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ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA – UNESCO Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – SDH/PR Relatório 1 PROJETO: 914 – BRZ3010 – “Fortalecimento dos mecanismos de participação e controle social das políticas públicas de direitos humanos” – UNESCO Produto 1 Documento Técnico contendo relatório com o levantamento das políticas setoriais do Governo Federal referentes à população em situação de rua e proposta metodológica para o seu acompanhamento pelo Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua. Consultor técnico: Binô Mauirá Zwetsch Brasília/DF, Junho de 2014

ZWETSCH - Monitoramento Pop Rua Produto 1 Consultoria SDH UNESCO

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Documento Técnico contendo relatório com o levantamento das políticas setoriais do Governo Federal referentes à população em situação de rua e proposta metodológica para o seu acompanhamento pelo Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua.

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    ORGANIZAO DAS NAES UNIDAS PARA A EDUCAO,

    A CINCIA E A CULTURA UNESCO

    Secretaria de Direitos Humanos

    da Presidncia da Repblica

    SDH/PR

    Relatrio 1

    PROJETO: 914 BRZ3010 Fortalecimento dos mecanismos de participao

    e controle social das polticas pblicas de direitos humanos UNESCO

    Produto 1

    Documento Tcnico contendo relatrio com o levantamento das polticas setoriais

    do Governo Federal referentes populao em situao de rua e proposta

    metodolgica para o seu acompanhamento pelo Comit Intersetorial de

    Acompanhamento e Monitoramento da Poltica Nacional para a Populao em

    Situao de Rua.

    Consultor tcnico: Bin Mauir Zwetsch

    Braslia/DF, Junho de 2014

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    Massa Instantnea

    Eu falo de uma massa, que no espaguete.

    uma massa crua, o menino de rua, rotulado de

    pivete, pela educao escrava.

    Eu falo de uma massa que no macarro.

    o guri sem teto, sem afeto, analfabeto, seu colcho

    o cho, vida de co sem raa.

    Eu falo de uma massa que no massa folhada.

    Pede grana no sinal, s tem folha de jornal, contra o

    frio da madrugada, sua pele sua couraa.

    Eu falo de uma massa que no de pastel.

    Recheada de vento e dormindo ao relento,

    O seu teto o cu, seu recheio s carcaa.

    Eu falo de uma massa que no ravioli.

    Intragvel, indigesta, que a princpio no presta.

    E que ningum engole, e que no mole, despedaa.

    Eu falo de uma massa que no parafuso.

    o moleque inteligente que de tanto solvente, vai

    ficando confuso, enquanto o tempo passa...

    Eu falo de uma massa que no panqueca.

    Fissurada no crack, a mente sente o baque, enquanto o

    corpo seca, e a vida embaraa.

    Eu falo de uma massa que no capelete.

    No tem armas pra luta, nem fora pra disputa, por

    isso nem compete, fica vivo por pirraa.

    Eu falo de uma massa que no um miojo.

    Boicotada, atrofiada, que no valorizada, a elite tem

    nojo, seu paraso a praa.

    Vem agora e abraa a massa instantnea, que no

    quer ficar no molho, mas transcender o teu olho, que

    tua atitude espontnea, vem agora e ABRAA!

    Poema de Carlinhos Guarnieri

    Redutor de Danos e Educador Social de Rua de Porto Alegre/RS.

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    Siglas

    Centro Pop: Centro de Referncia Especializado para a Populao em Situao de

    Rua

    CGDPSR: Coordenao-Geral dos Direitos da Populao em Situao de Rua

    CIAMP-Rua: Comit Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da

    Poltica Nacional para a Populao em Situao de Rua

    CNBB: Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil

    CNDDH: Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da Populao em

    Situao de Rua e dos Catadores de Materiais Reciclveis

    CNMP: Conselho Nacional do Ministrio Pblico

    CRAS: Centro de Referncia em Assistncia Social

    CREAS: Centro de Referncia Especializado em Assistncia Social

    Disque 100: Dique Direitos Humanos Disque 100

    eCR: equipe Consultrio na Rua

    IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IPEA: Instituto de Pesquisas Econmicas Aplicadas

    MCidades: Ministrio das Cidades

    MDS: Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate Fome

    MEC: Ministrio da Educao

    MinC: Ministrio da Cultura

    MJ: Ministrio da Justia

    MNPR: Movimento Nacional da Populao de Rua

    MNCR: Movimento Nacional de Catadores de Materiais Reciclveis

    MP: Ministrio Pblico

    MPOG: Ministrio de Planejamento, Oramento e Gesto

    MS: Ministrio da Sade

    MTE: Ministrio do Trabalho e Emprego

    PBA: Programa Brasil Alfabetizado

    PES: Planejamento Estratgico Situacional

    PNAB: Poltica Nacional de Ateno Bsica do Ministrio da Sade

    PNPR: Poltica Nacional para a Populao em Situao de Rua

  • 4

    PRONATEC: Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico

    PSE: Proteo Social Especial

    PSR: Populao em Situao de Rua

    RAPS: Rede Ateno Psicossocial

    SDH/PR: Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica

    SENASP: Secretaria Nacional de Segurana Pblica

    SENAES: Secretaria Nacional de Economia Solidria

    SINE: Sistema Nacional de Emprego

    SUAS: Sistema nico de Assistncia Social

    SUS: Sistema nico de Sade

    UNESCO: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

    (Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura)

    UBS: Unidade Bsica de Sade

    TR: Termo de Referncia

    UnB: Universidade de Braslia

  • 5

    Sumrio

    1. Introduo___________________________________________________________________________06

    2. Metodologia: Anlise situacional __________________________________________________07

    3. Parte I:

    3.1. Levantamento das polticas setoriais do Governo Federal referentes

    populao em situao de rua______________________________________________10

    3.1.1. Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica ______13

    3.1.2. Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome __________18

    3.1.3. Ministrio da Justia ____________________________________________________20

    3.1.4. Ministrio da Sade _____________________________________________________22

    3.1.5. Ministrio da Educao _________________________________________________26

    3.1.6. Ministrio das Cidades__________________________________________________27

    3.1.7. Ministrio do Trabalho e Emprego ____________________________________28

    3.1.8. Ministrio do Esporte e Lazer _________________________________________29

    3.1.9. Ministrio da Cultura ___________________________________________________29

    3.1.10. Ministrio de Planejamento, Oramento e Gesto ___________________30

    3.1.11. Ministrio Pblico ______________________________________________________31

    4. Parte II:

    4.1. Proposta de metodologia de acompanhamento das polticas federais

    pelo Comit Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da

    Poltica Nacional para Populao em Situao de Rua___________________32

    4.2. Oficina Nacional para pactuao de indicadores de monitoramento

    da Poltica Nacional para a Populao em Situao de Rua (PNPR)____34

    5. Consideraes finais ________________________________________________________________43

    6. Referncias bibliogrficas __________________________________________________________44

  • 6

    1. Introduo

    O relatrio em tela integra a consultoria tcnica do Projeto de Cooperao

    Internacional Cdigo 914BRZ3010 fruto do acordo entre a Organizao das Naes

    Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (United Nations Educational,

    Scientific and Cultural Organization - UNESCO) e a Secretaria dos Direitos Humanos

    da Presidncia da Repblica (SDH/PR) do Governo Federal do Brasil, intitulado

    Fortalecimento dos mecanismos de participao social, do qual fui selecionado pelo

    Edital n 20/2013.

    Segundo o Termo de Referncia, a supracitada consultoria tem como

    finalidade elaborar banco de documentos referenciais sobre as atividades do Comit

    Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Poltica Nacional para

    Populao em Situao de Rua e os direitos e as principais violaes por ele

    discutidas.

    Destarte, apresento o primeiro relatrio, balizado pelo TR no qual o

    resultado esperado para o Produto 1 a produo de documento tcnico contendo

    relatrio com o levantamento das polticas setoriais do Governo Federal referentes

    populao em situao de rua e proposta metodolgica para o seu acompanhamento

    pelo Comit Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Poltica Nacional

    para a Populao em Situao de Rua.

    Devido estreita relao da consultoria com as atividades prprias do

    Comit Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Poltica Nacional

    para Populao em Situao de Rua (CIAMP-Rua), coordenado pela Secretaria de

    Direitos Humanos da Presidncia da Repblica, designada pelo Decreto n

    7.053/091, o desenvolvimento daquela situa-se no mbito da Coordenao-Geral

    dos Direitos da Populao em Situao de Rua 2, em Braslia/DF.

    Esta ser minha posio como ponto de partida no processo de pesquisa:

    tanto na busca de informaes, relatrios e dados da SDH/PR, demais polticas

    1 Decreto n 7053, de 23 de dezembro de 2009, institui a Poltica Nacional para Populao em Situao de Rua. 2 O Decreto Presidencial n 8.162, de 18 de dezembro de 2013, que alterou a estrutura regimental da Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica, modificou o nome de Coordenao-Geral de Direitos Humanos e Segurana Pblica (CGDHSP) para Coordenao-Geral de Direitos da Populao em Situao de Rua (CGDPSR). De forma geral, a coordenao atua em aes voltadas efetivao das polticas pblicas de promoo e defesa dos direitos humanos da populao em situao de rua constantes do Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3, eixos III e IV.

  • 7

    setoriais de governo e sociedade civil, quanto na produo de atas e registros da

    minha participao nas reunies do CIAMP-Rua, encontros, seminrios e oficinas

    que perpassam a temtica da defesa dos direitos da populao em situao de rua.

    Dito de outro modo, o apoio ao CIAMP-Rua na construo de indicadores de

    monitoramento contribuir para a consolidao da Poltica Nacional para

    Populao em Situao de Rua e a efetivao dos direitos desse grupo populacional

    vulnervel. Por fim, o relatrio apresentado a seguir, conta com duas partes, sendo

    a primeira o levantamento das polticas setoriais do Governo Federal referentes

    populao em situao de rua, enquanto a segunda expe a proposta de

    metodologia de acompanhamento.

    2. Metodologia: Anlise situacional

    A metodologia na qual opero a construo da proposta para o

    acompanhamento do CIAMP-Rua tem como matriz o Planejamento Estratgico

    Situacional (PES) de MATUS (1993). A epistemologia situacional do autor

    influenciou o planejamento governamental na Amrica Latina, especialmente no

    planejamento em sade3. O autor prope a lgica do jogo social, cujos

    fundamentados so complexidade, indeterminao e incerteza (FORTIS, 2010).

    Nessa perspectiva, a estratgia situacional e responde leitura

    diferenciada que um ator faz da realidade concreta que o envolve e que ele ajuda a

    construir com seu jogo (MATUS, 1996, p. 13). Como citado na introduo meu

    ponto de vista para anlise ser a Coordenao-Geral dos Direitos da Populao

    em Situao de Rua, da SDH/PR, que coordena o CIAMP-Rua.

    O Planejamento Estratgico Situacional (PES) pode ser aplicvel em

    qualquer rgo para o qual os problemas a serem abordados no sejam

    exclusivamente o mercado, mas o jogo poltico, econmico e social.

    3 Carlos Matus teve carreira na rea econmica e financeira da administrao pblica chilena tendo ocupado o cargo de Ministro da Economia no governo socialista de Salvador Allende. As obras mais relevantes do autor resultaram de suas reflexes no perodo exlio na Venezuela durante a Ditadura Militar de Augusto Pinochet no Chile. A aplicao de suas teorias notvel no campo do planejamento em sade, junto s contribuies de Mrio Testa e Gasto Campos.

  • 8

    Para entendermos melhor o PES ser utilizada a metfora do teatro. Sob um

    pano de fundo de paisagens constantes, esto atores que jogam em cenrios

    dinmicos, nos quais as jogadas dos atores envolvidos disparam fluxos. Tal matriz

    difere do planejamento tradicional determinstico, no qual as aes necessitam de

    recursos humanos e materiais, seguem etapas com fim de alcanar objetivos

    monitorados por metas previstas a partir de aes passadas presumidamente

    imutveis, sustentadas nas teorias da economia e da administrao.

    Os atores referem-se aos representantes do governo federal, da sociedade

    civil organizada, do movimento social, parlamento, judicirio, ministrio pblico e

    imprensa. Enquanto, os jogos sero observados e analisados a partir do processo

    de deciso nas reunies do Comit Intersetorial de Acompanhamento e

    Monitoramento da Poltica Nacional da Populao em Situao (CIAMP-Rua),

    ademais das atas, documento de planejamento anual e do plano de aes, Carta

    para a presidenta, de modo a compreender as dinmicas entre o planejamento e a

    execuo das demandas debatidas no CIAMP-Rua. Um dos aspectos para

    compreender os jogos ser situar as zonas de governabilidade, as zonas fora da

    governabilidade e aquelas fora do jogo.

    Como momento inicial para elaborar o plano imprescindvel realizar a

    anlise situacional, contraponto ao diagnstico, modo tradicional de planejar

    assentado na premissa na qual o passado se repetir.

    A definio de prioridades ocorre por meio da anlise situacional, que

    permite identificar, formular e priorizar os problemas, abordados de acordo com

    as condies da realidade e os aspectos da gesto. Segundo MATUS (1993), o PES

    observa os jogos entre os atores para propor uma estratgia que viabilize os

    objetivos do Plano.

    O dilogo entre os diferentes atores, suas posies e anlises

    contextualizadas devem se refletir nos problemas descritos, para que o exerccio

    de formular consensualmente os planos de ao se apresente como uma

    oportunidade poltica favorvel, uma vez que as aes governamentais devem ser

    conduzidas pela direcionalidade, superando o imediatismo da mera conjuntura.

  • 9

    Visando organizao de intervenes e produo de resultados sobre uma

    determinada realidade, o PES constitui-se em quatro momentos4:

    a)Momento explicativo (M1): foi, , tende a ser;

    b)Momento normativo (M2): deve ser;

    c)Momento estratgico (M3): pode ser;

    d)Momento ttico-operacional (M4): fazer.

    No caso do processo de planejamento, os momentos encadeiam-se e

    formam circuitos repetitivos para ajudarem-se mutuamente e passar sempre a um

    momento distinto5.

    No Brasil a paisagem para anlise dos cenrios polticos do pas

    construdo cultural, poltico, social e economicamente pelo amlgama de povos

    amerndios, europeus e africanos, a experimentar o processo democrtico nas trs

    ltimas dcadas desde o fim da Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Dessa

    historicidade utilizarei para anlise os seguintes referenciais: a) Declarao

    Universal do Direitos Humanos proclamada na Assembleia Geral das Naes

    Unidas, em 1948; b) Constituio da Repblica Federativa do Brasil, de 1988,

    que consolidou o processo de democratizao, no qual convergiram as

    reinvindicaes dos movimentos sociais e assegurou direito sade, educao,

    trabalho, terra, moradia, segurana, saneamento bsico, direito diferena e

    contra preconceitos, dentre outros direitos constitucionais; c) Plano Nacional de

    Direitos Humanos (PNDH-3)6, Decreto n 7177/10, d) Poltica Nacional da

    Populao em Situao de Rua, Decreto n 7053/09;

    4 O conceito de momento indica instncia, ocasio, circunstncia ou conjuntura pela qual passa um processo contnuo, ou em cadeia, que no tem comeo nem fim definidos (MATUS, 1993). 5 BRASIL. Planejamento Estratgico do Ministrio da Sade 2011-2015. Resultados e Perspectivas. Secretaria Executiva, Departamento de Monitoramento e Avaliao do SUS. 2 edio, revisada e ampliada. Braslia: Ministrio da Sade, 2013. 6 Na apresentao da verso especial impressa, o Presidente Luiz Incio Lula da Silva descreve o PNDH-3 como um roteiro consistente e seguro para seguir consolidando a marcha histrica que resgata nosso pas de seu passado escravista, subalterno, elitista e excludente, no rumo da construo de uma sociedade crescentemente assentada nos grandes ideias humanos de liberdade, da igualdade e da fraternidade. (BRASIL, 2010, p. 14).

  • 10

    Parte I

    3.1. Levantamento das polticas setoriais do Governo Federal

    referentes populao em situao de rua

    A contextualizao a seguir apenas reifica a importncia da memria do

    processo de construo da Poltica Nacional para Populao em Situao de

    Rua. No entanto, para os fins especficos dessa consultoria ficarei restrito ao

    processo institucional brasileiro das polticas pblicas para populao em situao

    de rua, no propriamente uma reviso da literatura sobre a histria do fenmeno

    em situao de rua.

    O acmulo histrico do movimento social que pautou polticas pblicas

    para o povo da rua, os mendigos, sofredores de rua, moradores de rua, populao

    de rua, populao em situao de rua7, no cenrio poltico brasileiro teve seu

    apogeu nos marcos legais da assistncia social como a Lei Orgnica da Assistncia

    Social, a Poltica Nacional de Assistncia Social, Sistema nico de Assistncia Social

    e no Decreto n 7053/09, que institui a Poltica Nacional de Assistncia Social,

    referenciada na intersetorialidade, na ao integrada, na participao e nos

    direitos humanos.

    A trajetria para transformar em demanda poltica o fenmeno da situao

    de rua tem como fatos histricos a chacina da Praa da S, na cidade de So Paulo,

    que vitimou sete pessoas em situao de rua, em 2004. A barbrie seguiu com

    vrios atos de dio semelhante no pas nos meses seguintes. Na mesma cidade, em

    2004, um grupo de pessoas em situao de rua j conscientes da necessidade de

    organizao e luta contra a violncia e por direitos promove a realizao de

    Fruns, Debates, manifestaes, plenrias FalaRua, dentre outras atividades.

    Na cidade de Belo Horizonte, durante o 4 Festival Lixo e Cidadania, em

    setembro de 2005, apoiados pelo Movimento Nacional de Catadores de

    Material Reciclvel (MNCR), pessoas em situao de rua de So Paulo, Rio de

    Janeiro, Salvador e Cuiab realizaram um encontro e lanaram o Movimento

    7 A definio das pessoas que vivem nas ruas e a quantidade de termos utilizados para nomin-los reflete um campo conflituoso de disputa. Porm, para a finalidade do relatrio utilizarei os termos vigentes de pessoa em situao de rua para sujeitos e populao em situao de rua para os grupos, como definido pelo Decreto n 7053/09.

  • 11

    Nacional da Populao de Rua (MNPR). A aproximao das pautas era latente

    desde 2001, quando da articulao entre os catadores de materiais reciclveis e

    populao em situao de rua que resultou na Marcha para Braslia.

    Simultaneamente a mobilizao social, o Ministrio de Desenvolvimento

    Social e Combate Fome organiza o I Encontro Nacional da populao em

    situao de rua, em setembro de 2005.

    Por deciso do Grupo de Trabalho Interministerial, formado atravs do

    decreto de 25/10/2006, foi realizada a Pesquisa Nacional sobre a Populao em

    Situao de Rua entre agosto de 2007 e maro de 2008 pelo Ministrio de

    Desenvolvimento Social e Combate Fome.

    Em 2009 foi publicada a Pesquisa Nacional sobre a Populao em Situao

    de Rua que identificou, nas 71 cidades em que foi realizada, 31.922 pessoas em

    situao de rua. Considerando, as pesquisas municipais independentes em So

    Paulo, Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte chegamos a aproximadamente 50.000

    pessoas em situao de rua.

    Entretanto, as pesquisas so levantamento e no representam a totalidade

    da populao em situao de rua por no abrangerem todos os municpios e serem

    focadas na populao adulta. O desafio garantir que o Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica (IBGE) inclua esse segmento da populao sem domiclio

    fixo em censos regulares.

    Em maio de 2009, ocorre o II Encontro Nacional da populao em

    situao de rua com o objetivo de debater, propor e validar a proposta de poltica

    nacional, que esteve em Consulta Pblica a partir de maio de 2008. O Encontro

    resultou no relatrio de sistematizao das consultoras Aldaza Sposati e Ana

    Paula Motta Costa que serviu como base para detalhar a Poltica Nacional para

    Incluso Social da Populao em Situao de Rua construir o Decreto da PNPR

    e a elaborao de Plano de Aes.

    A Poltica Nacional para Populao em Situao de Rua torna-se uma

    exigncia nacional, nem tanto pela quantidade de pessoas em situao de

    rua no pas, j que se trata de um universo de cerca de 50 mil pessoas em

    um pas de cerca de a 190 milhes de habitantes. No entanto, justifica-se

    a interveno [a Poltica Nacional para Populao em Situao de Rua]

    em razo do significado da presena mesmo que de 50 mil pessoas sob a

  • 12

    condio de aviltamento dignidade e aos direitos humanos (SPOSATI;

    COSTA, 2009, p. 8).

    O Comit Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da

    Poltica para a Populao em Situao de Rua espao oportuno para o debate

    e acompanhamento das aes relacionadas aos programas, projetos e servios o

    governo na esfera federal.

    A composio do CIAMP-Rua segue o que preceitua o art. 9 do Decreto n

    7053/09, contemplando representantes da sociedade civil e um representante e

    respectivo suplente de cada rgo a seguir descrito:

    I-Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica;

    II-Ministrio Desenvolvimento Social e Combate Fome;

    III-Ministrio da Justia;

    IV-Ministrio da Sade;

    V-Ministrio da Educao;

    VI- Ministrio do Trabalho e Emprego;

    VII- Ministrio das Cidades;

    VIII-Ministrio do Esporte;

    IX-Ministrio da Cultura;

    O inciso 1 do art. 9 do mesmo Decreto, aponta que a composio da

    sociedade civil ter nove representantes, titulares e suplentes, sendo cinco de

    organizaes de mbito nacional da populao em situao de rua e quatro de

    entidades que tenham como finalidade o trabalho com a populao em situao de

    rua.

    Ainda permanece em vigor a Portaria n 409, de 11 de maro de 2010, na

    qual o Secretrio Especial dos Direitos Humanos da Presidncia da Repblica

    designa dezoito integrantes, destes nove so membros governamentais e nove so

    da sociedade civil. Atualmente, compem como convidados o Ministrio do

    Planejamento, Oramento e Gesto e a Secretaria-Geral da Presidncia da

    Repblica.

    Da totalidade de rgos governamentais, apenas o Ministrio da Cultura no

    apresentou representao para o CIAMP-Rua naquela Portaria, ainda que tenha

    participado esporadicamente nos ltimos anos. Anteriormente, o Ministrio do

  • 13

    Esporte e Ministrio da Justia no haviam sido designados para elaborar estudos

    e propostas no Grupo de Trabalho Interministerial, constitudo atravs do Decreto

    de 25 de outubro de 2006, porm foram includos no Decreto n 7053/09.

    Nos subcaptulos a seguir, inseridos dentro do momento explicativo (M1) e

    momento normativo (M2) da metodologia do planejamento estratgico situacional,

    esto contidos o levantamento descritivo das polticas setoriais do Governo

    Federal referentes populao em situao de rua, segundo sequncia da

    representao governamental dos Ministrios supracitados: Secretaria de Direitos

    Humanos da Presidncia da Repblica, Ministrio Desenvolvimento Social e

    Combate Fome, da Justia, da Sade, da Educao, do Trabalho e Emprego, das

    Cidades, do Esporte, da Cultura e do convidado Ministrio do Planejamento,

    Oramento e Gesto, alm do Ministrio Pblico.

    3.1.1. Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica

    A coordenao do CIAMP-Rua cabe Coordenao-Geral dos Direitos da

    Populao em Situao de Rua da Secretaria Nacional de Promoo e Defesa dos

    Direitos Humanos da SDH/PR. Consequentemente, atribuda a ela a promoo a

    articulao intersetorial necessria para a planejar, monitorar e avaliar o Plano de

    Aes da PNPR.

    Inicialmente, relevante destacar que incidir nas polticas pblicas

    governamentais como prioridade decorre da incluso da pauta populao em

    situao de rua na agenda de governo. Uma das formas para dar visibilidade para

    esta pauta reconhecer a trajetria de luta de pessoas do movimento social que

    so referncia nesse segmento da populao.

    Portanto, um significativo analisador a criao da categoria Garantia dos

    Direitos Humanos da Populao em Situao de Rua no Prmio Direitos Humanos,

    compreendendo a atuao na promoo e defesa da cidadania e dos Direitos

    Humanos da populao em situao de rua. No ano de 2011, Anderson Lopes

    Miranda, liderana do Movimento Nacional da Populao em Situao de Rua, foi

    reconhecida com o prmio entregue pela Presidenta Dilma Rousseff (Foto 1).

  • 14

    Foto 1

    Foto: Wilson Dias, Agncia Brasil.

    No ano seguinte, na 18 Edio do Prmio de Direitos Humanos, o defensor

    pblico Carlos Weis recebeu o prmio na mesma categoria pelo trabalho

    desenvolvido no Ncleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da

    Defensoria de So Paulo da mos da Presidenta Dilma e da Ministra Maria do

    Rosrio da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidncia da Repblica (Foto 2).

    Foto 2

    Foto: Divulgao IPEA

    No ano de 2013, a Presidenta da Repblica Dilma e a Ministra Secretaria dos

    Direitos Humanos da Presidncia da Repblica Maria do Rosrio junto com outros

    Ministros de Estado entregaram para Maria Lcia Santos Pereira da Silva,

  • 15

    Coordenadora Nacional, do Movimento Nacional da Populao em Situao de Rua,

    o prmio na referida categoria (Foto 3).

    Foto 3

    Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

    Ainda no mbito da SDH/PR, no ano de 2012, foi instalado o servio Disque

    Direitos Humanos (Disque 100) com atendimento especfico para denncias de

    violaes de direitos da populao em situao de rua.

    No mesmo ano, foi inaugurado o Centro Nacional de Defesa dos Direitos

    Humanos da Populao em Situao de Rua e dos Catadores de Materiais

    Reciclveis (CNDDH) em Belo Horizonte/MG, com o objetivo de garantir a

    incluso social e prevenir e combater atos de violncia, alm de produzir e divulgar

    dados sobre violaes dos direitos humanos deste grupo populacional, como

    preconizado pelo Decreto n 7053/09.

    O CNDDH mantido por meio de dois convnios celebrado em dezembro de

    2010, um com o Ministrio Pblico de Minas Gerais (MPMG) e outro com a

    Confederao Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), aditados at dezembro de

    2014.

    O CNDDH elaborou a Campanha Eu sou morador de rua e tenho direito a ter

    direitos com duas peas de comunicao: um cartaz com o rosto masculino

    (Imagem 1) e outro com o rosto feminino (Imagem 2), os dois sorrindo e com a

    citao de Jos Teixeira Estamos vivendo o nosso dia a dia na rua, mas sempre

    sonhando em melhorar nossas vidas e informao para denncia de violao de

    direitos da populao em situao de rua - Disque Direitos Humanos Disque 100.

  • 16

    Imagem 1

    Fonte: Divulgao CNDDH.

    Imagem 2

    Fonte: Divulgao CNDDH.

    Em novembro de 2012, a SDH/PR tambm assinou convnio com a

    Universidade de Braslia (UnB) no qual criado Observatrio sobre a violncia

    contra a populao em situao de rua no Distrito Federal (Violes) a fim de

    elaborar uma pesquisa que subsidie o Governo Federal na to necessria tarefa de

    enfrentamento dos fatores que conduzem violncia a que esse segmento da

    populao est sujeito e, dessa maneira, contribuir para a gerao de polticas

    pblicas que garantam efetivamente os direitos humanos dessa parcela da

    populao.

  • 17

    Em dezembro de 2012, foi assinado convnio com a Defensoria Pblica do

    Estado da Bahia com o objetivo de oferecer atendimento qualificado e

    multidisciplinar a pessoas em situao de rua na cidade de Salvador/BA. O projeto

    visa aprimorar e ampliar o trabalho desenvolvido pela Diretoria Especializada de

    Direitos Humanos da Defensoria Pblica do Estado da Bahia em sua atuao

    extrajudicial em favor da populao em situao de rua que engloba acesso a

    documentao, acompanhamento da apurao de casos de violncia policial, coibir

    prticas de violao e de higienizao dignidade humana, promover o acesso ao

    direito sade, monitoramento de casas de acolhimento.

    No ano de 2013, quatro consultoras foram contratadas para elaborao dos

    Guias de Servios para Populao em Situao de Rua. Os Guias foram

    construdos em conjunto com os governos municipais e estaduais, sociedade civil

    organizada e com a rede identificada que trabalha com esse pblico no territrio,

    personalizados de acordo com a oferta de servios de cada localidade.

    Foram selecionadas oito capitais prioritrias: Macei, Salvador, Fortaleza,

    Rio de Janeiro, Belo Horizonte, So Paulo, Porto Alegre e Curitiba. A

    articulao poltica realizada pelas consultoras nos oito municpios junto aos

    rgos responsveis pela rede de servios pblicos para a populao em situao

    de rua e tambm entidades privadas parceiras resultou em sete Seminrios locais

    (Fortaleza, Macei, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto

    Alegre) para validao dos Guias, realizados entre outubro e dezembro de 2013.

    Finalmente, atravs do apoio de Dilogos Setoriais Unio Europeia-

    Brasil, a SDH/PR realizou intercmbio de experincias entre o Brasil e a Unio

    Europeia que culminou em: a) a publicao de Dilogos sobre a populao em

    situao de rua no Brasil e na Europa: experincia do Distrito Federal, Paris e

    Londres, 20138; b) Seminrio Internacional Brasil Unio Europeia para

    Promoo e Proteo dos Direitos da Populao em Situao de Rua, em

    junho, em Braslia/DF.

    8 BRASIL. Dilogos sobre a populao em situao de rua no Brasil e na Europa: experincia do Distrito Federal, Paris e Londres. Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica, Braslia/DF: SDH, 2013.

  • 18

    3.1.2. Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome

    Aps o processo de organizao dos movimentos sociais junto a sociedade

    civil, temos a configurao para que a populao em situao de rua entre na pauta

    das polticas sociais, em 2005. Como analisador temos a alterao do pargrafo

    nico do artigo 23, da Lei n 11.258/05, Lei Orgnica da Assistncia Social (LOAS),

    onde fica estabelecida a responsabilidade de que essa rea crie programas de

    amparo s pessoas em situao de rua.

    J com a aprovao da Lei n 12.435/11, que institui o Sistema nico de

    Assistncia Social (SUAS), coube a Proteo Social Especial intervir, de forma

    qualificada, especializada e continuada na abordagem social e no atendimento em

    equipamentos pblicos que oportunizem a construo do processo de sada das

    ruas.

    Em resposta a demanda do Movimento Nacional da Populao em Situao

    de Rua foi viabilizado o acesso ao Cadastro nico para Programa Sociais do

    Governo Federal pelas pessoas em situao de rua nos programas como o Bolsa

    Famlia e o Benefcio de Prestao Continuada.

    Com tal objetivo as esquipes de cadastramento so motivadas a atuar em

    conjunto com a proteo social especial, tanto dos Servios Especializados em

    Abordagem Social, como outros dispositivos, como Servios de Acolhimento

    Institucional9.

    Deste modo, o Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome, por

    meio do Departamento de Proteo Social Especial da Secretaria Nacional de

    Assistncia Social, publica duas cartilhas especficas: Guia de cadastramento de

    9 Segundo a Tipificao dos Servios Socioassistenciais, Resoluo CNAS N109/09, o Servio Especializado em Abordagem Social o servio de abordagem e busca ativa que identifica nos territrios incidncia de trabalho infantil, explorao sexual de crianas e adolescentes e situao de rua, com vistas a construir o processo de sada das ruas e promover a reinsero familiar e comunitria. J, o Servio de Acolhimento Institucional para Adultos e Famlias com vnculos rompidos ou fragilizados objetiva a proteo integral e trata-se de espao de moradia (endereo de referncia) com condies de repouso, convvio, guarda de pertences, lavagem e secagem de roupas, banho e higiene pessoal.

  • 19

    pessoas em situao de rua10 (sem data), e Incluso das pessoas em situao de rua

    no Cadastro nico para Programas Sociais do Governo Federal, (2011)11.

    Para orientar os municpios e o Distrito Federal na incluso de modo

    sistemtico e adequado das pessoas em situao de rua no Cadastro nico foi

    publicada Instruo Operacional conjunta SNAS e SENARC N 07, de 22 de

    novembro de 2010.

    Ademais, com tais instrumentos, cartilhas e capacitaes, o cadastramento

    ampliou de modo considervel, garantindo o direito ao acesso aos programas de

    transferncia de renda de cidadania. De dezembro de 2012 a dezembro de 2013, o

    nmero de pessoas em situao de rua apontados no Cadastro nico subiu de

    11.700 para 20.800; destes, 17.405 so beneficirios do Programa Bolsa Famlia.

    Grfico 1

    Fonte: DPSE/SNAS/MDS, 2014.

    O Centro de Referncia Especializado para Populao em Situao de Rua

    (Centro Pop) previsto no Decreto n 7.053/09 e na Tipificao Nacional de

    Servios Socioassistenciais, constitui-se em uma unidade de referncia da Proteo

    Social Especial de Mdia Complexidade, de natureza pblica e estatal. Como

    10 BRASIL. Guia de cadastramento de pessoas em situao de rua. 2 Edio Revisada. Cadastro nico para Programa Sociais. [s/d] 11 BRASIL. Incluso das pessoas em situao de rua no Cadastro nico para Programas Sociais do Governo Federal. SUAS e Populao em Situao de Rua. Volume 1. Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome, Secretaria Nacional de Assistncia Social, Departamento de Proteo Social Especial. Braslia, 2011.

  • 20

    subsdio destinado aos Estados, municpios e Distrito Federal para implantar o

    Centro Pop foi lanada e distribuda a publicao Orientaes Tcnicas: Centro de

    Referncia Especializado para Populao em Situao de Rua (Centro Pop) e Servio

    Especializado para pessoas em situao de rua12.

    Segundo o Censo SUAS 2012, foram identificados 105 Centros Pop,

    representando um aumento de 15 novas unidades em relao a 2011. Enquanto

    que em 2013, segundo levantamento extrado do Relatrio de Informaes da

    Proteo Social Especial do MDS, representam o nmero de 291 unidades.

    No II Encontro Tcnico para o Fortalecimento da Incluso da Populao em

    Situao de Rua no Cadastro nico para Programas Sociais e Vinculao a Servios

    Socioassistenciais13 a Diretora Telma Maranho anunciou que at abril de 2014

    aumentou para 305 Centros Pop, abrangendo 257 municpios.

    3.1.3. Ministrio da Justia

    Com a publicao da Portaria MJ n 53, 21 de dezembro de 2011, que

    institui o grupo de trabalho para tratar da capacitao de profissionais e gestores

    de segurana pblica para atuao relacionada s pessoas em situao de rua,

    temos o aprofundamento do debate sobre relao entre a segurana pblica e

    populao em situao de rua, ao mudar a pauta para pessoa em situao de rua

    com direitos violados, inclusive pelas foras policiais do Estado.

    Em 2013, dentre outras aes de capacitao foi elaborada a Cartilha

    atuao policial na proteo dos direitos humanos de pessoas em situao de

    vulnerabilidade14, que possui captulo especfico sobre Abordagem da Populao

    em Situao de Rua. Foram previstas a impresso e distribuio de 35 mil

    exemplares para os anos de 2013 e 2014.

    12 BRASIL. Orientaes Tcnicas: Centro de Referncia Especializado para Populao em Situao de Rua (Centro Pop) e Servio Especializado para pessoas em situao de rua. Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate Fome. SUAS e Populao em Situao de Rua, Volume III. Braslia, DF, 2011. 13 Fala da Diretora Telma Maranho, do Departamento de Proteo Social Especial, da Secretaria Nacional de Assistncia Social, do Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate fome, durante o II Encontro Tcnico para o Fortalecimento da Incluso da Populao em Situao de Rua no Cadastro nico para Programas Sociais e Vinculao a Servios Socioassistenciais, organizado pelo MDS, nos dias 08 e 09/05/2014, em Braslia/DF. 14 BRASIL. Cartilha atuao policial na proteo dos direitos humanos de pessoas em situao de vulnerabilidade. 2 edio. Ministrio da Justia. Secretaria Nacional de Segurana Pblica. Braslia, 2013.

  • 21

    Na apresentao, Regina Miki, Secretria Nacional de Segurana Pblica do

    Ministrio da Justia, esclarece que:

    A cartilha traz diretrizes sobre como o (a) policial deve abordar e o (a)

    guarda municipal deve encaminhar os cidados e as cidads em situao

    de vulnerabilidade, tais como mulheres, crianas, adolescentes, idosos,

    pessoas com deficincia, pessoas em situao de rua, gays, lsbicas,

    bissexuais, travestis e transexuais, sem preconceito de idade, gnero e

    orientao sexual, racismo ou discriminao racial. [E] orientaes

    bsicas [...] no trato com usurios e dependentes de drogas, contribuindo

    para a promoo dos direitos humanos e as garantias fundamentais de

    tais grupos na aplicao da lei. (BRASIL, 2013a, p. 13, grifo nosso)

    Entrementes, ocorre a insero do atendimento adequado e humanizado

    populao em situao de rua nas diretrizes da Matriz curricular nacional para

    Guardas Municipais15 e na Matriz curricular nacional para Guardas

    Municipais. Para formao em Segurana Pblica16, da Secretaria Nacional de

    Segurana Pblica (SENASP).

    Tal iniciativa possibilita o apoio a projetos de pesquisa que subsidiem a

    capacitao, como a parceria entre o Programa das Naes Unidas para o

    Desenvolvimento (PNUD) firmada com a Secretaria Nacional de Segurana Pblica

    do Ministrio da Justia (SENASP), no mbito do projeto BRA/04/029 - Segurana

    Cidad, lanado por meio do Edital de Convocao n 01/2014 Projeto

    Pensando a Segurana Pblica. O Edital tem o objetivo de estabelecer parcerias

    com instituies pblicas ou privadas para o desenvolvimento de pesquisas no

    campo da segurana pblica e justia criminal, no qual dentre outros temas

    prioritrios est o Grupo B.2 Segurana Pblica e populao de rua.

    O Edital de Chamada pblica n 07, de 2013, com recursos do Fundo

    Nacional de Segurana Pblica com vistas a preveno da violncia e

    criminalidade, pontuava como critrio de seleo no item 5 a proposta que

    15 Matriz curricular nacional para Guardas Municipais. Para formao em Segurana Pblica. Ministrio da Justia. Secretaria Nacional de Segurana Pblica/SENASP, 2005.

    16 Matriz curricular nacional para Guardas Municipais. Para formao em Segurana Pblica. Ministrio da Justia. Secretaria Nacional de Segurana Pblica/SENASP, 2005.

  • 22

    apresentasse projetos com aes de preveno violncia contra a populao em

    situao de rua.

    3.1.4. Ministrio da Sade

    O Sistema nico de Sade (SUS) uma conquista da sociedade brasileira

    institudo pela Constituio Federal de 1988 e regulamentado pelas Leis federais

    n 8080/90 e n 8142/90, Leis Orgnicas da Sade. Tem como finalidade alterar a

    situao de desigualdade na assistncia sade da populao, tornando

    obrigatrio o atendimento pblico a qualquer cidado, de forma gratuita.

    O controle social nos conselhos de sade foi o dispositivo garantidor da

    participao da populao nas deliberaes relacionadas gesto, regulamentado

    pela Lei n 8142/90. Atualmente, Maria Lcia Santos Pereira ocupa o cargo de

    2 suplente no Conselho Nacional da Sade, pelo segmento usurio do SUS, pela

    representao do Movimento Nacional da Populao de Rua (MNPR).

    Dentre os Ministrios que pertenciam ao GTI, o Ministrio da Sade foi o

    primeiro a ter a iniciativa de criar um comit setorial especfico. O Comit Tcnico

    de Sade da Populao em Situao de Rua institudo atravs da Portaria MS

    n 3305, de 24 de dezembro de 2009, integrado por seis representantes de

    rgos e entidades pblicas e cinco da sociedade civil organizada.

    Nele reconhecida a necessidade de promover a articulao entre as aes

    do Ministrio da Sade e das demais instncias do Sistema nico de Sade, com

    vistas equidade de ateno sade para este segmento. Como subsdio para o

    trabalho de educao permanente nas equipes do SUS foram publicadas a Cartilha

    Polticas de promoo da equidade em sade17, de 2013, na qual encontramos o

    captulo intitulado Sade da populao em situao de rua e o Manual de Cuidado

    junto a populao em situao de rua, de 201218.

    O debate do Comit Tcnico de Sade Pop Rua culmina na Resoluo n

    2/GM/MS, de 27 de fevereiro de 2013, que define diretrizes e estratgias de

    17 BRASIL. Polticas de promoo da equidade em sade. Ministrio da Sade. Secretaria de Gesto Estratgica e Participativa. Departamento de Apoio Gesto Participativa. 1 ed., 1 reimp. Braslia: Ministrio da Sade, 2013. 18 BRASIL. Manual sobre o cuidado sade junto a populao em situao de rua. Ministrio da Sade, Secretaria de Ateno Sade, Departamento de Ateno Bsica. Braslia: Ministrio da Sade, 2012.

  • 23

    orientao para o processo de enfrentamento das iniquidades e desigualdades em

    sade com foco na populao em situao de rua (PSR) no mbito do Sistema

    nico de Sade (SUS).

    Em meio ao relevante debate sobre equidade em sade para populaes em

    vulnerabilidade social, emerge o fenmeno social conhecido como epidemia do

    crack que repercute atravs da imprensa na opinio pblica e na presso ao

    governo para propor aes relacionadas uso, abuso e comrcio das drogas.

    Destarte, ganha nfase a estigmatizao da populao em situao rua quando

    associada s pessoas usurias de crack na Regio da Luz, em So Paulo/SP,

    denominada Cracolndia.

    Configura-se, deste modo, o cenrio no qual o Plano Crack, Possvel

    Vencer lanado. Legalmente ele denominado o Plano Integrado de

    Enfrentamento ao crack e outras drogas, institudo pelo Decreto n 7179, de 20

    de maio de 2010.

    No referido Plano, a populao em situao de rua encarada como pblico

    vulnervel ao lado da criana e do adolescente vide os objetivos do artigo 2,

    dentre os quais est o seguinte pargrafo:

    I - estruturar, integrar, articular e ampliar as aes voltadas preveno

    do uso, tratamento e reinsero social de usurios de crack e outras

    drogas, contemplando a participao dos familiares e a ateno aos

    pblicos vulnerveis, entre outros, crianas, adolescentes e populao

    em situao de rua;

    O Plano institui aes voltadas para a preveno do uso, ao tratamento e

    reinsero social de usurios e ao enfrentamento do trfico de crack e outras

    drogas ilcitas. Cabe ao Ministrio da Justia coordenar o Comit Gestor e dar apoio

    administrativo.

    Em relao ao cuidado para pessoas com necessidades decorrentes do uso

    de lcool e outras drogas, o Plano Crack possvel vencer busca articular a Rede de

    Ateno Psicossocial com a Rede Socioassistencial no Eixo Cuidado, inclusive

    ampliando e diversificando os dispositivos como o Centro de Ateno Psicossocial

    lcool e Drogas Tipo III (CAPS ad III - 24 horas), Centro de Convivncia e Unidade

    de Acolhimento (UA). Em paralelo, so desconsideradas as deliberaes da 4

    Conferncia Nacional de Sade Mental e da 14 Conferncia Nacional de Sade, que

  • 24

    explicitaram desacordo quanto ao financiamento pblico de entidades privadas

    vinculadas a diversas denominaes religiosas sem regulamentao e sistemtica

    de credenciamento, avaliao e vigilncia como outros servios de sade.

    Por outro lado, o Ministrio da Sade foi sensvel demanda do movimento

    social na criao de um dispositivo na ateno bsica para o cuidado da populao

    em situao de rua chamado Consultrio na Rua, regulamentado pela Portaria n

    122/11.

    Os Consultrios na Rua foram institudos na Poltica Nacional da Ateno

    Bsica (PNAB)19 e integram o componente ateno bsica da Rede de Ateno

    Psicossocial (RAPS)20 e devem seguir os fundamentos e as diretrizes definidas na

    PNAB, buscando atuar frente aos diferentes problemas e necessidades de sade da

    populao em situao de rua, inclusive na busca ativa e cuidado aos usurios de

    lcool, crack e outras drogas.

    Equipe essa constituda por profissionais que atuam de forma itinerante,

    ofertando aes e cuidados de sade para populao em situao em rua,

    considerando suas diferentes necessidades de sade, sendo responsabilidade

    dessa equipe, no mbito da RAPS, ofertar cuidados em sade mental para

    populao em situao de rua em geral, pessoas com transtornos mentais, usurios

    de crack, lcool e outras drogas, incluindo aes de reduo de danos, em parceria

    com equipes de outros pontos de ateno da rede de sade, como Unidades Bsicas

    de Sade, Centros de Ateno Psicossocial, Pronto-Socorros, entre outros.

    Segundo o Ministrio da Sade, at dezembro de 2013, estavam em

    funcionamento 114 equipes de Consultrios na Rua (eCR) e a perspectiva de

    implantao de mais 92 no ano de 2014.

    O projeto Caminhos do Cuidado iniciou em maro de 2013, apoiado pelo

    Ministrio da Sade, Departamento de Gesto da Educao na Sade, executado

    19 A Poltica Nacional de Ateno Bsica (PNAB), Portaria n 2488, de 21 de outubro de 2011, caracteriza a ateno bsica como um conjunto de aes de sade, no mbito individual e coletivo, que abrange a promoo e a proteo da sade, a preveno de agravos, o diagnstico, o tratamento, a reabilitao, a reduo de danos e a manuteno da sade e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de sade das coletividades. 20 Na Portaria n 3088/11, que institui a Rede de Ateno Psicossocial (RAPS) para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, lcool e outras drogas no mbito do Sistema nico de Sade (SUS), destaco que, dentre os objetivos especficos presentes no artigo 4, est promover cuidados em sade especialmente para grupos mais vulnerveis como as pessoas em situao de rua.

  • 25

    pela Fundao Osvaldo Cruz (FIOCRUZ) e Grupo Hospitalar Conceio (GHC) oferta

    de formao em sade mental, crack e outras drogas para um total de 290.197

    Agentes Comunitrios de Sade (ACSs).

    Ao seguir a perspectiva da reduo de danos e da promoo da sade,

    aborda como temtica na formao dentro do Caderno do Aluno, Formao em

    Sade Mental (Crack, lcool e outras drogas) no Caso n. 6 a Rede de Cuidado para

    um jovem em situao de rua que faz uso de crack e cachaa. Outro material de

    apoio pedaggico o Manual sobre o cuidado sade junto a populao em situao

    de rua, de 2012, utilizado para esta formao e para outras ofertadas pelo MS.

    Como parte do processo de qualificao dos Consultrios de rua foi

    realizado o I Seminrio Nacional de Consultrios na Rua e Sade Mental na Ateno

    Bsica: Novas Tecnologias e Desafios para a Gesto do Cuidado, nos dias 24 e 25 de

    julho de 2013, em Braslia/DF, organizado pelo Ministrio da Sade, por meio do

    Departamento de Ateno Bsica (DAB), direcionado a gestores, coordenadores

    estaduais de ateno bsica e sade mental.

    O Seminrio oportunizou o debate de propostas para produo de novas

    tecnologias de gesto e cuidado em sade mental, assim como, espao para troca

    de experincias de boas prticas na organizao do cuidado na ateno bsica, ao

    abordar questes eminentemente voltados para a populao em situao de rua,

    com vinculao s Unidades Bsicas de Sade (UBS), prevendo articulao com

    todos os equipamentos do territrio onde atua.

    Por fim, outro ponto crtico que ainda um desafio para o SUS a garantia

    de acesso da populao em situao de rua rede de ateno bsica de sade

    mesmo sem comprovante de residncia e documentao civil.

    Ainda que seja normatizada pela Portaria GM/MS n 940, de 28 de abril de

    2011, que estabelece em seu Art. 23 que durante o processo de cadastramento, o

    atendente solicitar o endereo do domiclio permanente do usurio,

    independentemente do Municpio em que esteja no momento do cadastramento ou do

    atendimento. 1 No esto includos na exigncia disposta no caput os ciganos

    nmades e os moradores de rua, em geral a regra no cumprida como prevista,

    impedindo o acesso.

  • 26

    3.1.5. Ministrio da Educao

    Entendo que a alfabetizao um direito bsico fundamental e

    imperativo para construo da cidadania do sujeito, para incluso social e

    gerao de trabalho e renda. Deste modo, a poltica setorial educao incide

    diretamente na efetivao dos direitos das pessoas em situao de rua e ao

    Ministrio da Educao cabe construir propostas que priorizem o acesso da

    populao em situao de rua a programas, projetos e educao escolar, a fim de

    reduzir o analfabetismo, ampliando a escolarizao e ofertando o ensino

    profissionalizante.

    Segundo a Pesquisa Nacional da Populao em Situao de Rua, 2007, 74%

    dos entrevistados sabem ler e escrever; 17,1% no sabem escrever e 8,3% apenas

    assinam o nome.

    Tendo como referncia a taxa de analfabetismo brasileira21 de 10,1% fica

    evidente o fato de o elevado analfabetismo contribuir tanto para a atual

    cristalizao da situao de rua, quanto como desfecho da evaso escolar e

    dificuldade de incluso social e econmica pelas exigncias do mundo do trabalho.

    Quando questionados sobre qual o seu grau de escolaridade temos as trs

    maiores percentagens: 48,4%, 1 grau incompleto; 15,1%, Nunca estudou; e 10,3%,

    1 grau completo.

    Tabela 1

    21 Segundo o IBGE PNAD Reponderada, 2007.

  • 27

    No perodo entre 2009 e 2013, o Programa Brasil Alfabetizado (PBA)22

    atendeu 9.162 alfabetizandos cadastrados como catadores de materiais reciclveis;

    no perodo entre 2012 e 2013, foram cadastrados como pessoas em situao de

    rua eem 15 estados 424 alfabetizandos, por meio do fortalecimento de aes inter-

    setoriais entre o MEC/SECADI e Secretaria de Direitos Humanos.

    No que toca a educao profissional, o Decreto n 7.053/09, no artigo 5,

    pargrafo XIV indica como princpio disponibilizar programas de qualificao

    profissional para as pessoas em situao de rua com o objetivo de proporcionar o seu

    acesso ao mercado de trabalho.

    Assim, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico e Emprego

    (PRONATEC), criado pelo governo federal em 2011, ao que compe o Plano

    Brasil Sem Misria para incluso social dos beneficirios do Cadastro nico, teve

    sua primeira verso para populao em situao de rua.

    Atravs da parceria entre Ministrio da Educao, Prefeitura Municipal de

    So Paulo (por meio da Secretaria Municipal de Assistncia e Desenvolvimentos

    Social e da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania) e Servio

    Nacional da Indstria (SENAI) foram ofertados cursos para as turmas exclusivas da

    populao em situao de rua.

    No ano de 2013 foram 282 matrculas, distribudas em 15 turmas, nos

    cursos de Almoxarife, Auxiliar Administrativo, Eletricista, Manipulador de

    Alimentos, Mecnico de Motor a Diesel, Padeiro, Pedreiro e Aplicador de

    Revestimento Cermico. Do total de 282 matrculas, 115 alunos foram

    certificados, representando 74,5%.

    3.1.6. Ministrio das Cidades

    Um dos avanos na poltica habitacional foi priorizar a populao em

    situao de rua seguindo critrios de hierarquizao do ente pblico como est

    presente na Portaria n 414/10, com a nova redao do subitem 4.2.2., do Anexo da

    Portaria MCidades n 140, de 5 de abril de 2010, que dispe sobre os parmetros

    22 Programa Brasil Alfabetizado (PBA) um programa de alfabetizao de jovens, adultos e idosos, formulado e implementando pelo Ministrio da Educao desde 2003, busca contribuir para a promoo da equidade e reduo das desigualdades sociais, contribuindo para a reduo do analfabetismo e elevao da escolaridade.

  • 28

    de priorizao e o processo de seleo dos beneficirios do Programa Minha Casa,

    Minha Vida (PMCMV). No entanto a referida portaria foi revogada pela Portaria

    MCidades n 595, de 18 de dezembro de 2013.

    Outro momento importante para construir propostas no mbito do

    Ministrio das Cidades foi a realizao do Seminrio de Habitao de Interesse

    Social para a populao em situao de rua, 24 e 25/09/2013, Braslia/DF,

    produziu um debate profcuo de acordo com o relatrio de sistematizao do

    evento. Mesmo sem recursos para o evento ele contou com 14 municpios

    representados e 13 Estados.

    Os trabalhos realizados pelos participantes resultaram em 22 (vinte e dois)

    encaminhamentos organizados em quatro eixos: I. Insero da populao em

    situao de rua nas polticas habitacionais; II. Fundo Nacional de Habitao de

    Interesse Social (FNHIS); III. Metodologia especfica para a populao em situao

    de rua no trabalho social na habitao; e IV. Estigmas e invisibilidade da populao

    em situao de rua no acesso aos programas habitacionais.

    3.1.7. Ministrio do Trabalho e Emprego

    A poltica setorial do trabalho e emprego estratgica e merece ateno por

    parte do CIAMP-Rua. A Secretaria Nacional de Economia Solidria (SENAES) do

    Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) a principal referncia para o debate

    sobre a populao em situao de rua.

    A SENAES teve aes pactuadas especficas com a populao em situao de

    rua, sendo que no ano de 2013, disponibilizou $7.000.000,00 (sete milhes), para

    projetos de incluso socioeconmica da populao em situao de rua por meio de

    iniciativas econmicas solidrias.

    O recurso previsto teve a destinao vinculada a parceria com a Prefeitura

    de So Paulo, segundo o critrio de ser o maior contingente da populao em

    situao de rua, por meio de Chamada Pblica de Parcerias SENAES-MTE n

    003/2013. A previso que seja reeditada Chamada Pblica para projetos de outros

    Estados.

  • 29

    3.1.8. Ministrio dos Esportes e Lazer

    No houve aes planejadas em 2012 quando da elaborao do Plano de

    Aes Articuladas para Promoo da Cidadania da Populao em Situao de Rua,

    assim como nos anos seguintes, sendo irregular a participao do referido

    ministrio nas reunies do CIAMP-Rua.

    No Planejamento do CIAMP-Rua realizado em julho de 2013 no Objetivo 1:

    Incentivar e apoiar a organizao da PSR e sua participao na consolidao da

    PNPR estava prevista criar um GT para articular e organizar apoio dos Ministrios

    dos Esportes e Lazer e Cultura s demandas nas reas de esporte, lazer e cultura

    para a populao em situao de rua, com financiamento especfico. Porm, o GT

    no se constituiu e a articulao no avanou.

    O tema dos esportes entra novamente na agenda do CIAMP-Rua devido ao

    Brasil ser sede da Copa do Mundo de Futebol da Associao da Federao

    Internacional de Futebol (Fdration Internationale de Football Association - FIFA)

    em 2014. No entanto, uma pauta negativa decorrente da preocupao que a

    realizao do megaevento esportivo provoque violao de direitos, despejos

    forados e higienizao social para atrair mais turistas.

    A partir desse debate a populao em situao de rua entrou na Agenda de

    Convergncia Proteja Brasil: Promoo, proteo e defesa dos direitos de

    crianas e adolescentes em grandes eventos, lanada em agosto de 2012 pela

    Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica, agregando essa

    populao vulnervel s violaes de direitos pauta e compondo o Comit

    Nacional da Agenda de Convergncia.

    3.1.9. Ministrio da Cultura

    Ainda sem consolidao as aes do Ministrio da Cultura (MinC) com o

    foco da populao em situao de rua, o que torna urgente o dilogo mais estreito

    com esta poltica setorial.

    No documento Aes Articuladas para Promoo da Cidadania da Populao

    em Situao de Rua, elaborado em 2012, estavam previstas duas aes:

  • 30

    20. Implementao de equipamentos culturais cineclubes Cine

    Mais Cultura e/ou Pontos de Leitura nas casas de acolhimento

    para populao em situao de rua. A meta para 2013 era uma

    casa de acolhimento por Estado;

    21. Capacitao de entidades culturais para atendimento

    populao em situao de rua, em parceria com casas de

    acolhimento. A meta para 2013 era selecionar e conveniar 01

    (um) Ponto de Cultura, para formao de entidades culturais

    (pelo menos 30 entidades, sendo uma de cada regio do pas) para

    atendimento populao em situao de rua. Em 2014, 30

    entidades culturais sero capacitadas, tambm em parceria com

    casas de acolhimento.

    Verifiquei que as metas no foram alcanadas, apesar da incluso delas no

    Plano de Aes de 2012 ter sido um primeiro passo, reforando o argumento

    inicial da necessidade de dialogar e buscar propostas para possibilitar as pessoas

    em situao de rua fruir os equipamentos culturais em visitas e oficinas, como se

    apropriar dos meios de produo cultural, protagonizando suas narrativas,

    estticas e vises de mundo.

    3.1.1. Ministrio de Planejamento, Oramento e Gesto

    Considerando a demanda histrica do Movimento Nacional da Populao de

    Rua e a determinao do Decreto n 7053/09, art. 7, pargrafo III de instituir a

    contagem oficial da populao em situao de rua a Coordenao do CIAMP-RUA,

    atravs da CGDPSR/SDH/PR articulou com o IBGE, instituto vinculado ao

    Ministrio de Planejamento, Oramento e Gesto (MPOG), a realizao da

    pesquisa-teste sobre a Populao em Situao de Rua no municpio do Rio de

    Janeiro. Tal pesquisa-teste visa alcanar o objetivo da PNPR da insero deste

    grupo populacional no Censo Nacional de 2020.

    No ano de 2012, ocorreu a constituio do Grupo de Trabalho Pop Rua-

    IBGE, composto por Instituto Brasileiro de geografia e Estatstica (IBGE), Instituto

    de Pesquisas Econmicas Aplicadas (IPEA), SDH/PR, Ministrio das Cidades,

    Ministrio da Educao, Ministrio da Sade, Ministrio de Desenvolvimento Social

    e Combate Fome, Ministrio do Trabalho e Emprego, Organizao Auxlio

  • 31

    Fraterno, Universidade Federal So Joo Del Rei, Movimento Nacional da

    Populao de Rua, Pastoral Nacional e Frum da Rua do Rio de Janeiro.

    Neste contexto, foi realizada articulao junto Secretaria Geral da

    Presidncia da Repblica, Ministrio do Planejamento e Casa Civil para

    comprometimento do IBGE em realizar a insero da populao em situao de rua

    no Censo Nacional de 2020.

    Para viabilizar a insero da PSR no Censo 2020, foram realizadas quatro

    reunies do GT Pop Rua - IBGE em 2013, nas quais foi discutida a proposta de

    questionrio, posteriormente validado pelo CIAMP-Rua.

    Em outubro de 2013, foi pactuada a verso final do questionrio na sede do

    IBGE com a presena de representantes do GT IBGE - Pop Rua, tcnicos e

    dirigentes do IBGE no Rio de Janeiro. Representantes do GT IBGE participaram

    ainda de atividade de capacitao dos tcnicos do IBGE responsveis pela aplicao

    dos questionrios em novembro de 2013, no Rio de Janeiro.

    A pesquisa-teste teve como objetivo testar o questionrio e a abordagem da

    temtica pelos tcnicos do IBGE. Na ocasio, foram feitas 100 entrevistas com

    pessoas em situao de rua em abrigos e nas ruas, com apoio de voluntrios com

    experincia de abordagem de pessoas em situao de rua.

    Ainda no foi publicizada a verso final do relatrio da pesquisa-teste, o

    qual imprescindvel para continuar o processo para viabilizar a insero da

    populao em situao de rua no Censo 2020 e nas outras pesquisas regulares do

    IBGE.

    3.1.2. Ministrio Pblico

    A articulao entre SDH/PR, CNDDH, CIAMP-Rua com o Conselho Nacional

    do Ministrio Pblico (CNMP) resultou em aes importantes como o Encontro

    Nacional do Ministrio Pblico em defesa da populao de rua, promovido em

    abril de 2014 pela Comisso de Defesa dos Direitos Fundamentais e pelo Frum de

    Articulao das Aes do MP na Copa do Mundo, do CNMP.

    No referido encontro foram divulgados o documento Diretrizes de atuao

    do Ministrio Pblico Brasileiro em Defesa das Pessoas em Situao de Rua durante a

    Copa do Mundo de 2014, a Semana de mobilizao nacional em defesa das pessoas

  • 32

    em situao de rua (Imagem 3) e a adeso do CNMP campanha Eu sou morador de

    rua e tenho direito a ter direitos (Imagens 1 e 2), promovida pela SDH/PR, atravs

    do CNDDH.

    Imagem 3

    Fonte: Divulgao ASCOM/CNMP.

    Parte II:

    4.1. Proposta de metodologia de acompanhamento pelo Comit

    Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Poltica

    Nacional para Populao em Situao de Rua

    A institucionalizao das atividades de monitoramento e avaliao da

    ao governamental vm ganhando fora no Brasil, acompanhando o esforo na

    ampliao do escopo e escala dos programas sociais. So investidos recursos

    crescentes no levantamento de informaes para gesto e monitoramento de

    rogramas no Pas.

    A concepo adotada de monitoramento para a construo da proposta de

    metodologia de acompanhamento do CIAMP-Rua diz respeito observao regular

    e sistemtica do desenvolvimento das atividades, do uso dos recursos e da

    produo de resultados, comparando-os com o planejamento23.

    O primeiro movimento para construir a proposta foi a investigao da

    existncia de secretarias ou departamento que desenvolvessem o trabalho de

    23 PREFEITURA MUNICIPAL DE LONDRINA. Sistema Municipal de Monitoramento e Avaliao. Secretaria Municipal de Assistncia Social. Gerncia de Gesto de Monitoramento e Avaliao, Diretoria de Gesto do Sistema Municipal de Assistncia Social. Outubro de 2008.

  • 33

    monitoramento das aes dos rgos governamentais membros do CIAMP-Rua. A

    busca foi surpreendente pela qualidade da apresentao do monitoramento na

    Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica, Ministrio de

    Desenvolvimento Social e Combate Fome, Ministrio da Sade, Ministrio

    da Educao, diferentemente dos demais rgos governamentais.

    Na Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica o

    monitoramento do Programa Nacional de Direitos Humanos executado atravs

    do Observatrio do PNDH-324 com dados fornecidos pelos Ministrios e rgos

    responsveis por sua implementao.

    No Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate Fome temos a

    Secretaria de Avaliao e Gesto da Informao (SAGI)25 onde se encontra o

    Departamento de Monitoramento. Outra fonte de dados importante Censo

    SUAS, o relatrio anual com a sistematizao dos dados acerca de programas,

    projetos e servios do Sistema nico de Assistncia Social em todo Brasil.

    Enquanto no Ministrio da Sade foi criada a Secretaria de Apoio

    Gesto Estratgica (SAGE)26 com links para encontrar informaes sobre Redes e

    Programas, Situao de Sade e Gesto/Financiamento.

    O Ministrio da Educao desenvolveu o Sistema Integrado de

    Monitoramento do Ministrio da Educao (SiMEC)27 no qual so agregados os

    dados, relatrios de todos os programas e aes da rede de educao.

    Tanto o Ministrio da Justia, quanto os Ministrio das Cidades,

    Trabalho e Emprego, Cultura, Esporte, no h um departamento especfico,

    porm permitido o acesso aos dados sem interpretao, tabulao ou crtica, de

    acordo com a Lei de Acesso Informao28.

    O processo de monitoramento do Planejamento Estratgico e do Plano de

    Aes do CIAMP-Rua ocorrer ao longo do ano e envolver diversos atores do

    Comit, assim como convidados.

    24 O Observatrio da PNDH-3 um portal de acesso pblico que rene informaes sobre a execuo das aes programticas previstas Programa Nacional dos Direitos Humanos - 3 e pode ser acessado no endereo . 25 A SAGI disponibiliza informaes do MDS no portal na internet . 26 Da mesma forma, possvel encontrar informaes no portal da SAGE atravs do endereo . 27 Para acessar o SiMEC no portal da internet no seguinte endereo http://simec.mec.gov.br/ necessrio cadastro e, de acordo, com nveis de acesso e sigilo, so disponibilizadas as informaes. 28 Lei n 12527, de 18 de novembro de 2011 Lei de Acesso a Informao que regula o acesso a informaes por qualquer cidado e cidad como previsto na Constituio Federal, de 1988.

  • 34

    Ele parte da anlise crtica que os responsveis pelo resultado esperado

    fazem sobre seu andamento e avana em um processo de discusses coletivas

    entre os representantes governamentais, representantes da sociedade civil e

    convidados, para a identificao de eventuais entraves e ajustes que se faam

    necessrios. Assim, em dilogo com os rgos membros do CIAMP-Rua propor o

    compartilhamento dos dados, relatrios de gesto e outros documentos

    importantes.

    E, nesse sentido, assinala-se a importncia de gerar e pactuar indicadores

    de monitoramento mais especficos e peridicos para acompanhamento das

    atividades envolvidas. Diante da lgica da PNPR da qual se incentiva que sejam

    elaboradas polticas pblicas com aes intersetoriais, integradas e articuladas,

    ser preciso encontrar dentro das polticas setores envolvidas indicadores que

    atualizem a situao atual das aes planejadas com o foco na populao em

    situao de rua.

    Pretendo apresentar uma proposta prtica e ao mesmo tempo programtica

    no sentido de organizar indicadores de monitoramento. Dentro do volume grande

    de informaes disponveis necessitamos de sistema de monitoramento construdo

    com a participao dos representantes do CIAMP-Rua governamentais, sociedade

    civil e tcnicos convidados.

    Portanto, como consequncia do levantamento acima realizado, contendo

    os momentos explicativo (M1) e normativo (M2), seguem os momentos estratgico

    (M3) e momento ttico-operacional (M4), previstos no PES, proponho realizar

    encontro em forma de Oficina com o fim de apresentar os indicadores setoriais,

    pactuar e consolidar os indicadores de monitoramento da PNPR.

    4.2. Oficina Nacional para pactuao de indicadores de monitoramento

    da Poltica Nacional para a Populao em Situao de Rua (PNPR)

    Com intuito de disparar o debate sobre a pactuao dos indicadores de

    monitoramento proponho como reflexo sobre a concepo de indicador algumas

    caractersticas importantes destacadas pelo cientista poltico ARMANI (1998):

  • 35

    a) representar algum tipo de mensurao reconhecida socialmente, o que significa conhecer os parmetros e a qualidade da informao; b) ter a confiabilidade das fontes de coleta e produo das informaes; c) ter regularidade, de forma a permitir seu acompanhamento sistemtico e comparaes sobre a evoluo do desempenho das polticas pblicas; d) ter abrangncia na cobertura, para que tenham validade em

    diferentes contextos locais. 29

    A participao e reflexo crtica dos membros do CIAMP-Rua

    imprescindvel para a alcanarmos acordo nos indicadores, portanto o espao

    legtimo para tanto ser na Oficina Nacional para pactuao de indicadores de

    monitoramento da Poltica Nacional da Populao em Situao de Rua,

    introduzida ao fim do captulo anterior, com as datas sugeridas de 30/07/14 e

    31/07/14, durante a reunio ordinria do CIAMP-Rua outra data conforme

    disponibilidade de agenda.

    Na referida Oficina apresentarei a proposta com os seguintes indicadores de

    monitoramento da Poltica Nacional para a Populao em Situao de Rua (PNPR):

    1) Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica (SDH/PR)

    Objetivo:

    Implantao de Rede de Promoo e Defesa dos Direitos da Populao em Situao

    de Rua;

    Indicador:

    a)Nmero de adeses de muncipios e Estados Poltica Nacional para Populao

    em situao de rua30;

    b)Resolutividade no atendimento no Centro Nacional de Defesa dos Direitos

    Humanos da Populao em Situao de Rua e Catadores de Materiais Reciclveis e

    nos Ncleos 31;

    29 ARMANI, Domingos. PMA: conceitos, origens e desafios. IN: Caminhos: planejamento, monitoramento e avaliao. Encontro de agentes de projetos. Salvador, CESE, set. 1998. 30 De acordo com o Decreto 7053/09, Art. 3 Os entes da federao que aderirem Poltica Nacional para a Populao em Situao de Rua devero instituir comits gestores intersetoriais, integrados por representantes das reas relacionadas ao atendimento da populao em situao de rua, com participao de fruns, movimentos e entidades representativas desse segmento da populao. 31 Idem, art. 7, pargrafo VII, implantar centros de defesa dos direitos da populao em situao de rua e art. 15 a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidncia da Repblica instituir

  • 36

    c)Resolutividade no atendimento no Disque Direitos Humanos Disque 100;

    Meta:

    a)Aumento no nmero de muncipios e Estados que aderiram Poltica Nacional

    para Populao em situao de rua instituindo Comits de Acompanhamento e

    Monitoramento da Poltica Nacional para Populao em situao de rua e Plano de

    Aes;

    b)Nmero de denncias recebidas e encaminhadas atravs do Centro Nacional de

    Defesa dos Direitos Humanos da Populao em Situao de Rua e Catadores de

    Materiais Reciclveis e Ncleos;

    c)Nmero de denncias recebidas e encaminhadas atravs do Disque Direitos

    Humanos Disque 100.

    2) Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome

    Objetivo:

    Assegurar o acesso da PSR Rede Socioassistencial do Sistema nico de

    Assistncia Social (SUAS)32;

    Indicador:

    a) Nmero de Centro de Referncia Especializado para a Populao em Situao de

    Rua (Centro Pop)33;

    b)Servio Especializado de Abordagem Social do Centro de Referncia

    Especializado em Assistncia Social;

    c) Nmero de vagas no Servio de Acolhimento Institucional;

    d) Nmero de cadastrados PSR no Cadastro nico;

    e) Nmero de beneficirios PSR do Programa Bolsa Famlia;

    f) Nmero de Restaurantes Populares.

    Meta:

    a) Aumento no nmero de Centro de Referncia Especializado para a Populao

    em Situao de Rua (Centro Pop);

    o Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos para a Populao em situao de Rua, destinado a promover e defender seus direitos. 32Conforme Decreto n 7053/09, Art. 7, objetivo do item I assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos servios e programas que integram as polticas pblicas de [...] assistncia social. 33Idem, Art. 7, objetivo do item XII, implantar centros de referncia especializados para atendimento da populao em situao de rua, no mbito da proteo social especial do Sistema nico de Assistncia Social.

  • 37

    b) Aumento no nmero de Servios Especializados de Abordagem Social do Centro

    de Referncia Especializado em Assistncia Social;

    c) Aumento no nmero de vagas no Servio de Acolhimento Institucional;

    d) Aumento no nmero de cadastrados PSR no Cadastro nico;

    e) Aumento no nmero de beneficirios PSR do Programa Bolsa Famlia;

    f) Aumento no nmero de Restaurantes Populares.

    3) Ministrio da Justia

    Objetivo:

    Assegurar acesso poltica pblica de segurana pela PSR34;

    Indicador:

    a)Incluso da temtica PSR nos cursos de capacitao de agentes de Segurana

    Pblica;

    b) Priorizao na elucidao dos crimes contra a PSR quando da implantao do

    Programa Brasil mais seguro35;

    c) Atendimento Jurdico para a PSR;

    Meta:

    a)100% dos agentes de Segurana Pblica inscritos capacitados;

    b)Nmero de crimes contra a PSR investigados em municpios com Programa

    Brasil mais seguro;

    c) Ampliao de oferta de atendimento jurdico para a PSR atravs de defensorias

    pblicas e assistncia jurdica gratuita.

    4) Ministrio da Sade

    Objetivo:

    Assegurar o acesso da PSR Rede de Ateno Sade do Sistema nico de Sade

    (SUS)36;

    34 Conforme Decreto n 7053/09, Art. 7, objetivo do item I assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos servios e programas que integram as polticas pblicas de [...] segurana. 35 Idem, Art. 15, atribuio do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos para a Populao em Situao de Rua, institudo pela SDH/PR Vpesquisar e acompanhar os processos instaurados, as decises e as punies aplicadas aos acusados de crimes contra a populao em situao de rua. Deste modo, compartilhada a atribuio do Ministrio da Justia no monitoramento da elucidao de crimes com a populao em situao de rua. 36 Idem, Art. 7, objetivo do item I assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos servios e programas que integram as polticas pblicas de [...] sade.

  • 38

    Indicador:

    a) Nmero de Consultrios na Rua;

    b) Nmero de cadastrados no Carto SUS;

    c) Capacitao de trabalhadores do Sistema nico de Sade (SUS);

    Meta:

    a) Aumento no nmero de Consultrios na Rua;

    b) Aumento no nmero de Cadastrados no Carto SUS;

    c) 100% de trabalhadores do Sistema nico de Sade (SUS) inscritos capacitados.

    5) Ministrio da Educao

    Objetivo:

    Assegurar o acesso da PSR poltica pblica de educao37;

    Indicador:

    a) Nmero de alfabetizados pelo Programa Brasil Alfabetizado (PBA);

    b) Nmero de aprovados no Exame Nacional do Ensino Mdio (ENEM);

    c) Nmero de concluintes no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico

    (PRONATEC)38;

    d) Nmero de matriculados em Instituies de Ensino Superior.

    Meta:

    a) Aumento do nmero de alfabetizados pelo Programa Brasil Alfabetizado (PBA);

    b) Aumento do nmero de aprovados no Exame Nacional do Ensino Mdio

    (ENEM);

    c) Aumento do nmero de concluintes no Programa Nacional de Acesso ao Ensino

    Tcnico (PRONATEC);

    d) Aumento do nmero de matriculados em Instituies de Ensino Superior.

    6) Ministrio das Cidades

    Objetivo:

    37 Conforme Decreto n 7053/09, Art. 7, objetivo do item I assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos servios e programas que integram as polticas pblicas de [...] educao e item XIV disponibilizar programas de qualificao profissional para as pessoas em situao de rua, com objetivo de propiciar o seu acesso ao mercado de trabalho. 38 No PRONATEC-Pop Rua, modalidade de cursos profissionalizantes voltados para populao em situao de rua, o demandante a SDH/PR, no mbito da Coordenao-Geral dos Direitos da Populao em Situao de Rua, responsvel propor cursos para ofertantes e pela gesto das vagas no SISTEC.

  • 39

    Assegura o acesso da PSR moradia39;

    Indicador:

    a)Apoio a projetos de habitao nos municpios atravs do municpio, Estado e

    distrito federal;

    b)Nmero de famlias em situao de rua contemplados pelo Programa Minha

    Casa Minha Vida;

    Meta:

    a)Projetos inovadores de habitao para famlias e indivduos da populao em

    situao de rua apoiados;

    b)Aumento do nmero de contemplados pelo Programa Minha Casa Minha Vida.

    7) Ministrio do Trabalho e Emprego

    Objetivo:

    Assegurar o acesso poltica pblica de trabalho e renda pela PSR40;

    Indicador:

    a)Nmero de trabalhadores da populao em situao de rua empregados atravs

    do Sistema Nacional de Emprego (SINE);

    b)Nmero de projetos de economia solidria para PSR.

    Meta:

    a)Aumento no nmero de trabalhadores da populao em situao de rua

    empregados atravs do Sistema Nacional de Emprego (SINE);

    b) Nmero de projetos de economia solidria para PSR apoiados.

    8) Ministrio dos Esportes

    Objetivo:

    Assegurar o acesso poltica pblica de esporte e lazer pela PSR41;

    Indicador:

    a)Nmero de projetos de incentivo ao esporte e lazer para a populao em situao

    de rua;

    39 Idem, Art. 7, objetivo do item I assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos servios e programas que integram as polticas pblicas de [...] moradia. 40Conforme Decreto n 7053/09, Art. 7, objetivo do item I assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos servios e programas que integram as polticas pblicas de [...] trabalho e renda. 41 Idem, Art. 7, objetivo do item I assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos servios e programas que integram as polticas pblicas de [...] esporte, lazer.

  • 40

    Meta:

    a)Projeto com atividades de esporte e lazer especfico para populao em situao

    de rua apoiados.

    9) Ministrio da Cultura

    Objetivo:

    Assegurar o acesso poltica pblica de cultura pela PSR42;

    Indicador:

    a)Nmero de Pontos de Cultura para PSR;

    b)Nmero de Pontos de Leitura para PSR.

    Meta:

    a) Implantao de Pontos de Cultura especficos para PSR;

    b) Implantao de Pontos de Leitura especficos para PSR;

    Tabela 2

    rgo Objetivo Indicador Meta

    1)SDH

    Implantao de Rede de Promoo e Defesa dos Direitos da Populao em Situao de Rua

    a) N de adeses de muncipios e Estados Poltica Nacional para a Populao em situao de rua (PNPR)

    a) Aumento no n de adeses de muncipios e Estados PNPR, instituio de Comits de Acompanhamento e Monitoramento da Poltica Nacional para Populao em situao de rua e Plano de Aes;

    b) Resolutividade no atendimento do CNDDH e ncleos;

    a) N de denncias recebidas e encaminhadas pelos CNDDH e ncleos;

    c) Resolutividade no atendimento do Disque Direitos Humanos Disque 100;

    b) N de denncias recebidas e encaminhadas atravs do Disque 100;

    2)MDS

    Assegurar o acesso da PSR Rede Socioassistencial

    a) N de Centro Pop; a) Aumento no n de Centro Pop;

    b) N de Servios Especializados de

    b) Aumento no n de Servios Especializados de

    42 Conforme Decreto n 7503/09, Art. 7, objetivo do item I assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos servios e programas que integram as polticas pblicas de [...] cultura.

  • 41

    do Sistema nico de Assistncia Social (SUAS)

    Abordagem Social do CREAS;

    Abordagem Social do CREAS;

    c) N de vagas no Servio de Acolhimento Institucional;

    c) Aumento no N de vagas no Servio de Acolhimento Institucional;

    d)N de cadastrados PSR no Cadastro nico;

    d) Aumento no N de cadastrados PSR no Cadastro nico;

    e) N de beneficirios PSR do Programa Bolsa Famlia;

    e) Aumento no nmero de beneficirios PSR do Programa Bolsa Famlia;

    f) N de Restaurantes Populares.

    f) Aumento no N de Restaurantes Populares.

    3)MJ

    Assegurar acesso poltica pblica de segurana pela PSR

    a)Incluso da temtica PSR nos cursos de capacitao de agentes de Segurana Pblica;

    a)100% dos agentes de Segurana Pblica inscritos capacitados;

    b) Priorizao na elucidao dos crimes contra a PSR quando da implantao do Programa Brasil mais seguro;

    b)N de crimes contra a PSR investigados em municpios com Programa Brasil mais seguro;

    c) Atendimento Jurdico para a PSR;

    c)Ampliao de oferta de atendimento jurdico para a PSR atravs de defensorias pblicas e assistncia jurdica gratuita.

    4)MS

    Assegurar o acesso da PSR Rede de Ateno Sade do Sistema nico de Sade (SUS)

    a) N de Consultrios na Rua;

    a) Aumento no n de Consultrios na Rua;

    b) N de cadastrados no

    Carto SUS;

    b) Aumento no n de cadastrados no Carto SUS;

    c) Capacitao de trabalhadores do Sistema nico de Sade (SUS);

    c) 100% de trabalhadores do SUS inscritos capacitados.

    5)MEC Assegurar o acesso da PSR poltica pblica

    a) N de alfabetizados pelo Programa Brasil Alfabetizado (PBA);

    a) Aumento no n de alfabetizados pelo PBA;

  • 42

    de educao b) N de aprovados no Exame Nacional do Ensino Mdio (ENEM);

    b) Aumento no n de aprovados no ENEM;

    c) N de concluintes no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico (PRONATEC)

    c) Aumento no n de concluintes no PRONATEC;

    d) Nmero de matriculados em Instituies de Ensino Superior.

    d) Aumento no n de matriculados em Instituies de Ensino Superior.

    6)MCidades

    Assegura o acesso da PSR moradia

    a)Apoio a projetos de habitao nos municpios atravs do municpio, Estado e distrito federal;

    a)Projetos inovadores de habitao para famlias e indivduos da populao em situao de rua apoiados;

    b)N de famlias em situao de rua contemplados pelo Programa Minha Casa Minha Vida;

    b)Aumento do nmero de contemplados pelo Programa Minha Casa Minha Vida.

    7)MTE

    Assegurar o acesso poltica pblica de trabalho e renda pela PSR

    a)N de trabalhadores da PSR empregados atravs do Sistema Nacional de Emprego (SINE);

    a)Aumento no n de trabalhadores da PSR empregados atravs do SINE;

    b)N de projetos de economia solidria para PSR.

    b) N de projetos de economia solidria para PSR apoiados.

    8)ME

    Assegurar o acesso poltica pblica de esporte e lazer pela PSR

    a)N de projetos de incentivo ao esporte e lazer para a PSR;

    a)Projeto com atividades de esporte e lazer especfico para PSR apoiados.

    9)MinC

    Assegurar o acesso poltica pblica de cultura pela PSR

    a) N de Pontos de Cultura para PSR;

    a) Implantao de Pontos de Cultura especficos para PSR;

    b)N de Pontos de Leitura para PSR.

    Implantao de Pontos de Leitura especficos para PSR.

    Fonte: Elaborao prpria, Maio de 2014.

  • 43

    Dando continuidade ao PES e como parte da metodologia de

    monitoramento no Momento Ttico-operacional (M4) sero realizadas visitas

    tcnicas para conhecer a estrutura associadas a aes para populao em situao

    de rua e ao departamento de monitoramento dos ministrios membros do CIAMP-

    Rua, como tambm, promover reunies com os representantes governamentais

    estendidas para atores estratgicos convidados a contriburem para a construo

    dos indicadores de monitoramento da PNPR.

    5. Consideraes finais

    O Relatrio 1 resultado do levantamento das polticas pblicas setoriais

    do Governo Federal relacionadas populao em situao de rua e elaborao de

    proposta de acompanhamento da Poltica Nacional para a Populao em Situao

    de Rua.

    O levantamento das polticas setoriais possibilitou perceber a trajetria na

    qual as aes planejadas pelo CIAMP-Rua entraram em curso principalmente nos

    anos de 2012 e 2013, assim como subsidiar a propostas dos indicadores de modo a

    garantir a coerncia entre o planejamento, monitoramento e avaliao das aes.

    Compe os momentos explicativo (M1) e normativo (M2) a anlise

    situacional do plano de aes referenciado por documentos como relatrios,

    polticas, leis, decretos, portarias, planejamentos e planos de aes.

    Decorrente da metodologia do planejamento estratgico situacional (PES)

    adotada configurando o momento estratgico (M3) propus realizao da Oficina

    de pactuao de indicadores de monitoramento da PNPR entre os dias 30/07 e

    31/07/14 durante a reunio extraordinria do Comit Intersetorial de

    Acompanhamento e Monitoramento da Poltica Nacional da Populao em Situao

    de Rua (CIAMP-Rua) ou em outra data conforme disponibilidade.

    A seguir, parte integrante do momento ttico-operacional (M4), sero

    realizadas visitas tcnicas para conhecer a estrutura associada as aes para

    populao em situao de rua e aos departamentos de monitoramento dos

    ministrios membros do CIAMP-Rua.

  • 44

    Ademais sero promovidas reunies com os representantes

    governamentais estendidas para atores estratgicos convidados a contriburem

    para a avaliarem a construo dos indicadores de monitoramento da PNPR.

    Passaram quatro anos desde a assinatura do Decreto n 7.053/09 e no

    presente ano estamos nos aproximando do perodo eleitoral para carga dos

    executivos estaduais, federais e do distrito federal, como do congresso nacional.

    Portanto, de notria relevncia finalizar o processo de monitoramento e

    avaliao dos quatro anos da PNPR e apontar para os avanos e desafios para a

    garantia de sua efetivao como poltica de Estado. Haja vista que trata-se de

    decreto presidencial, juridicamente, fica a dvida em relao a continuidade do

    CIAMP-Rua e a decorrente articulao entre os ministrios da qual de sua

    responsabilidade. Qui culmine em projeto de lei que proteja e garanta os direitos

    para a populao em situao de rua aps ser votado pelo Congresso Nacional.

    Mais uma vez iremos conferir se a PNPR se constituir como poltica pblica

    permanente a exemplo de outras polticas setoriais que alcanaram a perenidade,

    como a aprovao da Lei n 12.435/11, que institui o Sistema nico da

    Assistncia Social, a Tipificao Nacional dos Servios Socioassistenciais,

    Resoluo CNAS n 109/09, indicando o Centro Pop como servio estratgico

    para o atendimento da populao em situao de rua.

    6. Referncias bibliogrficas

    ARMANI, Domingos. Como elaborar projetos? Guia prtico para elaborao e

    gesto de Projetos Sociais. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2004. (Coleo Amencar)

    ___________. PMA: conceitos, origens e desafios. IN: Caminhos: planejamento,

    monitoramento e avaliao. Encontro de agentes de projetos. Salvador: CESE, set.

    1998.

    BRASIL. Cartilha atuao policial na proteo dos direitos humanos de

    pessoas em situao de vulnerabilidade. 2 edio. Ministrio da Justia.

    Secretaria Nacional de Segurana Pblica. Braslia, 2013a.

    _________. Dilogos sobre a populao em situao de rua no Brasil e na

    Europa: experincias do Distrito Federal, Paris e Londres. Secretaria de Direitos

    Humanos da Presidncia da Repblica. Braslia: SDH, 2013b.

  • 45

    _________. Guia de cadastramento da populao em situao de rua. Cadastro

    nico para Programas Sociais. 3 Edio. Ministrio de Desenvolvimento Social e

    Combate Fome. Secretaria de Renda de Cidadania, 2011.

    _________. Pesquisa Nacional sobre a Populao em Situao de Rua. Ministrio

    do Desenvolvimento Social e Combate Fome. Braslia, abril de 2008a.

    _________. Pesquisa Nacional sobre a Populao em Situao de Rua. Ministrio

    de Desenvolvimento Social e Combate Fome. (Sumrio Executivo) Braslia,

    SAGI/Meta, 2008b.

    ________