve ser 400 gramas diárias. Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares

(POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2002-2003, o consumo

em todas as regiões do Brasil está abaixo do recomendado.

Assim como o consumo verificado na POF o consumo pelas crianças

entrevistadas estava abaixo do recomendado, como pode ser visto no tabela 13. Quatro

crianças consomem diariamente hortaliças em geral. Apesar disso, não é garantido que o

consumo é adequado, pois não foi mencionado a quantidade consumida. Das demais

crianças duas consumiam frutas semanalmente e uma mensalmente. E uma consumia

hortaliças semanalmente. No geral o consumo de hortaliças foi maior em relação ao

consumo de frutas.

Tabela 13: Freqüência do consumo de frutas e hortaliças por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis/SC 2011.

Frutas e Hortaliças Diariamente Semanalmente Mensalmente

Últimos

6 meses Nunca

N % N % N % N % n %

Frutas em geral 2 40 2 40 1 20 0 0 0 0

Hortaliças em geral 4 80 1 20 0 0 0 0 0 0

Outros 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

47

6.1.7 Leguminosas

Os grãos vegetais, sobretudo as leguminosas, são reconhecidamente boas fontes

de proteínas, minerais e vitaminas, merecendo ocupar lugar de destaque na alimentação

humana.

Embora a participação relativa de feijões na alimentação

brasileira (5,68%) ainda esteja dentro da faixa recomendada de

consumo, há uma tendência de queda preocupante, necessitando

ser revertida em curto tempo.

Os alimentos vegetais mais ricos em proteínas são as

leguminosas; quando cozidos, contêm 6% a 11% de proteína. As

leguminosas incluem os feijões verde, branco, jalo, preto, largo, e

também as lentilhas, ervilhas secas, fava, soja e grão-de-bico.

Os feijões contêm ainda carboidratos complexos (amido) e são

ricos em fibra alimentar, vitaminas do complexo B, ferro, cálcio e

outros minerais, bem como em compostos bioativos. Contêm

pequenas quantidades de gordura, quase toda do tipo insaturada.

São normalmente preparados e cozidos a partir de sua forma seca,

retendo grande parte de seus nutrientes originais.

Os dados nacionais disponíveis, que permitem estimar o consumo

alimentar domiciliar, revelam uma tendência de queda no

consumo de feijões pela população, em prol de alimentos

industrializados e menos saudáveis.

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008)

Tabela 14: Freqüência do consumo de leguminosas por escolares do bairro Rio Vermelho,

Florianópolis/SC 2011.

Leguminosas Diariamente Semanalmente Mensalmente

Últimos

6 meses Nunca

N % n % N % n % n %

Feijão 4 80 4 80 0 0 0 0 1 20

Grão-de-bico 0 0 0 0 1 20 0 0 4 80

Lentilha 0 0 0 0 1 20 0 0 4 80

Ervilha 0 0 0 0 1 20 0 0 4 80

Soja 0 0 0 0 0 0 0 0 5 100

Outros 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

4 4 3 18

6.1.8 Leite e derivados

48

O leite tem sido descrito como um dos alimentos naturais mais próximos da

perfeição, devido particularmente ao seu elevado teor de nutrientes, incluindo proteínas,

gorduras, açúcares, minerais e vitaminas (NUNES, 2010). O leite e seus derivados são

importantes fontes vitaminas A e D, proteínas e aminoácidos. Além disso, a eliminação

do leite na dieta pode levar a ingestão insuficiente de cálcio, mineral fundamental para a

medula óssea (MEDEIROS, 2004).

Devido à importância e acessibilidade desse alimento, o leite e seus derivados

constituem um alimento habitual na dieta das crianças, conforme pode ser visto na tabela

15. Das crianças entrevistadas, todas consumiam leite integral diariamente. Em

contrapartida, os leites desnatados e em pó foram considerados alimentos parcamente

consumidos. Dentre os laticínios perguntados, o iogurte e o queijo amarelo são os

derivados mais consumidos. Entretanto, a ricota, o queijo branco e o requeijão não estão

presentes na alimentação dos escolares com grande freqüência.

Tabela 15: Freqüência do consumo de leite e derivados por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis 2011.

Leite e Derivados Diariamente Semanalmente Mensalmente

Últimos

6 meses Nunca

N % n % n % N % n %

Iogurte 2 40 3 60 0 0 0 0 0 0

Leite desnatado 0 0 0 0 0 0 0 0 5 100

Leite integral/semi-desnatado 5 100 0 0 0 0 0 0 0 0

Leite em pó desnatado 0 0 0 0 0 0 0 0 5 100

Leite em pó integral/semi-desnat. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Queijo amarelo 1 20 3 60 0 0 0 0 1 20

Queijo branco 0 0 1 20 1 20 0 0 3 60

Ricota 0 0 0 0 0 0 0 0 5 100

Requeijão 1 20 0 0 0 0 2 40 2 40

Outros 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

9 7 1 2 21

6.1.9 Carnes e ovos

A carne, seja ela bovina de aves ou suína, é fonte de proteína e a maior fonte de

cinco importantes vitaminas: tiamina, niacina, riboflavina, vitaminas B6 e B12. Além

disso, contribuem com minerais, principalmente o ferro e o zinco.

49

O consumo de peixe, assim como as outras carnes, é importante por ele ser rico

em proteínas e ter a vantagem de possuir um teor de gorduras menor do que os outros

tipos de carnes, além disso, muito peixes são ricos em ômega 3, gordura benéfica pra o

organismo.

O ovo é reconhecidamente um importante contribuinte para uma nutrição humana

de qualidade. Na sua composição estão contidos os principais nutrientes necessários ao

desenvolvimento físico humano.

Através da observação da tabela 16, percebe-se que o consumo diário de carnes

bovinas de aves e peixes é equivalente, porém o consumo diário de embutidos também se

equipara ao destas carnes, isso é preocupante visto que os embutidos são alimentos

altamente processados e ricos em gorduras, não trazendo benefícios para a saúde da

criança.

Verificou-se também que o consumo de carnes e ovos é alto, seja ele diariamente

ou semanalmente, isto é de extrema importância visto que estes alimentos são riscos em

proteínas que são os principais componentes para um bom desenvolvimento infantil.

Tabela 16: Freqüência do consumo de carnes e ovos por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis 2011.

Carne e Ovos Diariamente Semanalmente Mensalmente

Últimos

6 meses Nunca

n % n % n % N % n %

Frutos do mar (tipo: camarão, mariscos, lula,

siri, etc) 1 20 2 40 1 20 1 20 1 20

Peixes 2 40 1 20 1 20 1 20 0 0

Carne bovina 2 40 2 40 1 20 0 0 0 0

Carne de aves 2 40 2 40 1 20 0 0 0 0

Carne de porco 0 0 1 20 1 20 1 20 2 40

Ovos 1 20 2 40 1 20 1 20 0 0

Embutidos (tipo: presunto, mortadela, lingüiça, salsicha, etc) 2 40 2 40 0 0 0 0 1 20

Outros 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

10 12 6 4 4

6.1.10 Cereais e Pães

Entre os cereais encontramos o trigo, centeio, aveia, cevada e entre outros; são

plantas cultivadas pelo seu grão. Estes diversos tipos de cereais são ingeridos diariamente

por toda população brasileira. Conforme mostra a tabela 17, onde todos os escolares

ingerem arroz branco diariamente.

50

E segundo a Pirâmide Alimentar Brasileira, um individuo deve consumir de 5

porções, no mínimo, a 9 no máximo, de cereais e pães. Contudo, muitos indivíduos

passam o limite de consumo.

Nos grãos de cereais podemos encontrar nutrientes como: carboidratos, proteínas,

gorduras, sais minerais, vitaminas, enzimas e outras substâncias. Os integrais, além de

rico em nutrientes, são ricos em fibras. Os carboidratos aparecem em altos índices no

grão (78 a 83%), variando com o tipo de cereal e plantio. O amido representa quase toda

a totalidade dos carboidratos dos cereais. É um polissacarídeo da glicose encontrado na

natureza na forma de amilose e amilopectina. Os grãos de cereal fornecem a maior parte

de suas calorias na forma de amido.

Entre os sais minerais presentes nos cereais estão: Na, K, Cl, P, Ca, MG, S, Fe. Já

as vitaminas encontradas nos cereais são as do complexo B, principalmente a B1, no

germe e a B2 mais distribuída no grão.

É importante salientar que nenhuma criança possui o hábito de se alimentar com

cereais integrais, conforme exposto na tabela 17, onde 100% dos escolares nunca

ingeriram arroz integral e pães integrais. Os cereais integrais são mais recomendados,

pois além de serem mais nutritivos, eles apresentam maior grau de fibras, sendo assim,

mais benéfico para o organismo

Tabela 17: Freqüência do consumo de pães e cereais por escolares do bairro Rio

Vermelho, Florianópolis 2011.

Cereais e Pães Diariamente Semanalmente Mensalmente

Últimos

6 meses Nunca

n % n % N % N % n %

Aipim/mandioca 0 0 2 40 2 40 1 20 0 0

Arroz branco 5 100 0 0 0 0 0 0 0 0

Arroz integral 0 0 0 0 0 0 0 0 5 100

Batata inglesa 0 0 5 100 0 0 0 0 0 0

Biscoito simples (doce, salgado, broa, caseiro) 3 60 2 40 0 0 0 0 0 0

Biscoito recheado 1 20 2 40 2 40 0 0 0 0

Bolo simples 0 0 5 100 0 0 0 0 0 0

Bolo recheado e/ou cobertura 0 0 2 40 3 60 0 0 0 0

Cereais matinais (tipo sucrilhos) 0 0 2 40 3 60 0 0 0 0

Farinha de mandioca / farofa e outras preparações à

base de farinha 0 0 3 60 0 0 1 20 1 20

Macarrão/Massas 3 60 2 40 0 0 0 0 0 0

Milho (canjica, polenta, pipoca, pamonha, etc) 0 0 1 20 4 80 0 0 0 0

Mingaus 0 0 0 0 0 0 2 40 3 60

Pão branco 4 80 1 20 0 0 0 0 0 0

Pão integral 0 0 0 0 0 0 0 0 5 100

Pão de queijo 2 40 2 40 0 0 0 0 1 20

51

Outros 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

18 29 14 4 15

52

7. CONCLUSÃO

Ao longo dos meses de maio e junho de 2011, o grupo se dedicou novamente aos

trabalhos iniciados no primeiro de 2010 no bairro Rio Vermelho, tendo como objetivo por

em prática os ensinamentos adquiridos no terceiro semestre do curso de Nutrição, através

das disciplinas Epidemiologia Nutricional e Vigilância Sanitária e Alimentar (VISA).

Após a avaliação dos supermercados, foi notório que as condições estruturais e

sanitárias de ambos estabelecimentos possuem pontos positivos e também, negativos. Em

relação aos negativos, alguns congeladores, por exemplo, não oferecem linha de fronteira

limitante; apresentam o termômetro do congelador quebrado; demonstraram não

adequação da temperatura com a recomendada pelo fabricante; a organização é indevida;

em maus estados de conservação; além de apresentarem ferrugens em prateleiras e gelo

nos alimentos e congeladores. Situação esta que realça um não cumprimento das totais

exigências feitas pela ANVISA; e que futuramente, poderá acarretar em uma má

segurança alimentar aos consumidores, interferindo então, principalmente, na saúde dos

moradores do Rio Vermelho.

A temperatura adequada durante o processo de conservação é de fundamental

importância para inibir a proliferação microbiana e minimizar as reações químicas que

causam a deterioração dos alimentos (TOLEDO, 1999; FERRARI & TORRES, 2000;

GERMANO & GERMANO; e Conforme CHESCA et al. (2001a). Entretanto, como pode

ser visto, houveram casos estudados de não adequação da temperatura, o que pode ser

motivo de mais danos aos consumidores. Informações deste porte vem a reafirmar a

importância da aplicação de boas práticas de fabricação, manuseio e conservação de

alimentos, priorizando desta maneira um possível desenvolvimento de doenças

transmitidas por alimentos.

A segurança alimentar concretiza-se quando ela se expressa em melhoria da

qualidade de saúde e de vida do ser humano. Nesta perspectiva, a segurança alimentar vai

muito além da garantia de uma quantidade diária suficiente de alimentos para todos. Os

alimentos ingeridos tem que ser de boa qualidade do ponto de vista higiênico-sanitário e

nutricional. Além disso, a composição da dieta e a qualidade de vida são fundamentais

para um bom estado nutricional e para a preservação da saúde (Maluf; Menezes; Valente,

1996).

53

Além do mais, cabe ao governo articular e fortalecer as ações de controle

higiênico-sanitário e as relativas à composição nutricional dos alimentos; desde a

produção, ao consumo final. Isto implica considerar as condições de armazenamento e

transporte, conforme determina a legislação sanitária em vigor.

Através da aplicação do questionário de frequência alimentar, estando este

constantemente relacionado com a questão financeira, cultural e regional da família,

pode-se notar a partir ainda do questionário socioeconômico, que as cinco famílias

analisadas possuem em sua maioria de três a quatro moradores, possuindo estes poucos

anos de estudo e uma renda per capita não elevada.

Pelo questionário de freqüência alimentar realizado com os escolares, entende-se

que os grupos de alimentos mais consumidos diariamente por estes, e geralmente por suas

famílias, são frutas e hortaliças, produtos industrializados, bebidas, carnes e ovos. Faz-se

uma ligação entre o que a criança e os demais integrantes do domicílio comem, pelo fato

de que quem costuma comprar os alimentos é o chefe da casa, sendo assim, a criança

desde o início de sua vida, come o que lhe é oferecido, ou seja, tipos de alimentos que os

pais gostam e tem condições de adquirir.

É importante salientar o elevado consumo de alimentos industrializados, doces e

gordurosos, das crianças recorridas no Rio Vermelho. Esses maus hábitos alimentares

estão associados a diversos prejuízos à saúde, entre eles, a obesidade, cujos índices têm

crescido nas últimas décadas como resultado do aumento no consumo de alimentos com

alta densidade calórica e redução na atividade física.

Além disso, gostaríamos de citar, a maneira gentil que o grupo foi recebido pelos

responsáveis dos Supermercados Aliança e Fênix e pelas pessoas da comunidade, os

quais responderam aos questionários. Por meio de cada visita e cada ajuda, foi possível à

construção deste trabalho e conquista de novos conhecimentos como profissionais da área

da saúde e principalmente, como pessoas.

54

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. MENEZES, Dalma Lúcia. O bairro Rio Vermelho: Um espaço em transformação.

2004. 180 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Centro Tecnológico,

Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de pós-graduação em Engenharia

Civil.

2. OLIVEIRA, Lisete Terezinha Assen de; SAWAYA, Sylvio Barros. UNIVERSIDADE

DE SÃO PAULO Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Rio Vermelho no seu vir-a-ser

cidade. Estudo da dinâmica da organização espacial. 1992. 2t. Dissertação (Mestrado)

- Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

3. Manual de Rotulagem <http://www.anvisa.gov.br/rotulo/manual_industria.pdf>

Acesso em 04 de julho de 2011.

4. Controle da temperatura

<http://www.digifrio.pt/pt/component/content/article/15-transporte-de-produtos/77-a-

importancia-do-controlo-da-temperatura> Acesso em 17 de junho de 2011.

5. IBGE.

<http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/melhoram+as+condicoes+de+habitacao+e+a+pos

se+de+bens+duraveis/n1237771265956.html> Acesso em 04 de julho de 2011.

6. Gorduras

< http://pt.wikipedia.org/wiki/Heter%C3%B3trofos> Acesso em 04 de julho de 2011.

7. Rótulos de Alimentos

< http://www.anvisa.gov.br/alimentos/rotulos/resolucoes.htm > Acesso em 17 de junho de

2011.

<http://www.anvisa.gov.br/alimentos/rotulos/manual_consumidor.pdf> Acessado em 28

de junho de 2011.

8. MASSON, L.; ROBERT, P.; IZAURIETA, M.; ROMERO, N.; ORTIZ, J. Fat

deterioration in deep fat frying french fries potatoes at restaurant and food shop sector.

Grasas y Aceites, v. 50, n. 6, p. 460-468, 1999

9. Pontos críticos em supermercados segundo pesquisa da Vigilância Sanitária

<http://www.portalapas.org.br/IMAGENS/PDF_SVAREJO/86MAT_CAPA.pdf> Acesso

em 20 de junho de 2011.

10. Esterilização

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Esteriliza%C3%A7%C3%A3o_(materiais)> Acesso em 20

de junho de 2011.

55

11. SOUZA, M.R.P. Análise da variável escolaridade como fator determinante do

crescimento econômico. 1999. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil).

Universidade Federal do Paraná – UFPR.

12. SOAR, Claudia et al . Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares de uma escola

pública de Florianópolis, Santa Catarina. Rev. Bras. Saude Mater. Infant., Recife, v. 4, n.

4, Dec. 2004 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-

38292004000400008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 07 Jul 2011.

13. MEDEIROS, Lilian C. S. et al . Ingestão de nutrientes e estado nutricional de crianças

em dieta isenta de leite de vaca e derivados. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 80, n.

5, 2004 . Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-

75572004000600006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 06 Jul 2011.

14. NUNES, Gisele Fátima Morais et al . Modificação bioquímica da gordura do leite.

Quím. Nova, São Paulo, v. 33, n. 2, 2010 . Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-

40422010000200034&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 06 Jul 2011.

15. MALUF et. al. Contribuição ao Tema da Segurança Alimentar no Brasil. Artigo

publicado no Vol. IV / 1996 da Revista Cadernos de Debate, uma publicação do Núcleo

de Estudos e Pesquisas em Alimentação da UNICAMP, páginas 66-88. Disponível em:

<http://www.unicamp.br/nepa/arquivo_san/Contribuicao_ao_Tema_da_Seguranca_Alime

ntar_no_Brasil.pdf> Acesso em 07 de julho de 2011.

16. BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTRÖM, T.. Epidemiologia Básica. 2. ed.

Santos: Santos, 2010. 230 p.

17. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. . Departamento de

Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira : promovendo a alimentação

saudável / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, . – Brasília : Ministério da

Saúde, 2008.

56

ANEXOS

57

Anexo 1

Produtos Legibilidade

do rótulo Prazo de

validade

Informações

do SAC

(Serviço de

atendimento ao

consumidor

Informações

claras a

respeito do

conteúdo

nutricional.

Propaganda

de possíveis

benefícios

para a saúde

do

consumidor

Margarina

(Soya)

Sim Sim Sim Sim Não

Margarina Sim Sim Sim Sim 0% Trans

(Mila)

Margarina Sim Sim Sim Sim 0% de

Gordura Trans

(Doriana) 65% de

lipídios

Creme vegetal

Iogurte Piá Sim Sim Sim Sim Não

Iogurte

Holanda

Sim Sim Sim Sim Não

Iogurt

Activia

Sim Sim Sim Sim Contém

imagens que

indicam que o

produto regula

o

funcionamento

do intestino.

Danone

Massa Pena

Romanha

Sim Sim Sim Não contém

indicação de

cálcio.

Não

Massa

Orquídea

Sim Sim Sim Não contém

indicação de

cálcio.

Não

Massa Pena

Isabela

Sim Sim Sim Não contém

indicação de

cálcio

Não

Açucar

Refinado

Alto Alegre

Sim Sim Sim É simples pois é

composto por

um único

produto.

Não

Açucar

Refinado

Caravelas

Sim Sim Sim Sim. É simples

pois é composto

por um único

produto.

Não

58

Açucar

Refinado

Sim Sim Sim Sim Não

União

Açucar

Mascavo

Jasmine

Sim Sim Sim Sim “Livre de

Aditivos

Químicos”

Açucar

mascavo da

colônia

Sim Sim, porém

o prazo de

validade

está no

fecho o que

impossibilita

ser

verificado

após a

abertura.

Sim Sim “Contém sais

minerais e

vitaminas”

“100%

Natural”

Açucar

mascavo

d’Magrinha

Sim Sim Sim Sim Não

Arroz

Parboilizado

Sim Sim Sim Sim Não

Panelaço

Arroz

Parboilizado

Tio João

Sim Sim Sim Sim Não

Arroz

Parboilizado

Sim Sim Sim Sim Não

Urbano

Aipim

congelado

Tio Tonho

Sim Sim Sim Sim Não