Volume 1, Número 3
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: TEORIA E LEIS QUE FACILITAM O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO NAS
ESCOLAS Páginas 111 a 122
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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: TEORIA E LEIS QUE FACILITAM O
PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO NAS ESCOLAS
INCLUSIVE EDUCATION: THEORY AND LAWS THAT FACILITATE
THE IMPLEMENTATION PROCESS IN THE SCHOOLS
Ana Lúcia de Albuquerque Nunes1
Catherine Marques de Almirante2
RESUMO: O presente artigo traz uma reflexão sobre Educação Inclusiva, sobre a lei
(LDB) que assegura esta educação aos educando com deficiência, bem como o PNE
(2014/2024) que abrange a educação inclusiva. Educação Inclusiva é o ato de incluir de
preferência no sistema regular de ensino, pessoas com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Vimos na teoria de Vygotsky que
a relação entre as pessoas é extremamente importante para o desenvolvimento das
mesmas. Vygotsky traz em sua teoria sociointeracionista a relação entre os sujeitos como
um meio de aprender, onde a experiência de um torna-se aprendizado para o outro. Daí a
importância de incluir verdadeiramente os alunos com deficiência no meio escolar. A Lei
de Diretrizes e Base (LDB) é a lei que rege a educação brasileira e assegura que é direito
de todos e dever do Estado assegurar educação para os portadores de necessidades
especiais (termo usado pela LDB para referir-se às pessoas com deficiência). Buscaremos
ao longo deste artigo, refletir sobre o conceito de educação inclusiva, sabendo que existem
teorias onde a educação pode basear-se para que a mesma venha a acontecer, sobre a lei
que assegura a inclusão e se de fato, ela acontece.
Palavras chave: Educação Inclusiva, Teoria Sociointeracionista, LDB, Pessoas com
Deficiência
1 Graduada no curso de pedagogia com habilitação em supervisão escolar -UNIPÊ; Especialista
em Gestão Escolar - UFPB; Aluna de Mestrado em Educação pela Unigrendal Premium
Corporate. Email: [email protected] 2 Graduada em Licenciatura em Educação Física - UFPB; Especialista em Fisiologia do Exercício
- Universidade Veiga de Almeida - UVA; Aluna de Mestrado em Educação pela Unigrendal
Premium Corporate. Email: [email protected]
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ABSTRACT: This article presents a reflection on Inclusive Education, on the (LDB) law
which ensures this education to learners with disabilities, as well as the PNE (2014/2024)
which also covers inclusive education. Inclusive Education is the act of preferably
including in the regular system of education, people with disabilities, global
developmental delay and high intellectual capacities or intellectual giftedness. We can
notice in Vygotsky’s theory that the relationship between people is extremely important
for their development. Vygotsky brings on his social interactionist theory the relationship
between the subjects as a way of learning, where one’s experience becomes other’s
learning. Hence the importance of truly including people with disabilities in the school
environment. The Law of Directives and Bases (LDB) is the law that rules the Brazilian
education and assures that it is everyone’s right and the State’s duty to ensure education
to people with special needs (term used by the LDB to refer to people with disabilities).
We will try to reflect throughout this article on the concept of inclusive education,
knowing that there are theories where education can be based on to make it happen, about
the law that ensures inclusion, and if, in fact, it happens.
Keywords: Inclusive Education, Social Interactionist Theory, LDB, People with
Disabilities.
INTRODUÇÃO
Traremos nesse artigo uma reflexão sobre a educação inclusiva, a lei que garante
essa inclusão, a LDB (Lei de Diretrizes e Base) que traz em seu capítulo V, artigos 58,
59 e 60 todos voltados para a Educação Especial. Abordaremos também o PNE (Plano
Nacional de Educação) 2014/2024 que também aborda a educação inclusiva em suas
metas.
A educação inclusiva busca inserir de forma correta os educandos com
deficiência, mas inserir com o sentido mais amplo da palavra que vai além de só estar no
mesmo espaço, mas de fato fazer parte do convívio escolar. Busca uma educação onde
haja aprendizagem, troca de experiência e desenvolvimento, busca um ambiente onde o
aluno com deficiência seja parte integrante do ambiente escolar. O aluno deve estar na
escola como qualquer outro aluno com o desenvolvimento típico, a escola deve adaptar-
se aos alunos e não os alunos adaptar-se a escola.
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Mesmo estando amparados por lei, as pessoas com deficiência enfrentam grandes
problemas em busca da inclusão. Dentre os principais problemas estão as escolas mal
preparadas e estruturadas; os professores não capacitados e, os profissionais da área
escolar sem a mínima preparação para lidar com a inclusão.
Temos a teoria Sociointeracionista de Vygotsky como um meio de se chegar à
inclusão e a educação inclusiva de fato, pois para esse teórico, a aprendizagem se dá
através da troca de experiência: o que é experiência para um, serve de aprendizado para
o outro. A educação inclusiva está preocupada com o desenvolvimento das pessoas com
deficiência, assim como com o desenvolvimento de pessoas sem deficiência. Mesmo sem
tratar diretamente da educação inclusiva em suas teorias, Vygotsky (1991) contribuiu
bastantes para a discussão desse tema.
O termo tido como o mais correto, em se tratando de pessoas com o
desenvolvimento atípico, é pessoa com deficiência. Mas em alguns momentos falaremos
em portadores de necessidades especiais ou portadores de deficiência, visto que, a LDB
e alguns artigos mais antigos que serão citados, assim os tratam.
O presente artigo tem como objetivo através de estudo de caráter bibliográfico,
entender como deve ser a educação inclusiva, o que rege a LDB e analisar se de fato esta
inclusão se dá, como manda as Leis de Diretrizes e Bases.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Educação inclusiva é a educação oferecida aos educandos com deficiência,
preferencialmente no sistema regular de ensino. É um método em que se expande à
participação de todos os estudantes nas escolas de ensino regular. É uma reestruturação
da cultura, do exercício e das políticas vividas no âmbito escolar de modo que estas
venham a atender as diversidades dos educandos. É uma abordagem onde há democracia
e que percebe o educando e suas particularidades, e tem como objetivo o
desenvolvimento, o crescimento, a satisfação pessoal e a introdução igualitária de todos.
Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a integrar a
proposta pedagógica da escola regular, promovendo o atendimento às necessidades
educacionais especiais de alunos com deficiência, transtornos globais de
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação (MEC, 2007, p.09). Esta educação é
garantida por lei, como veremos ao longo deste artigo.
Com um olhar amplo, Stubbs (2008, p. 50) define a educação inclusiva:
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A educação inclusiva refere-se a uma vasta gama de estratégias,
atividades e processos que visam tornar uma realidade os direitos
universais para a qualidade, e uma educação relevante e adequada.
Reconhece que a aprendizagem começa no nascimento e continua ao
longo da vida, e inclui a aprendizagem em casa, a comunidade, em
situações formais, informais e não formais. Procura permitir que as
comunidades, sistemas e estruturas em todas as culturas e contextos
combatam a discriminação, celebrem a diversidade, promovam a
participação e superem as barreiras da aprendizagem e participação para
todas as pessoas. Faz parte de uma estratégia mais vasta para a
promoção do desenvolvimento inclusivo, com o objetivo de criar um
mundo onde exista paz, tolerância, uso sustentável de recursos, justiça
social, e onde as necessidades básicas e direitos para todos se
encontram.
Concordando com o pensamento de Stubbs, Moreno (2017, p.2) diz: A proposta
da educação inclusiva é amparar e dar condições para a pessoa com deficiência possa
exercer seus direitos no que diz respeito ao cumprimento da inclusão escolar, isso se
refere também a todos os indivíduos, sem distinção de cor, raça, etnia ou religião
Não podemos deixar de falar sobre o papel fundamental que tem a escola e toda a
equipe pedagógica diante do processo de educação inclusiva. O Ministério da Educação
(2004) diz que a escola deve favorecer o acesso ao conhecimento e o desenvolvimento de
competências, fazendo com que o aluno preocupe-se com o conhecimento produzido pela
humanidade como também a utilização deste em favor do exercício da cidadania.
A escola precisa estar de fato preparada para a inclusão. Sua pedagogia tem que
estar voltada e adaptada para os educandos com necessidades específicas, e não o
contrário. Concordamos com o pensamento de Pacheco (2007, p. 15) quando ele diz “as
práticas pedagógicas em uma escola inclusiva precisam refletir uma abordagem mais
diversificada, flexível e colaborativa do que em uma escola tradicional. A inclusão
pressupõe que a escola se ajuste a todas as crianças que desejam matricular-se em sua
localidade, em vez de esperar que uma determinada criança com necessidades especiais
se ajuste à escola”.
Ao falarmos em Educação Inclusiva, discutimos uma prática que vise o
desenvolvimento não só da criança com deficiência, mas que transforme a realidade da
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educação como um todo. Sobre essa perspectiva de educação inclusiva não podemos
deixar de citar Vygotsky e sua teoria sociointeracionista.
A criança cujo desenvolvimento se há complicado por um defeito, não é
simplesmente menos desenvolvido que seus coetâneos normais, é uma criança
desenvolvida de uma outra forma (VYGOTSKY, 1989, p. 3).
Para Vygotsky a criança aprende com o meio, há uma troca de conhecimentos. A
experiência de uma serve como aprendizado para a outra, havendo no mínimo duas
pessoas envolvidas. Vygotsky (1998) acredita que as características e atitudes individuais
estão carregadas de trocas com o coletivo, ou seja, mesmo o que temos como mais
individual de um ser humano foi construído a partir de sua relação com o indivíduo. A
experiência se dá através do que Vygotsky chama de signos, sendo estes, algo que
significa alguma coisa, como a ação e a fala por exemplo. A criança quando quer algo
aponta e pede, e alguém pega, assim, ela passa a entender que através do ato de apontar e
falar pode conseguir o que quer.
Signos e palavras constituem para as crianças, primeiro e acima de tudo, um meio
de contato social com outras pessoas (VYGOTSKY, 1991, p. 23).
Na teoria Vygotskyana a aprendizagem se dá sempre através da troca de
experiência. Assim uma criança como deficiência está aprendendo e se desenvolvendo a
partir do momento em que convive de forma prática com crianças sem deficiência, da
mesma forma que as crianças sem deficiência estarão aprendendo com as consideradas
especiais, mas levando em consideração a inclusão propriamente dita, não apenas o fato
de estar inseridos no mesmo meio. Vygotsky vê o ser humano como um ser ativo,
construtor do seu conhecimento através da interação com outros seres humanos. Essa
interação é fundamental para o desenvolvimento de crianças com deficiências. A
aprendizagem se dará, mesmo que por um caminho diferente. Dessa forma, podemos ver
como é fundamental o convívio de crianças com deficiência, com crianças sem
deficiência.
Vygotsky vê o mediador exercendo um papel fundamental diante da educação. E
se falando de educação inclusiva, a excelência da educação dependerá deste mediador,
pois a falta de preparo trará impedimento para o crescimento dos educandos. Para ele,
não é a deficiência que impedirá e sim uma mediação mal sucedida.
O efeito do déficit/defeito na personalidade e na constituição
psicológica da criança é secundário porque as crianças não sentem
diretamente seu estado de handicap. As causas primárias, a sua dita
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forma especial de desenvolvimento são as limitadas restrições
colocadas na criança pela sociedade. É a realização sociopsicológica
das possibilidades da criança que decide o destino da personalidade,
não o déficit em si (VYGOTSKY, 1989).
A educação inclusiva busca uma educação onde a sociedade se torne mais justa e
igualitária exigindo da sociedade, junto com o poder público, mais ações voltadas para
tal. O conceito já foi plantado e semeado em nosso país, porém precisamos de muito mais
ações, mudanças, conscientização, precisamos muito mais que rampas de acesso e leis.
Precisamos de escolas mais preparadas, profissionais mais capacitados e melhores
condições de trabalho para os professores, e que esses sejam capazes de criar práticas
pedagógicas alternativas e assim promover uma educação igualitária, onde haja respeito
à diversidade.
LEI DE DIRETRIZES E BASE DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB), PLANO
NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE) 2014/2024 E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Muitas leis, decretos, diretrizes, programas, entre outros, asseguram a educação para
todos, mas nesse artigo nos prenderemos à LDB. Nesse momento falaremos de pessoas
com deficiência como pessoas com necessidades especiais, visto que é dessa forma que a
LDB à eles se referem.
A LDB é a mais importante lei que rege a educação brasileira. Esta lei foi aprovada
no ano de 1996 com o número 9394/96. Ela é composta por 92 artigos e engloba os mais
diversos temas referentes à educação e vai do ensino infantil ao ensino superior. Neste
artigo nos ateremos no Capitulo V, artigos 58, 59 e 60 que tratam especificamente da
Educação Especial.
Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de
educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação. (LDB, 1996, p. 39)
Nos incisos deste Artigo 58, a LDB assegura serviço especializado, quando
necessário, para os educandos que englobam a educação especial como também, espaço
adequado em função das necessidades especificas de cada aluno. Na letra da lei temos:
§1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular,
para atender às peculiaridades da clientela de educação especial;
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§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for
possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular;
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa
etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
O Art. 59 diz que os sistemas de ensino assegurarão currículos, métodos, técnicas,
recursos educativos e organização específicos, para atender às necessidades dos
educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
ou superdotação, como também professores como especialização para atender as mais
diversas necessidades dos alunos. Na letra da lei temos:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para
atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido
para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração
para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a
integração desses educandos nas classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em
sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de
inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem
como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual
ou psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis
para o respectivo nível do ensino regular.
Ainda no Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro nacional de alunos
com altas habilidades ou superdotação matriculados na educação básica e na educação
superior, a fim de fomentar a execução de políticas públicas destinadas ao
desenvolvimento pleno das potencialidades desse alunado.
Parágrafo único. A identificação precoce de alunos com altas habilidades ou
superdotação, os critérios e procedimentos para inclusão no cadastro referido no caput
deste artigo, as entidades responsáveis pelo cadastramento, os mecanismos de acesso aos
dados do cadastro e as políticas de Lei n 41 o 9.394/1996 desenvolvimento das
potencialidades do alunado de que trata o caput serão definidos em regulamento.
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Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de
caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação
exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder
Público.
Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação
do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de ensino,
independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.
De acordo com a lei que rege a educação brasileira, é direito dos educandos portadores
de necessidades especiais, terem acesso a educação, estarem incluídos nas escolas, como
também o espaço deve ser apropriado, os profissionais capacitados. A escola deve estar
pronta para recebê-los, tanto em relação ao espaço físico como em relação à capacitação
de toda a equipe pedagógica que faz parte do meio escolar. O sistema de ensino deve
garantir currículo, materiais, recursos, de forma que atenda às necessidades dos
educandos.
Caminhando junto à LDB temos o PNE (Plano Nacional de Educação). O Plano
Nacional de Educação (PNE), Lei nº 13.005/2014, é um instrumento de planejamento do
nosso Estado democrático de direito que orienta a execução e o aprimoramento de
políticas públicas do setor (BRASIL, 2014, p. 07).
O PNE é vigente por 10 anos, o último é 2014/2024. Ele determina metas,
diretrizes, estratégias que assegurem uma educação básica de qualidade, que reduzam as
desigualdades, valorização da diversidade, como também valorização dos profissionais
da educação. Nesse estudo nos prenderemos a Meta 1, estratégia 1.11 e a Meta 4 e suas
estratégias.
A Meta 1 traz o seguinte: Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-
escola para as crianças de quatro a cinco anos de idade e ampliar a oferta de educação
infantil em creches de forma a atender, no mínimo, cinquenta por cento das crianças de
até três anos até o final da vigência deste PNE.
Estratégia 1.11. Priorizar o acesso à educação infantil e fomentar a oferta do a
atendimento educacional especializado complementar e suplementar aos(às) alunos(as)
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, assegurando a educação bilíngue para crianças surdas e a transversalidade
da educação especial nessa etapa da educação básica.
Vemos na Meta 1 e estratégia 1.11 que até dois anos após a lei entrar em vigência,
a educação infantil teve que incluir as crianças de 4 e 5 anos na pré-escola, como também
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o número de vagas nas creches teve que ser ampliada. As crianças portadoras(com) de
deficiência estão incluídas na pré-escola como também nas creches, não só as crianças
sem deficiência.
A Meta 4 diz o seguinte: universalizar, para a população de quatro a dezessete
anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, o acesso à educação básica e educacional especializado ao atendimento,
preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional
inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços
especializados, públicos ou conveniados.
Essa meta casa perfeitamente com os artigos da LDB já citados que tratam da
educação especial. Ela também traz 19 estratégias, onde destacaremos algumas para quais
olhamos com mais zelo.
4.2. Promover, no prazo de vigência deste PNE, a universalização do atendimento
escolar à demanda manifesta pelas famílias de crianças de zero a três anos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
observado o que dispõe a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional;
4.3. Implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos multifuncionais e fomentar
a formação continuada de professores e professoras para o atendimento educacional
especializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas e de comunidades quilombolas;
4.4. Garantir atendimento educacional especializado em salas de recursos
multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados, nas
formas complementar e suplementar, a todos(as) alunos(as) com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede
pública de educação básica, conforme necessidade identificada por meio de avaliação,
ouvindo a família e o aluno;
4.8. Garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a exclusão do ensino regular
sob alegação de deficiência e promovida a articulação pedagógica entre o ensino regular
e o atendimento educacional especializado;
4.13. Apoiar a ampliação das equipes de profissionais da educação para atender à
demanda do processo de escolarização dos(das) estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, garantindo a oferta de
professores(as) do atendimento educacional especializado, profissionais de apoio ou
auxiliares, tradutores(as) e intérpretes de libras, guias-intérpretes para surdos-cegos,
professores de libras, prioritariamente surdos, e professores bilíngues;
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Podemos ver que a todo tempo LDB E PNE andam de mãos dadas em relação à
educação especial na perspectiva da educação inclusiva. As Leis de Diretrizes e Bases
garantem, e dão direito, ao passo que o Plano Nacional de Educação traz estratégias para
que o processo aconteça de forma concreta. Nas entrelinhas vemos que educação
inclusiva vai além de educação integrada, vai além de pessoas com e sem deficiências
conviverem em um mesmo ambiente.
A escola e todo o processo de ensino se adequa à Pessoa com Deficiência e não o
contrário. Educação inclusiva acontece de fato, a partir do momento em que a Pessoa com
Deficiência, não é visto por suas limitações, mas como mais um educando capaz de
aprender e ensinar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante desta pesquisa nos deparamos com um assunto/situação bastante debatido
nos dias de hoje, entretanto pouco visto em prática. Inclusão escolar é sim algo muito
significante para nós educadores e temos que procurar por em prática em nossas escolas.
Conseguimos entender o que é educação inclusiva, constatamos que podemos
seguir e tomar por base a teoria de Vygotsky. Há leis que garantem e dão direito aos
portadores de deficiência ter acesso desde a educação infantil ao ensino superior.
O ensino inclusivo toma por alicerce a visão sociológica de deficiência e
diferença, reconhece assim, que todas as crianças são diferentes e que as escolas e
sistemas de educação precisam ser transformados para atender as necessidades de todos
os educandos, evidenciando-se a importância de ambientes heterogêneos que atendam às
necessidades educacionais e de aprendizagem dos alunos, sendo estes com alguma
deficiência ou não.
A teoria sócio-interacionista serve de base e é de grande valia para o processo de
aprendizagem dos educandos com alguma deficiência. Para Vygotsky, o indivíduo
aprende com o meio, ou seja, a troca de experiência entre alunos com e sem deficiência
serve de aprendizado para ambos, tendo o mediador facilitador papel extremamente
importante nesse processo.
Seguindo o art. 58 da LDB, a escola se ver diante de um grande desafio, que é
preparar a escola para receber os educando portadores de deficiência. Partindo do
pressuposto de que incluir vai além de integrar, o desafio da escola é também está
preparada em todos os sentidos para receber os alunos chamados de especiais pela LDB.
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Equipe pedagógica, equipe técnica, demais profissionais da educação devem ser capazes
de receber esses alunos de forma digna. Os alunos com deficiência devem juntar-se ao
demais de maneira que sua limitação não o impossibilite de estar dentro do processo de
aprendizagem. Fazendo correlação temos O PNE vigente no período de 2014/2024, que
estabelece metas e estratégias a serem cumpridas englobando também o processo de
inclusão.
Concluímos este artigo com a visão de quê a inclusão muitas vezes é utópica,
ainda existe muito a ser feito, muito a ser planejado. Programas, projetos devem ser
criados para que a inclusão ocorra com o verdadeiro sentido. Não só uma lei e um plano
com período de tempo. A busca pela inclusão deve ser constante em todos os sentidos,
visando proporcionar a todos os educandos com e sem deficiência um equilíbrio em
igualdade de oportunidades educacionais, em que as diferenças existentes entre eles sejam
valorizados pela convivência em um ambiente cooperativo com a intencionalidade de
ampliar as possibilidades da escola ser um espaço de aprendizagem para todos. Incluir
vai além de estar no me espaço, incluir é estar no ambiente e não se vê e nem se sentir
fora dele.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.
BRASIL, Plano Nacional de Educação 2014-2024 [recurso eletrônico]: Lei nº 13.005,
de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras
providências. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014. Acessado em: 10
de novembro de 2017. Disponível em:
http://www.observatoriodopne.org.br/uploads/reference/file/439/documento-
referencia.pdf
____________ Ministério da Educação: Secretaria de Educação Especial. Educação
Inclusiva: A Escola. Brasília, 2004.
MORENO, S. C. S.: A Inclusão do aluno com deficiência da escola regular. Junho,
2017.
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escolar - Porto Alegre - Artmed, 2.007.
STUBBS, S.: Educação inclusiva onde existem poucos recursos.
Atlas Alliance, Setembro, 2008. Acessado em: 20 de outubro de 2017. Disponível em:
http://redeinclusao.web.ua.pt/files/fl_68.pdf
VYGOTSKY, L.S: A formação social da mente: Martins Fontes, 1991. Acessado em 23
de outubro de 2107. Disponível em:
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/vygotsky-a-formac3a7c3a3o-social-
da-mente.pdf