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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA Vanessa Maria Aleixo de Sousa CONSELHO ESCOLAR E GESTÃO DEMOCRÁTICA: uma análise na rede municipal de Garanhuns-PE Garanhuns 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

Vanessa Maria Aleixo de Sousa

CONSELHO ESCOLAR E GESTÃO DEMOCRÁTICA: uma análise na rede

municipal de Garanhuns-PE

Garanhuns 2015

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Vanessa Maria Aleixo de Sousa

CONSELHO ESCOLAR E GESTÃO DEMOCRÁTICA: uma análise na rede

municipal de Garanhuns-PE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como requisito parcial para obtenção do título

de Licenciado em Pedagogia pelo Curso de

Licenciatura em Pedagogia da Universidade

Federal Rural de Pernambuco, Unidade

Acadêmica de Garanhuns.

Orientadora: Prof.ª. Ma. Taynah de Brito Barra

Nova.

Garanhuns

2015

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Ficha Catalográfica Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial UFRPE/UAG

CDD: 371.2

1. Conselho escolar

2. Gestão escolar

3. Gestão democrática

I. Nova, Taynah de Brito Barra

II. Título

S725c Sousa, Vanessa Maria Aleixo de

Conselho escolar e gestão democrática: uma análise

na rede municipal de Garanhuns- PE / Vanessa Maria

Aleixo de Sousa._Garanhuns, 2015.

f. 54

Orientadora: Taynah de Brito Barra Nova Monografia (Curso Licenciatura em Pedagogia) –

Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade

Acadêmica de Garanhuns, 2015.

Inclui anexo e bibliografias

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Vanessa Maria Aleixo de Sousa

CONSELHO ESCOLAR E GESTÃO DEMOCRÁTICA: uma análise na rede

municipal de Garanhuns-PE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como requisito parcial para obtenção do título

de Licenciado em Pedagogia pelo Curso de

Licenciatura em Pedagogia da Universidade

Federal Rural de Pernambuco, Unidade

Acadêmica de Garanhuns.

Aprovado em 16 de janeiro de 2015.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________

Taynah de Brito Barra Nova – UAG/UFRPE

__________________________________________________________________

Sônia Virginia Martins Pereira – UAG/UFRPE

__________________________________________________________________

Robson da Silva Eugênio – UAG/UFRPE

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me concedido a chance de realizar este trabalho,

pois a fé nele foi o que me deu força e coragem durante todo o percurso.

Ao meu esposo Flávio Luis que está sempre do meu lado, apoiando-me e

incentivando-me, com todo o carinho e dedicação.

À minha mãe, Joralucia, pelo apoio em todos os momentos difíceis e também

pela torcida e incentivo com suas palavras sábias sempre.

A meu pai, Vanildo, pela torcida e principalmente pela disponibilidade de me

conduzir nos lugares quando necessitei.

À minha orientadora Taynah de Brito Barra Nova por toda paciência e

dedicação.

Aos professores Sônia Virginia e Robson Eugênio pela disponibilidade e

contribuições ao trabalho.

Aos meus colegas de turma, que me ajudaram com palavras de incentivo,

principalmente nos momentos de desânimo e também aos que contribuíram

indiretamente durante a minha caminhada.

Aos sujeitos participantes da pesquisa, pela disponibilidade de tempo, pela

acolhida nos momentos em que estive nas escolas e também pela participação

direta na pesquisa.

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“É que a democracia, como qualquer sonho,

não se faz com palavras desencarnadas, mas

com reflexão e prática”. (FREIRE, 1997, p. 61)

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RESUMO

A temática da Gestão Escolar tem sido amplamente discutida nos últimos anos, diante das determinações legais que partem deste princípio da educação pública para organização do trabalho escolar. Esta pesquisa propõe estudar a efetivação do conselho escolar enquanto mecanismo democrático da gestão escolar. O objetivo do trabalho é analisar como conselhos escolares da rede municipal de Garanhuns-PE atuam diante da proposta da gestão democrática presente na legislação educacional nacional. A pesquisa traz como fundamentação teórica as contribuições de Touraine (1996), Bobbio (2000), Oliveira (2009), Souza (2009) e Lück (2011) no debate acerca da gestão democrática e do conselho escolar, além das orientações explícitas nas publicações oficiais do MEC, como os Cadernos do Programa de Fortalecimento dos Conselhos Escolares e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº 9.394 de 1996). Utilizamos entrevista, questionário e observação enquanto instrumentos de coleta de dados, e a Análise de Conteúdo guiou nossa análise de dados. Nossos resultados apontam que existe uma predominância do sexo feminino nos membros dos conselhos escolares, e indicam a falta de participação de representantes de entidades legalmente organizadas nos Conselhos. Os membros reconhecem a importância da entidade, mas destacam a necessidade de um maior número de reuniões para responder às demandas das instituições. Em relação às gestoras das escolas percebemos que as mesmas têm ciência da importância do conselho escolar efetivado numa proposta de gestão democrática. Assim, consideramos que os conselhos estão em processo de formação e efetivação de suas funções nas escolas, buscando a participação ativa dos seus membros no cotidiano das instituições.

PALAVRAS-CHAVE: Conselho escolar. Participação. Gestão democrática. Gestão escolar.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Quantitativo dos Membros dos Conselhos Escolares ......................... 31

TABELA 2 – Escola 1: Participantes da Pesquisa ................................................... 33

TABELA 3 – Escola 2: Participantes da Pesquisa ................................................... 33

TABELA 4 – Avaliação de Atuação do Conselho Escolar ........................................ 34

TABELA 5 – Perfil das Gestoras Escolares ............................................................. 36

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 09

2. GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA E CONSELHO ESCOLAR ....................... 13

2.1. Gestão escolar: avanços e retrocessos na educação brasileira ........................ 13

2.2. Gestão democrática: princípio da educação pública ......................................... 17

2.3. Conselho escolar, mecanismo de gestão democrática ...................................... 20

2.4. Gestão democrática e conselho escolar: para onde apontam os estudos? ....... 24

3. METODOLOGIA .................................................................................................. 27

3.1. Tipo de pesquisa ............................................................................................... 27

3.2. Campo de pesquisa .......................................................................................... 28

3.3. Sujeitos de pesquisa ......................................................................................... 28

3.4. Instrumentos de coleta e análise de dados ....................................................... 29

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 31

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 40

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 42

APÊNDICE A- QUESTIONÁRIO ............................................................................. 46

APÊNCICE B- ROTEIRO DE ENTREVISTA ........................................................... 48

APÊNDICE C- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............. 49

ANEXO A- L E I N° 3783/2011 ................................................................................ 50

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1. INTRODUÇÃO

O caminho percorrido pela organização escolar no Brasil foi guiado, desde a

década de 1930, pelo modelo administrativo originário do setor empresarial. Neste

período a escola se caracterizava por adotar um modelo de educação conservador

(CARRAHER, 1986), e se revestia enquanto um espaço resistente às mudanças

impostas pela evolução dos tempos. Dentro deste formato a escola contribuiu para a

manutenção e reprodução de uma sociedade dominadora, dependente e autoritária.

A mesma tinha a atribuição de ser o local de transmissão do conhecimento narrado

através da figura do professor ao educando que devia receber, armazenar e

reproduzir esse conhecimento sem contestar a sua veracidade, é o que Freire (2005)

denominou de concepção bancária da educação.

A superação do regime militar e o começo do processo de redemocratização

do país contribuíram para que a administração escolar passasse a incorporar as

características que constituem os processos coletivo, participativo e democrático.

Atualmente a escola assume o desafio de formar o cidadão, e como instituição social

precisa acompanhar as mudanças da sociedade e contribuir para o desenvolvimento

da capacidade de pensar e de atuar com autonomia admitindo que para alcançar

tais resultados torna-se necessário que a mesma tenha procedimentos pautados na

gestão democrática de suas ações, que utiliza dentre os instrumentos de mediação o

conselho escolar.

Para que a escola consiga ser esse lugar privilegiado que conduza aos

questionamentos e ações com o intuito de beneficiar a todos é imprescindível a

atuação de uma gestão democrática. A importância que recai sobre esta forma de

ação é respaldada pela atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº

9.394/96, (BRASIL, 1996) que aponta a gestão democrática como princípio da

educação pública. De acordo com Cury (2005) a gestão democrática é a presença

no processo e no produto de políticas de governo. Para ele, a consideração deste

princípio surge como resposta à sociedade, pois os cidadãos querem ser ouvidos e

participar nos processos de elaboração, e não apenas serem meros executores de

algo que já foi definido.

Enquanto princípio da educação pública, a gestão escolar democrática se

materializa através de instrumentos imprescindíveis à sua efetivação. Dentre eles,

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destacamos a eleição dos gestores escolares, o projeto político-pedagógico e o

conselho escolar. A gestão democrática se reflete no dia-a-dia através de debates,

reuniões, elaboração e avaliação do projeto político-pedagógico, como também por

meio das decisões com relação à qualidade do ensino-aprendizagem dos alunos e

na organização da escola como um todo considerando “a participação efetiva dos

integrantes da comunidade no conselho escolar enquanto um dos mais essenciais

mecanismos da gestão democrática” (CARVALHO; LEÃO; BARBOSA, 2013, p. 15).

Enquanto mecanismo de gestão democrática a escolha do gestor escolar via

eleição é um dos meios que os sujeitos da sociedade têm para a conquista e a

vivência da cidadania, visto que é nesse momento que os mesmos estarão

exercendo o direito de escolher o diretor da escola do bairro onde moram, onde

trabalham e até mesmo onde seus filhos estudam, podendo assim contribuir de fato

para a democracia.

Outro mecanismo que contribui para uma gestão democrática é o projeto

político-pedagógico da escola, pois a sua elaboração e execução oportuniza o

trabalho e a inclusão da comunidade tanto interna como externa à escola,

representando um processo coletivo, buscando o desenvolvimento e a qualidade da

educação oferecida pela instituição.

A essência da gestão democrática pressupõe a participação de vários

agentes e toma como fundamental o seu envolvimento no contexto escolar. Os

conselhos escolares tomam para si esta tarefa, mediante sua implementação e

funcionamento no cotidiano das instituições. Segundo Paro (2000), o conselho tem

cooperado para que diferentes agentes sociais aprendam a conviver e a lidar tanto

com as várias concepções de mundo, sociedade e homem como com as opiniões

divergentes entre os sujeitos advindas da diversidade.

Diante da importância do conselho escolar como instrumento de gestão

democrática, pretendemos com esta pesquisa nos aproximarmos desse instrumento

e de como ocorre a efetivação do mesmo na escola, se o conselho consegue

contemplar as funções que lhe são atribuídas e se os membros têm participação

ativa.

O interesse sobre esse tema surgiu durante uma pesquisa realizada na

disciplina de Prática Educacional, Pesquisa e Extensão. No contato com a gestão

escolar na escola que nos servia de campo de pesquisa, tivemos a oportunidade de

presenciarmos a troca de sua equipe de gestão. Embora nossa presença na

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instituição não exigisse contatos de longo prazo, foi possível identificar que as

gestoras (a que deixava o cargo e a que assumia) possuíam formas diferenciadas de

atuação, o que refletia de forma direta (e evidente) em suas práticas e na maneira de

se relacionar com os outros atores escolares. No início da pesquisa a postura da

primeira gestora era acolhedora e favorecia um ambiente propício ao aprendizado.

Após a troca da gestão, tivemos dificuldade inclusive para entrar na escola e

também, para realizar o nosso processo de pesquisa.

A mudança de postura e receptividade de representantes da equipe de gestão

frente à comunidade fez emergir a curiosidade de estudar sobre a gestão

democrática focando o mecanismo de participação da comunidade nas decisões que

afetam a instituição escolar: o conselho escolar.

Diante da importância do conselho escolar como instrumento de gestão

democrática, pretendemos com esta pesquisa responder à seguinte questão: Como

conselhos escolares atuam diante da proposta de gestão democrática?

Desenvolvemos este estudo com fins a alcançar os seguintes objetivos:

OBJETIVO GERAL

Analisar como conselhos escolares da rede municipal de Garanhuns-PE

atuam diante da proposta da gestão democrática.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar o perfil dos participantes dos conselhos escolares e qual o papel

que desempenham;

Caracterizar algumas ações desenvolvidas pela equipe gestora da escola

para garantir a efetivação do conselho escolar;

Descrever como essas ações influenciam a participação dos membros nos

conselhos escolares.

Consideramos que este estudo pode contribuir para nos aproximarmos desse

instrumento da gestão democrática, compreendendo suas características e como

ocorre a efetivação do mesmo, de acordo com as incumbências legais que ao

mesmo são atribuídas. Esperamos, também, que esta pesquisa possa formar um

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retrato de como esse conselho vem se organizando para, se necessário, apontar

novos caminhos para as políticas públicas voltadas para a gestão escolar

organizarem esforços de melhoria.

Nosso texto está organizado em três partes. A primeira parte será dedicada à

discussão da gestão escolar no contexto histórico da educação no Brasil, como

também sobre os textos legais que afirmam a importância da gestão democrática e

do conselho escolar para organização e estrutura da educação brasileira. Na

segunda parte, apresentaremos a nossa metodologia, justificando as nossas

escolhas para o desenvolvimento do nosso estudo, e na terceira nos deteremos na

análise dos nossos dados.

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2. GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA E CONSELHO ESCOLAR

A gestão escolar democrática tem sido uma temática atualmente privilegiada

entre os pesquisadores da área educacional. Grande parte desta evidência é

atribuída ao seu papel transformador da organização escolar, bem como pela

adesão, ao menos discursiva, dos atores escolares a sua proposta.

Afirmamos que a proposta da gestão democrática é ao menos discursiva

porque grande parte dos sujeitos envolvidos na educação têm a consciência de que

o tema existe, é relevante, está posto na lei e é extremamente divulgado, no entanto,

a prática muitas vezes fica a desejar.

Neste trabalho iremos discutir em um primeiro momento sobre os avanços e

retrocessos na educação brasileira da gestão escolar, em seguida apresentaremos

algumas considerações acerca da gestão democrática enquanto princípio da

educação pública. No terceiro tópico abordaremos o conselho escolar como

mecanismo de gestão democrática, e ao final apresentaremos as contribuições de

autores que discutem sobre a temática estudada por nós.

2.1. GESTÃO ESCOLAR: AVANÇOS E RETROCESSOS NA EDUCAÇÃO

BRASILEIRA

Durante muito tempo a escola se caracterizou por realizar uma educação nos

moldes conservadores, resistentes a qualquer tipo de mudança tanto na questão

pedagógica como na parte administrativa. Envolta neste contexto, a escola tinha

como principal característica se constituir enquanto simples espaço de transmissão

do conhecimento.

Entretanto, a partir de 1930, início da Era Vargas, com o fim da República

Velha, a educação brasileira passa a ter contornos diferenciados e reconhecer a

necessidade de mudanças em sua organização, ao ponto de em 1932, intelectuais e

defensores da educação pública de qualidade posicionarem-se, no Manifesto dos

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Pioneiros da Educação Nova, sobre os problemas educacionais apontando-os como

resultados de uma organização e administração escolar despreparada.

Se depois de 43 anos de regime republicano, se der um balanço ao estado atual da educação pública, no Brasil, se verificará que (...) não lograram ainda criar um sistema de organização escolar, à altura das necessidades modernas e das necessidades do país (MANIFESTO, 2006, p. 188).

Os Pioneiros defendiam a educação como sendo uma função a ser assumida

pelo Estado, e afirmavam que a escola deveria se tornar acessível a todos. Esta

universalização seria garantida através da elaboração de um plano geral de

educação. O caminho a ser seguido apontava para:

Aplicação da doutrina federativa e descentralizadora, que termos de buscar o meio de levar a cabo, em toda a República, uma obra metódica e coordenada, de acordo com um plano comum, de completa eficiência, tanto em intensidade como em extensão (MANIFESTO, 2006, p. 195).

Anísio Teixeira, educador/administrador e principal representante dos

pioneiros, também defendia a necessidade da descentralização no cenário

educacional, principalmente dentro dos muros da escola. Neste sentido, sobre a

escola e os sujeitos que dela fazem parte, se posicionava Teixeira (1956):

Só voltarão a serem vivas, progressivas, conscientes e humanas quando se libertarem de todas as centralizações impostas, quando seu professorado e pessoal a ele pertencerem em quadros próprios da escola, constituindo seu corpo de ação e direção, participando de todas as suas decisões e assumindo todas as responsabilidades (p. 127).

A proposta defendida por Teixeira ainda na década de 1950 continua atual,

pois é baseada na autonomia da escola, não desconsiderando o necessário

acompanhamento do poder público através dos órgãos de controle e supervisão.

Na década de 1980 a sociedade brasileira visava à democratização do país e

assim o princípio da autonomia foi retomado por vários setores da sociedade como

sendo de extrema relevância para que a escola pudesse tomar as decisões para

elaboração coletiva de um projeto educacional e ainda concretizar a gestão

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democrática da escola. Entretanto, apenas no final da década de 1980, com o fim do

período de ditadura militar a luta por espaços sociais democráticos veio à tona,

inspirando e influenciando a elaboração da Constituição Federal do país.

No ano de 1986 ocorreu uma Assembleia Nacional Constituinte cujo tema

adotado foi: “Educação e Constituinte” onde após vários debates e discussões foi

elaborado um documento que está inserido no contexto histórico da educação

nacional como sendo um documento norteador para a educação, “a Carta de

Goiânia”. Nesse momento de elaboração foi constatado que a educação do Brasil

continuava vivenciando problemas como: a falta de acesso à escola, a falta de

qualidade no ensino, as condições de trabalho do professor, a falta da distribuição

do ensino e outros, apresentando propostas de mudanças no cenário educacional a

fim de defender a democratização da educação.

A atual Constituição Federal (BRASIL, 1988) vem reforçar a importância da

organização escolar descentralizada e destaca a defesa do princípio da Gestão

Democrática no ensino público em seu artigo 206 VI. Princípio reforçado pela Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394 de 1996) no artigo 3º VIII, ao

afirmar que o ensino público deve ser ministrado com base no princípio da: “gestão

democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de

ensino”. Entretanto, é válido destacar que embora a legislação brasileira atual afirme

a gestão democrática enquanto essência para a organização do ensino público, ela

não é garantia para a sua efetivação:

A questão central é que as leis firmam valores, não criam cultura. A efetivação do novo princípio da gestão democrática requer um processo instituinte de uma nova cultura de gestão escolar. Gestão que não se confunde mais com o gestor, com a centralização nas mãos do diretor, mas que passa a ser vista como um projeto coletivo, que institui uma organização colegiada. Trata-se da constituição de um novo paradigma de gestão escolar. E paradigmas não nascem da lei. Nascem das ideias, das concepções mais radicais de pensamento e das práticas que arruínam o velho para instituir o novo (BRASIL, 2004, p. 54).

A gestão democrática, ao ser instituída como princípio da Constituição

Federal, de início representou o ganho dos segmentos que tinham o compromisso

com a democratização da gestão. Entretanto, logo foram percebidas as restrições

presentes no texto constitucional de maneira a limitar a sua extensão e delegar a

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sua aplicabilidade a regulamentações futuras, além de ter sido observado a falta de

referência à gestão democrática ao longo de toda a Constituição.

Assim, poucas mudanças nos procedimentos de organização e

funcionamento da gestão escolar foram percebidas, pois o texto constitucional

acabava delimitando as características do princípio e deixava a cargo de leis futuras

a definição de orientações para implantação desta gestão democrática, acarretando

a manutenção das práticas que já existiam de relações hierárquicas de submissão,

presentes até hoje. Segundo Paro (2000),

Se quisermos caminhar para essa democratização, precisamos superar a atual situação que faz a democracia depender de concessões e criar mecanismos que construam um processo inerentemente democrático na escola (p.19).

Além de reafirmar o princípio da gestão democrática a LDB nº 9.394/96

também trata de dois instrumentos de gestão democrática no artigo 14 nos incisos: I

- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico

da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares

ou equivalentes. Desse modo percebe-se que a gestão está estruturada em

princípios como participação e autonomia como também propõe a ação articulada

entre os instrumentos como o Projeto Político-Pedagógico, Grêmio Estudantil,

Conselho Escolar, entre outros. O princípio de participação que trata a LDB também

é defendido por Paro (2000)

Na medida em que se conseguir a participação de todos os setores da escola - educadores, alunos, funcionários e pais – nas decisões sobre seus objetivos e seu funcionamento, haverá melhores condições para pressionar os escalões superiores e dotar a escola de autonomia e de recursos (p. 12).

O autor afirma ainda que para que a escola consiga realizar objetivos

transformadores é necessário que a mesma se organize para tal e esteja articulada

com os interessados na educação escolar para que aconteça a divisão de poder

(Paro et al., 1988, p.228 apud Paro, 2000, p. 40) “na medida em que aqueles que

mais se beneficiarão de uma democratização da escola puderem participar

ativamente das decisões que dizem respeito a seus objetivos e às formas de

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alcançá-los”, sendo criadas condições para tornar realidade essa participação. Como

bem coloca Marques (2007)

Assim, não serão apenas as determinações da política educacional que redirecionarão as práticas gestoras nas escolas, mas sim a capacidade de interpretação e recriação dos atores escolares dessas medidas, que terão características específicas em cada unidade escolar, tendo em vista que as práticas organizacionais são contextuais (p. 79).

A gestão de uma escola, mesmo que seja influenciada por decisões políticas,

não será alterada apenas pela mudança de regras e, sim, pela capacidade de

criatividade e condições propícias para uma organização coletiva, visando o bem-

estar comum.

2.2. GESTÃO DEMOCRÁTICA: PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA

Quando falamos do tema gestão democrática estamos nos referindo a um

processo político que envolve todos que fazem parte da educação pública (os que a

ofertam e seus usuários) além dos princípios de democracia e de direitos humanos

básicos, como é o caso da educação.

A origem da palavra gestão se encontra no verbo latino gestum, gerere,

gestatio e significa “carregar, executar, gerar” (CURY, 2001 apud MACHADO, 2013,

p.12), isso implica dizer que uma gestão sugere a possibilidade de criação de algo

novo. Levando em consideração os significados citados concluímos que os objetivos

educacionais da escola consideram a gestão como uma dimensão que atravessa

todo o sistema escolar, sua organização, estrutura e funcionamento. Conforme Lück

(2011)

Gestão é um processo de mobilização da competência e da energia de pessoas coletivamente organizadas para que, por sua participação ativa e competente, promovam a realização, o mais plenamente possível, dos objetivos de sua unidade de trabalho, no caso, os objetivos educacionais (p. 21).

O conceito de gestão já pressupõe a ideia de participação e cooperação de

pessoas na análise de situações, na tomada das decisões, na elaboração de planos

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de ação, no monitoramento e avaliação abrangendo todos os que fazem parte direta

ou indiretamente da educação.

Segundo Cury (2009 apud OLIVEIRA, 2009) a gestão democrática é a forma

não-violenta que faz com que a comunidade educacional se capacite para levar a

termo um projeto pedagógico de qualidade e possa gerar cidadãos ativos. O autor

defende que é através da difusão dos professores sobre a importância da gestão

democrática como princípio efetivo, com a presença de todos os envolvidos com a

instituição escolar, que será possível avançar na educação escolar como sendo uma

instituição aberta à representatividade e à participação.

É necessário que a gestão das escolas se efetive por meio de processos

coletivos envolvendo a participação da comunidade local e escolar, “mas a

participação só é efetiva quando as pessoas que são chamadas a participar são

colocadas em condições adequadas para tal” (Souza, 2009, p.135). O mesmo autor

faz uma comparação entre as concepções de dois outros autores a respeito do

conceito que cada um tem sobre democracia, já que a participação na vida política é

elemento importante e se aprende na prática democrática, seja na gestão de uma

escola ou na cidade.

Segundo Bobbio (2000 apud SOUZA, 2009, p. 129), “a democracia é

caracterizada por um conjunto de regras que estabelecem quem está autorizado a

tomar as decisões coletivas e com quais procedimentos”. Esse autor defende que

democracia baseia-se na ideia de que a maioria pode decidir por todos, inclusive,

pela minoria.

Já Touraine (1996 apud SOUZA, 2009, p. 131) entende por democracia “um

conjunto de garantias para evitar a tomada ou manutenção do poder de

determinados dirigentes contra a vontade da maioria”. O autor defende a ideia que

não há democracia sem o respeito aos interesses da maioria, mas tampouco sem o

respeito aos direitos das minorias.

Ao articular os conceitos de democracia com a gestão das escolas Souza

(2009) constrói o conceito de gestão escolar democrática do qual partilhamos:

Reconhecendo-a como um processo político que é mais amplo do que apenas as tomadas de decisão e que é sustentado no diálogo e na alteridade, na participação ativa dos sujeitos do universo escolar, na constituição de canais de comunicação, de sorte a ampliar o domínio das informações a todas as pessoas que atuam na/sobre a escola (p. 136).

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Assim compreendemos que a efetivação da gestão democrática é um

processo desafiador para as escolas na atualidade, pois envolve vários

personagens, com diferentes visões de mundo exigindo um alto grau de

comunicação entre as partes como também a necessidade da participação ativa dos

sujeitos envolvidos. Essa participação segundo Lück (2011)

É pelo compromisso e em nome da construção de uma sociedade democrática e da promoção de maior envolvimento das pessoas nas organizações sociais em que atuam, [...] que se favorece a realização de atividades que possibilitem e condicionem a participação (p. 26).

Atividades que favoreçam uma participação ativa em todos os sentidos, na

elaboração de objetivos, nas discussões, na parte financeira, que não seja uma

participação camuflada só para referendar o que já está posto ou só para fazer parte

como estatística. A autora afirma que a participação em sentido pleno (LÜCK, 2011)

É caracterizada pela mobilização efetiva dos esforços individuais para a superação de atitudes de acomodação, de alienação, de marginalidade, e reversão desses aspectos pela eliminação de comportamentos individualistas, pela construção de espírito de equipe, visando a efetivação de objetivos sociais e institucionais que são adequadamente entendidos e assumidos por todos (pp. 30-31).

O processo de participação ativa é algo que vai além das simples tomadas de

decisões, é a superação do conjunto de atitudes que propiciam o fracasso da gestão

de uma escola, pois as ações são compartilhadas junto com a responsabilidade da

efetivação dos objetivos da instituição. Lück (2011) define gestão democrática como:

O processo em que se criam condições para que os membros de uma coletividade não apenas tomem parte, de forma regular e contínua, de suas decisões mais importantes, mas assumam responsabilidade por sua implementação (p. 57).

A gestão democrática impõe não só a participação e sim a autonomia e a

conscientização dessa participação para que os membros envolvidos possam, de

fato, construir e transformar a realidade não só da escola como também da

sociedade em geral. E para que essa transformação se torne realidade se faz

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necessário a apresentação de ideias e comportamentos novos na expectativa de

uma gestão democrática, como afirma Hora (2012)

1. O diretor é aquele que está na liderança, a serviço da comunidade escolar para o alcance de suas finalidades. 2. Os especialistas (supervisor, orientador, diretor) são possuidores de um conhecimento específico em uma área, assim como cada professor o é; o trabalho coletivo dessas diferentes especialidades na escola é que provocará mudanças. 3. A expectativa que alunos, pais, comunidade têm em relação à escola é uma dimensão que não pode ser ignorada e sim conhecida para ser atendida. 4. Os indivíduos precisam assumir as responsabilidades de suas atividades, sem que alguém lhes diga sempre o que e como fazer. Não pode, pois, existir a dicotomia – uns pensam, outros executam -, mas todos precisam ter e desenvolver o compromisso político próprio do ato educativo. 5. O individualismo, a desconfiança, a acomodação e o egoísmo devem ceder lugar ao sentido coletivo da crítica e autocrítica, do direito e do dever, da responsabilidade social frente ao ato educativo. 6. O comando, por ser sensível às necessidades e aos interesses dos diversos grupos, agiliza o confronto dos mesmos, resultando em ações criadoras. 7. A gestão da escola passa a ser, então, o resultado do exercício de todos os componentes da comunidade escolar, sempre na busca do alcance das metas estabelecidas pelo projeto político-pedagógico construído coletivamente. (p. 48)

Na visão dessa autora são todos esses elementos que contribuem para uma

gestão democrática efetiva na escola com base na conversa aberta, na consolidação

das ideias apresentadas pela comunidade, na construção coletiva e no

estabelecimento dos objetivos almejados pelos integrantes do grupo social.

2.3. CONSELHO ESCOLAR, MECANISMO DE GESTÃO DEMOCRÁTICA

Dentre os vários instrumentos de efetivação da gestão democrática está o

conselho escolar, que mesmo encontrando algumas dificuldades de efetivação no

dia-a-dia tem contribuído para a participação de diferentes segmentos que compõem

a escola nas decisões da instituição.

Sob o olhar etimológico, o termo Conselho é de origem latina “tanto

significando ouvir alguém quanto submeter algo à deliberação de alguém, após uma

ponderação refletida, prudente e de bom senso” (CURY, 2000, p. 47). Segundo as

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orientações do Ministério da Educação (MEC) para a organização dos conselhos

escolares (BRASIL, 2004):

Os Conselhos Escolares são órgãos colegiados compostos por representantes das comunidades escolar e local, que têm como atribuição deliberar sobre questões político-pedagógicas, administrativas, financeiras, no âmbito da escola (p. 34).

É através dos conselhos que devem ser definidas as ações colocadas em

prática na escola, dividindo a responsabilidade decisória a todos os envolvidos e

definindo prioridades. É nesse sentido que a concepção do Conselho Escolar tornar-

se essencial e de acordo com Hora (2012)

Através deste mecanismo de ação coletiva é que efetivamente serão canalizados os esforços da comunidade escolar em direção à renovação da escola, na busca da melhoria do ensino e de uma sociedade humana mais democrática. (p. 52)

Já Werle (2003) considera o conselho escolar como espaço de aprendizagem

democrática. Para a mesma, os processos democráticos não são um direito

assegurado por lei, mas algo que deve ser buscado como prática por todos que

compõem a escola. “Os conselhos são, atualmente, um espaço não de

aprendizagem em nível conceitual e teórico da democracia, mas um local de fazer

democracia” (WERLE, 2003, p. 12).

Marques (2007) defende que o conselho escolar pode ser um espaço de

construção de uma escola voltada para os interesses da maioria da população

brasileira, que pode influir na educação que lhe é oferecida.

Os conselhos escolares podem representar um instrumento de aprendizado democrático, que se efetivará a partir da transformação da prática escolar “cotidiana”, no enfrentamento de posturas autoritárias, podendo, assim, ter papel fundamental na construção de uma cultura democrática nas escolas públicas (MARQUES, 2007, pp. 89-90).

Enfim, os conselhos buscam contribuir para a superação de uma cultura

antiquada nas escolas, através das discussões, aconselhamentos na constituição de

uma cultura participativa e cidadã por todos que fazem a escola. Os conselhos têm

as seguintes funções como afirma o MEC (BRASIL, 2004):

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Deliberativa: quando decidem sobre o projeto político-pedagógico e outros assuntos da escola, [...]. Elaboram normas internas da escola sobre questões referentes ao seu funcionamento nos aspectos pedagógico, administrativo ou financeiro. Consultiva: quando têm um caráter de assessoramento, analisando as questões encaminhadas pelos diversos segmentos da escola e apresentando sugestões ou soluções. Fiscal: quando acompanham a execução das ações pedagógicas,

administrativas e financeiras, avaliando e garantindo o cumprimento das normas da escola e a qualidade social. Mobilizadora: quando promovem a participação, de forma integrada, dos segmentos representativos da escola e da comunidade local em diversas atividades, contribuindo assim para a efetivação da democracia participativa [...] (p. 41).

Consideramos que essas quatro funções elencadas acima são de extrema

importância pois as mesmas são complementares, propiciando que os conselhos

através delas desempenhem o seu papel que é contribuir para a melhoria da

qualidade do ensino, garantindo professores e funcionários qualificados, boa

estrutura da escola e materiais disponíveis como afirma (BRASIL, 2004):

É com a compreensão da natureza essencialmente político-educativa dos Conselhos Escolares que estes devem deliberar, também, sobre a gestão administrativo-financeira das unidades escolares, visando construir, efetivamente, uma educação de qualidade social (pp. 40-41).

Mesmo sabendo da definição de conselho escolar e das suas respectivas

funções ainda é fácil encontrar instituições onde os conselhos existem de forma

estritamente burocrática, somente com o intuito de aprovar decisões advindas da

gestão, onde seus membros têm atuação passiva e manipulada.

De acordo com (BRASIL, 2004, p. 47) a natureza, composição e

funcionamento do Conselho escolar em Pernambuco ocorrem da seguinte forma: é

denominado Conselho Escolar, é regulamentado pelas normas do sistema e

regimento da escola, é composto pelo diretor da escola e um representante de cada

categoria como, professores, corpo administrativo, pais, estudantes e entidades da

comunidade que são eleitos pelos pares, com mandato de dois anos, exceto o

diretor que exerce a presidência do conselho e o conselho também prevê

assembleia-geral e conselho fiscal.

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23

Destacamos ainda que como o nosso campo de estudo foram escolas da

rede municipal de Garanhuns-PE nos debruçamos acerca da Lei municipal de

Garanhuns Nº 3783/2011 (Anexo A), que dispõe sobre a instituição e funcionamento

dos conselhos escolares nas escolas da rede municipal de Garanhuns-PE. No seu

artigo 4º (GARANHUNS, 2011), o conselho escolar no município tem como

finalidade:

I-Garantir a gestão democrática da escola; II-Zelar pela qualidade da educação escolar oferecida à população; III-Garantir articulação da escola com a comunidade; IV-Acompanhar e fiscalizar os trabalhos da escola; V-Garantir a divulgação das ações da escola na comunidade interna e externa; VI-Manter articulação com a Secretaria Municipal de Educação, visando assegurar as condições necessárias ao funcionamento adequado da escola; VII-Propor adequações às diretrizes e metas estabelecidas pela Secretaria Municipal de Educação, à realidade da escola.

O conselho é um órgão de extrema relevância, considerando as finalidades

acima elencadas, que demonstram a responsabilidade que os membros que

compõem esse mecanismo deveriam assumir. Nessa mesma lei (Ver Anexo A, p.

47-48), são instituídas vinte e quatro (24) atribuições do conselho, ainda no artigo 7º,

dentre as quais destacamos:

[...] II- elaborar, executar e avaliar o Plano de Ação do conselho escolar; III- coordenar o processo de discussão, elaboração ou alteração do Regimento Escolar; [...] XIV- fiscalizar a gestão administrativa, pedagógica e financeira da escola; [...] XVII- participar da reunião de planejamento, avaliação e replanejamento das ações da escola, no início e no final de cada semestre letivo; acompanhar e fiscalizar: a. Os trabalhos de ampliação, reforma e recuperação do prédio escolar; b. O armazenamento, a preparação e a distribuição da merenda escolar; c. O recebimento, a distribuição, a utilização, a conservação e preservação do patrimônio móvel, imóvel e do acervo da escola. [...] XXIV- elaborar e encaminhar à Secretaria Municipal de Educação, relatórios semestrais das atividades desenvolvidas por esse órgão colegiado de acordo com seu plano de ação.

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Faz-se necessário que cada vez mais as pessoas que compõem esses

conselhos assumam posturas autônomas e coletivas para que o mesmo seja visto

como uma expressão concreta dos desejos de construção de uma vida social

pautados na democracia, no diálogo e na efetiva participação.

Lembramos que os conselhos devem representar a diversidade e a

pluralidade das vozes de sua comunidade, sendo assim um instrumento de tradução

dos desejos da comunidade ao poder público e assumindo a configuração de “um

conjunto de pessoas que são diferenciadas entre si, mas que se reúnem para

discutir os problemas da escola” (WERLE, 2003, p. 58).

2.4. GESTÃO DEMOCRÁTICA E CONSELHO ESCOLAR: PARA ONDE APONTAM

OS ESTUDOS?

Com o intuito de identificar como a temática “gestão democrática e conselho

escolar” vem sendo discutida, apresentamos neste momento, alguns autores que

discutem o nosso tema de estudo, bem como apontamos os avanços nas pesquisas

dos mesmos. Dentre os estudos por nós localizados, destacamos: Alves e Alves

(2010), Almeida e Santos (2013), Pereira (2013) e Oliveira e Barra Nova (2013).

A pesquisa realizada por Alves e Alves (2010) teve como objetivo discutir

sobre os desafios à gestão democrática, a partir das demandas apresentadas pela

Emenda Constitucional nº 59/2009, que trata da ampliação da obrigatoriedade da

escolarização. Nesse trabalho os autores abordam uma perspectiva de gestão

democrática após ampla discussão realizada pela Conae/2010 como:

[...] meio pela qual todos os segmentos que compõem o processo educativo participam da definição dos rumos que as instituições de educação básica e superior devem imprimir à educação, e da maneira de implementar essas decisões, em um processo contínuo de avaliação das ações. (BRASIL, 2010, p. 63).

Na visão dos autores, a gestão democrática assume a via condutora para a

garantia da escolarização obrigatória, universalizada com a qualidade e a equidade

defendidas por movimentos sociais e por educadores, acreditando que a gestão

democrática poderia propiciar à educação escolar a sustentação da sociedade civil,

que atuaria como força de pressão junto aos governos.

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A pesquisa de Almeida e Santos (2013) objetivou analisar as significações

imaginárias sociais do conselho escolar em Pernambuco. Os autores levaram em

consideração que há uma unanimidade quanto à ideia do conselho escolar ser um

órgão capaz de contribuir para a democratização da escola, embora venha sendo

constatado que esse mecanismo não funciona ou que está em construção. Os

autores acreditam que “o conselho escolar e toda prática colegiada apenas

legitimam novas configurações de ressignificação conservadora, quando conduzido

unilateralmente pelos governos, por exemplo” (ALMEIDA; SANTOS, 2013, p. 151).

Já Pereira (2013) tinha como propósito compreender as implicações

existentes da presença e ações do conselho escolar no interior da escola pública

realizada em um município do interior de Sergipe. O autor concluiu que o conselho é

erigido como espaço de diálogo, lugar de evidência de expectativas, de interação e

constituição de novas posturas voltadas para o ideal de participação. Ele afirma que

o conselho parece ser uma, senão a maior das contribuições para a escola,

sobretudo pela constatação de que há um perfil de escola em construção.

Desenvolve-se na comunidade e na escola uma relação de ações mútuas no sentido de, pela comunidade, apropriação dos elementos simbólicos que o espaço escolar apresenta e por parte da escola, há uma abertura e uma reaproximação aos interesses populares. (PEREIRA, 2013, p. 18).

Para Pereira (2013) o conselho escolar é compreendido como uma unidade

de participação política e de formação humana que possibilita a concretização de

referenciais comuns, desejos e esperanças.

A pesquisa de Oliveira e Barra Nova (2013) buscou investigar como acontece

o movimento de construção dos espaços participativos que favorecem a atuação da

comunidade escolar. As autoras levaram em consideração o significado de

participação estabelecido na legislação educacional brasileira e defendido pelos

estudiosos da temática, correspondente ao que diz Gohn (2005):

A participação como um processo de vivência que imprime sentido e significado a um grupo ou movimento social, tornando-o protagonista de sua história, desenvolvendo uma consciência crítica desalienadora, agregando força sociopolítica a esse grupo ou ação coletiva, e gerando novos valores e uma cultura política nova (p. 30).

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As autoras concordam que a gestão democrática para ser instalada nas

instituições de ensino deve passar por um processo gradativo de ação e discussão

coletiva. Ainda comungam do proposto por Lück (2010) sobre o âmbito da escola:

constitui-se em ambiente marcado por uma contínua tensão entre o ideal proposto

pela legislação, por políticas educacionais, normativas e orientações oficiais, e o real

pensado e representado nas escolas pelos que fazem seu cotidiano (p. 140).

O estudo de Oliveira e Barra Nova (2013) revelou um movimento que sinaliza

a possibilidade de caminhar para uma forma cada vez mais democrática por

intermédio dos espaços de participação como mecanismos de emancipação social,

transformando as relações de poder em relações de autoridade compartilhada

(MARQUES, 2008). Ficou claro um ciclo contínuo no processo democrático onde a

mudança vem pelo aprendizado e este pela prática cotidiana, ou seja, não podemos

esperar a estabilidade do regime democrático para efetivar espaços de participação,

pois a comunidade escolar só conseguirá o preparo necessário para atuar nesses

espaços mediante o exercício de cidadania que esses espaços proporcionam.

Essa breve revisão de literatura contribuiu para percebermos que, apesar das

dificuldades encontradas na efetivação da gestão democrática nas escolas e da

implantação de mecanismos de participação, existem iniciativas buscando superar

essas dificuldades e mudar a realidade, fazendo com que cada vez mais as pessoas

compreendam que a escola pode se efetivar enquanto espaço de decisão coletiva,

contribuindo assim para a formação de seus atores em relação ao estímulo ao senso

crítico necessário para uma vida cidadã.

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3. METODOLOGIA

Neste capítulo nos deteremos a descrever todo o percurso metodológico

trilhado para alcançarmos os objetivos de nosso estudo e respondermos a

problemática da nossa pesquisa. Apresentaremos nossa abordagem metodológica

justificando as opções escolhidas para o desenvolvimento do nosso estudo.

3.1. TIPO DE PESQUISA

O estudo que desenvolvemos configurou-se como uma Pesquisa de Campo,

do tipo etnográfico (ANDRÉ, 2012). Observamos os fatos no seu acontecer natural,

a fim de analisar como conselhos escolares da rede municipal de Garanhuns-PE

atuam diante da proposta de gestão democrática. De acordo com Lakatos e Marconi

(2009)

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles (p. 188).

Nossa proposta em desenvolvermos um estudo do tipo etnográfico foi

justificado pelo interesse em nos aproximarmos do ambiente escolar, principalmente

nas atividades realizadas pelos que fazem parte da gestão da escola, com o intuito

de conhecermos os Conselhos em duas (02) escolas municipais. Nosso objetivo foi

reconhecer a realidade, fazendo uma análise da atuação desses Conselhos

mediante a proposta da gestão democrática. Consideramos que a possibilidade de

estudarmos o Conselho Escolar no espaço em que o mesmo se desenvolve, além

do contato direto com os seus integrantes nos deu oportunidade de dados mais

fidedignos para o alcance de nossos objetivos. Para André (2012) a pesquisa do tipo

etnográfico:

Busca a formulação de hipóteses, conceitos, abstrações, teorias e não sua testagem. Para isso faz uso de um plano de trabalho aberto e flexível, em que os focos da investigação vão sendo constantemente revistos, as técnicas de coleta, reavaliadas, os instrumentos, reformulados e os fundamentos teóricos, repensados.

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O que esse tipo de pesquisa visa é a descoberta de novos conceitos, novas relações, novas formas de entendimento da realidade (p. 30).

Assim, buscamos entender a realidade dos conselhos escolares, as relações

existentes entre os membros dos conselhos e a gestão das respectivas escolas

através dos instrumentos utilizados por nós durante a pesquisa.

3.2. CAMPO DE PESQUISA

Para a seleção do campo de pesquisa, entramos em contato com um membro

da Secretaria de Educação componente do Grupo Articulador dos Conselhos

escolares do município de Garanhuns-PE (GACEMUG), para solicitarmos a

indicação de escolas que tivessem conselhos escolares atuantes. Fomos informadas

que todas as escolas do município possuem conselhos escolares, nos indicaram as

duas (02) escolas em que desenvolvemos a pesquisa.

Para o desenvolvimento da pesquisa, inicialmente entramos em contato com

as escolas para assinatura da Carta de Aceite como campo de pesquisa, nas

seguintes datas (23/04/2014 na Escola 1 e 21/05/2014 na Escola 2).

A Escola 1 dispõe do 1º ao 6º ano do ensino fundamental, funciona no

primeiro turno das 07h30min às 11h50min e no segundo turno das 13h00min às

17h20min. No momento da pesquisa a escola possuía 489 alunos matriculados. A

Escola 2 dispõe da Educação infantil II até o 5º ano do ensino fundamental,

funcionando nos dois turnos (manhã e tarde). Durante a pesquisa a escola possuía

327 alunos matriculados.

3.3. SUJEITOS DE PESQUISA

Como o Conselho Escolar é formado por representantes dos gestores,

docentes, pais, alunos, funcionários e da comunidade (BRASIL, 2004, p. 42),

propusemos que os sujeitos da pesquisa fossem representantes desses segmentos

integrantes dos conselhos escolares.

Nossa proposta inicial contava com a participação de 12 (doze)

representantes dos segmentos do conselho escolar, sendo 06 (seis) segmentos por

cada escola, pois, é recomendado que os conselhos escolares sejam constituídos

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por um número ímpar de integrantes, visto que o diretor da escola é considerado

membro nato (BRASIL, 2004, p. 44). Devido a dificuldades enfrentadas para

encontrar os membros dos Conselhos Escolares - que alegavam falta de

disponibilidade para ir a escola, não liberação do trabalho, ou falta de participação,

tivemos como sujeitos da pesquisa 08 (oito) membros: as gestoras das duas escolas

e três representantes do Conselho Escolar de cada instituição (dois Professores,

dois técnico-administrativos, um técnico-pedagógico e um pai de aluno).

3.4. INSTRUMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Com o propósito de alcançarmos uma maior aproximação do objeto de

pesquisa, propomos o cruzamento das informações obtidas pelos instrumentos

utilizados no estudo para coleta de dados: o questionário, a entrevista e a

observação.

Para identificarmos o perfil dos participantes dos conselhos escolares

utilizamos o questionário, pois o nosso objetivo era atingir representantes de todos

os segmentos. Os questionários (Apêndice A) na Escola 1 foram aplicados no dia

13/05/2014, e na Escola 2 aplicamos no dia 27/05/2014, com o maior número

possível dos participantes para identificação do perfil dos membros que fazem parte

do Conselho Escolar.

Utilizamos a entrevista para nos aproximarmos da forma como os gestores

escolares atribuem sentido ao conselho escolar e das ações desenvolvidas pelo

grupo. Acreditamos ter sido o melhor instrumento para tal, pois segundo Oliveira

(2008) “[...] a entrevista permite a interação entre pesquisador e entrevistado e a

obtenção de descrições detalhadas sobre o que se está pesquisando [...]” (p.86). As

entrevistas semiestruturadas (Apêndice B) foram realizadas com as duas gestoras

das respectivas escolas, nos seguintes dias: na Escola 1: 09/05/2014 e na Escola 2:

29/05/2014. Nos dois momentos, todos os depoimentos foram gravados em áudio e

posteriormente transcritos.

Utilizamos também a observação com o intuito de verificarmos na prática se

ocorre o que é abordado na teoria e foi apresentado no discurso dos participantes da

pesquisa, pois como afirma Severino (2007) “[...] é através deste instrumento que é

possível o acesso aos fenômenos estudados [...]” (p.125). A observação na Escola 1

ocorreu no dia 28/05/2014, durante encontro dos conselheiros (reunião do

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Conselho), na qual registramos por escrito, em um diário de campo, dentro do

possível, tudo que ocorreu.

Foi utilizado como instrumento de análise a Análise de Conteúdo, pois é

através das diferentes formas de expressão que pretendemos compreender o

fenômeno estudado. De acordo com Severino (2007), a Análise de Conteúdo:

É uma metodologia de tratamento e análise de informações constantes de um documento, sob forma de discursos pronunciados em diferentes linguagens: escritos, orais, imagens, gestos. Um conjunto de técnicas de análise das comunicações (p. 121).

Com base nos dados obtidos através das observações, entrevistas e

questionários nossa análise buscou responder ao problema da nossa pesquisa:

Como os conselhos escolares atuam diante da proposta de gestão democrática?

Destacamos que, visando o respeito aos sujeitos da pesquisa, o nosso estudo

preservou a identidade, e os dados coletados ficarão sob os cuidados da

pesquisadora. Os sujeitos do estudo foram informados sobre o objetivo da pesquisa

e a metodologia adotada, buscando a autorização dos mesmos para a utilização dos

dados coletados.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com o intuito de respondermos como conselhos escolares atuam diante da

proposta de gestão democrática, durante a pesquisa aplicamos questionários aos

sujeitos da pesquisa para identificarmos o perfil dos participantes dos conselhos

escolares, realizamos entrevistas com os gestores das duas escolas e observamos a

atuação dos membros dos conselhos como também dos gestores das escolas

visitadas em relação a esses membros.

Partindo das informações recolhidas no estudo, com relação a quantidade de

membros existentes nos respectivos conselhos percebemos uma predominância do

sexo feminino nos conselhos escolares pois 83% são mulheres e só 17% são

homens (TABELA 1).

TABELA 1: Quantitativo dos membros dos conselhos escolares

SEGMENTO Escola 1 Escola 2

Quant. Sexo Quant. Sexo

Gestor 01 Feminino 01 Feminino

Professores 01 Feminino 01 Feminino

Técnico-

administrativo

01 Feminino 01 Feminino

Técnico-

pedagógico

01 Feminino - -

Pais de alunos 02 Feminino 02 Feminino

Masculino

Aluno 01 Masculino - -

TOTAL

07

05

Também notamos que embora as escolas sejam orientadas a organizarem

seus conselhos escolares considerando membros representantes de todos os

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segmentos envolvidos com a instituição escolar, as representações são distintas

entre as escolas. Destacamos, porém, que embora distintas as duas escolas

respeitam o que diz o Artigo 16 da Lei N° 3783/2011 (GARANHUNS, 2011) “o

Conselho Escolar só poderá ser instituído quando escolhido pelo menos quarto dos

seus (suas) componentes além do gestor(a) ou professor(a) responsável que é

membro nato do Conselho Escolar”. Enquanto a Escola 1 se destaca por considerar

importante ter representantes do corpo técnico pedagógico no conselho, em

nenhuma instituição havia representantes da comunidade local (entidade legalmente

organizada). Por sua vez, a Escola 2 chama atenção por não ter representante dos

alunos no conselho, desconsiderando assim a constituição do Conselho Escolar

abordada na Lei do município (Ver Anexo A, p. 49-50).

Um dado que não pode deixar de ser apresentado demonstra a

predominância de membros que não são representantes do público atendido pela

escola, e sim dos profissionais que nela atuam. Este dado demonstra que diante de

discordâncias sobre ações que visam mudanças nas práticas da escola,

quantitativamente o público atendido pela escola não conseguiria, via votação, uma

competição justa frente aos membros do conselho.

Considerando apenas os membros dos conselhos escolares que se

configuram como sujeitos participantes, elaboramos a TABELA 2 e TABELA 3 com

o objetivo de apresentarmos um perfil para cada escola pesquisada, dos

participantes da pesquisa que se submeteram ao questionário1:

1 Os Gestores escolares, embora se configurem como membros natos dos Conselhos Escolares, não

se submeteram aos questionários elaborados para os membros dos Conselhos. Esta decisão não foi arbitrária, ela se justifica no sentido de que os questionários tinham como objetivo a identificação do perfil dos que se submetem a fazer parte de tais conselhos, e diante do caráter obrigatório da presença dos gestores, estes participaram apenas das entrevistas.

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TABELA 2: Escola 1 - Participantes da pesquisa

Quant. Participantes/

Segmentos

Faixa

etária

Sexo Escolaridade Tempo de

atuação no

Conselho

Escolar

(01) Representante de

professores

41 a 45

anos

Feminino Ensino superior 1 ano

(01) Representante do

técnico-administrativo

46 a 50

anos

Feminino Ensino superior 4 anos

(01) Representante do

técnico-pedagógico

41 a 45

anos

Feminino Ensino superior 4 anos

Total: 03

TABELA 3: Escola 2 - Participantes da pesquisa

Quant. Participantes/

Segmentos

Faixa

etária

Sexo Escolaridade Tempo de

atuação

no

Conselho

Escolar

(01) Representante dos

professores

46 a 50

anos

Feminino Ensino superior

1 ano

(01) Representante do

técnico-administrativo

Mais de

50 anos

Feminino Ensino médio

1 ano

(01) Representante dos

pais

31 a 35

anos

Feminino Ensino médio

5 meses

Total: 03

As TABELAS 2 e 3 ilustram características interessantes acerca do perfil dos

integrantes do Conselho Escolar. Inicialmente, a predominância do sexo feminino é

mais uma vez destacada, respaldando os dados apresentados na TABELA 1. Uma

análise sobre a faixa etária nos mostra que os membros deste grupo se encontram,

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em sua maioria, com idades entre 41 - 50 anos, o que denota a ausência de um

corpo de conselheiros jovem. A escolaridade aponta que a maioria possui formação

em nível superior e ganha destaque o tempo de permanência de alguns

participantes enquanto membros dos Conselhos escolares, principalmente na Escola

1, na qual dois participantes relatam fazer parte há quatro (04) anos.

Além da identificação do perfil dos membros do Conselho Escolar, os

questionários também abordaram a avaliação que estes fazem dos conselhos de

suas instituições apontando os aspectos positivos e o que poderia ser melhorado no

conselho escolar do qual fazem parte. Considerando a atuação do conselho em uma

escala avaliativa entre Ótima / Boa / Regular / Ruim, os participantes se

posicionaram da seguinte forma:

TABELA 4: Avaliação da atuação do Conselho Escolar

Escola 1 Escola 2

Representante dos

professores

Ótima

Representante dos

professores

Regular

Representante dos

técnico-administrativos

Ótima

Representante dos

técnico-administrativos

Boa

Representante dos

técnico-pedagógicos

Ótima

Representante dos pais

Boa

Para os membros do Conselho da Escola 1, o conselho da sua instituição tem

como pontos positivos a atuação coletiva e liberdade de expressão, e poderia

melhorar no sentido de ampliar o número de reuniões do mesmo. Na Escola 2, para

os sujeitos da pesquisa, o conselho tem como aspectos positivos a proposta de

tomada de decisões coletivamente culminando em melhorias para a escola. Como

afirmado na Escola 1, os sujeitos apontam que o conselho deveria organizar mais

reuniões e assim alcançar melhorias no ensino oferecido.

Os dados coletados apontam que em relação à Escola 1 o conselho escolar é

considerado pelos seus integrantes como um espaço com ótima atuação no sentido

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de exercer o diálogo, favorecer e valorizar a participação dos seus membros e

procurar efetivar as decisões tomadas nos momentos de reunião, agindo de acordo

com as funções elencadas pelo MEC (BRASIL, 2004): deliberativa, consultiva, fiscal

e mobilizadora, apesar dos mesmos reconhecerem a necessidade de haver mais

momentos de reuniões.

Quando questionados acerca das razões que influenciaram a participação dos

mesmos nos conselhos escolares, percebemos que houve grande distanciamento

entre as Escolas. Para os membros da Escola 1, o motivo de inserção no Conselho

foi buscar melhorias na qualidade do ensino (opção assinalada pelos 3 membros) e

responder ao sentimento de mudança (assinalada por 1 membro). Consideramos

que estes motivos carregam em si o compromisso de participação dos seus

membros no Conselho, uma vez que estão intimamente ligados à perspectiva e

conceito de sujeitos de ação, responsáveis pelas mudanças. A entrada no Conselho

Escolar guiada pelo reconhecimento de que o seu papel enquanto conselheiro pode

trazer mudanças significativas na qualidade do ensino oferecido pela instituição

reafirma seu compromisso com a função social da escola e valoriza seu papel

enquanto membro do conselho, incutindo-lhe o reconhecimento enquanto lugar

privilegiado de participação e transformação, corroborando com a concepção de

participação em sentido pleno defendida por Lück (2011):

É caracterizada pela mobilização efetiva dos esforços individuais para a superação de atitudes de acomodação, de alienação, de marginalidade, e reversão desses aspectos pela eliminação de comportamentos individualistas, pela construção de espirito de equipe, visando a efetivação de objetivos sociais e institucionais que são adequadamente entendidos e assumidos por todos (pp. 30-31).

Entretanto, na Escola 2 as respostas não reafirmaram tal compromisso.

Curiosidade (assinalada por 01 membro), melhoria da qualidade do ensino (01

membro) e a opção “outras razões” (assinalada por 01 membro), nos fazem

compreender que o papel desempenhado pelo conselheiro não está bem definido

considerando o que lhe motivou para entrar no grupo.

Através de entrevistas semiestruturadas pudemos nos aproximar das

considerações das gestoras escolares acerca dos Conselhos organizados em suas

respectivas escolas. Destacamos que ambas foram indicadas ao cargo de gestora

escolar.

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TABELA 5: Perfil das gestoras escolares

Sujeitos da

pesquisa

Sexo

Escolaridade

Tempo de

atuação na

Gestão da Escola

Gestora da Escola 1

Feminino

Especialização em

gestão escolar

13 anos

Gestora da Escola 2

Feminino

Licenciatura em

Pedagogia e

especialização em

Língua Portuguesa

01 ano e 6 meses

Buscando caracterizar algumas ações desenvolvidas pela equipe gestora da

escola para garantir a efetivação do conselho escolar, perguntamos qual a

importância que as gestoras atribuem ao conselho escolar:

G12: “O conselho ele quando atuante, ele é bem importante, por que aí se, se quando ele se reúne, nós temos o coordenador, temos os professores, temos pais, temos um estudante e temos a gestora [...], não é a opinião dela que vai prevalecer nas reuniões, mas assim a gente vê o que é o melhor para escola e para o aprendizado do aluno.” G2: “Mulher o conselho escolar é importante para assim, para a tomada de decisões, mesmo da escola, por que como tem representante de todos os segmentos, todos os segmentos, é,é,é, representados por esses, por essas pessoas podem ajudar a resolver as situações que a escola, que aparecem para a escola, de todos os lados, questão de aluno, questão de problema com material, questão de verba, tudo que acontece na escola é importante que o conselho, [...].”

2 As gestoras foram codificadas da seguinte forma: A gestora da Escola 1 recebeu a codificação G1 e

a gestora da Escola 2 a codificação G2.

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Percebemos que as gestoras em seus depoimentos deixam claro saber da

relevância do conselho escolar no que diz respeito à participação, à tomada de

decisões coletivamente, à melhoria da estrutura da escola, à melhoria do ensino e

tudo que acontece na escola corroborando com o conceito de conselho escolar

abordado pelo MEC (BRASIL, 2004)

Os conselhos escolares são órgãos colegiados compostos por representantes das comunidades escolar e local, que têm como atribuição deliberar sobre questões político-pedagógicas, administrativas, financeiras, no âmbito da escola (p. 34).

Solicitamos que as entrevistadas citassem três aspectos positivos

apresentados pelo conselho escolar da sua escolar, para elas:

G1: “É, é, é, melhoramento no rendimento escolar, é, os pais se comprometem melhor, [...], uma das metas do conselho é no melhoramento e ajuda dos pais com os filhos e claro o professor, é onde mais tem o seu peso, por que se o professor não tiver compromisso, o pai não vai poder fazer, por que na maioria das vezes ele é leigo.” G2: “[...] como representantes eles estão sempre na escola, eles estão sempre por dentro dos assuntos, então os pais, se prontificam a ajudar, [...] são pontos positivos a parceria deles.”

O que foi destacado como ponto positivo se configura como a garantia da

participação de todos os envolvidos com a instituição escolar, via seus

representantes, nas decisões da escola. É interessante destacar que ambas as

gestoras apontam as contribuições dos pais dos alunos como membros do conselho,

enquanto aspectos positivos da existência do mesmo nas escolas, afirmando que é

devido à presença deles que se garante a efetivação de parceria entre escola e

família.

Como foi frequente o relato do envolvimento dos integrantes do Conselho

Escolar no cotidiano da escola em vários aspectos, indagamos sobre as ações

desenvolvidas pela gestão para estimular a participação dos membros no Conselho.

Para as gestoras:

G1: “A ação que a gente desenvolve realmente é o plano de ação, eles são conhecedores do plano de ação e que naquele plano de

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ação, são, nós fazemos juntos, [...] na primeira reunião eu marco e aí nós vamos ver quais as prioridades e aí todos se comprometem com o plano de ação, [...], eu acho que o comprometimento do conselho é o que vem dando certo.” G2: “[...], numa reunião para a gente determinar, a gente conseguiu

uma doação, por exemplo, aí o que fazer com aquele dinheiro da doação? Aí eu convoco as pessoas do conselho, [...] quando a gente está elaborando o PPP, tá sempre estudando o regimento, sempre que dá, [...].”

Mais uma vez foi enfatizado pelas gestoras a participação e o envolvimento

dos representantes dos segmentos na elaboração do plano de ação, na definição de

utilização do dinheiro, na elaboração do PPP, através das convocações de reuniões

para serem definidos pontos que contribuam para a renovação da escola, como bem

afirma Hora (2012):

Através deste mecanismo de ação coletiva é que efetivamente serão canalizados os esforços da comunidade escolar em direção à renovação da escola, na busca da melhoria do ensino e de uma sociedade humana mais democrática (p. 52).

Durante o período de coleta dos nossos dados, foi possível observarmos uma

reunião do Conselho Escolar na Escola 1, na qual percebemos o bom

relacionamento entre os participantes do Conselho Escolar.

Na referida reunião foi entregue uma cópia da minuta do regimento interno do

conselho escolar para a realização do estudo da mesma coletivamente. Entre os

seus membros, foi relatado nesse momento, que esse documento já veio elaborado

da Secretaria de Educação do município, cabendo à escola apenas sua adaptação à

realidade da instituição.

Também presenciamos o debate acerca de um caso que vem sendo

acompanhado pelo Conselho desde o ano passado, quando houve uma reunião

para discutir sobre medidas que deveriam ser tomadas acerca de um aluno com

grande número de faltas, cujo encaminhamento no momento foi buscar o apoio do

conselho tutelar. Entretanto, os conselheiros apresentavam fatos que demonstravam

que nem a mãe do aluno e nem o conselho tutelar conseguiram resolver o caso.

Observamos na Escola 1, os desafios enfrentados na busca da efetivação do

conselho escolar enquanto mecanismo de gestão democrática que se preocupa com

a melhoria do ensino e a construção de cidadãos capazes de contribuir para uma

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sociedade mais democrática, vivenciando no dia-a-dia da escola atitudes de

democracia, de participação e diálogo.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos dias atuais tem aumentado a demanda de participação na sociedade, o

que não é diferente na Educação. Na gestão das escolas há a preocupação em

oportunizar essa participação, para que a gestão consiga ser democrática,

disponibilizando para tal vários instrumentos, em específico, o Conselho Escolar.

Neste trabalho, tivemos por objetivos identificar o perfil dos participantes dos

conselhos escolares e qual o papel que desempenham, caracterizar algumas ações

desenvolvidas pela equipe gestora da escola para garantir a efetivação do conselho

escolar e descrever como essas ações influenciam a participação dos membros nos

conselhos escolares.

Esta pesquisa de campo, realizada através de questionários, de entrevistas

semiestruturadas e observação, nos revelou que há uma preocupação por parte da

gestão das escolas em utilizar o mecanismo oportunizador de participação coletiva,

“conselho escolar”, no interior das mesmas incentivando assim a participação dos

que compõem a comunidade escolar e a comunidade local, mesmo que de forma

frágil.

Identificamos que no perfil dos participantes dos conselhos escolares

estudados teve prevalência o gênero feminino, a formação no ensino superior e faixa

etária entre 41 e 50 anos, denotando ausência de pessoas mais jovens.

Na busca de caracterizarmos algumas ações desenvolvidas pela equipe

gestora para garantir a efetivação do conselho escolar, constatamos que as gestoras

deixaram bem claro sobre a importância do mecanismo, propiciando a participação,

a tomada de decisões coletivas, a melhoria como um todo da escola, por isso

desenvolvem ações como reunião de conselho escolar, elaboração do PPP,

elaboração do plano de ação e outras, reforçando a parceria tão relevante escola e

família.

Consideramos que a influência exercida por estas ações nos membros que

constituem os conselhos das respectivas escolas é o diálogo acerca da importância

da participação dos mesmos para a melhoria da qualidade do ensino, cuja finalidade

se destina à educação, à construção de cidadãos plenos, capazes de atuar dentro e

fora da escola.

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Com esta pesquisa tentamos contribuir com um breve retrato de como os

conselhos escolares estão sendo constituídos no município de Garanhuns-PE e

como estes podem acrescentar à gestão das escolas às quais pertencem. Levando

em consideração que nas escolas pesquisadas os conselhos escolares estão

deixando de ser somente uma lei instituída pelos órgãos superiores e começando a

ser mais um veículo de democracia.

Assim, podemos considerar que os conselhos escolares pesquisados estão

iniciando a caminhada na direção da participação ativa, do diálogo, da tomada de

decisões coletivas visando à qualidade do ensino e à melhoria das escolas de uma

forma geral, contendo uma atuação ainda que tímida, porém de sucesso. Sabemos

que muito ainda há por ser pesquisado como: por que os alunos não demonstram

interesse em participar dos conselhos escolares? Ainda, por que os gestores não

têm interesse na participação de representantes de entidades legalmente

organizadas dentro dos conselhos escolares? Por que a predominância feminina nos

conselhos escolares? Também, há a necessidade de sabermos quais as condições

disponibilizadas pela Secretaria de Educação para a efetivação dos Conselhos

Escolares.

Enfim, compreendemos que os conselhos escolares têm muito a contribuir em

uma gestão democrática, propiciando tanto aos membros que os constituem como

aos que não os compõem o aprendizado sobre democracia, participação ativa,

diálogo e respeito, contribuindo assim significativamente para a construção da

sociedade.

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APÊNDICE A- QUESTIONÁRIO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

QUESTIONÁRIO

Escola:------------------------------------------------------------------------------------

1) Idade:

( ) até 20 ( ) 31 a 35 ( ) 46 a 50

( ) 21 a 25 ( ) 36 a 40 ( ) mais de 50

( ) 26 a 30 ( )41 a 45

2) Sexo:

( ) Feminino ( ) Masculino

3) Escolaridade:

( ) Ensino fundamental

( ) Ensino médio

( ) Nível Superior

4) Profissão atual:

------------------------------------------------------------------

5) Qual o segmento que você representa?

( ) Professor;

( ) Pais dos alunos;

( ) Técnicos-administrativo;

( ) Técnico- pedagógico;

( ) Estudantes;

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( ) Entidades legalmente organizadas da comunidade local;

6) Há quanto tempo participa do Conselho escolar?

-------------------------------------------------------------------------------------

7) Qual é a função que você desempenha no Conselho escolar?

-------------------------------------------------------------------------------------

8) Como você considera a atuação do Conselho escolar na escola?

( )Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

8.1) Cite três aspectos positivos que o Conselho Escolar apresenta.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

8.2) Cite três aspectos que poderiam ser melhorados no Conselho Escolar.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

8.3) Todos os representantes tem participação ativa? (sempre vem às reuniões; se

sentem à vontade para propor ou sugerir coisas novas...)

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

9) Quais as razões que influenciaram a sua participação no Conselho escolar?

( ) Curiosidade ( ) Melhoria da qualidade do ensino ( ) Influência de alguém

( ) Sentimento de mudança ( ) Outras

10) Você acredita que seu objetivo foi alcançado? Justifique.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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APÊNDICE B- ROTEIRO DE ENTREVISTA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE ERNAMBUCO

UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS

CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

ROTEIRO DE ENTREVISTA S. E.

Escola:---------------------------------------------------------------------------------------

Qual a sua formação?

Há quanto tempo atua como gestor (a)?

Como chegou ao cargo de gestor(a) da escola?

Quais são os níveis de ensino que a escola dispõe? Qual o horário de

funcionamento?

Quantos alunos estão matriculados na escola? E quantos frequentam?

Na sua visão, qual é a função de um gestor (a)?

Da maneira como a escola se apresenta, você acredita que tem condições de

desenvolver estas funções de forma plena? Justifique.

Qual a importância que você atribui ao Conselho escolar?

Ele tem desempenhado as funções de forma qualitativa?

Cite três aspectos positivos que o Conselho Escolar apresenta.

Cite três aspectos que poderiam ser melhorados no Conselho Escolar.

A escola tem um calendário de reuniões do Conselho escolar? Qual a

frequência das reuniões?

Qual segmento se mostra mais presente nas reuniões e o que precisa se

mostrar mais envolvido?

Entre os que estão sempre presentes, quais têm maior atuação?

A gestão desenvolve alguma ação que estimule a participação dos membros

no conselho escolar? Qual/ quais?

Como os membros chegaram para fazer parte do Conselho escolar?

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APÊNDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Convidamos V.Sa. a participar da pesquisa: CONSELHO ESCOLAR E GESTÃO

DEMOCRÁTICA: UMA ANÁLISE NA REDE MUNICIPAL DE GARANHUNS-PE, que tem por

objetivo analisar quais as funções dos conselhos escolares, buscando identificar o perfil dos

participantes dos conselhos, qual papel desempenham, além de caracterizar como essas

ações influenciam a participação dos membros nos conselhos escolares.

O motivo que nos leva a desenvolver este estudo decorre da tentativa de uma maior

aproximação do Conselho Escolar compreendendo suas características e se de fato ocorre

à efetivação do mesmo nas Instituições Escolares. Propomos estudar o conselho escolar

pelo lado de quem participa do mesmo ou se relaciona com suas atividades.

Como procedimentos de coleta de dados utilizaremos: entrevista semiestruturada,

questionário e observações. Tanto os depoimentos que serão gravados durante as

entrevistas como os questionários respondidos pelos participantes ficarão sob

responsabilidade da pesquisadora. Destacamos ainda aos participantes os seguintes

direitos: a garantia de esclarecimento e resposta a qualquer pergunta; a garantia de

privacidade à sua identidade e do sigilo de suas informações, e a garantia do retorno dos

benefícios obtidos através das pesquisas para as pessoas e as comunidades onde as

mesmas forem realizadas.

DECLARAÇÃO DO PARTICIPANTE

Eu, ______________________________________________ fui informado (a) de maneira

clara dos objetivos da pesquisa acima, e esclareci minhas dúvidas. A pesquisadora

VANESSA MARIA ALEIXO DE SOUSA certificou-me de que os dados de identificação dos

participantes desta pesquisa serão confidenciais. Em caso de dúvidas poderei localizar a

devida pesquisadora no endereço, Av. Bom Pastor, s/n, Boa vista, Universidade Federal

Rural de Pernambuco- Unidade Acadêmica de Garanhuns, e pelo e-mail

[email protected]. Também detenho a possibilidade de entrar em contato com a

professora orientadora deste estudo, Professora Taynah de Brito Barra Nova pelo e-mail:

[email protected].

Nome do Participante Assinatura Data

Nome da Pesquisadora Assinatura Data

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ANEXO A – L E I N° 3783/2011 L E I N° 3783/2011 EMENTA: Dispõe sobre a instituição e funcionamento dos Conselhos Escolares nas Escolas da Rede Municipal de Garanhuns-PE, e dá outras providências. O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE GARANHUNS,Faço saber que a Câmara dos Vereadores aprovou e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º. Ficam instituídos, no âmbito das escolas da Rede Municipal de Ensino de Garanhuns, os Conselhos Escolares, previstos no Art. 206 da Constituição Federal de 1988, nos Art. 3º e 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, e no Parágrafo Único do Art. 183, da Constituição Estadual, na forma estabelecida na presente Lei.

Art. 2º. O Conselho Escolar é um órgão colegiado composto por representantes das

comunidades escolar e local, que tem como atribuição deliberar sobre questões político-

pedagógicas, administrativas e financeiras, no âmbito da escola. Art. 3º. O Conselho Escolar tem as funções deliberativa, consultiva, fiscalizadora e mobilizadora.

Art. 4º. O Conselho Escolar tem como finalidade:

I – garantir a gestão democrática da escola;

II – zelar pela qualidade da educação escolar oferecida à população;

III – garantir articulação da escola com a comunidade;

IV – acompanhar e fiscalizar os trabalhos da escola;

V – garantir a divulgação das ações da escola na comunidade interna e externa;

VI – manter articulação com a Secretaria Municipal de Educação, visando assegurar as

condições necessárias ao funcionamento adequado da escola;

VII – propor adequações às diretrizes e metas estabelecidas pela Secretaria Municipal de

Educação, à realidade da escola.

Art. 5º. Compete ao Conselho Escolar preservar e implementar a política educacional da Rede

Municipal de Ensino, de acordo com a legislação vigente.

Art. 6º. A autonomia do Conselho Escolar será exercida nos limites da legislação de ensino, das

políticas e diretrizes educacionais emanadas da Secretaria Municipal de Educação de

Garanhuns, comprometidas com a oportunidade de acesso de todos(as) à escola pública e com

a qualidade de ensino.

Art. 7º. São atribuições do Conselho Escolar:

I - elaborar o Regimento Interno do Conselho Escolar;

II - elaborar, executar e avaliar o Plano de Ação do Conselho Escolar;

III - coordenar o processo de discussão, elaboração ou alteração do Regimento Escolar;

IV - convocar assembléias gerais da comunidade escolar ou de seus segmentos respeitando o

cumprimento dos dias letivos;

V - mobilizar a participação das comunidades escolar e local na definição do projeto político

pedagógico da escola;

VI - acompanhar e propor sugestões para a solução dos problemas relacionados à execução do

projeto político-pedagógico da escola;

VII - promover relações pedagógicas que favoreçam o respeito ao saber do(a) estudante e

valorize a cultura da comunidade local;

VIII - propor e coordenar adequações curriculares na escola, respeitando a legislação vigente, a

partir da análise, entre outros aspectos, do aproveitamento significativo do tempo e dos espaços

pedagógicos na escola;

IX - propor e coordenar discussões junto aos segmentos e votar as alterações metodológicas,

didáticas e administrativas na escola, respeitando a legislação vigente;

X - participar da elaboração, adequação e acompanhamento do calendário escolar, no que

competir à escola, observando a legislação vigente;

XI - acompanhar a evolução dos indicadores educacionais (abandono escolar, XII - aprovação,

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reprovação, aprendizagem, entre outros) propondo, quando se fizerem necessárias, XIII -

intervenções pedagógicas e/ou medidas sócio-educativas visando a melhoria da qualidade social

da educação escolar;

XII - elaborar o plano de formação continuada dos conselheiros escolares, visando ampliar a

qualificação de sua atuação;

XIII - aprovar o plano administrativo anual, elaborado pela gestão da escola, sobre a

programação e a aplicação de recursos financeiros, promovendo alterações, se for o caso;

XIV - fiscalizar a gestão administrativa, pedagógica e financeira da escola;

XVI - promover relações de cooperação e intercâmbio com outros Conselhos Escolares;

XVII - participar da reunião de planejamento, avaliação e replanejamento das ações da escola,

no início e no final de cada semestre letivo; acompanhar e fiscalizar:

a. os trabalhos de ampliação, reforma e recuperação do prédio escolar;

b. o armazenamento, a preparação e a distribuição da merenda escolar;

c. o recebimento, a distribuição, a utilização, a conservação e preservação do patrimônio móvel,

imóvel e do acervo da escola.

XVIII – estimular a participação da comunidade escolar e local nas atividades artísticas, culturais,

literárias e desportivas promovidas pela escola;

XIX- participar da organização e coordenação dos eventos realizados na escola, garantindo a

divulgação e participação das comunidades escolar e local;

XX- colaborar com a divulgação da chamada da população de 04 a 17 anos, em atendimento à

demanda existente, de acordo com a legislação vigente;

XXI- apreciar e emitir parecer sobre o desligamento de membros do Colegiado devido ao não

cumprimento das diretrizes estabelecidas no regimento interno do

Conselho Escolar;

XXII- acompanhar a utilização dos espaços físicos, bem como do material escolar e didático por

parte das comunidades escolar e local;

XXIII- elaborar projetos educativo-sociais visando a integração escola-famíliacomunidade;

XXIV- elaborar e encaminhar à Secretaria Municipal de Educação, relatórios semestrais das

atividades desenvolvidas por esse órgão colegiado de acordo com seu plano de ação.

Art. 8º. O Conselho Escolar será constituído pelos seguintes membros titulares e seus

respectivos suplentes:

I – o(a) gestor(a) ou responsável pela escola;

II – um(a) professor(a) da Educação Infantil, em efetivo exercício docente, escolhido dentre os

seus pares com carga horária mínima de 150 (cento e cinqüenta) horas-aula na escola;

III – um(a) professor(a) do Ensino Fundamental, em efetivo exercício docente, escolhido dentre

os seus pares com carga horária mínima de 150 (cento e cinqüenta) horas-aula na escola;

IV- um(a) professor(a) da Educação de Jovens e Adultos, em efetivo exercício docente,

escolhido dentre os seus pares com carga horária mínima de 150 (cento e cinqüenta) horas-aula

na escola;

V- um(a) representante do pessoal técnico-pedagógico da escola;

VI – um(a) representante do pessoal técnico-administrativo da escola;

VII – um(a) representante dos pais ou responsáveis pelos(as) estudantes da Educação Infantil;

VIII - um(a) representante dos pais ou responsáveis pelos(as) estudantes do Ensino

Fundamental;

IX – um(a) representante dos pais ou responsáveis pelos(as) estudantes com deficiência;

X - um(a) representante dos(as) estudantes a partir de 12 (doze) anos do Ensino Fundamental;

XI - um(a) representante dos(as) estudantes da Educação de Jovens e Adultos;

XII – um(a) representante das entidades legalmente organizadas da comunidade, existentes na

área de atuação da escola.

Art. 9º. O(A) gestor(a) ou responsável pela escola é membro nato do Conselho Escolar.

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Art. 10. A Coordenação do Conselho Escolar será exercida por um dos seus membros,

substituído nas suas ausências pelo(a) seu(sua) respectivo(a) suplente.

Art. 11. O processo de escolha dos membros do Conselho Escolar e seus respectivos suplentes

ocorrerá mediante eleição.

§ 1º - Os(As) representantes serão escolhidos(as) por maioria simples de sufrágios,através de

votação secreta, em reunião de cada um dos segmentos convocados para tal fim.

§ 2º - Na hipótese de empate na eleição dos representantes do Conselho Escolar, serão

adotados os seguintes critérios:

I – com relação ao(à) representante dos(as) professores(as), indicados nos Incisos II, III e IV do

artigo 8º:

a. o(a) com maior tempo na escola;

b. o(a) com maior carga horária na escola;

c. o(a) mais idoso(a).

II – com relação aos representantes do pessoal técnico-pedagógico e técnicoadministrativo

indicados nos Incisos V e VI do artigo 8º:

a. o(a) com maior tempo na escola;

b. o(a) mais idoso(a).

III – com relação aos representantes dos pais ou responsáveis indicados nos Incisos VII,

VIII e IX do artigo 8º:

a. o(a) com maior número de filhos, estudantes na escola;

b. o(a) mais idoso(a).

IV – com relação ao representante dos(as) estudantes indicado no Inciso X e XI do artigo 8º:

a. o(a) de melhor desempenho escolar;

b. o(a) mais idoso(a).

§ 3º - Nas escolas de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental onde inexistam estudantes com 12

(doze) anos ou mais de idade não haverá representação do corpo discente.

§ 4º - O(A) único(a) representante e seu(sua) respectivo(a) suplente, das entidades

legalmente organizadas pela comunidade na área de atuação da escola, serão indicados

conjuntamente por correspondência firmada pelos(as) presidentes(as) de cada uma delas, a qual

será anexada cópia da ata da reunião que os(as) elegeu.

§ 5º - Na ausência de candidato(a) para concorrer a uma etapa e/ou modalidade de ensino, a

escola ficará resguardada para constituir o seu Conselho Escolar sem esta representação.

Art. 12. Fica instituído o consórcio para as escolas do campo por proximidade geográfica onde

não exista a possibilidade de eleição por falta de representantes dos diversos segmentos.

§ 1º - No consórcio, do Conselho Escolar será representado por no mínimo 5 (cinco) segmentos.

§ 2º - Nas escolas do campo que o(a) professor(a) responsável é um(a) professor(a)

estagiário(a), o segmento gestor(a) ou responsável pela escola, indicado no Inciso I do Artigo 8º,

será substituído pelo(a) seu(sua) suplente logo após o término de seu estágio.

Art. 13. Caberá à equipe gestora ou responsável pela escola organizar o processo eleitoral,

contando com a efetiva participação dos membros do Conselho Escolar que está findando o

mandato.

§ 1º - Os membros do Conselho Escolar que forem reconduzidos não participarão da

organização do processo eleitoral.

§ 2º - Todas as atividades ligadas ao processo eleitoral deverão constar em ata, a exemplo das

demais sessões ordinárias e extraordinárias.

§ 3º - Na escola onde ainda não foi instituído o Conselho Escolar, o processo eleitoral deverá ser

conduzido pela equipe gestora ou professor(a) responsável.

Art. 14. Terão direito a votar:

I – os(as) estudantes a partir de 12 (doze) anos, regularmente matriculados e freqüentando a

escola;

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II – os pais ou responsável pelo estudante;

III – os(as) professores(as) e os(as) profissionais da educação em efetivo exercício na escola.

Art. 15. Os(As) professores(as), os(as) profissionais da educação, pais ou responsáveis e

estudantes que possuam filhos(as) regularmente matriculados(as) na escola poderão concorrer

somente como membro de um segmento.

Parágrafo único – Em caso do(a) candidato(a) ter vínculo empregatício com a instituição deverá

fazer opção pelo segmento inerente à sua função na escola.

Art. 16. O Conselho Escolar só poderá ser instituído quando escolhido pelo menos quatro dos

seus(suas) componentes além do(a) gestor(a) ou professor(a) responsável que é membro nato

do Conselho Escolar.

Art. 17. A posse do Conselho Escolar se dará 15 (quinze) dias após a conclusão do processo

eletivo.

Parágrafo único – A posse ao primeiro Conselho Escolar será dada pelo(a) gestor(a) da escola,

ou por um(a) dos(as) responsáveis pela a escola escolhido(a) dentre os(as) componentes de

consórcio quando for o caso.

Art. 18. A duração do mandato dos membros do Conselho Escolar será de 2 (dois) anos,

permitida a recondução por igual período.

Parágrafo único – Não haverá remuneração a qualquer membro, pelo exercício do mandato no

Conselho Escolar.

Art. 19. Nas escolas onde existir Unidade Executora e Conselho Escolar, ambos devem ser

considerados como órgãos colegiados distintos em suas atribuições.

Art. 20. O(A) Coordenador(a) do Conselho Escolar será escolhido dentre os membros eleitos

para atuação no mandato de conselheiro.

Parágrafo único – Compete ao(à) Coordenador(a) promover o entrosamento entre os membros

do conselho e direcionar todas as atribuições previstas no Regimento Interno do Conselho

Escolar.

Art. 21. O(A) Secretário(a) do Conselho Escolar será escolhido dentre os membros eleitos para

atuação no mandato do conselheiro.

Parágrafo único – Compete ao(à) Secretário(a) fazer o registro em atas das reuniões ordinárias e

extraordinárias, assim como os conteúdos relevantes, as sugestões apresentadas e as

deliberações aprovadas em assembléias.

Art. 22. Os membros do Conselho Escolar que faltarem durante o ano escolar a 2 (duas)

reuniões ordinárias consecutivas, 4 (quatro) reuniões ordinárias alternadas ou a 1(uma) das

reuniões semestrais de avaliação da escola sem motivo justificado, serão afastados e

substituídos pelos respectivos suplentes.

Art. 23. O Conselho Escolar se reunirá no final de cada bimestre e extraordinariamente, quando

convocado pelo(a) seu(sua) Coordenador(a) ou pela metade mais um de seus membros.

Parágrafo único – As reuniões do Conselho Escolar se realizarão em dependências da escola,

sendo necessário o quórum de 50% (cinqüenta por cento) mais 1 (um) dos seus membros.

Art. 24. O dia 14 de julho será intitulado o dia “D” dos Conselhos Escolares da Rede Municipal de

Ensino de Garanhuns, data em que todos os Conselhos Escolares deverão organizar atividades

com a participação das comunidades escolar e local.

Art. 25. O Conselho Escolar apresentará o resultado do seu trabalho nas reuniões dos(as)

professores(as) e dos pais ou responsáveis pelos estudantes ao final de cada semestre.

Art. 26. Esta Lei se aplica a todas as escolas da Rede Municipal de Ensino de Garanhuns.

Art. 27. Os casos não previstos nesta Lei serão submetidos à apreciação da Secretaria de

Educação do município de Garanhuns.

Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.

PALÁCIO CELSO GALVÃO, em 04 de julho de 2011.

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Luiz Carlos de Oliveira

Prefeito