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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA TECNOLOGIA WIRELESS APLICADA A SEGURANÇA EM CÉLULAS DE MANUFATURA Área de Engenharia Elétrica por Michael Ribas de Alcantara Nania Débora Meyhofer Ferreira, MSc Orientador Campinas (SP), Novembro de 2009

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE ENGENHARIA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/1734.pdf · tecnologia em aplicações de segurança em específico, de máquinas

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

TECNOLOGIA WIRELESS APLICADA A SEGURANÇA EM CÉLULAS DE MANUFATURA

Área de Engenharia Elétrica

por

Michael Ribas de Alcantara Nania

Débora Meyhofer Ferreira, MSc Orientador

Campinas (SP), Novembro de 2009

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

TECNOLOGIA WIRELESS APLICADA A SEGURANÇA EM CÉLULAS DE MANUFATURA

Área de Engenharia Elétrica

por

Michael Ribas de Alcantara Nania Relatório apresentado à Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Elétrica para análise e aprovação. Orientador: Débora Meyhofer Ferreira, MSc

Campinas (SP), Novembro de 2009

ii

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................ iii LISTA DE FIGURAS ............................................................................. iv

LISTA DE TABELAS .............................................................................. v

LISTA DE FOTOGRAFIAS .................................................................. vi RESUMO ................................................................................................ vii ABSTRACT ........................................................................................... viii 1. INTRODUÇÃO.................................................................................... 1

1.1. OBJETIVOS ..................................................................................................... 1 1.1.1. Objetivo Geral ................................................................................................ 1 1.1.2. Objetivos Específicos...................................................................................... 1 1.2. METODOLOGIA ............................................................................................. 2

1.3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................ 3

2. Ambiente Industrial ............................................................................. 3 2.1.1. Células de Manufatura .................................................................................. 5

3. TEORIA SOBRE SEGURANÇA DE MÁQUINAS .......................... 8

4. SISTEMAS INSTRUMENTADOS DE SEGURANÇA – SIS ........ 12 4.1. CLASSES DE INTEGRIDADE ..................................................................... 12

5. HISTÓRICO DAS APLICAÇÕES WIRELESS ............................. 15 5.1. EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS WIRELESS .......................................... 16 5.2. CONCEITO DE REDES E TOPOLOGIAS DE DISPOSITIVOS INDUSTRIAIS SEM FIO. ..................................................................................... 18 5.3. PADRÕES IEEE UTILIZADOS NA INDÚSTRIA ...................................... 19 5.4. CODIFICAÇÃO UTILIZADA PELOS DISPOSITIVOS WIRELESS ...... 21 5.4.1 FREQUENCY HOPPING SPREAD SPECTRUM (FHSS) ....................... 22 5.4.2 PADRÃO DIRECT SEQUENCE SPREAD SPECTRUM (DSSS) ............ 22

6. ESTUDO DE RISCO DE UMA MÁQUINA EM UMA CÉLULA DE MANUFATURA UTILIZANDO DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA WIRELESS ................................................................... 24

7. CONCLUSÃO .................................................................................... 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 30 ANEXO I – NBR 13759 – SEGURANÇA DE MÁQUINAS – EQUIPAMENTOS DE PARADA DE EMERGÊNCIA.......................32

iii

LISTA DE ABREVIATURAS

TCC Trabalho de Conclusão de Curso USF Universidade São Francisco NR Norma Regulamentadora CLT Consolidação das Leis do Trabalho DSST Diretor de Saúde e Segurança no Trabalho NBR Norma Brasileira Regulamentadora ISO Internacional Organization for Standardization CLP Controlador Lógico Programável ART Anotação de Responsabilidade Técnica NF Normalmente Fechados EN Norma Européia MS Mili segundos SIL Nível de Integridade de Segurança ISA Associação Internacional de Automação IEC Comissão Internacional de Eletrotécnica AM Amplitude Modulation FM Frequency Modulation kHz Kilo Hertz MHz Mega Hertz W Watts mA Mili Ampere mV Mili Volt ISM Industrial Scientific e Medical GHz Giga Hertz IEEE Institute for Electrical and Eletronic Engineers WAN Wide Area Network MAN Metropolitan Area Network LAN Local Area Network PAN Personal Area Network RFID Radio Frequency Indentification DSSS Direct Spread Spectrum Sequence MAC Media Access Control UNII Unlicensed National Information Infrastructure ZR Zigbee Router ZC Zigbee Coordinator ZED Zigbee End Device FHSS Frequency Hopping Spread Spectrum PCMCIA Personal Computer Memory Card International Association

iv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Aplicação wireless na indústria Fonte: Apostila [9].............................................................5 Figura 2. Exemplo de uma célula de manufatura flexível Fonte: Adaptado Nortegubisian (2009)....6 Figura 3. Layout focalizado de processo Fonte: Nortegubisian (2009)...............................................7 Figura 4. Layouy focalizado do produto Fonte: Nortegubisian (2009)...............................................8 Figura 5. Exemplo de um relé de segurança para proteção de um sistema de manufatura Fonte: Adaptado Plitz (2009)..........................................................................................................................9 Figura 6. Relé de Segurança: (a) Botão de emergência (b)................................................................11 Figura 7. Módulo transmissor de wireless Fonte: Pepper Fuchs (2009)............................................17 Figura 8. Topologias utilizadas pela tecnologia Zigbee Fonte: Wikiac (2009)..................................20 Figura 9. Comparação do Zigbee com outras tecnologias wireless Fonte: Wikiac (2009)................21 Figura 10. Frequência de comunicação dos equipamentos atuais Fonte: Apostila [1].......................23 Figura 11. Tela de software de medição de sinal Fonte: Acervo próprio...........................................27

v

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Desempenho de Segurança ............................................................................................. 13 Tabela 2. Classe de integridade para um projeto SIS ...................................................................... 13

vi

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 1. Rádio modem utilizado para conexão ponto a ponto ......................................................... 26 Foto 2. Painel (a) Máquina (b) antes da instalação dos dispositivos wireless....................................28

vii

RESUMO

RIBAS DE ALCANTARA, Michael. Tecnologia Wireless Aplicada a Segurança em Células de Manufatura. Campinas, 2009. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade São Francisco, Campinas, 2009. Nos últimos anos, a preocupação com a integridade física dos colaboradores nas organizações aparece como um item não somente importante, mas também mandatório. Nesta direção, são ainda mais rigorosas as leis e normas que permitem e regulamentam as empresas e os equipamentos a funcionarem garantindo a segurança de trabalhadores que nelas operam. Em busca de melhores resultados em produtividade e “zero acidentes”, são grandes os esforços na implementação de tecnologias que possam nortear estas metas. Eliminando os riscos, trazendo ao trabalho várias formas de oferecer segurança ao operador e a própria máquina. A automação industrial vem de encontro com as normas e leis que regem a segurança do trabalho dentro das organizações, determinando característica que devem ocorrer e ter nos processos com sistemas nos quais permitem a prática com uma maior segurança. O principal intuito desse projeto é analisar as evoluções tecnológicas. Os sistemas de segurança em células de manufatura utilizando a tecnologia wireless, que estão apresentados ao longo do trabalho, retratando como serão possíveis as práticas, suas características e ainda suas limitações atuais. Demonstrar a operacionalização com o sistema sem fio aumenta a eficiência, maximiza a produção, melhora condições de segurança, material e humana. Palavras-chave: Wireless. Segurança. Sensores. Máquinas.

viii

ABSTRACT

In recent years, concern for the physical integrity of employees in organizations appears as an item not only important but mandatory. In this sense, are even more stringent laws and regulations that permit and regulate the business and operate equipment to ensure safety of workers who operate them. In search of better results in productivity and "zero accidents" are great efforts in the implementation of technologies that can guide these goals. Eliminating the risks, bringing the work several ways to provide security to the operator and the machine itself. Industrial automation is against the rules and laws governing workplace safety within the organization, determining feature that should occur and processes have on the system and practice of greater security. The main purpose of this project is to analyze the technological developments. Security systems in manufacturing cells using wireless technology, which are presented throughout the paper, depicting how the practices are possible, its characteristics and also its current limitations. Demonstrate the operation of the wireless system increases the efficiency, maximize production, improve safety conditions, material and human.

Keywords: Wireless. Safety. Machines.

1

1. INTRODUÇÃO

Com a crescente necessidade do mercado de automação industrial ávido por redução de

tempo e custos em geral e flexibilidade para mudanças rápidas, a tecnologia wireless tornou- se uma

importante aliada destas empresas para atingir seus objetivos. Esta tecnologia tem sido utilizada em

diversos setores deste ramo de atividade tais como monitoramento de máquinas, dados de

instrumentos de campo, controle de atuadores (válvulas e motores) e instrumentos envolvidos em

diversos tipos de processo, tornando – se uma realidade em ambientes industriais.

Esta tecnologia tem sido severamente estudada por uma infinidade de técnicos, engenheiros

e os próprios usuários, que buscam uma padronização com o objetivo de difundir e contribuir para o

avanço deste novo recurso que ainda necessita de muitas normas que regulamentem sua utilização.

Com base nestas informações este trabalho descreve mais uma possibilidade de uso desta

tecnologia em aplicações de segurança em específico, de máquinas operatrizes em células de

manufatura que requerem respostas rápidas em ações de proteção e um elevado nível de integridade

do sinal de comando de paradas e travamento com intuito de preservar o estado físico dos

operadores, ou seja o maior patrimônio de todas as empresas, a vida humana.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo Geral

Este trabalho tem por objetivo estudar a tecnologia de transmissão sem fio através de

rádiofrequência em aplicações de controle e segurança de máquinas pesadas em uma célula de

manufatura. Através do conceito adquirido, estabelecer comparações entre o tempo de acionamento

do sistema de segurança e o tempo real mínimo exigido para uma resposta eficaz do processo.

1.1.2. Objetivos Específicos

Para a aplicação e testes foram consideras situação reais, de tempos e respostas levando em

consideração os limites estabelecidos pelos órgãos reguladores competentes.

2

1.2. METODOLOGIA

Para a realização deste estudo, foi necessário um minucioso levantamento das principais

tecnologias sem fio(wireless) utilizadas no mercado de automação industrial. Primeiramente é

apresentado um breve descritivo do funcionamento destes dispositivos e suas aplicações em

diversos ambientes industriais. Para compor os dados existentes neste trabalho, foram realizadas

pesquisas junto a alguns dos fabricantes e empresas de consultoria do mercado de automação

industrial. Com posse dos dados sobre estes equipamentos, foi possível um dedicado estudo do

funcionamento, ou seja, identificar o modo como operam e transmitem os sinais recebidos de um

elemento primário (acionador) oriundos do sistema de segurança. Após esta análise procurou-se

estudar as diversas normas de segurança para equipamentos pesados e utilização de máquinas,

visando a possível implantação de um sistema instrumentado que garanta a integridade do operador.

Por final, em um estudo de caso foi feita uma comparação entre o tempo de ativação do

sistema e o tempo real necessário para um funcionamento eficaz do sistema.

3

1.3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Por se tratar de um dos assuntos mais discutidos entre profissionais do ramo da automação

industrial, este trabalho torna-se relevante para futuras pesquisas e fonte de conhecimento para

profissionais que queiram se especializar, e para todos que queiram se aprofundar e contribuir para

a difusão desta tecnologia, que surge como uma das áreas mais promissoras do mercado, tanto em

telecomunicações como em aplicações vistas neste estudo.

Tema de debates acalorados, os dispositivos de instrumentação wireless causam ceticismo

ao mesmo tempo em que promete revolucionar o mercado da automação sem fio, com a promessa

de baixo custo, fácil operação e baixa manutenção aparecendo como um dos principais destaques do

cenário tecnológico atual.

2. Ambiente Industrial

A instrumentação wireless em aplicações para monitoramento e controle na indústria, de

acordo com IVO [1] lideram no quesito aplicação da tecnologia wireless em automação industrial,

mas ainda há muito que ser feito para a aceitação do mercado. Neste capítulo são expostos alguns

tópicos que definem o quadro atual da aplicação desta tecnologia em ambientes industriais. Para

fins de monitoramento, esta tecnologia tem uma grande aceitação, sendo utilizada para medições

em telemetria com bastante frequência. Para este tipo de função não se requer uma taxa de

transmissão muito alta, com taxas de aquisição que variam na ordem dos segundos até algumas

horas de registros, dependendo do tipo de variável a medir e do grau de criticidade das atualizações

das mesmas. No mercado de automação. É possível encontrar equipamentos que utilizam a

tecnologia wireless em diversas aplicações, tais como, a medição de temperatura em equipamentos

rotativos, monitoramento para análise de vibração em máquinas e motores, sistemas de

abastecimento de água e até controle de ativos na indústria . Mas ainda há alguns problemas, tais

como equipamentos que utilizam baterias e necessitam de trocas freqüentes das mesmas. Em

aplicações para automação de processos, tais como medições de variáveis em locais distantes dos

centros de controle, controle de bombas on/off e medições de variáveis não críticas, uma conexão

sem fio pode oferecer economias consideráveis, tanto em tempo gasto quanto em custos envolvidos.

Mas a aplicação desta tecnologia deve atender algumas exigências quando utilizados para controle e

monitoramento de variáveis ou segurança na indústria:

4

· Alto grau de confiabilidade e alcance de alguns metros a alguns quilômetros;

· Transmissão cíclica de um pequeno número de bits ou bytes;

· Tempo de transmissão da ordem de milisegundos e alto grau de interoperabilidade.

Já em aplicações relacionadas à automação da manufatura, onde a fiação de longas

distâncias é ausente, e as redes são altamente distribuídas, a tecnologia wireless deve ser estudada

com cuidado. Quando o assunto é custo, a transmissão de dados e sinais torna-se efetiva onde as

instalações de cabos e linhas forem estáticas. O sistema de automação da manufatura é um caso a

parte, pois se caracteriza por uma alta flexibilidade da linha, e tempo de reposta abaixo da ordem de

milisegundos em intervalos determinísticos, como no caso de sensores de robôs e aplicações de

segurança ou comandos de emergência , que definem o nível de integridade e segurança das

máquinas. Para estes casos ainda não há padrões definidos, e equipamentos wireless que sejam

recomendados (ver resolução da ISA SP100). O sistema deve suportar uma operação paralela de

um grande número de sistemas sem fio em espaço reduzido, com um fator importante a ser

considerado, ou seja, que não haja interferências com outros sistemas sem fio, especialmente redes

wireless do padrão 802.11 [2].

5

Figura 1. Aplicações Wireless na Indústria Fonte: Adaptado da Apostila (2009)

2.1.1. Células de Manufatura

A manufatura baseada em células, representa um esforço para combinar a eficiência do

layout (arranjo físico) do produto orientado a um fluxo com a flexibilidade do layout de processo

orientado a centro de trabalhos [3]. Por exemplo, peças semelhantes ao serem produzidas em série

podem ser agrupadas em famílias de peças, uma vez que, são feitas da mesma maneira, podem ser

agrupadas em uma mesma máquina ou célula, reduzindo assim o tempo de preparação de máquina

(setup). Alguns tipos de Layout utilizados na indústria de manufatura:

6

Figura 2. Exemplo de uma célula de manufatura flexível

Fonte: Adaptado Nortegubisian (2009)

2.1.1.1. Layout focalizado processo (funcional)

É utilizada para descrever o tipo de organização na qual as operações de produção são

agrupadas de acordo com o tipo de processo [3]. Em outras palavras, todas as operações de

produção que tem processo tecnológico similares são agrupadas para formar um departamento.Por

exemplo, todas as operações de uma fábrica, que envolvem estampo, serão agrupadas para formar

um departamento de estampo.

7

Figura 3. Layout focalizado de Processo

Fonte: Nortegubisian (2009)

2.1.1.2. Layout focalizado no produto (em linha)

É utilizado para descrever um tipo de organização da produção em que os departamentos de

produção são organizados de acordo com o produto ou serviço produzido. Os produtos e ou serviços

traçam uma linha reta ao longo da produção

.

8

Figura 4. Layout focalizado no Produto

Fonte: Nortegubisian (2009)

Segundo IVO [1] a conexão de equipamentos sem fio empregados em controle de plantas

industriais deve atender ao desgaste que o meio oferece com tempos de transmissão de dados curtos

e determinísticos, mensurados abaixo de 100 milisegundos. Estes sistemas devem suportar uma

operação paralela de um grande número de sistemas sem fio em espaço reduzido, com um fator

importante a ser considerado, ou seja, que não haja interferências com outros sistemas sem fio,

especialmente redes wireless do padrão 802.11.

3. TEORIA SOBRE SEGURANÇA DE MÁQUINAS

Este capítulo aborda alguns itens importantes que devem ser considerados em um projeto de

segurança de máquina, em específico a estudada neste trabalho (prensa mecânica). De acordo com a

nota técnica a seguir, que estabelece princípios para a proteção de prensas e equipamentos similares

pode-se definir com clareza os principais aspectos para um projeto seguro. Algumas das mais

importantes e relevantes normas para aplicação e utilização neste estudo estão citadas no anexo.

9

Figura 5. Exemplo de um relé de segurança para proteção de um sistema de manufatura

Fonte: Adaptado Piltz (2009)

Definição de tempo real em sistemas de segurança

Um sistema de tempo real é aquele que deve reagir a estímulos originários de seu ambiente

em prazo específico e determinístico. O atendimento desses prazos resulta em requisitos de natureza

temporal sobre esses sistemas como no caso de aplicações de segurança, onde as ações

emergenciais são sempre críticas.

Os sistemas de tempo real podem ser classificados em:

Sistemas não críticos, ou seja, quando as consequências de uma possível falha devido ao

atraso de tempo torna-se da mesma ordem de grandeza que os benefícios do sistema em operação

normal, como por exemplo um sistema de comutação em telefonia.

Sistemas críticos, ou seja, quando as consequências de pelo menos uma falha temporal

excedam em muito os benefícios normais do sistema, como por exemplo a parada de emergência de

uma máquina. Este sistema ainda pode ser subdividido em:

10

· Sistema de tempo real crítico em seguros em caso de falha , denominado “fail safe”, onde

um ou muitos estados seguros podem ser atingidos em caso de falha;

· Sistema de tempo real crítico operacional em caso de falha, onde na presença de falhas

ditas parciais, se degradam mais ainda fornece um mínimo requerido para um funcionamento

seguro.

RELÉS DE SEGURANÇA

Com a publicação da norma EN 60204-1 em novembro de 1998, os dispositivos eletrônicos

entraram no mundo das aplicações em segurança, espaço até então reservado apenas para

dispositivos eletromecânicos (relés). A condição para que tais dispositivos sejam utilizados em

sistemas de segurança é que eles possuam as mesmas características de segurança dos dispositivos

convencionais. As principais aplicações dos relés de segurança, são como componentes dos

circuitos de parada de emergência em máquinas e circuitos de vigilância de portas de segurança.

Estes equipamentos recebem sinais dos sensores que supervisionam os contatos do sistema

de parada de emergência das máquinas (indutivos, de presença, cortina de luz, chaves fim de curso

e etc) de acordo com ação requerida para prevenção de acidentes [4]. Outra aplicação, é a utilização

nos circuitos de segurança de prensas e similares objeto deste estudo. Os relés de segurança são

utilizados em circuitos pouco complexos. Em grandes instalações utilizam-se os CLP's de segurança

juntamente com módulos de expansão.

Chaves de parada de emergência devem ter prioridade sobre qualquer função da máquina no

evento de seu acionamento, a liberação desta chave não deve partir novamente a máquina, a chave

de parada de emergência deve executar paradas de categoria 0 (desligamento imediato) ou categoria

1 (desligamento com retardo). No caso de monitoração de portas de proteção, conforme a norma

EN 1088, deve-se levar em consideração o tipo de proteção a ser monitorada para a execução do

intertravamento.

Por exemplo, em uma prensa com comando bi-manual deve garantir que o operador esteja com

as mãos longe de áreas de risco no momento do acionamento da máquina. Para evitar burla, os dois

acionamentos do comando bi-manual deverão ser pressionados com simultaneidade, isto é, devem

ser pressionados com uma diferença máxima de tempo de 300ms e ter uma resposta em tempo real.

11

Figuras: 6a Relé de segurança 6b Botão de emergência

Fonte: Acervo próprio

Unidades de expansão:

São utilizadas para ampliar o número de contatos dos dispositivos básicos. Uma unidade de

expansão não deve ser utilizada de maneira independente, deve sempre ser conectada a um

dispositivo básico. A categoria de segurança da unidade de expansão deve corresponder à categoria

do relé de segurança.

Desenho 1: Arquitetura de um relé de segurança

Fonte:Pilz, 2009

12

4. SISTEMAS INSTRUMENTADOS DE SEGURANÇA – SIS

Definição:

É um sistema composto por um elemento executor de lógica ( CLP ou Relés de segurança )e

elemento final, objetivando um estado seguro do processo quando condições pré determinadas

forem violadas [5].

O conceito de SIL (Nível de Integridade de Segurança), introduzido pelas normas ISA

(Associação Internacional de Automação) 84.01e IEC (Comissão Internacional de Eletrotécnica)

61508-1, estabelece uma ordem de grandeza para a redução do risco - ou o nível de robustez

necessário a ser implementado de forma a reduzir o risco do processo a níveis aceitáveis. O SIL é

um número que varia de 1 a 4 - e quanto maior o SIL mais crítico é o processo .

O SIL da malha é determinado pela soma das probabilidades de falha em demanda de cada

um dos componentes da malha. Todos os equipamentos que fazem parte do SIS são certificados

para determinar qual o nível de integridade de segurança SIL do sistema e sua probabilidade de

falha em demanda.

As normas IEC e ISA não recomendam que as aplicações de segurança e de controle de processo

sejam realizadas no mesmo equipamento [5].

4.1. CLASSES DE INTEGRIDADE

São definidas três classes de Integridade de SIS’s (também chamadas de SIL), com

diferentes níveis de desempenho de segurança, baseadas na configuração do sistema, conforme

resumido na Tabela 1 a seguir:

13

Tabela 1. Desempenho de Segurança

Classe de Integridade dos SIS Configuração Disponibilidade Alvo

Classe 3 Totalmente redundante, separada e diversa ,999-,9999

Classe 2 Parcialmente redundante. Separada e diversa do SBCP ,99-,999

Classe 1 Projeto de melhor caminho simples (um canal)

,9-,99

Fonte: Sistemas Instrumentados de Segurança (2003)

A disponibilidade indicada está baseada no melhor projeto e implementação de sistema, de

acordo com as diretrizes aqui mencionadas. A disponibilidade dentro de uma dada faixa depende da

freqüência de testes. O valor mais baixo da faixa representa freqüência anual de testes, enquanto

que o valor mais alto representa uma freqüência maior, por exemplo, mensal [6].

As alternativas permitidas de projeto para cada Classe de Integridade são descritas na Tabela

a seguir:

Tabela 2. Classe de integridade para um projeto SIS

ALTERNATIVAS DE PROJETO

CLASSE DE INTEGRIDADE DO SIS

3 2 1

Projeto convencional de hardware opcional opcional opcional

Uso de tecnologia SEP (Sistema eletrônico Programável)

opcional opcional opcional

Sistemas Redundantes

Taps de processo requerido opcional opcional

Sensores requerido requerido opcional

Módulos I/O para SEP’s requerido requerido, Nota 1 opcional

Solver lógicos requerido requerido opcional

Elementos finais requerido opcional opcional

Estrutura Lógica

14

ALTERNATIVAS DE PROJETO

CLASSE DE INTEGRIDADE DO SIS

3 2 1

1-o-o-1 to trip não permitido não permitido opcional

1-o-o-2 to trip opcional opcional opcional

2-o-o-2 to trip não permitido não permitido não permitido

2-o-o-3 to trip opcional opcional opcional

Separada do SBCP requerido, Nota 2 requerido, Nota 3 requerido

Diversa do SBCP requerido requerido requerido

Diversidade de componente redundante

requerido, Nota 4 requerido, Nota 4 opcional

Temporizador watchdog externo para SEP’s

requerido requerido requerido

Indicação variável de entrada de processo

requerido requerido opcional

Alarmes distintos de trip requerido requerido requerido

Alarmes distintos de by-pass requerido requerido requerido

Reset manual após trip requerido, Nota 5 requerido Nota 5 requerido Nota 5

Fonte: Sistemas Instrumentados de Segurança (2003)

Nota 1: Apenas para os módulos de entrada.

Nota 2: Um process tap e um elemento final podem ser divididos com o SBCP (desde que os

elementos finais satisfaçam os requisitos de trip).

Nota 3: Um sinal de entrada pode ser dividido com o SBCP.

Nota 4: Desde que existam alternativas aceitáveis

Nota 5:A operação não poderá fazer o reset de um intertravamento SIS que tenha sido

atuado, e sempre que isto ocorrer, um relatório de comunicação de acidente/incidente deverá ser

emitido.

15

Gerenciamento de SIS

Manter a integridade de SIS’s durante o ciclo de vida da planta é fundamental para o

gerenciamento de segurança de processo [1]. Um programa efetivo de gerenciamento de SIS deve

incluir controles para garantir que:

· Os testes sejam realizados em conformidade com o Procedimento Padrão para

Instrumentos Críticos.

· A qualidade de partes repostas seja garantida, incluindo software embutido (igual ao

original ou totalmente compatível com o original e com o restante do sistema).

· O SIS retorna ao seu estado de operação normal após manutenção.

· A integridade do sistema não seja comprometida por acesso não autorizado à programação,

pontos de trip ou by-passes.

· Procedimentos de gerenciamento de modificações sejam obedecidos para qualquer

modificação no sistema.

· A qualidade de modificações seja verificada e o sistema seja revalidado antes de retornar à

operação.

5. HISTÓRICO DAS APLICAÇÕES WIRELESS

Quando o Físico italiano Guglielmo Marconi inventava a radiotelegrafia (1896) com base

nos estudos anteriores de Maxwell e Hertz, surgia a comunicação sem fio que com o passar dos

anos e a melhora constante desta tecnologia, chegamos ao que hoje se defini com tecnologia

wirelles.

Já no Brasil entre os anos de 1893 e 1894, o Padre Roberto Landell de Moura realizou com

êxito transmissões e recepções através de rádio à distância de oito quilômetros entre a recém

inaugurada Avenida Paulista e o Alto de Santana, área norte da cidade. Os equipamentos inventados

por ele foram patenteados no Brasil, uma no ano de 1900 e três obtidas nos Estados Unidos entre os

anos1901 e 1904.

16

O termo wirelles é proveniente do inglês, da junção de duas palavras: wire (fio) e less (sem),

ou seja, sem fio, ou seja, uma conexão wireless é qualquer forma de conexão entre um sistema

transmissor e receptor de dados que não requeira o uso de fios. Para tanto são utilizadas frequências

de rádio ou sinais luminosos (geralmente na faixa de infravermelho). Esta tecnologia utiliza como

meio de transmissão o ar ou o vácuo. Sistemas de comunicação wireless podem permitir o tráfego

de voz, dados, ou ambos os sinais simultaneamente.

A tecnologia de infravermelho (sinais luminosos), é pouco utilizada em redes

wireless.Utiliza altas freqüências para transmissão de dados. Tal como a luz, sinais em

infravermelho não são capazes de penetrar objetos opacos, sendo útil apenas em curtas distâncias ou

em transmissão onde existe visada direta. A potência das ondas de rádio tem um gradiente de

atenuação proporcional a 1/r3, valor bastante elevado quando comparado com um meio de

transmissão como fios de cobre. Isto limita o alcance de um transmissor mas, por outro, lado evita a

interferência entre transmissores operando na mesma faixa de frequências [7]. Em uma rede

wireless, o meio físico é compartilhado por todos os transmissores, existe o problema da

interferência quando estes possuírem potência suficiente e estiverem operando na mesma região do

espectro. Para evitar este problema a utilização do espectro é regulamentada por agências

governamentais de cada país (ITU, FCC, etc).

Nas comunicações wireless, o meio físico é compartilhado por todos os transmissores,

causando o problema da interferência quando estes possuírem potência suficiente e estiverem

operando na mesma região do espectro de frequências.

O espectro de frequências foi internacionalmente regulamentado e dividido em regiões com

finalidades bem definidas [7]. Por exemplo, a faixa de frequências destinadas à radiodifusão b(radio

broadcasting) AM é 600-1600 kHz e FM é 88-108 MHz. De particular interesse são as faixas ISM

(Industrial, Scientific and Medical), que vão de 902-928 MHz, 2400-2483 MHz e 5725-6850 MHz

(WI-MAX), reservadas para transmissão de dados, e podem ser usadas sem licença para potências

de transmissão menores que 1 W.

5.1. EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS WIRELESS

Os transdutores convertem um sinal elétrico analógico ou digital (corrente alternada ou

contínua, pressão, temperatura) de entrada, em um outro sinal (corrente contínua quando analógico

ou digital) de saída, adequado e isolado galvanicamente, proporcional ao sinal de entrada. Tomando

17

como exemplo a figura a seguir, nota-se as partes integrantes da construção de um transmissor de

wireless, onde sinais analógicos (mA,mV), são transformados em sinal elétrico, digitalizados e

modulados para em seguida, ser propagado pela antena transmissora até o elemento receptor [1].

Há no mercado, diversos tipos de transmissores, alguns com antena acoplada como no

exemplo, e outros que dependem de módulos de rádio separados, que recebem o sinal elétrico do

transdutor e os retransmitem na forma de radiofreqüência para um elemento receptor. Os

equipamentos wireless de uso industrial podem operar em diversas faixas de freqüências e potência

(limitada a 1Watt), regulamentadas de acordo com cada país.A faixa de 2,4GHz denominada ISM

(Industrial, Scientific e Medical) ou industrial, científica e médica é a mais usual por não serem

tarifadas.

Segundo MATA [8] a faixa de 900 MHz possui melhores características de distância e

penetração de obstáculo, mas só está disponível em alguns países. Já a faixa de 5,8 GHz promete

grandes avanços em termos de velocidade, imunidade a ruídos e antenas menores, mas ainda está

em fase de testes não tendo sido lançada em escala no mercado.

Fig. 7: Módulo transmissor wireless

Fonte: Pepper Fuchs, 2009

Alguns dispositivos possuem um sistema de segurança denominado watchdog (cão de

guarda), que tem a finalidade de monitorar a qualidade da conexão em aplicações que demandem

maior confiabilidade quanto ao seu funcionamento. Caso o watchdog detecte a perda de

comunicação com o dispositivo receptor por um determinado tempo, através de um comando o

equipamento monitorado será desligado.

18

5.2. CONCEITO DE REDES E TOPOLOGIAS DE DISPOSITIVOS

INDUSTRIAIS SEM FIO.

Devido à necessidade de intercambialidade entre os equipamentos wireless em uma planta

industrial, e os diversos protocolos de comunicação utilizados por uma diversidade de fabricantes

de equipamentos wireless, tornou-se necessário um estudo minucioso para a ligação em rede destes

diferentes equipamentos. Este tópico traz alguns conceitos sobre topologias de rede sem fio,

utilizadas em ambiente industrial.

A partir de estudos surgiu o grupo de trabalho do IEEE (Institute for Electrical and Eletronic

Engineers), responsável pelo desenvolvimento de padrão orientado à pesquisa dos aspectos

regulatórios de implementação da tecnologia para redes sem fio locais [9]. Existem várias

tecnologias, e cada uma possui suas particularidades, limitações e vantagens, podendo ser

organizadas em cinco grupos classificadas pela sua área de cobertura:

● WAN (Wide Area Network), que consiste em uma rede de cobertura ampla, onde se

concentra as tradicionais tecnologias de telefonia celular e poucos serviços de dados.

● MAN (Metropolitan Area Network), onde se encontra a tecnologia WiMax, que possui

área de cobertura em torno de 10 Km.

● LAN (Local Area Network), este segmento tem como destaque o Wi-Fi que opera com as

seguintes características em 2,45 GHz: taxa de transmissão de 11Mbps, modulação DSSS com um

alcance estimado de 100 a 200 metros.

● PAN (Personal Area Network), destinada a pequeno alcance, família onde se encontra o

Bluetooth.

● RFID (Radio Frequency Indentification), denomina um sistema de identificação por

radiofrequência, utilizado em etiquetas eletrônicas. Possui cobertura limitada a poucos metros.

19

5.3. PADRÕES IEEE UTILIZADOS NA INDÚSTRIA

•IEEE 802.11b – Opera em 2,45GHz e os canais de radiofreqüência utilizam a modulação

DSSS (Direct Spread Spectrum Sequence) permitindo altas taxas de transmissão em uma distância

em torno de 50 metros lineares. Este padrão pode permitir taxas de transferência de até 11 Megabits

por segundo (Mbps), próximas a Ethernet. O WiFi é bastante utilizado em chão de fábrica [10].

•IEEE 802.11g – Este padrão prevê a especificação da camada MAC (Media Access

Control) e da camada física PHY. A camada física será uma extensão do padrão IEEE 802.11b com

uma taxa de transmissão de 54Mbps usando a modulação OFDM (Orthogonal Frequency Division

Multiplexing) [9]. Permite também o uso misto da rede, ou seja permite que equipamentos que

usam 802.11b utilizam a mesma rede com novos equipamentos operando em 54Mbps.

•IEEE 802.11a – É o equivalente a fast ethernet do 802.11b, sendo cinco vezes mais rápida.

Opera numa banda de freqüência de 5 GHz – UNII (Unlicensed National Information

Infrastructure). A potência máxima utilizada é de 50mW para equipamentos que operam entre a

faixa de 5,15 – 5,25GHz, 250mW entre as faixas de 5,25 – 5,35 GHz e por fim 800mW para

equipamentos que operam entre 5,725 até 5,82GHz para aplicações em áreas abertas [10].

•IEEE 802.15.1 Bluetooth – Esse padrão foi desenvolvido especificamente para conectar

computadores pessoais, telefones celulares e outros periféricos. Utiliza a faixa de 2,4 GHz, com

velocidades inferiores ao 802.11b, portanto apresenta menor vulnerabilidade a interferências. A

modulação utilizada é a FHSS e apresenta uma conexão inicial lenta e foi desenvolvido para curtas

distâncias e baixo consumo de energia. O Bluetooth suporta aproximadamente 1 a 3 Mbps e alcance

com visada direta de até 100 metros, com auxílio de um amplificador. Sua faixa de consumo está

entre 45 mA [9].

•IEEE 802.15.4 Zigbee - Foi desenvolvido originalmente para aplicações em HVAC

(aquecimento, ventilação e condicionadores de ar em refrigeração) e redes de sensores sem fio

(RSSS), baseado na camada PHYSICAL e Media Acess C.

A especificação Zigbee 1.0 foi ratificada pela Zigbee Alliance, em dezembro de 2004, e

define um sistema sem fio para aplicações onde a vida útil da bateria é de grande importância, a

baixa taxa de transmissão de dados de 250 Kbps é aceitável e o raio de alcance operacional está

entre 10 – 100 metros com amplificador externo. Operando com a Modulação DSSS, este padrão

20

pode operar em três faixas de freqüências licenciadas :868 a 870Mhz,915 a 928 MHz e 2.4 GHz. A

máxima taxa de transferência para cada banda é respectivamente de 20 Kbps, 40kbps e 250Kbps, os

dados são transferidos como pacote, com o tamanho máximo de 128 Bytes onde são reservados para

carga útil.Uma rede Zigbee oferece três tipos de dispositivos:

ZR (Zigbee Router)

ZC (Zigbee coordinator)

ZED (Zigbee End Device).

O ZR é um dispositivo que atua como roteador ou repetidor de pacotes; o ZC é uma espécie

de roteador, com funções de gerenciamento de rede diferenciadas, tais como formação de rede,

configuração de endereçamento e manutenção de tabelas de rotas; e o ZED é um dispositivo que

funciona a bateria e hiberna quando está ocioso, para aumentar a autonomia das baterias. A camada

de rede Zigbee suporta três tipos de topologia: estrela, árvore e malha sendo muito utilizado em

aplicações de sensoreamento sem fio na indústria [2].

Fig. 8 :Topologias utilizadas pela tecnologia Zigbee

Fonte: Wikiac, 2009

21

Fig. 9: Comparação do ZigBee com outras tecnologias wireless

Fonte:Wikiac, 2009

5.4. CODIFICAÇÃO UTILIZADA PELOS DISPOSITIVOS WIRELESS

Modulação é o processo na qual a informação é adicionada a ondas eletromagnéticas. É

assim que qualquer tipo de informação, até a voz humana ou transação de dados numa aplicação

interativa é transmitida numa onda eletromagnética. O transmissor adiciona a informação numa

onda básica de tal forma que poderá ser recuperada na outra parte através de um processo reverso

chamado demodulação. Um processo de modulação consiste em modificar o formato da informação

elétrica com o objetivo de transmiti-la com a menor potência possível, com a menor distorção

possível, facilidade de recuperação da informação original e ao menor custo possível.

Em um sistema de comunicação sem fio que utilize ondas de rádio, a informação a ser

transmitida é modulada em uma portadora. Ou seja, ela é posicionada no espectro de frequências de

modo que o mesmo meio físico possa trafegar informação de vários transmissores, desde que estes

estejam utilizando uma faixa não ocupada [11]. Por meio da modulação, é possível fazer o

deslocamento do espectro da informação para outra região não ocupada. Há no mercado, uma

diversidade enorme de modulação de sistemas de transmissão wireless, do qual podem se destacar

duas a seguir.

22

5.4.1 FREQUENCY HOPPING SPREAD SPECTRUM (FHSS)

A primeira tecnologia a ser desenvolvida foi o FHSS ou espalhamento espectral por salto em

freqüência, ou seja, uma técnica de modulação em freqüência. De forma resumida, consiste no

processo de saltar rapidamente de uma freqüência para outra [10]. Os dados são quebrados em

pedaços, e cada um é transmitido em uma freqüência diferente, numa seqüência pré-determinada,

conhecida pelo receptor e pelo transmissor. O transmissor permanece em uma determinada

freqüência durante um período de tempo (dwell time) e depois utilizará um curto tempo para pular

para próxima freqüência (hop time). Se houver interferência em uma das freqüências os dados são

retransmitidos em um salto subseqüente em outra freqüência diferente.

As seguências são criadas na seguinte configuração: saltos de 20Mhz; 1. 2,450 GHz; 2.

2,454 GHz; 3. 2,458GHz; 4. 2,462 GHz, 2,466 GHz; 5. 2,470 GHz. E após o fim da seqüência, ela é

reiniciada. O padrão de saltos de freqüência e a ordem em que são usadas, juntamente com o tempo

de permanência em cada freqüência, são estipulados pelas agências reguladoras.

Devido ao tempo perdido no hop time, o FHSS cria uma perda de transmissão de dados.

Quanto maior for a relação entre o dwell time e o hop time, maior a transmissão de dados. Em

sistemas como o Bluetooth, em que o dwell time é de apenas 500-600 µs, um hop time de 100 µs

gera uma grande perda de taxa de transmissão. Apesar disso, o FHSS tem uma grande vantagem: a

faixa de freqüência do padrão FHSS é maior que a do padrão DSSS, fazendo com que seja menos

suscetível a interferência [2].

5.4.2 PADRÃO DIRECT SEQUENCE SPREAD SPECTRUM (DSSS)

O DSSS modula os dados por meio da quebra da seqüência (clipping) conhecida como

código de Baker.Este código é uma seqüência de bits com uma propriedade matemática ideal para

modulação de radiofreqüência.É o método mais utilizado em redes wireless. O transmissor

consegue espalhar os dados adicionando bits de dados redundantes chamados chips, aos mesmos.

O padrão DSSS ou Espalhamento Espectral por Seqüência Direta, adiciona pelo menos 10

chips para cada bit para proteger o receptor das perdas [9]. Em outras palavras, o transmissor envia

os dados colados a vários chips para fornecer redundância. O número fixo de chips é chamado de

chipping sequence ou Barker sequence. Poucos chips serão semelhantes aos outros chips trafegando

na freqüência, gerando assim quase que nenhuma interferência com outros usuários DSSS.

23

Em uma WLAN DSSS, 11 canais podem ser utilizados. Os canais são faixas de freqüências

em que os dados são transmitidos. Cada canal tem uma largura de 22Mhz, e todos juntos compõem

a largura de banda total da faixa de freqüência de 2,4GHz utilizada em redes wireless. Quando há 2

canais se sobrepondo, é necessária a distância de 5 faixas de freqüência de 22MHz. Assim, o canal

1 só poderia se sobrepor com o canal 6, o 2 com o canal 7 e assim por diante.

Os sistemas DSSS são hoje em dia muito mais utilizados do que os sistemas FHSS, já que

eles fornecem uma taxa de transferência muito superior, chegando a até 54Mbps, enquanto o FHSS

não ultrapassa 2 Mbps. Por isso, os padrões lançados recentemente utilizam somente o DSSS.

O FHSS fornece uma maior proteção contra interferência, ao custo de velocidade de

transmissão se comunicando apenas com equipamentos que utilizem a mesma tecnologia de

codificação. Somando-se a isso, os custos de uma rede DSSS são menores do que uma rede FHSS,

devido a maior presença de produtos DSSS no mercado [1].

Fig. 10: Frequência de comunicação dos equipamentos atuais

Fonte:Apostila [1], 2008

24

6. ESTUDO DE RISCO DE UMA MÁQUINA EM UMA CÉLULA DE MANUFATURA UTILIZANDO DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA WIRELESS

Visando a análise do comportamento e a confiabilidade da tecnologia wireless em

aplicações de segurança, este estudo tem por finalidade utilizar um dispositivo wireless para a

substituição de um botão de parada de emergência em uma prensa hidráulica de uma célula de

manufatura, por um dispositivo wireless que facilitaria a mobilidade da máquina em uma célula

flexível do processo produtivo e levaria o operador a uma distância segura da máquina. Deve- se

observar o tempo de acionamento e a confiabilidade do sinal de rádio para acionamento do

dispositivo de segurança em caso de falha, portanto um equipamento de missão crítica. Este sistema

deve manter a mesma integridade de um sistema que utiliza a fiação tradicional para ser implantado.

Dados da prensa:

Prensa Excêntrica 100 toneladas com volante

Curso do martelo 0 a 130 m/m

Numero de golpes por minuto 95

Altura entre sobre mesa e martelo 475m/m

Regulagem máxima do martelo 50 m/m

Centro do martelo ao corpo 365 m/m

Mesa 900 x 750

Sobre mesa de 90 m/m

Furo da mesa 220 x 210 m/m

Espiga Ø 50 m/m

Motor 10 CV

Dimensões gerais 1300 x1730 x 2700

25

Peso aproximado 6600 kg

Utilização: Estamparia de ferramentas

Equipamento de rádio utilizado:

-

Rádio Mod. V 500

Operação na faixa entre 902-928 MHz

Tecnologia de Espalhamento Espectral por Saltos em Freqüência (FHSS)

Potência de transmissão de até 1 Watt

Transmissão de sinal 4-20 mA, ON/OFF e serial (RS-485).

Velocidade de comunicação 112.5 Kbps

Consumo médio 700Ma

Procedimento:

Inicialmente instalou-se o painel de comando a uma distância segura da máquina , após a

realocação do painel, deu- se início a um site survey, ou seja uma inspeção técnica no local, onde

foram instalados os equipamentos de rádiofreqüência. Este levantamento teve a finalidade de

dimensionar a área e identificar o local mais apropriado para a instalação do ponto de acesso e a

quantidade de células necessárias para que a estação cliente (Receptor) tenha qualidade de sinal

aceitável de recepção.

26

Para garantir um resultado muito próximo da realidade, os equipamentos utilizados no

levantamento eram semelhantes ao padrão especificado para a utilização no projeto.

O Site Survey interno foi realizado para identificar a localização e a base necessária

(cobertura prevista entre transmissor e receptor). Os equipamentos utilizados foram basicamente um

notebook, um ponto de acesso e um cartão PCMCIA. A instalação foi estruturada no modo ponto a

ponto (transmissor = botão de parada e receptor = sistema de parada da máquina) e foi constatada a

visada direta entre os dois dispositivos, ou seja, livre de barreiras físicas que impeçam a

comunicação entre os dispositivos.

Após estas verificações, o botão de parada de emergência foi instalado recebendo o sinal de

feedback da máquina em um módulo de entrada analógico do receptor oriundo do transmissor

instalado no painel lateral da máquina.

Fotografia 1: Rádio modem utilizado para conexão ponto a ponto.

Fonte: acervo próprio

27

· Teste de integridade de sinal

Fig.11: Tela do software de medição de sinal

Fonte: Acervo próprio

O printscren do software AC5490 utilizado para mensurar a integridade do sinal de rádio no

receptor (sistema de parada de emergência) é ilustrado na figura acima ,mostrando ser satisfatório

devido a confiabilidade do sinal (flag verde). Para aumentar a fidelidade do sistema , recomendou-

se a instalação de um watchdog em caso de latência das baterias do dispositivo, baixa integridade

do sinal ou ausência de energia elétrica.

· Teste de tempo de resposta

Para o correto funcionamento do sistema foi necessário mensurar o tempo de resposta em

relação ao acionamento do sistema conforme figura abaixo.Tempo este considerado satisfatório da

ordem de 250ms para o acionamento do botão de parada de emergência, descrito anteriormente em

definição de tempo real crítico. Se comparado com os botões de intertravamento para o

acionamento, que só liberam a máquina se os dois forem apertados simultaneamente (diferença

máxima de 300 ms), caso contrário a máquina será desligada, o tempo de 250 ms é aceitável.

28

Dificuldades encontradas

- As luminárias existentes no local poderiam interferir na qualidade e alcance do sinal.

Assim, foi recomendável posicionar o Ponto de Acesso em local que dê visada para o ponto de

recepção;

- Local com alta concentração de equipamentos elétricos ( motores, estabilizadores, etc) que

são fontes potenciais de interferências EMI/RFI (Interferência eletromagnética e radiofrequência

similar);

Fotografia 2: Painel (a) e máquina (b) antes da instalação dos dispositivos wireless

Fonte: Acervo Próprio

29

7. CONCLUSÃO

O uso da tecnologia wireless é uma realidade no mercado de automação industrial, em

funções definidas para uso em controle e monitoramento, tornando-se uma alternativa de

flexibilidade, redução de custo e agilidade na instalação. Porém, ainda desperta algumas dúvidas

quanto a sua aplicação em processos críticos que envolvem segurança e ações emergenciais.

Conforme visto neste trabalho, um sistema crítico demanda um alto nível de confiabilidade e

velocidade de tempo real para ações emergenciais, seja ele convencional (cabos) ou sem fio, que

pode ser notado e medido de forma confiável. No entanto a tecnologia wireless tem conseguido

superar estes desafios, visto os resultados obtidos para o estudo de caso apresentado, porém para

uma maior credibilidade do mercado e consequentemente uma melhor aceitação, é necessário uma

padronização dos equipamentos e normas que regulamentem o uso desta tecnologia para aplicações

específicas tais como: medições em processo, controle, aquisição de dados e segurança, esta última

por ser de elevada criticidade e possuir sérias restrições temporais para cada aplicação.

Contudo, as aplicações wireless têm ganhado cada vez mais espaço no cenário da automação

industrial, criando expectativas quanto a sua evolução, por se tornar uma solução versátil e

econômica e que promete um panorama em médio prazo, rentável.

Como sugestão para trabalhos futuros, o estudo das propostas e resoluções da ISA100 para

aplicações wireless de segurança em ambientes agressivos (alta concentração de ruído).

30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Ivo,Douglas Olegário. Tecnologia wireless aplicada à instrumentação na indústria de processos. Trabalho de Graduação Interdisciplinar do curso de Tecnologia elétrica.2006.Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo,2008.

[2] Mata, Rogério Souza.Automação industrial wireless parte 1. Revista Mecatrônica, São Paulo, ed. 27, pág.26-28, Abril-maio2006.

[3] www.nortegubisian.com.br/onde-atuamos/gestao-de-operacoes/119-manufatura-celular Acesso em:09/09/2009 [4] Junior, Almir Wirth Lima, Telecomunicações modernas 2ºed., Books Express, São Paulo, 2001, 262p. [5] http://www.editoravalete.com.br/site_petroquimica/edicoes/ed_283/283.html Acesso em:11/08/2009 [6] Esteves, Marcello; Rodriguez, João Aurélio V. e Maciel, Marcos. Sistema de intertravamento de segurança. Projeto final apresentado ao curso de Engenharia Elétrica com ênfase em Eletrônica. Associação Educacional Dom Bosco.Resende, Rio de Janeiro, 2003. [7] http://www.abusar.org/ftp/pub/pitanga/Redes/ApostilaWireless.doc Acesso em:17/08/2009 [8] Mata, Rogério Souza.Automação industrial wireless parte 2. Revista Mecatrônica, São Paulo, ed. 27, pág.38-42, Junho-Julho2006. [9] Fagundes, Eduardo Mayer. Wireless Local Area Network .Metrologia & Instrumentação, São Paulo, ed. 50, pág.41-45, Out-nov 2007. [10] Smith Clint, P.E e Meyer, John 3G Wireless with WiMAX and Wi-Fi : 802.16 and 802.11 McGraw-Hill, 2005. [11] http://www.am.pepperl-fuchs.com/resources/news/sept09-wirelesshart.jsp?source=PA Acesso em:25/9/2009 [12] https://wikiac.dei.uc.pt/index.php/Tecnologias_Wireless Acesso em:23/08/2009 [13] http://www.pilz.com.br/products/control_communication/safety_relay/index.pt.jsp Acesso em:18/08/2009

NBNM 213/1 e 213 /2 - Segurança de máquinas: Conceitos fundamentais, princípios gerais de projeto

NBR 14009 - Segurança de máquinas - Princípios para apreciação de risco

NBR 14153 - Segurança de máquinas - Partes de sistemas de comando relacionadas à segurança - Princípios gerais para projeto

31

NBRNM-ISO 13852 - Segurança de máquinas - Distâncias de segurança para impedir o acesso a zonas de perigo pelos membros superiores

NBRNM-ISO 13853 - Segurança de máquinas - Distâncias de segurança para impedir o acesso a zonas de perigo pelos membros inferiores

NBRNM-ISO 13854 - Segurança de máquinas - Folgas mínimas para evitar esmagamento de partes do corpo humano

NBR 13970 - Segurança de máquinas - Temperaturas para superfícies acessíveis - Dados ergonômicos

NBR 13759 - Segurança de máquinas - Equipamentos de parada de emergência - Aspectos funcionais - Princípios para projeto

NBRNM 272 - Segurança de máquinas - Proteções - Requisitos gerais para o projeto e construção de proteções fixas e móveis

NBRNM 273 - Segurança de máquinas - Dispositivos de intertravamento associados a proteções - Princípios para projeto e seleção

NBR 14152 - Segurança de máquinas - Dispositivos de comando bimanuais - Aspectos funcionais e princípios para projeto

NBR 14154 - Segurança de máquinas - Prevenção de partida inesperada

NBR 13930 - Prensas mecânicas - Requisitos de segurança

IEC EN 61496, partes 1 e 2 –Safety of Machinery – Electro-sensitive Protective Equipament.

EN 692 -Mechanical Presses- Safety.

EN 999 - Safety of Machinery – The Positioning of Protective Equipment in Respect of Approach Speeds of Parts of the Human Body.

32

ANEXO I – NBR 13759 – SEGURANÇA DE MÁQUINAS – EQUIPAMENTOS DE PARADA DE EMERGÊNCIA

Para fins de aplicação da norma citada, em especial dos artigos 184 a 186 da CLT

(Consolidação das Leis do Trabalho) e das Normas Regulamentadoras (NR) da Portaria nº 3214/78,

em especial a NR-12, que diz respeito à segurança em máquinas e equipamentos abrangidos por

esta Nota Técnica DSST Nº 37/2004, devem ser observados os seguintes princípios de boa prática

para a proteção de prensas e equipamentos similares:

Para efeito desta Nota Técnica, consideram-se as seguintes definições:

Prensas são equipamentos utilizados na conformação e corte de materiais diversos, onde o

movimento do martelo (punção) é proveniente de um sistema hidráulico/pneumático (cilindro

hidráulico/pneumático) ou de um sistema mecânico (o movimento rotativo é transformado em linear

através de sistemas de bielas, manivelas ou fusos). As prensas são classificadas em:

1.1. Prensas mecânicas excêntricas de engate por chaveta ou acoplamento equivalente;

1.2.Prensas mecânicas excêntricas com freio/embreagem;

1.3. Prensas de fricção com acionamento por fuso;

1.4. Prensas hidráulicas;

1.5. Outros tipos de prensas não relacionadas anteriormente.

2. Equipamentos similares são aqueles com funções e riscos equivalentes aos das prensas, incluídos

os que possuem cilindros rotativos para conformação de materiais.

3. Ferramentas (ferramental), estampos ou matrizes são elementos que são fixados no martelo e na

mesa das prensas e equipamentos similares, tendo como função o corte e/ou a conformação de

materiais, podendo incorporar os sistemas de alimentação/extração relacionados no item a seguir.

Dispositivos de proteção aos riscos existentes na zona de prensagem ou de trabalho:

Segundo a Nota estes equipamentos devem dispor:

1.1 Enclausuramento da zona de prensagem, com frestas ou passagens que não permitam o

ingresso dos dedos e mãos nas áreas de risco, conforme as NBRNM-ISO 13852 e 13854. Pode ser

constituído de proteções fixas ou móveis dotadas de intertravamento por meio de chaves de

33

segurança, garantindo a pronta paralisação da máquina sempre que forem movimentadas, removidas

ou abertas, conforme a NBR NM 272.

1.2. Ferramenta fechada, significando o enclausuramento do par de ferramentas, com frestas ou

passagens que não permitam o ingresso dos dedos e mãos nas áreas de risco, conforme as NBRNM-

ISO 13852 e 13854;

1.3. Cortina de luz com redundância e auto-teste, classificada como tipo ou categoria 4, conforme a

IEC EN 61496, partes 1 e 2, a EN 999 e a NBR 14009, conjugada com comando bimanual com

simultaneidade e auto teste, tipo IIIC, conforme a NBR 14152 e o item 4.5 da NBR 13930.

Havendo possibilidade de acesso a áreas de risco não monitoradas pela(s) cortina(s), devem existir

proteções fixas ou móveis dotadas de intertravamento por meio de chaves de segurança, conforme a

NBR NM 272. O número de comandos bimanuais deve corresponder ao número de operadores na

máquina, com chave seletora de posições tipo yale ou outro sistema com função similar, de forma a

impedir o funcionamento acidental da máquina sem que todos os comandos sejam acionados,

conforme a NBR 14154.

Os itens abaixo são de vital importância para o estudo de caso apresentado posteriormente.

Proteção da zona de prensagem ou de trabalho

2. As prensas mecânicas excêntricas de engate por chaveta ou de sistema de acoplamento

equivalente (de ciclo completo), as prensas de fricção com acionamento por fuso e seus respectivos

equipamentos similares não podem permitir o ingresso das mãos ou dos dedos dos operadores nas

áreas de risco, devendo adotar as seguintes proteções na zona de prensagem ou de trabalho:

a) ser enclausuradas, com proteções fixas, e, havendo necessidade de troca freqüente de

ferramentas, com proteções móveis dotadas de intertravamento com bloqueio, por meio de chave de

segurança, de modo a permitir a abertura somente após a parada total dos movimentos de risco;

b) operar somente com ferramentas fechadas ;

3. As prensas hidráulicas, as prensas mecânicas excêntricas com freio/embreagem, seus

respectivos equipamentos similares e os dispositivos pneumáticos devem adotar as seguintes

proteções na zona de prensagem ou de trabalho:

a) ser enclausuradas, com proteções fixas ou móveis dotadas de intertravamento com chave de

segurança .

34

b) Operar somente com ferramentas fechadas.

c) Utilizar cortina de luz conjugada com comando bimanual.

Dispositivos de parada de emergência

4. As prensas e equipamentos similares devem dispor de dispositivos de parada de

emergência, que garantam a interrupção imediata do movimento da máquina ou equipamento,

conforme a NBR 13759;

4.1. Quando utilizado comando bimanual conectável por tomadas (removíveis) que contenham

botão de parada de emergência, este não pode ser o único, devendo haver dispositivo de parada de

emergência no painel ou corpo da máquina ou equipamento;

4.2. Havendo vários comandos bimanuais para o acionamento de uma prensa ou equipamento

similar, estes devem ser ligados de modo a se garantir o funcionamento adequado do botão de

parada de emergência de cada um deles;

4.3. Nas prensas mecânicas excêntricas de engate por chaveta ou de sistema de acoplamento

equivalente (de ciclo completo) e em seus equipamentos similares, admite-se o uso de dispositivos

de parada que não cessem imediatamente o movimento da máquina ou equipamento, em razão da

inércia do sistema.

Comandos elétricos de segurança

5. As chaves de segurança das proteções móveis, as cortinas de luz, os comandos bimanuais,

as chaves seletoras de posições tipo yale e os dispositivos de parada de emergência devem ser

ligados a comandos elétricos de segurança, ou seja, CLP (Controlador Lógico Programável) ou

relés de segurança, com redundância e auto-teste, classificados como tipo ou categoria 4, conforme

a NBR 14009, com rearme manual;

5.1. As chaves seletoras de posições tipo yale para seleção do número de comandos bimanuais

devem ser ligadas a comando eletro-eletrônico de segurança de lógica programável (CLP ou relé de

segurança);

5.2. Caso os dispositivos de segurança sejam ligados a CLP de segurança, o software instalado

deverá garantir a sua eficácia, de forma a reduzir ao mínimo a possibilidade de erros provenientes

de falha humana, em seu projeto, devendo ainda possuir sistema de verificação de conformidade, a

35

fim de evitar o comprometimento de qualquer função relativa à segurança, bem como não permitir

alteração do software básico pelo usuário, conforme o item 4.10 da NBR 13930 e o item 12.3 da EN

60204-1.

Pedais de acionamento

6. As prensas e equipamentos similares que têm sua zona de prensagem ou de trabalho

enclausurada ou utilizam somente ferramentas fechadas podem ser acionadas por pedal com atuação

elétrica, pneumática ou hidráulica, desde que instalados no interior de uma caixa de proteção,

atendendo ao disposto na NBR NM-ISO 13853, não se admitindo o uso de pedais com atuação

mecânica;

6.1. Para atividades de forjamento a morno e à quente podem ser utilizados os pedais dispostos no

caput deste item, desde que haja barreiras ou enclausuramento que permita apenas o ingresso do

material na zona de prensagem, conforme a NBR NM-ISO 13852, a NBR NM 272 e a NBR 13970;

6.2. Nas operações com dobradeiras podem ser utilizados os pedais dispostos no caput deste item,

sem a exigência de enclausuramento da zona de prensagem, desde que adotadas outras medidas de

proteção aos riscos existentes. O número de pedais deve corresponder ao número de operadores na

máquina, com chave seletora de posições tipo yale ou outro sistema com função similar, de forma a

impedir o funcionamento acidental da máquina sem que todos os pedais sejam acionados, conforme

a NBR 14154.

Proteção das transmissões de força

7. As transmissões de força, como volantes, polias, correias e engrenagens, devem ter

proteção fixa, integral e resistente, através de chapa ou outro material rígido que impeça o ingresso

das mãos e dedos nas áreas de risco, conforme a NBR NM 13852;

7.1. Nas prensas excêntricas mecânicas deve haver proteção fixa das bielas e das pontas de seus

eixos que resistam aos esforços de solicitação em caso de ruptura.

7.2. As prensas de fricção com acionamento por fuso devem ter os volantes verticais e horizontal

protegidos, de modo que não sejam arremessados em caso de ruptura do fuso.

36

Aterramento elétrico

8. As prensas e equipamentos similares devem possuir aterramento elétrico, conforme as

NBR 5410 e NBR 5419.

Ferramentas

9. As ferramentas devem ser construídas de forma que evitem a projeção de rebarbas nos

operadores e não ofereçam riscos adicionais.

9.1. As ferramentas devem ser armazenadas em locais próprios e seguros.

9.2. Devem ser fixadas às máquinas de forma adequada, sem improvisações.

Sistemas de retenção mecânica

10. Todas as prensas devem possuir um sistema de retenção mecânica, para travar o martelo

nas operações de troca das ferramentas, nos seus ajustes e manutenções, a ser adotado antes do

início dos trabalhos.

10.1. O componente de retenção mecânica utilizado deve ser pintado na cor amarela e dotado de

interligação eletromecânica, conectado ao comando central da máquina de forma a impedir, durante

a sua utilização, o funcionamento da prensa.

10.2. Nas situações onde não seja possível o uso do sistema de retenção mecânica, devem ser

adotadas medidas alternativas que garantam o mesmo resultado.

Disposições Gerais

11. As prensas e equipamentos similares devem ser submetidos à inspeção e manutenção

preditiva, preventiva, e corretiva conforme instruções do fabricante e Normas Técnicas oficiais

vigentes.

11.1 Podem ser adotadas, em caráter excepcional, outras medidas de proteção e dispositivos de

segurança nas prensas e equipamentos similares, desde que garantam a mesma eficácia das

37

proteções e dispositivos mencionados nesta Nota Técnica, atendendo o disposto nas Normas

Técnicas oficiais vigentes.

11.2 Nos casos não mencionados especificamente nesta Nota Técnica, as prensas e equipamentos

similares devem possuir proteções e dispositivos de segurança suficientes para prevenir a ocorrência

de acidentes e doenças do trabalho durante sua utilização, preparação e manutenção.

Transformação de prensas e equipamentos similares

12. Sempre que as prensas e equipamentos similares sofrerem transformação substancial de

seu sistema de funcionamento ou de seu sistema de acoplamento para descida do martelo

(“retrofiting”), esta deve ser realizada mediante projeto mecânico elaborado por profissional

legalmente habilitado, acompanhado de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica).

12.1 O projeto deverá conter memória de cálculo de dimensionamento dos componentes,

especificação dos materiais empregados, e memorial descritivo de todos os componentes.

12.2 Componentes de um Sistema de segurança - Princípios para projeto de segurança de máquinas

Um componente de segurança é sempre necessário se o perigo não pode ser eliminado com

ações construtivas, sendo escolhido de acordo com o potencial de risco de cada equipamento. Estes

equipamentos tem a função de intertravamento na detecção de qualquer anormalidade no

funcionamento da máquina em tempo real. A seguir, são descritos alguns requisitos básicos para a

construção de um sistema eficiente.

Dispositivos de proteção

Uma proteção deve ser rígida de forma a não gerar riscos adicionais em sua operação, ser de

difícil manipulação e remoção. Estes dispositivos quando expostos devem possuir ao menos uma

chave de segurança que determina a parada da máquina quando as partes móveis de acesso não

estiverem devidamente fechadas [4].

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O dispositivo de proteção e a chave de segurança devem utilizar uma ruptura positiva para o

desligamento da máquina.Estes dispositivos geralmente são instalados nas proteções tipo portas de

correr, barreiras mecânicas e tampas removíveis.

Chaves de segurança

Este componente é utilizado para interromper o movimento de perigo e manter a máquina

desligada enquanto os dispositivos de proteção não estiverem corretamente posicionados.Deve ser

instalado utilizando-se o princípio de ruptura positiva, que garante a interrupção do circuito de

comando.

Uma chave de posicionamento possui ruptura positiva quando os seus contatos NF

(normalmente fechados), estão ligados de forma intrínsecas com o dispositivo de segurança da

máquina, constituindo assim um elemento de vital importância devendo ser inviolável [4].

Sistemas de controle

O sistema de monitoramento e controle verifica a ligação,, estado e funcionamento da chave

de segurança , devendo ser redundante. Qualquer falha deve desligar o sistema.Estes sistemas

buscam a segurança da máquina utilizando um relé que agrega todas as funções, denominado relé

de segurança [4].