Ter mais atenção ao enunciado das perguntas
– O que era de Pennac «leitores têm o direito de amarem os protagonistas»/ o que era do cronista (João de Mancelos): «demasiado real»
– O tema (leitura, gosto da leitura, livros, protagonistas dos livros)
Texto de Vasco Graça Moura (em vez do de Pessoa)
___
--->|___ = fazer margem de parágrafo
translineação
__________ = não fazer parágrafo
______
§ ___| = fazer parágrafo
Não transpor conteúdos de outras disciplinas (Psicologia, História, Filosofia, etc.)
Como diz Daniel, …
Como diz Pennac, …
Mas, no entanto,
E, no entanto,
remontam a
remetem para
ir de encontro a
ir ao encontro de
Faz com que
Faz que
Autor
Fernando Pessoa
Sujeito poético
Eu lírico
Eu do poema
O «eu»
O poeta
O tema é o mesmo em ambos os poemas — a dor de pensar provocada pela intelectualização do sentir. O poeta gostaria de ser como a ceifeira, ter a sua alegre inconsciência, mas, ao mesmo tempo, saber-se possuidor dessa incons-ciência. Do mesmo modo, gostaria de ser como o gato que apenas sente («sentes só o que sentes») e, por isso, é feliz («és feliz porque és assim»), enquanto o poeta pensa («vejo-me e estou sem mim, / co-nheço-me e não sou eu»).
[81 palavras]
v. 3 Porque é que, pr’a ser feliz,
v. 4 É preciso não o saber?
O que faz que o pronome («o») tenha de ficar anteposto ao verbo (o infinitivo «saber») é o facto de a frase ser negativa.
Vejamos algumas circunstâncias que obrigam à alteração da ordem mais normal no português europeu (a da ênclise): estar a frase na negativa, ficar o pronome numa subordinada completiva, tratar-se da variante sul-americana do português. Completa a coluna da direita:
Próclise:– Não o disse propositamente.
Mesóclise:– Vendê-lo-ão em breve.
Ênclise:– Comprei-a a bom preço.
Mesóclise
– tornar-se-ia (*tornaria-se)– vê-lo-emos (*veremo-lo)
Stora, por favor, dê-mo.
negativa >
Stora, por favor, não mo dê.
Comprei-o.
subordinação completiva >
Já te disse que o comprei.
Cortez revelou-se um craque.
variante brasileira >
Cortez se revelou um craque, né.
Tem que ver com outras pessoas que afetam-me.
Tem que ver com outras pessoas que me afetam.
[…] à necessidade de os sujeitos poéticos libertarem-se
[…] à necessidade de os sujeitos poéticos se libertarem
A última quadra é a que mais incorpora-se.
A última quadra é a que mais se incorpora.
O tema de «Dístico», de Sebastião da Gama, é quase o mesmo do do poema de Pessoa «Gato que brincas na rua» — também aqui o sujeito poético se dirige a quem considera, quase com inveja, ser feliz (no caso, a criança que brinca) —,
mas a perspetiva é diferente: no poema de Sebastião da Gama o ser bafejado pela sorte não funciona como contraponto do sujeito poético e é apenas objeto de um aviso acerca da vida adulta.
O vocativo da quintilha é «Ó meu menino que brincas / o dia todo na rua / e ainda pensas que a Vida / é só a vida que é tua,». Além da vírgula que fecha o vocativo, não é preciso outra, já que a subordinada adjetiva relativa que começa com o «que» é restritiva (o sujeito poético chama um específico «meu menino», o que brinca o dia todo na rua e ainda pensa que a vida é só a que é dele).
Vocativonome oração subordinada adjetiva relativa restritiva
Gato que brincas na rua como se fosse na cama,
Predicado
invejo a sorte que é tua
verbo complemento direto oração subordinada adjetiva relativa restritiva
oração subordinada causal
porque nem sorte se chama
Todo o nada que és é teu
No dicionário que consultei, o verbete de «dístico» regista também as aceções ‘letreiro’, ‘rótulo’, ‘divisa’. Estes três significados têm em comum a ideia de ‘aviso, informação útil’, pelo que o título «dístico» deve querer destacar o caráter didático, instrucional, do conselho a que corresponde todo o poema.
TPC — Escreve o comentário pedido no item 2 da p. 46 (o 2.º parágrafo serão as ll. 11-17).
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