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LISBOA
SABBAD0 7 DEZEMBRO 1872
1 mez ..
3 mezes
Avulso..
TIRAGEM 12:000 EXEMPLARES
BOLETIM DO DIA
com o governo, as bases principaes do ser necessaria a previa auctorisação do
qual são as seguintes:—O privilegio da governo. Em compensação destas" vanta-
emissão de notas no districto de Lisboa por gens o banco cede desde já dos seus pre-
mais 24 annos, podendo o banco depois de vilegios sobre isempção de impostos c põe
187i elevar a taxa do desconto de accor- á disposição do governo 1:000 contos de
do com as fluctuações do mercado, sem réis ao juro de 6 por cento. Depois de
I terminado o actual contracto o banco es-
tabelecerá succursaes em Coimbra, Évora
! e Faro e cede da hypotheca tacita e do
exclusivo dos depositos.
Resolveu-se nomear uma commissão
para o exame deste contracto, a qual foi
nomeada pela mesa e é composta dos se-
guintes accionistas:
Duque de Palmella, Carlos Bento da
Silva, José Joaquim dos Heis e Vascon-
cellos, Custodio Kchello de Carvalho, Ma-
nuel Antonio de Seixas c Antonio José
Pereira Serzedello Junior. Para supplen-
tes foram nomeados os srs. João Rebello
da Cosia Cabral, Henrique de Barros Go-
mes e Francisco Maria da Silva Torres.
A ' ommissão reúne na segunda-feira.
A assembléa geral presidiu o sr. viscon-
de de Porto Corvo.
Na segunda-feira 9 do corrente, tem
lugar no theatro da Trindade, o beneficio
da associação Civilização Popular. Tem
esta sociedade prestado relevantes servi-
ços ás classes populares, instruindo gra-
tuitamente nas suas aulas diurnas, c no-
cturnas, em cada anno, cerca de MO
alumnos, entre menores e adultos, com
reconhecido aproveitamento, por isso que
ainda este anno teve 12 í aprovações no
lyceu nacional de Lisboa, em instrucção
primaria, portuguez e francez.
Narrando estes factos, é a melhor re-
comendação que podemos fazer d'aquella
festa, em que tanto interessa os fi-
lhos do povo, porque adquirem ali o pão
do espirito, indespensavel para se torna-
rem úteis a si c á patria.
O monte-pio da casa real paga hoje
as suas pensões, relativas ao 3.°trimes-
tre do corrente anno, na rasào de 60
por cento.
O maestro Bio de Carvalho compoz a
musica para a missa que se hade can-
tar amanhã na egreja do Soccorro. Di-
zem-nos maravilhas desta composição.
Chegou hontem o vapor Insulano da
carreira dos Açores, o qual vem retarda-
do alguns dias por causa do mau tempo
que tem feito.
No dia 20 começa a novena de Nossa
Senhora da Conceição, da Casa, na egre-
ja das Mercôs.
Poucos serviços ha tão bem organisados
no paiz como o dos facultativos militares,
e se alguns o pódem egualar em regula-
ridade, nenhum o excede decerto. Foi
(>ois com assombro que vimos n'uma fo-
lia noticiosa a noticia de que um ferido
fôra antes de hontem ao hospital militar
da Estrella a fim de ser ali curado, e que
saíra no mesmo ectado, por que estando
os facultativos todos nas visitas das en-
fermarias, não houvera quem lhe podesse
fazer o curativo. Surprehendeu-nos o caso
e tratámos de indagar; sabendo assim que
as coisas se passaram de modo que não
cabe a menor responsabilidade aos medi-
cos militares, porque o ferido nem sequer
quiz esperar o tempo necessário para se
ir chamar o facultativo a que incumbia
aquelle serviço e que effectivamente es-
tava passando visita na enfermaria.
D'este modo, se touos os centenares dé
feridos que ali são tratados durante o anno
fossem todos tão apressados, seria mister
que o facultativo estivesse sempre á porta
para lhes prestar os primeiros soccorros
apenas assomassem ao vestíbulo do edi-
fício.
Não se comprehende que um sobresal-
tado por um ferimento, torturado pelas
dores que elle causa, chegue a um hos-
pital, onde encontra soccorro prompto e
derto, e que só para não esperar alguns
minutos que o facultativo chegue, vá pro-
curar Jonge e com incerteza quem o tra-
te. E' por isso que, podendo a noticia
dada muito laconicamente fazer má im-
pressão, e julgar-se que houvera menos
sollicitudc dos membros da classe medi-
co-castrense em prestar soccorros ao fe-
rido, tratámos de averiguar o acontecido,
folgando em prestar homenagem á nun-
ca desmentida dedicação dos medicos que
fazem serviço no hospital da Estrella,
e á boa vontade e presteza com que soc-
corn:m todas as pessoas que ali vão pro-
curar o auxilio da sciencia.
Reuniu na quinta-feira a assembléa ge-
ral do banco de Portugal, para a qual fo-
ram convidados todos os accionistas. Es-
tiveram presentes 170. A direcção apre-
sentou o projecto do novo contracto feito
VIEIHA DE CASTRO
cia das sombras: etherea, rapida, fu-
gaz, como as phosphorocencias dos mar-
neis.» 1
Tudo foi rápido e fugaz n'aquella vida
febril, agitada e tumultuosa: triumphos,
glorias, esperanças, sonhos, enthusias-
mos, júbilos Íntimos. Tudo isto passou,
turbilhão dourado, como folha levada pelo
vento. Era o vento da desgraça. Apa-
gou quanto elle tinha de bom, generoso
e fecundo no coração, crenças e alTeetos,
semente divina de heroísmos e dedica-
ções, e encheu com as cinzas da duvida
e do desespero o sacrario vasio onde
aquelles afTectos e crenças se tinham ge-
rado, nascido e crescido. Abriu-lhe em
seguida as portas do cárcere, e depois
d'um captiveiro de mezes, durante os
1 Vieira de Castro—Discursos parlamentares
—18G5-6G. Me. 36.
quaes aquella alma, no sinistro isola-
mento feito de repente á roda de si, ge-
meu, padeceu e consumiu o resto das
suas forças n'uma agonia excruciante e
demorada, arremessou com elle para lon-
ge da patria, dos seus, das recordações
da infância, dos sonhos da mocida-
de, para longe dos sitios em que elle ti-
nha triumphado, amado esido feliz, para
longe do céo e das flores da sua patria,
para longe deste sol criadora cujos raios
se acendera o seu engenho e dilatara a
sua alma. Finalmente veiu a morte ele-
vou-o. Onde a desgraça passara, estere-
lisando tudo como a pata do cavallo hu-
no, mocidade, esperanças, chimeras, il-
lusões, sentou-se a morte armada da foi-
ce, como a pintavam os antigos. Triste,
triste, triste !
Que resta hoje dos combates em que
o académico consumiu as primeiras for-
ças e os primeiros enthusiasmos da sua
juventude, dos triumphos que ao orador
politico grangeou a sua palavra vigoro-
sa e elegante, das esperanças de que o
homem se nutriu, das felicidades que so-
nhou, do ideal que todo o trabalhador
julga entrever ao cabo da sua lide e que
incita o sábio a não desesperar da scien-
cia e o pobre a não desesperar da ri-
queza?
E todavia nunca houve, por menos en-
tre nós, carreira a que o futuro promet-
tesse mais, destino mais brilhantemente
começado, fado na apparencia mais fe-
liz.
Grandes predilecções Iitterarias, que o
distinguiram e acompanharam sempre, le-
varam Vieira de Castro nos primeiros an-
nos a experimentar o seu talento em teti-
Da vida deste homem, morto duas ve-
zes, morto para o mundo antes da morte
o tirar do mundo; da vida deste homem,
que acabou a vida antes de morrer, se-
gundo a expressão de Seneca, consum-
mare vitam ante mortem, pôde escrever-
se o que elle do alto da tribuna parla-
mentar, d'onde se comprazia em semear
de flores de rhetorica o caminho que ha-
viam de percorrer os argumentos que des-
pedia contra os adversarios, disse uma
vez das sombras da lanterna magica, que
se succedem, revesam-se «nos panos do
muramento, vivendo o minuto da existen-
638 DIÁRIO ILLUSTRADO
REVISTA ESTRANGEIRA
PARIS, 1 de dezembro de 1872. —
Assistimos hontcm a uni triste espectá-
culo. Volta o partido bonapartista á to-
na (Tacua; julgavamol-o definitivamente
afíogado na lama de Sedan. Yae longe
o tempo em que a Assembléa fulminava
como um só homem o império, em que
acolhia insolentemente os discursos de
mr. Rouher. Hoje o partido bonapartis-
ta auxiliado pela direita, infligiu um che-
que ao governo. A occasiâo não pare-
cia bem escolhida para essa reconcilia-
ção. Ainda ante-hontem mr. Ernoul, mem-
bro da direita, foliara nos «Cesares de
occasiâo» c o partido bonapartista devia
estar molestado. Mas o sr. Ernoul, re-
vendo as provas do seu discurso, cor-
tou a phrase quesusceptibilisava os seus
novos amigos e a alliança fez-se. Ilon-
tem realisou-se a interpellaçâo de mr.
Prax-Paris, deputado imperialista, acer-
ca das representações das camaras mu-
nicipaes, e accusou o ministro do inte-
rior de ter violado a lei, acceitando-as.
O sr. Victor Lelranc respondeu com di-
gnidade, declarando que sempre que as
representações vinham das camaras mu-
nlcipaes annullava-as, mas não podia im-
pedir os conselheiros municipaes de re-
presentarem depois das sessões como
simples cidadãos. O sr. Prax-Paris in-
sistiu, mas recebeu do sr. Victor Lefranc
unia resposta severa. «E' notável, disse
elle, (pie parta similhanteaccusação dos
homens, que serviram o regimen onde
as camaras municipaes violentavam com
as suas representações a independencia
da Assembléa.
Apezar d esse discurso, o sr. Castel-
lane propoz uma moção d'ordem, encer-
rando uma censura ao ministro do in-
terior. Essa moção d ordem foi votada
por 305 votos contra 298. Diz-se que
em presença d essa votação Victor Le-
franc retira-se.
Na folha ollicial de hontem vem pu-
blicada a carta de confirmação e ratifi-
cação do tratado de commercio e nave-
gação, entre sua magesladc lidellissima
el-rei de Portugal e sua magestade o
imperador da Austria.
A charada do sr. Bernardo Maria da
Costa e Silva, posta hontem a premio
para os nossos assinantes de Lisboa, foi
decifrada em primeiro lugar pelo sr. Luiz
Porlirio da Silva Sampaio, a quem fize-
mos entrega do brinde. A referida chara-
da, cuja significação é Demosthenes, foi
decifrada também pelos seguintes assi-
gnantes nossos:
Ex.,Uâ sr.' condessa de Belmonte, que
se dignou enviar-nos de Belem um tele-
gramma, assim como ossrs. Antonio Pai-
va Pereira da Silva, e D. E. Moreau, o
primeiro de Santa Isabel e o segundo do
caes dos Soldados, conde da Azambuja,
Carlos Borges, Alfredo José Lopes da
Silva, João Henrique Barata, Joaquim da
Silva, A. P. Pinto Goulão, Augusto Pena,
Cesar Augusto dos tteis, Samuel Candido
Correia, Luiz Candido da Silva Patacho,
A. Coutinho, J. M. Garcez Palha, Joa-
quim Moreira. Matheus Ollegario da Cos-
ta e Sousa, José Torgo. Henrique Zefe-
rino d'Albuquerque. Francisco Manuel
Aguas, Ethelberto Rodolpho de Salles
Barbosa, Francisco Cvpriano Pinto, José
Maria Ferreira Mendes, João Frederico
da Fonseca, Felicio José de Sousa, F. L.
da Silva Almeida. A. II. M. de Castro
Telles d'Eça e Cunha, Eduardo T. de
Sampaio, desembargador Sena Fernan-
des e Manuel de Carvalho Ribeiro Vianna.
A ex.m' sr.' I). Guilhermina Roxo não
só advinhou a charada posta a premio,
como também advinhou todas as chara-
das e enigmas publicadas no nosso nu-
mero d'hontem.
HIGH-LIFE
Está em Oeiras, passando alguns dias
com a familia Pombal, a ex."" sr.' I).
Maria A ma li a Figueira.
—O sr. marquez de Pombal e sua fa-
milia, retiram para Lisboa antes do Na-
tal, onde passam o resto do inverno.
—Tem estado gravemente enfermo o
sr. visconde de Azurara, com uma cry-
sepela biliosa. Ha dois dias que apre-
senta comtudo algumas melhoras. Muito
desejamos o seu restabelecimento.
—Este anno, em Paço d'Arcos, varias
das muitas distinctas famílias que ali
costumam residir pela época dos banhos
teem-se demorado. O sr. marquez de
Fronteira retirou um destes dias, mas
ficaram ainda os srs. condes da Torre.
A sr.' D. Engenia Menezes, e seus fi-
lhos. também ainda estão na sua casa
da Terruge, e egualmente a familia d°
sr. I). João de Menezes. As senhoras San"
tares, da illustre casa de Subserra, de-
moram-se até ao fim do mez, vindo de-
pois passar o inverno á capital.
—Está cm Coimbra o sr. marquez de
Sousa.
—Foram nomeadas damas honorarias
de Sua Magestade a Rainha a sr.' D.
Maria Pia, trez formosas e jovens se-
nhoras da alta aristocracia; a sr.* con-
dessa de Villa Real, filha da sr.' con-
dessa de Mello, a sr.' condessa das AI-
caçovas, filha do sr. visconde do Torrão,
e á sr.' viscondessa d'Asseca, filha do
sr. Eduardo Pinto Soveral.
—Casou em Beja a sr." D. Francisca
de Sousa Feio, filha do sr. visconde da
Boa Vista, com o filho do sr. visconde da
Corte. Foram padrinhos os paes dos noi-
vos.
—Já partiu de Vienna d'Austria com
destino a Lisboa o sr. conselheiro Fra-
desso da Silveira.
—O sr. marquez d Avila e de Bolama,
recebeu o titulo de presidente honorário
da sociedade francesa de beneíicencia
dos militares.
—Chegou a Lisboa uma filha do sr.
Saldanha da Gama, nosso consul na
Bahia.
Falla-se em que virá brevemente pa-
ra o circo de Price uma companhia de
zarzuella organisada pelo barítono Cres-
cy, e que a companhia possue bons can-
tores.
tamens de diversos generos; escreveu al-
guns artigos no Racional do Porto, fo-
lhetins na /{evolução de Setembro, e o
Atheneo teve-o por collaborador eflectivo
muito tempo. Todavia a sua obra littcra-
ria de maior significação é a Noticia da
vida e obras de Camillo Castello Branco,
que seria de todo o ponto um bom livro,
assim como é um livro curioso, arriscado
e intrépido, se a tcndencia para o estylo
gongorico, grandes phrases exageradas e
palavras retumbantes não prejudicassem
o sabor da linguagem no que respeita ás
leis do gosto. Era comtudo um livro de
merecimento, e de luta, com referencias
picantes a muitos escriptores conhecidos,
como llodrigo Paganino, Ernesto Biester,
etc., feitas com desassombro se bem que
sem justiça em muitos pontos.
Este livro,—promenor talvez ignorado
da maioria dos que o leram e conhecem,
—foi feito n'um segundo andar da rua
dos Algibebes, onde Vieira de Castro vi-
vera com Camillo Castello Branco ha doze
annos, em 1860. Existência tranquilla,
retirada do inundo, esquiva ao bulício e
ás agitações da sociedade. Nem pensava
em politica, nem lia jornaes. Nenhum dos
dois, nem Camillo nem elle, saia de casa,
a não ser algum bocadinho á noite, e isso
mesmo raras vezes. Como n esse tempo
não havia ainda jornaes de noticias, era
cada qual senhor de chegar e partir quan-
do muito bem queria. Os prélos não di-
ziam nada. Por isso ninguém, ou quasi
ninguém sabia que Camillo e Vieira de
Castro aqui estivessem. Estes dois ho-
mens, tão extraordinários por mais d'um
titulo, passavam na sombra e recreayam-
se com o mysterio em que se envolviam.
Iam apenas á casa da rua dos Algibebes
Julio Cesar Machado,2 que morava nesse
tempo perto d'aquella casa, numa esqui-
na do sexto quarteirão da rua do Oiro, e
João Ignacio da Cunha.
Camillo estava n'uma das suas épocas
de não querer trabalhar. Enfastiado de
tudo, como que fatigado da vida, e quasi
que com asco ás letras, não cjueria ver
livros nem ouvir fallar n'elles; Vieira, que
tinha por elle uma amisade que tocava as
jaias do fanatismo, afinava por aquelle
grande espirito, e também não queria ler.
O resultado era n'aquella casa não fazer-
se outra coisa senão conversar. O leitor
que imagine o que ali iria de philoso-
* Devo á sua obsequiosa amisade estes pre-
ciosos apontamentos inéditos. D aqui lhe agra-
deço.
phia, de ironia, de observação, de criti-
ca, n'aquelles cavacos permanentes!
Vieira tinha a nota do enthusiasmo ou
a da ira; Camillo, a do desdem, a do riso,
a do desprezo. Mesmo quando gracejava,
o primeiro tinha como que lagrimas e
apostrophes nos sens ditos; Camillo, ho-
mem superior e homem experiente, vasa-
va n um sarcasmo um mundo de idéas.
A singelesa de costumes de Vieira de
Castro n essa epocha parecia desmen-
tir os boatos que se haviam espalhado a
respeito dos distúrbios da sua vida de
estudante. Contava-se que elle em Coim-
bra fizera epocha, não só pelo prestigio
da sua palavra e pelo ardor da sua elo-
quência, mas pela coragem dos seus
actos, muitas vezes pela imprudência e
loucura d'elles. Entretanto, ao vel-o,
quasi que não se acreditava em simi-
liiante coisa: eram doces as suas falias,
e no trato com os amigos, meigo e dó-
cil como uma criança. Ninguém diria que
fosse aquelle gentil moço, ceremonioso,
delicado, o terror das noites de Coim-
bra e dos dias do reitor!
Que dillerença entre esta sua passa-
gem em Lisboa ha doze annos, tran-
quilla e ignorada, e a sua entrada 110
parlamento, onde veiu eir 186;> repre-
sentar um circulo da opposição! Que ce-
leuma que se levantou á roda do seu
nome! Que tempestades e que triumphos!
Como foi applaudida com calor pelos
amigos e pelos adversarios acerbamente
criticada a sua estreia parlamentar, es-
treia audaz e brilhante que o sr. Anto-
nio Rodrigues de Sampaio, grande ami-
go de Vieira de Castro, saudava no dia
immediato deste modo na Revolução de
Setembro: «Nem a tribuna antiga nem a
moderna nos ofTereccm melhores mode-
los de eloquencia.»
Esta apreciação, na qual a amisade in-
fluía mais que o juiso recto e imparcial
de quem a fazia, não era comtudo intei-
ramente destituída de fundamento. Vieira
de Castro nascera para fallar. Era fado
seu, como fado seu foi a sorte desgra-
çada que teve. A sua natureza ietrepida
e audaz amava a luta, a embriaguez e
as commoções do combate. A tribuna
era o seu elemenlo. Subia a ella como
o soldado sobe ao assalto. Sentia-sc gran-
de e forte n'aquelle mesmo logardonde
Garrett desfolhara os primores da sua
palavra académica, que realisou entre
nós o ideal antigo, o consorcio da força
e da eloquencia tão amado dos gregos.
Como o auctor do discurso de Porto Pi-
rôo, tinha, ainda que em gráo inferior,
a elegancia e a força, e uma coisa que
mais ninguém teve depois de José Este-
vão: o calor, a chamma interior, a ins-
piração, o chamado fogo sagrado, que
não se sabe donde vem, se desce do
céo como o espirito que illuminou os
apostolos, se se eleva do coração como
o amor, a fé, o enthusiasmo, mas cujo
poder é assombroso e cuja força é irre-
sistível. Onde elle experimentou, de uma
maneira definitiva, esta irresistível força
e este assombroso poder foi n'aquelle
celebre meeting do Porto onde elle fallou
por espaço de quatro horas, e que cons-
tituiu um dos episodios mais notáveis da
nossa vida politica n'estes últimos an-
nos. O seu discurso, diz quem o ouviu,
foi um rugido e uma cólera, uma 111a-
gnetisação e 11111 milagre!3
Foi o canto do evsne, a ultima vibra-
ção d'aquella palavra sonora e eloquente,
0 ultimo som d'aquella voz possante e
inspirada.
Já Vieira de Castro eslava casado. Ti-
nha visto o novo mundo: percorrera a
America do Sul, no meio dos triumphos
que lhe grangeava diariamente o seu ta-
lento de orador, posto por elle ao servi-
ço da caridade em mais d'uma festa de
beneíicencia; visitara a America do Norte,
no meio das preoccupações politicas de
que a ftepubhca saiu armada como Mi-
nerva da cabeça de Jupiter; dos Estados
Unidos trouxera este livro valoroso e
audaz, a mais ardente profissão de fé
democratica que até então se fizera en-
tre nós; das terras de Santa Cruz trou-
xera o amor, a paz, a felicidade, o lar.
Tudo isto, porém, devia durar pouco.
A estrella funesta que desde os primei-
ros annos disputara, no destino d'aquelle
homem, com assustadora pertinacia, o
iogor á estrella propicia a que elle de-
vêra os seus primeiros triumphos, illumi-
nou subitamente com o seu lugubre cla-
rão os horisontes até ali de oiro e pur-
pura d'aquella feliz e gloriosa existên-
cia. Subitamente, por um capricho ex-
travagante e brutal da sorte, caiu por
terra, como se fora castello de cartas le1-
vantado pela mão débil d'uma criança,
o edifício onde todos julgavam que mo-
rava o amor, a gloria e a felicidade. Foi
uma catastrophe espantosa, ecujo desfe-
* José Cardoso Vieira de Castro, antes e de-
pois do seu julgamento, por seu irmão Antonio
Manoel Lopes Vieira de Castro. Pag. 50.
cho fez lembrar o trágico final d'aquella
peça em que o poeta inglez resumiu, em
versos que hão de sobreviver a todas as
idades e a todos os cataclvsmos, tudo
quanto pôde haver de mais doce no amor
e tudo quanto pôde haver de mais cruel
no ciúme.
Desde este dia Vieira de Castro pôde
dizer-se que morreu.
A's vezes na cadeia, onde eu ia visi-
tal-o frequentemente, — confesso-o sem
pejo nem temor dos udios nue ainda possa
resuscitar a sua desgraçada memoria,—
animava-se com a presença dos poucos
amigos que iam vêl-o, e que pela sua
parte faziam constantes esforços para o
alegrar e distrair, conversava, íallava, ás
vezes discutia até calorosamente; mas
tudo isto era rápido, fugaz, ephemero.
Minava-o a tristeza, o pesar, a nostal-
gia de todas as coisas que lhe tinham sor-
rido na vida e que elle tinha amado.
Olhava melancolicamente atravez das gra-
des para o Tejo, que lhe passava defron-
te da janella tinto do azul voluptuoso
d'este sereno ceu, para o sol que pare-
cia ter modo de entrar n'aquella triste
morada. Todavia supportava tudo com
heróica resignação, com um estoicismo
verdadeiramente antigo. Aquella alma,
açoitada por tempestades que fariam sos-
sobrar os ânimos mais varonis e resolu-
tos, não teve nunca uma hora de des-
falecimento. Estava como aquella arvore
de que falia o padre Antonio Vieira n'um
dos seus sermões: despojada das folhas
que a revestiam, das flores que a guar-
neciam, dos fructos que a enriqueciam,
presa ainda pelas raizes, e sustentando-
se na terra (mas não da terra), espera a
arvore em pé a ultima caída*.
Era uma alma de tempera rija, uma
consciência corajosa e forte, que já-
mais conheceu desfallecimentos covardes
ou condescendencias vergonhosas. De-
pois do julgamento lhe ouvi dizer mais
d'uma vez que não voltaria a Portugal,
mesmo no caso da intercessão d'algum
amigo valioso lhe alcançar uma commu-
tação de pena, sem completar os quinze
annos de degredo a que estava condem-
nado. Este valor na desgraça deve me-
recer algum respeito ásua memoria. Que
respeitem ao menos a memoria os que
não poderam perdoar ao homem.
Samos Nazareth.
4 Segundo sermão da cinza, prégado em Ro
ma no anno de 1673.
DIÁRIO ILLUSTRÀDO 639
Fomos hontem obsequiados com uma
carta do sr. barão do Rio Zezere, digno
commandante geral das guardas munici-
pals dizendo-nos que o facto de que demos
noticia com o titulo de Cutilada de morte
não se acha revestido das circumstancias
aggravantes com que fomos mal informa-
dos. Vamos tanscrever alguns períodos
capitaes da carta do sr. barão, em conse-
quência de a isso nos obrigar a falta de
espaço. E' nosso intento fazer justiça a
cjuem ella de direito pertencer, e por
isso julgamos do nosso dever, demons-
trar ao publico que o sr. barão do Rio
Zezere, sempre exemplar e recto no cum-
primento dos seus deveres, investigou
sobre o assumpto, conforme lhe pedimos,
e reconheceu que além do municipal ter
procedido com a maior prudência, o caso
não dpresenta a supposta gravidade. Eis
como o sr. barão do Rio Zezere nos des-
creve como o facto aconteceu:
«No dia 4 ás 11 horas e 3 quartos da
manhã achavam-se dois soldados inglezes
embriagados, deitados no largo de S. Do-
mingos; o soldado n.° 286 da l.a com-
Sanhia fel-os levantar, e segundo as or-
ens que teem, quer de dia, quer de noi-
te, quando marinheiros ou soldados in-
glezes, sejam encontrados n'aquelle es-
tado, os conduzam ás estações, ou quar-
téis das companhias, afim de que o en-
xame de gatunos de que a capital está
cheia, que vão á Roa Hora quatro, cinco
e mais vezes no mez, os não roubem.
Conduzindo-os pois o soldado para o quar-
tel da 1/ companhia, a poucos passos
um delles, tirando uma navalha, inves-
tiu contra o soldado; este guardando o
corpo á navalhada não teve mais tempo
3ue tirar o terçado e dar-lhe uma panca-
a na cabeça, dando-lhe outra na mão
direita, que fez com que o inglez largas-
se a navalha.»
O digno commandante enviou-nos a se-
guinte nota, que lhe foi remettida pelo
sr. Joaquim Tlieotonio da Silva:
«James Landjon entrou para a enfer-
maria de Santo Amaro do hospital de S.
José com duas feridas na cabeça, uma
na região frontal, e outra na parietal,
tendo a primeira 35 a 45 milímetros de
extensão, e além d'isso tinha 4 pequenas
fendas incisas e transversaes nas raizes
dos quatro últimos dedos, da mão direi-
ta. Todas estas feridas são de pouca gra-
vidade, porque apenas interpõem os te-
gumentos communs.»
Agradecemos ao sr. barão do Rio Ze-
zere o cuidado e zelo que empregou so-
bre o assumpto, e as informações que se
dignou enviar-nos a esse respeito.
Foram expedidas pelo ministério da
marinha as convenientes ordens para que
a corveta Estepharia receba a seu bor-
do os emigrados hespanhoes que se es-
peravam hontem vindos do Porto. De-
pois serão conduzidos á ilha da Madei-
ra, onde está estabelecido o deposito dos
emigrados.
O sr. duque dePalmella foi eleito pela
irmandade do Santíssimo da freguezia de
S. Mamede, juiz da mesma irmandade.
Já sae a passeio, depois do grave in-
commodo de saúde que solíreu, o sr. Car-
los Barreiros, inspector dos incêndios.
MADRID, 5 ás 11 h. e 50 m. da m. —
Os boatos espalhados n'estes últimos
dias sobre a alteração da ordem publica em
em Madrid, próxima insurreição nas pro-
víncias e crise ministerial, não teem fun-
damento. Em Madrid ha tranquillidade;
a tentativa federal foi suffòcada, e não
ha probabilidade de mudança da situa-
ção. No congresso discute-se o orçamen-
to. Os orçamentos novos hão de come-
çar a vigorar no primeiro de janeiro.
MADRID, 5. — Internos 27,25. —
Externos 30,90.—Cambio sobre Londres,
49,10, idem sobre Paris 5,15. Bonds do
thesouro 78,40.
Fabra.
VERSAILLES, ide dezembro ásiOh.
50 m. dam.—As commissões d'assembléa
elegeram a commissão Dufaure com 361
votos da direita e 336 da esquerda. A
commissão ficou composta de 19 de-
putados pertencentes á direita e 11 á es-
querda. Os candidatos da direita pro-
nunciaram discursos conciliadores. A as-
sembléa discute os orçamentos.
PARIS, o. — 3 p. c. francez 53,15.
5 p. c. id. 1871. 83.53. — 5 p. c. de
1872. 85,55. Coupon cortado. 3 p. c. hes-
panhol interno 26 '/ir,; id. externo 29 '/ig-
a 29 3/«- Portuguez 42'/t.
LONDRES, 5. — Hespanhol externo
29 7/
ANVERS, 5.-3 p. c. hespanhol
28 3/4. Portuguez 41 '/4.
AMSTERDAM, 5. — Hespanhol 29,00.
Portuguez 41 3/g.
Farra.
Tem passado incommodado de saúde
o distincto medico dr. Simas.
Chegou a Lisboa a companhia france-
za que vem dar concertos no Casino Lis-
bonense. O primeiro deve verificar-se
hoje.
Já estão a imprimir na imprensa na-
cional os orçamentos dos differentes mi-
nistérios para serem presentes ao parla-
mento no principio do mez de janeiro.
Diz-sj que o deficit é calculado entre
mil e mil e cem contos.
Está doente em Paço d'Arcos o sr. vis-
conde de Azurara.
Apresentámos hoje no logar compe-
tente o annuncio da casa de modas do
sr. Nuno Machado & C.4 na rua Nova
do Almada, 67, proximo á calçadinhade
S. Francisco. Visitámos o estabelecimen-
to do sr. Machado e vimos o aprimora-
do bom gosto de todas as suas confecções.
Os chapéus sobretudo são da maior no-
vidade e elegancia.
Fomos depois ao atelier do estabele-
cimento, na calçada Nova de S. Francis-
co 10, rez-de-chaussée,que é dirigido por
duas habilissimas modistas, e admirámos
não só a promptidào e gosto com que se
executam todos os trabalhos, mas também
a maneira obsequiosa com que são rece-
bidos os freguezes.
MADRID, 6 dedezsmbro á 6 h. 35 m. t.
—A guerrilha carlista da província de
Valencia foi derrotada, tendo 10 mortos
entre os quaes o chefe, o li lho deste e
3 sub-chefes; 30 feridos, 25 prisioneiros
e muitas armas. A guerrilha federal da
província de Badajoz foi também derro-
tada. Por causa d este incideute esteve
detido por algumas horas o comboio do
norte; todavia já se acha restabelecida
a linha.
MADRID, 6.—Interno 27,26; externo
31,00. Bonds do thesouro 78,40. Cam-
bio sobre Londres 49,05. Id. sobre Pa-
ris 5,11. • \
Conta o Tribuno Popular, de Coim-
bra, que no ultimo paquete transatlanti-
co chegou ali a noticia de se ter decidi-
do favoravelmente o pleito que ha muito
tempo corria no Brasil sobre uma heran-
ça avultuda que reverte em favor d uma
família pobre d'aquella cidade, por via
de um parente que enriqueceu nas ter-
ras inexgotaveis de Santa Cruz. A de-
manda foi sustentada contra dois barões.
O nosso college do Diário da Tarde
do Porto, publica o seguinte improviso
ue o poeta Guilherme Braga recitou
'um camarote de primeira ordem, do
theatro Baquet, despertado pela repre-
sentação do drama os Apóstolos do Mal:
Se o virdes amanhã, na rua, ao jesuíta,
Chamae-lhe alFoitamente Apostolo do Mal!
Dizei-lhe ifessa voz que as multidões agita:
Nào medra n'este solo a arvore maldicta!
Padres de Satanaz, fora de 1'ortugal!
Não houve hontem julgamentos correc-
cionaes no 2.° districlo criminal, por
ter dado parte de doente o juiz d'aquelle
districto o dr. Carlos Maia.
3
Já estão encaixotadas, alim de serem
remettidas para o Rio de Janeiro no pro-
ximo paquete, a riquíssima coroa e al-
mofada ae pedra que foram oíTerecidas
pelo sr. Severiano de Abreu a sua ma-
gestade o imperador do Brasil. Aquella
é trabalho do sr. Jeronymo Gonçalves
e o delicado crochet com que a aímofa-
da figura estar coberta é devido ao bem
manejado cinzel do sr. João Evangelis-
ta da Silva. Trabalhos de tal ordem no-
bilitam não só os operários que os exe-
cutam, como o paiz a que estes porten-
cem.
O sr. ministro da guerra diz que sem
a claresa de registos disciplinares não
pôde haver justiça na apreciação do com-
portamento militar; e por isso recom-
menda aos commandantes dos corpos de
todas as armas que n aquelles registos
se averbem com toda a claresa as faltas
commettidas pelos indivíduos punidos,
alim de que, sob as expressões vagas
de:—transgressão de disciplina, falta de
cumprimento dos seus deveres, falta de
cumprimento de ordens, desobediencia
aos seus superiores, irregularidades com-
mettidas no serviço, etc. senão encubram
faltas tão graves que podem ser crimes,
nem se possa suppôr que foram graves
quando realmente não passaram de ca-
suaes ou insignilicantes.
Arnbou hontem ao nosso porto a escu-
na «Dolphin» que conduzia um carrega-
mento da ilha de S. Miguel para Bris-
tol. Este navio solíreu grandes avarias no
casco, e perdeu o primeiro official, que
uma vaga arrojou ao mar.
Era este, o capitão Bastos, muito co-
nhecido n'aquella ilha, e que tem com-
mandado differentes navios daquella
praça.
Consta-nos que tinha aqui família, que
a esta hora deve estar bem consternada.
Foi brilhantíssima a recita do theatro
doGvmnasio em que se estreiou o sr.
Augusto Rosa.
Rosa pae e João Rosa, dois dos nos-
sos primeiros actores e o debutante fo-
ram muito victoriados. Augusto Rosa re-
velou grandes tendencias para a scena,
dotes muito apreciaveis, talento e estudo.
Quem sae aos seus não degenera, diz o
provérbio; Augusto Rosa é digno de usar
o appelido de seu pae e de seu irmão.
A estreia foi o mais brilhante possí-
vel e póde-se alToitamente agourar ao no-
vel actor esplendido futuro. Felicitâmol-o
como também ao seu illustre pae e ir-
mão pelo triumpho alcançado hontem. O
theatro estava cheio, e muita gente se
retirou por não encontrar no bilheteiro,
nem nos contractadores um único bilhe-
te. Rosa pae foi ad mi ravel no Morgado
de Fafe e muito applaudido. A actriz
Margarida que ha dias se estreou, des-
empenhou com muita felicidade dois pa-
peis importantes nas duas comedias. Hoje
repete-se o mesmo espectáculo e a mes-
ma enchente.
No domingo, ás 10 horas, manda a
commissão de beneíicencia da freguesia
da Encarnação distribuir na sacristia da
mesma freguesia, 72 esmolas de 500 réis
ás pessoas mais velhas, pobres e doen-
tes da parochia.
Já se apresentou a fazer serviço na
alfandega municipal, o seu director, o
sr. Diogo Antonio Palmeiro Pinto. Está
portanto s. ex.a restabelecido do grave
encommodo de saúde que solíreu.
O sr. José Maria dos Santos, abasta-
do e rico proprietário e lavrador, cele-
brou um contracto com a companhia dos
caminhos de ferro para o transporte de
300 trabalhadores de Coimbra para Lis-
boa, ao preço de 1:400 réis cada ura.
Vão para as vastas propriedades que o
sr. Santos possue no Alemtejo.
O sr. prior da freguezia do Soccorro,
o dr. Rodrigo de Menezes Pereira eVas-
concellos resignou a parochia. Está en-
commendado o coadjutor da mesma
freguezia, padre Manoel da Costa Aze-
vedo.
Consta-nos que os facultativos milita-
res srs. Cunha Bellem e Guilherme En-
nes, teem estudado algumas importantes
modificações a introduzir na maca rodada
de Shostell, de modo a tornal-a própria
principalmente para o serviço dos quar-
téis em tempo ae paz, sendo os doentes
transportados sem virem expostos aos
raios do sol ou á acção da chuva; e que
n'este intento vão sollicitar do ministério
da guerra que seja posta á sua disposi-
ção a única maca modelo que existe no
deposito geral de objectos de cirurgia do
exercito, para em face delle realisarera
os melhoramentos projectados e proporem
a sua adopção para todos os corpos do
exercito, principalmente das guarnições
de Lisboa e do Porto.
Será uma grande vantagem para os
soldados doentes, e para os seus cama-
radas sãos, que teem de os conduzir aos
hospitaes.
O monte-pio oflicial tinha em 30 de no-
vembro um saldo de 968:008^000 (noni-
nalj de inscripções, e 2:502$769 reis em
metal.
Embarcou hontem na ponte do arse-
nal de marinha uma grande leva de de-
gredados, que seguiu para Angola no va-
por Cambridge.
Trata-se de resolver definitivamente o
negocio ha tanto tempo pendente da com-
panhia União Mercantil, procurando rea-
lisar um accordo entre todos os credo-
res preferentes, que são perto de 200. O
governo tem no deposito as quantias des-
tinadas ao pagamento da garantia do ju-
ro, que visto estar em liquidação a com-
panhia, não tem podido ser entregue aos
que a ella tenham direito.
ADVINHAÇAO
oo
Sou um posto nos exercitos ) «
Logo acima de tenente. j 6
Sou um vulto alvo e medonho /
Meto medo a muita gente.
ACTOR JOAQUIM DflLfYIElDfl
Foi elevado á dignidade de grã-cruz
da ordem de Nossa Senhora da Concei-
ção de Villa Viçosa, o conselheiro Manuel
Francisco Correia, ministro do impera-
dor do Brasil, na repartição dos nego-
cios estrangeiros.
O sr. ministro da guerra nomeou uma
commissão para estudar os systemas mo-
dernos de artilheria, tanto dè campanha,
como de sitio e praça; e determinar a
final qual deva ser com mais vantagem
adoptado para cada uma d'estas espe-
cies de bocas de fogo, attendendo para
isso ao modo de carregar, eá qualidade
do metal empregado nas respectivas fun-
dições.
Continua a dar sérios cuidados á sua
extremosa família, a doença do sr. João
Vicente d'Oliveira, que, segundo nos in-
formam, tem peiorado n'estes últimos
dias. Do coração desejamos melhoras ao
illustre enfermo, para descanço seu, eda
virtuosa família que o estremece.
Os srs. Luiz Teixeira de Sampaio e
Duarte Villa Pouca, fizeram uma propos-
ta á camara municipal de Lisboa, ofTe-
recendo um empréstimo de quatro mi-
lhões e quinhentos mil francos. A pro-
posta foi apresentada na sessão de dois
d'este mez e ficou sobre a meza para
ser examinada.
Hoje é o beneficio de Joaquim d'AI-
meida. Poucos bilhetes ha no camarotei-
ro. Apressem-se os amigos do beneficia-
do, emquanto é tempo. Representa-se
pela primeira vez o drama militar de
grande espectáculo em 5 actos e 8 qua-
dros O capitão Fantasma, traducçãodos
srs. Joaquim José Annaya e Carlos Bor-
ges. E' verdadeira noite' de festa.
64°
63? DIÁRIO ILLUSTRADO
Falleceu em Ponta-Delgada o sr. Car-
los Thompson.
Grassa uma epidemia de bexigas em
Ponta-Delgada.
Está em Lisboa o sr. dr. Aniceto Mas-
cará, que regressou da digressão ao es-
trangeiro.
Aiguns amigos do fallecido e distin-
cto engenheiro Joaquim Nunes de Aguiar,
mandaram dizer uma missa no dia 1 '1 pelo
eterno descanso de sua alma.
Falleceu no Porto a sr.' D. Maria Er-
melinda Alves da Cruz, deixando no seu
testamento importantes legados.
CHARADAS
1.*
to — comigo não se casa j t
0 c&osinho o cãozarrâo; ) »ó —comigo faz bem vasa i ^
0 menino folgasão; dc — depois de mim te da t
Com que a secura se vá; S
E atinai com » dou luz; h
E a charada assim traduz \
Com façanhas estrondosas, Verdadeiras, fabulosas,
D'amigos exaltações, IVinimigos invenções,
lieide dar famosos lances
A's historias, aos romances F. Senna ternandes.
2.a
Suando tu chegaste á quinta— i
ã eu te ficava atraz — 1 Volta de cima para baixo
E meu todo encontrarás.
Lamego A. Lucena.
3.a
Na escripta —2 ISa escripta —2
Na escripta.
6.a
Vegetal — 1
Mineral — 1
Animal.
3.-
Põe uma nota de clave
Antes de mim cauteloso
Verás que abriga navios
Contra vendaval damnoso
Antes outra, não de clave, )
Com que tique bem segura,^
E n'um instante apparece l
Nos jardins, entre verdura. ]
Idem.
Vivia com meus irmãos
Em paizes mais de trinta, Descalço de pó e perna,
E presa uma corda á cinta. V. de Almada.
4/
Diz-me, leitor meu, tens visto,
Quando o sol nos vae deixar,
As nuvens acastelladas
Que se doiram sobre o mar?
E o reflexo nas aguas Quando o mar 6 socegado, Brilhando n'ellas o oiro
Como n'um manto bordado?!
Pois bem; este panorama
Que então t'olTerece o mar,
Não te convida, leitor,
A que esta vás procurar? —2 Q'importa que ahi tão só
Não tenhas n'esse deserto,
Aquella que tu nos campos
Podias ouvir de perto? —2
Ainda assim; se tu triste
A dôr tens no coração,
E d'esse teu soíTrimento
Sentes no peito opressão,
Não esmoreças, amma-te,
Não queiras ao mal penar;
Tens distracção: ouve, escuta
Quem o todo te cantar!
D. X. L. Vieira.
Charadas: l.a Raia — 2.* Pevide — 3.
Pevide—4.â Inventario — 5.4 Antonio
— G." Vicio.
Enigmas — Roma — Hellesponto.
Pergunta innocente — Iria (ir ia).
ESPECTÁCULOS
HOJE
THEATRO DE S. CARLOS — Opera, Ruy Blas.
A's 8 e 1 um quarto.
THEATRO DE 1). MARIA — 0 louco d Évora ou
Portugal restaurado.
A's 8 horas . ,
THEATRO DA TRINDADE—A mosouinha morta
— Escalda favaes — Amazonas do Tormes.
A's 8 horas. , , „ .
THEATRO DO GYMNASIO —0 morgado de Fafe
— Caprichos — Amores em ninho d aguias.
A's 8 horas ^ „ . , THEATRO DO PRINCIPE REAL — Beneficio do
actor J. d'Almeida. Primeira representação do drama —O capitão Fantuama.
A's 8 horas
THAETR0 DA RUA DOS CONDES —0 corsário.
A's 7 horas e tres quartos. .•
65, Imprensa de Sousa Neves rua da Atalaia, 67
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rias ^menSasftomando ia responsabilidade pela prompt» e esmeradíssima execução, querem gosto, quer em
trabalho. _ E
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augmentada com o «Compendio de Systema Me- ».v,. ^ ^ — tricô», em fórma de dialogo, csub-divisòes mais
usadas de metros, kilogrammas e litros, em relação ao systema antigo, e
uma tabella comparativa dos seus preços. VKKDE-SK: EM LISBOA-Nas lojas do costume, e na imprensa de J. 0.
de Sousa Neves, rua da Malaya, 65 e 67, a quem devem ser feitas quaesquer requisições, advertindo que maior prçao de exemplares tem abatimento, em
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COMPANHIA REAL
DOS
tHOS »E FERRO PH
Marcha dos comboyos
desde 1 de dezembro de 1872
1 — ComlioyoH uMcendente»
H«l-Partida de Lisboa ás 6 horas
t 45 minutos da manhã, chegada a v N. de Oaya ás 9 horas e 15 minutos
da tarde.
jjo j.23—Partida de Lisboa as 0
horas e 45 minutos da manha, che-
gada a Baiaioz ás 10 horas e 30 mi-
nutos da tarde.
N • 3 — Partida dc Lisboa ás 11 ho-
ras da manhã, chegada ao Entronca-
mento ás 6 horas e 15 minutos da
jarde. , , t
N • 5—Partida de Lisboa as 4 horas
ç 40 minutos da tarde, chegada a San-
tarém ás 8 horas e 55 minutos da
tarde.
n • 7—Partida de Lisboa ás 8 horas
da tarde, chegada a V N. dc Gaya, as 7 horas e 35 minutos da manna.
A® 7-21 —Partida de Lisboa ás 8
horas da tarde, chegada a Badajoz as
7 horas e 20 minutos da manha.
N • 9—Partida de Coimbra as 4 ho-
ras e 20 minutos da manhã, chegada a V. N. de Gaya ás 11 horas e 40 mi-
nutos da manhã.
H^Coniboyos deacendentea
N.o 2—Partida de V. N. de Gaya ás
6 horas e 30 minutos da manhã, che-
gada a Lisboa ás 9 horas e 10 minu-
tos da tarde. _ N o 24-2 —Partida de Badajoz as 6
horas da manhã, chegada a Lisboa ás
9 horas e 10 minutos da tarde. N.o 4—Partida do Entroncamento
ás 5 horas e 35 minutos da manhã, chegada a Lisboa á 1 hora e 45 minu-
tos da tarde. jio 6—Partida de Santarém as 5 ho-
ras e 40 minutos da manhã, chegada
a Lisboa ás 9 horas e 10 minutos da
manhã. m
N.° 8—Partida de V. N. dc Gaya as
5 horas e 30 minutos da tarde, che-
gada a Lisboa ás 5 horas e 30 minutos
da manhã. . , ,
N.° 22-8—Partida de Badajoz as 5
horas e 45 minutos da tarde, chegada
a Lisboa ás 5 horas e 30 minutos da
Tm0—Partida de V. N. de Gava ás
9 horas da manhã, chegada a i.oim-
bra ás 3 horas e 45 minutos da tarde. ji, it. Para mais esclarecimentos,
vejam-se os cartazes afiliados nas es-
tações, e nos demais logares do cos-
nuie.
LIVRARIA
45, Rua do Ouro, 45
C0MPKAM-SE livros raros e antigos,
de auctores portuguezes, que se pa-
gam bem. Historia de Cesar Cantu pa
pa-se por 22*500 réis; e na mesma li-
vraria ha para vender livros raros e
clássicos dos melhores auctores por-
tuguezes e estrangeiros; sermões de
bons auctores, bem como differentes
1 romã nces, poesias, ejc. etc. 5
OS abaixo assignados de-
claram, para todos os
effeitos legaes, que, desde a
presente data, deixou de fa-
zer parte (de commum accor-
do) da agencia de annuncios,
que usa a fiama supra, o pri-
meiro signatario, ficando por-
tanto o activo e passivo da
mesma agencia pertencendo
ao socio Gonçalves, por vir-
tude da liquidação a que se
procedeu. Declaram egual-
mente que a agencia conti-
nua sob a mesma firma na
rua dos Retrozeiros, 159, 2.°
andar.
Lisboa, 1 de dezembro de
1872. '
F. E. de Bastos.
E. A. Q. Emauz Gonçalves.
ANNUNCIOS
DE
Alfredo Valadim
TRAVESSA DE SANTA JUST\ 65 2.*
Recebe annuncios, correspondên-
cias e assignahiras para o iHario ii- lu«trado assim como para diversos
outros jornaes da capital, e para o *o-
(IcIomo de Valença e Jornal dc Ko»
(iciaM de Ponta-Delgada.
0 escriptorio está aberto das 9 ho- ras da manhã ás 7 da tarde todos os
dias não santificados. 10
Para pharmacias e dro- m
ganas
TARJAS e rotulos dourados e a cores
para guarnição e para expediente
vemdem-se na typographia de Castro
Irmão, rua da Cruz de Pau, 31. 11
Collecção de problemas
POR ARTONIO MARIA BAPTISTA JUNIOR
PREÇO 100 REIS.—Remette-se franco
de porte a quem mandar a impor-
tância em estampilhas ao editor da
Collecção de Problemas, rua da
Atalaia, 05. 12
PARA PIANO
JÁ se acham á venda nos armazéns
de musica, livrarias e deposito, na
rua Nova do Almada, G8, as seguintes composições de P. C. Barradas:
IIIiimiio perdida, walsa, 600 réis.
■toma, polka. 400 réis.
Kiia! schottisch, 300 réis. 7
Red Cross Line Oí
Steamers
Pavá e Ceará
Para os portos aci-
ma sairá depois
da indispensável
demora em Lis-
boa o vapor in-
glez ' ha hai:n*e, capitão Hellyer,
que se espera de Liverpool de 9 a 10
do corrente. Para cargas e passagens trata-se
com Os agentes Pereira* e la Hocque.
120, Rua dos Capellistas, 120, 2.»
Não se expedem conhecimentos cu-
jos fretes não sejam pagos antes da
saida do vapor. 8
Para Londres
O \açor
5okn Ifenwick
nSPERA-SE a 9
ILdo corrente para
sair depois da in-
dispensável demo
ira. Para carga tra
ta-se no Caes do Sodré. 64. Os Agentes
13 e. pinto lia*to & C.A
Para Londres
O YÍIÇOV Palmyra
KSPERA-SE a 13
do corrente para
sair depois de in-
dispensável demo-
;ra. Para carga tra-
ta-se Caes do Sodré 64. Os Agentes
|4 E. Pinto lla«to & C.«
THE PACIFIC STEAM MIM COMPANY
ÉP5
Para o Rio de Janeiro, IVlontevid30, Buenos
Ayres, Arica, Islay e Callao
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