98
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CAMPUS PROFESSORA CINOBELINA ELVAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA MESTRADO EM SOLOS E NUTRIÇÃO DE PLANTAS DINÂMICA DO CARBONO E DO NITROGÊNIO EM UM LATOSSOLO AMARELO SOB PLANTIO DIRETO E INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NO CERRADO DO PIAUÍ LILIANE PEREIRA CAMPOS BOM JESUS - PI 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CAMPUS PROFESSORA …ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/70562/1/DissLiliane.pdf · bolsista de nível superior pelo SEBRAE. Em 2003 atuou

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPUS PROFESSORA CINOBELINA ELVAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

MESTRADO EM SOLOS E NUTRIÇÃO DE PLANTAS

DINÂMICA DO CARBONO E DO NITROGÊNIO EM UM LATOSSOLO

AMARELO SOB PLANTIO DIRETO E INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NO

CERRADO DO PIAUÍ

LILIANE PEREIRA CAMPOS

BOM JESUS - PI

2010

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LILIANE PEREIRA CAMPOS

DINÂMICA DO CARBONO E DO NITROGÊNIO EM UM LATOSSOLO

AMARELO SOB PLANTIO DIRETO E INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NO

CERRADO DO PIAUÍ

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Piauí, Campus Professora

Cinobelina Elvas, para obtenção do título de

“Mestre” em Agronomia, na área de

concentração em Solos e Nutrição de Plantas.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Carvalho Leite

BOM JESUS - PI

2010

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FICHA CATALOGRÁFICA

Serviço de Processamento Técnico da Universidade Federal do Piauí

Biblioteca Setorial Campus Professora Cinobelina Elvas

C198d Campos, Liliane Pereira

Dinâmica do Carbono e do Nitrogênio em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no

Cerrado do Piauí [manuscrito] / Liliane Pereira Campos. – 2010.

98 f .: il.

Impresso por computador (printout).

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Piauí,

Campus Professora Cinobelina Elvas, Programa de Pós-

Graduação em Solos e Nutrição de Plantas, 2010.

“Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Carvalho Leite”.

1. Indicadores químicos. 2. Substâncias húmicas. 3. Lavoura-

pecuária – Integração – Cerrado do Piauí. I. Título.

CDD 631.4

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LILIANE PEREIRA CAMPOS

DINÂMICA DO CARBONO E DO NITROGÊNIO EM UM LATOSSOLO

AMARELO SOB PLANTIO DIRETO E INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NO

CERRADO DO PIAUÍ

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Piauí, Campus Professora

Cinobelina Elvas, para obtenção do título de

“Mestre” em Agronomia, na área de

concentração em Solos e Nutrição de Plantas.

APROVADA em 10 de dezembro de 2010

Profº. Dr. Júlio César Azevedo Nóbrega (CPCE/UFPI)

Pesq. Dra. Giovana Alcântara Maciel (EMBRAPA CERRADOS)

Profº. Dr. Luiz Fernando Carvalho Leite (EMBRAPA MEIO-NORTE)

(Orientador)

BOM JESUS - PI

2010

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BIOGRAFIA

Liliane Pereira Campos, nascida em 17 de outubro de 1979 na cidade de Corrente,

PI, filha de Expedito Siqueira Campos (in memorian) e Jisélia Pereira Campos, tendo

como irmãos Cristiane, Paulo e Josafá e como sobrinho Lucas é Engenheira Agrônoma

formada pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI) em 2002. Durante a graduação

prestou serviços ao Banco do Nordeste do Brasil e por desempenho foi agraciada como

bolsista de nível superior pelo SEBRAE. Em 2003 atuou como professora do Ensino

Médio no Colégio Municipal Joaquim Alexandre (JASF) em Formosa do Rio Preto-BA.

Em 2004 prestou serviço à Empresa Agropecuária de Planejamento Rural (AGROPLAN).

No ano de 2005 prestou serviços a Secretaria de Educação e Cultura do Estado do

Tocantins (SEDUC/TO) e iniciou a especialização em Solos e Nutrição de Plantas no

Agronegócio pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), concluída em 2006. Em 2008

tornou-se professora de ensino superior da UESPI e da SEDUC/PI. Em 2009 ingressou no

Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Agronomia com concentração em Solos e

Nutrição de Plantas da Universidade Federal do Piauí (UFPI), tornando-se estagiária de

Pós-Graduação em Solos da EMBRAPA Meio-Norte em 2010.

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O mais importante da vida não é a situação em que estamos,

mas a direção para a qual nos movemos.

(Oliver W. Holmes)

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DEDICO

Em especial aos meus eternos amigos e

incentivadores, Maninho e Giza, que

orgulhosamente chamo de Pai e Mãe.

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AGRADECIMENTOS

A Deus energia que me equilibra e fortalece.

A minha amada família por tudo que sou e posso ser.

A Universidade Federal do Piauí, a todo colegiado de professores e funcionários

do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Solos e Nutrição de Plantas, ao

Programa de Bolsa REUNI, a CAPES e a EMBRAPA Meio-Norte por oportunizar o

aprimoramento do meu conhecimento e formação.

Ao Dr. Luiz Fernando Carvalho Leite por sua orientação e sua contribuição para

o meu crescimento pessoal, profissional e intelectual.

A Dra. Giovana Alcântara Maciel, pela excelente parceria como co-orientadora.

Ao querido e inesquecível Prof. Dr. Júlio César Azevedo Nóbrega, ao qual

agradeço de coração por transformar as minhas dúvidas em certezas e por sua

colaboração permanente na conclusão deste trabalho, sem medir esforços, estando ao

meu lado em todos os momentos como Mestre e amigo, transmitindo conhecimento e

segurança.

Ao Zaire Adão Maggione e sua família pela cessão da área experimental e apoio

humano e material para a condução do ensaio de campo.

Aos colaboradores na execução do trabalho de campo Baginha, Domingos e ao

motorista Chirica pela disponibilidade em me auxiliar.

A Dra. Rossanna Pragana pela amizade e por gentilmente disponibilizar os dados

para compor o experimento.

A toda família EMBRAPA Meio-Norte e em especial ao laboratorista José

Afonso de Lima Abreu e as bolsistas Elisvânia Lima Brasil e Claudyanne do

Nascimento Costa pela amizade, companheirismo e auxílio no laboratório.

Aos Drs. Valdenir Queiroz e Ernandes pela boa vontade em dividir os seus

conhecimentos estatísticos.

A dona Betinha e sua querida família por me acolher em Bom Jesus.

A dona Cleta Coelho e sua extraordinária família, responsáveis por minha

estadia em Teresina.

Aos amigos que conquistei em Bom Jesus: Elza, Leonan e sua família, Daiane,

Marcimar, Borges, Gustavo, Juvenal, Valdinéia e família, Ailson “amor meu” ... e os

que conquistei em Teresina: Ana Lúcia, Patrícia, Leidinha, Bruna, Lília Melo, Sandra

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Galvão, Diego, Sérgio, Victor, Walléria, Janyelle, Duarte, Antônio Carlos, Everardo e

João Leonardo, meu carinho, minha gratidão.

A todos os colegas do Mestrado (Alessandro, Alisson, Antonieta, Cardoso, Doze,

Elza, José Luis, Larissa, Marcelo, Nerison, Waldenor Júnior) e em especial Janaira,

Nonatinho e Tetuca por acompanhar diretamente o meu dia a dia e me apoiarem

incondicionalmente nesta caminhada.

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SUMÁRIO

Página

Resumo Geral.............................................................................................................. i

General Abstract.......................................................................................................... ii

Lista de tabelas............................................................................................................ iii

Lista de figuras............................................................................................................ iv

Lista de abreviaturas e siglas....................................................................................... v

CAPÍTULO I: ............................................................................................................. 1

1. INTRODUÇÃO GERAL........................................................................................ 1

2. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 3

2.1 Importância da matéria orgânica para qualidade do solo...................................... 3

2.2 Matéria orgânica em sistema de preparo convencional e direto............................ 6

2.3 Plantio direto associado ao sistema de integração lavoura-pecuária................. 9

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 13

CAPÍTULO 2: ATRIBUTOS QUÍMICOS EM UM LATOSSOLO AMARELO

SOB PLANTIO DIRETO E INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NO

CERRADO DO PIAUÍ................................................................................................

19

Resumo........................................................................................................................ 19

Abstract........................................................................................................................ 20

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 21

2. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................... 22

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 27

4. CONCLUSÕES....................................................................................................... 35

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 36

CAPÍTULO 3: FRAÇÕES E SEQUESTRO DE CARBONO EM UM

LATOSSOLO AMARELO SOB PLANTIO DIRETO E INTEGRAÇÃO

LAVOURA-PECUÁRIA NO CERRADO DO PIAUÍ...............................................

39

Resumo........................................................................................................................ 39

Abstract........................................................................................................................ 40

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 41

2. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................... 43

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 50

4. CONCLUSÕES....................................................................................................... 64

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 64

CAPÍTULO 4: CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................. 69

ANEXOS..................................................................................................................... 71

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RESUMO GERAL

CAMPOS, LILIANE PEREIRA. Dinâmica do carbono e do nitrogênio em um

Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do

Piauí. 2010. 98p. Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas) –

Universidade Federal do Piauí, PI1.

A interação entre a matéria orgânica do solo (MOS) e os diferentes sistemas de

manejo adotados no Cerrado brasileiro tem sido objeto de estudo por toda a comunidade

científica na busca de identificar o manejo adequado do solo a partir do monitoramento

das frações lábeis e estáveis da MOS e sua contribuição para a qualidade do solo (QS) e

o seqüestro de CO2 calcados na manutenção da MOS. Considerando-se o sistema

integração lavoura-pecuária (SILP) como sendo o mais recomendado tanto na

manutenção da MOS quanto na QS, dois estudos sobre este sistema foram conduzidos

objetivando: i) avaliar os atributos químicos em um Latossolo Amarelo sob plantio

direto (PD) e integração lavoura-pecuária no Cerrado do Piauí e; ii) avaliar as frações e

o seqüestro de carbono em um Latossolo Amarelo sob PD e integração lavoura-pecuária

no Cerrado do Piauí. Foram avaliados quatro diferentes sistemas de manejo do solo,

além de uma área de Cerrado nativo usada como referência: Cerrado nativo sem uso

agrícola (CN); plantio convencional, com três anos (PC3); plantio direto, com três e

cinco anos (PD3 e PD5, respectivamente) e sistema integração lavoura-pecuária, com

dois anos (SILP). As amostras do solo foram coletadas em dois períodos (chuvoso e

seco) e quatro profundidades (0,00-0,05 m, 0,05-0,10 m, 0,10-0,20 m e 0,20-0,40 m),

para determinação dos atributos químicos e das frações da MOS. Para os atributos

químicos e as frações da MOS o CN apresentou maior teor de carbono orgânico total

(COT) na superfície do solo, com melhor distribuição no perfil do solo observada nos

sistemas PD5 e SILP. O SILP apresentou os melhores resultados até a camada de 0,20

m entre os períodos chuvoso e seco para os atributos; Ca2+

, K+, soma de bases (S),

exceto Mg2+

, com resultados satisfatórios na distribuição e disponibilidade do P, na

melhor redução dos componentes da acidez do solo, no aumento da capacidade de troca

de cátions (CTC) e na saturação de bases (V). Para as frações da MOS, o PD5 seguido

do SILP obteve valores superiores com estabilidade no perfil do solo para nitrogênio

total, estoque de COT, estoque de nitrogênio total, Carbono Lábil, além das substâncias

húmicas e taxas de seqüestro de C-CO2, sendo percebido para o SILP maior capacidade

de estocar C no solo no período crítico.

Palavras-Chave: indicadores químicos, substâncias húmicas; C sazonal; sequestro de

CO2.

________________________

1Orientador: Luiz Fernando Carvalho Leite – EMBRAPA MEIO-NORTE/Teresina &

Co-orientadora: Giovana Alcântara Maciel – EMBRAPA CERRADOS/Brasília.

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GENERAL ABSTRACT

CAMPOS, LILIANE PEREIRA. Dynamics of carbon and nitrogen of Yellow Oxisol

under no-tillage and integration crop-livestock in the Cerrado of Piauí state. 2010.

98p. Dissertation (Masters in Soil and Plant Nutrition) – Federal University of Piauí. PI

2.

The interaction between soil organic matter (SOM) and the different

management systems adopted in the brazilian Cerrado has been studied by the entire

scientific community in order to identify the appropriate management of soil from the

monitoring of labile and stable SOM and its contribution to soil quality (SQ) and

sequestration of CO2 in the maintenance of footwear SOM. Considering the integration

crop-livestock system (ICLS) as the most recommended in the maintenance of both

SOM and in the SQ, two studies were conducted on this system aiming to: i) evaluate

the chemical properties of Yellow Oxisol under no-tillage (NT) and integration crop-

livestock in the Cerrado of Piauí state and; ii) evaluate carbon sequestration and

fractions of Yellow Oxisol under NT and integration crop-livestock in the Cerrado of

Piauí state. We evaluated four different systems of soil management, and an space used

as a reference native Cerrado: native Cerrado without agricultural use (NC);

conventional tillage, with three years (CT3); no-tillage with three and five years (NT3

and NT5, respectively) and integration crop-livestock system, with two years (ICLS).

Soil samples were collected in two seasons (wet and dry) and four depths (0,00-0,05 m,

0,05-0,10 m, 0,10-0,20 m and 0,20-0,40 m), for determination of chemical properties

and SOM fractions. For the chemical and the SOM fractions the NC showed higher

contents of total organic carbon (TOC) in surface soil, with better distribution in the soil

profile observed in the systems and NT5, ICLS. The ICLS showed the best results to the

layer of 0,20 m between periods rainy and dry for all attributes; Ca2+

, K+, sun of basis

(S), except Mg2+

, with results satisfactory in the distribution and availability of P, the

best reduction of the components of soil acidity, increasing the CTC and the basis

saturation (V). For the fractions of SOM followed by the NT5 and ICLS higher values

obtained with stability in the soil profile to total nitrogen, TOC, total nitrogen stock,

labile carbon, in addition to humic substances and sequestration rates C-CO2, being

perceived to ICLS greater capacity to store soil C in the critical period.

Key words: chemical indicators, humic substances; C seasonal; CO2 sequestration.

________________________

2Adviser: Luiz Fernando Carvalho Leite – EMBRAPA MEIO-NORTE/Teresina &

Co-adviser: Giovana Alcântara Maciel – EMBRAPA CERRADOS/Brasília.

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1

LISTA DE TABELAS

Capítulo 1

Tabela 1. Principais processos que envolvem a matéria orgânica do solo (MOS) e seus

efeitos no solo.................................................................................................................. 4

Tabela 2. Síntese dos ganhos do sistema plantio direto (PD) em comparação aos

sistemas convencionais................................................................................................... 7

Tabela 3. Principais alternativas entre os sistemas e o método adotado para integração

lavoura-pecuária............................................................................................................. 11

Capítulo 2

Tabela 1. Histórico de uso e manejo da área de estudo em um Latossolo-Amarelo da

região do Cerrado no sudoeste piauiense....................................................................... 25

Tabela 2. Teores de carbono orgânico total (COT) e fósforo (P) em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária em dois períodos de coleta

(chuvoso e seco) e quatro profundidades ..................................................................... 28

Tabela 3. Teores de cálcio (Ca2+

), magnésio (Mg2+

), potássio (K+) e soma de bases (S)

em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária, dois

períodos de coleta (chuvoso e seco) e quatro profundidades........................................ 30

Tabela 4. Valores de pH em água (1:2,5), alumínio (Al3+

), hidrogênio+Alumínio (H+Al)

e porcentagem de saturação por alumínio (m) em um Latossolo Amarelo sob plantio

direto e integração lavoura-pecuária, dois períodos de coleta (chuvoso e seco) e quatro

profundidades ................................................................................................................ 32

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2

Tabela 5. Valores da capacidade de troca catiônica efetiva (t), potencial (T) e

porcentagem de saturação por bases (V) em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e

integração lavoura-pecuária, dois períodos de coleta (chuvoso e seco) e quatro

profundidades ............................................................................................................... 35

Capítulo 3

Tabela 1. Histórico de uso e manejo da área de estudo em um Latossolo-Amarelo da

região do Cerrado no sudoeste piauiense...................................................................... 46

Tabela 2. Teores de carbono orgânico total (COT), nitrogênio total (NT) e relação

carbono/nitrogênio (C/N) em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração

lavoura-pecuária, dois períodos de coleta (chuvoso e seco) e quatro

profundidades............................................................................................................... 51

Tabela 3. Valores de estoque de carbono (Est. COT), estoque de nitrogênio (Est. NT) e

taxas de emissão e de seqüestro de carbono (C-CO2) em um Latossolo Amarelo sob

plantio direto e integração lavoura-pecuária, dois períodos de coleta (chuvoso e seco) e

quatro profundidades.................................................................................................... 54

Tabela 4. Teores de C lábil (CL) e não lábil (CNL), carbono orgânico total (COT),

índice de compartimento de carbono (ICC), labilidade de carbono (L), índice de

labilidade (IL) e índice de manejo de carbono (IMC) em um Latossolo Amarelo sob

plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do Sudoeste Piauiense (Período

Chuvoso)....................................................................................................................... 57

Tabela 5. Teores de C lábil (CL) e não lábil (CNL), Carbono orgânico total (COT),

índice de compartimento de carbono (ICC), labilidade de carbono (L), índice de

labilidade (IL) e índice de manejo de carbono (IMC) em um Latossolo Amarelo sob

plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do Sudoeste Piauiense (Período

seco).............................................................................................................................. 59

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3

Tabela 6. Teores das frações ácidos fúlvicos (FAF), frações ácidos húmicos (FAH),

frações huminas (FHUM), relação entre ácidos húmicos e fúlvicos (FAH/FAF) e relação

entre o extrato alcalino (EA) e humina (EA/FHUM) em um Latossolo Amarelo sob

plantio direto e integração lavoura-pecuária, dois períodos de coleta (chuvoso e seco) e

quatro profundidades.................................................................................................... 60

Tabela 7. Teores de carbono orgânico total (COT), carbono humificado (CH), índice de

humificação (IH) em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-

pecuária, dois períodos de coleta (chuvoso e seco) e quatro

profundidades............................................................................................................... 63

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4

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 2

Figura 1. Localização geral (a) e local da área experimental (b).................................. 22

Figura 2. Mapa de reconhecimento de solos do município de Bom Jesus-PI................ 23

Figura 3. Aspecto geral dos diferentes sistemas de manejo adotados no Cerrado do Piauí.

Imagens A, B, C, D, E e F, ilustram o período Chuvoso; Imagens F, G, H, I e J, ilustram

o período Seco................................................................................................................. 24

Figura 4 e 5. Dados climáticos do município de Bom Jesus-PI no ano 2009................ 26

Capítulo 3

Figura 1. Localização geral (a) e local da área experimental (b).................................. 43

Figura 2. Mapa de reconhecimento de solos do município de Bom Jesus-PI................. 44

Figura 3. Aspecto geral dos diferentes sistemas de manejo adotados no Cerrado do Piauí.

Imagens A, B, C, D, E e F, ilustram o período Chuvoso; Imagens F, G, H, I e J, ilustram

o período Seco................................................................................................................. 45

Figura 4 e 5. Dados climáticos do município de Bom Jesus-PI no ano 2009................. 47

Figura 6. Amostra indeformada da coleta da densidade do solo (Ds) em Latossolo

Amarelo sob Cerrado no Piauí........................................................................................ 48

Figuras 7 e 8. Estoques de C em diferentes sistemas de manejo para os períodos

chuvoso e seco nas profundidades de 0,00-0,20 m e 0,20-0,40 m em Latossolo Amarelo

no Cerrado do Piauí....................................................................................................... 55

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5

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

Al3+

- Alumínio

ASSISTAT – programa de assistência estatística

C – Carbono

Ca2+

- Cálcio

C-CO2 – taxa de dióxido de carbono

CL – carbono lábil

cm – centímetro

cmolc - concentração molar

CN – Cerrado nativo

CNL – carbono não lábil

CO2 – dióxido de carbono

COT – carbono orgânico total

CTC – capacidade de troca catiônica

dm-3

- decímetro cúbico

Ds – densidade do solo

e – espessura da camada do solo

EA – extrato alcalino

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Est C – estoque de carbono

Est N – estoque de nitrogênio

FAF – fração ácido fúlvico

FAH – fração ácido húmico

FHUM – fração humina

FUNDACEP – Fundação Centro de Experimentação e Pesquisa Fecotrigo

g – grama

H+Al – acidez potencial

H2SO4 – ácido sulfúrico

ha – hectare

IH – índice de humificação

IL – índice de labilidade

ILP – integração lavoura-pecuária

IMC – índice de manejo de carbono

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia

K+ - Potássio

KCl – cloreto de potássio

Kg – quilograma

KMnO4 – permaganato de potássio

m – saturação por Al3+

MAP – monoamônio fosfato

MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

Mg – meca grama

mg – miligrama

Mg2+

- Magnésio

ml - mililitro

mm – milímetro

MOP – matéria orgânica particulada

MOS – matéria orgânica do solo

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6

N – Nitrogênio

NaOH – hidróxido de sódio

NT – nitrogênio total

P – Fósforo

PC3 – plantio convencional com três anos

PD – plantio direto

PD3 – plantio direto com três anos

PD5 – plantio direto com cinco anos

Pg – pentagrama

pH – potencial hidrogeniônico

QS – qualidade do solo

S – soma de bases

SH – substâncias húmicas

SILP – sistema integração lavoura-pecuária

SUDENE – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

T – capacidade do solo em reter cátions a pH 7,0

t – capacidade do solo em reter cátions a pH natural

TFSA – terra fina seca ao ar

USDA – United States Department of Agriculture

V – percentagem de saturação de bases

µm – micrômetro

% - por cento

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1

CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO GERAL

O impacto das ações do homem no meio ambiente, provocado pelo uso

inadequado do solo, tem se constituído em fator de degradação de grandes áreas no

nosso planeta, promovendo sérios danos nas propriedades físicas, químicas e biológicas

do solo, com a interferência direta na produção de alimentos. Nas últimas três décadas,

tem sido observado grande aumento das atividades agrícolas em áreas do Cerrado, com

intensa substituição da vegetação nativa por áreas cultivadas, especialmente para

produção de alimentos, fibra e energia (Ferreira et al., 2007).

O Piauí é o 11º Estado mais importante na produção de grãos do Brasil e o

terceiro do Nordeste na região do Cerrado, ocupando uma área de quase 12 milhões de

hectares, o que corresponde a 46% da área do Estado, 5,9% do Cerrado brasileiro e

36,9% do Cerrado nordestino. Estima-se que 10% desse bioma estejam sendo ocupados

e utilizados com projetos agropecuários, principalmente com monocultivo de soja

(Aguiar & Monteiro, 2005). A diferença das condições edafoclimáticas do Cerrado

piauiense para o de Mato Grosso ou de Goiás, é que no Estado nordestino há uma

insolação maior, o que gera uma soja com cerca de 15% mais de óleo, sendo o Cerrado

local considerado um dos melhores para grãos (Mittmann, 2004 citado por Campos,

2006).

No entanto, a exploração agrícola do Cerrado piauiense vem sendo alicerçados

pelo cultivo de sistemas de produção caracterizados pelo uso intensivo do solo com

aplicação constante de corretivos, fertilizantes, defensivos agrícolas e revolvimento

freqüente, através de práticas de aração e gradagem (Aguiar & Monteiro, 2005). Com

isso, as perdas de solo e água por erosão e a degradação da qualidade do solo (QS) são

motivos de preocupação, porque coloca em risco a sustentabilidade da exploração

agrícola na região.

Nesse sentido, a adoção de sistemas de manejo do solo considerados

conservacionistas, como o cultivo mínimo e o plantio direto (PD), tem sido uma

alternativa viável para assegurar a sustentabilidade do uso agrícola, principalmente em

Latossolos, considerados ácidos e com baixa fertilidade natural. Porém, em decorrência

dos vários benefícios que este sistema traz para a QS, destaca-se a manutenção da

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matéria orgânica do solo (MOS) como sendo o requisito primordial para consolidação

destes sistemas.

A MOS representa o principal compartimento de carbono (C) na biosfera e a sua

manutenção tem sido um desafio para toda a comunidade científica, principalmente em

regiões de clima tropical, onde o processo de decomposição é bastante acelerado em

função do clima. Contudo, vale destacar que decréscimos nos estoques de C no solo

podem levar alterações significativas nos teores de dióxido de carbono (CO2) na

atmosfera, favorecendo assim o aumento do efeito estufa.

Para conhecer a MOS no ambiente e seus efeitos sobre as propriedades do solo,

faz-se necessário entender a sua dinâmica. Esta dinâmica é resultante da interação de

grande número de fatores que determinam o fluxo de entrada e saída da MOS e

governam o tamanho de cada compartimento. Fatores tais como: clima (principalmente

umidade e temperatura), composição do material vegetal (teor de lignina, polifenóis,

relação C/N/P/S), além de características inerentes ao solo (textura, mineralogia,

fertilidade, topografia, microbiota), e o sistema de manejo adotado, irão influenciar, de

forma diferenciada, os compartimentos em questão, determinando o tamanho de cada

um deles e sua permanência no solo (Silva & Mendonça, 2007).

Estudos têm revelado que somente a manutenção da palhada formada a partir do

milheto utilizada como cobertura no sistema PD não tem sido suficiente para diminuir a

oxidação do C no solo por altas temperaturas e altas taxas de umidade no Cerrado do

Piauí. Há na realidade a necessidade de incorporar culturas de cobertura adaptadas as

condições edafoclimáticas da região, com elevado aporte de resíduos, que aumentem a

entrada de C no solo e outras com a função de inserir nitrogênio (N). De forma

complementar, uma alternativa promissora para o Cerrado brasileiro e

especificadamente do Meio-Norte, é a integração lavoura-pecuária (ILP), que assegura

elevado aporte de resíduo e elevada taxa de acúmulo de MOS (Leite & Galvão, 2008).

Diante deste contexto, verifica-se a necessidade de compreender quais dos

sistemas de manejo adotados no Cerrado do Piauí melhoram a QS e do ambiente através

da manutenção da MOS, considerando a inexistência de pesquisa na região do Cerrado

do Meio-Norte, que associe o PD à ILP.

Desse modo o objetivo geral do presente estudo é gerar informações que possam

subsidiar o conhecimento sobre a dinâmica do C total e de seus compartimentos além

do N em sistema ILP em região de Cerrado do Piauí e correlacioná-las às questões do

seqüestro de C atmosférico e a melhoria da fertilidade e QS.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Importância da matéria orgânica para qualidade do solo

O avanço das reflexões sobre a qualidade do solo (QS) conduziu ao pensamento

atual da comunidade científica, que o United States Departement of Agriculture

(USDA-NRCS) divulga em sua homepage: "A maneira mais prática para aumentar a

QS é promover o melhor manejo da matéria orgânica do solo (MOS)" (USDA-NRCS,

2010).

Além de desempenhar importantes efeitos no solo, os quais refletem em sua

capacidade de funcionar dentro dos limites do ecossistema para sustentar a

produtividade biológica, manter a qualidade ambiental e promover a saúde de plantas e

animais (Araújo et al., 2008), a MOS juntamente com o solo desempenham importante

papel no ambiente global, uma vez que participa do ciclo do carbono (C) na terra e por

este motivo, tem atraído grande interesse devido ao fenômeno do aquecimento global e

a perspectiva de se utilizar o solo como reservatório do dióxido de carbono (CO2)

liberado à atmosfera pela atividade humana, através da conversão de área sob vegetação

natural em sistemas agrícolas (Cerri & Cerri, 2007).

De acordo Galvão et al. (2005), a sustentabilidade de um sistema agrícola

dificilmente poderá ser avaliada pelo acompanhamento, no tempo, de um único atributo

do solo, entretanto, o teor de MOS é o atributo que melhor indica as mudanças na QS,

pois está intimamente associada às propriedades físicas, químicas e biológicas, além de

sua participação na ciclagem de nutrientes, no controle da umidade, temperatura,

infiltração, erosão e atividade biológica (Tabela 1). Apesar de está associada às

propriedades do solo, a MOS é bastante sensível aos fatores de formação do solo

(material de origem, clima, organismos, relevo e tempo) além das mudanças nas

práticas de manejo que irão determinar o teor, a qualidade e a quantidade da MOS e dos

estoques de C no solo (Fraga & Salcebo, 2004; Beg & Laskowski, 2006; Zhongkui et

al., 2010). Entretanto, elevadas taxas de decomposição da MOS em regiões tropicais são

contrabalanceadas pelas maiores taxas de resíduos vegetais que retornam ao solo,

porém, o tempo de permanência desses resíduos pode variar bastante em relação às

regiões temperadas (Leite & Galvão, 2008).

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Tabela 1. Principais processos que envolvem a MOS e seus efeitos no solo (Adaptado

de Baldock & Nelson, 2000).

Atributos Processo Efeito no solo

QUÍMICOS

Mineralização de nutrientes

Troca de cátions

Poder tampão

Reação com metais

- Fertilidade dos solos e

necessidade de adubação;

- Disponibilidade de

nutrientes para as plantas;

- Acidez do solo e

necessidade de calagem

(calcário);

- Disponibilidade de

micronutrientes e elementos

tóxicos.

FÍSICOS

Estruturação do solo

Retenção de água

Cor do solo

- Agregação, aeração,

infiltração de água no solo;

- Disponibilidade de água

para as plantas;

- Aquecimento do solo.

BIOLÓGICOS

Fonte de energia e nutrientes

para os microrganismos

Atividade enzimática

Desenvolvimento de plantas

- Atividade biológica, taxas

de decomposição e

mineralização;

- Estimulação ou inibição de

enzimas extracelulares;

- Estimulação ou inibição

pela produção de

fitohormônios ou de

compostos orgânicos tóxicos.

Os materiais orgânicos que entram no solo, advindos do ambiente, das rotas de

decomposição e das interações dos compostos orgânicos com a fração mineral, resultam

na formação de uma MOS heterogênea e que dada a sua complexidade e dinamismo foi

dividida em matéria orgânica viva (fração ativa ou lábil) e não vivente (fração estável

ou substâncias húmicas) (Silva & Mendonça, 2007). A matéria orgânica viva

corresponde ao material orgânico associado às células de organismos vivos que se

encontra temporariamente imobilizado (dreno), mais que apresenta potencial de

mineralização e raramente ultrapassa 4% do carbono orgânico total (COT) e pode ser

dividida em três compartimentos: raízes (5-10%), macrorganismos ou fauna do solo

(15-30%) e microrganismos (60-80%). A MOS não-vivente contribui, em média, com

98% do C no solo em formas orgânicas, podendo ser subdividida em matéria

macrorgânica (3-20%) e húmus, sendo 70% deste compartimento composto por

substâncias húmicas representadas pelos ácidos húmicos, ácidos fúlvicos e huminas e

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30% composto por substâncias não húmicas representadas pelos ácidos orgânicos de

baixo peso molecular conhecidos como biomoléculas (Machado, 2005).

A quantidade de MOS e a proporção das frações húmicas tem servido como

indicadores de QS, em razão da forte interação das substâncias húmicas com o material

mineral e o manejo do solo (Fontana et al., 2006). Por sua vez, as biomoléculas (ácidos

orgânicos simples, aminoácidos, carboidratos, lignina etc.) também são investigadas,

devido à influência nas reações ácido-base, na complexação de metais e na agregação

das partículas do solo (Moreira & Siqueira, 2006). Porém, há uma tendência

preferencial dentre os indicadores como sendo os biológicos os responsáveis pelas

grandes transformações físicas e químicas no solo porque refletem os processos e as

transformações que estão intimamente relacionados às funções que o solo necessita

exercer para ser considerado de qualidade (Monokrousos et al., 2006; Araújo et al.,

2008; Vezzani & Mielniczuk, 2009).

Definir um bom indicador de QS a partir da MOS tem sido objeto de estudo por

pesquisadores de várias regiões do planeta (Vezzani & Mielniczuk, 2009), destacando a

matéria orgânica particulada (MOP) como sendo o indicador mais sensível para

diferenciar QS, tanto em culturas anuais (Liebig et al., 2004) como em culturas perenes

(Koutika et al., 2005). No Brasil, alguns autores também pesquisaram sobre qual

componente da MOS é o melhor indicador para as diferentes condições ambientais do

País e concluíram que carbono da fração leve e carbono lábil (Leite et al., 2003), C e

nitrogênio (N) da fração < 53 µm (Conceição et al., 2005), C e N da biomassa

microbiana e da fração leve (Xavier et al., 2006) e labilidade da MOS por meio do

fracionamento físico (Vieira et al., 2007), são os mais indicados. Porém, vale ressaltar

que a grande discussão da ciência do solo, que relaciona QS e MOS, é quanto à

capacidade dos solos de sequestrar CO2 da atmosfera a partir de práticas

conservacionistas de manejo do solo (Bayer et al., 2000a, b; Amado et al., 2001; Lal,

2005, Zanatta et al., 2007; Zhongkui et al., 2010).

Dentro deste contexto o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

destaca que a manutenção da MOS a partir de sistemas de manejo que favoreçam o

preparo do solo reduzido com o uso de plantas de cobertura, o pastoreio prescrito e a

rotação de culturas que aumente a biomassa do solo, podem melhorar não só a

produtividade, mais a qualidade ambiental do solo, da água e do ar, podendo reduzir os

custos financeiros e o impacto de fenômenos naturais, como seca, alagamento e

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doenças. Além disso, aumentar os teores de MOS pode mitigar as concentrações de CO2

atmosférico, o que contribui para as mudanças climáticas globais (USDA-NRCS, 2010).

2.2 Matéria orgânica em sistema de preparo convencional e direto

A maior parte dos conhecimentos e técnicas relativas ao manejo da fertilidade e

QS, principalmente em regiões tropicais, foi desenvolvida pela pesquisa em sistemas

agrícolas convencionais, que envolvem o revolvimento freqüente da camada superficial

do solo (camada arável) (Goedert & Oliveira, 2007). O cultivo convencional afeta

significativamente o conteúdo de C nos solos agrícolas contribuindo com a emissão de

CO2 para a atmosfera (Bunemann et al., 2008). O preparo do solo interrompe a

agregação das partículas e incorpora a MOS disponibilizando nutriente e energia para o

crescimento microbiano que estimula a decomposição do C, provocando declínio do

mesmo no solo (Mikha & Rice, 2004; Bronick & Lal, 2005).

Estudos realizados por Dalal & Chan (2001) em áreas sob produção agrícola de

grãos no território nacional demonstraram que mais de 60% da MOS foi perdida na

camada superficial de 0,10 m após 50 anos de cultivo e colheita sob preparo

convencional, onde os mesmos estimaram que a emissão de CO2 nestas áreas poderia

ser reduzida em mais 1,04 Pg após 20 anos de adoção do plantio direto (PD). A redução

é duas vezes mais que a emissão total anual atual de CO2 para o conjunto da Austrália

(Zhongkui et al., 2010).

O preparo convencional do solo não apenas afeta a produção e manutenção da

MOS como também aumenta o risco de erosão pela água ou vento. Isto pode ser

causado pela diminuição de resíduos sobre a superfície do solo, diminuindo a proteção

contra o impacto das gotas de chuva, pela redução na quantidade de fonte de energia

para certos organismos do solo como as térmitas, diminuindo significativamente suas

populações e impedindo que estes contribuam para a melhoria da porosidade e aeração

do solo e pela destruição dos agregados do solo e canais que conectam a superfície ao

subsolo incrementando assim o processo erosivo (Bot & Benites, 2005).

Ao contrário do cultivo convencional o sistema PD ou semeadura na palha pode

ser conceituado como um sistema de cultivo baseado na semeadura em solo não

revolvido e protegido por resíduos vegetais, no qual as sementes ou mudas são

colocados em sulcos ou covas (Goedert & Oliveira 2007). O sucesso do PD decorre

especialmente do acúmulo de palhada, propiciado pelas culturas de cobertura e restos

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culturais de lavouras comerciais, possibilitando a criação de um ambiente favorável à

recuperação e à manutenção da QS (Kliemann et al., 2006).

Quando comparado com sistema convencional de preparo e cultivo, o PD tem

mostrado avanços significativos em termos econômicos, sociais e ambientais (Tabela

2). Porém, a viabilidade técnica e econômica do sistema PD deve ser visto como um

sistema de produção que abrange um complexo ordenado de práticas agrícolas inter-

relacionadas e interdependentes, que incluem o não revolvimento do solo, a rotação de

culturas, o uso de plantas de cobertura para formar e manter a palhada sobre o solo

(Muzzili, 2000).

Tabela 2. Síntese dos ganhos do sistema PD em comparação aos sistemas

convencionais (adaptado de Landers, 2002).

Ganho Até %

Redução de perdas de solo por erosão

Redução do uso de mão-de-obra por unidade de área

Redução de consumo de combustível

Redução da demanda de calcário e fosfatos

Redução de água e energia em áreas irrigadas

Redução do custo geral de produção

90

50

60

25

30

30

A ausência do revolvimento e adição de resíduos das culturas provoca um fluxo

continuo de C no solo, alimentando os seus diferentes compartimentos (ativo e lento) e

os processos de (re) agregação do solo, originando estrutura mais estável. Nesse

processo, ocorre aumento da atividade biológica, com a manutenção de sua diversidade,

aumentando o teor de MOS, a ciclagem e armazenamento de nutrientes, com a

manutenção do ciclo hidrológico e crescimento da capacidade produtiva do solo.

Embora ocorra ocasionalmente a compactação superficial do solo pelo tráfego de

máquinas e animais, os efeitos da utilização continuada desse sistema de manejo de solo

nas características físicas, químicas e biológicas são muito favoráveis à produtividade

dos agrossistemas. O acúmulo de MOS nesse sistema torna o solo um importante dreno

de CO2 da atmosfera e contribui para a mitigação do efeito desse gás no aquecimento

global (Sá et al., 2001, 2004).

A dinâmica da MOS no solo com o tempo de adoção do sistema PD, com ênfase

no rearranjo das partículas e microagregados em macroagregados em nova formação

estrutural, foi caracterizada por Sá et al. (2004). Nos primeiros cinco anos de adoção

(fase inicial), apesar de apresentar baixo teor de MOS, baixo acúmulo de palhada e alta

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exigência de N (imobilização >> mineralização), são observados o início do

reestabelecimento da biomassa microbiana e o rearranjo da estrutura. No período de 5-

10 anos (fase de transição), inicia-se o acúmulo da palhada na superfície e de C e

fósforo (P) orgânicos no solo, a imobilização de N aproxima-se da mineralização (I≥M)

e ocorre o processo de reagregação das partículas do solo. No período seguinte, de 10-

20 anos (fase de consolidação), continua o acúmulo de palhada e de MOS, com

respectivo aumento da capacidade de troca de cátions (CTC) e de retenção de água, com

a mineralização de N superando a imobilização (I<M) e elevada ciclagem de nutrientes.

Após 20 anos nos sistema (fase de manutenção), há um elevado acúmulo de palhada,

um fluxo contínuo de C e de N, maior ciclagem de nutrientes, menor exigência de N e

de P e maior retenção de água.

Avaliações após 22 anos de cultivo em um experimento instalado em Tibagi

(PR), em um Latossolo Vermelho distroférrico (Siqueira Neto et al., 2009), mostraram

que o tempo de adoção do PD promoveu o aumento no estoque de C no solo. Para os

tratamentos com 12 anos, observou-se um estoque médio de 35,6 Mg ha-1

de C,

enquanto para os tratamentos com 22 anos o estoque médio foi de 55,0 Mg ha-1

de C,

constatando-se assim aumento de 19,4 t ha-1

de C em 10 anos de PD.

Estudos realizados por Chavez et al. (2007), em um Latossolo Vermelho

distrófico típico em experimento de longa duração (22 anos) situado na Fundação

Centro de Experimentação e Pesquisa Fecotrigo (FUNDACEP), Cruz Alta, (RS),

demostraram o potencial que o sistema PD tem em mitigar a participação agrícola nos

efluxos de CO2 do solo.

Resultados encontrados por Bayer et al. (2006) em dois Latossolos

representativos do Cerrado brasileiro com diferentes teores de argila (350 e 650 g argila

kg-1

), demonstraram que quando comparado ao solo sob preparo convencional, o

estoque de C em PD no Latossolo com menor teor de argila aumentou 2,4 Mg ha-1

de C

com taxa de seqüestro de C = 0,30 Mg ha-1

ano-1

e no Latossolo com maior teor de

argila houve um aumento de 3,0 Mg ha-1

de C com taxa de seqüestro de C = 0,60 Mg

ha-1

ano-1

, sugerindo uma maior estabilidade física da MOS associada com minerais de

argila no Latossolo argiloso.

Em um Latossolo Amarelo distrófico do Cerrado maranhense, Azevedo et al.

(2007) verificaram, na camada de 0-5 cm, maior estoque de COT em solo sob PD do

que naqueles sob PC (com grade) e reduzido (com escarificador) com superioridade do

PD apenas na camada superficial. Resultados semelhantes foram encontrados por

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Matias et al. (2009) no Cerrado piauiense, os quais demonstraram que o maior acúmulo

de COT é restrito as camadas superficiais sem efeito significativo do PD no perfil do

solo.

Apesar dos benefícios do PD e dos diversos trabalhos reportando aumento

significativo dos teores de MOS quando comparados com os convencionais, não tem

sido observada, em outros estudos, nenhuma diferença significativa entre os tipos de

preparo. Isso tem sido atribuído às diferentes condições experimentais e o que se

convenciona denominar de PD. Além dos trabalhos serem avaliados em sistemas com

diferentes tempos de adoção, sua localização também influencia devido às diferenças

climáticas, com resultados mais favoráveis no Sul do Brasil em que as taxas de

decomposição são menores do que nas áreas tropicais do Cerrado e Amazônia (Roscoe

et al., 2006).

No Cerrado do PI e MA as altas temperaturas e altas taxas de umidade relativa

têm favorecido a decomposição rápida do milheto o que tem indicado a necessidade de

se testar outras culturas de cobertura, como a Brachiaria brizanta. De acordo com Leite

& Galvão (2008), há a necessidade de se incorporar culturas de cobertura com elevado

aporte de resíduos, que aumentem as entradas de C no solo e outras com a função de

inserir N no sistema (leguminosas), sendo tais culturas adaptadas as condições

endafoclimáticas da região. De forma complementar, uma alternativa promissora para o

Cerrado brasileiro e especificamente do Meio-Norte, é a Integração Lavoura-Pecuária

(ILP), que assegura elevado aporte de resíduo e elevada taxa de acúmulo de MOS.

2.3 Plantio direto associado ao sistema de integração lavoura-pecuária

A ILP se caracteriza por um sistema de produção que integra atividades

agrícolas e pecuárias na mesma área, de forma consorciada e, ou seqüencial (Balbinot

Júnior et al., 2009). A associação do PD ao sistema ILP resulta num sistema em que os

benefícios aportados pelo PD, tais como a conservação estrutural do solo e o aumento

MOS entre outras, são potencializados pela introdução de espécies forrageiras

(Carvalho & Moraes, 2007).

As vantagens deste sistema para a QS são ainda pouco conhecidas, tendo em

vista serem as pesquisas muito recentes no Brasil (Goedert & Oliveira, 2007). A ILP foi

desenvolvida inicialmente para suprir de forragem o rebanho em períodos críticos

através de suplementação alimentar e para recuperar as pastagens degradadas com o uso

de corretivos e adubos custeados pela agricultura (Kluthcouski et al., 2003). Por sua

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vez, a rotação de pastagem com lavoura, viabilizada pela rapidez e menor custo

financeiro do PD da cultura sobre a pastagem, apresenta-se como uma importante

alternativa para a produção de massa vegetal e correção das deficiências físicas e

químicas do solo, além do potencial para seqüestrar C do solo (Salton, 2005; Salton et

al., 2008).

Em regiões tropicais em que as rotações das principais culturas agrícolas em

sistema PD não acumulam biomassa suficiente para a manutenção da cobertura de

palha, a ILP é vista com grande potencial para acumular biomassa através das plantas

forrageiras e garantir a cobertura do solo, favorecendo assim a formação da MOS

(Souza et al., 2010). A manutenção de um ecossistema favorável à atividade biológica

em todos os níveis tróficos, proporcionada pelo mínimo revolvimento do solo no PD e

pela permanência constante de uma cobertura vegetal na ILP, permite inferir que a

associação destes sistemas é a forma mais sustentável em comparação aos cultivos

contínuos convencionais, e que grande parte das melhorias na QS em solos cultivados

dessa forma são conseqüências da maior atividade biológica (Marchão, 2007; Souza et

al., 2008).

Em diferentes regiões do mundo é consenso que a QS e a produtividade de

lavouras em solos preparados se recupera após um período sob utilização com pastagens

perenes de gramíneas e ou leguminosas (García-Prechác et al., 2004; Lemaire et al.,

2005; Rufino et al., 2006; Balbinot Júnior et al., 2009). A estabilidade de agregados, a

macroporosidade e a condutividade hidráulica podem aumentar rapidamente com a

inclusão de pastagens na rotação com culturas devido à combinação de três efeitos

principais: (i) ausência de preparo durante o ciclo da pastagem, (ii) por meio da

presença de um denso e fibroso sistema radicular que atua como agente agregante e (iii)

maior atividade da macrofauna do solo na fase pastagem (Marchão, 2007).

Para regiões de Cerrado, a produtividade da cultura de soja utilizando o PD

consorciado com gramíneas tem se mostrado muito produtivo devido o excelente

resultado na fixação biológica de N desta leguminosa, creditado ao estado grumoso

(formação de macroagregados) criado pelo sistema radicular fasciculado da gramínea, o

qual favorece a formação de um horizonte orgânico de resíduos vegetais de lenta

decomposição, ideal para a consolidação do PD em regiões tropicais (Agnes et al.,

2004). A palhada, oriunda da pastagem dessecada, soluciona um dos problemas da

agricultura sob PD, que é a deficiência desse “insumo” básico para o sucesso de

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qualquer programa que adota essa técnica (Zanine et al., 2006). Lustosa & Rocha (2007)

destacam três benefícios da ILP para QS e do ambiente:

Supressão de pragas, doenças e plantas daninhas;

Ciclagem de nutrientes de camadas profundas do solo para a superfície;

Incremento da MOS (com melhoria de suas propriedades químicas,

físicas e biológicas).

A ILP pode ser feita pelo consórcio, sucessão ou rotação de culturas anuais com

forrageiras, porém os objetivos da integração para cada sistema de produção também

são variados. Na atividade pecuária, abrange desde a recuperação de pastagens

degradadas à produção de forragem na entressafra. Na exploração da lavoura, objetiva-

se melhoria na conservação do solo (aumento e manutenção da MOS), otimização do

uso da água, redução na flutuação de temperatura no solo e a possibilidade de agregar

valores ao sistema (Zanine et al.; 2006; Gimenes et al., 2009). As principais alternativas

da ILP estão descritas na (Tabela 3):

Tabela 3. Principais alternativas entre os sistemas e o método adotado para integração

lavoura-pecuária (adaptado de Gimenes et al., 2009).

Sistema Método predominante

Consórcio de culturas anuais x

forrageira

Sucessão lavoura-pastagem anual

Rotação de culturas anuais com

pastagens perenes

Recuperação de pastagens com

culturas anuais

- Ex.: uso de Brachiarias (brizantha e

decumbens) plantado a lanço, consorciado com

grãos no PD, conhecidos como sistemas Santa

Fé “temporal” (faz uso de dessecantes e

reguladores de crescimento, mais indicado para

produção de grãos) ou Barreirão (mais indicado

para uso na pecuária).

- Predomina espécies anuais no período chuvoso

(milho/soja) e no seco (pastagens, sorgo

forrageiro ou milheto) com uso do sistema Santa

Fé;

- Áreas de culturas anuais e pastagens perenes

se alteram a cada dois ou três anos (uso do

sistema Barreirão);

- Recupera pastagens mal manejadas através de

um programa de adubação feito com culturas

anuais, em propriedades cuja atividade principal

é a pecuária.

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Diversos estudos empregando os sistemas Santa Fé e Barreirão, consorciados ou

não, associados ao PD estão sendo conduzidos em diferentes regiões do Brasil, cujo

parâmetro principal de avaliação está calcado na MOS e no potencial de mitigação de

CO2 para estes sistemas.

Em três experimentos de longa duração (9 e 11 anos) localizados em Mato

Grosso do Sul, Salton et al. (2008) verificaram entre os sistemas com pastagens, seja de

forma isolada ou em rotação com lavouras, um maior volume do solo, constituindo

agregados com tamanho superior a 4,76 mm, resultado este atribuído a presença de

raízes abundantes nas pastagens e ao teor de MOS.

Estudos realizados por Nicoloso et al. (2008) em um Argissolo Vermelho-

Amarelo alumínico típico do Rio Grande do Sul demonstraram que o solo sob ILP tem

potencial para ser um dreno de C atmosférico, desde que no inverno seja adotado um

intervalo de pastejo de 28 dias e evite-se a monocultura de soja no verão.

Resultados de um ensaio conduzido na EMBRAPA - Trigo, no município de

Coxilha, Estado do Rio Grande do Sul, no período de 1995 a 2003, em um Latossolo

Vermelho distrófico típico sob diferentes sistemas de produção ILP, pode ser verificado

alterações nas propriedades químicas do solo, com reflexos positivos na fertilidade, na

eficiência do uso de nutrientes pelas espécies e na maior quantidade de C acumulado no

solo, como sendo superior aos observados na floresta tropical remanescente (Santos et

al., 2009).

Balbinot Júnior et al. (2009) enfatizam que há reduzido número de pesquisas

sobre sistema ILP no Sul do Brasil, devido, em especial, à complexidade envolvida na

investigação científica desse sistema, pois há necessidade de conhecimento sobre a

interação solo-planta-animal, o que se reflete em dificuldades metodológicas. Além

disso, pesquisas sobre sistema ILP, em geral, são de longa duração e ocupam áreas

extensas. Nesse sentido, há necessidade de intensificação de pesquisas interdisciplinares

sobre esse tema, contemplando diferentes espécies forrageiras e de culturas agrícolas,

categorias animais, sistemas de pastejo e características edafoclimáticas.

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CAPÍTULO 2

ATRIBUTOS QUÍMICOS EM UM LATOSSOLO AMARELO SOB PLANTIO

DIRETO E INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NO CERRADO DO PIAUÍ

RESUMO

CAMPOS, LILIANE PEREIRA. Atributos químicos em um Latossolo Amarelo sob

plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do Piauí. 2010. 19p.

Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas) – Universidade Federal do

Piauí, PI3.

A presença de nutrientes no solo e o seu bom uso e manejo são aspectos

fundamentais que garantem a boa qualidade dos solos. O presente estudo teve por

objetivo avaliar os indicadores químicos em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e

integração lavoura-pecuária no Cerrado do Piauí. Foram avaliados quatro diferentes

sistemas de manejo do solo, além de uma área de Cerrado nativo usada como referência:

Cerrado nativo sem uso agrícola (CN); plantio convencional, com três anos (PC3);

plantio direto, com três e cinco anos (PD3 e PD5, respectivamente) e sistema integração

lavoura-pecuária, com dois anos (SILP). As amostras do solo foram coletadas em dois

períodos (chuvoso e seco) e quatro profundidades (0,00-0,05 m, 0,05-0,10 m, 0,10-0,20

m e 0,20-0,40 m), para determinação de pH, carbono orgânico total (COT), P, K+, Ca

2+

e Mg2+

, Al3+

, H+Al3+

, S, CTC potencial, CTC efetiva, saturação de base e saturação por

Al3+

. O CN apresentou maior teor de COT na superfície do solo, com melhor

distribuição no perfil do solo observada nos sistemas PD5 e SILP. O SILP apresentou

valores superiores até a camada de 0,20 m entre os períodos chuvoso e seco para as

bases do solo Ca2+

, K+, S, exceto Mg

2+, com destaque na melhor distribuição e

disponibilidade do P em todo o perfil do solo, na redução dos componentes da acidez do

solo, no aumento da CTC e na saturação de bases.

Palavras-Chave: indicadores químicos, sistema de manejo, período sazonal.

________________________

3Orientador: Luiz Fernando Carvalho Leite – EMBRAPA MEIO-NORTE/Teresina &

Co-orientadora: Giovana Alcântara Maciel – EMBRAPA CERRADOS/Brasília.

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20

ABSTRACT

CAMPOS, LILIANE PEREIRA. Chemical attributes of Yellow Oxisol under no-

tillage and integration crop-livestock in the Cerrado of Piauí state. 2010, Chap. 2,

p.19 – 38. Dissertation (Masters in Soil and Plant Nutrition) – Federal University of

Piauí. PI4.

The presence of soil nutrients and their proper use and management are crucial

to ensure good soil quality. This study aimed to evaluate the chemical indicators in an

Yellow Oxisol under no-tillage and integration crop-livestock in the Cerrado of Piauí

state. We evaluated four different systems of soil management, and an space used as a

reference native Cerrado: native Cerrado without agricultural use (NC); conventional

tillage, with three years (CT3); no-tillage with three and five years (NT3 and NT5,

respectively) and integration crop-livestock system, with two years (ICLS). Soil

samples were collected in two seasons (wet and dry) and four depths (0,00-0,05 m,

0,05-0,10 m, 0,10-0,20 m e 0,20-0,40 m) for determination of pH, total organic carbon

(TOC), P , K+, Ca

2+ and Mg

2+, Al

3+, Al + H, S, potential CTC, effective CTC, basis

saturation and saturation Al3+

. The NC had the highest amount of TOC in the soil

surface with better distribution in the soil profile observed in the systems NT5 and

ICLS. The ICLS showed higher values to the layer of 0,20 m between periods rainy and

dry for the soil basis Ca2+

, K+, S, except Mg

2+, especially in the better distribution and

availability of P in the whole soil profile in the reduction of the components of soil

acidity, increased CTC and basis saturation.

Key words: chemical indicators, management system, seasonal period.

________________________

4Adviser: Luiz Fernando Carvalho Leite – EMBRAPA MEIO-NORTE/Teresina &

Co-adviser: Giovana Alcântara Maciel – EMBRAPA CERRADOS/Brasília

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21

1. INTRODUÇÃO

A presença de nutrientes e o manejo adequado do solo são aspectos

fundamentais que garantem a melhoria da qualidade dos solos (QS), principalmente no

caso de agrossistemas em regiões de clima tropical. Portanto, práticas agrícolas que

reduzam a degradação do solo e melhorem a sustentabilidade da agricultura são

importantes para os agrossistemas tropicais e subtropicais (Balota et al., 2004).

Apesar do elevado nível tecnológico empregado na maioria das lavouras que

adotam a agricultura de precisão, a predominância do monocultivo associado a práticas

culturais inadequadas (p. ex., excesso de mobilização do solo), tem comprometido o

crescimento da produtividade e resultado em degradação do solo e do ambiente. O

desenvolvimento de estudos que contemplem a dinâmica de nutrientes relacionada em

solos sob Cerrado, bem como o manejo da fertilidade com o crescimento e

desenvolvimento de plantas pode otimizar o uso dos insumos, fertilizantes e corretivos,

tornando o sistema de cultivo ambientalmente sustentável (Goedert & Oliveira, 2007).

Dentre as melhorias constatadas na fertilidade do solo, por meio de sistemas de

manejo adotados no Cerrado que contemplam o não revolvimento do solo, destaca-se o

sistema plantio direto (PD). Este sistema se caracteriza pela formação de um ambiente

orgânico o qual favorece a preservação da umidade e fertilidade do solo, facilitando a

difusão do fósforo (P) na solução do solo e sua absorção pelas plantas, além de liberar

ácidos orgânicos solúveis em água, capazes de complexar o alumínio trocável (Al3+

),

mobilizar o cálcio (Ca2+

) e o magnésio (Mg2+

) ao longo do perfil do solo e de reter o

potássio (K+) evitando sua perda por lixiviação (Freiria et al., 2008; Tracy & Zhang,

2008; Santos et al., 2009).

Para o total sucesso na implantação do PD em regiões tropicais é necessário a

rotação de culturas entre gramíneas e leguminosas, uma vez que as espécies vegetais

diferem entre si no que se refere à morfologia, à quantidade e à qualidade de resíduos

remanescentes da colheita, à eficiência de absorção de íons e à exploração de diferentes

profundidades de solo pelo sistema radical (Santos et al., 2009). O PD associado à

integração lavoura-pecuária (ILP) além de favorecer a estrutura físico-química do solo

com maior ciclagem de nutrientes, também favorece a supressão de doenças (Santos &

Reis, 2001), e devido a grande quantidade de material orgânico que acumula, poderá

funcionar como fonte ou dreno de CO2 para atmosfera (Nicoloso et al., 2008).

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22

Estudos relacionados ao efeito do sistema PD associado à ILP sobre as

propriedades químicas do solo tem sido realizados principalmente em áreas sob Cerrado

na região centro-sul do Brasil (Flores et al., 2008; Nicoloso et al., 2008; Santos et al.,

2009), sendo que no Estado do Piauí, ainda são escassos. Neste sentido, o objetivo deste

estudo foi avaliar os atributos químicos em um Latossolo Amarelo sob PD e sistema

ILP no Cerrado do Piauí.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local

O estudo foi realizado na Fazenda São Marcos, localizada no município de Bom

Jesus-PI (09º 09’59,49” S e 45º 06’ 42,61” W, 481 m de altitude) inserida na região do

bioma Cerrado da Serra do Quilombo, no sul do Piauí, Nordeste do Brasil (Figura 1).

Figura 1 – Localização geral (a) e local da área experimental (b)

2.2 Solo e clima

O solo predominante nesta região é o Latossolo Amarelo (Figura 2) de textura

franco argilo arenoso (Tabela 6A) que, de acordo com EMBRAPA (2006), é

caracterizado por apresentar elevada acidez e baixa fertilidade, porém com boas

condições físicas. Situa-se em relevo plano a suave ondulado, fato que o torna bastante

(a) Piauí (b) Bom Jesus-PI

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23

apropriado para atividade agrícola, entre as quais se destacam atualmente a produção de

grãos de soja, milho, arroz e feijão (Aguiar & Monteiro, 2005).

Figura 2 - Mapa de reconhecimento de solos do município de Bom Jesus-PI. Fonte:

EMBRAPA/SUDENE (1983), disponível em http://www.agritempo.gov.br.

As condições climáticas da região caracterizam-se por temperaturas mínimas de

18ºC e máximas de 36ºC, com clima quente e semi-úmido (Aw segundo a classificação

de Köppen). A precipitação pluvial média anual é definida no Regime Equatorial

Continental, com isoietas anuais em torno de 800 a 1200 mm e período chuvoso

estendendo-se nos meses de outubro a maio, sendo o trimestre mais chuvoso

concentrado entre janeiro e março.

2.3 Sistemas de manejo e histórico das áreas

A Fazenda São Marcos é composta por 600 ha de reserva legal, 300 ha

destinados ao plantio convencional, 800 ha para plantio direto, 120 ha de pastagem e o

restante das áreas com pequenos cultivos de arroz (cerca de 80 ha), 20 ha de sorgo e 12

ha de eucalipto. Os 107 ha restantes integram fragmentos de Cerrado nativo em diversos

estádios de sucessão.

Para compor o ensaio, foram escolhidos talhões conduzidos sob os seguintes

sistemas: Cerrado nativo sem histórico de interferência humana em uso agrícola (CN);

plantio convencional com uso de grade pesada, intermediária e niveladora, com três

anos (PC3); plantio direto com três e cinco anos (PD3 e PD5, respectivamente) e

sistema integração lavoura-pecuária, com dois anos (SILP) (Figura 3). Os históricos

dessas áreas estão descritos na (Tabela 1).

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24

Cerrado nativo

Plantio convencional – três anos

Plantio direto – três anos

Plantio direto – cinco anos

Sistema integração lavoura/pecuária – dois anos

Figura 3 - Aspecto geral dos diferentes sistemas de manejo adotados no Cerrado do

Piauí. Imagens A, B, C, D e E ilustram o período chuvoso; Imagens F, G, H,

I e J ilustram o período seco.

B G

C H

D I

E J

A F

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Tabela 1 - Histórico de uso e manejo da área de estudo em um Latossolo-Amarelo da

região do Cerrado no sudoeste piauiense

Sistema de

manejo

Símbolo Histórico

Cerrado

nativo

Plantio

convencional

de sequeiro

(3 anos)

Plantio

Direto de

sequeiro (3

anos)

Plantio

Direto de

sequeiro (5

anos)

CN

PC3

PD3

PD5

- Vegetação nativa de Cerrado (área de transição com

fitofisionomia de campo cerrado e cerradão), sem histórico

de interferência humana em uso agrícola;

- Sistema convencional de sequeiro, com uso de grade

pesada, intermediária e niveladora para o preparo do solo,

sendo cultivado arroz por dois anos. No ano agrícola

2009/2010 foram adicionados na área cerca de 2 Mg ha-1

de calcário e 300 Kg ha-1

de gesso para plantio de soja,

com adubação de acordo com a necessidade da cultura

(média de 400 Kg ha-1

de superfosfato simples na fundação

e 180 de KCl em cobertura) para o último plantio.

- Sistema plantio direto após longo tempo sob sistema

convencional (monocultivo de soja desde 2003) até o ano

agrícola de 2005/2006. No ano agrícola 2006/2007 foi

implantado o sistema plantio direto com cultivo de soja,

sendo o milheto utilizado na entressafra para formação da

palhada. Para o ano agrícola 2009/2010 a área recebeu

cerca de 300 Kg ha-1

de gesso, 180 Kg ha-1

de MAP e 180

Kg de KCl.

- Sistema plantio direto de sequeiro após longo tempo sob

sistema convencional (monocultivo de soja desde 1999).

Em 2004 foi instalado o sistema plantio direto em rotação

anual de soja e milho, sendo que no ano agrícola

2005/2006 foi implantado soja por dois anos. Para o ano

agrícola 2007/2008 foi cultivado milho e soja nos últimos

anos, a correção do solo para o ano agrícola de 2009/2010

foi feita com 1,3 Mg ha-1

de calcário e a mesma adubação

descrita para PD3.

Sistema

integração

lavoura-

pecuária sob

plantio

direto

SILP - Área convertida em sistema agrícola no ano de 1994

sendo desmatada e cultivada em sistema de preparo

convencional para produção de arroz. No ano agrícola

1997/1998 foram adicionados 2 Mg ha-1

de calcário e 400

Kg ha-1

de superfosfato simples e cultivado soja, durante

quatro anos. No ano agrícola 2001/2002 foi introduzido o

sistema de plantio direto de soja utilizando o milheto para

formação da palhada, durante três anos. No ano agrícola

2004/2005 foi estabelecido a rotação da área com milho

adubado de acordo com a necessidade da cultura, sendo

cultivado nos anos pares e soja nos anos ímpares. No ano

agrícola 2008/2009 foi introduzido na área, a forrageira

Brachiaria brizantha cv. MG-5 após a colheita do milho.

Para o ano agrícola 2009/2010 foi feito o dessecamento da

área e plantio direto de soja, sendo aplicado 1 Mg ha-1

de

calcário e a mesma adubação usada nas áreas sob PD.

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26

2.4 Amostragem e análises do solo

As amostragens do solo foram feitas em mini-trincheiras, em quatro

profundidades (0,00-0,05 m, 0,05-0,10 m, 0,10-0,20 m e 0,20-0,40 m), com cinco

repetições nas entrelinhas dos plantios. Foram retiradas oito amostras simples para

formar uma composta por profundidade, num total de vinte amostras compostas por

sistema de manejo, durante a fase de desenvolvimento vegetativo da cultura da soja para

o período chuvoso e durante o pousio para o período seco (Figuras 4 e 5).

Figuras 4 e 5 - Dados climáticos do município de Bom Jesus-PI no ano 2009. Fonte:

INMET(2009), disponível em http://www.agritempo.gov.br.

As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, identificadas e

encaminhadas ao Laboratório de Solos da EMBRAPA Meio- Norte, onde foram secas

ao ar, destorroadas, maceradas e passadas em peneira de 2 mm de malha (TFSA) para a

caracterização química dos seguintes atributos: pH em água (1:2,5), por potenciometria;

K+, por fotometria de chama; P disponível, por colorimetria em presença de ácido

ascórbico, após extração com solução de Mehlich-1; cátions trocáveis, Ca2+

e Mg2+

,

extraídos com KCl-1

mol L-1

e quantificado por espectrofotometria de absorção

atômica; acidez trocável (Al3+

) extraída com KCl 1 mol L-1

e quantificada por

titulometria com NaOH 0,0125 mol L-1

e indicador de azul de bromotimol e acidez

potencial (H + Al3+

), extraído por solução de acetato de cálcio (EMBRAPA, 1999). A

matéria orgânica foi determinada pelo método indireto do carbono orgânico total (COT)

com uso de dicromato de potássio a 0,167 mol L-1

em meio ácido com aquecimento

externo, conforme descrito por Yeomans & Bremner (1988). Com base nessas

determinações, foram calculadas, a soma de bases (S), a capacidade de troca de cátions

(CTC) a pH 7,0 (T), a porcentagem de saturação por base (V), a CTC a pH natural (t) e

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a porcentagem de saturação por alumínio (m) seguindo descrições feitas por Vale et al.

(2001).

2.5 Análise estatística

Foi avaliado o efeito dos períodos (chuvoso e seco), das profundidades, dos

sistemas de manejo e das interações entre períodos x profundidades, períodos x

sistemas, profundidades x sistemas e períodos e profundidades x sistemas utilizados

para verificar as diferenças entre as médias das análises dos atributos químicos em cada

área estudada comparados por meio do teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade,

utilizando-se o programa ASSISTAT (versão 2010).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Carbono orgânico total e fósforo disponível

Observou-se para o COT e P interação significativa (p<0,05) entre o período,

profundidade e sistema (Tabela 2).

Na camada superficial, o solo sob CN apresentou maior teor de COT, tanto para

o período chuvoso (30,65 g kg-1

) como para o período seco (21,82 g kg-1

) sendo

superior (p<0,05) aos outros sistemas. Os sistemas PD3 e PC3 apresentaram os menores

valores (16,58 g kg-1

e 17,95 g kg-1

, respectivamente) para o período chuvoso na

camada superficial, em que o PC3 apresentou o menor valor (12,04 g kg-1

) também para

o período seco (Tabela 2). Para as demais profundidades de 0,05-0,10 m, 0,10-0,20 m e

0,20-0,40 m, exceto o período chuvoso para a última profundidade, o sistema PD5

seguido do SILP obtiveram os melhores resultados entre os períodos chuvoso e seco.

Estudos realizados por Sá et al. (2004) demonstraram que após cinco anos, o sistema

PD começa a acumular C orgânico no solo, em que a imobilização de nitrogênio (N)

aproxima-se da mineralização, originando estruturas mais estáveis de formação da

matéria orgânica do solo (MOS). Por outro lado, a semelhança dos valores de COT na

profundidade de 0,10-0,20 m no período chuvoso entre o PC3 com PD5 e SILP pode

estar relacionada ao uso de implementos agrícolas utilizados anterior ao plantio.

Balesdent et al. (2000) reportaram que o arado de aiveca utilizado em plantio

convencional incorpora resíduos em profundidade e a MOS é translocada para

profundidades abaixo do pé-de-arado. O estudo demonstrou diferença não significativa

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(p>0,05) para o acúmulo de COT na camada de 0,20-0,40 m para o período chuvoso e

diferença significativa (p<0,05) superior para os sistemas PD3, PD5 e SILP para o

período seco, demonstrando que a presença de material orgânico, aliado ao não

revolvimento do solo e a rotação de culturas entre gramíneas e leguminosas pode

acumular C com maior eficiência no perfil do solo. Por sua vez, ressalta-se uma maior

entrada de carbono (C) no solo no período chuvoso entre os tratamentos, possivelmente

devido à presença de material vegetal em processo de decomposição; por outro lado, as

altas temperaturas ocasionadas no período seco, podem ter contribuído para aumentar a

perda de C no solo, acelerando o processo de mineralização.

Tabela 2. Teores de carbono orgânico total (COT) e fósforo (P) em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária em dois períodos

de coleta (chuvoso e seco) e quatro profundidades.

Profundidade (m)

0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40

Sistema

Período

Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco

COT (g kg-1

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

30,65 a

17,95 c

16,58 c

22,03 b

20,41 b

21,82a

12,04d

17,58c

20,10ab

18,94bc

18,09 b

18,43 b

18,45 b

21,81 a

18,68 b

9,99 c

12,07b

13,38b

18,79a

17,61a

13,39 a

15,14 a

11,01 b

15,03 a

15,20 a

7,59 c

8,35 c

7,56 c

10,81 b

12,89a

9,30 n.s.

9,18 n.s.

7,98 n.s.

9,89 n.s.

8,80 n.s.

5,77bc

4,91 c

7,06ab

8,73 a

8,86 a

P (mg dm-3

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

1,54 d

13,76 c

44,55 b

42,74 b

66,12 a

2,07 d

11,37c

36,24b

39,08b

48,88a

1,11 e

5,66 d

23,41 b

17,15 c

41,37 a

1,38 d

8,96 c

31,31a

14,95b

29,54a

0,86 c

4,39bc

3,75bc

6,41 b

17,68 a

1,00 c

4,30bc

8,00 b

7,24 b

15,17a

0,86 n.s.

0,77 n.s.

0,50 n.s.

1,00 n.s.

1,31 n.s.

1,02 n.s.

1,13 n.s.

1,66 n.s.

1,51 n.s.

2,37 n.s.

CN – Cerrado nativo; PC3-Plantio Convencional, três anos; PD3 – Plantio Direto, três anos; PD5 –

Plantio Direto, cinco anos; SILP – sistema integração lavoura-pecuária, dois anos. Valores seguidos pela

mesma letra na coluna não apresentam diferenças significativas entre si pelo teste Tukey a 5% de

probabilidade; ns: não significativo.

O sistema SILP apresentou valores superiores (p<0,05) para o P tanto para os

períodos chuvoso e seco como para as profundidades de 0,00-0,05 m, 0,05-0,10 m e

0,10-0,20 m, exceto 0,20-0,40 m sendo que esta, não apresentou diferença significativa

(p>0,05), entre os períodos. O PD com ou sem o SILP tem a capacidade de acumular

certos nutrientes, como P e K+, sendo este efeito evidente na camada mais superficial

do solo, devido às sucessivas adubações nos sulcos de plantio e a formação de um

ambiente orgânico pela decomposição gradual da palhada (Santos et al., 2009). Por

outro lado, a excelente distribuição do P ao longo do perfil no SILP pode estar

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relacionado à presença do sistema radicular da Brachiaria sp. Para elementos com

baixa taxa de difusão no solo, como os fosfatos, plantas com maior superfície radicular

como as gramíneas possuem maior capacidade para absorção do nutriente no solo

(Garcia et al., 2008). Observou-se maior disponibilidade do P no período seco

provavelmente em função da remoção das bases do solo pela cultura após colheita, o

que torna o solo ácido e pode aumentar a disponibilidade temporária de P (Viégas et

al., 2010).

3.2 Bases do solo e soma de bases

Houve efeito significativo (p<0,05) para a interação entre período, profundidade

e sistema para as bases do solo (Tabela 3), sendo também observada diferença não

significativa (p>0,05) para interação entre período e profundidade para o K+

(Tabela

3A).

Houve mudanças nos teores das bases trocáveis do solo dos diferentes sistemas

de manejo quando comparados com o CN até a camada de 0,00-0,20 m, não se

constatando diferenças (p>0,05) entre todos os sistemas na profundidade de 0,20-0,40

m. Estes resultados podem estar relacionados à ausência de calagem e adubação em

subsuperfície para todos os sistemas bem como em superfície para o CN, naturalmente

pobre em bases. Resultado semelhante foi observado por Alleoni et al. (2005) os quais

reportaram que a calagem, na superfície ou com incorporação, não influenciou a

correção da acidez do subsolo na camada de 0,20-0,40 m em sistema sob PD.

Houve efeito significativo (p<0,05) para todas as variáveis, exceto K+ entre os

períodos chuvoso e seco. Além disso, foi observada redução entre os teores do Ca2+

,

Mg2+

e S para o período posterior a colheita (seco) em função da exportação dos

nutrientes pela cultura da soja e o baixo consumo de K+, possivelmente devido ao

déficit hídrico ocorrido aos quatro dias após a sua aplicação e vinte e sete dias após a

semeadura. O K+ é um elemento facilmente lixiviado, porém a fixação do K

+ na camada

superficial entre os dois períodos pode ser devido ao aumento da CTC (Tabela 5) do

solo pela calagem ou pela adição de resíduos orgânicos ao solo por meio do sistema PD,

como reportados por Vale et al. (2001). Garcia et al. (2008) ressaltaram que as espécies

forrageiras, quando usadas como plantas de cobertura, são eficientes na extração e

ciclagem desse nutriente do solo em sistemas de rotação de culturas. A falta de

compostos orgânicos para o PC3, pode ter proporcionado a lixiviação de K+ entre os

períodos chuvoso e seco na camada de 0,00-0,05 m de 0,17 para 0,32 cmolc dm-3

e para

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30

a camada de 0,05-0,10 m de 0,09 para 0,15 cmolc dm-3

, respectivamente (Tabela 3). A

maior perda de nutrientes nas camadas do solo pode está associada aos sistemas de

manejo que eliminam os resíduos do solo (Goedert & Oliveira, 2007).

Tabela 3. Teores de cálcio (Ca2+

), magnésio (Mg2+

), potássio (K+) e soma de bases (S)

em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária,

dois períodos de coleta (chuvoso e seco) e quatro profundidades.

Profundidade (m)

0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40

Sistema

Período

Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco

Ca2+

(cmolc dm-3

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

0,19 e

1,53 d

2,19 c

3,25 b

3,66 a

0,14 c

1,11 b

1,40 b

1,86 a

1,90 a

0,03 d

1,52 c

1,37 c

2,32 b

2,70 a

0,02 c

1,15ab

0,87 b

1,45 a

1,24 a

0,02 c

1,22 a

0,58 b

1,18 a

1,19 a

0,02 c

0,85 a

0,31bc

0,49 b

0,45 b

0,03 n.s.

0,19 n.s.

0,22 n.s.

0,26 n.s.

0,30 n.s.

0,02 n.s.

0,09 n.s.

0,12 n.s.

0,18 n.s.

0,20 n.s.

Mg2+

(cmolc dm-3

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

0,15 d

0,69 a

0,65 ab

0,56 bc

0,52 c

0,13 c

0,50 a

0,59 a

0,44 b

0,36 b

0,05 d

0,72 a

0,17 c

0,20 bc

0,28 b

0,03 c

0,44 a

0,16 b

0,17 b

0,21 b

0,03 c

0,55 a

0,07bc

0,09bc

0,13 b

0,02 b

0,31 a

0,07 b

0,07 b

0,09 b

0,03 n.s.

0,04 n.s.

0,03 n.s.

0,03 n.s.

0,04 n.s.

0,02 n.s.

0,10 n.s.

0,03 n.s.

0,04 n.s.

0,04 n.s.

K+ (cmolc dm

-3)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

0,05 d

0,17 c

0,35 b

0,38 b

0,43 a

0,04 c

0,32 b

0,36 b

0,41 a

0,40 a

0,06 b

0,09 b

0,20 a

0,20 a

0,22 a

0,03 c

0,15 b

0,18ab

0,21 a

0,20 a

0,02 b

0,06ab

0,06ab

0,09 a

0,09 a

0,02 c

0,05bc

0,07ab

0,10 a

0,11 a

0,03 n.s.

0,02 n.s.

0,03 n.s.

0,03 n.s.

0,04 n.s.

0,02 n.s.

0,02 n.s.

0,05 n.s.

0,04 n.s.

0,04 n.s.

S (cmolc dm-3

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

0,40 e

2,41 d

3,20 c

4,19 b

4,63 a

0,32 c

1,93 b

2,35 a

2,72 a

2,66 a

0,15 e

2,34 c

1,75 d

2,73 b

3,21 a

0,09 c

1,74 a

1,22 b

1,84 a

1,65 a

0,08 d

1,84 a

0,72 c

1,37 b

1,42 b

0,06 c

1,21 a

0,46 b

0,67 b

0,66 b

0,09 n.s

0,25 n.s

0,29 n.s

0,33 n.s

0,39 n.s

0,06 n.s

0,22 n.s

0,20 n.s

0,26 n.s

0,29 n.s

CN – Cerrado nativo; PC3-Plantio Convencional, três anos; PD3 – Plantio Direto, três anos; PD5 –

Plantio Direto, cinco anos; SILP – sistema integração lavoura-pecuária, dois anos. Valores seguidos pela

mesma letra na coluna não apresentam diferenças significativas entre si pelo teste Tukey a 5% de

probabilidade; ns: não significativo.

Os maiores teores de Ca2+

e K+ (3,66 e 0,43 cmolc dm

-3, respectivamente) foram

observados para o SILP na camada superficial de 0,00-0,05 m, mantendo-se superior em

ambos os períodos, sendo que para o Ca2+

somente até a profundidade de 0,10-0,20 m,

exceto o período posterior ao cultivo (seco), o qual o PC3 se destacou, possivelmente

devido a incorporação do calcário para esta camada. Neste mesmo sistema, os teores de

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31

Mg2+

mostraram-se superiores indicando melhor distribuição desse cátion em todas as

profundidades no sistema PC3. Isso se deve a incorporação do calcário dolomítico

realizada em sistema convencional de cultivo o qual promove a maior distribuição de

Ca2+

e Mg2+

no perfil do solo (Matias et al., 2009). Por sua vez, a aplicação de Ca2+

e

Mg2+

de forma superficial em sistemas de PD, diminui a eficiência em corrigir a acidez

em profundidade, devido as características de baixa solubilidade desses elementos

(Flores et al. 2008). Tais resultados também são observados para S (Tabela 3), a qual

reflete os valores de Ca2+

, Mg2+

e K+ descritos anteriormente, com melhores resultados

observados para o SILP até a camada de 0,00-0,10 m entre os períodos e PC3 para a

camada de 0,10-0,20 m.

3.3 Componentes da acidez do solo

Houve interação significativa (p<0,05) para os componentes da acidez do solo

entre o período, profundidade e sistema (Tabela 4). Por outro lado, não houve diferença

(p>0,05) entre os períodos chuvoso e seco para o pH (Tabela 4A), o qual pode ser

atribuído ao alto poder tampão conferido aos Latossolos de textura franco argilo arenosa

(Tabela 6A).

Os valores de pH foram acrescidos pela calagem com a área de SILP

apresentando os maiores valores (p<0,05) nas profundidades de 0,00-0,05 m, 0,05-0,10

m e 0,10-0,20 m, embora para esta última, somente no período chuvoso. Resultados

semelhantes foram observados por Matias et al. (2009) no Cerrado do Piauí os quais

reportaram que o aumento de pH pela adição de calcário na superfície ou com

incorporação, não influenciou a correção da acidez do subsolo na profundidade de 0,20-

0,40 m em sistema sob PD. Para a camada de 0,20-0,40 m, maiores valores foram

observados no solo sob CN para ambos os períodos. Sousa et al. (2007) afirmaram que

em condições de acúmulo de MOS no estágio final de sua mineralização, a oxidação

libera elétrons (bases sendo nutrientes ou não que se encontram imobilizados nos

tecidos microbianos) para a solução do solo, propiciando aumento de seu pH, mesmo

em profundidade.

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32

Tabela 4. Valores de pH em água (1:2,5), alumínio (Al3+

), hidrogênio+alumínio (H+Al)

e porcentagem de saturação por alumínio (m) em um Latossolo Amarelo sob

plantio direto e integração lavoura-pecuária, dois períodos de coleta

(chuvoso e seco) e quatro profundidades.

Profundidade (m)

0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40

Sistema

Período

Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco

pH (em H2O)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

4,79 c

5,32 b

5,38 ab

5,25 b

5,53 a

4,87 c

5,20ab

5,28 a

5,07 b

5,14ab

4,85 d

5,22 ab

5,01 cd

5,06 bc

5,26 a

4,88 b

4,97ab

5,01ab

4,87 b

5,08 a

5,06 a

4,90 a

4,70 b

4,92 a

4,91 a

5,01n.s

4,92 n.s

5,00 n.s

4,86 n.s

5,01 n.s

5,17 a

4,39 cd

4,26 d

4,50 bc

4,66 b

5,08 a

4,50 c

4,83 b

4,82 b

4,86 b

Al3+

(cmolc dm-3

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

2,07 a

0,52 b

0,24 bc

0,20 c

0,17 c

2,52 a

0,59 b

0,45 b

0,43 b

0,57 b

1,69 a

0,47 c

0,87 b

0,69 bc

0,51 c

2,06 a

1,36 b

1,20 b

1,35 b

1,21 b

1,32 a

0,57 b

0,78 b

0,82 b

0,82 b

1,52 n.s

1,29 n.s

1,33 n.s

1,36 n.s

1,29 n.s

0,95 n.s

0,89 n.s

0,72 n.s

0,74 n.s

0,71 n.s

1,12 b

1,49 a

1,10 b

1,27ab

1,11 b

H+ Al (cmolc dm-3

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

9,41 a

5,31 d

4,32 d

8,12 b

6,53 c

9,65 a

7,65 b

7,63 b

7,28 b

6,80 b

6,27 b

5,84 bc

4,91 c

8,38 a

6,90 b

8,45 a

8,02ab

8,08ab

8,37ab

7,21 b

5,28 c

5,15 c

6,00bc

7,19 a

6,86ab

6,30ab

7,17 a

5,11 c

6,33ab

5,81bc

4,06 ab

3,20 b

4,29 ab

5,15 a

4,35 ab

4,08 b

5,30 a

3,83 b

4,59ab

4,31ab

m (%)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

83,39 a

17,74 b

7,00 c

4,54 c

3,71 c

88,59a

24,01b

16,35c

13,78c

18,56bc

91,78 a

16,78 c

33,38 b

20,23 c

13,94 c

95,74a

43,71b

49,40b

42,23b

42,55b

93,95 a

23,85 d

52,18 b

37,52 c

36,82 c

95,99a

50,59d

74,10 b

66,44 c

65,85 c

91,99 a

72,60 b

70,83 bc

69,21 bc

64.53 c

95,70a

87,01 b

84,31bc

81,75bc

79,24 c

CN – Cerrado nativo; PC3-Plantio Convencional, três anos; PD3 – Plantio Direto, três anos; PD5 –

Plantio Direto, cinco anos; SILP – sistema integração lavoura-pecuária, dois anos. Valores seguidos pela

mesma letra na coluna não apresentam diferenças significativas entre si pelo teste Tukey a 5% de

probabilidade; ns: não significativo.

O CN apresentou maiores valores (p<0,05) para os teores de Al3+

quando

comparados a todos os sistemas de manejo até a profundidade de 0,10-0,20 m no

período chuvoso. Por outro lado, menores valores foram observados no solo sob SILP

para as mesmas profundidades, com destaque para a camada superficial no período

chuvoso, sendo observado a maior neutralização, seguindo a ordem

SILP>PD5>PD3>PC3 (Tabela 4). Não houve diferença significativa (p>0,05) para a

camada de 0,10-0,20 m no período seco e na camada de 0,20-0,40 m no período

chuvoso, com os maiores teores de Al3+

observados no solo sob PC3 (1,49 cmolc dm-3

)

para esta última profundidade. Carneiro et al. (2009) ao analisarem diferentes tipos de

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33

solos em áreas sob vegetação de Cerrado, observaram maiores teores de Al3+

e menores

de Ca2+

, Mg2+

e P em relação às áreas manejadas, o que decorre da não correção e

adubação do solo originalmente distrófico. A redução de Al3+

nos sistemas decorre dos

efeitos da calagem, porém os sistemas associados ao PD apresentaram menores teores

de Al3+

do que o PC3. Esse resultado pode ser reflexo do maior efeito da complexação

do Al3+

, proporcionada pelos compostos orgânicos resultantes do acúmulo de MOS para

estes sistemas (Anghinoni, 2007).

Para os teores de H+Al os maiores valores (p<0,05) foram observados no CN na

profundidade de 0,00-0,05 m para os períodos chuvoso e seco. Nas demais

profundidades e períodos, houve destaque para os sistemas PD5 nas profundidades de

0,05-0,10 m e 0,10-0,20 m e para o PD5 e SILP na profundidade de 0,20-0,40 m

(Tabela 4). A presença de material orgânico presente no sistema CN (Tabela 4) na

primeira camada, bem como sob os diferentes sistemas de manejo em estudo, pode ter

contribuído para a troca de cargas elétricas. Estudos realizados por Zambrosi et al.

(2008) em Ponta Grossa-PR em Latossolo sob PD em área de pastagem nativa,

demonstraram que o alumínio Al3+

ocorreu predominantemente complexado pelo

carbono orgânico dissolvido e pelo fluoreto, e em baixíssimas proporções na forma livre

Al3+

, mesmo em condições de alta acidez.

Os valores de m também variaram de 3,72% na profundidade de 0,00-0,05 m

para o SILP no período chuvoso a 95,99 % em 0,10-0,20 m para o CN no período seco

(Tabela 4), sendo o uso de corretivos capaz de reduzir a acidez até a camada de 0,00-

0,20 m por Al3+

, considerada muito alta (m ≥ 65%) quando se trata de CN. A

diminuição de m é atribuído ao efeito da calagem no aumento de pH e dos teores de

Ca2+

e Mg2+

, bem como na redução dos teores de Al3+

trocável pelo aumento da

saturação de bases pela calagem e complexação de Al3+

por compostos orgânicos (Perin

et al., 2003; Nolla & Anghinoni, 2006).

3.4 Capacidade de troca catiônica efetiva, potencial e porcentagem de saturação

por bases

Observou-se efeito significativo (p<0,05) para a interação entre período,

profundidade e sistema para os componentes da CTC (Tabela 5). Para T não houve

diferença significativa (p>0,05) entre os períodos chuvoso e seco (Tabela 5A).

Valores significativamente superiores (p<0,05) foram observados para t entre os

sistemas PD5 e SILP para todas as profundidades, exceto 0,10-0,20 m para o período

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34

seco e 0,20-0,40 m para o período chuvoso, bem como para o PC3 nas profundidades

0,05-0,10 e 0,20-0,40 m no período seco, 0,10-0,20 m para ambos os períodos e não

significativo (p>0,05) para camada 0,20-0,40 m no período chuvoso para todos os

sistemas, relacionando-se com valores observados para COT (Tabela 2). De acordo com

Ciotta et al. (2003), apesar de pequeno, o acúmulo de matéria orgânica na superfície do

solo com argila de atividade baixa em sistema PD resulta num importante aumento nos

valores de CTC efetiva e CTC a pH 7,0 com melhores resultados até 8 cm de

profundidade.

Conforme (Tabela 5), verificou-se para T que os sistemas PD5 e SILP

alcançaram os melhores índices (p<0,05) entre os sistemas para as profundidades,

exceto: na profundidade de 0,00-0,05 m para o período seco, para o qual não houve

diferença significativa (p>0,05); para o SILP na profundidade de 0,05-0,10 m no

período seco; e no PD5 e SILP para profundidade de 0,10-0,20 m no período seco, com

destaque para o PC3. Isto se deve provavelmente a estabilização da MOS, já que os

valores de V do sistema PD5 foi variada entre as profundidades e os períodos (Tabela

5). Esta contribuição de T nem sempre está relacionada positivamente com a saturação

por bases, uma vez que os íons que geram a acidez do solo são cátions que podem

ocupar as cargas negativas existentes na superfície do solo. Com isso, as bases que são

trocadas pelos íons H+ e Al

3+ permanecem, na solução do solo, susceptíveis à lixiviação.

A lixiviação das bases resulta em solos distróficos, ou seja, solos pobres em bases

(V≤50%) (Matias et al., 2009).

O valor de V é um parâmetro usado para separar solos férteis (V ≥ 50%) de

solos de menor fertilidade (V ≤ 50%). Conforme (Tabela 5), a porcentagem de V é

considerada baixa para todos os solos avaliados, com valores variando de 1,07 % para o

CN a 42,56 % para o SILP, destacando a primeira camada. A calagem favorece o

aumento de V e a diminuição de m, porém a redução dos teores de Al3+

trocável nem

sempre está associado a saturação de bases pela calagem e sim pela complexação do

Al3+

por compostos orgânicos estáveis.

Os resultados colocam em evidência a possibilidade de se reduzir o uso de

fertilizantes e corretivos para cultivo da soja no Cerrado do Piauí, sendo observado no

ano agrícola 2009/2010 a aplicação de uma menor quantidade de adubos nos sistemas

sob PD e uso de uma menor quantidade de calcário para o SILP (Tabela 1).

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35

Tabela 5. Valores da capacidade de troca catiônica efetiva (t), potencial (T) e

porcentagem de saturação por bases (V) em um Latossolo Amarelo sob

plantio direto e integração lavoura-pecuária, dois períodos de coleta

(chuvoso e seco) e quatro profundidades.

Profundidade (m)

0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40

Sistema

Período

Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco

t (cmolc dm-3

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

2,47 d

2,93 c

3,44 b

4,39 a

4,80 a

2,84ab

2,47 b

2,80ab

3,15 a

3,19 a

1,84 c

2,81 b

2,62 b

3,42 a

3,72 a

2,15 b

3,11 a

2,42 b

3,19 a

2,87 a

1,40 b

2,41 a

1,50 b

2,19 a

2,24 a

1,58 c

2,50 a

1,80bc

2,04 b

1,96bc

1,03 n.s.

1,22 n.s.

1,01 n.s.

1,07 n.s.

1,10 n.s.

1,17 b

1,71 a

1,30ab

1,55ab

1,40ab

T (cmolc dm-3

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

9,80 b

7,72 c

7,52 c

12,31 a

11,16 a

9,97 n.s.

9,53 n.s.

9,99 n.s.

10,00 n.s.

9,42 n.s.

6,41 c

8,18 b

6,67 c

11,11 a

10,11 a

8,54 c

9,77ab

9,50bc

10,21a

8,87bc

5,36 c

6,99 b

6,72 b

8,56 a

8,28 a

6,10bc

8,39 a

5,57 c

7,00 b

6,47bc

4,14 bc

3,54 c

4,60 bc

5,47 a

4,74 ab

4,13 b

5,52 a

4,03 b

4,87ab

4,60ab

V %

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

4,23 c

31,32 b

42,56 a

34,15 b

41,32 a

3,24 c

19,78 b

23,71ab

27,57 a

27,75 a

2,35c

28,65ab

26,30 b

24,76 b

31,67 a

1,07 c

17,96a

13,18b

18,25a

18,66a

1,57 d

26,65 a

10,66 c

16,15 b

17,18 b

1,04 c

14,52a

8,38 b

9,67 b

10,29ab

2,04 b

9,55 a

6,42 a

6,02 ab

8,18 a

1,23 b

4,03ab

5,01ab

5,69 a

6,27 a

CN – Cerrado nativo; PC3-Plantio Convencional, três anos; PD3 – Plantio Direto, três anos; PD5 –

Plantio Direto, cinco anos; SILP – sistema integração lavoura-pecuária, dois anos. Valores seguidos pela

mesma letra na coluna não apresentam diferenças significativas entre si pelo teste Tukey a 5% de

probabilidade; ns: não significativo.

4. CONCLUSÕES

O CN apresentou maior teor de COT na superfície do solo, com melhor

distribuição no perfil observado no PD5 seguido do SILP.

Houve destaque para o SILP na distribuição e disponibilidade do P no perfil do

solo.

O SILP apresentou valores superiores até a camada de 0,20 m para as bases do

solo Ca2+

, K+, SB, exceto Mg

2+, o qual teve uma melhor distribuição no PC3.

O SILP destacou-se na redução dos componentes da acidez do solo, no aumento

da CTC e na saturação de bases.

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CAPÍTULO 3

FRAÇÕES E SEQUESTRO DE CARBONO EM UM LATOSSOLO AMARELO

SOB PLANTIO DIRETO E INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NO

CERRADO DO PIAUÍ

RESUMO

CAMPOS, LILIANE PEREIRA. Frações e seqüestro de carbono em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do Piauí. 2010. 29p. Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas) – Universidade

Federal do Piauí, PI5.

Sistemas de manejo capazes de manter e até mesmo incrementar as frações de C

orgânico no solo, contribuem para a manutenção da capacidade produtiva dos solos e a

mitigação de CO2 para atmosfera. O presente estudo teve por objetivo avaliar as frações

e o seqüestro de C em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-

pecuária no Cerrado do Piauí. Foram avaliados quatro diferentes sistemas de manejo do

solo, além de uma área de Cerrado nativo usada como referência: Cerrado nativo sem

uso agrícola (CN); plantio convencional, com três anos (PC3); plantio direto, com três e

cinco anos (PD3 e PD5, respectivamente) e sistema integração lavoura-pecuária, com

dois anos (SILP). As amostras do solo foram coletadas em dois períodos (chuvoso e

seco) e quatro profundidades (0,00-0,05 m, 0,05-0,10 m, 0,10-0,20 m e 0,20-0,40 m),

para determinação dos teores e estoques de carbono orgânico total (COT) e nitrogênio

total (NT), teores de carbono lábil (CL) e das substâncias húmicas, além da taxa de

seqüestro C-CO2. O CN apresentou maior teor de COT na superfície do solo, com

melhor distribuição no perfil do solo observada nos sistemas PD5 e SILP, com

estabilidade até a camada de 0,20 m para COT, NT, Est COT, Est NT, CL, além das

substâncias húmicas, sendo percebido para o SILP maior capacidade de estocar C no

solo no período crítico.

Palavras-Chave: substâncias húmicas; fracionamento de MOS; C sazonal.

________________________

5Orientador: Luiz Fernando Carvalho Leite – EMBRAPA MEIO-NORTE/Teresina &

Co-orientadora: Giovana Alcântara Maciel – EMBRAPA CERRADOS/Brasília.

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ABSTRACT

CAMPOS, LILIANE PEREIRA. Carbon sequestration and fractions of Yellow

Oxisol under no-tillage and integration crop-livestock in the Cerrado of Piauí

state. 2010, Chap. 3, p.39-68. Dissertation (Masters in Soil and Plant Nutrition) –

Federal University of Piauí. PI6.

Management systems capable of maintaining and even increasing the fractions

of soil organic C, contribute to maintaining the productive capacity of soils and the

mitigation of CO2 into the atmosphere. This study aimed to evaluate the carbon

sequestration and fractions of Yellow Oxisol under no-tillage and integration crop-

livestock in the Cerrado of Piauí state. We evaluated four different systems of soil

management, and an space used as a reference native Cerrado: native Cerrado without

agricultural use (NC); conventional tillage, with three years (CT3); no-tillage with three

and five years (NT3 and NT5, respectively) and integrated crop-livestock system, with

two years (ICLS). Soil samples were collected in two seasons (wet and dry) and four

depths 0,00-0,05 m, 0,05-0,10 m, 0,10-0,20 m e 0,20-0,40 m, to determine the levels

and total organic carbon (TOC) and total nitrogen (TN), levels of labile carbon (LC) and

humic substances, beyond the rate of C-CO2 sequestration. The NC had the highest

amount of TOC in the soil surface with better distribution in the soil profile observed in

systems NT5 and ICLS, with stability to the layer of 0,20 m for TOC, TN, TOC Est, TN

Est, LC in addition humic substances, being perceived to ICLS greater capacity to store

soil C in the critical period.

Key words: humic substances; fractionation of SOM, C seasonal.

________________________

6Adviser: Luiz Fernando Carvalho Leite – EMBRAPA MEIO-NORTE/Teresina &

Co-adviser: Giovana Alcântara Maciel – EMBRAPA CERRADOS/Brasília.

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o ciclo do carbono (C) tem sido avaliado em diversos estudos,

uma vez que o carbono, sobretudo na forma de gás carbônico (CO2), é o elemento chave

nos processos que envolvem mudanças climáticas globais (Lal, 2005; Cerri & Cerri,

2007; Carvalho et al., 2010). Sistemas de manejo capazes de manter e até mesmo

incrementar as frações de C orgânico a partir do acúmulo de matéria orgânica do solo

(MOS) podem contribuir para a manutenção da capacidade produtiva dos solos e para a

atenuação do problema do incremento do CO2 atmosférico, causador do efeito estufa

(Siqueira Neto et al., 2009).

O C no solo pode se acumular em frações ativas (lábil) ou estáveis (substâncias

húmicas) (Passos et al., 2007), com diferentes tempos de ciclagem, as quais darão a

MOS constituição variada (Wolf & Wagner, 2005), com implicações na durabilidade do

seu efeito quanto à retenção de C atmosférico (Lal, 2005), bem como nas alterações das

propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos (Galvão et al., 2005).

Os constituintes lábeis, também denominados matéria orgânica lábil ou C

orgânico lábil, incluem resíduos de plantas em decomposição, substâncias não húmicas

não ligadas aos constituintes minerais, formas solúveis em água, macrorganismos

(fauna) e biomassa microbiana. A mineralização dos constituintes lábeis ocorre em

poucas semanas ou meses. Os componentes mais estáveis da MOS, representados por

substâncias húmicas (ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e huminas) e outras

macromoléculas, são, por sua vez, resistentes ao ataque microbiano, devido à sua

estrutura molecular ou por estarem fisicamente protegidos em complexos

organominerais ou retidos no interior de agregados, podendo persistir no solo por

centenas de anos (Silva & Mendonça, 2007; Passos et al., 2007).

O acúmulo de C nas frações lábeis e estáveis da MOS apresenta grande

dinamismo, sendo influenciado pela composição química do resíduo retornado ao solo

(relação C/N), pela disponibilidade do substrato, por aspectos climáticos e

principalmente pelo manejo adotado (Silva & Mendonça, 2007; Zhongkui et al., 2010).

Em sistemas de manejo sob plantio direto (PD) tem sido observado que o acúmulo de C

no solo ocorre preferencialmente na matéria orgânica particulada, a qual é mais sensível

do que o carbono orgânico total (COT) (Bayer et al., 2004).

Sistemas de preparo ou cultivo, tais como PD e integração lavoura- pecuária

(ILP) têm-se mostrado com grande potencial para mitigar a emissão de CO2 atmosférico

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para regiões tropicais e subtropicais (Goedert & Oliveira, 2007; Nicoloso et al., 2008).

A manutenção dos resíduos culturais na superfície do solo deixados por sistemas que

contemplam o não revolvimento do solo proporcionam a decomposição gradual e o

acúmulo do material orgânico no perfil do solo (Franzluebbers et al., 2007), que,

associado à fração mineral, favorece os estoques do C no solo (Salton et al., 2008). No

entanto, o potencial de mitigação depende das condições climáticas, como temperatura e

umidade (Fang & Moncrieff, 2001), dos tipos de solo e da mineralogia com relação à

proteção física da MOS (Madari et al., 2005), da quantidade e manejo dos resíduos

culturais depositados (Lovato et al., 2004), do manejo da fertilidade (adubação e

calagem) (Nolla & Anghinoni, 2006) e das culturas (gramíneas e leguminosas)

envolvidas no sistema de rotação (Santos et al., 2009).

No Cerrado do PI, vem sendo adotado o PD associado ao sistema ILP como

alternativa promissora, a qual pode favorecer a manutenção dos compartimentos de C

no solo, sendo trabalhos de pesquisa com este sistema inexistentes no Meio-Norte do

Brasil. Neste sentido, o objetivo desse trabalho foi avaliar as frações e seqüestro de

carbono em um Latossolo Amarelo sob PD e ILP no Cerrado do Piauí.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local

O estudo foi realizado na Fazenda São Marcos, localizada no município de Bom

Jesus-PI (09º 09’59,49” S e 45º 06’ 42,61” W, 481 m de altitude) inserida na região do

bioma Cerrado da Serra do Quilombo, no sul do Piauí, Nordeste do Brasil (Figura 1).

Figura 1 – Localização geral (a) e local da área experimental (b)

2.2 Solo e clima

O solo predominante nesta região é o Latossolo Amarelo (Figura 2) de textura

franco argilo arenoso (Tabela 6B) que, de acordo EMBRAPA (2006), é caracterizado

por apresentar elevada acidez e baixa fertilidade, porém com boas condições físicas.

Situa-se em relevo plano a suave ondulado, fato que o torna bastante apropriado para

atividade agrícola, entre as quais se destacam atualmente a produção de grãos de soja,

milho, arroz e feijão (Aguiar & Monteiro, 2005).

(b) Piauí (b) Bom Jesus-PI

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Figura 2 - Mapa de reconhecimento de solos do município de Bom Jesus-PI. Fonte:

EMBRAPA/SUDENE (1983), disponível em http://www.agritempo.gov.br.

As condições climáticas da região caracterizam-se por temperaturas mínimas de

18ºC e máximas de 36ºC, com clima quente e semi-úmido (Aw segundo a classificação

de Köppen). A precipitação pluvial média anual é definida no Regime Equatorial

Continental, com isoietas anuais em torno de 800 a 1200 mm e período chuvoso

estendendo-se nos meses de outubro a maio, sendo o trimestre mais chuvoso

concentrado entre janeiro e março.

2.3 Sistemas de manejo e histórico das áreas

A Fazenda São Marcos é composta por 600 ha de reserva legal, 300 ha

destinados ao plantio convencional, 800 ha para plantio direto, 120 ha de pastagem e o

restante das áreas com pequenos cultivos de arroz (cerca de 80 ha), 20 ha de sorgo e 12

ha de eucalipto. Os 107 ha restantes integram fragmentos de Cerrado nativo em diversos

estádios de sucessão.

Para compor o ensaio, foram escolhidos talhões conduzidos sob os seguintes

sistemas: Cerrado nativo sem histórico de interferência humana em uso agrícola (CN);

plantio convencional com uso de grade pesada, intermediária e niveladora, com três

anos (PC3); plantio direto com três e cinco anos (PD3 e PD5, respectivamente) e

sistema integração lavoura-pecuária, com dois anos (SILP) (Figura 3). Os históricos

dessas áreas estão descritos na (Tabela 1).

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Cerrado nativo

Plantio convencional – três anos

Plantio direto – três anos

Plantio direto – cinco anos

Sistema integração lavoura/pecuária – dois anos

Figura 3 - Aspecto geral dos diferentes sistemas de manejo adotados no Cerrado do

Piauí. Imagens A, B, C, D e E ilustram o período chuvoso; Imagens F, G,

H, I e J ilustram o período seco.

B G

C H

D I

E J

A F

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Tabela 1 - Histórico de uso e manejo da área de estudo em um Latossolo-Amarelo da

região do Cerrado no sudoeste piauiense

Sistema de

manejo

Símbolo Histórico

Cerrado

nativo

Plantio

convencional

de sequeiro

(3 anos)

Plantio

Direto de

sequeiro (3

anos)

Plantio

Direto de

sequeiro (5

anos)

CN

PC3

PD3

PD5

- Vegetação nativa de Cerrado (área de transição com

fitofisionomia de campo cerrado e cerradão), sem histórico

de interferência humana em uso agrícola;

- Sistema convencional de sequeiro, com uso de grade

pesada, intermediária e niveladora para o preparo do solo,

sendo cultivado arroz por dois anos. No ano agrícola

2009/2010 foram adicionados na área cerca de 2 Mg ha-1

de calcário e 300 Kg ha-1

de gesso para plantio de soja,

com adubação de acordo com a necessidade da cultura

(média de 400 Kg ha-1

de superfosfato simples na fundação

e 180 de KCl em cobertura) para o último plantio.

- Sistema plantio direto após longo tempo sob sistema

convencional (monocultivo de soja desde 2003) até o ano

agrícola de 2005/2006. No ano agrícola 2006/2007 foi

implantado o sistema plantio direto com cultivo de soja,

sendo o milheto utilizado na entressafra para formação da

palhada. Para o ano agrícola 2009/2010 a área recebeu

cerca de 300 Kg ha-1

de gesso, 180 Kg ha-1

de MAP e 180

Kg de KCl.

- Sistema plantio direto de sequeiro após longo tempo sob

sistema convencional (monocultivo de soja desde 1999).

Em 2004 foi instalado o sistema plantio direto em rotação

anual de soja e milho, sendo que no ano agrícola

2005/2006 foi implantado soja por dois anos. Para o ano

agrícola 2007/2008 foi cultivado milho e soja nos últimos

anos, a correção do solo para o ano agrícola de 2009/2010

foi feita com 1,3 Mg ha-1

de calcário e a mesma adubação

descrita para PD3.

Sistema

integração

lavoura-

pecuária sob

plantio

direto

SILP - Área convertida em sistema agrícola no ano de 1994

sendo desmatada e cultivada em sistema de preparo

convencional para produção de arroz. No ano agrícola

1997/1998 foram adicionados 2 Mg ha-1

de calcário e 400

Kg ha-1

de superfosfato simples e cultivado soja, durante

quatro anos. No ano agrícola 2001/2002 foi introduzido o

sistema de plantio direto de soja utilizando o milheto para

formação da palhada, durante três anos. No ano agrícola

2004/2005 foi estabelecido a rotação da área com milho

adubado de acordo com a necessidade da cultura, sendo

cultivado nos anos pares e soja nos anos ímpares. No ano

agrícola 2008/2009 foi introduzido na área, a forrageira

Brachiaria brizantha cv. MG-5 após a colheita do milho.

Para o ano agrícola 2009/2010 foi feito o dessecamento da

área e plantio direto de soja, sendo aplicado 1 Mg ha-1

de

calcário e a mesma adubação usada nas áreas sob PD.

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2.4 Amostragem e análises do solo

As amostragens do solo foram feitas em mini-trincheiras, em quatro

profundidades (0,00-0,05 m, 0,05-0,10 m, 0,10-0,20 m e 0,20-0,40 m), com cinco

repetições nas entrelinhas dos plantios. Foram retiradas oito amostras simples para

formar uma composta por profundidade, num total de vinte amostras compostas por

sistema de manejo, durante a fase de desenvolvimento vegetativo da cultura da soja para

o período chuvoso e durante o pousio para o período seco (Figuras 4 e 5). As amostras

foram acondicionadas em sacos plásticos, identificadas e encaminhados ao Laboratório

de Solos da EMBRAPA Meio-Norte, onde foram secas ao ar, destorroadas, maceradas

e passadas em peneira de 2 mm de malha (TFSA) para compor as análises laboratoriais.

Figuras 4 e 5 - Dados climáticos do município de Bom Jesus-PI no ano 2009. Fonte:

INMET(2009), disponível em http://www.agritempo.gov.br.

2.5 Análises laboratoriais

Em todas as amostras coletadas foram efetuadas análises de carbono orgânico

total (COT) e nitrogênio total (NT), carbono lábil (CL) e não lábil (CNL) e o carbono

das substâncias húmicas (SH): frações ácidos fúlvicos (FAF), ácidos húmicos (FAH) e

huminas (FHUM).

Os valores de COT e NT serviram para calcular o estoque de carbono (Est C) e o

de nitrogênio (Est N), além da relação C/N. O Est C serviram para determinar as taxas

de emissão e seqüestro de carbono (C-CO2). Os valores de CL e CNL serviram para

determinar o índice de manejo de carbono (IMC).

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2.5.1 Determinação do carbono orgânico total, do nitrogênio total, da relação

carbono/nitrogênio e dos estoques de carbono e nitrogênio

O COT foi determinado por oxidação a quente com dicromato de potássio e

titulado com sulfato ferroso amoniacal, segundo método modificado de Walkley &

Black (1934) adaptado por Yeomans & Bremner (1988). O NT foi quantificado por

digestão sulfúrica e dosado por destilação Kjedhal (Bremmer, 1996), cujos valores

obtidos foram utilizados para determinar a relação C/N. Os estoques de COT e NT para

cada profundidade foram calculados utilizando as seguintes expressões (Leite et al.,

2003): Est C = (COT x Ds x e), em que: Est C é o estoque de carbono orgânico total em

determinada profundidade; COT o teor de carbono orgânico total; Ds a densidade do

solo, determinada pelo método do anel volumétrico (Figura 6), segundo EMBRAPA

(1997) em cada profundidade e e a espessura da camada considerada. O cálculo dos

estoques de N total foi efetuado seguindo a seguinte expressão: Est N = (NT x Ds x e),

em que: Est N é o estoque de N total do solo em determinada profundidade e NT o teor

de N total.

Figura 6. Amostra indeformada da coleta da densidade do solo (Ds) em Latossolo

Amarelo sob Cerrado no Piauí7.

________________________

7Os valores da Ds serviram somente para cálculo dos estoques de COT e NT (Tabela

6B).

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2.5.2 Determinação da taxa de emissão e seqüestro de carbono

Os estoques do COT nos sistemas de manejo e na vegetação nativa foram usados

para calcular a emissão ou seqüestro de C-CO2 (Est de COT no sistema de manejo – Est

de COT na vegetação nativa/tempo de uso do sistema). Para converter o estoque de C

em CO2 utilizou-se o fator de conversão 3,67 (massa molar do CO2/massa molar do C)

conforme reportado por Leite et. al (2003).

2.5.3 Determinação da labilidade do carbono e do índice de manejo de carbono

O CL foi quantificado por meio de oxidação com KMnO4 (16,175 mmol.L-1

),

como proposto por Blair et al. (1995) e modificado por Shang & Tiessen (1997),

enquanto CNL, equivalente ao C não oxidado pelo KMnO4, foi determinado por

diferença (CNL = COT– CL). Com base nas mudanças no COT, entre um sistema

referência e um sistema de uso, foi criado um Índice de Compartimento de Carbono

(ICC), calculado como: ICC=COT cultivado/COT referência. Com base nas mudanças

na proporção de CL (i.e. L = CL/CNL) no solo, um Índice de Labilidade (IL) foi

determinado como: IL = L cultivado/L referência. Estes dois índices foram usados para

calcular o Índice de Manejo de Carbono (IMC), obtido pela seguinte expressão: IMC =

ICC x IL x 100 (Blair et al., 1995).

2.5.4 Fracionamento químico de substâncias húmicas

O fracionamento químico de substâncias húmicas (SH) foi realizado segundo o

método sugerido pela International Humic Substances Society (Swift, 1996). Desse

fracionamento, obtiveram-se as frações ácidos fúlvicos (FAF), ácidos húmicos (FAH) e

huminas (FHUM). Do somatório de todas essas frações húmicas, foram obtidas as (SH).

A determinação de C em cada fração húmica, foi realizada conforme Yeomans &

Bremner (1988) para FAF e FAH e Bataglia et al. (1983) para FHUM, onde as amostras

de solo foram tratadas com NaOH 0,1 mol.l-1

, agitadas e deixadas em repouso por 24 h.

Após esta etapa, as mesmas foram centrifugadas a 5.000 g por 20 minutos. Este

procedimento foi repetido por três vezes. O pH do extrato alcalino foi ajustado para 2,0

pela adição de H2SO4 e deixado para decantar durante 18 h. Depois de centrifugado o

material acidificado foi filtrado e teve o volume aferido para 50 ml com água destilada

(FAF). Sobre o precipitado foram adicionados 30 mL de NaOH 0,1 mol.l-1

até a

lavagem e aferidos o volume para 50 ml usando água destilada (FAH). O material

restante nos tubos de centrífuga foi considerado como a FHUM. A determinação

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quantitativa de carbono nos extratos das FAF, FAH e FHUM foram feitas através da

oxidação do C com dicromato de potássio e titulação do excesso. Dos teores de cada

fração de SH foi calculada a relação FAH/FAF e a relação entre as frações no extrato

alcalino (FAF + FAH = EA) e humina (HUM), obtendo-se a relação EA/HUM (Benites

et al., 2003). O Índice de humificação (IH) proposto por Canellas & Santos (2005) foi

calculado através da seguinte fórmula: IH = (FAH + FAF + FHUM)/ COTx100. Este

índice permite inferir a proporção de matéria orgânica humificada em relação ao teor do

COT do solo.

2.6 Análise estatística

Foi avaliado o efeito dos períodos (chuvoso e seco), das profundidades, dos

sistemas de manejo e das interações entre períodos x profundidades, períodos x

sistemas, profundidades x sistemas e períodos e profundidades x sistemas utilizados

para verificar as diferenças entre as médias das análises dos atributos químicos em cada

área estudada comparados por meio do teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade,

utilizando-se o programa ASSISTAT (versão 2010).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Carbono orgânico total, nitrogênio total e relação carbono/nitrogênio

Foram obtidos os valores médios para o COT e o NT, sendo observada interação

significativa (p<0,05) entre o período, profundidade e sistema, para ambas variáveis,

além da relação C/N (Tabela 2). Não houve diferença significativa (p>0,05) para a

interação entre período e sistema para NT (Tabela 2B).

Na camada superficial de 0,00-0,05 o solo sob CN apresentou maior teor de

COT, tanto para o período chuvoso (30,65 g kg-1

) como para o período seco (21,82 g

kg-1

) sendo superior (p<0,05) aos outros sistemas. Os sistemas PD3 e PC3 apresentaram

os menores valores (16,58 g kg-1

e 17,95 g kg-1

, respectivamente) para o período

chuvoso na camada superficial, sendo que o PC3 adquiriu o menor valor (12,04 g kg-1

)

também para o período seco (Tabela 2). Para as demais profundidades de 0,05-0,10 m,

0,10-0,20 m e 0,20-0,40 m, exceto o período chuvoso para a última profundidade, o

sistema PD5 seguido do SILP obtiveram os melhores resultados entre os períodos

chuvoso e seco.

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51

Tabela 2. Teores de carbono orgânico total (COT), nitrogênio total (NT) e relação

carbono/nitrogênio (C/N) em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e

integração lavoura-pecuária, dois períodos de coleta (chuvoso e seco) e

quatro profundidades.

Sistemas

de manejo

COT NT C/N

Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco

-------------------g kg -1

--------------------

Profundidades (m)

0,00-0,05

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

30,65 a

17,95 c

16,58 c

22,03 b

20,41 b

21,82 a

12,04 d

17,58 c

20,10ab

18,94bc

0,97 b

0,74 c

0,95 b

1,11 a

1,18 a

1,07 ab

0,86 c

1,01 b

1,16 a

1,19 a

31,28 a

24,19 b

17,53 c

19,68 c

17,42 c

20,30 a

14,02 b

17,38 ab

17,33 ab

15,93 b

0,05-0,10

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

18,09 b

18,43 b

18,45 b

21,81 a

18,68 b

9,99 c

12,07b

13,38b

18,79a

17,61a

0,77 b

0,78 b

0,82 b

0,99 a

0,89 a

0,75 c

1,02 a

0,88 b

0,95 ab

0,99 ab

23,48 n.s.

24,21 n.s.

22,48 n.s.

22,19 n.s.

21,00 n.s.

13,40 c

12,10 c

15,14 bc

19,81 a

17,81 ab

0,10-0,20

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

13,39 a

15,14 a

11,01 b

15,03 a

15,20 a

7,59 c

8,35 c

7,56 c

10,81 b

12,89a

0,61 bc

0,80 a

0,52 c

0,80 a

0,71 ab

0,48 b

0,70 a

0,47 b

0,75 a

0,71 a

21,89 n.s.

18,84 n.s.

21,20 n.s.

18,85 n.s.

21,36 n.s.

15,95 ab

11,87 c

15,81 ab

14,26 bc

18,09 a

0,20-0,40

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

9,30 n.s.

9,18 n.s.

7,98 n.s.

9,89 n.s.

8,80 n.s.

5,77bc

4,91 c

7,06ab

8,73 a

8,86 a

0,43 ab

0,48 ab

0,40 b

0,52 a

0,46 ab

0,45 b

0,49 b

0,43 b

0,61 a

0,54 ab

21,67 n.s.

18,97 n.s.

20,17 n.s.

19,02 n.s.

19,02 n.s.

12,87 bc

10,02 c

16,47 a

14,24 ab

16,33 a CN – Cerrado nativo; PC3-Plantio Convencional, três anos; PD3 – Plantio Direto, três anos; PD5 –

Plantio Direto, cinco anos; SILP – sistema integração lavoura-pecuária, dois anos. Valores seguidos pela

mesma letra na coluna não apresentam diferenças significativas entre si pelo teste Tukey a 5% de

probabilidade; ns: não significativo.

Estudos realizados por Sá et al. (2004) demonstraram que após cinco anos, o

sistema PD começa a acumular C orgânico no solo onde a imobilização de N aproxima-

se da mineralização, originando estruturas mais estáveis de formação da MOS. Por

outro lado, a semelhança dos valores de COT na profundidade de 0,10-0,20 m no

período chuvoso entre o PC3 com PD5 e SILP pode estar relacionada ao uso de

implementos agrícolas, utilizados anterior ao plantio. Balesdent et al. (2000) alertaram

para o fato de o arado de aiveca utilizado em plantio convencional incorporar resíduos

em profundidade e a MOS ser translocada para profundidades abaixo do pé-de-arado. O

estudo demonstrou diferença não significativa (p>0,05) para o acúmulo de COT na

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52

camada de 0,20-0,40 m para o período chuvoso e diferença significativa (p<0,05)

superior para os sistemas PD3, PD5 e SILP no período seco, sendo o maior índice

observado no SILP (8,86 g kg-1

) demonstrando que a presença de material orgânico,

aliado ao não revolvimento do solo e a rotação de culturas entre gramíneas e

leguminosas pode acumular C com maior eficiência no perfil do solo. Por sua vez,

ressalta-se uma maior entrada de C no solo no período chuvoso entre os tratamentos,

possivelmente devido à presença de material vegetal em processo de decomposição; por

outro lado, as altas temperaturas ocasionadas no período seco, podem ter contribuído

para aumentar a perda de C no solo, acelerando o processo de mineralização.

De modo geral, em todas as profundidades avaliadas, os maiores valores

(p<0,05) para o NT foram observados nos sistemas PD5 e SILP para os períodos

chuvoso e seco (Tabela 2), sendo a interação não significativa (p>0,05) entre período e

sistema. O PD contribui para aumentar os estoques de C no solo devido à cobertura

vegetal sem revolvimento. Além disso, a fertilização nitrogenada utilizada em PD

favorece a manutenção dos estoques de N no solo (Matias, et al., 2009). Também foi

observado para o PC3 na camada de 0,10-0,20 m valores semelhantes de NT,

provavelmente em função do material orgânico anteriormente incorporado. Nos

sistemas em que o solo é revolvido a MOS é distribuída por toda a camada arável,

fazendo com que os teores de COT, em profundidades maiores, possam ser semelhantes

ou até maiores que no sistema PD (Ussiri & Lal, 2009), isto pode contribuir para a

adição de N ao solo em camada subsuperficial por meio da MOS, já que cerca de 95%

do N está associado a MOS incorporados aos esqueletos de C (Silva & Mendonça,

2007).

Para a relação C/N, observou-se maiores valores (p<0,05) de N para o

tratamento CN (31,28 e 20,30) para os períodos chuvoso e seco, respectivamente na

camada superficial, com predomínio do processo de imobilização, relação C/N>30 no

período chuvoso. Durante o período chuvoso não houve diferença significativa (p>0,05)

entre os diferentes sistemas nas profundidades de 0,05-0,10 m, 0,10-0,20 m e 0,20-0,40

m, sendo verificado o maior índice para o PC3 (24,21) na camada de 0,05-0,10 m.

Segundo Moreira & Siqueira (2006), quando os valores da relação C/N<20, há

predomínio do processo de mineralização que favorece a decomposição e a liberação do

N para o solo, podendo ser intermediários quando a relação C/N estiver entre 20-30.

Houve predominância do processo de mineralização para o período seco com liberação

de N para o solo entre todos os sistemas, sendo intermediário apenas para o CN (20,30)

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53

e para grande maioria dos sistemas no período chuvoso. No período sem chuva, os

níveis de C no solo tende a decrescer ao contrário dos níveis de N que podem aumentar

em função da atividade microbiana e da rápida decomposição dos tecidos vegetais,

principalmente os pobres em lignina. A biomassa microbiana do solo apresenta

ciclagem rápida e responde intensamente a flutuações sazonais de umidade e

temperatura, ao cultivo e ao manejo de resíduos, sendo indicador mais sensível das

mudanças nos níveis de MOS do que o teor de COT (Leite et al., 2003a). Os menores

índices da relação C/N foi observado no PC3 no período seco em função da ausência de

material vegetal de cobertura rico em N.

3.2 Estoques de carbono orgânico total, nitrogênio total e taxas de emissão e

seqüestro de carbono

Os valores componentes dos estoques de C e N do solo para dois períodos,

quatro profundidades e cinco sistemas de manejo, são apresentados na (Tabela 3) com

interação significativa (p<0,05) entre o período, profundidade e sistema, sendo

estabelecidas comparações baseadas entre os sistemas e os períodos dentro de cada

profundidade.

A área sob PD5 apresentou superioridade (p<0,05) para os estoques de COT nas

profundidades de 0,00-0,05 m, 0,05-0,10 m e 0,20-0,40 m nos dois períodos chuvoso e

seco, com exceção para a profundidade de 0,10-0,20 m no período seco, sendo o melhor

resultado observado para esta camada no SILP (22,65 Mg há-1

e 19,47 Mg há-1

) em

ambos os períodos (chuvoso e seco, respectivamente). Por outro lado, o sistema PC3

obteve os menores valores entre os períodos, profundidades e sistemas, seguido do PD3

(Tabela 3). Valores inferiores de COT para o PC pode ser devido ao aumento da

decomposição da MOS pelo excessivo preparo do solo e exposição dos agregados ao

ataque microbiano (Leite & Galvão, 2008). Por outro lado, os valores inferiores

observados para o PD3 pode ser devido ao pouco tempo de adoção desse sistema.

Estudos realizados por Sá et al. (2004) em experimento de longa duração,

demonstraram que a consolidação do PD ocorre somente aos cinco anos de implantação

quando se observa um maior equilíbrio entre o processo de imobilização e

mineralização.

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54

Tabela 3. Valores de estoque de carbono (Est COT), estoque de nitrogênio (Est NT) e

taxas de emissão e de seqüestro de carbono (C-CO2) em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária, dois períodos de

coleta (chuvoso e seco) e quatro profundidades.

Sistemas

de manejo

Est COT Est NT C-CO2

Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco

-------------------Mg ha -1

-------------------- Mg ha -1

ano-1

Profundidades (m)

0,00-0,05

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

14,41 ab

10,67 c

10,94 c

16,08 a

13,26 b

10,03 c

7,04 d

11,69 bc

14,57 a

12,59 b

0,45 c

0,44 c

0,62 b

0,82 a

0,77 a

0,49 c

0,50 c

0,67 b

0,84 a

0,79 ab

-

-4,65

-4,28

1,17

-0,23

-

-3,66

2,03

3,33

1,17

0,05-0,10

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

10,67 c

11,72 bc

12,74 b

15,92 a

13,45 b

6,04 c

7,30 c

9,37 b

13,72 a

12,86 a

0,45 c

0,49 bc

0,57 bc

0,72 a

0,61 ab

0,45 b

0,61 a

0,61 a

0,69 a

0,72 a

-

1,35

2,81

3,89

1,47

-

1,54

4,07

5,64

3,13

0,10-0,20

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

18,08 c

20,59 b

16,29 c

21,95 ab

22,65 a

9,94 c

10,94 c

11,34 c

15,57 b

19,47 a

0,83 b

1,09 a

0,76 b

1,17 a

1,06 a

0,63 c

0,92 b

0,71 c

1,09 a

1,07 a

-

3,06

-2,20

2,86

2,11

-

1,22

1,71

4,13

4,37

0,20-0,40

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

25,68 b

24,79 bc

23,48 c

29,06 a

26,22 b

16,17 c

13,18 d

21,17 b

26,02 a

26,75 a

1,19 cd

1,31 bc

1,16 d

1,53 a

1,38 b

1,26 c

1,31 c

1,29 c

1,83 a

1,64 b

-

-1,20

-2,69

2,44

0,38

-

-3,66

6,12

7,23

4,85 CN – Cerrado nativo; PC3-Plantio Convencional, três anos; PD3 – Plantio Direto, três anos; PD5 –

Plantio Direto, cinco anos; SILP – sistema integração lavoura-pecuária, dois anos. Valores seguidos pela

mesma letra na coluna não apresentam diferenças significativas entre si pelo teste Tukey a 5% de

probabilidade; valores positivos indicam seqüestro e valores negativos indicam emissão.

Os resultados do estoque de COT para os diferentes sistemas de manejo

adotados no Cerrado do Piauí levando-se em consideração as profundidades de 0,00-

0,20 m e 0,20-0,40 m para os períodos chuvoso e seco além da área de CN estão

representado nas (Figuras 7 e 8).

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55

Período chuvoso

Período seco

Figuras 7 e 8 - Estoques de C em diferentes sistemas de manejo para os períodos

chuvoso e seco nas profundidades de 0,00-0,20 m e 0,20-0,40 m em

Latossolo Amarelo no Cerrado do Piauí.

Os maiores estoques de C estão na camada de 0,00-0,20 m. O PD5 acumulou a

maior quantidade de COT no período chuvoso nas profundidades de 0,00-0,20 m e

0,20-0,40 m com 53,80 Mg ha-1

e 26,50 Mg ha-1

, respectivamente. Por sua vez o SILP

acumulou mais C entre as mesmas profundidades no período seco com 44,90 Mg ha-1

e

26,75 Mg ha-1

, respectivamente. Estudos realizados por Salton et al. (2008) na região do

Mato Grosso do Sul demonstraram que a presença de gramíneas no PD favorece a

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56

formação de agregados mais estáveis que se relacionam com o aumento do teor de C no

solo.

Os estoques de N mantiveram-se estáveis entre os dois períodos e os sistemas

nas diferentes profundidades, sendo os melhores resultados (p<0,05) observados para os

sistemas PD5 em todas as profundidades e o SILP até a profundidade de 0,20 m.

A estabilidade pelo tempo de adoção do PD5 ocasionou maiores taxas de

seqüestro de C em todo o perfil do solo estudado (Tabela 3) para os períodos chuvoso e

seco, sendo maior no PD5, intermediária no SILP e menor nos sistemas PC3 e PD3

(Tabela 3). Observou-se maior seqüestro de C para o período seco em todos os sistemas

quando associados ao PD e as maiores taxas de emissão (-4,65 Mg ha-1

ano-1

e -3,66 Mg

ha-1

ano-1

) para o PC3 na camada de 0,00-0,05 m nos períodos chuvoso e seco

respectivamente, sendo o mesmo índice do período seco observado na profundidade de

0,20-0,40 m, demonstrando que a ruptura dos agregados pelo uso de implementos

agrícolas na camada arável expõe o C ao ataque microbiano podendo reduzi-lo aos

mesmos índices encontrados no subsolo e promover o aumento de CO2.

3.3 Labilidade e índice de manejo de carbono

Os teores de CL, CNL e o IMC dos diferentes sistemas de manejo foram

comparados dentro de cada profundidade entre os períodos chuvoso e seco, com

interação significativa (p<0,05) entre o período, profundidade e sistema, para ambas

variáveis (Tabelas 4 e 5, respectivamente ) com efeito não significativo (p>0,05) entre

período e a interação período x profundidade para o IMC (Tabela 3B).

Para o período chuvoso, a área de CN apresentou valores superiores (p<0,05)

para o CL, CNL e COT na camada de 0,00-0,05 m (Tabela 4). Os maiores valores de

CL presentes na MOS nas camadas superficiais, podem estar relacionados à maior

adição anual e manutenção dos resíduos vegetais na superfície do solo, em adição à

diminuição da atividade microbiana pela redução da temperatura do solo e maior

aeração, e principalmente, à proteção física da MOS no interior de agregados (Balesdent

et al., 2000). Para a mesma camada, observou-se que todos os valores do IMC foram

inferiores a 100, sendo o pior resultado (50,25) observado no sistema PC3. As

perturbações induzidas pelo manejo convencional, que diminuem a agregação do solo e

a proteção física com acréscimos na erosão também são fatores que determinam o teor

da MOS (Lal, 2005). Por outro lado, valores de IMC inferiores a 100 são indicativos de

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57

impacto negativo das práticas de uso e manejo sobre os teores da MOS e a qualidade do

solo (Blair et al., 1995).

Tabela 4. Teores de C lábil (CL) e não lábil (CNL), carbono orgânico total (COT),

índice de compartimento de carbono (ICC), labilidade de carbono (L), índice

de labilidade (IL) e índice de manejo de carbono (IMC) em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do

Sudoeste Piauiense (Período Chuvoso).

Sist. de

manejo

CL CNL COT ICC L IL IMC

-------------- g kg-1

---------

Profundidades

-------- 0,00-0,05 m---------

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

1,41 a

0,70 d

1,26 b

1,35 ab

1,11 c

29,24 a

17,25 c

15,31 c

20,68 b

19,30 b

30,65 a

17,95 c

16,58 c

22,03 b

20,41 b

-

0,59

0,55

0,73

0,68

0,0485

0,0407

0,0829

0,0654

0,0578

-

0,8488

1,7176

1,3544

1,1971

100,00

50,25 b

93,29 a

97,49 a

80,80 a

-------- 0,05-0,10 m---------

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

0,83 bc

0,71 c

1,26 a

1,23 a

0,96 b

17,26 b

17,71 b

17,19 b

20,57 a

17,73 b

18,09 b

18,43 b

18,45 b

21,81 a

18,68 b

-

1,02

1,02

1,20

1,04

0,0484

0,0405

0,0737

0,0599

0,0533

-

0,8498

1,5510

1,2583

1,1221

100,00

86,78 c

159,33 a

151,94 a

117,00 ab

-------- 0,10-0,20 m---------

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

0,54 b

0,65 ab

0,73 a

0,75 a

0,70 a

12,85 a

14,49 a

10,27 b

14,28 a

14,49 a

13,39 a

15,14 a

11,01 b

15,03 a

15,20 a

-

1,13

0,82

1,12

1,13

0,0425

0,0446

0,0718

0,0525

0,0488

-

1,0558

1,7097

1,2480

1,1585

100,00

119,84 n.s

140,72 n.s

140,59 n.s

131,67 n.s

-------- 0,20-0,40 m---------

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

0,36 ab

0,28 b

0,47 a

0,48 a

0,39 ab

8,94 n.s.

8,89 n.s.

7,51 n.s.

9,40 n.s.

8,41 n.s.

9,30 n.s.

9,18 n.s.

7,98 n.s.

9,89 n.s.

8,80 n.s.

-

0,99

0,85

1,06

0,94

0,0401

0,0325

0,0633

0,0513

0,0467

-

0,8123

1,5848

1,2814

1,1670

100,00

80,03 c

136,70 a

136,32 a

109,14 b CN – Cerrado nativo; PC3-Plantio Convencional, três anos; PD3 – Plantio Direto, três anos; PD5 –

Plantio Direto, cinco anos; SILP – sistema integração lavoura-pecuária, dois anos. Valores seguidos pela

mesma letra na coluna não apresentam diferenças significativas entre si pelo teste Tukey a 5% de

probabilidade; ns: não significativo.

O sistema PD3 apesar de ter apresentado valores significativos (p<0,05) de CL

entres as profundidades de 0,05-0,10 m, 0,10-0,20 m e 0,20-0,40 m no período chuvoso,

observou-se uma maior estabilidade entre as variáveis CL, CNL, COT e IMC para o

sistema PD5. Após cinco anos, o PD tende a formar estruturas mais estáveis, com o

restabelecimento da biomassa microbiana e o rearranjo da estrutura (Sá et al., 2004).

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58

Resultados semelhantes foram observados para o CN, PC3, PD5 e SILP para o

CNL e COT nas profundidades de 0,10-0,20 m. Por sua vez, não houve diferença

significativa (p>0,05) para o IMC entre todos os tratamentos na profundidade de 0,10-

0,20 m, onde todos obtiveram índice superior ao CN. O fato do PC3 apresentar índices

semelhantes aos demais sistemas para a camada de 0,10-0,20 m pode ser devido à

incorporação de material orgânico em profundidade pelo uso de implementos agrícolas.

Os índices comparativos para CNL e COT limitaram-se a profundidade de 0,20 m, com

resultados não significativos (p>0,05) para a profundidade de 0,20-0,40 m. Os valores

de C tendem a decrescer em profundidade em razão da ausência de reposição de

material vegetal (Goedert & Oliveira, 2007).

No período seco foi observada maior labilidade de C para todos os sistemas de

PD e o CN na camada superficial de 0,00-0,05 m (Tabela 5). Nas demais camadas

houve diferença significativa (p<0,05) para o PC3 e PD5, provavelmente devido a

presença de material orgânico incorporado para estas camadas no PC3 e maior teor de C

nas camadas, exceto 0,10-0,20 m, no PD5. O COT foi superior na camada de 0,00-0,05

m para o CN e PD5, porém o IMC foi inferior ao CN entre todos os sistemas,

demonstrando que, a quantidade do material vegetal remanescente dos sistemas de

manejo adotados no Cerrado do Piauí e depositados em superfície ainda não superou a

condição de equilíbrio (Tabela 5).

Para as camadas subsuperficiais de 0,05-0,10 m, 0,10-0,20 m e 0,20-0,40 m o

SILP foi superior (p<0,05) entre os demais sistemas de manejo para o CNL e COT,

com destaque para o IMC apenas na camada de 0,20-0,40 m. Para os demais sistemas o

IMC mostrou-se vantajoso, sendo que o PC3 adquiriu índices semelhantes aos PD nas

profundidades de 0,05-0,10 m e 0,10-0,20 m, provavelmente em função do material

orgânico incorporado anterior ao plantio, porém o PD3 teve IMC inferior ao CN nas

profundidades, exceto 0,05-0,10 m, possivelmente em razão do curto período de

adoção do PD.

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59

Tabela 5. Teores de C lábil (CL) e não lábil (CNL), carbono orgânico total (COT),

índice de compartimento de carbono (ICC), labilidade de carbono (L), índice

de labilidade (IL) e índice de manejo de carbono (IMC) em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do

Sudoeste Piauiense (Período seco).

Sist. de

manejo

CL CNL COT ICC L IL IMC

-------------- g kg-1

----------

Profundidades

-------- 0,00-0,05 m---------

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

1,36 a

0,88 b

1,22 a

1,31 a

1,24 a

20,46 a

11,16 d

16,35 c

18,79 ab

17,70 bc

21,82 a

12,04 d

17,58 c

20,10ab

18,94bc

-

0,55

0,80

0,92

0,87

0,0666

0,0789

0,0749

0,0700

0,0701

-

1,1889

1,1274

1,0546

1,0579

100,00

66,25 b

91,45 a

97,53 a

92,41 a

-------- 0,05-0,10 m---------

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

0,67 c

1,01 ab

1,00 b

1,15 a

0,87 b

9,32 c

11,06 bc

12,38 b

17,64 a

16,74 a

9,99 c

12,07b

13,38b

18,79a

17,61a

-

1,25

1,39

1,92

1,81

0,0726

0,0931

0,0811

0,0653

0,0525

-

1,2939

1,1246

0,9059

0,7253

100,00

156,40 a

153,63 a

172,69 a

130,07 b

-------- 0,10-0,20 m---------

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

0,42 bc

0,69 a

0,39 c

0,55 ab

0,52 bc

7,16 c

7,66 c

7,16 c

10,26 b

12,37 a

7,59 c

8,35 c

7,56 c

10,81 b

12,89a

-

1,10

0,99

1,42

1,69

0,0599

0,0904

0,0553

0,0546

0,0429

-

1,5036

0,9270

0,9176

0,7198

100,00

165,73 a

91,92 c

129,55 b

121,36 b

-------- 0,20-0,40 m---------

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

0,28 b

0,33 ab

0,26 b

0,33 ab

0,45 a

5,49 bc

4,58 c

6,79 ab

8,40 a

8,40 a

5,77bc

4,91 c

7,06ab

8,73 a

8,86 a

-

0,86

1,23

1,52

1,55

0,0520

0,0730

0,0391

0,0401

0,0539

-

1,4046

0,7518

0,7707

1,0368

100,00

121,36 b

92,98 c

117,61 b

160,39 a CN – Cerrado nativo; PC3-Plantio Convencional, três anos; PD3 – Plantio Direto, três anos; PD5 –

Plantio Direto, cinco anos; SILP – sistema integração lavoura-pecuária, dois anos. Valores seguidos pela

mesma letra na coluna não apresentam diferenças significativas entre si pelo teste Tukey a 5% de

probabilidade.

3.4 Distribuição das frações húmicas

Observou-se interação significativa (p<0,05) entre os períodos, profundidades e

sistemas, para variáveis (FAF, FAH, FHUM, FAH/FAF e EA/FHUM) conforme

apresentado na (Tabelas 6). Não houve diferença significativa (p>0,05) para as

interações entre período e sistemas para FAH e período e profundidade para EA

(Tabelas 4B e 5B, respectivamente).

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60

Tabela 6. Teores das frações ácidos fúlvicos (FAF), frações ácidos húmicos (FAH),

frações huminas (FHUM), relação entre ácidos húmicos e fúlvicos

(FAH/FAF) e relação entre o extrato alcalino (EA) e humina (EA/FHUM) em

um Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária, dois

períodos de coleta (chuvoso e seco) e quatro profundidades.

Profundidade (m)

0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40

Sistema

Período

Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco

FAF (g kg -1

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

1,36 bc

0,43 d

0,95 c

1,70 ab

2,05 a

2,32 a

1,57b

1,73b

1,83b

1,58b

0,68 bc

0,46 c

1,04 b

1,80 a

1,85 a

1,13 b

1,87 a

1,23 b

1,46ab

1,30 b

0,67 cd

0,38 d

0,91 bc

1,44 a

1,38 ab

1,15ab

1,57 a

0,81 c

1,38ab

0,91bc

1,07 a

0,33 c

0,55 bc

0,98 ab

0,95 ab

0,97n.s.

0,58n.s

0,79 n.s

0,55 n.s

0,56n.s

FAH (g kg -1

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

7,38 a

2,16 c

4,02 b

4,54 b

4,46 b

5,27 a

2,58b

2,81b

5,33 a

4,38 a

3,03 b

2,82 b

3,60 ab

4,64 a

3,73 ab

2,25 b

2,81ab

2,79ab

3,59ab

3,74 a

0,79 b

0,78 b

1,42 ab

2,44 a

2,28 a

1,54 n.s

1,90 n.s

1,42 n.s

1,82 n.s

1,57 n.s

0,37 n.s

0,21 n.s

0,09 n.s

0,33 n.s

0,35 n.s

1,82n.s

0,99n.s

0,92n.s

1,04n.s

0,89n.s

FHUM (g kg -1

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

17,60 a

4,04 d

7,73 c

10,28 b

8,17 c

11,16a

6,84 c

7,91bc

9,97 a

9,37ab

10,83 a

4,95 d

6,40 cd

9,64 ab

7,72 bc

5,44 b

6,62ab

8,50 a

7,87 a

7,78 a

8,06 a

4,98 c

5,36 bc

7,19 ab

7,57 a

3,99 b

4,43 b

4,44 b

5,46ab

6,62 a

5,25 n.s

4,96 n.s

3,46 n.s

3,96 n.s

4,93 n.s

2,62 b

2,71ab

4,32ab

4,56 a

4,34ab

FAH/FAF (g kg -1

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

5,36 a

5,33 a

4,34 a

2,70 b

2,17 b

2,28 ab

1,72 b

1,61 b

3,08 a

2,80 ab

4,84 b

6,26 a

3,50 bc

2,57 cd

2,03 cd

2,04ab

1,49 b

2,30ab

2,56ab

2,88 a

1,97 a

2,01 a

1,71 b

1,72 b

1,67 b

1,32 n.s

1,20 n.s

1,76 n.s

1,32 n.s

1,88 n.s

0,34 n.s

0,88 n.s

0,47 n.s

0,33 n.s

0,34 n.s

1,93 n.s

1,74 n.s

1,15 n.s

1,92 n.s

1,60 n.s

EA/FHUM (g kg -1

)

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

1,76 bc

1,03 d

1,48 cd

2,15 ab

2,61 a

2,79 a

1,96 b

2,10 b

2,36 ab

2,05 b

0,96 c

1,10 c

1,65 b

2,27 a

2,35 a

1,54 b

2,31 a

1,56 b

1,91ab

1,78ab

0,77 cd

0,54 d

1,19 bc

1,78 a

1,69 ab

1,55ab

2,00 a

1,13 c

1,71ab

1,15bc

1,15 a

0,37 b

0,57 ab

1,07 a

1,02 a

1,78 a

0,94 b

1,01 b

0,78 b

0,76 b CN – Cerrado nativo; PC3-Plantio Convencional, três anos; PD3 – Plantio Direto, três anos; PD5 –

Plantio Direto, cinco anos; SILP – sistema integração lavoura-pecuária, dois anos. Valores seguidos pela

mesma letra na coluna não apresentam diferenças significativas entre si pelo teste Tukey a 5% de

probabilidade; ns: não significativo.

O teor de COT das substâncias húmicas solúveis FAF e FAH variou entre os

sistemas nas diferentes profundidades e períodos, com valores superiores observados na

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61

fração FAH. Na camada superficial de 0,00-0,05 m houve destaque no CN para FAF no

período seco e para FAF e FAH em ambos os períodos. O PD5 e o SILP obtiveram os

maiores índices para FAF no período chuvoso, com destaque para SILP (2,05 g kg-1

) e

para FAH tanto no seco como no chuvoso, sendo este último até a camada de 0,10-0,20

m no período chuvoso (Tabela 6). Não observou diferença significativa (p>0,05) entre

todos os tratamentos para FAF na profundidade de 0,20-0,40 m no período seco e para

FAH em ambos períodos nesta mesma profundidade, além da profundidade de 0,10-

0,20 m no período seco. A presença de COT em maior quantidade observada para os

sistemas nas mesmas profundidades e períodos (Tabela 2) corresponde a estes

resultados, onde os valores de FAF e FAH mostraram-se superiores. Resultados

semelhantes foram encontrados por Loss et al. (2006) em estudo feito em Latossolo

Amarelo sob diferentes coberturas vegetais, os quais reportaram maiores valores para

FAF e FAH na área sob floresta na profundidade de até 0,10 m, sendo também

observado baixos valores para FAF e FAH em profundidade, com maior presença de

FAF até 0,70 m nos sistemas e no solo sob floresta. O maior conteúdo de FAF

comparativo a FAH observado em profundidade, deve-se a maior solubilidade desta

fração no solo (Pinheiro et al., 2005), porém os maiores valores da fração FAH em

relação a FAF é devido ao resultado da rápida mineralização dos compostos orgânicos

(Cunha et al., 2007).

A fração FHUM mostrou-se superior as frações FAF e FAH (Tabela 6), com

maior índice (17,60 g kg-1

) observado na camada superficial de 0,00-0,05 m para o CN

em função da maior quantidade de COT observada nesse tratamento. Houve diferença

significativa (p<0,05) entre os tratamentos com valores favoráveis ao PD5 e SILP

observados nos mesmos períodos e profundidades para as variáveis FAF e FAH com

diferença não significativa (p>0,05) na profundidade de 0,20-0,40 m para o período

chuvoso. A fração FHUM representou a maior fração entre as substâncias húmicas dos

diferentes sistemas em estudo (Tabela 6), sendo observado no PC3 os maiores índices

de humificação (acima de 90%) entre os sistemas e profundidades no período seco

(Tabela 7). O material orgânico naturalmente rico em N, P e Ca, adicionado com

adubações freqüentes e associado às condições bioclimáticas conferida aos Latossolos

com temperatura e precipitação elevada, favorecem a mineralização rápida da MOS e

acelera o processo de humificação, principalmente em sistemas sem cobertura do solo

(Loss et al., 2006; Cunha et al., 2007; Martins et al., 2009).

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62

Para a relação FAH/FAF foram observados valores significativamente

superiores (p<0,05) na camada superficial 0,00-0,05 m no período chuvoso para o CN,

PC3 e PD3 e no período seco para o CN, PD5 e SILP. Na camada de 0,05-0,10 m

destacou-se o PC3 no período chuvoso, sendo exceção no período seco. Na camada de

0,10-0,20 m houve destaque para o CN e PC3 no período chuvoso, com diferença não

significativa (p>0,05) para a mesma camada no período seco e na camada de 0,20-0,40

m nos dois períodos. FAH/FAF representam a relação entre os teores de C na forma de

ácidos húmicos e ácidos fúlvicos e indica o grau de conversão do carbono orgânico

insolúvel presente no solo em frações solúveis que, em geral, os solos mais arenosos

apresentam valores superiores para esta relação, o que significa a perda seletiva da

fração mais solúvel (Martins et al., 2009).

A relação EA/FHUM foi significativamente superior (p<0,05) para o sistema

PD5 em todos os períodos e profundidades, exceto na camada de 0,20-0,40 m no

período seco, sendo em seguida satisfatória ao SILP, indicando maior iluviação do C no

perfil do solo para estes sistemas (Tabela 6). Solos sob vegetação nativa de Cerrado e

pastagens tendem a ter a relação entre o extrato alcalino e a humina como sendo inferior

devido a composição dos resíduos vegetais pobres em lignina, precursor químico da

humina, ácidos húmicos e outros compostos recalcitrantes (Silva & Mendonça, 2007;

Martins et al., 2009). Leite & Galvão (2008) destacam a importância do PD conjugado

ao SILP para o Cerrado do Piauí como sendo o sistema de manejo capaz de incorporar

culturas de cobertura com elevado aporte de resíduos que favorecem as entradas de C e

N no solo de forma equilibrada.

O IH variou entre os sistemas em diferentes profundidades (Tabela 7), sendo

observado o menor (36,96%) na camada de 0,00-0,05 m no período chuvoso e o maior

(94,78%) na camada de 0,10-0,20 m no período seco, ambos no PC3. De acordo Silva

& Mendonça (2007) as substâncias húmicas contribuem com cerca de 85 a 90% dos

solos minerais. O baixo IH (<60%) observado no PC3 no período chuvoso até 0,20 m,

pode ser devido ao processo de aração e gradagem ocorrido vinte e sete dias anterior ao

plantio.

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63

Tabela 7. Teores de Carbono orgânico total (COT), carbono humificado (CH), índice

de humificação (IH) em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e

integração lavoura-pecuária, dois períodos de coleta (chuvoso e seco) e

quatro profundidades.

Sistemas

de manejo

COT CH IH

Chuvoso Seco Chuvoso Seco Chuvoso Seco

g kg-1

g kg-1

%

Profundidades (m)

0,00-0,05

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

30,65

17,95

16,58

22,03

20,41

21,82

12,04

17,58

20,10

18,94

26,34

6,63

12,71

16,53

14,68

18,76

11,00

12,46

17,14

15,33

85,11

36,96

76,63

75,12

72,05

85,55

91,41

70,98

85,12

81,01

0,05-0,10

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

18,09

18,43

18,45

21,81

18,68

9,99

12,07

13,38

18,79

17,61

14,55

8,24

11,05

16,09

13,31

8,83

11,30

12,53

12,92

12,83

80,36

44,64

60,09

73,56

71,37

88,81

93,35

93,85

68,72

72,85

0,10-0,20

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

13,39

15,14

11,01

15,03

15,20

7,59

8,35

7,56

10,81

12,89

9,53

6,15

7,70

11,07

11,24

6,69

7,91

6,67

8,66

9,11

71,09

40,59

69,93

73,68

73,93

88,08

94,78

89,14

80,19

70,61

0,20-0,40

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

9,30

9,18

7,98

9,89

8,80

5,77

4,91

7,06

8,73

8,86

6,70

5,50

4,10

5,28

6,24

5,42

4,28

6,04

6,16

5,80

72,01

60,38

51,00

53,48

70,74

93,62

87,32

85,69

70,56

65,42 CN – Cerrado nativo; PC3-Plantio Convencional, três anos; PD3 – Plantio Direto, três anos; PD5 –

Plantio Direto, cinco anos; SILP – sistema integração lavoura-pecuária, dois anos.

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64

4. CONCLUSÕES

O CN apresentou maior teor de COT na superfície do solo, com melhor

distribuição no perfil observado no PD5 seguido do SILP.

O PD5 e o SILP apresentaram valores superiores para os teores e estoques de

COT e NT, bem como nos teores de CL e taxas de seqüestro de C-CO2, observados no

perfil do solo.

O SILP demonstrou maior potencial em estocar C entre as camadas de 0,00-0,20

m e 0,20-0,40 m, no período seco.

O PD5 seguido do SILP apresentou melhor distribuição das frações húmicas do

solo entre os sistemas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Disponível em: <http://www.assistat.com.br.> Acesso em 22 ago. 2010.

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69

CAPÍTULO 4

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A matéria orgânica do solo (MOS) determina os principais atributos químicos,

físicos e biológicos que definem a qualidade do solo (QS), sendo diretamente afetada

pelas práticas de manejo. Neste sentido, a adoção de processos para manter ou melhorar

a QS deve merecer maior concentração de esforços da pesquisa e da transferência de

tecnologia.

Sistemas de produção agrícola de regiões tropicais têm o potencial para manter

ou melhorar a QS, desde que contemplem a baixa mobilização do solo e a presença de

plantas, preferencialmente de espécies diferentes. Desse modo, é importante entender se

e como as mudanças no número e composição de espécies de plantas, além do manejo

adotado em áreas agricultáveis, afetam as taxas de acúmulo de carbono (C) no solo e

sua associação com a emissão de dióxido de carbono (CO2) para atmosfera.

Considerando o estado atual do conhecimento, ainda não foi possível identificar

precisamente, a duração do ciclo ideal, dentro do sistema integração lavoura-pecuária

(SILP), necessário para restaurar a fertilidade química, física e biológica do solo. Além

disso, mais estudos são necessários para identificar sistemas de rotação envolvendo

forrageiras e culturas, gramíneas e leguminosas que não somente tragam benefícios ao

funcionamento do solo, como também sejam viáveis social, econômico e

ambientalmente.

Os atributos químicos selecionados estão de acordo com aqueles citados como

de grande importância em estudos da QS diretamente correlacionadas com o aumento

nos teores de MOS, porém quantificações com maior periodicidade no tempo e a

utilização de outros métodos para avaliar o carbono orgânico total (COT) incluindo os

atributos físicos e biológicos em diferentes sistemas de manejo para o Cerrado do Piauí

devem auxiliar de maneira mais detalhada o monitoramento da QS.

Neste sentido, a utilização de outros métodos para determinar as frações estáveis

ou substâncias húmicas (fracionamento físico) e frações ativas ou lábil (C da biomassa

microbiana) são sugeridos para complementar o estudo da QS para a região do Cerrado

do Piauí.

Em relação ao COT encontrado no SILP, sugere-se a utilização do método do

C13

, para estudo dos efeitos de alterações decorrentes de mudanças no uso da terra,

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70

especialmente quando da passagem de vegetações com dominância de espécies de ciclo

fotossintético C3 (como a maioria presente na mata nativa) para espécies C4 (como as

gramíneas).

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71

ANEXOS

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72

ANEXO A – Capítulo 1 Página

Tabela 1A. Resumo dos coeficientes de variação (CV %) para atributos

químicos em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-

pecuária no Cerrado do Piauí.............................................................................

73

Tabela 2A. Quadro da análise de variância considerando dois períodos

(chuvoso e seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um

Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no

Cerrado do Piauí.................................................................................................

73

Tabela 3A. Resumo da ANOVA para o K+, considerando dois períodos

(chuvoso e seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um

Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no

Cerrado do Piauí, sendo o teste F n.s

...................................................................

74

Tabela 4A. Resumo da ANOVA para o pH, considerando dois períodos

(chuvoso e seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um

Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no

Cerrado do Piauí, sendo o teste F n.s

...................................................................

74

Tabela 5A. Resumo da ANOVA para CTC potencial (T), considerando dois

períodos (chuvoso e seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo

em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária

no Cerrado do Piauí, sendo o teste F n.s

..............................................................

75

Tabela 6A. Características granulométricas em um Latossolo Amarelo no

Cerrado do Piauí.................................................................................................

75

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73

Tabela 1A. Resumo dos coeficientes de variação (CV %) para atributos químicos em

um Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no

Cerrado do Piauí

Atributo

Químico

CV%-a

(Período)

CV%-b

(Profundidade)

CV%-c

(Sistemas)

Ca2+

42,28 16,11 19,55

Mg2+

31,31 17,75 24,41

K+ 23,33 16,31 18,47

SB 35,45 13,37 16,30

Ph 3,91 1,47 2,15

Al+3

26,60 11,04 15,90

H+Al+3

11,91 9,69 10,72

m% 14,61 5,09 7,81

t 15,60 8,37 10,51

T 7,40 7,17 8,67

V% 33,39 12,76 16,21

P 19,20 15,66 16,15

C 9,60 7,78 8,21

a=parcelas; b=subparcelas; c=subsubparcelas

Tabela 2A. Quadro da análise de variância considerando dois períodos (chuvoso e

seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do

Piauí

Fonte de Variação Graus de Liberdade

Período (a) 1

Erro-a 8

Parcelas 9

Profundidade (b) 3

Int. axb 3

Erro-b 24

Subparcelas 39

Sistemas (c) 4

Int. axc 4

Int. bxc 12

Int. axbxc 12

Erro-c 128

Total 199

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74

Tabela 3A. Resumo da ANOVA para o K+, considerando dois períodos (chuvoso e

seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do

Piauí, sendo o teste F n.s

.

Fonte de Variação Graus de Liberdade

K+ Valor F

Período (a) 1 n.s

Erro-a 8 -

Parcelas 9 -

Profundidade (b) 3 **

Int. axb 3 n.s.

Erro-b 24 -

Subparcelas 39 -

Sistemas (c) 4 **

Int. axc 4 **

Int. bxc 12 **

Int. axbxc 12 **

Erro-c 128 -

Total 199 n.s.

não significativo (p >0.05)

Tabela 4A. Resumo da ANOVA para o pH, considerando dois períodos (chuvoso e

seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do

Piauí, sendo o teste F n.s

.

Fonte de Variação Graus de Liberdade

pH Valor F

Período (a) 1 n.s

Erro-a 8 -

Parcelas 9 -

Profundidade (b) 3 **

Int. Axb 3 **

Erro-b 24 -

Subparcelas 39 -

Sistemas (c) 4 **

Int. axc 4 **

Int. bxc 12 **

Int. axbxc 12 **

Erro-c 128 -

Total 199 n.s.

não significativo (p >0.05)

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75

Tabela 5A. Resumo da ANOVA para o T (CTC potencial), considerando dois períodos

(chuvoso e seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um

Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no

Cerrado do Piauí, sendo o teste F n.s

.

Fonte de Variação Graus de Liberdade

T (CTC potencial) Valor F

Período (a) 1 n.s

Erro-a 8 -

Parcelas 9 -

Profundidade (b) 3 **

Int. Axb 3 **

Erro-b 24 -

Subparcelas 39 -

Sistemas (c) 4 **

Int. axc 4 **

Int. bxc 12 **

Int. axbxc 12 **

Erro-c 128 -

Total 199 n.s.

não significativo (p >0.05)

Tabela 6A. Características granulométricas em um Latossolo Amarelo no Cerrado do

Piauí. Sist. Areia

Grossa

Areia

Fina

Silte Argila Textura

----------- g Kg-1

-----------

0,00-0,05 m

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

425,83

485,50

516,00

440,33

460,17

190,67

179,33

177,50

180,00

208,00

130,83

52,50

60,50

67,00

52,50

252,57

282,67

246,00

312,67

279,33

FAA

FAA

FAA

FAA

FAA

0,05-0,10 m

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

416,83

445,17

476,50

460,33

462,17

217,67

216,00

214,00

186,00

207,50

69,50

46,17

53,50

54,33

44,33

296,00

292,67

256,00

299,33

286,00

FAA

FAA

FAA

FAA

FAA

0,10-0,20 m

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

437,50

485,50

541,17

441,00

467,50

210,17

158,67

133,17

189,50

188,83

79,67

76,50

83,00

76,83

54,33

272,67

279,33

242,67

292,67

289,33

FAA

FAA

FAA

FAA

FAA

0,20-0,40 m

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

398,33

449,83

379,67

410,00

438,17

197,67

177,83

256,50

142,17

179,83

68,00

53,00

91,17

101,83

59,33

336,00

319,33

272,67

346,00

322,67

AA

FAA

FAA

AA

FAA

* FAA – Franco Argilo Arenoso; ** Argilo Arenoso.

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76

ANEXO B – Capítulo 2 Página

Tabela 1B. Resumo dos coeficientes de variação (CV %) para frações de

carbono e nitrogênio em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e

integração lavoura-pecuária no Cerrado do Piauí .............................................

77

Tabela 2B. Resumo da ANOVA para NT, considerando dois períodos

(chuvoso e seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um

Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no

Cerrado do Piauí, sendo o teste F n.s

.....................................................................

77

Tabela 3B. Resumo da ANOVA para o IMC, considerando dois períodos

(chuvoso e seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um

Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no

Cerrado do Piauí, sendo o teste F n.s

.....................................................................

78

Tabela 4B. Resumo da ANOVA para a FAH, considerando dois períodos

(chuvoso e seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um

Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no

Cerrado do Piauí, sendo o teste F n.s

.....................................................................

78

Tabela 5B. Resumo da ANOVA para EA, considerando dois períodos

(chuvoso e seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um

Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no

Cerrado do Piauí, sendo o teste F n.s

.....................................................................

79

Tabela 6B. Valores de Ds - Densidade do solo (período chuvoso e seco) e

características granulométricas em um Latossolo Amarelo no Cerrado do

Piauí......................................................................................................................

79

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77

Tabela 1B. Resumo dos coeficientes de variação (CV %) para frações de carbono e

nitrogênio em um Latossolo Amarelo sob plantio direto e integração

lavoura-pecuária no Cerrado do Piauí

Atributo

Químico

CV%-a

(Período)

CV%-b

(Profundidade)

CV%-c

(Sistemas)

COT 9,60 7,78 8,21

NT 6,16 8,44 9,03

C/N 10,67 9,98 10,65

Est. C 8,45 7,09 7,06

Est. N 10,80 9,45 7,69

CL 15,38 12,28 10,64

CNL 9,60 7,81 8,37

IMC 33,00 24,02 10,87

FAF 20,66 23,27 23,78

FAH 36,01 25,15 31,33

FHUM 12,31 12,87 16,46

FHUM/FAF

EA

31,28

20,72

32,66

19,72

34,72

21,70

a=parcelas; b=subparcelas; c=subsubparcelas

Tabela 2B. Resumo da ANOVA para NT, considerando dois períodos (chuvoso e seco),

quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do

Piauí, sendo o teste F n.s

.

Fonte de Variação Graus de Liberdade

NT Valor F

Período (a) 1 **

Erro-a 8 -

Parcelas 9 -

Profundidade (b) 3 **

Int. axb 3 **.

Erro-b 24 -

Subparcelas 39 -

Sistemas (c) 4 **

Int. axc 4 n.s.

Int. bxc 12 **

Int. axbxc 12 **.

Erro-c 128 -

Total 199 n.s.

não significativo (p >0.05)

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78

Tabela 3B. Resumo da ANOVA para o IMC, considerando dois períodos (chuvoso e

seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do

Piauí, sendo o teste F n.s

.

Fonte de Variação Graus de Liberdade

IMC Valor F

Período (a) 1 n.s

Erro-a 8 -

Parcelas 9 -

Profundidade (b) 3 **

Int. axb 3 n.s

Erro-b 24 -

Subparcelas 39 -

Sistemas (c) 4 **

Int. axc 4 **

Int. bxc 12 **

Int. axbxc 12 **

Erro-c 128 -

Total 199 n.s.

não significativo (p >0.05)

Tabela 4B. Resumo da ANOVA para a FAH, considerando dois períodos (chuvoso e

seco), quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do

Piauí, sendo o teste F n.s

.

Fonte de Variação Graus de Liberdade

FAH Valor F

Período (a) 1 n.s

Erro-a 8 -

Parcelas 9 -

Profundidade (b) 3 **

Int. axb 3 **

Erro-b 24 -

Subparcelas 39 -

Sistemas (c) 4 **

Int. axc 4 n.s

.

Int. bxc 12 **

Int. axbxc 12 **

Erro-c 128 -

Total 199 n.s.

não significativo (p >0.05)

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79

Tabela 5B. Resumo da ANOVA para EA, considerando dois períodos (chuvoso e seco),

quatro profundidades e cinco sistemas de manejo em um Latossolo

Amarelo sob plantio direto e integração lavoura-pecuária no Cerrado do

Piauí, sendo o teste F n.s

.

Fonte de Variação Graus de Liberdade

EA Valor F

Período (a) 1 **

Erro-a 8 -

Parcelas 9 -

Profundidade (b) 3 **

Int. Axb 3 n.s.

Erro-b 24 -

Subparcelas 39 -

Sistemas (c) 4 **

Int. Axc 4 **

Int. Bxc 12 **

Int. Axbxc 12 **

Erro-c 128 -

Total 199 n.s.

não significativo (p >0.05)

Tabela 6B. Valores de Ds - Densidade do solo (período chuvoso e seco) e

características granulométricas em um Latossolo Amarelo no Cerrado do

Piauí. Sist. Ds

(Chuvoso)

Ds

(seco)

Areia

Grossa

Areia

Fina

Silte Argila Textura

----- (Mg m-3

) ---- ----------- g Kg-1

-----------

0,00-0,05 m

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

0,94

1,19

1,32

1,46

1,30

0,92

1,17

1,33

1,45

1,33

425,83

485,50

516,00

440,33

460,17

190,67

179,33

177,50

180,00

208,00

130,83

52,50

60,50

67,00

52,50

252,57

282,67

246,00

312,67

279,33

FAA

FAA

FAA

FAA

FAA

0,05-0,10 m

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

1,18

1,27

1,38

1,46

1,44

1,21

1,21

1,40

1,46

1,46

416,83

445,17

476,50

460,33

462,17

217,67

216,00

214,00

186,00

207,50

69,50

46,17

53,50

54,33

44,33

296,00

292,67

256,00

299,33

286,00

FAA

FAA

FAA

FAA

FAA

0,10-0,20 m

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

1,35

1,36

1,48

1,46

1,49

1,31

1,31

1,50

1,44

1,51

437,50

485,50

541,17

441,00

467,50

210,17

158,67

133,17

189,50

188,83

79,67

76,50

83,00

76,83

54,33

272,67

279,33

242,67

292,67

289,33

FAA

FAA

FAA

FAA

FAA

0,20-0,40 m

CN

PC3

PD3

PD5

SILP

1,38

1,35

1,47

1,47

1,49

1,40

1,34

1,50

1,49

1,51

398,33

449,83

379,67

410,00

438,17

197,67

177,83

256,50

142,17

179,83

68,00

53,00

91,17

101,83

59,33

336,00

319,33

272,67

346,00

322,67

AA

FAA

FAA

AA

FAA

* FAA – Franco Argilo Arenoso; ** Argilo Arenoso.