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MINISTÉRIO DAS TELECOMUNICAÇÕES E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO Lei Nº......../2019 Sobre a Lei de Bases dos Serviços Postais O Governo de Angola, estabeleceu de entre os seus objectivos, organizar e regulamentar o sector das Telecomunicações e tecnologias de Informação e os Serviços Postais. De entre as medidas estruturantes com vista à concretização desse objectivo, destaca-se quatro a saber: A preparação de uma Lei de Bases dos Serviços Postais; A criação de uma Empresa Pública de Correios; A concessão a um operador do serviço público de Telecomunicações de forma a garantir a adequada regulação e supervisão deste sector; A criação de uma Autoridade Reguladora das Comunicações (INACOM). O presente decreto-lei destina-se precisamente a concretizar a primeira das acções referidas. O sector dos serviços postais contribui, de modo significativo, para promoção e crescimento da economia do país e para o desenvolvimento social, ao garantir aos cidadãos o acesso às comunicações e à informação através de uma multiplicidade de meios, corrigindo as assimetrias regionais e atenuando o isolamento geográfico das populações. A legislação aplicável ao sector deve ser adaptada, promovendo uma reforma legislativa adequada à realidade actual de Angola, cujo objectivo essencial é, propor um lado a construção, a reabilitação e o desenvolvimento de infra-estruturas no território nacional e, por outro lado, a prestação de um conjunto de serviços postais à generalidade da população com qualidade e a preços acessíveis, devendo estar previstas condições específicas que permitam a viabilidade da operação. 1

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MINISTÉRIO DAS TELECOMUNICAÇÕES E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO

Lei Nº......../2019

Sobre a Lei de Bases dos Serviços Postais

O Governo de Angola, estabeleceu de entre os seus objectivos, organizar e regulamentar o sector das Telecomunicações e tecnologias de Informação e os Serviços Postais.

De entre as medidas estruturantes com vista à concretização desse objectivo, destaca-se quatro a saber:

A preparação de uma Lei de Bases dos Serviços Postais; A criação de uma Empresa Pública de Correios; A concessão a um operador do serviço público de Telecomunicações de

forma a garantir a adequada regulação e supervisão deste sector; A criação de uma Autoridade Reguladora das Comunicações (INACOM).

O presente decreto-lei destina-se precisamente a concretizar a primeira das acções referidas.

O sector dos serviços postais contribui, de modo significativo, para promoção e crescimento da economia do país e para o desenvolvimento social, ao garantir aos cidadãos o acesso às comunicações e à informação através de uma multiplicidade de meios, corrigindo as assimetrias regionais e atenuando o isolamento geográfico das populações.

A legislação aplicável ao sector deve ser adaptada, promovendo uma reforma legislativa adequada à realidade actual de Angola, cujo objectivo essencial é, propor um lado a construção, a reabilitação e o desenvolvimento de infra-estruturas no território nacional e, por outro lado, a prestação de um conjunto de serviços postais à generalidade da população com qualidade e a preços acessíveis, devendo estar previstas condições específicas que permitam a viabilidade da operação.

O sector das comunicações será alargado a novos serviços tecnologicamente cada vez mais avançados, cabendo ao Governo promover as condições de acesso aos mesmos a um número cada vez maior de utilizadores e, simultaneamente, intervir ao nível da coordenação e tutela do sector dos serviços postais e garantir o respeito pelos princípios ora proclamados.

Assim, o Governo decreta, nos termos do artigo 161º da Constituição na alínea b), o seguinte:

Lei de Base dos Serviços Postais1

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CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Artigo1.ºObjecto e âmbito

O presente decreto-lei tem por objecto a definição das bases gerais a que obedecerá o estabelecimento, a gestão e a exploração de serviços postais em todo o território nacional, bem como os serviços internacionais com origem ou destino no território nacional.

Artigo 2.ºDefinições

1. Serviço Postal - entende-se a actividade que integra as operações de aceitação, tratamento, transporte e distribuição de envios postais, bem como a exploração de serviços financeiros, e telegráficos;

2. Código de endereçamento Postal - conjunto de números, ou letras e números, gerados segundo determinada lógica, que identifiquem um local.

3. Objectos de Correspondência — a comunicação escrita num suporte físico de qualquer natureza devidamente acondicionado a ser transportada pelos correios e entregue no endereço indicado pelo remetente. Constituem objectos de correspondência os seguintes:

Bilhete Postal — o cartão aberto, aceite e expedido pelo correio nos formatos, dimensões e condições estabelecidas pelo Regulamento de Execução do Serviço de Correspondência;Carta — o objecto escrito com carácter actual e pessoal;

a) Cecograma — objecto de correspondência impresso em relevo ou carta cecográfica depositada aberta e os clichés com carácter cecográfico, bem como todo o material impresso para uso dos cegos;

b) Impresso — reprodução obtida em vários exemplares idênticos por processo mecânico litográfico, tipográfico ou outro, sobre papel, cartão ou quaisquer materiais de uso habitual nas tipografias c laboratórios fotográficos que compreenda a utilização de uma matriz, molde ou negativo;

c) Pacote Postal — o objecto contendo pequenas quantidades de mercadorias com ou sem valor comercial com o limite de peso de 2 quilogramas.

3. Para efeitos do número anterior, entende-se por envio postal um objecto endereçado na forma definitiva obedecendo às especificações físicas que permitam o seu tratamento na rede postal. 3.1. Constitui serviço postal relativo a valores:

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a) Remessa de dinheiro através de carta com valor declarado;

b) Remessa de ordem de pagamento por meio de vale-postal;

c) Recebimento de tributos, prestações, contribuições e obrigações pagáveis à vista, por via postal.

3.2. Constitui serviço postal relativo a encomendas a remessa e entrega de objetos, com ou sem valor mercantil, por via postal.

3.3. São actividades correlatas ao serviço postal:

a) - Venda de selos, peças filatélicas, cupões resposta internacionais, impressos e papéis para correspondência;

b) - Venda de publicações divulgando regulamentos, normas, tarifas, listas de código de endereçamento e outros assuntos referentes ao serviço postal.

c) - Exploração de publicidade comercial em objetos de correspondência.

(Parágrafo único) - A inserção de propaganda e a comercialização de publicidade nos formulários de uso no serviço postal, bem como nas listas de código de endereçamento postal, e privativa da empresa exploradora do serviço postal.

4. Entende-se por:

a) Envio de correspondência – comunicação escrita num suporte físico de qualquer natureza e destinada a ser transportada e entregue no endereço indicado no próprio objecto ou no seu invólucro, incluindo a publicidade endereçada, livros, catálogos, jornais e outras publicações periódicas;

b) Encomendas postais – pequenos volumes contendo mercadorias ou objectos com ou sem valor comercial, cujo peso não exceda os 20 kg.

c) Envios registados – os envios postais com garantia de indemnização de valor monetário fixo contra os riscos de extravio, furto, roubo ou deterioração e que fornece ao remetente, a seu pedido, uma prova do depósito e ou da sua entrega ao destinatário;

d) Envios com valor declarado – os envios postais com garantia de indemnização do valor monetário do conteúdo até ao montante declarado pelo remetente, em caso de extravio, furto, roubo ou deterioração;

e) Publicidade endereçada – os envios de correspondência com mensagem idêntica que se enviam a um número significativo de destinatários exclusivamente com fins publicitários, de marketing ou de divulgação;

f) Serviços Postais Internacionais – os serviços postais recebidos de um terceiro estado ou a ele destinados, com origem em Angola;

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g) Vales postais – ordens de pagamentos especiais que permitem efectuar transferências de fundos;

h) Centros de trocas de documentos – locais onde os utilizadores podem proceder à Auto distribuição através de uma troca mútua de envios postais, dispondo de caixas próprias, devendo os utilizadores, para esse efeito, formar um grupo de aderentes, mediante a assinatura desse serviço.

i) Administração Postal — o órgão governamental a quem compete propor, coordenar e assegurar a execução da política nacional no domínio postal;

j) Agente Postal — todo o trabalhador integrado nos correios de maneira estável, encarregado de executar um ou mais dos serviços postais;

k) Autoridade Postal — o Ministro encarregado das Comunicações Postais e todo o trabalhador da Administração Postal a quem ele tenha conferido poderes para exercer funções que nos termos da presente lei compete à respectiva administração;

l) Cliente — qualquer pessoa singular ou colectiva beneficiária de uma prestação de serviços postais enquanto remetente ou destinatário;

m) Correios — o termo que designa o organismo ou empresa, encarregue oficialmente de executar os serviços postais;

n) Correio Electrónico — um serviço que utiliza a vias das telecomunicações para transmitir, em conformidade com o original e em alguns segundos, mensagens recebidas do remetente e entregues ao destinatário, sob forma física ou electrónica;

o) Estação de Correio — as instalações utilizadas para a recepção, distribuição, triagem, acondicionamento e expedição dos objectos postais. bem como para prestar serviços financeiros postais e telegráficos;

p) Mensagem Postal — uma comunicação postal que não pode ser encaminhada fisicamente;

r) Objecto Postal — carta, bilhete postal, jornal, livro, documento, brochura, pacote postal, encomenda, embalagem ou qualquer objecto que pode ser transportado pelo correio;

s) Operador Postal Público — a entidade pública à quem o Estado confere poderes para prestar os serviços postais;

4. Operador Postal Privado — qualquer pessoa jurídica de direito privado, autorizada a prestar serviços postais;

5. Órgão Regulador — o órgão incumbido pela Autoridade Postal das funções de regulação, disciplina, controlo e monitoria técnica dos serviços postais e dos operadores;

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1. Quanto ao Âmbito:

a) Âmbito nacional – expedido no território angolano e a ele destinadob) Âmbito internacional – quando, em seu uso, intervier estação fora da jurisdição nacional.

2. Quanto a linguagem:

a) corrente - texto compreensível pelo sentido que apresenta;b) cifrada - texto redigido em linguagem codificada, com chave previamente registada.

3. Quanto à apresentação:

a) simples - que deva ter curso e entrega sem condições especiais de tratamento;b) urgente - que deva ter prioridade de transmissão e entrega, quer a pedido do expedidor, quer por exigência de dispositivo regulamentar.

4. Quanto à entrega:

a) de entrega interna - quando deve ser procurado e entregue em unidade de atendimento da empresa exploradora do serviço;b) de entrega externa - quando deva ser entregue no endereço indicado pelo expedidor.

5. Na redacção de telegrama em linguagem corrente podem ser utilizados, além do português, os idiomas especificados quando deva ser procurado e entregue em unidade de atendimento da empresa exploradora do serviço.

6. A empresa exploradora do serviço de telegrama responde pelos atrasos ocorridos na transmissão ou entrega de telegrama, nas condições definidas em regulamento.

7. Para a constituição da rede de transmissão de telegrama, é assegurada à empresa exploradora do serviço de telegrama, a utilização dos meios de telecomunicações das empresas exploradoras de serviços públicos de telecomunicações, bem como suas conexões internacionais, mediante justa remuneração.

8. Rede Postal — o sistema de organização geral e todos os meios utilizados com vista à prestação de serviços postais em todo o território nacional;

9. Serviço Postal Universal — a oferta permanente de serviços postais com qualidade especificada, prestados em todo o território nacional a preços acessíveis a todos os utilizadores, visando a satisfação das necessidades de comunicação da população e das actividades económicas e sociais do País;

10. Comércio Electrónico – é o acto de compra e venda através da plataforma electrónica com base na sociedade de informação e comunicação

11. Sistema Postal Nacional — o conjunto integrado pelos operadores, órgão regulador, rede postal e processos que, de forma articulada e interrelacionada, concorrem para a prestação de serviços postais à população.

12. Entende-se por Rede Postal, o conjunto de meios humanos e materiais detidos, organizados e explorados por uma entidade que preste serviços

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postais com vista a assegurar as operações de aceitação, tratamento, transporte e distribuição de envios postais.

13. Denomina-se Rede Postal Pública, a rede postal estabelecida, gerida e explorada pelo operador de serviço universal.

14. Entende-se por ponto de acesso, os locais físicos, incluindo marcos e caixas de correio à disposição do público, quer na via pública, quer noutros locais públicos ou privados, onde os utilizadores podem depositar os envios postais na rede postal.

15. São operações integrantes do serviço postal:

a) A aceitação, que constitui o conjunto de operações relativas à admissão dos envios postais numa rede postal, nomeadamente a recolha de envios postais nos respectivos pontos de acesso;

b) O tratamento, que consiste na preparação dos envios postais, nas instalações do operador, para o seu transporte até ao centro de distribuição da área a que se destinam;

c) O transporte, que consiste na deslocação dos envios postais, por meios técnicos adequados, desde o ponto de acesso à rede postal até ao centro de distribuição da área a que se destinam;

d) A distribuição, que consiste nas operações realizadas desde a divisão dos envios postais no centro de distribuição da área a que se destinam até à entrega aos seus destinatários.

Artigo 3.ºObjectivos

1. O presente decreto-lei e o regime legal dele decorrente deverão assegurar a satisfação das necessidades essenciais de serviços postais das populações e das entidades públicas e privadas dos diversos sectores de actividade, mediante a criação das condições adequadas para o desenvolvimento e diversidade de serviços desta natureza.

2. O prosseguimento do objectivo definido no número anterior deve conformar-se com os seguintes princípios básicos:

a) Assegurar a existência e disponibilidade de uma oferta de serviço universal, integrada por um conjunto de serviços postais de carácter essencial prestados em todo o território nacional, de forma permanente, em condições de qualidade adequada e a preços acessíveis para todos os utilizadores;

b) Assegurar a viabilidade económico-financeira da oferta de serviço universal mediante a atribuição de uma área exclusiva na prestação de determinados serviços postais.

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c) Assegurar aos prestadores de serviços postais, igualdade de acesso ao Mercado, com respeito pelas regras de defesa da concorrência;

Artigo 4.ºLiberdade de prestação de Serviços Postais

1 - Nos termos da presente lei, é garantida a liberdade de prestação de serviços postais.

2 - O disposto no número anterior não prejudica:

a) O regime específico a que obedece a prestação do serviço universal; e

b) As actividades e serviços que, por razões de ordem e segurança pública ou de interesse geral, podem ficar reservados a determinados prestadores de serviços postais, tais como a colocação de marcos e caixas de correio na via pública destinados à aceitação de envios postais, a emissão e venda de selos postais com a menção Angola e o serviço de correio registado utilizado em procedimentos judiciais ou administrativos.

3 - A atribuição, a um prestador de serviços postais, dos serviços e das actividades referidos na alínea b) do artigo 3º, deve ser feita de acordo com procedimentos e critérios de selecção, nos termos do Código dos Contractos Públicos.

4 - Para efeitos do disposto na presente lei, considera-se prestador de serviços postais a pessoa singular ou colectiva que presta serviços postais, nos termos aqui previstos, sendo o utilizador a pessoa singular ou colectiva beneficiária de uma prestação de serviço postal, enquanto remetente ou destinatária.

Artigo 5.ºActividade de prestação de Serviços Postais

1 - Integram a actividade de serviço postal as operações de:

a) Aceitação, entendendo-se como tal o conjunto de operações relativas à admissão dos envios postais numa rede postal, nomeadamente a sua recolha pelos prestadores de serviços postais;

b) Tratamento, que consiste na triagem dos envios postais para o seu transporte até ao centro de distribuição da área a que se destinam;

c) Transporte, que consiste na deslocação dos envios postais, por meios técnicos adequados, desde o ponto de acesso à rede postal até ao centro de distribuição da área a que se destinam; e

d) Distribuição, a qual consiste no conjunto de operações realizadas desde a divisão dos envios postais, no centro de distribuição da área a que se destinam, até à entrega aos seus destinatários, pessoas singulares ou coletivas a quem é dirigido um envio postal.

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2 - Para assegurar as operações de aceitação, tratamento, transporte e distribuição de envios postais, o prestador de serviços postais utiliza um conjunto de meios humanos e materiais que constituem a rede postal.

3 - Os serviços postais internacionais abrangem os envios e recebimentos postais em Angola.

Artigo 6.ºRequisitos essenciais na prestação de Serviços Postais

1 - Na prestação de serviços postais devem ser salvaguardados os seguintes requisitos essenciais:

a) A inviolabilidade e o sigilo dos envios postais, com os limites e excepções previstos na lei penal e demais legislação aplicável;

b) A segurança da rede postal, nomeadamente em matéria de transporte de substâncias perigosas;

c) A confidencialidade das informações transmitidas ou armazenadas;

d) A proteção de dados pessoais e da vida privada;

e) A proteção do ordenamento do território e do ambiente;

f) O respeito pelos termos e pelas condições laborais e pelos regimes de segurança social estabelecidos por lei, por regulamentação, por disposições administrativas e por instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho.

2 - A inviolabilidade e o sigilo dos envios postais e a proteção de dados a que alude o número anterior abrangem, nomeadamente:

a) A proibição de leitura de quaisquer envios postais, mesmo que não encerrados em invólucros fechados, bem como a mera abertura de envios postais fechados;

b) A proibição de revelação a terceiros do conteúdo de qualquer mensagem ou informação de que se tenha tomado conhecimento, devida ou indevidamente, bem como da revelação de identidades e das relações entre remetentes e destinatários e dos endereços de ambos.

Artigo 7.ºExercício da actividade Postais

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É consagrado o princípio da liberalização dos serviços postais, através de adequados procedimentos ao abrigo de um regime de autorizações gerais ou de licenças individuais, que constará de diploma de desenvolvimento.

Artigo 8.ºServiços Reservados

1. Os serviços Reservados são os serviços prestados em regime exclusivo pelo prestador do serviço universal, nos termos do artigo 31º ponto 2. nas alíneas a), b) e c), os quais constituem o serviço Público de Correios.

2. Os serviços reservados compreendem:

a) O serviço postal de envios de correspondência, incluindo a publicidade endereçada, quer sejam ou não efectuados por distribuição acelerada, cujo preço seja inferior a dez vezes a tarifa pública de um envio de correspondência do primeiro escalão de peso da categoria normalizada mais rápida, desde que o seu peso seja inferior a 2 kg;

b) O serviço postal de envios de correspondência registada e de correspondência com valor declarado, incluindo os serviços de citação via postal e notificações penais, dentro dos mesmos limites de preço e peso referidos na alínea anterior;

c) A emissão e venda de selos e outros valores postais;

d) A emissão de vales postais;

e) A colocação, na via pública, de marcos e caixas de correio destinados à recolha de envios postais.

3. O disposto nas alíneas a) e b) do número anterior abrange o serviço postal de envios de correspondências no âmbito nacional, bem como no âmbito internacional.

4. O âmbito dos serviços reservados poderá ser objecto de revisões periódicas, nos termos legais a aprovar posteriormente, no quadro da progressiva liberalização do sector.

Artigo 9.ºServiços Postais em concorrência

1. Os serviços postais não abrangidos pelo artigo anterior são explorados em regime de concorrência, nomeadamente:

a) A exploração de centro de troca de documentos;

b) O correio expresso, desde que ultrapasse os limites de preço, e de peso referidos no Artigo 31 ponto2. nas alíneas a), b) e c) da presente Lei.

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2. A prestação de serviços postais explorados em regime de concorrência pode ser efectuada pelas entidades que prestem o serviço ou por pessoas singulares ou colectivas devidamente habilitadas para o efeito.

3. A prestação de serviços postais em regime de concorrência pelas pessoas singulares ou colectivas a que se refere a parte final do número anterior será regulada nos termos do regime de acesso à actividade, a definir em diploma de desenvolvimento.

Artigo 10.ºRegulamento de exploração

Em regulamento de exploração de serviços postais deverão ser salvaguardados, entre outros, os requisitos essenciais enunciados no artigo 3º, bem como a obrigatoriedade de os prestadores de serviços se dotarem de meios técnicos e humanos que assegurem o respeito pelos direitos dos utilizadores.

Artigo 11.°Política postal

Constituem objectivos principais do Governo no domínio postal, os seguintes:

a) Garantir a disponibilidade dos serviços postais a toda população com qualidade e a preços acessíveis;

b) Assegurar e observar a inviolabilidade do sigilo de correspondências e dáconfidencialidade e integridade de objectos postais;

c) Adoptar medidas que promovam a leal concorrência e a diversidade dos serviços postais, que incrementem a sua oferta e propiciem padrões de Qualidade de Serviço compatíveis com as necessidades dos clientes;

d) Fortalecer o papel regulador do Estado;

e) Relativamente ao endereçamento postal, na construção de terminais rodoviários, ferroviários, marítimos e aéreos, o Ministério das Telecomunicações e das Tecnologias de Informação deve ser consultado quanto à reserva de área para embarque, desembarque e triagem de malas postais.

f) Criar condições para que o desenvolvimento sustentável dos serviços postais seja harmonioso e consentâneo com as metas de desenvolvimento do País;

g) Estimular, mediante política específica, a permanente melhoria dos serviçospostais;

h) Promover a formação, aperfeiçoamento e actualização do pessoal afecto aos serviços postais;

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i) Incentivar a utilização de meios tecnológicos que visem actualizar e modernizar os serviços postais;

j) Garantir que a rede postal seja utilizada para o atendimento das necessidades de relevante interesse social da população;

k) É reconhecido a todos o direito de haver a prestação do serviço postal universal, observadas as disposições legais e regulamentares.

l) Garantir, qualquer que seja o regime jurídico de prestação dos serviços, aigualdade de tratamento dispensada aos clientes, vedando-se qualquer tipo dediscriminação.

m) Para o serviço postal universal, atendendo a conveniências técnicas e econômicas, e sem prejuízo de suas atribuições e responsabilidades, pode o operador apurado celebrar contratos e convênios objetivando assegurar a prestação dos serviços, mediante autorização do Ministério das Telecomunicações e das Tecnologias de Informação.

n) Os Recursos dos Operadores dos Serviços Postais são constituídos:

da receita proveniente da prestação dos serviços; da venda de bens compreendidos no seu objeto; dos rendimentos decorrentes da participação societária em outras

empresas; do produto de operações de créditos; de dotações orçamentárias; de valores provenientes de outras fontes.

o) Os funcionários afectos ao serviço postal ou do serviço de telegrama são obrigados a manter segredo profissional sobre a existência de correspondência e do conteúdo de mensagem de que tenham conhecimento em razão de suas funções.

p) Parágrafo único - Não se considera violação do segredo profissional, indispensável à manutenção do sigilo de correspondência a divulgação do nome do destinatário de objeto postal ou de telegrama que não tenha podido ser entregue por erro ou insuficiência de endereço.

CAPITULO II.Regulação

Artigo 12º11

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Entidade Reguladora

1. Compete ao Estado a definição das linhas estratégicas e das políticas gerais do sector postal, a aprovação da legislação e regulamentação aplicáveis e a regulação dos serviços postais.

2. Na prossecução das atribuições do Estado, compete, designadamente, ao INACOM enquanto Autoridade Reguladora das Comunicações, nomeadamente do sector postal:

a) A representação em organizações intergovernamentais no âmbito dos serviços postais;

b) A atribuiçâo dos títulos de exercícios da actividade postal explorada em regime de concorrência;

c) A fiscalizaçâo da qualidade e do preço dos serviços postais abrangidos pelo serviço universal;

d) A fiscalização do cumprimento, por parte dos operadores de serviços postais, das disposições legais e regulamentares relativas à actividade, bem como a aplicação das respectivas sanções.

CAPITULO III.Organização e Atribuições

Artigo 13.°Organização

Integram o Sistema Postal Nacional os seguintes órgãos:

a) Administração Postal;b) Órgão Regulador;c) Operador Postal Público;d) Operadores Postais Privados.

Artigo 14.°Atribuições da Administração Postal

Compete à Administração Postal:

a) assegurar sob responsabilidade própria a execução das políticas definidas pelo Governo em matéria postal e tomar as decisões necessárias nos termos da lei;

b) velar pela correcta aplicação e cumprimento das convenções e acordos sobre comunicação postal subscritos pelo Estado;

d) assegurar o melhoramento sistemático dos serviços postais;

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e) promover a criação de mecanismos e formas para o financiamento do serviço postal universal no âmbito da reserva.

Artigo 15.°Atribuições do Órgão Regulador

São atribuições do Órgão Regulador:

a) reger, licenciar e fiscalizar a prestação dos serviços postais;

b) promover de forma harmoniosa a prestação do serviço postal em todo o território nacional;

c) assegurar a estabilização e regularização da indústria postal;

d) incentivar o investimento e inovação dos serviços postais;

e) velar pela disponibilização do serviço postal universal;

f) assegurar o estabelecimento de uma concorrência leal no mercado postal;

g) definir as condições e modalidades de aplicação dos regulamentos e convenções regionais e internacionais que tenham incidências sobre o território nacional;

h) velar pela aplicação das disposições legais e regulamentares relativas à actividade postal por parte dos operadores postais;

i) instruir os processos dos operadores privados que pretendam exercer a actividade postal no mercado postal angolano, emitindo os competentes pareceres;

j) monitorar o cumprimento da prestação dos serviços postais reservados;

k) acompanhar a evolução económica sub-regional, regional e internacional com influência nos serviços postais;

l) instruir os processos de reclamação ou queixas dos operadores intervenientes no mercado postal, em caso de conflito entre si e arbitrá-los com objectividade e transparência;

m) proteger os interesses dos consumidores dos serviços postais.

Artigo 16.°Atribuições do Operador Postal Público

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Compete ao Operador Postal Público assegurar:

a) todo o serviço de aceitação, recolha, transporte e distribuição de objectos postais no território nacional;

b) a prestação de serviços financeiros postais;

c) a prestação de serviços de correspondências telegráficas;

d) a prestação do serviço postal universal;

e) as normais relações internas e internacionais no âmbito da unicidade da rede postal mundial.

f) Remeter periodicamente ao Órgão de Política e ao Regulador, toda a informação de caracter operacional, financeira e outras.

g) Fornecer informações sempre que solicitado pelas entidades acima referenciado.

h) O período da remissão das informações, devera ser estabelecida pelo Regulador através de instrutivos, circulares ou avisos.

Artigo 17.°Atribuições dos Operadores Postais Privados

Compete aos Operadores Postais Privados:

a) assegurar a prestação dos serviços postais para os quais se encontrem autorizados, com qualidade e a preços não discriminatórios;

b) contribuir para o cumprimento das obrigações de prestação do serviço universal;

c) contribuir para o investimento e inovações dos serviços postais;

d) contribuir para uma leal concorrência no mercado postal, bem como salvaguardar o interesse dos consumidores.

Artigo 18.°Requisitos essenciais

1. Na exploração de serviços postais deverão ser salvaguardados, entre outros, os seguintes requisitos essenciais:

a) A inviolabilidade e o sigilo das correspondências, com os limites e excepções fixados na lei penal e demais legislação aplicável;

b) A segurança da rede postal;

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c) A protecção de dados, com os limites e excepções fixados na lei penal e demais legislação aplicável

d) A confidencialidade das informações transmitidas;

e) A protecção da vida privada;

f) O ordenamento do território, protecção do ambiente e do património.

2. O sigilo de correspondências e a protecção de dados a que alude o número anterior consiste:

a) Na proibição de leitura de quaisquer correspondências mesmo que não encerradas em invólucros fechados e, bem assim, na abertura de correspondência fechada;

b) Na protecção de revelação a terceiros do conteúdo de qualquer mensagem ou informação de que se tenha tomado conhecimento, devida ou indevidamente, bem como da revelação das relações entre remetentes e destinatários e dos endereços de ambos.

Direitos e Deveres

Artigo 19º.Envio Postal

1. Os objetos postais pertencem ao remetente até a sua entrega a quem de direito:

a) - Quando a entrega não tenha sido possível em virtude de erro ou insuficiência de endereço, o objeto permanecerá à disposição do destinatário, na forma definida em regulamento.

b) - Quando nem a entrega, nem a restituição, tenham sido possíveis, o objeto será inutilizado, conforme disposto em regulamento. (Para discussão profunda)

c) - Os impressos sem registro, cuja entrega não tenha sido possível, serão inutilizados, na forma prevista em regulamento. (aprofundar a discussão)

2. Objectos Interditos:

a) objeto com peso, dimensões, volume, formato, endereçamento, franqueamento ou acondicionamento em desacordo com as normas regulamentares ou com as previstas em convenções e acordos internacionais aprovados em Angola;

b) substância explosiva, deteriorável, fétida, corrosiva ou facilmente inflamável, cujo transporte constitua perigo ou possa danificar outro objeto;

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c) cocaína, ópio, morfina, demais estupefacientes e outras substâncias de uso proibido;

d) objeto com endereço, dizeres ou desenho injuriosos, Ameaçadores, ofensivos a moral ou ainda contrários a ordem pública ou aos interesses do País;

e) animal vivo, exceto os admitidos em convenção internacional ratificada por Angola;

f) planta viva;

g) animal morto;

h) armas e engenhos explosivos, inflamáveis e perigosos;

i) objectos cuja circulação seja proibida no país de destino;

j) substâncias radioactivas e todo o tipo de material contendo substânciasvenenosas;k) objectos que pela sua natureza ou embalagem possam apresentar perigo para os agentes postais, sujar ou deteriorar outras encomendas ou equipamento postal;

l) objectos contendo moedas, notas ou valores monetários e outros objectos preciosos;

m) objecto cujas indicações de endereçamento não permitam assegurar a correta entrega ao destinatário;

n) objecto cuja circulação no País, exportação ou importação, estejam proibidos por acto de autoridade competente.

o) a infringência a qualquer dos dispositivos de que trata este artigo acarretará a apreensão ou retenção do objecto, conforme disposto em regulamento, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.

p) O remetente de qualquer objecto Postal é responsável, perante a empresa exploradora do Serviço Postal, pela danificação produzida em outro objecto em virtude de inobservância de dispositivos legais e regulamentares, desde que não tenha havido erro ou negligência da empresa exploradora do Serviço Postal ou do transporte.

3. O objecto Postal, além de outras distinções que venham a ser estabelecidas em regulamento, se classifica:

3.1quanto ao âmbito:

a) Nacional - postado no território angolano e a ele destinado.

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b) Internacional - quando em seu curso intervier unidade postal fora da jurisdição nacional.

3. 2 quanto à postagem:

a) simples - quando postado em condições ordinárias,

b) qualificado - quando sujeito a condição especial de tratamento, quer por solicitação do remetente, quer por exigência de dispositivo regulamentar.

3. 3 quanto ao local de entrega:

a) de entrega interna - quando deva ser procurado e entregue em unidade de atendimento da empresa exploradora.

b) de entrega externa - quando deva ser entregue no endereço indicado pelo remetente.

4. A empresa exploradora do serviço postal responde, na forma prevista em regulamento, pela perda ou danificação de objeto postal, devidamente registrado, salvo nos casos de:

a) força maior;b) confisco ou destruição por autoridade competente;c) não reclamação nos prazos previstos em regulamento.

Capituto IVDireitos e Deveres dos Operadores

Secção 1 Direitos

Artigo 20.ºOperador Postal Público

São direitos do Operador Postal Público:

estabelecer preços em conformidade com as orientações e políticas definidas pelo Estado;

produzir selos ou autorizar outras pessoas a fazê-lo por sua conta;

definir as modalidades práticas de prestação de serviços;

exercer as demais prerrogativas em matéria de exploração postal.

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Artigo 21.ºOperadores Postais Privados

O Estado garante aos Operadores Postais Privados o gozo de direito de livre exercício da sua actividade, sujeitando-se às leis vigentes na República de Angola sobre a matéria.

Secção 2Deveres

Artigo 22.ºOperador Postal Público

São deveres do Operador Postal Público:pautar o funcionamento da sua actividade por regras comerciais estabelecidas pela legislação aplicável;

oferecer um Serviço Postal Universal de Qualidade a preços acessíveis aos cidadãos em todo o território nacional;

cumprir a política geral do Estado para as questões relacionadas com o desenvolvimento dos Serviços Postais;

respeitar os compromissos assumidos pelo País no que tange à execução das convenções, acordos e tratados internacionais.

Artigo 23.ºOperadores Postais Privados

São deveres dos Operadoesr Postais Privados:cumprir as leis e regulamentos relativos ao serviço postal, bem como demais legislação aplicável;

participar nos esforços de integração, formação e promoção profissional dos trabalhadores nacionais, conforme a legislação laboral vigente;

permitir o acesso dos órgãos competentes a todas as instalações, equipamentos e informações para efeitos de inspecção e controlo;

adoptar, na sua gestão, as regras e procedimentos contabilísticos estabelecidos na legislação angolana em vigor.

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CAPITULO VCategorias de Serviços

Secção 1Serviços Postais

Artigo 24.º Categorias

1. Os Serviços Postais integram os serviços básicos postais e os serviçoscomplementares postais.

2. Os Serviços Postais compreendem:

a) O Serviço de Correspondências Postais O Serviço de Correspondências Postais consiste no tratamento dos objectos de correspondência, tal como definidos no ponto 3) do artigo 4.°

b) O Serviço de Encomendas Postais

O Serviço de Encomendas Postais consiste no tratamento postal aos volumescom artigos, definidos nos termos da alínea b) do artigo 4.°, com peso até 30 quilogramas (anexo 6.1.2.1 da SADC), podendo, mediante acordo estabelecido com outras administrações postais, atingir o peso máxima de 50 quilogramas.

c) Os Serviços Financeiros Postais

Os Serviços Financeiros Postais compreendem:

Serviço de Vales e Ordens Postais;Serviço de Embolsos Postais;Serviço de Cobranças Postais;Serviço Postal de Assinaturas de Jornais e Publicações Periódicas;Serviço de Caixa Económica Postal.

1. O Serviço de Vales e Ordens Postais - consiste no serviço que se presta, aceitando importâncias para serem entregues aos beneficiários indicados pelos expedidores, nos termos e condições fixados no respectivo regulamento.

2. O Serviço de Embolsos Postais - consiste no serviço que se presta, aceitando objectos para serem entregues aos seus destinatários, mediante cobrança das importâncias indicadas pelos seus expedidores.

3. O Serviço de Cobranças Postais - consiste no serviço que se presta por conta de terceiros, aceitando títulos de crédito, recibos, ordens de pagamento e outros, a fim de serem cobrados aos indivíduos neles indicados.

4. O Serviço Postal de Assinaturas de Jornais e Publicações Periódicas - consiste no serviço que se presta, aceitando assinaturas para o fornecimento

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de jornais ou publicações periódicas, enviando as respectivas importâncias aos proprietários ou editores respectivos.

5. O Serviço de Caixa Económica Postal - consiste no serviço que se presta,aceitando importâncias para depósito e satisfazendo reembolsos por conta dos mesmos depósitos aos seus titulares, nos termos e limites fixados no respectivo regulamento.

d) O Serviço de Correspondências Telegráficas.

O Serviço de Correspondências Telegráficas compreende o serviço detelegramas e o de correio electrónico.

1. O Serviço de Correspondências Telegráficas consiste no serviço que se presta, aceitando mensagens e documentos para serem transmitidos por telecomunicação e entregues aos destinatários indicados pelos seus expedidores, nos termos e condições fixados no respectivo regulamento.

2. O Serviço de Telegramas é o que os correios prestam, aceitando mensagens escritas ou faladas para serem transmitidas e entregues aos destinatários.

3. O Serviço de Correio Electrónico é realizado nos termos da alínea n) do artigo 2.° e integra os serviços de telecópia e os de teleimpressão.

4. Não é aceite nem entregue telegrama que:

a) seja anónimo;

b) contenha dizeres injuriosos, ameaçadores, ofensivos à moral, ou ainda, contrários à ordem pública e aos interesses do País;

c) possa contribuir para a perpetração de crime ou contravenção ou embaraçar acção da justiça ou da administração;

d) contenha notícia alarmante, reconhecidamente falsa;

e) Esteja em desacordo com disposições legais ou convenções e acordos internacionais ratificados ou aprovados por Angola.

f) Não se considera anónimo o telegrama transmitido sem assinatura, por permissão regulamentar.

g) Podem ser exigidas identificação e assinatura do expedidor do telegrama, não se responsabilizando, em qualquer caso, a empresa expedidora pelo conteúdo da mensagem.

h) O telegrama que, por infracção de dispositivo legal, não deva ser transmitido ou entregue será considerado apreendido.

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i) O telegrama que, por indício de infração de dispositivo legal, ou por mandado judicial, deva ser entregue depois de satisfeitos formalidades exigíveis será considerado retido.

j) Quando o telegrama não puder ser entregue, o ato será comunicado ao expedidor.

Secção 2Serviços Postais Reservados e Livres

Artigo 25.ºServiços Postais Reservados

a) emissão e venda de selos e outros valores postais;

b) serviço de correspondências telegráficas;

c) colocação na via pública de marcos e caixas de correios destinados à recolha de objectos de correspondência;

d) exploração, venda ou aluguer de máquinas de franquiar objectos decorrespondência;

e) serviços financeiros postais.

Artigo 26.° Serviços Postais livres

Os Serviços Postais livres, são constituídos pelas seguintes operações:

a) aceitação, transporte, distribuição e entrega de objectos de correspondência, e pacote postal.

b) aceitação, transporte e distribuição de encomendas postais.

c) todas as encomendas referidas na alinea b) carecem de um parecer das entidades aduaneiras para o devido tratamento.

Artigo 27ºQualidade de Serviço

1. A prestação de serviço deve, para além do cumprimento das obrigações que decorram da legislação a que alude alínea c) do artigo 7º, assegurar, em especial, a satisfação das seguintes exigências fundamentais:

a) A satisfação de padrões adequados de qualidade, nomeadamente, no que se refere a prazos de entrega, densidade dos pontos de acesso, regularidade e fiabilidade do serviço;

b) A prestação do serviço em condições de igualdade e não discriminação;21

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A continuidade de prestação do serviço, salvo em caso de força maior;

A evolução progressiva do serviço, em função do ambiente técnico, económico e social e das necessidades dos utilizadores;

O cumprimento das obrigações inerentes à prestação do serviço universal que, na decorrência de obrigações internacionais, o Estado acolha futuramente no direito interno;

A informação ao público relativa às condições e preços dos serviços.

2. O prestador de serviço, deve assegurar uma recolha e uma distribuição domiciliária, pelo menos uma vez por dia, em todos os dias úteis.

3. Quando tal não for possível em razão da verificação de circunstâncias ou condições geográficas excepcionais, como tal reconhecidas pelo INACOM (Instituto Nacional das Comunicações), enquanto entidade reguladora postal, são tais serviços prestados em instalações apropriadas, a definir em diploma de desenvolvimento.

4. O prestador de serviço deve publicar de forma adequada e fornecer regularmente informações actualizadas e precisas sobre as características do serviço oferecido, designadamente, sobre as condições gerais de acesso e utilização do serviço, preços e níveis de qualidade.

5. Por convénio a estabelecer entre o INACOM enquanto entidade reguladora e o prestador de serviço, em processo negocial simultâneo com o decorrente do regime de preços a que se refere o nº 3 do artigo 32º. Serão fixados e publicadas os parâmetros e níveis mínimos de qualidade de serviço associados à prestação de serviço, nomeadamente os respeitantes aos prazos de encaminhamento, à regularidade e à fiabilidade dos serviços.

6. Os parâmetros e os níveis de qualidade referidos no número anterior terão de ser compatíveis com as normas de qualidade, quando existentes, fixadas para os serviços internacionais.

7. O INACOM enquanto entidade reguladora assegurará, de forma independente do prestador de serviço, o controlo dos níveis de qualidade de serviço efectivamente oferecidos, devendo os resultados ser objecto de relatório publicado pelo menos uma vez por ano.

Artigo 28.° Remuneração dos Serviços

1. O serviço postal e o serviço de telegrama são remunerados através de tarifas, de preços, além de prémios conforme o valor, com relação ao primeiro, aprovados pelo Ministério das Telecomunicações e das Tecnologias de Informação.

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2. Na fixação das tarifas, preços e prémios conforme o valor, são levados em consideração natureza, âmbito, tratamento e demais condições de prestação dos serviços.

2.1. As tarifas e os preços devem proporcionar:

a) cobertura dos custos operacionais;

b) expansão e melhoramento dos serviços.

2.2. O prémio conforme o valor, são fixados em função do valor declarado nos objectos postais.

3. É vedada a concessão de isenção ou redução subjectiva das tarifas, preços e prémios conforme o valor, ressalvados os casos de calamidade pública e os previstos nos actos internacionais devidamente ratificados, na forma do disposto em regulamento.

4. A empresa exploradora do serviço postal aplicará a pena de multa, em valor não superior a 2 (dois) valores padrão de referência, na forma prevista em regulamento, a quem omitir a declaração de valor de objecto postal sujeito a esta exigência.

CAPÍTULO VI

Serviço Universal Artigo 29.º

1. Compete ao Estado assegurar a existência e disponibilidade do serviço universal entendido como uma oferta permanente de serviços postais com qualidade especificada, prestados em todos os pontos do território nacional, a preços acessíveis a todos utilizadores, visando a satisfação das necessidades de comunicação das populações e das actividades económicas e sociais.

2. Por tanto, compete ao Estado providenciar para que a densidade dos pontos de contacto e acesso corresponda às necessidades dos utilizadores.

Artigo 30.ºÂmbito do serviço universal

1. O serviço universal referido no artigo anterior, compreende um serviço postal de envios de correspondência, excluindo o envio de livros, catálogos, jornais e outras publicações periódicas, encomendas postais, a publicidade endereçada, bem como um serviço de envios registados e de um serviço de envios com valor declarado.

2. O disposto no número anterior abrange o serviço postal no âmbito nacional, bem como no âmbito internacional.

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Artigo 31.º Prestação do serviço universal

1. A prestação do serviço universal pode ser efectuada:

a) Pelo Estado;b) Por pessoa colectiva de direito público;c) Por pessoa colectiva de direito privado, mediante um concurso público.

2. O contrato a que alude as alíneas b) e c) do número anterior reveste a forma de concessão de serviço público quando envolva a prestação de serviço universal e o estabelecimento, gestão e exploração da rede postal pública a saber:

a) carta normal de carácter comercial e internacional com peso até 500 gramas;

b) pacotes postais de peso até 1 quilograma;

c) encomendas postais com peso até 10 quilogramas.

3. A concessão do serviço público, a que alude o número anterior, atribui ao respectivo operador o dever de prestação dos serviços postais explorados em regime de concorrência que integrem o serviço universal, sem necessidade de qualquer outro título, bem como a faculdade de explorar outros serviços postais.

4. O regime jurídico aplicável ao serviço universal contará de legislação específica.

Artigo 32.ºRegime de preços

1 - A fixação dos preços dos serviços postais que integram a oferta do serviço universal obedece aos seguintes princípios:

a) Acessibilidade a todos os utilizadores;b) Orientação para os custos, devendo os preços incentivar uma prestação eficiente do serviço universal;c) Transparência e não discriminação.

2 - Os preços especiais e condições associadas dos serviços postais que integram a oferta do serviço universal, aplicados pelos Operadores de serviço universal, nomeadamente para serviços às empresas, a remetentes de envios em quantidade ou a intermediários responsáveis pelo agrupamento de envios de vários utilizadores, devem ainda:

a) Ter em conta os custos evitados em relação ao serviço normalizado que oferece as quatro operações integradas no serviço postal;b) Ser aplicados de igual modo, independentemente do tipo de beneficiário;

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c) Ser aplicados a utilizadores que efectuem envios em condições similares, em especial os utilizadores individuais e as pequenas e médias empresas.

3 - O INACOM fixa, para cada ano, os critérios a que deve obedecer a formação dos preços dos serviços postais que compõem o serviço universal.

4 - Os Operadores do serviço universal devem notificar anualmente o INACOM dos preços a praticar em relação aos serviços postais que integram a oferta do serviço universal, incluindo qualquer alteração aos mesmos, com a antecedência mínima de 45 dias em relação à data da sua entrada em vigor.

5 - Até ao final do prazo referido no número anterior, caso o INACOM considere que os preços apresentados não cumprem os princípios e critérios referidos no presente artigo, deve notificar os Operadores do serviço universal, com base numa decisão fundamentada, para que estes procedam à revisão dos mesmos no prazo de 15 dias.

6 - Havendo lugar, nos termos do número anterior, à revisão dos preços pelos Operadores de serviço universal, o INACOM avalia os novos preços constantes dessa nova notificação no prazo máximo de 30 dias a contar da data da sua recepção.

7 - Caso o INACOM não se pronuncie até ao final do prazo referido no n.º 5 ou no número anterior, os Operadores do serviço universal podem praticar os preços que tenham sido notificados.

8 - No âmbito dos serviços postais que integram a oferta do serviço universal, o INACOM pode:

a) Determinar, por motivos de interesse público, devidamente fundamentados, que o preço do serviço postal de envios de correspondência cujo peso seja inferior a 50g obedeça ao princípio da uniformidade tarifária, com a aplicação de um preço único em todo o território nacional, sem prejuízo do direito de os Operadores de serviço universal celebrarem com os utilizadores acordos individuais em matéria de preços especiais;

b) Impor mecanismos de controlo de preços, incluindo limites máximos de preços, na medida em que tal seja necessário para promover a concorrência ou defender os direitos e interesses dos utilizadores;

c) Determinar que alguns serviços postais destinados a serem utilizados por cegos e amblíopes sejam prestados gratuitamente;

d) Determinar a alteração dos preços dos serviços postais que integram a oferta do serviço universal, bem como alteração ou eliminação das condições associadas aos preços, devidamente fundamentada em termos do cumprimento dos princípios previstos nos números 1 e 2 tendo em conta a qualidade do serviço prestado, na medida em que tal seja necessário para promover a concorrência ou defender os direitos e interesses dos utilizadores.

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Artigo 33.ºCondições de acesso à rede postal pública

O prestador do serviço universal deve assegurar o acesso à rede postal pública em condições transparentes e não discriminatórias.

Artigo 34.ºResoluções de litígios

1. Os utilizadores do serviço universal, individualmente ou em conjunto com as suas organizações representativas, podem apresentar queixa ao INACOM enquanto entidade reguladora postal nos casos de reclamações prévias relativamente às quais o operador dos serviços postais não tenha respondido atempadamente e fundamentadamente ou que tenha sido satisfactóriamente resolvidas.

2. Compete ao INACOM enquanto entidade reguladora postal analisar e emitir parecer fundamentado sobre as queixas apresentadas.

3. O INACOM enquanto entidade reguladora postal assegurará a publicação pelo prestador do serviço universal das informações relativas ao número de reclamações globais e ao modo como foram tratadas, juntamente com o relatório de serviço constante do nº 7 do artigo 8º.

CAPÍTULO VIIRegime de Prestação de Serviços

SECÇÃO ICaracterização dos Serviços

Artigo 35.° Regime

Os serviços postais são prestados em regime reservado e de livre concorrência.

Artigo 36.ºServiços Postais reservados

1. Os serviços postais reservados são prestados pelo Operador incumbente, nos termos definidos pelo artigo 31.° da presente lei.

2. Os serviços postais reservados correspondem aos serviços de produção de:a) Selosb) Filateliac) Franquia d) Serviços financeiros postais.

3. Podem ser objecto de licença a conceder pelo operador público postal aprestação dos seguintes serviços:

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a) a venda ao público de selos e outros valores postais;

b) a exploração, venda ou aluguer de máquinas de franquiar objectos decorrespondência;

c) a colocação de receptáculos postais em edifícios públicos ou privados.

4. Os serviços postais reservados também podem ser prestados por outrasentidades do sector público, de acordo com a regulamentação específica.

Artigo 37.°Serviços Postais de Livre Concorrência

1. Os serviços postais de livre concorrência correspondem ao serviço Universal definido no artigo 29.° da presente Lei.

2. Os serviços postais de livre concorrência são prestados pelo: a) Operador postal público. b) Operador postal privado.

3. Nos termos do artigo anterior, os serviços postais de livre concorrência consistem na exploração de todos os serviços que não se insiram no âmbito dos serviços postais reservados.

Artigo 38.°Violação de Expedições

Constituem actos de violação às malas postais, e os seguintes:

a) a espoliação, extravio e retenção indevida de malas postais;

b) o impedimento de encaminhamento e distribuição dos objectos postais;

c) a intercepção e falsificação de mensagens postais.

SECÇÃO IIRegularização da Prestação de Serviços

Artigo 39.°Autorização

1. As relações jurídicas entre a administração postal e o operador postal público são estabelecidas em contrato específico, no qual devem constar aspectos de orientação política e objectivos de desenvolvimento estratégicos.

2. Os serviços postais livre em concorrência são prestados mediante a emissão de uma licença pelo Órgão Regulador

3. As condições para o contrato de concessão e licenciamento são definidas, em forma própria, pela Administração Postal / Órgão Regulador.

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4. O processo de Contrato de Concessão e de Licenciamento implica o pagamento de taxas e renda cujo montante é estabelecido por diploma próprio.

Artigo 40.°Requisitos

O Contrato de Concessão e o licenciamento para prestação dos serviços postais dependem do cumprimento dos requisitos legais estabelecidos através de regulamento próprio:

Artigo 41.°Cancelamento

1. Qualquer autorização concedida pode ser cancelada em qualquer altura, pordecisão da autoridade postal, sempre que para o efeito não se observem as normas contidas na presente lei e regulamentos aplicáveis.

2. Compete à autoridade postal dar destino ao material e equipamentos específicos dos serviços postais, cuja autorização de exploração caduque e não seja passível de prorrogação.

3. A licença é intransmissível.

4. A transmissão indevida da licença, implica anulação de toda actividade postal em todo o território nacional. 5. Os operadores nacionais são proibidos de representar marcas, patentes.

CAPÍTULO VIIIDireitos e Responsabilidade dos Clientes

Todos têm o direito de utilizar os serviços postais, mediante o pagamento dos preços e tarifas correspondentes, desde que sejam observadas as disposições legais e regulamentares aplicáveis.

Artigo 42.°Propriedade sobre os objectos

Os objectos postais, enquanto não forem entregues aos destinatários, pertencem aos remetentes, salvo se, por aplicação da legislação em vigor, tiverem sido inutilizados ou apreendidos.

Artigo 43.ºReclamação do cliente

Os operadores de serviços postais devem assegurar no exercício da actividade procedimentos transparentes, simples e pouco dispendiosos para o tratamento das reclamações dos clientes, devendo garantir resposta atempada e fundamentada às mesmas.

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1. É reservado aos clientes dos serviços postais o direito de reclamar os objectos aceites pelos serviços postais, que não tenham sido entregues aos destinatários e que lhes não tenham sido devolvidos.

2. As reclamações são formuladas dentro do prazo de seis meses a contar do dia imediato ao do depósito dos objectos, nos moldes estabelecidos pelos regulamentos postais.

3. Os operadores postais devem assegurar, no exercício da sua actividade,procedimentos transparentes e simples.

Artigo 44.°Direito de Indemnização

1. Os operadores postais devem indemnizar aos clientes pela perda ou deterioração dos objectos e valores que manipulem nos casos, condições e limites estabelecidos nos regulamentos e tabelas nacionais, convenções e acordos internacionais.

2. O direito à indemnização ou reembolso não é reconhecido ou cessa:a) Quando a responsabilidade for imputável ao remetente ou ao destinatário;

b) Quando a responsabilidade for imputável ao país que não aceite a obrigação de pagar indemnizações ou reembolsos;

c) Quando se trate de apreensão nos termos legais;

d) Quando se tratem de objectos postais não registados;

e) Quando os objectos ou valores forem entregues a agentes postais nãoautorizados a recebê-los;

f) Quando se trate de demora nos serviços portuários e outros;

g) Quando o pagamento não for pedido no prazo estabelecido no regulamento ou quando o direito prescrever;

h) Em casos de força maior como guerras, tumultos, incêndios, naufrágios,inundações, sismos e outros sinistros semelhantes, ou ainda quando se verifique o arrebatamento por meio violento dos objectos ou valores à guarda dos agentes postais ou durante a sua manipulação por estes, contanto que não tenha havido sua cumplicidade ou conivência; noutros casos previstos no regulamento.

3. Os prejuízos indirectos em consequência de serviço total ou parcialmente não prestado ou prestado deficientemente, não dão lugar a qualquer indemnização.

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Artigo 44.°Responsabilidade do cliente

1. O cliente é responsável pelos prejuízos causados a outros objectos postais,derivados da expedição de objectos interditos ou da inobservância das condições de aceitação, desde que não haja culpa ou negligência do operador postal ou das transportadoras.

2. A aceitação dos objectos referidos no ponto anterior pelos operadores na origem não isenta o cliente da sua responsabilidade.

CAPITULO IXDefesa da Concorrência

Artigo 45.°Caracterização

A concorrência caracteriza-se pelo estabelecimento de vários operadores nosServiços Postais sem haver o proteccionismo.

Artigo 46.°Defesa da concorrência

São proibidas aos operadores de serviços postais quaisquer práticas individuais ou concertadas que falsifiquem as condições de concorrência, nos termos da lei. 1. A defesa da concorrência consiste em:

a) Assegurar a liberdade de concorrer no mercado em igualdade de circunstâncias;

b) Estimular a competitividade e favorecer o desenvolvimento económico e social.

2. São proibidas quaisquer práticas susceptíveis de criar desordem no exercício das actividades postais e afectar o normal funcionamento das empresas concorrentes.

3. Compete à administração postal regular as formas e as condições deconcorrência entre os operadores postais legalmente constituídos.

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CAPÍTULO XRegime de Preços dos Serviços Postais.

Artigo 47.ºRegime de preços

1. A fixação dos preços de cada um dos serviços que compõem o serviço universal, obedece aos princípios da orientação para os custos, da não discriminação, da transparência e da acessibilidade a todos os clientes.

2. As regras para a formação de preços dos serviços postais que compõem o serviço universal ficam sujeitas a convénio a estabelecer entre o INACOM enquanto entidade reguladora e o Operador Postal.

3. Os preços dos restantes serviços postais são livremente fixados pelos respectivos operadores.

Artigo 48.°Tarifas dos serviços postais de livre concorrência

1. As tarifas dos serviços postais de livre concorrência são fixadas pelo órgão do Governo responsável pela política financeira, sob proposta da Administração Postal. 2. As tarifas dos Serviços Postais de livre concorrência são fixadas em conformidade com a política tarifária e os métodos de fixação de tarifas.

3. Os princípios, modalidades e procedimentos de fixação das tarifas dos Serviços Postais de livre concorrência, devem constar de um contrato específico a celebrar entre (o Órgão Regulador ) e o operador postal público.

Artigo 49.° Tarifas dos serviços em concorrência

1. Os operadores postais fixam livremente as tarifas dos produtos e das demaisprestações dos serviços postais, sem prejuízo do disposto as referidas tarifas ficam sob vigilância do Ministério das Finanças no quadro dos preços dos produtos vigiados.

2. As tarifas praticadas pelos Operadores Postais, devem ser submetidas ao INACOM para análise e aprovação.

3. Os Operadores dos Serviços Postais de livre concorrência devem notificar semestralmente o INACOM dos preços a praticar em relação aos Serviços Postais que integram a oferta do serviço de livre concorrência, incluindo qualquer alteração aos mesmos, com a antecedência mínima de 30 dias em relação à data da sua entrada em vigor.

4. Até ao final do prazo referido no número anterior, caso o INACOM considere que os preços apresentados não cumprem os princípios e critérios referidos no presente artigo, deve notificar os Operadores do serviço livre a concorrência,

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com base numa decisão fundamentada, para que estes procedam à revisão dos mesmos no prazo de 15 dias.

5. Havendo lugar, nos termos do número anterior, à revisão dos preços pelos Operadores de serviço de livre concorrência, o INACOM avalia os novos preços constantes dessa nova notificação no prazo máximo de 30 dias a contar da data da sua recepção.

6. Caso o INACOM não se pronuncie até ao final do prazo referido no n.º 5 ou no número anterior, os Operadores dos serviços postais podem praticar os preços que tenham sido notificados.

CAPÍTULO XI Violações e Protecção dos Serviços Postais Reservados

Artigo 50.°Serviços Postais Reservados

Constitui elementos dos serviços postais reservados:

a) produção de selos, emissão de valores postais, e vendas;

b) material especial para o fabrico exclusivo de selos postais;

d) vales postais.

Artigo 51.°Violações dos Serviços Postais Reservados

Constitui violação à presente lei:

a) a emissão, venda e reprodução não autorizada de selos e outros valores postais;

b) a emissão e a reprodução de selos postais de qualquer outro país;

c) a posse indevida de material especial para o fabrico exclusivo de selos postais;

d) a emissão de vales postais.

Artigo 52.°Violação dos Serviços postais em concorrência

1. Constituem actos de violação aos serviços postais em concorrência os seguintes:

a) aceitação e encaminhamento pelos operadores postais privados dos objectos postais no âmbito da reserva;

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b) a produção de selos, franquia e os serviços financeiros tradicionais são de tutela obrigatória da ENCTA (empresa nacional de correios e telégrafos de Angola-EP).

2. O disposto na alínea b) do número anterior deve ser tratado em regulamentopróprio.

Artigo 53.°Imagem de marca dos serviços postais

Constitui violação aos serviços postais a imitação da sua imagem de marca,logotipos, nomes comerciais e uniformes.

Artigo 54.° Protecção de abertura e retenção dos objectos postais

1. Não é permitido abrir ou reter objectos postais, salvo em situações excepcionais e expressamente estabelecidas por lei.

2. Sempre que houver motivo legítimo para abrir um objecto postal, o agente postal deve fazê-lo na presença do destinatário ou do expedidor.

3. Aos agentes postais é permitido verificar os objectos postais por meio deaparelhos de raio X ou outros, sem no entanto os abrir, a fim de se detectar aexistência de objectos interditos referidos no artigo 63.° da presente lei.

Artigo 55.° (Objectos interditos)

1. É proibido expedir pelo correio objectos postais que tenham ou contenhampalavras, marcas ou desenhos de natureza indecorosa, obscena e sediciosa.

2. É proibido inserir nos objectos postais:

a) animais vivos;

b) armas e engenhos explosivos, inflamáveis e perigosos;

c) substâncias radioactivas e todo o tipo de material contendo substânciasvenenosas;

d) objectos cuja circulação seja proibida no país de destino;

e) estupefacientes e afins;

f) objectos que pela sua natureza ou embalagem possam apresentar perigo para os agentes postais, sujar ou deteriorar outras encomendas ou equipamento postal;

g) objectos contendo moedas, notas ou valores monetários e outros objectos33

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preciosos;

h) quaisquer outros objectos postais, tais como cartas e bilhetes postais.

Artigo 56.°Transporte de malas postais

1. É prioritário o transporte de malas postais.

2. Nenhum navio, aeronave, comboio ou veículo rodoviário das linhas comerciais oficiais ou particulares, pode largar sem que esteja em posse do passe do correio estabelecido pelos regulamentos postais.

3. As autoridades portuárias e aeroportuárias ficam incumbidas de verificar acondição referida no ponto anterior.

Artigo 57.°Obrigatoriedade de transporte de malas postais

1. Nenhuma transportadora oficial ou particular deve recusar o transporte de malas postais, ressalvados os motivos de segurança devidamente justificados.

2. O transporte das malas postais é feito com base em acordos e contratos entre os operadores postais e as transportadoras, estabelecidos nos termos da legislação interna, convenções, acordos e regulamentos postais internacionais.

3. Em caso de falta de acordo entre os correios e a transportadora, pode haverdecisão executória do Governo.

Artigo 58.°Responsabilidades das transportadoras

1. As transportadoras assumem a responsabilidade plena pelas malas postais que lhes sejam entregues para efeitos de transporte, tomando as providências adequadas ao seu acondicionamento e protecção.

2. Os capitães e mestres de navios, comandantes de aeronaves, chefes decomposição ferroviárias e condutores rodoviários, quando transportem malas postais, são responsáveis pelas infracções cometidas a bordo em relação a essas malas.

3. Os proprietários, agentes ou consignatários das transportadoras são responsáveis pelo pagamento das indemnizações resultantes das infracções a que se refere o número anterior.

Artigo 59.°Acesso aos terminais de transporte

As viaturas e os agentes postais quando em serviço e devidamente credenciados têm acesso às plataformas de embarque e desembarque, placas, terminais de carga e aeronaves para entrega e recepção de malas postais.

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Artigo 60.°Recintos portuários e aeroportuários

As autoridades portuárias e aeroportuárias devem facilitar, aos operadorespostais, o estabelecimento de infra-estruturas nos seus recintos.

Artigo 61.°Sigilo das correspondências

1. É inviolável o sigilo da correspondência postal.

2. O sigilo consiste na proibição de revelar o conteúdo das correspondênciaspostais, bem como o de prestar outro tipo de informações a ele inerentes.

3. Os operadores postais adoptam todas as medidas para garantir o sigilo dascorrespondências sob sua responsabilidade,

Artigo 62.°Excepções ao sigilo

1. Não constitui violação ao sigilo dos objectos de correspondências postais:

a) a divulgação do nome do destinatário do objecto postal ou da correspondência telegráfica que não tenha sido entregue, por erro ou insuficiência de endereço;

b) a abertura de carta endereçada a homónimo, no mesmo endereço;

c) a abertura de carta que apresente sinais visíveis de conter objectos interditos;

d) a abertura de carta que apresente sinais visíveis de conter substânciasbiológicas deterioráveis, radioactivas ou outras que, pela sua natureza, possamafectar ou perigar a saúde dos agentes.

2. A abertura de carta nos casos previstos na alínea c) e d) do número anterior é obrigatoriamente feita na presença do remetente ou destinatário.

Artigo 63.°Actos de boa fé

Os serviços postais e seus agentes não devem ser responsabilizados pelos actos que praticarem de boa fé, no exercício das suas funções e em aplicação das normas legais.

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SECÇÃO IIIProtecção Penal

Artigo 64.°Crimes contra os Serviços Postais

1. Todo aquele que subtrair ou provocar o rompimento ou violação de malas postais é punido com a pena de prisão maior de 2 a 8 anos e a multa de (750.000,00) a (7.500.000,00).

2. Todo aquele que se opuser com violência ao estabelecimento ou execução dos serviços postais, incluindo o embaraço ou oposição ao transporte de malas postais ou ao serviço de distribuição de correspondências postais, é punido com a pena de prisão maior de 2 a 8 anos e a multa de (750.000,00) a (7.500.000,00).

3. Todo aquele que falsificar e proceder à emissão fraudulenta de selos postais e demais fórmulas de franquia é punido com a pena de prisão maior de 2 a 8 anos e a multa de (750.000,00) a (7.500.000,00).

4. Todo aquele que opuser resistência, com violência ou agressão aos agentes dos correios e da administração postal com a intenção de impedir o exercício das respectivas funções, é punido com a pena de prisão e a multa de (250.000,00) a (2.500.000,00).

5. Todo aquele que admitido a participar na execução do serviço postal viole o sigilo das correspondências confiadas a esse serviço, incorre na pena de prisão e é demitido das suas funções.

6. Todo aquele que exercer ilicitamente a actividade postal é punido com pena de prisão e multa de (250.000,00) a (2.500.000,00).

7. Todo aquele que transportar de uma localidade para outras correspondências ou encomendas em contravenção do disposto na alínea h) do n.º 1 do artigo 35.° da presente lei é punido com a multa de (250.000,00) a (2.500.000,00).

8. Todo aquele que tendo tomado a responsabilidade do transporte de malas postais não proceder à, sua entrega no destino é punido com a multa de (250.000,00) a (2.500.000,00).

Artigo 65.°Crimes de desobediência qualificada

Incorrem no crime de desobediência qualificada:

a) Aquele que autorizado a executar um serviço postal deixar de cumprir qualquer das condições estabelecidas na respectiva; Licença;

b) Os locatários de terrenos e edifícios que, depois de avisados, impedirem ouembaraçarem a colocação, reparação ou desmontagem dos receptáculos

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postais.

Artigo 66.°Transgressões

São punidas como transgressões nos termos dos respectivos regulamentosaprovados pelo Governo, as infracções à presente lei que não sejam por elaconsiderados como crimes.

Artigo 67ºCoordenação em situações de emergência

Compete ao Estado assegurar, nos termos da lei, a adequada coordenação dos serviços postais em situação de emergência, ou crise.

CAPITULO XIIDisposições finais e transitórias

Artigo 68ºRegime transitório

1. No quadro da diversificação dos produtos e serviços, a Inclusão Financeira é um instrumento que deve ser regulado em diploma próprio, visto ser uma actividade económica.

2. As disposições do serviço público de Correios em vigor, bem como as medidas regulamentares adoptadas ao seu abrigo que não sejam incompatíveis com o disposto no presente diploma, mantêm-se até à entrada em vigor dos diplomas de desenvolvimento da presente lei.

Artigo 69º Disposições finais

1. O prestador do serviço universal deverá ser apurado através de um concurso público de caracter Nacional para a licença do tipo A e B para as licenças de tipo C e D serão apuradas através do concurso regional ou local. O Regulador deverá definir uma data do início da actividade.

2. Quando o Operador Postal reunir as condições necessárias à prestação integral do serviço universal, o INACOM, enquanto entidade reguladora, informará a data da entrada em vigor do disposto à norma supra citada.

Artigo 70ºEntrada em vigor

O presente decreto – lei entra em vigor a partir do dia da sua publicação.

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