76
VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM EDUCAÇÃO DO SIEEESP!

VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM EDUCAÇÃO DO SIEEESP!

Page 2: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além
Page 3: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 3

A reforma da Previdência Social (PEC 6, de 2019), finalmente, começou a

ser votada no Congresso. O texto base passou pelo 1º turno na Câ-mara dos Deputados e, segundo a expectativa geral, deve também ser aprovado em 2º turno. Inicialmente, o Governo contava com 330 votos, mas obteve muito mais: 379 a favor, bem acima do mínimo necessário para aprovação regimental, de 3/5 (ou 308 votos).

A oposição, que não está nem aí para o futuro do País, fez o que dela já se esperava: obstruiu, atra-palhou, xingou, enfim, apostou tudo no “quanto pior, melhor”. Até porque querem manter seus privilégios e benesses para se apo-sentarem com vencimentos acima dos R$ 33 mil, como é hoje.

O que talvez muitos não es-peravam eram os votos a favor da reforma da Previdência na oposição, num total de 19, o que mostra, sem sombra de dúvida, que algumas coisas podem mudar para melhor neste País. Agora, alguns partidos da base oposi-cionista ameaçam retaliar e até mesmo expulsar os deputados

UM DESAFIO A MENOS

que votaram a favor da reforma. Ou seja, mais do mesmo...

A expectativa é a de que a nova Previdência possa ser promulgada já em outubro. Por exigência consti-tucional, depois de o texto passar por duas votações na Câmara dos Deputados, segue para análise e posterior votação em dois turnos no Senado onde, para ser aprovado, também necessita de 3/5 dos votos a favor (49 dos 81 senadores). Mas, se houver alterações do texto, a reforma terá de voltar à Câmara.

Até aqui, pelo menos por en-quanto, estados e municípios se-guem de fora da reforma, o que não se justifica, já que muitos es-tados já estão falidos e outros vão na mesma direção. E, claro, nesse caso, vão se socorrer onde mais do que no Tesouro Nacional? Aí, toda a economia que estão projetando com a nova Previdência, de cerca de R$ 1 trilhão, vai se esvair, só porque deputados federais não quiseram incluir estados e municípios para não “perder votos”. Pois vão perder muitos, mas muitos votos, exata-mente por causa disso.

Foi vencido um desafio. Mas ou-tros já se colocam, e são igualmente

Alguns partidos da base oposicionista ameaçam retaliar e

até mesmo expulsar os deputados que votaram a favor

da reforma

Editorial

Presidente do [email protected]

BENJAMINRIBEIRO DA SILVA

importantes, como as reformas tributária e fiscal, regulamentar a nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além de também tratar de votar logo a Me-dida Provisória 881, da Liberdade Econômica, essencial e urgente: algumas projeções indicam que ela pode impulsionara a criação de 3,7 milhões de empregos, além de au-mentar o PIB em 7%, em um período de 10 a 15 anos.

Page 4: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Revista Escola Particular – Agosto – 20194

Expediente / Índice

521ª Viagem Educacional do Sieeespvisita Alemanha e Estônia

Viagem Educacional

8A educação na Alemanha - disciplina e profissionalismo

Viagem Educacional

16Em busca do melhor para os alunos

Viagem Educacional

22Preparar cidadãos para os desafiosdo futuro

Viagem Educacional

28Caminhos que levam à excelência do ensino

Viagem Educacional

40Conhecer para aprimorar

Viagem Educacional

Como as Edtechs estão revolucionando a Educação

Fórum de Inovação62

Fórum de Inovação60A inovação que a Educação 4.0 traz

O eSocial e a atuação da Meira Fernandes

56 Jurídico

42Estônia, um país surpreendente

Viagem Educacional

46Alemanha, Estônia e Noruega - educação, cultura e turismo na viagem do Sieeespem 2019

Viagem Educacional

Os desafios de educar um aluno com TEA

Pedagogia66

As competências socioemocionais e o urgente ensino da tolerância construtiva na escola

Metodologia70

Obrigações72

Cursos74

[email protected]

Os artigos assinados nesta publicação sãode inteira responsabilidade dos autores.

AGOSTO DE 2019 - Edição 257

PRODUÇÃO EDITORIAL

Editor-chefe:• Marcos Menichetti - MTB 12466

Colaboradores:• Ana Paula Saab • Antonio Higa • Carlos Alberto Nonino • Ulisses de Souza• Clemente de Sousa Lemes• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira • José Maria Tomazela • José Rodrigues www.sieeesp.com.brRua Benedito Fernandes, 107 - São Paulo - SP CEP 04746-110 - (11) 5583-5500Para anunciar:[email protected]

Impressão: Companygraf

Créditos da fotos: Arquivos pessoais -freepik.com - unsplash.com

DIRETORIA

PresidenteBenjamin Ribeiro da Silva Colégio Albert Einstein

1º Vice-presidenteJosé Augusto de Mattos LourençoColégio São João Gualberto

2º Vice-presidente Waldman BiolcatiCurso Cidade de Araçatuba

1º TesoureiroJosé Antônio Figueiredo AntiórioColégio Padre Anchieta

2º TesoureiroAntônio Batista GrossoColégio Átomo

1º SecretárioItamar Heráclio Góes SilvaEduc Empreendimentos Educacionais

2º SecretárioAntônio Francisco dos SantosSistema Educacional São João

DIRETORES DE REGIONAIS

ABCDMROswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008

AraçatubaWaldman Biolcati - (18) 3623-1168

BauruGerson Trevizani Filho - (14) 3227-8503

CampinasAntonio F. dos Santos - (19) 3236-6333

GuarulhosWilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842

Marília(14) 3413-2437

Ribeirão PretoJoão A. A. Velloso - (16) 3610-0217

OsascoJosé Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327

Presidente PrudenteAntonio Batista Grosso - (18) 3223-2510

SantosErmenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349

São José dos Campos(12) 3931-0086

São José do Rio PretoCenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545

SorocabaEdgar Delbem - (15) 3231-8459

Page 5: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Viagem Educacional

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 5

A 21ª Viagem de Estudos do Sieeesp ao Exterior teve como objetivo conhecer os sistemas educacionais da Alemanha e da Estônia, que

obteve o 1° lugar da Europa na avaliação do Pisa e o 3° no ranking mundial, além de ser destaque da OCDE como principal país em inovação e uso de tecnologia.

Ygor Jegorow

21ª ViagemEducacional do

Sieeesp visitaAlemanha e Estônia

Page 6: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Viagem Educacional

Comparada com os demais países da OCDE (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Econômico) a Estô-nia possui um dos mais sólidos sistemas educacionais. O acesso à pré-escola é universal, e os índices da educação

básica e de conclusão do ensino médio estão entre os mais elevados. O Plano de Integração do Governo estabeleceu a garantia de equidade nas oportuni-dades de educação dos jovens, inde-pendentemente de sua etnia. A “Estra-

A viagem teve início em 4 de maio, com um grupo de 34 educadores, engajados

em conhecer ricas experiências escolares e pedagógicas destes dois países

Revista Escola Particular – Agosto – 20196

Page 7: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

tégia de Ensino até 2020”, adotada em 2014, foi essencial para o êxito do atual estágio da educação. Foram criados Conselhos Especiais que acompanham a qualidade do ensino e o desenvolvi-mento profissional do corpo docente. Anualmente, os alunos são avaliados e as escolas devem implementar medidas de apoio àqueles com desempenho não satisfatório e para aqueles com neces-sidades especiais.

As viagens são planejadas e orga-nizadas com um ano de antecedência, contando com a participação de nossas embaixadas, dos ministérios e asso-ciações de escolas particulares locais, bem como de experts que propõem o conteúdo de maior interesse, para que nossa delegação tenha acesso aos mais relevantes aspectos da educação dos países que visitamos.

O Sieeesp organizou viagens ao Japão, Inglaterra e Polônia, Singapura e Coreia, Rússia e Finlândia, China, Ca-nadá e Estados Unidos. Sempre houve grande interesse por parte das au-toridades desses países em dar total apoio ao nosso projeto. Participamos

de seminários técnicos e visitamos as melhores escolas, permitindo a valiosa troca de experiências com educadores locais. Nossos participantes tiveram a oportunidade de renovar ideias, avaliar a atuação de professores e diretores, de adaptar projetos e procedimentos pedagógicos, de conhecer como são resolvidos temas de interesse espe-cífico, como o uso de tecnologia ou o cuidado em relação a estudantes com necessidades especiais, dentre outros.

A viagem teve início em 4 de maio, com um grupo de 34 educadores, enga-jados em conhecer ricas experiências escolares e pedagógicas desses dois países, seus principais projetos, tendên-cias e desafios, bem como visitar escolas selecionadas da pré-escola ao ensino médio e técnico. O grupo participou de seminários e teve a oportunidade de adquirir e de trocar conhecimentos com educadores locais sobre processos e métodos, gestão e conteúdos de ensino, observando a atuação de professores em sala de aula e avaliando materiais, equipamentos e instalações das escolas visitadas. •

As viagens são planejadase organizadas com um ano

de antecedência

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 7

Page 8: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Revista Escola Particular – Agosto – 20198

Viagem Educacional

N esta 21ª edição do programa do Sieeesp para conhecer a Educação feita além de nosso

País, viajamos para a Alemanha, para a Estônia e depois percorremos um pouco da Noruega.

Começamos pela Alemanha - um dos países mais espantosos da Europa. Impressionante que o magnífico país res-surgiu depois de uma completa devasta-ção em 1945, ao final de uma fracassada aventura de conquista. Hoje é o mais rico e populoso da Europa longe, muito longe, da terrível experiência nazista.

Apenas para se ter uma ideia do pa-pel da educação, da cultura e do esforço nessa superação, podemos lembrar a questão da indústria química - que tem na Alemanha a liderança tecnológica. Tal liderança começa no século XIX, a partir de um núcleo educacional em torno de aprendizes de práticas em química. A evolução disso levou a descobertas

essenciais ao mundo moderno e à principal indústria química do mundo. Quando a 2ª Guerra Mundial terminou, os aliados dividiram essa indústria em três, procurando enfraquecê-la. O resultado surpreendentemente foi a criação do que hoje são as três maiores indústrias químicas do mundo.

Com um parque industrial notável por sua alta qualidade - veja Mercedes-Benz, BMW etc. - a produção alemã supera fortes concorrentes asiáticos e sustenta um índice alto de empregabi-lidade. Isso conjugado a um excelente padrão de vida que permite aos alemães manter um dia na semana exclusiva-mente para o lazer e para a família. Nem as lojas abrem aos domingos para que as pessoas possam ocupar seu tempo livre em passeios por seus belos parques.

Claro que nesse país não há anal-fabetismo. O ensino tem a tutela do Estado - como é comum na Europa

A EDUCAÇÃO NA ALEMANHADisciplina e Profissionalismo

Por Célia A. N. Passoni – Colégio Etapa

Page 9: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 9

- mas há grande descentralização nas decisões. O sistema educacional se abre em muitas vias e é tão complexo que os próprios alemães admitem a dificuldade em explicar aos visitantes estrangeiros suas peculiaridades. Pas-sada a fase inicial comum e obrigatória para as crianças e adolescentes, há vias bem demarcadas - uma, bem elitizada, que leva ao ensino acadêmico superior e várias outras vias para a tecnologia, produzindo técnicos que tanto orgulho trazem à produção germânica.

Especialização precoceApesar de toda a preocupação com

a qualidade desse sistema, os alemães não se destacam entre os países par-ticipantes da avaliação internacional produzida pelo PISA. Por isso, imediata-

O magnífico país ressurgiu depois de uma completa devastação em 1945, ao final de

uma fracassada aventura de conquista

Page 10: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Viagem Educacional

mente surge o questionamento: por que um país que obteve tantas conquistas e lideranças político-econômicas nos últimos anos, não tem uma posição mais proeminente em educação, se com-parado, por exemplo, a alguns países vizinhos e aos países asiáticos?

Talvez isso seja um resultado que decorre do forte encaminhamento de sua juventude para especializações precoces (do ponto de vista de outros países) em mecânica, eletrônica, cons-trução, atividades industriais e artesa-nais, entre outros ramos.

Nas escolas técnicas, o estudante percorre todo o processo, como, por exemplo, em uma de mecânica auto-mobilística: ele deve começar com car-ros antigos e manuais para estudar o funcionamento, a composição de peças e o processo de produção; depois, vai galgando estágios até chegar ao grau de mestre, com responsabilidades em projetos mais sofisticados.

Mesmo aqueles que não se dirigem ao ensino superior tem a segurança de sair da escola com alta empregabi-lidade, desfrutando de um bom status na sociedade. Protocolos simples, mas bem implementados garantem competência profissional - veja-se, por exemplo, os seis princípios seguidos nos projetos que buscam a maior eficiência: (1) informar-se; (2) aprender; (3) decidir; (4) executar; (5) controlar e (6) avaliar.

Na base da educação, para crianças até os 5 anos, a escola é livre opção dos pais, já que a educação obrigatória se inicia a partir dos 6 anos. Na visita que fizemos, vimos ser ressaltada a importância de promover a autonomia da criança; tanto para ela aprender a resolver seus problemas sem ajuda do adulto como aperfeiçoar a capacidade de se entender com os colegas. Assim eles aprendem a trabalhar e a desen-volver projetos em grupos. Outro aspecto que se encontra em todos os es-tabelecimentos educacionais visitados é a ordem, a limpeza dos corredores e das salas de aula – havendo sempre a contri-buição dos alunos nessa manutenção.

Tecnologia, línguas e ciências. E, artesanato

Mais um aspecto chamou a atenção nas visitas feitas às escolas é relativo ao uso da tecnologia. Professores utilizam computadores e recursos virtuais, mas as crianças não têm permissão para uti-lizá-los. Nas aulas, celulares e iPads não são encontrados nas mãos dos alunos.

De modo geral, as escolas são bem montadas, as salas são amplas e are-jadas. Há salas de artes e música, com abundância tanto de produtos para desenvolvimento de artesanatos como uma enorme variedade de instrumentos musicais. Há também o ensino de traba-lhos manuais, em aulas em que os alunos

Revista Escola Particular – Agosto – 201910

Page 11: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além
Page 12: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Viagem Educacional

costuram, bordam, pregam botões, tra-balham com madeira, pintam paredes e utilizam ferramentas diversas.

Os alemães estudam duas línguas estrangeiras: o inglês, que é o contato do alemão com o mundo dos negócios, serve para fechar acordos e confirmar a soberania tecnológica da nação; o francês, importante pela relação íntima dos alemães com seu principal parceiro do Mercado Comum.

Além das línguas, o estudante dedica grande atenção à Matemática e às Ciên-cias, principalmente para prepará-los para o Abitur depois do grau 12 ou 13, para aqueles que quiserem continuar os estudos. Existem outros exames inter-mediários, feitos em séries anteriores. Como em qualquer país do mundo, a facul-dade de Medicina é a escola que requer melhor preparação e o estudante tem de obter notas máximas para frequentar este curso, ou será encaminhado para áreas afins em Ciências Aplicadas.

Nas escolas os alemães são in-flexíveis com relação a questões que se desviam do campo pedagógico. Em caso de quaisquer deslizes como drogas, por exemplo, são chamados à responsabili-dade os pais e, conforme a gravidade, policiais para encaminhar soluções.

A Educação na Estônia: um pequeno país busca estar no topo

Depois da Alemanha, a viagem educacional dirigiu-se a um pequeno país, com pouco mais de um milhão de

habitantes. Um voo impressionante-mente calmo nos levou à cidade de Tallinn, capital da Estônia, onde fomos recebidos por uma jovem simpática que depois nos acompanhou até a Noruega.

A Estônia é hoje destaque como o país mais digital da Europa - seu desco-lamento do domínio soviético, após os anos 1990, foi marcado por uma adesão aos princípios liberais que muito ajuda-ram ao enorme desenvolvimento que se produziu.

História, presente no dia a diaSua capital, Tallinn, é uma cidade

limpa, bonita com o centro histórico tido como um dos mais bem conservados da Europa. Alguns edifícios impecavel-mente reformados procuram manter os ares de outrora e quem passa por lá sente a vida com era. Para lembrar esse passado, em alguns estabelecimentos se apresentam pessoas caracteriza-das, desde a figura de um torturador da Idade Média até as mais simpáticas donzelas palacianas.

“Camponesas” convidam os turistas a entrarem e saborear as iguarias da Estônia: “joelho de porco, com porcos melhores que os da Alemanha porque os porcos são estonianos e os repolhos, melhores ainda, porque são de hortas do país”. Sim, é um país que busca recuperar seu orgulho, após séculos de submissão a governantes suecos e ditadores russos.

Conhecer a educação como um todo foi o primeiro contato com a Estônia.

Percebe-se que a educação está em primeiro plano, valorizada por todos da sociedade. Professores e escolas têm am-pla autonomia, seguindo com liberdade diretrizes gerais traçadas em um currí-culo nacional. O aluno recebe material, transporte, refeição e aulas extras; para atrair professores - que hoje tem média etária próxima dos 40 anos - há uma política de recuperação de aumento de salários dos educadores em geral.

Na linha que rege o país depois do período soviético, os estonianos buscam resultados e avançaram muito rapidamente no ranking dos exames

Revista Escola Particular – Agosto – 201912

Page 13: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

do PISA. Na educação, trocaram muitos conhecimentos com a Finlândia, privile-giam o ensino de Línguas, Matemática e Ciência. Esportes, trabalhos manuais teatro, canto, pintura e outras disciplinas são extracurriculares - fora da grade obrigatória.

Há destaques, entre as escolas visita-das, pela sua arquitetura e pelo espaço físico em que são construídas. Em um belo local, situa-se uma espécie de colírio para os olhos, a escola Rocca al Mare Kool. Em uma palestra de apresentação, os professores e diretores da escola enfatizam a “transparência” como valor

primeiro - inclusive o termo está inscrito na arquitetura premiada. O prédio é cheio de grandes janelas que se abrem, em todo perímetro, para lindos parques.

Já a partir da Educação Infantil os educadores procuram despertar no aluno o sentido de cooperação, respeito e responsabilidade. Para desenvolver a autonomia dos jovens eles praticam a autoavaliação. Há uma grande calma e tranquilidade nessa pequena sociedade onde todos se integram produtivamente.

Trabalho, foco e disposiçãoO destaque, já comentado no PISA,

é considerado um desafio permanente ao país que busca melhorar sempre, mantendo-se no topo, provando que Educação é trabalho, foco e disposição.

A Estônia é um exemplo em vários sentidos. Consegue-se abrir uma em-

presa, pela Internet, em meia hora. Mesmo a partir de outro país. Dizem que sua adesão ao digital está acabando com o papel.

É então um exemplo a ser seguido? Essa pergunta provoca mais reflexões do que respostas diretas e simples. O Brasil, com mais de 200 milhões de ha-bitantes, tem uma população 150 vezes maior do que a da Estônia. Trata-se de um país com estado enxuto, oferecendo à sua pequena população um bom pa-drão educacional. No Brasil, o estado é muito inchado, oferecendo serviços so-fríveis em toda sua imensa apropriação.

Entre nós o padrão educacional público é em média muito fraco e as es-colas que oferecem ensino de qualidade são mantidas por instituições privadas. A primeira lição da Estônia, entretanto, não começa com a Educação. Seu atual dinamismo social é fruto da decisão - após décadas de domínio soviético - de terem conseguido oferecer liberdade de empreendimento de forma arrojada e ampla - embora não tenham conse-guido levar esta iniciativa ao campo da Educação, que permanece sob a sombra do Estado.

Em nossa tropical terra, temos ainda de fazer a primeira lição de casa. Re-duzir o peso do nosso imenso estado. Se conseguirmos isso, certamente muitas coisas vão seguir melhorando. Educa-ção inclusive.

Os estonianos buscam resultados e avançaram muito

rapidamente no ranking dos

exames do PISA

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 13

Page 14: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Viagem Educacional

Águas, neves e montanhas fazem o caminho para o norte

A Viagem Educacional de 2019 terminou na Estônia, mas os viajantes puderam percorrer outros espaços surpreendentes. Visitamos a terra dos nórdicos navegantes. Noruega.

A Noruega aparenta ser um país feliz. Quem insistiu muito nessa percepção foi nossa guia brasileira, que trocou o tór-rido nordeste pela gélida terra noruegue-sa. Há oito anos na Noruega, ela apresen-tou com empolgação alguns aspectos de Oslo, capital da pátria adotada.

Duas das atrações, da capital Oslo, valeram cada palavra elogiosa: o Vige-land Park e o museu Fram. O Vigeland Park é um museu a céu aberto, com as esculturas vertiginosas dispostas em uma enorme área verde, com imagens ligadas entre si pelo tema “ciclo da vida” e pela própria biografia do artista Gus-tav Vigeland (1869-1943).

As imagens de crianças, mulheres, homens, velhos, árvores e um enorme obelisco têm em comum braços e ga-lhos que se entrelaçam e se propagam, multiplicando-se em corpos e mais cor-pos, que percorrem desde o nascimento até a morte, focalizando as diferentes fases da vida. A grandiosidade das escul-turas provoca entusiasmos e sensações inusitadas, embora também desperte profunda angústia ao representarem a passagem do tempo, rápida e inexo-

rável. Mas a sensação de angústia se esvai quando se percebe a evolução e a criação do homem, que busca atingir seus limites por meio dos limites de sua arte.

Espírito vikingPara entendermos parte do espírito

viking desse povo fomos visitar o museu Fram. Ele glorifica os esforços, o elã empreendedor que busca transcender limites e superar os mais árduos obs-táculos. O que levou esse povo a lançar barcos, enfrentando mares revoltos, na busca por destinos desconhecidos? Aventura? Desejo de realizar conquis-tas? Necessidade de ampliar os conhe-cimentos do homem? No museu, há um imenso barco. Visitá-lo em suas câmaras, passando por seu convés, ob-servando os diminutos espaços em que se encolhiam os intrépidos noruegueses é uma experiência única.

Os desbravadores foram recriados por fotografias ou por manequins, mas a sensação de percorrer o passado, en-trar nos locais que foram ocupados por aqueles aventureiros, é inesquecível. A lembrança da aventura vivida na con-quista dos polos - Ártico e Antártico - é inspiradora.

Foi um dia intenso em Oslo, repleto de novos conhecimentos e acabou em uma excelente noite de sono. Após um magnífico café da manhã, encontramos

um país em festa. Coincidiu ser 17 de maio - Dia Nacional da Noruega - o mais festivo de todos. Mulheres, homens e crianças percorriam as ruas com roupas típicas, bandeiras e adereços em verme-lho, azul e branco enfeitando todos os locais. Tudo está tingido com as cores do país: colegiais e soldados estão a postos para desfilarem em frente ao palácio.

Os habitantes da capital esperam a abertura do evento com o casal real aparecendo na sacada do palácio. O entusiasmo festivo invade as ruas, as casas, os bairros, a cidade e o país. Tudo fica colorido. A alegria resiste aos altís-simos impostos cobrados de todos. Lá, ao menos, uma boa parte é devolvida em forma de serviços, e o Estado as-sume suas obrigações e compromissos com seriedade.

Depois da capital nosso grupo toma um pitoresco trem rumo a Flam e, no dia seguinte, um barco nos deixa em Bergen. Passamos então a conhecer os famosos fiordes da Noruega - um recorte pro-fundo e único em seu litoral produzido por milhões de anos de gelo e degelo. Percorremos belíssimas paisagens: mon-tanhas de pedra, cobertas de gelo que, derretendo, formam cascatas de água límpida sulcando a terra para formar mares e rios de água verde que contras-tam com o branco da neve e com o cinza das pedras. Um festival de cores que a vista procura reter, mas, traidora, deixa-se levar por outra e mais outra paisagem fotográfica - no entanto, nem as fotos dão conta de registrar um décimo da grandiosidade dessa natureza.

O caminho do norte - Norway - a terra dos deuses, sabe dar valor aos pou-cos quatro meses de sol e de claridade que os noruegueses procuram desfru-tar desde a madrugada, quando o sol começa a raiar, até nove ou dez da noite, quando, enfim, começa a anoitecer. •

Nem as fotosdão conta de registrar um

décimo da grandiosidade dessa natureza

Revista Escola Particular – Agosto – 201914

Page 15: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 15

Page 16: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

N o dia 4 de maio de 2019 embarcamos com destino à Alemanha, para seguirmos

depois à Estônia, num grupo de 34 edu-cadores engajados em conhecer ricas experiências escolares e pedagógicas desses dois países. Sobretudo, o que despertava a curiosidade geral era o re-sultado recente da Estônia no PISA, es-tando em 3º lugar no ranking mundial e 1º lugar no ranking europeu, resultados fascinantes para um país que alcançou sua independência apenas em 1991.

As escolas na AlemanhaEm Stuttgart, na Alemanha, fomos

recebidos no Ministério da Cultura, Ju-ventude e Esporte, espaço em que nos foram apresentadas características e estruturas da educação alemã do ponto de vista mais amplo.

Em primeiro lugar, os estados ou regiões da Alemanha possuem quase total autonomia em relação à educação e a forma como fazem a gestão da edu-cação. Esse ministério mesmo era ape-nas da região de Baden-Württemberg e suas práticas são autônomas em relação às outras regiões. Além de atenderem às demandas educacionais, o Ministério Regional também é responsável pelas definições curriculares, as estruturas das escolas e as provas centrais que ocorrem em todas as escolas.

Geralmente, até o Ensino Funda-mental II (por volta de 14/15 anos de idade), o aluno passará por uma etapa de escolarização de conhecimentos gerais. A partir disso, ele passará por um exame e continuará seus estudos de forma mais específica:

• O aluno poderá ir para o Gymna-sium, que vai prepará-lo para o ingresso

Em busca do melhor para os alunos

Sueli Conte, Ana Priscila Kavamurae Diego Franco

Colégio Renovação

no ensino superior e terminará com o Abitur, um exame classificatório para o ingresso universitário.

• A Realschule: atende aos alunos de nível intermediário e terminará com o exame Mittlere Reife, e o aluno terá às vezes a opção de ligar o Ensino Médio com a...

• Hauptschule, que é uma escola técnica que pode ou não ser combinada com o Ensino Médio; também possui seu próprio exame final, o Hauptschulab-schluss, que garante ao aluno o exercício da atividade técnica aprendida.

• A Förderschule: uma escola que combina as duas anteriores, e é cada vez mais comum na Alemanha.

Existe também a possibilidade de o aluno não poder continuar seus estudos no Ensino Médio, por falta de

desempenho nos exames de ingresso. No entanto, ao visitarmos as escolas, percebemos que essa situação é prati-camente escassa nos dias de hoje.

As prioridades educacionaisMuito semelhante com o processo

que vem ocorrendo no Brasil, a Ale-manha teve como ponto de partida para suas conquistas educacionais uma grande reforma curricular, que definiu as prioridades e propostas a serem trabalhadas na educação. São elas: a digitalização, educação em tecnologia da informação, estabelecer padrões educacionais nacionais, fortalecer o trabalho na educação infantil, a inclusão de crianças e jovens que necessitem de atendimento diferenciado, a elaboração de um Novo Ensino Médio para 2021,

Viagem Educacional

Revista Escola Particular – Agosto – 201916

Page 17: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

ênfase na integração com imigrantes e refugiados, desenvolver escolas de período integral, ter um ensino mais personalizado (que atenda alunos com dificuldades na aprendizagem ou ofe-reça mais subsídios para alunos com facilidade), oferecer orientação vocacio-nal, desenvolver padrões de qualidade (PISA) e internacionalizar o ensino, principalmente para se integrarem cada vez mais com a União Europeia.

Escolas vocacionais (técnicas): parcerias

A primeira escola que conhecemos foi a Wilhelm-Maybath Schule, uma escola técnica voltada para a mecânica automotiva. Assim como outras es-colas que visitamos, era pública, mas contava com parceria público-privada,

recebendo assim apoio de montadoras locais como Mercedes-Benz e BMW. Encontramos grandes salas de aula que pareciam as mais sofisticadas oficinas mecânicas, com equipamentos de to-dos os tipos e carros que pareciam ter acabado de sair de uma concessionária. Os alunos se sentavam em círculos, ou estavam distribuídos pela grande sala de aula oficina, usando jaquetas com os logotipos das empresas já citada, e permeados pela mais pura seriedade e envolvimento possíveis.

Na lousa branca, o professor havia exposto uma situação-problema; aliás, a Aprendizagem Baseada em Proble-mas é uma prática recorrente nas escolas alemãs, e os alunos passariam várias aulas aprendendo com aquela situação. Nos dizia o professor que “o

aluno deverá primeiro conhecer, para depois entender, aplicar e por último solucionar. Se esta sequência for que-brada, o conhecimento poderá ser ainda vasto, mas completamente vazio e sem propósito”.

Bom, esse era um dos propósitos claros da Wilhelm-Maybath: aliar a teo-ria e a prática, fazer com que o aluno se prepare verdadeiramente para in-gressar no mercado de trabalho. Tanto é assim que nas escolas vocacionais os alunos precisam trabalhar: 70% do ensino é feito em empresas, que se preparam para recebê-los e ingressá-los no mercado de trabalho e os outros 30% na própria escola. Em função disso, em nossa visita, muitas salas de aula estavam vazias, pois os alunos estavam nas empresas.

A primeira escola que conhecemosfoi a Wilhelm-Maybath Schule,

uma escola técnica voltada para a mecânica automotiva

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 17

Page 18: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Escolas de Ensino RegularAinda em Stuttgart, visitamos a Jörg-

Ratgeb Schule, uma escola com foco nas artes e humanidades, muito procurada por aqueles que não desejam o caminho do ensino técnico: essa era uma das Realschule, tida como escola de nível intermediário. Observamos a ênfase no aprendizado de habilidades socioemo-cionais como a tolerância, a recepção de críticas e a socialização. Havia aulas tendo como temática “como receber uma crítica?”, ou “como é amadurecer e tornar-se adulto?”.

Mesmo sendo uma escola com o enfoque totalmente diferente, também existe a parceria com empresas, onde os alunos de Ensino Médio devem realizar estágios. Observamos que os alemães se preocupam em oferecer a maior quanti-dade possível de caminhos, pois faz parte de sua convicção que o aluno deve apren-der e se desenvolver de acordo com suas próprias habilidades e aptidões.

Escolas particularesTambém visitamos a Swiss Interna-

tional School, muito diferente da reali-dade das demais, pois trata-se de uma instituição privada. Na Alemanha, as es-colas particulares recebem 80% de finan-ciamento do governo, sob a condição de que se um aluno se candidate a estudar lá, e não tenha a possibilidade financeira de arcar com os custos, a escola deve acolhê-lo sem custo algum.

A Swiss é uma rede de escolas que está presente na Alemanha, Suíça e no Brasil, tanto no Rio de Janeiro quanto em Brasília. Ali, o aluno é capaz de receber uma aprendizagem bilíngue, conviver com professores de diversas nações, receber uma educação com enfoque internacional e, ao final do Ensino Médio, além de estar capacitado para o Abitur, ele também recebe um bacharelado internacional, um diploma globalmente reconhecido para acesso a universidades do mundo todo.

As principais metas na EstôniaNo dia 13 de maio, nossa recepção

ministerial ocorreu na Fundação In-nove, instituição privada de assessoria educacional estoniana. Nos foi apre-sentado que a Estônia está vivendo um duplo processo na educação, um processo mais específico, que é a busca de estratégias para internacionalizar sua educação, e outro processo mais abran-gente, que são as metas para melhorar a educação no país até 2035.

A educação estoniana se encontra pautada em cinco pilares principais: um sistema educacional para atender às escolhas individuais dos alunos, a valorização da cultura e da língua esto-niana, a aquisição de novas habilidades e aperfeiçoamento das habilidades já existentes, o professor como guia e mediador do processo de ensino-aprendizagem e do aprendizado colabo-rativo e um mindset escolar baseado na pesquisa e vontade de conhecer.

Até 2020, a Estônia pretende com-pletar o “Estonian Lifelong learning strategy” - um plano adotado em 2014 que pretende instalar na educação a mentalidade de que aprender é um estado natural da vida.

Nesse momento, o perfil do profes-sor estoniano é mulher, com mais de 50 anos de idade e com aproximadamente 22 anos de experiência. No entanto, 94,4% dessas professoras tem uma característica comum: nunca pararam de estudar desde o dia em que se formaram. Por esse motivo também, nas próximas décadas, a Estônia pode sofrer com um déficit de professores, uma vez que essas professoras deverão se aposentar.

O aluno deverá primeiro

conhecer, para depois entender,

aplicar e por último solucionar

Viagem Educacional

Revista Escola Particular – Agosto – 201918

Page 19: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 19

Page 20: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Ensino Regular: Fundamental I sem notas

Nossa primeira escola visitada em Tallinn, na Estônia, foi a Peetri Kool, que se apresenta como sendo o espaço de felicidade e autoconhecimento para os alunos. Nos chamou a atenção suas múltiplas disciplinas extracurriculares - como dança e teatro, assim como o fato de que até o final do Ensino Fun-damental I não há sistema de notas, os alunos recebem um feedback individual e também realizam uma autoavaliação em parceria com a família.

Outra característica marcante, que voltaria a ser observada em todas as escolas estonianas por nós visitadas, é a proibição total de aparelhos eletrônicos próprios dos alunos, como celulares e tablets, que possam desviar a atenção do propósito maior para o qual eles ali se encontram.

Já a Tallin Downtown Private School é uma escola particular; no entanto, sub-sidiada pelo governo e sem fins lucrati-vos. Em seu currículo, os alunos, desde

os 9 anos de idade, já podem escolher algumas disciplinas eletivas, como um aprofundamento em matemática, história ou laboratório de ciências. Essas eletivas vêm acompanhadas de um propósito maior da escola, que é o projeto de vida (muito semelhante às nossas recentes proposições curricula-res brasileiras).

Aluno: parte do processo ensino-aprendizagem

O trabalho socioemocional na Estô-nia é igualmente forte: nessa escola, a cada dois meses, os alunos são chama-dos por seus professores tutores para uma conversa de 15 minutos, onde são avaliados seu desempenho pedagógico e social, assim como aconselhamento e recepção ativa daquilo que o aluno deseja compartilhar. O aluno precisa ser parte do processo de ensino-aprendiza-gem, nos afirmou um dos professores: sem o aluno envolvido, o processo se torna desinteressante e sem sentido, e logo sofreremos com a evasão escolar.

Segundo o pensamento educacional estoniano, é preciso aliar a competição com a colaboração e o que se espera não são resultados, mas a preparação do aluno para viver no século XXI. As famílias estonianas apoiam fortemente essa ideia. Segundo eles, a maioria dos pais quer em primeiro lugar o “bem-estar” do seu filho e quando a escola faz essa proposta tudo se torna mais fácil.

Estávamos num grande pátio, vincu-lado a uma quadra, quando ouvimos o sinal do intervalo e algumas centenas de crianças inundaram esse local com ener-gia e agitação. Enquanto algumas nos cercavam para dizer um tímido “bom dia”, notamos algo tocante: não haviam inspetores ou professores cuidando dessas crianças. Mesmo assim, elas brincavam de forma saudável, outras sentavam e tomavam seu lanche com os colegas, e é claro que uma orgulhosa diretora (também professora de um 5º ano) se aproximou de nós e perguntou:

• “Conseguiram notar algo de dife-rente?”

A maioria dospais quer em

primeiro lugar o “bem-estar” do

seu filho e quando a escola faz essa proposta tudo se torna mais fácil

Viagem Educacional

Revista Escola Particular – Agosto – 201920

Page 21: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

E com nossa unânime resposta, ela começou a apresentar esse simples intervalo não supervisionado como o resultado de um longo trabalho de desenvolvimento da autonomia e do senso de coletividade. Toda quinta-feira as crianças fazem um intervalo de 40 minutos, para que tenham mais tempo para convívio e independência.

Sonhos, para transformar o mundoVisitamos muitas escolas na Es-

tônia, mas resta citar a que mais nos chamou a atenção: a Rocca al Mare Kool, onde fomos recebidos por uma rígida coordenadora pedagógica, que nos apresentou uma escola que calo-rosamente afirmava e reafirmava: “Os sonhos transformam o mundo”. Essa era uma escola particular também com, inclusive, uma particularidade: sua ori-gem espanhola, da qual aproveita-se disso para oferecer intercâmbios de seus alunos para lá.

Nessa escola, nos foi afirmado com veemência: aqui o assunto principal é

o desenvolvimento de nossos alunos. Presenciamos uma turma numa sala de aula cozinha, preparando sofisticados pratos num trabalho harmonioso e coletivo, tão bem elaborados quanto o saboroso cheiro que permeava o ambiente. Em outra sala, uma turma aprendia trabalhos manuais diversos.

A Rocca al Mare Kool preza muito por seus valores, que “devem estar em todo lugar” nos afirmava a coordenadora. E eles, realmente estavam em todo lugar: nos alunos determinados e engajados que passavam pelos corredores ao nosso lado, escritos nas paredes ou até mesmo no prédio quase todo de vidro, que nos foi contado que fora proposi-talmente feito assim para indicar a “transparência” como um dos valores da escola.

Os valores da escola, que nos pa-receram as tão mencionadas habi-lidades socioemocionais, deveriam aparecer em todas as aulas. Assim, nos foi afirmado, por exemplo, que num trabalho de Matemática se abordava a

questão da honestidade e em outro de História o pensamento crítico.

Aprendemos muito com a Ale-manha e a Estônia. Vimos que em assuntos que ainda somos muito tímidos precisamos nos permear sem hesitação; outros que já fazemos da maneira adequada, mas tantos que ain-da precisamos começar. Não se pode transportar o sistema educacional de um país para o outro, as realidades são muito diferentes, mas podemos nos inspirar, deixar influenciar, transformar e adaptar para que alcancemos o obje-tivo que seja no Brasil, na Alemanha ou na Estônia é o mesmo: o melhor para nossos alunos! •

Este é o relato elaborado pelo Colégio Renovação, que participou

da XXI Viagem Educacional organizada pelo SIEEESP com sua

diretora geral e mantenedora Sueli Conte, a Gerente Administrativa Ana

Priscila Kavamura e o professor de História Diego Franco.

Não se pode transportar

o sistema educacional de

um país para o outro, as

realidades são muito diferentes

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 21

Page 22: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Viagem Educacional

Sandra Oliveira e Silvio SimõesColégio Anglo Morumbi

Preparar cidadãospara os desafiosdo futuro

Revista Escola Particular – Agosto – 201922

A lemanha e Estônia foram os destinos da nossa missão edu-cacional em 2019, organizada

pelo Sieeesp, com a presença de mais de 30 mantenedores e diretores de institui-ções de ensino básico do Brasil.

Na Alemanha, conhecemos o sistema de ensino da região Baden-Wurttem-berg, um dos 19 estados que compõe o país. Cada estado tem autonomia na organização do currículo educacional. O sistema é complexo e a partir do Ensino Fundamental o aluno pode percorrer uma das quatro trilhas possíveis do sistema, de acordo com as competên-cias, habilidades e vocação dos alunos e desejo das famílias.

O Ministério de Educação Alemão tem como meta melhorar e assegurar a qualidade da educação. E os resultados são positivos, os alunos apresentam sucesso nas provas nacionais e interna-cionais.

Em Baden-Wurttemberg, por ser uma região com muitas indústrias de automóveis e empresas de tecnologia, há uma ênfase na formação técnica. Existe uma parceria entre empresa, escola e família.

O governo alemão investe financian-do o aluno inclusive nas escolas particu-lares, evidenciando a importância da Educação para o país. Investem também na formação dos professores, fator de extrema relevância quando se busca uma educação de qualidade.

A delegação participou do seminário com o embaixador do Brasil em Muni-que, José Mauro Rocha Couto, no qual foi apresentado diversas possibilidades de parcerias entre Brasil e Alemanha. O grande desafio daquele país, hoje, é manter a qualidade de ensino e reavaliar o sistema educacional a cada período.

O Ministério de Educação Alemão tem como meta melhorar e assegurar a qualidade da educação

Page 23: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 23

Na Estônia, a delegação foi recep-cionada e acompanhada em parte das visitas pelo embaixador do Brasil, Roberto Colin. Conhecemos melhor o sistema de ensino, buscando entender quais os métodos que permitiram que o país figurasse no PISA em 3º lugar em Ciências, 6º lugar em Leitura e 9º lugar em Matemática. Esses resultados

respaldam o seu grande pilar político, que é investir na educação de qualidade para todos. Possuem projetos sólidos e um planejamento estratégico definido até 2020. O país aplica 6% do PIB em educação e é muito eficiente na gestão de seus recursos. Desde o início oferece oportunidades iguais para meninos e me-ninas, os quais competem e colaboram.

Educação de qualidade

Page 24: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Viagem Educacional

Revista Escola Particular – Agosto – 201924

O Ministério da Educação trabalha com a Fundação INNOVE há 15 anos. Ela lidera os processos importantes para o governo como estratégia para internacionalização da educação e planejamento estratégico para 2035. A educação é prioridade para o governo e famílias, e todos entendem que o progresso do país está na estratégia de ensino. O governo determina um currículo básico, mas as escolas têm autonomia para implementá-lo.

Em uma das escolas visitadas, o dire-tor ressaltou que o sucesso do sistema é a autonomia, a liderança e o desen-volvimento organizacional que cada escola possui, sendo possível inclusive remunerar de maneiras diferenciadas

seus professores, sempre trabalhando com o orçamento destinado à escola.

A forma de ingresso dos alunos na maioria das escolas se dá por concurso, pois depende da demanda local. Os seus diretores são avaliados a cada dois anos, podendo ser substituídos se não apresentarem rendimento satisfatório. Existe uma preocupação com o investi-mento na formação dos professores, os quais trabalham com estágio super-visionado e mentoring. Os professores ainda são incentivados a usar salas inovadoras, com novas tecnologias e plataformas digitais. E, ainda, o diário de sala é compartilhado com os pais, ressaltando a importância da família no dia a dia das crianças.

Estratégia de internacionalizaçãoOs professores ainda são incentivados a usar salas inovadoras, com novas tecnologias e plataformas digitais

Page 25: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 25

Page 26: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Além do currículo acadêmico, eles trabalham o currículo socioemocional, preparando os jovens para o século XXI, por meio do desenvolvimento de habilidades para se relacionar, o valor da comunicação e da interação social, e a relevância da colaboração e do “pensar fora da caixa”. Na escola Pee-tri Kool, encontramos implantado o programa Líder em Mim, que trabalha as habilidades socioemocionais dos alunos, difundido pela Franklin Covey no mundo todo.

As escolas da Estônia ofertam no currículo a língua inglesa e russa a partir da 6ª série. Assim como na Alemanha, o governo incentiva seus alunos a viven-ciarem uma formação técnica, os quais recebem certificação válida para toda a Europa.

O país apresenta alguns desafios educacionais, segundo o representante do Ministério de Educação da Estônia, entre eles: as constantes mudanças no mundo, a incapacidade de lidar com as diferenças, professores superados

Currículo socioemocional

pelos alunos, abundância de oportuni-dades, diminuição do número de alunos e reorganização da rede de escolas, currículos, princípios do financiamento escolar e diminuição do prestígio da profissão de professor.

Por fim, voltamos ao Brasil mais ener-gizados e com a certeza de que é pos-sível ter uma educação de qualidade e que efetivamente forme cidadãos bem preparados para os desafios futuros, quando existe vontade política aplicada à educação. E, ainda, com muitas ideias e novidades a serem implementadas e aplicadas em nossas escolas. •

Viagem Educacional

Voltamos aoBrasil mais energizadose com a certeza de que é possível ter uma educaçãode qualidade

Revista Escola Particular – Agosto – 201926

Page 27: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 27

Page 28: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Viagem Educacional

Caminhos que levam à excelência do ensinoE ste ano, tive a oportunidade

de integrar um grupo com 32 educadores brasileiros, em uma

viagem organizada pelo Sieeesp e o IES Educação Internacional, com o apoio dos Ministérios de Educação de Baden Wurttemberg/Alemanha e da Estônia, e das embaixadas em Berlim, Consulado Geral de Munique e Embaixada de Tal-linn, entre os dias 04 e 16 de maio.

Durante a viagem, conhecemos escolas e universidades, participamos de palestras e seminários sobre a educação, na Alemanha e na Estônia, e tivemos a oportunidade de compar-tilhar, também, informações sobre o sistema brasileiro de educação, sua amplitude e seus desafios. A visita

foi prestigiada pelo embaixador José Mauro da Fonseca Costa Couto, do Con-sulado Geral de Munique, responsável pela Bavária e Baden Wurttemberg, e pelo embaixador do Brasil na Estônia, Roberto Colin. Fomos acolhidos como se tivéssemos visitando, de fato, um conterrâneo nosso e pudemos, desta forma, ter um espaço único e privile-giado. Na Estônia, fomos o primeiro grupo de educadores brasileiros a visitar o país.

Aprendemos uns com os outros, fazendo-nos autores de nossos pensa-mentos e abrindo-nos, humildemente, para novos pensares. Respeitar a in-fância, o direito do brincar, ensinar as crianças a importância do cuidar e do

autocuidado, incentivar a leitura e des-pertar a inspiração de personalidades de sucesso, fortalecer a colaboração, partir de problemas, propor soluções, comunicar-se em diferentes línguas, empreender, enriquecer-se de Arte e Música, educar a sensibilidade e de-senvolver a criatividade são caminhos possíveis e que levam à excelência.

Nos dois países, a Educação Infantil prioriza o brincar e o movimento como base do desenvolvimento das habili-dades necessárias para, futuramente, adquirir a leitura, a escrita e demais competências. O brincar é respeitado, a autonomia é desenvolvida e a curiosi-dade alimentada para que seja estimu-lada sempre.

Revista Escola Particular – Agosto – 201928

Claudia Xavier da Costa SouzaColégio Rio Branco

Page 29: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 29

AlemanhaChegamos na cidade de Munique

com o tempo frio e, aos poucos, o grupo foi estabelecendo contato e ampliando as relações; alguns já se conheciam, outros viajavam pela primeira vez. As paisagens, cultura local, produtos típi-cos e gastronomia, lógico, despertavam curiosidade. Mas, quando entrávamos nas escolas ou sentávamos em volta das mesas para conversar sobre a Educação, nosso foco era exclusivo e a nossa sede era pela qualidade e a busca era pela melhoria e pela inovação. Todos bus-cavam os melhores caminhos. Nossos rostos mudavam quando ouvíamos as vozes que dão vida à escola: crianças e adolescentes circulando à vontade pelos pátios e corredores. Nestes mo-mentos, esquecíamos de onde viemos e nossa memória revivia o educador que nunca deixamos de ser.

Não, não escutamos sinais, em ne-nhum dos países: não as campainhas estridentes que estávamos acostuma-das (algo que já foi retirado em nossa escola, o Colégio Rio Branco), mas sim sinais musicais que chamavam alunos e professores para a troca de momen-tos pedagógicos. Vimos muita Arte e Música, corredores transformados em ambientes de aprendizagem, atividades cotidianas sendo desenvolvidas dentro da escola: aprender a fazer.

Nunca se falou tanto em trabalhar com as emoções e sentimentos, nunca se trouxe tanto a problematização como recurso de aprendizagem, levan-tar hipóteses, buscar soluções, criar suspense e expectativa para cada aula; trazer a aprendizagem para o centro do processo, desenvolver a interdiscipli-naridade, língua e cultura. Algo parecido com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Nada é por acaso!

Na Alemanha, o forte é o ensino profissionalizante, uma referência mun-dial. A articulação desenvolvida com as indústrias automobilísticas e químicas, por exemplo, é de altíssimo padrão, pro-porcionando formações qualificadas.

A Alemanha é o país que tem seu ensino mais diferenciado: primeiro pela autonomia estabelecida pelos estados federados alemães; segundo, por que, a partir dos 10 anos, o ensino já é definido pela família e estado e a escolha do percurso é feita de acordo com o desem-penho escolar. O chamado caminho das “colunas”. Ao final do Grundschule, os alunos são distribuídos em três diferen-tes escolas. O Gymnasium, uma forma-ção de oito ou nove anos de duração, é caminho natural para quem estará apto a entrar na universidade. Após concluir os estudos, os alunos fazem o exame Abitur que só pode ser prestado uma única vez, e a prova é específica para a área que se quer entrar.

A articulação desenvolvida

com as indústrias automobilísticas

e químicas, por exemplo, é de

altíssimo padrão, proporcionando

formações qualificadas

Page 30: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Viagem Educacional

As outras duas alternativas são a Hauptschule, formação básica de cinco a seis anos para ingressar em uma insti-tuição de ensino profissionalizante, e a Realschule, com duração de seis anos, que leva a uma formação profissional e científica, algo intermediário entre as duas primeiras. Se o aluno seguir na Realschule até o décimo ano, obtém um certificado que o possibilita ingressar em uma instituição de ensino profis-sionalizante, ou seguir o Gymnasium e fazer o Abitur.

O Abitur tem seu foco principal na Matemática e nas línguas: alemão, inglês e francês. Em 2021 haverá uma modificação na prova em função da cria-ção das escolas integrais e do projeto da Integração da Imigração. É um país que valoriza muito a integração entre mer-cado de trabalho e estudo, enaltecendo o ensino técnico. Do ponto de vista educacional, o aumento da imigração

significa a necessidade de aprender línguas diferentes e sobre diferentes culturas e religiões. É preciso integrar as pessoas, sendo este o maior desafio já enfrentado pela Alemanha.

Será que este modelo reforça as diferenças ou possibilita desenvolver as potencialidades? Saímos abertos a este debate. Para nós, brasileiros que temos um caminho tão linear no ensino, nos parece difícil assumir tão cedo esta escolha. Para eles, é quase a certeza de que desta forma há o investimento nas forças e não nas fraquezas.

Por outro lado, tivemos a certeza de que o aprender em si não está voltado somente para a escola, mas sim para a vida toda. Há uma verdadeira conexão com a realidade e o mais importante é que 80% dos recursos vêm do Estado.

No programa Qualifizierte Beschäf-tigung, o aluno fica três dias e meio na empresa e um dia na escola. Na es-

cola Técnica, como a Wilhelm Maybach Schule, visitada pelo grupo, por exem-plo, trabalha-se com campos de atuação ou campos de aprendizagem: informar, planejar, decidir, executar, controlar e avaliar. Para não sobrecarregar o aluno, as competências são divididas em níveis: conhecer, aplicar e solucionar problemas. Sempre em um movimento espiral, de maneira a integrar o trabalho e o estudo.

O embaixador brasileiro, José Mau-ro da Fonseca Costa Couto, nos trouxe uma visão muito positiva sobre o Estado de Baden-Wurttemberg, o 2º maior estado da Alemanha em renda per capita. O local oportuniza uma rica experiência para o jovem no mundo do trabalho. O embaixador, na ocasião, enalteceu nossa humildade em querer aprender com o sistema alemão; afinal, Educação, prosperidade e bem-estar caminham juntos.

Revista Escola Particular – Agosto – 201930

ALEMANHA ALEMANHA ALEMANHA ALEMANHA ALEMANHA ALEMANHA ALEMANHA ALEMANHA ALEMANHA ALEMANHA ALEMANHA

É precisointegrar aspessoas,sendo este omaior desafiojá enfrentadopela Alemanha

Page 31: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além
Page 32: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

A Educação Infantil na Alemanha é frequentada por crianças até os seis anos de idade, os ambientes são espaçosos para as atividades indivi-duais e em grupo, com prioridade às sociais e de vida prática. O importante é aprender sobre responsabilidade, valores, arte, música, trabalho manual e incentivar a criatividade e curiosi-dade. As crianças aprendem o nome e algumas letras, mas a alfabetização e o conhecimento formal não é o foco. Estas instituições são independentes das escolas e podem ser mantidas pelos estados, igrejas ou entidades privadas.

Mesmo no rigoroso inverno, os pas-seios acontecem com as crianças com frequência. Parques e florestas são muito visitados. O ir e vir faz parte do aprender a criar a autonomia.

Há lugares que recebem crianças no período da tarde e trabalham com grupos multisseriados. Visitamos um

deles. Partiam do princípio da observa-ção da criança em sua atividade e tra-ziam as suas observações em relatórios para que fossem avaliadas pelo corpo docente. As atividades nasciam sempre do interesse manifestado pelas crian-ças. Pudemos observar que conside-ram o ponto de vista da criança, o seu desenvolvimento e autonomia, mas definem metas para a educação dessa faixa etária e, a partir delas, oferecem estímulos para evolução de cada uma delas. O trabalho é feito por estações de aprendizagem e, em cada uma, há sempre um profissional de Pedagogia. A criança escolhe onde quer ir: ateliê, Ciências Naturais, teatro, alimentação, construção, Ilha da Tranquilidade, troca de papéis (role play), entre outras pos-sibilidades.

A criança precisa de convivência, aprende com o outro e com os espaços para elaborar seu conhecimento.

Kindergarten - espaço de conviver e brincar

Visitamos, também, a Grundschule Pelikan Schule, uma escola que oferece o ensino integral, recebe famílias ca-rentes de várias nacionalidades e cul-turas, trabalha com alunos de inclusão e 80% das crianças são de famílias estrangeiras.

Saímos da Alemanha querendo levar em nossa bagagem o respeito pela arte, cultura e intelectualidade, a consciência ecológica e a memória histórica.

Há lugares que recebem crianças

no período da tarde e trabalham

com grupos multisseriados

Revista Escola Particular – Agosto – 201932

Viagem Educacional

Page 33: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

A Estônia é um país que se redesco-bre por meio da Educação! Tem uma história de dominação dos russos, soviéticos e alemães, e o seu renascer deu-se na década de 1960, quando o país se abriu para o mundo, inicialmente via Helsinki, distante 50 km de Tallinn, a capital mais digitalizada do continente.

Inspirada pela educação finlandesa, a Estônia reestrutura a sua e organiza seu planejamento estratégico com metas para 2035.

Que tipo de Estônia queremos? Onde estamos? Para onde vamos? Três grupos de trabalhos liderados por acadêmicos do país se formaram para buscar respostas a estas perguntas. O povo da Estônia tem fé na pesquisa e acredita que investir em educação é melhor que possuir terras. “A educação para nós é uma religião”, falam.

O objetivo estratégico para 2035 é desenvolver uma sociedade inclusiva, de bem-estar material, social e mental e planejamento, por meio da educação e pesquisa, bem como da política de ju-ventude e linguagem, com valores com-partilhados de uma forma competitiva e sustentável. Ou seja, uma educação de alta qualidade, para benefício do povo e da economia, sem levar em conta as dificuldades passadas.

Estônia O povo da Estônia tem fé na pesquisa

e acredita que investir em

educação é melhor que possuir terras

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 33

Page 34: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Desafios:integração, evasão...

Nos últimos cinco anos houve uma queda significativa no financiamento de pesquisa, a educação pré-escolar é de alta qualidade e está disponível para a maioria das crianças. O nível de educação básica está classificado entre os melhores do mundo e a desigualdade educacional é baixa.

Há desafios, de acordo com os alunos, como a necessidade de criar maior autonomia e melhorar as relações sociais no ambiente escolar.

As escolas básicas não apoiam a integração de crianças de diferen-tes origens culturais e não fornecem conhecimento suficiente da língua estoniana para crianças com língua materna. Os professores estonianos são altamente qualificados; porém, há falta de professores nas áreas de Matemática e Ciências Naturais. Há, também, falta de especialistas para apoiar crianças com necessidades especiais. O ensino tem sido bom para

apoiar os alunos com dificuldade de aprendizagem, mas não os que possuem talentos.

Os diretores precisam se desenvolver em relação ao geren-ciamento de mudanças, pois ainda estão muito focados nas questões administrativas. A cooperação entre escolas e universidades melhorou a Educação Profissional, que está cada vez mais popular entre os adultos. Ainda há um desa-fio: é necessária uma valorização das famílias, diferente da

Alemanha, e precisa haver maior valorização na sociedade.O Ensino Superior na Estônia é de boa qualidade, mas

enfrenta o desafio da evasão. Houve um aumento da participação nos cursos de STEM, mais da metade da

população em idade ativa participa da educação de adultos (participação aumentou nos últimos anos), há

muitas fontes de financiamento; porém, as mudanças rápidas na economia exigem um novo modelo de negócio e de escola.

A Estônia busca um modelo de educação em forma de auto-aperfeiçoamento: módulos de aprendizagens

com “nano-graus”, que ajudam a adaptar-se às novas necessidades do mercado, permitem que os estudantes

construam seu curso de graduação de acordo com suas necessidades e realidade.

O E-learning está em expansão, seguindo as novas exi-gências do mercado: especialização em máquinas, inteligência

artificial, gerentes de experiência do usuário e especialistas em interação, homem-máquina, engenheiros e robótica. Segundo o

relatório de trabalho futuro da McKinsey, em 2026, 50% das tarefas serão automatizadas, incluindo 60% de empregos de baixa e média qualificação e um quarto de empregos altamente qualificados.

Revista Escola Particular – Agosto – 201934

Viagem Educacional

A cooperação entre escolas e universidades

melhorou a Educação Profissional

Page 35: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 35

Page 36: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Revista Escola Particular – Agosto – 201936

Empatia, iniciativa, habilidades de negociação, pensamento crítico, criatividade, percepção, resi-liência, flexibilidade, capacidade de resolver pro-blemas complexos, além de inteligência emocional, habilidade gerencial, influência social, segundo o Fórum Econômico Mundial 2018, serão as novas competências exigidas pelo mercado e não poderão ser esquecidas pelo país nesta reforma.

O envelhecimento da população da Estônia, o rápido crescimento dos jovens da África, o crescente fosso de renda e o aumento da pressão migratória são desafios a serem enfrentados.

O mercado da Educação está se internacionali-zando e, no mercado de trabalho, países e cidades competem por talentos. O nacionalismo extremo leva a um perfeccionismo: de um lado há a valoriza-ção da sociedade; do outro, um isolamento social. Para onde ir?

Os caminhos apontados são: valorizar a cultura da Estônia, aprender de forma colaborativa e, tendo o professor como guia, desenvolver mentalidades baseadas em pesquisa e universidades de alto nível, criar um sistema que suporte as escolhas indivi-duais, desenvolver novas habilidades, mas fazer a manutenção das já existentes. A aprendizagem deve ser individual e flexível, envolver diferentes ambientes, incluindo ambientes virtuais.

O envolvimento dos familiares e dos governos locais na vida escolar cresce significativamente. A antecipação dos estudos para alunos talentosos e a inserção destes em grupos de pesquisa, o inves-timento da formação profissional em larga escala para 2035 com parcerias com empresas e o desen-volvimento do mestrado industrial e doutorado, além da criação de centros de desenvolvimentos vocacionais, são alguns caminhos.

A Estônia inspira-se na educação vocacional da Alemanha e aspira-se no modelo da educação inovadora finlandesa. Com este investimento já des-ponta nos rankings do PISA, nas áreas das Ciências e Matemática, e cria a sua identidade educacional.

Aprendizagem é um estilo de vida, é desenvolvi-mento. Oportunidades são soluções que devem ser buscadas.

Aprendizagem é um estilo de vida, é desenvolvimento. Oportunidades são soluções que devem ser buscadas

Revista Escola Particular – Agosto – 201936

Viagem Educacional

Page 37: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 37

Algumas lições aprendidas na via-gem educacional, neste caminho pela troca de saberes...

A tecnologia não é vitrine, ela é meio. O papel da escola é usar a tecno-logia de maneira significativa. Temos que desenvolver a mente com a ajuda da tecnologia e não ao contrário.

A educação é preparo para a vida profissional. O currículo tem que ser um espelho do que é o mundo hoje e respeitar cada comunidade. Precisamos do desenvolvimento das habilidades socioemocionais também dentro da escola.

O governo, a família e o setor priva-do integram o interesse pela Educação, pois esta religa e transforma as pessoas e a sociedade. A contribuição é feita de forma justa, de acordo com a renda. To-dos pensam em como fazer a melhor es-cola e em como ter os melhores alunos.

O sucesso depende da sinergia com as famílias: “Por que nossa escola é excelente? Por que os pais confiam na gente e colaboram conosco”, conforme o depoimento de uma diretora da Estônia.

Sobre as estruturas e instalações fica a mensagem de Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino Unido:

“We shape our buildings, thereafter they shape us”. Afinal, os espaços nos con-figuram e nos definem. Ao transcorrer pelos espaços das escolas na Estônia, não encontramos alunos enfileirados e concentrados somente em suas salas, a identidade educativa transcende muros e portas, mesmo que elas existam.

O currículo é baseado em com-petências e habilidades acadêmicas. O currículo deve ser um espelho do que se tem no mundo, em uma aprendizagem para a vida.

Buscar soluções, propor o prazer da descoberta, provocar o desejo de aprender, solucionar problemas, errar para chegar ao acerto. Aprender por fenômenos.

Professores e alunos aprendem juntos, formando uma comunidade aprendente. Incentivar e promover a aprendizagem para exigir o esforço de cada um.

“Man muss die Herzen erreichen, um wissen zu vermitteln” (Você tem que alcançar os corações para transmitir conhecimento).

Buscar a avaliação formativa, em que o professor acompanha melhor o processo, dá feedbacks por escrito e

identifica os desvios de aprendizagem, permite ao aluno ter autoconhecimen-to. É possível tornar-se sábio e ser uma boa pessoa.

O sucesso do sistema está nos profes-sores, bem formados e experientes. •

“É preciso acreditar na beleza do lugar em que se vive, conhecer este lugar, entender a mentalidade

de quem mora lá, não importa onde você mora, sempre haverá soluções

possíveis estratégias a serem desenvolvidas. Todos os

setores e cada pessoa são importantes.”

Na mala, lições aprendidas...

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 37

Page 38: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além
Page 39: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além
Page 40: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Viagem Educacional

C om o intuito de conhecer e compreender alguns modelos de ensino aplicados na Educação Infantil, realizamos uma imersão, organiza-da pela Sieeesp, em dois países reconhecidos pela qualidade de sua

educação: Alemanha e Estônia. Visitamos instituições públicas e privadas, conversando com personagens que pensam e atuam na Educação Infantil.

A viagem teve início na Alemanha, onde visitamos escolas em Munique e Stuttgart. É muito raro encontrar berçários, visto que tanto o pai quanto a mãe têm direito à licença de um ano cada, recebendo 2/3 de seus salários neste período, e que podem ser tirados em momentos alternados. A mãe pode ficar com a criança no seu primeiro ano de vida e o pai no segundo ano, por exemplo, o que explica o porquê de a maioria das escolas infantis receberem crianças a partir dos 3 anos.

Silvia Cerulio Di Pietro eRosangela Iunes Cano

Escola de Educação Infantil Pinguim – SP

Conhecer paraaprimorar

O currículo alemão preza pelo protagonismo de seus alunos, promovendo o desenvolvimento de sua autonomia

Revista Escola Particular – Agosto – 201940

Page 41: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

A escola infantil que visitamos (dos 3 aos 6 anos), não divide as turmas em grupos etários. Lá, as crianças utilizam espaços temáticos como música, teatro, ateliê, culinária, ciências naturais, lín-guas e movimento, em vez de salas de aula tradicionais. A intenção é a de que os alunos possam aprender uns com os outros e que iniciem seu processo de socialização nesses ambientes.

Foi interessante notar a existência de um espaço chamado de ilha de tranquilidade, que nada mais é que um modelo alternativo à punição de alunos indisciplinados, em que a criança pode refletir sobre suas próprias atitudes, fazendo-nos lembrar do cantinho do pensamento adotado no Brasil. O cur-rículo alemão preza pelo protagonismo de seus alunos, promovendo o desen-volvimento de sua autonomia, e investe na formação continuada de professo-res e seus auxiliares, para que estejam sempre atualizados e alinhados com as diretrizes estabelecidas pelo governo.

Seguimos a jornada com destino a Tallinn, capital da Estônia. Logo de início nos chamou a atenção o cuidado e a preocupação que o país tem com o planejamento da educação. O Ministério da Educação estabelece metas a longo prazo e já projetam estratégias até

2035 baseados nas seguintes reflexões: “aonde estamos?”, “para onde vamos?” e “o que queremos?” Além disso, o governo outorga liberdade e flexibili-dade aos diretores e professores para aplicação do currículo proposto.

Durante as visitas às escolas infantis de Tallinn, percebemos que a educação e o desenvolvimento da criança são pautados em vários aspectos como: ser feliz, estimular o autoconhecimento e autocrítica, motivar a criança, criar ambientes acolhedores e o fomento ao potencial de cada aluno. As crianças são convidadas frequentemente a saírem da sala de aula para trabalharem em grupos, em espaços de convivência, além de serem ofertadas atividades extracurriculares como: dança folclórica ou clássica, teatro entre outros, pois acreditam fortemente que isso contri-bui para o desenvolvimento global da criança.

Segundo Andres Pajula, secretário da Educação de Tallinn, capital da Estônia, 94% das crianças entre 3 e 7 anos estão na escola. Nesta fase as crianças desenvolvem as habilidades socioemocionais através do brincar, da comunicação e da socialização e, com isso, apresentam comprovadamente um melhor desenvolvimento nos anos

seguintes e são mais bem-sucedidas na vida adulta.

O excelente posicionamento no PISA está relacionado à formação dos professores como forma de manter a qualidade da educação. E, também, à clareza dos objetivos e prioridades esta-belecidas, e entre eles está a valorização da educação atrelada às novas ideias de aprimoramento contínuo de seu sistema. Outro aspecto importante é a participação dos pais na vida escolar de seus filhos: esse é um dos pressupostos da educação estoniana.

Sob nossa ótica, constatamos que a experiência estoniana pode fornecer im-portantes reflexões à realidade brasilei-ra em termos de estrutura pedagógica, embora haja um grande abismo entre ambas as realidades, no que diz respeito à priorização da educação como política de Estado e de políticas públicas base-adas em estudos e evidências, e que orientam toda a educação no país, em instituições públicas e privadas.

Foi um ótimo indicativo perceber semelhanças importantes que já fa-zem parte da prática em nossa Escola como, por exemplo, a aprendizagem de forma lúdica, o desenvolvimento das habilidades socioemocionais e o protagonismo do aluno no processo de aprendizagem. A constante busca por conhecimento é um compromisso da Escola. Só assim podemos revisitar nossa estrutura pedagógica e trabalhar em sua melhora contínua para estimularmos o desenvolvimento de nossos alunos.

Contudo, concluímos que as experiên-cias vividas durante essa incrível viagem, só nos confirma uma certeza: a de que nossa escola está no caminho certo! •

As crianças utilizam espaços temáticos como música, teatro,

ateliê, culinária, ciências naturais, línguas e movimento

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 41

Page 42: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Revista Escola Particular – Agosto – 201942

A Tecnologia da Informação e da Comunicação ocupa posição de destaque na economia e

na sociedade estonianas. O país é con-hecido por ter desenvolvido o software de comunicação “Skype”, que é certa-mente o principal responsável pela pro-jeção internacional da Estônia como país destacado nesta área. A Estônia é, ade-mais, referência mundial em governo digital, economia digital, inteligência ar-tificial e segurança cibernética. Desde a reconquista da independência, em 1991, o governo vem apoiando a criação de startups de tecnologia. Desse esforço, já emergiram quatro “unicórnios”, ou seja, empresas de tecnologia que passaram da barreira de 1 bilhão de dólares em capitalização.

A Estônia é um exemplo de como a inovação e o desenvolvimento tec-nológico permitem a pequenos países tornarem-se influentes no cenário inter-nacional e, através do “poder digital”, atuarem em áreas tradicionalmente reservada aos grandes países, como,

por exemplo, a segurança cibernética internacional. Com escolhas acertadas, o país tem conseguido competir com outras nações que são geográfica, de-mográfica, econômica e militarmente muito maiores. A base de todo esse desenvolvimento é o exemplar sistema educacional. Na última edição do teste PISA (Programa Internacional de Aval-iação de Alunos) da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econõmico), a Estônia apareceu em terceiro lugar, atrás apenas de Japão e Singapura.

A decisão da Estônia de investir consistentemente em Tecnologia da In-formação e Comunicação impulsionou o desenvolvimento da infraestrutura para a prestação de serviços públicos e cidadania digital, baseado numa sofisticada plataforma denominada X-Road. Hoje, o país conta com um dos mais avançados sistemas de governo eletrônico, identidade digital e votação

A Estônia é um exemplo de como a inovação e o desenvolvimento tecnológico permitem a pequenos países tornarem-se influentes no cenário internacional

Estônia, um país surpreendente

Viagem Educacional

Page 43: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 43

on-line, desenvolvendo, desta forma, uma vantagem comparativa nas suas relações internacionais.

Lá estão sediadas entidades como o Centro de Excelência em Defesa Ciber-nética da OTAN (CCDCOE), a Agência para Tecnologia da Informação da União Europeia e a Academia de Governança Eletrônica (EGA). O Comando de Defesa Cibernética COMDCIBER do Exército Brasileiro tem mantido contatos com o CCDCOE desde 2017. A capital estoniana também hospeda a sede da Agência Eu-ropeia para o Gerenciamento Operacio-nal de Sistemas de TI de Grande Escala (EU-Lisa), agência da União Europeia que tem como objetivo incentivar a cooperação e a integração entre siste-mas informáticos de agências policiais, de imigração e alfândegas.

A Estônia é pioneira na área de e-government – o país utiliza, com êxito, o formato de assinatura eletrônica para o reconhecimento de documentos e plataformas virtuais para a prestação de serviços públicos e cartoriais on-line (registros eletrônicos de firmas, histórico de saúde, pagamento de im-postos). É avançada também no uso da

Com escolhas acertadas, o país tem conseguido

competir com outras

nações que são geográfica,

demográfica, econômica e militarmente

muito maiores

Page 44: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Internet e de meios eletrônicos para as eleições – trata-se do primeiro país do mundo a permitir o voto pela rede, em eleições municipais (2005) e nacionais (2007). Para a participação popular no plano político estabeleceu, em 2012, uma Assembleia Popular totalmente virtual, que resultou na apresentação ao Parlamento, pelo Presidente da República, de projetos de lei eleitoral propostos pela sociedade.

Outra iniciativa estoniana na área de tecnologia é o programa de e-residency. Expediente que permite a qualquer in-divíduo, residente fisicamente em qual-quer país do mundo, abrir e operar uma empresa na Estônia (uma porta de en-trada para os países da União Europeia), assim como pagar impostos e acessar outros serviços estatais remotamente. Empresários e investidores brasileiros tem demonstrado interesse no pro-grama, com 384 cidadãos brasileiros já inscritos. Esse número pode aumentar significativamente, com a instalação de centro de acreditação e entrega do e-residency em São Paulo, definida como prioridade pelo Governo estoniano para os próximos anos.

O apoio à criação de startups tem sido um dos pilares da política empre-

sarial do país. A Estônia tem incentivado a formação de empresas de tecnologia da informação, iniciativa que levou à criação de quatro “unicórnios”:

a) a Skype, criada em 2003 e adquiri-da pela Microsoft em 2011, que produziu software de telecomunicações desen-volvido basicamente em Talin e Tartu;

b) a Transferwise, estabelecida em 2011, que realiza transferências financei-ras entre países, cujos dois fundadores são as maiores fortunas estonianas; a empresa opera com taxas muito infe-riores às dos bancos tradicionais e da Western Union, e tem escritórios em Talin, Singapura e Londres.

c) a Taxify, criada com o aporte de capitais da alemã Daimler e da chinesa Didi, e dedicada ao ride hailing, desfru-tando de muito melhores resultados no país do que sua concorrente Uber, e operando em países onde a gigante norte-americana tem dificuldades ou relutância em se implantar;

d) e a Playtech, fundada em 1999, que oferece serviços informáticos para a indústria de jogos de azar, como cassi-nos, loterias e sites de apostas. Diversas outras startups têm crescido ampla-mente na Estônia, como por exemplo a Pipedrive (softwares de vendas), a

Starship (entregas automatizadas) e a Skeleton (baterias de grafeno). A expansão de tais empresas, inclusive no mercado brasileiro, tem sido o prin-cipal fator a impulsionar o crescimento da comunidade brasileira residente na Estônia (atualmente estimada em cerca de 200 pessoas).

É grande ainda o desconhecimento, tanto no Brasil como na Estônia, sobre oportunidades de negócios e coopera-ção nos respectivos países. A despeito de ser um pequeno mercado (o país tem uma população de 1 milhão e 300 mil habitantes), a Estônia vem atuando crescentemente como um “hub” de exportações para a Escandinávia, para os demais países bálticos e para a Rús-sia, graças à moderna logística digital de que dispõe. •

O apoioà criação de startups temsido um dos

pilares dapolítica

empresarialdo país

Revista Escola Particular – Agosto – 201944

Viagem Educacional

Page 45: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 45

Page 46: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

A lemanha e Estônia foram os países escolhidos por nossos mantenedores e tradicionais

participantes para a 21ª viagem edu-cacional ao Exterior, promovida pelo Sieeesp e organizada pelo IES-Educação Internacional, de 4 a 15 de maio, com tour cultural à Noruega, de 16 a 22 de maio. Dois países diferentes, com ambiente sociocultural distinto, mas tendo em comum excelentes resultados no setor de Educação. Foi considerada oportuni-dade única para que nossos educadores trouxessem novos conhecimentos e fórmulas de gestão para suas escolas.

De um lado, a Alemanha foi sele-cionada por oferecer uma estrutura de ensino sólida e diversificada, adaptada ao competitivo setor econômico e à alta performance do mercado alemão. Trata-se de um sistema descentralizado, com ampla autonomia regional. Por essa razão, fomos ao Estado de Baden-Wurtemberg, um dos mais dinâmicos do país, cuja capital Stuttgart constitui

um importante centro produtivo e com educação da melhor qualidade na Alemanha.

De outro, na última década, e gra-ças a um planejamento eficiente, com estratégia que almeja resultados a longo prazo, fomos à Estônia, que pos-sui o sistema de ensino mais sólido e igualitário da Europa, com ênfase em ciências, tecnologia e gestão de TI. Se-gundo avaliação do PISA, está rankeada em 1° lugar na Europa e 3° no mundo em termos de qualidade de educação.

Como nas viagens anteriores, o programa contou com seminários de alto nível, coordenados pelos respecti-vos governos e associações de escolas particulares, bem como visita a escolas públicas e privadas, da pré-escola ao ensino médio e técnico. Conhecer os principais atrativos turístico-culturais das regiões visitadas também é fun-damental para valorizar a viagem, pro-porcionando ótimos momentos para integrar a delegação.

Viagem Educacional

ALEMANHA, ESTÔNIA E NORUEGAEducação, cultura e turismo na viagem do Sieeesp em 2019

Revista Escola Particular – Agosto – 201946

Page 47: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

ALEMANHAAir France e Lufthansa foram as

companhias aéreas do roteiro dese-nhado. Após conexão em Paris, nossa parada inicial foi Munique, capital da Bavária, a cidade mais procurada e alegre do País, com 1.3 milhões de ha-bitantes. Nosso hotel foi o Courtyard Munchen City, que facilitou o acesso a pé (15 minutos) aos principais atrativos do centro.

Como nossa estada era de apenas 2 dias, não quisemos perder aspectos importantes de Munique. Assim, o traslado do aeroporto ao nosso hotel incluiu breve tour, com destaque para o Castelo de Nymphemburg e seus belíssimos jardins. Apesar do cansaço da viagem, o grupo não resistiu e foi conhecer a noite no animado bairro de Schwabing, junto ao centro, principal-mente as renomadas cervejarias.

Por um lado, Munique é um dinâmico centro comercial, sede de importantes indústrias como Siemens, MAN, BMW,

Audi e, de outro, possui o charme de um sofisticado vilarejo, com destaque para sua herança sociocultural. Trata-se também de polo inovador na área de serviços, mídia, ciências, tecnologia e turismo.

Após o café da manhã, o tour de Munique levou-nos inicialmente à ilhota sobre o Rio Isar, que recorta a cidade, para visita ao Deutsches Museum, um dos mais importantes do mundo em ciências e tecnologia. É excepcional atrativo para aqueles muito interes-sados nessas áreas do conhecimento, podendo dedicar um dia inteiro a vê-lo. Para nosso grupo, com tempo escasso e outras atrações a serem curtidas, o aproveitamento não foi tão bom, mas talvez um convite para uma próxima visita à Alemanha.

Fomos em seguida conhecer o fu-turístico prédio do BMW World, com demonstração de todo os modelos de seus maravilhosos carros. Muito bem organizado, deu para curtir um bocado.

A Cidade Velha (Alstadt) é uma bela surpresa, pois concentra locais de grande importância histórica, prédios públicos, igrejas, museus, podendo visita-los a pé, sem interferência de veículos. O coração da cidade está em torno de Marienplatz, no meio da qual fica a Coluna de Maria, padroeira da Bavária. Destaque para a Nova Pre-feitura (Neues Rathaus) e seu famoso

carrilhão, situado na belíssima torre do relógio, em estilo neogótico. Os perso-nagens são cobertos de porcelanato colorido e representam o torneio que celebrou as bodas principescas dos Duques da Bavária, em 1568. A Velha Prefeitura e a Igreja de São Pedro, do século 13, também foram admirados pelo grupo.

De lá, sempre a pé, fomos conhecer a Catedral de Nossa Senhora (Frauen-kirche), em estilo gótico, e fundada entre 1468 e 1488. Trata-se de exemplo sóbrio elegante, salientando-se as pare-des brancas enormes, o altar, os vitrais e as criptas que evocam personagens da história do Estado. No mercado central ao ar livre, Viktualienmarkt, ponto de parada obrigatório, tanto para turistas como para os locais, as inúmeras bar-racas oferecem comidas típicas e varia-das, não podendo faltar a tradicional e excelente cerveja – um verdadeiro “biergarten”. O centro é um paraíso para as compras, embora os preços, em real, não sejam tão convidativos.

E o dia tinha de ser encerrado em alto estilo, jantando na Hofbrauhaus, a brasserie/cervejaria mais famosa e re-conhecida internacionalmente, aberta desde 1589. Impressionante: numa 2ª, seus 3.500 lugares estavam lotados, e os garçons serviam milhares de canecas de chope nos vastos salões, ao som de animada banda e música bávaras.Oswaldo Tavares

Participantes da 21ª viagem

educacional

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 47

Page 48: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

TUBINGENNo dia seguinte, fomos de ônibus a

Stuttgart, capital do Estado de Baden-Wurtemberg, e destino de nossa ex-periência pedagógica inicial. São cerca de 270 km, mas antes não poderíamos deixar de conhecer a belíssima cidade universitária de Tubingen. Esta cida-dezinha tem sua “alma-mater” e sua história baseadas em sua renomada universidade e no espírito alegre de seus 30.000 estudantes, que constituem um terço da população local.

O grupo teve uma bela surpresa ao descer do ônibus e contemplar a ponte Eberhard, construída em 1485, e a vista pitoresca que oferece. De um lado, o incrível paisagismo do parque à beira do Rio Neckar e, de outro, as margens da cidade, com suas casas medievais coloridas, com destaque para a Torre Holderlin, onde viveu o poeta e roman-cista do mesmo nome.

Passear pelas ruas estreitas e desco-brir os admiráveis edifícios que a tornam centro de visitação turística foi o ponto alto de nossa visita. Subimos a ladeira, passando pela Burse, que deu origem à Universidade, em 1477, e hoje abriga

as Faculdades de Filosofia e História da Arte; por Stift, ex-mosteiro agostiniano e hoje parte da Igreja Evangélica; até chegarmos ao histórico Castelo Hohen-tubingen, do século XI, com seu pórtico renascentista, que imita um arco do triunfo romano. Hoje, é sede das Facul-dades de História Antiga, Arqueologia e Antropologia Cultural.

O “point” da cidade é a charmosa Marktplatz, antiga praça do comércio, cujas atrações principais são a Pre-feitura e sua fachada colorida, com seu relógio astronômico de Johannes Stoffler, de 1511, e que funciona até hoje; a fonte de Netuno; o comércio e restau-rantes locais, nos quais parte do grupo almoçou ao ar livre. Antes de deixar Tubingen, visitamos Stifstkirche, igreja de estilo gótico, fundada no século XV pelo conde Everardo, com magnífico interior e belos vitrais. Bem em frente dessa Igreja, fica a Casa Cotta, sede da editora que lançou a obra de Goeth.

Para todos, o dia foi muito proveitoso e as lembranças, belas fotos tiradas, e interesse educacional de Tubingen, cer-tamente provocarão o desejo de retorno, quando de próxima visita à Alemanha.

Viagem Educacional

Revista Escola Particular – Agosto – 201948

Page 49: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 49

Page 50: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Viagem Educacional

STUTTGARTA capital do Estado de Baden-

Wurtemberg fica a 40km de Tubingen. Trata-se do centro mais industrializado do País, no meio de um belo vale, con-centrando o maior volume de exporta-ções e sendo conhecida como a “Cidade dos Automóveis”, cuja produção teve início há 130 anos. É sede da Mercedes Benz, Porsche, Chrysler, bem como da Bosch, IBM, SAP e outras. Embora seja um polo industrial relevante, a cidade caracteriza-se por suas grandes áreas verdes preservadas e belos parques.

Destaca-se também na área de tecnologia da informação, energia, biotecnologia, meio ambiente e concen-tra renomados institutos de pesquisa. É um dos Estados que mais valoriza a educação de ponta com oferta de curriculum diversificado na educação básica e técnica, atendendo, assim, as necessidades dos mercados nacional e internacional. Tanto a área de humanas como científica atraem estudantes, não só em Stuttgart, mas também em centros como Heidelberg e Tubingen.

Na chegada ao Hotel Hilton Garden Inn, mais uma surpresa... no parque, a 300m, estavam celebrando a May Fest, pois na região a festa da cerveja é em maio e não em outubro. Evidentemente, na primeira noite, a animação do evento nos atraiu, e foi ótimo, pois curtimos o parque de diversões e os pavilhões repletos de jovens, onde imperava a cerveja e comida típica, com muita música. Essa noita super alegre ante-cipou os dias subsequentes que seriam dedicados ao trabalho.

Stuttgart possui inúmeros museus e pinacotecas, a maioria junto à rua Konrad Adenauer. É um sofisticado

Revista Escola Particular – Agosto – 201950

Embora seja um polo industrial relevante, a cidade caracteriza-se por suas grandes áreas verdes preservadas e belos parques

Page 51: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

centro de compras, principalmente em Calwerstrasse e Konigstrasse. Visitamos o espetacular e imperdível Museu da Mercedes-Benz, num prédio ultra moderno, desenhado de forma didática para facilitar a visitação e contar a história desde a implantação dessa empresa até os dias de hoje, com informações ligadas aos mais importantes acontecimentos políticos, econômicos e sociais, mundiais e da Alemanha, que impactaram a empresa. Alguns participantes fanáticos não se deram por satisfeitos e foram visitar o Museu da Porsche. De fato, Stuttgart é a única cidade do mundo que possui dois importantes museus do automóvel.

Durante nossa estada, o tempo não ajudou muito, mas foi um programa visi-tar o centro, cujo atrativo mais impor-tante é a Praça do Castelo e o Pavilhão Real Konigsbau), o Museu de Arte e o Bairro Killesberg. Nas encostas fica a Rota do Vinho, e parte do grupo foi de trem ao vilarejo turístico de Esslingen am Neckar, a 14 km, considerado um dos mais belos locais do Estado. Seu conjunto arquitetônico à beira do Rio Neckar, os edifícios medievais, restau-rantes e vinícolas, fizeram com que o passeio fosse inesquecível.

No dia 10 de maio, após visita às escolas, o ônibus conduziu-nos próximo ao Aeroporto de Frankfurt, pois o vôo seria bem cedo, o que nos obrigaria a deixar Stuttgart de madrugada. Nosso hotel foi o Leonard Royal. Pelo pouco tempo disponível, não pudemos conhe-cer a beleza paisagística que torna o Estado um dos mais procurados pelos turistas, salientando a Floresta Negra, o Lago de Constança, dentre outros. Fica para a próxima oportunidade!

ESTÔNIAConcentramos nossa estada em

Tallinn, considerada a capital medieval mais bem preservada da Europa. Tam-bém é o principal centro educacional, seguido de Tartu, renomado centro universitário. A Estônia foi escolhida em razão da qualidade do sistema de ensino, pois tem sido mundialmente uma surpresa saber que recentemente o PISA avaliou-o como n° 1 da Europa, à frente da Finlândia, país que inspirou seu atual modelo e a estratégia implantada. Toda a delegação estava motivada em saber o segredo dessa transformação.

Evidentemente, os resultados devem-se a uma gama de fatores, principalmente a uma estratégia de longo prazo para atender os setores produtivos prioritários para o desen-volvimento do país. Assim, os recursos foram bem utilizados na formação do corpo docente, na reforma de escolas, no engajamento das famílias como parceiras do ensino, e na implantação de um curriculum enxuto, que prioriza a ciência, TI, economia e exportações, dentre outros. Hoje, Tallinn é a capital mais digitalizada da Europa.

Os principais aspectos da educação foram apresentados por autoridades de alto nível, tais como o diretor respon-sável pela Cooperação Internacional do Ministério e da União Europeia, pela CEO da

INNOVE- Departamento de Educa-ção do País, e pelo presidente da Asso-ciação de Escolas Privadas. O Governo

local demonstrou imenso interesse por nossa visita e as apresentações foram muito valiosas.

Em Tallinn, ficamos hospedados no Hotel Radisson Blu Olumpia, próximo ao centro e à mais importante loja de de-partamento, Stockmann. A Cidade Velha medieval, murada, é a principal atração da cidade, podendo ser conhecida a pé, por ser pequena e não permitir acesso de veículos. Foi o local que concentrou a preferência de nosso grupo, após seminários e visitas técnicas.

O tour de Tallinn levou-nos inicial-mente a conhecer a Igreja Neguliste, construída no século XIII e reformada no XV. Possui importante coleção de arte sacra e é hoje também museu e local para concertos. Em seguida, fomos ao Parque e Palácio Kadriorg, construído por Pedro, o Grande, em 1718, que se tor-nou residência de verão do czar e de Ca-tarina. O luxuoso edifício, em estilo bar-roco italiano, possui hoje uma coleção de pinturas europeias de destaque, e o Grande Salão é verdadeira obra de arte. Todos admiraram os jardins, suas fontes e o belo parque.

O próximo passo foi a região do Monte Toompea, de onde se descortina uma vista espetacular da Cidade Velha e da área do porto. Após visitar a Catedral de St Mary s, a mais antiga do País (1240), com sua austera fachada gótica, fomos à bela Catedral Alexandre Nevsky, em estilo russo, com suas cúpulas redondas e construída no século XIX pelo czar Alexandre III. Finalmente, as lojas de

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 51

Page 52: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Viagem Educacional

souvenirs, tecidos e objetos típicos esto-nianos dificultaram a juntada do grupo.

Após Toompea, fomos descendo por ruelas e casarios medievais, além de passagens estreitas como a de Santa Catarina, até o Centro Velho, Patrimônio Mundial pela UNESCO. Aliás, por ser charmosíssimo, construções medievais, com ótimos bares e restaurantes, o lo-cal cativou-nos durante toda a estada, de dia e de noite. Seja pelo Portão Viru e suas torres, reconhecidas de longe, ou pelos demais acessos, todas as ruas convergem para a Praça da Prefeitura (Raekoja Platz), que constitui o edifício principal, construído em 1404 e possui uma linda torre octogonal renascentis-ta. Ainda, a Grande Farmácia, uma das mais antigas da Europa, e a Igreja do Espírito Santo, considerada uma das mais belas do País, embelezam a praça.

A Rua Viru e transversais são as mais procuradas para compras e agito, com seus ótimos restaurantes, cafés e lojas. O Salão da Guilda, construído em 1417, era o ponto de encontro dos cavaleiros, abrigando hoje o Museu de História Estoniana, palco de muitos eventos. O grupo se dividiu para curtir a culinária local nos restaurantes Flam, III Dracoon, Tchaikovsky, SPOT e também à beira-mar na praia da Pirita. Como jantar de despedida, o Embaixador Roberto Collin e equipe nos aguardou na brasserie/cer-vejaria artesanal Pojhala, e a delegação curtiu a experiência única de estarmos juntos em Tallinn.

Em 16 de maio, infelizmente, o grupo que retornou ao Brasil deixou saudades, e a maioria deu continuidade a esta viagem, para uma experiência incrível: conhecer a Noruega e seus fjords.

NORUEGAO tour cultural teve início em Oslo

e nosso ótimo Hotel foi o Radisson Blu Scandinavia, junto ao Centro e colado no parque do Palácio Real. E foi muito especial, porque coincidiu com a Data Nacional da Noruega. Oslo destaca-se pela organização impecável dos ser-viços públicos e por suas áreas verdes, tendo sido nomeada em 2019 “Capital Verde da Europa”.

Como a permanência na capital seria curta, do aeroporto seguimos direto para um tour, que incluiu o Vige-land Park, único do gênero no mundo e Patrimônio da UNESCO, desenhado pelo mais célebre escultor norueguês, Gustav Vigeland, e cuja implantação levou 20 anos. Esculpiu 212 esculturas, em pedra, bronze e ferro fundido, cujo tema é o destino do Homem, desde seu nascimento até sua velhice. Os atrati-vos principais são o Monolito, com 121 figuras entrelaçadas, o Garoto Fazendo Birra, e o lindo paisagismo com jardins floridos e fontes.

Em seguida, fomos ao Museu Fram, que abriga o navio polar Fram, que desbravou primeiro o Ártico, com o ex-plorador Nansen, ficando três invernos preso no gelo, e depois a Antártida, com o famoso navegador Amundsen, o primeiro homem a chegar ao Polo Sul. Pelas características do País, com seus longos fjords que abrangem todo o território, o norueguês tornou-se um povo de desbravadores marítimos, principalmente representados pelos Vikings e posteriormente por navega-dores famosos.

Oslo é uma cidade belíssima, ro-deada por montanhas, fjords e baía. Fizemos visita panorâmica do centro, com destaque para a região das marinas e o estratégico Aker Bridge; a Prefei-tura, onde entregam anualmente os prêmios Nobel; o Castelo Akershus; a Catedral; a Ópera. À noite, o jantar foi à beira-mar, num dos muitos restau-rantes que oferecem o salmão fresco, bacalhau e frutos do mar. A delegação foi surpreendida pelos preços, pois a

Revista Escola Particular – Agosto – 201952

Page 53: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 53

Page 54: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Noruega é o país mais caro do mundo. Com sacrifício, tivemos que restringir as bebidas, cujo preço é exorbitante.

No dia seguinte, a Festa da Noruega reuniu milhares de pessoas na Karl Johans Gate até o Palácio Real, ou seja, muito próximo do hotel. Era um desfile de estudantes, exército, todos com uniformes típicos, acompanhados de bandas e cortejos a cavalo. As famílias e pessoas dançavam nas ruas, todas com a roupas típicas e a bandeira do País, constituindo uma festa patriótica memorável, alegres por serem norue-gueses e celebrando que o País tem uma das melhores qualidades de vida no mundo.

FJORDSConstituem o elemento natural

mais característico da Noruega, por sua abrangência e pela maravilha de suas paisagens. Fjord significa braço de mar e lagos que adentram ou fixam-se no interior do país, formando encostas estreitas ou largas, mas sua extensão é muito longa, podendo alcançar 200 km e em algumas partes até 1300 m de profundidade. Foram esculpidos há cerca de 25.000 anos, após a Era do Gelo, quando calotas e encostas der-reteram, juntaram-se ao mar, formando paisagens espetaculares, com penhas-

cos verticais, centenas de cachoeiras, lagos parques e florestas. O visual é inesquecível, formando um dos mais belos conjuntos naturais do mundo.

O circuito mais interessante é o que percorremos, na Costa Ocidental. O tour compacto foi denominado pelo Ministé-rio do Turismo “Norway in a Nutshell” (a Noruega numa casca de nozes). Toma-mos o trem em Oslo (as bagagens foram de ônibus seguindo-nos no roteiro todo) até Myrdal e o grupo começou a animar-se pelas paisagens. Em Myrdal, pegamos o trenzinho até Flam (Flamsbana), e este trecho foi a maravilha do circuito, passando por encostas íngremes e uma visão magnífica do Sognefjord, denomi-

nado o “rei dos Fjords”. De fato, este trecho foi considerado pelo Guia Lonely Planet como o mais incrível do mundo.

Em Flam, o grupo hospedou-se no belo resort Freitheim Hotel, cuja cozinha é destaque local. Também curtiu a ani-mada cervejaria AEGIR, cuja arquitetura é em estilo viking, e onde celebravam um casamento. Foi inusitado saber que o casamento é festejado na cervejaria.

De Flam nossa delegação fez um cruzeiro até Gudvangen, e pode admi-rar o Sognefjord, o Aurlandsfjord, che-gando ao extremo do Naeroy Fjord. Na primavera, com o degelo, formam-se dezenas de cachoeiras e encostas verdes. Imperdível!

Viagem Educacional

Revista Escola Particular – Agosto – 201954

Page 55: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

BERGENApós o cruzeiro, nosso ônibus

levou-nos até Bergen, segunda cidade do País e reconhecida como “Portão dos Fjords”, nomeada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, por seu conjunto natural e arquitetônico. Nessa belíssima cidade, hospedamo-nos no Hotel Radisson Blu Bergen, de frente para a baía e junto ao centro animado. Saindo do hotel, o grupo pode admirar o lindo navio-escola da marinha norue-guesa, percorrer o cais, suas lojas de souvenirs, e reunir-se para aperitivo ou jantar no Mercado de Peixes ou excelen-tes restaurantes locais, especializados em produtos do mar, já que Bergen é o mais conhecido polo de exportação de peixe do País.

Bergen foi capital da Noruega na Idade Média, fundada em 1070, e tornou-se um dos principais entrepos-tos da Liga Hanseática. A arquitetura medieval (alguns edifícios são do século XIII) preservada da Bryggen, com suas casas de madeira e coloridas, que foram convertidas em lojas e escritórios comer-ciais, constituem atrativo relevante e pitoresco, que percorremos no tour rea-lizado a pé. No dia seguinte, a excursão

teve início com um mini cruzeiro para conhecer a Baía de Bergen, seus belís-simos entornos, fjords e villages. Ele foi concluído ao subirmos de teleférico no Monte Floyen, que domina a cidade e oferece vista espetacular de Bergen e de sua baía. Um snack no alto, servido com boa cerveja tornou a manhã ines-quecível.

Nosso retorno a Oslo deu-se de ônibus e, apesar da distância de cerca de 480 km, os atrativos naturais da viagem conseguiram manter o grupo animado e encantado. Beiramos um dos fjords mais interessantes – Har-dangerfjord – com extensão de 179 km, que oferece visão de picos escarpados, água, água, água, e cachoeiras, dentre elas a cascata de Voringfossen, que nos proporcionou uma visão espetacular de arco-íris no fundo da mesma. A parada para almoço foi na estação de esqui de Geilo, uma das principais no inverno. Na sequência para Oslo, o ônibus percorreu um longo trecho beirando paisagens nevadas e lagos em fase de degelo, o que nos deu uma ótica diferente do tour dos fjords.

Finalmente, e com tristeza, apesar do longo tempo ausentes de nossas

casas e famílias, chegamos à noitinha em Oslo, com tempo para TODOS participarmos do tradicional jantar de despedida. Antes de sairmos, notícia es-tonteante: nosso vôo de Oslo a Paris ha-via sido cancelado e, por consequente, perderíamos a conexão para o Brasil. Com muito empenho, contatos e sorte, conseguimos remanejar toda a delega-ção, em suas respectivas classes, para mais tarde, conectado ao vôo noturno. Como todos estavam de bom humor, positivos e num grupo coeso, fizemos do limão uma limonada! Consideramos esse adiamento um “upgrade”, pois nos permitiu sete horas de visita ao centro de Paris, pelo RER, almoçando nos Champs Elysées, e brindando com vinho nacional ao sucesso da viagem.

E assim concluímos mais uma ex-periência educacional do Sieeesp, que proporcionou ótimos conhecimentos e permitiu que a delegação, integrada e unida, pudesse aproveitar ao máximo a educação de dois importantes países, cuja qualidade do ensino é indiscutível, e curtir as atrações turístico-culturais dos mesmos e mais Noruega, que pou-cos conheciam. Uma viagem para não esquecer! •

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 55

Page 56: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

A s empresas do setor contábil são importantes na execução dos processos. Contudo, os

empregadores são as principais fontes de informação, no sentido de que, se não captarem e enviarem todas as infor-mações de forma correta e em tempo hábil, comprometerão o sucesso do cumprimento dos prazos.

Desde julho de 2013, a Meira Fer-nandes acompanha as publicações dos manuais e layouts, para adequar em tempo real as mudanças publicadas, com a finalidade de obter um processo de implantação do eSocial com sucesso e evitar qualquer transtorno ou even-tual penalidade aos clientes.

Além de se adequar sistêmica e cul-turalmente, a Meira Fernandes investe na qualificação de seus profissionais com a finalidade de prepará-los para que todas as novas atividades advindas do eSocial sejam absorvidas de forma rápida, se-gura e tranquila, enfrentando assim o momento de transição normalmente.

Pensando nos momentos difíceis e com a preocupação de orientar as empresas, a Meira Fernandes compar-tilhou o seu conhecimento com os seus clientes e as empresas em geral, pro-movendo diversas palestras, inclusive algumas em parceria com o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp).

Após estabelecer um cronograma de atividades e, através da conscien-tização geral de sua equipe de trabalho, revisando todos os procedimentos, e desde 01/08/2017, quando foi disponibi-lizada a base restrita (base de testes), foram iniciados os testes enviando as informações do cadastro de empresas e trabalhadores de toda a base de dados da Meira Fernandes e, em parceria com nossos clientes, foram regularizadas todas as pendências necessárias.

Este conjunto de medidas preven-tivas, sucessivos investimentos em sistemas e treinamentos constantes dos colaboradores, permitiu à Meira

Fernandes a transmissão dos dados com larga margem de antecedência dos prazos finais e com sucesso ab-soluto.

Como não poderia deixar de ser, devido ao empenho constante, os clientes Meira Fernandes do 2º grupo (todas as empresas com faturamento inferior a R$ 78 milhões em 2016, ex-ceto as optantes pelo Simples Nacional e entidades sem fins lucrativos) já estão inseridos na 4ª fase com sucesso (Sub-stituição da GFIP para recolhimento de contribuições previdenciárias através da DCTF WEB), bem como já está em fase de preparação para a transmissão as folhas de pagamento do 3º grupo que, de acordo com o novo calendário publicado em 05/07/2019 – Portaria 716/2019, o início será em janeiro/2020.

Porém, um novo cenário se descor-tina sobre assunto. No dia 09/07/2019, o Comitê Gestor do eSocial se manifestou no sentido de apresentarem novas alter-nativas para reduzir a burocracia e es-

O ESOCIAL E A ATUAÇÃODA MEIRA FERNANDES

Jurídico

Revista Escola Particular – Agosto – 201956

Page 57: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

timular a geração de empregos. A meta é simplificar o dia a dia do empregador, substituindo o eSocial por um sistema bem mais simples em 2020, reduzindo drasticamente a quantidade de dados a serem informados pelo empregador e, também, cruzando as novas infor-mações com as já existentes em outros bancos de dados.

Independente disso, todo cliente e parceiro da Meira Fernandes sabe que a empresa atua preventivamente, buscando as ferramentas e profission-ais especializados para atuar de forma eficaz, visando a excelência nos serviços prestados.

Alterações RecentesEm 14/06/2019 foi publicada a Por-

taria nº 300, que instituiu o novo “Co-mitê Gestor do eSocial”, cuja principal finalidade é apresentar propostas para a simplificação do eSocial, quanto às informações e à linguagem, proporcio-nando maior acessibilidade e eliminação de redundâncias.

Entre as atribuições do novo comitê ressaltamos que, além da simplificação, também deverá elaborar novo calen-dário de substituição das obrigações acessórias prestadas em outros formu-lários e declarações.

Atualmente, as empresas estão acu-mulando atividades, pois além de todas as informações e prazos exigidos pelo eSocial, ainda estão obrigadas a cum-prir os prazos das atuais declarações fiscais, previdenciárias e trabalhistas, não substituídas, exigindo aumento do custo com quadro de colaboradores treinados, prorrogação de jornada etc.

Relacionamos abaixo algumas ob-rigações acessórias ainda não substi-tuídas:

- Perfil profissional previdenciário;- Arquivos eletrônicos entregues à

fiscalização (Manad);- Relação Anual de Informações

Sociais (Rais);- Cadastro Geral de Empregados e

Desempregados (Caged); - Declaração do Imposto de Renda

Retido na Fonte (Dirf);- Comunicação de Dispensa – Seguro

Desemprego.Nas reuniões do novo Comitê Gestor

do eSocial, ocorridas em Brasília, de 16 a 19 de junho, alguns itens foram discuti-dos e várias mudanças foram previstas

para a simplificação da plataforma, tais como:

- Dos 38 eventos obrigatórios para as empresas, ao menos 10 serão elimi-nados;

- Muitos dos quase 2 mil campos exigidos serão excluídos. Exemplo: CNH, CTPS, RIC, RG, NIS e RNE.

Teremos que aguardar novas publi-cações ao longo do segundo semestre, pois estão previstas muitas outras alterações.

A Portaria nº 716/2019, da Secre-taria Especial de Previdência e Trabalho, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 05/07/2019, estabeleceu o novo cronograma de implantação do sistema, prorrogando a obrigatoriedade da transmissão de alguns eventos, tais como:

- A folha de pagamento do 3º grupo para Janeiro/2020; e

- Os dados de segurança e saúde do trabalhador de todos os grupos por mais seis meses.

A Portaria determina ainda que será disponibilizado aos empregadores ambi-ente de produção restrito (base de tes-tes) para aperfeiçoamento do sistema.

O artigo 4 da mesma Portaria men-ciona que o tratamento diferenciado,

simplificado às microempresas e em-presas de pequeno porte, ao Micro-empreendedor Individual (MEI) com empregado, ao segurado especial e ao produtor rural pessoa física, será definido em atos específicos a serem publicados após análise e aprovação do novo Comitê Gestor do eSocial.

Grupos de empresasPara melhor entendimento, confira

abaixo a composição dos grupos de empresas e o novo cronograma de implantação:

1º grupo – composto pelas empresas privadas com faturamento superior a R$ 78 milhões no ano de 2016.

2º grupo - demais empresas privadas com faturamento inferior R$ 78 mil-hões no ano de 2016 e que não sejam optantes pelo Simples Nacional e sem fins lucrativos.

3º grupo - empregadores optantes pelo Simples Nacional (condição em 01/07/2018), empregadores pessoa física (exceto doméstico), produtor rural Pessoa Física e entidades sem fins lucrativos.

4º grupo – órgãos públicos e orga-nizações internacionais.

Fique atento!

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 57

Page 58: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Novo Cronograma de Implantação: FASE 1º GRUPO

Faturamento superior R$ 78 milhões

2º GRUPOFaturamento inferior R$ 78 milhões

3º GRUPOOptantes pelo Simples Nacional, empregadores PF (exceto doméstico), produtor rural PF e sem fins lucrativos

4ª GRUPOÓrgãos públicos e organizações internacionais

1ªDados do empregador e tabelas

8 de janeiro de 2018 e atualizados desde então

16 de julho de 2018 e atualizados desde então

10 de janeiro de 2019 e atualizados desde então

Janeiro de 2020 e atualizados desde então

2ª Dados dos trabalhadores e eventos não periódicos

1º de março de 2018 10 de outubro de 2018 10 de abril de 2019 Resolução especifica, a ser publicada

3ª Folha de pagamento

1º de maio de 2018, referentes aos fatos ocorridos a partir dessa data

10 de janeiro de 2019, referentes aos fatos ocorridos a partir de 1º de janeiro/2019

8 de janeiro de 2020, referentes aos fatos ocorridos a partir de 1º de Janeiro/2020

Resolução especifica, a ser publicada

4ª Substituição da GFIP para recolhimento de contribuições previdenciárias

Agosto de 2018 Abril de 2019Com faturamento superior a 4,8 milhões em 2017Outubro/2019 Com faturamento inferior a 4,8 milhões em 2017

Resolução especifica, a ser publicada

Instrução Normativa RFB e circulares da Caixa Econômica especificas, a serem publicadas

4ª Substituição da GRF e GRRF para recolhimento de FGTS

Agosto de 2019 Novembro de 2019 Resolução especifica, a ser publicada

Instrução Normativa RFB e circulares da Caixa Econômica especificas, a serem publicadas

5ª SST – Saúde e Segurança e do Trabalhador

08 janeiro de 2020 08 de julho de 2020 08 de janeiro de 2021 08 de julho de 2021

de 30 anos na área, dentre eles, mais de 25 anos dedicados exclusivamente à legislação específica para instituições de ensino.

Consultora Trabalhista e Previdenciária da Meira Fernandes. Contadora com experiência de mais

MARIA LOURDES A. VOGELBACHER

Humanos. Possui experiência de mais de 30 anos na Área Trabalhista e Previdenciária, dentre eles, mais de 20 anos dedicados exclusivamente à legislação específica para instituições de ensino.

Assessora Trabalhista e Previdenciária da Meira Fernandes. Professora e Pós-graduada em Recursos

IRENE BASETO

RecordandoO eSocial - Sistema de Escrituração

Fiscal Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas, é um sistema de coleta e envio de informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais, de-senvolvido pelo Governo Federal, como parte do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), e segue com várias alter-ações desde sua implantação.

As empresas têm acompanhado as fases/processos de implantação

do eSocial junto aos órgãos públicos. Não se trata de uma nova obrigação acessória, mas tão somente uma nova forma, centralizada, de transmitir as informações dos trabalhadores para evitar divergências entre os órgãos participantes do sistema.

A centralização permitirá o cru-zamento eletrônico das informações entre os órgãos e a monitoração em tempo real do cumprimento das ob-rigações legais; portanto, as empresas

Revista Escola Particular – Agosto – 201958

Teremos que aguardar novaspublicações ao longo do segundo

semestre, pois estão previstas muitas outras alterações

Jurídico

precisam se preocupar com a exatidão das informações prestadas, bem como com o cumprimento dos prazos, pois o descumprimento de quaisquer exigên-cias ensejará as penalidades legais.

O eSocial não alterou a legislação nem as multas trabalhistas ou de Saúde e Segurança no Trabalho (SST) atuais: so-mente exige a aplicação fiel da legislação vigente com maior rigor; caso contrário, o contribuinte estará sujeito à aplicação das penalidades já existentes. •

Page 59: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 59

Page 60: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Revista Escola Particular – Agosto – 201960

Fórum de Inovação

A inovação que a Educação 4.0 traz

O termo Educação 4.0 está ligado à revolução tecnológica que inclui linguagem computa-

cional, inteligência artificial e aprender por meio da experimentação, projetos, vivências e por, literalmente, a mão na massa. E por ser uma novidade na edu-cação, nas edições anteriores da Revista Escola Particular, Cassiano Zeferino Neto, Presidente do Instituto para a Formação Continuada em Educação (IFCE) e Gestor de Projetos do Laboratório de Pesquisa em Educação Científica e Tecnológica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica

(ITA), escreveu artigos sobre a tema ex-plicando, dentre outras coisas, como ela causará uma revolução na sala de aula.

No dia 18 de setembro ele estará no 1º Fórum de Inovação Em Educação, onde apresentará a palestra “Educação 4.0: princípios e práticas de inovação em gestão e docência”. Nesta entrevista, ele discorre sobre o que é a Educação 4.0, o que os professores precisam fazer para se adaptar e como ela pode nos ajudar a compreender e a transformar desafios em novas oportunidades e resultados efetivos. O

que é

Educ

ação

4.0?

Ygor Jegorow

Page 61: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

O termo Educação 4.0 está direta-mente ligado ao livro lançado recente-mente pelo professor Dr. Cassiano Zeferino de Carvalho Neto, (“Educação 4.0: princípios e práticas de inovação em gestão e docência”). Trata-se de um modelo teórico-tecnológico estrutu-rado em quatro pilares de referência:

• 1º pilar: Modelo Sistêmico de Edu-cação (MSE)

• 2º pilar: Educação de Base Cientí-fica e Tecnológica (ECT)

• 3º pilar: Engenharia e Gestão do Conhecimento (EGC)

• 4º pilar: Ciberarquitetura (CBQ)Reunido em um todo orgânico e

interarticulado, o modelo de Educação 4.0 fornece subsídios para promover inovação continuada em escolas da edu-cação básica, tecnológica, superior e corporativa, abrangendo a alta e média gestão, especialistas e docentes.

A primeira validação acadêmica efetiva do modelo Educação 4.0 ocor-reu durante a concepção e aplicação de um programa de formação continu-ada (ForCon), na forma de um curso de pós-graduação (aper feiçoamento profissional), oferecido a docentes e servidores do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), por ocasião da real-ização do segundo pós-doutorado do Prof. Dr. Cassiano Zeferino de Carvalho Neto nesta instituição (Convênio CAPES/ITA, 2017 – 2019).

Escola Particular - O que é preciso mudar na escola para que mídias digitais, analógicas e híbridas sejam amplamente empregadas na sala de aula, a partir de tecnologias concebidas pelo docente e pelos estudantes?

Cassiano Zeferino Neto - Quanto aos professores, quando compreendem as profundadas transformações que experimentamos a cada novo dia, de pronto se abrem à perspectiva da inova-ção e passam a ser efetivos agentes de mudança, que tanto precisam imple-mentar de forma lúcida, responsável e sustentável.

Para realizar este processo concebe-mos e desenvolvemos, através do Insti-tuto da Inovação e Formação Continu-ada em Educação (IFCE) um Programa de Gestão da Inovação na Escola (ProGIE), com a duração total de 180 horas, e que é recomendável que seja realizado du-rante dois anos de implementação, para que a cultura de inovação se desenvolva, estabeleça, dê frutos e seja sustentável dentro da própria instituição dedicada à educação.

Escola Particular - Os alunos de hoje já nasceram com a tecnologia presente no dia a dia. Como trazer isso para a edu-cação?

Cassiano Zeferino Neto - Jovens nascidos a partir do final do Século XX são conhecidos por ‘nativos digitais’ e

uma das características fundamentais que difere esta geração das anteriores é que seus cérebros foram expostos à hi-perinformação ofertada pela chamada ‘revolução digital’, com destaque para mídia interativa, audiovisual e experi-mental.

Podemos afirmar, dentro de uma razoável aproximação, que por sua plas-ticidade o cérebro se constitui a partir da imersão cultural que vivencia em seu cotidiano. E isto depende, diretamente, da informação. Além disso, temos que levar em conta o fato de que nossos estudantes são ‘leitores imersivos’, não-lineares na obtenção de informação e multimídia.

Estas principais características de interação e percepção do ambiente, presentes na formação dos estudantes (e como eles constroem conhecimento e aprendem), estão diretamente rela-cionadas às experiências que têm com a mídia, principalmente os devices de natureza digital, e a forma como obtêm informação e se comunicam.

Na verdade, nossos estudantes são o efetivo ‘novo’ sobre o qual temos bus-cado investigar, compreender, conceber estratégias de enfrentamento criativo, responsável e significativo.

Os estudantes já são a revolução que experimentamos todos os dias e se constituem, por exemplo, na razão principal pela qual se sustenta o evento que será realizado no Sieeesp, em 18 de setembro. Estamos diante de algo inus-itado, imprevisto e incerto, e a Educação 4.0 pode nos ajudar, de forma confiável, a compreender e a transformar desafios em novas oportunidades e resultados efetivos. •

Temos que levar em conta o fato de que nossos estudantes são ‘leitores imersivos’

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 61

Page 62: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Fórum de Inovação

N ós, educadores, não podem-os mais nos conformar com o desinteresse dos estudantes

pelo conteúdo escolar e a repetição de fórmulas decoradas e, sim, acredi-tar que podemos nos adaptar à nova realidade da educação, e propor uma nova abordagem a fim de oferecer uma experiência de aprendizagem mais in-tensa, profunda, abrangente e significa-tiva”, afirma Carolina Fonseca, bióloga com especialização em Biotecnologia, fundadora e CEO da Extraclass, que trabalha com formação de professores para o futuro da educação. A especial-ista é uma das palestrantes do 1° Fórum de Inovação em Educação, que acontece na sede do Sieeesp, em 18 de setembro. Carolina abordará o tema no painel “EdTechs e tecnologias educacionais”.

que facilitam o acompanhamento do progresso pedagógico, além de possi-bilitar o progresso individual, de acordo com as características e necessidades de cada um.

Escola Particular - Com relação à for-mação de professores, é importante que o profissional de educação se mantenha atualizado, tanto no que diz respeito à realização de cursos quanto à possibili-dade de trocar experiências e ter contato com métodos de ensino bem-sucedidos? Como fazer isso?

Carolina Fonseca - No modelo atual de ensino, falta reciprocidade entre alunos e docentes, causada principal-mente pelo choque de geração, pois, o que temos são escolas do século 19, professores do século 20 e alunos do

“ Ela explica que a inovação nos méto-dos usados em sala de aula é um passo importante para melhorar o modelo atual de ensino. E conta que a falta de reciprocidade entre alunos e docentes é o que causa o choque de geração, pois o que temos hoje nas escolas seriam três épocas distintas, no mesmo lugar: esco-las do século 19, professores do século 20 e alunos do século 21. “Quando se trata de inovação estamos nos referindo a um movimento criativo que busca mudar ou transformar algo no sentido de melhorar e pode, inclusive, substituir algo que se tornou obsoleto”, diz Carolina.

Nesta entrevista para a revista Es-cola Particular, Carolina comenta como as EdTechs estão revolucionando a educação, como os professores podem se manter atualizados e os recursos

Revista Escola Particular – Agosto – 201962

Como as EdTechs estão revolucionando a Educação

Ygor Jegorow

Page 63: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

século 21. Além de ser visível a falta de entusiasmo, principalmente entre os jovens, quando precisam se adequar aos moldes antigos para tentar aprender nas escolas tradicionais, há uma recla-mação generalizada de professores de norte a sul do País.

O perfil desta geração somado à globalização e potencializado pela tec-nologia resulta em um novo formato de aprender. O impulso dado à circulação de informação pela Internet de forma gratuita e a troca, intercâmbio, coop-eração e colaboração característicos da geração Alfa (nascidos a partir de 2010), constituem um combustível fun-damental, envolvendo conhecimento, colaboração e inovação. Portanto, é necessário que os professores reapren-dam a aprender para só então, ensinar.

comunidade escolar e a necessidade é urgente. No mundo atual, interligado, não é para menos que os pais dos alu-nos, ocupados com sua rotina diária, esperam que a comunicação com a escola seja imediata e objetiva como mensagens que recebemos no Whats-App e que a forma de pagamento das mensalidades e materiais escolares sejam tão simples como o pagamento de uma corrida de Uber.

Já os alunos da geração Alfa imagi-nam que o conteúdo escolar possa ser fornecido como no Netflix, com prati-cidade de acesso, horário ilimitado e opções de escolha de acordo com seu perfil, e que as aulas sejam interes-santes e envolventes quanto um game, enquanto os professores sonham com a simplificação e automação das tare-fas burocráticas da profissão, que o desenvolvimento dos alunos seja acom-panhado por um software que gere dados estatísticos, dê as intervenções pedagógicas personalizadas para cada aluno e que os processos avaliativos possam ser feitos a partir de sistemas inteligentes, mais assertivos como na aprendizagem adaptativa. Todas essas soluções, que a princípio parecem pro-jetos futuristas, já estão no mercado educacional graças às EdTechs.

De acordo com uma pesquisa divul-gada este ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o total de empresas ativas no País teve queda de 6,73% em quatro anos, enquanto as do segmento educacional tiveram crescimento de 37,5%. Isso é reflexo do processo revolucionário que o mercado educacional vem passando. Assim como a movimentação das placas tectônicas afastam ou aproximam os continentes lentamente, mas podem causar grandes eventos naturais e devastadores como terremotos e erupções vulcânicas, cos-tumo dizer que na educação acontece da mesma forma.

Isso afirma a necessidade de acon-tecer a inovação para ajustar as práticas pedagógicas dos professores às caracter-ísticas dos alunos, visando a construção do mundo com líderes mais respon-sáveis, onde todos trabalhem em prol de uma sociedade mais justa e igualitária.

Na nossa percepção, do último ano para cá, os professores já estão procu-rando se capacitar e aprender como inovar com o pouco de tecnologia que grande parte das escolas oferecem. E uma das nossas apostas é que nos próximos cinco anos, cada vez mais sa-berão trabalhar de forma integrada com recursos on-line, usando o smartphone dentro e fora da sala de aula.

Então o que tem acontecido é uma inovação metodológica que caminha para a tecnológica conduzidas pelas EdTechs. Desta forma, educadores poderão trazer novos elementos didáti-cos e dinamizar o ensino, assim como ferramentas on-line e também off-line.

Escola Particular - Como as EdTechs está revolucionando a educação?

Carolina Fonseca - A escola de hoje ensina na mesma metodologia “fabril” de 100 anos atrás. Já observou que o sinal que anuncia a troca de aula é um aviso sonoro de fábrica? Faz sentido se-parar os alunos por ano de nascimento, exigir que sentem separadamente en-fileirados, é permitido copiar do quadro, mas proibido trocar conhecimentos durante a aula? Ou seja, o modelo de ensino-aprendizagem está obsoleto e precisa ser repensado. Como ela quer preparar os alunos para a 4ª revolução industrial se o modelo de aula ainda permanece como no século 19?

No decorrer da história humana, não há registro de transformações tão intensas e abrangentes em tão pouco tempo como as que temos vivido atual-mente. As expectativas por inovações pedagógicas são grandes por toda a

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 63

É necessário que osprofessores reaprendam a aprender

para só então, ensinar

Page 64: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

A inovação pedagógica ocorre silen-ciosamente, mas já podemos observar mudanças significativas em algumas escolas, e em projetos magníficos de professores da Educação Básica que adotaram soluções inovadoras de EdTechs. Mas, sem dúvida, ainda falta muito avanço.

Escola Particular - As EdTechs trouxe-ram recursos para o setor educacional que facilitam o acompanhamento do progresso pedagógico?

Carolina Fonseca - Sim. Hoje temos ferramentas tecnológicas que possuem métricas de acesso. Por exemplo, já se consegue gerar relatórios apontando qual aluno clicou no link, quando fez o login, assistiu quais vídeos e a duração, se acessou mais de uma vez também. Esses dados são muito importantes para acompanhar o processo pedagógico e chamamos de evidências pedagógicas. Através dessas informações as plata-formas adaptativas atuam oferecendo conteúdo personalizado de acordo com o perfil e nível de aprendizado de cada aluno.

Na verdade, as EdTechs possuem atuação bastante ampla atualmente, e o conjunto de ações interfere na

progressão da aprendizagem. Tem empresas que cuidam das habilidades socioemocionais e, inclusive, reduzem o número de depressão e tentativas de suicídio entre os jovens. Outras que ajudam na orientação vocacional e se aproximam mais da realização profis-sional dos alunos. Além disso, já existem softwares que conseguem apontar qual inteligência múltipla é mais aguçada em cada aluno e propõe a melhor forma de ensinar para que ele absorva e assimile o conhecimento de fato. Todos esses fatores emocionais, sociais, realizações pessoais e profissionais contribuem para um aprendizado mais efetivo e personalizado.

Escola Particular - Com as EdTechs

o estudante tem a oportunidade de se tornar mais ativo na busca pelo conhe-cimento já que vários desses recursos são atrativos, além de possibilitarem o progresso em um ritmo individual, de acordo com as características e neces-sidades de cada um?

Carolina Fonseca - Sim. As EdTechs ajudam na personalização e individual-ização do aprendizado. Graças a elas não olhamos mais a turma como um todo, mas podemos analisar aluno por

Revista Escola Particular – Agosto – 201964

aluno, comportamento por comporta-mento e traçar diferentes estratégias pedagógicas.

A escola precisa entender, por essa nova realidade, que o papel dela agora não é apenas ensinar conteúdos e, sim, ensinar também habilidades e competências que ajudem os alunos a compreender o mundo em que vivemos, desmistificar o futuro incerto e desen-volver um indivíduo capaz de tomar suas próprias decisões. Entre essas habilidades estão o pensamento crítico, a criatividade, gamificação, jogos educa-cionais e ferramentas pedagógicas que incentivem a inovação, a imaginação e o pensamento sistêmico. Dessa forma o aluno poderá olhar para o todo e fazer as conexões necessárias. •

Fórum de Inovação

Hoje temos ferramentas

tecnológicas que possuem métricas

de acesso

Page 65: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 65

Page 66: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Revista Escola Particular – Agosto – 201966

Pedagogia

O Transtorno do Espectro Autis-ta (TEA) surge em 2013 com a publicação do DSM5. O

primeiro a ter a participação de um médico brasileiro. Este material, já na quinta edição, mas com um intervalo grande de tempo entre a publicação dos anteriores, redefine o autismo, modifica concepções e consequentemente con-vida instituições escolares, terapeutas e familiares a conviver e intervir de forma diferenciada.

Até o DSM4, o autismo fazia parte de um grupo denominado TID (Trans-torno Invasivo do Desenvolvimento) e, dentro deste grupo, encontrávamos o próprio autismo, a Síndrome de Rett, a Síndrome de Asperger, o Transtorno Desintegrativo da Infância e o Trans-torno Não Especificado, quando não era possível classificá-lo em nenhum das quatro síndromes e transtornos anteriores. Ou seja, quando a escola recebia um laudo médico de um aluno com TID, continuava na indefinição do diagnóstico. Os pontos que uniam as síndromes e transtornos eram as dificul-dades na linguagem, na interação social e a presença de interesses restritos e repetitivos, e os que os diferenciava, um conjuntos de outros sintomas que nem sempre eram observados.

Os desafios de educar um

aluno com TEA

Uma mudança muito importante entre esses dois critérios anteriores pode ser observada abaixo:

Quando comparamos a tríade que caracterizava o autismo com a díade apresentada no DSM 5 podemos come-ter o equívoco de pensar que a interação social deixa de fazer parte do critério diagnóstico, mas não isso que ocorre. Até o DSM4, uma pessoa com autismo que repetia diálogos ouvidos na TV apresentava ecolalia ou imitação verbal atrasada, ou seja, horas depois de ouvir uma frase repetia descontextualizada, era considerada verbal. A partir do DSM5 a interação social é associada à linguagem e, portanto, à comunicação, e ela deve estar a serviço do diálogo e da interação do sujeito com seus pares. Portanto, para ser considerado verbal, uma pessoa com autismo precisa apre-sentar fala contextualizada, ou dialogar, ou mesmo com vocabulário restrito, se utilizar da linguagem oral.

Parece ser uma unanimidade nas es-colas que o número de alunos com TEA aumentou em progressão geométrica. Se na década de 1990 ainda aprendía-mos que a proporção era de cinco casos para 10.000 nascimentos, dos quais quatro eram meninos e apenas uma menina, hoje temos um cenário muito diferente. Trabalhamos com a propor-ção, de acordo com a Organização Mun-dial de Saúde, de um caso para cada 38

Interaçãosocial

Comunicaçãoe linguagem

Comportamentoe interesses

restritos

DSM IV

Comunicaçãosocial

Comportamentoe interesses

restritos

DSM V

Page 67: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 67

nascimentos. Temos muitas hipóteses e poucas certezas sobre as causas, mas é fato que eles estão na escola e precisam ser educados, incluídos e aprender.

Do ponto de vista legal, de acordo com a nota técnica do MEC, é proibido exigir o laudo médico no ato da matrícu-la como condição para a inclusão em escolas regulares, sejam elas públicas ou privadas. No entanto, após a matrícula

Desta forma a escola terá uma espécie de radiografia das potencialidades e fra-gilidades do aluno e começar a escolari-zação a partir do marco certo, segundo o seu repertório de conhecimento, além de compreender os comportamentos apresentados e prioridades estabeleci-das no planejamento.

Uma das fases mais importantes é a educação infantil, de 0 a 6 anos de idade. Há relatos de familiares que começaram a perceber alterações no desenvolvi-mento a partir da comunicação feita pela escola sobre o desenvolvimento da criança aquém do esperado. É na educação infantil que ocorrem as pri-meiras suspeitas, há chances de se obter o diagnóstico e a intervenção precoces, cruciais para o desenvolvimento e a independência deste sujeito.

As adaptações de currículo cos-tumam ser raras na educação infantil, pois os alunos tendem a acompanhar as atividades propostas, uma vez que grande parte delas envolve ludicidade, atividades psicomotoras, atividades no espaço externo da escola e atividades artísticas. O maior desafio nesta etapa costuma ser o comportamento que envolve birras, medos sem motivo apa-rente, instabilidade, choros recorrentes, hipersensibilidade aos sons do ambiente escolar e comportamento além da falta de interação com os pares.

No Ensino Fundamental (primeiro segmento) as dificuldades se acen-tuam, dependendo do que tivemos de evolução na educação infantil. Na maioria dos casos, existe a necessidade de fazer adaptações no currículo e nas atividades diárias, pois nem sempre os

é fundamental que a instituição solicite avaliações interdisciplinares para pro-mover as adaptações curriculares ne-cessárias ao aprendizado desse aluno, tenha ele a idade que tiver.

As avaliações interdisciplinares costumam incluir laudo médico, avalia-ção fonoaudiológica, psicológica e psicopedagógica, ocupacional (feita por um terapeuta ocupacional) e, em alguns casos, também psicomotora.

Há relatos de familiares que

começaram a perceber

alterações no desenvolvimento

a partir da comunicação feita pela escola sobre o desenvolvimento da criança aquém

do esperado

Page 68: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Revista Escola Particular – Agosto – 201968

Fórum de Inovação

alunos com TEA aprendem no mesmo ritmo da turma, dependendo da gravi-dade do quadro.

Ainda hoje temos como uma das comorbidades do TEA, de acordo com o DSM5, a presença da deficiência intelec-tual associada ao transtorno. Como a deficiência intelectual, de acordo com a Associação Americana de Deficiência Mental, se caracteriza pela resistência ao aprendizado e prejuízos nas ha-bilidades adaptativas de comunicação, lazer, trabalho (atividades colaborati-vas), participação na comunidade onde vive, autocuidado, saúde e segurança e locomoção. Os prejuízos não precisam estar presentes em todas as áreas, mas pelo menos em três delas. Além disso, a presença na dificuldade para aprender é determinante.

As dificuldades comportamentais nesta fase costumam envolver resistên-cia para escrever, dificuldades na coor-denação visomotora, hipersensibilidade a sons e recusa para permanecer na sala de aula.

No Ensino Fundamental (segundo segmento), as dificuldades pedagógicas tendem a se agravar pela natureza da es-trutura no cotidiano escolar. Nesta fase o aluno passa a conviver com vários pro-fessores, várias disciplinas e materiais didáticos e a velocidade na duração das aulas aumenta, uma vez que na maioria dos casos cada aula tem a duração de 50 a 60 minutos. Nas trocas de professores, ao precisar trocar os materiais que serão

usados, a tendência à desregulação emocional aumenta.

A recusa para escrever também cos-tuma aumentar e alguns alunos verbais relatam sentir dor ao fazer o movimento de pinça para segurar o lápis ou caneta para escrever. Quando o aluno não é verbal, a insatisfação com as tarefas e a agitação das entradas e saídas de vários professores pode ser manifestada pela desregulação emocional com gritos, choros e o desejo de não permanecer no ambiente.

A escola pode acreditar neste re-lato quando o aluno for verbal e este desconforto se dá em função da hi-

potonia muscular, presente em vários casos. No TEA, não existe um padrão de comportamento e os educadores observarão que cada um deles se com-porta de forma diferenciada. O bullying também costuma ser um desafio para o próprio sujeito, familiares e educado-res. A inclusão tem muitas faces e é um trabalho complexo que envolve muitos profissionais do espaço escolar.

A inclusão sem aprendizagem, sem adaptações curriculares, sem a prepa-ração dos alunos neurotípicos para a convivência com as diferenças e sem a participação das famílias pode ser a pior das exclusões, pois o tempo passa

Page 69: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 69

O LIVRO

Alfabetização deAlunos com TEA

Volume 1

Se analisarmos, à luz dos estilos cognitivos, um aluno com autismo aprende a ler e a escrever de forma diferenciada em função das pecu-liaridades do funcionamento cere-bral. Sendo assim, a especialista em autismo Dayse Serra se viu diante da tarefa de precisar registrar cada etapa que nos conduziu ao sucesso e ao insucesso, apresentando a funda-mentação teórica, que subsidiou os estudos, e as principais ferramentas que usamos para que este projeto de vida não se transformasse em um manual com receitas de sucesso mas, sim, em um material que suge-risse atividades para que o alfabeti-zador compreendesse o porquê da aplicação do conteúdo e sua forma, em cada etapa.

No volume 1, são apresentados subsídios para compreender o mé-todo, os elementos iniciais das abor-dagens e as teorias que sustentam a primeira fase da alfabetização e a história da construção dos métodos.

Além disso, também terá instru-ções sobre como avaliar se o seu aluno já se encontra em condições de iniciar a alfabetização eficaz, pela apresentação das vogais e encon-tros vocálicos. E o desenvolvimento de atividades interdisciplinares que contribuirão para uma alfabetização plena como, por exemplo, aprender a desenhar.

e recuperar tudo o que deveria ter sido aprendido pode ser impossível.

No Ensino Médio também há muito o que se discutir. O curso será de forma-ção geral ou técnico? Se a escolha é pelo curso técnico é necessário que haja uma avaliação para verificar se, quando este aluno concluir a sua formação, estará apto para a atividade laboral que a ins-tituição certifica. As adaptações estão previstas também nesta fase. As dificul-dades comportamentais neste período costumam envolver a interação social, a ingenuidade social e sofrimento, quan-do há a consciência da diferença e da rejeição. Preventivamente, o trabalho psicoterápico deve acontecer.

Na universidade os desafios são muito semelhantes aos do Ensino Mé-dio, mas podemos acrescentar que, por já se tratar de um adulto, espera-se que a autonomia seja muito maior.

Incluir um aluno com TEA não é fácil, mas é possível. Deixamos aqui algumas sugestões que podem ser úteis ao tra-balho das instituições:

• Caso a recusa para escrever exista, podemos utilizar objetos tecnológicos;

• O tempo destinado às avaliações deve ser ampliado em uma hora, em função do chamado tempo Asperger (fazer a metade das coisas no dobro do tempo);

• Caso um aluno não consiga per-manecer na escola por todo o turno, no lugar de liberá-lo mais cedo, sugerimos que ele entre mais tarde e este tempo aumente gradativamente do final para o começo. Por exemplo, se a saída é às 17h30, o aluno pode entrar às 16h30 na primeira semana, às 15h30 na segunda semana e assim por diante. Finalizar as atividades junto com a turma melhora a adaptação e reduz a ansiedade e, ao contrário, sair antes do horário previsto, pode ser prêmio para um comporta-mento inadequado;

• A presença de um mediador é in-dispensável e a função deste é traduzir o que o professor ministra para o aluno incluído;

• Os professores não costumam aprender a fazer adaptações curricula-res em seus cursos de formação: sendo assim, é importante que as instituições cuidem da formação continuada de seus profissionais;

• Todos os alunos devem ter um PEI (Plano Educacional Individualizado) e, infelizmente, quando isto não ocorre, algumas escolas enfrentam os dissabo-res da judicialização;

• Ainda temos muito a aprender sobre TEA e sobre a inclusão desses alunos, mas estamos envolvidos com este propósito tão gratificante. •

Inclusiva e Psicologia I e II. Atua principalmente nos seguintes temas: autismo, inclusão, aprendizagem, família, Psicopedagogia e desenvolvimento humano. Possui Doutorado em Psicologia pela PUC-Rio, Mestrado em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Especialização em Psicopedagogia Diferencial pela PUC-Rio, Especialização em Orientação Educacional pela FAHUPE e graduação em Pedagogia pela UFRJ. Membro da comissão científica da Abenepi- Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria. Implementadora do Programa de Educação de alunos com autismo dos municípios de Duque de Caxias, Belford Roxo e Angra dos Reis. Criadora do método de alfabetização de alunos autistas.

Professora adjunta na Universidade Federal Fluminense (UFF) na área de Educação Especial e

DAYSE SERRA

Não existe um padrão de

comportamento e os educadores observarão que cada um deles

se comporta de forma diferenciada

Page 70: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Metodologia

U m dos principais objetivos da Base Nacional Comum Cur-ricular – BNCC - é o de garantir

a formação integral dos indivíduos por meio de desenvolvimento das chama-das competências do século XXI. Essas competências dizem respeito à forma-ção de pessoas mais autônomas, com capacidade de aprender a aprender, de resolver problemas, de ter autonomia para a tomada de decisões; cidadãos que sejam capazes de trabalhar em equipe, de respeitar as pessoas e o pluralismo de ideias; que tenham a ca-pacidade de argumentar e defender seu ponto de vista sem, necessariamente, entrar em confronto. Logo, estamos falando de competências típicas de um cidadão crítico, criativo, participativo e responsável, capaz de se comunicar, de lidar com as próprias emoções e de propor soluções para problemas e desa-fios. Estamos falando basicamente das competências socioemocionais.

Competências socioemocionais são aquelas que nos permitem colocar em prática as melhores atitudes e habili-dades para controlar emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia, manter relações sociais positivas e tomar de-cisões de maneira responsável, entre outras. São competências que possibili-tam um relacionamento saudável entre as pessoas, tendo como base uma boa administração da dinâmica emocional na qual estamos inseridos ao longo da vida. Suportar as frustrações a ponto de não sermos deseducados com os outros é um exemplo de competência socioemocional. Outra competência socioemocional essencial é reconhecer nossas possibilidades e limites em con-textos coletivos. O desenvolvimento de tais competências se dá de maneira continuada, começando na família e continuando na escola, que tem um papel essencial nesse contexto.

Com base no modelo inicial desen-volvido por Ernest Tupes e Raymond Christal (1961), Goldberg (1993) aper-feiçoou um modelo de cinco fatores de personalidade que ficou conhecido como “Big Five” e que sintetizam quais são os cinco grupos de competências so-

AS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS E O URGENTE ENSINO DA TOLERÂNCIA

CONSTRUTIVA NA ESCOLAcioemocionais. Essas cinco dimensões, baseadas em amplas pesquisas valida-das em diversas partes do mundo são: (1) abertura a novas experiências, (2) extroversão, (3) amabilidade, (4) cons-ciência e (5) estabilidade emocional.

Para preparar nossos alunos para as exigências do século XXI, precisa-mos inserir essas cinco dimensões no currículo, sem excluir as competências cognitivas e os principais conteúdos de cada área. A combinação de algumas das dimensões citadas resulta em ca-racterísticas fundamentais ao sucesso, num mundo que cada vez mais se ca-racteriza pelas diversidades culturais, políticas e ideológicas.

Assistimos nos últimos meses a um verdadeiro festival de rompimentos relacionais em função de divergências político-ideológicas. Conheço casais que se separaram, amigos que se afastaram e familiares que romperam relações porque não apoiavam o mesmo candi-dato. Diante disso, cabe a reflexão sobre

o que tornou essas divergências tão fortes, ao ponto de jogar para escanteio a relação afetiva. Alguns podem pensar que cisões como essas só ocorrem em relacionamentos em que a afetividade não estava bem sedimentada. Infeliz-mente, não é verdade. Pessoas que se amam podem se separar subitamente, por obra da divergência intolerante. Isso ocorre, principalmente, por falta de ha-bilidades de tolerância construtiva, que podem começar a ser treinadas desde a infância, a partir de intervenções em conflitos relacionais infantis que resul-tam em rompimentos temporários de amizades.

A simples tolerância, conforme a conhecemos, num primeiro estágio, está mais próxima de suportar algo ou alguém de forma passiva e silenciosa do que da serenidade e da compreen-são. Em geral, a tolerância custa-nos um alto consumo de energia, que não nos permite tolerar por muito tempo (daí o famoso “contar até dez”). Com o

Revista Escola Particular – Agosto – 201970

Page 71: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

tempo e com o nosso amadurecimento emocional, aprendemos que tolerar não precisa ser algo tão custoso e des-gastante. Grande parte das pessoas aproxima-se, com o avançar da idade, da tolerância construtiva, que pode ter seu processo de aprendizagem acelerado por intervenções coerentes ao longo do processo educacional.

Estamos vivendo um momento histórico em que acelerar o desenvolvi-mento da tolerância construtiva parece ser fundamental para vencermos a onda crescente de divergências odiosas em todas as áreas, mas em especial na área ideológico-política. Não existe verdadeiro respeito sem tolerância construtiva. A questão que se coloca é como nos posicionar frente aos que

assumem declarada oposição as nossas ideias? Como conviver harmoniosa-mente com os que discordam de nós?

A primeira ação necessária é per-guntar-nos qual carga emocional gos-taríamos de receber no lugar do outro, caso estivéssemos na mesma situação em que somos aferidos. De que forma eu gostaria que discordassem de mim? A busca dessa resposta me leva à cons-trução de um modelo de discordância que precisa ser, imediatamente, colo-cado em prática. Esse simples exercício, realizado a cada vez que o professor observar uma atitude intolerante, já é uma importante preparação para o de-senvolvimento de pessoas mais hábeis na prática da tolerância.

Nos relacionamentos significativos de nossa vida o que verdadeiramente importa (ou deveria importar) é como nos encontramos intimamente uns com os outros, e não o que eles fazem ou pensam. A tolerância construtiva ocorre quando decidimos aceitar o outro, sem necessariamente concordar com o que ele diz ou faz, sente ou pensa. Ocorre quando, independentemente do que pensa ou sente o outro, eu o aceito sem gerar em minha vida emocional, barreiras de aversão. Aí está outro elemento fundamental no desenvolvi-mento desse tipo de tolerância: preciso saber o que me faz construir barreiras de aversão com relação ao outro pelo simples fato dele discordar de mim. Em se tratando de crianças, essa ati-tude está frequentemente ligada à inabilidade de ouvir não. Crianças que não tiveram os limites relacionais bem colocados tendem a achar que estão sempre certas, e que todos precisam concordar com o que dizem.

Algumas pessoas têm me dito que a dificuldade de colocar a tolerância cons-trutiva em prática não é a discordância, mas a forma como o outro discorda, em geral, querendo impor sua opinião e não se predispondo a ouvir a nossa. Esse comportamento gera, segundo alguns, uma impaciência misturada com indig-nação que acaba levando ao que aqui chamamos de divergência intolerante. Exercitar formas civilizadas e empáticas de discordar do outro desde a infância é um exercício primordial para o desen-volvimento da tolerância construtiva.

É fato que pessoas que não querem dialogar, mas sim impor a sua opinião, esgotam a paciência de quase todos nós; mas estas pessoas não querem diálogo, elas querem nos chamar para

a guerra, para uma guerra em que elas precisam vencer a qualquer preço. Quando eu aceito entrar nesse conflito quase armado, preciso me perguntar ur-gentemente a quem pertence a guerra. Ao conseguir perceber que esse embate é do outro, alimentá-lo é fornecer mu-nição para uma guerra que não é minha.

Cabe aqui um outro tipo de atividade fundamental no desenvolvimento da habilidade de tolerância: levar a criança e o jovem a perceberem se estão ali-mentando um debate ou uma disputa. Num debate, o intuito é o enriqueci-mento das opiniões de ambos os lados. Numa disputa, vencer é o que importa. Mesmo em situações em que o debate visa apontar um “vencedor”, ou seja, aquele que tem mais razão, o papel da educação é desenvolver a habilidade de argumentação, que pressupõe ouvir o outro, analisar o que diz e formular uma ideia que o leve a repensar suas convicções, ou seja, mesmo num debate acirrado, vence aquele que conseguiu atingir mais crenças do outro.

Quando estamos diante de um debate acirrado, uma ótima estratégia é pensarmos no que o outro significa para nós, e retirar nossa tropa do campo de batalha antes que alguém se fira. Fiquemos atentos, porém, ao fato de não conseguirmos nos evadir da guerra. Frequentemente isso significa que ela é nossa também. Aí começa uma outra investigação importante: por que pre-cisamos vencer essa guerra? O que vai acontecer se nos retirarmos do campo de batalha? Temos mesmo convicção dos nossos pontos de vista ou temos medo de ser convencidos pelo outro?

Nesse contexto, exercitar a habi-lidade de argumentação é decisivo na construção da tolerância construtiva, assim como reconhecer quando o outro atingiu nossas crenças ou quan-do não conseguimos atingir as dele, tudo isso num clima paz e reconhe-cimento de que todos ganham num diálogo construtivo. •

mestre em Educação pela UFRJ e especialista em PNL (Programação Neurolinguística). Pós-graduado em Orientação Educacional, Gestalt-terapia e Dinâmica de Grupo. Autor de diversos artigos e livros sobre Aprendizagem, Ação Docente, Avaliação e Gestão Escolar.

Professor, escritor, psicopedagogo e conferencista. É doutor em Ciências da Educação e

JULIO FURTADO

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 71

Outracompetência

socioemocional essencial é

reconhecer nossas possibilidades

e limitesem contextos

coletivos

Page 72: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Revista Escola Particular – Agosto – 201972

• SETEMBRO DE 2019 •• 20/09/2019 INSS (Empresa) - ref. 08/2019 PIS – Folha de Pagamentos - ref. 08/2019 SIMPLES NACIONAL - ref. 08/2019 COFINS – Faturamento - ref. 08/2019 PIS – Faturamento - ref. 08/2019• 30/09/2019 IRPJ – (Mensal) - ref. 08/2019 CSLL – (Mensal) - ref. 08/2019

• 06/09/2019 SALÁRIOS - ref. 08/2019 E-Social (Doméstica) - ref. 08/2019 FGTS - ref. 08/2019 CAGED - ref. 08/2019 • 10/09/2019 ISS (Capital) - ref. 08/2019 EFD – Contribuições - ref. 07/2019

Dados fornecidos pela HELP – Administração e Contabilidade • [email protected] • (11) 3399-5546 / 3399-4385

AGENDA DE OBRIGAÇÕES

Classieeesp

Page 73: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 73

Page 74: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Cursos

Revista Escola Particular – Agosto – 201974

Page 75: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

2019 – Agosto – Revista Escola Particular 75

Page 76: VEM AÍ O PRIMEIRO FÓRUM DE INOVAÇÃO EM ......nova lei trabalhista e simplificar o eSocial, que se tornou um tormento para as empresas, conforme o próprio Governo admite. Além

Revista Escola Particular – Agosto – 201976