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XI ANNO DOMINGO, 4 DE JUNHO DE 1911 N l 5 ij EMANARÍO REPUBLÍCANO RADICAL Er VW issignaliira Anno. 1S000 réis: semestre, -'oo reis. Pagamenuy adeanraao. Para fóro: Anno. [S200: semestre. 600; avuiso. -.-o reis. Par.i o Britai: Anno. :Sooo rei» mioeuu tortefí DIRSCTOR -PROPRIETARIO— José Augusto Saloio H I M D A C ® 0. ADINÍSTRAGAO E TYPOGAAFH 0 (Cjtisjpsísieão e impressão) U RUA CANDíDO DOS REIS — 126, AJLDEGALLKGA a Publicações 2 Annuncios— i.a puòiicacáo. 40 réis a linha, nas seguintes, 0 20 réis. Annuncios na 4.» pagina, contracto especial. Os auto- y. graphos não se restituem uuer sejam ou não publicados. EDITOR — José Cypriano Salgado Junior A reaccão do- ■ ■ « Escrevemos sob a dolo- rosa impressão de que a constituição que ha de re- gular as reiações mútuas entre os cidadãos e o Es- tado não será o que a ver- dadeira democracia acon- selha. Oxalá nos engane- mos; temos, porém, pre- senciadoque a reacção re- publicana vence. Mas o que será a rea- cção republicana, pergun- tar-nos-hão? E’ fácil de ex - plicar. Nos tempos da mo- narquia o partido repuoli- cano era uno e aparenta- va-se indivisível. Esta tacti- ca extraordinaria, que to- dos os. republicanos sem- pre mantiveram, nao dei- xava perceber bem a to- dos, o choque de ideais que, sob a mesma bandei- ra, se havia de dar logo que a Republica fosse im- plantada. Por mais que se quizesse encobrir tudo era manifesto dentro do pro- prio Govêrno Provisorio. As promessas feitas pe- los oradores republicanos na propaganda dentro do regimen extincto eram idênticas. Conservadores, moderados e radicais, to- dos talavam como que una voce. Pareciam ser ensaia- dos antes do comicio estar aberto. O povo agora é que se não deve deixar a- dormecer no dôce leito de promessas feitas pelos a- póstolos. A iniciativa dos grandes movimentos deve partir delle mesmo e, as- sim , deve vêr que só os principios verdadeiramen- te democráticos haverão de reger e presidir á ela- boração da legislação na- cional. Isto para seu bem, entenda-se. E’bom que es- queçâmos o effeito que produziam as palavras de alguns tribunos da demo- cracia e melhor será ainda que reparemos na aposta- sia que alguns homens da antiga oposição estão fa- zendo das afirmações ou- trora feitas nos seus dis- cursos, Fomos sempre con- tra o facto de seguirmos homens; hoje ainda mais o somos. O actual ministro do Interior tem dado so- bejas provas de que nem sempre é bom atirar pe- dras aos telhados dos visi- nhos. Atirou-as e agora caem-lhe nos da sua casa que são de vidro. Tanta demencia, tanta compaixão e os inimigos declarados da Republica continuam a mecher-se. Umcommissario de policia querido por toda a gente da terra é abrutamenie de- metido sem que uma ex- plicação acompanhe este acto. O resultado é triste mas constitue uma bella lição: O commissario no- meadoemsubstituição da- quelle é o primeiro que dá razão ao povo, pedindo a sua exoneração logo a se- guir ao momento emque toma posse... Mas nós estavamos ex- plicando o que era a rea- cção republicana. Ella é constituída por todos a- quelles que não sentem claramente as necessidades do povo; ella é, infelizmen- te, composta tambem da- quelles que, embriagados pela vaidade do mando, perturbados pela aquisição de cargos que nunca so- nharam vira desempenhar, só pensamem formar par- tido, abraçando todos, sem uma rigorosa selecção e semo critério que noutros tempos pareciam possuir. Ella é, finalmente, prehen- chida por áquellesque que- rem a Republica como sim- ples movimento de evolução da monarquia constitucio- nal para um regimen de li- berdade mais ampla, istoé, a substituição d'um chefe hereditário por um electivo. Contra isto clamámos nós e o povo deve acom- panhar-nos. Queremos que a Republica nada ou mui- to pouco tenha da fórma de govêrno que os revolu- cionários de 4 de Outubro demoliram. O govêrnodos povos hoje já se não póde entender como alé ao fim do século passado. O sé- culo xxtrouxe comsigono- bres aspirações a que os estados devem dar pleno cumprimento, e essas aspi- rações consistem na reali- sação da encantadora le- genda de«Liberdade, Igual- dade e Fraternidade». A- pregoar estes sentimentos e não os cumprir é uma quebra de pundonor a que não pudèmos deixar de opôr o nosso vehemente protesto. O proprio povo portuguez comprehende a Republica assim; doutra fórma não valeria muito a pena mudarmos de situa- ção. Estas nossas palavras, decerto, vão fazer lançar sobre nós alguns epítetos que todos os conservado- res guardam para áquelles que não pensam como el- les. Seja como fôr, porém, nós que, infelizmente, vi- mos a recommendação de uma lista por meio d’um prospecto, emque pór sob o nome dum certo candi- dato se via escrito o nome dum ministro do Govêrno Provisorio, não pudêmos deixar de gritar contra es- tes processos. Achavamo- losindecorososnos tem pos da monarquia e continuá- mos a achal-os ainda mais indignos feitos por republi- canos. Por tudo isto teme- mos que areacção vença e que o povo seja illudido. Elle que vigie que nós es- tâmos no nosso posto. Paulino Gomes. » ...... ... TEM DE SER ASSIM Não pudêmos nem de- vêm os deixar de agrade- cer ao Ex.mo sr. Martins dos Reis as penhorantes pala- vras comque na su3 «Des- pedida» de 21 do mez pas- sado nos quiz honrar, pa- recendo até que,, de certo modo, nos differenceia um pouco dos outros seus lei- tores, oque realmente mui- to nos penhorou por nos não julgarmos digna de tantas attenções. Diz S. Ex.a que, apezar da sua retirada daquella localidade, não deixará de continuar a escrever para O Domingo, oque sincera- mente estimámos porque, se S. Ex a quiz concordar com o nosso dicto «Um dos maiores males da hu- manidade consiste emnão haver humanidade», tam- bem a nós nos praz con- cordar— e plenamente— comaquellas suas palavras: «Áquelles que mais hu- manidade apregoam, que mais benevolencia e mansi- dão aparentam, são ospeio- res, e nunca os seus actos condizem com as suas pa- lavras». Muito bem. Mas, emvez de «são os peiores», deve- ria talvez antes ter dito «são geralmente os peio- res»., por isso que, como S. Ex.a muito bem sabe, não ha regra sem excepção: e mal vai se assim não é, e oeior nos iria se assimnão fosse, porque tambem os nossos homens públicos do velho e do novo regimen se jactaram de probos e honrados, apregoando-se uns e outros o non plus ul- tra da integridade e da j,ustiça. Os do velho regimen fa- ziam-nosem razãoporque, se eram bons,, lá estavam as suas obras para o com- provar; se maus, melhor ihes fôra dormir que pré- gar embustes. Os do novoesses faziam- n’o com certa necessidade porque, não tendo ainda sido homens públicos, nin- guém sabia o que elles eram* precisando por isso de se fazer impôr ao públi- co, já pela sua imprensa, já pela suapalavra. Porém, desde que entraramno po- der* estão no mesmo caso dos outros: Se são* bons, queo digam nassuasobras, e tudo irá bem_ Mas, voltando ás pala- vras de S. Ex.%o certo é que a bondade, a honra, a dignidade, o dever, a gene- rosidade, a lisura, a inte- gridade, etc., etc., são effe- ctivamente qualidades que raramente se encontram naquelles que mais as alar- deiam, porque os seuspos- suidores não são geral- mente áquelles que mais as apregoam. E não, por dois motivos: Primeiro, porque lá estão as suas o- bras que d^ellas dão pieno testemunho; segundo, por- que acham a «prática do- bem» tão natural que nem aomenosquerem serapon- tados pelo facto de terem cumprido aquillo a que el- les costumam chamar «o seu dever». ^ Quanto aobello dito de Cícero, tempo virá em que elle seja posto em voga, porque o mundo marcha e o Progresso ha de fazer-se um diat Mas quando será isso? Seja quando fôr, S. Ex.a o verá e nós o vere- mos. Na época actual po- rém, rarissimos são aquel- les que preferema Verda- deaoamigoquementem... como prova de gratidão d sua eterna amizade. De ma- neira que o que hoje mais se encoutra é o «amicus humani generis»- que, na bôca da maior parte, éco- mo quem diz «amigo de ninguém». Agora—e para terminar -um pouco de cavaco so- bre os uJtimos dois versos da poesia «O Baptismo» dó dia 14:- «E tudo isto porquê? Porque na Biblia um mo- no- devora uma maçã sem licença do dono»T Não está mal apanhada esta? Pois o homem foi lá nuncaum mono? Selvagem sim, mas mono nunca! O homem nascera homem assimcomo o macaco nas- ceramacaco, senhores dar- winistas!: Ese alguem duvida d’is- to, experimente: Pegue n’umd’esses lindos proge- nitores de Darwin, leve-o para casa, trate-o muito bem,, fele muito com elle, etc. E: se durante alguns annos ou mesmo alguns séculos* conseguir que o lanzudo bicharôco articúle uma só palavra ou se ria, saiba q.ue- nos declarare - mos vencida. Mas até lá continuaremos a dizer que o macaco nascera macaco assina como o homemnas- cera homem: Alguem- diz que oescla- recido auctor dos dois ver- sos- supra os não- escreve - ria hoje por muito dinhei- ro,como sóe dizer-se, as - simcomo-tambem sepro- phetiza q.ue esse génio da poesia luza- ainda, um : dia se resolverá a sacudir

XI ANNO DOMINGO, 4 DE JUNHO DE 1911€¦ · XI ANNO DOMINGO, 4 DE JUNHO DE 1911 N l 5ij EM A N A RÍO REPUBLÍCANO RADICAL Er V W issignaliira Anno. 1S000 réis: semestre, -'oo reis

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Page 1: XI ANNO DOMINGO, 4 DE JUNHO DE 1911€¦ · XI ANNO DOMINGO, 4 DE JUNHO DE 1911 N l 5ij EM A N A RÍO REPUBLÍCANO RADICAL Er V W issignaliira Anno. 1S000 réis: semestre, -'oo reis

X I A N N O DOMINGO, 4 D E JUNHO DE 1911 N l 5 i j

E M A N A R Í O REPUBLÍCANO RADICAL

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is s ig n a liir aAnno. 1S000 réis: semestre, -'oo reis. Pagamenuy adeanraao. Para fóro: A nno . [S200: semestre. 600; avuiso. -.-o reis.Par.i o B rita i: Anno. :Sooo rei» mioeuu tortefí

DIRSCTOR-PROPRIETARIO—José Augusto Saloio H

I M D A C ® 0 . A D I N Í S T R A G A O E TYPOGAA FH0 (Cjtisjpsísieão e im pressão)U R U A C A N D íD O D O S REIS — 126,

AJLDEGALLKGA

a P u b l ic a ç õ e s2 A n n u n cio s— i . a puòiicacáo. 40 réis a linha, nas seguintes,0 20 réis. A nnuncios na 4.» pagina, contracto especial. O s auto- y. graphos não se restituem uuer sejam ou não publicados.

EDITOR— José Cypriano Salgado Junior

A reaccão do-■ ■ «

Escrevemos sob a dolo­rosa impressão de que a constituição que ha de re­gular as reiações mútuas entre os cidadãos e o Es­tado não será o que a ver­dadeira democracia acon­selha. Oxalá nos engane­mos; temos, porém, pre­senciado que a reacção re­publicana vence.

Mas o que será a rea­cção republicana, pergun- tar-nos-hão? E’ fácil de ex­plicar. Nos tempos da mo­narquia o partido repuoli- cano era uno e aparenta­va-se indivisível. Esta tacti- ca extraordinaria, que to­dos os. republicanos sem­pre mantiveram, nao dei­xava perceber bem a to­dos, o choque de ideais que, sob a mesma bandei­ra, se havia de dar logo que a Republica fosse im­plantada. Por mais que se quizesse encobrir tudo era manifesto dentro do pro­prio Govêrno Provisorio.

As promessas feitas pe­los oradores republicanos na propaganda dentro do regimen extincto eram idênticas. Conservadores, moderados e radicais, to­dos talavam como que una voce. Pareciam ser ensaia­dos antes do comicio estar aberto. O povo agora é que se não deve deixar a- dormecer no dôce leito de promessas feitas pelos a- póstolos. A iniciativa dos grandes movimentos deve partir delle mesmo e, as­sim, deve vêr que só os principios verdadeiramen­te democráticos haverão de reger e presidir á ela­boração da legislação na­cional. Isto para seu bem, entenda-se. E’ bom que es- queçâmos o effeito que produziam as palavras de alguns tribunos da demo­cracia e melhor será ainda que reparemos na aposta­sia que alguns homens da antiga oposição estão fa­zendo das afirmações ou­trora feitas nos seus dis­cursos, Fomos sempre con­

tra o facto de seguirmos homens; hoje ainda mais o somos. O actual ministro do Interior tem dado so­bejas provas de que nem sempre é bom atirar pe­dras aos telhados dos visi- nhos. Atirou-as e agora caem-lhe nos da sua casa que são de vidro.

Tanta demencia, tanta compaixão e os inimigos declarados da Republica continuam a mecher-se. Um commissario de policia querido por toda a gente da terra é abrutamenie de- metido sem que uma ex­plicação acompanhe este acto. O resultado é triste mas constitue uma bella lição: O commissario no­meado em substituição da­quelle é o primeiro que dá razão ao povo, pedindo a sua exoneração logo a se­guir ao momento em que toma posse...

Mas nós estavamos ex­plicando o que era a rea­cção republicana. Ella é constituída por todos a- quelles que não sentem claramente as necessidades do povo; ella é, infelizmen­te, composta tambem da­quelles que, embriagados pela vaidade do mando, perturbados pela aquisição de cargos que nunca so­nharam vira desempenhar, só pensam em formar par­tido, abraçando todos, sem uma rigorosa selecção e sem o critério que noutros tempos pareciam possuir. Ella é, finalmente, prehen- chida por áquelles que que­rem a Republica como sim­ples movimento de evolução da monarquia constitucio­nal para um regimen de li­berdade mais ampla, isto é, a substituição d'um chefe hereditário por um electivo.

Contra isto clamámos nós e o povo deve acom­panhar-nos. Queremos que a Republica nada ou mui­to pouco tenha da fórma de govêrno que os revolu­cionários de 4 de Outubro demoliram. O govêrno dos povos hoje já se não póde entender como alé ao fim do século passado. O sé­culo xx trouxe comsigono- bres aspirações a que os estados devem dar pleno

cumprimento, e essas aspi­rações consistem na reali- sação da encantadora le­genda de«Liberdade, Igual­dade e Fraternidade». A- pregoar estes sentimentos e não os cumprir é uma quebra de pundonor a que não pudèmos deixar de opôr o nosso vehemente protesto. O proprio povo portuguez comprehende a Republica assim; doutra fórma não valeria muito a pena mudarmos de situa­ção.

Estas nossas palavras, decerto, vão fazer lançar sobre nós alguns epítetos que todos os conservado­res guardam para áquelles que não pensam como el­les. Seja como fôr, porém, nós que, infelizmente, vi­mos a recommendação de uma lista por meio d’um prospecto, em que pór sob o nome dum certo candi­dato se via escrito o nome dum ministro do Govêrno Provisorio, não pudêmos deixar de gritar contra es­tes processos. Achavamo- los indecorosos nos tem pos da monarquia e continuá­mos a achal-os ainda mais indignos feitos por republi­canos. Por tudo isto teme­mos que a reacção vença e que o povo seja illudido. Elle que vigie que nós es- tâmos no nosso posto.

Paulino Gomes.■ ■ • » ■ ...... ...—

TEM DE SER ASSIMNão pudêmos nem de­

vêm os deixar de agrade­cer ao Ex.mo sr. Martins dos Reis as penhorantes pala­vras com que na su3 «Des­pedida» de 21 do mez pas­sado nos quiz honrar, pa­recendo até que,, de certo modo, nos differenceia um pouco dos outros seus lei­tores, o que realmente mui­to nos penhorou por nos não julgarmos digna de tantas attenções.

Diz S. Ex.a que, apezar da sua retirada daquella localidade, não deixará de continuar a escrever para O Domingo, o que sincera­mente estimámos porque, se S. Ex a quiz concordar com o nosso dicto «Um dos maiores males da hu­

manidade consiste em não haver humanidade», tam­bem a nós nos praz con­cordar— e plenamente — com aquellas suas palavras:

«Áquelles que mais hu­manidade apregoam, que mais benevolencia e mansi­dão aparentam, são os peio- res, e nunca os seus actos condizem com as suas pa­lavras».

Muito bem. Mas, em vez de «são os peiores», deve­ria talvez antes ter dito «são geralmente os peio­res»., por isso que, como S. Ex.a muito bem sabe, não ha regra sem excepção: e mal vai se assim não é, e oeior nos iria se assim não fosse, porque tambem os nossos homens públicos do velho e do novo regimen se jactaram de probos e honrados, apregoando-se uns e outros o non plus ul­tra da integridade e da j,ustiça.

Os do velho regimen fa­ziam-no sem razão porque, se eram bons,, lá estavam as suas obras para o com­provar; se maus, melhor ihes fôra dormir que pré- gar embustes.

Os do novo esses faziam- n’o com certa necessidade porque, não tendo ainda sido homens públicos, nin­guém sabia o que elles eram* precisando por isso de se fazer impôr ao públi­co, já pela sua imprensa, já pela sua palavra. Porém, desde que entraram no po­der* estão no mesmo caso dos outros: Se são* bons, queo digam nassuasobras, e tudo irá bem_

Mas, voltando ás pala­vras de S. Ex.% o certo é que a bondade, a honra, a dignidade, o dever, a gene­rosidade, a lisura, a inte­gridade, etc., etc., são effe- ctivamente qualidades que raramente se encontram naquelles que mais as alar­deiam, porque os seus pos­suidores não são geral­mente áquelles que mais as apregoam. E não, por dois motivos: Primeiro,porque lá estão as suas o- bras que dellas dão pieno testemunho; segundo, por­que acham a «prática do­bem» tão natural que nem

ao menos querem ser apon­tados pelo facto de terem cumprido aquillo a que el­les costumam chamar «o seu dever». Quanto ao bello dito de

Cícero, tempo virá em que elle seja posto em voga, porque o mundo marcha e o Progresso ha de fazer-se um diat Mas quando será isso? Seja quando fôr, S. Ex.a o verá e nós o vere­mos. Na época actual po­rém, rarissimos são aquel- les que preferem a Verda­de ao amigo que mentem... como prova de gratidão d sua eterna amizade. De ma­neira que o que hoje mais se encoutra é o «amicus humani generis»- que, na bôca da maior parte, é co­mo quem diz «amigo deninguém».

Agora—e para terminar-um pouco de cavaco so­

bre os uJtimos dois versos da poesia «O Baptismo» dó dia 14:-

«E tudo isto porquê? Porque na Biblia um mo­no- devora uma maçã sem licença do dono»T

Não está mal apanhada esta? Pois o homem foi lá nunca um mono? Selvagem sim, mas mono nunca! O homem nascera homem assim como o macaco nas­cera macaco, senhores dar- winistas!:

E se alguem duvida d’is- to, experimente: Peguen’um d’esses lindos proge­nitores de Darwin, leve-o para casa, trate-o muito bem,, fele muito com elle, etc. E: se durante alguns annos ou mesmo alguns séculos* conseguir que o lanzudo bicharôco articúle uma só palavra ou se ria, saiba q.ue- nos declarare­mos vencida. Mas até lá continuaremos a dizer que o macaco nascera macaco assina como o homem nas­cera homem:

Alguem- diz que oescla- recido auctor dos dois ver­sos- supra os não- escreve­ria hoje por muito dinhei­ro,como sóe dizer-se, as­sim como-tambem sepro- phetiza q.ue esse génio da poesia luza- ainda, um: dia se resolverá a sacudir

Page 2: XI ANNO DOMINGO, 4 DE JUNHO DE 1911€¦ · XI ANNO DOMINGO, 4 DE JUNHO DE 1911 N l 5ij EM A N A RÍO REPUBLÍCANO RADICAL Er V W issignaliira Anno. 1S000 réis: semestre, -'oo reis

9 O D O M I N G O

antigas idéias á Go-■suasrnes Leal.

Nós porém, duvidámos que elle o faça á Gomes Leal; mas íião que elle o faça por qualquer outraj fórma, porque demais sabe elle que o homem nunca toi macaco e que o syste­ma Demócrito nada prova em contrario. Sim, a terra é atónica; mas que tem lá isso para o caso Darwin?' Apenas uma coisa: E é que n’isso mais e mais se fevela e patenteia a omni­potência e sabedoría do Supremo Architecto do -U- ni verso).

a Quem poenit peccasse, pene est innocensD.

A dekaide Moret.

(Lommmtarios Moíicias Senhora, eleitora

A distincta médica, s r .a D. Carolina B eatrâ Angélo que, co­mo aqui já dissemos, requereu a inclusão do seu nome nos cader­nos do recenseamento eleitoral por saber ler e escrever e ser considerada chefe de familia, conseguiu, como era justo, qne lhe fosse reconhecido-© direito de votar. Acompanhada de senhoras das suas relações apresentou-se na assembléia eleitoral de S. Jor ge de Arroyos, em Lisbôa, a fim de desempenhar os seus direitos de eleitora. Esse acto, o primei*- ro nos annaes do eleitorado na­cional, foi coroado d ’uma gran­diosa manifestação de simpatia.A situação vinícola em

França.Nas noites de 4, 5, 6 e 7 de

abril cabiram em França graves geadas, tendo a temperatura des eido a 8 graus abaixo de 0.

Toda a região meridional e do sud-oeste da França, justamente a mais íemporã, foi muito preju­dicada, tendo sido destruídas a rebentação de muitos vinhedos e das arvores de frueto.

_ Os estragos foram muito con­sideráveis e «mbora seja ainda impossível calculal-os com exa­ctidão, pode-se desde já prever que a futura cclheita será muito reduzida.

Estes dados são confirmados pelas ultimas noticias, do fim de abril, informando que no sud­oeste, sobretudo na Charente in­ferior, os estragos atingiram uma importancia real.

As «flertas para vendas «na "cêpa», para 1911, são um pouco inferiores ás do começo do anno, mas não têem sido acceites pelos viticultores.

Os preços actuaes são: no Gard, 40 francos os 100 litros; no Au- de, 38 a 40 francos; no Roussil lon, 37 a 40 francos.

Ós vinhos disponíveis nas ade­gas são muitissimo raros.

A Hespanha e a Argélia sof- freram tambem muito com as in­tempéries de abril.Vinhos portuguezes

A União dos Viticultores de Portugal acaba de exportar para J&rsey, pelo navio «Detlif Wa- gaero, 20 meias pipas de vinhos tratos communs e 50 cascos e 70 quartos de pipa de,vinhos bran­cos, tudo no valor de 2:557$500 réis.Abalo de terra

No dia 31 de maio findo sen­tiu-se um pequeno movimento sis-

C 0 F R B S © P S R O X # J k S '

O ingrato é vima féra Que, quanto mais se lhe fa\, Tanto mais a besia espera, Porque só d'isto é capa\..

De todos os belluínos E decerto o mais ingrato, Porque só entre os felinos Acha o seu fiel retrato.

Só n este dragão, senhores, Se encontra o grande villão Que, a quem só deve favores, Mor-de a protectora mão/

E morde com tal fu ro r.., Com um tal desembaraço, Quê o pobre do bemfeitor Lhe lem de fu g ir co braço!

Selvagem de Ingratidão Em que tudo regorgita!Eu te detesto, dragão,Eu ie abomino, maldita!

Mas nem por isso deixemos De praticar sempre o bem; Pois antes nós nos queixemos, Que de nós se queixe alguem.

€tòc/uibl QTlcizt.

P a r t id o s o c ia l i s t a r e f o r ­m is ta .For se incompatíbilisar com os

membros dos corpos sociais d’a- quelle partido, deixou no dia 1 do corrente de faz-er parte do re­ferido partido, o -sr. Agostinho José Fortes.

•Este mundo é uma bola e é certo.

L o p e s B a r r a d a sRetirou na sexta feira para E-

vora onde se demorará algum tempo, o nosso amigo e correli­gionário Manuel Maria Lopes Barradas, estimado praticante de farmacia n ’esta villa.A s C o n s t i t u in t e s

Os trabalhos preliminares para I

E tn f a m il iaDiz-se qne os «thalassas» ex­

pulsos de Lourenço Marques se­rão ouvidos pelo sr. Freire de Andrade.

Muito bem. Assim ficará tudo em familia.J u lg a m e n t o s

Responderam no tribunal d’es- ta comarca: Dia 31 de maio, Antonio d’01iveira. carvoeiro, na­tural dAlemquer, acusado do crime de homicidio frustrado em Othello Esteves Braga, residen­te na Atalaia, sendo condemnado em 20 mezes de prisão e 20 de multa a IOO réis por dia, fioando a pena reduzida a 10 mezes de prisão e 200 dias de multa pelo decreto de amnistia e sem custas

as constituintes estão já delinea] ser bre_ Dia 1 4o corm). dos. Os trabalhos parlamentares, ^ João Abel Domingos da Ro.abrem no dia 19 do corrente, sendo esse dia considerado de grande gála. Algumas corpora­ções populares da capital prepa­ram-se para levar a efeito diver sos festejos.

Encetará a camara os seus trabalhos pela verificação dos po deres dos candidatos, trabalho esta que deve durar duas sessões passando se de seguida á eleição do presidente, secretario e com missões de estudo. Acabado este trabalho o presidente do govêrno dará conta da transformação po- lica, submetendo a á saneção parlamentar. O projecto da cons­tituição elaborado pelo dr. Teofi- lo Braga, será o primeiro diplo ma a discutir, e a seguir entrar- se-ha na discussão e revisão dos diplomas publicados em dictadu­ra pelos diversos ministérios.

“ O D ia ,,Este nosso collega da capital,

suspendeu temporariamente a sua publicação.F e io T e r e n a s

Perante o sr. ministro do in­terior, tomou posse do logar de director geral da secretaria da Assembléia Nacional, para o que havia sido já nomeado, o nosso

illustre deputado

sa, da Cortageira, acusado de dar duas facadas em Severino da Costa, de Alhos Vedros, sendo condemnado em 69 dias de pri­são e 21 de multa a 100 réis por dia; João Justino, d’Atalaia, a- cusado de offensas corporais, con­demnado em 8 dias de prisão.M a r in h a d e C a m p o s

O ex-governador da provincia de Cabo Verde, sr. Marinha de Campos, foi na passada sexta feira entregar no ministério da marinha o requerimento em que péde a sua demissão de oficial da armada.U in g r a n d e in c ê n d io

Pelas 8 horas da noite de 1 do corrente manifestou-se fogo no velho convento da Senhora da Conceição, na Avenida Antonio José dAlmeida, que após alguns minutos se transformou n’uma fogueira assustadora. Os rápidos soccorros dos nossos valentes bombeiros evitaram, e já foi muito, qne as propriedades con­tíguas1 fossem engulidas pelas cha-mnas. A deficiencia de ma terial e parece qne o sen mau es­tado fizersm com que se pedisse soccorro ás corporações de bom­beiros do Barreiro, que pronta­mente acederam, prestando ma- gnificos serviços. O convento

preços correntes de géneros 9 utensilios de primeira necessida­de.Gregorio Gil

Com fábrica de distiHaçUo na travessa do Lagar da Cera (na Pontinha) offerece á sua numero­sa clientella, álém de aguardente bagaceira muito bôa de que sem­pre tem grande quantidade para venda, finissima aguardente de prova (30°) para melhoramento dos vinhos, assim como aguarden­te anisada muito melhor que a chamada de Evora. Os preços sJLo sempre inferiores aos de qualquer parte e as qualidades muito su­periores

li.ev®ltaçã© FraaccaaDa Biblioteca Histórica (Po­

pular e Illustrada), recebemos o 1.° volume da «Historia da Re­volução Franceza» por F . M gnet, edição da casa Alfredo Da­vid, Rua Serpa Pinto, 30 a 36- Lisbôa.

Agradecemos.

! amigo, illustre aepuiacio e jorna jnioo, seriam 2,40m da madruga-1 lista, sr. Feio Terenas. _ _ _da. De tão imnerceptivel que foi I Ao novo director geral 0 nosso , pertencia á sr _ D. Maria Anto- não causou sustos» 'abraço de parabéns. »nia Tavares Moia, e nao es ava

no seguro. Os prejuizos são im­portantes.A s s u n t o s v i t i e o la s

Em vista da grande falta qne ha de pulverisadores e torpilhas, participamos aos nossos leitores que os ha do sovo systema Ver- morel na casa O. Herold & C.s,Lisboa e Porto. Esta casa tem para entrega immediata tanto em Lisbôa oemo ne Porto, sul­fato de cobre e enxofre simples em pó com 99 °[0 de pureza ga­rantida. Tem tambem enxofre flôr de diversas qualidades, re- commendando o da marca «Ma­rialva» que rende mais 30 °[0 que os enxofres fiôr italianos habitualmente á venda.

Torna-se a lembrar que as vi­nhas fortificadas por uma aduba­ção equilibrada com dosagem conveniente de potassa sâo em geral muito menos atacadas pelo oindiuaa e o mildew do que as vinhas estrumadas.

Nas oliveiras e outras arvores fructiferas convém fazer agora a aplicação da segunda dose de adubos, ou sejam 2 a 5 kiles de uma fórmula apropriada da mar­ca registada «Trevo de 4 Folhas» o h então 1 kilo de cal azotada com 2 kilos de phosphato Tho­maz e mais 2 kilos de kainite espalhados a lenço por arvore fazendo em seguida uma ligeira poda.«O Tolnntario»

Começou a publicar-se em Ta- vira uma nova folha semanal, li- teraria e noticiosa.

Agradecendo a visita, desejâ­mos-lhe longa e próspera vida,» r . A ffonso Costa

Consta que se vão acentuando consideravelmente as melhoras do sr. ministro da justiça, encon­trando-se bem disposto.

Que s. ex.a prontamente se restabeleça são os nossos mais ardentes desejos.A s e le i ç õ e s

Ficaram eleitos por este circu­lo (n'.0 38), os srs. Dr. Celesti­no d’Almeida, dr. Teixeira de Queiroz, dr, Luiz Fortunato da Konseca, e pela minoria 0 sr.Gastão Rodrigues,U m j e s n i t a p r o t e g id o

Quando n’esta villa os traba­lhadores rurais se puaeram em gréve procuraram logo nas cir- currivismhanças a adesão de to­dos os seus collegas. Sucede po­rém que na freguezia do Samou­co todos se negaram a aderir es­condendo-se debaixo das camas, nos palheiros e até um se meteu dentro d’um forno de coser pão.O padre «Sopas n.° 2», vendo que a gréve só poderia trazer embaraços á Republica e julgan­do que fosse obra preparada para esse fim, correu logo aos currais e arranjou uma commissão que á sua ordem aderiu aos grévistas.

Isto não é nada, a comparar com 0 que 0 barrasco já tem feito. Mas n’outras partes, por muito menos, os estão prenden­do. Por que será que se está protegendo este jesnita?SI is são de C olonlsafão

Recebemos e agradecemos 0 exemplar do relatorio da «Missão de Colonisaçâo» no planalto de Benguella em 1909, cujo sum- mario é:

Descripçào geográfica—Flora, fauna, produetos naturaes apro- veitaveis — Rochas e natureza da! terra —Aguas—Clima— Popula­ção indígena e trabalho—Meios de accesso e circulação, preços — Culturas, criações e explora­ções aconselhaveis — Systema conveniente de construcções, hv- J giene. alimentação, agrícola e seus instrumentos,' dega, 22, Porto

REGISTO CIVILN a s c im e n t o s . — Dia 21,

João d ’Oliveira Gaspar, filho dé João Marques Gaspar e de Ma* ria d’Atalaia Cola; Luiz Albino Gonçalves Fulgencio, filho ííie- gitimo de Guilhermina dos San­tos Albino. Dia 22, Antonio Ju ­lio Cardeira Relogio, Gertrudes da Conceição Cardeira Relogio, Maria Joaquina Cardeira Relo­gio e Beatriz da Conceição Car­deira Relogio, filhos de Antoaio Joaquim Relogio Junior e de Lybia da Conceição Cardeira; Hilda Lima Torga, filha de An­tonio Tavares Torga e de Emí- lia Lima. Dia 25, José da Cos­ta, Miguel da Costa e Manuei da Costa, filhos illegitimos de Anna dos Santos; Francisco d'01iveira Fernandes e Anna d’Oiiveira Fornandes, filhos de José Fer­nandes Junior e de Anna d’01i- veira; Antonio Henrique Barbo­sa de Pinho, filho de José de Pi­nho Bastos e de Adelaide Bar­bosa de Pinho; Maria Joaquina Ramos Amaro e Carmen Fer­nanda Ramos Amaro, filhas do José Ramos Amaro e de Laura Baptista Amaro; Antonio da Con­ceição Victorino, filho de Este­vam Victorino e de Emilia Rita da Conceição; Maria José da Sil­va, filha de José da Silva e de Arma da Silva. Dia 29, Maria Angélica Coelho e José Maria Coelho da Silva, filhos de José Leonardo da Silva e de Maria Angélica Coelho.

C a s a m e n to s .—Dia 21, Ja­cintho Alves com Izabel Maria dos Santos e João Rodrigues Cardeira com Adelaide Rita Pe­querrucho. Dia 29, Carlos Joa* quim Baptista com Germana Ma­ria d '01iveira.

COTIO PfflDe Cardiff e de Newcas-

lle, qualidades especiaes para queimar nas debulha­doras, a preços resumidos.

Têem quasi constante­mente vapores á descarga. Igualmente com carvão de forja, coke de fundição,

coke para cosinha, e an- thracite da qualidade Gre- ai Mountain para motores a gaz pobre.

Pedidos a O. Herold & C.a, Rua da Prata, 14. Lts-

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Page 3: XI ANNO DOMINGO, 4 DE JUNHO DE 1911€¦ · XI ANNO DOMINGO, 4 DE JUNHO DE 1911 N l 5ij EM A N A RÍO REPUBLÍCANO RADICAL Er V W issignaliira Anno. 1S000 réis: semestre, -'oo reis

O D O M I N G O

_ AGRICULTURAISOsHagea» e Fenaçâo

Começou a fáina da cei­fa dos fenos no sul do paiz, ficando a herva sobre as terras a curar até ser em- rnólhada, e depois reunida em moreias até ser enfar­dada ou transportada para os palheiros e granja».

A cura dos fenos é no nosso clima uma operação delicada, pois precisando de 12 a i5 dias para seccar, raro decorre nesta quadra Um tão largo período sem precipitações de chuvas, que, sendo seguidas ou re­petidas, pódem estragar ou deteriorar uma grande parte dos fenos, sobretudo os que estiverem já quasi sècos ou prontos a emmó- lhar, quando venha a cho­ver.

Usa-se em algumas re­giões do extrangeiro, onde a cura dos fenos tambem se faz por este processo, juntar os fenos apenas en- chambrados, emmedal-os, espalhando-os repetidas vezes e juntando-os de no­vo em médas. nas quais se deixam nos dias chuvosos, espalhando-os de novo lo­go que não chove.

Os fenos ficam com a côr acastanhada, mas com bom cheiro característico, chamando-lhe os francezes foin brim, que nós pode­remos chamar/eHO casta­nho. Nos nossos mercados porém, os fenos que por ■difficuldades de sécca ou cura ficaram assim acasta­nhados, nunca attingem o mesmo preço que os fenos sècos sem chuva.

A fenaçâo tem portanto enorme importancia, sen­do difficil escolher a opor­tunidade para meter a foi­ce aos fenos, sempre no re­ceio de chuvas abundantes e seguidas.

+A’lém da fenaçâo ha po­

rém um outro processo muito económico e prático para conservar os fenos, sem os perigos e riscos da cura ao sol ou fenaçâo.

Este processo á a cnsila- gem das forragens corta­das, em siios apropriados, em condições semelhantes áquellas em que se faz des­de a mais remota antigui­dade a ensilagem dos ce- reaes, e tem sobre a fena- ção a vantagem de conser­var á forragem toda a a- gua e todas as qualidades da forragem verde.

A ensilagem aproveita a herva no proprio dia em que é ceifada, podendo re- coiher-se do sòlo molhada do orvalho e até da chuva, ;:Conservando-se bem logo quç, é cm peque­

nos fragmentos de pollega- da e arrumada convenien­temente no fosso ou silo, gradualmente calcado, com méthodo mas sem exage­ro, e depois protegido do ar e das chuvas.

Chegada a terra de feno ao ponto julgado mais pró­pria para o córte, faz-se este rapidamente, trans­portando logo a herva pa­ra junto dos silos, cortan­do-a em aparelhos espe­ciaes semelhantes aos cha­mados corta-palhas, e re­colhendo-as aos silos aon­de pódem conservar-se du­rante annos sem se altera­rem.

As terras são rapida­mente desocupadas, lim­pas, podendo-se nas terras mais frescas ou nas terras irrigadas fazer uma se­menteira de milho para forragem ou para grão, ou uma ligeira deslavra para manter as terras em me­lhor estado de frescura, não as enxugando tanto pela acção do calor estivai.

A forragem ensilada é muito apreciada por todo0 gado, conservando a a- gua de vegetação e sendo magnifica para alimenta­ção do gado leiteiro. Não deve constituir alimento exclusivo, devendo alter­nar-se em cada dia com os fenos, com as palhas, e até com hervas ou racõcs, con-» 7servando o gado em boa saude e facilitando-lhe a <ua funcção lactígena.

Os silos para forragens são em enorme número nos Estadas Unidos Norte Americanos, não se com- prehendendo hoje uma ex­ploração agrícola america­na sem um ou mais silos.

Entre nós já têem sido feitas várias experiencias para ensilar cevadas e mi­lhos verdes, com magnifi­co resultado, sobretudo no Alemtejo, tendo nós mes­mo já analysado cevada e milho ensilado pelo nosso querido amigo sr. conse­lheiro José de Oliveira Soa­res, de Evora, constando- nos que outros lavradores têem igualmente experi­mentado com êxito este processo.

Nesta quadra, em que os fenos estão sendo cor­tados, pódem todos os la­vradores, experimentar es­te processo de conserva­ção das forragens verdes, cuja acção nas explorações agrícolas tão util tem sido na agricultura norte-ame- ricana.

O silo para forragens é considerado na America do Norte indispensável ao criador de gado.

1 A mando de S eabra .

AGHADECIMEIMOMariano Rodrigues Serra­

dor, Mónica Maria de Je­sus, Rosalina Mónica Pin­to e seu marido, Jo. ephina Augusta Rodrigues, Maria José Rodrigues, Antonio R. Serrador, sua mulher e filha, Maria Julia Rodri­gues, Lucia A. R. d’Albu- querque, seu marido e fi­lho, João F. R. Serrador, sua mulher e filhos e José Luiz Rodrigues, sua mu­lher e filhos agradecem, penhoradissimos, a todas as pessoa> que se digna­ram acompanhar á sua ul­tima morada os restos mortais de sua chorada es­posa, irmã, cunhada, ma­drinha e tia Bernardina Mónica Rodrigues e bem assim a todas aquellas que durante a sua doença se interessaram pelo seu esta­do indo ou mandando sa­ber.

A todas, pois, o seu in- delevel agradecimento.

Aldegallega, 3 de junho de ig i i.

Pinto Sanches Chatillon, de Lisbôa, avaliada em ré­is 641 $900.

Para os devidos efeitos se declara que as despezas da praça e a respectiva contribuição de registo se­rão á custa do arrematan­te, e para ella, pelo pre­sente, são citados quais­quer crédores incertos, a fim de deduzirem os seus direitos, querendo.

Aldegallega, 6 de Maio de 1911.V e rifiq u e i a exactidão:

O JU IZ D E D IR E IT O ,

A. Marçal.O E S C R IV Á O ,

Pedro José Bandeira.

Alfaiataria S A M F@S

José Julio dos Santos paiticipa a todos os seus amigos e freguezes que mudou o seu estabeleci­mento da rua da Cruz pa­ra a rua Theophilo Braga antiga rua do Conde), n.° 22-A, i.° andar, recanto.

Desde já agradece a to­dos que o procurarem.

ANNUNCIOS

A .3S T N U N C I O

Jl t lál lCA UI, A LU Jj

(í.* publicação)

No dia 4 de Junho pro­ximo, pelas 11 horas da manhã, e ás portas do Tri­bunal Judicial d’esta co­marca, se ha de arrema­tar e entregar a quem mai­or lanço oferecer sobre a respectiva avaliação, o pré­dio abaixo mencionado, pertencente ao casal do fallecido Antonio Gomes Ferreira, morador que foi no logar da Barra Cheia, freguezia de Alhos Vedros, desta mesma comarca, o qual vai á praça em virtu de de deliberação do con­selho de familia e acôrdo dos interessados, para pa­gamento das custas e sel­los em dívida a este Juizo nos respectivos autos de inventario de menores, e é o seguinte:

Uma propriedade rústi­ca formada por terras dê semeadura, vinha e arvo res de frueto, casas de ha bitação e dois bocados de pinhal, sita no sitio da Barra Cheia, freguezia de S. Lourenço de Alhos Ve­dros, foreira em 4S955 ré­is. annuaes, e 3 galiinhas. ou 400 réis por cada uma. a D. Antonio de Castro

J L N N X J N C I O

COMARCA OE ALDEGALLEGA

ARKKMATAÇAO

( l . a publicação)

No dia 18 do proximo mez de Junho, pelas 11 ho­ras da manhã e ás portas do Tribunal Judicial desta comarca, se ha de arre matar e entregar a quem maior lanço offerecer, so­bre a quantia de 3oo$ooo réis, o prédio abaixo men­cionado, pertencente o casal da fallecida Maria Jo­sé Candida, moradora que; foi nesta villa, o qual vai pela segunda vez á praça,

em virtude de deliberação do conselho de familia « acôrdo dos interessados, para pagamento do passi­vo descripto no respectivo inventario de menores, e é o seguinte:

Um prédio composto de duas moradas de casas ter- reas, com quintal, sito na Rua Central, d’esta villa, e com frente, as ditas casas, uma para esta rua e outra para a Rua Corte do Mou­ro, foreiras a Francisco Maria de Jesus Relogio, casado, proprietário d’esta mesma villa, em 33ooo ré- is annuaes, sem laudémio.

Declara-se, para os de­vidos effeitos, que a respe­ctiva contribuição de re­gisto e despezas da praça serão á custa do arrema­tante, e para ella, pelo pre­sente são citados quaes- quer crédores incertos, a fim de deduzirem os seu§ direitos, querendo.

Aldegallega, 3o de maio de 1911 -V e rifiq u e i a exactidão:

O JU IZ d e d i r e i t o ,

A. Marçal.o E S C R IV Á O ,

Pedro José Bandeira.

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L iv ro notabilissim o, livro indispensável n quantos desejam in stru ir se e progredir. Tem os vivid o em uma ignorancia quasi absoluta ácerca da histo- ria das religiões. Chegam os a náo saber a proprta hisioria do Catolicism o, que mais de perto nos interessa e agita. De modo que um liv ro , conglob «o- do a bisioria ae to ao so s tempos e ein todos ós os paizes, constitue um tra­balho que todos devem p o ssuir, que todos devem le r e propaaar - o que represent<:rá um vaiioso serviço pre.-.tado á causa da instrucção-, em P o rtu ­gal. porque uma das rnais neceisariiis tarefas da sciencia consiste hoje em reconstituir a historia das religiões.

Servindo se d. s notáveis trabalhos de Salomêo Reinach, de Beuebat. de Holiebecque e do Barão d '0 lbach, conseguiu líib a iro ds Carvalho conglo­bar em um só liv ro , p o r maneira ciara, toda essa historia, dividindo a obra em três partes, cuja enumeração basta pa-a lhe m ostrar a im portancia.

«A >ngem das R e lig iõ e s — Religião e Mytologia -T h e o ria da Reveíàçáo prim itiva - (.) culto das plantiise dos animais— As metamorphosés — O 1 ote* mismo e as fábulas - O sacrifício do ió te m — O Sabbat ■-LaiCiZaçiiO progres» s va da H um anidade— A Magia e a Sciencia— O F u tu ro das Religiões e a ne­cessidade de ihes estud r a historia— A Sciencia das Religiões não só instruc e educa, mas liberta tambem o espirito humano.

«Religiões Antigas e Religiões A ctuaes.»— Religiões que existem actual­mente— Religiões dos póvos chamados selva g en s-R e lig iõ e s de todos os po­vos antigos - Os seus ritos, os stus deuses, os seus sacrifícios— O s phenó- menos religiosos, as suas formas e a sua natureza— Logares sagra ios Os templos Os m ythos— Com o funcciona uma religião— Sacerdócio e Egrejas — E stud o histórico das Religiões.

«C hrist e o C h r stianism o.»— A Judeia ao nascer Je s u í— Quem foi C h r i‘ - to Exame da sua doutrina —Os prim eiros séculos do C hristianism o— A in ­fluencia de Platão— C hristo ão foi o fundador do Chistiani»m o--Falsidade da actual reli .iao c h ristan— Os c o n cílio s—Costum es de Christo e da sua pre­tendida Egreja G uerras entre C h ristã o s— A trocidades praticadas pelo C hristianism o— C rim es da E g r e ja —A moral christan, inimiga da V id a, do A m or e da Felicidade.

Com o se vê. por este simples enunciado dos seus capítulos, a «H istoria das Religiões é um liv ro notável e cuja leitura se im põe.

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