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Estudos Técnicos Volume 10 www.cnm.org.br

Volume 10 Estudos Técnicos · Já o estado de calamidade pública trata-se do reconhecimento pelo poder público de situa-ção anormal, provocada por desastres, causando sérios

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Estudos Técnicos

Volume 10www.cnm.org.br

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Ficha Catalográfica

Confederação Nacional de Municípios – CNM Estudos Técnicos CNM / Confederação Nacional de Municípios – Bra-sília: CNM, 2019.

272 páginas. Volume 10.

1. Finanças Municipais. 2. Gestão Municipal. 3. Programas Sociais. 4. Desen-volvimento Social. I. Título.

Diretoria-ExecutivaGustavo de Lima Cezário

DiagramaçãoThemaz Comunicação

2019 Confederação Nacional de Municípios – CNM.

Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons: Atribuição – Uso não comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A reprodução não autor-izada para fins comerciais constitui violação dos direitos autorais, conforme Lei 9.610/1998.

As publicações da Confederação Nacional de Municípios – CNM podem ser acessadas, na íntegra, na biblioteca online do Portal CNM: www.cnm.org.br.

SGAN 601 – Módulo N – Asa Norte – Brasília/DF – CEP: 70830-010Tel.: (61) 2101-6000 – Fax: (61) 2101-6008

E-mail: [email protected] – Website: www.cnm.org.br

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DIRETORIA CNM GESTÃO 2018-2021

Conselho Diretor

PRESIDENTE Glademir Aroldi

1º VICE-PRESIDENTE Julvan Rezende Araújo Lacerda

2º VICE-PRESIDENTE Eures Ribeiro Pereira

3º VICE-PRESIDENTE Jairo Soares Mariano

4º VICE-PRESIDENTE Haroldo Naves Soares

1º SECRETÁRIO Hudson Pereira de Brito

2º SECRETÁRIO Eduardo Gonçalves Tabosa Júnior

1º TESOUREIRO Jair Aguiar Souto

2º TESOUREIRO João Gonçalves Júnior

Conselho Fiscal

TITULAR Jonas Moura de Araújo

TITULAR Expedito José do Nascimento

TITULAR Christiano Rogério Rego Cavalcante

SUPLENTE Pedro Henrique Wanderley Machado

SUPLENTE Marilete Vitorino de Siqueira

SUPLENTE Cleomar Tema Carvalho Cunha

Representantes Regionais

REGIÃO NORTE Francisco Nelio Aguiar da Silva

REGIÃO NORTE Wagne Costa Machado

REGIÃO SUL Alcides Mantovani

REGIÃO SUDESTE Daniela de Cássia Santos Brito

REGIÃO SUDESTE Luciano Miranda Salgado

REGIÃO NORDESTE Rosiana Lima Beltrão Siqueira

REGIÃO NORDESTE Roberto Bandeira de Melo Barbosa

REGIÃO CENTRO-OESTE Rafael Machado

REGIÃO CENTRO-OESTE Pedro Arlei Caravina

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SUMÁRIO

1 CALAMIDADES CAUSADAS POR DESASTRES AFETAM OS MUNICÍPIOS BRASILEIROS 7

2 CARGA TRIBUTÁRIA BRUTA DE 2017 E A RECEITA DISPONÍVEL DOS ENTES FEDERADOS 20

3 ÓLEO DIESEL E O IMPACTO DA CIDE ZERADA..............................................................................................................27

4 RELAÇÃO ENTRE ELEITORES E A ESTIMATIVA POPULACIONAL EM 2018 ......................................30

5 EMENDAS PARLAMENTARES DE 2017 ....................................................................................................................................36

6 DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DAS OBRAS INACABADAS DAS CRECHES E DOS TERMOS DE COMPROMISSO PACTUADOS COM O FNDE – BRASIL .................................................................................43

7 A FROTA DE VEÍCULOS NOS MUNICÍPIOS EM 2018 .................................................................................................61

8 MUNICÍPIOS COM NOMES SANTOS .........................................................................................................................................81

9 INVESTIMENTOS PÚBLICOS NO PAÍS .......................................................................................................................................92

10 PANORAMA FINANCEIRO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS ...........................................................................105

11 RETENÇÃO DO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DE MUNICÍPIOS (FPM) ....................................................112

12 PANORAMA DOS MUNICÍPIOS NA REDE SICONV ....................................................................................................121

13 MENSURAÇÃO DOS RESTOS A PAGAR NÃO PROCESSADOS NOS MUNICÍPIOS ...................129

14 COMPORTAMENTO DAS TRANSFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS EM 2017....................................138

15 O PAGAMENTO DO 13º SALÁRIO PELOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS EM 2018 .........................158

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 7

1 CALAMIDADES CAUSADAS POR DESASTRES AFETAM OS MUNICÍPIOS BRASILEIROS

Estudos Técnicos/CNM – Julho de 2018

1 Introdução

Nos últimos anos, muitos Municípios brasileiros decretaram estado de calamidade pública (ECP) ou situação de emergência (SE). O decreto é o reconhecimento pelo poder público de si-tuação anormal, provocada por desastres – que podem ser causados pela natureza ou por outros motivos, como problemas econômicos ou sociais, que gerem sérios danos à comunidade afetada, inclusive à incolumidade ou à vida de seus integrantes. A situação de emergência se difere do es-tado de calamidade pública por ser de menor intensidade, com danos menos graves e que podem ser sanados mais facilmente.

Uma vez decretada a anormalidade, e caso o Ente responsável (Municípios, Distrito Fede-ral e Estados) necessite de ajuda da União para reconstrução e reabilitação das áreas afetadas, será necessário o devido reconhecimento legal por parte do governo federal para liberação de re-cursos em conjunto com as ações emergenciais suplementares de assistência humanitária para o Ente atingido.

Além da destinação de recursos, outras medidas, consideradas abusivas em outro contex-to, poderão ser tomadas. Como exemplos, compras ou serviços com dispensa de licitação, contra-tação temporária de pessoal, realização de empréstimos compulsórios, parcelamento de dívidas, atraso na execução de gastos obrigatórios, recebimento de receitas antecipadas, entre outros.

2 Quantidade de decretações de SE/ECP – 2003 a 2016

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) realizou um levantamento sobre os Muni-cípios do Brasil em situação de emergência e estado de calamidade pública, com o objetivo de apresentar um panorama dos principais eventos (problemas) que ocorrem no país, localidades re-correntes e frequência.

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As informações que dão base a este estudo foram fornecidas pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MI), órgão pertencente ao Ministério da Integração Nacional, que de acordo com a Lei 12.608/2012 tem a competência de realizar conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e reconstrutivas destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social. A Sedec também é ser responsável por analisar a situação dos Municípios e reconhecer os decretos de situação de emergência e es-tado de calamidade pública, além de estabelecer as normas, os critérios e os procedimentos para a decretação das duas possibilidades legais.

Analisando os decretos reconhecidos pelo governo federal de 2003 até julho de 2018, ve-mos que em média são reconhecidas cerca de 2 mil decretações por ano. Ao todo, foram reconhe-cidos pela Defesa Civil nacional, nesse período de 16 anos, 32.121 desastres.

Os Estados que mais tiveram desastres naturais no período foram Paraíba (3.875), Rio Grande do Sul (3.547), Ceará (3.159) e Minas Gerais (3.120). As regiões Nordeste e Sul sempre lideram o número de decretos de reconhecimento. O Norte e o Centro-Oeste apresentam uma quantidade bem menor de eventos que causam estados de calamidade em seus Municípios.

Existe um grupo de Municípios que foram afetados por desastres naturais recorrentemente ao longo do período analisado. Na seleção dos 30 Municípios com mais desastres reconhecidos, todos são do Nordeste, principalmente do Ceará.

3 Evolução das decretações de SE/ECP no Brasil nos últimos 16 anos

Os desastres naturais são resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo ho-mem sobre um ecossistema (vulnerável), causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e, consequentemente, prejuízos econômicos e sociais. Os desastres podem ser classificados em três níveis: de pequena, média e grande intensidade (Instrução Normativa 2/2016, regida pela Lei 12.608/2012, que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – Sinpdec). A SE ou ECP é o reconhecimento legal do poder público que comprova a veracidade dos efeitos adversos em um Município afetado por algum tipo de desastre.

A situação de emergência ocorre quando há o reconhecimento pelo poder público de si-tuação anormal, provocada por um ou mais desastres, causando danos superáveis pela comuni-dade afetada.

Já o estado de calamidade pública trata-se do reconhecimento pelo poder público de situa-ção anormal, provocada por desastres, causando sérios danos à comunidade afetada, inclusive à incolumidade ou à vida de seus integrantes.

No Brasil, todos os anos ocorre uma repetição de desastres naturais. Com a crescente ur-banização em áreas inadequadas, consideradas de risco, os danos humanos e os prejuízos eco-nômicos se agravam cada vez mais.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 9

A partir de informações da Sedec/MI, sabe-se que a intensidade dos prejuízos causados por um desastre natural depende muito do grau de vulnerabilidade das localidades e das comu-nidades afetadas.

3.1 Análise das decretações de anormalidade reconhecidas pelo governo federal

A quantificação de decretos de anormalidade reconhecidos pela Sedec/MI a pedido dos Municípios é um bom reflexo do contexto brasileiro no que se refere ao quadro de respostas a eventos desse tipo.

O levantamento e a análise das decretações entre 2003 a 2018 mostram uma oscilação nos reconhecimentos ano a ano, que variam de 991 em 2006 (menor quantidade) a 3.747 em 2013, ano de pico de decretos. Em 2016, 2017 e 2018, foram emitidos mais de 6.100 decretos.

Gráfico 1 – Evolução anual da quantidade de decretos (2003 a 2018)

Fonte: Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MI). Elaboração CNM.

3.2 A distribuição de decretos reconhecidos por Unidades da Federação

Observando, por Estado, as quantidades dos decretos reconhecidos anualmente, a Pa-raíba é campeã em desastres naturais que, em sua maioria, são caracterizados por eventos ne-gativos decorrentes da seca. Outros Estados do Nordeste também estão na lista dos mais atin-gidos, como Ceará e Bahia. Os Estados do Norte e Centro-Oeste são os que menos apresentam reclamações por desastres, ficando nos últimos lugares da lista, com apenas 5% do total de de-cretos.

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Tabela 1 – Quantidade de decretos por UF (2003 a 2018)

UF Total UF Total AC 56 PB 3.875 AL 902 PE 2.504 AM 431 PI 2.551 AP 22 PR 954 BA 3.026 RJ 328 CE 3.159 RN 2.392 DF 2 RO 22 ES 468 RR 82 GO 77 RS 3.547 MA 397 SC 2.499 MG 3.120 SE 359 MS 266 SP 453 MT 311 TO 96 PA 222 TOTAL 32.121

Fonte: Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MI). Elaboração CNM.

Gráfico 2 – Quantidade de decretações por região

Fonte: Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MI). Elaboração CNM.

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Gráfico 3 – Evolução das quantidades de decretos por região (2003 a 2018)

Fonte: Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MI). Elaboração CNM.

3.3 Tipos de desastres mais frequentes segundo as decretações

De acordo com a soma dos eventos analisados nos últimos 16 anos, o desastre mais reco-nhecido pela Sedec/MI foi a seca, que totalizou 22.714 decretos emitidos. Os eventos provocados por chuva também trazem grandes quantidades de ocorrências, com 9.030 registros. Somando a seca e a chuva do período, temos 31.744 ocorrências desta natureza – outras causas ficam com apenas 377 ocorrências. Os eventos provocados por seca na região Nordeste correspondem a 53% do total de decretos já realizados em todos os anos (17.114), evidenciando as dificuldades que a região enfrenta.

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Gráfico 4 – Quantidade de eventos relacionados à chuva e à seca nas cinco regiões (2003 a 2018)

Fonte: Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MI). Elaboração CNM.

Gráfico 5 – Evolução dos eventos relacionados à chuva e à seca (total de 2003 a 2018)

Fonte: Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MI). Elaboração CNM.

3.4 Municípios com eventos constantes

Um fato que chama a atenção é que vários Municípios sofreram problemas recorrentes ao longo deste período analisado, alguns com vários decretos reconhecidos pela União no mesmo ano. Na Tabela 2 está a seleção dos 30 Municípios com mais decretos entre 2003 a 2018. Irau-çuba, no Nordeste, lidera a lista, com 31 decretos reconhecidos. O principal evento negativo res-ponsável pela repetição de decretações por parte destes Municípios no quadro de desastres na-turais é a seca.

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Todos os Municípios listados são do Nordeste, o que indica que esta região do país é onde estão os Municípios com SE e ECP mais recorrentes e, portanto, devem ser acompanhados mais de perto por governo federal e defesa civil, inclusive com ações de prevenção e preparo para de-sastres.

Tabela 2 – Municípios com maior repetição de eventos (2003 a 2018)Município 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Total

Irauçuba/CE 3 1 3 3 2 2 2 1 3 2 2 2 2 2 1 31Caridade/CE 2 1 2 5 3 1 2 1 2 2 2 2 2 2 1 30Lagoa Grande/PE 2 1 4 3 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 1 29Pedra Branca/CE 4 1 1 4 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 1 29Santa Cruz/PE 2 1 4 3 1 1 3 1 2 2 2 2 2 2 1 29Itatira/CE 2 1 2 3 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 1 28Tauá/CE 2 1 2 5 3 1 1 2 2 2 2 2 2 1 28Afrânio/PE 1 2 2 5 2 1 3 2 2 2 2 2 1 27Araripina/PE 2 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 27Campina Grande/PB 2 2 2 2 3 1 2 1 3 2 2 2 2 1 27Campos Sales/CE 4 2 3 3 1 1 2 2 2 2 2 2 1 27Penaforte/CE 1 1 2 4 3 3 1 2 2 2 2 2 2 27Petrolina/PE 2 2 2 4 1 1 1 3 2 2 2 2 2 1 27Quixeramobim/CE 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 27Salgueiro/PE 1 1 3 3 3 1 1 1 2 2 2 2 2 2 1 27Tabuleiro do Norte/CE 1 1 2 3 3 2 3 2 2 2 2 1 2 1 27Barra de Santana/PB 2 1 2 3 2 1 2 1 3 2 2 2 2 1 26Cacimbinhas/AL 4 4 1 1 2 2 2 1 2 1 2 2 1 1 26Carneiros/AL 4 4 1 1 2 2 2 1 2 1 2 2 1 1 26Caucaia/CE 2 1 1 1 3 2 2 2 3 2 2 2 2 1 26Jaguaribe/CE 3 1 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 26Parambu/CE 2 2 2 3 2 2 1 2 2 2 2 2 2 26Pocinhos/PB 3 2 1 2 2 1 1 1 1 3 2 2 2 2 1 26Santa Filomena/PE 2 1 2 3 3 1 1 2 2 2 2 2 2 1 26Água Branca/AL 3 3 1 1 1 3 2 1 1 2 1 2 2 1 1 25Araripe/CE 2 1 3 2 2 1 1 2 2 2 2 2 2 1 25Banabuiú/CE 1 2 3 3 2 1 2 2 2 2 2 2 1 25Cabrobó/PE 2 1 1 1 1 1 2 3 2 2 2 2 2 2 1 25Canapi/AL 3 3 1 1 1 2 2 2 1 2 1 2 2 1 1 25Catunda/CE 2 2 4 2 2 2 2 2 2 2 2 1 25

Fonte: Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MI). Elaboração CNM.

3.5 Prejuízos provocados por eventos naturais nos últimos anos

Os desastres naturais provocam prejuízos para a administração pública nas mais diversas áreas. A Tabela 3 mostra o valor do prejuízo para os anos de 2016 e no primeiro semestre de 2017 por Unidade da Federação.

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14 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Tabela 3 – Prejuízos causados por desastres em 2016 e no 1º semestre de 2017 (em R$)

UF 2016 2017AC 711.171.690 6.805.750AL 336.299.657 1.800.192.637AM 44.187.922 161.235.549AP 138.000 4.627.000BA 5.238.235.104 3.084.916.246CE 2.831.113.746 2.768.344.201DF 182.000 23.065.000ES 2.942.839.998 932.815.110GO 158.741.224 63.511.661MA 345.567.976 6.992.030MG 2.949.865.021 11.499.196.314MS 658.491.080 19.284.667MT 1.826.427.464 289.993.725PA 10.954.705 208.923.043PB 3.554.955.721 5.475.211.000PE 1.103.216.545 3.312.801.155PI 3.027.466.116 720.747.129PR 671.438.836 17.752.399RJ 155.501.584 38.500RN 2.027.674.143 6.784.079.157RO 1.000.000 3.716.018RR 123.741.982 449.800RS 1.612.056.550 1.160.016.231SC 269.650.030 282.147.919SE 879.390.426 709.773.024SP 496.631.034 79.576.626TO 49.870.790 20.651.975

Total 32.026.809.343 39.436.863.866

Fonte: Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MI). Elaboração CNM.

Os gráficos 6 e 7 mostram o total de prejuízos por região. Nota-se que a região Nordeste foi a mais atingida nestes dois anos: em 2016, somou mais de R$ 19 bilhões e, no primeiro semestre de 2017, mais de R$ 24 bilhões.

Gráfico 6 – Prejuízos causados em 2016 por região (em milhões de R$)

Fonte: Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MI). Elaboração CNM.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 15

Gráfico 7 – Prejuízos causados no 1º semestre de 2017 por região (em milhões de R$)

Fonte: Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec/MI). Elaboração CNM.

4 Recursos do orçamento da União

A CNM levantou dados do Siafi/STN, ordenados pelo Siga Brasil, relativos ao orçamento da União com o Programa 2040 – Gestão de Riscos e Resposta a Desastres, que integra todas as ações de proteção e defesa civil, como gestão de riscos, prevenção de desastres, resposta, rea-bilitação e reconstrução de cenários afetados por catástrofes.

O objetivo do Programa 2040 é promover:

• a prevenção de desastres com foco em Municípios mais suscetíveis a inundações, en-xurradas, deslizamentos e seca;

• ações de pronta resposta e reconstrução de forma a restabelecer a ordem pública e a segurança da população em situações de desastre;

• o mapeamento de áreas de risco com foco em Municípios recorrentemente afetados por inundações, erosões marítimas e fluviais, enxurradas e deslizamentos, para orientar as ações de defesa civil.

Esse programa foi criado somente em 2012, após ser sancionada a Lei 12.608/2012, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec). A evolução do montante total de recursos pagos de 2014 a 2017 com o programa mostra oscilação: teve queda em 2015 e 2016 em relação a 2014, mas voltou a crescer em 2017.

A Tabela 4 mostra os montantes autorizados, empenhados e pagos na prevenção e na res-posta aos desastres de 2014 a 2017. O programa de prevenção teve seu investimento máximo em 2014, atingindo R$ 1,7 bilhão pago.

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16 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Tabela 4 – Gastos com o Programa 2040, de prevenção e preparação para desastres (em R$)

2040Anos Anteriores Empenhado Liquidado Pago

2014 2.575.618.927,28 1.780.650.328,56 1.750.049.597,09 2015 1.722.687.133,17 1.035.862.423,12 973.693.975,19 2016 1.615.591.240,67 1.036.514.710,34 1.021.797.712,71 2017 2.021.950.003,12 1.342.888.769,66 1.333.465.236,50

Fonte: Siga Brasil.

5 Conclusão

Os desastres naturais são resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo ho-mem sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais ou ambientais e con-sequentes prejuízos econômicos e sociais. De acordo com o Sistema Nacional de Proteção e De-fesa Civil (Sinpdec), os Municípios podem decretar a situação de emergência ou estado de cala-midade pública, dependendo do grau nível de problema provocado pelo desastre.

Nos últimos anos, mais de 30 mil decretos foram publicados, a maioria deles na região Nor-deste em decorrência da seca.

Diante da realidade, dos três Entes da Federação, os Municípios são os que mais sofrem com os danos e prejuízos causados pelos desastres, pois os impactos negativos recaem direta-mente sobre eles.

A Confederação Nacional de Municípios chama a atenção dos gestores para que juntos possam cobrar dos Estados e da União políticas públicas mais eficientes que realmente visem a auxiliar os Municípios nas ações de proteção e defesa civil.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 17

AnexosMapas do Brasil com a quantidade de decretos em 2017 por Município e por tipo de de-

sastre.

Mapa 1

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18 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Mapa 2

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 19

Mapa 3

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20 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

2 CARGA TRIBUTÁRIA BRUTA DE 2017 E A RECEITA DISPONÍVEL DOS ENTES FEDERADOS

Estudos Técnicos/CNM – maio de 2018

1 Introdução

A carga tributária é a parcela de recursos que os governos retiram compulsoriamente dos indivíduos e empresas para financiar as ações das três esferas governamentais. A área de Estu-dos Técnicos da Confederação Nacional de Municípios (CNM) pretende, com o presente estudo, mensurar a carga tributária bruta (CTB) brasileira, a arrecadação segregada pelos três Entes da Federação, bem como a divulgação da evolução da carga tributária efetivamente disponível a ca-da Ente federado. O levantamento para a elaboração da carga levou em consideração todos os impostos, contribuições e taxas cobradas compulsoriamente, inclusive sob a forma de dívidas tri-butárias, multas e juros e royalties pela exploração de petróleo e demais recursos naturais.

Para o levantamento das arrecadações da União foram utilizadas as seguintes bases: • Receita Federal do Brasil (RFB); • Secretaria do Tesouro Nacional (STN);• Previdência Social (INSS);• Caixa Econômica Federal (CEF);• Tribunal de Contas da União (TCU); e • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As receitas dos Estados e do Distrito Federal foram apuradas com base nos dados dos Relató-rios Resumidos de Execução Orçamentária (RREO), das Secretarias Estaduais de Fazenda, Tribunais de Contas dos Estados e do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) do Ministério da Fazen-da. Os dados contábeis dos Municípios, por sua vez, foram obtidos por meio da base de dados Finan-ças do Brasil (Finbra) que é divulgada pela STN, nos Tribunais de Contas dos Municípios e nos sites das prefeituras.

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A carga efetivamente disponível foi mensurada após serem computadas as transferências in-tergovernamentais realizadas no período, dentre elas as constitucionais, legais e voluntárias de caráter continuado.

A metodologia para a estimativa da carga tributária está descrita no texto “Carga Tributária Brasileira: Estimação e Análise dos Determinantes da Evolução Recente – 2002-2012”, que pode ser verificado no sítio do Ipea1.

2 Arrecadação

Para melhor entender a carga tributária, imagine que uma pessoa tem R$ 100,00. Desse va-lor, R$ 32,63 são impostos ou tributos, seja diretos ou indiretos. Em todos os serviços e produtos ou atividade qualquer que consumimos, pagamos esse valor.

A carga tributária bruta encerrou o ano de 2017 em 32,63% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, cerca de um terço de todos os bens e serviços produzidos no país foi parar nos cofres do governo. Mesmo com a crise econômica instalada no país nos últimos três anos, a carga tributária permanece relativamente estável em comparação com 2016.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fechou, em valores correntes, em R$ 6,559 trilhões. O resultado mostra que a economia brasileira começou a se recuperar, mas ainda não repõe as perdas da atividade econô-mica na crise. Mesmo a economia brasileira tendo voltado a crescer em 2017, ainda se encontra em um patamar muito abaixo de antes da crise. Ou seja, a recuperação para valer ainda depen-derá de uma aceleração do ritmo de crescimento.

Tabela 1 – Carga por esfera, PIB e CTB, 2010-2017 (em milhões de R$)

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Gov. Federal 864.729 1.016.209 1.071.701 1.186.806 1.247.915 1.290.673 1.348.979 1.405.009

Gov. Estadual 338.173 375.492 416.131 463.841 497.660 522.919 550.919 586.417

Gov. Municipal 75.334 87.650 99.263 109.808 123.020 132.593 139.486 149.301

Carga 1.278.236 1.479.351 1.587.095 1.760.454 1.868.595 1.946.185 2.039.384 2.140.727

PIB 3.885.847 4.376.382 4.814.760 5.331.619 5.778.953 5.995.787 6.259.228 6.559.940

CTB 32,89% 33,80% 32,96% 33,02% 32,33% 32,46% 32,58% 32,63%

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Os resultados da carga tributária para o período 2010-2017 são apresentados no Gráfico 1, que destaca a evolução dos dados por esfera da Federação. Do valor total arrecadado em 2017, a arrecadação do governo federal somou R$ 1,405 trilhão (21,42% do PIB) – o equivalente a 65,63% do total. Já a arrecadação dos Estados somou R$ 586 bilhões em 2017 (8,94% do PIB), contra R$

1 Texto para discussão 1875 – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea): http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_1875.pdf

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550 bilhões (8,80% do PIB) em 2016. Ao mesmo tempo, a arrecadação dos Municípios totalizou R$ 149 bilhões em 2017 (2,28% do PIB), perante R$ 139 bilhões (2,23% do PIB) em 2016.

Gráfico 1 - Carga tributária bruta por esfera de governo, 2010-2017 (% do PIB)

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

3 Fatores que influenciam na carga tributária

Algumas variáveis compõem a estruturação da carga tributária. Uma delas são os tributos federais, como Imposto de Renda (IR), Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE) e Imposto sobre Produtos Indus-trializados (IPI).

No que tange à arrecadação federal, os principais tributos que explicam o comportamento da carga tributá-ria são o Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), que apresentou queda de 13% em relação ao ano anterior, e o Imposto de Exportação (IE), que caiu 52%.

Há os impostos estaduais, que são compartilhados com os Municípios: Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automoto-res (IPVA). Também há ainda os impostos municipais: Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS), Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).

Na esfera estadual, o movimento foi influenciado em maior parte pelo aumento das receitas com o ICMS (alta de 0,06% do PIB); nos Municípios, destacam-se a arrecadação do ISS (em 4,77%), o IPTU com crescimento de 11,9% e da arrecadação com ITBI em (6,12%).

4 Municípios

A arrecadação tributária própria dos Municípios é a maior de todos os tempos, mas ainda é insig-nificante diante das crescentes obrigações que as prefeituras têm assumido. O respaldo constitucional que os Municípios possuem para cobrar impostos é limitado. Isso exige que o sistema de transferências intergovernamentais seja o mais adequado possível para restabelecer o equilíbrio entre obrigação e fon-te de receita de cada esfera da Federação.

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É interessante notar que as transferências constitucionais e legais da União para Estados e Municípios também têm crescido nos últimos anos, em decorrência de conquistas do movimento municipalista, como a expansão recente do Imposto de Renda, que serve de base de cálculo do FPM e do FPE. Os Estados repassam 25% da arrecadação do ICMS e outros 50% da arrecadação do IP-VA aos Municípios, pois ambos são de competência estadual. A ampliação das disponibilidades de recursos dos Municípios ocorreu com o fortalecimento do FPM em decorrência dos 2% adicio-nais em julho/dezembro, com o fim da compensação da Confins no IR e da lei de reposição das perdas do Fundo no ano de 2009, como também com a fatia conquistada da CIDE-combustíveis e com o pagamento do Salário-Educação direto às prefeituras.

Gráfico 2 – Arrecadação dos Municípios 2010-2017

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Os Municípios arrecadaram 2,28% do PIB ou 7,06% do total da carga tributária em 2017. Esses têm uma arrecadação própria que é composta por nove impostos ou contribuições. Suas receitas são incrementadas por recursos tanto da União quanto dos Estados, transferências de tri-butos decorrentes de sua capacidade fiscal e de natureza redistributiva.

5 A receita disponível dos Entes federados

Neste estudo é apresentada, também, a evolução da carga tributária efetivamente dispo-nível a cada Ente federado, alcançada após serem computadas as transferências intergoverna-mentais realizadas no período, dentre elas as constitucionais, legais e voluntárias de caráter con-tinuado.

A Tabela 2 mostra a evolução da distribuição da receita disponível entre o governo federal e os governos estaduais e municipais. Nos últimos três anos, a receita dos Municípios está na ca-

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sa dos 22,66%. Esse crescimento só foi possível pelo fortalecimento da arrecadação própria das prefeituras.

Tabela 2 – Receita disponível por Entes em (%)

Entes 2010 2011 2012 2013 2014 2015Receita

Disponível em 2016

Receita Disponível em 2017

Receita Disponível 1.260.257 1.456.525 1.587.422 1.760.801 1.868.974 1.946.576 2.039.518 2.140.383

União 52,30% 52,83% 50,71% 51,56% 50,47% 50,28% 49,25% 49,53%

Estados 27,35% 26,50% 26,81% 26,33% 26,70% 26,58% 28,22% 28,05%

Municípios 20,35% 20,67% 22,48% 22,11% 22,83% 23,13% 22,53% 22,42%

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Dos R$ 2.140 trilhões de impostos e contribuições pagos pela sociedade, 49,53% ficaram nas mãos da União, 28,05% com Estados e 22,42% com Municípios. A participação da União no chamado bolo tributário sempre é elevada, mas vem ficando abaixo da casa dos 50% nos últimos dois anos, graças ao crescimento das transferências para Estados e Municípios.

Os aumentos dos recursos disponíveis são decorrentes tanto de maior organização fiscal e esforço arrecadatório, quanto das conquistas do movimento municipalista liderado pela CNM, co-mo a Taxa de Iluminação Pública, a ampliação da base de incidência do ISS, a opção pela admi-nistração do ITR e a apropriação de 100% da respectiva arrecadação.

Tabela 3 – Arrecadação bruta, transferências e receita disponível (em milhões de R$)

Fluxo 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Carga Tributária e Receita Disponível por Esfera - (Milhões)

Arrecadação bruta 864.729 1.016.209 1.071.701 1.186.806 1.247.915 1.290.673 1.348.979 1.405.009

Transferências (205.672) (246.751) (266.762) (278.924) (304.662) (311.878) (344.508) (344.879)

Receita disponível 659.057 769.458 804.939 907.882 943.253 978.795 1.004.471 1.060.130

Arrecadação bruta 338.173 375.492 416.131 463.841 497.660 522.919 550.919 586.417

Transferências 6.536 10.463 9.432 (298) 1.413 (5.448) 24.559 13.913

Receita disponível 344.709 385.956 425.563 463.543 499.072 517.471 575.478 600.330

Arrecadação bruta 75.334 87.650 99.263 109.808 123.020 132.593 139.486 149.301

Transferências 181.157 213.461 257.657 279.568 303.629 317.718 320.084 330.621

Receita disponível 256.490 301.111 356.920 389.376 426.649 450.310 459.569 479.922

União

Estado

s

Municí

pios

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

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Como pode-se observar na Tabela 3, a receita disponível passou de R$ 256,4 bilhões em 2010 para R$ 479,9 bilhões em 2017. É interessante notar que as transferências constitucionais e legais da União para Estados e Municípios também têm crescido nos últimos anos, uma vez que, para que os Municípios possam ter um equilíbrio entre obrigações e fontes de receita, é muito im-portante ter um sistema de transferências intergovernamentais o mais adequado possível.

As transferências totais recebidas pelos Municípios passaram de R$ 181,1 bilhões em 2010 para R$ 330,6 bilhões em 2017, uma vez que há transferências da União para Estados e Municí-pios, e existem as transferências entre Estados e Municípios, como as da cota-parte do ICMS e do IPVA e as determinadas pelo Fundeb.

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26 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Tabela 4 – Carga tributária por tributo e Entes, 2010-2017

Esfera Detalhamento 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

GF IRPF 16.255 20.533 22.520 24.230 25.799 27.199 28.284 30.504

GF IRRF - Trabalho 49.541 58.911 65.412 67.945 74.463 75.883 82.429 91.418

GE IRRF - Trabalho 16.499 18.157 21.060 25.043 29.021 33.178 36.462 39.343

GM IRRF - Trabalho 5.608 6.830 8.248 9.438 11.256 12.551 14.658 16.111

GF IRPJ 83.208 98.376 90.806 109.056 109.002 104.910 131.181 113.815

GF CSLL 45.681 58.108 55.079 61.873 63.163 59.660 67.062 69.233

GF IRRF - Capital 24.995 35.493 32.762 36.749 41.211 53.648 59.404 59.470

GF IRRF - Outros 17.585 20.622 22.744 26.252 28.731 34.477 33.950 36.965

GF Salário-Educação 11.049 13.115 14.775 16.561 18.275 19.039 19.473 20.010

GF Sistema S 9.887 11.663 13.519 15.332 16.830 17.778 18.041 18.692

GF FGTS 64.271 74.979 85.813 98.045 108.782 118.323 124.565 128.695

GF Outros 1.482 1.729 1.913 2.165 2.444 2.548 1.421 1.392

GF Contribuições Previdenciárias - RGPS 210.751 243.756 271.595 295.179 315.446 320.447 336.328 355.518

GF Contribuições Previdenciárias - RPPS Patronal 12.251 13.319 13.490 14.404 16.015 17.560 18.254 20.011

GF Contribuições Previdenciárias - RPPS 11.312 12.250 12.519 13.401 14.393 15.883 15.395 17.138

GE Contribuições Previdenciárias - RPPS 12.634 13.293 15.546 16.494 19.910 21.651 23.152 23.996

GE Outras contribuições sociais 4.898 5.991 6.734 7.248 7.484 7.884 8.546 9.112

GM Contribuições Previdenciárias - RPPS 5.113 5.795 6.459 7.652 8.268 9.535 10.585 11.011

GM Outras contribuições sociais 946 1.245 1.407 784 852 1.128 1.340 1.393

GF IOF 26.558 31.957 30.939 29.421 29.782 34.710 33.662 34.578

GF CPMF -13 79 -315 -254 4 5 0 23

GE ITBI 210 209 277 331 319 307 323 602

GM ITBI 5.840 7.282 8.290 9.749 10.507 9.904 9.482 10.062

GF ITR 480 551 619 764 901 1.105 1.126 1.273

GE IPVA 21.367 24.112 27.030 29.232 32.453 36.219 39.093 40.509

GE ITCD 2.518 2.768 3.409 4.142 4.698 6.461 7.345 7.242

GE IPTU 437 503 540 620 614 687 790 799

GM IPTU 17.444 19.709 21.545 23.996 26.773 31.521 34.333 38.427

GM Contribuição de melhoria 165 187 203 161 159 183 219 199

GF IPI - Importação 11.259 13.717 15.930 14.624 15.079 16.802 13.452 13.997

GF II 21.057 26.665 30.951 36.833 36.617 38.876 31.312 32.268

GF IE 45 46 87 146 162 99 139 66

GF IPI - Outros 26.251 28.153 26.297 28.564 34.125 31.246 28.400 33.045

GF Cofins 140.441 162.949 173.319 198.447 196.933 201.742 202.615 216.381

GF Cide 7.760 8.963 2.878 734 25 3.271 8.941 8.833

GF PIS/Pasep 40.450 42.343 45.669 50.756 52.017 53.063 53.113 57.284

GF Outros 11.756 13.451 15.129 16.627 17.715 18.676 15.354 14.893

GE ICMS 268.117 297.419 326.236 363.190 384.287 396.428 413.175 441.039

GE ISS 939 1.035 1.173 1.364 1.509 1.635 1.540 1.519

GM ISS 32.756 38.372 44.279 47.960 53.888 54.455 53.838 56.403

GF Outros 5.075 6.058 4.694 5.586 4.935 4.913 9.761 7.365

GE Outros 10.554 12.005 14.125 16.176 17.364 18.470 20.493 22.256

GM Outros 7.462 8.230 8.832 10.069 11.318 13.316 15.031 15.694

GF Royalties 15.343 18.424 22.556 23.365 25.065 18.810 15.318 22.145

GF 864.729 1.016.209 1.071.701 1.186.806 1.247.915 1.290.673 1.348.979 1.405.009

GE 338.173 375.492 416.131 463.841 497.660 522.919 550.919 586.417

GM 75.334 87.650 99.263 109.808 123.020 132.593 139.486 149.301

1.278.236 1.479.351 1.587.095 1.760.454 1.868.595 1.946.185 2.039.384 2.140.727

3.885.847 4.376.382 4.814.760 5.331.619 5.778.953 5.995.787 6.259.228 6.559.940

32,89% 33,80% 32,96% 33,02% 32,33% 32,46% 32,58% 32,63%

Total

PIB

CTB (% do PIB)

GF = Governo Federal / GE = Governo Estadual / GM = Governo Municipal

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 27

3 ÓLEO DIESEL E O IMPACTO DA CIDE ZERADA

Estudos Técnicos/CNM – maio de 2018

1 Introdução

Com o objetivo de calcular os impactos financeiros que acarretarão as medidas adotadas pelo governo federal na proposta de acordo com o movimento de paralisação dos caminhoneiros, a Confederação Nacional de Municípios apresenta o seguinte estudo técnico.

Em resposta à paralisação dos caminhoneiros que provocou o desabastecimento de com-bustíveis e alimentos em diversas partes do país, o governo federal divulgou diversas medidas pa-ra reduzir o valor do óleo diesel, a principal reivindicação do movimento.

Entre as medidas anunciadas pelo governo federal em rede nacional, está a redução de R$ 0,46 no preço do diesel por 60 dias, valor equivalente a Cide e PIS/Cofins que incidem sobre o combustível. O governo ainda explicou que não haverá prejuízo para a Petrobras com a redução, pois irá cobrir a diferença, que a redução de R$ 0,46 no preço do diesel custará ao governo cer-ca de R$ 10 bilhões e que os recursos serão cobertos pelo Tesouro Nacional via crédito extraor-dinário.

2 A Cide e sua repartição

A Contribuição da Intervenção do Domínio Econômico (Cide) é a única das contribuições criadas pelo governo federal que é compartilhada com Estados e Municípios. De acordo com o art. 177, §4º, da Constituição Federal, 29% do total do produto arrecadado pela União com essa contribuição devem ser repartidos com Estados, e 25% são destinados aos seus Municípios para serem aplicados no financiamento de programas de infraestrutura de transportes. Sendo que 50% deste recurso são distribuídos pelo critério do FPM, e o restante é distribuído pela proporcionali-dade da população, conforme apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de acordo com critérios estabelecidos pelas leis 10.336/2001 e 10.866/2004.

O relatório de acordo com as determinações da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) evi-dencia as perspectivas econômicas para o ano, bem como a realização de receitas e despesas orçamentárias, de modo a controlar a obtenção da meta fiscal estabelecida. Diante disso, o Minis-tério do Planejamento divulgou o relatório, referente avaliação Extemporâneo de fevereiro/2018, e

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28 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

nele demonstrou as expectativas do governo federal, anunciando o bloqueio de R$ 16,2 bilhões em recursos do orçamento deste ano.

No relatório o governo estima que a arrecadação da Cide será de R$ 5,828 bilhões para o ano de 2018. Os valores correspondentes para os Estados e Municípios são de R$ 1,690 bilhão e R$ 422,5 milhões, respectivamente.

3 O impacto da medida de zerar a Cide

Para calcular o impacto da medida do governo de reduzir o preço do óleo diesel em R$ 0,46, em que a Cide sobre o óleo diesel será zerada, e para medir seu impacto, foi utilizada a quantidade de óleo diesel vendida pelas distribuidoras dos derivados combustíveis de petróleo e de álcool etílico hidratado em 2017, que é divulgada pela Agencia Nacional do Petróleo, Gás Na-tural e Biocombustíveis (ANP), e foi considerado que a quantidade de óleo diesel que será vendida em 2018 será 1% maior do que 2017, cenário bem próximo do que foi observado no ano anterior.

O valor da Cide sobre o litro do óleo diesel é de R$ 0,05. Com a informação da quantidade vendida do óleo diesel divulgada pela ANP, é possível estimar o impacto das medidas para os go-vernos estaduais e municipais.

De acordo com dados da ANP, em 2018 deverão ser vendidos mais de 55,3 bilhões de li-tros de óleo diesel – se esse total se concretizar, o governo federal arrecadaria mais de R$ 2,111 bilhões com a Cide do óleo diesel. De janeiro a março, foram arrecadados mais de R$ 654 milhões.

O impacto para os Estados e Municípios seriam respectivamente de R$ 612 milhões e R$ 153 milhões, como podemos ver na Tabela 1.

Tabela 1 – Total estimado da arrecadação da Cide do diesel e a participação para os Estados e Municípios

UFTotal da CIDEÓleo diesel

ParticipaçãoEstados

Participação Municipios

UFTotal da CIDE

Óleo dieselParticipação

EstadosParticipação Municipios

AC 5.978.482 1.733.760 433.440 PB 17.469.825 5.066.249 1.266.562AL 13.407.236 3.888.098 972.025 PE 50.726.390 14.710.653 3.677.663AM 39.360.731 11.414.612 2.853.653 PI 20.265.072 5.876.871 1.469.218AP 4.463.850 1.294.516 323.629 PR 202.074.788 58.601.688 14.650.422BA 118.106.307 34.250.829 8.562.707 RJ 93.517.526 27.120.083 6.780.021CE 38.688.961 11.219.799 2.804.950 RN 17.506.941 5.077.013 1.269.253DF 13.962.562 4.049.143 1.012.286 RO 31.977.364 9.273.436 2.318.359ES 37.235.087 10.798.175 2.699.544 RR 4.175.732 1.210.962 302.741GO 103.696.799 30.072.072 7.518.018 RS 134.976.931 39.143.310 9.785.827MA 50.842.062 14.744.198 3.686.049 SC 92.844.349 26.924.861 6.731.215MG 268.022.006 77.726.382 19.431.595 SE 11.905.961 3.452.729 863.182MS 47.509.773 13.777.834 3.444.459 SP 473.422.007 137.292.382 34.323.096MT 99.942.172 28.983.230 7.245.807 TO 35.456.187 10.282.294 2.570.574PA 84.277.027 24.440.338 6.110.084 Total 2.111.812.129 612.425.517 153.106.379

Fonte: ANP, com elaboração própria – CNM.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 29

Como o anuncio das medidas determina que o valor da redução de R$ 0,46 é pelo período de 60 dias, podemos estimar a perda somente destes dias para a União, os Estados e os Municípios, conforme a Tabela 2.

Tabela 2 – Valor estimado para o impacto de zerar a Cide por 60 dias

UFQtd Diesel

vendidoJunho + Julho

Total da CIDEÓleo diesel

ParticipaçãoEstados

Participação Municipios

UFQtd Diesel

vendidoJunho + Julho

Total da CIDE Óleo diesel

ParticipaçãoEstados

Participação Municipios

AC 27.144.064 1.357.203,18 393.589 98.397 PB 72.473.396 3.623.669,80 1.050.864 262.716AL 48.644.647 2.432.232 705.347 176.337 PE 202.268.887 10.113.444 2.932.899 733.225AM 203.014.553 10.150.728 2.943.711 735.928 PI 90.149.952 4.507.498 1.307.174 326.794AP 19.192.776 959.639 278.295 69.574 PR 951.005.327 47.550.266 13.789.577 3.447.394BA 512.481.304 25.624.065 7.430.979 1.857.745 RJ 387.328.263 19.366.413 5.616.260 1.404.065CE 167.430.341 8.371.517 2.427.740 606.935 RN 72.183.040 3.609.152 1.046.654 261.664DF 59.629.590 2.981.480 864.629 216.157 RO 148.616.868 7.430.843 2.154.945 538.736ES 164.218.957 8.210.948 2.381.175 595.294 RR 13.750.873 687.544 199.388 49.847GO 493.482.526 24.674.126 7.155.497 1.788.874 RS 568.686.621 28.434.331 8.245.956 2.061.489MA 221.027.735 11.051.387 3.204.902 801.226 SC 405.699.893 20.284.995 5.882.648 1.470.662MG 1.200.250.606 60.012.530 17.403.634 4.350.908 SE 48.411.885 2.420.594 701.972 175.493MS 230.266.963 11.513.348 3.338.871 834.718 SP 2.168.082.784 108.404.139 31.437.200 7.859.300MT 498.131.894 24.906.595 7.222.912 1.805.728 TO 157.299.432 7.864.972 2.280.842 570.210PA 368.044.862 18.402.243 5.336.651 1.334.163 Total 9.498.918.041 474.945.902 137.734.312 34.433.578

Fonte: ANP, com elaboração própria – CNM.

Pode haver ainda outros impactos financeiros aos Entes estaduais e municipais, como a re-dução as alíquotas do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) que alguns governadores poderão adotar, e somente a partir destas medidas é que poderemos estimar qual será a perda. Também a redução dos pedágios em algumas loca-lidades trará alguns impactos. Vale frisar que com a paralisação do transporte de mercadorias a indústria não pode entregar a produção e com isso não recolhe o Imposto sobre Produtos Indus-trializados (IPI), que compõe o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Em resumo, a redu-ção da Cide é só um dos impactos financeiros e orçamentários que podem agora ser mensurados, mas haverá outros que ainda demorarão algum tempo para serem calculados.

A CNM continuará acompanhando os desdobramentos das negociações e fará um amplo levantamento dos impactos causados por esse problema nas cidades do Brasil.

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30 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

4 RELAÇÃO ENTRE ELEITORES E A ESTIMATIVA POPULACIONAL EM 2018

Estudo Técnicos/CNM – junho de 2018

1 Introdução

Com a proximidade das eleições, elaborou-se o presente estudo objetivando analisar o nú-mero de eleitores de 2018, os Municípios com o maior eleitorado e o número de cidades que pos-suem mais eleitores que habitantes. Para tanto, foram utilizadas as estatísticas do Tribunal Supe-rior Eleitoral (TSE), divulgadas em 31 de maio de 2018.

2 Eleitorado de 2018

As estatísticas do eleitorado, elaboradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apontam um total de 146,1 milhões de eleitores aptos a votar no país em 2018, configurando aumento de 1,4% em relação a 2016. Se comparado com a estimativa populacional mais recente do Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta 207,7 milhões de habitantes no Brasil em 2017, então os eleitores consistem em 70,37% da população.

Como evidenciado pela Tabela 1, o Estado com maior número de eleitores é São Paulo, com um eleitorado de 33,293 milhões, correspondendo a 22,78% do total. Em segundo lugar, Mi-nas Gerais possui 15,619 milhões e consiste em 10,69% do total.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 31

Tabela 1 – Quantidade de eleitores em 2018, por Unidade da Federação

UF Eleitores % UF Eleitores %

AC 542.304 0,37% PB 2.840.572 1,94%AL 2.169.729 1,48% PE 6.528.971 4,47%AM 2.412.173 1,65% PI 2.327.725 1,59%AP 505.943 0,35% PR 7.924.671 5,42%BA 10.259.794 7,02% RJ 12.362.316 8,46%CE 6.289.499 4,30% RN 2.364.148 1,62%DF 2.071.195 1,42% RO 1.165.986 0,80%ES 2.737.473 1,87% RR 324.488 0,22%GO 4.415.534 3,02% RS 8.312.928 5,69%MA 4.466.487 3,06% SC 5.033.541 3,44%MG 15.619.362 10,69% SE 1.562.627 1,07%MS 1.853.253 1,27% SP 33.293.158 22,78%MT 2.311.985 1,58% TO 1.031.262 0,71%PA 5.429.513 3,71% Total 146.156.637 100,00%

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral, 2018. Elaboração própria CNM.

Os dez Municípios com os maiores números absolutos de eleitores em 2018 são capitais, como mostra a Tabela 2. O Município de São Paulo, com 9 milhões de eleitores, representa 6,18% do total brasileiro. A Tabela 3, por outro lado, explicita os dez Municípios com os menores eleito-rados, em valores absolutos.

Tabela 2 – Municípios com os dez maiores eleitorados em 2018

Município UF Eleitorado %

São Paulo SP 9.029.278 6,18%Rio de Janeiro RJ 4.877.082 3,34%Brasília DF 2.071.195 1,42%Belo Horizonte MG 1.947.655 1,33%Salvador BA 1.763.029 1,21%Fortaleza CE 1.762.819 1,21%Curitiba PR 1.332.851 0,91%Manaus AM 1.315.175 0,90%Recife PE 1.151.033 0,79%Porto Alegre RS 1.095.751 0,75%

146.156.637 100,00%Total Brasil

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral, 2018. Elaboração própria CNM.

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32 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Tabela 3 – Municípios com os dez menores números de eleitores em 2018

Município UF Eleitorado %

Araguainha MT 945 0,001%Serra da Saudade MG 993 0,001%Anhanguera GO 1.043 0,001%Borá SP 1.128 0,001%Jardim Olinda PR 1.166 0,001%Engenho Velho RS 1.198 0,001%André da Rocha RS 1.248 0,001%Cedro do Abaeté MG 1.267 0,001%Miguel Leão PI 1.284 0,001%Lajeado Grande SC 1.295 0,001%

146.156.637 100,00%Total Brasil

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral, 2018. Elaboração própria CNM.

3 Eleitores e habitantes

Ao relacionar o número de eleitores de 2018 à estimativa populacional mais recente do Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), constatou-se que em 231 cidades há mais eleito-res que habitantes. É possível observar na Tabela 4 que Minas Gerais é o Estado que apresentou mais cidades com número de eleitores superior aos habitantes, seguido de São Paulo e de Santa Catarina com, respectivamente, 75, 29 e 20 Municípios.

Tabela 4 – Quantidade de Municípios que possuem mais eleitores que habitantes, por Unidade da Federação, em 2018

UF Quantidade UF Quantidade

AC 0 PB 12AL 1 PE 1AM 1 PI 10AP 1 PR 1BA 5 RJ 4CE 2 RN 16DF 0 RO 0ES 0 RR 0GO 19 RS 14MA 3 SC 20MG 75 SE 2MS 1 SP 29MT 5 TO 5PA 4 Total 231

Fonte: TSE e IBGE. Elaboração própria CNM.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 33

O Mapa 1 explicita os 231 Municípios em tal situação e a Tabela 5 mostra as dez maiores diferenças entre o eleitorado e a população residente. A maior disparidade ocorre no Município de Canaã dos Carajás, no Pará, com 3.857 eleitores a mais que habitantes. Em seguida, Cumaru, no Pernambuco, com diferença de 3.396.

Mapa 1 – Municípios em que há mais eleitores que habitantes

Fonte: TSE e IBGE. Elaboração própria CNM.

Tabela 5 – Municípios com as dez maiores diferenças entre eleitores e população em 2018

Município UF Eleitorado População Diferença

Canaã dos Carajás PA 39.884 36.027 3.857Cumaru PE 14.955 11.559 3.396Severiano Melo RN 6.149 3.150 2.999Maetinga BA 6.736 4.456 2.280Nazária PI 10.168 8.425 1.743Pau D'Arco PA 7.078 5.341 1.737Mojuí dos Campos PA 17.346 15.646 1.700Guaramiranga CE 5.094 3.547 1.547Macuco RJ 6.900 5.434 1.466Junco do Maranhão MA 4.483 3.237 1.246

Fonte: TSE e IBGE. Elaboração própria CNM.

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34 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

A explicação do TSE para as discrepâncias consiste na distinção entre domicílio eleitoral e domicílio

civil. De acordo com a revista Estudos Eleitorais de 2015, elaborada pelo TSE, enquanto o chamado domi-

cílio civil é mais restrito por limitar-se à residência na qual se anseia permanência definitiva, o domicílio elei-

toral é aplicado de forma mais flexível, abarcando a localidade na qual o eleitor comprova residência acres-

cida de envolvimentos afetivos, familiares e sociais.

Dessa forma, é possível o cidadão morar em uma cidade e votar em outra, sem que isso se configure

fraude. Consequentemente, nos Municípios com maior atividade econômica ou produtiva, é normal que haja

um incremento no quantitativo de eleitores, de forma a superar a população residente.

A Tabela 6 elenca os Municípios que possuem as menores proporções de eleitores entre a popula-

ção residente, evidenciando uma das consequências da concentração de eleitores em algumas cidades.

Como pode ser observado, Jacareacanga, no Pará, é a cidade com a menor proporção de eleitores entre a

população residente, seguido de Água Azul do Norte, também no Pará, e Balbinos em São Paulo.

Tabela 6 – Municípios com as dez menores proporções de eleitores em 2018

Município UF Eleitorado População ProporçãoJacareacanga PA 10.202 41.487 24,59%Água Azul do Norte PA 7.266 26.682 27,23%Balbinos SP 1.480 5.188 28,53%São Félix do Xingu PA 36.324 124.806 29,10%Ulianópolis PA 16.944 57.525 29,46%Ipixuna do Pará PA 19.203 62.237 30,85%Matões do Norte MA 5.290 16.908 31,29%Santana do Araguaia PA 22.157 70.764 31,31%Santa Isabel do Rio Negro AM 7.936 23.765 33,39%Novo Gama GO 38.935 110.096 35,36%

Fonte: TSE e IBGE. Elaboração própria CNM.

4 Conclusão

Após a análise das estatísticas do eleitorado de 2018 disponibilizadas pelo TSE, observou--se que, como esperado, os maiores eleitorados se encontram nas capitais brasileiras. Além disso, a comparação com a estimativa populacional do IBGE para 2017 evidenciou que em 231 Municí-pios há mais eleitores que habitantes, o que é decorrente da flexibilidade que o domicílio eleitoral possibilita ao permitir ao cidadão morar em uma cidade e votar em outra.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 35

Referências

COSTA NETO, J. A. O topos do domicílio eleitoral: conceito, particularidades e aspectos controver-sos. Estudos Eleitorais, v. 10, n. 1, jan./abr. 2015.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estimativas da população residente no Brasil e Unidades da Federação com data de referência em 1º de julho de 2017. Diário Oficial da União, Brasília, 30 ago. 2017.

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. Estatísticas do Eleitorado 2018. Consulta por Município/zona. Disponível em: http://www.tse.jus.br/eleitor/estatisticas-de-eleitorado/consulta-por-municipio-zona. Acesso em: 4 jun. 2018.

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5 EMENDAS PARLAMENTARES DE 2017

Estudos Técnicos/CNM – maio de 2018

1 Introdução

Emenda parlamentar é o instrumento que os parlamentares possuem para modificar e in-fluenciar na elaboração de orçamentos da esfera a qual pertencem. No caso dos parlamentares federais, esses interferem no Orçamento Geral da União (OGU). As emendas são também um dos instrumentos que os prefeitos possuem para conseguir recursos extras para seus Municípios, nos orçamentos da União e dos Estados.

Entretanto, mesmo que a emenda esteja incluída no orçamento, a liberação efetiva dos re-cursos depende de uma ordem do Executivo. Sendo assim, as emendas parlamentares se torna-ram uma forma de barganha política entre o presidente da República e os congressistas.

Existem dois tipos de emendas, as individuais e coletivas. As individuais são propostas por cada deputado federal ou senador, e as emendas coletivas podem ser de bancada ou de comis-são. Está definido na Constituição Federal que o valor de tais emendas dos deputados e senado-res não pode ultrapassar o correspondente a 1,2% da Receita Corrente Líquida (RCL), prevista no orçamento.

As despesas definidas no orçamento são consideradas como uma despesa autorizativa e não obrigatória. Com isso, o governo pode não realizar algumas despesas previstas no orçamen-to, o chamado contingenciamento. Como consequência, a execução orçamentária e financeira se torna prejudicada.

Com o intuito de melhorar a execução, em 2014 foi criado o orçamento impositivo, que torna obrigatória a execução orçamentária e financeira das emendas individuais até o limite de 1,2% da Receita Corrente Líquida do exercício anterior e metade deste valor deve ser destinado a serviços públicos de saúde, conforme art. 52 da Lei 12.919/2013.

Sendo assim, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) elaborou o presente estudo objetivando verificar se a execução das emendas individuais está de acordo com a lei do orça-mento impositivo e sua distribuição pelos Municípios brasileiros.

Para tanto, foram utilizados dados orçamentários do painel Siga Brasil Emendas, do Sena-do Federal, que permitem acesso aos dados do Sistema Integrado de Administração Financeira

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 37

(Siafi). Como o estudo possui o intuito de analisar as emendas individuais destinadas aos Municí-pios, foram selecionadas apenas as modalidades de aplicação 40 a 46.

Além disso, para analisar se as emendas são distribuídas a todos os Municípios brasilei-ros, utilizou-se o Demonstrativo das Emendas Parlamentares Individuais aos Municípios, de 2016 e 2017, elaborado pelo Tesouro Nacional.

2 A execução das emendas individuais

Como evidenciado nas Tabelas 1 e 2, no orçamento de 2017 foram empenhados R$ 5,7 bi-lhões de emendas individuais para os Municípios, valor 15% maior que o montante de aproxima-damente R$ 5 bilhões empenhado em 2016. O valor pago foi de R$ 1,2 bilhão, 15,1% menor que o ano de 2016. Com relação ao resto a pagar, foi pago, em 2017, o montante de 1,5 bilhão, 41,6% superior ao do período anterior. Assim, os montantes pagos em 2016 e 2017 corresponderam a, respectivamente, 52% e a 49% dos valores empenhados.

Tabela 1 – Execução das emendas parlamentares individuais em 2016 e 2017

Ano Empenhado (R$) Pago (R$) RP Pago (R$) Execução

2016 4.964.513.358,40 1.487.843.132,02 1.086.948.961,83 52%

2017 5.709.260.970,17 1.262.493.053,76 1.538.816.108,89 49%

Fonte: Senado Federal, Siga Brasil Emendas. Elaboração própria CNM.

Tabela 2 – Execução das emendas parlamentares individuais em 2017, por UF

UF Empenhado (R$)

Pago + RP Pago (R$) UF Empenhado

(R$)Pago + RP Pago

(R$)

AC 112.449.789 66.655.902 PE 271.292.765 79.156.885

AL 120.310.289 40.700.713 PI 118.518.559 64.948.917

AM 116.353.997 36.889.302 PR 344.437.440 239.564.915

AP 88.165.970 30.339.265 RJ 443.854.373 225.046.590

BA 399.541.793 164.474.860 RN 116.561.891 58.854.914

CE 278.155.183 142.343.351 RO 107.129.666 49.209.210

DF - 604.327 RR 109.070.569 28.395.594

ES 113.165.489 35.749.814 RS 311.597.637 192.116.403

GO 230.019.514 100.618.115 SC 187.528.654 122.253.680

MA 243.381.315 128.002.267 SE 116.129.066 60.421.080

MG 508.596.948 272.511.879 SP 661.497.538 348.063.709

MS 78.419.148 13.814.883 TO 122.620.597 68.537.317

MT 119.456.951 55.644.161 Outros 22.189.595 12.645.412

PA 204.959.169 100.657.687

PB 163.857.065 63.088.012 Total 5.709.260.970 2.801.309.163

Fonte: Senado Federal, SIGA Brasil Emendas. Elaboração própria CNM.

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38 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

De acordo com o disposto no art. 52 da Lei 12.919/2013, o governo federal deveria execu-tar as emendas parlamentares individuais em 2017 no valor de R$ 8,5 bilhões, equivalente a 1,2% dos 709,9 bilhões da Receita Corrente Líquida da União em 2016.

No entanto, os dados destacados nas tabelas acima mostram que o valor empenhado foi 33% menor e o total pago foi 67% inferior ao que deveria. Como consequência, mesmo com a im-posição orçamentária, os restos a pagar das emendas se manterão como um problema relevante aos gestores municipais.

3 Execução das emendas por função orçamentária

Para continuar a verificar se a execução das emendas individuais se encontra de acordo com a lei do orçamento impositivo, de forma que a metade do total gasto com as emendas em 2017 seja destinada a serviços públicos de saúde, analisou-se a execução por função orçamen-tária.

Como explicitado na Tabela 3, do montante das emendas individuais impositivas de 2017, 55% foram gastos com a função Saúde, obedecendo à lei do orçamento impositivo, na qual é de-terminado que metade da execução obrigatória deve ser destinada a serviços públicos de saúde.

Tabela 3 – Execução das emendas individuais em 2017, por função

Função Empenhado (R$)

% do total

Pago (R$) RP Pago(R$) Execução

Agricultura 231.436.565 4% 36.281.005 139.900.995 76%

Assistência Social 59.119.702 1% - 24.210.974 41%

Ciência e Tecnologia 50.286.323 1% - 8.757.744 17%

Comércio e Serviços 184.757.267 3% 8.498.983 48.823.227 31%

Cultura 23.842.748 0% 150.000 4.649.874 20%

Defesa Nacional 169.196.599 3% - 67.967.169 40%

Desporto e Lazer 267.865.662 5% 750.000 70.171.014 26%

Direitos da Cidadania 4.821.333 0% - 4.347.536 90%

Educação 71.233.348 1% - 16.251.715 23%

Gestão Ambiental 20.424.036 0% - 690.966 3%

Habitação 3.045.608 0% - - 0%

Indústria 11.527.007 0% - 2.022.116 18%

Organização Agrária 62.774.169 1% 2.401.903 34.134.072 58%

Saneamento 5.865.229 0% - 651.445 11%

Saúde 3.140.185.924 55% 1.212.901.393 684.148.349 60%

Segurança Pública 19.765.600 0% - 3.294.077 17%

Trabalho 2.600.000 0% - 415.000 16%

Transporte - 0% - 250.000 -

Urbanismo 1.380.513.850 24% 1.509.769 428.129.836 31%

Total Geral 5.709.260.970 1.262.493.054 1.538.816.109 49%

Fonte: Senado Federal, SIGA Brasil Emendas. Elaboração própria CNM.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 39

Pode-se notar que, das emendas impositivas de 2017, as três funções que apresentaram maiores execuções foram Direitos e Cidadania, Agricultura e Saúde, com pagamento de, respec-tivamente, 90%, 76% e 60% do valor empenhado.

4 Execução das emendas por unidade orçamentária

Para avaliar a execução das emendas em 2017 por unidade orçamentária (UO), foram con-siderados apenas os dez maiores valores empenhados. A execução orçamentária das unidades consideradas corresponde a 99,9% do total dos recursos pagos.

Como pode ser observado na Tabela 5, o Ministério da Saúde atingiu o maior valor de re-cursos empenhados de emendas individuais: R$ 3,1 bilhões. Destes, foi pago o montante de R$ 1,2 bilhão, mais R$ 684 milhões de restos a pagar.

Tabela 4 – Execução das emendas individuais em 2017, por unidade orçamentária

Unidade OrçamentáriaEmpenhado

(R$) Pago (R$) RP Pago(R$) Execução

Ministério da Saúde 3.140.185.924 1.212.901.393 684.148.349 60,41%

Ministério das Cidades 1.181.210.490 - 399.781.530 33,85%

Ministério da Integração Nacional 279.304.538 1.509.769 39.764.707 14,78%

Ministério do Esporte 267.865.662 750.000 70.171.014 26,48%

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 230.556.565 36.281.005 139.900.995 76,42%

Ministério do Turismo 184.107.267 8.498.983 48.723.227 31,08%

Ministério da Defesa 169.196.599 - 67.967.169 40,17%

Ministério da Educação 71.233.348 - 16.251.715 22,81%

Presidência da República 62.774.169 2.401.903 100.000 3,99%

Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário 59.119.702 - 24.210.974 40,95%

Outros 63.706.705 150.000 47.546.429 40,95%

Total Geral 5.709.260.970 1.262.493.054 1.538.816.109 49%

Fonte: Senado Federal, SIGA Brasil Emendas. Elaboração própria CNM.

5 Execução das emendas por partido

É possível analisar as emendas parlamentares de acordo com os deputados ou senadores responsáveis e seus respectivos partidos. Os partidos políticos que apresentaram os maiores va-lores empenhados de emendas são PMDB, PSDB e PT e juntos correspondem a 37% do total. Por outro lado, os partidos que contaram com os menores montantes de empenho são o PRP, PMB, PMN e todas as emendas que não possuem partido definido.

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40 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Tabela 5 – Execução das emendas individuais em 2017, por partido

PartidoEmpenhado

(R$) Pago (R$) RP Pago(R$) Execução

PMDB 890.736.755 215.815.652 235.849.506 50,71%

PSDB 617.608.992 112.505.872 161.304.349 44,33%

PT 595.230.540 132.018.558 188.056.613 53,77%

PP 538.361.106 140.070.000 166.322.595 56,91%

PR 458.705.882 95.789.460 132.396.367 49,75%

PSD 406.144.599 96.855.059 117.079.631 52,67%

PSB 353.225.480 72.704.591 84.781.974 44,59%

DEM 312.036.728 54.245.985 86.716.391 45,17%

PRB 220.717.277 49.158.923 47.103.802 43,61%

PTB 209.973.797 30.307.185 60.826.361 43,40%

PDT 205.525.110 28.161.952 44.295.808 35,25%

PTN 138.390.132 47.483.790 20.967.189 49,46%

SD 124.583.552 25.709.654 38.474.349 51,52%

PSC 95.643.216 21.633.068 18.703.069 42,17%

PCdoB 94.559.327 11.515.747 25.382.439 39,02%

PPS 83.832.696 22.889.617 24.770.784 56,85%

Pros 65.891.458 25.075.078 13.955.863 59,24%

PHS 60.781.080 12.932.775 10.278.630 38,19%

PV 54.411.074 12.907.622 18.846.251 58,36%

REDE 37.411.170 7.086.279 12.117.047 51,33%

PEN 35.380.676 17.187.059 7.355.655 69,37%

PTdoB 33.666.709 15.249.138 1.420.175 49,51%

PSL 24.451.850 11.239.991 6.281.496 71,66%

PSOL 23.003.925 2.950.000 7.172.640 44,00%

PTC 10.078.498 - 2.859.738 28,37%

PRP 10.008.636 1.000.000 2.057.646 30,55%

PMB 8.900.704 - 126.750 1,42%

PMN - - 1.120.256 -

Sem partido - - 2.192.734 -

Total geral 5.709.260.970 1.262.493.054 1.538.816.109 49,07%

Fonte: Senado Federal, SIGA Brasil Emendas. Elaboração própria CNM.

Analisando as emendas pagas, o PMDB foi, em 2017, o partido com mais emendas pagas: R$ 451,6 milhões, o que corresponde a 16,12% do total pago. Do total pago, R$ 235,8 milhões fo-ram de restos a pagar. O segundo partido com mais emendas pagas foi o PT, com R$ 320 milhões pagos, que equivalem a 11,43% do total.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 41

6 Distribuição das emendas individuais aos Municípios

Além disso, para analisar se as emendas são distribuídas a todos os Municípios brasilei-ros, utilizou-se o Demonstrativo das Emendas Parlamentares Individuais aos Municípios, de 2016 e 2017, elaborado pelo Tesouro Nacional.

Os dados referentes à distribuição das emendas parlamentares individuais apontaram que 16,1% dos Municípios brasileiros não receberam emendas no ano 2017. Se comparado com 2016, houve aumento de 1,24% no número de Municípios que não tiveram acesso ao recurso, como evi-denciado na Figura 1.

Figura 1 – Municípios que não receberam emendas parlamentares individuais

Fonte: Tesouro Nacional. Elaboração própria CNM.

Além disso, é possível observar na Tabela 6 que 96,65% das cidades que não obtiveram emendas em 2017 são de pequeno porte, ou seja, possuem menos de 50 mil habitantes. Do to-tal de Municípios de pequeno porte, 17,7% não receberam emendas. Uma possível explicação é o fato de os parlamentares optarem por localidades mais populosas, pois representam um maior eleitorado.

Tabela 6 – Municípios que não receberam emendas individuais em 2017

De AtéPequeno - 49.999 866 4904 17,7%Médio 50.000 99.999 19 355 5,4%Grande 100.000 11 309 3,6%

896 5568 16,1%

Total de Municípios

%População

Total

Porte Quantidade de Municípios que não receberam emendas

Fonte: Tesouro Nacional. Elaboração própria CNM.

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42 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Conclusão

O orçamento impositivo foi amplamente defendido por ser considerado o fim à subserviên-cia do Legislativo em relação ao Executivo e, por tabela, um limitador do balcão de negócios que tem sido estabelecido entre esses dois poderes em torno da execução orçamentária. Com o pre-sente levantamento é possível perceber que pelo menos o primeiro desses objetivos não foi alcan-çado, pois as emendas em 2017 e 2016 tiveram uma execução pouco significativa.

Se o orçamento impositivo estivesse sendo respeitado de fato, a União teria pago em emen-das parlamentares em 2017 o valor de R$ 8,5 bilhões. Esse valor corresponde a 1,2% da Receita Corrente Liquida da União no ano imediatamente anterior, 2016. Mas, conforme descrito anterior-mente, o valor empenhado foi 33% menor e o total pago foi 67% inferior.

Atrelado a isso, a CNM se preocupa com o impacto nas contas das prefeituras com o au-mento dos restos a pagar decorrente da baixa execução orçamentária e financeira das emendas.

A CNM ressalta que é contra as emendas parlamentares e defende que o Orçamento Ge-ral da União (OGU) deve ser republicano, impessoal, e que a vinculação destes recursos na mão de parlamentares contraria estes preceitos. Como evidenciado, o número de Municípios que não receberam emendas parlamentares individuais cresceu em 2017 e está concentrado nas cidades de pequeno porte populacional.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 43

6 DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DAS OBRAS INACABADAS DAS CRECHES E DOS TERMOS DE COMPROMISSO PACTUADOS COM O FNDE – BRASIL

Educação e Estudos Técnicos/CNM – setembro de 2018

1 Histórico preliminar

O ensino fundamental no país é universalizado desde os anos 1990. No entanto, a educa-ção infantil é ainda a principal preocupação dos gestores municipais, sobretudo na primeira in-fância, que recepciona a responsabilidade das prefeituras em ofertar matrículas para crianças a partir dos seis meses de idade.

Ao longo dos últimos anos, a construção de creches e pré-escolas é certamente um dos principais desafios para gestão pública municipal do país – diante do panorama delineado pelo Plano Nacional de Educação (PNE), previsto na Lei 13.055, de 25 de junho de 2014.

Ainda há um longo caminho a ser percorrido para o cumprimento da Meta 1 do PNE, a qual busca universalizar a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crian-ças de até 3 anos.

O Proinfância foi criado pela Resolução FNDE 6/2007 com o propósito de reestruturar as re-des físicas municipais de educação infantil, possibilitando a criação de novas vagas em creches e pré-escolas. O programa foi embasado nos preceitos constitucionais do art. 208, inc. IV, e do art. 227 da Constituição Federal de 1988 e visa à promoção de ações supletivas e redistributivas para a correção progressiva das disparidades de acesso, garantindo um padrão mínimo de qualidade de ensino e melhoria da infraestrutura da rede física escolar existente.

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44 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Em 2007, foram celebrados os primeiros convênios entre o FNDE e os Municípios, usando como critério o deficit de vagas nas redes públicas de ensino.

Os investimentos do programa foram bastante concentrados no período de 2011 a 2014, financiados pelo PAC 2, e reduziram o ritmo a partir de 2015, sendo os acordos essencialmente realizados via emendas parlamentares. Em suma, há mais de dois anos e meio o MEC não celebra novos termos de compromisso para construção de creches e pré-escolas, permanecendo vigen-tes somente aqueles realizados em exercícios anteriores. Desde então, não houve definição de novos critérios de atendimento nem perspectiva de expansão do Proinfância.

Adaptações e ajustes foram realizados; contudo, uma parte significativa das construções de creches financiadas não foi concluída, impedindo o acesso a novas matrículas. Os entraves burocráticos aliados à baixa capacidade operacional dos Entes executores e do próprio governo federal alertam para a necessidade de mudança de ações estratégicas.

Em busca de medidas para solucionar o número de obras inacabadas das creches, a CNM desenvolveu diversas iniciativas. Além de manter a orientação aos gestores, apresentou a proble-mática ao Tribunal de Contas da União (TCU), ao Ministério da Educação (MEC) e ao Fundo Na-cional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A partir disso, inúmeras reuniões e articulações foram efetuadas. Dentre essas iniciativas, citam-se a assinatura de um Protocolo de Intenções entre CNM e FNDE – a fim de que a Confe-deração participe de todos os debates e as tomadas de decisão que envolvam o Fundo e os En-tes –, e a publicação, em 26 de fevereiro de 2018, da Resolução 3 do FNDE, que possibilitou aos Entes federados firmarem novos termos de compromissos (repactuação), com fundamento na Lei 12.695/2012.

2 Contextualização e objetivo

Os dados do Proinfância foram analisados com base na situação encontrada em novembro de 2017, em que constam 8.826 termos/convênios que cingem 4.239 Municípios, correspondendo a 76% do total de Municípios brasileiros.

Tabela 1 – Situação das obras do Proinfância, segundo a fase de execução. Brasil, 2017

Situação Qtd Valor Previsto

Planejamento pelo proponente 91 1 1 .343.71 9.760,29

Em Reformulação 487 675.348.468,45

Licitação 475 743.727.224,36

Contratação 1 58 278.039.483,64

Execução 1 828 2.673.557.81 2,76

Paralisada 441 597.647.743,69

Inacabada 476 527.292.1 72,01

Obra Cancelada 455 526.774.667,09

Concluída 3595 3.828.1 69.890,1 5

Fonte: Simec, novembro/2017– FNDE.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 45

No período analisado, os números que mais se destacam são as 1.828 obras em execução, as 455 obras canceladas e as mais de 900 obras ainda em planejamento.

As obras paralisadas (441) e as inacabadas (476) são as mais preocupantes. Uma obra pa-ralisada pode facilmente ser reclassificada como inacabada e entrar em fase de prestação de con-tas; com isso, o Município arca com a devolução de todo o recurso recebido. Além dos impactos negativos para a gestão e para a sociedade, que anseia pelos serviços públicos.

Decorridos mais de seis meses da publicação da Resolução FNDE 3/2018, a CNM traz o presente estudo, específico sobre as mais de 400 obras inacabadas, com o objetivo de verificar a atuação dos Municípios quanto à repactuação; quanto às obras que foram reclassificadas; e aos principais entraves para realizar a repactuação.

3 Metodologia

A Resolução 3 do FNDE, de 23 de fevereiro de 2018, dispõe sobre a possibilidade de se fir-mar novos termos de compromissos entre os Entes federados e a autarquia, com fundamento na Lei 12.695, de 25 de julho de 2012, para finalização das obras decorrentes de instrumentos cujos prazos de execução tenham se esgotado, sem que o objeto inicialmente acertado entre as partes tenha sido concluído.

O questionário aplicado pela CNM teve por objetivo identificar, em caráter emergencial, o contexto de cada Munícipio, a atual situação das creches classificadas, em novembro/2017, como inacabadas e a viabilidade do Ente em repactuar a obra.

A pesquisa foi iniciada em 21 de agosto de 2018 e concluída para a elaboração do presen-te estudo na data de 28 de agosto de 2018, fomentada por manifestação espontânea da Confe-deração.

Neste período, a CNM aplicou a pesquisa nos 394 Municípios que possuem obras de cre-ches inacabadas e obteve a resposta de 309. No total pesquisado de 476 obras classificadas co-mo inacabadas, a pesquisa alcançou 75,21% destas, ou seja, 358 obras foram avaliadas.

Primeiramente, o formulário trouxe duas questões prévias básicas: se a gestão teve conhe-cimento da Resolução do FNDE 3/2018 e qual a atual situação de cada obra de creche inacaba-da no Município.

A partir dessas questões-base, o questionário era dirigido a um novo conjunto de pergun-tas, de acordo com a situação indicada pela gestão:

1) se a gestão do Município teria interesse em pactuar novo termo com o FNDE – Ques-tionário A;

2) se a gestão do Município não teria interesse em pactuar novo termo por estar finalizan-do a obra sozinha – Questionário B;

3) se o Município não teria interesse em nova pactuação ou mesmo em finalizar a obra – Questionário C;

4) àquele Município que não teria interesse em pactuar novo termo, uma vez que a obra já foi finalizada pela prefeitura.

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46 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

4 Os resultados

4.1 O universo do estudoA pesquisa realizada pela CNM em agosto/2018 visando a abranger as 476 obras inaca-

badas das creches municipais – Proinfância alcançou 394 Municípios e, destes, 309 (78,4%) res-ponderam aos questionamentos.

4.2 Parte 1 – Questões prévias básicasRespondendo à primeira questão sobre ter conhecimento da Resolução do FNDE que tra-

ta da nova pactuação para o término das creches inacabadas e por qual meio tomou ciência da normativa, obteve-se como resultado: 161 (52,1%) Municípios tiveram conhecimento da normativa pelo site do FNDE, 34 (11,0%) obtiveram a informação pelo site da Confederação Nacional de Mu-nicípios e 48 (15,5%) tomaram conhecimento por outros meios, como assessorias jurídicas, outros gestores e associações regionais de Municípios.

É importante destacar que 58 (18,8%) não tiveram conhecimento da normativa e da possibilidade de repactuar o compromisso com o FNDE e, por fim, conseguir concluir a obra da creche.

Gráfico 1 – Municípios que tomaram conhecimento da Resolução FNDE 3/2018

Fonte: CNM.

Quando questionados em qual situação está a obra, identificou-se que 265 (74%) obras es-tão na mesma situação em que foram deixadas ao término do contrato, mas que o Município tem interesse em pactuar um novo termo. Isso demonstra a necessidade de se encontrar soluções conjuntas para a conclusão e o funcionamento dessas creches, uma vez que essa pesquisa com-prova que gestão municipal tem todo o interesse em ofertar os serviços do Proinfância aos seus munícipes. Para outras 55 obras, os gestores não têm interesse em pactuar um novo termo porque

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 47

finalizarão a obra com recursos próprios. Dessas, 40 (11,2%) foram finalizadas e outras 15 (4,2%) encontram-se em fase de finalização. Vale destacar também que 24 obras (6,7%) se encontram da mesma forma em que foram deixadas e que o Município não tem interesse em realizar uma nova pactuação, tampouco finalizar a obra.

Gráfico 2 – Situação das obras inacabadas de creches

Fonte: CNM.

Dentre as 40 (11,2%) obras finalizadas, destaca-se que essas foram concluídas entre o 2º semestre de 2017 (20%) e o 1º semestre de 2018 (32,5%), o que revela que mais de 50% das obras que foram finalizadas não sofreram os efeitos da Resolução FNDE 3/2018.

Gráfico 3 – Em quanto tempo a obra foi finalizada

Fonte: CNM.

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48 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

4.3 A gestão do Município quer pactuar um novo termo de compromisso – Questionário A

Dos Municípios que responderam à pesquisa, 265 (74%) informaram que a obra está na mesma situação em que foi deixada ao término do contrato, mas têm interesse em pactuar novo termo. Dos Municípios que possuem obras inacabadas e que possuem interesse em repactuar um novo termo (Gráfico 2), ao serem questionados sobre o status da obra, 187 (70,6%) responderam que está com o percentual de construção entre 20 e 79%; 35 (13,2%) com percentual de constru-ção acima de 80%; e 24 (9,1%) com o percentual de construção inferior a 20%.

Gráfico 4 – Municípios que querem repactuar um novo termo – Status da obra

Fonte: CNM.

No quesito em qual situação está a pactuação com o FNDE, 113 (42,6%) responderam que estão preparando a documentação, 53 (20%) responderam que o termo está em avaliação com o FNDE, apenas 13 (4,9%) responderam que o termo de compromisso foi firmado e 40 (15,1%) dis-seram que estão em outra situação não apresentada no formulário. Verifica-se que existem difi-culdades em processar a repactuação de um novo termo, sendo que apenas 4,9% conseguiram assinar um novo termo de compromisso, estando muito aquém das expectativas da CNM, após as ações conjuntas realizadas com o TCU e o FNDE para solucionar os problemas que envolvem essas obras inacabadas.

Vale destacar que 100% dos Municípios que responderam outra opção não adotaram ne-nhuma medida para solucionar o problema da obra inacabada e parada.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 49

Gráfico 5 – Situação da pactuação do novo termo de compromisso

Fonte: CNM.

Dos 113 (42%) Municípios que estão preparando a documentação para a pactuação de um novo termo de compromisso, quando questionados em qual prazo o Município pretende encami-nhar a documentação ao FNDE, 34 (30,1%) responderam que em até 30 dias; 29 (25,7%) informa-ram que em até 60 dias; e outros 21 (18,6%) responderam que farão o envio até dezembro do cor-rente ano. Os resultados mostram que as soluções trazidas com a Resolução do FNDE alcançaram menos de 50% dos Municípios que possuem obras inacabadas de creches, devendo-se buscar novos meios de solucionar os entraves da totalidade dessas obras inacabadas.

Gráfico 6 – Situação dos Municípios com nova pactuação, segundo o prazo de envio da documentação ao FNDE

Fonte: CNM.

Dos 53 Municípios que estão com termo de compromisso em avaliação no FNDE (Gráfico 5), quando questionados sobre qual a dificuldade em relação ao procedimento para a assinatura do novo termo com o FNDE e a conclusão da creche, 19 (35,8%) Municípios destacaram em sua

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50 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

resposta a prestação de contas do convênio e/ou termo de compromisso da obra a ser retomada como a maior dificuldade enfrentada, 5 (9,4%) responderam que a elaboração e o envio do cro-nograma de trabalho ou plano de ação para o cumprimento do novo ajuste também seriam uma outra dificuldade. Já 22 (41,5%) responderam que existem outras dificuldades, como demora na análise por parte do FNDE e falta de recursos financeiros para a conclusão da obra, o que pode ser verificado no Gráfico 7.

Gráfico 7 – Dificuldades encontradas para pactuação de novo termo

Fonte: CNM.

Ainda em relação aos 53 Municípios, quando questionados há quanto tempo a documenta-ção foi encaminhada ao FNDE, 28 (52,8%) informaram que encaminharam há mais de dois meses, 14 (26,4%) encaminharam há mais de 30 dias e 5 (9,4%) fizeram o envio há mais de 10 dias. Des-sa forma, observa-se que quase 80% dos Municípios que enviaram a documentação para repac-tuação estão há mais de 30 dias sem resposta do FNDE, o que se considera um tempo expressivo de espera, dada a urgência em solucionar os entraves das obras inacabadas.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 51

Gráfico 8 – Tempo de envio dos novos termos de compromisso ao FNDE

Fonte: CNM.

Dos 13 Municípios que responderam que o termo de compromisso foi firmado com o FNDE, quando questionados acerca de quanto tempo a nova pactuação foi realizada, 9 (69,2%) Municí-pios responderam que em mais de dois meses, 2 (15,4%) realizaram em menos de um mês e ou-tros 2 (15,4%) Municípios não souberam responder.

Gráfico 9 – Tempo de resposta do FNDE para novas pactuações

Fonte: CNM.

4.4 A gestão do Município que não deseja pactuar um novo termo de compromisso – Questionário B

Já em relação àqueles 15 Municípios que responderam que a obra está do jeito que foi dei-xada ao término do contrato, e a gestão não tem interesse em pactuar novo termo, porque está fi-

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52 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

nalizando a obra sozinho, quando questionados acerca do status da obra da creche, 14 (93,3%) Municípios responderam que a obra está inacabada e apenas 1 (6,7%) Município está com a obra em status não iniciada.

Gráfico 10 – Município sem nova pactuação e que finaliza a obra com recursos próprios, segundo o status da obra

Fonte: CNM.

Dentre esses 15 Municípios, quando questionados sobre o status da obra da creche ao fim do con-

trato, 6 (42,9%) informaram que o percentual de construção está acima de 80% e outros 5 (35,7%) estão com

o percentual de construção entre 20 a 49%. Quando questionados em qual o percentual em que a obra da

creche está atualmente, apenas 5 (33%) Municípios responderam que a obra está acima de 90%.

Quando questionados sobre o prazo previsto para o término da obra, 6 (40%) Municípios responde-

ram que vão concluir até dezembro do corrente ano; 4 (26,7%) vão concluir até junho de 2019 e apenas 1

(6,7%) vai concluir até dezembro de 2019, conforme mostra o Gráfico 11.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 53

Gráfico 11 – Município sem nova pactuação e que finaliza a obra – Previsão de término da obra

Fonte: CNM.

Ao serem questionados sobre qual a principal justificativa para que o Município não quei-ra pactuar novo termo, 6 (40%) Municípios afirmam ter reserva financeira para terminar a obra; 3 (20%) disseram que não há mais parcelas a receber do governo federal; e, ainda, 3 (20%) Municí-pios disseram que por outros motivos não pactuam novo termo.

Gráfico 12 – Município sem nova pactuação e que finaliza a obra, segundo a justificativa para não pactuar

Fonte: CNM.

4.5 A gestão do Município não quer pactuar um novo termo de compromisso – Questionário C

Para aqueles que responderam que a gestão do Município não tem interesse em pactuar novo termo nem finalizar a obra pela prefeitura, foi perguntado qual a principal justificativa para que não queiram pactuar novo termo. Desses questionados, 18 (75%) responderam não ter capa-

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54 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

cidade financeira para concluir a creche, mesmo com aporte do FNDE; 4 (16,7%) responderam que por outras razões não têm interesse em pactuar novo termo; 1 (4,2%) respondeu que faltam recursos para aquisição de equipamentos para a creche; e 1 (4,2%) respondeu que a razão é por dificuldade de contratação da construtora/empreiteira.

Gráfico 13 – Município não quer nova pactuação nem finalizar a obra, segundo a justificativa pelo não interesse da obra

Fonte: CNM.

5 Conclusão

A CNM aplicou a pesquisa com o objetivo de conhecer a atual situação das 476 obras de creches do Proinfância classificadas como inacabadas e identificar quais os efeitos da Resolução 3, de 23 de fevereiro de 2018 do FNDE, que possibilitou a repactuação destas obras.

Diante do cenário apresentado, destaca-se que as obras inacabadas necessitam de uma atenção especial, pois estão com os convênios vencidos e já em situação de prestação de contas, o que acarretará aos Municípios a devolução de valores transferidos. Além disso, o fato de ainda haver desconhecimento sobre a Resolução 3/2018, do FNDE, por parte de 17% dos entrevistados, indica que mais esforços precisam ser adotados no sentido de fazer chegar aos Municípios a in-formação e a possibilidade de solução dos entraves dessas obras.

Os aspectos destacados reforçam que, mesmo com a publicação da normativa, pouco se avançou neste período. A burocracia no processo de repactuação e o tempo da análise dos ter-mos de compromisso realizada pelo FNDE são demonstrados como entraves para solucionar de-finitivamente os problemas que impedem a conclusão dessas obras.

A pesquisa destaca que 265 (74%) Municípios manifestaram o interesse em pactuar novo termo, porém, mesmo com a publicação da normativa do FNDE, pouco se avançou e essas obras

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 55

continuam paradas. Isso indica que houve baixa resolutividade por parte da normativa e é neces-sário que o FNDE oriente e aprimore o fluxo dessa repactuação. Os Municípios têm interesse em retomar e finalizar o quanto antes essas obras.

Outra situação identificada foi que 40 (11,2%) Municípios não têm interesse em pactuar no-vo termo, uma vez que a obra foi finalizada pela prefeitura, conforme mencionado. Importante que essas situações sejam também acompanhadas pelo FNDE e que a base de dados seja atualiza-da, a fim de que esses Municípios não sofram bloqueios nos recursos do Plano de Ações Articu-lada (PAR).

Outra informação perceptível nos dados coletados a ser ratificada é que ainda é preciso avançar mais nas questões relacionadas à pactuação do Município junto ao FNDE, uma vez que 113 (42,6%) Municípios preparam documentação para encaminhamento à autarquia responsável, e apenas 53 (20%) termos encontram-se em avaliação. Situações como as citadas indicam que os Municípios ainda enfrentam dificuldades na gestão das documentações. Identificar esses Municí-pios, informar e capacitar os gestores sobre o processo de repactuação e o novo termo de com-promisso é fundamental para a ampliação das soluções.

Por fim, a CNM ressalta a importância de que o FNDE e o governo federal mantenham ações de recuperação desses contratos, uma vez que mais de 300 Municípios manifestaram a in-tenção de finalizar suas obras inacabadas e iniciar, o quanto antes, a oferta dos serviços às suas comunidades.

Mônica Aparecida Serafim CardosoÁrea Técnica de Educação – Núcleo de Desenvolvimento Social

Alessandra dos Santos Ferreira Estudos Técnicos/CNM

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56 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Anexos

1. A gestão do Município teve conhecimento da Resolução do FNDE que trata da possibilidade de reali-zar nova pactuação para o término das creches inacabadas principalmente por qual meio?

Não tive conhecimento 58 18,8%

Tive pelo site do FNDE 161 52,1%

Tive pelo site da CNM 34 11,0%

Tive pelo site do TCU 3 1,0%

Outro 48 15,5%

Não responderam 5 1,6%

Total 309 100,0%

2. Em qual dessas situações está a obra inacabada da creche de seu Município? A obra está do jeito que foi deixada no término do contrato, mas a gestão do Município tem interesse em pactuar novo termo 265 74,0%

A obra está do jeito que foi deixada no término do contrato, mas a gestão do Município não tem interesse em pactuar novo termo porque está finalizando sozinha a obra

15 4,2%

A obra está do jeito que foi deixada no término do contrato e a gestão do Mu-nicípio não quer uma nova pactuação ou mesmo finalizar a obra 24 6,7%

A gestão do Município não tem interesse em pactuar novo termo porque a obra já foi finalizada pela prefeitura 40 11,2%

Não responderam 14 3,9%

Total 358 100,0%

Se a questão 2 for “A gestão do Município não tem interesse em pactuar novo termo porque a obra já foi finalizada pela prefeitura”2.1. Quando isso ocorreu?

Antes do 2º Semestre/2016 3 7,5%

2º Semestre/2016 5 12,5%

1º Semestre/2017 3 7,5%

2º Semestre/2017 8 20,0%

1º Semestre/2018 13 32,5%

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 57

Não sabe informar 5 12,5%

Não responderam 3 7,5%

Total 40 100,0%

Questionário A Se a questão 2 for “A obra está do jeito que foi deixada no término do contrato, mas a gestão do Município tem interesse em pactuar novo termo” A_2.1. Qual o atual status da obra da creche?

obra inacabada, com percentual de construção acima de 80% 35 13,2%

obra inacabada, com percentual de construção entre 20% e 79% 187 70,6%

obra inacabada, com percentual de construção inferior a 20% 24 9,1%

obra não iniciada 9 3,4%

Não responderam 10 3,8%

Total 265 100,0%

A_2.2. Em qual situação está a pactuação do seu Município com o FNDE?

A gestão do Município está preparando a documentação 113 42,6%

O novo termo de compromisso está em avaliação no FNDE 53 20,0%

O novo termo de compromisso já foi firmado 13 4,9%

Nenhuma Providência foi tomada 35 13,2%

Outro 40 15,1%

Não responderam 11 4,2%

Total 265 100,0%

Se a questão A_2.2 for “A gestão do Município está preparando a documentação”

A_2.2.2. Em qual prazo, a gestão de seu Município pretende encaminhar a documenta-ção necessária para a nova pactuação com o FNDE?Até 15 dias 15 13,3%

Até 30 dias 34 30,1%

Até 60 dias 29 25,7%

Até dezembro/2018 21 18,6%

Somente em 2019 8 7,1%

Não responderam 6 5,3%

Total 113 100,0%

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58 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Se a questão A_2.2 for “O novo termo de compromisso está em avaliação no FNDE”

A_2.2.3. Qual a dificuldade mais relevante de sua gestão em relação ao procedimento para a assinatura do novo termo de compromisso para a conclusão da creche junto ao FNDE?

Elaboração e envio do ofício contendo manifestação ex-pressa de interesse em firmar novo termo de compromisso 3 5,7%

Elaboração e envio da declaração de possibilidade de con-secução da obra (Anexo I) da Resolução nº 03, de 23 de fevereiro de 2018

2 3,8%

Elaboração e envio do cronograma de trabalho ou plano de ação para o cumprimento do novo ajuste 5 9,4%

A prestação de contas do convênio e/ou termo de compro-misso da obra a ser retomada 19 35,8%

Outra 22 41,5%

Não responderam 2 3,8%

Total 53 100,0%

A_2.2.4. Há quanto tempo a documentação de seu Município foi encaminhada ao FNDE?Há 10 dias 5 9,4%

Há 20 dias - -

Há 30 dias 14 26,4%

Há 45 dias 4 7,5%

Há mais de 2 meses 28 52,8%

Não responderam 2 3,8%

Total 53 100,0%

Se a questão A_2.2 for “O novo termo de compromisso já foi firmado”A_2.2.5. A análise pelo FNDE da proposta de nova pactuação foi realizada em quanto tempo?Até 15 dias - -

Até 30 dias 2 15,4%

Até 45 dias - -

Mais de 2 meses 9 69,2%

Não responderam 2 15,4%

Total 13 100,0%

Questionário B

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 59

Se a questão 2 for “A obra está do jeito que foi deixada no término do contrato, mas a gestão do Município não tem interesse em pactuar novo termo porque está finalizando sozinha a obra”

B_2.1. Qual o status da obra da creche ao fim do contrato?

Obra inacabada 14 93,3%

Obra não iniciada 1 6,7%

Total 15 100,0%

Se a questão B_2.1. for “Obra inacabada”

B_2.1.1. Qual percentual de construção?

Acima de 80% 6 42,9%

De 50% a 80% 2 14,3%

De 20% a 49% 5 35,7%

Inferior a 20% - -

Não responderam 1 7,1%

Total 14 100,0%

B_2.2. Atualmente, qual o percentual em que a obra da creche está?

Menor de 20% 3 20,0%

De 21% a 49% 2 13,3%

De 50% a 80% 2 13,3%

Acima de 81% 6 40,0%

Não responderam 2 13,3%

Total 15 100,0%

B_2.3. O prazo previsto para término da obra é?

Menos de 1 mês 1 6,7%

Até dezembro/2018 6 40,0%

Até junho/2019 4 26,7%

Até dezembro/2019 1 6,7%

Depois de janeiro/2020 1 6,7%

Não responderam 2 13,3%

Total 15 100,0%

B_2.4. Qual a principal justificativa para que seu Município não queira pactuar novo termo?

Não há mais parcelas a receber do Governo Federal 3 20,0%

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60 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

As parcelas a receber não compensam uma nova pactuação 2 13,3%

O Município tem reserva financeira para terminar a obra 6 40,0%

Outra 3 20,0%

Não responderam 1 6,7%

Total 15 100,0%

Questionário C Se a questão 2 for “A obra está do jeito que foi deixada no término do contrato e a gestão do Município não quer uma nova pactuação ou mesmo finalizar a obra”

C_2.1. Qual a principal justificativa para que seu Município não queira pactuar novo termo?

A obra foi solicitada em outra gestão e atualmente o Município não precisa da creche - -

O Município não tem capacidade financeira para concluir a creche, mesmo com aporte do FNDE 18 75,0%

Dificuldade na contratação dos Recursos Humanos - -

Dificuldade de contratação da construtora/empreiteira 1 4,2%

Falta de recursos para aquisição de equipamentos para a creche 1 4,2%

Ainda está estudando as possibilidades - -

Outra 4 16,7%

Não responderam - -

Total 24 100,0%

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 61

7 A FROTA DE VEÍCULOS NOS MUNICÍPIOS EM 2018

Estudos Técnicos e Trânsito/CNM – junho de 2018

1 Introdução

O crescimento expressivo da frota, decorrente da priorização e de incentivos ao transporte individual, causa impactos na utilização da estrutura viária. Segundo dados da Federação das In-dústrias do Estado do Rio de Janeiro, os congestionamentos geram um prejuízo de R$ 11 bilhões (Firjan, 2016), em razão do tempo desperdiçado.

Dessa forma, o presente estudo objetiva analisar o crescimento da frota de automóveis, motos, ônibus e caminhões e as respectivas concentrações nas regiões brasileiras. Para esse le-vantamento, foram utilizadas as estatísticas do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) de abril de 2018.

2 Automóveis

As estatísticas do Denatran apontam um total de 53,4 milhões de carros no país em abril de 2018, configurando aumento de 3,30% em relação a abril de 2017. Comparando com a estimativa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2017, no Brasil há um carro para cada 3,89 habitantes.

Figura 1 – Quantidade de automóveis por habitantes, em abril de 2018

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

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62 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Como evidenciado na Tabela 1, o Estado com maior número de carros é São Paulo, com 17,8 milhões, correspondendo a 33,47% do total do país. Em segundo lugar, Minas Gerais possui 5,9 milhões e consiste em 11,15% do total. Assim, a região com maior frota de carros é a Sudeste, como mostra a Tabela 2.

Tabela 1 – Quantidade de automóveis, por Unidade da Federação, em abril de 2018

UF 2018 % UF 2018 %

DF 1.259.507 2,36% AC 84.467 0,16%

GO 1.802.872 3,37% AM 382.710 0,72%

MS 712.983 1,33% AP 77.781 0,15%

MT 692.286 1,29% PA 578.899 1,08%

AL 344.895 0,65% RO 271.452 0,51%

BA 1.777.566 3,33% RR 71.137 0,13%

CE 1.112.362 2,08% TO 205.997 0,39%

MA 422.055 0,79% ES 937.133 1,75%

PB 512.196 0,96% MG 5.962.763 11,15%

PE 1.289.821 2,41% RJ 4.436.221 8,30%

PI 347.592 0,65% SP 17.890.949 33,47%

RN 540.939 1,01% PR 4.339.646 8,12%

RS 4.222.456 7,90%

SC 2.860.678 5,35%

53.459.374 100,00%

Automóveis

SE 322.011 0,60%

BR

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

Tabela 2 – Quantidade de automóveis, por região, em abril de 2018

Região 2018 % do total

Centro Oeste 4.467.648 8%

Nordeste 6.669.437 12%

Norte 1.672.443 3%

Sudeste 29.227.066 55%

Sul 11.422.780 21%

Total 53.459.374 100%

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 63

É possível observar na Tabela 3 que, entre os dez Municípios com mais carros, nove são capitais. A

capital São Paulo concentra 10,55% da quantidade total de carros, seguida de Rio de Janeiro e de Belo Ho-

rizonte, que apresentam, respectivamente, 3,77% e 2,49%.

Tabela 3 – Municípios com os dez maiores números de carros em abril de 2018

Municípios UF 2018 %

São Paulo SP 5.638.757 10,55%

Rio de Janeiro RJ 2.016.852 3,77%

Belo Horizonte MG 1.331.986 2,49%

Brasília DF 1.259.507 2,36%

Curitiba PR 1.051.347 1,97%

Goiânia GO 605.842 1,13%

Porto Alegre RS 605.369 1,13%

Campinas SP 600.853 1,12%

Salvador BA 587.969 1,10%

Fortaleza CE 582.966 1,09%

Total BR 53.459.374 100,00%

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

A Tabela 4 explicita os Municípios com as menores quantidades de carros. Muitos desses possuem pouco mais de 10 mil habitantes, dispõem apenas de acesso por hidrovias e a grande parte da malha viária não é asfaltada, resultando em alta utilização de embarcações e de trans-porte ativo, como bicicletas.

De acordo com o levantamento, as cidades de Itamarati e Tonantins, no Amazonas, são as que possuem os menores números de carros no país. A saber, são apenas dois automóveis para uma população de 8.128 e 18.782 respectivamente, segundo as estimativas populacionais do IB-GE para 2017.

Tabela 4 – Municípios com os dez menores números de automóveis em 2018

Município Automóvel

Itamarati/AM e Tonantins/AM 2

Japurá/AM, Uarini/AM e Afuá/PA 3

Porto Walter/AC, Juruá/AM e Chaves/PA 4

Amaturá/AM, Anamã/AM e Boa Vista do Ramos/AM 5

Marechal Thaumaturgo/AC, Anajás/PA e Santa Cruz do Arari/PA 6

Uiramutã/RR 7

Ipixuna/AM, Maraã/AM e Nhamundá/AM 8

Jutaí/AM, São Sebastião do Uatumã/AM, Bagre/PA e Limoeiro do Ajuru/PA 9

Jordão/AC, Barreirinha/AM, Santo Antônio do Içá/AM, Marajá do Sena/MA e Melgaço/PA 11

Canutama/AM e Santa Isabel do Rio Negro/AM 12

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN)Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

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Chama a atenção o Município de Afuá, no Pará, apresentar uma população de 38.144 e possuir apenas 3 veículos. O Município está localizado na Ilha do Marajó, que sofre com as cheias, justificando a utilização de embarcações. O Município também possui grande parte dos desloca-mentos por bicicletas, incluindo a adaptação para utilização para bicitáxis e ambulâncias em bi-cicletas. Além disso, os poucos veículos que circulam na cidade podem estar registrados em ou-tros Municípios.

A Figura 2 relaciona o quantitativo de automóveis com a população estimada pelo IBGE em 2017. Como pode ser visto, as maiores taxas de automóveis a cada 100 pessoas se localizam na região Sudeste e Sul, correspondendo às faixas mais escuras do mapa abaixo. Por outro lado, a concentração de carros no Norte e no Nordeste do país é baixa, explicitada pela cor mais clara do mapa.

Figura 2 – Taxa de automóveis no Brasil a cada 100 pessoas, em abril de 2018

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

3 Motos

O presente estudo considerou que as motos englobam os ciclomotores, motocicletas e mo-tonetas. Segundo os dados do Denatran de abril de 2018, no país há 26.427.751 motos, consistin-do em um aumento de 3,44% se comparado com o mesmo mês de 2017. Comparando com a po-pulação estimada pelo IBGE para 2017, no Brasil há uma moto para 7,86 habitantes.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 65

Figura 3 – Quantidade de motos por habitantes em abril de 2018

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

Esse expressivo aumento na aquisição de motos está relacionado à facilidade no crédito, ao baixo preço das prestações e aos incentivos e isenções do governo federal ao mercado, além da deficiência dos serviços de transporte público nas cidades em geral. Diante disso, em vários Municípios do Norte e Nordeste do país há claros sinais de substituição dos animais de tração, co-mo o cavalo, jumento e burro.

Aliado a isso, o crescimento expressivo de veículos nos últimos anos ocasionou congestio-namentos e complicações do trânsito, incentivando a população a investir mais em motos para se locomover em menor tempo e com o custo reduzido em relação ao consumo de combustível por quilômetro.

Como evidenciado pela Tabela 5, São Paulo é o Estado com maior frota de motos, repre-sentando 20,7% do total. Em seguida, Minas Gerais corresponde a 10,6% e o Ceará a 5,7% da frota de motos.

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66 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Tabela 5 – Quantidade de motos em abril de 2018

UF 2018 % UF 2018 %DF 204.712 0,8% AC 138.432 0,5%GO 1.160.690 4,4% AM 305.664 1,2%MS 473.914 1,8% AP 76.131 0,3%MT 830.400 3,1% PA 1.037.340 3,9%AL 317.406 1,2% RO 506.703 1,9%BA 1.463.465 5,5% RR 99.662 0,4%CE 1.510.464 5,7% TO 322.633 1,2%MA 997.621 3,8% ES 542.039 2,1%PB 570.258 2,2% MG 2.804.278 10,6%PE 1.158.986 4,4% RJ 1.135.347 4,3%PI 646.166 2,4% SP 5.473.513 20,7%RN 515.024 1,9% PR 1.437.571 5,4%

RS 1.259.288 4,8%SC 1.129.191 4,3%

26.427.751 100,0%BR

Motos

SE 310.853 1,2%

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

O Gráfico 1 evidencia o tamanho da frota de motos em abril de 2018, por região. O maior número encontra-se no Sudeste, com 9,96 milhões de motos, seguido do Nordeste com 7,49 mi-lhões e do Sul com 3,83 milhões.

Gráfico 1 – Frota de motos por Região, em 2018, em milhões

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

Considerando a população de 2017 estimada pelo IBGE, as maiores proporções de motos em relação aos habitantes estão em Pereiro, no Ceará, em que 53,94% da população detêm moto; seguido de Tocantinópolis, no Tocantins, e Água Branca, no Piauí, com respectivamente 53,07% e 49,34% dos habitantes, como evidenciado no Gráfico 2 e na Figura 4.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 67

Gráfico 2 – Quantidade de motos em relação à população

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

Figura 4 – Taxa de motos no Brasil a cada 100 pessoas, em abril de 2018

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

As regiões brasileiras viram uma mudança do perfil de sua frota nos últimos anos, confor-me dito anteriormente. Em 2.487 Municípios há mais motos do que carros circulando nas ruas. No Nordeste, o número de motos alcançou a marca de 7,49 milhões, contra 6,67 milhões de carros

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nas ruas. Da mesma forma, no Norte, a proporção é de 2,49 milhões de motos contra 1,67 milhão de automóveis.

A Tabela 6 e a Figura 5 explicitam a quantidade de Municípios em que as motos superam a frota total de automóveis, segundo dados do Denatran. A Bahia é o Estado com o maior número de Municípios, seguido de Minas Gerais, Piauí e Maranhão com respectivamente 303, 269, 220 e 215 cidades com mais motos que carros.

Comparando com o número total de Municípios do Estado, observa-se que no Acre todas as cidades possuem mais motos que automóveis. De forma semelhante, 99% dos Municípios en-contram-se em tal situação no Maranhão e no Pará.

Tabela 6 – Quantidade de Municípios em que há mais motos que carros

UF Quantidade Total de Municípios

% UF Quantidade Total de Municípios

%

AC 22 22 100% PE 153 184 83%AL 79 102 77% PI 220 224 98%AM 60 62 97% PR 0 399 0%AP 12 16 75% RJ 12 92 13%BA 303 417 73% RN 151 167 90%CE 177 184 96% RO 51 52 98%ES 29 78 37% RR 14 15 93%GO 48 246 20% RS 1 497 0%MA 215 217 99% SC 0 295 0%MG 269 853 32% SE 58 75 77%MS 10 79 13% SP 1 645 0%MT 128 141 91% TO 134 139 96%PA 142 144 99%PB 198 223 89%

Total 2487 5568 45%

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 69

Figura 5 – Municípios com mais motos que automóveis

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

4 Transporte coletivo

O transporte coletivo permite a utilização eficiente do espaço, uma vez que ocupa um espa-ço menor na malha viária e transporta 70% da população (NTU, 2016). A frota brasileira de ônibus se concentra em Municípios acima de 60 mil habitantes, totalizando 616 mil veículos.

De acordo com a Tabela 7, o Estado com maior frota de ônibus é São Paulo, representando 25,6% do total, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro com, respectivamente, 12,3% e 7,3%.

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70 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Tabela 7 – Frota de ônibus, por UF, em abril de 2018

UF 2018 % UF 2018 %DF 12.442 2,0% AC 1.135 0,2%GO 22.744 3,7% AM 8.811 1,4%MS 9.522 1,5% AP 1.211 0,2%MT 11.593 1,9% PA 18.069 2,9%AL 7.446 1,2% RO 6.017 1,0%BA 39.323 6,4% RR 1.125 0,2%CE 17.584 2,9% TO 5.396 0,9%MA 8.929 1,4% ES 14.585 2,4%PB 7.536 1,2% MG 76.076 12,3%PE 19.628 3,2% RJ 45.143 7,3%PI 7.257 1,2% SP 157.455 25,6%RN 6.969 1,1% PR 42.736 6,9%

RS 40.685 6,6%SC 19.629 3,2%

616.012 100,0%BR

Ônibus

SE 6.966 1,1%

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

Como pode ser observado na Tabela 8 abaixo, dos dez Municípios com as maiores frotas de ônibus, nove são capitais. São Paulo é a cidade com maior frota, correspondendo a 7,27% do total dos ônibus, seguido do Rio de Janeiro, com 17,4 mil ônibus e Brasília com 12,4 mil.

Tabela 8 – Municípios com as dez maiores frotas de ônibus

Município UF Ônibus % do total

São Paulo SP 44.775 7,27%Rio de Janeiro RJ 17.436 2,83%Brasília DF 12.442 2,02%Salvador BA 8.768 1,42%Belo Horizonte MG 8.760 1,42%Manaus AM 7.699 1,25%Fortaleza CE 7.119 1,16%Goiânia GO 6.713 1,09%Curitiba PR 6.670 1,08%Campinas SP 5.502 0,89%

616.012 100,00%Total do BrasilFonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

A Tabela 9 evidencia a frota de ônibus nas regiões brasileiras. A região Sudeste, que pos-sui 43,9% das cidades com população acima de 500 mil de pessoas, apresenta a maior frota de ônibus em razão da maior necessidade do transporte de massa.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 71

Tabela 9 – Frota de ônibus das regiões brasileiras em 2018

Região Frota % do total

Centro Oeste 56.301 9,14%Nordeste 121.638 19,75%Norte 41.764 6,78%Sudeste 293.259 47,61%Sul 103.050 16,73%Total 616.012 100,00%

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

Ao comparar a frota de ônibus com a população das cidades estimada pelo IBGE, observa--se que as maiores taxas de ônibus a cada 1.000 pessoas encontram-se nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, como mostra a Figura 6.

Figura 6 – Taxa de ônibus no Brasil a cada 1.000 pessoas em abril de 2018

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

Dessa forma, o estudo serve de alerta para a necessidade de incentivos ao transporte co-letivo em cidades menores, já que no futuro enfrentarão os mesmos problemas das cidades de grande porte.

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5 Transporte de carga

Com o intuito de analisar o transporte de carga, caminhões, caminhonetes e camionetas foram considerados conjuntamente e classificados de forma geral como caminhões. A Tabela 10 evidencia que São Paulo é o Estado com a maior frota, representando 28,3% do total de cami-nhões. Em seguida, Minas Gerais corresponde a 11,5% do total.

Tabela 10 – Frota de caminhões em 2018

UF 2018 % UF 2018 %DF 229.884 1,7% AC 37.152 0,3%GO 552.020 4,2% AM 131.739 1,0%MS 246.697 1,9% AP 29.581 0,2%MT 323.340 2,4% PA 241.834 1,8%AL 94.736 0,7% RO 132.835 1,0%BA 574.651 4,3% RR 36.021 0,3%CE 319.349 2,4% TO 95.787 0,7%MA 178.212 1,3% ES 291.981 2,2%PB 135.900 1,0% MG 1.532.805 11,5%PE 360.740 2,7% RJ 776.739 5,8%PI 131.913 1,0% SP 3.768.465 28,3%RN 146.563 1,1% PR 1.145.114 8,6%

RS 998.915 7,5%SC 708.162 5,3%

13.299.726 100,0%

SE 78.591 0,6%

BR

Caminhões

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

De acordo com a Tabela 11, a região Sudeste apresenta a maior frota de caminhões, cor-respondendo a 47,90% do total. A região Sul, com 21,45% da frota de transporte de carga, possui 2,8 milhões de caminhões. Em seguida, o Nordeste representa 15,19% do total.

As regiões apresentadas concentram valores expressivos do Produto Interno Bruto, com-postos pelo setor da indústria na região Sudeste e pelo o setor da agricultura e pecuária nas re-giões Sul, Nordeste e Centro-Oeste, incluindo as rotas de importação e exportação para os prin-cipais portos: Porto de Santosm(SP), de Itaguaí (RJ), de Paranaguá (PR), de Rio Grande (RS), de Suape (PE), do Itaqui (MA), de Vila do Conde (PA), de São Francisco do Sul (SC), de Santarém (PA) e o de Vitória (ES).

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 73

Tabela 11 – Frota de caminhões das regiões brasileiras em 2018

Região Frota % do total

Centro Oeste 1.351.941 10,17%Nordeste 2.020.655 15,19%Norte 704.949 5,30%Sudeste 6.369.990 47,90%Sul 2.852.191 21,45%Total 13.299.726 100,00%

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

Como é possível observar na Tabela 12 e na Figura 7, os caminhões superam a frota de au-tomóveis em várias cidades do Norte e do Nordeste do país. O Estado com maior número de Mu-nicípios com mais caminhões que carros é o Maranhão, com 44 cidades, seguido do Amazonas, com 43.

Tabela 12 – Municípios com mais caminhões que carros em 2018

UF Número de Municípios

UF Número de Municípios

AC 5 PB 1AL 0 PE 0AM 43 PI 18AP 0 PR 0BA 4 RJ 0CE 0 RN 0DF 0 RO 0ES 0 RR 2GO 0 RS 0MA 44 SC 0MG 0 SE 0MS 0 SP 0MT 9 TO 10PA 35 Total 171

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

As regiões Norte e Nordeste receberam, nos últimos anos, investimentos para a transferên-cia de parte escoamento da produção para os portos do Arco Norte. Essa nova rota justifica a ex-pressiva representatividade da frota de caminhão na região.

A solução tem o intuito de reduzir os gargalos logísticos que emperram o crescimento eco-nômico em razão dos problemas de escoamento que não acompanham o crescimento na produ-tividade, principalmente no setor da agricultura.

Os terminais das regiões Norte e Nordeste do país se encontram nos Estados de Rondônia, Amazonas, Pará, Amapá e Maranhão. A alteração da rota logística para o Arco Norte, incluindo as

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melhorias na infraestrutura rodoviária e ferroviária, tem o objetivo de contemplar 50% da produção do Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, segundo o Ministério dos Transportes.

Figura 7 – Municípios com mais caminhões que automóveis em 2018

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

6 Conclusão

O balanço do Denatran aponta que o Brasil possui, em abril de 2018, 53.459.374 carros re-gistrados, de forma que há um automóvel para cada 3,89 habitantes. Com relação às motos, o país tem uma para cada 7,86 habitantes e em 2.487 Municípios há mais motos que carros.

Considerando a frota de transporte coletivo, que permite a utilização eficiente do espaço, as maiores taxas de ônibus a cada 1.000 pessoas encontram-se nas regiões Sul, Sudeste e Cen-tro-Oeste.

A maior frota de transporte de carga encontra-se na região Sudeste, seguida da região Sul. Comparando com a frota de automóveis, observa-se que os caminhões superam a frota de auto-móveis em 171 cidades, localizadas, principalmente, no Norte e no Nordeste do país.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 75

Referências

BRASIL. Estimativas da população residente no Brasil e Unidades da Federação com data de refe-rência em 1º de julho de 2017. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Brasília: Diário Oficial da União (DOU). Publicado no D.O.U. de 30 de agosto de 2017.

DENATRAN. Frota de veículos. Disponível em: https://www.denatran.gov.br/estatistica/237-frota--veiculos. Acesso em: 26 jun. 2018.

FIRJAN. Os custos da (i)mobilidade nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo. Ju-lho de 2014.

REVISTA NTU URBANO. Brasília: Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, a. 4, n. 23, set./out. 2016.

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76 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Anexo

Tabela 1 – As 50 maiores frotas de automóveis

Município UF Região AutomóvelSão Paulo SP Sudeste 5.638.757Rio de Janeiro RJ Sudeste 2.016.852Belo Horizonte MG Sudeste 1.331.986Brasília DF Centro Oeste 1.259.507Curitiba PR Sul 1.051.347Goiânia GO Centro Oeste 605.842Porto Alegre RS Sul 605.369Campinas SP Sudeste 600.853Salvador BA Nordeste 587.969Fortaleza CE Nordeste 582.966Guarulhos SP Sudeste 445.550São Bernardo do Campo SP Sudeste 397.902Recife PE Nordeste 391.419Santo André SP Sudeste 367.293Manaus AM Norte 363.107Sorocaba SP Sudeste 302.810São José dos Campos SP Sudeste 295.738Campo Grande MS Centro Oeste 294.282Ribeirão Preto SP Sudeste 293.724Osasco SP Sudeste 279.599Joinville SC Sul 257.384Uberlândia MG Sudeste 243.475Londrina PR Sul 233.635Belém PA Norte 226.856Natal RN Nordeste 225.294Florianópolis SC Sul 223.562São Gonçalo RJ Sudeste 211.971São José do Rio Preto SP Sudeste 210.216Caxias do Sul RS Sul 208.770Jundiaí SP Sudeste 208.078João Pessoa PB Nordeste 204.786Teresina PI Nordeste 204.252Contagem MG Sudeste 203.677Cuiabá MT Centro Oeste 202.879São Luís MA Nordeste 199.408Niterói RJ Sudeste 186.427Maceió AL Nordeste 186.299Piracicaba SP Sudeste 180.431Duque de Caxias RJ Sudeste 176.531Maringá PR Sul 175.899

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 77

Juiz de Fora MG Sudeste 175.802Bauru SP Sudeste 172.446Aracaju SE Nordeste 171.843Blumenau SC Sul 170.168Nova Iguaçu RJ Sudeste 167.996Mogi das Cruzes SP Sudeste 158.939Mauá SP Sudeste 151.343Franca SP Sudeste 150.477Santos SP Sudeste 143.048Cascavel PR Sul 135.381

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

Tabela 2 – As 50 maiores frotas de motos

Município UF Região MotosSão Paulo SP Sudeste 1.097.476Rio de Janeiro RJ Sudeste 354.168Fortaleza CE Nordeste 301.264Goiânia GO Centro Oeste 291.613Belo Horizonte MG Sudeste 241.853Brasília DF Centro Oeste 204.712Teresina PI Nordeste 198.948Manaus AM Norte 184.110Curitiba PR Sul 169.378Campo Grande MS Centro Oeste 164.390Recife PE Nordeste 155.925Salvador BA Nordeste 140.181Ribeirão Preto SP Sudeste 137.469Belém PA Norte 135.782Campinas SP Sudeste 128.397Uberlândia MG Sudeste 116.592São Luís MA Nordeste 115.393João Pessoa PB Nordeste 113.875Cuiabá MT Centro Oeste 113.519Porto Velho RO Norte 106.462Porto Alegre RS Sul 104.737São José do Rio Preto SP Sudeste 102.607Natal RN Nordeste 101.943Aparecida de Goiânia GO Centro Oeste 100.211Feira de Santana BA Nordeste 99.086Guarulhos SP Sudeste 94.352Sorocaba SP Sudeste 88.758Montes Claros MG Sudeste 88.736Londrina PR Sul 88.441São Bernardo do Campo SP Sudeste 83.221Boa Vista RR Norte 82.982

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78 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Imperatriz MA Nordeste 81.472Rio Branco AC Norte 78.843Mossoró RN Nordeste 77.622Aracaju SE Nordeste 76.014Santo André SP Sudeste 75.921Santos SP Sudeste 75.069Maceió AL Nordeste 74.401Joinville SC Sul 72.952Anápolis GO Centro Oeste 71.840Osasco SP Sudeste 71.736Rondonópolis MT Centro Oeste 71.688Caruaru PE Nordeste 69.820Campina Grande PB Nordeste 68.292Maringá PR Sul 66.931Franca SP Sudeste 66.904Palmas TO Norte 66.269Juazeiro do Norte CE Nordeste 64.984Petrolina PE Nordeste 62.261Marabá PA Norte 61.821

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

Tabela 3 – As 50 maiores frotas de ônibus

Município UF Região ÔnibusSão Paulo SP Sudeste 44.775Rio de Janeiro RJ Sudeste 17.436Brasília DF Centro Oeste 12.442Salvador BA Nordeste 8.768Belo Horizonte MG Sudeste 8.760Manaus AM Norte 7.699Fortaleza CE Nordeste 7.119Goiânia GO Centro Oeste 6.713Curitiba PR Sul 6.670Campinas SP Sudeste 5.502Porto Alegre RS Sul 5.163São Luís MA Nordeste 4.342Guarulhos SP Sudeste 4.063São Bernardo do Campo SP Sudeste 4.060Recife PE Nordeste 3.940Duque de Caxias RJ Sudeste 3.935Belém PA Norte 3.798Teresina PI Nordeste 3.701Cuiabá MT Centro Oeste 3.254São Gonçalo RJ Sudeste 3.207Contagem MG Sudeste 3.022Osasco SP Sudeste 2.788

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 79

Natal RN Nordeste 2.690Niterói RJ Sudeste 2.587Aracaju SE Nordeste 2.527João Pessoa PB Nordeste 2.501Campo Grande MS Centro Oeste 2.344Jaboatão dos Guararapes PE Nordeste 2.173Maceió AL Nordeste 2.142Serra ES Sudeste 2.109Londrina PR Sul 1.997Florianópolis SC Sul 1.958Valinhos SP Sudeste 1.945São José dos Campos SP Sudeste 1.895Palmas TO Norte 1.871Ribeirão Preto SP Sudeste 1.866Porto Velho RO Norte 1.849Juiz de Fora MG Sudeste 1.842Anápolis GO Centro Oeste 1.835Santo André SP Sudeste 1.788Caxias do Sul RS Sul 1.766Nova Iguaçu RJ Sudeste 1.746Cachoeiro de Itapemirim ES Sudeste 1.725Sorocaba SP Sudeste 1.705Uberlândia MG Sudeste 1.696Vitória da Conquista BA Nordeste 1.608Ananindeua PA Norte 1.581São José do Rio Preto SP Sudeste 1.579Mogi das Cruzes SP Sudeste 1.569Curvelo MG Sudeste 1.555

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

Tabela 4 – As 50 maiores frotas de caminhões

Município UF Região CaminhõesSão Paulo SP Sudeste 1.064.179Rio de Janeiro RJ Sudeste 321.108Belo Horizonte MG Sudeste 288.866Brasília DF Centro Oeste 229.884Curitiba PR Sul 222.664Goiânia GO Centro Oeste 163.604Fortaleza CE Nordeste 128.006Salvador BA Nordeste 126.156Campinas SP Sudeste 118.918Manaus AM Norte 117.022Porto Alegre RS Sul 114.146Recife PE Nordeste 94.508Guarulhos SP Sudeste 89.841

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80 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Campo Grande MS Nordeste 84.268São Bernardo do Campo SP Sudeste 69.332Ribeirão Preto SP Sudeste 67.462Cuiabá MT Centro Oeste 64.750Santo André SP Nordeste 60.753Teresina PI Nordeste 59.556São Luís MA Nordeste 59.352Uberlândia MG Sudeste 58.122Sorocaba SP Sudeste 56.374Belém PA Nordeste 55.318Osasco SP Sudeste 54.770Contagem MG Sudeste 53.724Londrina PR Sul 53.550São José dos Campos SP Sudeste 53.271São José do Rio Preto SP Sudeste 50.555Natal RN Nordeste 50.221Maringá PR Sul 48.549Caxias do Sul RS Sul 47.398Joinville SC Sul 45.731Jundiaí SP Sudeste 45.149Florianópolis SC Sul 44.730João Pessoa PB Nordeste 43.104Piracicaba SP Sudeste 42.605Maceió AL Nordeste 42.229Porto Velho RO Norte 40.271Anápolis GO Centro Oeste 38.558Cascavel PR Nordeste 36.956Aracaju SE Nordeste 36.260Feira de Santana BA Nordeste 36.228Bauru SP Sudeste 35.893Duque de Caxias RJ Sudeste 35.256Blumenau SC Sul 33.896Juiz de Fora MG Sudeste 33.149Mogi das Cruzes SP Sudeste 32.323Boa Vista RR Nordeste 31.963Ponta Grossa PR Sul 31.922Vitória ES Sudeste 31.845

Fonte: Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Elaboração Própria – CNM.

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8 MUNICÍPIOS COM NOMES SANTOS

Estudos Técnicos, Cultura e Turismo/CNM – julho de 2018

1 Introdução

Em virtude das festividades juninas espalhadas por todo o Brasil, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) realizou um mapeamento e apresenta algumas curiosidades presentes no país. Uma delas é a quantidade de Municípios que fazem referência a santos. Assim, a CNM pes-quisou os nomes de todos os Municípios brasileiros, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE), e relacionou com os nomes de santos, santo, são, santa, aparecida e nossa senhora contidos nos nomes dos Municípios. A entidade relata, também, o fundo histórico para tentar entender as origens desses nomes, assim como a respeito do festejo junino recorrente nas principais cidades, e traz uma seção de curiosidades sobre os principais santos homenagea-dos no mês de junho.

2 Contexto histórico

Os Municípios que são denominados com nomes que se referem a santos e santas revelam como a história brasileira tem intrínseca relação com a intervenção da religião católica, a partir da atuação dos colonizadores em nosso território.

A história de muitos desses Municípios manifesta as homenagens prestadas aos santos de devoção da comunidade ou, em específico, da devoção de pessoas religiosas e membros da igre-ja católica que detinham prestígio social na localidade ou foram os primeiros moradores da região. Assim é a história de São Francisco do Oeste (RN), que, na década de 1940, quando ainda não era um Município, teve em seu território construída uma capela em homenagem a São Francisco de Assis, hoje padroeiro desse Município, que fica na região do Alto Oeste do Rio Grande do Norte.

Entre essas histórias de homenagens, motivadas por milagres alcançados e promes-sas cumpridas por fiéis, existem aquelas que resultaram em nomes de Municípios que mis-turam nomes de santos com elementos da natureza característicos da localidade ou fa-tos históricos marcantes para a região. O nome do Município de São Bento do Una (PE)

, por exemplo, teve origem nas preces que os moradores fizeram a São Bento, pedindo-lhe pro-

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teção contra cobras venenosas durante as desbravações da Fazenda Santa Cruz, berço do Mu-nicípio. A complementação do nome foi feita mais tarde, acrescentando o “Una”, nome do rio que corta a localidade.

Existem também casos de mistura de nomes de santos com o de pessoas que foram consideradas importantes pela população ou por alguém que detinha prestígio social. São Francisco do Conde (BA)

, por exemplo, carrega em seu nome uma homenagem ao padroeiro da cidade e ao conde Fernão Rodrigues, que herdou o terreno originário do Município, ainda no período colonial, do então 3º go-vernador-geral do Brasil, Mem de Sá.

Outra curiosidade se refere aos Municípios que têm nomes que, na verdade, não são de santos. O Município de Santa Ernestina (SP) carrega em seu nome uma homenagem a Ernestina Reis de Magalhães, nora do fundador da Estrada de Ferro Araraquara, que implantou uma estação na localidade que constituiria mais tarde o Município.

Já dentre os 87 conjuntos urbanos reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Ar-tístico Nacional (Iphan) em razão da relevância de seu valor histórico e cultural, destacam-se os seguintes que se encontram em Municípios que parecem possuir nomes de santos:

• São Félix (BA): Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico; • São Luís (MA): Conjunto Arquitetônico e Paisagístico; • São João Del Rei (MG): Conjunto Arquitetônico e Urbanístico; • Santa Tereza (RS): Núcleo Urbano; • São Francisco do Sul (SC): Centro Histórico e Paisagístico; • São Cristóvão (SE): Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico; • Santo André (SP): Vila Ferroviária de Paranapiacaba; • São Luís de Paraitinga (SP): Conjunto Histórico e Paisagístico; • Santa Cruz Cabrália (BA): o Conjunto Paisagístico e o Conjunto Arquitetônico e Paisagís-

tico da Cidade Alta;

Entre essas cidades históricas, é curioso constatar que alguns de seus nomes, na verdade, não são de santos. São exemplos: São Luís, capital do Estado do Maranhão, que foi fundada, em 1612, por franceses que renderam homenagem ao então rei da França, Luís XIII; São João del Rei, que carrega em seu nome uma história de homenagem a D. João V e a Tomé Portes Del Rei, este último, um dos primeiros moradores da região, ainda no fim do século 17; Santa Tereza (RS), que teve seu nome originado da homenagem que o engenheiro-chefe da colonização italiana e polo-nesa, instalada em 1885 na região, prestou a sua esposa, Tereza.

3 Contexto turístico

Nos Municípios turísticos, a temporada oficial dos festejos juninos geralmente começa no dia 1o de junho e vai até o dia 31 de julho. A celebração cultural já é um produto turístico consagra-

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do, capaz de atrair visitantes estrangeiros, além de estimular cada vez mais o turismo doméstico, e movimenta milhares de pessoas pelo Brasil. O sucesso dos festejos é tão grande que algumas localidades já anteciparam os eventos, é o caso do Maior São João do Cerrado, no Distrito Fede-ral, e do Mossoró Cidade Junina, no Rio Grande do Norte, festas realizadas em maio; a temporada de junho foi aberta no dia 1º com o São João de Caruaru, em Pernambuco.

O São João é a festa popular mais celebrada pelos brasileiros depois do Carnaval, com for-te impacto nas economias locais, fortalece o mercado e incentiva a geração de renda e milhares de empregos temporários. As comemorações a Santo Antônio, São João e São Pedro ocorrem de norte a sul do Brasil. São festas dos mais diversos estilos, desde as tradicionais com danças de quadrilhas e shows musicais com forró e outros ritmos regionais, no Nordeste; passando pelo ar-rasta-pé urbano, como muitos realizados no Sudeste; até aquelas que resgatam tradições da cul-tura brasileira como o bumba meu boi, no Maranhão, e o boi-bumbá, no Pará.

As festas juninas são um importante ativo do turismo brasileiro, pois preservam uma tradi-ção cultural e geram fluxo regional de turistas, movimentam a economia dos destinos, principal-mente na região Nordeste, onde são realizados grandes eventos. Os festejos são considerados um diferencial do Brasil no que concerne à divulgação internacional dos produtos turísticos brasi-leiros.

O Ministério do Turismo dispõe de um calendário de eventos oficial, que, além de outras informações, agrupa os eventos por categorias. Estão cadastrados no calendário de eventos do MTur 1.167 comemorações de diversas categorias; destes, 147 são categorizadas como juninos. Para este levantamento, e em razão ao período de realização, consideraremos também os 59 eventos categorizados como religiosos e 197 eventos artísticos/culturais/folclóricos, como verifica-do na Tabela 1.

Tabela 1 – Número de eventos em 2018

UF Junino Artísticos/Culturais/Folclóricos Religiosos UF Junino Artísticos/Culturais

/Folclóricos Religiosos

AC 2 5 0 PB 16 6 1AL 3 1 0 PR 0 11 0AP 0 1 0 PE 4 1 0AM 2 1 0 PI 2 1 0BA 14 2 0 RJ 3 10 1CE 4 7 1 RN 4 2 1DF 1 0 0 RS 1 5 0ES 1 6 1 RO 0 2 0GO 1 8 1 RR 2 0 0MA 1 1 0 SC 1 16 2MT 2 0 0 SP 9 17 5MS 5 2 0 SE 4 1 7MG 6 10 2 TO 1 1 0PA 58 80 37 Total 147 197 59

Fonte: MTur. Elaboração própria CNM.

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Os números da movimentação turística e econômica dos destinos que realizam as tradicio-nais festas juninas mostram a vocação desses festejos para atrair turistas. Além de shows de ban-das famosas no cenário nacional e local, as festas juninas também são marcadas por apresenta-ções de quadrilhas e decoração de ruas e arraiais com bandeirinhas coloridas, faixas, balões, e, é claro, com o brilho das fogueiras e dos fogos de artifício, que conferem uma atmosfera toda es-pecial às ruas das cidades.

A seguir, um levantamento dos maiores festejos juninos no Brasil.

São João de Campina Grande (PB)Destaca-se no Nordeste. É comemorado no agreste da Paraíba e conhecido como “maior

festa de São João do mundo”. Dura um mês inteiro, com movimentação financeira de aproxima-damente R$ 200 milhões no ano de 2017. Sua programação prevê shows de artistas consagrados da MPB e do sertanejo, campeonato de quadrilhas e até casamento coletivo. No ano de 2018, es-pera-se receber no Parque do Povo, local de realização do evento, 2,5 milhões de visitantes em 30 dias de evento.

Bumba Meu Boi de São Luís (MA)A festa surgida no século 18 arrasta multidões a São Luís do Maranhão. Começa em 13 de

junho, dia de Santo Antônio, e normalmente vai até o dia de São Marçal, em 30 de junho. A festa tem um caráter diferente: os grupos folclóricos saem às ruas para narrar a história da escrava Ca-tarina e de seu marido, que precisam ressuscitar o animal que mataram. O festival é marcado por danças, ritmos e atividades culturais. Também estão presentes o Tambor de Crioula, Dança do Le-lê e Cacuriá. Entre as comidas típicas está a torta de camarão e o arroz de cuxá. No Maranhão, as festas juninas espalhadas pelo Estado movimentaram R$ 60 milhões no ano passado.

São João de Caruaru (PE)No agreste pernambucano, Caruaru ganhou o apelido de “Capital do Forró”. O São João de

Caruaru em Pernambuco está registrado no Guinness Book como a maior festa regional ao ar livre do mundo. A festa junina tradicional ocorre no mês de junho e conta com vários shows de forró. Uma das particularidades da festa é o Festival de Comidas Gigantes, que traz comidas típicas co-mo cozido de milho com manteiga, cuscuz e canjica. A organização da festa é feita pela Prefeitura de Caruaru e atrai em torno de 2 milhões de pessoas.

Forró Caju em Aracajú (SE)Existem cidades que se preparam o ano inteiro para as tradicionais festas juninas, uma de-

las é a cidade de Aracaju, a qual tem sua tradicional festa chamada Forró Caju que atrai turistas do Brasil inteiro para dançar forró, pular fogueira e fazer muita festa. É o período do ano que mais atrai turistas para a capital do Sergipe, tamanha a fama da festa. O Forró Caju 2018 foi confirmado

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e vai acontecer entre os dias 22 e 30 de junho na Praça Hilton Lopes, situada entre os Mercados Centrais da capital. A festa é organizada pela prefeitura de Aracaju e costumeiramente atrai um público de 1 milhão de pessoas em cada edição. A programação conta com a apresentação de atrações nacionais e outros artistas do forró raiz, além de uma nova geração de artistas.

São João do Pelô em Salvador (BA)No mês de junho, a folia de Salvador ganha outros ritmos: entre 22 a 24 de junho, o “São

João do Pelô” leva os festejos juninos para o tradicionalíssimo bairro do Pelourinho. Diversos no-mes locais e regionais também se apresentaram nos palcos do Largo do Pelourinho, Terreiro de Jesus, Cruzeiro de São Francisco e praças Tereza Batista, Quincas Berro D’Água. O comércio va-rejista baiano aumentou as vendas de 2% a 3% em junho, em relação ao mesmo período do ano passado, indica a projeção da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA). No interior e na capital, o São João aquece o setor de comida e bebida, e os empreendedores esperam elevar em até 80% as vendas, na comparação com junho de 2017.

ParáNo Pará, o Arraial dos Caetés em Bragança (PA) recebeu mais de 50 mil pessoas em qua-

tro dias com a geração de 1,2 mil empregos diretos e indiretos e movimentação econômica de R$ 124,5 mil reais, beneficiando comunidades tradicionais e produtores de farinha, o ouro branco da região.

Corumbá (MS)No Centro-Oeste, o Arraial do Banho de São João, realizado em junho em Corumbá (MS),

atrai mais de 50 mil pessoas. O ponto alto da festa é o tradicional banho de São João no rio Para-guai. Além de curtir os eventos com música, fogos e muita comida, centenas de pessoas descem enfeitadas até a prainha do Porto Geral, para banhar a imagem do santo enquanto mergulham no rio. O evento, cujas origens datam do tempo da fundação da cidade, já é considerado Patrimônio Imaterial Cultural do Mato Grosso do Sul, e é acompanhado e saudado de perto pela nova gera-ção de moradores.

São João de Maracanaú (CE)Se autodenomina o maior e melhor São João do Ceará e aconteceu de 7 a 23 de junho de

2018, com 17 dias de ampla programação cultural com a presença de 500 artistas e 90 grupos ju-ninos. O São João de Maracanaú recebeu shows com grandes nomes da música nacional. O con-sagrado festejo junino, um dos três maiores do Brasil, ao lado de Caruaru (Pernambuco) e Campi-na Grande (Paraíba), trouxe nesta edição, em sua cenografia, uma homenagem à Copa do Mun-do FIFA Rússia 2018. A maior Cidade Junina do Ceará é o grande celeiro cultural do período, com mais de 500 artistas e 90 grupos juninos. O público deve superar mais de um milhão de pessoas ao longo do evento.

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Mossoró Cidade Junina (RN) Localizada a três horas e meia de Natal, Mossoró hospeda uma das festas juninas mais tra-

dicionais do Nordeste. A cidade realiza uma das maiores festas juninas do Nordeste e atraiu em média 1,5 milhão de pessoas. A festa é organizada pela prefeitura da cidade e acontece de 26 de maio a 30 de junho na Estação das Artes Elizeu Ventania, antiga estação ferroviária. As atrações confirmadas para o evento são bandas de renome nacional e regional.

São João de Belo Horizonte (MG) De 22 de junho a 1º de julho de 2018, a cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais, tam-

bém recebe uma grande festa de São João. O evento tem um grande festival gastronômico e o já tradicional Concurso Municipal de Quadrilhas Juninas.

São João de Boa Vista (RR) Na capital de Roraima, o festejo junino é tão importante que costuma movimentar mais de

R$ 12 milhões. A festa tem uma atração bem peculiar: servir a maior paçoca do mundo; é quase uma tonelada da iguaria. A paçoca servida é feita a partir da farinha do amendoim e acompanha-da de carne seca. O festejo aconteceu de 16 a 23 de junho de 2018.

Festival Folclórico de Parintins (AM)O Festival de Parintins encontra-se na sua 53º edição e se tornou uma das maiores atrações

do folclore brasileiro. Em 2018, aconteceu nos dias 29 e 30 de junho e 1o de julho. Durante as três noites de apresentação, as duas associações exploram as temáticas regionais como lendas, ri-tuais indígenas e costumes dos ribeirinhos por meio de alegorias e encenações. No ano de 2017, recebeu 70 mil turistas e gerou cerca de 4,5 mil empregos diretos e indiretos, movimentando R$ 100 milhões na economia local, de acordo com a Amazonastur.

Arraiá de São João de Aparecida (SP)Em sua 13ª edição, a tradicional festa junina do Santuário Nacional de Aparecida aconteceu

no Pátio das Palmeiras da Basílica durante dois fins de semana, nos dias 8, 9 e 10 e 15, 16 e 17 de junho de 2018. Além de celebrar os santos juninos, o evento beneficia dez entidades de Apareci-da e região, que recebem o valor arrecadado ao longo dos seis dias de comemorações. Já tradi-cional na cidade, o arraiá atrai moradores do Vale do Paraíba e peregrinos presentes no Santuário. Em um ambiente familiar, é possível apreciar as comidas típicas do período na praça de alimenta-ção. Ali também se apresentam cantores regionais e diversos grupos de quadrilhas juninas. Toda a mão de obra da festa é voluntária e movimenta colaboradores das entidades beneficiadas e do Santuário Nacional.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 87

São João no exterior Apostando nas festas juninas e com o objetivo de divulgar a cultura brasileira, diversificar a

oferta turística no exterior e combater a sazonalidade, a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), no ano de 2017, promoveu uma série de apresentações das Festas de São João no mercado eu-ropeu. Em Lisboa (Portugal), mais de 15 mil pessoas interagiram com a festa brasileira; em Madri (Espanha), foram cerca de 6 mil; já em Roma (Itália), o público foi ainda maior: mais de 30 mil ita-lianos conheceram o verdadeiro arraial junino, com apresentações musicais, vestimentas típicas, quadrilhas e a culinária da festa.

Em Londres (Inglaterra), também no ano de 2017, os operadores turísticos e as agências de viagens do mercado europeu tiveram a oportunidade de participar do “Seminário Brasil Junino”, que durou dois dias e aconteceu entre os dias 31 de maio e 1o de junho na Embaixada do Brasil em Londres. Ao todo, foram treinadas 84 empresas, incluindo importantes operadoras, agências especializadas e companhias aéreas. O evento serviu para apresentar uma série de destinos ain-da pouco explorados pelos turistas do Reino Unido. Os destinos apresentados incluem Amargosa (Estado da Bahia), Aracaju (Estado de Sergipe), Campina Grande (Estado da Paraíba), Caruaru (Estado de Pernambuco), Mossoró e São Luís (Estado do Maranhão) e Ceilândia (Distrito Federal).

A proposição da Embratur foi oferecer uma opção ao mercado europeu que tanto valoriza a cultura dos povos e possibilitar a inclusão de destinos fora dos roteiros de Sol & Mar já ofertados comumente naquele mercado. O Reino Unido é o 8º maior emissor de turistas ao Brasil e o 3º en-tre os países europeus. No ano de 2016, 202 mil ingleses desembarcaram no Brasil, superando a marca de 2015, de 189 mil turistas.

O Ministério do Turismo lançou o Mapa de Festejos Juninos, que traz as datas de cerca de 140 festas que ocorrem de junho até o início de julho em todos os Estados brasileiros. O mapa traz informações dos festejos juninos registrados na Calendário Nacional de Eventos do MTur (http://www.turismo.gov.br). Notadamente, a importância dos festejos juninos é reconhecida pelo MTur, que, somente no ano de 2017, destinou R$ 2,8 milhões do seu parco orçamento para promover as festas juninas.

4 Referências aos nomes santos

Diante do universo dos 5.568 Municípios brasileiros, foram identificados que 580 deles pos-suem nome de santos contidos em suas denominações ou que fazem referência a eles, como po-de ser verificado na Figura 1.

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88 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Figura 1 – Municípios cujos nomes fazem referências a santos

Fonte: IBGE. Elaboração própria CNM.

Percebe-se que no Estado de Minas Gerais está o maior número de Municípios que pos-suem a nomenclatura religiosa em suas cidades, com 15,0% do total de 580 cidades com tais de-nominação, seguido dos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, com 10,2% e 9,7% respecti-vamente, como verificado na tabela abaixo.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 89

Tabela 2 – Número de Municípios que fazem referência a santos

UF Municípios % UF Municípios %RO 4 0,7% GO 23 4,0%AM 4 0,7% MG 87 15,0%RR 2 0,3% MS 2 0,3%PA 17 2,9% MT 19 3,3%TO 14 2,4% AC 1 0,2%MA 31 5,3% RS 56 9,7%PI 35 6,0% SC 28 4,8%CE 5 0,9% PR 45 7,8%RN 19 3,3% RJ 11 1,9%PB 35 6,0% SE 19 3,3%PE 21 3,6% SP 59 10,2%AL 10 1,7% Total 580 10,26%BA 23 4,0%ES 10 1,7%

BR 5.568

Fonte: IBGE. Elaboração própria CNM.

Quando analisamos as regiões brasileiras, percebe-se que o Nordeste possui o maior nú-mero de Municípios que fazem referência a nomes de santos, com 198 cidades, seguido pela re-gião Sudeste com 167, como pode ser verificado na Tabela 3.

Tabela 3 – Municípios com nomes de santos por região

Regiões Municípios %Centro oeste 44 7,6%Sul 129 22,2%Sudeste 167 28,8%Norte 42 7,2%Nordeste 198 34,1%Total 580

Fonte: IBGE. Elaboração própria CNM.

Já quando analisado o porte populacional, nota-se que os de porte 1 e 2 possuem maior número de nomes religiosos, com 27,8% e 24,7%, respectivamente. Isso pode ser verificado na Tabela 4, por meio da qual notamos que os Municípios com até quase 10 mil habitantes possuem maior proporcão em relação ao total dos 580 nomes religiosos.

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90 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Tabela 4 – Por porte populacional, Municípios que fazem referências a santos

De Até Porte Qtd. Munic% Qtd. Munic

- 4.999 1 1 61 27,8%5.000 9.999 2 1 43 24,7%

1 0.000 1 9.999 3 1 04 1 7,9%20.000 49.999 4 1 1 9 20,5%50.000 99.999 5 24 4,1 %

1 00.000 299.999 6 1 8 3,1 %300.000 999.999 7 8 1 ,4%

1 .000.000 8 3 0,5%580 100%Total

Fonte: IBGE. Elaboração própria CNM.

5 Curiosidades

Em junho, além do período junino, ocorre também o maior número de celebrações para comemorar o dia de Santo Antônio, São João e São Pedro. O primeiro é conhecido como “Santo Casamenteiro”: a tradição diz que os solteiros realizam simpatia e orações a Santo Antônio para conseguir um par. Para esse homenageado do mês, a pesquisa verificou que há no Brasil 38 Mu-nicípios com a denominação Santo Antônio. Porém, por mais que esse seja um santo de relevân-cia aos solteiros, não é o mais mencionado entre a Federação brasileira, e sim São João, com 54 Municípios com essa denominação.

Ainda em relação aos homenageados do mês, São Pedro, que foi um dos principais após-tolos de Jesus Cristo, segundo os conceitos cristãos, é o fiel depositário de todas as esperanças de chuvas dos nordestinos e também muito mencionado em épocas de seca em que se roga a ele. São Pedro está contido nas denominaçãos de 20 Municípios brasileiros, como verificado na Tabela 5. Na tradição brasileira, os dias de festas dos homenageados são comemorados com pro-gramações festivas, fogueira, fogos de artifícios, forró e comidas típicas.

Tabela 5 – Principais santos do mês de junho

Denominação Qte. MunSão João 54Santo Antônio 38são Pedro 20

Fonte: IBGE. Elaboração própria CNM.

6 Conclusão

Após as análises dos dados disponibilizados pelo IBGE, no que se refere aos nomes dos Municípios brasileiros, e relacionando-os aos nomes dos principais santos do país, foi verificado

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que a região Nordeste possui o maior número de Municípios com nome de santos, assim como nessa região também se encontram os principais festejos juninos. Observou-se, ainda, que as pe-quenas cidades com até 10 mil habitantes possuem o maior número de Municípios com tais deno-minações.

Notadamente, há uma grande relação entre a religiosidade do povo brasileiro e o nome de suas cidades; em 580 Municípios do Brasil, os nomes de “Santo(a)”, “São”, “Aparecida” e “Nossa Senhora” estão incorporados, assim também na grande maioria destas cidades existem celebra-ções e festas que impulsionam o turismo e a cultura. Temos, por exemplo, o caso da cidade de Aparecida (SP), um dos maiores destinos do turismo religioso que, além de celebrar Nossa Se-nhora Aparecida no mês de outubro, celebra os santos juninos no mês de junho, evento que mais cresce anualmente em nosso país.

Percebe-se que no Brasil a vocação dos festejos juninos como produtos indutores do turis-mo fica mais evidente a cada ano, com o aumento dos números da movimentação turística e eco-nômica dos destinos que realizam uma das mais tradicionais festas da cultura brasileira.

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9 INVESTIMENTOS PÚBLICOS NO PAÍS

Estudos Técnicos/CNM – maio de 2018

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) apresenta estudo com o objetivo de anali-sar o impacto econômico da contração das transferências discricionárias direcionadas a investi-mento do governo federal aos Municípios brasileiros.

1 Método

A análise apresenta uma abordagem empírica utilizando dados sobre o investimen-to público recentemente disponibilizado pelos economistas Orair e Gobetti (2018) em conjun-to com dados coletados por meio do Siga Brasil. Com o intuito de estimar o multiplicador fis-cal de gastos com investimento dos Municípios, utilizou-se um modelo econométrico do ti-po Vetores Autorregressivos (VAR), com duas variáveis endógenas: PIB nacional e investimen-to agregado dos Municípios. As séries têm frequência trimestral e compreendem o período de 2002/T1 a 2017/T1, sendo utilizada a taxa de crescimento trimestral do acumulado de qua-tro trimestres de cada variável. O VAR foi estimado com intercepto e duas defasagens, como indicado pelo critério de Schwarz. Os multiplicadores foram obtidos a partir das funções im-pulso-resposta dos investimentos e do PIB, dado um choque na variável de investimentos

. Tal método foi requerido para estimar o quão impactante foi a queda no PIB dos Municípios nos últimos exercícios, dada a ação discricionária da União em contrair este tipo de despesa.

2 Resultados

Os resultados dos testes econométricos apontam para multiplicadores de impacto de 2,95 – para cada R$ 1,00 de aumento do investimento público dentro dos Municípios, o PIB cresce em média R$ 2,95 – assim, calcula-se que a contração dos repasses por parte da União tenha gerado uma perda estimada de R$ 17,6 bilhões no PIB nos últimos três anos. Logo, se for multiplicado es-se valor pelo coeficiente de participação dos Municípios nas receitas fiscais do país, tem-se uma

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estimativa de perda de arrecadação aproximada de R$ 1,25 bilhões para os Municípios brasileiros no período de 2015 a 2017

Segundo Gobetti e Orair (2018), em 2017 houve o menor nível de investimento público em 50 anos – 1,17% do PIB –, patamar insuficiente para compensar a depreciação dos bens de capi-tal já existentes – 2% do PIB –, ou seja, investimento líquido negativo. Nesse nível de investimento, o país sequer consegue dar manutenção a estradas, prédios e equipamentos já existentes. Como contribuição, além do cálculo do multiplicador fiscal, buscou-se desagregar parte do componente de investimentos municipais – as transferências do governo federal – de forma a permitir uma me-lhor compreensão das áreas afetadas pela contração de tais despesas, com ênfase para o perío-do que compreende 2015 e 2017.

Gráfico 1 – Evolução das transferências destinadas a investimento público municipal com relação a despesa primária

Fonte: Siafi, 2018.

O governo federal transferiu de 2001 a 2014, em média, 0,94% da despesa primária aos Municípios para investimento público; isso equivale em termos reais a aproximadamente R$ 121 bilhões no período. Contudo, de 2015 a 2017 há uma contração no montante dos repasses, fazen-do que com a média dos últimos três anos fique em 0,75% da despesa primária. O Gráfico 1 re-presenta a evolução desses repasses de 2001 a 2017 em relação a despesa primária; o percen-tual representa o peso desse gasto com relação a todas as outras despesas não financeiras do governo federal.

O Gráfico 2 ilustra o valor repassado em termos absolutos, ou seja, a quantidade efetiva de recursos que por meio das transferências federais chegaram aos Municípios para investimento pú-blico municipal. Após atingir o pico em 2012, quando foram repassados R$ 16,6 bilhões, chegou a R$ 6,8 bilhões em 2017. Em outras palavras, o governo federal recuou o nível das transferências

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em 2017 a um patamar menor que o observado em 2007 quando foram transferidos R$ 7,9 bilhões, redução de 42% em relação ao ano de 2016.

Gráfico 2 – Evolução em termos absolutos das transferências destinadas a investimento (ajustado pelo IPCA)

Fonte: Siafi, 2018.

A Tabela 1 representa o investimento público municipal desagregado de forma a denotar a participação das transferências da União no total do investimento. É possível perceber que com o passar dos anos a participação da União nos investimentos municipais vem crescendo, algo que fica evidente na análise do Gráfico 3. Nos últimos 17 anos a União teve uma participação média de 21% dos investimentos realizados nos Municípios brasileiros. Essa média vem subindo ao longo dos últimos anos, chegando a 28% entre 2015 e 2017. Contudo, o Gráfico 4 permite visualizar que esse crescimento proporcional se dá com base na redução das demais fontes de financiamento, que inclui receitas próprias e outros tipos de transferências. É possivel perceber queda acentuada dos investimentos nos últimos anos, parte pela menor disponibilidade de caixa dos Municípios pa-ra efetivarem os investimentos, parte pela contração das despesas de capital da União.

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Tabela 1 – Evolução do investimento municipal em relação ao PIB

Exercício Invest. Mun. (A + B = C)

Transferências da União (A)

Demais fontes (B)

Participação Federal (A / C)

2001 0,65 0,15 0,50 23%2002 0,95 0,22 0,73 23%2003 0,75 0,05 0,70 7%2004 0,78 0,10 0,68 13%2005 0,61 0,07 0,54 11%2006 0,83 0,14 0,69 17%2007 0,82 0,16 0,66 20%2008 1,01 0,21 0,80 21%2009 0,75 0,16 0,59 21%2010 0,88 0,19 0,69 22%2011 0,85 0,17 0,68 20%2012 0,94 0,24 0,70 26%2013 0,64 0,16 0,48 25%2014 0,73 0,18 0,55 25%2015 0,64 0,16 0,48 25%2016 0,63 0,18 0,45 29%2017 0,34 0,10 0,24 30%

2001 - 2017 0,75 0,16 0,60 21%2001 - 2014 0,80 0,16 0,64 20%2015 - 2017 0,54 0,15 0,39 28%Fonte: SIAFI, 2018. Adaptado Gobetti e Orair, 2018.

Gráfico 3 – Evolução da participação do governo federal nos investimentos públicos municipais

Fonte: Siafi, 2018. Adaptado Gobetti e Orair, 2018.

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Gráfico 4 – Comparação entre as receitas que compõe a despesa com investimentos

Fonte: Siafi, 2018. Adaptado Gobetti e Orair, 2018.

Isso remete a algumas considerações interessantes para explicar esse movimento. A pri-meira é que o aumento das despesas correntes resultado de um maior comprometimento com pro-gramas federais tenha reduzido a capacidade de investimento dos Municípios. Isso ocorre porque muitos dos programas federais nos quais os Municípios se habilitam para receber recursos são subfinanciados, ou seja, as prefeituras acabam tendo que complementar os valores de custeio pa-ra o funcionamento correto do programa ou ação, comprometendo com isso os recursos livres que poderiam ser destinados a despesas de capital.

Outro ponto é que o fato da União ter um peso cada vez maior nos investimentos munici-pais denota também a dependência dos Municípios para com essas transferências. Dito isso, é altamente questionável o movimento de contração desse tipo de despesa por parte da União no exercício de 2017, haja vista os elevados multiplicadores, a retenção das despesas relacionadas a investimento acaba por potencializar os efeitos da crise que os Entes subnacionais vêm enfren-tando ao longo dos últimos anos.

3 Decomposição por função

Dado o diagnóstico da queda das transferências e do montante investido, é importante es-pecificar quais os impactos nas áreas mais sensíveis das funções do Estado, basicamente saúde e educação, funções compartilhadas pelas diferentes esferas de poder e que influenciam sobre-tudo a qualidade de vida das parcelas menos favorecidas da sociedade.

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Gráfico 5 – Evolução das transferências destinadas a investimento na área da saúde e educação

Fonte: Siafi, 2018. Nota: as demais áreas, que não saúde e educação, foram agregadas na categoria outros.

Nos últimos 17 anos os dispêndios destinados a investimentos em saúde e educação tive-ram crescimento médio anual de 17,9% e 45,5% respectivamente. Entretanto, de 2015 a 2017 hou-ve quedas anuais no valor das transferências de em média 17,6% na área da saúde e de 27,8% na educação; as demais funções que incluem segurança e transporte tiveram uma redução média de 6,3%. O Gráfico 5 apresenta essas variações, e a Tabela 2 traz em detalhes os valores apon-tados no gráfico.

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Tabela 2 – Evolução das transferências destinadas a investimento público municipal desagregadas por função

Exercício Saúde var % Educação var % Outros var %

2001 R$ 1.110.514.571 - R$ 205.965.684 - R$ 4.173.759.372 - 2002 R$ 2.439.229.646 119,60% R$ 253.293.085 23,00% R$ 5.984.327.263 43,40%2003 R$ 541.437.316 -77,80% R$ 173.211.238 -31,60% R$ 1.391.976.024 -76,70%2004 R$ 1.106.427.156 104,40% R$ 128.149.861 -26,00% R$ 2.764.018.723 98,60%2005 R$ 773.496.439 -30,10% R$ 90.372.753 -29,50% R$ 2.103.920.034 -23,90%2006 R$ 1.537.997.919 98,80% R$ 283.079.898 213,20% R$ 4.444.983.522 111,30%2007 R$ 1.423.124.223 -7,50% R$ 300.132.655 6,00% R$ 6.155.722.391 38,50%2008 R$ 789.338.935 -44,50% R$ 1.342.450.327 347,30% R$ 9.038.613.635 46,80%2009 R$ 1.102.346.904 39,70% R$ 807.137.944 -39,90% R$ 7.150.340.942 -20,90%2010 R$ 1.482.524.328 34,50% R$ 2.652.349.895 228,60% R$ 7.426.896.352 3,90%2011 R$ 2.205.683.141 48,80% R$ 2.830.834.581 6,70% R$ 6.271.456.375 -15,60%2012 R$ 3.163.829.518 43,40% R$ 5.731.135.760 102,50% R$ 7.694.881.321 22,70%2013 R$ 2.700.437.492 -14,60% R$ 2.418.290.802 -57,80% R$ 6.000.200.847 -22,00%2014 R$ 3.346.630.366 23,90% R$ 4.078.176.426 68,60% R$ 5.271.334.048 -12,10%2015 R$ 3.003.785.452 -10,20% R$ 2.148.055.823 -47,30% R$ 5.836.597.165 10,70%2016 R$ 3.326.635.459 10,70% R$ 2.308.218.628 7,50% R$ 6.231.912.367 6,80%2017 R$ 1.553.312.445 -53,30% R$ 1.301.870.176 -43,60% R$ 3.968.470.035 -36,30%

Fonte: SIAFI, 2018

Na saúde, as áreas que mais sofreram com essa contração foram a Atenção Básica e a Assistência Hospitalar e Ambulatorial. As chamadas Média e Alta Complexidade do SUS, nos últi-mos três anos, acumularam queda média anual nos repasses de 25,4% e 13,6% respectivamente. Os Gráficos 6 e 7 denotam o quão significativas foram as quedas no fluxo de recursos para que as prefeituras pudessem melhorar a infraestrutura e os equipamentos utilizados no atendimento a saúde nos Municípios do país. A Atenção Básica, que é responsável pelo atendimento preventivo e o encaminhamento as unidades de maior complexidade, recebeu em 2014 transferências na or-dem de R$ 1,9 bilhões – já, em 2017, esse valor caiu para R$ 667 milhões, queda de 65,3%. A vi-gilância em saúde, que historicamente não é uma área que recebe muitos recursos federais para investimento, teve em 2014 repasses de R$ 47,6 milhões. Em 2017, esse valor foi de apenas R$ 1,7 milhão e acumula nos últimos três anos uma queda média anual no valor dos repasses de 65,9%.

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Gráfico 6 – Evolução das transferências destinadas a investimento na área da saúde – desagregadas por subfunção

Fonte: Siafi, 2018.

Gráfico 7 – Evolução das transferências destinadas a investimento na área da saúde

Fonte: Siafi, 2018.

Com relação à educação, a variação nos repasses atinge de forma significativa educa-ção básica, educação infantil e transferências para educação básica; essas categorias são sub-funções dentro do escopo da função educação. Nos últimos três anos, a educação teve redução

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100 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

anual média de 27,8% no montante das transferências destinadas a investimento, valores que em 2012 e 2014 chegaram a respectivamente R$ 5,7 bi e R$ 4,1 bi recuaram em 2017 para R$ 1,3 bi. Esse valor chama a atenção por ser o menor em dez anos.

De 2015 a 2017 a educação básica sofreu redução média anual de 26,1% no valor dos re-passes federais; a educação infantil e as transferências destinadas à educação básica tiveram quedas de 15,3% e 29,6% respectivamente. O Gráfico 8 apresenta a evolução do movimento de descentralização dos recursos designados a investimento na educação. Nesse contexto, deve-se denotar o quão importante é a educação básica, pois é nela que as crianças começam seu pro-cesso de aprendizagem formal, e os investimentos nesta área significam melhor infraestrutura pa-ra que os professores possam desenvolver o seu trabalho e as crianças possam ter um ambiente adequado para sua estadia enquanto os pais trabalham. Uma educação básica de qualidade não só potencializa a capacidade de trabalho dos pais ao liberar força de trabalho, como também po-tencializa a capacidade futura das crianças por meio do acompanhamento pedagógico adequa-do, contribuindo para a produtividade do país.

Gráfico 8 – Evolução das transferências destinadas a investimento na área da educação

Fonte: Siafi, 2018.

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Gráfico 9 – Evolução das transferências destinadas a investimento na área da educação

Fonte: Siafi, 2018.

4 Decomposição por região

Ao decompor as transferências por região, é possível averiguar a evolução dos repasses nas diferentes zonas do país, desde os Estados industrializados das regiões Sul e Sudeste, até as áreas de maior vulnerabilidade social compreendidas em maior parte nas regiões Norte e Nordeste

. Nesse recorte, os dados obtidos por meio do Siga Brasil de 2001 a 2017 demonstram que justa-mente as regiões mais pobres do país – e por consequência as que mais necessitam de recursos para se desenvolver – foram as mais afetadas pela redução das transferências destinadas a in-vestimento. De 2015 a 2017, as regiões Norte e Nordeste tiveram cortes anuais médios de 18,6% e 18,8% respectivamente. Os Estados mais prejudicados são Rondônia, Amazonas, Maranhão, Ma-to Grosso do Sul, Pará, Rio Grande do Norte, Piauí, Amapá e Rio Grande do Sul, todos estes com redução anual média superior a 10%.

Gráfico 10 – Evolução das transferências destinadas a investimento público municipal (por região)

Fonte: Siafi, 2018.

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Tabela 3 – Evolução das transferências destinadas a investimento público municipal (por Estado)

UF 2001-2017 2001-2014 2015-2017

RR 27,10% 29,00% 19,10%TO 29,30% 34,20% 8,10%GO 24,00% 29,50% 0,20%MT 13,60% 16,70% 0,10%PR 24,90% 31,10% -1,70%PB 14,80% 19,10% -3,80%RJ 30,50% 38,40% -3,90%AC 22,80% 29,10% -4,30%SP 33,50% 42,30% -4,70%AL 30,70% 39,10% -5,70%ES 16,30% 21,50% -6,50%BA 21,00% 27,40% -6,90%SE 17,50% 23,30% -7,80%MG 22,20% 29,30% -8,60%CE 25,10% 32,90% -9,10%PE 21,90% 29,00% -9,20%SC 19,70% 26,60% -9,90%RS 27,80% 36,80% -11,30%AP 50,00% 64,70% -13,60%PI 15,50% 22,30% -14,00%RN 17,10% 25,10% -17,50%PA 25,80% 35,90% -17,80%MS 12,60% 19,70% -18,20%MA 26,90% 37,50% -18,90%AM 21,00% 30,40% -19,80%RO 12,30% 20,50% -22,90%

Fonte: SIAFI, 2018

O Gráfico 10 ilustra o movimento de queda desagregando os dados por região. A Tabela 3 decompõe as regiões em Estados de forma que é possível visualizar no detalhe quais são os mais afetados pela contração nas referidas transferências – a ordenação permite visualizar no topo da tabela o Estado menos afetado, no caso, Roraima. Do mesmo modo, no final da tabela visualiza-se o Estado mais prejudicado, Rondônia.

5 Conclusão

Os investimentos têm duplo papel: além de representarem um importante componente da demanda no curto prazo, aumentam a capacidade produtiva da economia no médio/longo prazo. Ao estimular os investimentos, o governo aumenta o grau de utilização da capacidade produtiva e eleva a própria capacidade produtiva ao aumentar o estoque de capital na economia. Em um mo-mento de muita incerteza por conta da instabilidade política no país – componente que afeta dire-

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tamente a preferência de liquidez por parte dos agentes –, o investimento público pode ser uma luz no fim do túnel, de forma a diminuir a inércia atual da economia brasileira. Muito se fala sobre a capacidade limitada de investimento, pela existência de um teto constitucional para o gasto públi-co. Contudo, é necessário também trazer para o debate o fato de que determinados gastos geram efeitos positivos na economia do país e, por seus elevados multiplicadores, é de se supor que no médio/longo prazo o efeito fiscal de curto prazo seja neutralizado por um aumento do produto, vis-to que há também um retorno fiscal sobre a atividade estimulada pelo Estado. Em outras palavras, o custo fiscal efetivo de despesas com elevados multiplicadores tende a ser menor, por conta do retorno fiscal de médio e longo prazo.

Estudos recentes demonstram que o país está tendo investimento líquido negativo, ou se-ja, o que se investe é insuficiente para conter a depreciação dos bens de capital já existentes. Is-so significa que a destruição da capacidade de oferta por conta do desgaste natural dos bens é maior que sua capacidade de reposição. O impacto desse fenômeno na vida das pessoas é ins-tantâneo, pois pontes ficam sem manutenção, estradas se deterioram, escolas públicas não têm infraestrutura para receber nossos jovens e unidades básicas de saúde perdem a capacidade, por exemplo, de condicionar vacinas e medicamentos. Logo, é imperativo que se discutam formas de contornar as restrições impostas pelo ajuste fiscal e se garanta o mínimo necessário para a manu-tenção das infraestruturas já existentes.

Outro ponto interessante a ser abordado é a forte relação entre as transferências des-tinadas a investimento por parte da União e o investimento público municipal em si. O Gráfi-co 11 representa essa relação, em que no eixo x (horizontal) tem-se as transferências e no ei-xo y (vertical), os investimentos. Como as variáveis estão fortemente relacionadas de for-ma positiva, um aumento nas transferências implica aumento geral no investimento públi-co dentro dos Municípios. Não é objetivo desse trabalho determinar causalidade a essa rela-ção, mas chama a atenção o fato da relação ser forte, além de ser estatisticamente significativa

. Uma hipótese para tal sugere que o estímulo das transferências da União puxa os demais com-ponentes do investimento municipal.

Gráfico 11 – Relação entre investimento municipal e tranferências da

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104 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

União destinadas a investimento público nos Municípios

Fonte: Siafi, 2018. Adaptado Gobetti e Orair, 2018.

Por fim, é importante destacar que os investimentos públicos são fortemente influenciados pelo ciclo político; logo, é de se esperar que haja uma retomada em 2018 com relação a 2017. Contudo, destaca-se a hipótese do economista Rodrigo Orair – do Instituto Fiscal Independente – de que isso não muda a tendência de declínio.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 105

10 PANORAMA FINANCEIRO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS

Estudos Técnicos/CNM – junho de 2018

1 Introdução

O primeiro ano de mandato dos prefeitos foi de ajustes em todas áreas do Ente municipal. A avaliação geral desse período de mandato é bastante positiva, uma vez que houve uma grande renovação dos prefeitos no país. Muitos iniciaram a trajetória política recentemente, outros têm ex-periência em gestão empresarial, mas não na gestão pública.

A crise econômica enfrentada pelo país atrapalhou muito esses anos iniciais dos novos gestores municipais, mas, mesmo diante das dificuldades, os Municípios fizeram uma gestão equi-librada e responsável com os poucos recursos que chegaram por meio dos Estados e das trans-ferências federais.

Diante desse cenário, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) acompanha os prin-cipais indicadores da economia brasileira. A receita com ICMS, por exemplo, tem sido favorecida pela recuperação da atividade econômica e pelos aumentos de tributação promovidos por diver-sos governos estaduais. A segunda fonte mais importante de recursos, as transferências recebi-das da União, também foi favorecida pela recuperação econômica, que impacta positivamente o recolhimento de tributos federais compartilhados com Estados e Municípios. Além disso, o aumen-to da produção e dos preços do petróleo ampliaram as transferências das compensações finan-ceiras pela exploração de recursos naturais. Com isso, as transferências tiveram aumento real de 4,4% nos dois primeiros meses de 2018, perante o mesmo período de 2017.

Com crescimento fraco e fragilidade econômica, os gestores municipais fizeram ajustes co-mo: redução no quadro de funcionários, desativação de veículos, desativação de equipamentos, alteração do horário de expediente dos órgãos municipais, redução de despesas de custeio, re-dução de salários dos prefeitos e vereadores, redução de cargos comissionados, suspensão na prestação de alguns serviços. Essas medidas foram tomadas para equilibrar o caixa com a reali-dade da economia brasileira.

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106 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Sendo assim, a CNM realizou uma pesquisa para conhecer a situação dos Municípios bra-sileiros, como uma espécie de “raio-x” da gestão municipal diante da conjuntura econômica recen-te no Brasil. Buscou-se informações como:

• se os Municípios fizeram o pagamento do 13º salário dos funcionários; • situação do gasto com a folha de pessoal; e • quitação das obrigações com os fornecedores. Este estudo vem ao encontro da necessidade de conhecer o real panorama da gestão mu-

nicipal. Conta com quatro seções. A seguir está a descrição da metodologia utilizada na realiza-ção da pesquisa. Na terceira seção, os resultados da pesquisa passam a ser evidenciados, des-crevendo os principais pontos abordados pela amostra atingida. Por fim, a última seção traz uma conclusão dos dados apresentados.

2 Metodologia

Buscando diagnosticar a situação dos Municípios brasileiros com relação à crise econômi-ca recente, a CNM atualizou a pesquisa do ano anterior (2017) com as prefeituras municipais. A pesquisa foi iniciada em 8 de janeiro de 2018 e concluída dia 30 de abril. Foi feita por manifesta-ção espontânea da Confederação.

Nesse período, a CNM visou a abranger os 5.568 Municípios do Brasil, obtendo sucesso com 88,84% destes, ou 4.947 cidades. Houve tentativa de contato telefônico com todos os Municí-pios. Para os gestores que não responderam ao formulário por telefone, houve a possibilidade de acessar por outros canais para o recebimento da informação, como fax, e-mail, por correspondên-cia e pela internet. Além disso, foi mantida uma equipe de suporte da área de Assessoria Técnica e do Setor de Pesquisas da CNM para o preenchimento dos formulários.

A pesquisa foi composta por dez questões, com enfoque na situação financeira dos Muni-cípios. Questionamentos sobre a saúde financeira do Município, o impacto do repasse do Apoio Financeiro aos Municípios (AFM) para o fechamento das contas de 2017, a questão do pagamen-to de salários do funcionalismo municipal, se houve atraso no pagamento da folha de pessoal de dezembro, dados sobre o percentual de gasto com pessoal da folha de pagamento de dezembro em relação à receita corrente líquida, expectativa do ano de 2018 para as finanças municipais, en-tre outras, compõem esse levantamento.

3 Os resultados

Com o intuito de observar a expectativa dos Municípios brasileiros quanto ao ano de 2018, dos 4.947 Municípios entrevistados, 2.873 (58,1%) acham que será melhor e 2.011 (40,7%) afir-maram não ter boas expectativas sobre as finanças municipais. Os demais 63 (1,3%) não respon-deram à pergunta.

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Gráfico 1 – O ano 2018 será melhor para as finanças municipais?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

A pesquisa apontou que 2.884 (58,3%) conseguiram encerrar o ano de 2017 com as contas equilibradas, enquanto 2.052 Municípios (41,5%) não conseguiram e apenas 11 (0,2%) não res-ponderam à pergunta. Isso pode ser visualizado no Gráfico 2.

Gráfico 2 – O Município conseguiu encerrar o ano de 2017 com as contas equilibradas?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Quando questionados se o Município contava com o repasse do AFM para o fechamen-to das contas de 2017, 3.813 (77,1%) responderam que contavam com o repasse, 1.112 (22,5%) não contavam e 22 (0,4%) não responderam à pergunta, conforme o Gráfico 3. Entre as prefeitu-ras que contavam com o repasse do AFM para o encerramento de 2017 com o intuito de equili-brarem as contas, a área mais prejudicada com a suspensão do compromisso no ano passado foi o pagamento de fornecedores, seguida do pagamento de salários do funcionalismo público e do 13º salário.

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Gráfico 3 – O Município contava com o repasse do AFM para o fechamento das contas de 2017?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Sobre a pontualidade das prefeituras quanto ao pagamento dos salários de dezembro do funcionalismo municipal, 3.998 ou 80,8% dos Municípios responderam que não atrasaram as re-munerações de dezembro, mas 936 (18,9%) Municípios protelaram o pagamento. Os outros 13 (0,3%) Municípios optaram por não responder a pergunta. Tais dados podem ser vistos no Gráfi-co 4.

Gráfico 4 – O Município atrasou o pagamento da folha de pessoal de dezembro?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Quando questionados sobre o pagamento do 13º salário aos funcionários municipais, 4.432 (89,6%) Municípios disseram que não ocorreram atrasos nos pagamentos, já 497 (10,0%) prefei-turas atrasaram e 18 (0,4%) não responderam, como mostra o Gráfico 5.

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Gráfico 5 – O Município ficou com atraso no pagamento do 13º salário dos funcionários?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Com o intuito de controlar os gastos com pessoal e encargos sociais, a Lei de Responsa-bilidade Fiscal definiu os limites que os Municípios devem respeitar com tais gastos em relação à receita corrente líquida (RCL). Dos 4.947 Municípios pesquisados, 4.033 (81,5%) encontravam--se, em dezembro, com o limite do gasto com pessoal até 60% da receita corrente líquida e 787 (15,9%) acima do limite máximo. Os 127 (2,6%) Municípios restantes não responderam à pergun-ta, conforme mostra o Gráfico 6.

Gráfico 6 – Qual é o percentual gasto com pessoal na folha de pagamento de dezembro de 2017?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

No cenário de crise financeira enfrentado pelos Municípios, uma das soluções encontradas para não ocorrer o atraso da folha de pagamentos do pessoal é a postergação dos pagamentos de fornecedores. Dos 4.947 Municípios que responderam ao questionário, 3.080 (62,3%) afirma-ram que atrasaram o pagamento de fornecedores no ano passado e 1.844 (37,3%) não atrasaram, os outros 23 (0,5%) não responderam à pergunta.

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Gráfico 7 – O Município atrasou o pagamento de fornecedores em 2017?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

O problema dos restos a pagar (RAP) vem aumentando ano a ano nas prefeituras. Como podemos ver no Gráfico 8, 4.087 Municípios responderam que deixaram RAP para o ano de 2018, o que corresponde a 82,6% dos pesquisados. Por outro lado, 816 (16,5%) não deixaram RAP e 44 (0,9%) não responderam.

Gráfico 8 – O Município deixou restos a pagar?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Para enfrentar a crise financeira, algumas medidas tornaram-se necessárias. Entre as opções elen-

cadas no Gráfico 9, as atitudes que os Municípios mais adotaram foi a redução das despesas de custeio,

seguida da redução do quadro de funcionários, diminuição dos cargos comissionados e desativação de

veículos.

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Gráfico 9 – Quais atitudes foram tomadas para se adequar à crise?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

4 Conclusão

A pesquisa realizada buscou analisar a situação econômica e a saúde financeira dos Municípios bra-

sileiros, bem como as medidas adotadas pelos gestores municipais para reduzir os impactos à população.

Foi possível observar que mais da metade dos Municípios contavam com o Apoio Financeiro aos Municípios

(AFM) para o fechamento das contas de 2017, e a área mais prejudicada com o adiamento do repasse foi

o pagamento de fornecedores, seguido do pagamento de salários do funcionalismo público, setores que

impactam diretamente a atividade econômica dos Municípios.

Os aspectos destacados mostram que os Municípios estão alinhados com a retomada da economia

brasileira. Porém, o aumento das responsabilidades desses, agregada à alta dependência financeira das

transferências de outros Entes, colocam as gestões municipais em estado de alerta no sentido de buscar al-

ternativas para regularizar suas contas.

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11 RETENÇÃO DO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DE MUNICÍPIOS (FPM)

Estudos Técnicos/CNM – setembro de 2018

1 Introdução

O FPM, principal fonte de receita de grande parte dos Municípios brasileiros, não tem acom-panhado o crescimento dos custos das prefeituras nos últimos anos, o que justifica alguns momen-tos de crise financeira em quase todos os Municípios.

Um fato relevante e preocupante para os Municípios é a retenção do FPM, que acontece em razão das dívidas previdenciárias, as quais são respaldadas por lei conforme exposto na seção 2 deste estudo. As retenções, entretanto, não são apenas oriundas da dívida previdenciária, existem outros tipos, como FGTS, BNDES e medidas provisórias. Contudo, o foco deste estudo são as re-tenções ocasionadas pela dívida previdenciária dos Municípios.

Os repasses são realizados, e em muitos casos completamente retidos, para pagamento da dívida conforme o extrato do FPM (Figura 1). A metodologia utilizada pela Confederação Nacio-nal de Municípios (CNM) tem como base os dados do Sistema de Informações do Banco do Brasil (SISBB), que consolida o extrato do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), atualizado até julho de 2018.

A seguir, visualiza-se o extrato de um Município que teve o FPM zerado em todos os decên-dios de julho de 2018.

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Figura 1 – Exemplo de extrato Banco Do Brasil

Nota-se que o extrato demonstra que o total dos lançamentos nos decêndios está zerado, pois o total de créditos e débitos possuem os mesmos valores, o que implica dizer que não há sal-do, todo o recurso que entrou foi debitado.

As rubricas descritas no extrato são exemplos de vários tipos de retenção que podem acontecer em razão das dívidas previdenciárias, conforme demonstrado abaixo:

• RFB-PREV-PARC53: Parcelamento especial da MP 589/Lei 12.810/2013.• RFB-PREV-OB COR: OBRIGAÇÃO CORRENTE – Valores declarados em GFIP referente

a competência do mês anterior.• RFB-PREV-OB DEV: Juros e Multas.• RFB-PREV-PARC60: Parcelamento simplificado e/ou ordinário – Lei 10.522/2002.

2 Legislação a respeito das retenções

A retenção do recurso funciona semelhantemente ao sistema de cheque especial em um banco, pois, a partir do momento que o recurso entra na conta, ele é automaticamente debitado. No que concerne aos descontos e retenções do FPM, podem ser retidos em razão da dívida pre-

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videnciária, conforme previsto no art. 3º, § 10, da Medida Provisória 2.129-6/2001. Segundo esse dispositivo, o Município autoriza em cláusula do acordo celebrado que, caso falte pagamento de débitos vencidos ou de prestações de acordos com parcelamento, haja a retenção do FPM e o re-passe ao INSS do valor correspondente à mora, por ocasião da primeira transferência que ocorrer após a comunicação da autarquia previdenciária ao Ministério da Fazenda.

A mesma medida provisória assinala que o Município autoriza no acordo a retenção do FPM e o repasse à autarquia previdenciária do valor correspondente às obrigações previdenciárias cor-rentes do mês anterior ao valor do recebimento do fundo, bem como a retenção pelas instituições financeiras de outras receitas municipais nelas depositadas e o repasse ao INSS do restante da dívida previdenciária apurada, na hipótese em que os recursos oriundos do FPM não sejam sufi-cientes para a quitação do parcelamento e das obrigações previdenciárias correntes.

2.1 Lei 13.485/2017

Em 2 de outubro de 2017, foi sancionada pelo presidente da República a Lei 13.485, que dispõe sobre o parcelamento de débitos com a Fazenda Nacional relativos às contribuições previ-denciárias de responsabilidade dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e sobre a revi-são da dívida previdenciária dos Municípios pelo Poder Executivo federal, dando continuidade ao parcelamento já previsto na MP 778/2017.

A lei prevê o parcelamento da dívida em 200 vezes, descontos em juros e multas e o encon-tro de contas. Com essa proposta, as prefeituras têm como ajustar as dívidas e amenizar o valor total retido do FPM.

3 FPM retido

Conforme pode ser visualizado no Gráfico 1, o valor do FPM retido por causa da dívida pre-videnciária vem aumentando ao longo dos anos. Entre 2013 e 2018, foram retidos pela Receita Fe-deral do Brasil (RFB) o total de R$ 38,90 bilhões.

Em 2018, entre os meses de janeiro ao terceiro decêndio de julho, dos R$ 68,15 bilhões que foram repassados para as contas municipais por meio do FPM (em valores nominais), 5,3% foram retidos pela Receita Federal em razão das dívidas previdenciária, ou seja, R$ 3,61 bilhões.

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Gráfico 1 – Valor do FPM retido – em bilhões de R$

*Valores de janeiro ao terceiro decêndio de julho

Fonte: Banco do Brasil. Estudo Técnicos/CNM.

3.1 Municípios com retenção

É importante citar que 4.223 Municípios tiveram o FPM retido de alguma forma, nos sete pri-meiros meses do ano, correspondente ao valor de R$ 3,61 bilhões, como mostra o Mapa 1.

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Mapa 1 – Municípios que tiveram o FPM retido em algum decêndio de 2018

Fonte: Banco do Brasil. Elaboração Estudo Técnicos/CNM.

É preciso ressaltar que existem casos de Municípios que tiveram um percentual maior re-tido, não necessariamente 100% do saldo. Nestes casos, os Municípios podem ter entre 70% e 100% do repasse retido. Durante o ano corrente, entre janeiro e julho, 1.426 Municípios tiveram en-tre 70% e 100% do FPM retido pela RFB.

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Gráfico 2 – Quantidade de Municípios que tiveram o FPM entre 70% e 100% retido

*Valores de janeiro ao terceiro decêndio de julho

Fonte: Banco do Brasil. Elaboração Estudo Técnicos/CNM.

Quanto aos repasses totalmente retidos, levantamento feito pela CNM demonstra que a quantidade de Municípios que tiveram, de janeiro a julho de 2018, pelo menos um repasse total-mente retido, corresponde a 13% do total dos 5.568 Municípios brasileiros.

Gráfico 3 – Quantidade de Municípios que tiveram pelo menos um FPM 100% zerado

*Valores de janeiro ao terceiro decêndio de julho

Fonte: Banco do Brasil. Elaboração Estudo Técnicos/CNM.

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Mapa 2 – Municípios que tiveram o FPM 100% zerado em 2018

Fonte: Banco do Brasil. Elaboração Estudo Técnicos/CNM.

4 O ano de 2018

Em relação ao porte, no ano de 2018, no período de janeiro a julho, 751 Municípios tiveram pelo menos um dos repasses do FPM totalmente zerado, conforme verificado no Gráfico 4. Os Mu-nicípios de pequeno porte são os mais atingidos pela retenção, o que é preocupante, uma vez que têm o FPM como principal fonte de receita.

Até julho de 2018, 663 Municípios de pequeno porte tiveram ao menos um dos repasses do FPM 100% retido. Em seguida, aparecem 59 Municípios de porte médio e 59 de grande porte na mesma situação.

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Gráfico 4 – Quantidade de Municípios que tiveram pelo menos 1 decêndio 100% zerado em 2018 – por porte

*Valores de janeiro ao terceiro decêndio de julho

Fonte: Banco do Brasil. Elaboração Estudo Técnicos/CNM.

Quando analisada a quantidade de Municípios que tiveram pelo menos um dos de-cêndios 100% zerado, considerando-se o período entre janeiro a julho, destacam-se quatro Esta-dos que apresentaram a maior quantidade nessa condição: Minas Gerais (91), São Paulo (70), Rio Grande do Norte (66) e Sergipe (57).

Gráfico 5 – Quantidade de Municípios que tiveram pelo menos 1 dos decêndios 100% zerado

*Valores de janeiro ao terceiro decêndio de julho de 2018.

Fonte: Banco do Brasil. Elaboração Estudo Técnicos/CNM.

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120 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

5 Conclusão

O estudo, que foi realizado com base nas informações disponibilizadas pelo Banco do Bra-sil, constatou que são muitos os Municípios atingidos pela retenção, o que dificulta sobremaneira o cumprimento das competências municipais.

Além do valor da dívida previdenciária municipal ser um fator preocupante, ressalta-se que os Municípios mais atingidos pela retenção são os de pequeno porte que dependem quase que exclusivamente dos repasses do FPM.

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12 PANORAMA DOS MUNICÍPIOS NA REDE SICONV

Estudos Técnicos/CNM – junho de 2018

1 Introdução

A Portaria Interministerial 424, de 30 de dezembro de 2016, que estabelece regras para transferência de recursos da União por meio de convênios e contratos de repasse a Estados e Mu-nicípios, regulamenta o Decreto 6.170, de 25 de julho de 2007 (alterado pelo Decreto 8.943, de 27 de dezembro de 2016). As leis de diretrizes orçamentárias e a Lei de Responsabilidade Fiscal também disciplinam a descentralização de recursos por meio de convênio e contrato de repasse.

A diferença básica entre os instrumentos é que nos convênios os recursos são transferidos diretamente da União para o Município, enquanto que no contrato de repasse a transferência é fei-ta por intermédio de instituições financeiras federais, que atuam como agentes da União. O con-trole desses instrumentos é feito pelo Sistema de Convênios (Siconv), criado em 2008 para admi-nistrar as transferências voluntárias de recursos da União.

O objetivo desse texto é dar um panorama geral sobre a situação dos convênios e contratos de repasse com dados fornecidos pela Rede Siconv no dia 13 de março de 2018.

2 Situação geral dos instrumentos nos Municípios Estudo feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra que, de 2008 até

março de 2018, foram 26.021 convênios e 71.375 contratos de repasse envolvendo a Administra-ção Pública Municipal que passaram pelo Siconv, totalizando 97.396 instrumentos e mais de R$ 49 bilhões.

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122 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Gráfico 1 – Total de instrumentos por ano (convênios x contrato de repasse)

Fonte: Siconv. Elaboração própria – CNM.

Tabela 1 – Valor global de instrumentos por ano – Em milhões de R$

ANO CONTRATO DE REPASSE

CONVÊNIO

2008 10,36 519,33 2009 4.487,53 2.735,55 2010 4.084,65 2.257,54 2011 2.890,42 1.466,37 2012 2.944,36 1.121,54 2013 6.564,05 1.828,61 2014 3.101,30 949,53 2015 2.325,97 936,71 2016 2.972,37 1.306,71 2017 4.546,53 2.524,80 Total 33.927,54 15.646,69

Fonte: Siconv. Elaboração própria – CNM.

Do total, os Estados com mais instrumentos são: São Paulo (12.290), Rio Grande do Sul (12.201), Minas Gerais (9.904) e Paraná (8.719).

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 123

Tabela 2 – Quantidade de instrumentos por Estado 2008-2018

UFCONTRATO DE

REPASSE CONVENIOQuantidade de Instrumentos

Valor Total dos Instrumentos

AC 451 841 1.292 684.256.143 AL 1.050 481 1.531 1.211.073.042 AM 233 569 802 871.564.471 AP 99 447 546 500.545.947 BA 4.033 1.620 5.653 3.212.580.286 CE 2.760 1.369 4.129 2.790.784.669 ES 1.711 371 2.082 902.378.004 GO 2.893 1.149 4.042 2.043.432.008 MA 1.771 874 2.645 1.822.169.637 MG 7.796 2.108 9.904 3.776.155.012 MS 1.265 722 1.987 1.128.087.125 MT 1.317 739 2.056 1.260.226.478 PA 971 768 1.739 1.278.079.604 PB 1.930 1.036 2.966 1.679.874.994 PE 1.674 877 2.551 3.011.658.771 PI 1.154 1.387 2.541 1.092.890.769 PR 6.854 1.865 8.719 3.025.210.324 RJ 1.964 677 2.641 2.193.102.593 RN 2.069 565 2.634 952.053.342 RO 786 1.472 2.258 965.719.863 RR 217 538 755 1.546.832.760 RS 10.591 1.610 12.201 3.911.059.954 SC 4.941 865 5.806 1.977.307.046 SE 1.212 228 1.440 770.113.523 SP 10.022 2.268 12.290 5.920.097.671 TO 1.611 575 2.186 1.046.972.509

Total 71.375 26.021 97.396 49.574.226.545 Fonte: Siconv. Elaboração própria – CNM.

OBTVA Ordem Bancária de Transferências Voluntárias (OBTV) começou a operar a partir de

2011, de acordo com o Decreto 7.641/2011, e são as minutas da ordem bancária de pagamento da despesa do convênio, termo de parceria ou contrato de repasse encaminhada virtualmente pe-lo Siconv ao Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), mediante autorização do ges-tor financeiro e do ordenador de despesa do convenente, ambos previamente cadastrados no Si-conv, para posterior envio, pelo próprio Siafi, à instituição bancária que efetuará o crédito na conta corrente do beneficiário final da despesa.

Do total de instrumentos analisados para Municípios, 50.204 operam em OBTV e outros 47.192 não operam.

Quantidade de adititivosO termo aditivo é o instrumento que tenha por objetivo a modificação do convênio já cele-

brado, vedada a alteração do objeto aprovado. Do total celebrado pelos Municípios, foram execu-tados 180.336 termos aditivos.

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124 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

¾ Situação geral dos instrumentosDe acordo com o Siconv são 16 categorias distintas em que o instrumento de repasse po-

de se encaixar.

Tabela 3 – Situação dos instrumentos de 2008 a 2018

Situação Convênio QuantidadeEm execução 35.824 Prestação de Contas Aprovada 35.139 Convênio Anulado 10.365 Aguardando Prestação de Contas 4.423 Prestação de Contas enviada para Análise 4.052 Prestação de Contas Aprovada com Ressalvas 2.702 Prestação de Contas em Análise 2.145 Prestação de Contas em Complementação 983 Prestação de Contas Rejeitada 786 Cancelado 393 Prestação de Contas Iniciada Por Antecipação 369 Inadimplente 145 Proposta/Plano de Trabalho Aprovado 59 Assinatura Pendente Registro TV Siafi 8 Proposta/Plano de Trabalho Complementado Enviado para Análise 1 Assinado 1 Sem informação 1

Fonte: Siconv. Elaboração própria – CNM.

Atualmente 35.824 estão em execução, ou 36,8% do total. Já 36%, ou 35.139 instrumentos, tiveram sua prestação de contas aprovada, estando finalizados ou em processo de finalização, en-quanto 786, ou 1%, tiveram a prestação de contas rejeitada.

Vale ressaltar alguns status pela sua importância na verificação da gestão dos instrumentos de repasse: é considerado cancelado quando houve inclusão indevida no Siconv; anulado quan-do houve decisão judicial a esse respeito e inadimplente quando o contratante ou convenente está em atraso com alguma documentação ou prestação de contas. As três categorias juntas somam 10.903 instrumentos, 11% do total.

A Tabela 4 mostra a sub situação dos 97.396 instrumentos.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 125

Tabela 4 – Subsituação dos instrumentos

SubSituação Conv QuantidadeSem sub situação 96.127 Em aditivação 402 Em ajuste do Plano de Trabalho 307 Em Prorrogação 247 Em processo de TCE 146 Em ajustes pelo convenente 135 Em ajuste pelo concedente 19 Em Complementação Prorroga 11 Em análise 1 Em Prorrogação e Em Processo de TCE 1 Em aditivação e Em Processo de TCE -

Fonte: Siconv. Elaboração própria – CNM.

¾ Situação contratação

Quanto à contração, pode-se perceber que 71,55%, ou 69.690 instrumentos, estão em si-tuação normal e 18.629, o que corresponde a 20%, estão com cláusula suspensiva, liminar judi-cial ou ambos.

Tabela 5 – Situação contratação

Situação Contratação QuantidadeNormal 69.690 Cláusula Suspensiva 18.629 Liminar Judicial 863 Sob Liminar Judicial e Cláusula Suspensiva 336 Sem informação 7.878

Fonte: Siconv. Elaboração própria – CNM.

São vários os motivos da suspensão, como problemas nos termos de referência, no licen-ciamento ambiental, na documentação, entre outros.

¾ Por órgão superiorOs Ministérios que mais celebraram convênios e/ou contrato de repasse foram: Ministério

das Cidades, com 25% do total, correspondendo a mais de R$ 11 bilhões e 24.501 instrumentos; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com 15.673 instrumentos e R$ 4 bilhões do total; e o Ministério do Turismo, com 14.662 instrumentos, 15% do total e mais de R$ 6 bilhões.

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126 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Tabela 6 – Total de Instrumentos por órgão superior de 2008 a 2018

Órgão Superior Quantidade Total

MINISTERIO DAS CIDADES 24.501 11.373.382.938,28 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUARIA E ABASTECIMENTO 15.652 4.024.305.787,20 MINISTERIO DO TURISMO 14.664 6.593.865.680,95 MINISTERIO DO ESPORTE 11.739 4.846.516.238,01 MINISTERIO DA SAUDE 9.588 6.973.778.706,74 MINISTERIO DA INTEGRACAO NACIONAL 5.239 3.553.037.972,72 MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL 4.069 1.295.801.412,01 MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO 3.018 1.659.079.402,65 MINISTERIO DA DEFESA 2.664 1.745.981.767,92 SEC.ESPEC.DE AGRIC.FAMIL.E DO DESENV.AGRARIO 2.175 564.138.114,23 MINISTERIO DA CULTURA 1.086 538.234.943,64 MINISTERIO DA JUSTICA 798 572.693.665,48 MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÕES E COMUNICAÇÕES 626 493.798.384,88 PRESIDENCIA DA REPÚBLICA 566 175.963.829,60 MINISTERIO DO DESENV,IND. E COMERCIO EXTERIOR 307 198.790.583,53 MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE 209 117.266.262,76 MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO 199 414.176.256,96 MINISTERIO DOS DIREITOS HUMANOS 110 31.924.530,41 MINISTERIO DO TRABALHO E PREVIDENCIA SOCIAL 103 97.652.193,67 MINISTERIO DA EDUCACAO 47 20.671.762,97 MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA 18 2.770.173,71 MINISTERIO DOS TRANSPORTES 17 197.545.216,24 MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA 1 200.000,00

Fonte: Siconv. Elaboração própria – CNM.

3 Emendas Parlamentares

¾ Situação geral dos instrumentos nos MunicípiosDe acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), as dotações orçamentárias desti-

nadas aos convênios e contratos de repasse podem ser alocadas no Orçamento Geral da União (OGU) por meio de emendas feitas por deputados federais ou senadores. Ao ser publicada a Lei do Orçamento, já haverá previsão dos recursos para a consecução do objeto proposto na emen-da. A liberação dar-se-á de acordo com o planejamento do Poder Executivo, observadas as dis-ponibilidades financeiras.

De acordo com o estudo da CNM, do total de instrumentos destinados aos Municípios, 44.823 foram feitos por emendas, correspondendo a 46% do total, mostrando a importância des-se tipo de recurso para a consecução dos objetos. Em termos monetários, foram mais de R$ 21 bilhões de 2008 a 2017.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 127

Gráfico 2 – Total de instrumentos e instrumentos com emendas feitos pela Administração Pública Municipal de 2008 a 2018

Fonte: Siconv. Elaboração própria – CNM.

Vale destacar que dos convênios e contratos de repasse feitos por emendas, 2.999 foram anulados, o que corresponde a 7% do total, muitos deles por problemas nos termos de referência, ou titularidade de área, ou nos projetos de engenharia. Tais problemas inviabilizam a execução do objeto da emenda e representam uma perda para os Munícipios.

Tabela 7 – Situação dos instrumentos com emendas de 2008 a 2018

Situação Convênio QuantidadeEm execução 23.170 Prestação de Contas Aprovada 13.708 Convênio Anulado 3.066 Aguardando Prestação de Contas 1.892 Prestação de Contas enviada para Análise 1.274 Prestação de Contas Aprovada com Ressalvas 631 Prestação de Contas em Análise 322 Prestação de Contas em Complementação 314 Prestação de Contas Iniciada Por Antecipação 279 Prestação de Contas Rejeitada 92 Proposta/Plano de Trabalho Aprovado 34 Cancelado 22 Inadimplente 12 Assinatura Pendente Registro TV Siafi 5 Assinado 1 Proposta/Plano de Trabalho Complementado Enviado para Análise - Sem Informação 1

Fonte: Siconv. Elaboração própria – CNM.

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128 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

¾ Por órgão superior Pela tabela abaixo pode-se perceber que o Ministério das Cidades foi o que mais fez emen-

das destinadas aos Municípios, representando 34% do total. Foram 15.360 instrumentos e mais de R$ 7 bilhões. Depois o Ministério da Agricultura, com 20% do total, 8.789 instrumentos e R$ 2,1 bi-lhões. Por fim, o do Turismo, com 4.855 instrumentos, 11% do total e mais de R$ 2,3 bilhões.

Tabela 8 – Total de instrumentos por órgão superior de 2008 a 2018

Órgão Superior Quantidade Valor de Repasse MINISTERIO DAS CIDADES 15.360 7.272.699.275 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUARIA E ABASTECIMENTO 8.789 2.134.271.817 MINISTERIO DO TURISMO 4.855 2.349.420.556 MINISTERIO DO ESPORTE 4.457 1.650.482.758 MINISTERIO DA SAUDE 3.241 2.837.777.892 MINISTERIO DA INTEGRACAO NACIONAL 2.249 1.265.028.812 MINISTERIO DA DEFESA 2.107 1.419.596.968 MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL 1.467 340.791.573 SEC.ESPEC.DE AGRIC.FAMIL.E DO DESENV.AGRARIO 985 255.588.689 MINISTERIO DA CULTURA 422 161.194.260 MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO 388 142.359.970 MINISTERIO DA JUSTICA 196 100.076.529 MINISTERIO DO DESENV,IND. E COMERCIO EXTERIOR 85 40.955.533 MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÕES E COMUNICAÇÕES 81 81.526.065 PRESIDENCIA DA REPÚBLICA 57 16.478.510 MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO 23 7.442.816 MINISTERIO DOS DIREITOS HUMANOS 22 7.393.298 MINISTERIO DO TRABALHO E PREVIDENCIA SOCIAL 20 8.384.219 MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE 17 26.284.342 MINISTERIO DOS TRANSPORTES 1 4.545.455 MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA 1 200.000 MINISTERIO DA EDUCACAO - - MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA - -

Fonte: Siconv. Elaboração própria – CNM.

Conclusão Esse estudo mostrou a situação da administração pública municipal na gestão de seus

convênios e contratos de repasse informadas pela Rede Siconv a partir de 2008. Percebe-se a im-portância de tais instrumentos na execução de obras e outros serviços. Pede-se que os gestores fiquem atentos aos trâmites de seus instrumentos quanto ao prazo e valores para que não sejam cancelados ou que entrem em processo de tomada de contas especial, melhorando a efetividade desse tipo de transferência.

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13 MENSURAÇÃO DOS RESTOS A PAGAR NÃO PROCESSADOS NOS MUNICÍPIOS

Estudos Técnicos/CNM – maio de 2018

1 Introdução

Os restos a pagar (RAP) são despesas empenhadas, mas não pagas até 31 de dezembro de cada ano. O conceito de restos a pagar tem relação com os estágios da despesa pública, que é realizada em fases:

• primeiro o empenho, que representa o primeiro estágio da despesa orçamentária. É re-gistrado no momento da contratação do serviço, aquisição do material ou bem, obra e amortização da dívida;

• depois vem a liquidação, quando o objeto do empenho (material, bens, serviços ou obras) contratado é efetivamente verificado pelo governo;

• por fim, temos o pagamento para todos os fornecedores. O pagamento consiste na en-trega de numerário ao credor e só pode ser efetuado após a regular liquidação da des-pesas.

Todas essas fases devem se completar dentro de um mesmo ano. Em linguagem orçamen-tária, devem acontecer no mesmo exercício.

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130 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Entretanto, alguma fase da despesa pode não ser concluída até o fim do ano do empenho. Quando isso acontece, temos dois cenários possíveis: a despesa pode ser simplesmente cance-lada no fim do exercício ou ser escrita em uma classificação de restos a pagar.

Ser classificada como restos a pagar é o que permite que a despesa continue a ser reali-zada no ano seguinte. Dependendo das fases que já tenham sido concluídas, essa despesa será escrita como restos a pagar processados ou restos a pagar não processados.

Agora imagine se a reforma da escola em seu Município foi totalmente concluída e verifica-da pelo governo, mas os fornecedores não receberam pagamento até o final do exercício. Nessa situação a despesa tem que ser escrita em restos a pagar processados, para que no ano seguinte os fornecedores possam receber do governo.

Para entender restos a pagar não processados, vamos imaginar que foi autorizada no orça-mento a construção de uma escola para o seu Município, entretanto nenhuma providência foi efe-tivamente tomada e a obra não foi iniciada. Nesse caso, a União pode decidir cancelar a despesa ou inscrevê-la em restos a pagar não processados.

NÃO PROCESSADOS

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 131

Outra situação é o caso de a obra ter sido iniciada, mas não liquidada (finalizada). Um exemplo é quando os materiais foram comprados, mas não foram entregues. Como a despesa não foi concluída, entra em restos a pagar não processados.

Gráfico 1 – Fluxograma de restos a pagar

Fonte: STN.

Quando o governo inscreve uma despesa em restos a pagar processados ou não proces-sados compromete o orçamento do exercício seguinte, pois faz com que haja despesas sendo fei-tas com recursos do novo exercício junto com despesas do exercício anterior. Assim, as receitas estimadas para os exercícios seguintes também são comprometidas, nos novos orçamentos, para a realização de novas despesas. Não sobram recursos para o pagamento daquelas despesas que tiverem sido inscritas em restos a pagar em montante superior às disponibilidades financeiras do final do exercício respectivo. Se nos exercícios seguintes tiver novamente a frustração da arreca-dação estimada, os resultados prováveis desse processo serão os seguintes:

• a inscrição de novas despesas em restos a pagar, também não suportadas por saldo de caixa, gerando um processo de contínuo crescimento dos compromissos não respalda-dos em arrecadação, ou seja, crescimento descontrolado de endividamento e compro-metimento das finanças públicas;

• a não execução das despesas autorizadas no orçamento corrente, para que sobrem recursos financeiros necessários ao pagamento das despesas do exercício anterior.

Portanto, quando você souber que o governo empenhou determinada quantia para a cons-trução de escolas, por exemplo, partes destes recursos pode ter sido para pagar despesas do exercício atual e parte pode ter sido de despesas inscritas em restos a pagar de anos anteriores.

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De acordo com o relatório publicado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) sobre os restos a pagar inscritos no Orçamento Geral da União (OGU) em 2018, o total é de R$ 155 bilhões, representando um aumento de R$ 6,8 bilhões (4,6%) em relação a 2017. O aumento do estoque de RAP em 2018 deve-se principalmente às novas inscrições, pois as reinscrições recuaram.

Trata-se, portanto, de crescimento dos RAPs decorrente de aumento do volume de despe-sas empenhadas em 2017 e não pagas no próprio ano, em comparação ao observado em 2016, conjugado com uma diminuição dos cancelamentos.

O baixo cancelamento pode ter dois significados: houve uma melhora na gestão, evitando--se o empenho das despesas que seriam canceladas, ou houve uma postergação dos cancela-mentos dos empenhos que ainda necessitam de avaliação por parte do governo federal, resultan-do no montante praticamente inalterado dos reinscritos em anos anteriores.

Tabela 1 – Comparação no volume restos a pagar inscritos e reinscritos – em bilhões de R$

Exercício Inscritos Reinscritos Total2016/2017 90,6 57,6 148,22017/2018 101,2 53,8 155,0Variação 10,6 -3,8 6,8Variação (%) 11,70% -6,60% 4,60%

Fonte: STN. Elaboração própria – CNM.

No caso dos Municípios, é importante avaliar os restos a pagar destinados a financiamento de investimentos feitos pela União. Muitos recursos são oriundos de convênios ou emendas parla-mentares, que seguem um cronograma de execução e pagamento e o atraso pode deixá-los em sérias dificuldades.

Como o valor dos RAPs é elevado e há o risco de cancelamento daqueles não processa-dos, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) promoveu uma pesquisa com as prefeituras para avaliar a real situação dos processos relativos a estes recursos. Os resultados da pesquisa são expostos da seguinte forma: na primeira parte, contextualiza-se a situação dos RAPs destina-dos aos Municípios em 2018. Depois, descreve-se a metodologia utilizada para os ajustes dos da-dos retirados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo federal e tam-bém a forma como a pesquisa foi realizada. Na terceira seção, é desenvolvida uma análise dos re-sultados da pesquisa. Por fim, é feita uma conclusão sobre o impacto dos restos a pagar da União na execução dos empenhos destinados à esfera municipal.

2 Restos a pagar 2018

A Confederação Nacional dos Municípios fez um levantamento, utilizando a base do Siafi, quanto ao total de RAPs relacionados a transferências de recursos aos Municípios. No início de 2018, a soma de repasses pendentes de realização ultrapassou R$ 37,1 bilhões, como pode ser

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 133

observado na Tabela 2. Desse total, os restos a pagar inscritos de outro exercício, somando os processados e não processados, é de R$ 22,05 bilhões.

Tabela 2 – Restos a pagar destinados aos Municípios

TOTAL RAP PROCESSADO

TOTAL RAP PROCESSADO

OUTROS EXERCÍCIOS

TOTAL RAP NÃO PROCESSADO

TOTAL RAP NÃO PROCESSADO

OUTROS EXERCÍCIOS

TOTAL RAP

287.434.130 1.497.085.786 14.770.921.497 20.559.763.600 37.115.205.013 Fonte: Siafi. Elaboração própria – CNM.

O Gráfico 2 mostra a evolução dos RAPs relacionados a transferências a Municípios ano a ano, e

pode-se observar uma queda de 2017 em relação a 2016. A explicação é que em 2017 houve uma grande

evolução dos pagamentos. Entretanto, em 2018 o montante voltou a crescer, ultrapassando o total observa-

do em 2016.

Tal aumento em 2018 foi causado principalmente pela inscrição de novos empenhos em restos a pa-

gar. Ainda que o pagamento em 2017 tenha sido grande, não foi suficiente para diminuir o grande estoque

do valor que o governo federal deve aos Municípios.

Gráfico 2 – Total de restos a pagar inscrito no exercício – em bilhões de R$

Fonte: Siafi. Elaboração própria – CNM.

Pode-se ver no Gráfico 3 a evolução e o comportamento do total de RAPs Não Processados de 2010 até 2018, evidenciando a grande quantidade de empenhos nesta situação.

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134 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Gráfico 3 – Total de restos a pagar não processados do exercício – em bilhões de R$

Fonte: Siafi. Elaboração própria – CNM.

3 Metodologia da pesquisa

A base de dados utilizada para dimensionar os RAPs que correm risco de cancelamento foi extraída do Siafi em janeiro de 2018, sendo considerados apenas os empenhos classificados nos restos a pagar não processados. Foi estabelecido que Municípios com grande número de RAPs teriam apenas os seus dois maiores analisados e que apenas empenhos de valor superior a R$ 100 mil seriam mantidos na amostra.

Entre 26 de março e 11 de maio de 2018, a CNM entrou em contato por meio de ligação te-lefônica com 2.131 Municípios, não incluídas as capitais, correspondendo a 38% do total de Muni-cípios brasileiros. Foram avaliados 3.518 empenhos do total de 9.274, correspondendo a mais de 37,9% do total da amostra. A pesquisa tinha como intuito averiguar a real situação do andamento desses empenhos com as autoridades municipais, mensurando as obras que já foram iniciadas mesmo sem o pagamento do governo federal.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 135

4 Resultados da Pesquisa

4.1 Resultado geral

Tabela 3 – Resultado consolidado da pesquisa

RAP Não Processado

Inscrito%

Concluída 1 29.388.1 05 6,1 %Não concluída 1 .025.1 20.568 48,6%

263.1 87.227 1 2,5%692.1 59.744 32,8%

2.1 09.855.645 1 00%

Total de RAP

Etapas

Iniciada 79%

Contratada 67%

Não iniciadaNão contratada

Total

Fonte: Elaboração própria – CNM.

O resultado da pesquisa dos RAPs não processados da União devidos a Municípios mos-tra que do total de obras pesquisadas, 67% já foram contratados. Dessas, 79% foram iniciadas e apenas 6,1% foram concluídas, representando R$ 129,3 milhões. As iniciadas e não concluídas somam R$ 1,0 bilhão, 48,6% da amostra, quase metade do total avaliado.

As obras contratadas e não iniciadas correspondem a R$ 263,18 milhões, 12,5% do total pesquisado. Já as não contratadas somam R$ 692,15 milhões, 32,8% do total.

Quanto às obras já iniciadas, a Tabela 4 mostra que 89,4% já foram medidas, o que corresponde a R$ 1,0 bilhão. Apenas 9,3% não foram medidas, e estas somam R$ 125,2 milhões. Para 24 obras não houve resposta, ou 1,3% da amostra.

Tabela 4 – Empenhos em situação iniciada – em R$

Situação Qtd % ValorMedida 1.650 89,4% 1.027.562.335,68 Não mediram 172 9,3% 125.176.673,48 Não responderam 24 1,3% 12.922.341,09 Total 1.846 100,0% 1.165.661.350,25

Fonte: Elaboração própria.

4.2 Emendas

Como retratado no Gráfico 4, a pesquisa identificou que a maioria dos RAPs é oriunda de emenda parlamentar – 58,8%. A soma das obras pesquisadas nesse caso chega a R$ 973,1 mi-lhões, como mostra o Gráfico 5. Isso demonstra a grande dependência dos Municípios brasileiros nessa modalidade de transferência de recursos para a execução de obras importantes.

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136 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Gráfico 4 – Despesas oriundas de emenda parlamentar

Fonte: Elaboração própria.

Gráfico 5 – Valores oriundos de Emenda Parlamentar

Fonte: Elaboração própria.

Observando o valor de obras realizadas com verbas de emendas por região, pode-se per-ceber que a região Sudeste é a campeã, com R$ 338,4 milhões, ou 34,78% do total. Em seguida vem o Sul com R$ 293,1 milhões, 30,12% do total. As demais regiões somam R$ 341,6 milhões e 35,11% do total.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 137

Tabela 5 – Empenhos oriundos de emenda parlamentar por região – em R$

Oriundo de Emenda Parlamentar

Não oriundo de Emenda Parlamentar

Não IdentificadoTotal

(Empenhos Avaliados)Norte 757.238.1 76,76 68.974.698,00 26.397.454,56 3.066.904,02 98.439.056,58 Nordeste 2.582.974.206,48 1 68.037.422,57 1 35.944.394,91 7.651 .601 ,65 31 1 .633.41 9,1 3 Sul 1 .048.826.548,39 293.059.41 5,91 467.838.552,54 23.498.351 ,1 7 784.396.31 9,62 Sudeste 2.088.446.653,94 338.452.805,21 399.252.553,43 60.021 .082,95 797.726.441 ,59 Centro Oeste 564.876.653,37 1 04.609.085,71 77.335.226,78 1 4.621 .779,52 1 96.566.092,01 Brasil 7.042.362.238,94 973.1 33.427,40 1 .1 06.768.1 82,22 1 08.859.71 9,31 2.1 88.761 .328,93

RegiãoValor Total dos

Empenhos

Empenhos Avaliados

Fonte: Elaboração própria – CNM.

5 Conclusão

Esse estudo teve como objetivo mensurar e avaliar a real situação dos empenhos inscri-tos em restos a pagar não processados que têm o provável cancelamento previsto para junho de 2018. A maior parte dos RAPs nessa situação já foi contratada (69%) e, desta, 79% já tiveram início. A pesquisa ainda mostra que apenas 6,1% dos empenhos contratados (67%) e iniciados (79%) já estão finalizados e só falta o pagamento. As não concluídas chegam a 48,6% com um va-lor superior a R$ 1,2 bilhão. O cancelamento representaria uma perda de recursos exclusivamen-te municipais.

A CNM observa a partir deste estudo que os Municípios possuem uma grande dependên-cia das emendas parlamentares para execução de obras importantes, totalizando R$ 973,1 mi-lhões. Tal fato é evidenciado na pesquisa, que mostrou que 58,8% dos empenhos pesquisados são oriundos de emenda parlamentar.

Muitos Municípios estão tendo de arcar com toda a despesa, pois não podem contar com o recurso federal prometido, mesmo depois de todo o oneroso processo burocrático para obter o convênio. Caso haja o cancelamento, ainda há a possibilidade de colocar em descrédito genera-lizado a política pública federal de interesse local.

Portanto, os resultados desta pesquisa realizada pela CNM indicam que o simples cancela-mento desses RAPs terá um impacto importante nos Municípios brasileiros, prejudicando a popu-lação local que precisa dessas obras, além de provocar desajustes nas finanças das prefeituras.

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138 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

14 COMPORTAMENTO DAS TRANSFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS EM 2017

Estudos Técnicos/CNM – maio de 2018

1 Introdução O Brasil é um país que utiliza transferências intergovernamentais para tentar manter a qua-

lidade do setor público e o equilíbrio fiscal. As transferências constitucionais são aquelas que ga-rantem a distribuição de recursos provenientes da arrecadação de tributos federais ou estaduais, aos Estados, Distrito Federal e Municípios, com base em dispositivos constitucionais. Essas trans-ferências têm como objetivo melhorar a redistribuição regional, desvincular de negociações polí-ticas o montante e o critério de partilha e ainda promover incentivo à responsabilidade fiscal e à gestão eficiente de recursos pelos Entes subnacionais, uma vez que os critérios de partilha já es-tão predefinidos.

O presente estudo tem por objetivo analisar as transferências constitucionais destinadas aos Municípios, seus impactos e variação ano a ano. O acompanhamento pelo gestor pode ser fei-to na área Portal de Transferências Constitucionais no site da CNM.

Dentre as principais transferências da União para os Municípios, previstas na Constituição, destacam-se:

• Fundo de Participação dos Municípios (FPM); • Fundo de Compensação pela Exportação de Produtos Industrializados (FPEX); • Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos

Profissionais da Educação (Fundeb); • Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR); e• Royalties (FEP, ANP, PEA, CFH, CFM).

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2 Fundo de Participação dos Municípios (FPM)

O FPM consiste em uma modalidade de transferência constitucional de recursos financei-ros da União para os Municípios, prevista na Constituição Federal no art. 159, inc. I, alínea “b”. É constituído de 22,5% da arrecadação líquida do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produ-tos Industrializados (IPI). A distribuição dos recursos é feita de acordo com o número de habitan-tes no Município, sendo fixadas faixas populacionais representadas por um coeficiente individual.

Em 2007 foi aprovada a Emenda Constitucional 55, que altera o art. 159 da Constituição Fe-deral, aumentando para 23,5% a entrega de recursos pela União ao Fundo de Participação dos Municípios. Foi definido que o recurso extra de 1% da arrecadação será entregue no primeiro de-cêndio do mês de dezembro de cada ano.

Em 2014, a Emenda Constitucional 84 elevou em 1% o repasse aos Municípios e assim au-mentou para 24,5% a composição do FPM. Foi estipulado que o repasse extra deverá ser entregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano, consistindo no 1% do valor da arrecadação do IPI e do IR, contabilizado entre o início de julho de 2016 até o final de junho de 2017.

2.1 Previsão governo federal: Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias

O governo federal divulga a cada bimestre os Relatórios de Avaliação Fiscal de Receitas e Despesas Primárias com a finalidade de acompanhar os parâmetros econômicos. Assim, é possí-vel observar o comportamento do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industriali-zados (IPI) e retirar a parte destinada ao FPM ao longo do ano de 2017. O último relatório analisa-do neste estudo foi disponibilizado em novembro de 2017, com a finalização do quinto bimestre, no qual foram reavaliadas as estimativas de receitas e despesas primárias do governo federal, ob-servando a arrecadação primária e as despesas realizadas até o mês de outubro de 2017. Foram seis avaliações realizadas ao longo de 2017 e todas encontram-se disponibilizadas no Ministério do Planejamento.

As estimativas para o FPM são divulgadas na Proposta Orçamentária da União (PLOA), no Orçamento Geral da União aprovado (OGU) e nas revisões de receitas dos decretos de progra-mação financeira, ao longo do ano. Em 2017, a previsão inicial do governo para o fundo era de R$ 97,626 bilhões. Quando a PLOA foi sancionada o valor subiu para R$ 99,240 bilhões, consistindo em um aumento de 1,65%. No final do ano, o valor total repassado foi de R$ 95,074 bilhões, repre-sentando uma queda de 4,20%.

Diante de das estimativas, os Municípios conseguem fazer sua programação financeira pa-ra o ano. Com as informações desses relatórios, os Entes municipais fazem seus respectivos or-çamentos, nos quais as prefeituras definem os parâmetros econômicos da sua administração, as reestimativas de receitas e despesas e distribuição de eventual corte em despesas. Contudo, as

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constantes reestimativas prejudicam a organização financeira dos Municípios, como pode ser vis-to no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Previsões para o FPM de 2017 – Governo federal (em milhões de R$)

Fonte: Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do Ministério do Planejamento. Elaboração própria – CNM.

Nota: valores brutos e nominais.

Na primeira avaliação bimestral do ano de 2017, as receitas e despesas primárias referen-tes à previsão para o FPM de 2017 eram de R$ 96,071 bilhões, na última avaliação disponibilizada foram de R$ 94,113 bilhões, ou seja, houve uma queda de 2,04%.

2.2 Comparativo dos valores nominais do FPM

Em 2017, o repasse bruto do Fundo de Participação dos Municípios foi de R$ 95,074 bi-lhões, sem considerar os efeitos da inflação. Em comparação com os valores nominais de 2016, houve uma queda de 3,24% do FPM, ou de R$ 3,185 bilhões.

Tal queda do FPM de 2017 em relação ao do ano anterior foi ocasionada pelos efeitos da Lei 13.254/2016, que dispõe sobre o Regime Especial de Regularização Cambial (RERCT), popu-larmente conhecida como a Lei da Repatriação, a partir da qual os brasileiros e estrangeiros do-miciliados no Brasil passaram a ter a chance de regularizar a declaração de recursos obtidos de forma lícita aplicados fora do país.

O montante da repatriação de 2016 foi de R$ 10,244 bilhões, mas apenas R$ 358,4 milhões em 2017. Em 2016 a repatriação foi repassada aos Municípios nos meses de novembro (R$ 4,683 bilhões) e dezembro (R$ 5,561 bilhões), de forma que em tais meses há queda abrupta na com-paração entre 2016 e 2017, chegando aos patamares de 42% e 37,29%, como pode ser observa-do na Tabela 1.

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Tabela 1 – Repasse do FPM em valores brutos nominais

2016 2017Janeiro 7.098.068.469,61 7.618.627.118,03 7,33%Fevereiro 8.885.755.482,66 9.766.874.933,74 9,92%Março 5.397.373.211,06 6.119.545.608,99 13,38%Abril 6.416.317.591,21 7.373.012.009,00 14,91%Maio 8.532.153.675,45 8.363.409.575,25 -1,98%Junho 7.048.941.162,50 7.708.686.153,01 9,36%Julho 5.110.565.033,98 5.953.608.609,40 16,50%1% Jul 2.705.774.738,88 3.999.492.029,02 47,81%Agosto 6.337.809.025,56 6.752.102.913,65 6,54%Setembro 5.153.904.949,05 5.669.492.258,29 10,00%Outubro 6.256.299.458,85 6.425.152.934,73 2,70%Novembro 11.414.530.354,59 6.608.719.751,28 -42,10%Dezembro 14.095.289.492,08 8.839.072.823,95 -37,29%1% Dez 3.807.362.317,38 3.876.475.530,25 1,82%Total 98.260.144.963 95.074.272.249 -3,24%

Repasse do FPM - Valor Bruto - Nominal

MêsCresc.

(2016/2017)

Fonte: Dep. de Estudos Técnicos - Dados nominais

Ano

Valores COM Repatriação

Se os repasses da repatriação de 2016 não fossem considerados na série histórica, o FPM de 2016 teria fechado o ano em R$ 88,015 bilhões, e em 2017 o FPM teria sido de R$ 94,715 bi-lhões, consistindo em um crescimento de 7,61%.

É importante ressaltar que não há previsão para próximas rodadas de Repatriação, e assim o que aconteceu em 2016 e 2017 poderá não ocorrer em 2018. Dessa forma, é primordial que os gestores municipais não criem expectativas quanto a essa fonte de recursos.

3 Fundo de Auxílio Financeiro para Fomento das Exportações (FEX)

O FEX é um recurso entregues aos Estados, Municípios e Distrito Federal com o objetivo de fomentar o esforço exportador. Os coeficientes de repartição do FEX para os Estados e Distrito Fe-deral são definidos anualmente no âmbito do Confaz, órgão que congrega todas as secretarias de Fazenda dos Estados, incluídos no respectivo documento legal de liberação de recursos.

A divisão do montante devido a cada UF vem sendo mantida em 75% para o Estado e 25% para seus Municípios. Para os Municípios, os coeficientes individuais de repartição são os mes-mos vigentes para o rateio do ICMS. Cabe ao Tesouro Nacional, em cumprimento aos dispositivos constitucionais, efetuar a transferência desse recurso aos Entes federados, nos prazos legalmen-te estabelecidos.

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O sistema de compensações se desprendeu da ideia inicial de repassar montantes de acordo com a atividade exportadora de cada Unidade da Federação. Com isso, os valores e a for-ma de distribuição são definidos no embate político todos os anos. O repasse do FEX, por sua vez, também não sofre alterações desde 2009, tendo o montante anual de R$ 1,9 bilhão para Estados e Municípios, além de sofrer atrasos constantes em seu pagamento. Para dificultar ainda mais o planejamento financeiro dos gestores estaduais e municipais, o FEX tem os seus coeficientes de distribuição alterados a cada ano na MP que o regulamenta.

O suporte financeiro às exportações de um país é uma das constantes preocupações dos governos, em razão da importância do mercado internacional e do crescimento econômico via ex-portações, que também movimenta a economia local e regional com a geração de empregos e criação de rede de fornecedores. Assim, o governo tem um papel bastante importante no campo de estímulo às exportações, que vão desde melhorias nas políticas comerciais, na infraestrutura e no sistema tributário.

Hoje o FEX não é impositivo, o governo paga se puder e se quiser. Essa situação configu-ra uma dificuldade, pois os Municípios brasileiros e os Estados também ficam à espera desse re-torno.

Como pode ser visto no Gráfico 2, a parcela do FEX é constante, o valor pago em 2014 era referente ao ano de 2013. O valor de 2015 era o valor de 2014. Sempre há esse defasagem. Em 2016 o governo colocou em dia o recurso, ou seja, pagou de uma vez o ano anterior e o ano cor-rente. Todos os anos, o Congresso Nacional tem de aprovar matéria para garantir o repasse da verba, que é uma compensação financeira da União aos Estados exportadores, por conta da isen-ção dada no Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) dos produtos e serviços, destina-dos à exportação, pela Lei Kandir.

Gráfico 2 – FEX de 2014 a 2017

Fonte: Transferências Constitucionais da STN. Elaboração própria – CNM.

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3.1 Informações Relevantes

I – Incidem sobre os repasses do FEX desconto/retenção de 1% referente ao Pasep, que vale tanto para as transferências para Estados e DF como para Municípios.

II – Não há vinculação específica para a aplicação desses recursos do FEX. III – Os critérios para a distribuição dos recursos do FEX são conduzidos no âmbito do Con-

faz, com a participação de representantes de todas as Sefaz. Normalmente até março, o Conselho envia à STN um ofício comunicando os coeficientes de partilha acordados para aquele exercício. Conforme a época definida para a liberação de recursos, a STN prepara um Projeto de Medida Provisória ou um Projeto de Lei a ser encaminhado às instâncias competentes, no qual incorpora os coeficientes informados pelo Confaz.

IV – Não há retenção do Fundeb sobre o FEX. V – Os recursos do FEX podem ser retidos, em princípio sim, pois a liberação de recursos

está sujeita à prestação de informações pelas UFs sobre a efetiva manutenção e aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores à exportação (a que se refere o art. 155, § 2º, inc. X, alínea “a”, da Constituição Federal). Entretanto, a real obrigatorieda-de dessa prestação de informações fica definida do texto da respectiva normal legal de entrega do auxílio.

4 Imposto Territorial Rural (ITR)

A Emenda Constitucional 42/2003 – com regulamentação da Lei 11.250/2005 e edição do Decreto 6.433 de 15 de abril de 2008 e suas alterações, assim como a Instrução Normativa RFB 1640/2016 – tornou possível, aos Municípios que desejarem, efetuarem o convênio com União por intermédio da Receita Federal do Brasil (RFB). O referido convênio tem como finalidade permitir aos Municípios exercerem a fiscalização, a arrecadação e a cobrança dos créditos tributários do Imposto Territorial Rural (ITR). Essa atividade proporciona ao Município conveniado a arrecadação total do tributo incidente nos imóveis rurais localizados em seu território. O Decreto 6.433/08 insti-tuiu o Comitê Gestor do Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural (CGITR), órgão de compe-tência para administrar, operacionalizar e gerir a opção efetuada pelos Municípios. Também por meio do CGITR a Confederação Nacional de Municípios (CNM) defende os interesses dos Entes conveniados e atua para que a gestora do convênio (RFB) cumpra também os requisitos estabe-lecidos na legislação.

4.1 Conhecendo o convênio

A Instrução Normativa RFB 1640/2016 dispõe sobre a celebração de convênio entre a RFB, em nome da União, o Distrito Federal e os Municípios para delegação das atribuições definidas

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como uma norma complementar proveniente de decretos ou leis que atendam as exigências da Constituição Federal.

Para aderir ao convênio com a RFB, o Município deverá observar o art. 7º da IN RFB 1640/2016, que determina que previamente à celebração do convênio o Município deve possuir estrutura tecnológica e quadro efetivo de servidores com atribuição de lançamento de créditos tri-butários aprovados em concurso público. O não preenchimento dos requisitos impossibilita o Ente municipal de realizar a protocolização, que é a intenção em aderir o convênio.

Com relação aos Entes conveniados, a não comprovação dos requisitos contidos no art. 10º em consonância com art. 25 da IN RFB 1640/16 poderá ocasionar penalidades como denúncia do convênio, perda da arrecadação, além de possíveis auditorias por órgãos como Tribunais de Con-tas Estaduais (TCE) e Ministérios Público (MP). Para ambos os casos, além de todos os documen-tos mencionados anteriormente, os Municípios deverão entregar à RFB o Instrumento de Convênio, que pauta a delegação e as atribuições de fiscalização e cobrança do ITR.

Ainda sobre as atribuições do Município em relação à fiscalização do imposto, destacam--se aquelas contidas no art. 17º da IN RFB 1640/2016, sendo:

• informar os valores de terra nua por hectare (VTN/ha), para fins de atualização do Siste-ma de Preços de Terras (SIPT) da RFB; e

• cumprir as metas mínimas de fiscalização definidas pela RFB, observadas em resolu-ções do CGITR.

Prevista no art. 19 da IN, a denúncia poderá ocorrer a critério dos convenentes mediante comunicação escrita, ou pela RFB, que fará automaticamente quando o conveniado descumprir, além dos requisitos previstos no art. 7º, o que preceitua o art. 20 da IN, que resumidamente são a não habilitação dos servidores e o não atendimento das metas mínimas de fiscalização.

Sobre o total da receita, serão retidos 1% para o cumprimento da obrigação incidente na receita corrente líquida referente ao Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) e 20% referentes ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Devem ainda ser observadas as vedações previstas no inc. IV do art. 167, bem como as destinações constitucionais anotadas nos arts. 198 e 212, todos da CF, combinada com o art. 77 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias.

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Gráfico 3 – Participação na arrecadação dos Municípios conveniados

Fonte: Receita Federal do Brasil. Elaboração própria – CNM.

Até maio de 2016, mais de 2.100 Municípios já haviam optado pela realização do convênio com a RFB e consequentemente tornaram-se responsáveis pela fiscalização. Esse número foi in-terrompido com uma revisão dos convênios. O objetivo desse procedimento era regularizar todos Entes conveniados de acordo com a IN RFB 1640/2016, além de eliminar as chances de lança-mentos de créditos tributários por servidores sem a devida competência legal.

Gráfico 4 - Arrecadação Mensal ITR – 5 anos

Fonte: Receita Federal do Brasil.

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4.2 - Valor da terra Nua por hectare – VTN/ha

A apuração do VTN/ha é uma das obrigatoriedades do convênio do ITR. Esse procedimento possui legislação específica, encontra-se na IN RFB 1562/1015 e deve ser seguido rigorosamente pelo Ente municipal. Ressalta-se que o Município não poderá legislar sobre o tributo, logo, qual-quer ato normativo que venha fixar o VTN/ha é inconstitucional, ficando o convênio sujeito a denún-cia e a perda da arrecadação.

A informação do VTN/ha para a Receita Federal tem duas finalidades. A primeira é a manu-tenção do Sistema de Preços de Terra (SIPT) – por meio desse dado é criado um dos parâmetros de malha fiscal –, e a segunda serve de base aos responsáveis das propriedades rurais no preen-chimento da Declaração do ITR, chamada de DITR. É preciso lembrar que a informação deve ser encaminhada à RFB anualmente conforme modelo anexo da Instrução Normativa até o último dia útil de julho, e a divulgação aos contribuintes deve ocorrer a partir da entrega do documento à RFB.

4.3 – Fiscalização do ITR

A RFB disponibilizou em 2013 o Portal do ITR: http://portalitr.receita.fazenda.gov.br. Essa ferramenta é utilizada apenas por servidores com atribuição de lançamento de créditos tributários após participação em treinamento específico da RFB. Se aprovado, o servidor deverá solicitar ha-bilitação à Receita Federal e possuir uma certificação digital válida.

As atividades de maior demanda pelos servidores que utilizam o Portal do ITR consistem em emitir os termos de intimação, termos de constatação e as notificações de lançamentos, bem como acertar e/ou liberar as declarações dentro do sistema com base nas documentações apre-sentadas pelos contribuintes e em conformidade com os critérios estabelecido pela RFB. O fisco municipal deve efetuar o procedimento em consonância com o art. 11 do Decreto 70.235/1972, ou seja, a documentação deverá ser assinada pelo servidor público municipal ocupante do cargo de responsável do órgão expedidor ou quem este autorizar.

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Tabela 2 – Ranking maiores arrecadações de 2017Class Municípios Data de Opção Arrecadação Líquida Class Municípios Data de Opção Arrecadação Líquida

1º Corumbá/MS 29/11/2008 8.892.590,16 11º Campo Grande/MS 26/01/2009 6.271.938,03

2º São Desidério/BA 09/06/2009 8.859.615,16 12º Morro Agudo/sp 16/12/2008 5.914.190,69

3º Ribas do Rio Pardo/MS 18/11/2008 8.531.546,12 13º Três Lagoas/MS 21/10/2008 5.850.096,73

4º Maracaju/MS 30/10/2008 8.233.854,46 14º Aquidauana/MS 11/11/2008 5.512.954,14

5º Rio Brilhante/MS 14/11/2008 7.820.264,03 15º Jataí/GO 29/01/2009 5.401.049,73

6º Ponta Porã/MS 07/11/2008 7.391.692,18 16º Nova Andradinha/MS 29/01/2009 5.379.606,26

7º Rio Verde/GO 30/01/2009 6.501.138,40 17º Campo Novo do Parecis/MT 30/01/2009 5.341.868,51

8º Água Azul do Norte/PA 05/04/2010 6.445.347,32 18º Sorriso/MT 29/01/2009 5.122.530,92

9º Formoso do Rio Preto/BA 06/07/2009 6.366.979,07 19º Alegrete/RS 27/01/2009 5.097.096,53

10º Água Clara/MS 19/12/2009 6.335.296,61 20º Chapadão do Sul/MS 07/11/2008 4.966.180,57

Fonte: Receita Federal do Brasil. Elaboração própria – CNM.

5 Lei Kandir

O auxílio financeiro consiste em compensação às unidades federativas pelas perdas da Lei Kandir, que desonerou o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) das expor-tações. Considerando o caráter eventual do FEX, para que o repasse seja realizado aos Estados, Distrito Federal e Municípios é necessária a aprovação de lei pelo Congresso Nacional. Pela última aprovada (Lei 13.572/2017), que liberou recursos relativos ao exercício de 2017, a União repassou aos Entes o montante de R$ 1,9 bilhão, sendo que para os Municípios foram creditados R$ 477,6 milhões. A entrega do recurso pode, ainda, diferentemente do estabelecido acima, ocorrer na for-ma fixada pela Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda (STN/MF), sendo possível a antecipação de parcelas, desde que observada a isonomia.

As parcelas pertencentes a cada Estado, incluídas as parcelas de seus Municípios, e ao Distrito Federal serão proporcionais aos coeficientes individuais de participação. Do total que ca-be a cada Estado, a União entregará diretamente ao próprio Estado 75% e aos seus Municípios, 25%. O rateio entre os Municípios das parcelas, por sua vez, obedecerá aos coeficientes indivi-duais de participação na distribuição da parcela do ICMS dos respectivos Estados, aplicados no exercício do ano anterior.

Com valores definidos ano a ano, o auxílio aos Estados e Municípios é prestado anualmente em decorrência da Lei Kandir. Em vigor desde o fim dos anos 1990, a lei isentou de ICMS as ex-portações de produtos não industrializados, sob o argumento de que nenhum país pode exportar tributos.

Como o ICMS é administrado pelos Estados e tem 25% da arrecadação partilhada com os Municípios, o governo federal compromete-se a repor as perdas todos os anos. Os principais Es-tados impactados pela Lei Kandir são os grandes exportadores de produtos agropecuários. Entre eles, estão Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Paraná.

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5.1 A lei

A Lei Kandir isenta da incidência do ICMS as exportações de produtos primários e semie-laborados, ou seja, não industrializados. Até 2003, a lei garantiu aos Estados e seus respectivos Municípios exportadores o repasse de valores para compensar perdas decorrentes da isenção do imposto, mas, a partir de 2004, a Lei Complementar 115/2002, embora mantendo o direito de re-passe, deixou de fixar o valor. Com isso, é preciso negociar a cada ano com o Executivo o mon-tante a ser repassado, mediante recursos alocados no Orçamento da União.

A lei determina ainda que uma lei complementar normatize os repasses para compensar os Estados com a perda da arrecadação tributária sobre a exportação de produtos e serviços. Essa norma, no entanto, ainda não foi regulamentada pelo Congresso. Por isso, em novembro de 2016, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o Parlamento aprove, em 12 meses, a lei com essa compensação.

5.2 Fiscalização

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o Congresso Nacional aprove uma no-va regulamentação a Lei Kandir. Se não for cumprida, o Tribunal de Contas da União (TCU) ficará responsável por fazer os cálculos da compensação. Diante disso, a Consultoria do Senado Fede-ral entende que o prazo para a regulamentação seja até julho de 2018.

6 As transferências com os royalties

Os recursos dos royalties foram criados, inicialmente, como uma forma de compensação aos Entes federados “atingidos” pela produção, ou seja, deveriam fazer frente às necessidades estruturais criadas pela indústria de exploração. Os Municípios do país recebem royalties de vá-rios tipos, a saber: royalties de petróleo e gás natural (ANP); Participação Especial de petróleo e gás natural (PEA); royalties de Itaipu – recursos hídricos (ITA); Compensação Financeira de recur-sos hídricos (CFH); e Compensação Financeira de recursos minerais (CFM) e Fundo Especial do Petróleo (FEP).

A Constituição brasileira estabelece, no art. 20, que as jazidas de petróleo são bens da União – esta têm direito à maioria absoluta dos royalties do petróleo –, mas que Estados e Municí-pios têm o direito de participar dos lucros da atividade, recebendo royalties e compensações. No caso do petróleo, os royalties são cobrados das concessionárias que exploram a matéria-prima, de acordo com sua quantidade. O valor arrecadado fica com o poder público.

Na prática, são duas as leis ordinárias que definem qual fatia das rendas do petróleo cabe a cada Ente da federação e como devem ser distribuídas: a Lei 7.990/1989 e a Lei 9.478/1997. A Lei 7.990/1989 estabelece as regras de distribuição referentes à primeira parcela de 5% dos royal-ties, enquanto a Lei 9.478/1998 trata das regras de distribuição da parcela excedente (acima de

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5%) e da participação especial. Para cada uma dessas cobranças, existe uma diferente regra de repartição, que também varia se a produção é em terra ou mar. Em média, a União fica com 39,4% das receitas de royalties e participações especiais; os Estados, com 33,8%; e os Municípios, com 26,8%. Os critérios utilizados para determinar o direito de um Estado ou Município receber royal-ties são bastante complexos e têm sofrido alterações ao longo do tempo.

As receitas com os royalties são classificadas em “Transferências Indenizatórias”. No Bra-sil, são cobrados royalties dos produtores de recursos minerais, sobre a exploração de recursos hídricos com fins de produção de energia elétrica e dos produtores de petróleo. No caso, reco-nhece-se também que a quantidade desses recursos é finita, que um dia esgotar-se-ão, de ma-neira que os Entes federativos devem ser ressarcidos no presente por uma riqueza que acabará no futuro.

7 Fundo Especial do Petróleo (FEP)

É o nome que a Lei 7.453/1985 deu à fatia dos royalties de mar que é distribuída por inter-médio do FPM e do FPE a todos os Municípios e Estados. Esse fundo é formado por 10% da ar-recadação proveniente da alíquota básica de 5% e 8% da arrecadação da alíquota excedente de até 5%. Desse total, 80% são destinados a todos os Municípios do país exatamente pelo mesmo critério do FPM e 20% são repartidos pelo FPE. Contraditoriamente, os recursos arrecadados com a participação especial do petróleo, que constitui uma espécie de imposto de renda sobre o lucro do setor petrolífero e hoje rende mais do que os próprios royalties, não são destinados ao fundo especial. Com isso, o porcentual médio dos royalties destinados a todos os Municípios do país é de apenas 3%, embora a fatia deles sobre o bolo chegue a 26,8%, como se verá a seguir, com o detalhamento das regras de distribuição.

7.1 Regras de distribuição

Considerando o conjunto das receitas de royalties e participações especiais, pode-se dizer que existem cinco diferentes blocos sobre os quais se aplicam regras de distribuição diversas. No caso dos royalties, essas regras dependem se a produção é em mar ou terra e são diferentes para a alíquota básica de 5% e para a alíquota acima de 5%. Apenas a participação especial tem uma regra única para produção em mar ou terra. Desse modo, vamos dividir a apresentação das re-gras em cinco partes: I) royalties de terra – parcela de 5%; II) royalties de terra – acima de 5%; III) royalties de mar – parcela de 5%; IV) royalties de mar – acima de 5%; e V) Participação especial. O porcentual de cada uma dessas partes reservado aos Municípios é diferente, como também é diferente o critério de distribuição e os beneficiados por cada uma delas.

O governo federal transferiu aos cofres municipais entre os anos de 2014 a 2017 o valor de R$ 3,863 bilhões, referentes ao FEP, segundo os dados da Secretaria do Tesouro Nacional. O montante do FEP em 2011 foi de R$ 1,184 bilhões, e, em 2017, o valor repassado foi de apenas R$

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1,012 bilhão. Essa queda é explicada porque nos últimos anos houve um excesso de oferta. Em junho de 2014, o barril tipo Brent era negociado a US$ 115. Em janeiro de 2015, a commodity foi negociada abaixo de US$ 50, terminando o ano em US$ 37 o barril.

A queda da cotação internacional diminui a arrecadação dos royalties sobre a produção, afetando a receita das prefeituras e Estados produtores. A perda de receita com royalties contri-buiu para o agravamento da crise financeiras nos Municípios.

Gráfico 5 – Royalties Fundo Especial do Petróleo de 2014 a 2017

Fonte: Transferências Constitucionais da STN. Elaboração própria.

Depois de dois anos de crise, o petróleo voltou a levar recursos ao caixa dos Municípios, mas ainda assim abaixo do transferido em 2014. Em 2017, os recursos distribuídos para o poder público municipal como compensação financeira pela exploração da commodity cresceram 31% em relação a 2016.

8 Cota-Parte Especial dos Royalties pela Produção de Petróleo e Gás Natural (PEA)

A participação especial é uma das formas de compensar os Estados e Municípios produ-tores com recursos da exploração, ou seja, é uma compensação extraordinária paga aos Entes onde se localizam campos de grande volume de produção. Apenas Municípios de oito Estados recebem seu recurso.

A participação especial ocorre quando o volume de óleo em um campo é muito grande ou tem perspectivas de grande rentabilidade. Em vez de serem cobradas sobre o valor da produção, as participações especiais são cobradas sobre o lucro líquido que a empresa petrolífera tem na produção trimestral em determinado campo.

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Gráfico 6 – Royalties Participação Especial de 2014 a 2017

Fonte: Transferências Constitucionais da STN. Elaboração própria – CNM.

Quarenta por cento dos recursos da participação especial são transferidos ao Ministério de Minas e Energia. Do total recebido pelo ministério, 70% são destinados ao financiamento de estu-dos e serviços de geologia e geofísica para a prospecção de combustíveis fósseis; 15% vão para o custeio dos estudos de planejamento da expansão do sistema energético; e 15% de outras pes-quisas geológicas no território nacional. Dos recursos restantes, 10% são destinados ao Ministério do Meio Ambiente; 40% ficam com os Estados produtores ou próximos à plataforma continental onde a produção ocorrer; e 10% com os Municípios produtores ou localizados nas áreas próximas à área de produção de petróleo.

Os pagamentos são efetuados para a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) até o último dia do mês seguinte àquele em que ocorreu a produção. A STN repassa os royalties aos beneficiários com base em cálculos efetuados pela ANP.

9 Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFM)

A Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais é uma contraprestação pela utilização econômica dos recursos minerais em seus respectivos territórios, isto é, ela é uma contrapartida da empresa exploradora aos Municípios, Estados e União pela exploração dos mi-nerais. Foi estabelecida pela Constituição de 1988, na qual segue trecho abaixo:

Art. 20, § 1º – É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no re-sultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de ge-ração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plata-forma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação finan-ceira por essa exploração.

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152 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

O Brasil é um dos poucos países que repassa os royalties para o Município produtor, sendo este aquele onde ocorre a extração da substância mineral. Caso a extração abranja mais de um Município, é observada a proporcionalidade da produção efetivamente ocorrida em cada um de-les. Assim, por ser o Município o Ente que fica com a maior parcela da compensação, ele é a parte mais interessada na sua distribuição.

Atualmente 2.562 Municípios brasileiros recebem a Compensação Financeira pela Explora-ção de Recursos Minerais. Entre 2014 a 2017, os Municípios receberam desses royalties R$ 4,449 bilhões. Em 2017 o valor repassado foi de R$ 1,160 bilhões, um recuo de 2,57% em relação ao ano anterior.

Gráfico 7 – Royalties de Recursos Minerais de 2014 a 2017

Fonte: Transferências Constitucionais da STN. Elaboração própria - CNM.

O fato gerador da compensação financeira é a saída por venda do produto mineral das áreas da jazida, mina, salina ou outros depósitos minerais. Ainda, a utilização, a transformação in-dustrial do produto mineral ou mesmo o seu consumo por parte do minerador.

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Mapa 1– Municípios que recebem Compensação Financeira de recursos minerais (CFM)

Fonte: Transferências Constitucionais da STN. Elaboração própria.

Em recente alteração na Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, a distribuição dos recursos da CFM

passou a considerar os Municípios afetados pela atividade de mineração, que passaram a ficar com 15%

do repasse. Aos Municípios onde ocorre a produção mineral ficou reservado 60%, aos Estados 15%. Os ou-

tros 10% são divididos da seguinte forma: 7% para a entidade reguladora do setor de mineração, 1% para

o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), 1,8% para o Centro de Tecnologia

Mineral (Cetem), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e 0,2% para o

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

10 Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos para Geração de Energia Elétrica (Royalties/CFH)

A Compensação Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos para Fins de Geração de Energia Elétrica é o percentual pago pelas concessionárias ao poder público referente à quan-

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tidade de energia elétrica em kilowatts/hora (KWh) produzida mensalmente. A transferência atual-mente é feita para 711 Municípios de mais de 20 Estados e o Distrito Federal. Os valores são arre-cadados por mais de 100 empresas pagadoras, responsáveis por 185 usinas hidrelétricas e 195 reservatórios.

O repasse da Compensação de Recursos Hídricos (CFH) pela geração de energia elétrica foi de R$ 648 milhões em 2017, ou seja, uma queda de 13,79% em relação ao ano anterior. Os Mu-nicípios recebem esse dinheiro porque estão localizados em áreas de influência dos reservatórios das hidrelétricas da empresa e órgãos da administração direta da União.

Gráfico 8 – Royalties de Recursos Hídricos de 2014 a 2017

Fonte: Transferências Constitucionais da STN. Elaboração própria – CNM.

A Compensação Financeira é calculada mensalmente com base na energia gerada das usinas. Por isso os valores variam mês a mês. A energia gerada em cada usina não é definida pe-la própria empresa. Quem diz quanto e quando gerar é o Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS), que considera a demanda de energia e as condições hidrológicas de cada região.

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Mapa 2 – Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos para Geração de Energia Elétrica

Fonte: Transferências Constitucionais da STN. Elaboração própria – CNM.

Recentemente a regra de distribuição da CFH para Estados e Municípios foi alterada em função da

Lei 13.661, de 8 de maio de 2018. A nova lei aumentou o repasse destinado aos Municípios de 45% para

65%. A distribuição para os Estados também mudou, passando de 45% para 25%.

No Brasil, de acordo com a Lei dos Royalties, a distribuição da compensação financeira é feita da

seguinte forma: Municípios ficam com 45% da arrecadação, enquanto outros 45% vão para os Estados. O

percentual de 10% da compensação que cabe à União é dividido entre o Ministério de Meio Ambiente, Re-

cursos Hídricos e Amazônia Legal (3%); o Ministério de Minas e Energia (3%) e para o Fundo Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (4%), administrado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. O per-

centual de 0,75% é repassado ao MMA para a aplicação na implementação da Política Nacional de Recur-

sos Hídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

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156 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

11 Tratado de Itaipu (Royalties/ITA)

Essa compensação é feita aos Estados e Municípios que tiveram áreas alagadas por causa da construção de usinas hidrelétricas. Por outro lado, a receita auferida pelo Município pode cau-sar um impacto no seu comportamento financeiro, proporcionando mais bem-estar à sua popula-ção ou causando uma dependência do Município sobre estes recursos. Esse recurso é repassado a apenas 348 Municípios de seis Estados brasileiros.

A utilização de recursos hídricos para produção de energia elétrica repassou para os Mu-nicípios em 2014 R$ 265,3 milhões em royalties, segundo a STN. Esse valor vem crescendo ano a ano. Em 2017 o repasse foi de R$ 397,6 milhões, ou seja um crescimento de quase 50%, como pode ser visto no gráfico.

Gráfico 9– Royalties de Itaipu de 2014 a 2017

Fonte: Transferências Constitucionais da STN. Elaboração própria – CNM.

Os Recursos Hídricos são repassados aos Municípios pelas instalações de usinas com o objetivo da exploração de energia elétrica e distribuição para todo território nacional e alguns in-ternacionais. Os beneficiários desses recursos não são só os Municípios onde são instaladas as usinas, mas também para alguns Municípios que de alguma forma sejam atingidos pela sua ins-talação.

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Mapa 3 – Royalties de Itaipu – Recursos Hídricos (ITA)

Fonte: Transferências Constitucionais da STN. Elaboração própria – CNM.

Os governos brasileiro e paraguaio recebem uma compensação financeira, denominada royalties, pela utilização do potencial hidráulico do Rio Paraná para a produção de energia elé-trica na Itaipu. Os chamados royalties são pagos mensalmente desde que a Itaipu começou a comercializar energia, em março de 1985. O pagamento é feito conforme o Anexo C do Tratado de Itaipu (a parte do tratado que estabelece as bases financeiras), assinado em 26 de abril de 1973.

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15 O PAGAMENTO DO 13º SALÁRIO PELOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS EM 2018

Estudos Técnicos/CNM – dezembro de 2018

1 Introdução

A chegada do final do ano traz aos gestores municipais mais um desafio: o pagamento do 13º salário

dos funcionários públicos. Chamado de gratificação natalina para os trabalhadores pela Lei 4.090/1962, o

13º salário corresponde a 1/12 avos da remuneração do trabalhador por mês trabalhado; já o parcelamento do mesmo é facultado pela legislação. Em caso de parcelamento, a parcela de seu adiantamento (metade do salário recebido pelo empregado no mês anterior caso o mesmo tenha trabalhado 12 meses completos) deve ser paga em uma só vez, até o último dia de novembro. A segunda parcela é o montante residual, descontadas as contribuições previdenciárias e tributos, e deve ser paga no mês de dezembro.

Essa gratificação dobra o gasto com pessoal das prefeituras nos meses finais de cada ano e tem efeitos consideráveis na economia no período em que é paga. Para mensurar a realidade dos Municípios no que tange ao pagamento do 13º salário, a Confederação Nacional de Municí-pios (CNM) desenvolveu uma pesquisa nacional sobre o tema. O presente estudo busca analisar os resultados desta pesquisa bem como extrapolar os resultados obtidos para todos os Municí-pios do país.

O estudo contará com cinco seções além desta. A próxima seção descreve a metodologia utilizada na realização da pesquisa. Na terceira seção, os resultados da pesquisa passam a ser evidenciados, descrevendo os principais pontos para a amostra atingida. A quarta seção compara os resultados de 2018 com os anos anteriores, ao apresentar as séries históricas. Por fim, a penúl-tima seção traz uma conclusão dos dados apresentados seguida por uma seção de anexos com o formulário utilizado e as tabelas para os Estados que ilustram os percentuais de Municípios que atrasarão pagamentos.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 159

2 Metodologia

Para diagnosticar a situação dos Municípios brasileiros com relação ao pagamento do 13º salário no ano corrente, a CNM fez uma pesquisa com as prefeituras municipais de todo o país. A pesquisa foi iniciada em 19 de novembro de 2018, concluída em 11 de dezembro do mesmo ano e realizada por manifestação espontânea.

Neste período, a CNM visou a abranger os 5.568 municípios brasileiros, obtendo sucesso com 81,9%, ou seja, 4.559 cidades. Para evitar desvio de dados entre Estados com maior ou me-nor quantidade de Municípios, optou-se pela não definição de uma amostra estatística com um percentual de Municípios de cada Estado.

Houve tentativa de contato telefônico com todos os Municípios do país. Para os gestores que não responderam pelo telefone, o formulário foi disponibilizado em diferentes canais para o recebimento da informação. Foram aceitas respostas por fax, e-mail, correspondência e pela in-ternet. Além disso, a CNM manteve uma equipe de suporte da área de Assessoria Técnica e o do Setor de Pesquisas para o preenchimento dos formulários. A Tabela 1 informa a quantidade de Municípios entrevistados por Estado e o percentual de retorno da pesquisa.

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160 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Tabela 1 – Distribuição dos resultados por Estado da Federação

UF Estado Municípios Respostas % Respostas FaltamAC Acre 22 12 54,5% 10 AL Alagoas 102 46 45,1% 56 AM Amazonas 62 30 48,4% 32 AP Amapá 16 11 68,8% 5 BA Bahia 417 312 74,8% 105 CE Ceará 184 119 64,7% 65 ES Espírito Santo 78 72 92,3% 6 GO Goiás 246 235 95,5% 11 MA Maranhão 217 59 27,2% 158 MG Minas Gerais 853 786 92,1% 67 MS Mato Grosso do Sul 79 78 98,7% 1 MT Mato Grosso 141 135 95,7% 6 PA Pará 144 67 46,5% 77 PB Paraíba 223 134 60,1% 89 PE Pernambuco 184 171 92,9% 13 PI Piauí 224 107 47,8% 117 PR Paraná 399 393 98,5% 6 RJ Rio de Janeiro 92 67 72,8% 25 RN Rio Grande do Norte 167 116 69,5% 51 RO Rondônia 52 44 84,6% 8 RR Roraima 15 5 33,3% 10 RS Rio Grande do Sul 497 497 100,0% - SC Santa Catarina 295 294 99,7% 1 SE Sergipe 75 30 40,0% 45 SP São Paulo 645 625 96,9% 20 TO Tocantins 139 114 82,0% 25 BR Brasil 5.568 4.559 81,9% 1.009

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

A pesquisa foi composta por onze questões, com enfoque na crise financeira enfrentada pelos Municípios nos últimos anos. O formulário questionava, inicialmente, se o repasse extra de 1% do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), realizado um dia antes do repasse do pri-meiro decêndio de dezembro, ajudará no custeio do 13º salário. A segunda pergunta buscava di-mensionar a realidade do pagamento de salários do funcionalismo municipal, questionando se os salários estão em dia. Em seguida foi questionado qual é o regime de trabalho dos funcionários municipais: celetistas, estatutários e outros. A quarta pergunta referiu-se à pontualidade do paga-mento dos salários do mês de dezembro. A quinta tinha como o tema o parcelamento ou não do pagamento da gratificação natalina. A sexta questionou se a prefeitura deixará restos a pagar para o próximo ano. A sétima foi a respeito dos atrasos no pagamento de fornecedores. A oitava buscou informação sobre o percentual de gasto com pessoal da última folha de pagamento em relação à receita corrente líquida (RCL). A nona pergunta questionou a capacidade do Município de fechar as contas deste ano. A décima pergunta questionou quais atitudes foram realizadas para se ade-quar ao cenário da crise financeira. A décima primeira e última questão foi sobre obras paradas.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 161

Os diversos resultados apurados na pesquisa são tratados nas próximas seções e o formu-lário na íntegra está disponível no Anexo I deste texto. Diante disso, a próxima seção aborda, ques-tão por questão, os valores obtidos como resultado da aplicação dos formulários.

3 Os resultados

De acordo com a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) do Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Finanças do Brasil (Finbra), o pagamento do 13º salário aos mais de 6 milhões de funcionários municipais irá representar uma injeção adicional de recur-sos na economia de R$ 22,8 bilhões neste fim de ano. Esse montante irá ajudar no aquecimento da economia brasileira no período. A média de remuneração dos servidores municipais no país é de R$ 3.753. É possível visualizar na Tabela 2 que os Municípios do Estado de São Paulo terão o maior gasto total do país: R$ 5,7 bilhões.

Tabela 2 – Estimativa do 13º salário para os Municípios por UF

UF Estimativa do 13º Nº de servidores Média (R$) UF Estimativa do 13º Nº de servidores Média (R$)

AC 62.698.440 19.793 3.168 PE 913.390.397 271.762 3.361AL 329.699.069 129.757 2.541 PI 335.782.529 114.349 2.936AM 326.263.263 116.928 2.790 PR 1.342.491.160 335.295 4.004

AP 57.162.480 20.223 2.827 RJ 2.345.984.283 421.548 5.565

BA 1.323.999.511 505.771 2.618 RN 336.915.017 126.933 2.654

CE 853.984.867 314.239 2.718 RO 172.600.365 54.133 3.188

ES 423.389.319 140.701 3.009 RR 49.336.588 17.337 2.846

GO 785.503.296 209.965 3.741 RS 1.523.885.485 305.608 4.986

MA 601.318.503 300.181 2.003 SC 919.412.609 217.965 4.218

MG 2.153.977.391 669.340 3.218 SE 239.086.740 73.309 3.261

MS 393.097.663 91.027 4.318 SP 5.715.496.804 996.874 5.733

MT 391.575.460 109.589 3.573 TO 161.715.025 63.248 2.557

PA 686.764.313 296.971 2.313PB 425.413.595 170.850 2.490Fonte: Finbra 2017 e Munic (IBGE). Elaboração própria CNM.

Total 22.870.944.173 6.093.696 3.753

A pesquisa realizada pela CNM atingiu 4.559 Municípios e, destes, 4.193 (92%) responde-ram que os recursos referentes ao repasse de 1% extra do FPM ajudam a pagar a gratificação na-talina. Apenas 298 (6,5 %) Municípios acreditam que tal repasse não auxilia no pagamento do 13º salário e isso pode ser vislumbrado no Gráfico 1.

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162 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Gráfico 1 – O recurso oriundo do 1% do FPM vai ajudar no pagamento do 13º salário?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Sobre a pontualidade das prefeituras quanto ao pagamento dos salários do funcionalismo municipal, 4.144 ou 90,9% dos Municípios responderam que as remunerações dos funcionários municipais estão sendo pagas em dia.

Gráfico 2 – O salário do funcionalismo municipal está em dia?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Os funcionários públicos municipais são majoritariamente estatutários, 3.986, e 1.740 são regidos pela Consolidação de Leis Trabalhistas (CLT). Tais dados podem ser vistos no Gráfico 3.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 163

Gráfico 3 – Qual o regime de trabalho dos servidores?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Quando questionados sobre a possibilidade de atraso dos salários do mês de dezembro de 2018, 3.491 (76,6%) Municípios responderam que efetuarão o pagamento em dia e 705 (15,5%) atrasarão os pagamentos do funcionalismo público municipal. Esses valores podem ser vistos no Gráfico 4.

Gráfico 4 – A folha de pagamento do mês de dezembro

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

A gratificação natalina pode ser paga em parcela única ou em duas parcelas. Dos 4.559 Municípios pesquisados, 51,7% declararam-se optantes do pagamento em parcela única e têm até o dia 20 de dezembro para fazê-lo. Outros 46,9% afirmaram que efetuarão o pagamento em

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164 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

duas parcelas: a primeira paga até 30 de novembro e a segunda até 20 de dezembro. Os 1,4% restantes não responderam o questionamento.

Gráfico 5 – A forma de pagamento do 13º salário

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Neste ano, dos 2.358 Municípios que responderam que fazem a opção do pagamento único, 19,8%

disseram que já pagaram seus servidores, 71,0% realizarão o pagamento no dia 20, enquanto 7,9% de-

clararam que terão dificuldades em honrar este compromisso. Os outros 1,3% não responderam a essa pergunta.

Gráfico 6 – Pagamento da parcela única do 13º salário

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Dos 2.138 Municípios que responderam que efetuariam o pagamento em duas parcelas, 92% Municípios já pagaram a primeira parcela. Os gestores municipais que acreditam que vão pa-gar a primeira parcela até 20 de dezembro representa 5,1% dos Municípios entrevistados.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 165

Gráfico 7 – Pagamento da primeira parcela do 13º salário

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Em relação à segunda parcela, que tem prazo estabelecido para pagamento até 20 de dezembro,

86,9% declararam que irão pagar até a data fixada, 3,4% já realizaram o pagamento e os outros 8,9%

disseram que não terão condições de honrar o prazo. Os demais 0,8% não responderam essa questão do formulário, conforme evidencia o Gráfico 8.

Gráfico 8 – Pagamento da segunda parcela do 13º salário

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

O problema dos Restos a Pagar (RAP) vem aumentando ano a ano nas prefeituras. Como podemos

ver no gráfico abaixo, 3.105 Municípios irão deixar RAP para o próximo ano, o que corresponde a 68,1%

dos pesquisados. Já aqueles que não vão deixar RAP são 1.173 ou 25,7%. Os demais 3,9% não sabe e depende de receitas extras.

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166 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Gráfico 9 – Irá deixar Restos a Pagar para o próximo ano?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

No cenário enfrentado pelos Municípios, uma das soluções encontradas para não ocorrer o atraso

da folha de pagamentos do pessoal é a postergação dos pagamentos de fornecedores. Dos 4.559 Municí-

pios que responderam o questionário, 50,2% afirmaram que estão com pagamentos de fornecedores atra-

sados, 47,7% não estão e 2,0% não responderam a essa pergunta.

Gráfico 10 – Está com atraso no pagamento de fornecedores?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Com o intuito de controlar os gastos com pessoal e encargos sociais, a Lei de Responsa-bilidade Fiscal definiu os limites que os Municípios devem respeitar com tais gastos em relação à receita corrente líquida (RCL). Dos 4.559 Municípios pesquisados, 4.063 ou 89,1% estão com o li-mite do gasto com pessoal sob controle, até 60% da RCL.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 167

Gráfico 11 – Qual é o percentual de gasto com pessoal?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Ao serem questionados sobre a capacidade de fechar as contas do presente ano, 2.733 (59,9%) responderam que conseguirão, enquanto que 1.444 (31,7%) afirmaram não ser possível.

Gráfico 12 – O Município conseguirá fechar as contas deste ano?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

Para enfrentar a crise financeira, algumas medidas tornaram-se necessárias, como redução do quadro de pessoal e corte nos gastos de custeio. Entre as opções elencadas no Gráfico 13, a atitude que os Municípios mais adotaram foi redução das despesas de custeio, seguida da redu-ção de cargos comissionados e no quadro de funcionários.

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168 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

Gráfico 13 – Quais atitudes foram tomadas para se adequar à crise?

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

4 Série histórica

Ao comparar os resultados da pesquisa de 2018 com os resultados obtidos nas pesquisas anteriores, pode-se perceber um aumento no atraso do pagamento da parcela única do 13º salá-rio em relação a 2017.

Gráfico 14 – Atraso do pagamento da parcela única do 13º salário

Fonte: Elaboração Própria – CNM.

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Estudos Técnicos CNM – Volume 10 169

Com relação ao atraso do pagamento da primeira parcela do 13º salário, pode-se perceber um aumento em relação ao ano anterior, pois em 2017 a proporção dos Municípios que declara-ram o atraso foi 1,9% e passou para 2,7 % em 2018.

Gráfico 15 – Atraso do pagamento da primeira parcela do 13º salário

Fonte: Elaboração Própria – CNM

A situação do pagamento da segunda parcela do 13% salário é consideravelmente mais dramática, de forma que 8,5% dos Municípios declararam que irão atrasar o pagamento em 2018, frente a 9,0% de 2017.

Gráfico 16 – Atraso do pagamento da segunda parcela do 13º salário

Fonte: Elaboração Própria – CNM

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170 Estudos Técnicos CNM – Volume 10

5 Conclusão

A pesquisa realizada cumpriu o objetivo de dimensionar a relação dos Municípios e o com-promisso financeiro destes com seus funcionários. Foi possível perceber a tendência maior de postergação do pagamento do 13º salário, pois o percentual de Municípios que optaram a pagar em parcela única caiu nos últimos anos. Isso denota uma necessidade de maior prazo para os gestores municipais buscarem recurso e evitarem atrasos em pagamentos.

Outro ponto alarmante é o crescimento do percentual de Municípios que declararam que atrasarão o pagamento da gratificação natalina. Tanto para o pagamento da parcela única quanto para o pagamento das duas parcelas, os gestores municipais atrasarão em percentuais maiores que nos últimos anos, como evidenciado no corpo do estudo.

Os aspectos destacados só reforçam a existência de uma crise financeira generalizada no Ente federado menos favorecido no atual modelo de pacto federativo. O aumento das responsabi-lidades dos Municípios, agregado à alta dependência financeira das transferências de outros En-tes, colocou as prefeituras em dificuldade financeira no último ano. Esse cenário impacta direta-mente o pagamento da gratificação natalina aos servidores públicos municipais.

6 Anexos

ANEXO I: Pesquisa sobre o pagamento do 13º salário

1. O 1% de aumento do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) vai ajudar no paga-mento do 13º Salário?

Sim

Não

2. O salário do funcionalismo municipal está em dia? Sim

Não

3. Qual é o regime de trabalho dos servidores? CLT Estatutário (Funcionário Público) Outros

4. A folha de pagamento do mês de dezembro: Será paga em dia Vai atrasar

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5. Qual a forma de pagamento do 13º salário? Parcela única Parcelado

Caso parcela única, ou parcelado, quanto à 1º parcela: Já pagou Vai pagar até 20 de dezembro Vai atrasar

Quanto à 2º parcela: Já pagou Vai pagar até 20 de dezembro Vai atrasar

6. A prefeitura irá deixar restos a pagar para o próximo ano? Sim

Não

7. Seu Município está com atraso no pagamento de fornecedores? Sim

Não

8. Qual é o percentual gasto com pessoal da última folha de pagamento?

9. O seu Município conseguirá fechar as contas deste ano? Sim

Não

10. Para se adequar à crise o senhor tomou algumas destas atitudes? Redução no quadro de funcionários Desativação de veículos Desativação de equipamentos Alteração do horário de expediente dos órgãos municipais Redução de despesas de custeio Redução de salários dos Prefeitos e Vereadores Redução de Cargos Comissionados A prestação de serviços tem sido suspensa ex: coleta de lixo

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