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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11& 13 th Women’s Worlds Congress(Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017,ISSN 2179-510X VIOLÊNCIA DE GÊNERO ATRAVÉS DE CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS - PERCEPÇÕES DE JOVENS DO ENSINO MÉDIO Livian Lino Netto 1 Beatriz Helena Castro 2 Cristhianny Bento Barreiro 3 Resumo: Este texto é um relato de experiência de um trabalho realizado com alunos de Ensino Médio Integrado de uma escola da Rede Federal de Educação do Rio Grande do Sul, em que os alunos criaram campanhas publicitárias sobre violência de gênero nas aulas de Sociologia. Gênero e sexualidade fazem parte do programa da disciplina de Sociologia e é um tema que ainda parece causar estranheza em alguns estudantes. Dessa forma, foi proposta uma avaliação em que os alunos pudessem expressar suas percepções através de campanhas publicitárias em que o tema foi Violência de Gênero. Para a criação das imagens, o tema foi amplamente debatido em sala de aula e os estudantes realizaram pesquisas sobre as questões de gênero e sexualidade, ficando livres para se manifestar, a partir de suas compreensões, na produção do trabalho. Dessa forma, os trabalhos foram criados em grupo, e nos auxiliarão a identificar a percepção destes estudantes, já que partir das imagens pode-se compreender como estes jovens sentem e produzem as questões de gênero e sexualidade na sua vida e como essas relações de dão no interior da escola. Palavras-chave: Juventudes. Gênero. Ensino Médio. Introdução Este trabalho relata a experiência acerca das discussões sobre gênero e sexualidade durante as aulas de Sociologia com alunos dos segundos anos de três cursos técnicos integrados ao ensino médio no Campus Caxias do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. Gênero e Sexualidade fazem parte do currículo da disciplina de Sociologia desta escola, e com as atuais discussões sobre a reforma do Ensino Médio, Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, Projeto Escola sem Partido, pelos projetos de lei 1411/2015 e 867/2015, e pelo projeto de lei do senado 193/2016, que visa eliminar a discussão ideológica dentro da escola, incluindo a discussão de gênero, a curiosidade dos jovens estudantes faz com que diversas questões sejam trazidas para o debate em sala de aula. Ao anunciar a temática de gênero e sexualidade, discursos das redes sociais e de discussões familiares, bem como a experiência dos próprios jovens. Pode-se perceber que a escola constitui-se como lugar importante para a socialização e de produção de identidades e de culturas, e por vezes parece distante dos interesses dos alunos, o que cria a ideia de jovens desinteressados das constantes mudanças que caracterizam nosso tempo 1 Mestre em Educação pelo Instituto Federal Sul-rio-grandense Campus Pelotas, IFSul, Pelotas, Brasil. 2 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação da PUCRS, Professora no Instituto Federal Sul-rio- grandense- Campus Visconde da Graça, IFSul, Pelotas, Brasil. 3 Professora do Programa de Pós-graduação em Educação do Instituto Federal Sul-rio-grandense, IFSul, Pelotas, Brasil.

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Florianópolis, 2017,ISSN 2179-510X

VIOLÊNCIA DE GÊNERO ATRAVÉS DE CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS -

PERCEPÇÕES DE JOVENS DO ENSINO MÉDIO

Livian Lino Netto1

Beatriz Helena Castro2

Cristhianny Bento Barreiro 3

Resumo: Este texto é um relato de experiência de um trabalho realizado com alunos de Ensino Médio Integrado de uma

escola da Rede Federal de Educação do Rio Grande do Sul, em que os alunos criaram campanhas publicitárias sobre

violência de gênero nas aulas de Sociologia. Gênero e sexualidade fazem parte do programa da disciplina de Sociologia

e é um tema que ainda parece causar estranheza em alguns estudantes. Dessa forma, foi proposta uma avaliação em que

os alunos pudessem expressar suas percepções através de campanhas publicitárias em que o tema foi Violência de

Gênero. Para a criação das imagens, o tema foi amplamente debatido em sala de aula e os estudantes realizaram

pesquisas sobre as questões de gênero e sexualidade, ficando livres para se manifestar, a partir de suas compreensões,

na produção do trabalho. Dessa forma, os trabalhos foram criados em grupo, e nos auxiliarão a identificar a percepção

destes estudantes, já que partir das imagens pode-se compreender como estes jovens sentem e produzem as questões de

gênero e sexualidade na sua vida e como essas relações de dão no interior da escola.

Palavras-chave: Juventudes. Gênero. Ensino Médio.

Introdução

Este trabalho relata a experiência acerca das discussões sobre gênero e sexualidade durante

as aulas de Sociologia com alunos dos segundos anos de três cursos técnicos integrados ao ensino

médio no Campus Caxias do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do

Sul.

Gênero e Sexualidade fazem parte do currículo da disciplina de Sociologia desta escola, e

com as atuais discussões sobre a reforma do Ensino Médio, Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de

2017, Projeto Escola sem Partido, pelos projetos de lei 1411/2015 e 867/2015, e pelo projeto de lei

do senado 193/2016, que visa eliminar a discussão ideológica dentro da escola, incluindo a

discussão de gênero, a curiosidade dos jovens estudantes faz com que diversas questões sejam

trazidas para o debate em sala de aula. Ao anunciar a temática de gênero e sexualidade, discursos

das redes sociais e de discussões familiares, bem como a experiência dos próprios jovens.

Pode-se perceber que a escola constitui-se como lugar importante para a socialização e de

produção de identidades e de culturas, e por vezes parece distante dos interesses dos alunos, o que

cria a ideia de jovens desinteressados das constantes mudanças que caracterizam nosso tempo

1Mestre em Educação pelo Instituto Federal Sul-rio-grandense – Campus Pelotas, IFSul, Pelotas, Brasil. 2Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação da PUCRS, Professora no Instituto Federal Sul-rio-

grandense- Campus Visconde da Graça, IFSul, Pelotas, Brasil. 3Professora do Programa de Pós-graduação em Educação do Instituto Federal Sul-rio-grandense, IFSul, Pelotas, Brasil.

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(BAUMAN, 2001). No entanto, apesar de parecer muitas vezes parada no tempo, a escola se

constitui num importante espaço de convivência e de produção social em que podemos observar

diferentes formas de se perceber e experimentar o mundo.Sendo assim, este texto pretende

descrever como se deu a realização da produção dos trabalhos que tinham como proposta a criação

de campanhas que tratassem da violência de gênero nos dias atuais.

(Re) configurações do Ensino Médio

Sabe-se que o sistema educacional é uma construção histórica criada e recriada em cada

tempo, assim como o conhecimento que precisa ser construído e reconstruído, fazendo um

movimento de constante reflexão. Nesse processo o Ensino Médio provoca debates em que diversas

opiniões divergem (KRAWCZYK, 2014).

Segundo Krawczyk (2014), os índices de evasão e fracasso escolar são associados à falta de

interesse dos jovens, já que o Ensino Médio nunca teve uma identidade clara, o que não é apenas

um problema brasileiro, já que muitos países distintos, tanto na Europa quanto nas Américas,

compartilham problemas e desafios semelhantes quando se trata deste nível de ensino.

Historicamente, durante a primeira metade do século XX, o Ensino Médio surge e expande-

se com uma dupla função: de um lado a formação de mão de obra qualificada e de outro, a

formação de elites profissionais e políticas, mantendo assim, a apropriação diferenciada do

conhecimento socialmente construído, para uns com a ideia de desenvolver habilidades

profissionais e para outros a preparação para ascender ao saber.

Várias reformas educacionais resultaram em um movimento de avanço e retrocesso em

direção a um modelo mais democrático de Ensino Médio.

Para Krawczyk (2014), a identidade do Ensino Médio é discutida a partir dos seus objetivos

e os constantes movimentos de reforma na sua estrutura, além das demandas constantes de

mudanças de conteúdos no seu currículo são exemplos das tensões em torno desse nível de ensino

em diferentes países.

Na década de 1990, o Brasil teve uma significativa expansão do Ensino Médio, através do

aumento de vagas e de matrículas nas escolas públicas, tendência que sofre vários altos e baixos

desde então. No entanto, essa expansão da matrícula é apenas um dos dados a se considerar na

análise da escolarização juvenil, já que o aumento da procura pela escola média está acontecendo a

partir de uma dinâmica escolar engessada e desenvolvida em outra realidade, com diferentes

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demandas e necessidades, além de uma cultura escolar incipiente para o atendimento dos

adolescentes de hoje (KRAWCZYK, 2014).

Pode-se dizer que um dos desafios da educação é oferecer uma escola que permita

dinâmicas de aprendizagens que estejam sintonizadas com o mundo contemporâneo para toda a

população.

Sobre os jovens, as representações, imagens e estereótipos são criados a partir da ideia de

falta de perspectiva, de um ser incompleto, irresponsável, faz com que se desconfie deles tornando

mais difícil ainda perceber quem eles são, o que pensam e o que são capazes de fazer, e dessa forma

não se reconhece o jovem que existe no aluno e menos ainda se compreende a diversidade, seja

étnica, de gênero ou de orientação sexual, entre outras expressões, com a qual a condição juvenil se

apresenta (DAYRELL, 2007).

O Ensino Médio para além de uma etapa de formação é um momento de construção de

identidades e de pertencimentos a grupos distintos, além de um período de múltiplos

questionamentos, de constituição de um saber sobre si, de busca de sentidos, que precisam ser

considerados (WELLER, 2014).

Segundo Dayrell (2007, p.1116-1117),

[...] a escola tende a não reconhecer o “jovem” existente no “aluno”, muito menos

compreender a diversidade, seja étnica, de gênero ou de orientação sexual, entre outras

expressões, com a qual a condição juvenil se apresenta.

Para Arroyo (2014), existe uma prática de ressignificação e reinvenção que acontece dentro

da escola, e a transformação do Ensino Médio passa pela reinvenção dos currículos, da concepção e

da prática da educação, interessando o reconhecimento de que os jovens estudantes que vão

chegando ao Ensino Médio são outros, de outras origens sociais, raciais, étnicas, dos campos e das

periferias.

Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, de 2012, apontam

para a centralidade dos jovens estudantes como sujeitos do processo educativo (DAYRELL,

CARRANO, 2014). Para os autores, pôr em prática as determinações das Diretrizes Curriculares

significa, de fato, desenvolver um trabalho de formação humana que contemple a totalidade dos

nossos jovens estudantes.

Atualmente, discute-se o Ensino Médio, a partir principalmente da meta três do Plano

Nacional de Educação (PNE), do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, instituído

pela Portaria nº 1.140, de 22 de novembro de 2013, do Programa Ensino Médio Inovador- ProEMI,

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estabelecido pela Portaria nº 971, de 9 de outubro de 2009 e da PL 6840/2013. Vive-se um

momento em que se discute uma reestruturação do Ensino Médio, a partir do Pacto Nacional pelo

Fortalecimento do Ensino Médio, do Programa Ensino Médio Inovador e da PL 6840/2013, já que

esta etapa é considerada a mais problemática da escolarização, e tem se mostrado com maior

dificuldade em cumprir suas atribuições e garantir o direito à educação básica, tal como prevê a

Constituição.

Além disso, o Plano de reestruturação do Ensino Médio sugere como objetivos o

compromisso de atender a diversidade nacional em sua heterogeneidade cultural, bem como a

consideração dos anseios das diversas juventudes e da expressiva fração de população adulta que

acorrem à escola, que ainda é vista como instituição que reproduz as desigualdades e as culturas

hegemônicas da sociedade. Porém, é preciso considerar a diversidade cultural da qual se faz parte,

atravessadas por questões de gênero, etnia, classe social, mas também a cultura do trabalho.

É nesse contexto que vem se configurando o Ensino Médio, que gênero e sexualidade estão

cada vez mais no centro das pesquisas e discussões que tratam tanto do Ensino Médio, e apesar de

sofrer com vários ataques sobre sua presença na educação e na escola, percebe-se que cada vez mais

se faz necessário, principalmente no que diz respeito aos estudantes jovens, que estão

experimentando sua sexualidade.

Sociologia, sala de aula, gênero e sexualidade

No processo de formação como professora de Sociologia, pude perceber algumas

transformações nas questões levantadas pelos jovens estudantes de Ensino Médio. Desde 2012,

trabalho com esse nível de ensino da educação básica e ao longo desses cinco anos percebi que

apesar das questões sobre gênero e sexualidade sempre estar presente, no último ano,

especialmente, parece ter se tornado uns dos temas centrais das aulas de Sociologia.

Quando me formei na graduação, a Sociologia como disciplina do Ensino Médio ainda não

figurava como obrigatória, sendo, somente em 2008, que a lei que garantia seu ensino com caráter

de obrigatoriedade foi promulgada. De lá para cá, muitas discussões sobre o seu seus conteúdos, sua

função, e formação dos professores foram realizadas e apesar das orientações dos PCN’s e OCN’s,

cada escola ou professor formula seu próprio plano de ensino.

Sabe-se quedisciplina de Sociologia engloba um conjunto disciplinado de práticas, mas

também representa considerável corpo de conhecimento acumulado ao longo da história. Essa

ciência configura-se em uma via de fluxo onde se acrescentam ideias e estudos da vida social. A

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Sociologia, assim é um espaço de atividade contínua que compara o aprendizado com novas

experiências e amplia o conhecimento, mudando, nesse processo, a forma do conteúdo da própria

disciplina (BAUMAN, 2010).

Aprender a pensar sociologicamente é uma atividade que se distingue, mas também se

relaciona com o chamado senso comum. A Sociologia e o senso comum se diferem quanto ao

sentido que cada um atribui á vida humana em termos de como entendem e explicam eventos e

circunstancias(BAUMAN, 2010).

Essa relação entre ciência e senso comum é de mútua fertilidade segundo Boaventura de

Sousa Santos (1988). Para ele existe um paradigma emergente de um conhecimento prudente para

uma vida decente, em que um paradigma para emergir não pode ser apenas científico, tem também

que ser um paradigma social. Ele apresenta esse paradigma através de quatro teses. Aqui cabe a tese

de que todo conhecimento científico visa constituir-se em senso comum.

Com essa diferença, mas também por essa relação que a Sociologia possui com o senso

comum podemos pensar em um corpo de conteúdos que sejam próprios de estudo sociológicos, mas

que também façam parte da realidade das alunas e alunospara compormos os currículos escolares

para a disciplina de Sociologia.

Nesse sentido que Gênero e Sexualidade podem (e devem) fazer parte do currículo da

disciplina, já que, muitas vezes é apenas nessa disciplina que esses temas são tratados na escola.

Das Instituições das quais trabalhei, o relato dos alunos é de que somente nessas aulas eles têm

espaço para fazer essas discussões.

No ano de 2015, a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) trouxe a seguinte

questão:

Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico

define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da

civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que

qualificam o feminino.BEAUVOIR, S. O segundo sexo Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

1980.

Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um

movimento social que teve como marca o(a)

A) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.

B) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.

C) organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero.

D) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.

E) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas. (ENEM,

2015)

Essa questão trouxe para o centro do debate, dessa vez apoiado por uma grande mídia e as

redes sociais as discussões sobre gênero e sexualidade na escola. Ainda, parece que vivemos um

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momento muito delicado em que uma “onda conservadora” vem ganhando força. Nesse sentido, o

Projeto Escola sem Partido se destaca e se apresenta como uma proposta neutra contra o que eles

chamam de “doutrinação”, levantando a ideia de escola sem “ideologia” e que seja “contra o abuso

da liberdade de ensinar”. Essas propostas influenciam diretamente no ensino de maneira geral,

visto que os alunos chegam à sala de aula com inúmeras questões das quais a mídia e o senso

comum já tem construídos seus posicionamentos e traz para a sala de aula, mais um desafio para os

professores, que muitas vezes não estão preparados (por diversas razões) para receber as demandas

vindas dos jovens que cursam o Ensino Médio.

Para a Sociologia no Ensino Médio, os desafios se dão justamente no sentido de fazer com

que a disciplina possa ser relacionada à realidade dos alunos de uma forma que os envolva e

partindo das vivências dos jovens.

Como lembra Dayrell (2007, p.16),

[...] a escola é invadida pela vida juvenil, com seus looks, pelas grifes, pelo comércio de

artigos juvenis, constituindo-se como um espaço também para os amores, as amizades,

gostos e distinções de todo tipo. O “tornar-se aluno” já não significa tanto a submissão a

modelos prévios, ao contrário, consiste em construir sua experiência como tal.

Essa cultura juvenil traz para a escola e para a sala de aula as experimentações dos jovens e

Gênero e sexualidade também fazem parte desse contexto.

Assim, a escola e a sala de aula tornam-se espaços cada vez mais de questionamento,

trazendo para o debate os temas que fazem parte do cotidiano dos estudantes. É nesse contexto que

se apresenta que o trabalho aqui apresentado foi proposto e realizado.

O contexto do trabalho

Em agosto de 2016 assumi como professora substituta a disciplina de Sociologia,dos

primeiros e segundos anos do Ensino Médio Integrado ao Técnico do IFRS- Campus Caxias. Neste

campus, o ano é dividido em três trimestres e, entrei na metade do segundo trimestre, em que só

finalizei as atividades iniciadas pela professora titular, ao mesmo tempo em que iniciava uma

“recuperação” de conteúdos já que os estudantes ficaram um mês sem aulas de Sociologia em

virtude do afastamento da professora. Esse tempo também foi de conhecer os estudantes e o plano

de ensino da disciplina, já que devido ao contexto utilizei o plano que a professora havia preparado.

Para os segundos anos, no segundo trimestre, estava previsto os seguintes conteúdos:

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- Grupos étnicos e etnicidades. Sociedades indígenas e o mundo contemporâneo. Culturas

afro-brasileiras e africanas no Brasil. Racismo, discriminação e preconceito. As lutas por

direitos e reconhecimento.

- Gênero e sexualidade: a construção social do gênero e do sexo. Feminilidades,

masculinidades e relações de gênero. Sexualidade: entre biologia, cultura e influências

sociais. Os movimentos sociais e as lutas por direitos e reconhecimento.

- As Ciências Sociais e o trabalho de sociólogos, antropólogos e cientistas políticos:

métodos e técnicas de pesquisa (pesquisa de opinião e análise de dados quantitativos) no

processo de construção do conhecimento. [Grifos da autora] (Plano de Ensino da Disciplina

de Sociologia, IFRS, Campus Caxias do Sul, 2016).

Então, este trabalho foi proposto e realizado com turmas de segundos anos da escola, visto

que o conteúdo que traz as temáticas de gênero e sexualidade está previsto para este ano. Nesta

escola, são seis turmas de segundos anos dos cursos técnicos integrados em Química, Plásticos e

Fabricação Mecânica. As turmas do curso Técnico Integrado em Química eram predominantemente

femininas, enquanto as turmas do curso Técnico Integrado em Fabricação Mecânica eram formadas

por mais meninos, sendo que somada as duas turmas deste curso, apenas quatro meninas do total de

mais ou menos 60 estudantes. Já o curso técnico integrado em Plásticos, era formado de maneira

equilibrada. Essa percepção é importante para o contexto das discussões que foram realizadas

durante as aulas. Num total das seis turmas de segundos anos do Ensino Médio Integrado, eram em

torno de 100 estudantes.

Ao iniciar as aulas de Sociologia, pude perceber que as questões de gênero e sexualidade

despertavam o interesse dos estudantes de diversas maneiras: uns não conseguiam compreender “a

construção social do gênero”, trazendo os mais diversos argumentos para as discussões em sala de

aula e outros ultrapassavam muitas vezes as discussões trazendo suas experiências de vida para dar

exemplos em sala de aula, entrando em um embate de ideias, na tentativa de fazer com que os

colegas que não aceitavam as referências tanto sociológicas como dos estudos de gênero que eram

utilizadas em sala de aula, para mostrar as possibilidades de se estar no mundo e experimentar a

sexualidade.

Percebia-se que os discursos dos estudantes traziam muito de senso comum, falas de redes

sociais e apesar de estarmos em um tempo em que se tem certa visibilidade sobre o assunto, ainda

na escola, segundo os estudantes, esse tema é pouco discutido, sendo muitas vezes apenas em aulas

das quais os professores dão espaço, em aulas de Sociologia ou entre os estudantes nos seus espaços

de convivência. Os debates acerca de gênero e sexualidade muitas vezes trazem argumentações que

precisam ser desnaturalizadas pelos estudantes, e muitas vezes por nós professores, se

considerarmos nossas próprias experiências de formação. Nesse sentido, segundo Costa Novo

(2015), os estudos sobre gênero e sexualidade mostram que,

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(...) o cenário de precariedade começa a se configurar já na formação de professoras/es,

pois tanto os cursos de pedagogia quanto as diferentes licenciaturas carecem de formação

teórica na área de gênero e sexualidades. Esta, quando não inexistente, é insuficiente,

secundária e limitada a uma ou outra disciplina isolada e não obrigatória. Como

consequência, as pesquisas identificavam que nas escolas prevalecem professoras/es com

despreparo teórico, divergências de posicionamento e resistência a determinados temas. É

grande o desconforto para intervir e dialogar sobre sexualidade com os/as alunos/as, de

modo que as discussões são marginalizadas e, quando ocorrem, trazem uma abordagem de

gênero de uma perspectiva binária simplista e limitadora. Haveria também uma dificuldade

de intervenção diante de comentários e piadas racistas, sexistas e homofóbicas de alunas/os,

observando que, na maioria das ocorrências, as/os professoras/es optam por silenciar.

(COSTA NOVO, 2015, p. 71)

É nesse sentido que como proposta de fazer parte do conteúdo específico da disciplina de

Sociologia, as questões de gênero e sexualidade pretendem ter um papel que rompa com a

naturalização das concepções dominantes de pensamento, as quais muitas vezes são embasadas e

reproduzidas por discursos religiosos e que não dão conta da diversidade da qual presenciamos nas

escolas, nas salas de aula e nas sociedades de maneira geral. Nesse sentido, Louro (1997) diz que:

O olhar passa a ser pelo processo, para a construção, e não mais por proposições

essencialistas e fixas. [...] o que importa aqui considerar é que – tanto na dinâmica do

gênero como na dinâmica da sexualidade – as identidades são sempre construídas, elas não

são dadas e acabadas num determinado momento, [...] elas são instáveis e, portanto,

passíveis de transformação. (LOURO, 1997, p. 27).

Pensando nesses contextos, a partir dos conteúdos abordados em sala de aula, nas

experiências trazidas pelas alunas e alunos, para realizar a avaliação da disciplina de Sociologia foi

proposto um trabalho no qual os estudantes pudessem pesquisar e construir propostas que tratassem

da violência de gênero, já que, nas discussões em sala de aula alguns discursos considerados de

ódios foram utilizados para argumentar alguns pontos de vista. Dessa forma a ideia é que os

estudantes pudessem criar campanhas que seriam utilizadas por eles para conscientizar, difundir e

propor um debate com os demais membros da comunidade escolar.

As campanhas publicitárias sobre violência de gênero: percepções de jovens

O trabalho foi proposto como parte da avaliação da disciplina de Sociologia para as alunas e

alunos dos segundos anos do Ensino Médio Integrado. A proposta foi construída coletivamente, em

sala de aula com cada turma. Iniciei a ideia de realizarmos um trabalho que fosse pensado a partir

da criação deles, e com as sugestões realizadas pelos estudantes nas aulas, propus que cada turma,

dividida em grupos de no máximo seis componentes, realizaria uma pesquisa e criaria uma peça

publicitária, uma espécie de campanha que tratasse do tema de violência de gênero. A ideia de

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realizar um trabalho que trouxesse a questão da violência se deu pelas experiências dos estudantes

que vivenciam sua sexualidade, mas também relatam diversas formas de violência, que entende-se,

segundo Sardenberg (2001),

Por “violência de gênero”, refiro-me a toda e qualquer forma de agressão ou

constrangimento físico, moral, psicológico, emocional, institucional, cultural ou

patrimonial, que tenha por base a organização social dos sexos e que seja impetrada contra

determinados indivíduos, explícita ou implicitamente, devido à sua condição de sexo ou

orientação sexual (SARDENBERG, 2011, p. 1).

Além disso, os relatos trazem principalmente violência simbólica (BOURDIEU, 1989), e

também acontece dentro da escola.

De fato, a violência de gênero se expressa com força nas nossas instituições sociais

(falamos então de violência institucional de gênero) e, de maneira mais sutil, embora não

menos constrangedora, na nossa vida cultural, nos atacando (ou mesmo nos bombardeando)

por todos os lados, sem que tenhamos plena consciência disso. (...) Isso tudo se constitui no

que chamamos de violência simbólica de gênero, uma forma de violência que é,

indubitavelmente, uma das violências de gênero mais difíceis de detectarmos, analisarmos

e, por isso mesmo, combatermos (SARDENBERG, 2011, p. 2).

Nesse contexto, as alunas e alunos se organizaram em grupos e criaram as campanhas.Ao

total foram de trinta e dois trabalhos e as imagens que trouxeram a percepção dos estudantes sobre

como a violência de gênero acontece. Das 32 imagens, apenas quatro não trazem diretamente a

violência contra a mulher.

Essa percepção de gênero pode ter a ver com as experiências que os jovens trazem das suas

histórias de vida. Nos debates em sala de aula, as meninas muitas vezes colocavam as violências

cotidianas em pauta, e geralmente eram questionadas tanto pelos colegas meninos, como pelas

outras meninas que tinham o discurso do vitimismo feminino e do “mimimi”. Conforme Sardenberg

(2011),

Diariamente, ouvimos piadinhas, canções, poemas, ou vemo-nos diante de contos, novelas,

comerciais, anúncios, ou mesmo livros didáticos (ditos científicos!), de toda uma produção

cultural que dissemina imagens e representações degradantes, ou que, de uma forma ou de

outra, nos diminuem enquanto mulheres. Essas imagens acabam sendo interiorizadas por

nós (até mesmo as feministas “de carteirinha”), muitas vezes sem que nos demos conta

disso. Elas contribuem sobremaneira na construção de nossas identidades/subjetividades,

diminuindo, inclusive, nossa autoestima.(SARDENBERG, 2011, p. 2).

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Imagem 1: Trabalho A

Os discursos sobre o feminismo acendiam os debates em sala de aula. Conforme Hudson

(apud Máirtín Mac anGhaill, 1994) certa forma,

(...) se a adolescência é caracterizada por constructos masculinos, então, qualquer tentativa

feita pelas garotas de satisfazer as demandas da sociedade ligadas à adolescência implica,

para elas, apresentar não apenas falta de maturidade (já que a adolescência é dicotomizada

com maturidade), mas também falta de feminilidade (Hudson, apud Mac anGhaill, 1994, p.

122).

Percebia-se durante as aulas, que mesmo as meninas que rompiam com os padrões de gênero

socialmente construídos, ainda traziam essas construções muito fortes em seus discursos. Ora, se

nós professores temos dificuldades em romper com muitas das construções sociais que se

constituíram historicamente nos modos dominantes de construção tanto social quando das nossas

próprias identidades, os jovens que participaram dessa atividade, mesmo que aos poucos tentam

romper com essas lógicas instituídas.

Nesse sentido, as alunas e alunos que experimentam a sexualidade a partir das suas

percepções de mundo, trazem suas experiências para os trabalhos.

Imagem 2: Trabalho B

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11& 13thWomen’s Worlds Congress(Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017,ISSN 2179-510X

Pode ser esse o motivo de apenas quatro trabalhos trazerem outros gêneros e não só o

feminino. Nesse sentido, principalmente como mostra a imagem 2, o estudante mostra a violência

que ele sente por se expressar. Na imagem ele utiliza os comentários que as pessoas fazem nas suas

fotos doFacebookdependendo da forma como ele expressa sua sexualidade e gênero.

O que pode-se perceber nos trabalhos de maneira geral, são as representações que os jovens

estudantes tem sobre gênero e sexualidade, as formas como vivenciam, como se percebem e

percebem tais questões no seu cotidiano, podendo assim ser um campo a ser pensado e observado

para que se possa, a partir dai, refletir estas questões na sala de aula e na escola, deixando que as

experiências das juventudes possibilidades de abordagens a respeito de gênero e sexualidade em

que os jovens se sintam potencializados nas suas formas de ser, atentando para as culturas juvenis e

para as construções de si nas relações sociais tanto na escola quanto no mundo.

Cabe ressaltar que apesar do atual cenário político social brasileiro, cada vez mais se

reforçam as necessidades tanto de se (re)pensar o Ensino Médio, quanto a importância da

Sociologia, em como das discussões de gênero e sexualidade trazendo para a escola um mundo

plural, que valorize as diferenças, considerando os diretos humanos e a livre expressão das pessoas.

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Médio: sujeitos e currículos. Belo Horizone: UFMG, 2014.

Gender violence through advertising campaigns - perceptions of high school youth

Astract: This article is a experience report about a paper by high school students from a Federal

Education Institution of Rio Grande do Sul. The students created an advertising campaign gender

violence for sociology class. Gender and sexuality are part of the sociology grade and is a theme

that still cause weirdness on some students. Was proposal a test that the students could express their

opinions through advertising campaigns about gender violence. For the campaign creation, the

theme was deeply debated in class and the students realize researches about gender and sexuality

issues, being free to manifest themselves through their understanding. The campaigns were created

in groups and through those, we will be able to identify the perception and feelings of gender and

sexuality in their lifes and how this relationships work in school.

Keywords: Youth; Genre; High school.