Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ENFERMAGEM
CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO
ÂNGELA MONIC LIMA DE SOUZA
ESTADO EMOCIONAL E QUALIDADE DO SONO EM PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM NOS TURNOS HOSPITALARES
NATAL
2019
ÂNGELA MONIC LIMA DE SOUZA
ESTADO EMOCIONAL E QUALIDADE DO SONO EM PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM NOS TURNOS HOSPITALARES
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
Área de Concentração: Enfermagem na Atenção à Saúde
Linha de Pesquisa: Enfermagem na Saúde Mental e Coletiva
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Milva Maria Figueiredo De Martino
NATAL
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Bertha Cruz Enders - Escola de Saúde da UFRN -
ESUFRN
Souza, Ângela Monic Lima de.
Estado emocional e qualidade do sono em profissionais de
enfermagem nos turnos hospitalares / Ângela Monic Lima de Souza.
- 2019.
66f.: il.
Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem. Natal, RN, 2019.
Orientadora: Profa. Dra. Milva Maria Figueiredo de Martino.
1. Profissionais de Enfermagem - Dissertação. 2. Saúde
ocupacional - Dissertação. 3. Sono - Dissertação. 4. Emoções -
Dissertação. I. Martino, Milva Maria Figueiredo de. II. Título.
RN/UF/BS-Escola de Saúde CDU 616-083:613.6
ESTADO EMOCIONAL E QUALIDADE DO SONO EM PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM NOS TURNOS HOSPITALARES
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito para obtenção do título de Mestre em
Enfermagem.
Resultado: Aprovada
Natal/RN, 15 de março de 2019.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profa. Dra. Milva Maria Figueiredo De Martino (Presidente)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
________________________________________
Profa. Dra. Soraya Maria de Medeiros (Examinadora Interna)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
________________________________________
Profa. Dra. Rejane Maria Paiva de Menezes (Examinadora Interna)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
________________________________________
Profa. Dra. Rosângela Marion da Silva (Examinadora Externa)
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
DEDICATÓRIA
A Deus, meu guia e meu pastor, pois até aqui
Ele me ajudou.
Aos meus pais Marta e Sulian, meu alicerce e
minha base. Em especial, a minha querida
mãe, pois tudo o que sou devo ao seu incentivo
e amor.
AGRADECIMENTOS
A Deus por ser tão grandioso e bondoso. Agradeço pelo dom da vida, por me
guiar e iluminar, por me dar sempre mais do que mereço.
Aos meu queridos pais, Marta e Sulian, pelo amor incondicional, por todos os
sacrifícios e por dedicar suas vidas para o meu crescimento. Agradeço por toda força
mesmo distante. Tudo o que sou e o que serei, devo a vocês. Amo vocês.
À minha grande amiga Vanessa, que percorreu esse caminho sempre ao meu
lado desde a graduação. Sua amizade e companheirismo foram essenciais nessa
jornada. Conte sempre comigo.
À minha querida orientadora, Professora Milva Maria Figueiredo De Martino,
por ter me acolhido com tanto carinho, por me apresentar um tema tão encantador,
por toda sua paciência e bondade. Agradeço por confiar em minha capacidade e por
todo encorajamento. É com muita honra que concluo essa etapa como orientanda de
uma profissional tão brilhante.
À doutoranda Kézia Medeiros, agradeço por todo incentivo, disponibilidade e
por ter me recebido com tanto carinho. Você foi peça fundamental para a construção
deste trabalho, não tenho palavras para agradecê-la.
À minha família por se fazerem presentes mesmo com toda a distância, por
toda dedicação, apoio e pelo amor incondicional.
Aos amigos que fizeram a caminhada ao meu lado, entenderam minhas
ausências, vibraram a cada conquista e me apoiaram em todos os momentos.
Ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, aos seus docentes e
colaboradores, por ter sido minha segunda casa e escola na vida acadêmica.
Aos profissionais de enfermagem, enfermeiros e técnicos de enfermagem
que aceitaram participar da pesquisa, sem a colaboração de vocês nada disso seria
possível.
À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal e Ensino Superior
(CAPES) pela concessão da bolsa de mestrado, a qual foi ferramenta fundamental
para a realização da presente pesquisa.
Aos professores, participantes das bancas de qualificação e defesa desta
dissertação. Professora Nilba, Rejane, Soraya e Rosângela, o meu muito obrigada.
SOUZA, A. M. L. Estado emocional e qualidade do sono em profissionais de
enfermagem nos turnos hospitalares. 2019. 66f. Dissertação (Mestrado), –
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGEnf), Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, Natal, 2019.
RESUMO
O Estado Emocional exerce de forma significativa uma influência no contexto social,
comportamental e até mesmo no processo de trabalho. A enfermagem lida de forma
direta com essa extensão, em especial aqueles que trabalham por turnos chegando a
cumprir uma carga horária de até 12 horas. Essa jornada pode gerar perturbações
emocionais caracterizadas por sensações subjetivas de desconforto e acompanhadas
por mudanças no nível da atividade em funções cognitivas, linguagem e funções
fisiológicas, como apetite, atividade sexual, ritmos biológicos e qualidade do sono.
Tais funções fisiológicas se alteradas podem influenciar de forma direta profissionais
de enfermagem. O presente estudo objetivou descrever o estado emocional e
identificar se este exerce influência na qualidade do sono dos profissionais de
enfermagem nos turnos diurno e noturno. Trata-se de um estudo de abordagem
observacional, delineamento de corte transversal e análise descritiva. Foi
desenvolvido em um Hospital Público Federal de ensino universitário, junto aos
profissionais de enfermagem dos turnos diurno e noturno. O levantamento de dados
em sua totalidade foi coletado no período de janeiro a dezembro de 2018, mediante
os instrumentos: Lista de Estado Emocional Presente, Questionário Índice de
Qualidade do Sono de Pittsburgh e Formulário de Caracterização Sociodemográfica.
Os questionários foram disponibilizados de acordo com o turno de trabalho de cada
profissional. Participaram da pesquisa 74 enfermeiros e 107 técnicos de enfermagem.
Os dados após serem codificados e tabulados, passaram por análise estatística por
meio do programa SPSS versão 2.0. O estudo obteve parecer favorável do Comitê de
Ética e Pesquisas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob CAAE de nº
80922717.8.0000.5537. O perfil sociodemográfico apresentou caracterização com
predominância do sexo feminino para ambas as classes de profissionais, em 79% da
amostra, com faixa etária entre 24 e 45 anos, correspondendo a aproximadamente
94%. Verificou-se presença de diferença estatisticamente significativa para a variável
mais de um trabalho (p=0,001) e semelhança significativa para a variável filhos
(p=0,047). Para a variável uso de estimulantes, afirmaram fazer uso 81% dos
enfermeiros e 75% dos técnicos de enfermagem. Quanto à avaliação da qualidade do
sono, apenas 22% dos profissionais de enfermagem apresentaram boa qualidade do
sono. Em relação ao estado emocional, as locuções “estou refletindo”, “estou
cansado”, “estou tomando cuidado”, “sinto saudade de alguém” e “estou com sono”
apresentaram respostas para as intensidades mais ou menos e fortemente. Conclui-
se que que o trabalho em turnos causa prejuízos à qualidade do sono dos profissionais
de enfermagem, a qual também pode sofrer influências pelas alterações identificadas
nos estados emocionais.
Palavras-chave: Emoções; Sono; Trabalho em turnos; Profissionais de Enfermagem.
SOUZA, Ângela Monic Lima. Emotional status and sleep quality in nursing
professionals in hospital shifts. 2019. Masters thesis (Master), 66f – Programa de
Pós-Graduação em Enfermagem (PPGEnf), Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, 2019.
ABSTRACT
The Emotional State exerts a significant influence in the social context, behavioral and
even in the work process. Nursing deals directly with this extension, especially those
who work in shifts reaching a workload of up to 12 hours. This journey can generate
emotional disturbances characterized by subjective feelings of discomfort and
accompanied by changes in the level of activity in cognitive functions, language and
physiological functions, such as appetite, sexual activity, biological rhythms and sleep
quality. Such altered physiological functions can directly influence nursing
professionals. The present study aimed to describe the emotional state and to identify
if it exerts influence on the sleep quality of the nursing professionals in the day and
night shifts. It is a study of observational approach, cross-sectional delineation and
descriptive analysis. It was developed in a Federal Public Hospital of university
education, together with the nursing professionals of the day and night shifts. The data
collection in its entirety was collected from January to December of 2018, using the
instruments: Present Emotional Status List, Pittsburgh Sleep Quality Index
Questionnaire and Sociodemographic Characterization Form. The questionnaires
were made available according to the work shift of each professional. A total of 74
nurses and 107 nursing technicians participated in the study. The data after being
coded and tabulated, passed through statistical analysis through the SPSS version 2.0
program. The study obtained a favorable opinion from the Ethics and Research
Committee of the Federal University of Rio Grande do Norte under CAAE no.
80922717.8.0000.5537. The sociodemographic profile showed a predominance of
females for both classes of professionals, in 79% of the sample, with ages ranging
from 24 to 45 years, corresponding to approximately 94%. There was a statistically
significant difference for the variable more than one work (p = 0.001) and significant
similarity for the children variable (p = 0.047). For the variable use of stimulants, they
affirmed that 81% of nurses and 75% of nursing technicians use it. Regarding the
evaluation of sleep quality, only 22% of nursing professionals presented good sleep
quality. Regarding the emotional state, the phrases "I am reflecting", "I am tired", "I am
taking care", "I miss someone" and "I am sleepy" presented responses to the intensities
more or less and strongly. It is concluded that shift work causes impairment of sleep
quality of nursing professionals, who may also be influenced by changes identified in
emotional states.
Keywords: Emotions; Sleep; Shift Work; Nurse Practioners.
LISTA DE SIGLA
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CNS Conselho Nacional de Saúde
HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes
NREM Non-Rapid Eye Movement
PSQI Pittsburgh Sleep Quality Index
REM Rapid Eye Movement
RN Rio Grande do Norte
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Características sociodemográficas de enfermeiros e técnicos de
enfermagem segundo o turno de trabalho. Natal/RN, 2019................. 27
Tabela 2- Características sociodemográficas dos profissionais de enfermagem
segundo o turno de trabalho. Natal/RN, 2019....................................... 28
Tabela 3- Distribuição das características de hábitos de vida dos enfermeiros e
técnicos de enfermagem. Natal/RN, 2019............................................ 29
Tabela 4- Distribuição das características de hábitos de vida dos enfermeiros e técnicos de enfermagem conforme turno de trabalho. Natal/RN, 2019........................................................................................................ 30
Tabela 5- Descrição da qualidade do sono (PSQI) em cada categoria profissional
e de acordo com o turno de trabalho. Natal/RN, 2019............................. 31
Tabela 6- Distribuição das locuções da LEP em suas expressões mais ou
menos/fortemente em relação à categoria profissional. Natal/RN,
2019........................................................................................................ 31
Tabela 7- Distribuição das locuções da LEP em suas expressões mais ou menos/fortemente em relação ao turno de trabalho. Natal/RN, 2019....
32
Tabela 8- Correlação entre o escore da qualidade do sono do PSQI e categoria
profissional. Natal/RN, 2019................................................................... 33
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 13
2.1 Objetivo geral ................................................................................................... 13
2.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 13
3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 14
3.1 Fisiologia das emoções e sua influência .......................................................... 14
3.2 Fisiologia e qualidade do sono ......................................................................... 16
3.3 Trabalho em turnos: efeitos no ciclo vigília-sono e no estado emocional ........ 18
3.4 Enfermagem e o trabalho em turnos ................................................................ 20
4. METODOLOGIA ................................................................................................... 20
4.1 Desenho do estudo .......................................................................................... 21
4.2 Local do estudo e Regime de trabalho ............................................................. 21
4.3 Participantes do estudo .................................................................................... 21
4.4 Critérios de inclusão e exclusão....................................................................... 22
4.5 Procedimentos de coleta .................................................................................. 23
4.6 Instrumentos para coleta de dados .................................................................. 24
4.7 Análise dos dados ............................................................................................ 25
4.8 Aspectos éticos ................................................................................................ 25
4.9 Financiamento.................................................................................................. 26
5. RESULTADOS ...................................................................................................... 27
6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 34
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 37
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38
APÊNDICE ................................................................................................................ 44
ANEXOS ................................................................................................................... 47
10
1. INTRODUÇÃO
A Cronobiologia segundo Halberg (1983) é uma ciência interdisciplinar que
estuda a interação do tempo com as estruturas metabólicas, hormonais e neuronais.
As pesquisas sobre Cronobiologia desenvolveram estudos abrangentes sobre os
ritmos biológicos humanos permitindo conhecer as características individuais e, para
tanto, criou-se um vocabulário próprio para as definições dos fenômenos estudados
(HALBERG, 1983; SANTOS et al., 2016).
A organização do trabalho em turnos está presente na rotina do homem há
muitas décadas, porém a preocupação com os efeitos dessa divisão de trabalho tem
se tornado cada vez mais atual. Essa divisão de trabalho se tornou uma forma de
organização diária de diversas categorias. Na área da saúde, o trabalho nos diferentes
turnos do dia torna-se necessário e indispensável por se tratar do cuidado contínuo
de vidas. Assim, as atividades de enfermagem são divididas de acordo com os turnos
de trabalho como uma forma organizacional e gerencial do serviço. As jornadas de
trabalho podem ocorrer em diferentes horários do dia, de maneira fixa ou em rodízios
(MENDES, DE MARTINO, 2012; SILVA et al., 2011).
O trabalho em turno dos profissionais de enfermagem segue uma variabilidade
de horários, em que as pessoas são submetidas a cumprir uma jornada de trabalho
de pelo menos seis horas de atividades e em alguns hospitais até 12 horas diárias,
incluindo as atividades no turno noturno. Tendo em vista que o ritmo biológico de sono
normal está compreendido no período noturno, acaba por gerar alterações nos
padrões de sono dessa população. Estudos demonstram que fatores como motivação
para alcançar um objetivo pode fazer com que o padrão de sono das pessoas seja
invertido, porém por um período de tempo determinado ou enquanto as motivações
para essas atividades estiverem presentes (DE MARTINO, 1989).
O desajustamento dos horários de repouso pode ocasionar diversos prejuízos
à saúde dos trabalhadores em turnos. Estes podem apresentar sintomas de
alterações do seu estado geral de saúde, como mudanças nos padrões de sono,
distúrbios gastrointestinais, cardiovasculares, fadiga, dentre outras. Pesquisas
demonstraram que muitas são as variáveis contribuintes para a melhora ou piora da
tolerância ao trabalho em turnos, estas estão relacionadas à irritabilidade,
11
interferências nas relações sociais e familiares, desordens psíquicas, características
de relação com a tolerância ao trabalho e fatores psicossociais (MENDES, DE
MARTINO, 2012).
Esses dados corroboram com outra pesquisa que demonstra a presença de
diversos sintomas em profissionais de enfermagem que exercem suas atividades
laborais noturnas em um hospital universitário localizado na região do Sul do país,
onde os sujeitos relataram mais vezes a presença de irritabilidade, nervosismo,
depressão, taquicardia, diminuição do desejo sexual e fadiga crônica, demonstrando,
assim, que o estado emocional e de ânimo do profissional pode ter repercussão
importante no sono desse profissional (MAYNARDES, SARQUIS, KIRCHHOF, 2009).
Um dos aspectos relevantes a serem investigados na presente pesquisa diz
respeito ao estado emocional com repercussões na qualidade do sono dos
profissionais de enfermagem que trabalham em turnos hospitalares.
A partir de uma listagem de 370 palavras do dicionário português, realizada
buscando descrever os diversos tipos de estados subjetivos denominados por
sentimentos, paixão, humor e afeição, com o intuito de não realizar inferências
antecipadas a respeito desses estados, como resultado foi obtido um instrumento de
investigação, Lista de Estados Emocionais Presentes – LEP (Engelmamn, 1986), o
qual será utilizado como um material para a realização da presente pesquisa (DE
MARTINO; MISKO, 2004).
Algumas pesquisas têm mostrado que existem alterações fisiológicas
acompanhadas das psicológicas entre as pessoas que trabalham em esquemas de
turnos, como evidenciado em uma pesquisa com enfermeiros de um hospital público
de Lisboa que trabalhavam em turnos, a qual demonstrou conflitos para o organismo
humano ao se exercer atividades em horários de turnos e sistema de rodízios,
ocasionando um curto período entre o horário diurno e noturno para que o organismo
se adapte. Assim, esses profissionais referiam estar “cansados”, “desinteressados” e
“cheios” (DE MARTINO, BASTO, 2009).
Em estudo realizado com enfermeiros de um hospital universitário no sul do
Brasil, ao serem aplicados testes para avaliação cognitiva, foi observado que a
atenção dos sujeitos demonstra escores melhores quando estão menos cansados.
12
Ainda na mesma pesquisa, em um grupo de sete enfermeiras do turno noturno, quatro
mencionaram apresentar estado de depressão, apreensão e muito cansaço (DE
MARTINO, 1996).
Esses profissionais encontram-se expostos a condições adversas presentes
em seu espaço de trabalho, como o contato com a dor, sofrimento, ao trabalho em
turnos, além da crise existencial, fazendo com que vivenciem sentimentos de
ansiedade, desestímulo, insatisfação e acomodação por não conseguirem idealizar
uma perspectiva de crescimento profissional, podendo gerar tensão emocional
crônica, causando desequilíbrio individual levando ao comprometimento de sua saúde
mental, o que acarreta diversas implicações na sua atividade profissional (DE
MARTINO; MISKO, 2004; SILVA; DE MARTINO, 2009).
Desse modo, os profissionais de enfermagem estão propensos a alterações no
ciclo sono-vigília, com prejuízos para seu bom desempenho. Essa alteração pode
ocorrer pelas mudanças nos horários de sono e repouso que interferem na qualidade
de vida e estado emocional contribuindo para que o desenvolvimento de atividades
cotidianas fique prejudicado.
Para realização do presente estudo foi utilizada a seguinte questão de
pesquisa: Há influência do estado emocional na qualidade do sono dos profissionais
de enfermagem?
A partir do levantamento de estudos bibliográficos, ao notar-se a escassez de
pesquisas sobre a presente temática e ausência destas no estado do Rio Grande do
Norte, surgiu a motivação para a realização do estudo abordando fatores tão
importantes para a saúde da classe de enfermagem. Espera-se que os resultados a
serem obtidos com esta investigação tenham um impacto positivo na comunidade
científica despertando para a importância de como o estado emocional dos
profissionais pode vir a desempenhar influência sobre a assistência prestada, como
também para reflexão sobre hábitos saudáveis de sono.
13
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Descrever o estado emocional e sua influência na qualidade do sono dos
profissionais de enfermagem nos turnos diurno e noturno.
2.2 Objetivos específicos
• Caracterizar os aspectos sociodemográficos dos profissionais de enfermagem;
• Identificar os índices de qualidade do sono desses profissionais;
• Verificar se existe uma correlação entre as variáveis de estado emocional
presente e qualidade do sono.
14
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Fisiologia das emoções e sua influência
Percebe-se a influência que as emoções exercem de forma significativa no
contexto social, comportamental e até mesmo no processo de adoecimento. A
medicina psicossomática analisa os diversos fatores que podem ser considerados
como determinantes ou agentes do adoecer, dentre eles estão os fatores emocionais,
culturais, ambientais, psicofisiológicos, genéticos, entre outros (BORGES;
VICENTINI, 2013).
A palavra emoção pode ser encontrada com diversas definições, sendo estas
normalmente se referindo aos sentimentos positivos ou negativos produzidos por uma
determinada situação (CARLSON, 2002). As emoções podem ser determinadas por
um conjunto de respostas desencadeadas por partes do corpo ou do cérebro
(DAMÁSIO, 1998). Os termos emoções e sentimentos podem ser por diversas vezes
confundidos, porém são definidos de formas diferentes em que o sentimento é
derivado de um estado emocional e deve ser utilizado para especificar um estado
mental complexo; já a emoção é mais facilmente identificada, pois os estímulos são
mais simples e muitas de suas respostas são exteriorizadas e mensuráveis de forma
mais fácil (MACHADO, 2010).
Anatomicamente, as emoções são originadas a partir do sistema límbico,
responsável também pelos comportamentos sociais, o qual realiza um processo de
análise de impulsos gerados por estímulos internos ou externos liberando uma
resposta para uma determinada área ou órgão do corpo humano (BORGES;
VICENTINE, 2013). Uma das partes de maior importância do sistema límbico,
considerado por alguns autores como “centro das emoções” no cérebro, é o
hipotálamo, o qual está suscetível a influências excitatórias e inibidores por diversas
outras estruturas do sistema límbico e córtex cerebral, tornando-o a estrutura
organizadora do comportamento emocional (MARINO, 1975).
15
Figura 1- Anatomia do sistema límbico com localização do hipotálamo
Fonte: GUYTON, HALL., (2017, p.2211)
O hipotálamo é responsável por diversas atividades que podem ser excitadas
ou inibidas a partir de estímulos recebidos, a depender do tipo podem causar efeitos
diversos no organismo. No sistema cardiovascular, há o aumento ou diminuição da
pressão arterial e frequência cardíaca, a regulação de água corporal é alterada pela
excreção de líquido pela urina ou por gerar a sensação de sede. No entanto o sistema
gastrointestinal é estimulado aumentando a liberação de suco gástrico, explicando
assim algumas das sensações presenciadas pelo homem. Sintomas como esses
podem influenciar de forma direta os profissionais de enfermagem, vindo a interferir
na assistência (GUYTON; HALL, 2017).
A enfermagem é uma profissão na qual suas atividades são em muitas
situações executadas, de forma contínua e ininterrupta, durante as 24 horas do dia e
em sistemas de turnos, ou seja, por vezes os profissionais assumem duplas jornadas
de trabalho em diferentes horários, como no turno noturno (SILVA; DE MARTINO,
2009).
O ambiente de trabalho no qual a equipe de enfermagem atua pode apresentar
fatores considerados estressores, os quais são capazes de influenciar de forma direta
16
e indireta na saúde do profissional, por exemplo, alterando o estado emocional do
indivíduo que terá como possível consequência o prejuízo na assistência, colocando
em risco a segurança do paciente (OLIVEIRA; MAZZAIA; MARCOLAN, 2015).
Em se tratando do trabalho da equipe de enfermagem por turnos e as
repercussões na qualidade de vida dessa classe, enfatiza-se a importância do estudo
da qualidade do sono que poderá contribuir na melhoria do desempenho profissional
para que ocorra uma assistência de qualidade, colaborando, dessa forma, para uma
diminuição de eventos adversos.
3.2 Fisiologia e qualidade do sono
O sono é um fenômeno universal, sendo definido por um estado de
inconsciência em que o despertar pode acontecer através de estímulos sensoriais ou
estímulos externos. É responsável pela restauração e manutenção de energia. O
organismo dos seres humanos funciona de acordo com um relógio biológico operando
conforme fatores externos e internos do ambiente, onde essa ritmicidade natural é de
fundamental importância para diversas funções do organismo, como a restauração e
manutenção de energia (SILVA, E.C.G. et al., 2010).
O organismo humano age em conformidade ao ritmo que regula o período de
repouso e atividade, o qual é denominado ritmo circadiano. Esse ritmo compreende o
ciclo dia/noite de 24 horas, existindo fatores externos denominados ambientais que
influenciam na qualidade do sono, como ruído, luz e temperatura (SANTOS; COSTA,
2016).
Existe um padrão responsável por manifestar a ritmicidade comportamental
humana, interferindo em variáveis fisiológicas como a regulação da temperatura
central e níveis de melatonina e cortisol, sendo esse padrão denominado ciclo vigília-
sono (BUENO; WEY, 2012). O retorno do sono pode acontecer por estimulação,
enquanto a vigília é caracterizada pela responsividade e por um fator neuroquímico
que age no processamento e registro de informações e interações com o ambiente. A
variação entre sono e vigília acontece de forma circadiana e pode variar de acordo
com fatores como sexo, idade e características particulares (CHOKROVERTY, 2010).
17
Durante o sono é possível observar o aumento do acúmulo plasmático da
melatonina, o que acontece de forma reversa quando se observa a fase de vigília. Em
relação aos níveis de cortisol, é percebida uma súbita elevação ao final do estado de
sono, permanecendo nas primeiras horas da manhã e diminuindo de forma gradual
no curso do dia (SCHMIDT, 2007; MADRID; LAMA, 2006).
Os conhecimentos sobre sono só puderam ser observados através de estudos
por meio da realização do eletroencefalograma (EEG), o qual permite observar as
ondas cerebrais (onda alfa, beta, teta e delta), distinguindo a vigília e o sono em suas
fases. Podemos distinguir o sono nas seguintes fases: sono Rapid Eye Movements
(REM), caracterizado por movimentos oculares rápidos, e sono Non Rapid Eye
Movements (NREM), sem movimentos rápidos, nesse último há ainda subdivisões que
são classificadas em N1, N2 e N3 (IBER, 2006).
O sono REM, também denominado sono paradoxal ou dessincronizado, é a
forma ativa do sono no qual a atividades cerebral é intensa, correspondendo a 20%
do metabolismo cerebral global aumentado. Em uma noite de sono normal, ocorrem
episódios de 5 a 30 minutos, com recorrência a cada 90 minutos. Se o indivíduo
apresentar uma sonolência excessiva, esses episódios podem se tornar mais curtos,
aumentando de acordo com o tempo de repouso do corpo. Enquanto o sono de ondas
lentas ou sono NREM possui características de sono profundo, com extremo
relaxamento, sendo este considerado o sono reparador, com diminuição da pressão
arterial, frequência respiratória e metabolismo basal (GUYTON, HALL, 2017).
A arquitetura do sono é delineada por fases REM e NREM, as quais possuem
características próprias. Esses estágios serão executados durante uma noite, oito
horas de sono, formados por cinco a seis ciclos de sono, em que cada ciclo terá uma
duração aproximada de 90 a 120 minutos (SCHMIDT, 2007). No quadro abaixo,
seguem características gerais das fases de Sono NREM e REM.
Quadro 1 - Características gerais do sono NREM e REM
Características Gerais
Sono NREM Sono REM
Relaxamento muscular com
manutenção do tônus Hipotonia ou atonia muscular
18
Progressiva redução de
movimentos corporais
Movimentos fásicos e mioclonias
multifocais/emissão de sons
Aumento progressivo de ondas
lentas no ECG Movimentos oculares rápidos
Ausência de movimentos oculares
rápidos
ECG com predomínio de ritmos
rápidos e de baixa voltagem
Respiração e Eletrocardiograma
regulares
Respiração e Eletrocardiograma
irregulares
Consolidação da memória e
sonhos
Fonte: FERNANDES, 2006.
Observa-se no EEG, no decorrer das fases NREM, uma diminuição do
movimento das ondas com progressivo aumento da sua amplitude. No sono N1, as
ondas se apresentam com uma frequência mais alta do que as observadas no sono
N2. Já na fase N3, as ondas mostram-se lentas e com alta amplitude, ao contrário do
que é encontrado durante o sono REM, o qual apresenta movimentos de ondas
rápidas, com baixa amplitude e rápidos movimentos oculares (OLIVEIRA, 2002).
Quando há uma mudança de forma abrupta nos ritmos diários de atividade, os
ritmos circadianos internos se tornam dessincronizados, resultando em distúrbios de
sono, alterações de humor, podendo interferir no desempenho de atividades durante
o período que se encontrar acordado (GUYTON; HALL, 2011). A privação do sono de
forma cumulativa pode gerar um cansaço físico excessivo e diminuição na capacidade
mental, o que pode causar mudanças no estilo de vida do profissional de enfermagem,
podendo interferir na sua qualidade de vida (SILVA, E.C.G. et al., 2010). Nessa
perspectiva, o trabalho em turno representa um problema sério para essa classe de
profissionais.
3.3 Trabalho em turnos: efeitos no ciclo vigília-sono e no estado emocional
A área da saúde é um setor que utiliza turnos de trabalho para execução de
suas atividades por se tratar de um ambiente no qual os pacientes e família
necessitam de assistência de forma ininterrupta.
19
No Brasil, a prática de enfermagem é dividida em carga horária semanal de
trabalho, a qual varia entre 30 e 40 horas semanais. Quanto às jornadas de trabalho
diárias, estas podem ser divididas em turno de 12 horas de trabalho, sendo diurno ou
noturno, seguido de 36 horas de descanso, turno com duração de 6 a 8 horas de
trabalho em cinco dias na semana ou conforme a norma vigente do estabelecimento
de saúde (COSTA, ROTENBERG, GRIEP, FISCHER, 2015).
Ao desempenhar suas atividades no período noturno, o ciclo vigília-sono do
profissional de enfermagem é invertido e consequentemente transferido o seu período
de sono para o dia. Como visto em estudos, ao repousar durante o dia, o sono é
considerado não reparador por sofrer inúmeras interferências e vários podem ser os
prejuízos à saúde dos trabalhadores, apresentando sintomas frequentes de alterações
digestivas, cardiovasculares, mal-estar, redução do desempenho, irritabilidade,
desordens psíquicas e interferências no convívio social e familiar (DE MARTINO,
MENDES, 2012, DE MARTINO, BASTO, 2009).
A qualidade do sono e o estado emocional presente estão intimamente ligados,
tendo em vista que alterações no padrão do sono acarretam em alterações no sistema
emocional e humor dos profissionais. Em estudo realizado com enfermeiros, no qual
foi analisado o estado emocional presente, foram verificadas respostas com
diminuição de intensidade aos sentimentos abordados de enfermeiros que trabalham
no período diurno, sugerindo que essa amostra dorme o período de sono noturno
adequado, em comparação com os profissionais noturnos que apresentaram forte
intensidade em locuções de sentimentos como “estou cansado”, “estou com sono” e
“sinto um alívio” ao final de plantões noturnos (DE MARTINO, MISKO, 2004).
Períodos prolongados de trabalho noturno e jornadas de trabalho extensas
podem acarretar distúrbios relacionados ao sono e estresse, gerando absenteísmo,
conforme abordado em estudo com trabalhadores do período noturno em que o sono
e o turno estiveram relacionados às faltas, além de alta percepção de estresse e
ausências por questões de saúde (ANDRADE et al., 2017).
Apesar de gerar consequências negativas para a saúde do profissional, o
trabalho no período noturno em ambiente hospitalar é fundamental e indispensável
para a continuidade do cuidado e da assistência, contudo é necessária a elaboração
de estratégia com o intuito da valorização e bem-estar dos profissionais, diminuindo,
desse modo, as consequências na saúde desses profissionais.
20
3.4 Enfermagem e o trabalho em turnos
A globalização e as mudanças na estrutura e ritmo de trabalho estabeleceram
novas relações entre os trabalhadores e seus ambientes laborais. Há a necessidade
de muitas classes executarem suas atividades no período em que o corpo humano é
programado biologicamente para estar em repouso, no período noturno.
As atividades exercidas pelos profissionais de enfermagem exigem
continuidade durante as 24 horas, levando-os a trabalhar em sistemas de turnos,
ocasionando mudanças nos arranjos biológicos internos responsáveis pela arquitetura
do sono. Sabendo que o sono desempenha o papel fundamental na manutenção da
saúde física e mental dos indivíduos, mudanças em seu ritmo podem levar à exaustão,
insônia, mal-estar, dentre outras alterações corporais (SANTOS, COSTA, 2016).
Nesse contexto, a enfermagem, ao exercer atividades no turno diurno, está
suscetível a sofrer deficit de sono, uma vez que inicia suas atividades no primeiro
período do dia, podendo gerar sonolência diurna excessiva (BRAGA, et al., 2015).
Porém, o sono noturno é considerado o mais reparador por apresentar maior duração
e qualidade, com aumento da liberação de melatonina, redução da temperatura
corporal e diminuição dos estímulos externos que influenciam no despertar (COSTA,
ROTENBERG, GRIEP, FISCHER, 2015).
Estudos demonstram que o sono no período diurno para os trabalhadores
noturnos é considerado não reparador, pois sofre diversas influências fisiológicas e
ambientais, levando a diversos períodos de despertar durante esse tempo,
corroborando com pesquisas que evidenciam a fragmentação do sono como causa
para desenvolvimento de transtornos metabólicos e de humor, tais como cansaço,
estresse, sonolência excessiva diurna, ansiedade, depressão, dentre outros
(CLENDON, WALKER, 2013; DE MARTINO, BASTO, 2009).
21
4. METODOLOGIA
4.1 Desenho do estudo
Trata-se de um estudo de abordagem observacional e, delineamento de corte
transversal e análise descritiva.
Nos estudos transversais, todas as medições são feitas em uma única ocasião,
sem período de acompanhamento. Os delineamentos transversais são úteis quando
se quer descrever variáveis e seus padrões de distribuição e inferir causa e efeito a
partir das associações das variáveis definidas (HULLEY et al., 2006).
4.2 Local do estudo e Regime de trabalho
O estudo foi realizado no Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, localizada na cidade de Natal/RN. Trata-se de um
Hospital Público Federal referência para o estado do Rio Grande do Norte em cirurgias
e tratamento de alta complexidade. Dispõe de 242 leitos de internação sendo 19 leitos
de UTI, 84 ambulatórios para um atendimento especializado. Possui ainda 12 salas
de cirurgia e um centro de diagnóstico por imagem constituído por um prédio de 4
andares reunindo todos os serviços de imagem e equipado de avançada tecnologia.
O regime de trabalho da equipe de enfermagem do hospital consta de jornadas
de trabalho de duas formas: os enfermeiros vinculados à UFRN exercem uma carga
horária de 30 horas semanais, por meio de plantões diários de 06h, nos turnos da
manhã ou tarde, com folga a cada cinco plantões ou plantões noturnos de 12h com
36 horas de folgas, correspondendo a 10 plantões mensais. Para os enfermeiros
contratados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), a jornada
de trabalho é de 36 horas semanais, sendo distribuídas em plantões de 06 horas para
o turno diurno (manhã e tarde) e, para o turno noturno, plantões de 12 horas contra
36 horas de folga, correspondem, assim, a 12 plantões mensais.
4.3 Participantes do estudo
Participaram da pesquisa enfermeiros e técnicos de enfermagem dos turnos
diurno e noturno e que atuassem nos setores assistenciais, totalizando em 634
profissionais.
22
O tamanho amostral foi obtido considerando a metodologia de um cálculo
amostral com o objetivo de estimar uma proporção. Considerou-se uma proporção p
igual a 0,50 cujo valor representa a variabilidade máxima da distribuição binomial,
gerando, dessa forma, uma estimativa com o maior tamanho amostral possível.
O tamanho amostral (n) para uma proporção, considerando uma população
finita, pode ser estimado por meio da seguinte fórmula (Medronho et. al, 2008;
Cochran, 1963):
𝑛 =𝑁𝑝(1 − 𝑝)
𝑝(1 − 𝑝) + (𝑁 − 1)𝐷2,
Nessa fórmula, “N” representa o tamanho da população; já “D”, a precisão da
estimativa a ser mensurada, que pode ser descrita como “B/Z”, em que “B” é o erro
amostral e “Z” é um percentil da distribuição normal padrão.
A população considerada para o cálculo do tamanho amostral era composta
por 634 profissionais (181 enfermeiros e 453 técnicos). Além disso, foi assumido um
erro amostral de 5% e um nível de significância de 5%. Com isso, o tamanho amostral
obtido foi de 240 profissionais. Considerando uma taxa de 20% para possíveis perdas,
o tamanho amostral será de 288 profissionais. Esse tamanho amostral foi dividido
proporcionalmente entre as categorias, resultando, assim, em uma amostra de 81
enfermeiros e 207 técnicos de enfermagem.
4.4 Critérios de inclusão e exclusão
Foram selecionados para composição da amostra os sujeitos que estiveram em
atividade nos turnos diurno e noturno e assentir voluntariamente em participar da
pesquisa com assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os critérios de inclusão foram atuar como enfermeiro ou técnico de
enfermagem, há pelo menos 6 meses nos setores assistenciais, no período noturno
ou diurno da referida instituição e fazer parte do seu quadro efetivo de funcionários.
Foram excluídos aqueles que estavam em licença de qualquer natureza ou em
período de férias.
23
4.5 Procedimentos de coleta
O projeto foi encaminhado ao Comitê de ética da UFRN e solicitada a
autorização prévia da assinatura da direção do Hospital Universitário para o termo de
anuência, antes do início da coleta. A coleta de dados foi realizada durante todo o ano
de 2018.
Inicialmente, realizou-se, em um primeiro contato, uma reunião com os
enfermeiros responsáveis pelos setores para uma apresentação do projeto e para
explicar os objetivos da pesquisa; após, os sujeitos foram entrevistados e entregues
os questionários de acordo com seu turno de trabalho, diurno ou noturno.
Os questionários foram entregues aos profissionais para que fossem
respondidos, com exceção da Lista de Estado Emocional Presente – LEP, a qual era
solicitado o preenchimento no momento da entrega. Os instrumentos foram entregues
no fim ou no início do expediente de trabalho. Primeiramente era realizada uma
explicação do objetivo do trabalho e, após, solicitada a colaboração que era
confirmada pela assinatura do Termo de Livre Consentimento, em duas vias, uma
para o pesquisador e outra para o entrevistado.
Nenhuma explicação foi dada sobre as respostas com a finalidade de evitar
influência sobre os resultados. Quando essas condições não conseguiram ser
respeitadas por algum problema ocorrido no setor, era cancelado o preenchimento do
questionário e, em outro dia, aleatoriamente, voltava-se a campo para nova coleta.
A leitura das instruções e o preenchimento da LEP duravam de 3 a 5 minutos.
A lista de locuções era apresentada aos sujeitos sob várias formas, sendo
diferenciada pela ordem sequencial aleatória em que apareciam as locuções.
Os questionários foram entregues em sua totalidade, 81 questionários para
enfermeiros e 207 para técnicos de enfermagem, porém a devolução dos
questionários não realizada como proposto. Muitos profissionais não realizaram a
devolução dos questionários, apesar de medidas tomadas como: identificação de local
no setor para deixar os questionários e contato por meio telefônico e e-mail dos
profissionais. Assim, o estudo foi composto por 74 enfermeiros e 107 técnicos de
enfermagem, os quais fizeram a devolução do material.
24
4.6 Instrumentos para coleta de dados
Formulário para caracterização individual e sociodemográfica: refere-se a um
questionário para entrevista com questões fechadas sobre a profissão exercida, sexo,
idade, estado civil, número de filhos, setor de trabalho no hospital, turno que trabalha
e quantidade de horas permanecidas no turno, tempo de formação profissional, se
tem outro emprego e se realiza alguma outra atividade.
Questionário de Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQUI-BR): o
presente questionário é um versão traduzida por Bertolazi et al (2011) e que teve sua
validação por Buysse et al (1989), o qual é autoaplicável e tem o intúito de classificar
o padrão de sono e mensurar sua qualidade. O PSQI avalia ainda os distúrbios
presentes durante o sono em um período de um mês (RODRIGUES; NINA; MATOS,
2014).
O questionário é formado por um total de 10 questões, em que, ao final de cada
questão, está presente um espaço para registro de comentários dos participantes,
quando necessário. Nesse instrumento, a soma de todos os critérios forma um score
global com variação entre 0 e 21 pontos, sendo considerado com boa qualidade de
sono aquele com pontuação ≤ 5 e má qualidade de sono para aqueles que
apresentarem pontuação > 5 (SILVA et al. 2016).
O PSQI permite realizar a avaliação a partir de sete componentes:
1) Qualidade subjetiva do sono, levando em consideração a percepção
individual do participante;
2) Latência do sono, verifica-se o tempo necessário para o início do sono;
3) Duração do sono, questiona-se quanto tempo o participante passa dormindo;
4) Eficiência habitual do sono, obtida pela relação do número de horas
dormidas e número de horas em permanência na cama sem que esteja
necessariamente dormindo;
5) Distúrbios do sono, investiga-se a presença de quadros que levem à
interrupção do sono;
25
6) Uso de medicação para dormir, se o participante faz uso ou não de
medicamentos para dormir;
7) Sonolência diurna e distúrbios durante o dia, analisa-se se há alterações na
disposição, entusiasmo na realização de atividades do dia a dia, causadas pela
sonolência diurna.
Lista de Estado Emocioanl Presente (LEP): refere-se a uma lista de origem
brasileira elaborada e validada por ENGELMANN (1986), constituída de 40 locuções
e avaliada por uma escala classificada de acordo com quatro níveis de intensidade
que correspondem a muito “forte”(4), “mais ou menos”(3), “fraco”(2), “nada”(1).
Realizou-se uma análise fatorial da locuções da LEP por Engelmann (1986), o
qual tinha como finalidade caracterizar a semelhança entre os relatos verbais de
emoção correlacionando com as locuções e a partir daí distribuí-las em fatores. A
presente lista nos permite realizar a medida dos estado subjetivos dos indivíduos no
momento em que está sendo respondida.
4.7 Análise dos dados
Os dados obtidos foram tabulados em planilha do programa Excel 8.0
processados e analisados com auxílio do SPSS, versão 20.0, para apresentação dos
dados em frequência absoluta e relativa, média, mediana e desvio-padrão. O teste de
Kolmogorv-Sminov foi aplicado para avaliar a aderência das variáveis contínuas à
distribuição normal.
O teste Qui-Quadrado de Fisher foi utilizado para comparar características da
amostra por turno de trabalho. Os dados foram analisados descritivamente por
medidas de posição e dispersão. O teste exato de Fisher será aplicado para analisar
a associação entre o turno de trabalho, PSQI e LEP.
4.8 Aspectos éticos
O projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e submetido à Plataforma
Brasil para aprovação em concordância com as determinações da Resolução
466/2012 Conselho Nacional de Saúde – CNS do Ministério da Saúde, o qual define
26
as diretrizes e normas sobre a pesquisa envolvendo seres humanos, obedecidos os
princípios fundamentais da Bioética inerentes à autonomia, beneficência, não
maleficência e justiça.
O levantamento dos dados foi iniciado após a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e aprovação sob Parecer favorável de nº 2.444.883
e CAAE 80922717.8.0000.5537 (ANEXO D).
4.9 Financiamento
O financiamento para a execução da presente pesquisa se deu através de
bolsa de estudos viabilizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES).
27
5. RESULTADOS
Inicialmente, caracterizou-se a população do estudo em variáveis categóricas,
tanto em valores numéricos de frequência como em porcentagem, como é mostrado
na Tabela 1.
Houve predominância do sexo feminino de modo geral (79,55%) entre os
profissionais de enfermagem, com 78,38% para os enfermeiros e 80,37% entre os
técnicos de enfermagem. Entre estes exercendo as atividades de enfermagem no
turno diurno com 82,35% e 71,11% dos profissionais do turno noturno.
Em relação à faixa etária, 94% dos sujeitos pesquisados encontravam-se entre
24 e 45 anos de idade, sendo 99 dos técnicos de enfermagem e 71 dos enfermeiros
distribuídos nos dois turnos.
Observou-se que para o estado civil 110 participantes estavam com
companheiro, sendo 59,46% entre os enfermeiros e 61,68% entre os técnicos, destes
78,18% trabalhavam no turno diurno, seguidos de 21,81% sem companheiros que
trabalhavam no turno noturno.
Quanto a ter filhos ou não, 52,70% dos enfermeiros e 67,29% dos técnicos de
enfermagem afirmaram ter 1 ou mais filhos. Em relação ao turno de trabalho, 60,29%
dos participantes que trabalhavam durante o dia afirmaram ter filhos, semelhante ao
noturno, com 64,44%.
Tabela 1- Características sociodemográficas de enfermeiros e técnicos de enfermagem segundo o turno de trabalho. Natal/RN (2019)
Categoria profissional
Enfermeiros Técnicos de enfermagem
Variáveis N % N %
Sexo
Masculino 16 21,62 21 19,63
Feminino 58 78,38 86 80,37
Faixa etária
24 a 45 anos 71 95,94 99 92,52
46 a 60 anos 3 04,06 8 07,48
Estado civil
Com companheiro 44 69,46 66 61,68
28
Sem companheiro 30 40,54 41 38,32
Filhos
Sim 39 52,70 72 67,29
Não 35 47,30 35 32,71
Tabela 2- Características sociodemográficas dos profissionais de enfermagem segundo o turno de trabalho. Natal/RN (2019)
Turno de trabalho
Diurno Noturno
Variáveis N % N %
Sexo
Masculino 24 17,65 13 28,89
Feminino 112 82,35 32 71,11
Estado civil
Com companheiro 86 63,24 24 53,33
Sem companheiro 50 36,76 21 46,67
Filhos
Sim 82 60,29 29 64,44
Não 54 39,71 16 35,56
Do total dos enfermeiros, 64,86% não possuíam mais de um trabalho, em
oposição à categoria técnicos de enfermagem, na qual 64,49% possuíam outro
vínculo empregatício; destes, 61,75% trabalhavam no turno diurno.
Em relação ao uso de estimulantes, houve predominância nas duas categorias,
em que afirmavam fazer uso de estimulantes, bem como, 79,41% dos profissionais
que trabalhavam à noite e 71,11% dos profissionais do turno diurno.
De modo geral, todos os participantes em ambos os turnos declararam não
fazer uso de qualquer outro medicamento. Quanto à ingestão de bebidas alcoólicas
socialmente, 52,70% dos enfermeiros faziam uso, seguidos de 50,47% dos técnicos
de enfermagem. Referente aos turnos, os profissionais do diurno afirmaram ingerir
álcool socialmente (52,21%) e (51,11%) e do turno diurno responderam
negativamente.
As duas categorias afirmaram ter condução própria, 95,95% dos enfermeiros e
78,50% dos técnicos, entre os turnos também houve predominância em possuir
29
condução própria com 86,76% dos diurnos e 82,22% dos noturnos.
Em relação à prática de atividades físicas, 40 enfermeiros responderam “sim”
e 66 técnicos responderam não fazer atividades físicas. Em ambos os turnos, a maior
parte dos profissionais não praticava atividades físicas (74 diurnos e 26 noturnos).
Tabela 3- Distribuição das características de hábitos de vida dos enfermeiros e técnicos de enfermagem. Natal/RN (2019)
Categoria profissional
Enfermeiros Técnicos de enfermagem p-valor*
Variáveis N % N %
Mais de um trabalho
Sim 26 35,14 69 64,49 0,0001
Não 48 64,86 38 35,51
Uso de estimulantes
Sim 60 81,08 80 74,77 0,3184
Não 14 18,92 17 25,23
Usa medicamento de forma geral
Sim 31 41,89 47 43,93 0,7859
Não 43 58,11 60 56,07
Ingere álcool socialmente
Sim 39 52,70 54 50,47 0,7674
Não 35 47,30 53 49,53
Tem condução própria
Sim 71 95,95 84 78,50 0,0010
Não 3 04,05 23 21,50
Pratica atividade física
Sim 40 54,05 41 38,32 0,0363
Não 34 45,95 66 61,68
*p-valor obtido por meio do teste Qui-Quadrado.
30
Tabela 4- Distribuição das características de hábitos de vida dos enfermeiros e técnicos de enfermagem conforme turno de trabalho. Natal/RN (2019)
Turno de trabalho
Diurno Noturno p-valor*
Variáveis N % N %
Mais de um trabalho
Sim 84 61,76 11 24,44 <0,0001
Não 54 38,24 34 75,56
Uso de estimulantes
Sim 108 79,41 32 71,11 0,2489
Não 28 20,59 13 28,89
Usa medicamento de forma geral
Sim 58 42,65 20 44,44 0,8328
Não 78 57,35 25 55,56
Ingere álcool socialmente
Sim 71 52,21 22 48,89 0,6996
Não 65 47,79 23 51,11
Tem condução própria
Sim 118 86,76 37 82,22 0,4514
Não 18 13,24 8 17,78
Pratica atividade física
Sim 62 45,59 19 42,22 0,6939
Não 74 54,41 26 57,78
*p-valor obtido por meio do teste Qui-Quadrado.
Na Tabela 5, verificou-se nos indivíduos estudados, 44 enfermeiros
apresentaram má qualidade do sono e 18 boa qualidade do sono. Quanto aos técnicos
de enfermagem, 75 apresentaram sono de má qualidade e 22 boa qualidade do sono.
Ainda em relação à qualidade do sono, 66,18% dos profissionais do turno diurno e
64,44% do noturno apresentaram sono de má qualidade.
31
Tabela 5- Descrição da qualidade do sono (PSQI) em cada categoria profissional e
de acordo com o turno de trabalho. Natal/RN (2019)
Categoria profissional PSQI categorizado p-valor*
Boa Ruim Distúrbio do sono
N % N % N %
Enfermeiro 18 24,32 44 59,46 12 16,22
0,2552* Técnico de Enfermagem 22 20,56 75 70,09 10 09,35
Turno de trabalho
Diurno 32 23,53 90 66,18 14 10,29
0,3535* Noturno 8 17,78 29 64,44 8 17,78
*p-valor obtido por meio do teste Qui-Quadrado.
Em relação à Lista de Estado Emocional Presente, as locuções que
apresentaram expressões mais ou menos/fortemente por enfermeiros e técnicos de
enfermagem estão descritas na Tabela 6.
Tabela 6- Distribuição das locuções da LEP em suas expressões mais ou menos/fortemente em relação à categoria profissional. Natal/RN (2019)
Locuções - LEP Categoria Profissional p-valor*
Enfermeiro Técnico de
Enfermagem
Mais ou menos/Fortemente N % N %
Locução 3: Estou refletindo 50 68,49 71 67,62 0,9022*
Locução 4: Estou cansado 51 69,86 72 68,57 0,8545*
Locução 15: Sinto-me interessado 42 57,53 66 62,86 0,4746*
Locução 19: Estou tomando cuidado
51 69,86 71 67,62 0,7512*
Locução 22: Sinto uma necessidade
55 75,34 77 73,33 0,7633*
Locução 27: Sinto saudade de alguém
67 91,78 84 80,00 0,0312*
Locução 30: Estou gostando de alguém
47 64,38 65 61,90 0,7363*
Locução 32: Estou com sono 43 58,90 61 58,10 0,9142*
Locução 40: Sinto uma obrigação 48 65,75 65 61,90 0,5999*
*p-valor obtido por meio do teste Qui-Quadrado.
32
Na Tabela 7, observa-se a distribuição das locuções que apresentaram
respostas para mais ou menos/fortemente em relação ao turno de trabalho. Embora o
teste Qui-quadrado utilizado não tenha demonstrado diferença significativa quanto à
locução em relação ao turno de trabalho, os valores percentuais para mais ou menos
e fortemente acusaram valores consideráveis justificados na tabela a seguir.
Tabela 7- Distribuição das locuções da LEP em suas expressões mais ou menos/fortemente em relação ao turno de trabalho. Natal/RN (2019)
Locuções - LEP Turno de Trabalho
Diurno Noturno
Mais ou menos/Fortemente N % N %
Locução 3: Estou refletindo 90 67,76 31 70,45
Locução 4: Estou cansado 93 69,40 30 68,18
Locução 15: Sinto-me interessado 80 59,70 28 63,64
Locução 19: Estou tomando cuidado
93 69,40 29 65,91
Locução 22: Sinto uma necessidade
103 76,87 29 65,91
Locução 27: Sinto saudade de alguém
111 82,84 40 90,91
Locução 30: Estou gostando de alguém
82 61,19 30 68,18
Locução 40: Sinto uma obrigação 88 65,67 25 56,82
Constatou-se a presença das locuções “estou refletindo”, “sinto-me calmo”,
“estou cansado”, “sinto-me interessado”, “estou tomando cuidado”, “sinto uma
necessidade”, “sinto saudade de alguém” e “estou com sono”, estas obtiveram
intensidade mais ou menos/forte no início e final do plantão. Já as locuções “sinto uma
atração sexual por alguém” e “estou cheio” foram definidas como maior intensidade
no final do tuno.
Locuções de sentimentos negativos, como “estou com nojo”, “sinto-me triste”,
“estou com medo”, “sinto-me humilhado”, e sentimentos positivos, como “estou com
esperança”, “sinto-me orgulhoso” e “estou alegre”, obtiveram mais resultados para
modo nenhum/fracamente.
Quanto ao escore para avaliação da qualidade do sono em relação à categoria
profissional, foram demonstrados os valores de média, desvio-padrão e mediana com
33
p=0,6895 para o teste de Mann-Whitney, observando que não há relação
significativamente estatística.
Tabela 8- Correlação entre o escore da qualidade do sono do PSQI e categoria profissional. Natal/RN (2019)
Variável Grupo n Média Desvio-padrão Mediana p-valor*
Escore
PSQI
Enfermeiro 74 7,00 3,23 6,00 0,6895*
Técnico 107 6,73 2,76 6,00
*p-valor obtido por meio do teste de Mann-Whitney.
34
6. DISCUSSÃO
Os indivíduos estudados foram divididos em grupos: de acordo com a categoria
profissional, entre enfermeiros e técnicos de enfermagem e entre os turnos de
trabalho, diurno e noturno. Para o turno diurno, compreenderam-se os horários
matutino e vespertino.
O sexo feminino foi predominante em relação à categoria e ao turno de trabalho.
De acordo com outros estudos que também obtiveram a predominância das mulheres
nas atividades de enfermagem e em ambos os turnos, esses resultados confirmam
que, apesar da adesão do sexo masculino aos cursos de enfermagem, ainda essa é
uma profissão predominantemente feminina. Tais dados mostram ainda que a mulher
reflete em sua escolha profissional e socializa exercendo o papel de cuidadora, como
no caso da enfermagem (ROCHA, DE MARTINO, 2010; LIMA et al., 2013; SILVA et
al., 2017).
Quando agrupados em relação à faixa etária, 95% dos enfermeiros e 92% dos
técnicos de enfermagem apresentaram idade entre 24 e 45 anos. Outros estudos
também trabalharam com profissionais de enfermagem constituídos com a mesma
faixa etária, entre 20 e 49 anos de idade, demonstrando que a enfermagem está sendo
composta por jovens adultos, porém com sugestiva experiência de vida e profissional
que pode ser favorável para o cuidado com a própria saúde (SANTOS et al, 2014;
SILVA et al., 2017).
No que se refere ao estado civil, houve predominância dos profissionais com
companheiros, em ambas as classes profissionais (52% enfermeiros e 67% técnicos
de enfermagem) e nos turnos de trabalho (60% do turno diurno e 64% do turno
noturno). Nossos resultados coincidiram com pesquisas realizadas com grupos de
profissionais de enfermagem (SILVA et al., 2011; SANTOS, COSTA, 2017).
Quanto ao fator ter filhos ou não, 52% dos enfermeiros e 67% dos técnicos de
enfermagem afirmaram ter um ou mais filhos, juntamente com 60% dos trabalhadores
diurnos e 64% dos noturnos. Estudos com amostras semelhantes constataram a
associação entre o sexo feminino, predominante, o trabalho em turnos e filhos,
evidenciando uma sobrecarga sobre as mulheres devido ao excesso de trabalho,
35
incluindo as atividades do ambiente laboral, trabalhos domésticos e cuidados com os
filhos (MAYNARDES, SARQUIS, KIRCHHOF, 2009; SOUZA et al., 2012).
Constatou-se que, em relação à variável mais um trabalho, houve diferença
estatisticamente significativa (p=0,0001), em que 64,86% dos enfermeiros não
possuíam mais de um emprego, ao contrário dos técnicos de enfermagem que em
sua maioria, 64,49%, afirmaram ter mais de um emprego, corroborando ao estudo
realizado com uma equipe de enfermagem de um hospital público no Ceará, onde
83% dos técnicos de enfermagem pesquisados assumiam mais de um turno. Tal fato
se deve possivelmente a condições pessoais e financeiras, levando-os a depender de
mais de um emprego (LIMA et al, 2013).
Nesta pesquisa foram encontrados 44 enfermeiros e 75 técnicos de
enfermagem que apresentaram má qualidade de sono. Em relação aos turnos, houve
presença de má qualidade do sono em ambos, 90 diurnos e 29 noturnos. Observou-
se, de forma geral, que os profissionais de enfermagem apresentaram uma qualidade
de sono ruim. Em estudo recente com profissionais de enfermagem de um hospital
em Botucatu/SP foi percebida uma alta frequência de qualidade do sono prejudicada
em 65% da amostra (PALHARES, CORRENTE, MATSUBARA, 2014).
Um estudo realizado com os profissionais de enfermagem de um hospital
universitário de São Paulo utilizando o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh,
semelhante instrumento utilizado na presente pesquisa, demonstrou que 100% dos
enfermeiros apresentavam uma má qualidade do sono (BARBOZA, MORAES,
PEREIRA, REIMÃO, 2008).
Pesquisa realizada com enfermeiras em um hospital público no Porto, em
Portugal, apresentou resultados para o PSQI com 68,3% das profissionais que
apresentavam qualidade do sono ruim, corroborando ao estudo (DE MARTINO et al.,
2012).
De acordo com a LEP utilizada nesta pesquisa, verificaram-se sentimentos de
forte intensidade para as locuções “estou cansado”, “estou refletindo”, “sinto-me
interessado”, “estou tomando cuidado”, “sinto uma necessidade” e “estou gostando de
alguém” em ambas as classes profissionais, com semelhança estatisticamente
significativa para a locução “sinto uma saudade de alguém”. Resultado semelhante foi
36
encontrado em pesquisa com profissionais de enfermagem de unidades críticas, os
quais também apresentaram intensidade forte para a mesma locução com 53,85%
das repostas (DE MARTINO, MISKO, 2004).
Tais locuções também apresentaram intensidade semelhante para os turnos
diurno e noturno, demonstrando que o profissional pode expressar o sentimento de
cansaço em ambos os turnos, corroborando com os resultados encontrados na
presente pesquisa que mostram a má qualidade do sono nos turnos noturno e diurno.
Observaram-se ainda resultados com intensidade forte no final do turno de
trabalho, em que os profissionais expressaram fortemente a locução “estou cheio”,
sentimento esse relacionado com o cansaço do final do turno.
Ao observar locuções que expressam sentimentos negativos e positivos serem
classificadas com intensidade fracamente/modo nenhum, percebe-se um equilíbrio
dos sentimentos nesses profissionais. Em oposição à pesquisa com os profissionais
de enfermagem que apresentaram sentimentos “tenho pena de alguém” e “sinto-me
triste” com resultados significativamente estatísticos, demonstrando que existe uma
série de fatores no trabalho e na vida pessoal que podem levar a alterações na saúde
física e psicossocial (DE MARTINO, BASTO, 2009).
37
7. CONCLUSÃO
Os participantes do presente estudo apresentaram um perfil
predominantemente feminino, em sua maioria jovens adultos, casados, com um ou
mais filhos e que possuíam mais de um emprego.
Observou-se que os profissionais de enfermagem apresentaram de forma geral
uma má qualidade do sono, indicando que a classe profissional apresenta uma
predisposição para a diminuição da qualidade do sono por fazer com que os
profissionais em ambiente hospitalar trabalhem em sistemas de turnos.
Verificou-se por meio do LEP as locuções que foram expressas de modo forte,
como “estou cansado”, “estou cheio” e “sinto uma necessidade”, ao iniciar ou ao final
de um turno de trabalho. Constatou-se que houve interferência dos fatores internos e
externos, tais como as expressões emocionais que podem ser um dos causadores da
qualidade de sono ruim desses profissionais.
Dentre as limitações da pesquisa, destaca-se a resistência que ainda há nos
profissionais em participar de pesquisas, por tratar-se de um hospital universitário,
onde esses profissionais encontram-se cotidianamente em contato com o ensino, a
pesquisa, sua finalidade e importância. Ainda, alguns profissionais que concordaram
em participar da pesquisa, não devolveram o material com as informações, diminuindo
o tamanho da amostra pesquisada.
Este estudo possui importante relevância para saúde dos profissionais de
enfermagem, considerando os inúmeros fatores associados às atividades de
enfermagem que podem causar prejuízos a sua saúde e ao desempenho das
atividades no âmbito hospitalar, abordagens de gestão devem ser adotadas pela
instituição, com o intuito de suprir as necessidades emocionais de seus profissionais,
preservando sua saúde física e mental.
Por fim, é de fundamental importância para a saúde dos trabalhadores da
saúde, principalmente dos profissionais de enfermagem, a realização de mais estudos
envolvendo a qualidade do sono e o estado emocional dessa população, tendo em
vista a escassez de pesquisas na literatura envolvendo esse tema.
38
8.REFERÊNCIAS
ANDRADE, R.D. et al. Absenteísmo na indústria está associado com o trabalho em
turnos e com problemas de sono. Ciencia&Trabajo, v. 19, n. 58, p. 35-41, 2017.
BARBOZA, J.I.R.A.; MORAES, E.L.; PEREIRA, E.A.; REIMÃO, R.N.A.A. Avaliação do
padrão de sono dos profissionais de enfermagem dos plantões noturnos em unidades
de terapia intensiva. Einstein, v. 6, n. 3, p. 296-301, 2008.
BERTOLAZI, A.N. et al. Validation of the brazilian portuguese version of the Pittsburgh
Sleep Quality Index. Sleep Med, v. 12, n. 1, p. 70-5, 2011.
BORGES, G.B.; VICENTINI, M.R. Descartes e psicossomática: a relação mente e
corpo no modelo médico. Contemplação, v. 6, p. 1-18, 2013. Disponível em:<http://
http://fajopa.com/contemplacao/index.php/contemplacao/article/view/37/37> Acesso
em 24 out de 2017.
BRAGA, L.M.; TORRES, L.M.; FERREIRA, V.M. Condições de trabalho e fazer em
enfermagem. Rev de Enferm – UFJF, v. 1, n. 1, p.55-63, 2015.
BUENO, C.; WEY, D. Gênese e ontogênese do ritmo de sono/vigília em humanos.
Rev Biol, v. 9, n. 3, p. 62-7, 2012. Disponível em:
<http://www.ib.usp.br/revista/system/files/Bueno-10.7594_revbio.09.03.12_0.pdf>
Acesso em 26 out 2017
CARLSON, N.R.; Fisiologia do comportamento. 1ª ed. Barueri: Manole; 2002
CHOKROVERTY, S. Overview of sleep & sleep dosrders. Indian J Med Res, v. 131,
p. 126-40, 2010. Disponível em:
<http://www.ijmr.org.in/temp/IndianJMedRes1312126-4289971_115459.pdf> Acesso
em 26 out 2017
CIPOLLA-NETO, J. Fisiologia do sistema de temporização circadiana. In: Cipolla-Neto
J, Marques N, Menna-Barreto L. Introdução ao estudo da cronobiologia. São Paulo:
Ícone/EDUSP; 1988. 65p.
CLEDON, J.; WALKER, L. Nurses aged over 50 years and their experiences of shift
work. Journal Of Nursing Management, v.21, n.7, p.903-913, 2013.
39
COCHRAN, W.G. Técnicas de amostragem. 2ª ed. Portugal: Editora Fundo de
Cultura; 1963.
COSTA, S.A.; ROTENBERG, L.; GRIEP, R.H.; FISCHER, F.M. Cochilo durante o
trabalho noturno em equipes de enfermagem: possíveis benefícios à saúde dos
trabalhadores. Esc Anna Nery, v.19, n.1, p.33-39, 2015.
DANIEL, J.B. et al. The Pittsburgh sleep quality index: A new instrument for psychiatric
practice and research. Psy Jour, v. 28, n. 2, p. 193-213, 1989. Disponível em: <
http://www.psy-journal.com/article/0165-1781(89)90047-4/pdf> Acessado em: 20 out
2017.
DAMÁSIO, A.R. Emotions and the human Brain. Iowa, USA: Department of Neurology.1998
DE MARTINO, M.M.F. Estudo da variabilidade circadiana da temperatura oral, do ciclo vigília-sono e de testes psicofisiológicos em enfermeiras de diferentes turnos de trabalho. 1996. 138fs. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, São Paulo. 1996.
DE MARTINO, M.M.F. Alterações fisiológicas dos sinais fisiológicos e de estados emocionais e mudanças de attitude em enfermeiros, em função do trabalho em turno notturno. Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP, 1989. Tese de Mestrado.
DE MARTINO, M.M.F.; MISKO, M.D.; Estados emocionais de enfermeiros no
desempenho profissional em unidades críticas. Rev Esc Enferm USP, v. 38, n. 2, p.
161-7, 2004.
DE MARTINO, M.M.F. Arquitetura do sono diurno e ciclo vigília sono em enfermeiros
nos turnos de trabalho. Rev Esc Enferm USP, v. 43, n. 1, p.194-199, 2009.
DE MARTINO, M.M.F.; BASTO, M.L. Qualidade do sono, cronótipos e estados
emocionais: O caso de enfermeiros portugueses que trabalham por turnos. Pensar
Enferm, v.13, n.1, 2009.
DE MARTINO, M.M.F.; ABREU, A.C.B.; BARBOSA, M.F.S.; TEIXEIRA, J.E.M. The
relationship between shift work and sleep patterns in nurses. Ciênc Saúde Coletiva,
v.18, n.3, p.763-768, 2012.
ENGELMANN, A. Os estados subjetivos: uma tentativa de classificação de seus
relatos verbais. Editora Atica, São Paulo, 1978.
40
ENGELMANN, A. LEP: uma lista, de origem brasileira, para medir a presença de estados de ânimo no momento em que está sendo respondida. Ciênc Cultura, v. 38, n. 1, p. 121-46, 1986.
FERNANDES, R.M.F. O sono normal. Med (Ribeirão Preto), v. 39, n. 2, p. 15-68,
2006. Disponível em:
<http://revista.fmrp.usp.br/2006/vol39n2/1_o_sono_normal1.pdf> Acesso em 27 out
2017.
FONTELLES, M. J.; SIMÕES, M. G.; FARIAS, S. H.; FONTELLES, R. G. S.
Metodologia da Pesquisa Científica: Diretrizes para Elaboração de um Protocolo de
Pesquisa. 2009. 8 f. Núcleo de Bioestatística Aplicado à Pesquisa da Universidade da
Amazônia - UNAMA. Belém, 2009.
GOLOMBEK, D.; CARDINALI, D.; AGUILAR-ROBERTO, R. Mecanismos de
temporização em vertebrados. In: Marques N, Menna-Barreto L. Cronobiologia:
Princípios e Aplicações. 2 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo;
1999. 138-61.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier Ed; 2017.
HALBERG, F. Quo vadis basic and clinical chronobiology: promise for health meintenance. Am. J. Anat., 168: 543 – 594, 1983.
HORNE, J.A.; OSTBERG, O. A self-assessment questionnaire to determine morningness-eveningness in human circadian rhythms. Int j chronobiol, v. 4, n. 2, p. 97-110, 1976. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1027738> Acesso em 22 de mar de 2014.
HULLEY, B. S. et al. Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem
epidemiológica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
IBER, C. et al. The AASM Manual for the Scoring of sleep and Associated Events: Rules, Terminology and Technical Specifications. Westchester, III: American Academy of Sleep Medicine; 2007. [Acesso em 26 de out de 2017]. Disponível em: <http://www.nswo.nl/userfiles/files/AASM%20%20Manual%20for%20the%20Scoring%20ofSleep%20and%20Associted%20Events%20-%2005-2007_2.pdf>
LIMA, M.B. et al., Agentes estressores em trabalhadores de enfermagem com dupla ou mais jornada de trabalho. R Pesq: Cuid Fundam Online, v.5, n.1, p.3259-66, 2013. Disponível em: <DOI: 10.9789/2175-5361.2013v5n1p3259> Acesso em: 20 jan 2019.
MACHADO, C. Fisiologia e estado emocional. 2010 [Acesso em 25 out 2017];
http://www.douradosagora.com.br/noticias/entretenimento/fisiologia-e-estado-
41
emocional-cersi-machado
MADRID, J.Á.; LAMA, A.R. (Org). Cronobiología Básica y Clínica: Editec@red; 2006,
860p.
MAYNARDS, D.C.D; SARQUIS, L.M.M.; KIRCHHOF, A.L.C. Trabalho noturno e
morbidade de trabalhadores de enfermagem. Cogitare Enferm, v. 14, n. 4, p.703-8,
2009.
MARINO, R.J. Fisiologia das emoções. 1ª ed. São Paulo: Sarvier; 1975
MARQUES, M.D.; GOLOMBEK, D.; MORENO, C. Adaptação temporal. In: Marques
N, Menna-Barreto L. Cronobiologia: Princípios e Aplicações. 2 ed. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo; 1999. p.46-84.
MARTIN, J.S. et al. Relationship of chronotype to sleep, light exposure, and work-
related fatigue in student workers. Chronobiol int, v. 29, n. 3, n. 295-304, 2012.
Disponível em: <http://informahealthcare.
cccom/doi/pdf/10.3109/07420528.2011.653656> Acesso em 23 out 2017
MEDRONHO, R.; CARVALHO, D.; BLOCH, K. Epidemiologia. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 2008.
MENDES, S.S.; DE MARTINO, M.M.F. Shift work: overall health state related to sleep
in nursing workers. Rev Esc Enferm USP, v. 46, n. 6, p. 1471-6, 2012. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342012000600026> Acesso em: 20 de dez de
2018.
OLIVEIRA, M.C. Estimulação Cerebral Externa: Seu uso no tratamento de doenças nervosas e mentais. Rev. cérebro e mente. 2002 Jun-Set. Disponível em: <http://www.cerebromente.org.br/n15/tecnologia/sonoterapia.html> Acesso em 26 out 2017
OLIVEIRA, F.P.; MAZZAIA, M.C.; MARCOLAN, J.F. Sintomas de depressão e fatores
intervenientes entre enfermeiros de serviço hospitalar de emergência. Acta Paul
Enferm, v. 28, n. 3, p. 209-15, 2015. Disponível em:<http://dx.doi.org/10.1590/1982-
0194201500036> Acesso em 25 out 2017.
PALHARES, V.C.; CORRENTE, J.E.; MATSUBARA, B.B. Association between sleep
quality and quality of life in nursing professionals working rotating shifts. Rev Saúde
42
Pública, v. 48, n. 4, p. 594-601, 2014.
ROCHA, M.C.P.; DE MARTINO, M.M.F. O estresse e qualidade de sono do enfermeiro
nos diferentes turnos hospitalares. Rev da Esc de Enf da USP, São Paulo, v.44, n.2,
p. 280-6, 2010.
RODRIGUES, M.; NINA, S.; MATOS, L. Como dormimos? – Avaliação da qualidade
do sono em cuidados de saúde primários. Rev Port Med Geral Fam, v. 30, p. 16-22,
2014.
SANTOS, T.C.M.M. Sono e qualidade de vida de estudantes de enfermagem
trabalhadores: contribuição da cronobiologia. 2015. 120fs. Tese (Doutorado) –
Universidade Estadual de Campinas, São Paulo. 2015.
SANTOS, T.C.M.M. et al., Qualidade do sono e cronotipo de estudantes de
enfermagem. Acta Paul. Eferm, v. 29, n. 6, p. 658-63, 2016.
SANTOS, A.A.; COSTA, O.R.S. Qualidade de vida no trabalho dos profissionais de
enfermagem que atuam no período noturno em um hospital escola do sul de minas
gerais. Rev Ciên Saúde, v. 6, n. 1, p. 1-9, 2016. Disponível
em:<http://rcs.medicinaitajuba.com.br/> Acessado em 26 out 2017
SCHMIDT, C. et al. A time to think: cicardian rhythms in human cognition. Cognitive
neuropsychool, v. 24, n. 7, p. 755-89, 2007. Disponível em:
<www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18066734> Acesso em 26 out 2017
SILVA, C.A.R.; DE MARTINO, M.M.F. Aspectos do ciclo vigília-sono e estados
emocionais em enfermeiros dos diferentes turnos de trabalho. Rev Ciênc Méd, v. 18,
n. 1, p. 21-33, 2009.
SILVA, R.M. et al. Trabalho noturno e a repercussão na saúde dos enfermeiros. Esc
Anna Nery (impr), v. 15, n. 2, p.270-276, 2011.
SILVA, E.C.G. et al. Impactos gerados pelo trabalho em turnos. Perspectivas online, v. 4, n. 13, p.65-86, 2010. Disponívelem: <http://seer.perspectivasonline.com.br/index.php/revista_antiga/article/view/411/321> Acesso em 26 out 2017.
SILVA, G.M. et al. Qualidade do sono em estudantes do regime regular de internato médico. Rev Med UFPR, v. 3, n. 1, p. 19-24, 2016. Disponível em: <
43
http://revistas.ufpr.br/revmedicaufpr/article/view/44136/pdf> Acessado em: 25 out 2017.
SILVA, R.M. et al. Chronotype and work acidents in the nursing team of a surgical clinic. Texto Contexto – Enferm, v. 24, n.1, p. 245-252, 2015.
SILVA, R.M. et al., Cronotipo e turno de trabalhoem trabalhadores de enfermagem de hospitais universitários. Rev Bras Enferm, v. 70, n. 5, p. 1009-15, 2017.
SILVA, K.K.M. et al., Relações entre o trabalho em turnos e a qualidade de sono em enfermeiros: estudo descritivo. Online Braz J Nurs, v. 16, n. 1, p. 57-63, 2017. Disponível em: <http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/5577>
Acessado em: 28 jan 2019.
SOUZA, S.B.C. et al., Influência do turno de trabalho e cronotipo na qualidade de vida dos trabalhadores de enfermagem. Rev Gaúcha Enferm, v. 33, n. 4, p. 79-85, 2012.
44
APÊNDICE
45
APÊNDICE – A
Formulário de Informações Pessoais e Profissionais
Nome:________________________________________Data:___/___/2018
Idade:_________ Profissão:_________________ Setor:_________________
Turno:______________ Início do turno: ( ) Final do turno: ( )
1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 2. Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Viúvo 3. Tem filho? ( ) Sim ( ) Não. Quantos? 4. Trabalha fora? ( ) Sim ( ) Não. Há quanto tempo? 5. Possui mais de um trabalho? ( ) Sim ( ) Não 6. Horário de trabalho ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite ( ) Ambos 7. Tem hábito de tomar café, chá ou guaraná? ( ) Sim ( ) Não 8. Qual estimulante? 9. A que horas? 10. Número de vezes ao dia: 11. Usa medicamento de um modo geral? ( ) Sim ( ) Não Qual?_____________________________________________ 12. Ingere bebidas alcoólicas para dormir? ( ) Sim ( ) Não Qual?_____________________________________________
13. Ingere bebidas alcoólicas com hábito social? ( ) Sim ( ) Não Qual?____________________________________________ 14. Tem condução própria? ( ) Sim ( ) Não 15. Quanto tempo leva para se deslocar:
46
De casa para o trabalho: Do trabalho para casa: 16. Ciclo menstrual:
( ) 30 dias ( ) 29 dias ( ) 28 dias ( ) 27 dias ( ) Outro Qual?__________________________________________ 17. Pratica atividade física? ( ) Sim ( ) Não
Qual?__________________________________________
47
ANEXOS
48
ANEXO A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU SENSO EM
ENFERMAGEM
Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa: Influência do estado emocional na qualidade do sono em profissionais de enfermagem nos turnos hospitalares, que tem como pesquisador responsável Ângela Monic Lima de Souza.
Esta pesquisa pretende analisar o estado emocional bem como sua influência na qualidade do sono dos profissionais de enfermagem de turnos hospitalares.
O motivo que nos leva a fazer este estudo é por perceber a importância da qualidade do sono dos profissionais de enfermagem e como esta pode ser influenciada pelo estado emocional presente, nos levando a investigar se há uma relação entre esses fatores nos profissionais que trabalham em turnos hospitalares. Espera-se que os resultados a serem obtidos com esta investigação tenham um impacto positivo na comunidade científica despertando para a importância de como o estado emocional dos profissionais podem vir a desempenhar influência sobre a assistência prestada, como também para reflexão sobre hábitos saudáveis de sono.
Caso você decida participar, você deverá responder a 3 (três) questionários. O primeiro consiste em perguntas breves para caracterizar sóciodemograficamente os participantes; o segundo consiste em um questionário para avaliar a qualidade do sono dos profissionais e por fim será respondia uma lista com questionamentos que buscam identificar o estado emocional presente dos indivíduos. Os mesmos são autoaplicáveis, podendo ser respondidos no momento em que o profissional achar mais conveniente no seu horário de trabalho e cada questionário levará em torno de 3 a 5 minutos para ser respondido.
Durante a realização da aplicação dos questionários a previsão de riscos é mínima, ou seja, o risco que você corre é semelhante àquele sentido num exame físico ou psicológico de rotina.
Pode acontecer um desconforto podendo provocar apenas impaciência por ter de responder a muitas perguntas, ou frustração por não conseguir responder a alguns questionamentos, que será minimizado após uma breve pausa entre um questionário e outro, se o profissional achar necessário e você terá como benefício o conhecimento sobre as alterações do padrão do sono e estado emocional que é de fundamental importância para a prevenção de possíveis danos à saúde.
Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a pesquisa, você terá direito a assistência gratuita que será prestada de forma integral e se necessário poderá haver indenização.
Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Ângela Monic Lima de Souza, no número (84) 99697-5199.
49
Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.
Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar.
__________________ (rubrica do Participante) ___________________ (rubrica do Pesquisador)
Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa
pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos. Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será
assumido pelo pesquisador e reembolsado para você. Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você
será indenizado. Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.
Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador responsável Ângela Monic Lima de Souza.
Consentimento Livre e Esclarecido
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa Influência do estado emocional na qualidade do sono em profissionais de enfermagem nos turnos hospitalares, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar. Natal, ____/____/_____ ______________________________________ Assinatura do participante da pesquisa Declaração do pesquisador responsável
Como pesquisador responsável pelo estudo Influência do estado emocional na qualidade do sono em profissionais de enfermagem nos turnos hospitalares, com CAAE de número 80922717.8.0000.5537 declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.
Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano. Natal, ____/____/_____ ______________________________________ Assinatura do pesquisador responsável
50
ANEXO B - Índice De Qualidade De Sono De Pittsburgh (PSQI-Br)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU SENSO EM
ENFERMAGEM
Instruções:
As questões a seguir são referentes aos hábitos de sono apenas durante o mês passado. Suas respostas devem indicar o mais corretamente possível o que aconteceu na maioria dos dias e noites do mês passado. Por favor, responda a todas as questões. 1. Durante o mês passado, a que horas você foi deitar à noite na maioria das vezes? HORÁRIO DE DEITAR:_______________
2. Durante o mês passado, quanto tempo (em minutos) você demorou a
pegar no sono, na maioria das vezes?
QUANTOS MINUTOS DEMOROU PARA PEGAR NO SONO:____________
3. Durante o mês passado, a que horas você acordou de manhã, na maioria das
vezes?
HORÁRIO DE ACORDAR:
4. Durante o mês passado, quantas horas de sono por noite você dormiu?
(pode ser diferente do número de horas que você ficou na cama).
HORAS DE SONO POR NOITE:______________
Para cada uma das questões seguintes escolha uma única resposta que você ache mais correta. Por favor, responda a todas as questões.
5. Durante o mês passado, quantas vezes você teve problemas para dormir por causa de:
a) Demorar mais de 30 minutos para pegar no sono
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
51
b) Acordar no meio da noite ou de manhã muito cedo
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
c) Levantar-se para ir ao banheiro
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
d) Ter dificuldade de respirar
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
e) Tossir ou roncar muito alto
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
f) Sentir muito frio
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
g) Sentir muito calor
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
h) Ter sonhos ruins ou pesadelos
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
i) Sentir dores
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
j) Outra razão, por favor, descreva:
.
k) Quantas vezes você teve problemas para dormir por esta razão durante o mês passado?
52
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais 6. Durante o mês passado, como você classificaria a qualidade do seu sono? ( ) Muito boa ( ) Ruim
( ) Boa ( ) Muito ruim
7. Durante o mês passado, você tomou algum remédio para dormir, receitado pelo médico ou indicado por outra pessoa (farmacêutico, amigo, familiar) ou mesmo por sua conta?
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
Qual(is)?
8. Durante o mês passado, se você teve problemas para ficar acordado enquanto estava dirigindo, fazendo suas refeições ou participando de qualquer outra atividade social, quantas vezes isso aconteceu?
( ) nenhuma vez ( ) menos de uma vez por semana
( ) uma ou duas vezes por semana ( ) três vezes por semana ou mais
9. Durante o mês passado, você sentiu indisposição ou falta de entusiasmo para realizar suas atividades diárias?
( ) Nenhuma indisposição nem falta de entusiasmo
( ) Indisposição e falta de entusiasmo pequeno ( ) Indisposição e falta de entusiasmo moderadas ( ) Muita indisposição e falta de entusiasmo
Comentários do entrevistado (se houver)
Você cochila? ( ) Não ( ) Sim
Comentários do entrevistado (se houver)
Caso sim – você cochila intencionalmente, ou seja, por que quer? ( ) Não (
) Sim
Comentários do entrevistado (se houver)
53
Para você, cochilar é:
( ) Um prazer ( )Uma necessidade ( ) Outro – qual?
Comentários do entrevistado (se houver):
54
ANEXO C – Lista de Estado Emocional Presente (LEP)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU SENSO EM
ENFERMAGEM
INSTRUÇÕES DE PREENCHIMENTO
No fim dessas instruções você encontrará uma lista de expressões capazes de identificar seus sentimentos. Use a lista com o objetivo de identificar seu sentimento ou estado no momento em que você lê as palavras.
Se as palavras descreverem fortemente (4) o que você sente naquele instante, faça um ‘X’ no primeiro espaço após a expressão. Assim, por exemplo, se na hora de você ler a expressão “Sinto-me ousado(a)”, você sentir fortemente este estado, ponha o ‘X’ do seguinte modo:
Sinto-me ousado(a) X
Se as palavras descreverem mais ou menos (3) o que você sente naquele instante, faça um ‘X’ no segundo espaço após a expressão. Assim, por exemplo, se na hora de você ler a expressão “Estou aborrecido(a)”, você sentir mais ou menos este estado, ponha o ‘X’ do seguinte modo:
Estou aborrecido(a) X
Se as palavras descreverem fracamente (2) o que você sente naquele instante, faça um ‘X’ no terceiro espaço após a expressão. Assim, por exemplo, se na hora de você ler a expressão “Sinto-me enamorado(a)”, você sentir fracamente este estado, ponha o ‘X’ do seguinte modo:
Sinto-me enamorado(a) X
Se as palavras não descrevem de modo nenhum (1) o que você sente naquele instante, faça um ‘X’ no quarto espaço após a expressão. Assim, por exemplo, se na hora de você ler a expressão “Sinto- despreocupado(a)”, você não sentir nada de parecido neste estado, ponha o ‘X’ do seguinte modo:
Sinto-me despreocupado(a) X
OBSERVAÇÃO:
55
1. Trabalhe rapidamente. SUA PRIMEIRA REAÇÃO É A MELHOR. 2. Por favor, não pule nenhuma linha. MARQUE CADA EXPRESSÃO.
Nº Intensidade
1 Faço pouco caso de alguém 4 3 2 1
2 Estou com frio 4 3 2 1
3 Estou refletindo 4 3 2 1
4 Estou cansado(a) 4 3 2 1
5 Sinto um alívio 4 3 2 1
6 Estou com sede 4 3 2 1
7 Acabo de levar um susto 4 3 2 1
8 Estou com nojo 4 3 2 1
9 Sinto uma atração sexual por alguém 4 3 2 1
10 Estou sem graça 4 3 2 1
11 Sinto-me triste 4 3 2 1
12 Sinto-me calmo(a) 4 3 2 1
13 Estou aceitando alguma coisa 4 3 2 1
14 Estou com medo 4 3 2 1
15 Sinto-me interessado(a) 4 3 2 1
16 Estou com calor 4 3 2 1
17 Acho algo gozado 4 3 2 1
18 Estou com fome 4 3 2 1
19 Estou tomando cuidado 4 3 2 1
20 Tenho pena de alguém 4 3 2 1
21 Estou conformado(a) 4 3 2 1
22 Sinto uma necessidade 4 3 2 1
23 Estou cheio(a) 4 3 2 1
24 Sinto uma admiração por alguém 4 3 2 1
25 Sinto-me culpado(a) 4 3 2 1
26 Estou com esperança 4 3 2 1
27 Sinto saudade de alguém 4 3 2 1
28 Sinto um desejo 4 3 2 1
29 Sinto raiva 4 3 2 1
30 Estou gostando de alguém 4 3 2 1
31 Sinto-me humilhado(a) 4 3 2 1
32 Estou com sono 4 3 2 1
33 Sinto-me orgulhoso(a) 4 3 2 1
34 Sinto inveja de alguém 4 3 2 1
35 Estou com vergonha 4 3 2 1
36 Sinto-me surpreso(a) 4 3 2 1
37 Sinto ciúme de alguém 4 3 2 1
38 Estou alegre 4 3 2 1
39 Acho algo estranho 4 3 2 1
40 Sinto uma obrigação 4 3 2 1
56
ANEXO D – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA
57
58
59
60
61
ANEXO E – CARTA DE ACEITE DE ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA CUBANA DE ENFERMERÍA
62
ANEXO F – ARTIGO APRESENTADO A BANCA DE QUALIFICAÇÃO E SUBMETIDO À REVISTA ENFERMERÍA GLOBAL
Tecnologías gerenciales como herramienta para la calidad del sueño de los
profesionales de enfermería: una reflexión
Management technologies as a tool for the quality of sleep of nursing professionals: a reflection
Tecnologias gerenciais como ferramenta para a qualidade do sono dos profissionais de enfermagem: uma reflexão
Ângela Monic Lima de Souza¹
Milva Maria Figueiredo De Martino²
Ana Luisa Brandao de Carvalho Lira³
Maria Alzete de Lima4
1Enfermeira, Mestranda em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN. Natal (RN) Brasil. E-mail: [email protected]. Telefone: +55 (84) 99697-5199 2Enfermeira, Professora Doutora em Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. São Paulo (SP) Brasil. E-mail: [email protected] 3Enfermeira, Professora Doutora em Enfermagem, Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN. Natal (RN) Brasil. E-mail: [email protected] 4Enfermeira, Professora Doutora em Enfermagem, Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN. Natal (RN) Brasil. E-mail: [email protected]
RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo realizar una reflexión sobre la importancia de la calidad del sueño de los profesionales de enfermería, teniendo como base turnos hospitalarios y el uso de las tecnologías gerenciales como herramienta en la mejora del sueño. Este texto analiza las condiciones de trabajo, importancia de la calidad del sueño en el ejercicio de la profesión, implicaciones sobre el reducido tiempo de sueño y como acciones gerenciales y las nuevas tecnologías pueden contribuir a la mejora de la salud de esa población. Se concluye que los profesionales deberían trabajar de acuerdo con su cronótipo, donde la gerencia haría la escala de turnos con base en el cronótipo de su equipo con el auxilio de nuevas tecnologías, reduciendo los posibles daños causados por la privación del sueño.
PALABRA-CLAVE: Tecnología; Enfermeras Practicantes; Sueño; Horario de Trabajo por Turnos.
ABSTRACT: This article aims to reflect on the importance of sleep quality of nursing professionals, based on hospital shifts and the use of management technologies as a tool to improve sleep. This paper analyzes the working conditions, importance of sleep quality in the practice of the profession, implications on reduced sleep time and how management actions and new technologies can contribute to the improvement of the health of this population. It was concluded that the professionals should work according
63
to their chronotype, where the management would make the scale of shifts based on the chronotype of their team with the aid of new technologies, reducing the possible damages caused by the sleep deprivation.
KEYWORD: Technology; Nurse Practitioners; Sleep; Shift Work Schedule.
RESUMO: Este artigo tem como objetivo realizar uma reflexão sobre a importância da qualidade do sono dos profissionais de enfermagem, tendo como base turnos hospitalares e o uso das tecnologias gerenciais como ferramenta na melhoria do sono. Este texto analisa as condições de trabalho, importância da qualidade do sono no exercício da profissão, implicações sobre o reduzido tempo de sono e como ações gerenciais e as novas tecnologias podem contribuir para a melhoria da saúde dessa população. Conclui-se que os profissionais deveriam trabalhar de acordo com seu cronótipo, onde a gerência faria a escala de plantões com base no cronótipo de sua equipe com o auxílio de novas tecnologias, reduzindo os possíveis danos causados pela privação do sono.
PALAVRA-CHAVE: Tecnologia; Profissionais de Enfermagem; Sono; Trabalho em Turnos.
Introdução
As tecnologias gerenciais são ferramentas importante na promoção da qualidade do sono dos profissionais de enfermagem. Refletir acerca da cronobiologia, qualidade do sono e das contribuições das tecnologias gerenciais nesse contexto é de grande relevância, pois a equipe de enfermagem deve prestar um cuidado aos pacientes de forma contínua, segura e direta durante as 24 horas do dia (1).
O trabalho da enfermagem é contínuo e em turno, o que ocasiona mudança na estrutura do sono. Essas mudanças podem causar exaustão, insônia, mal estar, dentre outras alterações no organismo (2). A qualidade do sono dessa classe está ainda diretamente ligada à qualidade de vida e eficácia no desempenho de suas atividades, quando pode ocorrer sonolência no turno da noite e sonolência excessiva diurna, colocando em rico a eficiência de sua assistência (3).
Salienta-se que o sono desempenha um papel fundamental para a saúde, pois nesse período ocorre a consolidação da memória, manutenção da aprendizagem e outras variadas funções importantes na área cognitiva (4).
Indivíduos que não dormem de forma adequada, seja por doenças relacionadas ao sono como insônia crônica, apneia do sono, ronco ou por motivos de trabalho em turno, podem sofrer variados distúrbios como ansiedade, depressão, déficit motor, de atenção e de raciocínio.
Nesse contexto, enfermeiros e técnicos de enfermagem estão constantemente expostos a esses tipos de danos, pois necessitam trabalhar durante o turno noturno onde a qualidade do sono sofre maior prejuízo e quando acometidos por esses distúrbios podem colocar em risco sua segurança e a segurança do paciente (1).
A equipe de enfermagem no âmbito hospitalar presta cuidados aos pacientes de forma contínua e direta, necessitando da assistência desses profissionais 24 horas por dia, levando a trabalharem em um sistema de turnos (1). Essa categoria profissional possui jornadas de trabalho, em condições precárias, assumindo também mais de um vínculo empregatício em consequência da baixa remuneração (5).
64
É durante o sono onde ocorre a manutenção e regulação de diversas funções do organismo, desempenhando papel fundamental para a saúde e principalmente no que diz respeito a atividades cerebrais, pois é nesse período onde ocorre a consolidação da memória, manutenção da aprendizagem e outras variadas funções importantes na área cognitiva (4).
Indivíduos que não dormem de forma adequada, seja por doenças relacionadas ao sono como insônia crônica, apneia do sono, ronco ou por motivos de trabalho em turno, podem sofrer variados distúrbios como ansiedade, depressão, déficit motor, de atenção e de raciocínio. Enfermeiros e técnicos de enfermagem estão constantemente expostos a esses tipos de danos, pois necessitam trabalhar durante o turno noturno onde a qualidade do sono sofre maior prejuízo e quando acometidos por esses distúrbios podem colocar em risco sua segurança e a segurança do paciente (1).
Assim, acredita-se que o uso de tecnologias gerenciais, ao levar em consideração o tipo de ritmo circadiano dos profissionais de enfermagem, podem trazer benefícios para a qualidade da assistência, bem como melhorar a qualidade do sono dos trabalhadores dessa classe. Dessa forma, este artigo busca refletir sobre o uso das tecnologias gerenciais como ferramenta para a qualidade do sono dos profissionais de enfermagem.
Cronobiologia e assistência de enfermagem
O trabalho contínuo em turno leva o indivíduo a mudança na estrutura do sono que pode causar exaustão, insônia, mal estar dentre outras alterações no organismo (2). A qualidade do sono dessa classe está ainda diretamente ligada à qualidade de vida e eficácia no desempenho de suas atividades, quando pode ocorrer sonolência no turno da noite e sonolência excessiva diurna, colocando em rico a eficiência de sua assistência (3).
A ciência que estuda os diferentes fenômenos e ritmos biológicos é denominada cronobiologia. Existem ritmos com durações que podem variar. O ritmo circadiano é o ciclo biológico que quase todos os seres vivos se baseiam, correspondendo à um período de aproximadamente 24 horas. Durante esse ciclo, os indivíduos se comportam de formas diferentes em cada período do dia, podendo apresentar maior disposição para executar atividades em determinados períodos (6).
Assim a cronobiologia classifica os indivíduos de acordo com três tipos de cronótipos básicos: os matutinos preferem dormir cedo e acordar cedo, possuem maior disposição no início da manhã; os vespertinos sentem-se melhor dormindo e acordando tarde; e indiferentes são aqueles indivíduos que possuem uma maior flexibilidade, podendo ajustar seus horários de acordo com sua necessidades (7).
O estudo dessa ciência auxilia na melhoria da qualidade de vida, qualidade do sono e consequentemente na saúde do trabalhador, em especial na classe dos profissionais da saúde, buscando conhecer e adequar seus turnos de trabalho ao seu ritmo biológico.
Gerenciamento e a qualidade do sono
Os profissionais de enfermagem trabalham em regime de escalas, essas são divididas de acordo com o serviço e demanda da unidade hospitalar. Comumente essas escalas são divididas em três turnos, para jornadas de oito horas de trabalho,
65
em quatro turnos, para regimes de seis horas ou em turnos com 12 horas de trabalho e 36 horas de folga (8).
Enquanto competência gerencial contribui para a solução dos mais variados tipos de problemas das instituições e serviços de saúde, as quais abrangem desde a saúde do usuário até a saúde dos seus trabalhadores. Com a incorporação de novas tecnologias no ambiente hospitalar para um gerenciamento mais efetivo, torna-se necessário que o enfermeiro esteja cada vez mais qualificado para gerir sua equipe da maneira mais adequada (9).
Uma divisão de trabalho realizada de forma ideal, trás inúmeros benefícios para equipe, instituição e melhora o serviço assistencial prestado aos pacientes, tornando melhor o tempo produtivo dos profissionais de enfermagem. Esse tempo refere-se às horas dedicadas na assistência, o qual a literatura mostra onde níveis de produtividade inferiores a 80% indicam maior possibilidade de enfermeiros e técnicos de enfermagem estarem mais satisfeitos em seu ambiente de trabalho e diminuem o absenteísmo (10).
Esses dados trazem a importância de permitir que o trabalhador tenha um tempo de não produtividade ideal, este é o tempo despendido nas pausas realizadas durante a assistência, e é nesse intervalo onde o profissional pode se alimentar, interagir com seus colegas de trabalho e repousar.
Considerações finais
A qualidade do sono dos profissionais de enfermagem está diretamente relacionada com a qualidade da assistência prestada por essa classe, principalmente nos trabalhadores noturnos que necessitam adequar seu ritmo biológico ao turno de trabalho. A importância de realizar o gerenciamento da equipe de acordo com o cronótipo de cada profissional pode trazer inúmeros benefícios para a saúde dos mesmos, para a segurança do paciente e para a instituição que terá profissionais mais dispostos no exercício de suas atividades.
Associar uma tecnologia utilizada no auxílio do gerenciamento da equipe e adaptá-la para realizar a escala da equipe de acordo com o cronótipo de cada trabalhador respeitando seu ritmo biológico poderá diminuir os riscos de adoecimento do profissional ou acidentes de trabalho devido desatenção ou sonolência excessiva, causada pelo não descanso adequado.
Referências
1- Moreira, M.M.; MARCONDES, C.; GEREMIA, D.S. Padrões de sono entre os profissionais de enfermagem. Rev de Atenção à Saúde; 2015; volume (13): n. 44.
2- Santos, T.C.M.M.; Inocente, N.J.; De Martino, M.M.F. Turnos de trabalho: relação com cronótipo e qualidade do sono. Rev Enferm UFPE on line [https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/10076/10516]. 2014 [acessado em: Novembro de 2017]; volume (8): [6]. Disponível em: <DOI: 10.5205/reuol.6039-55477-1-ED.0810201423>
66
3- Santos, A.A.; Costa, O. R. S. Qualidade de vida no trabalho dos profissionais de enfermagem que atuam no período noturno em um Hospital Escola do Sul de Minas Gerais. Rev Cien. Saúde; 2016; volume (6): n. 1.
4- Silva, G.M. et al. Qualidade do sono em estudantes do regime regular e internato médico. Rev Médiva da UFPR; 2016; volume (3): n. 1.
5- LIMA, M.B. et al. Agentes estressores em trabalhadores de enfermagem com dupla ou mais jornada de trabalho. Rev. Pesq.: Cuid. Fundam. Online [http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2015/02/agentes-estressores-em-trabalhadores-de-enfermagem-com-dupla-ou-mais-jornadas-de-trabalho.pdf]. 2013 [acessado em: Novembro de 2017]; volume (5): [7]. Disponível em: <DOI: 10.9789/2175-5361.2013v5n1p3259>
6- Silva, B.G., Coimbra, C.C.B.E., Carrara, M.A. Interferentes cronobiológicos do tratamento da insônia. Rev UNIGÁ Review [http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/view/1988]. 2017 [acessado em Novembro de 2017]; volume (29): [7]. Disponível em: <http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/view/1988>
7- Silva, R.M. et al. Cronótipo e acidente de trabalho na equipe de enfermagem de uma clínica cirúrgica. Texto Contexto Eferm; 2015; volume (24): n. 1.
8- Nascimento, R.S.; Guedes, C.C.P.; Aguiar, B.G.C. Estratégias para minimizar danos a enfermagem do serviço noturno: uma revisão integrativa. Rev Acred; 2012; volume (2): n. 4.
9- Silva, V.L.S. et al. Prática de liderança em enfermagem hospitalar: uma self de enfermeiros gestores. Rev Esc Enferm USP; 2016; volume (207): n. 51.
10- O’Brien-Pallas, L. et al. Evidence-based standards for measuring nurse staffing and performance. Otawa, Ontário: Canadian Health Services Research Foundation; 2004.