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UNIVERSIDADE POTIGUAR UNP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO MPA ADELMO TORQUATO DA SILVA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UM ESTUDO EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO SEGMENTO DE ÁGUA MINERAL DA GRANDE NATAL/RN NATAL-RN 2013

UNIVERSIDADE POTIGUAR UNP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE ... · 2017-05-17 · NATAL/RN Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – MPA

ADELMO TORQUATO DA SILVA

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UM ESTUDO EM MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS DO SEGMENTO DE ÁGUA MINERAL DA GRANDE

NATAL/RN

NATAL-RN

2013

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ADELMO TORQUATO DA SILVA

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UM ESTUDO EM MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS DO SEGMENTO DE ÁGUA MINERAL DA GRANDE

NATAL/RN

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração, por meio do Mestrado em

Administração Profissional da Universidade Potiguar –

UNP, como requisito para obtenção do título de mestre, na

área de concentração Gestão Estratégica de Pessoas.

Orientadora: Profª Drª Fernanda Fernandes Gurgel

NATAL-RN

2013

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S586r Silva, Adelmo Torquato da. Responsabilidade social empresarial: um estudo em micro e

pequenas empresas do segmento de água mineral da grande Natal/RN / Adelmo Torquato da Silva. – Natal, 2013.

102f.

Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró - Reitoria Acadêmica.

Bibliografia: f.93 - 98.

1. Administração – Dissertação. 2. Responsabilidade social

empresarial. 3. Segmento de água mineral. 4.Modelo Carroll.

I. Título.

RN/UnP/BSFP CDU: 658(043.3)

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ADELMO TORQUATO DA SILVA

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UM ESTUDO EM MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS DO SEGMENTO DE ÁGUA MINERAL DA GRANDE

NATAL/RN

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração, por meio do Mestrado em

Administração Profissional da Universidade Potiguar –

UNP, como requisito para obtenção do título de mestre, na

área de concentração Gestão Estratégica de Pessoas.

.

Data da Aprovação: 29/08/2013.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________

Prof.ª Dr.ª Fernanda Fernandes Gurgel

Presidente

Universidade Potiguar - UnP

________________________________________

Prof. Dr. Walid Abbas El-Aouar

Examinador Interno

Universidade Potiguar - UnP

_____________________________________________

Prof.ª Dr.ª Marli de Fátima Ferraz da Silva Tacconi

Examinador Externo

Instituto Federal do Rio Grande do Norte - IFRN

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Dedico este trabalho a Deus que em sua graça e misericórdia

vem me sustentando, em todos os dias da minha vida. Ele tem

sido a inspiração para tornar meus sonhos realidade. A Ele,

entrego o fruto do meu trabalho, porque Dele, por Ele e para Ele

são todas as coisas.

Dedico também a todos os que acreditaram em minha

capacidade, aqueles que, como eu, creem que podemos vencer

desafios, ultrapassar obstáculos e alcançar alvos que parecem

inalcançáveis. Essas pessoas são as que nos inspiram a viver a

vida de forma plena, revelando a natureza do criador na face da

terra.

Em especial, à minha querida mãe, por acreditar em mim e por

ter me proporcionado o maior legado que os pais podem deixar

aos filhos - a Educação.

A estes, dedico esta obra.

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AGRADECIMENTOS

Ao Eterno, por sua graça e misericórdia, que me sustentam todos os dias, seu

direcionamento, seu cuidado, sua sabedoria derramada sobre minha vida, iluminando-

me; seu poder me fortalecendo e sua paz me tranquilizando. O que seria de mim sem

você? Meu muito obrigado!

À minha mãe, por seu amor materno, sua confiança, sua paciência e orações.

Ao IFRN, que me proporcionou dar mais um passo na vida profissional. Este órgão faz

parte de toda a minha história pessoal e acadêmica e me auxiliou na realização deste

sonho.

À minha querida orientadora Fernanda Gurgel, um verdadeiro anjo que o Senhor

colocou em minha vida, exemplo de profissional, que com grande afinco, dedicação e

zelo serviu-nos como alguém que, de fato, exerce seu ofício com amor, ética e

responsabilidade, conduzindo-me para o caminho certo. Minha eterna gratidão.

À amiga Gracinha, pessoa que entrou em minha vida para dar uma nova conotação a

respeito de como ver o ser humano, exemplo de companheirismo, confiança e ajuda

mútua, amizade construída para toda a vida. Registro meu carinho e admiração.

Aos amigos do IFRN dos diversos Câmpus do IFRN, em especial à Juliana Rangel,

por seu entusiasmo, palavras de encorajamento e prontidão em ajudar; a Juscelino

Cardoso, pela preocupação e incentivo; à Zeneide Oliveira, por sua compreensão e

constante preocupação; a Valdelúcio Ribeiro, pelo incentivo aos primeiro passos desta

árdua caminhada; à Sônia Araújo, pela motivação e tranquilidade transmitidas; à

Dalila Maia, pelas experiências compartilhadas; Ao amigo André Magalhães, por sua

objetividade sempre mostrando que as coisas são simples e possíveis; à Josiana

Liberato, por suas dicas, partilha de ideias e motivação.

Aos amigos do IFRN/Câmpus Natal Zona Norte: Abinoam Soares, Cynthia Mota,

Kalenus Nóbrega, Josias Nonato, Luiz Pedro, Kátia Cheim, pela torcida e

compreensão em meus estágios de estresse, amigos que se alegram com nossas

vitórias.

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Aos companheiros da turma de Gestão de Pessoas: Cláudio Florêncio, Gleice Xavier,

Ary Peter, Samara Câmara, Alexsandro Paulino, Aurineide Andrade, Adaías Silvino,

Regina Maciel, Fábio Araújo e Patrícia Maia, em especial, a Ananery Alessandra que

se tornou muito especial, mais que uma companheira, uma verdadeira amiga.

Às professoras Patrícia Webber, Lydia Brito e Nilda Leone, em nome das quais

agradeço a todos os docentes do Mestrado da Universidade potiguar que partilharam

suas experiências e conhecimentos, contribuindo para minha formação profissional e

pessoal.

À Glícia Xavier, que em sua gentileza, carinho e atenção sempre se mostrou presente

em nossas inúmeras demanda, meu sentimento de profunda gratidão.

Ao amigo Valmir Lucena, que muito me auxiliou na coleta de dados, indo comigo a

lugares de difícil localização, pelas orações, palavras de incentivo e ânimo.

Ao amigo Victor Varela, por suas contribuições na correção do trabalho, de forma tão

eficiente e amigável.

À aluna do Câmpus Natal-Zona Norte, Beatriz Azevedo, que muito me auxiliou na

elaboração e edição das figuras, sendo sempre gentil e atenciosa.

Aos amigos do Setor de Responsabilidade Social do SESI, pela indicação do

segmento.

Ao amigo Roberto Serquiz, que foi a ponte de acesso às empresas pesquisadas.

Aos entrevistados, por sua disponibilidade e presteza em participar da pesquisa.

E, por fim, a todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram para

conclusão desta obra.

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A coragem é a primeira das virtudes do homem,

porque é a virtude que garante as demais.

Churchill, W.

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RESUMO

A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) aparece como uma nova forma de gestão

organizacional vinculada a conceitos de ética e transparência, alicerçada em princípios e

valores que instituem formas de conexão com as partes interessadas, objetivando atrelar aos

negócios da empresa as expectativas dos sujeitos interessados ou influenciados pela atuação

da organização, ora surgindo como estratégia social. Dentro dessa perspectiva, o presente

estudo visa compreender a Responsabilidade Social Empresarial na percepção dos gestores

das micro e pequenas empresas do segmento de água mineral da região metropolitana de

Natal, Rio Grande do Norte – RN/Brasil. Foi realizada a revisão de literatura, evidenciando os

conceitos basilares da temática, a evolução conceitual, as diretrizes que norteiam as práticas

na realidade das micro e pequenas empresas, os motivadores e o modelo conceitual

tridimensional de performance social, proposto por Carroll (1979) e utilizado nesta pesquisa,

no qual a primeira dimensão refere-se às categorias: econômica, legal, ética e voluntária. A

segunda dimensão remete às ações ou programas sociais que a empresa pode priorizar,

podendo ser relacionadas ao consumo, meio-ambiente, qualidade, segurança do produto ou do

trabalho e acionistas. A terceira dimensão do modelo conceitual trata da resposta que a

empresa pode ter em relação à relevância social. Dada à complexidade da temática,

desenvolveu-se uma pesquisa do tipo exploratório-descritiva, cuja abordagem do problema

perpassa a natureza qualitativa, concretizada a partir de um estudo multicaso em prol do

alcance dos objetivos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas junto a nove gestores das

micro e pequenas empresas do setor, visando à consecução dos objetivos específicos. A

pesquisa foi realizada em nove indústrias do ramo, as quais foram representadas pelos

gestores. O processo de coleta de dados foi efetuado, através de entrevista individual

semiestruturada, utilizando-se o instrumento adaptado de Oliveira (2010) e Macedo (2010).

Na fase de análise e tratamento de dados, foi empregada a análise de conteúdo. Os resultados

apontaram que um gestor das empresas estudadas não tem um conceito claro acerca do tema,

seis encaram a temática como compromisso social encontrando-se em processo de

conscientização, embora, ambos adotem práticas consideradas como RSE que englobam

ações pontuais de retorno à comunidade onde estão inseridas, cumprimento de exigências

legais, comportamento ético e filantrópico e ressaltando-se a RSE interna voltada para o bem-

estar dos funcionários. Dois gestores possuem um conceito mais abrangente, encarando-a

como estratégia social, ratificando, a partir das práticas adotadas por estes, a proposição de

Carroll. Quanto às motivações, os primeiros são motivados pela filantropia, questões éticas e

de valores, enquanto os últimos são pela busca da conservação da imagem reputacional da

empresa e de resultados financeiros que objetivam mantê-los no mercado competitivo.

Ressalte-se que, os gestores de todas as indústrias pesquisadas ressaltam práticas propostas no

modelo de Carroll. Dessa forma, verificou-se a importância da compreensão do conceito e da

análise das práticas e motivações, posto que estas sinalizam caminhos para a adoção de

políticas institucionalizadas que contribuem para o desenvolvimento das organizações.

Palavras-chave: Responsabilidade Social Empresarial. Segmento de Água Mineral. Modelo

Carroll.

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ABSTRACT

Corporate Social Responsibility (CSR) appears as a new form of organizational management

linked to ethics and transparency concepts, based on principles and values which establish

ways to connect with stakeholders. Those connections themselves intend to harness the

company's business expectations of those ones concerned or influenced by the performance of

the organization, now emerging as a social strategy. Within that perspective, this study aims

to understand the CSR, the perception of managers of micro and small enterprises in the

mineral water segment of the metropolitan region of Natal, Rio Grande do Norte - RN /

Brazil. We have performed a literature review, highlighting the basic concepts of the theme,

conceptual evolution, with the guidelines for practices in the reality of micro and small

enterprises, motivators and performance of three-dimensional conceptual model proposed by

Carroll (1979), used in the research in which the first dimension refers to the categories:

economic, legal, ethics and voluntary. The second one relates to the shares or social programs

that the company can prioritize and may be related to consumption, environment, quality,

safety product or labor and shareholders. The third model dimension deals with the response

that the company may have in relation to social relevance. Given the complexity of the issue,

we have developed an exploratory-descriptive research, based on a qualitative approach,

achieved by a multi-case study. Semi-structured interviews were conducted with nine

managers of micro and small enterprises sector, aiming at the achievement of specific

objectives. The survey was conducted in nine industries branch, which were represented by

managers. The process of data collection was conducted through semi-structured individual

interviews by using the instrument adapted from Oliveira (2010) and Macedo (2010). In the

phase of analysis and data processing, we have used the content analysis. The results showed

that a manager of the companies studied do not have a clear concept about the subject, six

face the issue as social commitment lying in consciousness which include specific actions that

compensate the community where they operate, fulfilling legal requirements, ethical and

philanthropic, emphasizing the CSR internal facing the well-being of the employees. Two

managers have a broader concept, viewing it as a social strategy and practices adopted by

these ratify proposed by Carroll. Concerning to the motivations, the first ones are motivated

by philanthropy, ethics and values, while the latter ones seek the conservation of their

reputational image and financial results that aim to keep them in the competitive market. It

should be noted that the managers of all industries surveyed highlight practices proposed in

the model of Carroll. Therefore, it has been verified the importance of understanding the

studied concept and analyzing the actions and motivations of CSR, as those ones indicate

paths for the adoption of institutional policies which could contribute for the organizations

development.

Keywords: Corporate Social Responsibility. Mineral Water Segment. Carroll model.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Pirâmide de Responsabilidade Social Corporativa 25

Figura 2 - As visões relacionadas à Responsabilidade Social 34

Figura 3 - Motivadores de Responsabilidade Social Empresarial 51

Figura 4 - Modelo Tridimensional de Performance Social Corporativa 53

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Evolução do conceito de Responsabilidade Social Empresarial 26

Quadro 2 - Categorização e subcategorização.

Quadro3 - Síntese das sete diretrizes do Instituto Ethos

31

46

Quadro 4 - Modelo de Carroll e foco das dimensões 57

Quadro 5 - Nomenclatura dos participantes 61

Quadro 6 - Categorias e subcategorias da RSE 63

Quadro 7 - Associação entre categorias, objetivos e questões de pesquisa 65

Quadro 8 – Principais resultados encontrados 88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Percepção dos empresários sobre atuação social 30

Tabela 2 – Atuação social das empresas por região brasileira 30

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AEC Ação Empresarial pela Cidadania

ANVISA Agência de Vigilância Sanitária

BS Balanço Social

CEBDS Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável

CEMPRE Compromisso Empresarial para a Reciclagem

CENE Centro de Estudos de Ética nos Negócios

CNI Confederação Nacional da Indústria

CORES Comissão Temática Permanente de Responsabilidade Social

DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral

ETHOS Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social

FBDS Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável

FGV/SP Fundação Getúlio Vargas de São Paulo

FIERN Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte

GIFE Grupo de Institutos, Fundações e Empresas

IBASE Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

IPEA Instituto de pesquisa Econômica Aplicada

ONGs Organizações Não-Governamentais

ONU Organização das Nações Unidas

RN Rio Grande do Norte

RSE Responsabilidade Social Empresarial

SEBRAE Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas

SESI Serviço Social da Indústria

SICRAMIRN Sindicato das Indústrias de Cervejas, Refrigerantes, Águas Minerais e

Bebidas em Geral do Estado do Rio Grande do Norte

SUVISA Subcoordenadoria de Vigilância Sanitária

WBCSD World Business Council for Sustainable Developmente

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA......................................................................... 15

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA................................................................................... 16

1.3 OBJETIVOS................................................................................................................. 18

1.4JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 19

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO............................................................................ 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 22

2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL................................................... 22

2.1.1 Evolução conceitual.................................................................................................. 23

2.1.2 O surgimento da RSE no Brasil.............................................................................. 28

2.1.3 O conceito atual de RSE.......................................................................................... 32

2.1.4 Responsabilidade Social Interna e Externa........................................................... 35

2.1.5 Pacto global............................................................................................................... 37

2.1.6 As sete diretrizes da RSE......................................................................................... 38

2.1.7 Motivadores da RSE................................................................................................ 47

2.2 MODELO TRIDIMENSIONAL DE PERFORMANCE SOCIAL.............................. 52

2.2.1 Categorias de Responsabilidade Social Empresarial............................................ 53

2.2.2 Ações e Programas................................................................................................... 55

2.2.3 Comportamento de Resposta.................................................................................. 56

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................................ 59

3.1 TIPO DE PESQUISA................................................................................................... 59

3.2 PARTICPANTES DA PESQUISA.............................................................................. 60

3.3 COLETA DE DADOS.................................................................................................. 62

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.,............................................................ 63

3.5 CATEGORIAS ANALÍTICAS.................................................................................... 63

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS................................................................................... 64

3.7 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA.................................................. 66

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS....................................................... 68

4.1 CONCEITO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL.................... 68

4.2 PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL........................ 72

4.3 MOTIVADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL............... 83

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 90

REFERENCIAS.............................................................................................................. 92

APÊNDICES.................................................................................................................... 98

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15

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Sabe-se que o século XX trouxe mudanças e transformações influenciadoras de toda a

sociedade, consequentemente, das organizações, de sua administração, de sua cadeia de

relacionamento e de seu comportamento. As empresas voltaram-se para questões sociais,

inserindo-se como principais atores sociais participantes do mundo moderno, com a missão de

transformá-lo.

No cenário mundial, em que a busca pela competividade ultrapassa as exigências da

produtividade e da qualidade, os agentes econômicos têm de vencer novos desafios para

manterem-se no mundo competitivo. Neste sentido, as entidades moldam-se às

transformações sociais que são impostas pela natureza mutante do mercado global.

Neste cenário de concorrência mercadológica, surge o movimento acerca da

Responsabilidade Social da empresa, ganhando força a partir da instituição de programas e

diretrizes propostas pela Organização das Nações Unidas (ONU). Posteriormente, no Brasil,

evidencia-se a partir de ações de entidades não governamentais como o Instituto Brasileiro de

Análises Sociais e Econômicas (IBASE) e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade

Social (ETHOS).

Na contemporaneidade, o tema Responsabilidade Social Empresarial (RSE) assume

um papel relevante nas relações estabelecidas entre a empresa e a sociedade. Por essa razão,

forma-se um movimento mundial tratando da temática sob diversas faces, sendo um conceito

em constante evolução (ASHLEY et al., 2005).

É nesse contexto que a Responsabilidade Social Empresarial aparece como uma nova

forma de gestão organizacional atrelada a conceitos de ética e transparência, alicerçada em

princípios e valores que instituem formas de conexão com as partes interessadas, com o

objetivo de atrelar aos negócios da empresa as expectativas dos sujeitos interessados ou

influenciados pela atuação da organização (BARBIERE; CAJAZEIRAS, 2009).

Desse modo, a grande proposta para a administração moderna é a criação de relações

sustentáveis com os sujeitos, ou partes ligadas à empresa, denominados de stakeholders. Com

essa visão, as organizações necessitam relacionar-se socialmente, desenvolvendo a

Responsabilidade Social Empresarial. Isso se deve a uma dependência mútua entre uma

empresa e agentes envolvidos. Nesta relação, a RSE busca, ora adotar e promover ações de

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natureza socialmente responsável, ora constituir um elemento competitivo na realidade

organizacional.

No que concerne à RSE, como função social das organizações, evidencia-se o

crescimento econômico como aliado ao progresso social, visto que é dele que decorrem as

possibilidades de desenvolvimento de uma nação e de seu povo. Nesse processo, as empresas,

em geral, devem trabalhar, ressaltando a importância da adequação do seu compromisso

social aos seus custos, à sua capacidade de manutenção em médio e longo prazo, como

também às expectativas daqueles que têm o papel de legitimar e que interferem neste tipo de

conduta (BARBIERE; CAJAZEIRAS, 2009).

Por outro lado, as práticas organizacionais têm sido influenciadas pela RSE e estudos

do Instituto Ethos (2003) apontam como fator de competividade. Assim, as empresas têm

reconhecido a importância dessa nova forma de gestão, incorporando-a ao modo de condução

de seus negócios.

A relevância da RSE no processo estratégico pode caracterizar-se como um diferencial

competitivo a curto e longo prazo, uma vez que pode fomentar o bem-estar social e processos

produtivos mais limpos, elevando a credibilidade e a imagem empresarial, o estabelecimento

das relações comerciais e parcerias, bem como a aceitação e consolidação no mercado por

meio do efetivo compromisso com a qualidade de vida dos seus stakeholders (BARBIERE;

CAJAZEIRAS, 2009).

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Em um cenário de distintas posições acerca do assunto, desde os anos 90, a maneira

como as empresas se relacionam com a sociedade tem motivado a busca pelo tema RSE, não

somente no mundo acadêmico, mas, de modo análogo, na mídia, na sociedade em geral e na

própria rotina empresarial. É nesse período, em que os debates sobre os papéis das entidades

na sociedade evidenciam-se na reflexão em torno da temática, que a RSE surge como parte

das novas práticas de gestão adotadas, visando estimular a manutenção das empresas em um

mercado de competitividade elevada.

Nesse contexto, a responsabilidade social das organizações torna-se um tema que

pode ser estudado nas mais diversas áreas de conhecimento, como o Direito, a Economia e a

Administração. Nesta última, quando encarada como prática de gestão de pessoas,

especificamente no comportamento organizacional, a temática poderá ser compreendida a

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partir de diversos modelos. No presente estudo, adotaremos o modelo tridimensional de

Carroll, que, em uma de suas dimensões, enfatiza as responsabilidades econômicas, legais,

éticas e filantrópicas das entidades (BARBIERE; CAJAZEIRAS, 2009).

No processo de compreensão do tema, diferentes percepções têm sido extraídas e

diversas práticas vêm sendo adotadas no mundo organizacional, embora existam referenciais

basilares centrais em torno do termo e das ideias que o envolvem (ASHLEY et al., 2005).

Diante das diversas discussões sobre o assunto, Carroll (1979) trouxe um modelo

conceitual desenvolvido com base em diversos programas e modelos de gestão de

Responsabilidade Social Empresarial, em que a Responsabilidade Social das empresas

abrange as expectativas econômicas, legais, éticas e filantrópicas que a sociedade tem em

relação às organizações, em dado período (BARBIERE; CAJAZEIRAS, 2009).

De tal modo, neste trabalho dissertativo, é preciso entender o conceito de Carroll

(1979) aliado ao que versa Melo Neto e Froes (1999), que definem os principais vetores de

responsabilidade social de uma empresa, a saber: apoio ao desenvolvimento da comunidade

onde atua, preservação do meio-ambiente; investimento no bem-estar dos funcionários e seus

dependentes e em um ambiente de trabalho agradável; comunicações transparentes; retorno

aos acionistas; sinergia com os parceiros e satisfação dos clientes e/ou consumidores

Partindo da ótica dos vetores acima mencionados, o tema da RSE pode ser

considerado um tema pouco estudado na realidade da micro e pequena empresa, posto que os

estudos têm se voltado às empresas brasileiras de grande porte e as multinacionais. Em razão

disso, demanda-se um esforço mais expressivo para que as lacunas na literatura especializada

possam ser preenchidas.

Debruçando-se sobre o objeto desta pesquisa, nota-se um movimento das empresas no

sentido de assumir a responsabilidade social desconsiderando seu real significado, o que

desencadeia uma inquietação sobre o que isso significa, o que as motivam, como isso

determina as ações desenvolvidas, quais são as práticas adotadas e os impactos delas na forma

de atuação da empresa. Essas indagações indiretas culminam na questão guia deste trabalho,

que busca uma convergência conceitual acerca do fenômeno ora estudado.

Em se tratando de sustentabilidade, o estudo da indústria de água mineral constitui-se

como relevante por ser esta uma atividade essencialmente extrativa que utiliza recursos

naturais não renováveis e estabelece uma intensa relação com o meio ambiente, tornando o

desenvolvimento sustentável, para o referido setor da indústria, um desafio, que deve ser

analisado em essência e a partir das práticas RSE adotadas.

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18

Ressalta-se ainda que, no âmbito nacional, existem diversas pesquisas nessa área.

Todavia, no que se refere ao nordeste brasileiro, carece-se de estudos mais aprofundados,

especificamente relativos ao estado do Rio Grande do Norte e, em específico, à região

metropolitana de Natal. Sendo assim, torna-se imprescindível investigar as percepções,

motivações e práticas adotadas pelas micro e pequenas empresas do segmento de água

mineral, visando explorar o assunto nas diversas realidades sociais empresariais do nosso

país.

A partir desse panorama, evidencia-se como problema de pesquisa a seguinte questão:

como a Responsabilidade Social Empresarial de micro e pequenas empresas é percebida

pelos gestores do segmento de água mineral da Região Metropolitana de Natal1, Rio

Grande do Norte - RN?

1.3 OBJETIVOS

Geral

Compreender a Responsabilidade Social Empresarial, na percepção dos gestores das

micro e pequenas empresas do segmento de água mineral da região metropolitana de

Natal, Rio Grande do Norte – RN.

Específicos

Verificar o conceito que os gestores das micro e pequenas empresas do segmento de

água mineral possuem acerca da Responsabilidade Social Empresarial;

Identificar as práticas de Responsabilidade Social Empresarial desenvolvidas pelas

micro e pequenas empresas do segmento;

Identificar as motivações dos gestores do setor para o desenvolvimento da

Responsabilidade Social Empresarial.

1 A Região Metropolitana de Natal ou Grande Natal é constituída pelos municípios de Natal, Ceará-Mirim,

Extremoz, Macaíba, Monte Alegre, Nísia Floresta, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, São José de Mipibu e

Vera Cruz – (IBGE, 2012).

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19

1.4 JUSTIFICATIVA

O tema Responsabilidade Social Empresarial (RSE) tem despertado interesse no meio

acadêmico e no mundo organizacional. Dessa forma, os debates e as análises são

desenvolvidos paralelamente à instituição de programas com o objetivo de enfatizar sua

prática no meio empresarial.

A literatura acerca do tema não é consensual, e as diversas indagações a respeito da

temática têm instigado os pesquisadores a buscarem respostas para tais questionamentos. Essa

inquietação em compreender as práticas de RSE, ora como fator de competividade, ora como

instrumento da gestão de pessoas constitui uma motivação importante para o estudo por parte

deste pesquisador.

As discussões referentes ao conceito e ao alcance da RSE apresentam parte dos

estudos focados em dados quantitativos relativos à evolução da responsabilidade social, aos

debates que visam manifestar argumentos contrários ou a favor. Diante das ideias e dos

projetos de RSE, o estudo buscou contribuir nas discussões e reflexões acerca da

responsabilidade social, todavia, evidenciando-a na realidade das micro e pequenas empresas

potiguares, bem como apresentando resultados que colaboram na compreensão de tal

fenômeno e com a construção do seu estado da arte.

Sabe-se que há poucos estudos existentes sobre esse tema na região Nordeste e,

especificamente, no Estado do Rio Grande do Norte, fazendo-se necessária uma investigação

na micro e pequena empresa do estado potiguar. Assim, o estudo da compreensão, no que

tange percepções, motivações e práticas dos gestores das micro e pequenas empresas do

segmento de água mineral da região metropolitana de Natal/RN acerca da RSE, é instigante e

relevante.

Ressaltando-se que a maioria das pesquisas na área são voltadas às empresas que

possuem certificação ISO, pouco se estudando a realidade das micro e pequenas empresas,

que, em alguns casos, não possuem certificação ou políticas estabelecidas.

Conforme dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM, 2011), a

expansão do setor de água de mineral é uma tendência mundial. Se as projeções se

concretizarem, o consumo mundial do produto deverá registrar crescimento de 124% nos

próximos dez anos, contra 36% das bebidas carbonatadas e 34% das cervejas. Nesse cenário,

o Brasil reafirma sua posição como mercado com grande potencial de expansão. É o sétimo

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maior produtor do planeta, com crescimento a taxas próximas a 20% ao ano. Em 2010, foram

produzidos 8,4 bilhões de litros contra 7,8 bilhões no ano anterior.

O estado do Rio Grande do Norte destaca-se em diversos ramos de mercado e o da

água mineral é um deles. Este mercado está em crescimento, possui oferta e qualidade. Assim,

vale salientar que o estudo do tema, nas mais diversas realidades empresariais, torna-se

necessário, visto que o setor apresenta particularidades e, dessa forma, contribui-se para a

implantação de políticas nas organizações desse segmento.

Nos dias atuais, as avaliações das organizações extrapolam os limites de sua

lucratividade, que é mensurada por meio de seus balanços financeiros, perpassando a aferição

da forma como põem em prática suas posturas competitivas no mercado, bem como a maneira

como tratam os funcionários, o meio ambiente e todos àqueles que, de modo direto ou

indireto, possam ser atingidos por seus estilos de fazer negócios – os denominados

stakeholders.

Por isso, no contexto social, tanto as organizações quanto a sociedade demonstram

um maior interesse pela a temática Responsabilidade Social Empresarial, a partir da qual as

empresas buscam estabelecer uma conexão entre os objetivos empresariais e os anseios

sociais. Por isso, torna-se cada vez mais relevante compreender-se o tema visando à

implantação de políticas que beneficiem toda a coletividade.

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Este trabalho inicia-se com um panorama introdutório, contextualizando a temática da

pesquisa e, em seguida, apresenta a problemática estudada, os objetivos (geral e específicos) e

a justificativa da pesquisa. Em sequência, elenca-se o referencial teórico, dividido em

Responsabilidade Social Empresarial com sua evolução conceitual, o surgimento no Brasil, o

conceito atual, o Pacto Global e as sete diretrizes do Instituto Ethos, seguindo-se dos

motivadores da RSE e do Modelo Tridimensional de Performance Social. No capítulo

seguinte, são apresentados os procedimentos metodológicos necessários para a realização da

pesquisa, expondo-se o tipo de investigação, o perfil dos participantes, assim como o processo

de coleta de dados, instrumento, categorias de estudo, a análise e tratamento dos dados e a

caracterização do campo de pesquisa visando à elucidação da questão-problema deste

trabalho. Posteriormente, seguem-se a análise e a discussão dos resultados encontrados.

Sequencial e finalmente, são dispostas as considerações finais desta dissertação, contendo

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21

conclusão, recomendações, limitações e proposta de trabalhos futuros. Como tipificado no

gênero dissertação, finalizam este trabalho as referências bibliográficas que fundamentam o

estudo teórico, os apêndices e os anexos.

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22

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Com o intuito de obter uma melhor compreensão sobre os aspectos inerentes à

temática, faz-se necessário pesquisar, analisar e sistematizar as ideias de alguns autores com

inserção no campo estudado, assim como o processo de surgimento do tema no cenário

mundial e nacional, evidenciando os conceitos basilares que nortearam o presente estudo, em

busca do atendimento dos objetivos deste trabalho. Ressalta-se que a compreensão do

conceito de RSE e suas diversas vertentes é essencial para o entendimento apropriado do que

se propõe o estudo. Neste capítulo, destaca-se ainda a apresentação da evolução da temática,

trechos nos quais dissertar-se sobre seu processo de construção conceitual. Além disso,

registra-se um diálogo com os principais autores e correntes que fundamentam os debates,

ressaltando-se o Pacto Global e as diretrizes do Instituto Ethos, assim como sobre os

principais motivadores encontrados na literatura e, por fim, o modelo conceitual de Carroll

(1979).

2.1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

Contemporaneamente, no cenário organizacional, percebe-se, por parte das empresas,

uma busca por diferenciais que possibilitem a permanência e o crescimento empresarial no

mercado competitivo e, para isso, tem-se observado uma preocupação das entidades e também

da sociedade quanto ao tema Responsabilidade Social Empresarial (RSE), visto que pode ser

utilizado como um mecanismo para atingir tais expectativas (DIAS, 2010).

Ainda que diante da grande ênfase que tem sido dada ao tema nas últimas décadas, a

RSE não é um constructo novo. A participação de empresas em questões de interesse público

não é, portanto, novidade. Todavia, o tema atualmente vem ganhando novos contornos e a

evolução do conceito da Responsabilidade Social baseia-se na evolução da sociedade e nas

transformações dos meios de produção e das relações econômicas ao longo dos anos

(SCHOMMER, 2000).

Nessa direção, constata-se que a RSE tem sido uma temática em crescente destaque

internacional e nacionalmente, nas universidades e nas empresas, entendendo-a, centralmente,

como o conjunto das atitudes e ações que visam melhorar a qualidade de vida da sociedade. É

nessa perspectiva que se evidenciará a evolução conceitual até seu estado atual (AÑEZ et al.,

2010).

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Nessa perspectiva, como anteriormente pontuado, verifica-se que a RSE pode ser vista

sob o prisma da estratégia empresarial num mercado competitivo, assim como resposta das

organizações às demandas sociais como participantes da sociedade em que estão inseridas.

2.1.1 Evolução conceitual

A RSE é uma temática que vem sendo discutida durante um longo período e, nesse

ínterim, seu conceito tem evoluído e sido interpretado de diversos modos. Tais interpretações

vão desde o simples cumprimento de leis a instrumentos de competitividade nos mercados

globais. Por conseguinte, falar sobre Responsabilidade Social Empresarial é uma tarefa

complexa (ASHLEY et al., 2005).

No processo de compreensão das percepções e práticas das organizações, referente à

RSE, faz-se indispensável o entendimento de sua evolução conceitual. Até o século XIX, nos

Estados Unidos e na Europa, a ética e a Responsabilidade Social Empresarial eram tidas como

doutrina social, sendo o direito de condução dos negócios de forma socialmente responsável

uma função estatal e não um interesse econômico particular. O Estado possuía a

responsabilidade social, visto que as empresas geravam renda para sociedade e impostos para

o governo, e este, sim, deveria aplicá-los para resolver os problemas sociais (BARBIERE;

CAJAZEIRAS, 2009).

No entanto, com a independência dos Estados Unidos e com o surgimento das

legislações de cada Estado, o foco principal passou a ser a de que as organizações deveriam

ter como objetivo primordial o alcance de elevados índices de lucratividade para seus

acionistas, podendo-se realziar filantropia empresarial desde que favorecesse o crescimento de

tais lucros (ASHLEY et al., 2005).

Em um cenário de mudanças pós-segunda guerra mundial e em um contexto de

expansão das grandes corporações, as diversas decisões nas cortes norte-americanas foram

favoráveis às ações filantrópicas das organizações com o estabelecimento de leis de incentivo

à filantropia empresarial. Na Europa, tais ideias propagaram-se no final da década de 1960

(ASHLEY et al, 2005).

Essa concepção de RSE como prática filantrópica, conforme Freeman e Stoner (1992

apud OLIVEIRA, 2010), predominou no âmbito organizacional até as décadas de 1950 e

1960, fazendo-se presente, nos executivos, a convicção de que deveriam escolher as

obrigações sociais de sua empresa a partir de valores meramente pessoais. Nesse caso, há

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presença de uma lógica de solidariedade social, na qual as práticas filantrópicas aparecem

como respostas às normas de boa conduta social.

Posteriormente, na década de 1970, Friedman (1977) enfatiza a visão econômica da

administração clássica, que defende a empresa com a responsabilidade de produzir bens e

gerar riqueza, agindo de acordo com as normais legais, ou seja, a exclusiva função de gerar

lucros, submetendo-se a legislação vigente. O autor argumenta que a direção empresarial,

como agente dos acionistas, não dispõe do direito de fazer nada que não atenda ao objetivo de

maximização dos lucros, mantidos os limites da lei. Tal argumento baseia-se na ideia que

existem outras instituições para atender a finalidade social (ASHLEY et al., 2005).

Quanto aos argumentos favoráveis à prática da responsabilidade social empresarial

eles seriam enquadrados em duas linhas: a ética e a instrumental. Na ética, as pessoas devem

ter uma postura moralmente correta, mesmo com dispêndios improdutivos para empresa e na

instrumental há uma relação positiva entre o comportamento socialmente responsável e o

desempenho econômico (ASHLEY et al., 2005).

Em consonância com Carroll (1979), as obrigações sociais passam a ser um dever

organizacional. Nessa perspectiva, a RSE passa a ser vista como prática da empresa voltada

para a sociedade, não como fenômeno homogêneo e nem absolutamente novo, porém, a partir

do fim do século passado, as empresas passaram a considerar que outros fatores, além dos

financeiros, pesam sobre seu posicionamento no mercado, de modo que as práticas

anteriormente caritativas e residuais precisam assumir outro caráter e tomar parte na gestão

organizacional (OLIVEIRA, 2010).

O conceito de responsabilidade social com forte conotação normativa e cercado de

debates filosóficos sobre o dever das corporações de promover o desenvolvimento social

passou a ser acompanhado do termo Responsabilidade Social Empresarial. Com esse novo

conceito surgiu a necessidade de construção de ferramentas teóricas que pudessem ser

aplicadas e testadas no meio empresarial (ASHLEY et al., 2005).

Embora os conceitos de RSE tenham sido difundidos, depreende-se que não há uma

homogeneidade acerca de sua definição. Para Garriga e Melé (2004) os diversos autores do

tema classificam as abordagens em quatro grupos: o primeiro grupo, no qual é considerado

apenas o aspecto econômico e de geração de lucros entre a empresa e sociedade, onde as

ações sociais só são realizadas com a perspectiva da obtenção de lucro; o segundo, para o qual

o poder social das empresas é enfatizado, especialmente na relação com a sociedade e sua

responsabilidade no cenário político; o terceiro, em que a integração com as demandas da

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sociedade é entendida como fator de longevidade e crescimento das empresas; e o quarto,

onde a relação entre as empresas e a sociedade é pautada em valores éticos.

Esses quatro grupos propostos são observados na definição baseada no modelo

conceitual de Carroll (1979), que afirma que “a responsabilidade social das empresas

compreende as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade tem

em relação às organizações em determinado período.” (BARBIERE; CAJAZEIRAS, 2009, p.

53). Ainda segundo o autor, a palavra discricionária foi substituída por filantrópica,

considerando-se como uma restituição à sociedade de parte do que ela recebeu. Carroll (1979

e 1991) propôs as categorias que compõem o conceito de RSE em seções de uma pirâmide,

conforme a Figura 1:

Figura 1- Pirâmide de Responsabilidade Social Corporativa

Fonte: Carroll (1991, p.4).

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Buscando enfatizar o processo de evolução do conceito, Santos et al. (2006) elaborou

o Quadro 1 contendo as perspectivas, conceitos principais e autores que contribuíram para o

desenvolvimento do conceito ao longo de algumas décadas.

Quadro 1- Evolução do conceito de Responsabilidade Social Empresarial

PERSPECTIVAS CONCEITOS PRINCIPAIS REFERÊNCIAS

Responsabilidade

Filantrópica e da

Reação Social

A RSE aparece como contribuição voluntária,

filantrópica no âmbito da

solidariedade social; faz-se presente a lógica dos

ajustes da empresa às pressões e expectativas

exteriores.

Carnegie (1889); Bowen

(1957).

Responsabilidade

Econômica e obrigação

social

A RSE está restrita exclusivamente à criação de

valor para os stakeholders; a orientação principal

da empresa deve ser a obtenção do lucro,

respeitando às regras impostas pela sociedade e

pela lei.

Friedman (1977)

Responsabilidade ética e

sensibilidade Social

A concepção de RSE afirma-se como atitude de

comprometimento dos

gestores com o desenvolvimento

sustentável, criando valor econômico, social e

ambiental

Mintzberg; Ahlstrand;

Lampel (2000)

Responsabilidade Civil e

Cidadania Empresarial

Contempla uma visão ainda mais ampla do papel

das empresas, e refere-se

à integração das empresas a outras

organizações, com vistas à afirmação do

desenvolvimento sustentável e à construção de

formas de governança civil.

Zadek (2006)

Fonte: Adaptado de Santos et al. (2006 apud Oliveira, 2010).

Segundo o Quadro 1, a RSE vista como responsabilidade filantrópica envolve ações

em resposta às expectativas da sociedade de que as empresas atuem como bons cidadãos. Essa

dimensão envolve o comprometimento em ações e programas para promover o bem estar

humano. A filantropia pode ser compreendida como qualquer forma de aplicação de recursos

fora dos objetivos precípuos do negócio para apoiar ações e demandas da sociedade

(BARBIERE; CAJAZEIRAS, 2009).

Entretanto, de acordo com a teoria do acionista proposta por Friedman (1977), a

aplicação de recursos da empresa deve ter como finalidade precípua a geração de lucro.

Baseando-se nela, enfatiza-se que os dirigentes tem por função maximizar os lucros da

organização, fortalecendo e gerando riquezas para os stakeholders (BARBIERE;

CAJAZEIRAS, 2009).

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Baseando-se no modelo de Carroll (1979), a partir do ponto de vista ético, refere-se à

obrigação de fazer-se o que é certo e justo, evitando ou minimizando causar danos às pessoas

(BARBIERE; CAJAZEIRAS, 2009).

Dando continuidade a esse constructo de referências teóricas fundantes, Ashley et al.,

(2005), quando analisa a RSE, encara-a sobre a perspectiva da busca por lucro, respeitando as

imposições legai. Nesse cenário, surge a teoria das partes interessadas ou dos stakeholders,

que pretende identificar os grupos específicos ou as pessoas que a empresa deve considerar na

orientação de sua responsabilidade e atuação social. Conhecer os membros da cadeia de

relacionamento das empresas é primordial para sustentação de uma orientação estratégica para

responsabilidade social nos negócios

Borger (2001) afirma que, visando agir de forma socialmente responsável, as

organizações necessitam definir o seu foco, direcionando seus investimentos na busca pela

obtenção de resultados satisfatórios.

Neste arcabouço teórico, abre-se espaço para Oliveira (2010), que percebe as

diferentes concepções acerca da natureza e dos limites das responsabilidades que a empresa

deve ter perante a sociedade. Na concepção do autor, torna-se importante ressaltar quais

visões os gestores têm acerca do papel da empresa na comunidade contribuem para as

decisões socialmente responsáveis no âmbito empresarial. Dessa forma, as empresas não

podem ser geridas apenas do ponto de vista econômico e técnico, mas, também, como sistema

social que absorve referências de outras instâncias sociais, como escola, família e o próprio

território em que se inserem.

A partir desse processo de evolução do conceito de RSE, é necessário entendê-la, nos

diversos segmentos empresariais, acadêmicos, governamentais e na sociedade civil

organizada. Essa perspectiva ampliada possibilitará a extração de perspectivas e respostas

quanto às práticas que serão efetivamente recomendadas e realizadas nas organizações. O que

deve ocorrer é uma universalização conceitual da RSE visando uma contínua reflexão sobre

os limites, as oportunidades e as lacunas nas práticas e teorização sobre seus significados,

tendo em vista que a significação é ampla, dependendo dos stakeholders envolvidos

(ASHLEY et al., 2005).

É fundamental que o desenvolvimento do conceito de RSE comece por um caminho

macro e permeável, rumo ao diálogo entre a empresa e seus stakeholders e entre as

instituições públicas e privadas e da sociedade civil organizada (ASHLEY et al., 2005, p. 66).

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Tais discussões devem ser alicerçadas por visões coerentes e conscientes quanto às

responsabilidades sociais de todos esses segmentos da sociedade.

De maneira objetiva e simples, Melo Neto e Froes (2001, p. 28) enfatizam que “a

responsabilidade social é uma ação estratégica da empresa que busca retorno econômico-

social, institucional, tributário-fiscal”.

Acompanhando os autores, nota-se que a definição de Responsabilidade Social

Empresarial apresenta uma multiplicidade de sentidos, estando intrinsicamente ligados ao

objetivo ou ao público diverso entorno da qual a organização está, ressaltando, assim, a

importância dos atores envolvidos na cadeia, os stakeholders (CARROLL, 1979; ASHLEY et

al., 2005; BARBIERE; CAJAZEIRAS, 2009; OLIVEIRA, 2010).

2.1.2 O surgimento da Responsabilidade Social Empresarial no Brasil

No Brasil, o conceito de RSE surge desde meados da década de 1970. Após o

surgimento do conceito no país, o movimento em torno da Responsabilidade Social

Empresarial ganha destaque nos anos 1980, impulsionado por uma sequência de eventos

sociais e políticos que expressaram uma mudança de atitude por parte dos cidadãos e, em

especial, da comunidade empresarial brasileira. Nessa época, o país viveu a luta pelas

“Diretas Já” e conquistou o restabelecimento da democracia. O processo de participação

popular culminou na promulgação da Constituição de 1988 e na realização de eleições diretas

para presidente da República, no ano seguinte (ETHOS; SEBRAE, 2003).

Esse período fica marcado pela presença do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e

Econômicas (IBASE) enquanto organização da sociedade civil fundada em 1981, tendo o

sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, como fundador e um dos idealizadores das ações de

responsabilidade social no Brasil. Este instituto tem como objetivo a radicalização da

democracia e a afirmação de uma cidadania ativa. Suas inciativas são regidas pelos princípios

da liberdade, igualdade, solidariedade, participação, diversidade e justiça socioambiental

(IBASE, 2012).

No cenário mundial, já nos anos de 1960 dissemina-se a elaboração e divulgação anual

de relatórios com informações de caráter social resultaram no que hoje se chama de Balanço

Social (BS). E no Brasil, a ideia começou a ser discutida na década de 70. Contudo, apenas

nos anos 80 surgiram os primeiros balanços sociais de empresas. A partir da década de 90,

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corporações de diferentes setores passaram a publicar Balanço Social (BS) anualmente

(IBASE, 2012).

A proposta, no entanto, só ganhou visibilidade nacional quando Herbert de Souza

lançou, em junho de 1997, uma campanha pela divulgação voluntária do Balanço Social. Com

o apoio e a participação de lideranças empresariais, a campanha decolou e vem suscitando

uma série de debates através da mídia, seminários e fóruns. Hoje é possível contabilizar o

sucesso desta iniciativa e afirmar que o processo de construção de uma nova mentalidade e de

novas práticas no meio empresarial está em pleno curso (IBASE, 2012).

Nesse contexto, observa-se que no Brasil, o movimento da Responsabilidade Social

Empresarial intensificou-se, a partir dos anos 1990, em um momento em que o mercado

também vem evoluindo, com a exigência de ética e transparência nos negócios (ETHOS;

SEBRAE, 2003). Vale ressaltar que foi nesse cenário que muitas organizações empresariais

foram criadas para discutir temas sociais, de direitos humanos e de sustentabilidade

ambiental, como, por exemplo, o Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE), o

Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e a Fundação Brasileira

para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS).

Na década de 1990, cresce a produção acadêmica, sendo lançadas premiações e

fundações de organizações associativas promotoras do conceito, em especial o Instituto Ethos

de Empresas e Responsabilidade social, fundado em 1998, como uma organização que

contribuiu para o desenvolvimento das ações sociais nas empresas, sendo um marco essencial

na história da RSE, no país (ASHLEY et al., 2005).

No Brasil, conforme resultado de pesquisa do Instituto de pesquisa Econômica

Aplicada (IPEA), dados de 2004 publicados em 2006, um percentual significativo de

empresas atua de forma socialmente responsável. Na Tabela 1, disposta a seguir, observa-se

que muitos empresários percebem, nos dias atuais, uma necessidade maior de atuar junto às

comunidades do que há anos (65%). Uma grande fatia (78%), mesmo achando que deve

contribuir, atribui ao Estado a obrigação de se preocupar com os aspectos sociais, cabendo à

iniciativa privada um papel complementar (IPEA, 2006).

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Percepção dos empresários sobre sua atuação na área social (%) Concorda Discorda Sem opinião

É obrigação do estado cuidar do social: as empresas atuam porque os

governos não cumprem seu papel. 78 13 9

Para as empresas, a necessidade de realizar atividades sociais para a

comunidade é maior agora do que há alguns anos. 65 20 15

O Estado sozinho não é capaz de resolver os problemas sociais;

portanto, a empresas têm que dar sua contribuição. 57 30 10

É papel das empresas realizarem atividades sociais para as

comunidades carentes 48 36 16

As empresas devem realizar atividades sociais para fortalecer ou

ampliar o alcance de políticas e programas governamentais 41 46 13

Para as empresas contribuírem para a comunidade basta pagar

impostos, gerar empregos e garantir qualidade de seus produtos ou

serviços.

34 53 13

Compondo esse panorama, Pertile (2008) comunga com a pesquisa acima, enfatizando

que o Estado é soberano para administrar as políticas públicas sociais e que o ideal é haver a

confluência de forças entre as iniciativas públicas e privadas, para que a universalização

dessas ações seja possível.

Nessa direção, estudos apontados em pesquisa do IPEA (2001) demostram a atuação

social das empresas por região, enfatizando que o porte tem uma relação importante com a

ação social das empresas e isso se constata verificando a Tabela 2.

Região Sudeste Nordeste Centro-Oeste Norte Sul

Empresas que têm atuação social 67% 55% 50% 49% 46%

Participação das microempresas 61% 55% 48% 47% 41%

Participação das grandes empresas 93% 61% 67% 67% 91%

Investimentos U$$ 3

bilhões

U$$ 143

milhões

U$$ 125

milhões

U$$ 51

milhões

U$$ 176

milhões

Usam incentivos fiscais 8% Menos de

1%

2% 6% menos de

1%

Fazem assistência social 57% 50% 62% 34% 66%

A pesquisa confirmou também que, quanto maior o porte da empresa, maior o seu grau

de participação. No sudeste, por exemplo, 93% das maiores empresas realizam, enquanto que,

nas menores,o percentual fica em 63%. Já no nordeste a participação das empresas maiores

Tabela 2 - Atuação social das empresas por região brasileira

Tabela 1 – Percepção dos empresários sobre atuação social

Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil – IPEA/DISOC (2006).

Fonte: IPEA, Pesquisa Ação Social das Empresas, 1999 e 2001.

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31

empresas é 63% e das menores é 55%. No sul, observa-se um dado expressivo: 91% das

empresas de grande porte confirmam que participam de programas sociais, enquanto que,

entres as de pequeno porte, o percentual cai para 41% (IPEA, 2001).

Dessa forma, no Brasil, os negócios, sejam grandes ou pequenos devem atentar para

influências que causarão no meio social em que estão inseridos, visto que a RSE também diz

respeito à ética que está relacionada a ideia de “fazer o que é certo e justo, evitando ou

minimizando os danos causados às pessoas”. Assim, é necessário, o estabelecimento de

normas para desempenhar suas atividades na perspectiva do desenvolvimento econômico

sustentável (CANDIL, 2010).

Com o objetivo de mostrar os principais marcos da RSE no Brasil, a Comissão

Temática Permanente de Responsabilidade Social (CORES) criada pela Federação das

Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), em 2011, destaca períodos recentes

que contribuíram para da evolução da temática, em conformidade com o Quadro 2:

Quadro 2 - Evolução da Responsabilidade Social Empresarial no Brasil

ANO ATIVIDADES

1992

A Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV/SP) cria o Centro de Estudos de Ética nos Negócios

(CENE), que se tornaria, em 1997, o Centro de Estudos de Ética nas Organizações.

1995

Criação do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), que focaliza, sobretudo, o Investimento

Social Privado, visando à coordenação desses esforços, assim como o aprimoramento constante da

qualidade de suas ações e do impacto de seus resultados, mediante o intercâmbio de experiências entre

as empresas.

1996

O Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicos (IBASE), fundado em 1981, inicia as campanhas

importantes no sentido de difundir a elaboração e divulgação do Balanço Social por parte das empresas,

visando a uma maior transparência de seus resultados não apenas no plano econômico, mas também

social e ambiental.

1997

Criação do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), uma

coalizão de grandes grupos empresariais do Brasil que representam aqui o World Business Council for

Sustainable Developmente (WBCSD) Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento

Sustentável, entidade com atuação em diversos países do mundo, que tem como propósito disseminar

uma nova maneira de fazer negócios.

1998

Constituição do ETHOS – organização não Governamental cuja missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar

as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-se parceiras uma

construção de uma sociedades sustentável e justa.

1999 Ação Empresarial pela Cidadania (AEC) foi criada para gerar uma rede de ações capazes de sensibilizar,

motivar e facilitar o investimento social dos empresários Brasileiros.

2000

O Serviço Social da Indústria (SESI) define como missão contribuir para o fortalecimento da indústria e

o exercício de sua responsabilidade social, com vistas à melhoria da qualidade de vida e ao

desenvolvimento sustentável. A RSE é considerada um serviço prioritário do SESI.

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32

2005

Em maio deste ano, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) instalou o Comissão Temática

Permanente de Responsabilidade Social (CORES), com a atribuição de subsidiar e orientar ações do

Sistema Indústria nesse campo.

2008 Em junho deste ano, foi instalada a Comissão Temática de Responsabilidade Social da Federação da

Indústria do estado do Rio Grande do Norte-RN, cuja missão é disseminar o conceito e as práticas do

investimento social para a indústria.

O processo de surgimento da RSE no Brasil passou por fases que serviram para sua

consolidação e propagação no cenário nacional. Isso ocorreu devido ao envolvimento de

pessoas preocupadas com o bem estar social e à criação de entidades que contribuíram nos

mais diversos setores da sociedade. Verificou-se que a forma como a empresa atua e

desenvolve suas ações sociais está relacionada com sua cultura e estratégias específicas, como

o porte, investimentos e incentivos fiscais. Assim, a natureza de suas atividades, a percepção

da RSE pode diferir no cenário empresarial (MACEDO, 2010; ASHLEY et al., 2005;

CANDIL, 2010).

2.1.3 O conceito atual de Responsabilidade Social Empresarial

O conceito de Responsabilidade Social Empresarial foi lançado no Conselho

Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em 1998, sendo citado

na obra de Melo Neto e Froes (1999, p. 87):

Responsabilidade Social Corporativa é o comprometimento permanente dos

empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o

desenvolvimento econômico, melhorando, simultaneamente, a qualidade de

seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade

como um todo.

De acordo com o Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas e com o Instituto

Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (ETHOS; SEBRAE, 2003), a Responsabilidade

Social é um conceito presente nas grandes empresas, mas que começa a fazer parte do dia-a-

dia das micro e pequenas empresas brasileiras e consiste nas ações para valorizar a

comunidade, a ética, a cidadania, o meio ambiente, a saúde e outros temas de interesse social.

As instituições citadas postulam que Responsabilidade Social é uma forma de

conduzir os negócios da empresa de tal maneira que a torna parceira e corresponsável pelo

Fonte: Elaboração do autor.

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33

desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade

de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviços,

fornecedores, consumidores, comunidade, governos e meio ambiente) e conseguir incorporá-

los nos planejamentos de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não

apenas dos acionistas ou proprietários, sendo assim um conceito abrangente que será adotado

no trabalho (ETHOS; SEBRAE, 2003).

Depreende-se dessa conceituação que o envolvimento e a responsabilidade da empresa

são mais visíveis. A organização é instigada a promover o desenvolvimento social, dialogar

com aqueles que estão ao seu redor e incorporar os seus anseios na gestão empresarial,

independente da figura do proprietário.

Observa-se, ainda, que o conceito está relacionado com a ética e a transparência na

gestão dos negócios e deve refletir-se nas decisões cotidianas que podem causar impactos na

sociedade, no meio ambiente e no futuro dos próprios negócios. Em outras palavras, a ética,

nos empreendimentos, ocorre quando as decisões de interesse de determinada empresa

também respeitam o direito, os valores e os interesses de todos os constituintes da cadeia de

valor, os stakeholders.

Segundo o Instituto Ethos, a responsabilidade social das empresas tem como principal

característica a coerência ética nas práticas e relações com seus diversos públicos,

contribuindo para o desenvolvimento contínuo das pessoas, das comunidades e dos

relacionamentos entre si e o meio ambiente. Ao adicionar às suas competências básicas a

conduta ética e socialmente responsável, as empresas conquistam o respeito das pessoas e das

comunidades atingidas por suas atividades, o engajamento de seus colaboradores e a

preferência dos consumidores (ETHOS; SEBRAE, 2003).

A Responsabilidade Social Empresarial, portanto, refere-se à maneira como as

empresas realizam seus negócios: os critérios que utilizam para a tomada de decisões, os

valores que definem suas prioridades e os relacionamentos com todos os públicos com os

quais interagem (ETHOS; SEBRAE, 2003).

Conforme definições apresentadas, o termo Responsabilidade Social é passível de

diversas interpretações, que podem variar desde a ideia da obrigação legal até o

comportamento ético e social, sendo definido como:

Compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso

por meio de atos e atitudes que afetem positivamente, de modo amplo, ou a

alguma comunidade, de modo específico, agindo proativamente e

coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e sua

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34

prestação de contas para com ela. A organização, nesse sentido, assume

obrigações de caráter moral, além das estabelecidas em lei, mesmo que não

diretamente vinculadas a suas atividades, mas que possam contribuir para o

desenvolvimento sustentável dos povos. Assim numa visão mais expandida,

responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa contribuir para a

melhoria da qualidade de vida da sociedade (ASHLEY et al., 2002, p. 6).

Por sua produção especializada sobre o campo em questão e contribuir de forma

ampla, não possuindo o público específico, ASHLEY compõe o rol de autores do referencial

teórico basilar desta pesquisa. A autora reconhece a complexidade do tema e amplia os

conceitos anteriores. O diferencial nesse conceito é que ele fornece alguns parâmetros

basilares do que deve ser feito para se praticar a RSE e determina a profundidade das ações,

as quais devem produzir resultados positivos (AÑEZ et al., 2010).

É nessa perspectiva que Melo Neto e Froes (1999) definem os principais vetores de

responsabilidade social de uma empresa, a saber: o apoio ao desenvolvimento da comunidade

onde atua, a preservação do meio-ambiente, o investimento no bem-estar dos funcionários e

seus dependentes e num ambiente de trabalho agradável, as comunicações transparentes, o

retorno dos acionistas, a sinergia com os parceiros e a satisfação dos clientes e/ou

consumidores.

Segundo Melo Neto e Froes (2002), o procedimento mais adequado na análise do

conceito de Responsabilidade Social é a identificação das diferentes visões das empresas a seu

respeito, conforme a Figura 2:

Os vetores apontados por Melo Neto e Froes (1999) refletem conceitos básicos

relacionados à RSE, como: desenvolvimento sustentável, sustentabilidade empresarial,

consciência ecológica e stakeholder que de forma sucinta serão evidenciados, visando uma

maior compreensão do tema na realidade atual.

Figura 2 - As visões relacionadas à Responsabilidade Social

Fonte: Melo Neto; Froes, 2002, p. 28.

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35

O desenvolvimento sustentável reflete práticas que atendem as necessidades presentes

sem comprometer as condições de sustentabilidade das gerações futuras; a sustentabilidade

empresarial pressupõe que a empresa cresça, seja rentável e gere resultados econômicos, mas

também contribua para o desenvolvimento da sociedade e para a preservação do planeta;

No contexto da sustentabilidade empresarial, a RSE pode ser definida como promotora

de um comportamento organizacional que busca a integração de elementos sociais e

ambientais que atendam as expectativas das pessoas em relação à empresa. Nesse sentido,

Dias (2010, p.153) sugere que “as iniciativas da Responsabilidade Social Empresarial vão

muito além da obrigação de cumprir a legislação em matéria ambiental ou social”.

No vetor Consciência Ecológica, ressalta-se a importância da água dentre as

dimensões ambientais e econômicas, “Quantidade de água utilizada”, “Reciclagem e

reutilização de água”, “Qualidades de águas de superfície”, pois a longevidade da organização

depende de recursos duradouros que utiliza. Dessa forma, pode-se entender a relevância da

água para a sustentabilidade e para a RSE.

No que concerne ao Stakeholder, este termo remete a qualquer pessoa que tenha

interesse ou relação com a empresa ou que possa ser influenciada pela sua atuação. O pacto

global é uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) em prol da RSE, que tem

mais 3,6 mil associados, cujo objetivo é mobilizar a comunidade empresarial internacional

para que, de forma voluntária, promova os valores fundamentais e os objetivos aplicáveis

internacionalmente (CORES, 2011).

Conforme se observa, definir o que corresponde a responsabilidade social é uma tarefa

árdua diante da complexidade da temática e da variedade de atividades sociais. No entanto,

todas as definições apontam para o compromisso da empresa com os diversos integrantes da

cadeia de valor, sendo que tal comprometimento se materializa na satisfação dos interesses de

todos, levando-se, basilarmente, em seu arcabouço os aspectos econômicos, éticos e legais

(DIAS, 2010; MELO; FROES 2002; AÑEZ et al., 2010).

2.1.4 Responsabilidade Social Empresarial interna e externa

A literatura apresenta a Responsabilidade Social Empresarial sob duas perspectivas, a

externa e interna. Mattioli (2012) fez um apanhado sobre esses prismas da RSE. Na

perspectiva externa, o autor concluiu que esta pode atrair investidores, valorizar a marca,

melhorar a imagem reputacional e contribuir na escolha de compra por parte do consumidor,

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36

bem como dos demais envolvidos nas relações com a organização. De tal modo, é capaz de

solidificar relacionamentos com o governo e demais parceiros.

Consoante estudo de Mattioli (2012), as empresas que adotam práticas de RSE

alinhadas aos interesses sociais das comunidades e inseridas no contexto organizacional

buscam retorno financeiro para tais organizações. Sob outra visão, apoiar o desenvolvimento

da sociedade e preservar o meio ambiente, consoante Melo e Froes (1999), não é suficiente

para atribuir a uma empresa o título de socialmente responsável. Na concepção dos autores, é

necessário investimento no bem-estar dos funcionários e de seus dependentes em um

ambiente de trabalho prazeroso, dando retorno tanto a comunidade interna como externa.

Os funcionários e seus dependentes desempenham um papel dentro e fora da empresa.

Eles são promotores da Responsabilidade Social Empresarial ao trabalharem como

voluntários em programas sociais, ao propagarem valores éticos com os diversos públicos da

empresa e assumirem comportamento social responsável em seus cotidianos de vida e

trabalho (MATTIOLI, 2012).

Nesse cenário de RSE voltada para a comunidade interna, verifica-se que, investindo

em pessoas, a organização considera-as como o principal ativo, não apenas de natureza

humana e intelectual, mas do social (MELO NETO; BRENNAND, 2004).

É nesse sentido de RSE, ora voltadas para questões externas, ora internas que Melo

Neto e Froes (2002) enfatizam que a dinâmica da RSE se expressa através de etapas de um

processo, sendo tais degraus caracterizados pela definições do foco das ações sociais.

Consoante os autores trata-se de um ato contínuo que pode ser dividido em pelo menos três

estágios de responsabilidade.

No presente estudo, sintetizou-se em RSE Interna e Externa, embora Melo Neto e

Froes (2002) versem sobre três estágios, em que o primeiro estágio do processo de RSE tem

como alvo as atividades regulares da empresa, saúde e segurança dos funcionários e qualidade

do ambiente de trabalho.

Em outras empresas acontecem a ampliação deste foco para investimentos na

educação dos funcionários, assistência social e demais benefícios diretos e indiretos

extensivos aos familiares (FERREIRA, 2008).

No segundo estágio, que no trabalho será denominado RSE externa, o foco vislumbra

outros horizontes e as ações sociais se remetem para a sociedade e para a comunidade,

ganhando maior amplitude, pois incorporam ações de preservação do meio ambiente e ações

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37

com impactos socioeconômicos, culturais e político no âmbito da sociedade e da comunidade

local (FERREIRA, 2008).

De forma sintética, a junção das ações internas como as externas traz um conceito

abrangente e significativo de Responsabilidade Social Empresarial, onde a empresa

desenvolve ações que extrapolam os limites de sua estrutura para atender demandas da

sociedade e demais envolvidos em suas relações com elas, atendendo, assim, o conceito de

RSE proposto por Melo Neto e Froes (1999).

2.1.5 Pacto Global

O Pacto global é uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) com a

finalidade de motivar a comunidade empresarial internacional a adotar em suas práticas de

negócios, os valores fundamentais internacionalmente aceitos nas áreas de direitos humanos,

relações de trabalho, meio ambiente e combate a corrupção refletida em dez princípios que

fundamentam o pacto e derivaram de declarações como a Declaração Universal de Direitos

Humanos, Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre Princípios e Direitos

Fundamentais do Trabalho, Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e,

também, Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. O Pacto veio para incentivar o

alinhamento das políticas e práticas empresariais com os valores e fins internacionalmente

acordados (PACTO GLOBAL, 2012).

No Pacto Global, as empresas são encorajadas a adoção de políticas de

Responsabilidade Social Empresarial. Ele almeja promover um diálogo entre empresas,

organizações das Nações Unidas, sindicatos, organizações não-governamentais e demais

parceiros objetivando o desenvolvimento de um mercado global mais inclusivo e sustentável

que enfatizem os aspectos sociais relevantes oriundos da globalização (PACTO GLOBAL,

2012).

Vale ressaltar que a ideia da criação do Pacto Global entendeu que atualmente as

organizações são os atores principais no desenvolvimento social das nações e precisam atuar

com responsabilidade na sociedade com a qual interagem. Quando assumem esse

compromisso, cooperam na criação de uma sociedade mais justa e compreendem mais

concretamente as oportunidades existentes num contexto social complexo e dinâmico. Ele é

um instrumento de livre adesão pelas entidades. As que aderem assumem o compromisso de

implantar os dez princípios em suas rotinas e prestar contas à sociedade, com publicidade e

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transparência, essa adesão ocorre através do preenchimento de uma carta de adesão, que deve

ser assinada pelo principal executivo da organização e enviada à Organização das Nações

Unidas (PACTO GLOBAL, 2012).

Os dez princípios são propostos no pacto são: (1) Respeitar e proteger os direitos

humanos; (2) Impedir violações de direitos humanos; (3) Apoiar a liberdade de associação no

trabalho; (4) Abolir o trabalho forçado; (5) Abolir o trabalho infantil; (6) Eliminar a

discriminação no ambiente de trabalho; (7) Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios

ambientais; (8) Promover a responsabilidade ambiental; (9) Encorajar tecnologias que não

agridem o meio ambiente; (10) Combater a corrupção em todas as suas formas inclusive

extorsão e propina (PACTO GLOBAL, 2012).

Os dois primeiros princípios relacionam-se aos direitos humanos. O terceiro, quarto,

quinto e sexto referem-se ao trabalho, dentro os quais o terceiro traz a necessidade das

empresas apoiarem a liberdade de associação, bem como o reconhecimento efetivo do direito

à negociação coletiva. O quarto princípio do Pacto Global objetiva a eliminação de todas as

formas de trabalho forçado ou compulsório. Os dois outros princípios que dispõem sobre o

trabalho tratam da abolição efetiva do trabalho infantil e da eliminação da discriminação no

emprego (PACTO GLOBAL, 2012).

No que concerne ao meio ambiente, o princípio número “7” versa que as entidades

devem incentivar uma abordagem preventiva sobre desafios ambientais e ainda desenvolver

iniciativas visando à promoção de uma maior responsabilidade ambiental e incentivar o

desenvolvimento e difusão de tecnologias ambientais amigáveis, ou seja, que não agridam a

natureza. Sendo assim, pode-se perceber que a abordagem adotada pelo Pacto Global é a

preventiva e não corretiva, além de unir esforços no sentido de promover a gestão do ciclo de

vida do produto (PACTO GLOBAL, 2012).

Por fim, o último princípio dispõe que as empresas possuem o dever de combater a

corrupção em todas suas formas, inclusive a extorsão e a propina. Enfatiza-se que tal princípio

foi incluído posteriormente e destina-se também a fortalecer o crescimento econômico

(PACTO GLOBAL, 2012).

2.1.6 As sete diretrizes da Responsabilidade Social Empresarial

O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social - ETHOS, fundado no Brasil

em 1998 por Oded Grajew, é uma organização não-governamental que visa disseminar

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39

através dos meios de comunicação experiências de práticas e ações sociais feitas por diversas

organizações. É reconhecido mundialmente no auxílio as organizações, na análise de suas

práticas de gestão e aprofundamento em seu comprometimento com a RSE. Ele auxilia as

empresas no conhecimento de ações de RSE voltadas para o ramo, porte e localidade, nas

quais estão inseridas (ETHOS; SEBRAE, 2003).

O Instituto Ethos constitui um espaço de divulgação, para a sociedade, de experiências de

empresas cujas práticas destacaram-se nos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social

Empresarial. Esses indicadores podem ser tidos como: Valores, Transparência e Governança;

Público Interno; Meio Ambiente; Fornecedores; Consumidores e Clientes; Comunidade e

Governo e Sociedade. Cada indicador reflete uma forma de análise, abordando as ações que a

empresa proporciona aos envolvidos e de que maneira deve visualizar o ambiente que a circunda

(ETHOS; SEBRAE, 2003).

Diante da missão proposta ao órgão supracitado, o Instituto Ethos de Empresas e

Responsabilidade Social em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas identificaram Responsabilidade Social Empresarial para micro e pequenas empresas

em sete diretrizes estratégicas que foram delineadas passo a passo.

Consoante Candil (2010), as ações sugerem como a empresa deve relacionar-se com

seus stakeholders para caracterizar-se como uma empresa socialmente responsável. Com seus

stakeholders para caracterizar-se como uma empresa socialmente responsável. Essa

responsabilização será contemplada a seguir, considerando-se a adoção de valores e trabalho

com transparência; a valorização dos empregados e colaboradores; fazer sempre mais pelo

meio ambiente; envolver parceiros, fornecedores e concorrentes; proteger clientes e

consumidores; promover a comunidade e comprometer-se com o bem comum.

A primeira diretriz do Instituto Ethos aponta os resultados de valores e princípios que

uma organização tem implicam em suas condutas e decisões cotidianas e estas são

determinantes para seu enquadramento como uma empresa socialmente responsável. O

atendimento das expectativas sociais, com transparência, mantendo a coerência entre o

discurso e a prática constitui um item importante no desenvolvimento da RSE. Este

compromisso serve de instrumento para a existência de um bom relacionamento da empresa

com os públicos com os quais se relaciona. Isso pode auxiliar o desenvolvimento de relações

comerciais mais sólidas, reduz o número de processos legais e assegura o cumprimento das

leis (ETHOS; SEBRAE, 2003).

De acordo com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social as ações

práticas para desenvolvimento dessa diretriz consistem em criar e divulgar missão da

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empresa, identificar suas metas e aspirações, enfatizando qual o papel que organização almeja

desempenhar na sociedade.

A empresa deve criar um documento formal e de ampla divulgação respeito da sua

ética/conduta de relacionamento com clientes, colaboradores, parceiros e comunidade. É

importante incluir neste documento princípios como honestidade, justiça, respeito ao

próximo, integridade, lealdade e solidariedade (ETHOS; SEBRAE, 2003).

A criação de um ambiente de trabalho, no qual questões possam ser discutidas, onde a

comunicação das decisões sejam feitas de forma clara, procurando explicar como elas são

condizentes com os valores éticos da empresa e não decorrentes apenas dos aspectos

financeiros do negócio (ETHOS; SEBRAE, 2003).

Nessa diretriz, ainda, é importante identificar os itens relevantes sobre os direitos

humanos. Para isso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece os direitos de

todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, etnia, idade, nacionalidade, religião ou

nível econômico. Vários desses direitos se relacionam à ação por parte de governos, mas

muitos deles podem ser relevantes para a área empresarial, como os relativos ao trabalho

infantil, trabalho forçado, liberdade de associação, preconceitos discriminatórios, saúde e

segurança (ETHOS; SEBRAE, 2003).

Dessa forma, a primeira diretriz da responsabilidade social empresarial está

relacionada ao trabalho dotado de valores éticos e transparência. Indica que para uma empresa

tornar-se socialmente responsável deve inicialmente avaliar os seus valores éticos e repassá-

los ao seu público por meio de documento formal, praticar o que se propõe da forma mais

transparente possível e identificar itens importantes sobre direitos humanos (CANDIL, 2010).

A segunda diretriz da responsabilidade social empresarial relaciona-se à valorização

dos empregados e colaboradores. Ela aponta para a necessidade de a empresa cumprir as leis

trabalhistas valorizando o trabalho humano, protegendo-o das condições insalubres e indignas

(CANDIL, 2010).

Essa diretriz está voltada para o público interno das organizações, e entre as ações

práticas para o seu desenvolvimento pode-se citar o comprometimento com as leis

trabalhistas; o incentivo dos funcionários a trazerem novas ideias e opiniões; o estimulo a

diversidade; o estabelecimento de políticas contra assédio sexual; incentivo ao

desenvolvimento de talentos; a delegação de poderes dando maior autonomia aos

funcionários; a gestão participativa através da informação do desempenho da empresa; o

incentivo a remuneração através da criação de um programa de participação nos lucros; a

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redução de demissões; a valorização da família e a preocupação com a saúde, o bem estar e

segurança dos funcionários (ETHOS; SEBRAE, 2003).

Dentre as ações práticas para o desenvolvimento dessa diretriz, Silva, Witti e Boteon

(2007) destacam a necessidade de se desenvolver ações que valorize o trabalhador na sua

totalidade. Afirmam que é necessária a criação de um ambiente de trabalho que incentive os

funcionários a inovação; evite demissões; ofereça treinamento, incentive e recompense o

desenvolvimento de talentos; apoie a educação dos empregados e de seus familiares.

A terceira diretriz versa que o gerenciamento dos negócios com responsabilidade

ambiental procura reduzir as agressões ao meio ambiente e promover a melhoria das

condições ambientais. As entidades dependem de insumos do meio ambiente para realizar

suas atividades, sendo parte de sua responsabilidade social evitar o desperdício de tais

insumos - energia, matérias-primas em geral e água (ETHOS; SEBRAE, 2003).

A colocação do lixo em local e forma apropriados (coleta seletiva), a redução do

barulho na vizinhança, o incentivo a economia de energia e campanha de educação ambiental

não constituem apenas formas de reduzir o impacto ambiental, mas sim iniciativas geradoras

de lucro e de ganhos de imagem. O trabalho de conscientização leva a empresa a desenvolver

ações de preservação ambiental e tal atitude deve ser sua retribuição pelo uso dos recursos que

retira da natureza e pelos danos que podem ser causados por suas atividades. (ETHOS;

SEBRAE, 2003).

Para o cumprimento dessa diretriz se faz necessário que o negócio adote uma postura

de valorização da gestão ambiental, onde defina e respeite os princípios ambientalistas;

motive os funcionários a preservação da natureza; estabeleça uma política ecológica de

compras; minimize os resíduos através da reciclagem, redução no consumo de papel e

valorize uso de produtos de papel reciclado; previna a poluição através da redução de

produtos tóxicos, promova o descarte seguro de substância tóxicas e uso de produtos de

limpeza não tóxicos; incentive o uso eficaz de energia e água por meio do uso de iluminação

inteligente, manutenção dos sistema de climatização e instalação de acessórios para economia

de água; e a criação de um projeto ecológico em parceria com fornecedores e clientes

(ETHOS; SEBRAE, 2003).

Nessa diretriz, a empresa deve promover o desenvolvimento e a divulgação de

tecnologias e serviços ambientalmente sólidos, levando em consideração o desempenho

ambiental, social e ético dos produtos ou serviços que estão sendo adquiridos ao longo de toda

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sua vida útil. E, dando sempre que possível, prioridade aos produtos e/ou serviços que

produzam menores impactos ambientais (CANDIL, 2010).

As indústrias participantes da pesquisa tem que cumprir as disposições do Decreto-Lei

n º 784, de 8 de agosto 1945, que estabelece o código de águas minerais e as demais

exigências do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão ambiental que

determina os critérios para inserção das empresas que atuam na exploração de minério e dos

órgãos fiscalizadores como a Subcoordenadoria de Vigilância Sanitária (SUVISA) e o

Instituto de desenvolvimento Sustentável e o Meio Ambiente (IDEMA).

Em todo processo de regulamentação e boas práticas de fabricação surgem as

certificações de qualidade, as “ISOS2” que servem para dar mais qualidade aos processos

produtivos, em se tratando de água mineral, duas merecem destaque: a 14.000 e a 26.000.

A implantação da ISO 14.000 sinaliza para adoção de práticas que se coadunam com

essa diretriz, visto que ela visa definir parâmetros para a gestão ambiental das empresas

(privadas e públicas). Estas normas foram definidas pela International Organization for

Standardization - ISO ( Organização Internacional para Padronização). As normas propostas

foram criadas para diminuir o impacto provocado pelas empresas ao meio ambiente, pois

muitas organizações utilizam recursos naturais, geram poluição ou causam danos ambientais

através de seus processos de produção. Seguindo as normas do ISO 14000, estas podem

reduzir significativamente estes danos ao meio ambiente.

Conforme Candil (2010), a ISO 26000 estabelece ainda que a organização avalie os

“impactos ambientais antes de começar uma nova atividade ou projeto e use os resultados de

sua avaliação no processo decisório; produção mais limpa e ecoeficiência”

As abordagens de produção mais limpa, segura e a ecoeficiência recomendada

pela ISO 26000 incluem:

melhoria nas práticas de manutenção, modernização ou introdução de novas

tecnologias ou processos, redução no uso de materiais e energia, uso de

energia renovável, racionalização do uso da água, eliminação ou gestão

segura de materiais e resíduos tóxicos e perigosos, e melhoria no design do

produto ou serviço.

2 A ISO – International Organization for Standardization é uma associação não governamental, que tem sede na Suíça

e congrega uma rede de institutos distribuídos em 159 países para a criação de normas e especificações para diversos

tipos de produtos e serviços. No Brasil o instituto representante da ISO é a ABNT – Associação Brasileira de Normas

Técnicas. (Disponível em www.iso.org. Acesso em: 10 ago. 2013).

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De acordo com Barbiere (2006), a produção limpa se traduz na aplicação contínua de

estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de

aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, energia, por meio da não-geração,

minimização ou reciclagem de resíduos gerados. E a ecoeficiência traz a noção de que a

redução de materiais e energia por unidade de produto ou serviço aumenta a competitividade

empresa, ao mesmo tempo em que reduz as pressões sobre o meio ambiente.

A quarta diretriz assinala que todo negócio socialmente responsável deve estabelecer

um diálogo com seus fornecedores e parceiros, sendo transparente em suas ações, cumprindo

os contratos estabelecidos, contribuindo para seu desenvolvimento e incentivando os

fornecedores a assunção de compromissos de responsabilidade social (ETHOS; SEBRAE,

2003).

Consoante Silva, Witti e Boteon (2007, p.9), pode-se destacar como ações práticas

dessa diretriz que a empresa:

Exija o cumprimento da legislação trabalhista, ambiental, previdenciária e

fiscal. Isso poderá estar discriminado no contrato comercial entre sua

empresa e o parceiro/fornecedor. O parceiro/fornecedor não pode contratar

crianças e nem utilizar práticas de discriminação ética, sexual, religiosa ou

física no ambiente de trabalho. Exija uma conduta de concorrência legal,

sem práticas que são consideradas abuso de poder econômico. Convide o

fornecedor/parceiro para se engajar em ações sociais em conjunto com o seu

empreendimento.

O estabelecimento de relações com terceiros deve basear-se no compromisso ético

social, assim, é importante divulgar seus valores pela cadeia de fornecedores, empresas

parceiras e serviços terceirizados, adotando-se como meio de seleção de parceiros a exigência

de que os empregados de serviços terceirizados tenham condições de trabalho semelhantes às

de seus próprios funcionários, ou seja, a empresa deve evitar terceirizar serviços para

organizações nas quais haja degradação das condições de trabalho e que não partilhem de

ideias semelhantes, no tocante a Responsabilidade Social Empresarial (ETHOS; SEBRAE,

2003).

Assim, conforme a Minuta da Norma Internacional ISO 26000, a empresa socialmente

responsável “é aquela que aceita a responsabilidade de lidar com os impactos de suas decisões

e atividades por meio de um comportamento transparente e ético integrado em toda a

organização e praticado em suas relações” (ISO 26000:2010), inclusive com os fornecedores

que são, de certa forma, uma extensão da empresa e, por isso, devem compartilhar dos

mesmos valores e estabelecer uma relação de parceria e confiabilidade.

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A quinta diretriz objetiva proteger clientes e consumidores. Sabe-se que os

procedimentos de responsabilidade social na relação com consumidores e clientes são

primordiais. O desenvolvimento de produtos e serviços confiáveis em termos de qualidade e

segurança, o fornecimento de instruções de uso e informação sobre seus riscos potenciais, a

eliminação de danos à saúde dos usuários são ações essenciais, já que as organizações

produzem cultura e influenciam o comportamento de das partes beneficiadas como seu

produto, os clientes e fornecedores (ETHOS; SEBRAE, 2003).

A quinta diretriz aponta que a empresa socialmente responsável deverá ofertar

qualidade não somente durante o processo de venda, porém em toda a sua rotina de trabalho,

sendo parte integrante de suas atribuições promover ações que melhorem a credibilidade, a

eficiência e a segurança dos produtos e serviços. Para isso necessita observar padrões técnicos

pertinentes como as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), as

prescrições da Vigilância Sanitária e o Código de Defesa do Consumidor (ETHOS; SEBRAE,

2003).

Visando garantir a confiança de seus clientes e consumidores, a organização deverá

promover o uso do produto com segurança e reponsabilidade; oferecer informações

específicas, corretas e justas; proibir o uso de técnicas comerciais antiéticas; evitar a

publicidade "tóxica"; ouvir opiniões acerca dos produtos e procurar oportunidades comerciais

corporativas (ETHOS; SEBRAE, 2003).

No que concerne ao atendimento e suporte ao consumidor e solução de reclamações e

controvérsias, a organização socialmente responsável deve oferecer informações precisas;

diferentes tipos de garantias; suporte técnico referente ao uso; assim como cláusulas dispondo

sobre devolução, reparos e manutenção (CANDIL, 2010).

Em síntese, conforme Candil (2010), a proteção aos clientes e consumidores exige que

a relação de consumo entre a empresa e clientes se estenda além da troca comercial e essa

relação para ser saudável deve manter o equilíbrio entre os direitos e deveres de ambas as

partes. Na prática da responsabilidade social isso enseja o desenvolvimento de produtos e

serviços confiáveis que não cause danos à saúde dos consumidores.

A sexta diretriz estabelece que a empresa apresente um relacionamento concreto com a

comunidade ao seu redor, sendo um dos principais exemplos dos seus valores. Isso envolve o

respeito aos costumes e à cultura local, contribuição em projetos educacionais, em ONGs ou

organizações comunitárias, destinação de recursos a instituições sociais e a divulgação de

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princípios que aproximam seu empreendimento das pessoas próximas (ETHOS; SEBRAE,

2003).

Para que a empresa promova a comunidade, será necessário a verificação dos

problemas existentes, bem como alternativas de solução; maior investimento em

comunidades pobres, proporcionando a inclusão de pessoas menos favorecidas na integração

em seu quadro de funcionários; adoção de projetos específicos em parcerias, tais como: o

fomento da educação, doação de instrumentos e equipamentos essenciais à sua efetivação

(CANDIL, 2010; ETHOS, SEBRAE, 2003).

Segundo Candil (2010), a promoção da comunidade exige da empresa socialmente

responsável um envolvimento efetivo, que requer apoio nas ações de promoção ambiental;

recrutamento de pessoas vítimas de exclusão social; parcerias com a comunidade; donativos

para ações de caridade entre outros.

Nessa diretriz fica clara a filantropia, considerada como prática de RSE e engloba as

doações de seus produtos ou serviços visando contribuir diretamente com organizações da

comunidade que possam fazer uso deles. As práticas vão além das doações de produtos, mas

se incentiva práticas caritativas que vão desde a doação de comida, roupas e móveis usados

até o empréstimo do profissional que prestará o serviço a comunidade de forma gratuita

(ETHOS; SEBRAE, 2003).

Ainda, poderá na área da educação a empresa poderá oferecer apoio às escolas locais

fazendo parcerias, doação de equipamentos usados ou excedentes e criando intercâmbio com

as escolas (ETHOS; SEBRAE, 2003).

A empresa pode também oferecer recursos financeiros para solucionar problemas

sociais específicos em parceria com entidades comunitárias ou ONGs, bem como desenvolver

projetos específicos que fortaleçam as ações sociais da comunidade, inserindo nesses projetos

a cooperação de funcionários e colaboradores.

Deve-se considerar que as ações empresariais dentro de uma comunidade tornam

transparente sua preocupação com a questão social, quando não se objetiva diretamente ou

apenas o resultado financeiro do empreendimento.

A sétima diretriz aponta a responsabilidade empresarial no comprometimento com o

bem comum, trata-se de do comprometimento social, podendo-se evidenciar que as diretrizes

anteriores já sinalizam neste sentido. Silva, Witti e Boteon (2007, p.8) enfatizam que é preciso

mais que isso, é necessário também que o “empresário se comprometa em ações que não

sejam simplesmente marketing para diferenciar o seu produto junto ao consumidor final”.

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Uma empresa socialmente responsável mantém um relacionamento ético com o poder

público, através do cumprimento das leis. Nesse caso, ser ético significa:

Cumprir as obrigações de recolhimento de impostos e tributos, alinhar os

interesses da empresa com os da sociedade, comprometer-se formalmente

com o combate à corrupção, contribuir para projetos e ações governamentais

voltados para o aperfeiçoamento de políticas públicas na área social etc. Em

resumo: contribuir decisivamente para o desenvolvimento de sua região e do

país (ETHOS; SEBRAE, 2003, p. 42).

Para manter uma postura positiva no relacionamento com o governo e a sociedade, a

empresa tem que ter um claro posicionamento político, participando com transparência e

combatendo a corrupção; e mostrando sua participação efetiva em movimentos sociais

contribuindo com novas ideias e parcerias na implantação de programas sociais (ETHOS;

SEBRAE, 2003).

A construção do Quadro 3 visa melhorar a visualização de forma sintética das sete

diretrizes propostas pelo Instituto Ethos.

DIRETRIZES FOCO

1) Adoção de valores e trabalho com

transparência

Incentivar o trabalho dotado de valores éticos e

transparência.

2) Valorização de empregados e colaboradores

Criar um ambiente de trabalho que incentive os funcionários

a inovação; evite demissões; ofereça treinamento, incentive

e recompense o desenvolvimento de talentos; apoie a

educação dos empregados e de seus familiares.

3) Fazer sempre mais pelo meio ambiente

Adotar uma postura de valorização da gestão ambiental,

onde defina e respeite os princípios ambientalistas; motive

os funcionários à preservação da natureza.

4) Envolver parceiros e fornecedores

Estabelecer um diálogo com seus fornecedores e parceiros,

sendo transparente em suas ações, cumprindo os contratos

estabelecidos, incentivando os fornecedores a assunção de

compromissos de responsabilidade social.

5) Proteger clientes e consumidores Desenvolver de produtos e serviços confiáveis em termos de

qualidade e segurança, o fornecimento de instruções de uso,

eliminação de danos à saúde dos usuários.

6) Promover a comunidade Apresentar um relacionamento concreto com a comunidade

ao seu redor, sendo um dos principais exemplos dos seus

valores.

7) Comprometer-se com o bem comum Comprometer-se com o bem comum, trata-se do

comprometimento social.

Quadro 3 - Síntese das sete diretrizes do Instituto Ethos

Fonte: Elaboração do autor.

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As ações propostas pelas diretrizes voltadas para as micro e pequenas empresas

ressaltam a possibilidade de realização de diversas práticas no ambiente organizacional, elas

poderão ser praticadas, independente do porte e estão muito enraizadas no conceito basilar da

RSE proposto por CARROL (1979 e 1991) que envolve os aspectos econômico, legal, ético e

filantrópico (SILVA;WITTI; BOTEON, 2007; CANDIL, 2010; CARROLL, 1979).

2.1.7 Motivadores da Responsabilidade Social Empresarial

A forma como a empresa atua e desenvolve suas ações sociais está relacionada com

sua cultura e estratégias específicas. De acordo com a natureza de suas atividades, a

ponderação da RSE pode diferir no cenário empresarial (OELRICH, 2009).

As motivações para a gestão orientada para a Responsabilidade Social Empresarial são

variadas, alguns teóricos entendem que destinar recursos para fins sociais pode funcionar

como parte da estratégia empresarial com o objetivo de as empresas obterem vantagens

competitivas e sustentabilidade para seus empreendimentos. (FREGUETE, 2011).

Consoante Porter; Linnder (1995 apud Freguete, 2011), os autores defensores de tal

discurso afirmam que, com a prática de RSC, a empresa poderá atingir a otimização no uso

dos recursos naturais e/ou matéria-prima de sua linha de produção, ter menor ônus com causas

trabalhistas, reduzir a rotatividade de funcionário, implementar mais inovações tecnológicas

que aumentem a eficiência de seus processos, acarretando em menores custos de produção e,

em consequência, um aumento de seu valor de mercado (FREGUETE, 2011).

A compreensão das motivações que levam as pessoas físicas e jurídicas a adotarem

práticas de Responsabilidade Social Empresarial é necessária, tendo em vista ser um dos

objetivos da pesquisa. Kother (2007) expõe alguns motivos que vão desde a obrigação moral

de ajudar o próximo até a busca de benefícios fiscais.

Entre os motivos que levam as empresas a prática de RSE, Kother (2007) elenca a

obrigação moral de ajudar, manter ou melhorar status social e prestígio, resposta à pressão do

meio social, interesse pessoal, influência religiosa, autossatisfação psíquica, resposta à

expectativa da liderança do meio social ou benefícios fiscais. Dessa forma, pode-se dizer que

os motivos estão compreendidos no modelo proposto por Carroll (1991) que enfatizava as

quatro responsabilidades, a econômica, legal, ética e filantrópica.

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Consoante Barbero (2003), entre outros parâmetros utilizados para explicar o

envolvimento das empresas com as causas sociais, destaca-se a adoção de práticas de RSC

como ferramenta para melhoria da imagem e do capital reputacional da empresa.

Portanto, os motivadores, sejam eles de característica pessoal dos líderes, que acabam

transpondo-os para a organização através da sua forma de gerenciar, sejam da própria

empresa que os incorpora em sua estratégia de negócio ou mesmo de demandas dos seus

stakeholders, eles existem nas empresas que praticam a RSE, de diversas formas e

intensidades (OELRICH, 2009).

A seguir, serão analisados com mais detalhes alguns motivadores mencionados acima

e abordados na literatura.

Quando o motivador da Responsabilidade Social é a vaidade, ocorre no ambiente

organizacional, ou no mercado uma competição para ver quem doa mais ou quem obtém mais

reconhecimento. Este comportamento necessita ser percebido, pois devem ser identificados os

envolvidos de forma a possibilitar que estratégias sejam montadas em função disto

(OELRICH, 2009).

Estudos de Pereira (2007) constatam que os grandes doadores sentem-se motivados

quando sabem que seus nomes ou da família estarão vinculados a alguma homenagem que

perdurará pela posteridade.

Esta percepção de reconhecimento pela comunidade e imortalidade, através de

homenagens, deve compor os estudos do comportamento do filantropo como um fator

relevante dependendo do segmento em que se estiver analisando (OELRICH, 2009).

Algumas pessoas confundem a ética e a responsabilidade social, no entanto não são

sinônimos. A responsabilidade social em sua dimensão quanto à categoria inclui

responsabilidades econômicas, legais, éticas e filantrópicas e diz respeito aos efeitos das

empresas na sociedade, enquanto que a ética empresarial engloba regras relacionadas a

indivíduos e grupos de trabalho (OELRICH, 2009).

Consoante Vieira (2006) em pesquisa com dirigentes de empresas de micro a médio

porte constatou-se entre eles que a ética e os valores morais são fundamentais na construção

de uma imagem para seus parceiros de negócios e para a constituição de relacionamentos de

marketing.

A Responsabilidade Social Empresarial também quando praticada, sendo motivada por

valores éticos, morais, pessoais e religiosos, toma uma dimensão de religiosidade e Hui

(2008) aborda a responsabilidade social empresarial em uma combinação com a

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responsabilidade social cristã. Segundo o autor, esta é uma lacuna inexplorada na literatura. A

RSE baseada na fé engloba a filantropia corporativa, preservação ambiental e contabilidade

social, implicando que a empresa leve em conta seus valores morais antes e depois da sua

estratégia de lucros.

Outro motivador encontrado na literatura é a culpa, este sentimento tem relevância na

atuação social, pois, como comenta Pereira (2007), a riqueza provoca sentimentos de culpa

nas pessoas, sendo reconhecido como um fator que induz à filantropia. A ação caridosa era

uma característica do capitalismo do início do século, onde o empresário sentia-se culpado

pelo lucro fácil e tentava redimir suas culpas desta forma. Ressalte-se que tem uma motivação

de cunho meramente filantrópico, no contexto em que a RSE é vista apenas como filantropia

(MELO NETO; FROES, 1999).

A consciência de culpa é algo inerente ao ser humano pelas mais diversas razões, e o

possuir mais dinheiro do que os demais membros de sua comunidade é uma das culpas

identificadas e tem, através de filantropias, uma forma de ter esse sentimento ao menos

diminuído (OELRICH, 2009).

Consoante Domingos (2007) também refere que a responsabilidade social corporativa

faz parte de uma tentativa das empresas de pagar uma dívida para com a sociedade, com

relação ao fato das empresas consumirem recursos naturais, que são patrimônio da

humanidade e também a existência de uma parte considerável da sociedade à margem dos

benefícios propostos pelo capitalismo. Neste caso, as empresas simultaneamente são

consumidoras irresponsáveis e agentes das agonias sociais e, também, com a responsabilidade

social, simultaneamente, são salvadoras do equilíbrio social (OELRICH, 2009).

As empresas também buscam benefícios fiscais quando praticam a RSE, os

empresários veem nas leis de incentivo uma oportunidade de aumentar a lucratividade; Esses

benefícios são normas definidas pelo Governo com o objetivo de abater o imposto das

empresas, desde que invistam e determinadas atividades, ficando claro que almejam somente

as vantagens econômicas (OELRICH, 2009).

Na legislação brasileira, existem leis de incentivo fiscal para contribuições à cultura,

esporte, caridade, doações e que preveem abatimentos no imposto de renda e isto também

constitui um motivador da prática de RSE. Esse é um fator que gera ações de cunho social

(OELRICH, 2009).

A denominada filantropia estratégica também aparece como motivador. Nas diversas

discussões sobre a filantropia, sempre é mencionado o seu papel estratégico. A filantropia

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estratégica é o uso sinérgico das competências e recursos no trato com os interesses do

“stakeholders”, atingindo benefícios organizacionais e sociais (OELRICH, 2009).

Com relação aos interesses de todos os envolvidos, Barbiere e Cajazeiras (2009)

comentam ser possível a conciliação dos interesses negociais e sociais das organizações,

devendo estes estar inseridos dentro da estratégia empresarial. E com o envolvimento da alta

direção, reforça aspectos ideológicos e estratégicos, enfatiza, porém, que os resultados, tanto

no aspecto social, quanto nos ganhos para a empresa, muitas vezes são intangíveis.

A empresa, em sua atuação social, preocupa-se com o marketing e com a necessidade

de utilizar estratégias para alavancar os negócios; também ratifica a dificuldade de avaliar

monetariamente os projetos sociais, havendo, por parte do empresário, apenas a percepção de

ser um bom investimento (ANDRADE, 2004).

O ambiente atual dos negócios deve levar em conta os interesses dos públicos com os

quais se relaciona e Zenone (2006) caracteriza este ambiente em que as empresas atualmente

atuam como: complexo, globalizado e competitivo, onde o consumidor está cada vez mais

consciente de seus deveres e direitos, com um grande poder de escolha, o que lhe permite

definir com quais empresas irá se relacionar, levando em conta produtos ambientalmente

corretos e comportamentos éticos.

Relativamente ao comportamento crítico do consumidor em relação às empresas que

fazem ou não responsabilidade social, a mídia influencia, sob a forma de informação,

favoravelmente a empresa socialmente responsável que possui alguma certificação. Por outro

lado, os fatores preço e marca impactam mais que as certificações. Resumindo, a empresa

socialmente responsável só leva vantagem, na comparação com seu concorrente não

certificado, com produtos similares em termos de marca e preço e desde que o consumidor

esteja informado deste atributo da empresa (ETHOS; SEBRAE, 2003).

Com relação a possibilidades financeiras devido a atuação social, Piacentini,

Macfadyen e Eadie (2000 apud Oelrich 2009) identificaram, em estudo com os varejistas

escoceses, que um aspecto importante para fazer ação social foi o ganho econômico a curto

prazo, principalmente entre as confeitarias. No aspecto financeiro, também Brammer e

Millington (2005) concluíram que gastos com Responsabilidade Social Empresarial, usando

sempre a denominação de filantropia, refletiram-se na performance financeira da empresa.

Mesma conclusão de Beghin (2005), observando que o empresariado mesmo que,

aparentemente, não seja motivado pelo resultado na sua atuação social, percebe que há um

retorno econômico. (OELRICH, 2009).

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Muito evidenciada na literatura, a construção de uma imagem corporativa através da

responsabilidade social empresarial é uma prática que acontece, e neste caso se prestando

mais a um elemento de marketing do que uma ação altruística. Isto também é salientado por

Alessio (2008) que comenta que a ação social empresarial pode ser vista sob a perspectiva de

atendimento a interesses da empresa, onde a divulgação da imagem da empresa seria o

objetivo maior e não a causa social.

A manutenção e captação de recursos humanos, mesmo não aparecendo

explicitamente como um motivador, é referida por vários autores como um aspecto a se

considerar na adoção da RSE. Faria, Ferreira e Carvalho (2008) ratificam isto em estudo,

onde o aspecto socialmente responsável teve uma atratividade similar ao aspecto remuneração

e proporcionando à empresa um diferencial na captação de talentos.

No que tange aos “stakeholders”, mais precisamente com relação aos colaboradores da

empresa, Borger (2001), com base nos resultados do seu estudo em empresas que atuam

orientadas pela responsabilidade social, comenta que esta imagem afeta positivamente o clima

organizacional, motivando e estimulando os empregados que sentiam orgulho em trabalhar

naquelas empresas.

Diversos são os fatores que levam as empresas a práticas de RSE e conforme

observado, eles englobam desde princípios, valores, religiosidade até melhora da imagem

reputacional, passando, necessariamente pelo o objetivo principal das entidades que é alcançar

resultados. Tais motivadores só ratificam as dimensões apresentadas no modelo de Carroll

(1979).

Para facilitar a visualização dos principais motivadores de Responsabilidade Social

Empresarial, construiu-se a figura 3 que retrata os elementos elencados na literatura que

constituem motivos que levam as empresas a desenvolverem ações ou práticas de RSE.

Figura 3 – Motivadores de Responsabilidade Social Empresarial

Fonte: Elaboração do autor.

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Estas são as principais motivações encontradas na literatura, no que se refere às prática

de Responsabilidade Social Empresarial. Elas servem como arcabouço teórico para responder

o terceiro objetivos da pesquisa: identificar as motivações dos gestores do setor para o

desenvolvimento da Responsabilidade Social Empresarial.

2.2 MODELO TRIDIMENSIONAL DE PERFORMANCE SOCIAL

Posteriormente a um vasto levantamento acerca da RSE, enfatizando desde o

surgimento, sua evolução conceitual, o pacto Global e as diretrizes do Intituto Ethos voltadas

para micro e pequena empresa, percebe-se que um dos modelos de análise de atuação social

mais ressaltados no mundo acadêmico, em diversos estudos e por vários autores foi o

desenvolvido por Carroll em 1979, sendo considerado um dos referencias conceituais

basilares para os autores nacionais. Ele está presente em diversos trabalhos, assemelha-se

conceitualmente a muitos outros, semelhanças estas que são bastante significativas. Isto

porque muitas metodologias e argumentações criadas posteriormente tiveram como foco o

modelo de Carroll (1979), convergiram para seu modo de análise ou partiram de suas ideias

para a construção de seus resultados (MACEDO, 2010). Dessa forma, ele servirá como

arcabouço teórico para análise dos resultados encontrados no estudo.

O modelo tridimensional de performance social elaborado por Archie B. Carroll, em

1979, propunha o conceito de desempenho social das empresas, abrangendo princípios,

processos e políticas sociais. Esse modelo enfatiza que para definir a Responsabilidade Social

e analisar seu nível de abrangência por parte das empresas, deve-se estudar por completo o

somatório de deveres que a organização tem para com a sociedade, observar os aspectos do

contexto e ambiente em que atuam e identificar suas formas de resposta frente às necessidades

de seus stakeholders (MACEDO, 2010).

De acordo como as afirmações elencadas, o autor evidencia três dimensões diferentes

na utilização da RSE. A primeira dimensão refere-se às categorias que são: a econômica,

legal, ética e voluntária. A segunda diz respeito às ações ou programas sociais que a empresa

pode priorizar, podendo ser relacionadas ao consumo, meio-ambiente, discriminação,

segurança do produto ou do trabalho e acionistas. E a terceira trata-se da resposta que a

empresa pode ter em relação à relevância social (MACEDO, 2010). No estudo, a categoria

voluntária será sinônimo de discricionária e filantrópica.

A Figura 4 mostra o cubo tridimensional exposto por Carroll (1979) , o qual explana

as três dimensões que constituem o modelo que serve para a análise dos resultados e auxilia

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nas respostas das questões da pesquisa, assim como dos objetivos almejados da análise em

questão, conforme figura que segue-se:

Figura 4 - Modelo Tridimensional de Performance Social Corporativa

Fonte: Carroll (1979, p. 503)

Essas três dimensões de análise formam a síntese dos pontos principais que devem ser

analisadas na performance social de uma empresa (CARROLL, 1979). Assim, o modelo de

RSE proposto por Carroll (1979) é visto como um modelo explicativo fundamental do tema

servindo de base para diversos outros estudos e conceitos sobre a temática surgidos

posteriormente.

2.2.1 Categorias de Responsabilidade Social Empresarial

A primeira dimensão refere-se às categorias apresentadas pelo autor do modelo e

servem para análise das ações socialmente responsáveis praticadas pela empresa evidenciando

as responsabilidades ou obrigações do negócio (CARROLL, 1979).

A categorização sugerida pelo autor se divide em quatro grupos que juntas formam as

responsabilidades sociais empresariais, a econômica, legal, ética e voluntária.

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Na responsabilidade econômica, as organizações existem para produção de bens e

serviços e geração de riqueza, as demais responsabilidades decorrem dessa função principal.

A empresa possui como sua natureza e justificativa de existência oferecer ao público produtos

e serviços adequados e garantir o efetivo retorno financeiro a acionistas, sócios, fornecedores,

funcionários e parceiros. Essa é função primordial (SOARES, 2008; MACEDO 2010).

Já a responsabilidade legal está baseada em normas que formam a estrutura legal sobre

a qual se espera que os negócios operem. A obediência à lei é regra básica para existência das

organizações na sociedade (SOARES, 2008; MACEDO 2010);

A responsabilidade ética alicerçar-se nas normas impostas pelo comportamento

cultural e opinião pública que nem sempre são convertidas em lei. Espera-se que as empresas

ajam conforme parâmetros considerados morais pela sociedade e está diretamente relacionado

às mudanças legislativas e sociais (SOARES, 2008; MACEDO 2010);

E a responsabilidade voluntária representa um engajamento voluntário das

organizações com a resolução de problemas sociais. Consiste nas ações praticadas pela

gerência, em resposta às expectativas sociais. Essas atitudes podem ser vistas como

voluntárias ou filantrópicas e ficam por conta do julgamento individual dos gestores da

organização, tais como ações voluntárias devem ser. Para Carroll (1979), essas

responsabilidades incluem atividades que não são impostas às empresas, nem por lei, normas

éticas ou por necessidades econômicas (SOARES, 2008; MACEDO 2010).

Os atos sociais das organizações podem ser descritos e assimilados de acordo com as

categorias citadas. Uma empresa pode efetuar ações socialmente responsáveis de forma global

ou de forma pontual, todavia as mesmas podem ser vistas sob a ótica econômica, legal, ética

ou discricionária. As duas primeiras categorias são exigências da sociedade, podendo ser

intituladas de responsabilidade de ação das empresas. A terceira categoria é esperada pela

sociedade, e a quarta é desejada pela sociedade (CARROLL, 1979). Todos estes compõem

uma das dimensões de análise performance social de Carroll (MACEDO 2010).

Dessa forma, Macedo (2010, p. 36) resume a categorização de forma clara e concisa:

em síntese a organização deve ser economicamente viável, produzir bens ou

prover serviços que a sociedade precisa; cumprir as leis; adotar

comportamentos que não estão propriamente codificados nas leis, mas são

esperados pela sociedade; e, voluntariamente, contribuir com projetos sociais

que beneficiem a comunidade. O comportamento específico da empresa

deve ser referendado pelos stakeholders, pois as opiniões dos membros

desses grupos influenciam na aceitação que a empresa e suas atividades

dispõem na sociedade (MACEDO, 2010, p. 36).

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55

Ou seja, a primeira dimensão enfatiza as categorias econômica, legal, ética e

discricionária, orientando a forma de gerenciamento de problemas sociais correlacionados

entre a empresa e sociedade.

2.2.2 Ações e Programas

Trata-se de questões nas quais as categorias podem ser ou estar vinculadas. Tais

questões podem se referir ao consumo, meio ambiente, discriminação, segurança do produto e

do trabalho e expectativas dos acionistas. Essa área de interesse tem como objetivo principal

diminuir os impactos causados pelas atividades empresariais ou, ainda, minimizar as às ações

e programas desenvolvidas nas mais diversas organizações (MACEDO, 2010).

Na segunda dimensão Carroll (1979) assinala que essas ações e programas divergem a

cada organização, e sua importância depende do contexto e dos stakeholders envolvidos com

a ela. Assim, algumas áreas de atuação social podem ser focadas pela empresa, dependendo

de sua natureza, característica e especialidade (GADELHA, 2010).

De acordo com Gadelha (2010), as áreas de ações de programas do modelo são

consumo, meio ambiente, discriminação, segurança do produto, segurança do processo ou do

trabalho, e acionistas, ou seja, designam focos prioritários que a empresa pode trabalhar no

momento de sua relevância social.

Quando as ações focalizam o consumo destacam-se as características do produto para

que estejam de acordo com os requisitos do cliente, as especificações e as informações

referentes à aquisição e o atendimento pré-venda e pós-venda. E focalizando o meio-

ambiente, a empresa preocupa-se com a preservação dos recursos naturais, a educação

ambiental e todos os aspectos que estejam relacionados com o questão ambiental e sua

sustentabilidade.

Outro aspecto desta subdimensão é a discriminação, cujo enfoque está nos problemas

relacionados ao preconceito racial, sexual ou religioso, ou qualquer outro tipo de intolerância

que possa partir de dentro da empresa ou na comunidade. A organização não deve se envolver

ou apoiar a discriminação na contratação, remuneração, acesso a treinamento, promoção,

encerramento de contrato ou aposentadoria.

As ações voltadas para segurança do produto consideram as normas técnicas para o

produto, as normas de qualidade ou de produção, pois um produto seguro é aquele que não

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apresenta quaisquer riscos ou apresente apenas riscos reduzidos, compatíveis com a sua

utilização e considerados aceitáveis, tendo em conta um nível elevado de proteção da saúde e

da segurança das pessoas; já as direcionadas a segurança do trabalho está relacionada aos

aspectos que aperfeiçoam as atividades do processo produtivo, equipamentos e infraestrutura

para a produção, bem como à proteção física dos funcionários, devendo proporcionar um

ambiente de trabalho seguro, tomando medidas adequadas para prevenir acidentes e danos à

saúde. E por fim, nas práticas que visam atender as expectativas dos acionistas que são

indivíduos, grupos que mantém a organização, ressaltando atuações voltadas atender a

finalidades deles.

2.2.3 Comportamento de Resposta

Consoante Gadelha (2010), a terceira dimensão proposta no modelo de Carroll (1979)

faz referência aos tipos de comportamentos de resposta, tem-se a filosofia por trás dos

negócios, de modo que as empresas se posicionam de diferentes formas em relação à

responsabilidade social, com opiniões, tipos e graus de ações gerenciais.

Essa face do modelo, denominada filosofia da responsabilidade social, incorpora as

estratégias de respostas da empresa às pressões sociais que podem ser reativa, defensiva,

acomodativa e proativa (FREIRE, 2009).

E de acordo com Macedo (2010) e Freire (2009), o modelo de Carroll (1979) aponta

que as empresas podem responder de forma: reativa, em que a estratégia pressupõe ações

empresariais que refletem, sobretudo, as prioridades econômicas e administração dos riscos,

esquivando-se das demandas sociais, ou seja, a empresa responde a uma questão social depois

que ela ameaça seus objetivos, ou depois que algum problema interfere em seu efetivo

funcionamento; a defensiva, mesmo não concordando plenamente, a organização admite as

responsabilidades sociais e realiza apenas o que é exigido minimamente, agindo apenas para

se proteger ou se defender de um desafio ou problema (FREIRE, 2009; MACEDO, 2010).

Consoante o modelo conceitual, as empresas podem, ainda, responder de maneira

acomodativa, na qual existe uma aceitação das responsabilidades sociais por parte da

empresa, sendo realizado tudo o que é legalmente requerido, ela se alinha às exigências do

governo ou da opinião pública e a proativa, se caracteriza pela liderança na iniciativa social,

nesse estágio, a empresa adota uma postura que visa à prevenção do impacto de suas

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atividades econômicas e antecipa-se para identificar respostas relacionadas às questões sociais

emergentes, isto é, a empresa antecipa exigências que ainda não foram feitas.

O modelo veio atender aos anseios acadêmicos referentes à temática, e

simultaneamente pode ser usado por gestores, objetivando a aferição e relevância da

abrangência social da empresa, evidencia as vertentes principais da análise da empresa e os

problemas a serem enfrentados para o desenvolvimento de uma empresa socialmente

responsável (MACEDO; GADELHA, 2010).

Esse modelo enfatiza, ainda, a consideração dos stakeholders e sua visualização,

entendimento e percepção acerca das ações desenvolvidas, uma vez que estes influenciam e

são tidos como a natureza das práticas e ações socialmente responsáveis. O modelo pode

auxiliar e ser utilizado como uma ferramenta de diagnóstico empresarial ou como mecanismo

para compreensão e apreciação do entendimento dos stakeholders sobre determinadas

questões sociais de dada empresa (MACEDO, 2010; SOARES, 2008, GADELHA, 2010).

O Quadro 4 servirá para melhor visualização das dimensões e suas especificidades,

demonstrando foco de cada subdimensão:

MODELO TRIDIMENSIONAL DE PERFORMANCE SOCIAL

DIMENSÕES SUBDIMENSÕES FOCO

CATEGORIAS DE SER

Responsabilidade econômica

As organizações existem para

produção de bens e serviços e

geração de riqueza, sendo a

função primordial delas.

Responsabilidade legal A obediência à lei é regra básica

para existência das organizações

na sociedade.

Responsabilidade ética

As organizações devem

alicerçar-se em normas impostas

pelo comportamento cultural e

opinião pública.

Responsabilidade voluntária As organizações adotam um

engajamento voluntário com a

resolução de problemas sociais.

AÇÕES E PROGRAMAS

Consumo A organização enfoca as relações

de consumo.

Meio-ambiente Enfatizam-se os aspectos

relacionados com o meio-

ambiente e sua sustentabilidade

Discriminação

Enfoque nos problemas

relacionados à intolerância, ao

preconceito racial, sexual ou

religioso.

Segurança do produto Enfoque nas normas técnicas

para o produto, preocupação

com os clientes/consumidores.

Quadro 4 – Modelo Carroll e foco das dimensões

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Segurança do trabalho

Está relacionado aos aspectos

que aperfeiçoam as atividades do

processo produtivo,

equipamentos e infraestrutura

para a produção. Preocupação

com os funcionários.

COMPORTAMENTO DE

RESPOSTA

Reativa

A empresa responde a uma

questão social depois que ela

ameaça seus objetivos.

Defensiva

A empresa age para se proteger

ou se defender de um desafio ou

problema

Acomodativa

A empresa se alinha às

exigências do governo ou da

opinião pública.

Proativa

A empresa antecipa exigências

que ainda não foram feitas.

Conforme explicitado, o modelo enfatiza que para uma empresa enquadrar-se como

socialmente responsável, o desempenho social de suas atividades deve pautar-se no

atendimento das dimensões estabelecidas, norteando-se nas responsabilidades, nas ações e

programas e no comportamento de respostas frente as questões sociais inerentes às suas

atividades, sendo sintetizadas na busca do objetivo principal de maximização do lucro para

garantir a continuidade dos negócios e retorno de capital aos acionistas, no cumprimento das

leis, no anseio de fazer o que é considerado ético pela sociedade e no engajamento na

resolução dos problemas sociais que podem ser resolvidos por elas. (CARROLL, 1979;

MACEDO, 2010; SOARES, 2008; GADELHA, 2010).

Fonte: Elaboração do autor.

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59

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo exibe o método utilizado para a realização da pesquisa, apresentando o

tipo de pesquisa, os participantes, bem como o processo de coleta de dados, instrumento de

coleta, categorias de estudo, análise e tratamento dos dados e a caracterização do campo de

pesquisa, visando à elucidação da questão-problema deste trabalho.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Devido à complexidade da temática Responsabilidade Social Empresarial, em que a

análise necessita de um maior número de elementos e inter-relações, verificou-se a

necessidade de uma pesquisa que procurasse entender o fenômeno segundo as perspectivas

dos participantes da situação estudada, visando, desse modo, evidenciar as percepções,

motivações e práticas das organizações acerca do tema, optou-se por uma pesquisa

exploratória e descritiva.

Sendo assim, dentre os tipos de pesquisas existentes, quanto aos objetivos, as

pesquisas exploratórias possuem, segundo Gil (2011, p. 27), “[...] como principal finalidade

desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias.” O autor afirma complementarmente

que as pesquisas exploratórias “habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e

documental.” Esse tipo de pesquisa é orientado para análise e categorização das características

organizacionais das entidades que incorporam algum tipo de prática empresarial a sua gestão.

Quanto ao caráter descritivo, Gil (2011, p. 44) comenta que “as pesquisas deste tipo tem como

objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno.”

Nesse sentido, buscou-se promover uma descrição acerca das características do segmento

pesquisado e suas práticas sociais, com o intuito de promover o entendimento dos gestores

envolvidos frente às ações sociais.

O método de abordagem do problema em estudo é o que caracteriza o aspecto

científico de uma pesquisa. Dessa forma, quanto à abordagem do problema, planejou-se e

executou-se uma pesquisa de natureza qualitativa, que, de acordo com Viera e Zouain (2006,

p. 17) “pode ser definida como a que se fundamenta principalmente em análises qualitativas,

caracterizando-se, em princípio, pela não-utilização de instrumental estatístico na análise dos

dados”.

Discorrendo sobre o método qualitativo, Marconi e Lakatos (2004, p. 267)

ressaltam:

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60

O método qualitativo difere do quantitativo não só por não empregar

instrumentos estatísticos, mas também pela forma de coleta e análise dos

dados. A metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar

aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento

humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos,

atitudes, tendências de comportamento etc.

Quanto aos meios, foi realizado um estudo multicaso, tendo em vista que este conduz

uma classificação que se alicerça na capacidade de analisar profundamente a questão de

pesquisa em um contexto de poucas indústrias (GIL, 2011), as quais, no caso desta

investigação, situam-se na região metropolitana de Natal-RN, nas cidades de Parnamirim,

Macaíba, Extremoz e Ceará-mirim.

O estudo multicaso envolveu, em acréscimo, a necessidade de estudar-se as ações

sociais de cada segmento e as percepções e motivações de seus gestores sobre elas. Esse tipo

de estudo permite uma análise mais profundada das empresas estudadas, proporcionando um

maior conhecimento do objeto da pesquisa. Nesse processo, surgiu a necessidade de

realização de entrevistas semiestruturadas junto aos gestores das micro e pequenas empresas

do setor de água mineral.

3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA

Esta pesquisa foi realizada eme nove indústrias do segmento de água mineral da região

metropolitana de Natal/RN cadastradas no Sindicato das Indústrias de Cervejas,

Refrigerantes, Águas Minerais e Bebidas em Geral do Estado do Rio Grande do Norte

(SICRAMIRN), tendo como participantes nove gestores3 que foram entrevistados, sendo um

em cada organização. Embora existam 15 empresas do segmento na Região Metropolitana de

Natal, em virtude da lacuna no número de estudos sobre Responsabilidade Social Empresarial

(RSE) em micro e pequenas empresas foi viável estudar as nove indústrias entres as citadas.

Para classificação das empresas quanto ao porte, foi utilizado o critério do número de

funcionários, classificação utilizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena

Empresa (SEBRAE). Na indústria, considera-se Microempresa aquelas que possuem um

quadro funcional de 05 a 19 funcionários, e Empresa de Pequeno Porte, de 20 a 99

colaboradores (ETHOS; SEBRAE, 2003). Consequentemente, entre as nove estudadas, sete

foram enquadradas como Empresa de Pequeno Porte – EPP e duas, como Microempresa –

ME.

3Para efeito do presente estudo, os gestores das nove indústrias pesquisadas são os gerentes ou proprietários.

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Quanto às indústrias estudadas utilizou-se de uma nomenclatura abreviada, tendo em

vista resguardar o sigilo das empresas participantes. No estudo, foram entrevistados os

gestores, designados conforme codificação abaixo:

NOMENCLATURA ABREVIADADA SIGNIFICADO

GEPP1 Gestor da Empresa de Pequeno Porte 1

GEPP2 Gestor da Empresa de Pequeno Porte 2

Gestor da Microempresa 2 GME3 Gestor da Microempresa 3

GME4 Gestor da Microempresa 4

GEPP5 Gestor da Empresa de Pequeno Porte 5

GEPP6 Gestor da Empresa de Pequeno Porte 6

GEPP7 Gestor da Empresa de Pequeno Porte 7

GEPP8 Gestor da Empresa de Pequeno Porte 8

GEPP9 Gestor da Empresa de Pequeno Porte 9

Optou-se pelas indústrias estudadas, por sugestão da Gerência de Responsabilidade

Social do Serviço Social da Indústria do Rio Grande do Norte (SESI-RN), que sinalizou a

existência de ações de RSE desenvolvidas pelas organizações do segmento. Diante da

necessidade de identificar as práticas, de acordo com o proposto no referencial teórico da

pesquisa, assim como os aspectos conceituais de RSE evidenciados na literatura voltada para

as micro e pequenas empresas, foram selecionadas as organizações elencadas no Quadro 5,

representadas pelos gestores.

Entre as seis empresas não pesquisadas, a primeira indústria não funciona no estado do

Rio Grande do Norte, devido a um problema de interdição da área, funcionando apenas com a

distribuição; outra não se enquadra no critério de micro e pequena empresa estabelecido na

pesquisa; a terceira não está trabalhando com água mineral, apenas com refrigerantes. Quanto

às demais empresas, não se obteve acesso, pois os gestores não apresentaram interesse em

participar do estudo.

Dessa forma, construiu-se uma amostragem por acessibilidade que, conforme Gil

(2011), o pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso. No caso do estudo, as nove

indústrias que representam o universo, sendo este tipo de amostragem apropriado em estudos

exploratórios ou qualitativos, onde não é requerido elevado nível de precisão.

Quadro 5 – Nomenclatura dos participantes

Fonte: Elaboração do autor.

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62

3.3 COLETA DE DADOS

Na presente pesquisa, foram coletados dados do tipo primário, por meio de roteiro de

entrevistas semiestruturadas. Segundo Mattar (1996), os dados primários são entendidos como

aqueles que nunca foram coletados, mas que, a partir de sua coleta, possuem a tarefa de

atender às necessidades específicas da pesquisa.

Antes do processo de coleta de dados, foi realizada a análise prévia com quatro

empresas de ramos diferenciados, selecionando-se duas microempresas e duas empresas de

pequeno porte com o intuito de testar a eficácia do instrumento de coleta de dados. Para

Marconi e Lakatos (1991, p. 228), o processos da análise prévia “[...] é sempre aplicado para

uma amostra reduzida, cujo processo de seleção é idêntico ao previsto para a execução da

pesquisa, mas os elementos entrevistados não poderão figurar na amostra final.” ”. Em relação

ao tamanho dos participantes da análise prévia, Hair (2005, p. 130) afirma que “o menor

numero pode ser de quatro ou cinco indivíduos e o maior não excederá 30." Destaca-se que

ocorreram adaptações no instrumento de pesquisa como a eliminação e inserção de perguntas,

assim como a redação dos questionamentos para adequação e atendimento dos objetivos

específicos.

O processo de coleta de dados consistiu na realização de entrevistas semiestruturadas,

abordando os diversos fatores relacionados aos conceitos basilares do tema, permitindo

perguntas abertas durante a realização, o que possibilitou a obtenção dos dados essenciais

para consecução dos objetivos propostos.

O contato com as empresas pesquisadas ocorreu por meio do Presidente da Comissão

Temática de Responsabilidade Social da FIERN (CORES), que disponibilizou as informações

para marcação das visitas as empresas. Nesse contato, foram solicitados os endereços de

correio eletrônico, pessoais ou institucionais, para, posteriormente, serem enviadas mensagens

aos gestores apresentando-se o tema, o objetivo geral e os objetivos específicos da pesquisa,

além de sua importância para o segmento, para o pesquisador e para o mundo acadêmico.

As entrevistas foram realizadas presencialmente pelo pesquisador, nas empresas objeto

deste estudo, mediante autorização expressa dos entrevistados quanto à gravação. No processo

de entrevistas, foram acrescentadas interrogativas pertinentes ao tema, de acordo com as

repostas dos entrevistados. Elas foram gravadas e transcritas na íntegra para posterior

organização das respostas e categorização, de acordo com os objetivos da pesquisa.

Nas entrevistas semiestruturadas, é possível conhecer algumas características e ter

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63

maior interação com a realidade dos informantes, constituindo-se, nas pesquisas qualitativas,

em um dos principais instrumentos de coleta de dados (BARDIN, 2004).

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

O instrumento utilizado baseia-se em um roteiro de entrevista semiestruturado que

partiu de questionamentos básicos, apoiados nos modelos de instrumento de coleta de dados

de Oliveira (2010), cujo título é “Responsabilidade Social Empresarial: percepções e práticas

do empresariado salineiro do Rio Grande do Norte”, e na dissertação de Macedo (2010),

intitulada “Diagnóstico das percepções de responsabilidade social empresarial a partir do

modelo tridimensional de performance social: o caso de uma empresa do setor Têxtil”.

O roteiro da entrevista está estruturado em três partes. A primeira é constituída por um

questionamento que visa verificar o conceito de Responsabilidade Social Empresarial (RSE),

na percepção dos gestores das micro e pequenas empresas do segmento de água mineral da

região metropolitana de Natal, Rio Grande do Norte – RN. A segunda parte é formada por

cinco questões que visam identificar as práticas de RSE desenvolvidas pelas micro e pequenas

empresas do segmento. Por fim, a terceira parte apresenta três questões abertas e tem por

finalidade identificar as motivações dos empresários do setor para o desenvolvimento da

Responsabilidade Social Empresarial.

3.5 CATEGORAIS ANALÍTICAS

Para uma eficiente utilização da literatura acerca do tema e planejando responder aos

objetivos propostos, foram criadas categorias de estudo e subcategorias, que possibilitaram,

em associação com a revisão de literatura, uma adequada análise dos resultados, conforme o

Quadro 6:

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS

CONCEITO

Conceito acerca de Responsabilidade Social Empresarial;

Responsabilidade Social Empresarial interna e externa; Modelo

Tridimensional de Performance Social de Carrol (1979).

Quadro 6 – Categorias e subcategorias da RSE

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64

PRÁTICAS

Princípios do Pacto Global: respeitar e proteger os direitos humanos;

impedir violações de direitos humanos; apoiar a liberdade de associação

no trabalho; abolir o trabalho forçado; abolir o trabalho infantil; eliminar

a discriminação no ambiente de trabalho; apoiar uma abordagem

preventiva aos desafios ambientais; promover a responsabilidade

ambiental; encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente e

combater a corrupção em todas as suas formas inclusive extorsão e

propina.

As sete diretrizes do Instituto Ethos: adoção de valores e trabalho com

transparência; valorização de empregados e colaboradores; fazer sempre

mais pelo meio ambiente; envolver parceiros e fornecedores; proteger

clientes e consumidores; promover a comunidade; comprometer-se com

o bem comum.

Modelo Tridimensional de Performance Social de Carrol (1979):

categorias de RSE – econômica, legal, ética, filantrópica. Ações ou

programas de RSE – consumo, meio ambiente, discriminação; segurança

do produto; segurança do trabalho; acionista. Comportamento de

Resposta – reativo, defensivo, acomodativo, proativo.

.

MOTIVAÇÕES

Vaidade/reconhecimento; valores éticos, morais, pessoais e religiosos;

culpa; Benefícios Fiscais; filantropia estratégica; pressão da sociedade;

resultados financeiros para empresa; Marketing; imagem reputacional da

empresa; recursos humanos.

Salienta-se que as categorias da pesquisa foram criadas previamente e as subcategorias

agrupadas conforme relação com estas, a fim de facilitar o procedimento do tratamento dos

dados encontrados.

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados foram tratados de forma qualitativa, por meio da análise de conteúdo.

Consoante Vergara (2008, p. 15), “a análise de conteúdo é considerada uma técnica para o

tratamento de dados que visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado

tema”.

Como qualquer método, a análise de conteúdo implica certas etapas e, baseados em

Bardin (2004), são elas: a pré-análise; a exploração do material e o tratamento dos dados,

inferência e interpretação.

A pré-análise consistiu na seleção dos documentos e na coleta das informações por

meio das entrevistas semiestruturada, transcritas e submetidas à análise prévia do seu

conteúdo de forma ampla e geral, conforme os objetivos da pesquisa.

Fonte: Elaboração do autor.

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65

Na exploração do material efetuaram-se operações de recorte de trechos em unidades

comparáveis de categorização para análise temática e da modalidade de codificação para

registro dos dados, com base no modelo conceitual de Carroll (1979) e na teoria sobre

conceitos, práticas e motivações de RSE.

Ainda no processo de exploração do material visando à análise dos dados, fez-se

necessário a construção do Quadro 7, em que se pôde fazer uma associação entre categorias

prévias, os objetivos e as questões de pesquisas utilizadas no instrumento de coleta de dados,

o que possibilitou maior eficiência nas respostas aos objetivos propostos na pesquisa.

CATEGORIAS PRÉVIAS OBJETIVOS ESPECIFICOS QUESTÕES

CONCEITO

Verificar o conceito que os gestores

das micro e pequenas empresas do

segmento de água mineral têm

acerca da Responsabilidade Social

Empresarial.

1. O que você entende por

Responsabilidade Social

Empresarial?

PRÁTICAS

Identificar as práticas de

Responsabilidade Social

Empresarial desenvolvidas pelas

micro e pequenas empresas do

segmento;

2. Como define a relação da

empresa que dirige com o

poder público, clientes,

fornecedores e comunidade?

3. Que políticas de recursos

humanos são desenvolvidas

para o corpo funcional?

4. Há na empresa projetos

sociais e/ou ambientais?

5. A empresa possui alguma

certificação de qualidade?

6. A empresa possui algum

tipo de política de

Responsabilidade Social?

MOTIVAÇÕES

Identificar as motivações dos

gestores do setor para o

desenvolvimento da

Responsabilidade Social

Empresarial.

7.O que levou a empresa a

adotar tais políticas de

recursos humanos?

8.O que levou a empresa a

buscar a certificação de

qualidade?

9.O que levou a empresa a

adotar as práticas citadas?

A fase de tratamento dos dados obtidos consistiu no procedimento de interpretação

pormenorizada de cada categoria, relativamente aos aspectos abordados na literatura e

Quadro 7 – Associação entre categorias, objetivos e questões de pesquisa

Fonte: elaboração do autor.

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66

conforme o modelo conceitual de Carroll (1979), sendo efetuadas relações da conceituação

teórica com as informações coletadas.

A análise de conteúdo possibilitou uma melhor interpretação dos dados que foram

coletados, visto que “na pesquisa de caráter qualitativo, o pesquisador, ao encerrar sua coleta

de dados, se depara com uma quantidade imensa de notas de pesquisa ou de depoimentos, que

se materializam na forma de textos, os quais terão de organizar para depois interpretar”

(ROESCH, 2007, p. 169).

Ressalta-se que, para o entendimento das percepções, práticas e motivações, a análise

de conteúdo constitui-se como uma técnica de análise de dados útil, sobretudo em pesquisas

qualitativas, devido à necessidade de sistematização de procedimentos (VIEIRA; ZOUAIN,

2005).

3.7 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DA PESQUISA

O setor mineral compreende diversas atividades e, dentre estas, está a indústria de

água mineral. A peculiaridade desta indústria é a exploração de um bem natural escasso e

vital para a humanidade: a água. Sabe-se que, da água existente no planeta, 97,6% é água

salgada e 2,4% é água doce. Desta, 79% é encontrada sob a forma de geleiras, 20,96% são

subterrâneas e 0,04% encontra-se sob a forma de rios e lagos (BRASIL, 2009).

De acordo com o Código de Águas do Brasil, o decreto nº 24.643, de 10 de julho de

1934, são consideradas águas minerais naturais aquelas provenientes de fontes naturais ou de

fontes artificialmente captadas que possuam composição química ou propriedades físicas ou

físico-químicas distintas das águas comuns, com características que lhes confiram uma ação

medicamentosa.

O Estado do Rio Grande do Norte é rico em diversos ramos de mercado, o da água

mineral é um deles. Segundo dados do Sindicato das Indústrias de Cerveja, Refrigerantes,

Águas Minerais e Bebidas do RN (SICRAMIRN) são 21 empresas atuando no mercado

potiguar. Sendo que 15 empresas estão localizadas na Grande Natal/RN (SICRAMIRN, 2012)

Ainda, segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o Brasil

possui um grande potencial de água mineral a ser ainda explorado, e o Rio Grande do Norte é

destaque por possuir uma qualidade em água mineral muito boa, atraindo investidores

interessados em explorar o mercado.

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67

Atualmente, a maior quantidade de fontes encontra-se situada nos municípios de

Macaíba, Parnamirim, Ceará-Mirim e Extremoz, que fazem parte da região metropolitana de

Natal, e a principal forma de comercialização da água mineral é em garrafões de 20 litros

(SICRAMIRN, 2012).

De acordo com a Subcoordenadoria de Vigilância Sanitária (SUVISA), a água mineral

produzida, envasada e consumida em Natal e região é de boa qualidade e atende às normas

especificadas pela Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Segundo informações do SICRAMIRN, desde 2004, vem sendo implementadas ações

estruturantes e estratégicas, sempre contemplando a implantação de programas de qualidade,

capacitações, pesquisa de mercado, estudo bibliográfico, campanhas de marketing, campanhas

educativas, estudo de proteção ambiental, seminários, enfim, existe todo um planejamento

sendo executado para melhoria das indústrias do setor, em um mercado muito competitivo

(SICRAMIRN, 2012).

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68

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O presente capítulo apresenta os resultados da pesquisa. Inicialmente, é exposto o

conceito de Responsabilidade Social Empresarial, na percepção dos empresários das micro e

pequenas empresas do segmento de água mineral da Grande Natal/RN, relacionando-o com as

definições da temática proposta no trabalho. Sequencialmente, apresentam-se as práticas de

RSE desenvolvidas pelas empresas do segmento, analisando-as à luz da literatura elencada na

pesquisa; e, por fim, identificam-se as motivações para o desenvolvimento de tais ações,

baseando a análise no referencial teórico abordado.

4.1 CONCEITO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

A maioria dos entrevistados do segmento apresentou percepções que se coadunam

com vertentes propostas na definição de Melo Neto e Froes (1999), com o que versa o

Instituto Ethos (ETHOS) e o Serviço e Apoio a Micro e Pequena Empresa (SEBRAE), tendo

sido citados em seus discursos o compromisso com a sociedade e, em especial, com as

comunidades onde estão inseridas.

Foi enfatizada pelos gestores a questão da corresponsabilidade das empresas no

desenvolvimento social, conforme trechos transcritos do GEPP2: “Nós doamos água, vamos

deixar lá. Essa é a Responsabilidade Social Empresarial. Sempre atuando em parceria com a

comunidade.” Analisando o corpus fornecido pelos demais gestores, é possível encontrar

semelhante concepção na fala do GME3, quando este diz: “a empresa, por menor que seja,

deverá contribuir para a melhoria, não só dos colaboradores, mas da sociedade onde ela está

instalada e da sociedade em geral. Eu, particularmente, acho que é mais, onde ela está

instalada”. Em perspectiva semelhante, tem-se a fala do GEPP6, que entende “a

Responsabilidade Social Empresarial consiste na contribuição da empresa para sociedade”, o

que é repetido pelo GEPP8, afirmando, sinteticamente: “a RSE é fazer algo que contribua

com a sociedade”.

Nessa etapa, o retorno à comunidade onde estão instaladas as empresas foi um aspecto

ressaltado, conforme trechos destacados, ratificando o evidenciado na literatura, em que a

organização é motivada a dialogar com aqueles que estão próximos a ela, ao seu redor e

incorporar os seus objetivos da comunidade na gestão organizacional, sempre dentro das

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possibilidades da empresa, no que se refere à disponibilidade de recurso para tal fim (ETHOS,

SEBRAE; 2003). Em direcionamento análogo, essa concepção foi corroborada pelo GEPP2:

Mesmo assim, da maneira como podemos na questão financeira, nós sempre

estamos presentes na comunidade, para você ter uma ideia, quando nós

chegamos aqui, há 08 anos, nós notamos nesses 08 anos um crescimento,

porque de uma certa forma, nós empregamos pessoas dessas comunidades e

temos o prazer de emprega-los e tê-los próximos da gente, eles cuidam da

empresa e também deles mesmos.

Verifica-se, adicionalmente, nos conteúdos dos discursos acima, que algumas

empresas atrelam-se ao conceito de RSE externa, destacado também por Melo Neto e Froes

(1999), cujo foco está voltado para o comprometimento da empresa com o público externo,

com ações que evidenciem a preocupação com a comunidade em seu entorno e com a

sociedade em geral. Esta é a percepção conceitual de maior amplitude, sendo citada por

grande parte dos entrevistados, não havendo sido a mais ressaltada pelos gestores das

indústrias pesquisadas.

Ancorando-se na definição de Melo Neto e Froes (1999), que ressalta a importância do

investimento no bem-estar dos funcionários e dos seus dependentes e num ambiente de

trabalho agradável, observou-se que a percepção dos gestores denota que a RSE interna tem

como prioridade as atividades regulares da empresa, saúde e segurança dos funcionários e

qualidade do ambiente de trabalho voltada para a gestão de pessoas.

Nós estamos agregando isso no recrutamento, na seleção, na permanência de

alguns funcionários, então, o que empresa entende por Responsabilidade

Social Empresarial, resumidamente é isso. Na verdade, Responsabilidade

Social Empresarial, pelo que entendemos, ela explode e não implode, ela

tem que partir de dentro pra fora. (GEPP5).

Fazendo intra, dentro da própria empresa, dando uma melhor condição ao

pessoal e, consequentemente, gerando um produto de melhor qualidade.

Temos que ter um pessoal capacitado e treinado, essa ação oferece algo para

empresa e para eles, pois adquirem algo de melhor, em termos financeiros e

gera o benefício social. (GEPP6).

Ela começa no interior da empresa, com os próprios colaboradores, com a

forma como ela lida com seus insumos, com seu pessoal. São políticas que

pensam na sociedade a partir do público interno para o externo. Não se

restringe, ao externo, mas começando dentro da empresa. Um espiral que

começa interna e vai abrangendo tudo, mas começando dentro da empresa,

no cuidado com os colaboradores e ambiente interno. (GEPP7).

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Na percepção do GEPP1, a Responsabilidade Social é vista como estratégia social,

como um investimento que trará retorno financeiro para a empresa, compartilhando da ideia

de que a RSE ultrapassa as exigências legais, inserindo-se como mecanismo de obtenção de

lucro, coadunando com Dias (2010), que entende que as iniciativas da Responsabilidade

Social Empresarial vão além da obrigação de cumprir a legislação, seja ela em matéria

ambiental ou social, enfatizando, assim, o aspecto econômico, finalidade primordial dos

negócios empresariais, assim como se observa no seguinte trecho:

É um investimento interno. Uma Estratégia social. Assim, investir na

Responsabilidade Social, nos projetos sociais, é como investir no marketing.

A RSE vai além da legislação. Uma empresa socialmente responsável já está

bem além da legislação. (GEPP1).

Discorrendo sobre as motivações para a efetivação da RSE, o GME4 igualmente

enfatizou a questão econômica, tendo em vista que a razão da existência das organizações é a

produção de bens e serviços e geração de riqueza, decorrendo as demais responsabilidades

dessa função principal (CARROLL, 1979). No intuito de obter lucro, surge,

consequentemente, a responsabilidade legal, ética e filantrópica, confirmando o que elenca

Soares (2008) e Macedo (2010), como se depreende do trecho seguinte: “Sim, nós só

trabalhamos com pessoas próximas a empresa, pois é bom pra ambas as partes e tem o custo

benefício. E como a maioria mora aqui próximo, vindo inclusive a pé.” (GME4)

Embora grande parte dos gestores entrevistados tenha apresentado, em seus

depoimentos, conhecimento sobre o assunto, o GME4 iniciou suas colocações afirmando que

não tinha uma definição clara sobre o conceito, conforme evidenciado a seguir: “É até

novidade, pois você tá nomeando uma coisa que talvez a gente faça, mas não sei, não saberia

dar o nome, talvez a gente faça e não saiba.” Em uma das formulações do GEPP5, verificou-

se a ideia de que não se consegue conceituar a RSE, corroborando com o GME4:

A Responsabilidade Social Empresarial é um tema ainda novo, é um mundo

desconhecido para nós brasileiros. Quando eu digo, para nós brasileiros, os

que não vivenciam isso. Talvez, exista essa prática em alguns pontos, até por

parte do governo, mas pela ignorância e falta de conhecimento da população,

não saibamos disso. Não conseguimos identificá-la.

Em continuidade, pontua-se que alguns respondentes encontram-se em um processo de

conscientização quanto à maneira como encaram a RSE, não sabendo defini-la com precisão.

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Entretanto, apresentam posturas que demonstram uma preocupação com a temática, tendo em

vista que é um assunto tratado pela mídia, principalmente quando se fala em sustentabilidade,

como se observou nos trechos a seguir: (1) “A Responsabilidade Social Empresarial, ela

engloba a preocupação com a sociedade em várias questões, inclusive e principalmente, eu

diria, na questão ambiental (GEPP5)”; (2) “Não sei que se enquadra em Responsabilidade

Social, as coisas estão acontecendo, estamos em aprendizado e outras coisas de outras

empresas, vamos colocando aqui. Temos consciência que isso é bom.” (GME3).

Observou-se que as percepções abrangem diversos aspectos de RSE, conforme os

discursos destacados, que vão desde a preocupação com obtenção do lucro ao retorno à

sociedade, por meio de ações de caráter voluntário. Verificaram-se, na percepção da maioria

dos entrevistados, similaridades, como o engajamento voluntário das organizações com a

resolução de problemas sociais considerados pontuais, isto é, aqueles que são de cunho

meramente filantrópico. Na perspectiva apontada por Soares (2008) e Macedo (2010), essas

responsabilidades incluem atividades que não são impostas às empresas, nem por lei, normas

éticas ou por necessidades econômicas.

Da análise dos depoimentos dos gestores entrevistados, verificaram-se as distintas

percepções sobre a natureza e os limites das responsabilidades que a empresa deve ter perante

a sociedade. Os GEPP1 e GEPP7 demonstraram possuir um conceito mais claro e que se

aproxima do conceito dado por Carrol (1979), assim como o do Instituto Ethos e do

SEBRAE, conseguindo mostrar as visões que eles devem ter acerca do papel da empresa na

comunidade, para se firmarem como organizações socialmente responsáveis, corroborando

com Oliveira (2010), o qual versa que, para isso, é necessário que elas estejam envolvidas não

apenas no lucro, mas também inseridas como sistema social que recebe interferências de

outros envolvidos nas suas relações, tais como: escola, família e o próprio território em que

estão instaladas.

Consoante Carrol (1979), a maneira como as empresas se posicionam quantos às

práticas de RSE refere-se às estratégias de resposta delas diante das questões sociais

suscitadas. A partir das respostas dos gestores, ficaram evidenciados os seguintes resultados:

os GEPP1 e GEPP7 entendem o conceito de forma ampla, caracterizado de forma proativa,

em que a Responsabilidade Social Empresarial insere-se no conceito que engloba quase todas

as subdimensões do modelo conceitual proposto no estudo, sejam elas: econômica, legal, ética

e voluntária. Eles estão preocupadas com o consumo, o meio ambiente, a segurança do

produto e do trabalho. Ambos os gestores possuem uma visão ampla de RSE, desenvolvendo-

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a como forma de se manter no mercado e simultaneamente cumprindo seu papel social, a

exemplo do que pode ser observado nos trechos que se seguem:

Aqui nós já evoluímos, o aspecto interno e externo. Aqui se segue

rigorosamente a legislação, não somente a legislação, pois a RSE vai além

da legislação. Uma empresa socialmente responsável já está bem além da

legislação. [...] Então, o ganho que você começa a ter. (GEPP1).

Na verdade entendo por RSE todas as ações que a empresa vai tomar, toda

política de cuidado com a sociedade, mas isso não quer dizer

especificamente com a sociedade externa à empresa, pois alguns pensam que

as ações tem que ser de cuidado com o meio ambiente e com a comunidade,

mas ao meu ver ela começa no interior da empresa, com os próprios

colaboradores, com a forma como ela lida com seus insumos. Então eu

entendo como um espiral que começa no interior da empresa e vai

abrangendo seu entorno e a sociedade como um todo, de um modo geral.

São políticas que pensam na sociedade a partir do público interno para o

externo. Não se restringe, ao externo, mas começando dentro da empresa.

Sim, inclusive imbuídas em nossa missão. (GEPP7).

No outro polo, os GEPP2, GME3, GME4, GEPP5, GEPP6, GEPP8 e GEPP9

apresentaram percepções que evidenciam que estão num processo de conscientização, sem a

definição clara do que é Responsabilidade Social Empresarial, conforme visto anteriormente

em seus discursos. Para Ashley et al. (2005), a RSE é um conceito vasto apresentando

distintas concepções. Desse modo, percebem-se, no discurso dos empresários, percepções

distintas, no entanto, que culminam para o retorno da empresa em direção à sociedade e aos

atores internos que contribuem para o desenvolvimento de suas atividades. Alinhando-se à

fundamentação teórica da literatura utilizada, os gestores sentem dificuldade em defini-la, mas

apontam para pontos comuns que são o alicerce das diversas definições, sejam elas de RSE

interna ou externa.

4.2 PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

As práticas de Responsabilidade Social Empresarial, nas micro e pequenas empresas

pesquisadas, foram identificadas a partir da análise das respostas dos entrevistados.

Há um distanciamento entre aquilo que os gestores consideram práticas de RSE e as

políticas institucionalizadas, uma vez que afirmam que as desenvolvem, porém não

consideram políticas, a exemplo das falas do GME4 em que diz: “temos práticas sem saber

nomeá-las”. Em direção similar, o GME3 postula:

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[...] mas na verdade, já fazíamos a reciclagem por consciência. Eu não

incentivei a fazer para receber o brinde. Mas sim, por que já é uma prática da

empresa. A partir da ideia, eles já juntam mais, ao invés de jogar as tampas

no lixo, eles já colocam no lugar certo, no balde certo. Nós fazemos, mas

não está formalizado em papel.

É observado a partir das respostas dos entrevistados que não há uma clara definição do

que algumas empresas efetivamente estão desempenhando e como identificá-las entre práticas

sociais. Enquanto alguns gestores apresentam diversas ações de RSE, em sua maneira de gerir

o negócio sem estabelecerem como projetos, outros avançam no sentido de formalizá-las,

tornando-as como parte da missão da empresa, realizando o que diz a primeira diretriz do

Instituto Ethos, que aponta que as práticas sociais devem estar nos objetivos e na missão da

organização. Dessa forma, nota-se uma discrepância na forma como se estabelecem tais

posturas em suas realidades organizacionais, conforme transcrito a seguir:

Sim, inclusive imbuídas em nossa missão, mudamos a missão para satisfazer

os clientes, promovendo o desenvolvimento das pessoas. Então, em nossa

missão, já está a RSE, por isso em nosso código de ética temos uma politica

institucionalizada, pois todos os colaboradores têm ciência, passam por um

processo de socialização ao entrar na empresa e nós lemos junto com eles e

existem as próprias normas da empresa, de um modo geral, e as normas

setoriais que pontuam as questões de SER. (GEPP7).

A exposição deste último gestor confirma o que a primeira diretriz sinaliza, indicando

a existência de um documento formal, uma espécie de normativo que norteia a atuação das

empresas, tanto em suas ações internas, quanto nas externas. O GEPP7 discorreu,

complementarmente, sobre o código de ética da empresa na qual é gestor:

Inclusive, nós implantamos um código de ética e conduta que ele coloca

como a empresa percebe e como ela vai se relacionar com a comunidade,

clientes, fornecedores, como estaremos lidando e como vão ser norteadoras

estas relações.

Seguindo na análise das entrevistas com os gestores, nota-se que existem diversas

práticas adotadas nas empresas do segmento. Não obstante, carece-se de institucionalização

das ações realizadas, ocorrendo no discurso certa dificuldade de nomeá-las. Contudo, ao

analisar-se, a partir das sete diretrizes propostas pelo Instituto Ethos, consegue-se identificar

no cotidiano empresarial a presença da RSE. As diretrizes envolvem adoção de valores e

trabalho com transparência; a valorização dos empregados e colaboradores; fazer sempre mais

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pelo meio ambiente; envolver parceiros, fornecedores e concorrentes; proteger clientes e

consumidores; promover a comunidade e comprometer-se com o bem comum (ETHOS;

SEBRAE, 2003).

De acordo com Mattioli (2012), as empresas que encaram a RSE como estratégia

social e forma de obter lucro e aquelas que veem como marketing empresarial e forma de

alcançar resultados financeiros, já se encontram num estágio mais avançado, utilizando-se de

tais práticas para envolver toda a cadeia de valor, os stakeholders, no processo de

desenvolvimento organizacional.

O GEPP1 citou ações que refletem responsabilidade econômica, que dialogam com o

modelo de Carroll (1979):

Assim, investir na RSE, nos projetos sociais, é como investir no marketing,

na tecnologia e na inovação, dando o mesmo peso, porque vemos que temos

a máquina, o marketing [...] Então, é um componente novo e quem já

despertou para isso leva uma vantagem competitiva. (GEPP1).

De uma forma mais abrangente, o GEPP7 enfatizou políticas de RSE que englobam

todas as categorias de RSE, isto é, apresentou um discurso que se coaduna com uma das

vertentes propostas por Carrol (1979) que abrange os aspectos econômicos, éticos, legais e

filantrópicos.

[...] todas as questões éticas e legais envolvidas e com todos os atores e

também as parcerias com as instituições públicas que são importantes para

nós no sentido de algumas ações. [...] Temos a reciclagem, não reciclando

mais com coleta seletiva, em parceria com alguns colaboradores, dando

destino ao lixo.” [...] Temos algumas ações de patrocínio, de participação na

comunidade, em evento de ordem pública e privada.

Em outra direção, aqueles que atribuem às ações apenas um caráter ético, de acordo

com Carroll (1979), realizam as atividades em suas rotinas empresariais, norteadas pela

conscientização de que este é o posicionamento correto no mundo empresarial, aproximando-

se mais da ética. Este comportamento está ligado ao que preceitua a primeira diretriz do

Instituto Ethos, a qual consiste na adoção de valores e trabalho com transparência, com

conscientização de ser a forma correta de comportar no cenário empresarial.

Vale destacar a fala do GEPP5 em que se ressaltam as responsabilidades legal e ética,

com ênfase na ética, conforme trecho transcrito a seguir:

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A legislação é algo, como disse Jesus: “dai a César o que é de César e a

Deus o que é de Deus.” Então, a legislação é de Cesar e teremos que praticá-

la invariavelmente. E a Deus o que é de Deus, é o que nós podemos fazer,

independente do que nos é cobrado, imposto. Fazer além do que é cobrado.

(GEPP5).

A fala citada mostra a questão do cumprimento da legislação, ressaltando a

preocupação em fazer o que é justo e correto, ultrapassando as exigências impostas pela lei.

A segunda diretriz da Responsabilidade Social Empresarial relaciona-se à valorização

dos empregados e colaboradores, estando vinculada à gestão de pessoas na organização

(ETHOS; SEBRAE,2003). Assim, todos os gestores das empresas pesquisadas apontam para

a preocupação com o cumprimento desse direcionamento, com o desenvolvimento de ações

voltadas para o público interno, para as pessoas que compõem a organização, confirmando o

que afirma Melo Neto e Brennand (2001). Tais medidas vão desde o cumprimento da

legislação a incentivos que melhoram o desempenho no trabalho.

As ações elencadas anteriormente, somadas à preocupação com a saúde, ao bem-estar

e à segurança dos funcionários, bem como com a oferta de treinamento, o incentivo e o

desenvolvimento de talentos, o apoio à educação dos empregados e de seus familiares foram

verificadas nos discursos dos gestores.

Trabalhamos treinamentos para funcionários. Aqui temos espaço para

descanso. Nós alfabetizamos, aqui, todos os funcionários que não sabiam ler

e escrever. Temos o circuito saúde – que verifica o peso, sangue, glicose e já

funciona, e não são exames exigidos legalmente não, são outros. (GEPP1).

Resolvemos aderir ao SESI; cada funcionário faz anualmente os exames

periódicos e cada um tem uma carteirinha; Temos treinamentos internos e

incentivamos a participação em cursos no SESI. As reuniões são mensais e

sempre nos preocupamos com a saúde deles e com a prevenção de acidentes.

(GEPP2).

Na fala do GME3, há também a incidência dos itens relatados acima, quando ele diz:

“temos refeitório para almoço e café da manhã. É fornecido pela empresa, sem nenhum

desconto. A questão é que todo o início de ano fazem os exames e, se tiver algum tipo de

doença, fornecemos medicamentos e os que tomaram, repetem os exames”. Em continuidade

e em similitude, os demais gestores discorrem:

Atualmente temos o refeitório, damos o almoço e não descontamos. Não

descontamos, dessa forma é um benefício. O funcionário tem que sentir que

aqui é a segunda casa dele... não preocupado apenas em produzir, mas

também preocupado com o bem-estar dele. (GME4).

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[...] um trabalho de incentivo de reconhecimento que é o colaborador

destaque. Estamos oferecendo a SESI clínica. Na verdade, nós fazemos o

seguinte, a passagem que é obrigação da empresa fornecer e cobrar os 6%,

nós não cobramos os 6%. Fornecemos refeições diárias: café, jantar e

almoço, também não descontamos nada. Inclusive, temos alojamento e

entregamos fardas limpas. (GEPP5).

Dentro do plano de capacitação que temos aqui, ao capacitar esse

funcionário, o remuneramos melhor. Por exemplo, no Natal fornecemos uma

cesta natalina completa e confraternização, na qual a família dele participa

do evento, pois se fosse uma festa, ele não traria a família, dessa forma nós

fazemos atividades que envolvam ele e a família. (GEPP6).

Com relação ao nosso público interno, nós temos a educação continuada,

incentivo à qualidade de vida. Incentivo à educação dos colaboradores.

Temos parcerias com instituições de ensino externas, como: faculdades,

instituições técnicas profissionalizantes, com descontos para nossos

funcionários poderem fazer e se aprimorar. (GEPP7).

Segundo Candil (2010), a segunda diretriz da RSE está voltada para proteção dos empregados

de condições insalubres e indignas. Carroll (1979) trata desse aspecto nas ações que visam a

segurança do trabalho e objetivam à proteção física dos funcionários, devendo proporcionar

um ambiente de trabalho seguro, tomando medidas adequadas para prevenir acidentes e danos

à saúde dos funcionários.

O GEPP2, o GME4 e o GEPP5 destacaram as medidas voltadas para a segurança do

trabalho, como na fala do primeiro e do último, respectivamente: “Temos a CIPA, as reuniões

são mensais e sempre nos preocupamos com a saúde deles e com a prevenção de acidentes”;

“Temos o CIPAMIN, com reuniões mensais, toda segunda quarta-feira do mês, eu sou o

presidente da CIPA. Na verdade é CIPAMIN.”

No trecho da fala de GME4 destacado a seguir, a mesma temática encontra-se

registrada:

Temos o PCMSO – Programa de Controle médico de Saúde Ocupacional e o

Programa de Prevenção Riscos de Acidentes – PPRA. Isso é obrigatório.

Atendemos a legislação. O médico vem para fazer a avaliação. Fazemos

também exames complementares, são exames anuais. A SUVISA pede tais

exames.

Concernente ao aspecto ambiental, os gestores das empresas enfatizaram a questão da

proteção dada pela legislação, pois as áreas onde se situam as indústrias de água mineral

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devem atender o disposto no Decreto-Lei n º 784/1945, o código de águas minerais que

estabelece normas de proteção às empresas exploradoras de minérios.

Os entrevistados GEPP2, GME4, GEPP8 destacaram a presença do Departamento

Nacional de Produção Mineral (DNPM) como órgão ambiental que determina os critérios de

proteção da área para inserção das empresas que atuam com exploração de minérios.

Ressaltaram a questão da preservação da área, no que se refere às construções, aos

desmatamentos e à preocupação com o lençol freático. Esses aspectos foram, igualmente,

evidenciados nas falas dos gestores entrevistados: “Tudo aqui é área verde, não pode ter

residência próximo à indústria, tem que estar longe dos centros urbanos. Nosso lençol freático

é distante das residências, temos 25 hectares. E o DNPM tem essa reserva protegida”

(GEPP2); “Mas o DNPM nos dá a garantia legal da preservação. Nada de desmatamento,

queimadas, construção. É uma garantia legal” (GME4); “Existe uma lei de área de

preservação ambiental e para colocar uma fonte de água mineral não pode ser em qualquer

lugar, essa área delimita, em que sentido vem o lençol dela, pra ninguém poder fazer nada

próximo” (GEPP8).

Complementando esse aspecto, foi citada a presença dos órgãos fiscalizadores como a

Subcoordenadoria de Vigilância Sanitária (SUVISA) e o Instituto de desenvolvimento

Sustentável e o Meio ambiente (IDEMA), abordando-se a preocupação em atender os

requisitos impostos pelas instituições citadas. Dessa forma, verificou-se uma preocupação

com o aspecto legal, por isso, observa-se a que a vertente ambiental é respeitada apenas pela

exigência legal.

Os GEPP1, GME3 e GEPP7 apresentaram as práticas das empresas que denotam

maior sensibilização quanto ao aspecto ambiental, ressaltando maior comprometimento com o

meio ambiente, com a sustentabilidade, ultrapassando as exigências legais, são ações mais

conscientes e que buscam o desenvolvimento sustentável. Segundo seus relatos, preocupam-

se com a coleta seletiva, com a economia de energia, com a reciclagem e com reutilização de

insumos. Conforme preceitua o Instituto Ethos, na terceira diretriz, é preciso fazer sempre

mais pelo meio ambiente, e os gestores das empresas, quando conscientes, desenvolvem ações

que auxiliam o processo de preservação ambiental e simultaneamente geram ganhos para elas.

O GEPP1 destacou a preocupação com a questão ambiental, em suas ações, afirmando

que visa implantar a ISO 14.000 que trata da sustentabilidade, atendendo ao proposto por

Carrol (1979): “Estamos implantando a ISO 14000, a da sustentabilidade e, até o final do ano,

estaremos com isso implantado.” (GEPP1).

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O GEPP1 demonstra a preocupação com o meio ambiente, atrelada à valorização e

ganho de imagem da empresa, conforme o depoimento destacado:

Aqui nós temos uma mata que é o resto da mata ciliar de Parnamirim e eu

preciso dessa mata preservada. A cada semestre, temos um mutirão de

limpeza da mata que envolve toda a comunidade, existindo assim um clima

favorável e de valorização da empresa nessa região.

Quanto à conscientização para ações de cunho ambiental, destacam-se os discursos

que corroboram com o que versa a literatura proposta pelo Instituto Ethos, a exemplo do que

versa o GME3: “O que sobra como tampa, plástico, papel, colocamos tudo para reciclagem.

Temos informativos nos locais, visando economizar energia e preocupação com desperdício

de água”.

Assumindo inserção nessa temática, o GEPP7 afirma:

Temos as práticas ambientais de incentivo à redução do consumo exagerado

de água, de plástico; temos a coleta seletiva. Ano passado, substituímos

todas as descargas por ecológicas e temos a questão do “adote seu copo”. No

refeitório, da mesma forma, usamos copos reutilizáveis, temos a reutilização

dos efluentes e como a água após o tratamento só é devolvida quando está

inócua, sem material de limpeza ou químico. Então usamos para irrigação,

sendo reutilizada para regar as plantas.

Conforme observado, a preocupação com o meio ambiente decorre não somente das

exigências legais, mas de um processo de conscientização dos gestores e de seu corpo

funcional. São práticas cotidianas que demonstram o cumprimento da diretriz ambiental do

Instituto Ethos, como percebido nos relatos acima destacados.

De acordo com a quarta diretriz, o envolvimento com parceiros e fornecedores

tornam-se essenciais para o bom desenvolvimento de um comportamento empresarial

responsável (ETHOS; SEBRAE, 2003). O GEPP7 destaca a importância do alinhamento de

pensamentos dos fornecedores aos valores que norteiam a atuação da empresa, enfatizando a

importância da escolha de parceiros que compartilhem dos mesmos ideais, visto que, desse

modo, têm-se uma relação sólida e baseada em princípios similares. Essa parceria permite a

solidificação da RSE com os stakeholders, ratificando a proposta do Instituto Ethos.

Ainda tentando envolver todos os atores do sistema, como estaremos lidando

e como vão ser norteadoras estas relações, vem o cuidado de como essas

coisas são produzidas, em relação à exploração e a discriminação e todas as

questões éticas e sociais envolvidas. Também as parcerias com as

instituições públicas que são importantes para nós, no sentido de algumas

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ações. Com relação aos nossos parceiros, clientes e fornecedores, existem

algumas ações mais pontuais e o cuidado de uma seleção, principalmente os

fornecedores que tenham um direcionamento similar ao nosso. (GEPP7).

Considerando as ações que indicam como a organização deve relacionar-se com seus

stakeholders para caracterizar-se como uma empresa socialmente responsável, identifica-se na

adoção de valores que pautam a sua atuação, um compromisso com os consumidores que

objetivam não somente a venda do produto, mas a entrega de um produto de qualidade que

possibilitem confiança àqueles que adquirem o bem fornecido pela empresa. (ETHOS;

SEBRAE, 2003). Conforme Macedo (2010), não é apenas a venda com finalidade lucrativa,

mas a satisfação dos clientes que os recebem.

A ideia mencionado no parágrafo anterior é mais sedimentada quando se trata de

alimento, conforme se observa nos trechos destacados a seguir: “Aqui, nosso ponto

fundamental, não é só a venda da água, nós temos comprometimento com nossos

consumidores, repassando um produto de qualidade altamente eficiente” (GEPP2); “Ver a

aceitação do produto no mercado e fazer com que chegue ao consumidor com qualidade”

(GME4); “Nossa obrigação é melhorar a cada dia a questão da qualidade e ter um bom

produto para atender ao meu cliente, essa questão é uma obrigação mesmo” (GEPP9).

Aprofundando este debate, retoma-se que a questão da qualidade, em detrimento do

valor econômico, está diretamente ligada à quinta diretriz do Instituto Ethos que enfatiza a

proteção de clientes e consumidores como primordiais. Adicionalmente, o desenvolvimento

de produtos e serviços confiáveis em termos de qualidade e segurança, a preocupação com a

saúde dos clientes e a escolha de fornecedores que se alinham as exigências éticas e legais da

empresa, configuram um importante fator nas relações estabelecidas com esses componentes

da cadeia de valor (ETHOS; SEBRAE, 2003). É o que se observa nesta fala:

Nós procuramos trabalhar com insumos que sejam certificados por órgãos

responsáveis, com garantia de qualidade, não só para prestigiar, pra valorizar

o nosso produto, mas também poder oferecê-lo, pois isso faz parte da missão

da empresa que está sendo construída, que é oferecer um produto de

qualidade, superior aos demais oferecidos no mercado, mas com valor

agregado, que seja possível atender as várias camadas que a sociedade tem.

(GEPP5).

Na quinta diretriz do Instituto Ethos, presente no modelo de Carrol1 (1979), na

dimensão Ações e Programas de Responsabilidade Social Empresarial, os gestores

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ressaltaram a segurança do produto, visto que a ênfase no produto produzido e fornecido pelas

indústrias envolvem diversos fatores que vão além das exigências legais e da preocupação

com a qualidade, tem-se um bem de consumo que pode afetar a saúde das pessoas.

Reside nesse contexto a importância de certificações de qualidade nas boas práticas de

fabricação ter sido destacada por todos os respondentes. Evidenciou-se que há uma

preocupação em atender a legislação, porém enfatizou-se a proteção dos consumidores, tendo

em vista os riscos que o alimento mal produzido pode causar à saúde dos seus clientes.

Destacou-se, sob esse prisma, uma das respostas de GEPP2:

Nós temos comprometimento com nossos consumidores, repassando um

produto de qualidade altamente eficiente. Então, por exemplo, desde o ano

passado, nós estamos nesse processo de investimento na qualidade e de

melhoria do processo produtivo [...]. Adotamos o PAS – Programa de

Alimento Seguro, com renovação anual com auditoria; Temos o BPF – Boas

Práticas de Fabricação e o APCC- Análise dos Perigos e Pontos críticos de

Controle, ele é o resultado do BPF, onde veremos os pontos críticos que

trazem risco á qualidade do produto.

Reunindo-se a uma perspectiva semelhante, o GEPP6 e o GEPP7 compreendem:

“Gerando um produto de melhor qualidade, já que a qualidade tem a ver com o inicio da

cadeia de produção [...] Temos o PAS e o BPF e estamos implantando o APPC. A parte de

medicina do trabalho” (GEPP6); “Temos o BPF e o APCC, e estamos para implantar a ISO,

mas caminhando” (GEPP7).

Os gestores ressaltaram que as fontes de água mineral têm se preocupado em atender

normas legais e simultaneamente têm consciência de que trabalham com um produto peculiar.

Essa especificidade é encontrada na literatura e o modelo Carroll (1979) ratifica que as ações

divergem em cada organização. Gadelha (2010) corrobora com essa concepção, enfatizando

que a atuação social das empresas podem divergir, dependendo de sua natureza, característica

e especialidade.

O comprometimento com a quinta diretriz do Instituto Ethos é observada no discurso

do GEPP7, em que a proteção de clientes e consumidores constitui-se requisito para uma

gestão organizacional responsável: “Tentando envolver todos os atores do sistema. Inclusive,

nós implantamos um código de ética e conduta que coloca como a empresa percebe e como

ela vai relacionar-se com a comunidade, clientes, fornecedores” (GEPP7).

O relacionamento com a comunidade, visando à promoção dela, conforme preceitua a

sexta diretriz do Instituto Ethos, foi observada nos discursos de todos os gestores. A ênfase,

sobretudo, predominou em doações, em contribuição com entidades filantrópicas, sem fins

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lucrativos, como: igrejas, escolas, orfanatos, asilos e Organizações não Governamentais

(ONGs). Citadas algumas vezes instituições como a Liga Norte-Riograndense contra o câncer

e a APAE. Ainda foram mencionadas as cotas de patrocínio para eventos de caráter

desportivos e culturais.

O desenvolvimento de ações caracterizadas acima, em concordância com Carroll

(1979), constitui-se como responsabilidade filantrópica das organizações que representa um

envolvimento espontâneo das entidades com a resolução de demandas sociais. A

responsabilidade filantrópica, também denominada voluntária ou discricionária, foi constatada

nas ponderações dos entrevistados transcritas a seguir: “Por exemplo, a igreja, quando tem

alguma festa, sempre fazemos o patrocínio. Nós doamos os pacotes de garrafinhas para eles

venderem e com esse recurso da venda desses pacotes eles melhoram a igreja. Então sempre

acontece assim” (GEPP2); “Quando se pede, nós sempre ajudamos com garrafões junto à

comunidade, mas são ações pontuais. Nós já mandamos fazer um terno de futebol com o

nome da água, com o patrocínio da água” (GME4).

Outros gestores também destacaram ações de cunho meramente filantrópico que

consistem em ações pontuais com vistas a ajudar a comunidade onde estão inseridas, não

havendo obrigação legal, nem de compromisso ético ou moral, apenas o desejo de ajudar, de

forma voluntária, conforme se observa: “Por exemplo, a prefeitura de Macaíba que é um

órgão sério, nós vemos que a secretaria social trabalha muito bem e tem projetos bem

interessantes e sempre que precisa da empresa, nós colaboramos” (GEPP5); “No entanto,

temos algumas parcerias, como exemplo a LIGA contra o Câncer, fazemos doação de água e

hoje trabalhamos com outras parcerias, a APAE de Parnamirim, que é uma associação para

crianças especiais, temos a parceria, fazemos a doação” (GEPP9).

Por exemplo, nós temos uma paróquia no Centro da Cidade da Esperança,

em que, no fim de ano, nós doamos a garrafinha e hoje o garrafão de 20l,

onde nós doamos o produto e eles vendiam, destinada a arrecadação deles.

Acho isso uma ação Social. (GEPP8).

As ações citadas anteriormente são ações pontuais e não constituem projetos sociais

institucionalizados pelas empresas. No entanto, os GEPP1 e GEPP7 destacaram que as

empresas que gerem já possuem políticas institucionalizadas de Responsabilidade Social

Empresarial com alguns projetos em execução que refletem a preocupação com a

comunidade.

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O GEPP1 nomeou alguns projetos sociais como: Ações Sociais em Escolas;

Apresentação Coral Solar; Abertura do Teatro Boa Esperança; Confraternização Formandos;

Apresentação Escola Edmo P. Pinto; Confraternização Coral Solar; Apresentação Coral Solar

II; Cozinha Brasil; Futebol Escola Edmo P. Pinto e Teatro Prof. Homero.

Compondo esse panorama de ações concretas, o GEPP7 destacou ações e projetos:

Temos algumas ações de patrocínio, de participação na comunidade, em

eventos de ordem pública e privada. Por exemplo: a prefeitura de Macaíba

vai fazer uma ação, nós enviamos produtos e estamos sempre em

comunicação com esses órgãos, com ONGS e a própria empresa tem em seu

calendário fixo de eventos o dia do sorvete, uma ação para comunidade.

Ele ainda destacou que sempre recebem visitas de instituições de ensino, escolas da

região, em que são convidadas as instituições, não só para visitar, mas também para um dia de

lazer. O gestor evidenciou a importância da parceria com instituições de ensino, ressaltando

que a empresa abre as portas para as universidades, escolas profissionalizantes.

Os demais gestores enfatizaram que, sempre que procurados, doam o produto para

ajudar na manutenção de algum projeto social da comunidade onde estão inseridas as

empresas. Sempre reforçando que são ações pontuais, embora algumas sejam sistemáticas e

tenham caráter de projetos sociais, no qual já se tem recursos financeiros destinados para

aquelas ações, no caso das indústrias dos GEPP1 e GEPP7.

Verificou-se uma boa relação das empresas com as comunidades, constatando que

todas relatam desenvolver ações que sedimentam a presença das empresas nos locais onde

estão situadas, sendo as empresas de pequeno porte mais atuantes que as microempresas, já

que estas últimas têm práticas que se voltam mais para o público interno, como pontua

GEPP1: “O que temos nessa escola de bom é o relacionamento junto à comunidade, pois a

cada semestre temos um mutirão de limpeza da mata, você traz a criança e ela chega a casa

comentando, então o ganho que você começa a ter.”

Apenas um gestor, o GME3, destacou a importância do atendimento de todos os

públicos da empresa, demonstrando uma preocupação com a acessibilidade, com as pessoas

portadoras de necessidades especiais, que, embora seja uma exigência legal, não foi citada

pelos demais entrevistados. Dessa forma, destaca-se a subcategoria discriminação que

compõe as ações e programas do modelo de Carroll (1979) e referenda o proposto no sexto

princípio do Pacto Global, que prevê a eliminação da discriminação no ambiente de trabalho:

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“Como você viu, já temos acesso a cadeirantes, os vestiários e banheiros também foram

adaptados para cadeirantes.” (GME3).

As práticas adotadas pela maioria das empresas pesquisadas, embora, ainda que de

forma pontual, denotem o comprometimento social com o bem comum da coletividade,

inserindo-se instrumentos de transformação social que contribuem para a construção de uma

sociedade mais justa e pautada em valores éticos e o compromisso de contribuição daqueles

que constituem a cadeia: clientes, fornecedores, funcionários e o governo, em busca do

benefício para toda a comunidade, isso sempre vinculado ao processo de geração de riqueza e

como consequência desta, o retorno a todos os stakeholders (ETHOS; SEBRAE, 2003).

De acordo com as respostas dos entrevistados, as empresas pesquisadas possuem

práticas de RSE interna. Algumas já se encontram com projetos institucionalizados voltados

para o público externo, com práticas de cunho mais abrangentes. Outras têm práticas que

refletem apenas o compromisso legal. Por fim, há de se enfatizar que algumas empresas não

apresentaram políticas institucionalizadas de RSE, porém todas revelam, pelo menos,

encontrar-se no processo de conscientização com ações pontuais.

4.3 MOTIVADORES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

Ao investigar os motivadores da Responsabilidade Social em cada empresa estudada,

os gestores das micro e pequenas empresas evidenciaram os motivadores apresentados na

literatura, e, em sua maioria, estão ligados à filantropia. No entanto, observaram-se, em alguns

casos, razões particulares, principalmente entre aqueles que destacaram políticas

institucionalizadas, voltadas para público interno e externo que percebem a RSE como

estratégia empresarial, no caso os GEPP1 e GEPP7.

O GEPP1 evidenciou como motivador principal para as ações de RSE a busca de

resultados financeiros, melhora de indicadores internos, a produtividade e ganhos na imagem

reputacional da empresa, corroborando com o que versa Alessio (2008).

Eu invisto em RSE, não como uma questão filantrópica, mas sim para

melhorar meus indicadores, meus resultados internos de desempenho.

Melhorar o absenteísmo, o presenteismo, menos quebra nos equipamentos,

menos desperdício na produção. Então, é visando dar um ambiente que possa

melhorar a minha produtividade. (GEPP1)

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Observa-se na fala do GEPP1 uma clara definição das motivações pautada na busca de

resultados, evidenciando a motivação da gestão orientada para a Responsabilidade Social

Empresarial na destinação de recursos para fins sociais como forma de estratégia empresarial,

com o objetivo de as empresas obterem vantagens competitivas e sustentabilidade para seus

empreendimentos (FREGUETE, 2011).

Adicionalmente, essa ideia é ressaltada na fala do GEPP1: “temos projetos novos e

hoje a nossa gestão é voltada para resultados. E buscando resultados, nós fazemos a aplicação

da estratégia social”. Ele também atrela a melhora da imagem reputacional da empresa,

afirmando que agrega valor a marca, corroborando com Alessio (2008), conforme explanado

a seguir: “Assim, investir na RSE, nos projetos sociais, é como investir no marketing. Gera

vantagem competitiva. As pessoas da comunidade engajadas nas ações sociais da empresa

divulgam e levam o valor da empresa junto ao público externo” (GEPP1).

Inserindo-se nesse debate específico e ampliando sua compreensão, o GEPP7 entende

o conceito de Responsabilidade Social Empresarial de forma mais abrangente e elencou como

motivador também a busca de resultados com vistas a manter-se estável no mercado. O

entrevistado encara como um investimento que trará retorno para a empresa e para os demais

envolvidos, consoante trecho registrado a seguir:

A empresa tem que ter consciência que este é um investimento, mas as

práticas vão além da questão de marketing, pois eles garantem a estabilidade

da empresa, pois se elas não se preocuparem em melhorar a qualidade de

vida de seus funcionários, dos que compõem a empresa, estamos fadados ao

fracasso; então, não é questão de RSE, mas de sobrevivência no mercado de

investir nesse tipo de prática. (GEPP7).

O GME4, embora adote práticas que caracterizam a filantropia, com pequenas ações,

também enfatizou a questão econômica, a busca de resultados como motivador e citou, ainda,

a lógica da relação de troca do sistema capitalista, conforme depoimentos a seguir:

Ajudar a comunidade, divulga a empresa e melhora os resultados, pois se o

faturamento aumenta, a empresa dá retorno com mais investimentos. Num

deixa de ser aquela velha lógica do capitalismo, a troca de favores, sempre

por baixo temos a lógica do capitalismo, a barganha, relação de troca. Eu

estou fazendo isso por que temos tido retorno e isso bate na finalidade da

empresa que é o lucro. (GME4).

Os discursos acima ratificam a conclusão de Oelrich (2009) de que a ação social traz

benefícios financeiros para empresa. As práticas de RSE buscam melhorar a imagem

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reputacional, sendo mais importante que o próprio desenvolvimento das atividades sociais, na

visão de alguns gestores e empresários. A fala do GME4 também ratifica o proposto por

Carroll (1979) e corroborado por Barbiere e Cajazeiras (2009), para os quais o primordial das

organizações é a lucratividade, sendo as demais funções decorrentes, como a função legal, a

ética e filantrópica.

Em sequência, entre os motivadores, os GEPP2 e GME3 destacaram a ajuda ao

próximo, atrelado ao conceito de princípios e valores; dessa forma, observou-se um caráter

filantrópico nas motivações dos empresários. Isso só confirma o afirmado por Kother (2007),

que elenca a obrigação moral de ajudar como forma de motivação para adoção de práticas de

RSE.

O GEPP2 demostrou preocupação com o próximo como primordial para o

desenvolvimento de ações sociais internas e externas, conforme relatado: “Se você é feliz

dentro da sua empresa, você olha para as pessoas que não têm tanto acesso à felicidade e

procura ajudá-las. É solidariedade com a comunidade. [...] é a preocupação com o próximo e

está ligado a princípios e a valores dos gestores” (GEPP2).

Observa-se, aditivamente, na fala do GEPP2 acima elencada e no trecho em que se

manifestou GME3 a seguir, a preocupação em ajudar o próximo e a questão da

conscientização quanto à necessidade da empresa que possui riqueza, poder contribuir com a

sociedade. Ele afirma que se sente bem ao fazer isso. Verificou-se também no discurso a

religiosidade dos entrevistados, corroborando com resultados de Hui (2008), que associa a

RSE a uma responsabilidade social cristã: “Mas o principal intuito seria ajudar, pois quando

ajudamos nos sentimos bem. A motivação é ajudar as outras pessoas” (GME3).

Compondo esse painel de análise das entrevistas, o discurso transcrito

subsequentemente traz, em complementaridade, a ideia de ajudar o próximo como fator para

prática de RSE:

Mas nós procuramos fazer em benefício, em procurar ajudar. Por que lá da

cidade da Esperança, nós somos conhecidos e lá nós queremos ajudar. No

sentido da doação, era para ajudar, pois o pessoal é carente, visamos ajudar.

(GEPP8).

Depreende-se, de acordo com a fala do entrevistado uma preocupação em ajudar,

porque são conhecidos na comunidade. De fato, o reconhecimento é um fator advindo das

ações de RSE, ratificando o apresentado por Pereira (2007), constata-se que gestores sentem-

se lisonjeados com seus nomes vinculados a doações e participações em ações sociais.

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Os aspectos ético e moral podem ser mais bem observados no trecho de uma das

respostas do GEPP5, em que destaca a importância de se fazer as coisas certas, de forma

correta para conquistar um fim legítimo, evidenciando que não se deve usar de motivações

incorretas e meios ilegítimos para alcançar o lucro.

Mas o importante na busca do resultado não é alcançá-lo, mas como alcançá-

lo. Como caminhar. Então, o mais importante são os valores. O resultado é

consequência. Para mim, mais importante do que chegar, é como chegar.

Aqui partimos dos valores, da cultura da organização.

Não obstante, é necessário observar que, mesmo com a motivação pautada em valores

dos gestores, consolida-se o posicionamento da empresa em questões que vão além do mundo

organizacional, pois a ética e os valores morais são primordiais nas relações com os

stakeholders, fortalecendo a cadeia, as relações sociais, e, conforme Vieira (2006), essa

interação é basilar na construção da imagem para seus parceiros de negócios e para a

constituição bons de relacionamentos.

No que se refere às motivações para o desenvolvimento de práticas de RSE que

beneficiam o corpo funcional das micro e pequenas empresas pesquisadas, o motivador

preponderante divergiu entre alguns gestores. Os GME3 e GME4 destacaram o cumprimento

de exigências legais como o fator preponderante, conforme relatos desses entrevistados. O

GME3 afirma que ocorreram tentativas de implantação de práticas que os beneficiassem, com

vistas a oferecer melhor qualidade de vida e desempenho no trabalho. No entanto, foram

tentativas frustradas, posto que não contaram com adesão dos empregados. Dessa forma, a

empresa alega que apenas cumpre as exigências legais.

Tivemos um período, nós fornecíamos cesta básica para o funcionário que

não faltava, aí tinha direito, mas não deu certo, pois ficavam meses sem a

distribuição. Aqui para todos os funcionários, nós dávamos o almoço e o

café, com o passar do tempo, eles fizeram com que tirássemos a motivação,

pois eles dão um pouquinho de trabalho e aí nós terminamos querendo fazer

o bem e não conseguimos devido a eles mesmos. Então, cumprimos apenas o

que a lei manda.

O GME4 acredita que a qualidade de vida e o bem-estar dos funcionários são

importantes para melhoria do processo produtivo, para andamento das atividades da empresa,

mas que age dessa forma devido às exigências de órgãos fiscalizadores e de organizações não

governamentais que têm sempre enfatizado a questão dos direitos humanos, conforme orienta

o pacto global. Ressalta ainda que fazem o básico pelos funcionários, devido a problemas

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financeiros. Não obstante, desejam melhorar à medida que tiverem melhores resultados

financeiros, conforme transcrição da fala seguinte:

Atendemos a legislação. Acho que a cobrança dos órgãos fiscais que se

preocupam com o funcionário e até ONGS que trabalham em prol do

funcionário ajudam a melhorar a qualidade de vida dos funcionários dentro

da empresa. Nas empresas pequenas, o funcionário trabalha mais do que o

horário combinado. Como temos SESI, sempre preocupado com o

funcionário, essas organizações têm contribuído para minimizar as

sobrecargas dos funcionários. (GME4).

Em outra direção, os GEPP1, GEPP2, GEPP6 e GEPP9 enfatizaram que as práticas de

gestão de pessoas estão focadas na questão da produtividade. Investe-se no desenvolvimento

de pessoas buscando a melhoria do processo produtivo. Essa é a motivação, conforme relatos

transcritos:

Melhorar o absenteísmo, o presenteismo. Ver que temos um componente

chamado gente e esse componente precisa ser trabalhado para que possam

operacionalizar melhor os outros componentes citados. Quanto mais

qualidade, o pessoal trabalha mais motivado e tem menos erros no processo.

(GEPP1).

O GEPP2 complementa o rol de motivação do qual fazem parte os demais gestores

cujas falas estão registradas subsequentemente: “Nos preocupamos muito com eles, temos um

compromisso, pois se eles vão bem, a empresa irá bem também.”

Ele tem que estar bem preparado, pois se não tiver noção da operação

danificará meu equipamento, se não tiver bem de saúde poderá contaminar

meu produto. Então, obviamente com o benefício das ações, você tem um

grupo mais coeso, satisfeito e com interesse de produzir.(GEPP6).

Se capacitamos para exercer a função, ambos estão sendo beneficiados, eles

e a empresa, então, assim, nesse sentido temos a via de mão dupla, pois se

capacito tenho um retorno melhor e ele também, então é bom para os dois

lados. (GEPP9).

Estes posicionamentos referendam o pensamento de Borger (2001), em que as práticas

de gestão de recursos humanos nas empresas que atuam, orientadas pela responsabilidade

social, objetivam melhorar a imagem que o empregado tem da empresa, afetando de forma

positiva o clima organizacional, o processo produtivo, motivando e estimulando os

empregados que sentem orgulho em trabalhar nestas empresas.

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De acordo com Kother (2007), os motivos que levam as empresas a prática de RSE,

são: obrigação de ajudar o próximo, manter ou melhorar status social e prestígio, influência

religiosa, autossatisfação psíquica e benefícios financeiros. Assim, os resultados referendam o

exposto pelo autor que elenca razões que vão desde o compromisso moral de ajudar o

próximo até a busca de benefícios financeiros.

Consoante Candil (2010) e dados de uma pesquisa do IPEA (2001), quanto maior o

porte da empresa, maior o seu grau de participação na ações sociais, assim como o conceito

dos gestores é mais abrangente e atual, considerando, ainda, algumas especificidades, como o

ramo da atividades desenvolvida, consoante ficou evidenciado nos resultados encontrados.

Objetivando facilitar a visualização dos principais resultados encontrados, construiu-se

o Quadro 8, onde apresentam-se os gestores das empresas pesquisadas e a percepção sobre o

conceito de RSE, as práticas adotadas e a motivações dos participantes da pesquisa. Conforme

os resultados apresentado surgiu a necessidade de apresentar separarmos em três grupos,

considerando o número de funcionários.

NUMÉRO DE

FUNCIONÁRIOS GESTORES CONCEITO PRÁTICAS MOTIVAÇÕES

De 50 a 99

funcionários

GEPP1 E

GEPP7

Estratégia

Social;

compromisso

com todos os

stakeholders.

Econômica, legal, ética e

filantrópica; segurança do

produto e trabalho; RSE

interna voltada para o bem

estar dos funcionários;

Envolvimento com todos

os stakeholders.

Melhoria da imagem

reputacional; aumentar

resultados financeiros.

De 20 a 49

funcionários

GEPP2,

GEPP5,

GEPP6,

GEPP8 e

GEPP9

Compromisso

social; retorno

às

comunidades

onde estão

inseridas;

filantropia.

Retorno à comunidade;

Filantropia; RSE interna

voltada para o bem estar

dos funcionários;

cumprimento de exigências

legais; segurança do

produto e trabalho.

Ajudar o próximo;

valores dos gestores;

questões éticas e legais; e

filantropia.

De 1 a 19

funcionários

GME3 e

GME4

Não têm um

conceito claro

acerca do

tema;

Compromisso

social, em

processo de

conscientizaçã

o; retorno às

comunidades

onde estão

inseridas;

filantropia.

Retorno à comunidade;

Filantropia; cumprimento

de exigências legais;

segurança do produto e

trabalho.

Cumprimento de exigências

legais; Ajudar o próximo;

valores dos gestores;

questões éticas e filantropia.

Quadro 8 – Principais resultados encontrados

Fonte: Elaboração do autor.

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Em síntese, os resultados apontam que o GME4 não dispõe de um conceito claro

acerca do tema, o GME3 vê como compromisso social, porém, ainda encontra-se em processo

de conscientização, os GEPP2, GEPP5, GEPP6, GEPP8, GEPP9 encaram como compromisso

social, e as indústrias dos gestores citados adotam práticas consideradas como RSE que

englobam ações pontuais de retorno à comunidade onde estão inseridas, cumprimento de

exigências legais, comportamento ético, com ênfase na filantropia, ressaltando-se a RSE

interna voltada para o bem-estar dos funcionários.

Os GEPP1 e GEPP7 encontrem-se num estágio mais avançado quanto entendimento

do conceito, encarando-o como estratégia social, as práticas das indústrias são voltadas para

todos os stakeholders, motivados pela busca de resultados financeiros e melhoria da imagem

reputacional.

Enquanto os GEPP2, GME3, GEPP5, GEPP6, GEPP8, GEPP9 que percebem a RSE

como compromisso social; retorno às comunidades onde estão inseridas e filantropia e o

GME4 que não tem um conceito claro sobre o assunto, estes são motivados pela ajuda ao

próximo; valores dos gestores; questões éticas e legais e filantropia. As práticas adotadas por

todas as indústrias ratificam o proposto por Carroll (1979).

Por fim, verificou-se que, quanto mais funcionários a empresa possui e maior o porte

dela, o conceito dos gestores aproxima-se da definição atual e das ações propostas pelo

Instituto Ethos em parceria com Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE)

para caraterização de uma empresa socialmente responsável e constatou-se que as motivações

apresentam divergências entre os gestores estudados.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo propôs compreender a Responsabilidade Social Empresarial (RSE)

na percepção dos gestores das micro e pequenas empresas do segmento de água mineral da

região metropolitana de Natal, Rio Grande do Norte – RN. Os atributos foram analisados,

consoante à literatura acerca da temática. Verificaram-se, o conceito, as práticas e motivações

de Responsabilidade Social Empresarial dos gestores das empresas estudadas, à luz do

referencial teórico abordado.

Os resultados encontrados apontam que gestores das empresas estudadas entendem a

RSE como compromisso social com a sociedade, em especial, com as comunidades onde

estão inseridas, sendo evidenciado o comprometimento com o público externo; no entanto,

sendo destacada com maior ênfase a preocupação com o público interno, em que a RSE

começa internamente, para posteriormente tomar dimensões externas. Alguns gestores

evidenciaram a RSE como estratégia social que visa alinhar-se ao pensamento de manutenção

num mercado competitivo. Acrescenta-se o fato de que um gestor não soube definir a RSE,

embora aponte para ações direcionadas ao assunto e encontre-se em processo de

conscientização.

As práticas de Responsabilidade Social Empresarial apresentadas pelas micro e

pequenas empresas, onde foi realizada a pesquisa, divergiram de acordo com a percepção que

os empresários têm acerca da temática. Os gestores que a entendem como compromisso social

ressaltam o desenvolvimento de ações pontuais no que se refere às atuações externas, que se

caracterizam por doação a entidades sem fins lucrativos e patrocínio de eventos,

caracterizando a filantropia, bem como apenas ao atendimento da legislação. Alguns gestores

destacaram, igualmente, o aspecto ético. Há outro grupo de empresas que encaram a RSE

como estratégia social têm políticas institucionalizadas que beneficiam toda sua cadeia de

valor. Referente às ações no âmbito interno, as empresas apresentam posturas similares de

valorização dos empregados, embora algumas ainda no processo gradual.

Ainda quanto às práticas adotadas, em se tratando de ações e programas de RSE,

verificou-se a importância dada à segurança do produto e do trabalho. Apenas um gestor

destacou a questão da discriminação nessa subdimensão, que versa sobre as ações de RSE que

devem alcançam todos os públicos, independente de cor, raça, religião e sexo. Outro

entrevistado destacou a preocupação com o meio ambiente e com a sustentabilidade.

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Quanto às motivações, os empresários das micro e pequenas empresas evidenciaram

os motivadores, em sua maioria, ligados a filantropia. No entanto, observaram-se, em alguns

casos, razões particulares, principalmente entre aqueles que destacaram políticas

institucionalizadas voltadas para público interno e externo que percebem a RSE como

estratégia empresarial, destacando a busca por resultados financeiros e melhoria da imagem

reputacional. Ressalva-se que empresas que enxergam a RSE como compromisso social

destacaram a ética, princípios e valores morais dos gestores, evidenciando a ajuda ao próximo

como motivação principal para adoção das práticas.

Dessa forma, após a análise dos resultados da pesquisa, confirmou-se que a

Responsabilidade Social Empresarial apresenta distintas percepções, tendo em vista ser um

conceito com distintos posicionamentos e que tem se aprimorado ao longo dos tempos.

Acresce-se a isso o fato das empresas pesquisadas vivenciarem realidades organizacionais

peculiares, em que algumas estão em processo de conscientização, embora algumas já se

encontrem em estágios mais avançados. No aspecto motivacional, ratificou-se a filantropia

como mola propulsora das ações, embora algumas ressaltem a busca por resultados

financeiros. As percepções e motivações alinham-se com as práticas que se coadunam como

as dimensões propostas no modelo de Carroll (1979).

A principal limitação apontada no estudo foi a acessibilidade aos gestores das

empresas, visto que alguns não aceitaram o convite para participação na pesquisa, alegando

que não dispunham de tempo para respondê-las. Alguns citaram que poderiam responder

questionários, via e-mail, porém não poderiam fazer entrevistas presenciais.

Como sugestão de trabalhos futuros, a pesquisa poderá ser efetuada envolvendo todos

os componentes da cadeia de valor, stakeholders, tendo em vista que, nesta pesquisa, apenas

verificaram-se os posicionamentos dos gestores das empresas estudadas.

A análise do conceito de RSE, na percepção dos gestores do segmento estudado, assim

como das motivações e das práticas dos empresários do setor servirá como referência para

inclusão de ações que visem o desenvolvimento de atividades organizacionais ligadas a RSE,

bem como implantação de políticas, contribuindo também para a produção de conhecimento

em Ciências da Administração, na área de Gestão Estratégica de Pessoas, uma vez que se

vincula à área do comportamento das organizações.

Nessa perspectiva, o estudo contribui para adoção de políticas de RSE nas

organizações pesquisadas e serve de base para posteriores trabalhos realizados nas micro e

pequenas empresas de outros ramos, envolvendo demais stakeholders.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE PESQUISA: ROTEIROS DE ENTREVISTA

Roteiro de Entrevista Individual Semiestruturado para gestores baseado na Tese

OLIVEIRA, Carla Montefusco de. Responsabilidade Social Empresarial: percepções e

práticas do empresariado salineiro do Rio Grande do Norte. Natal, 2010 e dissertação de

MACÊDO, Nívea Marcela M. Nascimento. Diagnóstico das percepções de

responsabilidade social empresarial a partir do modelo tridimensional de performance

social: o caso de uma empresa do setor Têxtil. João Pessoa: 2010.

TÍTULO DO ESTUDO: RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UM

ESTUDO EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO SEGMENTO DE ÁGUA

MINERAL DA GRANDE NATAL/RN.

PESQUISADOR: Adelmo Torquato da Silva

ORIENTADORA: Profª Drª Fernanda Fernandes Gurgel

Guia Para entrevista

Agradecimentos ao Entrevistado;

1. Comentários sobre a pesquisa:

Instituição da Pesquisa: Universidade Potiguar – UNP;

Sujeitos participantes: gestores das empresas do Segmento de Água Mineral da

Grande Natal/RN

Relevância da Pesquisa.

2. Explicação do Uso de informações:

Os procedimentos adotados na pesquisa asseguram os meio confidenciais e de

privacidade;

Garantia de esclarecimento, antes, durante e depois sobre a metodologia a ser

utilizada;

Liberdade de os sujeitos recursar a participar ou retirar seu consentimento.

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APÊNDICE A - QUESTÕES DA ENTREVISTA

1. O que você entende por Responsabilidade Social Empresarial?

2. Como é a relação da empresa que dirige com o poder público, clientes, fornecedores e

comunidade?

3. Quais práticas /ações de Responsabilidade Social Empresarial desenvolvidas pela

empresa?

4. Quais práticas de recursos humanos são desenvolvidas para o corpo funcional?

5. Há na empresa projetos sociais e/ou ambientais? Quais?

6. A empresa possui alguma certificação de qualidade? Prêmios? Quais? Fale-me.

7. O que levou a empresa a adotar práticas de R S E?

8. O que levou a empresa a adotar políticas de Recursos humanos?

9. O que levou a empresa a buscar a certificação de qualidade?

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APÊNDICE B – E-mail enviado as empresas

Caro Gestor (a),

Meu nome é Adelmo Torquato da Silva, sou aluno do mestrado profissional em

Administração da Universidade Potiguar - UNP e estou realizando uma pesquisa intitulada:

"RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: PERCEPÇÕES, MOTIVAÇÕES

E PRÁTICAS DO EMPRESARIADO DO SEGMENTO DE ÁGUA MINERAL DA

GRANDE NATAL/RN”, sob a orientação da Professora Fernanda Fernandes Gurgel, que

tem como objetivo geral: Compreender a Responsabilidade Social Empresarial, na percepção

dos gestores das micro e pequenas empresas do segmento de água mineral da região

metropolitana de Natal, Rio Grande do Norte – RN.

Tendo em vista que o instrumento da pesquisa é a entrevista semiestruturada, gostaria de

marcar uma reunião para tratarmos da temática em questão e possível gravação da entrevista.

Desde já agradeço a atenção e ressalto a importância que estará dando mundo para o

desenvolvimento da pesquisa que contribuirá para o segmento, para o pesquisador e para o

mundo acadêmico.

Atenciosamente,